No Coração do Oceano

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No Coração do Oceano
No Coração
do
Oceano
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Música tema deste livro (audiolivro e book trailer):
Nearer My God to Thee
Daniel´s Window Band
Este livro está disponível nas versões
impressa, digital e audiobook.
Cleiton Basso
No Coração
do
Oceano
1ª edição
© Cleiton Basso 2012
Capa e Projeto Gráfico
Mar Produções Audiovisuais Ltda.
Fotos da Capa
Dreamstime Photos
Fotos originais
Biblioteca do Congresso e Arquivos Nacionais
dos Estados Unidos da América
Revisão Ortográfica
Dayana Basso
Laiane Rocha Basso
Michele Paiva
Agradecimento especial
Mostafa Mahmoud (SENSE) – Egito
pela disponibilização da animação do
Titanic em 3D no book trailer.
B322
Basso, Cleiton.
No coração do oceano/ Cleiton Basso. — Rio de
Janeiro: Sinergia, 2012.
166p.
ISBN 978-85-7947-07-69
1. 100 anos do Naufrágio do Titanic. 2. Literatura I. Título.
CDD 810
Texto estabelecido segundo o Acordo Ortográfico da
Língua Portuguesa de 1990, em vigor no Brasil desde 2009.
Todos os direitos reservados à
Mar Produções Audiovisuais Ltda.
Rua João Dalpasquale, 1177 – CEP 85660-000 – Dois Vizinhos – PR
Tel. (46) 3536-6180 fax (46) 3536-6180
Dedico este livro a meu trisavô, que repousa
no fundo do oceano Atlântico. E a meu bisavô que, órfão de pai e mãe, aos sete anos de
idade, viu o corpo de seu pai ser entregue às
profundezas do mar, e soube continuar a viagem no navio e pela vida. Por isso, hoje posso
aqui continuar a sua história.
Agradecimentos
Gostaria de expressar minha mais sincera gratidão a todos que
um dia conviveram e os que convivem comigo e estão em minhas melhores lembranças.
À minha família, aos irmãos e amigos, por todo o carinho
e incentivo que sempre dedicaram a mim e ao meu ­trabalho.
Aos internautas que, por meio das redes sociais, sites e
blogs, divulgam e ainda vão divulgar o que realizamos. Conto
mais do que nunca com vocês.
A todos os profissionais com quem compartilhei momentos no trabalho. Ao Valdir Pagnoncelli, pelas orientações
que estão valendo para a vida.
Ao reverendo Ismael de Faria, pelas instruções e ­amizade.
À Michele Paiva, pela revisão, e à Laiane e Dayana Basso
pelas dicas, revisões e apoio.
À Tatiana Jacobina, da Singular Digital, pela dedicação
e atendimento impecável; Silvia Rebello, gerente editorial e a
todos que trabalham no selo Sinergia.
Gostaria de agradecer especialmente aos meus pais por
sempre serem meu porto seguro.
Cleiton Basso
À minha esposa Laiane, pelo incentivo, pela compreensão e por juntos estarmos apreendendo com nossos erros e
acertos a construir uma vida melhor.
Aos meus filhos, fonte infinita de inspiração.
E a Deus, pelo presente da Vida.
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Sumário
Introdução.......................................................................13
Capítulo 1
Uma viagem no maior transatlântico do mundo.................15
Capítulo 2
O choque com o iceberg....................................................39
Capítulo 3
O desespero e o naufrágio.................................................51
Capítulo 4
Artigos e opiniões..............................................................113
Capítulo 5
As investigações.................................................................127
Capítulo 6
O naufrágio e a imprensa...................................................137
Capítulo 7
Lições do naufrágio do Titanic...........................................151
Referências bibliográficas e de pesquisa......................164
Fotografias......................................................................165
Prefácio
O naufrágio do Titanic esteve presente na memória das pessoas durante todo o século XX. Se não bastasse a fama da tragédia,
o filme Titanic consagrou a história real como uma das mais
impactantes, chocantes e emocionantes de todos os tempos.
O fascínio por essa história faz parte de minha vida. Sempre achei interessante conhecer a biografia dos sobreviventes e
tudo por que passaram os passageiros e tripulantes do navio
naufragado. O que teriam vivido, sentido e visto os sobreviventes, e como deve ter sido estar lá, lutando pela vida, incrédulos
com a imagem do Titanic indo para o fundo do oceano.
