Levantamento das Ligações Irregulares de Esgoto Sanitário

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Levantamento das Ligações Irregulares de Esgoto Sanitário
LEVANTAMENTO DAS LIGAÇÕES IRREGULARES DE ESGOTO SANITÁRIO
EM VERDE, GO1.
Ari Ramos Pereira2, Carmelena Pereira Leal2, Antônio Pasqualetto 3
A natureza, expressando-se em número de variações, mostra à inteligência que nela se cumpre mediante
processos que se realizam com precisão matemática.
Logosofia
RESUMO
As soluções individuais dos moradores para dar fim aos esgotos domésticos nem
sempre foram tecnicamente corretas, de tal forma que hoje é comum se encontrar
edificações lançando esgoto sanitário nas galerias pluviais ou diretamente nos cursos
d’água e por outro lado se encontrar esgoto pluvial sendo lançado nas redes sanitárias,
ocasionando degradação ambiental e comprometendo as condições de saúde e bem estar
da população. Visando conhecer a extensão e solucionar problemas de lançamento de
esgotos e ligações irregulares de Rio Verde a SANEAGO - Saneamento de Goiás S\A e
Prefeitura Municipal de Rio Verde firmaram um convênio para atuar em todas as
edificações urbanas, com redes coletoras de esgoto sanitário e/ou pluvial, fazendo
levantamentos, propiciando educação ambiental à população visitada e propondo solução
às falhas encontradas. Nesse sentido realizou a pesquisa a campo no período de 10/09/2001
a 30/09/2002. Dentre os principais resultados constatou-se que 68,8% das edificações
encontravam-se irregulares em suas ligações de esgoto, e a fiscalização propiciou reparo de
mais de 40% das irregularidades. Esta síntese pode ser útil para a busca de soluções desta
questão em outras localidades, visto ser este problema comum a grande parcela dos
municípios brasileiros.
PALAVRAS-CHAVE: Esgoto sanitário, águas pluviais, rede coletora, vistorias
ABSTRACT
The residents' individual solutions to final disposal to the domestic sewege are not
always technically correct, in such a way that today is common to final constructions
throwing sewer sanitarium in the pluvial galleries or directly in the courses of water and on
the other hand to meet pluvial sewer being thrown in the sanitary nets, causing
environmental degradation and committing the conditions of health and well to be of the
population. Seeking to know the extension and to solve problems of release of sewers and
irregular connections of Rio Verde SANEAGO - Sanitation of Goiás S\A and Municipal
City hall of Rio Verde an agreement to act in all the urban constructions, with nets
coletoras of sewer sanitary pluvial e/ou, making risings, propitiating environmental
education to the visited population and proposing solution to the found flaws. In that sense
it accomplished the research to field in the period from 10/09/2001 to 30/09/2002. Among
the principal results it verified that 68,8% of the constructions were irregular in your sewer
connections, and the fiscalization propitiated repair of more than 40% of the irregularity.
This synthesis can be useful for the search of solutions of this subject in other places, visa
to be this problem common to great portion of th e Brazilian municipal districts.
KEY-WORD: I Drain sanitarium, pluvial waters, net collector, inspect
________________________________________
1 Artigo Científico apresentado ao Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) e Universidade
Católica de Goiás (UCG) no curso de Especialização em Gestão Ambiental. 2003
2.Especializandos em Gestão Ambiental
3.Orientador, Eng. Agro. ,Prof. Dr. Antônio Pasqualetto, [email protected], SENAI/UCG
2
1 INTRODUÇÃO
O município de Rio Verde, está localizado no sudoeste Goiano, centro oeste
brasileiro. Possui área de
8.388,25 km²
e um a população de 119.829 habitantes . A
cidade é pólo de uma grande região agropecuária, que tem passado por
significativa
influência de um processo de agroindustrialização, apresentando taxas de crescimento
sócio -econômico acima da média da maioria dos municípios do estado e mesmo do país.
Isto tem provocado uma forte expansão da malha urbana, nem sempre acompanhada do
devido crescimento da infra-estrutura necessária.
