Bob Bacall: a boneca-pretinha prisioneira da boate Sassaricando

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Bob Bacall: a boneca-pretinha prisioneira da boate Sassaricando
Revista Litteris
Julho de 2010
Número 5
Multidisciplinar
Bob Bacall: a boneca-pretinha prisioneira da boate Sassaricando
HELDER THIAGO CORDEIRO MAIA ( UFBA)1
Resumo:
Este artigo é parte de uma pesquisa realizada coletivamente pelos integrantes do grupo
de pesquisa CUS (Cultura e Sexualidade), orientado pelo professor Leandro Colling, que
objetiva analisar representações de personagens não heterossexuais nas telenovelas da Rede
Globo. Neste artigo, analiso a personagem Bob Bacall, interpretado pelo ator e dançarino
Jorge Lafond, na telenovela Sassaricando. A personagem analisada é construída dentro de
uma estética camp e está integrada ao núcleo de personagens bandidos da telenovela.
Palavras-chave: Representações Identitárias – Telenovela – Teoria Queer - Camp
Introdução
A televisão é provavelmente o meio de comunicação de massa mais importante no Brasil,
devido ao grande público que ela consegue atingir. As telenovelas da Rede Globo, em
especial, são vinculadas durante seis dias da semana, em três horários diferentes, trazendo
para aos telespectadores narrativas que dialogam sincronicamente ou diacronicamente com a
realidade e que movimentam ainda uma série de outros artefatos culturais que sobrevivem da
metalinguagem da telenovela.
Dada a importância desse tipo de mídia, analisar as construções e representações sociais é
atividade crucial para entendermos, em alguma medida, a cultura e os jogos de poder que
movimentam a nossa sociedade. Por isso, este artigo analisa a representação da personagem
Bob Bacall na novela Sassaricando, de Sílvio de Abreu, veiculada na Rede Globo entre 1987
e 1988, no horário das 19 horas.
1 Helder Thiago Cordeiro Maia é bacharel em Direito pela Universidade Católica do Salvador (UCSAL) e
estudante de Letras Vernáculas com Espanhol pela Universidade Federal da Bahia (UFBA). Faz parte do
grupo de pesquisa Cultura e Sexualidade (CUS), vinculado ao Centro de Estudos Multidisciplinares em
Cultura (CULT), orientado pelo professor Leandro Colling.
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A metodologia aplicada ao artigo surgiu a partir da revisão e da atualização de outras
metodologias de análise. Colling (2008)2 criou a metodologia para ser aplicada nesta
pesquisa, objetivando uma descrição analítica das personagens não heterossexuais presentes
nas telenovelas da Rede Globo.
Por isso, cabe esclarecer que este artigo faz parte de uma pesquisa realizada coletivamente
pelo grupo de pesquisadores do CUS (Cultura e Sexualidade), coordenado pelo professor
Leandro Colling e financiado pela FAPESB, vinculado ao CULT (Centro de Estudos
Multidisciplinares em Cultura), órgão complementar da Universidade Federal da Bahia.
Como base teórica para a análise, utilizo a teoria queer, especialmente alguns conceitos como
camp, heteronormatividade e performatividade. Como nos esclarece Miskolci, a teoria queer,
desde o seu surgimento, priorizou a análise de obras midiáticas e artísticas, como forma de
entender as construções discursivas das categorias de sexo e gênero.
É importante, desde já, ressaltar a excepcionalidade dessa personagem dentro da narrativa, já
que ele é o único homossexual e único negro em toda a telenovela, incluindo atores e
figurantes.
A personagem interpretada por Jorge Lafond, de nome Roberto, mas conhecido – como diz a
própria personagem - pelo nome artístico de Bob Bacall, está inserido dentro de uma estética
camp, fato que gerou interpretações controversas de organizações LGBTTT (lésbicas, gays,
bissexuais, travestis, transgêneros e transexuais).
Entendo o camp, como esclarece Halperin (2007), como uma forma de resistência cultural que
repousa sobre a consciência compartilhada de estar situado dentro de um poderoso sistema de
2
A metodologia desse trabalho, criada por Leandro Colling, surge a partir dos estudos de MORENO,
Antônio. A personagem homossexual no cinema brasileiro. Niterói, EdUFF, 2001 e de PERET, Luiz Eduardo
Neves. Do armário à tela global: a representação social da homossexualidade na telenovela brasileira.
Dissertação (Mestrado em Comunicação). Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2005.
