Janeiro de 2008 - res.ldschurch.eu

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Janeiro de 2008 - res.ldschurch.eu
A IGREJA DE JESUS CRISTO DOS SANTOS DOS ÚLTIMOS DIAS • JANEIRO DE 2008
A Liahona
MATÉRIA DA CAPA:
Aprender com
o Profeta Joseph,
p. 30
O Novo Tema da Mutual —
Permanecer Firmes e
Inamovíveis, p. 42
Pôster da Primária para Destacar
Janeiro de 2008 Vol. 61 Nº. 1
A LIAHONA 02281 059
Publicação oficial em português d’A Igreja de Jesus Cristo
dos Santos dos Últimos Dias
A Primeira Presidência: Gordon B. Hinckley,
Thomas S. Monson, Henry B. Eyring
Quórum dos Doze Apóstolos: Boyd K. Packer,
L. Tom Perry, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks,
M. Russell Ballard, Joseph B. Wirthlin, Richard G. Scott,
Robert D. Hales, Jeffrey R. Holland, Dieter F. Uchtdorf,
David A. Bednar, Quentin L. Cook
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A Liahona:
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Tradução: Edson Lopes
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“A Liahona”, um termo do Livro de Mórmon que significa
“bússola” ou “orientador”, é publicada em albanês,
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chinês, coreano, croata, dinamarquês, esloveno, espanhol,
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tcheco, télugo, tonganês, ucraniano, urdu e vietnamita.
(A periodicidade varia de uma língua para outra.)
A LIAHONA, JANEIRO DE 2008
P A R A O S A D U LT O S
2
18
25
30 O Profeta Joseph Smith,
um Mestre Extraordinário
26
30
37
38
44
37 Colocar Meu Casamento
Antes do Meu Orgulho
NA CAPA
Primeira Capa: Joseph no Bosque, de
A. D. Shaw, cortesia do Museu de
História e Arte da Igreja. Última Capa:
A Impressão do Primeiro Livro de
Mórmon, de Gary Smith.
48
Mensagem da Primeira Presidência:
O Mestre Construtor de Pontes
Presidente Thomas S. Monson
O Livro de Mórmon — O Grande Manancial da
Paz do Salvador Élder Neil L. Andersen
Mensagem das Professoras Visitantes: Jesus
Cristo Ensinou o Propósito da Vida na Terra
A Aula da Sociedade de Socorro Que
Transformou Nossa Família Nome omitido
O Profeta Joseph Smith, um Mestre
Extraordinário Élder Jay E. Jensen
Colocar Meu Casamento Antes do Meu
Orgulho Irene Eubanks
Sentir-Se “Em Casa” em Qualquer Ala
Kathryn P. Fong
Vozes da Igreja
Por Que Eu Estava Acordado às
3h da Manhã? Stan Byrd
Como Eu Poderia Ir à Igreja?
Alberto Bocca
O Livro com as Respostas
Alessandra Maria Pereira de Paula
Algo Que Eu Não Esperava
Aubrey Williams
Comentários
CAPA DE O AMIGO
Ilustração: Dilleen Marsh.
IDÉIAS PARA A NOITE FAMILIAR
Estas sugestões didáticas podem
ser usadas tanto na sala
de aula como em casa.
Você pode adaptá-las à
sua família ou à classe.
“Estabelecer Prioridades”,
p. 10. A atividade descrita a seguir serve
para ilustrar como
devemos estabelecer prioridades.
Se você e sua família ficassem, por
alguma razão, perdidos no meio do
deserto, quais seriam os 10 itens
mais necessários? Se você e sua
família ficassem perdidos espiritualmente, quais seriam os 10 itens
mais necessários? Compare as
duas listas. Leia em voz alta para a
família a seção “Uma Vida Baseada
em Convênios”. Discuta como
o fato de colocar as coisas do
Senhor em primeiro lugar
ajuda a ordenar as demais
prioridades.
“O Livro de
Mórmon — O Grande Manancial
da Paz do Salvador”, p. 18.
Mostre uma vasilha de água potável
e ofereça aos familiares. Discuta
como o nosso corpo necessita de
água e sente-se refeito depois de
bebê-la. Compare a água ao Livro
de Mórmon e nossa sede de paz
e verdade. Citando experiências
Em todas as edições deste ano, escondemos a gravura de um
anel do CTR para você achar. Quando procurar o anel — em
inglês, nesta edição — pense em como escolher o que é certo
ajuda você a seguir o plano do Pai Celestial.
O A M I G O — PA R A A S C R I A N Ç A S
A2
A4
PA R A O S J O V E N S
8
10
14
24
29
41
42
A6
O Menor dos Líderes?
Carlos Wilmer Mendoza Vásquez
Estabelecer Prioridades
Élder Won Yong Ko
Leí Esteve Aqui? David A. Edwards
O Livro em Muitos Idiomas
Duane E. Hiatt
Lista de Idéias: Saúde e Vigor
Pôster: Fique Firme
Firmes e Inamovíveis
Presidência Geral dos
Rapazes e das Moças
A8
A10
A13
A14
Vinde ao Profeta Escutar: A Luz de um
Novo Dia Presidente Gordon B. Hinckley
Tempo de Compartilhar: Minha Vida é
um Dom; Minha Vida Tem um Plano
Linda Christensen
Da Vida do Profeta Joseph Smith:
Nascido de Bons Pais
Eu Vou Ler o Livro de Mórmon Julie T. Rabe
Nós Que Unem Kristen Chandler
Página para Colorir
Fazendo Amigos: Um Missionário em
Formação — John Kay de Glenrothes, Fife,
Escócia Kimberly Webb
E N C A R T E : PA R A A S C R I A N Ç A S
Pôster: Sou Um Filho de Deus
A10 Nós Que Unem
A14 Um Missionário
em Formação
24 O Livro em
Muitos Idiomas
42 Firmes e
Inamovíveis
TÓPICOS NESTA EDIÇÃO
Os números representam a primeira página do artigo.
pessoais e histórias do artigo, analise as diferentes circunstâncias
onde podemos encontrar paz lendo
o Livro de Mórmon.
