AS LIÇÕES DO INSUCESSO DOS BANCOS NOS EUA1
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AS LIÇÕES DO INSUCESSO DOS BANCOS NOS EUA1
AS LIÇÕES DO INSUCESSO DOS BANCOS NOS EUA1. William C. Handorf* * William C. Handorf, Ph.D., professor de finanças (School of Business, George Washington University, Washington, DC). Atualmente é diretor do Federal Home Loan Bank of Atlanta. Foi diretor do Federal Reserve Bank of Richmond e Presidente do FED de Baltimore. O Dr. Handorf também atua no Minerva Program – um treinamento em Washington e que é voltado para estudantes brasileiros. Freqüentemente participa de eventos no Brasil. 1 A tradução para o português foi realizada por Francisco da Silva Coelho, Diretor da ABBC. Apesar do fato de que as crises bancárias são muito comuns, principalmente nos últimos quinze anos, e em uma dada região, o ativo subjacente relacionado às referidas crises e o país responsável por tal situação de dificuldade não têm sido os mesmos. A catástrofe bancária global que vivenciamos atualmente está fortemente relacionada às operações de crédito imobiliário de alto risco, nos Estados Unidos, e às operações conhecidas como obrigações tóxicas decorrentes de garantias representadas por lastros de alto risco. Líderes governamentais de muitos países têm tomado medidas sem precedente de modo a minimizar a desorganização dos mercados financeiros com o aumento do nível do seguro depósito, garantindo as dívidas de curto-prazo e de longo-prazo emitidas pelas instituições financeiras no período anterior à crise, e também realizando investimento em ações preferenciais de bancos considerados como importantes para seus Países. As quebras bancárias não são consideradas como um fenômeno novo e não estão isentas de custos. Países de todos os continentes incorreram previamente em significativos custos fiscais para eliminar as dificuldades decorrentes das situações geradas por instituições financeiras mal sucedidas, salvando-as mediante a utilização de mecanismos de capitalização ou de nacionalização. Se os bancos são incapazes de intermediar o processo de transferência de fundos de setores superavitários (com sobra de caixa) para setores deficitários em caixa e que são viáveis do ponto de vista econômico e financeiro, problemas econômicos surgirão e consumidores e homens de negócios não terão capacidade para financiar suas compras, suas necessidades de capital de giro, a aquisição de plantas e de equipamentos. As conseqüências decorrentes da falta de solidez do sistema financeiro podem ser graves naquelas situações em que o sistema bancário financia o débito governamental (e.g., Brasil). Um congelamento das operações de crédito precipita graves problemas econômicos para as instituições financeiras remanescentes e que foram enfraquecidas. Este artigo é uma pequena resenha sobre o risco bancário no contexto de crescimento das quebras bancárias nos Estados Unidos e busca identificar as lições importantes para os supervisores bancários, para os comitês de auditoria e para as empresas de auditoria. Problemas encontrados no Sistema Bancário. A maioria dos estudos empíricos mostra que instituições que tem acesso aos recursos de depositantes têm problemas em decorrência dos fatores que abaixo relacionamos e que são de natureza financeira, econômica e gerencial. A experiência recente apresenta pequenas diferenças em relação àquelas sugeridas pela história. Fatores Financeiros – Invariavelmente os bancos têm problemas devido à inadequação de sua estrutura de capital. Os coeficientes de capital declinam devido a perdas com empréstimos de alto risco. Os empréstimos freqüentemente não são suportados por níveis adequados de reservas ou não são apreçados de maneira apropriada em relação aos riscos que representam. Os problemas relacionados ao capital aumentam se o banco tem uma carteira concentrada em determinado tipo de empréstimo ou operação ou se atua em determinado segmento, isto é, se o banco não tem uma carteira diversificada. Outros bancos incorrem em perdas devido ao investimento em títulos de alto retorno e que serão 1 futuros compromissos não honrados por seus emitentes. Os bancos que crescem rapidamente podem originar empréstimos de alto risco e também podem investir em títulos de alto risco, pois a gestão do crescimento das captações tem como base depósitos com custo elevado. A rápida expansão de passivos e de ativos ultrapassa o capital, implica maior responsabilidade decorrente da gestão de dívidas de alto custo e coloca pressão sobre os responsáveis pelos controles internos que podem evidenciar e