A população de Rio Verde é beneficiada em apenas 60%
esgotamento sanitário.
por sistema de
A coleta de esgoto sanitário foi implantada em várias etapas,
iniciando-se em 1962, pela própria prefeitura Municipal, depois a responsabilidade deste
serviço foi transferida a SANEAGO – Saneamento de Goiás S/A. Nos últimos sete anos
foram implantados cerca de 80 km de redes coletoras e a estação de tratamento de esgoto,
por meio de lagoas de estabilização, para atender toda a coleta existente. Hoje, a região
central, oeste e sul da cidade têm sistema coletor sanitário, lançando esgoto na estação de
Tratamento de Esgoto sanitário (ETE) ao lado do Ribeirão Sapo. A região leste da cidade
não é contemplada com coleta sanitária, visto não existir ainda projeto para
os
interceptores e estação de tratamento ao lado do Ribeirão Laje.
Ao longo do desenvolvimento do setor urbano, nem sempre as soluções encontradas
para destinar seus esgotos doméstico foram alternativas adequadas do ponto de vista
sanitário e ambiental.
Muitos lançamentos de esgoto são
destinados a galerias de água pluvial ou
diretamente nos recursos hídricos que atravessam a cidade, provocando a poluição dos
córregos Barrinha e sapo, por outro lado , é grande o número de residências que destinam
água de chuva diretamente nas redes de esgoto da SANEAGO, as quais são de
pequeno
diâmetro, não comportam a água de chuva ocasionando transtornos à comunidade, nas
ruas, ou diretamente nas residências, bem como a Estação de Tratamento de Esgoto
Sanitário.
Nos locais desprovidos de redes coletaras de esgoto, a população vem instalando
redes irregulares, ou seja, lançando diretamente nos cursos de água, em redes pluviais ou
adotando o sistema individual, incorreto, de fossas negras. As irregularidade ocasionam
3
mal cheiro na cidade, proliferação de insetos, ratos, riscos de contaminação do lençol
freático e agressão ao meio ambiente.
O Sistema Coletor e de Tratamento de Esgoto reduz sua eficiência e durabilidade
por lançamentos de materiais sólidos, lixo, produtos químicos estranhos aos esgotos,
acarretando elevação no custo de operação e manutenção. Os problemas
denotam um
quadro de alerta aos órgãos que atuam com saneamento na cidade de Rio Verde. Ficou
evidente a necessidade de se planejar conjuntamente ações e dividir responsabilidades .
Manter e melhorar a qualidade ambiental e sanitária, bem como o funcionamento
das demais unidades que compõem o sistema de esgoto sanitário, não é apenas atribuição
dos órgãos ambientais e sanitários, por meio da elaboração de normas , e de instituições
privadas, pelo cumprimento das leis, mas também, e principalmente da comunidade que
pode, participar, acionando os instrumentos de que dispõe.
Tornou-se imprescindível conhecer as irregularidade
existentes, para promover a
formação de consciência sanitária e presevacionista.
Por isto a Prefeitura Municipal de Rio Verde e a Saneamento de Goiás S/A SANEAGO firmaram um convênio para reduzir as irregularidades existentes no sistema do
saneamento básico e procurar estabelecer planejamento que contemple soluções .
2 OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
-
Conhecer e cadastrar as condições dos lançamentos de esgotos sanitário e pluvial
das edificações e malha urbana do Município de Rio Verde, e suas implicações ambientais
ao meio urbano e cursos d’água que cortam a cidade, (Córrego Sapo e Córrego Barrinha),
promovendo, de imediato, algumas ações corretivas.
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2.2 Objetivos Específicos
-
Promover a de educação sanitária à população urbana.
-
Orientar os moradores dos danos ambientais, à saúde e ao bem estar, provocados
por irregularidade no lançamento indevido de esgotos domésticos.
-
Notificar os moradores das irregularidades de suas edificações para correção em
prazo estipulado.
-
Acompanhar as irregularidades em processo de correção.
-
Elaborar mapas e planilhas necessárias ao cadastro fidedigno dos sistemas
coletores (sanitário e pluvial), inserindo as alterações decorrentes das notificações
apresentadas.
-
Distribuir material
explicativo aos construtores de novas edificações sobre a
correta concepção das fossas sépticas, visando evitar agora para frente o uso de fossas
negras, nas regiões não assistidas por redes coletoras de esgoto sanitário.