Apresento neste livro alguns relatos intensos, reais e precisos dos sobreviventes, feitos horas depois da tragédia e que integraram as investigações realizadas pelos Senados dos Estados
Unidos e do Reino Unido.
Leia e sinta-se vivendo uma história real, impactante e
que deixou muitas lições.
Introdução
Meu fascínio pelos mares vem de longe. Há muito tempo, nos
anos 1880, meu trisavô partiu do porto de Gênova, na Itália. Ele
havia perdido a esposa, que morrera pouco antes, e vinha para
o Brasil, trazendo consigo seus quatro filhos – três meninos e
uma menina – com idades entre quatro e onze anos.
Durante a viagem, foi acometido de uma doença e morreu, deixando seus filhos órfãos e solitários rumo ao Brasil.
Semelhante aos passageiros do Titanic, o corpo do meu
trisavô foi entregue ao oceano Atlântico, como era comum em
casos de morte durante a viagem. Assim, em um dos vários dias
que passaram sobre o mar, as quatro crianças – Vitório, Alexandre, Angelo e Júlia – viram, com muita tristeza, dor e medo, o
pai morto ser lançado ao mar, sem saber ao certo o que iriam
enfrentar pela frente.
Meu bisavô, Alexandre, tinha sete anos quando chegou
ao Brasil, acompanhado de seus irmãos. Do Rio de Janeiro ao
Rio Grande do Sul, e de lá para a vida toda. De alguma forma,
tudo conspirou para que hoje eu pudesse estar aqui, compartilhando com você essas palavras.
Bisneto de um homem que sentiu o desespero de ver o
pai desaparecer nas águas do Atlântico, sempre senti uma atração pela história do Titanic, mesmo antes do imenso sucesso do
filme do diretor James Cameron.
Cleiton Basso
Neste livro, quero compartilhar informações com você,
trazendo à tona relatos emocionantes de quem esteve no transatlântico. Não são depoimentos fornecidos muitos anos após a
tragédia. Você lerá aqui narrativas feitas poucas horas depois do
ocorrido, algumas escritas ainda em alto mar pelos sobreviventes, durante o resgate no navio Carpathia.
A partir de alguns artigos publicados, principalmente em
1912, o ano da tragédia, você descobrirá detalhes até agora desconhecidos da maioria das pessoas. Poderá confirmar outros
fatos apresentados nos filmes e histórias que tentaram retratar o
naufrágio ao longo dos últimos cem anos.
Para concluir, vamos resumir algumas lições deixadas
pela mais famosa tragédia marítima de todos os tempos – o
naufrágio do titã dos mares: o Titanic.
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Capítulo 1
Uma viagem no
maior transatlântico
do mundo
Cleiton Basso
Onde tudo começou
Belfast, atual capital da Irlanda do Norte, foi o berço do Royal
Mail Ship Titanic (R.M.S.). No final do século XIX, a cidade ganhava status por ter os maiores e mais produtivos estaleiros do
mundo. Construtoras como a Harland & Wolf, responsável pela
transformação do navio dos sonhos em realidade.
Ao custo de sete milhões e quinhentos mil dólares da
época (algo próximo de meio bilhão de dólares hoje) a cidade
irlandesa acompanhou, entre 1909 e 1912, a construção de um
dos mais belos transatlânticos da história – o Titanic, que deveria ser a estrela da White Star Line, companhia de navegação
proprietária do navio.
Foi projetado por William Perrie, diretor e engenheiro naval, Thomas Andrews, gerente de construção e design, e
Alexander Carlisle, designer geral e gerente geral da Harland &
Wolff.
O Titanic estava destinado a ser o maior e mais luxuoso
transatlântico do mundo, competindo diretamente com os navios Lusitania e Mauretania, da Cunard Line, empresa rival da
White Star Line.
Construído para acomodar 2.559 passageiros, além de
um grande número de oficiais e tripulação, o navio poderia
comportar cerca de 3.500 pessoas.
Milhares de trabalhadores construíam o que chamavam
de navio mais seguro do mundo. Fundos duplos, casco dividido
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No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
em 16 compartimentos estanques (seções separadas), condições de segurança nunca antes utilizadas em uma embarcação.
Os construtores chegaram a afirmar que “Nem Deus afundaria
o Titanic”.
Dois motores alternativos de quatro cilindros de expansão tripla e uma turbina de baixa pressão, três hélices de bronze,
29 caldeiras e 159 fornos de caldeiras a carvão garantiam ao
Titanic a velocidade máxima possível – 23 nós (43km/h).
