POLÍTICA NA INTERNET E CONTROLE DIGITAL
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POLÍTICA NA INTERNET E CONTROLE DIGITAL
6 Esta obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional ISSN 2175-9596 VIGILÂNCIA, PRIVACIDADE E REGULAMENTAÇÃO: UMA ANÁLISE DO PROCESSO DE CONSTITUIÇÃO DO MARCO CIVIL DA INTERNET Surveillance, privacy and regulation: a review of the Internet Civilian Landmark generation process Paulo Eduardo Assis Maia a Marta de Araújo Pinheiro b (a) UFJF, Juiz de Fora, Minas Gerais – Brasil, e-mail: [email protected] (b UFRJ, Rio de Janeiro, Rio de Janeiro – Brasil, e-mail: [email protected] Resumo A revelação da espionagem norte-americana pelo ex-agente da NSA (National Security Agency), Edward Snowden (2013), propõe um amplo debate em torno da garantia dos direitos civis de privacidade e liberdade na rede. Tal tema reflete na discussão das formulações de políticas públicas que atuam como dispositivos para garantir às pessoas o direito à segurança na rede, no caso do Brasil, o Marco Civil da Internet (2014). Este artigo tem por objetivo entender como se deu a associação dos casos da revelação de espionagem e a votação da política de regulamentação da Internet no país pelo jornal O Globo. A proposta é tentar visualizar, a partir de coletas de reportagem do periódico, como se posiciona o Estado brasileiro neste contexto de discussão, como se estabelece a discussão sobre regulamentação e vigilância no país, levando-se em conta o intuito do Governo brasileiro em oferecer uma resposta ao Governo norte-americano sobre a quebra do sigilo das informações. Palavras-chave: vigilância, privacidade, espionagem norte-americana, marco civil da internet. Abstract The revelation of North American espionage by former NSA agent (National Security Agency), Edward Snowden (2013), proposes a wide debate around the warrant of civil rights of privacy and freedom on the network. This theme reflects the discussion of public policy formulations that act as devices to give people the right to security in the network, in the case of Brazil, the Marco 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios. 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil, p. 621. ISSN 2175-9596 MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 7 Civil da Internet (2014). This article aims to understand how was the association of intelligence revelation of spying cases and the vote on Internet regulatory policy in the country by the newspaper O Globo. The proposal is to to see, from the journal article collections, what is the position of Brazilian State in this context of discussion about the regulation and supervision in the country, taking into account the Brazilian government's intention to offer a response to the US Government about breaking the confidentiality of information. Keywords: Surveillance, Privacy, North American Espionage, Civil Framework Of Internet. INTRODUÇÃO A revelação da espionagem norte-americana pelo ex-agente da NSA (National Security Agency), Edward Snowden1, propõe um amplo debate em torno da garantia dos direitos civis de privacidade e liberdade na rede, principalmente pela necessidade de se criar dispositivos legais que garantam esta proteção aos usuários. Com base em reportagens do jornal O Globo, percebese que a movimentação do governo em prol da votação do Marco Civil da Internet em regime de urgência foi necessária para se dar uma resposta às denúncias de espionagem por parte da agência ligada ao governo dos EUA – principalmente na interceptação das chamadas telefônicas do celular da presidente Dilma Rousseff durante a campanha eleitoral de 2010 e também sobre informações estratégicas da Petrobras. Esta ação refletiu na criação do dispositivo que garantia a segurança na rede, e já era discutida por setores da sociedade civil. A discussão protagonizada por empresas, organizações e pessoas físicas da sociedade civil, principalmente com o amparo do Estado, vê como necessidade urgente a regulamentação da rede, sob os aspectos de garantia da liberdade de expressão, da neutralidade da rede, da proteção à privacidade e aos dados pessoais. A emergência das comunicações em rede possibilita aos sistemas de espionagem e vigilância exacerbar os limites geográficos e as fronteiras territoriais que antes legitimavam a soberania das nações. A proposta deste artigo é entender como o governo brasileiro, a partir da formulação de uma política para regulamentar o uso da Internet, intenta legitimar sua soberania ao mesmo tempo em 1 Analista de sistemas e ex-técnico da Agência Central de Inteligência (CIA), que se tornou conhecido no mundo em junho de 2013 ao denunciar a espionagem dos Estados Unidos em informações estratégicas sobre vários países, como o Brasil, obtidas a partir de rastreamento de e-mails e de ferramentas da internet, tanto do governo federal como de empresas estatais, atores políticos e cidadãos comuns. Suas denúncias foram reportadas pelo então jornalista do The Guardian, Glenn Greenwald, e a documentarista Laura Poitras, além do jornal The Washington Post. 