- Promover ações que se fizerem necessárias ao bom desempenho dos trabalhos,
junto à comunidade e instituições envolvidas no processo.
3 EMBASAMENTO TEÓRICO
3.1 Aspectos Gerais
As socied ades humanas têm convivido com os problemas gerados pela falta de
cuidados com seus esgotos de maneira muito mais freqüente do que solucionado de forma
racional a destinação de seus dejetos (LA ROVERE et al., 2002).
Segundo Batalha (1989), a disposição adequada dos esgotos é essencial à proteção
da saúde pública e do Meio Ambiente. Sabe-se que aproximadamente 50 tipos de infeções
podem ser transmitidos por diferentes caminhos envolvendo as excretas humanas.
Com relação à disposição dos esgotos domésticos, ou águas residuais domésticas,
são conhecidos dois sistemas: o público e o individual. O primeiro caracteriza-se pelo
esgotamento das águas residuais por tubulações da rede pública até uma estação de
tratamento e/ou disposição sanitária e ambiental segura; e o segundo é representado pela
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fossa séptica, que constitui o principal componente para disposição de águas residuais
domésticas, muito utilizado em locais onde não se dispõe de rede de esgotos, e a sua
presença não justificam, em razão da baixa densidade de ocupação do solo (BATALHA,
1989).
Porém, quando a densidade demográfica cresce, a área passa por um processo de
urbanização e a ocupação do solo não permite as soluções individuais, faz-se necessário o
uso de soluções coletivas, advindo daí os sistemas públicos de esgotos sanitários.
Conforme Sobrinho e Tsutiya (1999), no Brasil, basicamente utiliza-se o sistema
separador absoluto, em que as águas residuais (domésticas e industriais) e as águas de
infiltração (água do subsolo que penetra através das tubulações e órgãos acessórios), que
constituem o esgoto sanitário. As águas pluviais são coletadas e transportadas em um
sistema de drenagem pluvial totalmente independente.
Por outro lado, para o sucesso do sistema de esgoto sanitário implantado é necessário
eficiente controle para se evitar que as águas pluviais, principalmente provenientes dos
telhados e pátios das economias esgotadas, sejam encaminhadas, junto com as águas
residuais, para esse sistema de esgoto (SOBRINHO e TSUTIYA, 1999).
As águas de chuvas, quando conduzidas às redes de esgoto, ocasionam o
trasbordamento, através dos poços de visita, pelas ruas, ou até mesmo, retornando às
instalações das residências, expondo a população a risco de contaminação por doença de
veiculação hídrica.
As redes coletoras de esgotos têm como função fundamental afastar do meio
ambiente todos os dejetos, águas servidas e outros afluentes que ocasionam perigo à saúde
pública e ao bem–estar social. Uma rede coletora de esgoto deficiente ou mal operada,
além dos perigos que pode ocasionar aos habitantes, inviabiliza o bom funcionamento das
demais unidades que compõem o sistema de esgotamento sanitário, podendo provocar
outros males, tais como: prejuízos à recreação, à agricultura (BRIENZA , 1987).
Concordando com Brienza (1987), a necessidade de manutenção das redes coletora
de esgotos começa nas próprias instalações prediais, em decorrência de lançamentos
inadequados de matéria sólida, águas pluviais e gordura, requerendo grande volume de
serviço e fiscalização por parte dos órgãos responsáveis pela manutenção e operação.
Nos locais carentes de sistemas de esgotos, cada cidadão pensando no seu problema,
daquele instante em que está construindo, vai buscar soluções, sem obedecer ao que é
tecnicamente correto, onde as águas servidas acabam poluindo o solo, contaminando as
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águas superficiais e freqüentemente passam a escoar pelas sarjetas e valas, constituindo
perigosos focos de disseminação de doenças.
3.2 Aspectos Legais
O município de Rio Verde, no seu Plano Diretor, instituiu as Normas disciplinadoras
da higiene e do bem-estar público, por meio da Lei N.º 3.635/98, nos artigos 12 e 15,
dispõe que toda edificação situada em vias pública dotada de água e esgotos, poderá ser
habitada sem que disponha dessa utilidade e seja provida de instalações sanitárias. Já o
artigo 15 da citada lei, instituiu a construção de fossas sépticas com sumidouros, na vias
onde não forem dotadas de redes coletoras.