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significações sociais e sexuais. O camp, segundo o autor, resiste ao poder desse sistema de
dentro dele por meio da paródia, do exagero, da amplificação, da teatralização e da
explicitação de códigos tácitos de conduta – códigos cuja autoridade provém de seu privilégio
de nunca ser enunciado explicitamente e, por conseguinte, de sua imunidade à crítica.
Análise
Dados gerais do produto
Título: Sassaricando
Direção Geral: Cecil Thiré
Direção: Cecil Thiré, Lucas Bueno e Miguel Falabella
Autor: Sílvio de Abreu
Elenco principal: Paulo Autran (Aparício Varella), Tônia Carrero (Rebeca Rocha),
Eva Wilma (Penélope Bacellar), Irene Ravache (Leonora Lammar), Cristina Pereira (Fedora
Abdala), Diogo Vilela (Leonardo Raposo), Maitê Proença (Camila), Laerte Morrone
(Aprígio), Ileana Kwasinsky (Fabíola), Maria Alice Vergueiro (Lucrécia), Lolita Rodrigues
(Aldonza), Edson Celulari (Jorge Miguel), Cláudia Raia (Constância / Tancinha), Angelina
Muniz (Isabel), Denise Milfont (Juana), Marcos Frota (Beto Bacellar), Roberto Bataglin
(Tadeu) e Jandira Martini (Teodora).
Elenco mais diretamente ligado com a temática homossexual: Jorge Lafond
(Robertinho / Bob Bacall), Aldine Müller (Brigitte), Diogo Vilela (Leonardo Raposo), Ney
Santanna (Nicodemus), Laerte Morrone (Aprígio) e Edson Celulari (Jorge Miguel / Guel).
Tempo de exibição: Primeira exibição: 9 de novembro de 1987 a 11 de junho de
1988. No total, foram 184 capítulos, exibidos sempre às 18h50min. Cada capítulo tinha uma
duração de aproximadamente 40 minutos. A novela foi reprisada no programa Vale a pena ver
de novo, entre os dias 9 de julho de 1990 a 11 de janeiro de 1991, sempre às 13h30, em 135
capítulos. Foi também exibida em Portugal, em 1989, onde obteve bastante sucesso.
Resumo do enredo e algumas considerações
Sassaricando não foi um grande sucesso de Silvio de Abreu, mas manteve em média
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54 pontos no Ibope. Porém, a telenovela antecessora Brega & Chique teve oito pontos a mais
no Ibope e a sucessora, Bebê a Bordo, teve seis pontos a mais.
Sassaricando é uma novela do gênero comédia que, inicialmente, conta a história do
pobretão Aparício Varela (Paulo Autran), que dá o golpe do baú em Teodora Abdala (Jandira
Manrini), herdeira da próspera tecelagem Abdala, juntamente com suas duas irmãs Lucrécia
Abdala (Maria Alice Vergueiro) e Fabíola Abdala (Ileana Kwasinsky). Com a morte do pai,
Teodora assume o controle da empresa, deixando as duas irmãs pobres e dependentes dela.
Teodora é uma megera e transforma o seu casamento com Aparício em um verdadeiro inferno.
Ela controla cada passo do marido. Durante a trama, descobrimos que Aparício Varela, na
verdade, namorava Lucrécia, porém, o pai das herdeiras o obrigou a casar com Teodora para
afastá-la do seu namorado, um criminoso chamado Achid Calux (Lourival Pariz). Teodora
estava grávida de Achid e tem uma filha com ele, que é assumida por Aparício, a igualmente
megera Fedora Abdala / Fefê (Cristina Pereira). Já Lucrécia, que estava grávida de Aparício,
tem uma filha chamada Camila (Maitê Proença), mas, nesse caso, a filha é assumida por
Aprígio Varela (Laerte Morrone), irmão de Aparício, que desconhecia a gravidez de Lucrécia.
Achid trama, então, um plano para se vingar da família Abdala, especialmente de Aparício
Varela. Ele comanda uma organização criminosa secreta que termina por assassinar Teodora e
um motorista da família Abdala. Achid consegue infiltrar uma série de agentes seus na
tecelagem e na família Abdala, por exemplo, Leonardo Raposo / Leozinho (Diogo Vilela) que
se casa com Fedora; Brigitte (Aldine Müller), que trabalha como secretária de Aparício
Varela; Nicodemus (Ney Santanna), que passa a trabalhar como motorista da casa após o
assassinato do antigo motorista, e até o próprio irmão de Aparício, o ambicioso Aprígio, que
passa a trabalhar para a organização.
