No Coração do Oceano
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No Coração do Oceano Site do Autor: www.cleitonbasso.com.br Facebook: facebook.com/cleitonbasso Twitter: twitter.com/cleitonbasso Canal no YouTube: http://www.youtube.com/cleitonbasso E-mail: [email protected] Acesse o site e ouça a música tema e outros materiais relacionados ao livro No coração do oceano. Música tema deste livro (audiolivro e book trailer): Nearer My God to Thee Daniel´s Window Band Este livro está disponível nas versões impressa, digital e audiobook. Cleiton Basso No Coração do Oceano 1ª edição © Cleiton Basso 2012 Capa e Projeto Gráfico Mar Produções Audiovisuais Ltda. Fotos da Capa Dreamstime Photos Fotos originais Biblioteca do Congresso e Arquivos Nacionais dos Estados Unidos da América Revisão Ortográfica Dayana Basso Laiane Rocha Basso Michele Paiva Agradecimento especial Mostafa Mahmoud (SENSE) – Egito pela disponibilização da animação do Titanic em 3D no book trailer. B322 Basso, Cleiton. No coração do oceano/ Cleiton Basso. — Rio de Janeiro: Sinergia, 2012. 166p. ISBN 978-85-7947-07-69 1. 100 anos do Naufrágio do Titanic. 2. Literatura I. Título. CDD 810 Texto estabelecido segundo o Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009. Todos os direitos reservados à Mar Produções Audiovisuais Ltda. Rua João Dalpasquale, 1177 – CEP 85660-000 – Dois Vizinhos – PR Tel. (46) 3536-6180 fax (46) 3536-6180 Dedico este livro a meu trisavô, que repousa no fundo do oceano Atlântico. E a meu bisavô que, órfão de pai e mãe, aos sete anos de idade, viu o corpo de seu pai ser entregue às profundezas do mar, e soube continuar a viagem no navio e pela vida. Por isso, hoje posso aqui continuar a sua história. Agradecimentos Gostaria de expressar minha mais sincera gratidão a todos que um dia conviveram e os que convivem comigo e estão em minhas melhores lembranças. À minha família, aos irmãos e amigos, por todo o carinho e incentivo que sempre dedicaram a mim e ao meu trabalho. Aos internautas que, por meio das redes sociais, sites e blogs, divulgam e ainda vão divulgar o que realizamos. Conto mais do que nunca com vocês. A todos os profissionais com quem compartilhei momentos no trabalho. Ao Valdir Pagnoncelli, pelas orientações que estão valendo para a vida. Ao reverendo Ismael de Faria, pelas instruções e amizade. À Michele Paiva, pela revisão, e à Laiane e Dayana Basso pelas dicas, revisões e apoio. À Tatiana Jacobina, da Singular Digital, pela dedicação e atendimento impecável; Silvia Rebello, gerente editorial e a todos que trabalham no selo Sinergia. Gostaria de agradecer especialmente aos meus pais por sempre serem meu porto seguro. Cleiton Basso À minha esposa Laiane, pelo incentivo, pela compreensão e por juntos estarmos apreendendo com nossos erros e acertos a construir uma vida melhor. Aos meus filhos, fonte infinita de inspiração. E a Deus, pelo presente da Vida. 8 Sumário Introdução.......................................................................13 Capítulo 1 Uma viagem no maior transatlântico do mundo.................15 Capítulo 2 O choque com o iceberg....................................................39 Capítulo 3 O desespero e o naufrágio.................................................51 Capítulo 4 Artigos e opiniões..............................................................113 Capítulo 5 As investigações.................................................................127 Capítulo 6 O naufrágio e a imprensa...................................................137 Capítulo 7 Lições do naufrágio do Titanic...........................................151 Referências bibliográficas e de pesquisa......................164 Fotografias......................................................................165 Prefácio O naufrágio do Titanic esteve presente na memória das pessoas durante todo o século XX. Se não bastasse a fama da tragédia, o filme Titanic consagrou a história real como uma das mais impactantes, chocantes e emocionantes de todos os tempos. O fascínio por essa história faz parte de minha vida. Sempre achei interessante conhecer a biografia dos sobreviventes e tudo por que passaram