Para Jordão e Pessoa (1975), fossas sépticas são câmaras convenientemente
construídas para deter os despejos domésticos e/ou industriais, por um período de tempo
especificamente estabelecido, de modo a permitir a decantação dos sólidos e retenção do
material graxo contido nos esgotos, transformando-os bioquimicamente, em substâncias e
compostos mais simples e estáveis; e sumidouros são unidades que consistem de
escavações, circulares, quadradas ou retangulares, tendo as paredes protegidas por pedras,
tijolos, madeiras, etc.
O Município dispõe ainda da Lei n.º 3.636/98, no seu artigo 76, que não permite a
ligação de canalização de esgoto ou de águas servidas as sarjetas ou galerias de águas
pluviais.
A SANEAGO, no seu regulamento de serviços de Abastecimento de água e coleta
de esgoto, no artigo 369, dispõe sobre a necessidade de elaboração dos projetos de esgoto
sanitário e esgotos pluviais, de modo a ficar perfeitamente esclarecida sua completa
independência da instalação de esgoto sanitário , onde estes serão submetidos à aprovação.
Quando o cliente não possui condições financeiras para apresentar o projeto, a SANEAGO
fornece folder informativo sobre a disposição correta dos lançamentos.
Conforme o Regulamento do serviço público de Água e esgotos sanitário da
SANEAGO, capítulo XIV, no artigo 117, é vedado o lançamento na rede coletora de
esgotos sanitários: águas pluviais; materiais graxos; tintas; óleos; resíduos sólidos de
qualquer natureza e origens tais como areia, pedras, metais, panos, lixo ou quaisquer
substâncias que possam causar obstruções em redes coletoras ou paralisar equipamentos e
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efluentes de qualquer origem, inclusive de processos industriais, cujas características
possam prejudicar o funcionamento normal das redes coletoras, elevatórias ou estações de
tratamento de esgotos.
3.3 Programas Desenvolvidos por outras Instituições.
Trabalhos com enfoque voltado para a irregularidade de esgotos, já foram
desenvolvidos, pela Companhia de Saneamento do Distrito Federal – CAESB (2002), para
pesquisa de ligações clandestinas de esgotos;
Companhia Catarinense de águas e
saneamento - CASAN, para identificação e conscientização
referentes às ligações de
esgoto sanitário, irregulares ou inexistentes, no Município de Balneário Camboriú/SC , por
Feijó e Pedrelli (2001) e pela Universidade estadual do Rio de Janeiro - UERJ (2001),
para eliminação de lançamentos de esgotos nas galerias pluviais, na região urbana
ribeirinha das praias da ilha do governador. Todos estes programas tiveram como objetivo
principal de identificar e conscientizar a população irregular, com relaç ão ao esgotamento
sanitário.
4 METODOLOGIA
4.1 Equipes
A concepção do projeto a ser implantado em Rio Verde foi desenvolvida por
técnicos da SANEAGO de diversas áreas.
A equipe encaminhou um projeto básico à Parceira – Prefeitura Municipal de Rio
Verde para, após aprovação, desenvolver o planejamento detalhado.
Os Recursos Humanos disponíveis para o trabalho foram assim definidos:
•
Coordenador Geral SANEAGO/Prefeitura
•
01 Coordenador dos trabalhos de escritório e campo
•
10 Estagiários Universitários alunos da FESURV – Fundação de Ensino Superior
de Rio Verde, contratado pela SANEAGO
8
•
10 Servidores da Prefeitura de Rio Verde, para acompanhar os estagiários,
servindo-lhes de apoio na realização de trabalhos braçais inerentes à conferência das
instalações sanitárias e pluviais domiciliares.
Fez parte do planejamento elaborado pela equipe multidisciplinar da SANEAGO a
apresentação de um Projeto de Trabalho aos órgãos envolvidos no Convênio.
Para a formação técnica destas equipes foi realizado um treinamento específico por
período de três dias, compostos por parte teórica e prática in loco, realizado por técnicos
da área de controle às irregularidades, pertencentes a SANEAGO de Goiânia.