A primeira ação dessa organização criminosa é planejar a morte de Aparício. Com a ajuda de
Leonardo Raposo e Nicodemus, bombas são colocadas no avião que levará Aparício para uma
viagem, porém, ele desiste do vôo, de última hora, e quem viaja é a sua mulher Teodora, que
morre na explosão do avião. Aparício sofre uma série de outros atentados, mas sobrevive a
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todos.
A explosão do avião, que significaria a sua morte, na verdade, significou a libertação de
Aparício da sua mulher. Viúvo e rico, aos 60 anos, Aparício vê na morte da mulher a
possibilidade de se reaproximar da sua verdadeira e antiga paixão, a estilista Rebeca Rocha
(Tônia Carrero). Porém, ele deseja reconquistá-la sem que ela saiba que ele é um rico
empresário.
Rebeca, que nunca esqueceu Aparício, vive com muita dificuldade para manter o seu alto
nível social, por isso, resolve, com outras duas amigas, armar um plano para conseguir um
milionário que as tire definitivamente da pobreza. Uma clara alusão ao filme Como agarrar
um milionário3, dirigido por Jean Negulesco e interpretado por Lauren Bacall, Marylin
Monroe e Betty Grable. Na telenovela, as personagens são interpretadas por Tônia Carrero,
Irene Ravache e Eva Wilma, que dão vida às personagens Rebeca Rocha, estilista recém
contratada pela tecelagem Abdala; Leonora Lamar, uma atriz frustrada que é incapaz de
decorar textos; e Penélope Bacellar, uma mulher recém divorciada e mãe de um famoso
publicitário, o Beto, que é interpretado por Marcos Frota.
Aparício, ao saber dos planos de Rebeca, resolve aproveitar a sua viuvez e sassaricar com as
outras amigas de Rebeca. Paulo Autran, então, dá vida a outros dois personagens que se
envolverão com Rebeca, Leonora e Penélope ao mesmo tempo. Mas, ao final da novela,
Aparício termina com Rebeca, Leonora termina com Guel (Edson Celulari) e Penélope com
Tadeu (Roberto Battaglin), sócio do seu filho em uma agência de publicidade.
A organização criminosa comandada por Achid, que não aparece para os seus comandados e é
3 Essa alusão ao filme é assumida pelo próprio Sílvio de Abreu que, em entrevista ao jornal O Globo, em 8 de
novembro de 1987, declarou: “No filme, são três mocinhas em Nova York a fim de dar o golpe do baú. Na
novela, são três mulheres desesperançadas, num país do Terceiro Mundo que, se não agarrarem um milionário
o mais rápido possível, estão perdidas. Acho que, como proposta, fica mais divertido. Além disso, não posso
ser acusado de plágio, porque as situações são inteiramente diferentes. Em comum, só a idéia e o humor,
sempre”. Disponível em: <http://www.tv-pesquisa.com.puc-rio.br/mostraregistro.asp?CodRegistro=7127&PageNo=1>.
Acesso em: 24 de setembro de 2009.
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conhecido pelo codinome Ela (El Achid), se reúne sempre em torno de uma boate que é
mantida em funcionamento para não levantar suspeitas. O responsável pela boate é Bob
Bacall / Robertinho (Jorge Lafond), que é gerente e coreógrafo do ambiente. Nos fundos
dessa boate existe um templo erguido em culto a Ela, local onde ficam escondidas algumas
jóias roubadas pela dançarina e secretária Brigitte e onde são mantidas em cárcere privado e
provisório algumas pessoas que, durante a trama, são seqüestradas pela organização.
A organização de Ela é desmascarada por Jorge Miguel / Guel (Edson Celulari) e Camila.
Guel é um agente da Interpol disfarçado que se faz passar por um estudante de Medicina que
aplica golpes para se infiltrar na organização. Morador de um cortiço paulistano, Guel teve
sua família desestruturada pelo sumiço misterioso do pai, Ricardo de Pádua (Carlos Zara),
que saiu para comprar cigarros e desapareceu por quinze anos. Ao final da novela, sabemos
que o sumiço de Ricardo está ligado ao golpe do baú aplicado por Aparício Varela.
A família de Guel compõe o núcleo pobre da trama, composto pela feirante Aldonza (Lolita
Rodrigues), uma espanhola que nunca esqueceu o marido, e pelas três filhas do casal:
Tancinha (Cláudia Raia), Isabel (Angelina Muniz) e Juana (Denise Milfont).