os passageiros e tripulantes do navio naufragado. O que teriam vivido, sentido e visto os sobreviventes, e como deve ter sido estar lá, lutando pela vida, incrédulos com a imagem do Titanic indo para o fundo do oceano. Apresento neste livro alguns relatos intensos, reais e precisos dos sobreviventes, feitos horas depois da tragédia e que integraram as investigações realizadas pelos Senados dos Estados Unidos e do Reino Unido. Leia e sinta-se vivendo uma história real, impactante e que deixou muitas lições. Introdução Meu fascínio pelos mares vem de longe. Há muito tempo, nos anos 1880, meu trisavô partiu do porto de Gênova, na Itália. Ele havia perdido a esposa, que morrera pouco antes, e vinha para o Brasil, trazendo consigo seus quatro filhos – três meninos e uma menina – com idades entre quatro e onze anos. Durante a viagem, foi acometido de uma doença e morreu, deixando seus filhos órfãos e solitários rumo ao Brasil. Semelhante aos passageiros do Titanic, o corpo do meu trisavô foi entregue ao oceano Atlântico, como era comum em casos de morte durante a viagem. Assim, em um dos vários dias que passaram sobre o mar, as quatro crianças – Vitório, Alexandre, Angelo e Júlia – viram, com muita tristeza, dor e medo, o pai morto ser lançado ao mar, sem saber ao certo o que iriam enfrentar pela frente. Meu bisavô, Alexandre, tinha sete anos quando chegou ao Brasil, acompanhado de seus irmãos. Do Rio de Janeiro ao Rio Grande do Sul, e de lá para a vida toda. De alguma forma, tudo conspirou para que hoje eu pudesse estar aqui, compartilhando com você essas palavras. Bisneto de um homem que sentiu o desespero de ver o pai desaparecer nas águas do Atlântico, sempre senti uma atração pela história do Titanic, mesmo antes do imenso sucesso do filme do diretor James Cameron. Cleiton Basso Neste livro, quero compartilhar informações com você, trazendo à tona relatos emocionantes de quem esteve no transatlântico. Não são depoimentos fornecidos muitos anos após a tragédia. Você lerá aqui narrativas feitas poucas horas depois do ocorrido, algumas escritas ainda em alto mar pelos sobreviventes, durante o resgate no navio Carpathia. A partir de alguns artigos publicados, principalmente em 1912, o ano da tragédia, você descobrirá detalhes até agora desconhecidos da maioria das pessoas. Poderá confirmar outros fatos apresentados nos filmes e histórias que tentaram retratar o naufrágio ao longo dos últimos cem anos. Para concluir, vamos resumir algumas lições deixadas pela mais famosa tragédia marítima de todos os tempos – o naufrágio do titã dos mares: o Titanic. 14 Capítulo 1 Uma viagem no maior transatlântico do mundo Cleiton Basso Onde tudo começou Belfast, atual capital da Irlanda do Norte, foi o berço do Royal Mail Ship Titanic (R.M.S.). No final do século XIX, a cidade ganhava status por ter os maiores e mais produtivos estaleiros do mundo. Construtoras como a Harland & Wolf, responsável pela transformação do navio dos sonhos em realidade. Ao custo de sete milhões e quinhentos mil dólares da época (algo próximo de meio bilhão de dólares hoje) a cidade irlandesa acompanhou, entre 1909 e 1912, a construção de um dos mais belos transatlânticos da história – o Titanic, que deveria ser a estrela da White Star Line, companhia de navegação proprietária do navio. Foi projetado por William Perrie, diretor e engenheiro naval, Thomas Andrews, gerente de construção e design, e Alexander Carlisle, designer geral e gerente geral da Harland & Wolff. O Titanic estava destinado a ser o maior e mais luxuoso transatlântico do mundo, competindo diretamente com os navios Lusitania e Mauretania, da Cunard Line, empresa rival da White Star Line. Construído para acomodar 2.559 passageiros, além de um grande número de oficiais e tripulação, o navio poderia comportar cerca de 3.500 pessoas. Milhares de trabalhadores construíam o que chamavam de navio mais seguro do mundo. Fundos duplos, casco dividido 16 No Coração do Oceano – Titanic 100 anos em 16 compartimentos estanques (seções separadas), condições de segurança nunca antes utilizadas em uma embarcação. Os construtores chegaram a afirmar que “Nem Deus afundaria o Titanic”. Dois motores alternativos de quatro cilindros de expansão tripla e uma turbina de baixa pressão, três hélices de bronze, 29 caldeiras e 159 fornos de caldeiras a carvão garantiam ao Titanic a velocidade máxima possível – 23 nós (43km/h). A construção do Titanic começou em 31 de março de 1909. Foi financiada pelo empresário americano JP Morgan e sua companhia. O poderoso casco do Titanic sentiu, pela primeira vez, as águas do mar, às 12h13, do dia 31 de maio de 1911. A construção foi concluída quase um ano depois. 