4.2 Critérios
A vistoria realizada consistiu no preenchimento do formulário, notificação de
irregularidade no sistema de coleta de esgotos sanitários, contendo dados como nome do
proprietário, endereço do imóvel, bem como a(s)
irregularidade(s) detectada(s)
no
imóvel, com o prazo estipulado, para fins de correção .
O período definido para desenvolvimento do trabalho foi suficiente para que a
grande maioria das edificações com irregularidade(s) recebessem pelo menos três visitas.
A preliminar, onde se entregou a notificação e duas posteriores, para acompanhamento
das providências tomadas. O que atrapalhou um pouco esta meta foi à dificuldade de se
vistoriar imóveis onde os moradores trabalham fora e muitas vezes usam o fim de semana
para compras ou outras atividades.
Na medida que foram reconhecidas as irregularidades, as equipes já na própria visita,
abordaram as questões sanitárias e ambientais, no sentido de serem providenciadas as
devidas correções, em um prazo definido de 30 dias para a execução ou regularização da
ligação. Foi entregue panfleto explicativo com relação à execução corretas das instalações,
os males que tais irregularidade podem ocasionar à cidade, ao indivíduo, a córregos e as
partes constituintes do sistema de esgoto da SANEAGO .
.
Os proprietários irregulares, reconhecidamente sem condições financeiras de arcar
com as correções propostas, foram cadastrados à parte e merecerão um estudo caso a caso,
paras receberem ajuda de recursos humanos e/ou materiais
através do convênio entre SANEAGO e Prefeitura.
para sanar as incorreções,
9
Por ser um levantamento exploratório, não se preocupou em fazer vistorias por
segmentos comerciais, residenciais e industriais . Independente do tipo de edificação,
pontuou-se a irregularidade constatada, as quais foram totalizados e classificados, em
função da predominância do tipo de ocorrência.
4.3 Área de Atuação
Os trabalhos de identificação, conscientização e notificação referente a ligações
irregulares de esgoto e ou inexistente foram desenvolvidos em 9484 edificações, sendo
estas contempladas pela rede coletora de esgotos e /ou pluvial, regular ou clandestina.
4.4 Operacionalização
Para estabelecer o diagnóstico e planejamento efetivo das estratégias de atuação a
serem implementadas, optou-se pela
vistoria da ligação de esgoto à rede coletora ,
consistindo na verificação se os esgotos dos banheiros, cozinhas e áreas de serviço estavam
conectados à caixa de inspeção da SANEAGO, adotando os seguintes procedimentos:
a) Abrir a caixa de inspeção e levantar seu estado;
b) Abrir a caixa de gordura, verificando dimensões e se a mesma é sifonada (possui
separação da gordura). Quando lacrada, a caixa de gordura deve ser aberta pela equipe
após a autorização do cliente;
c) Abrir as caixas de visita das instalações sanitárias e pluviais verificando seus
estados.
d) Verificar se as instalações prediais de esgoto estão corretamente lançadas e as
unidades
individuais
de
tratamento
(fossa
negra/fossa
séptica/sumidouro)
foram
eliminadas, na ocasião de interligação à rede sanitária.
e) Introduzir “cal” no vaso sanitário, caixa de gordura e tanque o ou máquina de
lavar roupa, verificando se a cal chega à caixa de inspeção ou rede coletora.
f) Quando possível, introduzir o produto em ralos e calhas condutoras de águas
pluviais, verificando se os mesmos estão incorretamente contrib uindo para o sistema de
esgotos, através da caixa de inspeção. Observar que a Unidade coletora de águas pluviais
deve estar interligada ao sistema pluvial;
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g) Nos
casos em que a caixa de inspeção
era inexistente, solicitou-se sua
execução, por parte do proprietário , para que fosse possível a realização das vistorias.
h) foram visitadas e cadastradas, adotando-se os mesmos procedimentos, todas as
residências de Rio Verde que estavam lançando seus esgotos, através de redes clandestinas,
diretamente nos córregos ou redes pluviais.
I) As atividades comerciais como Lavajatos, Postos Revendedores de combustíveis
e oficinas mecânicas deveriam contemplar, além da ligação correta dos sanitários, cozinhas
e tanques à caixa de inspeção da SANEAGO, a existência de “caixas retentoras de areia e
óleo”, Padronizadas pela SANEGO, onde foi entregue panfleto explicativo quanto à
construção e manutenção.