“A Aula da Sociedade de
Socorro Que Transformou Nossa
p. 26. Leia em voz alta a
história sobre a aula da Sociedade
de Socorro. Peça ajuda aos familiares para fazer duas listas: uma com
as “serpentes ardentes” que a família enfrenta e outra com coisas que
nos façam voltar ao Salvador em
busca de proteção. Discuta como
os itens da segunda lista podem
proteger a todos. Preste testemunho de que, ao manter a atenção
Família”,
focalizada no Salvador, você recebe
forças para lutar contra as serpentes
ardentes de sua vida.
“Nós Que Unem”, p. A10. Leia
em voz alta a história a partir
do ponto em que a mãe de Ryan
sugere que ele peça ajuda ao
bispo. Peça aos familiares que
dêem idéias sobre o que Ryan
poderia fazer. Conte o resto da história. Discuta como Ryan se sentiu
quando percebeu que a ala era sua
família e que o bispo estava lá para
ajudá-lo. Sugira aos membros de
sua família que escrevam bilhetes
de apreço e gratidão ao bispo ou
ao presidente do ramo.
A = O Amigo
Música, 47
Adoração, A2
Natureza divina, A4, A13
Amor, A2
Noite familiar, 1, 26
Bispos, A10
Obediência, 2, 45
Boas obras, 41, 42
Oração, 2
Casamento, 37
Paz, 18
Criar os filhos, 26, A6
Preparar-se para a missão,
8, A14
Diáconos, 8
Ensino, 1, 30
Primária, A4
Estudo das escrituras, 26
Prioridades, 10
Exemplo, 42
Professoras visitantes, 25
Firmeza, 41, 42
Propósito da vida, 25, A4
Integração, 8, 38
Saúde espiritual, 29
Jesus Cristo, 2
Serviço, 2, 8
Livro de Mórmon, O, 14,
Smith, Joseph, 30, A6
18, 24, 30, 46, A8
Mestres familiares, 2
Sussurros do Espírito, 44
Testemunho, 18
A L I A H O N A JANEIRO DE 2008 1
2
MENSAGEM DA PRIMEIRA PRESIDÊNCIA
O Mestre
Construtor de Pontes
P R E S I D E N T E T H O M A S S. M O N S O N
Primeiro Conselheiro na Primeira Presidência
DETALHE DE CRISTO EM EMAÚS, DE CARL HEINRICH BLOCH, CORTESIA DO MUSEU NACIONAL HISTÓRIA DE
FREDERIKSBORG, EM HILLERØD, DINAMARCA, REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA: BUSATH PHOTOGRAPHY
H
á muitos anos, li um livro chamado
A Rota para o Mar Ocidental, de
David S. Lavender. Trata-se de um
fascinante relato da épica jornada de
Meriwether Lewis e William Clark, que conduziram uma famosa expedição através do continente norte-americano para descobrir uma
rota por terra para o Oceano Pacífico.
Sua jornada foi um pesadelo, um trabalho
extremamente penoso: profundos desfiladeiros a serem cruzados e longas viagens a pé,
levando os barcos carregados de suprimentos
até encontrarem o próximo rio no qual
pudessem navegar.
Enquanto lia suas experiências, pensei
muitas vezes: “Que bom seria se eles tivessem pontes modernas para cruzar os desfiladeiros e águas turbulentas”. Lembrei-me
das magníficas pontes de nossa época, que
cumprem essa tarefa com facilidade: a bela
e famosa ponte Golden Gate, em São
Francisco, na Califórnia; a robusta ponte do
porto de Sydney, na Austrália; e outras pontes
de muitos países.
Na verdade, somos todos viajantes ou
mesmo exploradores da mortalidade. Não
temos o benefício da experiência pessoal
anterior. Precisamos atravessar precipícios
profundos e águas turbulentas em nossa
própria experiência aqui na Terra.
Talvez esse pensamento sombrio tenha
inspirado a poetisa Will Allen Dromgoole
em seu clássico poema épico intitulado
“O Construtor de Pontes”:
Um velho, caminhando sozinho pela
estrada,
Chegou de noite, fria e escura,
A um abismo, vasto, profundo e amplo,
Pelo qual passava um rio sombrio.
O velho atravessou na penumbra;
Sem temer o rio escuro;
Porém voltou-se, ao chegar em
segurança à outra margem,
E começou a construir uma ponte para
cruzar o rio.
Um peregrino que passava disse:
“Velho, está desperdiçando suas forças,
construindo aqui;
Sua jornada terminará no final do dia;
Nunca mais terá de passar novamente
por aqui;
Você cruzou o abismo, profundo
e amplo —
Por que construir uma ponte em meio à
penumbra?”
O construtor ergueu a cabeça grisalha:
“Meu bom amigo, pelos caminhos que
trilhei”, disse ele,
“Seguia-me hoje
Um jovem que terá de passar por aqui.
O abismo não foi difícil para mim,
Jesus Cristo foi o
supremo arquiteto e
construtor de pontes
para você, para mim
e para toda a humanidade. Ele construiu as pontes que
teremos de cruzar se
quisermos chegar ao
nosso lar celestial.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008
3
4
Mas para aquele jovem, pode ser uma
armadilha;
Ele também terá de cruzá-lo na
penumbra.
Bom amigo, é para ele que construo
esta ponte.”1
A mensagem do poema fez-me pensar e
consolou minha alma, porque nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo foi o supremo arquiteto e construtor de pontes para todos nós
e para toda a humanidade. Ele construiu as
pontes que teremos de cruzar se quisermos
chegar ao nosso lar celestial.
A missão do Salvador foi predita. Mateus
relata: “E dará à luz um filho e chamarás o
seu nome Jesus; porque ele salvará o seu
povo dos seus pecados”.2
Seguiu-se o milagre de Seu nascimento e a
reunião dos pastores que
correram para aquele
estábulo para ver a mãe com o filho. Até os
sábios que viajaram do Oriente seguiram a
estrela e colocaram seus preciosos presentes
diante do Menino.
As escrituras registram que Jesus “crescia,
e se fortalecia em espírito, cheio de sabedoria; e a graça de Deus estava sobre ele”3, e
que Ele “andou fazendo bem”.4
Pontes que o Salvador Construiu
Que pontes pessoais Ele construiu e cruzou aqui na mortalidade, mostrando-nos o
caminho a ser seguido? Ele sabia que a mortalidade estaria repleta de perigos e dificuldades, e declarou:
“Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei.
Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de
mim, que sou manso e humilde de coração; e
encontrareis descanso para as vossas almas.