documentar riscos e fraudes. Uma vez que os problemas financeiros são bem conhecidos pelas entidades de regulamentação, as agências voltadas para a classificação do risco de crédito (rating agencies) e o mercado financeiro, os debates sobre liquidez surgem na medida em que a imprensa passa a publicar artigos sobre o baixo nível de capitalização dos bancos e problemas relacionados aos seus resultados. Ambiente Econômico – Os fatores correlacionados com os problemas nas instituições financeiras bancárias são encobertos quando o ambiente econômico amplia o risco. Aparecem inúmeras perdas com empréstimos comerciais, durante e após uma recessão econômica, na medida em que os tomadores de empréstimos são incapazes de gerar fluxo de caixa suficiente para pagar os juros e o valor principal devido. As perdas com empréstimos ao consumidor se elevam devido ao aumento do desemprego e as famílias são incapazes de honrar seus empréstimos decorrentes da aquisição de automóveis, as suas operações com cartões de crédito e as suas dívidas junto a empresas de crédito imobiliário, tudo isso devido à perda de renda. Em algumas situações os bancos regionais e os bancos comunitários sofrem com os problemas devidos à qualidade de seus ativos principalmente quando as regiões do país nas quais estão sediados experimentam um cenário de declínio de atividades e de preços. A crise bancária corrente nos Estados Unidos acelerou a recessão. O declínio da atividade econômica aprofundará as perdas bancárias. Problemas de Gestão – E por último, os bancos têm problemas devido à incapacidade de seus executivos e do seu conselho de administração identificar, mensurar, monitorar e controlar os riscos em um nível que favoreça as condições de segurança e de solidez da instituição. Ou o plano de negócios adotado é imperfeito ou o banco é incapaz de permanecer comprometido com um modelo de negócio que é viável. Fraudes perpetuadas pelos executivos e/ou pelos clientes aumentam as perdas. Os bancos problemáticos ou mal sucedidos dão pouca ênfase à gestão de riscos. Alguns bancos próximos a uma situação de liquidação reduzem suas posições em ativos com o objetivo de melhorar seus índices de solvência. Essa estratégia invariavelmente fracassa já que as despesas fixas, que excluem os juros pagos, são alocadas sobre uma base de ativos que agora é menor, e o banco continua anunciando perdas. Os riscos acima enumerados se correlacionam com o tradicional controle do capital regulamentar, que compreende a qualidade dos ativos, a qualidade da gestão, os resultados, a liquidez e a sensibilidade. Em bancos mal sucedidos os índices de capital são corroídos tanto pelo crescimento acelerado, quanto pela sua inabilidade de não 2 controlar as despesas não relacionadas aos juros pagos ou as perdas causadas pelos excessivos encargos incorridos em decorrência de fraudes ou de uma recessão. O capital é de especial importância para a avaliação de riscos pelas autoridades reguladoras e pelos analistas de crédito. Capital muito baixo, lucros ou resultados que oscilam muito em termos de valor e de risco – tendo como origem os ativos com risco elevado e práticas pobres em termos de gestão de estratégias e de riscos, que compreendem a governança corporativa, a deformação dos níveis de liquidez ou muita sensibilidade a movimentos dos preços referenciados em taxas de juros ou em taxas de câmbio – precipitam problemas em instituições financeiras. Após passar por vários anos com níveis muito baixos ou inexistentes de fracassos bancários, o Federal Deposit Insurance Corporation (FDIC) foi chamado para suprir com recursos financeiros cerca de vinte bancos mal sucedidos em 2008. Alguns problemas foram de pequena monta em termos de recursos financeiros, como por exemplo, os US$ 19 milhões relativos ao Hume Bank – Missouri. Outros fracassos de instituições financeiras bancárias foram expressivos, como no caso do Washington Mutual que implicou aporte de US$ 300 bilhões. Ainda, outros bancos, tais como o National City of Cleveland, Ohio, e Wachovia de Charlotte, Carolina do Norte, foram forçados pelas autoridades a se fundirem a outras instituições financeiras bancárias mais fortes e que captam depósitos. As autoridades prevêem mais problemas com instituições financeiras durante o ano de 2009. A “Lista de instituições problemáticas” gerenciada pelo FDIC cresceu de 50 em 2006 para 171 no terceiro trimestre de 2008. O FDIC deve aumentar os prêmios de risco para recompor seu reduzido fundo de seguro depósito. Prêmios mais elevados exercem mais pressão adversa sobre os já baixos lucros