Células-tronco 3
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Células-tronco 3
caso clínico Fração mononuclear da medula óssea para reconstrução óssea em levantamento de seio maxilar Resumo / Introdução: a demanda por procedimentos de enxertia óssea apresenta um crescimento substancial na área de reabilitação bucal. Entretanto, os pacientes dispostos a se submeter às cirurgias reconstrutivas procuram por procedimentos menos invasivos e com um pós-operatório menos mórbido. Técnicas de reconstrução óssea menos invasivas utilizam, tradicionalmente, substitutos ósseos no sentido de alcançar esses objetivos. No entanto, novos estudos voltados à engenharia tecidual apresentam as células-tronco da medula óssea, em associação a substitutos ósseos, como potencial de melhoramento das características biológicas dos materiais de enxertia. Objetivo: apresentar um caso clínico com a utilização de um concentrado do aspirado da medula óssea autógena (com isolamento da fração mononuclear da medula óssea) associado ao Bio-Oss em um procedimento de levantamento de seio maxilar. Resultados: decorridos cinco meses do procedimento de enxertia composta (Bio-Oss + concentrado de células-tronco medulares), foram removidas biópsias ósseas durante a cirurgia de instalação dos implantes. Após processamento, as imagens histológicas apresentaram grande quantidade de tecido mineralizado vital para um pós-operatório de cinco meses. Conclusão: o uso do concentrado da fração mononuclear da medula óssea associado ao substituto ósseo xenógeno Bio-Oss em levantamento de seio maxilar parece repercutir em adequado reparo ósseo, culminando em um menor tempo de cicatrização óssea. Porém, estudos clínicos prospectivos randomizados devem ser executados. Palavras-chave: Células-tronco. Transplante ósseo. Implantes dentários. Osseointegração. Medula óssea. André Antonio Pelegrine Professor coordenador dos cursos de especialização e mestrado em Implantodontia, Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. Rafael de MELLO E Oliveira Aluno do curso de especialização em Implantodontia e Prótese Dentária, Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. Thiago Altro de Oliveira Professor assistente no curso de especialização em Implantodontia, Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. Carlos Eduardo Sorgi da Costa Professor assistente no curso de especialização em Implantodontia, Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. José Eduardo OROSZ Médico Anestesista, Doutor em Anestesiologia, UNESP. Antonio Carlos Aloise Professor assistente no curso de mestrado em Implantodontia, Faculdade de Odontologia São Leopoldo Mandic. Os autores declaram não ter interesses associati- 40 Como citar este artigo: Pelegrine AA, Mello e Oliveira R, Oliveira TA, Costa CES, Orosz JE, Aloise AC. vos, comerciais, de propriedade ou financeiros que Stem cells for bone reconstruction in sinus lifting. Dental Press Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51. representem conflito de interesse nos produtos e Enviado em: 26/04/2013 - Revisado e aceito: 13/05/2013 companhias descritos nesse artigo. Endereço de correspondência: André Antonio Pelegrine. O(s) paciente(s) que aparece(m) no presente artigo Rua das Areias, 37 – Cambuí – CEP: 13024-530 – Campinas/SP autorizou(aram) previamente a publicação de suas E-mail: [email protected] fotografias faciais e intrabucais, e/ou radiografias. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 Fração mononuclear da medula óssea para reconstrução óssea em levantamento de seio maxilar INTRODUÇÃO de protocolos para terapias celulares passíveis Tratamentos que visam a reconstrução do de serem associadas aos materiais substitutos sorriso por meio da Implantodontia se tornam ósseos4,5,9, no sentido de maximizar os resul- cada vez mais procurados pelos pacientes; po- tados do reparo ósseo2,10,11,12, com restauração rém, para o correto posicionamento dos implan- dos tecidos nativos, sem a necessidade da re- tes osseointegráveis, em muitas situações são moção de grandes enxertos ósseos autógenos necessárias reconstruções ósseas para uma pos- e, ainda, possibilitar tempos cicatricial e de terior reabilitação protética de sucesso1. A quan- osseointegração reduzidos13. tidade de procedimentos de enxertia óssea vem A partir do conhecimento de que a medu- apresentando um crescimento substancial, com la óssea é fonte para obtenção de células-tronco cada vez mais pacientes dispostos a se submeter mesenquimais, com potencial de diferenciação aos procedimentos reconstrutivos. A técnica de osteogênica, e que essas células estão presen- enxertia com osso autógeno, a despeito de ser tes em maior quantidade quando do isolamento considerada padrão-ouro, vem sendo cada vez da fração de células mononucleares da medula mais evitada. Por outro lado, os pacientes estão óssea (FMMO), alguns estudos foram conduzi- procurando procedimentos reconstrutivos me- dos na tentativa de se elaborar um método que nos invasivos e com um pós-operatório menos permitisse a concentração dessas células-tronco mórbido1,2. Essa demanda fez com que aumen- medulares. O protocolo de utilização do aspira- tassem exponencialmente, nos últimos anos, os do da medula óssea concentrado por gradiente estudos com biomateriais substitutos do osso de densidade vem sendo associado a materiais autógeno. Entre os substitutos dos enxertos au- substitutos ósseos, que servirão de arcabouço tógenos, pode-se citar os enxertos aloplásticos para a utilização em regeneração tecidual guia- (sintéticos), xenógenos e homógenos . En- da (RTG). Em RTG, membranas ou barreiras tretanto, esses materiais substitutos ósseos teciduais são utilizadas com o intuito de im- não apresentam qualidades osteogênicas além pedir a interferência de células indesejáveis, de pequena ou nenhuma capacidade osseoin- provenientes dos tecidos moles adjacentes, no dutora, fazendo com que o tempo de cicatri- processo cicatricial14-18. A RTG vem sendo tradi- zação e incorporação do material de enxertia cionalmente utilizada em cirurgias para levan- ocorra dentro de um período de seis a oito tamento de seio maxilar, associadas à enxertia meses, o que vem sendo considerado elevado. autógena, homóloga, xenógena e/ou de mate- Além disso, as regiões enxertadas com esses rial sintético16,18. Para a realização da técnica de biomateriais contam com a presença de re- levantamento do seio maxilar, vários autores manescentes do material de enxertia em níveis preconizam a utilização do osso xenógeno bo- superiores, quando comparados aos resultados vino Bio-Oss devido às suas características físi- obtidos pela enxertia óssea autógena co-químicas e mecânicas, similares às do osso 3,4,5 . 6,7,8 Nos últimos anos, pesquisas em engenharia tecidual têm avançado no conhecimento das humano, o que o torna um substituto ósseo com excelentes características osseocondutoras19-22. habilidades das células-tronco mesenquimais O presente caso clínico objetivou apresen- em se diferenciar em uma variedade de célu- tar a utilização de um concentrado do aspira- las especializadas (produzindo tecido adiposo, do da medula óssea autógena (com isolamento ósseo, cartilaginoso, endotelial). Dessa manei- da fração mononuclear da medula óssea) por ra, estudos estão sendo direcionados à criação gradiente de densidade, associado ao Bio-Oss, Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 41 Pelegrine AA, Mello e Oliveira R, Oliveira TA, Costa CES, Orosz JE, Aloise AC em um procedimento de levantamento de seio Após consulta inicial e solicitação de exa- maxilar, para verificar se o uso dessa terapia mes complementares, foi observada, na tomo- pode maximizar os resultados regenerativos. grafia computadorizada, uma extensa perda de volume ósseo, devido à pneumatização do seio maxilar direito, o que levou ao planejamento de RELATO DE CASO CLÍNICO Paciente com 55 anos de idade, leucoderma, sexo masculino, ASA I, boa