31/05/1911 – Estaleiros da Harland & Wolff em Belfast, no dia de lançamento do casco do Titanic ao mar. 17 Cleiton Basso Navios Titanic e Olympic, este pronto para ser lançado ao mar. Hélices propulsoras 18 do Titanic. No Coração do Oceano – Titanic 100 anos Trabalhadores do estaleiro ao fim da jornada de construção. Maio de 1911: Casco do Titanic pronto para ser lançado ao mar. 19 Cleiton Basso Um palácio navegando nos mares Além de fabuloso, o Titanic era incomparável em luxo, requinte, conforto e elegância. A decoração em estilo clássico foi inspirada em grandes reinados e impérios da história, como o de Luis XV (França) e o palácio de Versalhes. Havia uma grande piscina, uma quadra de tênis, uma sala de banho turco (versão diferente de sauna), duas salas com cabeleireiros, duas bibliotecas, além de muitas outras atrações, boa parte exclusiva da primeira classe. Nas cabines da primeira classe, havia belas decorações com painéis brancos, móveis extremamente caros e outras elegantes e requintadas inovações. Águas quente e fria, fogões elétricos, e nas suítes havia um diferencial: lindas salas em torno das chaminés. Quatro elevadores, sendo três para a primeira e um para a segunda classe, garantiam outra inovação ao grande navio. Vinte barcos e botes salva-vidas distribuídos na proa e na popa ofereciam uma acomodação para um total de 1.178 pessoas (33% da capacidade total do Titanic). Ninguém contava com a possibilidade de uma tragédia. A viagem de inauguração do Titanic estava próxima, e os preparativos eram intensos. Bebidas, alimentação, centenas de pessoas arrumando os alojamentos, contratação de profissionais para garantir os atendimentos internos, tudo aliado a uma intensa expectativa. 20 No Coração do Oceano – Titanic 100 anos Em 20 de setembro de 1911, o Olympic (com o capitão Edward J. Smith, que seria mais tarde o capitão do Titanic) teve seu casco danificado na colisão com a Royal Navy Cruiser Hawke. Isso fez a viagem inaugural do Titanic ser adiada, diante da necessidade de trabalhadores e materiais para reparar o Olympic. A Viagem No dia 10 de abril de 1912, quarta-feira, partindo de Southampton – Inglaterra, o Titanic, da White Star Line, iniciou a sua viagem inaugural, com destino a Nova York. De Southampton, o Titanic foi a Cherbourg, na França. O comando era de Edward John Smith, conhecido como capitão Smith. Ele disse que aquela seria sua última viagem antes da aposentadoria. Tinha a intenção de ficar mais tempo com sua esposa e com sua filha. Diante das considerações à época, os passageiros tinham a convicção de que estavam embarcando no navio mais seguro do mundo e da história. “Insubmergível”, alardeavam os construtores. No dia seguinte, o navio seguiu para Queenstown (Cobh), na Irlanda, onde embarcaram outros passageiros, completando as 2.223 pessoas, entre tripulação e passageiros. Era quinta-feira, às 13h30, e as sirenes do Titanic soaram. As portas se fecharam. A maioria das pessoas a bordo agitava lenços, em adeus aos parentes e amigos que ficavam. Não 21 Cleiton Basso sabiam que o adeus poderia significar uma despedida eterna. Todos estavam impressionados com as 52 mil toneladas, a altura equivalente a um prédio de 11 andares e o luxo que tornava o navio um verdadeiro hotel cinco estrelas, ou um palácio flutuante, como alguns disseram à época. Seus 269 metros de comprimento, 28 metros de largura, 54 metros de altura, 29 caldeiras, três hélices e uma potência de milhares de cavalos garantiam ao capitão tranquilidade e confiança plena. Ninguém imaginou que um pedaço de água congelada colocaria fim ao navio dos sonhos. Das quatro grandes chaminés, apenas três eram funcionais. A quarta era usada apenas para ventilação e para garantir um ar ainda mais impressionante. Cada chaminé tinha uma altura equivalente a um prédio de oito andares. Depoimentos Um grande inquérito, desenvolvido simultaneamente pelos Senados dos Estados Unidos e da Inglaterra, poucos dias após o naufrágio, ouviu vários sobreviventes que prestaram depoimentos e reconstruíram, em palavras, o ambiente da viagem, as características do navio e de todos os momentos a bordo. 