das instituições financeiras bancárias dos Estados Unidos. A condição recente. De maneira geral, a crise recente nos Estados Unidos que se estendeu para a Europa e para a América Latina evidencia os riscos da alavancagem excessiva e da confiança sem proporção nas captações de curto-prazo.Os investidores esperam ter um retorno sobre o patrimônio (R.O.E.) que exceda o retorno por eles esperado. O R.O.E. de um banco é igual ao seu multiplicador de alavancagem multiplicado pelo retorno sobre os seus ativos. R.O.E. = Multiplicador de Alavancagem x Retorno sobre os Ativos [Renda Líquida/ Patrimônio] = [Ativos Totais/ Patrimônio] x [Renda Líquida/ Ativos Totais] Os gestores podem aumentar o retorno sobre o patrimônio aumentando sua lucratividade ou aumentando a alavancagem em termos de volume de operações. Alavancagem mais alta indica que os bancos são financiados por maior volume de instrumentos de dívida (mais captações) e, portanto, por menor volume de capital próprio ou patrimônio líquido. O capital próprio ou patrimônio líquido proporciona as fontes de recursos para absorver as perdas esperadas e não esperadas. Os administradores financeiros podem aumentar o retorno sobre os ativos com instrumentos de dívida de curto-prazo e de baixo custo ao invés de utilizarem instrumentos de longo-prazo. Os 3 instrumentos de dívida de curto-prazo devem ser pagos rapidamente na data de seus respectivos vencimentos. Esses instrumentos de curto-prazo aumentam o risco de liquidez e caixa que são mais difíceis de serem gerenciados durante um período de crise. A combinação de recursos captados com base em instrumentos de dívida de curto-prazo aumentou a escala da crise. Alavancagem e prazo das dívidas são importantes indicadores de risco, e a excessiva posição de risco tomada foi o fundamento para a calamidade. Historicamente, os bancos dos Estados Unidos fracassaram ou tiveram perdas operacionais devido a problemas relacionados à qualidade dos ativos, a empréstimos para países em desenvolvimento, ao setor petrolífero, ao setor agrícola e ao crédito imobiliário de natureza comercial. Os empréstimos de natureza residencial são os réus do fracasso recente no sistema bancário. Os preços das residências cresceram a taxas de dois dígitos nos Estados Unidos entre 2001 e 2006 e encorajaram os especuladores e investidores a adquirirem mais residências e condomínios do que o que seria necessário para ocupação. Essa demanda adicional aumentou os preços dos imóveis. As famílias que não foram capazes de adquirir residências, devido ao seu valor mais elevado, tomaram fundos emprestados, com risco mais elevado do que o risco representado pela primeira hipoteca cuja taxa de juro subseqüentemente seria alterada para níveis mais elevados ou cujos desembolsos aumentaram com a passagem do tempo. Pagamentos mais elevados aumentaram a probabilidade de não pagamento dos empréstimos e posições mais representativas em empréstimos precipitaram maiores perdas dada o não pagamento. As mesmas famílias também celebraram contratos de segunda hipoteca para terem recursos para honrarem o pagamento inicial da primeira hipoteca; dessa forma tinham menos patrimônio exposto como hipoteca e portanto menos propriedade. As políticas governamentais voltadas para a aquisição da casa própria estimularam as agências patrocinadas pelo governo (Fannie Mae e Freddie Mac) a adquirir ou garantir empréstimos hipotecários sub-prime com elevado risco. O Banco Central dos Estados Unidos manteve as taxas de juros em níveis extremamente baixos (e.g, 1% a.a.) por um período muito longo após a pequena recessão de 2001. E a política monetária passiva encorajou as pessoas a tomarem fundos sob uma base de taxas de juros ajustáveis ou pós-fixadas, prática essa alimentada pelo crescimento a baixo custo no âmbito do setor bancário. A negligência, as fraudes e a não concretização de empréstimos contribuíram para as perdas subseqüentes com empréstimos já que os intermediários não estavam preocupados. WALL STREET comprava e empacotava os empréstimos para criar valores mobiliários com alto retorno, lastreados em hipotecas e obrigações com garantias tóxicas. Na medida em que o nível de inadimplência dos empréstimos lastreados em hipotecas se elevou, aumentou a retomada dos imóveis pelas instituições financeiras, os preços das referidas propriedades caíram, os fundos de hedge passaram a incorrer em pesadas perdas com tais transações. A excessiva alavancagem com origem em recursos de terceiros destinados para tais operações minimizou a capacidade das instituições em geral para absorver riscos