Porque o meu jugo é suave e o meu fardo
é leve.”5
Jesus construiu a ponte da obediência.
Ele foi um exemplo perfeito de obediência
pessoal, ao guardar os mandamentos de
Seu Pai.
Quando foi conduzido pelo Espírito ao
deserto, Ele estava fraco por estar jejuando.
Satanás fez tudo o que pôde para seduzi-Lo
com suas propostas. Sua primeira oferta foi
satisfazer as necessidades físicas do Salvador,
inclusive Sua fome. A isso, o Salvador respondeu: “Está escrito: Nem só de pão viverá o
homem, mas de toda a palavra que sai da
boca de Deus”.6
Em seguida, Satanás ofereceu poder.
O Salvador respondeu: “Também está
escrito: Não tentarás o Senhor teu Deus”.7
Por fim, ele ofereceu ao Salvador riqueza
e glória terrenas. A resposta do Salvador foi:
“Vai-te, Satanás, porque está escrito: Ao
Senhor teu Deus adorarás, e só a ele servirás”.8
O Apóstolo Paulo foi inspirado pelo
Senhor ao declarar para os nossos dias, bem
VAI-TE, SATANÁS, DE CARL HEINRICH BLOCH, CORTESIA DO MUSEU NACIONAL DE HISTÓRIA EM FREDERIKSBORG, HILLERØD, DINAMARCA; DAS TREVAS PARA A LUZ, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH. REPRODUÇÃO PROIBIDA
J
esus foi um
exemplo perfeito de obediência pessoal ao
guardar os mandamentos de Seu Pai.
Sendo tentado no
deserto após um
longo jejum, Ele
respondeu: “Vai-te,
Satanás”.
como para os seus: “Não veio sobre vós tentação, senão humana; mas fiel é Deus, que não
vos deixará tentar acima do que podeis, antes
com a tentação dará também o escape, para
que a possais suportar”.9
Para que não nos enganemos, gostaria de
citar um comentário feito por Ted Koppel,
apresentador de telejornal, durante a de formatura de uma universidade: “O que Moisés
trouxe do Monte Sinai não foram Dez
Sugestões, mas, sim, Dez Mandamentos”!10
Há um humor sutil no relato de uma
conversa entre o escritor Mark Twain e um
amigo. O amigo rico disse a Twain: “Antes de
morrer, tenho a intenção de fazer uma peregrinação à Terra Santa. Subirei ao Monte Sinai
e lerei os Dez Mandamentos em voz alta”.
Twain respondeu: “Por que você não fica
em casa e cumpre os mandamentos?”
A segunda ponte que nos foi dada pelo
Mestre para cruzarmos foi a ponte do serviço. Olhamos para o Salvador como nosso
exemplo de serviço. Embora tenha vindo ao
mundo como o Filho de Deus, Ele serviu
humildemente às pessoas ao Seu redor. Ele
veio do céu para viver na Terra como homem
mortal e estabelecer o reino de Deus. Seu
glorioso evangelho mudou o modo de pensar
do mundo. Ele abençoou os enfermos, fez o
aleijado andar, o cego ver, o surdo ouvir. Até
mesmo devolveu a vida ao morto.
No capítulo 25 de Mateus, o Salvador nos
fala a respeito dos fiéis que estarão à Sua mão
direita, em Seu retorno triunfal:
“Então dirá o Rei aos que estiverem à sua
direita: (…) Vinde, benditos de meu Pai, possuí por herança o reino que vos está preparado desde a fundação do mundo;
Porque tive fome, e destes-me de comer;
tive sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me;
Estava nu, e vestistes-me; adoeci, e visitastes-me; estive na prisão, e fostes ver-me.
Então os justos lhe responderão, dizendo:
Senhor, quando te
vimos com fome, e te demos
de comer? ou com sede, e te demos de
beber?
E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te vestimos?
E quando te vimos enfermo, ou na prisão,
e fomos ver-te?
E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um
destes meus pequeninos irmãos, a mim o
fizestes.”11
O Élder Richard L. Evans (1906–1971), do
Quórum dos Doze Apóstolos, aconselhou
certa vez: “Não podemos fazer tudo para
todos em toda parte, mas podemos fazer
algo para alguém em algum lugar”.12
Gostaria de compartilhar com vocês uma
oportunidade de serviço que tive e que me
veio de modo inesperado e incomum. Recebi
um telefonema da neta de um velho amigo.
Ela perguntou: “Lembra-se de Francis Brems,
que foi seu professor na Escola Dominical?”
Respondi que sim. Ela prosseguiu, dizendo:
“Ele está hoje com 105 anos de idade. Mora
numa pequena casa de repouso, mas reúne
O
lhamos para
o Salvador
como nosso
exemplo de serviço.
Embora tenha vindo
ao mundo como o
Filho de Deus, Ele
serviu humildemente
às pessoas ao Seu
redor.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008
5
6
toda a família a cada domingo e lhes dá uma
aula da Escola Dominical. Domingo passado,
meu avô anunciou: ‘Meus queridos, vou morrer esta semana. Poderiam, por favor, ligar
para Tommy Monson e dizer-lhe isso? Ele
saberá o que fazer’”.
Visitei o irmão Brems na noite seguinte.
Não pude falar com ele, porque ele estava
surdo. Não consegui escrever uma mensagem para que ele lesse, porque ele estava
cego. O que eu poderia fazer? Foi-me dito
que a família se comunicava com ele pegando
o dedo de sua mão direita e traçando na
palma da mão esquerda o nome da pessoa
que o estava visitando e, depois, a mensagem
que desejavam passar. Segui o procedimento
e, tomando seu dedo, soletrei na palma de
sua mão: T-O-M-M-Y M-O-N-S-O-N. O irmão
Brems ficou entusiasmado e, tomando
minhas mãos, colocou-as sobre a cabeça. Eu
sabia que ele desejava uma bênção do sacerdócio. O motorista que me levara à casa de
saúde ajudou-me e impusemos as mãos
sobre a cabeça do irmão Brems e demos-lhe
a bênção que ele desejava receber. Depois,
lágrimas escorreram-lhe dos olhos que já
O Exemplo do Mestre
Nenhum relato a respeito da oração me
toca tão profundamente quanto a oração feita
Ó MEU PAI, DE SIMON DEWEY, CORTESIA DE ALTUS FINE ART, AMERICAN FORK, UTAH, REPRODUÇÃO PROIBIDA; FOTOGRAFIA: © GETTY IMAGES
E
le fez por nós
o que não
poderíamos
fazer por nós mesmos. Assim, a humanidade pode cruzar
a ponte que Ele construiu, e alcançar a
vida eterna.
não enxergavam. Ele segurou-nos as mãos
e lemos o movimento de seus lábios. Ele
dizia: “Muito obrigado”.