Aspectos fixos dos personagens homossexuais:
“Posição do personagem no enredo: se é principal, coadjuvante, se faz ponta,
figuração, citada ou recorrida.” (Moreno, 2001, p.167).
Bob Bacall, interpretado por Jorge Lafond, é coadjuvante de um núcleo paralelo ao núcleo
principal. Ele não tem nenhum contato com os atores principais da telenovela, as personagens
interpretadas por Paulo Autran e Tônia Carrero. Bob está ligado ao grupo de criminosos da
telenovela e estes também são secundários na trama.
“Contexto social do personagem: a que classe ele pertence” (Moreno, 2001,
p.167):
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A única referência da origem social de Bob Bacall é revelada por Brigitte no capítulo 44 4, em
que ela diz que Bob é um ex-interno da Febem. Durante toda a telenovela, ele aparece em um
único espaço físico, que é a boate onde trabalha. As únicas exceções ocorrem nos capítulos
181 e 184, quando o telespectador pôde finalmente ver a personagem fora da boate. Na trama,
ele não tem familiares e nem casa, somente comparsas de organização. Presume-se que a sua
origem social é pobre e sua sobrevivência é garantida pelas funções que desempenha na boate.
Cor: Bob Bacall é o único negro em toda a telenovela, não existe nenhum outro ator
ou figurante negro.
Profissão: O personagem é uma espécie de gerente da boate onde trabalha, quase
sempre ele é apresentado atrás de um balcão preparando bebidas ou conversando com
clientes. Fora do horário de funcionamento da boate, ele exerce também a função de
coreógrafo das dançarinas que fazem striper no local.
Aspectos da linguagem utilizada e da composição geral da personagem:
Tipos de gestualidade:
1. estereotipada, com gestual explícito que caracteriza de forma debochada e
desrespeitosa à personagem homossexual, lésbica, travesti, transformista, transexual,
transgênero, intersexo ou bissexual;
2. gestualidade típica de alguns sujeitos queer, especialmente os adeptos de um
comportamento/estética camp;
3. não estereotipada (gestual considerado “normal” e “natural”, sem indicação de
que a personagem é homossexual, lésbica, travesti, transformista, transexual,
transgênero, intersexo ou bissexual, e inscrito dentro de um comportamento
heterossexual).
Bob Bacall é um personagem queer, é um corpo estranho dentro da telenovela que perturba,
provoca e fascina (LOURO, 2004, p.7-8). Dentro de um universo de personagens que
4 A referência dos capítulos neste trabalho baseia-se na primeira versão da telenovela exibida às 18h50.
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apresentam características fixas de gênero, Bob é o elemento transgressor que mistura os
gêneros, que se opõe à norma e ao normal, para isso, ele incorpora uma estética camp.
Vale lembrar que o camp não está ligado à prática sexual e sim ao exagero, ao artifício e à
teatralidade, elementos provocadores da ironia e da paródia. Podemos traduzir, como faz
Louro, o camp como a fechação, mas acredito que a sua principal característica é o
rompimento das barreiras da heteronormatividade e dos gêneros fixos e binários. Para Susan
Sontag (1987), o camp é um solvente da moralidade já que ele transforma a seriedade com
que a sociedade toma os papéis fixos de gênero em algo inconstante, volúvel, frívolo.
Ghandour (2009), ao analisar a história da estética camp e citar Susan Sontag, diz que grande
parte dos indivíduos camp cultuam as divas da indústria do entretenimento, re-significando o
objeto cultuado através do exagero e da paródia.
Como foi dito acima, no resumo da telenovela, Sílvio de Abreu se inspirou no filme Como
agarrar um milionário. Uma das atrizes desse filme, Lauren Bacall, serviu claramente de
inspiração para a personagem de Jorge Lafond, Bob herda não só o sobrenome da atriz
“Bacall”, com dois l como o personagem gosta de frisar quando diz o seu nome, mas também
alguns aspectos da sua gestualidade.
Lauren Bacall, que se tornou, na década de 40, um ícone da moda e um modelo do que seria a
mulher moderna norte-americana, tinha, como uma de suas marcas, como atriz, o olhar. Ela
abaixava o queixo e olhava para a câmera debaixo para cima, o que instaurou uma nova forma
de atuação em Hollywood, ficando conhecida como Lauren “The Look”.
A forma de olhar de Lauren, que é assumida por Bob Bacall, aliada a outras características da
sua gestualidade, como mãos esvoaçantes e gritinhos, além de falar de si ora no masculino ora
no feminino, compõe a atitude queer e camp da personagem.