higiene bucal, cirurgia de levantamento do seio maxilar por meio de enxertia óssea xenógena, associada à fração mononuclear da medula óssea (Fig. 1). apresentou-se na Clínica de Reabilitação Oral da O trabalho proposto foi encaminhado ao Faculdade de Odontologia São Leopoldo Man- comitê de ética em pesquisas da Faculdade de dic com os elementos 16 e 17 ausentes, e com Odontologia São Leopoldo Mandic, sendo apro- a expectativa de reposição desses por meio de vado sob protocolo nº 2012/0317. O presente próteses fixas implantossuportadas. caso clínico representa um entre uma série de Figura 1. Cortes tomográficos parassagitais demonstrando ausência de tecido ósseo (pneumatização do seio maxilar) em maxila, na parte posterior do lado direito. 42 Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 Fração mononuclear da medula óssea para reconstrução óssea em levantamento de seio maxilar casos realizados, todos pertencentes ao grupo de crista ilíaca direita do paciente e, em seguida, experimental de uma pesquisa relativa a uma realizada anestesia local com cloridrato de lido- dissertação de mestrado em fase de conclusão. caína a 2%, sem vasoconstritor, para posterior Inicialmente e imediatamente antes do pro- punção no nível da crista ilíaca posterossupe- cedimento operatório, a coleta da medula óssea rior por meio de uma agulha de 40 x 12mm com do paciente foi realizada por médico anestesista. mandril (Lee-Lok, Minneapolis, EUA) (Fig. 2). Para esse procedimento, foi realizada antissepsia No presente estudo, foi utilizado o proto- com digluconato de clorexidina a 2% em região colo de obtenção da fração celular mononuclear (A) (B) Figura 2. A) Esquema ilustrativo da região de punção em crista ilíaca; B) coleta da medula óssea autógena. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 43 Pelegrine AA, Mello e Oliveira R, Oliveira TA, Costa CES, Orosz JE, Aloise AC 44 da medula óssea pela separação por gradiente de na interface, as células mononucleares; logo densidade, com o Ficoll-Histopaque (Sigma-Al- abaixo, a camada contendo Ficoll e, mais abai- drich, St Louis, EUA), a partir do seguinte méto- xo, a camada sob forma de sedimento celular, do de separação de camadas celulares: (1) cole- onde estão os eritrócitos e granulócitos; (5) com ta de 4ml de aspirado da medula óssea da crista auxílio de uma pipeta de precisão, a interfa- ilíaca posterossuperior; (2) em ambiente esté- ce com as células mononucleares é removida ril de fluxo laminar, transferência do aspirado e transferida para outro tubo cônico contendo de medula óssea para um tubo cônico de 15ml, 4ml de PBS e homogeneizada; (6) centrifuga- contendo 4ml de solução salina tampão (PBSx1) ção por 10 minutos, a 200g, em temperatura e homogeneização com pipeta; (3) transporte ambiente, para obtenção de um novo pellet no do conteúdo para outro tubo cônico de 15ml, fundo do tubo; (7) descarte do sobrenadante; contendo 8ml de Ficoll-Histopaque, de forma (8) ressuspensão do pellet em 1ml de PBS, para lenta, para não ocorrer a mistura das fases; (4) obtenção da suspensão celular final (Fig. 3 a 6). centrifugação por 30 minutos, a 400g (obser- Junto ao procedimento laboratorial, o pa- var divisão das fases, onde, na fase superior, se ciente recebeu cobertura antibiótica com 1g de encontra o plasma e seus constituintes solúveis; amoxicilina e, também, dexametazona 4mg, Figura 3. Tubos cônicos com aspirado de medula óssea autógena com Ficoll-Histopaque. Figura 4. Centrifugação a 400g, por 10 minutos. Figura 5. Pipetagem do sobrenadante. Figura 6. Fração mononuclear da medula óssea. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 Fração mononuclear da medula óssea para reconstrução óssea em levantamento de seio maxilar antissepsia extrabucal com digluconato de clo- conteúdo de um frasco do substituto ósseo xe- rexidina a 2% e intrabucal com bochecho de uma nógeno (Bio-Oss 2g Large Particles 1,0-2,0mm, solução de digluconato de clorexidina a 0,12% Geistlich, Suíça), para possibilitar a adição e ho- para, então, a cirurgia ser iniciada. mogeneização da FMMO. Após o total preen- O procedimento anestésico foi realizado chimento e acomodação do enxerto composto, por anestesia local infiltrativa, em fundo de sulco foi posicionada a membrana colágena reabsor- e região palatina, com cloridrato de mepivacaína vível Bio-Gide (Geistlich, Suíça) com tamanho a 2%, com epinefrina 1:100.00. Realizou-se inci- adequado para recobrimento total da cavidade são sobre a crista, levemente palatinizada, e uma cirúrgica enxertada. Para sutura, foi utilizado incisão vertical relaxante com lâmina de bistu- Mononylon 5.0. Como medicação pós-operató- ri nº 15 para posterior deslocamento de retalho ria, foram prescritas: amoxicilina 500mg de 8 em total e acesso à região. Com o auxílio de brocas 8 horas, por três dias; e dipirona sódica 500mg/ diamantadas e brocas de aço esféricas com largo ml, 35 gotas, de 6 em 6 horas, enquanto houvesse diâmetro, foi criada uma loja óssea de formato dor. Foi realizado pós-operatório 10 dias após o ovoide, com desgaste total para acesso ao assoa- ato cirúrgico para remoção de sutura, e não foi lho do seio maxilar, que, após deslocamento e constatada nenhuma intercorrência (Fig. 7 a 11). levantamento de membrana de Schneider, rece- Decorridos cinco meses da enxertia, fo- beu o material de enxertia. Após o acesso cirúrgi- ram solicitados novos exames tomográficos, co, iniciou-se o preparo do material de enxertia, a região foi reaberta e, com uma broca trefina o qual foi associado com a fração mononuclear de 2mm de diâmetro, foram preparados os al- da medula óssea obtida pelo método de sepa- véolos cirúrgicos para instalação de implantes e ração descrito acima. Foi utilizado como reci- removidos dois espécimes ósseos, os quais fo- piente para homogeneização um pote dappen ram fixados em formol a 10%, imediatamente metálico estéril com tampa, preenchido com após sua remoção. Na sequência, dois implantes Figura 7. Descolamento de retalho total e exposição óssea. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 45 Pelegrine AA, Mello e Oliveira R, Oliveira TA, Costa CES, Orosz JE, Aloise AC (A) (B) Figura 8. A) Abertura da janela de acesso ao assoalho do seio maxilar; B) levantamento da membrana de Schneider e acesso ao assoalho do seio maxilar. Figura 9. Substituto ósseo xenógeno associado a frações de células mononucleares da medula óssea (FMMO). Figura 11. Colocação de membrana (Bio-Gide) servindo de barreira sobre a região enxertada. 46 Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 Figura 10. Seio maxilar preenchido com enxerto xenógeno associado à FMMO. Fração mononuclear da medula óssea para reconstrução óssea em levantamento de seio maxilar osseointegráveis, conexão Cone Morse, foram instalados (Black Fix Cone Morse, 4,0 x 10mm, Titanium Fix, Brasil) (Fig. 12, 13, 14). RESULTADOS Foi observada grande quantidade de tecido mineralizado vital para um pós-operatório de Posteriormente, foram confeccionadas lâ- cinco meses, o qual é considerado reduzido ao minas histológicas coradas em hemotoxilina preconizado em casos de enxertia (Bio-Oss), sem -eosina (HE), as quais foram analisadas em mi- a associação de nenhuma fonte celular. Note, croscópio óptico sob magnificação de 100x. para efeito comparativo, a imagem histológica Figura 12. Cortes tomográficos parassagitais demonstrando presença de tecido ósseo em seio maxilar posterior do lado direito, em região de seio previamente pneumatizado. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 47 Pelegrine AA, Mello e Oliveira R, Oliveira TA, Costa CES, Orosz JE, Aloise AC (A) (B) Figura 13. Deslocamento de retalho em espessura total (A); perfuração óssea com broca trefina de 2mm (B). (A) (B) Figura 14. Espécime coletado em broca trefina 2mm para avaliação histológica (A); instalação de implantes osseointegráveis (B). de outro caso enxertado apenas com o BioOss, 48 DISCUSSÃO sem associação com terapia celular, em um O presente relato de caso clínico apresen- pós-operatório de seis meses de outra cirurgia tou o uso do substituto ósseo xenógeno Bio-Oss, convencional de levantamento de seio maxilar, beneficiado pela técnica de concentração da com loja óssea sinusal enxertada com osso xe- fração mononuclear da medula óssea por gra- nógeno (Bio-Oss), usado da forma recomendada diente de densidade, em um modelo cirúrgico pelo fabricante (Fig. 15B). de levantamento de seio maxilar pela técnica Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 Fração mononuclear da medula óssea para reconstrução óssea em levantamento de seio maxilar (A) (B) Figura 15. A) Imagem histológica (coloração HE) com magnificação de 100x, de espécime removido do caso clínico apresentado, onde a região de seio maxilar foi enxertada com Bio-Oss (^) associado à fração mononuclear (cinco meses de cicatrização). Note a grande quantidade de tecido mineralizado vital (*) ao redor das partículas de Bio-Oss (^). B) Imagem histológica (coloração HE) com magnificação de 100x, de outro caso clínico em seio maxilar onde foi enxertado Bio-Oss (^), sem associação à fração mononuclear (seis meses de cicatrização). Note a presença de um menor nível de tecido mineralizado vital (*) ao redor das partículas de Bio-Oss (^) . de janela lateral. As análises confirmaram ade- químicas e mecânicas do osso autógeno se tor- quada qualidade tecidual após um período de nou cada vez mais necessária, haja vista a ne- tempo reduzido, quando comparado ao neces- cessidade de posterior uso da área enxertada sário pela técnica convencional. Isso também para a instalação de implantes osseointegrá- foi relatado em artigos científicos em que foram veis. A literatura científica internacional relata utilizados métodos para uso da medula óssea o substituto ósseo xenógeno bovino Bio-Oss fresca (in-natura) ou processada13,23. como um material com características muito A técnica de enxertia óssea autógena é semelhantes às do osso humano, o que está considerada padrão-ouro devido às suas ca- relacionado com sua boa característica osseo- racterísticas osseoindutoras, osseocondutoras condutora24-28. O tecido ósseo xenógeno liofi- e osteogênicas. Porém, apresenta fatores nega- lizado, ou qualquer outro material de enxertia tivos relacionados à morbidade operatória, pela substituto ósseo, apresenta como principal necessidade de dois ou mais sítios cirúrgicos em desvantagem a falta de fatores que propiciem casos de maior quantidade de tecido doador, osteogênese e osseoindução. A deficiência nes- sendo, algumas vezes, de fontes extrabucais. ses fatores gera, portanto, tempo de cicatriza- Isso eleva o risco operatório, o custo cirúrgico ção e de osseointegração elevado em relação ao e gera desconfortos pós-operatórios, fazendo osso autógeno, que atinge um período varian- com que cada vez menos pacientes optem por do entre seis e oito meses6,7,8. Isso é superior ao essa técnica1,2. Essa problemática levou ao início período necessário ao enxerto autógeno, que da procura por substitutos ósseos que pudessem apresenta celularidade e fatores de crescimen- substituir o osso autógeno. No entanto, esses to e, portanto, com potenciais osteogênicos e não apresentam as qualidades osteogênicas e osseoindutores. Esses potenciais inerentes aos osseoindutoras inerentes à enxertia autógena8. enxertos autógenos repercutem em uma dimi- A escolha de biomateriais que se aproximem ao máximo das características físicas, nuição do período necessário para cicatrização óssea para quatro a seis meses13,23. Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 49 Pelegrine AA, Mello e Oliveira R, Oliveira TA, Costa CES, Orosz JE, Aloise AC Devido a esse consenso da literatura, ini- da medula óssea gera desconforto mínimo na ciou-se a procura por métodos de enriqueci- região doadora. Entretanto, cabe lembrar que mento desses substitutos ósseos com células o caso clínico apresentado no presente arti- provenientes da medula óssea do próprio pa- go faz parte de um estudo clínico prospectivo ciente. Encontram-se descrições de técnicas de em humanos e que, portanto, possui aval de coleta e uso da medula óssea fresca (in natura) um comitê de ética para ser executado. Se a diretamente nos sítios cirúrgicos , além do cul- técnica avaliada nesse estudo for considerada tivo das células-tronco mesenquimais contidas válida por outros estudos, existe a possibili- na medula óssea. Ainda, como foi realizado no dade futura de se tornar clinicamente viável. 1,2 presente relato de caso, a técnica de concentração da medula óssea pelo método descrito em outro artigo publicado por esse grupo de pes- CONCLUSÃO quisadores — onde foi comprovado que o uso do O uso clínico do concentrado da fração mo- enxerto ósseo xenógeno liofilizado Bio-Oss, as- nonuclear da medula óssea, associado ao substi- sociado ao concentrado de fração mononuclear tuto ósseo xenógeno Bio-Oss em levantamento da medula óssea autógena, aumenta a quanti- se seio maxilar, parece repercutir em adequado dade de tecido ósseo vital e, corroborando esse reparo ósseo, culminando em um menor tempo relato de caso, reduz o tempo cicatricial do en- de cicatrização óssea. Porém, mais estudos, com xerto . Esse método também foi recentemente um número maior de indivíduos, precisam ser publicado em livro29. executados para consubstanciar essa hipótese. 23 Técnicas de cultivo celular para uso em humanos apresentam desvantagens em rela- 50 ção ao uso da medula fresca ou concentrada, ABSTRACT incluindo custo do processamento laborato- Stem cells for bone reconstruction in sinus rial, tempo de espera entre a coleta e a cirur- lifting. Bone grafting procedures have been gia de enxertia — devido ao grande número de substantially employed in oral rehabilitation. células necessárias —, e riscos de contamina- However, patients willing to undergo recon- ção30, além de esbarrar em princípios éticos, structive surgery tend to seek less invasive por envolver duplicação celular de células procedures with a less morbid post-operative ainda sem marcadores. Devido a esse moti- phase. To this end, less invasive bone recon- vo, a utilização do protocolo de aspiração da struction techniques traditionally use bone medula óssea autógena e concentração de sua substitutes. However, new studies on tissue fração mononuclear por gradiente de densi- engineering present bone marrow stem cells dade pode ser considerada um método viável. in association with bone substitutes as an Ela possibilita uma melhora nas propriedades alternative to improve the biological char- do material de enxertia, com redução subs- acteristics of grafting material. Objective: tancial do tempo de cicatrização do enxerto To report a case employing autologous bone e aumento da qualidade óssea na região en- marrow aspirate concentrate (with isolation xertada que, posteriormente, receberá im- of mononuclear bone marrow) associat- plantes osseointegráveis. Além do mais, po- ed with Bio-Oss for maxillary sinus lifting. de-se relatar que o procedimento cirúrgico Results: Five months after the composite não tem seu tempo aumentado e que a coleta grafting procedure (Bio-Oss + bone marrow Dental Pres Implantol. 2014 Jan-Mar;8(1):40-51 Fração mononuclear da medula óssea para reconstrução óssea em levantamento de seio maxilar stem cells concentrate), bone biopsies were Bio-Oss xenograft bone substitute for extracted after implant placement surgery. maxillary sinus lifting seems appropriate Histological images revealed a large amount for bone repair with reduced bone healing of vital mineralized tissue. Conclusion: The time. Keywords: Stem cells. Bone marrow. clinical use of concentrated bone marrow Graft survival. Dental implants. Osse- mononuclear ointegration. fraction associated with Referências: 1. Costa CE, Pelegrine AA, Fagundes DJ, Simões MJ, Taha MO. 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