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 8 que defende a liberdade dos indivíduos, sem deixar que os interesses econômicos sejam excluídos. À luz dos conceitos de segurança e vigilância, pretendemos descrever a repercussão da revelação de espionagem e a votação da política de regulamentação da Internet no país, a partir das reportagens do jornal O Globo2. Para tanto, foi realizado um levantamento sobre as reportagens publicadas neste periódico, em sua plataforma online, no período entre junho de 2013, quando se iniciou a publicação das denúncias de espionagem pelo jornal The Guardian, e abril de 2014, quando o Marco Civil foi sancionado pela presidente Dilma Rousseff na abertura do NET Mundial, em São Paulo (SP). Esse evento reuniu pesquisadores e representantes de instituições, entidades e governos de todo o mundo para a discussão sobre os princípios de governança da Internet. No período estabelecido para consulta, das 84 reportagens coletadas que abordam o debate sobre o Marco Civil ou a questão da espionagem, em 58 delas destaca-se o efeito de causa e consequência entre ambos os casos. As matérias foram separadas em planilha com todas as reportagens que tratavam da espionagem e do Marco Civil, sendo contabilizadas aquelas que tinham, no mesmo texto, menção a ambos os casos. A associação entre as denúncias de interceptação e a discussão do projeto de Lei é feita por meio dos depoimentos de pessoas ligadas ao governo, bem como pelo jornal - 3 das 58 matérias são editoriais assinados pelo O Globo, exigindo a aprovação do Marco Civil e uma postura do governo frente à espionagem, entre outras ações. Chama-se aqui de associação, a motivação que o governo teve para impulsionar a votação do Marco Civil, após as denúncias da espionagem, alimentando um embate ainda maior. Um dos pontos cruciais de divergências foi a tentativa de inclusão de centros de armazenamento de dados dos usuários dentro do próprio país, submetendo essas informações à legislação brasileira. A resistência surgiu principalmente por parte das empresas de telecomunicação e provedores de internet, que alegaram custos muito altos para esta implantação. A resistência também foi demonstrada por parte de ativistas, já que havia o risco de apropriação destes dados por parte do governo brasileiro. Nas reportagens analisadas, também são abordados os seguintes temas: o enfrentamento entre partidos na votação do Marco Civil no Congresso, a fim de destrancar a pauta de votação; o 2 Fundado em 1925, O Globo pertence às Organizações Globo, de propriedade da família Marinho. Segundo o Instituto de Verificador de Circulação (IVC), possui a terceira maior tiragem do país, sendo registrada a média de circulação de 260 mil exemplares diários em 2013. Acesso: www.oglobo.globo.com. 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 9 monitoramento de ligações de celulares pessoais de chefes de Estado, como a presidente brasileira Dilma Rousseff e a primeira ministra da Alemanha Ângela Merkel; a espionagem de dados da empresa brasileira Petrobras; o discurso da presidente Dilma na abertura da Assembleia da Organização das Nações Unidas (ONU), condenando a espionagem de nações amigas e cobrando a criação de um marco regulatório internacional para a rede; a recusa da própria presidente em fazer uma visita aos Estados Unidos da América (EUA) com honras de chefe de Estado; a cobrança de explicações pelo Ministério das Relações Exteriores brasileiro. O artigo apresenta, primeiramente, uma discussão acerca dos conceitos de vigilância, segurança e privacidade. Posteriormente, descreve como se deu a repercussão do caso na imprensa brasileira. Tal discussão é importante para o campo da Comunicação por observar como se constroem os jogos de poder no âmbito da regulamentação do espaço da Internet, onde hoje se concentram os fluxos de informação e dados, as trocas de mensagens e signos em forma de rede, em todo o mundo. A comunicação entre os usuários na rede é realizada por bits que são trocados em forma de pacotes. “Os roteadores da internet leem os cabeçalhos que existem nesses pacotes de bits para enviá-los da sua origem ao seu destino. Desse modo, um e-mail ou um vídeo são divididos em milhares de pacotes de bits” (Silveira, 2014 p. 245). Este tipo de processamento de dados é capaz de gerar os chamados logs de acesso, que registram datas, as coordenadas geográficas e o IP utilizado