A construção do Titanic começou em 31 de março de
1909. Foi financiada pelo empresário americano JP Morgan e
sua companhia. O poderoso casco do Titanic sentiu, pela primeira vez, as águas do mar, às 12h13, do dia 31 de maio de 1911.
A construção foi concluída quase um ano depois.
31/05/1911 – Estaleiros da Harland & Wolff
em Belfast, no dia de lançamento do
casco do Titanic ao mar.
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Cleiton Basso
Navios Titanic e Olympic,
este pronto para ser
lançado ao mar.
Hélices propulsoras
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do Titanic.
No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
Trabalhadores
do estaleiro ao
fim da jornada
de construção.
Maio de 1911:
Casco do Titanic
pronto para
ser lançado ao
mar.
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Cleiton Basso
Um palácio navegando nos mares
Além de fabuloso, o Titanic era incomparável em luxo, requinte, conforto e elegância. A decoração em estilo clássico foi inspirada em grandes reinados e impérios da história, como o de
Luis XV (França) e o palácio de Versalhes.
Havia uma grande piscina, uma quadra de tênis, uma
sala de banho turco (versão diferente de sauna), duas salas com
cabeleireiros, duas bibliotecas, além de muitas outras atrações,
boa parte exclusiva da primeira classe.
Nas cabines da primeira classe, havia belas decorações
com painéis brancos, móveis extremamente caros e outras elegantes e requintadas inovações. Águas quente e fria, fogões elétricos, e nas suítes havia um diferencial: lindas salas em torno
das chaminés. Quatro elevadores, sendo três para a primeira e
um para a segunda classe, garantiam outra inovação ao grande
navio.
Vinte barcos e botes salva-vidas distribuídos na proa e na
popa ofereciam uma acomodação para um total de 1.178 pessoas (33% da capacidade total do Titanic). Ninguém contava com
a possibilidade de uma tragédia.
A viagem de inauguração do Titanic estava próxima, e
os preparativos eram intensos. Bebidas, alimentação, centenas
de pessoas arrumando os alojamentos, contratação de profissionais para garantir os atendimentos internos, tudo aliado a
uma intensa expectativa.
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No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
Em 20 de setembro de 1911, o Olympic (com o capitão
Edward J. Smith, que seria mais tarde o capitão do Titanic)
teve seu casco danificado na colisão com a Royal Navy Cruiser Hawke. Isso fez a viagem inaugural do Titanic ser adiada, diante da necessidade de trabalhadores e materiais para
reparar o Olympic.
A Viagem
No dia 10 de abril de 1912, quarta-feira, partindo de Southampton – Inglaterra, o Titanic, da White Star Line, iniciou a sua viagem inaugural, com destino a Nova York. De Southampton, o
Titanic foi a Cherbourg, na França.
O comando era de Edward John Smith, conhecido como
capitão Smith. Ele disse que aquela seria sua última viagem antes da aposentadoria. Tinha a intenção de ficar mais tempo com
sua esposa e com sua filha.
Diante das considerações à época, os passageiros tinham a
convicção de que estavam embarcando no navio mais seguro do
mundo e da história. “Insubmergível”, alardeavam os construtores.
No dia seguinte, o navio seguiu para Queenstown (Cobh),
na Irlanda, onde embarcaram outros passageiros, completando
as 2.223 pessoas, entre tripulação e passageiros.
Era quinta-feira, às 13h30, e as sirenes do Titanic soaram. As portas se fecharam. A maioria das pessoas a bordo agitava lenços, em adeus aos parentes e amigos que ficavam. Não
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Cleiton Basso
sabiam que o adeus poderia significar uma despedida eterna.
Todos estavam impressionados com as 52 mil toneladas, a altura equivalente a um prédio de 11 andares e o luxo que tornava o
navio um verdadeiro hotel cinco estrelas, ou um palácio flutuante, como alguns disseram à época.
Seus 269 metros de comprimento, 28 metros de largura,
54 metros de altura, 29 caldeiras, três hélices e uma potência de
milhares de cavalos garantiam ao capitão tranquilidade e confiança plena. Ninguém imaginou que um pedaço de água congelada colocaria fim ao navio dos sonhos.
Das quatro grandes chaminés, apenas três eram funcionais.
A quarta era usada apenas para ventilação e para garantir
um ar ainda mais impressionante. Cada chaminé tinha uma
altura equivalente a um prédio de oito andares.