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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos foram de encontro aos objetivos traçados. Em linhas gerais,
o levantamento dos lançamentos de esgoto doméstico foi executado, tendo propiciado
também o reparo de mais de 40 % de correção às irregularidade verificadas. A figura l
contém a síntese dos resultados obtidos.
7000
6483
6000
5000
4804
Edificações (nº)
4516
4000
3000
2533
2500
2147
2435
2180
2000
854
1000
0
Irregulares
Regulares / Corrigidas
Ausência de Moradores
Situação
10/09/01
30/04/02
30/09/02
Figura 1 – Edificações visitadas para averiguação de irregularidades nas ligações de esgoto
doméstico em Rio Verde - GO, entre 2001 a 2002..
Analisando-se os dados apresentados na figura 1, verifica-se que das 6984
edificações visitadas pela primeira vez, 4804 (69%) estavam com algum tipo de
irregularidade. Há que ressaltar a dificuldade encontrada com as edificações não
vistoriadas na 1º visita (26%), por seus moradores estarem ausentes.
Com a realização da segunda visita, percebeu-se os efeitos do trabalho educativo e
das notificações aplicadas, reduzindo para aproximadamente 36% as irregularidades.
A terceira e última visita, em muitos casos, aos fins de semana ou em horários
diferentes do expediente de trabalho, constatou-se acentuada queda do nº de edificações
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com ausência de moradores, ou seja, apenas 9% deixaram de ser visitadas. Quanto ao
percentual de irregularidade, foi reduzido para 26% do total.
Pode-se comprovar que a fiscalização e a persistência por parte dos órgãos
responsáveis, foram fundamentais para a recuperação das irregularidade detectadas.
O significativo percentual de correções às irregularidades pôde refletir a vantagem
de se implementar um trabalho planejado, onde a preocupação com a conscientização e
educação ambiental trouxe este nível de participação da população
Nota-se que o percentual
município de Balneário
de ligações irregulares, aproximadamente 61,3%, no
Camboriú/SC, por feijó e Pedrelli (2001), foi inferior as
levantadas em Rio Verde, que representou cerca de 69% de ligações irregulares.
O levantamento realizado também teve sua importância pela identificação das
principais tipos de irregularidade existentes (Tabela 1).
Tabela 1. Principais irregularidades encontradas nas ligações de esgoto em Rio Verde Goiás, 2001 a 2002.
Tipo de Irregularidade
Inexistência de caixa de gordura
Esgoto pluvial em rede de esgoto sanitário
Caixa de inspeção danificada
Instalação interna fora das normas
Irregularidade em lavajatos, lavanderias e oficinas
Esgoto sanitário em galeria de água pluvial
Esgoto industrial sem pré – tratamento
Outros
Total
Ocorrência
Absoluto
Relativo
(n.º)
(%)
4900
75,3
690
10,6
570
8,7
170
2,7
72
1,1
50
0,7
39
0,6
20
0,3
6511
100
Pode-se observar, que o principal tipo de irregularidade é a inexistência de caixa de
gordura (75,3%). Dentre os problemas, este foi de mais fácil solução, sendo eliminado
pela instalação de caixa de gordura de PVC, que é de baixo custo e simples instalação.
Segue-se à presença de esgoto pluvial em rede de esgoto sanitário, em cerca de
10%. Irregularidade que houve grande resistência
às correções por parte de alguns
moradores e proprietários, principalmente ao fato de tais serviços implicarem em custos
mais elevados. Em alguns casos, a topografia do terreno não permitiu que o lançamento
das águas de chuva escoasse para as sarjetas da frente do imóvel, tendo-se canalizada
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dentro do imóvel do vizinho de cota inferior. Esta solução não foi bem aceito pelos
vizinhos, mesmo tendo todo o amparo legal municipal.
Através da regularização das ligações já existentes, a
gordura (nos casos de
inexistência de caixas de gorduras) e as águas pluviais, não mais são lançadas na rede de
esgoto, o que possibilitou melhor escoamento, redução das obstruções das redes coletoras
e melhor funcionamento do sistema de recalque e tratamento.