na conexão, os chamados metadados, circunscritos em categorias que permitem analisar as condutas dos emissores e receptores de mensagens. Segundo Lyon (2014), não se sabe o quão longe este rastreamento pode chegar, inclusive no monitoramento de outros países. Schneir (apud Lyon, 2014) afirma que isto mostra que, ao contrário de ser apenas colecionados, existe uma análise destes dados coletados e que este tipo de prática se configura, de fato, como vigilância. Como ele observa, enquanto as contas de mídia de massa se concentram no que os dados de vigilância estão sendo coletados, a questão mais importante é a forma como a NSA analisa os dados. Por um lado, os cerca de cinco bilhões de registros de telefone celular recolhidos pela NSA a cada dia, batendo em cabos que conectam redes móveis em todo o mundo podendo revelar dados pessoais sobre onde os usuários estão localizados em qualquer lugar do mundo. (Lyon, 2014, p. 3). Diante de um cenário em que a vigilância é sustentada por aparatos de última tecnologia, é também necessário entender a transição da sociedade disciplinar para a sociedade de controle. A 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 10 partir da ótica de Deleuze (1992), Lyon propõe uma abordagem sobre a vigilância que analisa a mudança nos papéis assumidos por vigias e vigiados. O autor explica que a vigilância a partir do Big Data não se fundamenta apenas sobre o corpo ou uma população, mas nas interações que se estabelecem no espaço online. Deleuze (1992) aponta para a transição de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle. Com base em uma releitura foucautiana, ele mostra como o filósofo concebeu os princípios de confinamento na sociedade moderna, capazes de propor mecanismos de poder a partir de organizações: prisão, hospital, fábrica, escola, família. Foucault, segundo o autor, sabia da efemeridade deste modelo, principalmente quando novas forças se instalaram lentamente, que se precipitariam após a Segunda Guerra Mundial. Deleuze (1992) considera que as sociedades de controle passam a substituir as sociedades disciplinares. Segundo ele, enquanto as últimas possuem dois polos - uma assinatura que indica o indivíduo e o número de matrícula que o posiciona numa massa-, a sociedade de controle estabelece uma cifra, uma senha, que marcam o acesso ou a rejeição à determinada informação. Distancia-se, portanto, da associação massa-indivíduo. “Os indivíduos tornaram-se “dividuais”, divisíveis, e as massas tornaram-se amostras, dados, mercados ou “bancos”. (…) O homem da disciplina era um produtor descontínuo de energia, mas o homem do controle é antes ondulatório, funcionando em órbita, num feixe contínuo” (Deleuze, 1992, p. 4). Lyon acrescenta à proposição de Deleuze (1992) de que a vigilância a partir do Big Data não se fundamenta apenas sobre o corpo ou uma população, mas nas interações que se estabelecem no espaço online. PARA ALÉM DO INTERESSE NACIONAL Em uma análise sobre o mundo pós-revelações da espionagem norte-americana, Bauman, Z. Bigo, D. Esteves, P., Guild, E., Jabri, V., Lyon, D., Walker, R. B. J (2014) afirmam que o debate sobre os interesses nacionais apontam para diferentes circunstâncias que desmontam a atual estrutura de garantia dos limites territoriais de soberania. O imenso aparato tecnológico faz emergir um cenário no qual não só os indivíduos comuns são monitorados, mas também os próprios chefes de Estado, a fim de interceptar mensagens de relevância estratégica em diversos campos, entre eles os econômicos e políticos. Além disso, as agências da Alemanha, Polônia, Suécia, Holanda, até mesmo a França atuam em conluio com a NSA para prospectar informações de interesse de determinada nação para além de seu território. Passa-se, então, ao que Bauman 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 11 (et. al, 2014) chama de sistema de vigilância transnacional, no qual não importa se o monitoramento é local ou estrangeiro. De acordo com os autores, a segurança nacional deixa de ser nacional em sua aquisição, podendo haver colisão entre dados colhidos por agências parceiras. “A digitalização cria grandes dados recolhidos a uma escala transnacional, borrando as linhas do que é nacional, bem como os limites entre a aplicação da lei e da inteligência” (Bauman et al., 2014, p. 125) . De acordo com Bauman (et al., 2014), a vigilância praticada em larga escala pela NSA não deve ser mais entendida apenas como um escândalo midiático, mas como uma transformação maior que afeta os limites da função de segurança nacional, devido à conjunção de três fatores interligados: transnacionalização, digitalização e privatização. Tal conjunto, segundo ele, “desafia a própria ideia de razão de Estado, conduzido por “estado” em