Semelhanças também podem ser apontadas entre Lauren Bacall e Jorge Lafond, já que ambos,
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antes de serem atores, foram bailarinos.
“Subgestualidade: compreende o vestuário, maquiagem e adereços utilizados pela
personagem” (Moreno, 2001, p. 167):
Bob possui dois vestuários bem definidos: a roupa que ele usa quando a boate está aberta e a
roupa que ele usa quando a boate está fechada. Estou definindo o vestuário da personagem
pela boate, porque somente em dois capítulos a personagem aparece fora da boate e, mesmo
assim, nesses dois casos o personagem sai da boate e vai para outro lugar, ou seja, a boate é
sempre um referencial na construção da personagem.
Quando a boate está aberta, ele usa uma roupa de garçom (calça preta, camisa branca por
dentro e gravata borboleta). Aqui, o elemento camp fica por conta da gravata borboleta ser de
um vermelho purpurinado e por ele usar uma cinta na cintura também vermelha e igualmente
brilhosa.
Quando a boate está fechada para clientes, a roupa dele é mais camp, mais variada e mais
brilhosa. Ele usa calças de cotton brilhosas coladas ao corpo e camisetas cortadas e amarradas
acima do umbigo, ou usa pequenos shorts que revelam partes da sua bunda, com camisetas
igualmente cortadas e amarradas acima do umbigo. Acompanha o visual, uma faixa amarrada
na cabeça, que geralmente é amarela com lantejoulas, ou branca.
Análise de seqüências: “É um recurso para detalhar mais as ações de um filme
(em nosso caso a telenovela) e explicitar o seu conteúdo de forma minuciosa, como diante
de uma lente de aumento” (Moreno, 2001, p.168):
Analiso a seguir três seqüências da telenovela que me parecem suficientes para definir a
performatividade e a finalidade da personagem dentro da trama.
Dentro da narrativa, as únicas atividades de Bob são: gerenciar a boate, para isso ele recorre a
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métodos cômicos e, ensinar coreografias para as dançarinas, quando ele se mostra um pouco
severo e bastante disciplinado, cobrando das dançarinas, em especial, Brigitte,
comprometimento com o trabalho.
Outra característica importante da personagem é o trânsito entre gêneros, já que ora ele se
define no masculino e ora se define no feminino, fato que provoca comportamentos
homofóbicos de alguns personagens. É importante ressaltar que a estética camp também
reafirma esse local de trânsito.
Além disso, na última seqüência a ser analisada, mostro como a personagem toma para si,
através da ironia e da paródia, o discurso religioso, invertendo assim a lógica da homofobia.
Primeira Seqüência
No capítulo 101, Lucrécia descobre que seu marido, Aprígio, lhe dá remédios para dormir e
em seguida pula a janela de casa. Ela, então, resolve segui-lo e o encontra na boate. Aprígio
chega primeiro, senta-se e começa a beber quando é surpreendido pela sua mulher que
começa a gritar e a agredi-lo com a bolsa. Bob, para evitar que a confusão ganhe proporções
maiores, intervém na briga do casal com um mini-extintor de incêndio de água. A cena é
cômica e termina com Lucrécia toda molhada.
Bob: Vaaamos parar madame... vaaamos!
(Bob pega um mini-extintor e começa a jogar água nos peitos e no rosto de Lucrécia)
Bob: O marido é seu.... mas a responsabilidade pelo estabelecimento é da pretinha
aqui, tá bom? (Coloca a mão na cintura).
Lucrécia: Aiii... mas o que é isso?
Depois disso, Bob consegue parar com as agressões e, em outra cena, serve um
conhaque para uma Lucrécia bem mais calma.
Bob: Dá licença minha véia... eu trouxe um conhaquezinho aqui... uma bebida quente
que a senhora tá toda molhada e pode pegar uma pneumonia.
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No capítulo 43, podemos ver um Bob preocupado com a coreografia das dançarinas e
com a indisciplina de Brigitte.
Bob: Como é que é ô boneca? Você vai ficar aqui de bate-papo com o rapaz...
enquanto eu tô me acabando lá com as meninas? Quer fazer o favor de ensaiar?
Guel: Ela já tá indo Robertinho... calma... já tá indo...
Bob: Robertinho NÃO! BOOOB.... Booob Bacaalllll...
Brigitte: Já vai Bob...
(Bob se afasta da mesa e continua a aula)
Bob: Vamos embora.... sete... oito...