Naquela semana, como havia predito, o
irmão Brems morreu. Recebi o telefonema
e então me reuni com a família, quando os
preparativos para o funeral estavam sendo
realizados. Quão grato sou por não ter-me
demorado a prestar um serviço.
A ponte do serviço convida-nos a cruzá-la
com freqüência.
Por fim, o Senhor deu-nos a ponte da
oração. Ele ordenou: “Ora sempre e derramarei meu Espírito sobre ti e grande será
tua benção”.13
Compartilharei com vocês uma carta que
recebi de uma mãe falando a respeito da oração. Ela escreveu:
“Às vezes me pergunto se estou fazendo
alguma diferença na vida de meus filhos.
Particularmente, por criá-los sozinha e trabalhar em dois empregos para prover nosso
sustento, às vezes volto para casa e a
encontro em confusão, mas nunca perco a
esperança.
Meus filhos e eu estávamos assistindo à
transmissão da conferência geral pela televisão e o senhor falava a respeito da oração.
Meu filho disse: ‘Mãe, você já nos ensinou
isso’. Eu perguntei: ‘Como assim?’ Ele respondeu: ‘Você nos ensinou a orar e nos mostrou como fazer, mas aí, na outra noite, fui
até o seu quarto perguntar alguma coisa e vi
você de joelhos, orando ao Pai Celestial. Se
Ele é importante para você, então é importante para mim’.”
A carta terminava dizendo: “Creio que
jamais saberemos o tipo de influência que
estamos exercendo, até que um filho nos
observe fazendo o que lhe tentamos ensinar”.
por Jesus no Jardim do Getsêmani. Creio que a descrição
de Lucas é a melhor:
“[Jesus] foi (...) para o Monte das Oliveiras; e também
os seus discípulos o seguiram.
E quando chegou àquele lugar, disse-lhes: Orai, para
que não entreis em tentação.
E apartou-se deles cerca de um tiro de pedra; e,
pondo-se de joelhos, orava,
Dizendo: Pai, se queres, passa de mim este cálice;
todavia não se faça a minha vontade, mas a tua.
E apareceu-lhe um anjo do céu, que o fortalecia.
E, posto em agonia, orava mais intensamente. E
o seu suor tornou-se em grandes gotas de sangue,
I D É I A S PA R A O S
MESTRES FAMILIARES
Depois de se preparar em espírito de
oração, compartilhe esta mensagem,
utilizando um método que incentive a
participação daqueles a quem você
estiver ensinando. Seguem-se alguns
exemplos:
1. Providencie papel, lápis e canetas
para os membros da família e peça que desenhem uma ponte.
Faça uma breve introdução a respeito de cada uma das pontes
da mensagem, compartilhando algumas partes selecionadas
dos conselhos dados pelo Presidente Monson. Após identificar
cada ponte, convide os membros da família a escrever, acima
dos desenhos que fizeram, maneiras que podem utilizar para
cruzar aquela ponte. Se desejar, pergunte-lhes também quais
perigos e dificuldades tais pontes nos ajudam a vencer.
Incentive-os a escrever as respostas abaixo do desenho.
2. Traga um objeto ou gravura que represente cada uma
das pontes mencionadas na mensagem. Compartilhe um pensamento do Presidente Monson sobre cada uma das pontes e
testifique a respeito de como essas pontes têm abençoado
sua vida.
3. Leia em voz alta o poema citado na mensagem. Talvez
queira pedir aos membros da família que digam o que podem
fazer para construir pontes em benefício de outros. Conclua
citando as três pontes que o Senhor construiu para nós, e
como elas podem ajudar-nos em nossas tarefas diárias.
que corriam até ao chão”.14
No devido momento, veio a jornada até a cruz. Que
sofrimento Ele suportou ao seguir por aquele caminho
doloroso, carregando Sua própria cruz! Estas são as palavras que Ele proferiu: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem
o que fazem”.15
Por fim, Jesus declarou: “Está consumado. E, inclinando
a cabeça, entregou o espírito”.16
Esses acontecimentos, juntamente com Sua gloriosa
Ressurreição, completaram a construção da ponte final de
nossa trilogia: a ponte da obediência, a ponte do serviço,
a ponte da oração.
Jesus, o Construtor de Pontes, construiu uma ponte
sobre aquele imenso abismo que chamamos morte.
“Porque, assim como todos morrem em Adão, assim também todos serão vivificados em Cristo.”17 Ele fez por nós
o que não poderíamos fazer por nós mesmos. Assim, a
humanidade pode cruzar a ponte que Ele construiu, e
alcançar a vida eterna.
Concluo parafraseando o poema “O Construtor de
Pontes”:
“Você cruzou o abismo, profundo e amplo —
Por que construir uma ponte em meio à
penumbra?”
“Seguia-me hoje
Uma multidão que terá de passar por aqui.
O abismo não foi difícil para mim,
Mas para aquela multidão, pode ser uma
armadilha.
Eles também terão de cruzá-lo na penumbra.
Bom amigo, é para eles que construo esta ponte.”
Oro para que tenhamos a sabedoria e a determinação
de cruzar as pontes que o Salvador construiu para cada
um de nós. ■
NOTAS
1. James Dalton Morrison, ed.,
Masterpieces of Religious
Verse (1948), p. 342.
2. Mateus 1:21.
3. Lucas 2:40.
4. Atos 10:38.
5. Mateus 11:28–30.
6. Mateus 4:4.
7. Mateus 4:7.
8. Mateus 4:10.
9. I Coríntios 10:13.
10. Discurso na Formatura da
Universidade Duke, em 10 de
maio de 1987.
11. Mateus 25:34–40.
12. Richard Evans’ Quote Book
(1971), p. 51.
13. D&C 19:38.
14. Lucas 22:39–44.
15. Lucas 23:34.
16. João 19:30.
17. I Coríntios 15:22.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008
7
Um jovem diácono me ensinou — a
mim, seu bispo — o que o Salvador quis
dizer quando falou: “Porque aquele
que entre vós todos for o menor, esse
mesmo é grande” (Lucas 9:48).