que o governo determina os interesses nacionais e da segurança nacional e solicita os próprios serviços para operar em conformidade. Segundo os autores o conceito de razão de Estado é “cada vez menos encapsulado na fórmula de uma segurança nacional realizada pelos serviços de inteligência socializados em sigilo e responsabilidade pública, patriotismo e suspeita de serviços em outras nações” (Bauman et al., 2014, p. 126). A conclusão a que chegam é de que a coleta de informações que se estabelece para além das fronteiras tem dissociado a natureza discursiva e homogênea de interesses de segurança nacional. A partir da reconfiguração das novas tecnologias, profissionais – agentes públicos e privados produzem inteligência conforme seus interesses, desprezando os direitos de usuários da rede que podem limitar os seus projetos. Como consequência, aponta Bigo (2013), este modelo de vigilância transnacional tem desafiado a autoridade política de chefes de Estado que, dentro dos limites da ordem internacional, detinham o poder para definir os conteúdos de interesse nacional. Além disso, a vigilância transnacional passa a desafiar a autoridade de cidadãos, “reconfigurando as ideias de privacidade, o sigilo de comunicação, presunção de inocência e até mesmo a democracia” (Bauman et al., 2014, p. 126). VULNERABILIDADE E AMEAÇAS A força na qual se constitui o sistema de monitoramento por parte do governo norte-americano é justificada pelo risco ao qual a nação está submetida, principalmente as ações terroristas. Sobre a 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 12 necessidade de estabelecer um sistema de vigilância que se consolide pela quebra da criptografia e o desenvolvimento de alternativas para coleta de informações, a justificativa dada pela NSA é a de que a Internet passa a apresentar áreas de vulnerabilidade e, consequentemente, ameaças em potencial. O governo norte-americano passa, portanto, a contar com acesso a uma fonte de dados de indivíduos nos EUA e no mundo, e a oportunidade de vigiar atores maliciosos. (Hart et al., 2014). Chandler (2008) observa que a pressão por detectar e antecipar planos terroristas é forte. O aumento da vigilância se dá, segundo o autor, como uma “resposta previsível a um ataque terrorista”. Constrói-se, portanto, uma retórica de segurança, sob a qual se diz ser necessário “proteger os cidadãos cumpridores da lei, visando criminosos e terroristas” (idem, 2014, p. 2874). A tentativa de controlar o desenvolvimento da computação em rede reflete, segundo Hart, Jin e Feenberg (2014), um desejo de garantir o que é central para a segurança do Estado, a normalização da sociedade e o funcionamento produtivo. Os autores utilizam o conceito de governamentalidade3, de Foucault, pensando a vigilância como um instrumento de se “conhecer a população, tornando-a calculável e administrável” (Hart; Jin; Feenberg, 2014). Toda a argumentação acima apresentada tem como objetivo traçar as mudanças que hoje ocorrem de modo que se possa ampliar a discussão sobre as repercussões do caso Snowden para além de uma querela diplomática ou de segurança de Estado. Além disso, faz emergir questões para uma problematização sobre o estatuto da vigilância hoje, quando limites para o segredo se tornam tão frágeis e a relação entre usuários é tomada como forma de controle. A REGULAMENTAÇÃO NO BRASIL Diante da necessidade de se estabelecer um dispositivo que garantisse a privacidade das comunicações no país, o governo brasileiro buscou uma resposta política à espionagem, mobilizando o Ministério da Justiça de forma a incluir mecanismos de proteção no anteprojeto de lei que visava à regulamentação da Internet no país. No Brasil, a regulamentação da Internet engloba três eixos, levando em conta a discussão que se estabeleceu para a sua formulação: 3 Em Segurança Território e População (1978), Foucault explica a governamentalidade a partir de uma análise do poder pastoral, que se constrói no fim do século XVI e séculos XVII-XVIII. É a capacidade de governar as condutas dos homens, pensando a partir de uma transição na qual antes o governo se firmava sobre o território e então a passa a se estabelecer sobre as pessoas e as coisas. Para isso, foram implantados dispositivos de segurança que permitiam controlar a população, mensurando riscos e vulnerabilidades aos quais os governados estavam sujeitos. 