O terceiro tipo de irregularidade mais freqüente foi o das caixas de inspeção
danificadas (8,7%). Está relacionado com a inexistência ou danos às tampas, que contribui
para o arraste de material sólido e a entrada de águas de chuva, às redes coletoras,
provocando obstruções, extravasamentos e proliferação de ratos
Apesar dos esforços, houveram dificuldades para detecção dos lançamentos de
esgoto sanitário nas galerias pluviais, pois a Prefeitura Municipal de Rio Verde não
dispunha
de mapa cadastral de suas redes. Desta forma,
coube a equipe além da
identificação de todas as galerias pluviais da cidade, a elaboração de um
mapa em
AutoCad que beneficiou o setor de cadastro da Prefeitura, que passou a contar com este
importante acervo técnico.
No levantamento e mapeamento das redes clandestinas de esgoto sanitário,
Verificou-se que existe em Rio Verde 16.395 metros
executadas sem critérios técnicos e que conduzem
de redes de material impróprio,
resíduos líquidos diretamente aos
córrego s da cidade.
Quanto à validade do trabalho educativo realizado, pode-se verificar sua
importância, pela participação e entusiasmo de alguns cidadãos durante as visitas.
aumento das correções das irregularidade, em decorrência do
O
aspecto explicativo dos
universitários durante suas visitas, distribuíram folhetos, sensibilizando a população da
importância do trabalho, sob a óptica preservacionista.
Dentre as edificações novas ou em construção que estavam inadequadas quanto ao
lançamento de seus efluentes, foram tomadas várias providências, destacando-se: 1) a
coordenação da equipe entrou em contato com o
Arquitetura e Agronomia de Goiás - CREA
conselho Regional de Engenharia,
Conselho Regional de Engenharia e
Arquitetura para agirem junto aos Engenheiros para terem mais atenção com suas
responsabilidades. 2) Foi elaborado e aplicado para quatro turmas um treinamento
intitulado “As instalações prediais e sua importância para o saneamento ambiental”,
destinado a encanadores e mestres de obra que atuam na construção civil em Rio Verde.
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Conscientizando-os, sobre a importância correta das instalações sanitárias e pluviais , para
melhor desenvolvimento das comunidades urbanas, garantindo saúde a população e
preservando o meio ambiente
Sugere-se à continuidade da visitas aos moradores ausentes e ação efetiva da
vigilância sanitária, do Ministério Publico e da SANEAGO em relação às irregularidade
não corrigidas e por fim, o inicio destas atividades nos bairros da bacia leste, que não
possuem redes coletoras de esgotos, por meio da educação sanitária e ambiental a
população, distribuindo cartilha ilustrativa, referente a construção de fossas sépticas.
6 CONCLUSÕES
Referendado-se na análise dos dados deste trabalho, pode-se concluir que:
a) Cadastrou-se as irregularidades, possibilitando contar com um importante banco
de dados para implementar ações à cidade.
b) Possibilitou a correção de cerca de 42,7% das não - conformidades levantadas.
c) Propiciou um canal de educação sanitária e ambiental à população visitada.
d) É
relevante a divulgação da implantação de tais programas,
principalmente
através de rádio, televisão, jornal e panfletos.
e) Programas semelhantes serão sempre necessários quando forem implantados
sistema convencional de esgotos sanitários, a fim de promover sua utilização correta e
eficiente , por conseguinte a proteção dos córregos da região.
f) É preocupante a lacuna existente entre o que as empresas de saneamento e
prefeitura pensam ser suas responsabilidades, face ao baixo nível de educação sanitária e
ambiental do povo brasileiro. O resultado disto é a continuidade de uso de soluções
inadequadas pela população, sob os olhos do poder público.
g) Os elevados números de edificações novas irregulares apontam para algumas
medidas de imediato: 1) O conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia de
Goiás - CREA deve orientar seus profissionais . 2) As empresas de Saneamento ou
Prefeitura devem intensificar trabalhos de inspeção. Pois não basta ter um bom projeto e
uma construção perfeita, se a manutenção, uso correto e a fiscalização não merecerem
iguais cuidados, por parte dos órgãos responsáveis e da comunidade.
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