C A R LO S W I L M E R M E N D O Z A V Á S Q U E Z
N
ossa ala precisava de um novo presidente do quórum de diáconos. Meus conselheiros e eu nos
ajoelhamos na reunião de bispado, como sempre
fazemos, para pedir a aprovação do Senhor quanto a esse
e a outros chamados.
Depois de receber a confirmação do Espírito, marquei
uma entrevista com Victor Leonardo Jiménez Gonzáles,
um jovem que acabara de fazer 12 anos e já servia como
secretário do quórum de diáconos.
Durante a entrevista, perguntei-lhe como se sentia a
respeito desse chamado de secretário.
“Estou preocupado, bispo”, foi sua resposta. “Estou
muito preocupado.”
“Por que está tão preocupado?”, perguntei-lhe.
“Bem, quero que todos os diáconos venham à Igreja.
Então, hoje cedo, quando vinha para cá, fui até a casa do
Nicholas e do Anthony e os acordei. Depois fui até a casa
do Jimmy e do Luis para trazê-los para a Igreja também.
Estou muito preocupado, bispo”, repetiu.
Fiquei surpreso com o que ele estava dizendo e com o
fato de aquele jovem de 12 anos, secretário do quórum de
diáconos, demonstrar tanta preocupação pelos outros
rapazes do seu quórum.
“Estou aqui para servir”, continuou, “e quero fazer o
que é certo, mas sou o menor dos líderes.”
8
“O que quer dizer com ‘o menor dos líderes’?”,
perguntei.
“Porque sou o secretário. Não sou presidente, ou um
dos conselheiros. Sou o secretário e, por isso, sou o menor
de todos. Mas os diáconos deveriam estar aqui e não estão;
por isso tenho de ir buscá-los, porque aqui é o lugar onde
deveriam estar. Não sei por que eles não vêm. Mas tenho
de ir buscá-los, bispo!”
Não pude mais conter as lágrimas e elas escorreramme pelo rosto. Com a voz embargada pela emoção, eu
disse: “Você me fez lembrar por que fui chamado para
servir como bispo. Recebi esse chamado para me preocupar com os outros, para visitá-los e servi-los, assim como
o rei Benjamin o fez. Precisamos servir ao próximo para,
assim, servir a Deus. Você não é o menor dos líderes.
Todos os que prestam serviço têm um grande valor para
o Pai Celestial e Sua Igreja”.
Ao ouvir essas palavras, ele acrescentou: “Foi isso que
aprendi com meu pai. E agora, ao ver o senhor chorando,
eu me lembro de uma vez, quando meu pai conversou
comigo — ele chorava também — ele disse: ‘Quando você
tem uma responsabilidade, deve fazer tudo corretamente’”.
As lágrimas refrigeraram-me a alma e as palavras do
jovem refrescaram-me a memória. Lembrei-me do grande
valor que têm os filhos do Pai Celestial, ao ver a importância que cada membro do quórum tinha para esse jovem.
Fiz-lhe, então, o chamado de presidente do quórum
dos diáconos, ao que ele respondeu: “Agora sim, vou trabalhar de verdade. Não vou desapontá-lo, bispo”.
Ainda hoje, tempos depois, meus olhos ainda se
enchem de lágrimas quando lembro aquela inesquecível
entrevista. Conheço o potencial divino desse jovem. Ele
tem os olhos firmes no futuro e uma visão clara do que
tem real valor. ■
ILUSTRAÇÃO: JOHN ABDEL ZAMUDIO ARQUINIGO
O MENOR
DOS LÍDERES?
ALMAS
GRANDIOSAS EM
QUALQUER IDADE
“A fim de sermos almas
grandiosas no céu, precisamos ser almas grandiosas também aqui.
Qualquer que seja nossa
idade, devemos ser líderes em retidão, líderes
ao cumprir nosso dever,
líderes ao aceitar responsabilidades, líderes na
excelência, líderes na
diligência, líderes na
bondade, líderes na
obediência, líderes no
exemplo. É tão importante para um presidente
do quórum de diáconos
ser um bom líder, quanto
o é para o Presidente da
Igreja, cada um em sua
esfera de atuação.
Nenhuma nação
teria um bom exército se somente
os generais fossem fiéis.”
Élder Sterling W.
Sill (1903–1994)
dos Setenta, “A
Personal Observation:
The Problem Is Always
the Same” [Observação
Pessoal: O Problema
É Sempre o Mesmo],
Ensign, março de 1973,
p. 36.
I
magine que você
está de um lado
de um riacho e do
outro lado está sua
felicidade eterna.
Você precisa de um
caminho de pedras
na vida para chegar
ao outro lado.
10
ESTABELECER
PRIORIDADES
É L D E R W O N YO N G KO
Dos Setenta
FOTOGRAFIAS DE HYUN GYU LEE
N
asci na Coréia. Fui criado por uma
família amorosa, e me tornei membro
da Igreja na adolescência. Gostaria de
compartilhar a experiência da minha conversão com vocês.
Meu colega e eu estudávamos juntos na
biblioteca da escola, logo depois das férias,
quando ele me perguntou se eu estaria interessado em ir à Igreja com ele. Perguntei de
que tipo de igreja ele estava falando, e ele me
contou que ficava próxima da nossa escola.
Ele disse que era muito divertida, e que lá
havia muitas moças. Eu tinha 16 anos na
época, e essa descrição da Igreja foi muito
atraente para mim. Decidi ir. Havia freqüentado a igreja presbiteriana por alguns anos,
durante o ensino fundamental, e tinham-me
ficado boas lembranças.
Meu amigo e eu participamos de uma
atividade no sábado, e todos vieram me
cumprimentar e dar boas-vindas. Fiquei
impressionado por eles serem tão gentis
e por cumprimentar um rapazinho que não
conheciam. Fui à Igreja no dia seguinte,
e fui apresentado aos missionários.
Os missionários me ensinaram sobre os
princípios básicos do evangelho, sobre Jesus
Cristo e sobre a Restauração do evangelho
por meio do Profeta Joseph Smith. Todas as
lições que me foram ensinadas eram razoáveis e lógicas, e eu fiquei impressionado
com o progresso eterno e o plano de salvação. Sempre havia pensado sobre o propósito de estar aqui na Terra e sobre o que me
esperava depois da morte. Foi confortador
saber que, se eu fizesse tudo que estivesse
ao meu alcance, o Salvador faria o resto.