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 13 liberdade de expressão, neutralidade da rede e privacidade. Proposta levantada inicialmente em 2007 pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), o Marco Civil da Internet foi incentivado pelo Ministério da Justiça em 2009, quando foi convocada pela Secretaria de Assuntos Legislativos a primeira fase do processo colaborativo para a construção do marco regulatório. Em 2011, foi enviado à Câmara dos Deputados como um projeto de lei pela presidente Dilma Rousseff, onde continuou sendo debatido por especialistas, entidades, entidades empresariais e ligadas ao governo no âmbito da plataforma e-democracia4. Com as revelações da espionagem norteamericana e a fim de propor uma resposta política à espionagem, foi publicado no Diário Oficial da União (DOU) do dia 11 de setembro de 2013 uma mensagem para a votação do dispositivo em regime de urgência, sob pena de trancamento da pauta do casa legislativa. Foram 29 adiamentos da votação do Marco Civil até ser votado no dia 25 de março de 2014. Posteriormente, o Marco passou à apreciação do Senado federal e foi votado em 23 de abril, inclusive recebendo críticas de senadores oposicionistas pela pressa em votá-lo. Foi sancionado na abertura do NET Mundial pela presidente, sendo inclusive elogiado pelo criador do World Wide Web (WWW), o físico britânico Tim Bernes-Lee, que o classificou de exemplo para o mundo (O Globo, 2013). Silveira (2014) afirma que o Marco Civil promoveu limites para a ação do governo, uma vez que envolveu a participação da sociedade civil em sua composição. Segundo ele, enquanto na maioria dos países intenta-se a ampliação de leis criminais, que favoreçam a ação do Estado diante da rede, a lei já em vigor delimita a ação das autoridades brasileiras. Embora o marco tenha tido a intenção de garantir a privacidade, a liberdade de expressão e o direito à conexão, Silveira afirma que sua votação transcorreu num ambiente “mundialmente obscuro”. Com a taxativa de que o ambiente cibernético oferecia riscos de práticas de terrorismo de toda a parte, os EUA começaram a exercer uma pressão internacional para a criação de leis de vigilância em todos os países do mundo e controle dos cidadãos no uso da comunicação digital. O autor considera que o Brasil age na contramão de uma onda vigilantista global que, segundo ele, empolga as elites econômicas e os aparatos de segurança dos Estados, no entanto, destaca que, embora com participação intensa de setores da sociedade civil no debate, dificilmente o dispositivo não teria sido “infectado por vetores de contaminação nascidos no ordenamento da exceção mundial” (Silveira, 2014, p. 244). 4 Plataforma que permite a participação da sociedade civil na formulação de políticas públicas, hospedada no site da Câmara dos Deputados. Acesso: edemocracia.camara.gov.br/ 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 14 Em observação aos princípios de garantia da privacidade, Silveira (2014) aponta dispositivos dentro do Marco Civil da Internet que visam à defesa de direitos da inviolabilidade de informação e armazenamento de dados sem o consentimento. O autor descreve o artigo 7, que expõe vedações à violação da privacidade, e o artigo 14, que veda às operadoras de telefonia e provedores de conexão armazenar os dados de navegação. No entanto, ele também denuncia alguns pontos contraditórios dentro da lei. No artigo 15, há uma abertura para a violação da privacidade, por ordenar que provedores de aplicações de internet armazenem os dados de usuários pelo prazo de seis meses. O armazenamento destes dados por empresas como o Facebook, Google, Twitter garante o agrupamento de informações por categorias, que podem ser vendidas aos “interessados em modular nossos comportamentos” (Silveira, 2014). Após esta breve revisão sobre o Marco Civil, buscaremos neste artigo, examinar, através de uma coleta de reportagens do jornal O Globo, como a imprensa brasileira descreve os processos de discussão sobre a privacidade dos usuários na rede. A intenção é visualizarmos de que forma o Estado brasileiro intervém neste sentido, pelo modo diplomático e pela criação de um dispositivo, em resposta à violação de dados pelo governo dos Estados Unidos (EUA). Cabe ressaltar que não se trata aqui de um recorte acerca do processo jornalístico em si, mas o uso de uma fonte que permite traçar este panorama. Além disso, a escolha de O Globo se justifica por ter sido o primeiro impresso brasileiro a reproduzir as denúncias apontadas pelo jornalista Glen Greenwald no The Guardian5, reportando os desdobramentos do caso. Esta é a primeira etapa de uma pesquisa em desenvolvimento que visa a entender como se travaram as disputas de poder na regulamentação de internet no Brasil. Após as denúncias de espionagem, o Governo pediu que a votação do Marco Civil da Internet fosse realizada em regime de urgência. Conforme destaca na reportagem “Após espionagem, Dilma pede urgência de votação do Marco Civil da Internet”, foi publicado, no Diário Oficial da União do dia 11 de setembro de 2013, uma mensagem ao Congresso formalizando o pedido, antes mesmo do Itamaraty receber uma resposta oficial dos Estados Unidos sobre as denúncias. A mensagem exigia que a votação fosse realizada em até 45 dias e recebeu o apoio do então presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN). Em conversa com a 5 Jornal britânico que publicou as primeiras histórias divulgadas por Edward Snowden, publicadas pelos jornalistas Greenwald e Laura Poitras. Chegou a sofrer ameaças por parte da agência de monitoramento britânica GCHQ. Em abril de 2014, foi premiado pelas matérias publicadas sobre a NSA. 