e aprofundou o desastre financeiro. Os intermediários do setor de 4 hipotecas, os bancos de investimento e os bancos comerciais começaram a ter problemas e a serem mal sucedidos no ano de 2007 e a velocidade do desastre se acelerou em 2008. É improvável que a velocidade do ajuste se desacelere até o ano de 2010. Quem contribuiu para os problemas e quais são as lições que podem ser aprendidas de sorte a serem evitadas crises de natureza similar no futuro? Lições aprendidas com altos custos. Existem inúmeros estudos acadêmicos e governamentais que examinam as causas da atual crise nos Estados Unidos, e agora existem evidências adicionais que são suficientes para identificar muitas infrações que contribuíram para o caos financeiro. Banco Central – O Federal Reserve Bank manteve taxas de juros em níveis muito baixos após a pequena recessão de 2001. As baixas taxas de juros encorajaram os investidores e especuladores a adquirirem imóveis na Califórnia, no Arizona, em Nevada e na Flórida sob a base em taxas que eram repactuadas periodicamente. O Banco Central também falhou ao não reconhecer tempestivamente o acesso fácil aos empréstimos hipotecários de alto risco, segundas hipotecas e operações de crédito imobiliário securitizadas que permitiram que investidores e famílias pressionassem para cima e de forma insustentável o preço dos imóveis. Quando os pagamentos dos empréstimos não tradicionais foram repactuados para valores mais elevados, a inadimplência passou a atingir níveis nunca antes vistos. Diretoria Executiva e Conselho de Administração dos Bancos – Apesar do rápido crescimento do número de bancos mal sucedidos, 99,5% das instituições remanescentes que captam depósitos permanecem seguras e sólidas. Os diretores executivos dos outros 0,5% não possuem um plano de negócios viável e também não implantaram um sistema de gestão de riscos que possibilite identificar, mensurar, monitorar e controlar riscos de forma tempestiva. Os diretores executivos foram seduzidos por lucros aparentemente fáceis com operações de empréstimos de alto risco e com títulos que proporcionavam rendimentos mais elevados e que estavam associados à originação de empréstimos. Os Diretores não questionaram sobre qual era o nível de risco que estavam tomando para alcançar retornos mais elevados. As rendas do Citibank com operações de crédito imobiliário, por exemplo, cresceram de 6% em 2005 para 18% em 2006, no mesmo período em que outros grandes bancos apresentavam informações de que estavam tendo rendimentos de 7% em operações similares. Organismos voltados para a regulamentação bancária -- Todas as autoridades que trabalham com regulamentação, em nível federal e estadual, esperaram demais para criticar a realização de operações de crédito em que o devedor somente pagava os juros ou ainda tinha a opção de acrescentar o juro não pago ao valor do principal. Ao não tomarem providências com relação a tais comportamentos do mercado os organismos de regulamentação ratificaram tais situações. As empresas de crédito imobiliário e de poupança (e.g., Downey, Indy 5 Mac e o WAMU) estavam vulneráveis aos problemas da referida indústria devido ao foco em empréstimos residenciais e à ausência de carteiras diversificadas. Intermediários de operações de crédito não sujeitos à regulamentação – Apesar das deficiências dos organismos de regulamentação, muitos intermediários originaram operações de empréstimos hipotecários sub-prime para pessoas que tinham histórico de crédito ruim (scoring baixo), documentação insuficiente para comprovar renda ou propriedade de ativos, e que realizaram operações em que pagavam somente os juros ou ainda tinham a opção de acrescentar os juros não pagos ao valor do principal devido. Esses intermediários não eram submetidos a nenhum tipo de supervisão. Quando as perdas surgiram, em 2007, os bancos de investimentos pararam de comprar empréstimos realizados por tais intermediários e os bancos correspondentes cortaram as linhas de crédito, situação essa que contribuiu para que centenas de intermediários e bancos especializados em hipotecas quebrassem. Wall Street – Os bancos de investimento tiveram participação nas acusações sobre a crise. Certamente, as empresas de Wall Street encorajaram os intermediários de empréstimos a originar operações com alto retorno e que proporcionassem fluxos de caixa compatíveis com títulos e valores mobiliários de alto rendimento. As agências privadas de classificação do risco de crédito (rating agencies) fracassaram devido à incapacidade para isolar os riscos das operações representativas