Depoimentos
Um grande inquérito, desenvolvido simultaneamente pelos Senados dos Estados Unidos e da
Inglaterra, poucos dias após o
naufrágio, ouviu vários sobreviventes que prestaram depoimentos e reconstruíram, em palavras,
o ambiente da viagem, as características do navio e de todos os
momentos a bordo.
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No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
Com base nesses depoimentos, a partir daqui, você estará vivendo as emoções que os sobreviventes viveram durante a
viagem e os momentos finais do Titanic. São relatos impactantes, reveladores e emocionantes, que nos permitem reconstruir
mentalmente tudo o que aconteceu, entre os dias 10 e 15 de
abril de 1912, a bordo do navio dos sonhos.
Um navio magnífico
A senhora Hippach e sua filha saíram de casa, nos Estados Unidos, na primeira semana de janeiro, para passar três meses no
exterior. Tinham como objetivo a recuperação da saúde da senhora Hippach e a visita a parentes. Mãe e filha costumavam
viajar para o exterior e já tinham realizado quatro viagens juntas. A senhora Hippach falou sobre isso:
Foi minha oitava viagem para o outro lado do Atlântico e não poderia imaginar que eu jamais desejaria fazer
isso outra vez. Nós tínhamos esperado para retornar mais
tarde, mas percebemos que não teríamos tempo suficiente
para uma curta visita a Paris, que tínhamos planejado no
roteiro, por isso compramos a passagem no Titanic.
Embarcamos em Cherbourg, paramos em Queenstown e
seguimos viagem em direção à América.
O Titanic era tão grande, que é díficil imaginá-lo. As cabines eram como quartos em um hotel. Tínhamos uma cama
regular, uma bela penteadeira e algumas cadeiras, o lavatório com botões – tudo o que você poderia pensar.
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Capitão Edward J.
Smith comandou
a primeira e única
viagem do Titanic.
9 de junho de 1911:
Capitão John Smith
e Lord James Pirrie,
presidente do
estaleiro Harland
& Wolff, no convés
do Olympic.
Titanic no cais,
em Southampton.
Bilhete original da
primeira classe.
Este bilhete pertencia ao reverendo
Stuart Holden. Sua esposa ficou
doente um dia antes do Titanic
partir, forçando-o a cancelar sua
viagem.
O reverendo Holden deixou o
bilhete sobre sua mesa até sua
morte, em 1934.
Pouco antes de receber a pintura final
– janeiro de 1912.
Hélices propulsoras
do Titanic.
O Olympic e o Titanic eram considerados gêmeos.
Eram praticamente iguais em tamanho, mas o Titanic
tinha mais luxo e requinte.
Ancorado em Southampton – 1912.
No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
Uma de nossas amigas, quando seu marido perguntou se
ela poderia pensar em alguma coisa a acrescentar, ela riu e
disse: “Bem, nós poderíamos ter espalhadores de manteiga;
não posso pensar em mais nada.”
Nós tínhamos ido para o concerto da noite até às 22h30.
Havia músicas lindas. A orquestra se apresentava três vezes todos os dias. Antes do almoço, à tarde e após o jantar.
Eram músicos de verdade e foram muito apreciados pelas
pessoas a bordo.
No dia 31 de maio de 1911 o casco do Titanic foi lançado
ao mar com sucesso, o que foi testemunhado por mais de
100.000 pessoas. Na época, (juntamente com o Olympic),
era o maior objeto feito pelo homem. Vinte e duas toneladas de sebo, sabão e óleo de trem foram usados para untar a rampa de lançamento para revestir e proteger contra
a enorme pressão de três toneladas por polegada quadrada
do casco pintado.
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Cleiton Basso
Mar calmo e noites estreladas
Navegando no oceano, nada parecia atrapalhar. Exceto por dez
minutos de neblina, o sol brilhou todos os dias e, à noite, a brilhante luz das estrelas tornava a cena magnífica. Não havia luz,
já que só seria lua nova em dois dias. Nem o mar dava qualquer
sinal de agressividade. Tudo estava perfeito e nenhum incidente
desagradável marcava a viagem.
A senhora Mahala Douglas, em seu depoimento, descreveu como foram os primeiros dias da viagem:
Saímos de Cherbourg à noite, por conta de alguns problemas em Southampton, mas, a partir da saída, tudo parecia
ir perfeitamente bem. O navio era tão luxuoso, tão firme,
tão imenso e com uma estrutura tão maravilhosa, que não
podíamos acreditar que estávamos em alto-mar. Víamos
o mar calmo, as noites estreladas, e sentíamos uma brisa
fresca que deixava tudo mais gostoso; nada para estragar
nosso prazer.