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 15 presidente, o deputado federal Alessandro Molon (PT-RJ), relator da proposta, afirma que o interesse de Dilma era, para além de garantir os instrumentos como a neutralidade da rede e privacidade dos dados dos internautas brasileiros, tornar o Marco Civil “um instrumento eficaz contra quem usou indevidamente os dados das pessoas”. (O Globo, 2013). O deputado ainda revela na reportagem que uma reunião marcada para a semana seguinte com integrantes do governo proporia ajustes no texto. À época, ainda existia a discussão sobre a instalação de centrais de processamento e armazenamento de dados (data centers) no país como forma do “governo para impedir qualquer tentativa de espionagem e invasão de privacidade das comunicações do cidadão brasileiro” (O Globo, 2013 setembro 03). Na legenda da foto que ilustra a reportagem, o jornal afirma que a presidente encontra-se “um tanto amuada” com o assunto da espionagem. Mesmo com o pedido em regime de urgência, a votação da matéria enfrentou resistências para a sua votação no plenário da Câmara, sendo estes impedimentos destacados em 12 reportagens6, uma vez que o tema passou a ter destaque, já que estava entre os projetos de lei que precisariam ser votados para destrancar a pauta da casa. A partir do pedido de votação em regime de urgência, feito no início de setembro de 2013, das 84 matérias analisadas, 25 passaram a intensificar a relação do trâmite da matéria com a questão da espionagem norte-americana, sob o intuito de vincular a aprovação da regulamentação da internet como uma resposta do governo brasileiro às iniciativas de rompimento da soberania entre as nações. Assim, em novembro de 2013, esperavase que o projeto de lei fosse levada ao plenário para que ocorresse a votação. Nota publicada no dia 5, da agência Reuters, aponta que a votação “ganhou impulso e passou a ser prioridade do governo após denúncias de que a Agência de Segurança Nacional dos Estados Unidos teria espionado dados de comunicações de empresas, cidadãos e do governo brasileiros, inclusive da presidente Dilma Rousseff” (O Globo, 2013 novembro 5). A nota ainda diz que a presidente pede pela aprovação e faz pressão para que se inclua a exigência de que as empresas armazenassem os dados no Brasil. No trecho da nota que aborda os principais pontos do Marco Civil em tópicos, a 6 A votação encontrou obstáculos tanto dentro da própria base aliada do governo quanto à questão da privacidade. De acordo com a reportagem “Votação do Marco Civil deve demorar mais que o previsto” (09/07/2013), em menos de 24h depois do pedido de regime de urgência, já apareceram os conflitos tanto da base do governo quanto da oposição. A contestação envolvia principalmente interesses políticos e econômicos. A ministra das Relações Institucionais, Ideli Salvatti, disse à época que era preciso deixar os conflitos de interesse para terceiro ou quarto planos, a fim de usar o Marco Civil como uma reposta à espionagem norte-americana. 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 16 censura é um dos pontos abordados, destacando que o projeto “não prevê qualquer mecanismo que permita o controle da Internet pelo governo ou por qualquer outra pessoa” (O Globo, idem). Um dos pontos de maior representatividade política, que demonstrou a posição do Estado durante o processo de tramitação do marco, foi o discurso da presidente Dilma Rousseff na abertura da 43ª Assembleia Geral das Nações Unidas, em 24 de setembro, em Nova York. O Globo destaca as duras expressões da presidente em seu pronunciamento, classificando-as como um ato de condenação às práticas da espionagem pelo governo norte-americano, principalmente pela violação da soberania do país. Ao se referir à espionagem, a presidente diz que imiscuir-se desta forma na vida de outros países fere o Direito Internacional e afronta os princípios que devem reger as relações entre eles, sobretudo entre nações amigas. Jamais pode uma soberania firmar-se em detrimento de outra soberania. Jamais pode o direito à segurança dos cidadãos de um país ser garantido mediante a violação de direitos humanos fundamentais dos cidadãos