22 No Coração do Oceano – Titanic 100 anos Com base nesses depoimentos, a partir daqui, você estará vivendo as emoções que os sobreviventes viveram durante a viagem e os momentos finais do Titanic. São relatos impactantes, reveladores e emocionantes, que nos permitem reconstruir mentalmente tudo o que aconteceu, entre os dias 10 e 15 de abril de 1912, a bordo do navio dos sonhos. Um navio magnífico A senhora Hippach e sua filha saíram de casa, nos Estados Unidos, na primeira semana de janeiro, para passar três meses no exterior. Tinham como objetivo a recuperação da saúde da senhora Hippach e a visita a parentes. Mãe e filha costumavam viajar para o exterior e já tinham realizado quatro viagens juntas. A senhora Hippach falou sobre isso: Foi minha oitava viagem para o outro lado do Atlântico e não poderia imaginar que eu jamais desejaria fazer isso outra vez. Nós tínhamos esperado para retornar mais tarde, mas percebemos que não teríamos tempo suficiente para uma curta visita a Paris, que tínhamos planejado no roteiro, por isso compramos a passagem no Titanic. Embarcamos em Cherbourg, paramos em Queenstown e seguimos viagem em direção à América. O Titanic era tão grande, que é díficil imaginá-lo. As cabines eram como quartos em um hotel. Tínhamos uma cama regular, uma bela penteadeira e algumas cadeiras, o lavatório com botões – tudo o que você poderia pensar. 23 Capitão Edward J. Smith comandou a primeira e única viagem do Titanic. 9 de junho de 1911: Capitão John Smith e Lord James Pirrie, presidente do estaleiro Harland & Wolff, no convés do Olympic. Titanic no cais, em Southampton. Bilhete original da primeira classe. Este bilhete pertencia ao reverendo Stuart Holden. Sua esposa ficou doente um dia antes do Titanic partir, forçando-o a cancelar sua viagem. O reverendo Holden deixou o bilhete sobre sua mesa até sua morte, em 1934. Pouco antes de receber a pintura final – janeiro de 1912. Hélices propulsoras do Titanic. O Olympic e o Titanic eram considerados gêmeos. Eram praticamente iguais em tamanho, mas o Titanic tinha mais luxo e requinte. Ancorado em Southampton – 1912. No Coração do Oceano – Titanic 100 anos Uma de nossas amigas, quando seu marido perguntou se ela poderia pensar em alguma coisa a acrescentar, ela riu e disse: “Bem, nós poderíamos ter espalhadores de manteiga; não posso pensar em mais nada.” Nós tínhamos ido para o concerto da noite até às 22h30. Havia músicas lindas. A orquestra se apresentava três vezes todos os dias. Antes do almoço, à tarde e após o jantar. Eram músicos de verdade e foram muito apreciados pelas pessoas a bordo. No dia 31 de maio de 1911 o casco do Titanic foi lançado ao mar com sucesso, o que foi testemunhado por mais de 100.000 pessoas. Na época, (juntamente com o Olympic), era o maior objeto feito pelo homem. Vinte e duas toneladas de sebo, sabão e óleo de trem foram usados para untar a rampa de lançamento para revestir e proteger contra a enorme pressão de três toneladas por polegada quadrada do casco pintado. 27 Cleiton Basso Mar calmo e noites estreladas Navegando no oceano, nada parecia atrapalhar. Exceto por dez minutos de neblina, o sol brilhou todos os dias e, à noite, a brilhante luz das estrelas tornava a cena magnífica. Não havia luz, já que só seria lua nova em dois dias. Nem o mar dava qualquer sinal de agressividade. Tudo estava perfeito e nenhum incidente desagradável marcava a viagem. A senhora Mahala Douglas, em seu depoimento, descreveu como foram os primeiros dias da viagem: Saímos de Cherbourg à noite, por conta de alguns problemas em Southampton, mas, a partir da saída, tudo parecia ir perfeitamente bem. O navio era tão luxuoso, tão firme, tão imenso e com uma estrutura