Dois meses mais tarde, quis ser batizado e
confirmado, mas precisava da autorização dos
meus pais. Eles eram budistas e confiavam
em mim. Decidi que seria melhor pedir primeiro para minha mãe. Então, pedi aos missionários que fossem a minha casa durante
o dia. Antes de ir para a escola, eu disse para
minha mãe que talvez alguns estrangeiros
viessem lhe pedir algo e que ela deveria simplesmente dizer sim. E então eu corri para a
escola. Quando voltei, minha mãe me disse
que ela fora visitada por dois bonitos rapazes
americanos. Contou que eles falavam muito
bem o coreano, e que ela ficou tão bem
impressionada, que disse sim. Dessa forma,
consegui a autorização dos meus pais para
me tornar membro da Igreja.
Foi confortador
saber que, se eu
fizesse tudo que
estivesse ao meu
alcance, o Salvador
faria o resto.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 11
Q
uando somos
batizados,
fazemos um
convênio, que é o início da nossa vida no
evangelho. Nossa
vida é alicerçada em
convênios. O Pai
Celestial espera que
sejamos fiéis aos convênios que fazemos e,
quando assim procedemos, Ele é fiel ao
convênio que fez de
nos abençoar.
12
Uma Vida Baseada em Convênios
Quando somos batizados, fazemos um
convênio, que é o início da nossa vida no
evangelho. Fazemos e renovamos outros
convênios durante nossa vida, como partilhar
do sacramento ou, para os rapazes, receber
o sacerdócio. Nossa vida é alicerçada em convênios. O Pai Celestial espera que sejamos
fiéis aos convênios que fazemos e, quando
assim procedemos, Ele é fiel ao convênio
que fez de nos abençoar.
A mensagem que eu gostaria de transmitir
a vocês, jovens, é a de estabelecer prioridades, de entender os convênios que fazem e
de serem fiéis a esses convênios, quando for
requerido que façam sacrifícios. Enquanto
forem fiéis e tiverem uma perspectiva eterna,
o Senhor vai abençoar vocês, não só no
futuro, mas durante a sua vida na Terra.
Por exemplo, enquanto estava no ensino
médio, decidi que não estudaria aos domingos. Eu estudaria até a meia-noite de sábado e
então pediria a minha mãe que me acordasse
cedo no domingo de manhã. Santifiquei o
Dia do Senhor. Algumas vezes me senti um
pouco desconfortável por saber que meus
colegas de escola estavam estudando durante
o dia inteiro. Na Coréia, cursar uma boa universidade é um objetivo sério. Mas, mesmo
que tivesse um teste na segunda-feira, eu não
estudaria no domingo. Como eu tinha um dia
a menos de estudo, precisava ter maior concentração nos outros dias. Por causa disso,
acho que fiz melhor uso do meu tempo de
estudo. No final, fui um dos melhores alunos
do ensino médio na escola e consegui entrar
para uma das mais prestigiadas universidades
coreanas.
Trabalhei por 28 anos para a IBM na Coréia. Durante
esse período, também servi em muitos cargos na Igreja:
secretário executivo, sumo conselheiro e presidente da
estaca; representante regional e Setenta de Área. Sempre
tentei equilibrar as prioridades entre família, trabalho, chamados na Igreja e tempo para mim mesmo. E sempre fui
capaz de fazer o que precisava ser feito.
Como representante regional e Setenta de Área, devia
visitar Salt Lake duas vezes ao ano, por causa da conferência geral e, como executivo no trabalho, descobri que
o afastamento do escritório por mais de uma semana
não era algo fácil. Estava decidido a fazer a viagem, e o
presidente da empresa me conhecia e confiou em mim,
quando eu disse que a situação estaria sob controle.
Quando estabelecemos prioridades, podemos gerenciar
nossos problemas. Não gosto de colocar em risco minhas
crenças por causa de promoções no trabalho. Uma vez
que você tenha se decidido, seu coração ficará tranqüilo,
pois você está fazendo o que é certo. Cumprir seus compromissos ou convênios não é fácil e requer muito sacrifício; mas, quando o fazemos, as bênçãos que recebemos
são muito maiores do que o que sacrificamos.
FOTOGRAFIA DO BATISMO: COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS
Caminho de Pedras
Uma vez que nos concentramos na Igreja e nos princípios do evangelho, podemos aplicar os mesmos princípios
no que quer que façamos, e podemos ter o apoio do
Senhor e ser abençoados.
Olhos Fitos na Glória de Deus
Uma das minhas escrituras favoritas é D&C 4:5, que fala
sobre qualidades de liderança. Ela menciona ter “os olhos
fitos na glória de Deus”. Onde quer que eu sirva na Igreja,
sempre me pergunto: Onde está o meu foco? Será que
estou procurando especificamente a glória de Deus, e
nada mais?
Imagine que você está de um lado de um riacho e do
outro lado está sua felicidade eterna. Você precisa de um
caminho de pedras na vida para chegar ao outro lado. Por
exemplo, decida servir como missionário de tempo integral, casar-se no templo e ter uma família. Enquanto se
prepara para cada um desses acontecimentos, você estará
no caminho certo para atingir a meta principal.
Quando o Templo de Seul Coréia foi anunciado, ficamos muito felizes. Sabíamos que, sem ele, não poderíamos ter a vida plena no evangelho. Demorou um pouco
para ser terminado, mas as bênçãos do templo aprofundaram ainda mais nas pessoas as raízes do testemunho e da
fé. Ao freqüentá-lo, elas se tornam mais comprometidas
com o evangelho e permanecem no caminho para atingir
sua meta principal.
Por esse motivo eu exorto vocês, jovens, a estabelecerem caminhos de pedras intermediários em sua vida, que
ajudarão e protegerão vocês. Sei que, se formos fiéis aos
nossos convênios, nossa vida será mais proveitosa e seremos abençoados. ■
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 13
Leí Esteve
Aqui?
Mar
Mediterrâneo
DAV I D A . E DWA R D S
Revistas da Igreja
JORDÂNIA
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O vale de Lemuel
e o rio Lamã
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Naom
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RÉIA
Livro de Mórmon descreve uma
imagem vívida das aflições e alegrias que Leí e sua família sentiram ao deixar seu lar em Jerusalém e viajar
através do deserto. Quando o lemos, temos
a impressão de que conhecemos as experiências deles e nos identificamos com elas.