de outro país. Não se sustentam argumentos de que a interceptação ilegal de informações e dados destina-se a proteger as nações contra o terrorismo (Rousseff, Dilma. O Globo, Mundo, 24/09/2013). Na mesma reportagem, O Globo destaca o cancelamento de uma viagem da presidente programada para outubro de 2013, quando Dilma seria recebida com honras de chefe de Estado nos EUA, alegando que o programa da NSA provocou “indignação” ao Brasil. Ainda na matéria, é destacada a reação do governo norte-americano em relação ao posicionamento do governo brasileiro. A repórter afirma que autoridades da delegação americana, entre elas o secretário de Estado John Kerry e a chefe do Conselho de Segurança Nacional, Susan Rice, só tomaram assento ao final do pronunciamento de Dilma. Quanto ao presidente Barack Obama, que faria o seu discurso em seguida a presidente brasileira, não se pode afirmar que tenha ouvido o discurso de Dilma, no entanto, chegou a mencionar o caso de forma breve, como o periódico descreve. Enquanto revisamos o emprego de nossas extraordinária capacidade militar de acordo com os nossos ideais, começamos a revisar a forma como coletamos inteligência para que equilibremos apropriadamente as legítimas preocupações sobre segurança de nossos cidadãos e aliados com as preocupações relativas à privacidade que todas as pessoas compartilham. Como resultado do nosso trabalho e da nossa cooperação com aliados e parceiros, o mundo está mais estável do que há cinco anos. Mas uma olhada nas manchetes de hoje indica que os problemas continuam - disse Obama, citando como exemplo o ataque terrorista no Quênia. (Obama, Barack. O Globo, Mundo, 24/09/2013). 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 17 Como solução para o impasse estabelecido na regulamentação da internet em todo o mundo, Dilma propõe a criação de um “marco civil multilateral para a governança e o uso da internet”, listando medidas que buscariam garantir a proteção ao tráfego de dados na rede mundial. Nesse sentido, a proposta, de acordo com a presidente, seria “impedir que o ciberespaço seja 'instrumentalizado como arma de guerra'” (O Globo, 2013). A iniciativa do Estado brasileiro se caracteriza como um reconhecimento da situação de quando já não há mais fronteiras que limitem a ação de determinada nação. Assim, a presidente sai em defesa do Direito Internacional e contra a violação dos direitos humanos, da soberania civil e das liberdades civis, pedindo a criação do marco civil multilateral. Dilma condena os atos de espionagem de nações amigas, afirmando que não se sustenta o argumento de que a “interceptação ilegal de informações e dados destina-se a proteger as nações contra o terrorismo” (O Globo, 2013 setembro 24). Da parte oposta, o governo norte-americano reconheceu, em parte, que os atos de espionagem, da forma como foram executados, talvez não fossem de todo corretos. O secretário de Estado norteamericano, John Kerry, disse abertamente em conferência em Londres, no mês de novembro de 2013, que os serviços de espionagem praticados pelos órgãos de inteligência talvez tenham “ido longe demais”, e prometeu que ações estavam sendo empreendidas para que os atos não voltassem a ocorrer no futuro. (O Globo, 2013 novembro 1). Kerry admitiu que ele e o presidente sabiam que algumas práticas vinham ocorrendo “no piloto automático, porque existe a tecnologia e a capacidade para isso”. Além disso, justificou novamente as medidas com base no discurso antiterrorista. “Na realidade, temos evitado que aviões sejam derrubados, que edifícios sejam explodidos e que pessoas sejam assassinadas porque fomos capazes de saber com antecedência desses planos. (…) Pessoas inocentes não estão sendo abusadas nesse processo, mas é um esforço para reunir informações” (Kerry, John. O Globo, 2013 novembro 1) Percebemos nos posicionamentos destacados no jornal que o governo brasileiro trabalha no sentido de garantia da privacidade, reforça Amadeu (2014), assim como o norte-americano assume as posturas de reforço do aparato de segurança e vigilância contra ataques terroristas (Hart, Jin e Feenberg, 2014), caracterizado nas falas do presidente Obama e do secretário de Estado norte-americano, John Kerry. A premissa do rompimento das barreiras transnacionais é evidente na fala de Dilma Rousseff quando ela questiona o respeito ao Direito Internacional e a 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 18 violação da soberania. Enquanto no Estado brasileiro, a defesa da privacidade e da proteção aos dados pessoais se sustentam nos discursos e nas práticas de elaboração do Marco Civil da Internet, no contexto norte-americano é visível a forma como o Estado ainda se aparelha para garantir um amplo mecanismo de controle que