tão maravilhosa, que não podíamos acreditar que estávamos em alto-mar. Víamos o mar calmo, as noites estreladas, e sentíamos uma brisa fresca que deixava tudo mais gostoso; nada para estragar nosso prazer. No sábado, meu marido Douglas e eu estávamos cami nhando quando vimos um marinheiro tomar a temperatura da água. Aquele deque parecia tão alto sobre o mar. Eu estava curiosa em saber se, com uma espécie de balde minúsculo, o marinheiro conseguiria. Havia uma brisa gostosa. No domingo, tivemos um dia maravilhoso, todo mundo no melhor dos espíritos, a velocidade que o navio estava fazendo era considerada muito boa, e todos estavam interessados em chegar a Nova York o mais cedo possível. 28 No Coração do Oceano – Titanic 100 anos O relógio marcava 20h quando fomos jantar no restaurante. Encontramos vários amigos lá. Creio que, tanto quanto consigo lembrar, todos os homens naquela sala, os que serviam, o comissário e os subordinados, os músicos que tocavam no corredor lá fora, e todos os convidados, se foram, exceto os senhores Cosmo Duff Gordon, o padre Carter e Joseph Ismay. Todas as histórias de que bebemos excessivamente, ou de que estávamos demasiadamente alegres, são, a meu ver, absolutamente infundadas. Nós não deixamos a sala até que a maioria dos outros a tivesse deixado, incluindo o senhor Ismay, o senhor e a senhora Widener e seus convidados; e a noite foi passando muito tranquilamente. Fomos para o nosso camarote – C-86 – e, então, eu e meu marido observamos que o navio estava indo mais rápido do que em qualquer outro momento durante a viagem. Gelo à vista No terceiro dia, os operadores de comunicação receberam advertências de gelo, informações que chegaram diretamente ao capitão Smith. Uma das mensagens dizia: Navio a vapor “R.M.S. Baltic”, 14 de abril de 1912. 29 Cleiton Basso Ao capitão Smith, Titanic: Ventos variáveis e moderados, com bom tempo e céu claro. Relatórios recebidos indicam grande quantidade de gelo hoje, na latitude 41,51 norte, longitude oeste 49,52. Desejamos-lhe todo o sucesso Titanic. Os avisos não paravam de chegar. Navios próximos emitiam mensagens alertando sobre a presença de icebergs. Alguns, o telegrafista sequer chegou a registrar. Quando o navio Baltic alertou que havia blocos de gelo na rota exata do Titanic, o telegrafista levou a informação ao capitão Smith. Ele estava passeando no convés, tendo ao seu lado o diretor da White Star, senhor Ismay. Smith leu e colocou a mensagem no bolso, falou com duas senhoras e continuou o passeio. Às 21h05, horário de Nova York, em uma fria noite de domingo, cerca de uma hora antes do acidente, chegou uma mensagem preocupante: Estamos parados e cercados por gelo. O dia havia sido muito agradável. O jantar tinha sido alegre e descontraído. Enquanto muitos se dirigiam para seus aposentos, vários passageiros da segunda classe ficaram no salão para cantar. Na sala de comando, os oficiais aguardavam a chegada à zona do gelo. Avançando a 22 nós, sem ordens para diminuir a velocidade, o Titanic seguia seu curso. Os vigias, atentos ao horizonte, pouco percebiam, além da luz cintilante das estrelas e do mar calmo e tranquilo em meio à escuridão sem fim. 30 No Coração do Oceano – Titanic 100 anos Uma gigantesca barreira de gelo surgia na escuridão, sem ser notada pelos vigias. A massa enorme e opaca, repentinamente, se mostrou na rota do Titanic. Os vigias não acreditavam no que viam. A aterrorizante realidade era cruel. Um vigia imediatamente gritou aos oficias do comando: Iceberg à proa! Na casa de máquinas o alarme soou. A ordem era parar e recuar a todo o vapor. “O Titanic era tão grande, que é díficil imaginá-lo.” Ida Sophia Hippach Sala de leitura. 31 Suíte da primeira classe. Café Parisiense. A “grande escadaria” do Titanic era similar a do Olympic. Academia de ginástica e exercícios. Pessoas no convés do navio. Passageiros da segunda classe no convés. No Coração do Oceano – Titanic 100 anos Na academia, Lawrence Beesley, sobrevivente do naufrágio. Já em alto mar, a visão da lateral do Titanic. Vista do corredor da segunda classe. 35 Cleiton Basso Imagem ilustrativa. 36
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