Bob: BORA Brigitte.... sobe.... inferno.... vai errar.... tá errado!
Já no capítulo 126, mais uma vez presenciamos as cobranças de Bob por causa da
indisciplina de Brigitte, que já deveria estar no palco dançando.
Bob: Como é que é ô Brigitte? Vai ficar batendo papo aí minha filha? A hora do show
já passou.... ohhhh... mas você é indisciplinada mesmo... hein?
Brigitte: Ai... já vou Bob... já vou...
Segunda Seqüência
No capítulo 104, Leonardo Rapouso está separado de Fedora há muito tempo. Cheio de
saudades, ele sonha que está dançando com Fedora e começa a acariciar o rosto da amada,
quando ele está quase beijando descobre que, na verdade, está dançando e quase beijando
Bob.
Bob: Que é que deu em você... hein Leozinho?
Leonardo: Mas o que é isso? Que é que você tá fazendo aqui? SOOOME DAQUI!
Bob: Como o que eu tô fazendo aqui? Eu é que te pergunto.... Eu... meu amor... vou
lavar isso aqui... a boate toda... agora eu não tenho culpa se eu estava descendo as escadarias...
você me olhou com um olhar três por quatro... me pegou pelos braços e me tirou para
dançar... agora meu amor... a de compreender que a boneca aqui não é de ferro... né?
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Nessa cena, ainda que Leonardo Rapouso e Bob Bacall quase tenham se beijado e ainda que
mostre como Bob Bacall costuma se chamar – boneca, pretinha – não temos uma reação
homofóbica de outros personagens. Vale frisar que, nessa cena, Bob vestia um pequeno short
amarelo que mostrava parte da sua bunda e uma camiseta amarela amarrada acima do umbigo.
No capítulo 181, Bob também se chama de boneca. Na cena, Fedora está tentando convencer
Nicodemus, Bob e Brigitte a participarem de um plano para libertar Leonardo Rapouso da
delegacia.
Bob: Eu quero saber aonde que você está procurando homem...você tá pensando que
aqui é sauna? Que aqui é vapor? Quem me dera ter esses homens todos aqui dentro meu
amor...
Fedora: Bem... se aqui nessa porcaria não tem os homens pra me ajudar.. em outra
porcaria deve ter...
Nicodemus: Dona Fedora... eu vou com a senhora..
Fedora: Ainda bem..
Brigitte: Nicodemus... Nicodemus... você tá louco Nicodemus? Ninguém pode
desobedecer às ordens de ELA desse jeito... você vai ficar marcado como o Leozinho... hein?
Nicodemus: Quer saber de uma coisa Brigitte? O seu Aprígio tem razão... se a gente
obedece ELA... ELA tem que proteger a gente... o Leozinho sempre foi o que mais trabalhou
aqui dentro... e ELA não pode deixar ele desse jeito.. vamos dona Fedora..
Fedora: Vamos depressa que eu quero incendiar aquela delegacia...
Bob: Você sabe Brigitte... que o Nicodemus tem razão? Eu também vou...
Brigitte: Não... não... você não vai com eles...
Bob: Vou... eu tô me borrando de medo.... ELA que me desculpe, mas eu não posso
perder essa turquinha babadeira fechar dentro daquela delegacia... e demais a mais meu
amor... eu tenho meu nome.... BONECA é BONECA!
Já no capítulo 178, Bob Bacall apanha de Leonora Lammar e de Penélope Bacellar,
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entre outras coisas por ele se chamar de mocinha.
Bob: Mas o que está acontecendo mileides?
Penélope: Você não é mocinha.... é bandida...
Bob: Mas é claro que eu sou mocinha...
(Ao ouvir mocinha, Penélope começa a bater em Bob)
Leonora: MOCINHA? Você não tem vergonha?
(As duas voltam a bater em Bob com a bolsa)
É interessante observar que Leonora e Penélope, juntamente com Rebeca e Camila,
representam, na telenovela, modelos de mulheres modernas. Mas as três primeiras são
bastante conservadoras quanto ao papel da mulher dentro da sociedade. Elas chegam a montar
uma escola, a Femina, para ensinar as mulheres a cozinhar, a costurar, a modelar, a se
maquiar, etc, ou melhor, elas ensinam papéis que tradicionalmente sempre couberam às
mulheres. Esse apego às formas tradicionais femininas justifica a abjeção que elas têm por
Bob Bacall, já que elas pensam a mulher a partir de identidades e de papéis fixos.