se estende sobre fronteiras geográficas e se estabelece continuamente numa forma de coleta de metadados e violação dos direitos à privacidade. É preciso observar também que, embora a postura seja de lutar pela garantia do direito à privacidade, a discussão no Brasil não se consolida em uníssono, havendo posturas divergentes inclusive dentro da própria base aliada do governo. O jornal destaca, ainda, divergências internas na funcionalidade do Marco Civil para se combater à espionagem. Em 30 de outubro, O Globo publicou uma matéria que trazia a opinião do senador Walter Pinheiro (PT-BA), o qual se mostrava desacreditado de uma ação mais incisiva do Marco Civil da Internet na proteção à privacidade. Em discurso na audiência pública da Comissão de Infraestrutura do Senado, ele aludia à dificuldade da chegada do projeto de lei à casa legislativa e disse “não acho que é o Marco Civil que vai resolver o problema da espionagem eletrônica no mundo” (O Globo, 2013 outubro 30), opondo-se aos princípios levantados no discurso da presidente Dilma Rousseff na Assembleia Geral da ONU. Ainda no texto do jornal, a fala do senador enuncia uma clara adesão do Estado à ideia de mostrar a resposta aos atos de espionagem praticados contra a presidente. “Ficam elegendo uns marcos muito mais como salvador da pátria do que para Marco Civil da Internet, é preciso ter cuidado com essas coisas” (O Globo, idem). Na fala do senador, fica claro como ainda a discussão sobre a internet demonstrava um embate de forças não somente entre ativistas contra oligopólios, como também exigia empenho do próprio governo para levar adiante a sua ação política, inclusive levantando opiniões divergentes em sua própria base. O texto foi aprovado na Câmara dos Deputados em 25 de março de 2014 e, no dia 22 de abril, no Senado Federal , sem alterações, o que causou a fúria de alguns parlamentares – Aécio Neves (PSDB) e Lindberg Farias (PT) entraram em atrito no plenário, quando o primeiro criticava o governo pela imediatividade da aprovação. De volta à Câmara, o texto foi novamente aprovado e sancionado pela presidente no dia 24 de abril, abrindo o NET Mundial. 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 19 CONSIDERAÇÕES FINAIS As reportagens publicadas pelo jornal O Globo permitem visualizar o desenrolar da aprovação do Marco Civil da Internet e a mobilização política, por parte do governo, que envolveu a regulamentação após as denúncias de espionagem. A partir dos fatos relatados, é possível entender a diferença de visão entre os governos brasileiro e norte-americano, no que tange à proteção da privacidade e riscos, mas principalmente entender o quanto uma política, que a princípio visava regulamentar a ação dos usuários da internet no cenário de emergência das redes, foi usada como uma resposta política para a espionagem. É preciso destacar que o recorte feito pelo jornal é de acompanhamento dos trâmites da votação do Marco Civil e também dos desdobramentos relacionados à espionagem. No entanto, para além do que apresentam as reportagens, é necessário entender que há uma discussão muito maior que tange à questão da segurança, principalmente pelo fato de envolver a interceptação de ligações telefônicas de uma presidente da república, além de dados sigilosos de uma empresa de capital misto internacional, a Petrobras. A cobertura jornalística é capaz de proporcionar a compreensão do processo, mas não finaliza a análise, devendo levar em conta também aspectos jurídicos, políticos e de produção legislativa. Além disso, apesar de ovacionado por especialistas e ativistas, é preciso questionar até que ponto o Marco Civil da Internet é eficaz no sentido de preservar a intimidade e a inviolabilidade das comunicações dos indivíduos. Pensando na forma como se estabelece a vigilância a partir da transposição das fronteiras, questionar até que ponto a jurisdição brasileira é capaz de ir, garantindo aos usuários a liberdade de expressão, a neutralidade da rede e o sigilo de seus dados e informações. Com a transformação de uma sociedade disciplinar para uma sociedade de controle, na qual os indivíduos também passam a ser observados em seus relacionamentos online e principalmente caracterizados por logs de acesso e senhas que fortalecem os aparatos tecnológicos de vigilância, cada vez mais prontos a interceptar sistemas em buscas de informações estratégicas e de controle. 3o Simpósio Internacional LAVITS: Vigilância, Tecnopolíticas, Territórios 13 à 15 de Maio, 2015. Rio de Janeiro, Brasil MAIA, Paulo; PINHEIRO, Marta. 20 REFERÊNCIAS Barbosa, F., & Luca, I de (2013). Em discurso na Assembleia Geral da ONU, Dilma condena espionagem americana. O Globo. 24/09/2013. 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