de dívidas relativas a operações de crédito com garantia (Collateralized Debt Obligations - CDO), e, nesse sentido, os títulos classificados como sendo “Aaa/AAA” se tornaram objeto de situações de inadimplência e de insolvência, tendo sido classificados novamente para a situação abaixo do grau de investimento, após um ano da data de sua emissão. Os CDOs foram freqüentemente lastreados por títulos lastreados em hipotecas (MBS) de baixo ou médio grau de risco e quando as taxas das buscas e apreensões dos bens imóveis, a inadimplência e insolvência cresceram em função da queda do preço dos imóveis, as perdas aumentaram. Políticas Públicas e Empresas Patrocinadas pelo Governo – A administração Bush e o Department of Housing and Urban Development (HUD) encorajaram o processo de aquisição de imóveis residenciais com o objetivo de assegurar que 70% dos americanos tivessem a sua casa própria. Aquele Departamento (HUD) incentivou a Fannie Mae e o Freddie Mac a garantir ou adquirir hipotecas subprime de modo a assegurar fundos adicionais para famílias com situações de crédito extremamente não transparentes ou com classificação inferior. À medida que as taxas percentuais das apreensões de imóveis cresceram, com reflexos sobre os títulos relacionados às operações de que se cuida, a Fannie Mae e o Freddie Mac sofreram perdas suficientes para que as entidades de regulamentação as colocassem em uma situação de intervenção com novos administradores. Apesar do fato de que os bancos do tipo FHL não incorreram em perdas em decorrência da realização de tais adiantamentos e devido ao fato de que cada empréstimo é 6 plenamente segurado por boas garantias, o acesso dos bancos e das empresas de crédito imobiliário ao crédito facilitou os empréstimos de alto risco. As lições aprendidas não são novas para qualquer profissional mais experiente e com vivência em função do tempo de exercício das atividades de regulamentação bancária. Crescimento rápido e retornos elevados devem ser examinados e acompanhados de perto pelos Bancos Centrais. SUMÁRIO Primeiramente, os supervisores devem demandar que cada banco implemente um sistema completo de gestão de riscos em linha com o tamanho e complexidade do plano de negócios da instituição. O plano de negócios deve apresentar, de forma articulada e transparente a missão, as metas, os parâmetros e objetivos do banco além de incluir os planos de marketing, financeiro, organizacional e de gestão de riscos. Segundo, os supervisores bancários devem examinar de forma cuidadosa os ativos com alto retorno e também as instituições financeiras bancárias que tenham crescimento acelerado. Terceiro, os supervisores devem assegurar que todos os empréstimos originados e títulos e valores mobiliários que foram adquiridos foram avaliados de acordo com a estrutura temporal de pagamentos e de revisão das cláusulas contratuais, inclusive daquelas relativas à repactuação de taxas. Quarto, os supervisores bancários devem se sentir confortáveis com relação às avaliações realizadas pelas agências de rating e pelas empresas de auditoria contábil já que os erros de referidas instituições e suas conseqüências foram muito graves. Para resumir, se uma classe de ativos ou banco está tendo desempenho não usual, os supervisores e o Banco Central devem indagar qual é a razão para que os resultados estejam sendo alcançados e o que poderá ocorrer de forma a afetar adversamente a instituição ou o Mercado. A regulamentação prudencial e a imposição de restrições às atividades do mercado podem limitar os excessos de natureza especulativa e o crescimento do PIB, mas implica custos menores quando comparados com o peso financeiro elevado do ponto de vista fiscal e social que é incorrido para resolver problemas relacionados às quebras de bancos. Os Estados Unidos e outros países estão tendo que bancar elevados custos fiscais para solucionar erros de natureza regulamentar, gerencial e erros de Mercado. As famílias e as pequenas empresas suportam as conseqüências adversas apesar do fato de que não tiveram papel relevante para criar o problema que estamos enfrentando. Os bancos restringiram o crédito com o objetivo de melhorar seus índices de solvência. Os bancos se tornaram mais conservadores no processo de concessão de crédito e a lacuna decorrente das dificuldades de acesso ao crédito estão aprofundando o processo recessivo. A intervenção tempestiva por parte das autoridades reguladoras poderia ter evitado alguns dos custos que agora são incorridos pelo governo e pelos cidadãos. 7
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