No sábado, meu marido Douglas e eu estávamos ca­mi­
nhando quando vimos um marinheiro tomar a temperatura
da água. Aquele deque parecia tão alto sobre o mar. Eu estava curiosa em saber se, com uma espécie de balde minúsculo, o marinheiro conseguiria. Havia uma brisa gostosa.
No domingo, tivemos um dia maravilhoso, todo mundo
no melhor dos espíritos, a velocidade que o navio estava
fazendo era considerada muito boa, e todos estavam interessados em chegar a Nova York o mais cedo possível.
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No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
O relógio marcava 20h quando fomos jantar no restaurante. Encontramos vários amigos lá.
Creio que, tanto quanto consigo lembrar, todos os homens
naquela sala, os que serviam, o comissário e os subordinados, os músicos que tocavam no corredor lá fora, e todos
os convidados, se foram, exceto os senhores Cosmo Duff
Gordon, o padre Carter e Joseph Ismay.
Todas as histórias de que bebemos excessivamente, ou
de que estávamos demasiadamente alegres, são, a meu
ver, absolutamente infundadas. Nós não deixamos a
sala até que a maioria dos outros a tivesse deixado, incluindo o senhor Ismay, o senhor e a senhora Widener e
seus convidados; e a noite foi passando muito tranquilamente.
Fomos para o nosso camarote – C-86 – e, então, eu e meu
marido observamos que o navio estava indo mais rápido
do que em qualquer outro momento durante a viagem.
Gelo à vista
No terceiro dia, os operadores de comunicação receberam advertências de gelo, informações que chegaram diretamente ao
capitão Smith.
Uma das mensagens dizia:
Navio a vapor “R.M.S. Baltic”, 14 de abril de 1912.
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Cleiton Basso
Ao capitão Smith, Titanic:
Ventos variáveis e moderados, com bom tempo e céu claro.
Relatórios recebidos indicam grande quantidade de gelo
hoje, na latitude 41,51 norte, longitude oeste 49,52. Desejamos-lhe todo o sucesso Titanic.
Os avisos não paravam de chegar. Navios próximos emitiam mensagens alertando sobre a presença de icebergs. Alguns, o telegrafista sequer chegou a registrar. Quando o navio
Baltic alertou que havia blocos de gelo na rota exata do Titanic,
o telegrafista levou a informação ao capitão Smith. Ele estava
passeando no convés, tendo ao seu lado o diretor da White Star,
senhor Ismay. Smith leu e colocou a mensagem no bolso, falou
com duas senhoras e continuou o passeio.
Às 21h05, horário de Nova York, em uma fria noite de
domingo, cerca de uma hora antes do acidente, chegou uma
mensagem preocupante:
Estamos parados e cercados por gelo.
O dia havia sido muito agradável. O jantar tinha sido alegre e descontraído. Enquanto muitos se dirigiam para seus aposentos, vários passageiros da segunda classe ficaram no salão
para cantar.
Na sala de comando, os oficiais aguardavam a chegada à
zona do gelo. Avançando a 22 nós, sem ordens para diminuir
a velocidade, o Titanic seguia seu curso. Os vigias, atentos ao
horizonte, pouco percebiam, além da luz cintilante das estrelas
e do mar calmo e tranquilo em meio à escuridão sem fim.
30
No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
Uma gigantesca barreira de gelo surgia na escuridão, sem
ser notada pelos vigias. A massa enorme e opaca, repentinamente, se mostrou na rota do Titanic. Os vigias não acreditavam no que viam. A aterrorizante realidade era cruel. Um vigia
imediatamente gritou aos oficias do comando:
Iceberg à proa!
Na casa de máquinas o alarme soou. A ordem era parar e
recuar a todo o vapor.
“O Titanic era tão grande, que é díficil imaginá-lo.”
Ida Sophia Hippach
Sala de leitura.
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Suíte da primeira classe.
Café Parisiense.
A “grande
escadaria”
do Titanic
era similar a
do Olympic.
Academia de ginástica e exercícios.
Pessoas no convés do navio.
Passageiros da segunda classe no convés.
No Coração do Oceano – Titanic 100 anos
Na academia,
Lawrence Beesley,
sobrevivente do
naufrágio.
Já em alto mar, a
visão da lateral
do Titanic.
Vista do corredor da
segunda classe.
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Cleiton Basso
Imagem ilustrativa.
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