No capítulo 95, Bob também é alvo de homofobia dentro da boate por causa de um cliente
que está impaciente esperando a striper Brigitte.
Cliente: Oh boneca... eu vim aqui para ver a Brigitte tirar a roupa... ela não vai se
apresentar hoje não é?
Bob: Nossa... que pressa... calma meu benzinho... ela já vem... agora... se você quiser
eu posso subir no palco e tirar a roupa todinha pra você... ai você vai ver o que é que a baiana
tem.... você quer?
(Bob alisa o ombro do cliente)
Cliente: Olha aqui sua maricona... eu vou acertar a mão na sua cara hein? Você quer
ver?
(O cliente puxa Bob do balcão pela gola da camisa)
Bob: Qual é meu camarada... vai devagar... você não entende nem uma piadinha de
classe... dá um tempo.... deixa de caô... me solta.
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Terceira Seqüência
Alvo predileto do discurso religioso de abjeção, Bob reverte parodicamente o discurso
homofóbico ao comparar santos a estrelas do entretenimento. No capítulo 150, por exemplo,
Brigitte vai telefonar para avisar a Dona Aldonza que Guel não voltará para casa naquela
noite.
Bob: Vai telefonar para quem boneca?
Brigitte: Pra vizinha do Guel... porque se ele não aparecer em casa essa noite a mãe
dele fica louca... coitada de Dona Aldonza...
Bob: Faz muito bem dar uma satisfação para a mãe dele... com mãe, Nossa Senhora e
Carmem Miranda a gente não brinca.
Características gerais da personalidade da personagem: criminoso, violento,
psicopata, saudável, calmo, etc.:
Bob é um personagem cômico dentro da trama, estando ligado à comédia e ao
deboche, ele é quase sempre calmo e divertido, somente nos capítulos finais da telenovela é
que o telespectador sabe da ligação dele com a organização criminosa de ELA e mesmo no
único momento de violência do personagem, quando ele invade a delegacia junto com
Nicodemus e Feodora para soltar Leonardo Rapouso, o tom cômico é mais forte.
Ele também é um personagem bastante prestativo, já que em várias cenas ele ajuda
outros personagens que estão em dificuldades, por exemplo, serve conhaque para Lucrécia
não pegar uma pneumonia, serve um chá feito especialmente com um candomblecista para
deixar Leonardo mais feliz, leva Aprígio para casa quando ele sofre um acidente dentro da
boate, etc.
Aspectos sobre a sexualidade e o gênero da personagem
Personagem se apresenta (assume verbalmente) como: gay, lésbica, travesti,
transformista, transexual, transgênero, intersexo, bissexual.
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O personagem é homossexual. Um traço marcante de Bob é que, em vários capítulos, ele fala
de si ora no masculino ora no feminino, mas, especialmente, no capítulo 133, ele fala para
Nicodemus que costuma se montar para curtir a noite de folga.
Bob: Eu acho que paguei o preeeço por te amar demais... ai ai... adoro noite de folga...
poder me montar... sair para pegar... ah Nicodemus.. mais tarde vamos tomar uma cachacinha
no bar... hein?
Em que ponto da narrativa fica claro que o personagem é homossexual?
Bob, em muitos capítulos da telenovela, sugere comportamentos homossexuais. No capítulo
55, por exemplo, insinua que ele seria a pessoa adequada para estar com Guel. Nessa cena, em
diálogo com seu Aprígio / Pipi, ele diz:
Bob: Deu babado né seu Pipi? Eu sabia... a Brigitte é uó! E agora o Guel sempre
mereceu uma pessoa bem melhor... né meu amor?
(Bob aponta para si mesmo ao se referir a uma pessoa melhor para Guel. Pipi faz
cara de assustado com a insinuação de Bob).
Como se dá a performatividade de gênero? Que normas ou conjunto de normas o
personagem reitera e/ou reforça?
Bob está no trânsito entre os padrões de gêneros que são tidos como fixos e naturais: o
masculino e o feminino. Sua performance fechativa e sua estética camp desestabilizam
através da paródia esse caráter fixo das identidades, já que ele fala de si no feminino e no
masculino e aceita que as pessoas o chamem da mesma forma, desde que não seja de forma
agressiva ou que o coloquem em uma posição desumanizada e abjeta.