Embora não consigamos traçar a rota exata
que seguiram, podemos ao menos ter uma
idéia das regiões por onde Leí e sua família
viajaram e, com esse conhecimento, sentir
uma gratidão ainda maior pelas coisas que
eles tiveram de passar. Pesquisas recentes nos
mostram com mais clareza algumas dessas
regiões e as condições com que o grupo de
Leí teria se deparado.1
I R AQ U E
Jerusalém
IÊMEN
NOTAS
1. As informações contidas nesse artigo foram extraídas das publicações abaixo, do Neal A. Maxwell Institute for Religious Scholarship
[Instituto Neal A. Maxwell de Bolsas de Estudo de Religião]. Ver
www.maxwellinstitute.byu.edu:
• Journal of Book of Mormon Studies, vol. 15, n° 2 (2006).
• S. Kent Brown e Peter Johnson, editores, Journey of Faith:
From Jerusalem to the Promised Land (2006).
• Journey of Faith (DVD, 2005).
• George D. Potter, “A New Candidate in Arabia for the ‘Valley
of Lemuel,’” Journal of Book of Mormon Studies, vol. 8, n° 1
(1999), pp. 54–63.
14
M
Ar
ar
áb
ico
Depois de sair de Jerusalém, a família de Leí
chegou a um lugar a que deram o nome de “vale
de Lemuel” (1 Néfi 2:14). Esse lugar localizava-se
no extremo nordeste do Mar Vermelho, a três dias
de viagem de Jerusalém (ver 1 Néfi 2:5–6). O vale
ficava “à margem de um rio de águas”, que estava
“continuamente correndo” (1 Néfi 2:6, 9), ao
qual Leí denominou Lamã. Leí disse que o vale
de Lemuel era “firme, constante e imutável”
(1 Néfi 2:10).
Acima e abaixo: Este wadi, ou pequeno vale,
chamado Tayyib al-Ism, é típico nesta área. Nele
encontramos talvez o único rio que ainda corre o
ano todo na região. As paredes de
puro granito deste cânion são
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impressionantes e fazem bastante
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Acima: O rio Lamã desaguava
sombra em uma região onde a
no Mar Vermelho (ver 1 Néfi 2:8).
temperatura geralmente chega a
Aqui vemos onde o Wadi Tayyib
mais de 43°C durante o verão.
al-Ism encontra o Mar Vermelho.
EMIRADOS
ÁRABES UNIDOS
OMÃ
A família de Leí continuou sua jornada, “tomando o mesmo
rumo do princípio” por “muitos dias” (1 Néfi 16:33). Então,
Ismael morreu e “foi enterrado no lugar chamado Naom”
(1 Néfi 16:34). O local aqui fotografado fica na região por
onde esse grupo viajou e que, há muitos anos, é chamado
por diferentes variações associadas ao nome Naom.
À direita: Há poucos anos, arqueólogos descobriram estes altares
de pedras, onde se vêem inscritos os contornos do nome Naom
(ver inserção com letras destacadas eletronicamente), que datam
dos séculos VI ou VII a.C., época de Leí.
MAPAS: MOUNTAIN HIGH MAPS, EXCETO QUANDO INDICADO; À ESQUERDA: ILUSTRAÇÃO:
JOSEPH BRICKEY; INSERÇÃO: MAPA: JERRY THOMPSON; FOTOGRAFIAS: JUSTIN ANDREWS,
WARREN ASTON, S. KENT BROWN, KIM HATCH, DAVID LISONBEE E GEORGE POTTER,
EXCETO QUANDO INDICADO.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 15
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Abundância
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IÊMEN
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RÉIA
AS TESTEMUNHAS DO LIVRO
DE MÓRMON
“O poder do Espírito Santo (...) deve ser
sempre a principal fonte de evidência da
veracidade do Livro de Mórmon. Todas
as outras provas devem ser subseqüentes
(...). Nenhuma evidência por mais bem
preparada que seja; nenhum argumento,
por mais bem apresentado que seja, pode
tomar o lugar dele (...) [Porém,] assim
como causas secundárias em fenômenos
naturais, as evidências secundárias em
apoio à verdade podem ser elementos
poderosos e de grande valia na
realização dos propósitos de Deus.”
Élder B. H. Roberts (1857–1933) dos Setenta, New
Witnesses for God, 3 vols. (1909), vol. 2: pp. vii–viii.
M
Ar
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áb
ico
Nos rochedos aqui fotografados há
colméias de abelhas.
Embora o trajeto exato que a família de Leí fez não
nos seja conhecido, é muito provável que eles tenham
cruzado estas terras areentas ao viajarem pelo deserto
entre Naom e Abundância. Essa parte da jornada deve
ter sido particularmente difícil para eles.
16
Ao partir de Naom, a família de Leí “dali em diante, [viajou] na direção aproximada do leste. E [viajaram] e [passaram] por muitas aflições no deserto” (1 Néfi 17:1).
Seguindo rumo ao leste, o grupo de Leí supostamente
atingiu a costa sudeste da Península Arábica. Alguns lugares
ao longo dessa costa são mostrados aqui. Não é de se admirar que, após terem atravessado uma terra estéril e desolada,
eles tenham chamado esse local de Abundância, “por causa
das muitas frutas e também do mel silvestre” (1 Néfi 17:5). ■
Em Abundância, Néfi “ia freqüentemente à
montanha e orava freqüentemente ao Senhor”
(1 Néfi 18:3). O cume da montanha mostrado aqui
representa o lugar onde Néfi provavelmente ia orar
ao Senhor e receber instruções.
Alguns lugares ao longo da
costa sudeste da Península
Arábica possuem pequenas
áreas de vegetação, que
se destacam em meio ao
deserto.
Árvores frutíferas,
inclusive figueiras, ainda
crescem na região.
Um exemplo moderno de barcos construídos nessa
região. Abundância é onde Néfi construiu um barco
usando ferramentas feitas de “metal que [ele fundiu]
da rocha” (1 Néfi 17:16). O barco foi feito de “madeiras
[trabalhadas] de modo esmerado” (1 Néfi 18:1). Nessa
região há dois depósitos de minério de ferro, assim como
muitas árvores que poderiam ser usadas na construção
de barcos.
