BORDERLINE – VIVENDO NO LIMITE DAS EMOÇÕES

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BORDERLINE – VIVENDO NO LIMITE DAS EMOÇÕES
BORDERLINE – VIVENDO NO LIMITE DAS EMOÇÕES
Entenda como é viver com o Transtorno Borderline e seus sintomas
Imagine o que é viver no extremo das emoções, onde um pequeno momento de
adversidade pode ser tão impactante a ponto de querer tirar a própria vida. Raiva,
ciúmes, apego afetivo, medo de rejeição e insatisfação pessoal são sentimentos que
sentimos em alguns momentos da vida. Porém, quando eles se tornam frequentes,
a ponto de atrapalhar as relações sociais e afetivas, podemos estar diante de um
caso de Transtorno da Personalidade Borderline (TPB).
O Borderline é um transtorno de personalidade com maior incidência em mulheres
(cerca de 80% dos casos), sendo responsável por 20% das internações psiquiátricas
e 10% dos atendimentos nos ambulatórios de psiquiatria.
“É um transtorno de personalidade relativamente comum (1,1 a 2,5%
da população adulta em geral), com enormes custos sociais, comparável
a esquizofrenia, alto risco de suicídio (cerca de 10% morrem por
suicídio) e considerável prejuízo para a vida da pessoa. Além de
explosões de fúria”, define a psicóloga clínica Marcia Pavani,
especialista em Terapia cognitivo comportamental.
De acordo com o Manual Diagnóstico e Estatística de Transtornos Mentais (DSM-V),
uma pessoa com transtorno de personalidade borderline pode apresentar os
seguintes sintomas: sensação constante de vazio; acessos injustificáveis de raiva;
alternância constante e extrema de humor; relações interpessoais intensas e
instáveis; comportamento impulsivo; ideias frequentes de suicídio ou automutilação
intencional; episódios de paranoia; autoimagem instável; e esforços desmedidos para
evitar um abandono verdadeiro ou imaginado.
Para simplificar, Marcia explica que o transtorno de personalidade boderline
(TPB) pode ser caracterizado pela notável instabilidade em muitos, senão em todos os
aspectos do funcionamento da pessoa, incluindo, relacionamentos, auto-imagem,
afeto e comportamento.
Borderline x Transtorno Bipolar
Os sintomas do TPB podem ser facilmente
confundidos com outro transtorno comum, o
bipolar. Contudo, a psicóloga explica que há
muitas diferenças entre eles, sendo
necessário fazer um bom diagnóstico clinico
e testes psicológicos. “O transtorno Bipolar é
um transtorno mental grave, recorrente e
incapacitante,
no
qual
ocorre
um
desequilíbrio
químico
no
cérebro.
Caracteriza-se por episódios de depressão e
mania durante os quais ocorrem mudanças
extremas no estado de ânimo, nas cognições
e nos comportamentos. O boderline é um
dos transtornos de personalidade, no qual há
um conjunto de comportamentos aprendidos e pensamentos que foram aprendidos
para lidar com uma infância traumática, por exemplo”, explica.
A especialista acrescenta que no transtorno bipolar podem aparecer características
emocionais dramáticas, mas normalmente em um episódio maníaco. Já no transtorno
Boderline, os pacientes possuem esse comportamento o tempo todo, com uma
tendência a automutilação e transtornos alimentares, além de ter um grande medo
de abandono. “Deve haver cuidado especial para que não haja uma confusão entre os
transtornos, pois os tratamentos são completamente diferentes”, adverte.
Diagnóstico:
O diagnóstico do Transtorno de Personalidade Borderline não é simples de ser feito.
A especialista explica que é feita uma entrevista clínica, seguindo os critérios
diagnósticos do DSM- IV, que investiga um padrão invasivo de instabilidade dos
relacionamentos interpessoais, auto-imagem e afeto e acentuada impulsividade, que
se manifesta no início da idade adulta e está presente em uma variedade de contextos
indicado por, no mínimo, cinco dos seguintes critérios:
- Esforço frenético no sentido de evitar um abandono real ou imaginário.
- Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado
pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização.
- Perturbação da identidade, instabilidade acentuada e resistente a autoimagem.
- Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais a própria
pessoa (ex. gastos financeiros, sexo, abuso de substância, direção imprudente,
comer compulsivo).
- Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou automutilante.
- Instabilidade afetiva, devida a uma acentuada reatividade do humor (ex. episódio
de intensa disforia, irritabilidade, ansiedade, geralmente durando algumas horas e
apenas raramente mais de alguns dias).
- Sentimentos crônicos de vazio.
- Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (Ex. demonstrações
frequentes de irritação, raiva constante, lutas corporais recorrentes).
- Ideação paranoide transitória e relacionada ao estresse ou a graves sintomas
dissociativos.
Tratamento:
A psicóloga explica que o tratamento do TPB se baseia em medicação e psicoterapia.
“Em alguns casos, em situação de maior risco, a internação psiquiátrica pode ser
recomendada”, explica.
A especialista explica que a medicação tem um papel menor no tratamento de TPB,
sendo responsável por promover uma melhor qualidade de vida. “Essa indicação seria
para melhorar as alterações de humor, depressão, ansiedade, raiva, problemas
impulsivos e sintomas psicóticos”.
A terapia cognitiva tem importante papel no tratamento do TPB. De acordo com a
especialista, durante o tratamento, são incentivadas práticas de exercícios físicos e
mudanças comportamentais. Além disso, o tratamento possui função acolhedora,
ajudando o paciente e o familiar a desenvolver habilidades para lidar com o
transtorno. “Com o passar dos anos, a chance de tentativas de suicídio diminui e o
paciente consegue controlar melhor as emoções, desde que faça o acompanhamento
médico e psicoterapêutico adequado”.
Família: apoio fundamental
O convívio com um border não é fácil. As constantes variações de humor, a
agressividade e impulsividade podem afetar qualquer ambiente familiar. Contudo, o
sucesso do tratamento depende do apoio da família. Dessa forma, é importante que
os familiares também façam um acompanhamento psicoterapêutico para aprender a
lidar melhor com o transtorno.
“É de grande importância a presença dos familiares durante o tratamento. É
importante para o familiar participar de uma psicoeducação para compreender
melhor os comportamentos e as dificuldades que o paciente apresenta, aprendendo
como se comportar e como ajudar nos momentos difíceis".
Fontes:
Manual para o tratamento cognitivo comportamental dos Transtornos
Psicológicos- 2003 – Editora santos
Terapia Cognitivo Comportamental na Prática Psiquiátrica – Paulo Knapp e
colaboradores. 2007- Editora artmed.
Terapia Cognitiva dos Transtornos de Personalidade – Aaron T Beck e
colaboradores,2005- editora artmed.

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