Resumo conclusivo e redutor sobre a representação dos homossexuais na
telenovela:
Resultado 1: forte carga de estereótipos e outras características que contribuem
para a reduplicação dos preconceitos e da homofobia;
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Resultado 2: caracteriza os personagens com alguns elementos da comunidade
queer, constrói um tratamento humanístico e contribui para o combate aos preconceitos
e a homofobia;
Resultado 3: caracteriza os personagens homossexuais dentro de um modelo
heteronormativo que contribui para a reduplicação dos preconceitos e da homofobia;
Resultado 4: caracteriza os personagens homossexuais dentro de um modelo
heteronormativo, mas constrói um tratamento humanístico e contribui para o combate
aos preconceitos e a homofobia;
Resultado 5: indica uma representação dúbia e produz dúvida sobre o tratamento
dado.
Tradicionalmente, a afetação de personagens não heterossexuais em telenovelas foi vista por
grupos gays organizados como um desserviço à comunidade LGBTTT, já que mostrava,
segundo eles, personagens estereotipados. Não compactuo com essa leitura, pois acredito que
há uma diversidade na comunidade LGBTTT que abarca diversos tipos de performatividades
e que entender esses personagens como um desserviço à comunidade significaria criar uma
hierarquia dentro da própria comunidade, em que, no topo dessa pirâmide social, estariam os
personagens mais próximos de um padrão heterossexual e, na sua base, estariam os indivíduos
que fogem de um padrão heteronormativo.
Entender essas representações dentro dessa lógica hierárquica implicaria na reafirmação do
discurso homofóbico da abjeção, em que alguns indivíduos são mais positivados e outros são
tidos como abjetos.
Bob Bacall é um elemento desestabilizador de identidades tidas como naturais exatamente
pela fechação e pela estética camp. Parodiando comportamentos sem cair, em nenhum
momento da telenovela, em extremos de masculinidade e feminilidade, ele põe em cena a
artificialidade dessas performatividades naturalizadas.
Além disso, Bob não é uma personagem que precisou ser assexuada para ser bem aceita pelo
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telespectador, ainda que, durante toda a telenovela, ele não tenha conseguido o seu tão
sonhado bofe, o Guel, em nenhum momento ele deixou de insinuar seu desejo. É uma
personagem que assumiu o trânsito entre gêneros, aceitando ser nomeado no masculino e no
feminino desde que isso não implicasse em torná-lo menor ou desumanizada. A esse tipo de
comportamento ele reagiu não agressivamente, mas ironicamente, denunciando a homofobia
através do humor.
Problemático na telenovela é o confinamento que a personagem sofre durante toda a trama.
Com exceção de dois capítulos, Bob esteve todo o tempo recluso a um único espaço: a boate
onde trabalhava. Chama a atenção também o fato dele ser o único negro em toda a trama, não
existindo sequer figurantes negros. Esse confinamento do personagem a um único espaço
físico parece marcar um lugar de tolerância ao comportamento camp de Bob, como se
somente naquele espaço da boate ele pudesse ser tolerado ou aceito pelo telespectador.
Sabemos que, historicamente, alguns bares e boates formaram pontos de resistência,
organização e tolerância, mas a luta contra a homofobia na sociedade só se realizou
efetivamente quando estes indivíduos saíram desses espaços para ganharem as ruas.
Bob Bacall também faz parte do núcleo marginal da telenovela, uma organização criminosa
que comete roubos e assassinatos, ainda que a única função desempenhada por ele seja a de
administrar a boate, ponto de encontro e de reunião da organização comandada por ELA. Mas
mesmo que ele esteja dentro do núcleo criminoso, esse aspecto do caráter de Bob não é o mais
marcante, já que ele não está envolvido mais diretamente com as ações criminosas. Acredito
que, para o telespectador, o que mais provoca a sua atenção é a performatividade da
personagem, inclusive, foi esse aspecto da personagem que chamou a atenção dos grupos de
representatividade LGBTTT.
Dessa forma, Bob Bacall pode ser inserido dentro do resultado dois, um personagem com
características da comunidade queer, construído com tratamento humanístico que ajuda a
combater preconceitos e a homofobia, porém, o mesmo não poderia ser dito sobre a
telenovela Sassaricando como um todo, já que discursos homofóbicos e misóginos são
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vinculados por outros personagens da trama, sem que exista algum outro personagem para
desestabilizar a suposta verdade dessas afirmações. Como exemplo, cito o comportamento
homofóbico de Beto (Marcos Frota) e de Tadeu (Roberto Bataglin), principalmente nas cenas
em que eles precisam encontrar uma bunda masculina para uma propaganda de cuecas.
Nessas cenas, a masculinidade dos personagens é sempre reafirmada através da abjeção aos
homossexuais.
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