À ESQUERDA: FOTOGRAFIA DA RÉPLICA DAS PLACAS: WELDEN C. ANDERSEN; ILUSTRAÇÃO
DO BARCO: JOSEPH BRICKEY; INSERÇÕES: FOTOGRAFIA DAS ABELHAS: IROCHKA ©
FOTOLIA; DETALHE DE VISÃO DE NÉFI: CLARK KELLEY PRICE; FOTOGRAFIA DA FIGUEIRA:
RICHARD L. W. CLEAVE
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 17
O Livro de Mórmon
O GRANDE MANANCIAL
DA PAZ DO SALVADOR
ÉLDER NEIL L. ANDERSEN
Da Presidência dos Setenta
FOTOGRAFIA: MATTHEW REIER, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS
E
m 2004, antes da rededicação do
Templo de São Paulo Brasil, as portas
do templo foram abertas para líderes
proeminentes do governo, do meio empresarial e do ensino. Enquanto acompanhava
um líder de grande renome eleito pelo
povo, na visita ao templo, percebi que ele
estava muito concentrado. Somente fui
capaz de entender completamente o porquê de sua atenção quando chegamos à
sala de selamento, ao final de nossa visita.
Num tom solene, ele disse: “Sr. Andersen,
quero contar-lhe algo a respeito de minha
família. Meu filho mais velho faleceu há cinco
anos, aos 35 anos, vítima de câncer. Nos
meses finais de sua vida, ele não conseguia ter
paz. Ele se mostrava nervoso, perturbado e
preocupado com sua família, sua vida e com
tudo o que o aguardava. Ciente da situação de
meu filho, um amigo meu, que é membro de
sua Igreja, deu-me um exemplar do Livro de
Mórmon e sugeriu que eu o compartilhasse
com meu filho.
Para mim, foi um milagre ver o efeito que
o livro causou em meu filho. Ele o leu avidamente, anotando suas observações e idéias
nas margens do livro. Sua preocupação e sua
ansiedade desapareceram. Ao ler o Livro de
Mórmon, ele sentiu uma enorme paz.
Quando morreu, o livro estava a seu lado.
Sou muito grato pela paz que o livro lhe
trouxe”.
Vivemos na época, há muito profetizada,
em que a paz seria retirada da terra: “E
naqueles dias se ouvirá de guerras e rumores de guerras e toda a Terra estará em
comoção e o coração dos homens falhará”
(D&C 45:26). Não falamos apenas do conflito entre as nações, mas também do ritmo
e frenesi das cidades modernas, da distração causada pela mídia e pela tecnologia,
da obsessão pelos bens materiais, da incerteza da estabilidade econômica e da turbulência causada pela mudança de valores.
Ansiamos pela paz.
As palavras do Salvador são muito convidativas: “Deixo-vos a paz, a minha paz vos dou;
não vo-la dou como o mundo a dá. Não se
turbe o vosso coração, nem se atemorize”
(João 14:27).
Você anseia por mais paz em sua vida e
para sua família? Mudaria algo em sua vida,
se pudesse ter mais da paz do Salvador?
O Livro de Mórmon é um manancial de
paz para a alma sedenta. Ele é um grande
manancial da paz do Salvador. O prefácio
do Livro de Mórmon explica que o livro nos
ensina o que devemos fazer “para ganhar
paz nesta vida e salvação eterna no mundo
vindouro” (grifo do autor).
Precisamos apenas nos
achegar ao Livro de
Mórmon, em espírito
de oração e com fé,
e a paz do Salvador
permeará a nossa
busca.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 19
D
o início ao fim
do Livro de
Mórmon,
“falamos de Cristo,
regozijamo-nos em
Cristo, pregamos a
Cristo, profetizamos
de Cristo (...) para
que nossos filhos
saibam em que fonte
procurar a remissão
de seus pecados”.
20
Contar as maneiras como o Livro de
Mórmon traz paz à alma é como contar os
grãos de areia da praia. Permitam-me examinar algumas das maneiras, para que vocês
multipliquem a lista acrescentando suas próprias experiências.
A Paz Advinda da Fé em Jesus Cristo
Do início ao fim do Livro de Mórmon “falamos de Cristo, regozijamo-nos em Cristo, pregamos a Cristo, profetizamos de Cristo (...)
para que nossos filhos saibam em que fonte
procurar a remissão de seus pecados” (2 Néfi
25:26). Mais da metade dos versículos no
Livro de Mórmon refere-se ao Salvador
ou fala Dele.1
Ano após ano, geralmente na época da Páscoa
e do Natal, as revistas ao
redor do mundo fazem
as perguntas: Quem
foi Jesus Cristo? Ele
realmente existiu? As
palavras da Bíblia
são autênticas?2 No entanto, sabemos que a
Bíblia está correta. Mórmon declarou: “Este
[o Livro de Mórmon] é escrito com o propósito de que acrediteis naquele [a Bíblia]”
(Mórmon 7:9).
Quando servi como missionário na
Europa, no início dos anos 70, começávamos nossas mensagens falando a respeito
da Apostasia, porque a divindade de Cristo
geralmente era aceita. Quando retornei
como presidente de missão, vinte anos mais
tarde, a ênfase de nossos ensinamentos
havia mudado, porque a crença em Jesus
como o Filho de Deus — que deu a vida
por nossos pecados e ressuscitou no terceiro dia — havia diminuído de modo
considerável. A importância de nosso testemunho a respeito de Jesus Cristo como o
Filho de Deus é cada vez maior, não apenas
na Europa, mas no mundo todo.
Uma das bênçãos de nosso tempo e do
futuro é que podemos levar nossa mensagem
a tantas pessoas que não sabem quase nada a
respeito de Jesus Cristo e Sua missão. O Livro
de Mórmon está repleto do
testemunho de que Jesus é o
Cristo, testemunho esse que
traz, em si mesmo, grande
paz àqueles que o aceitam.
Nos capítulos que antecipam a vinda do Messias,
aprendemos a respeito de
Seus propósitos, de Suas
promessas e de Seu poder
curador. Aprendemos a respeito das profecias concernentes a Sua vida e aos
milagres ocorridos nas
Américas na época de Seu
nascimento.
Depois de Sua ressurreição, Ele declarou: “Eis que eu
sou Jesus Cristo, cuja vinda ao
mundo foi testificada pelos
profetas” (3 Néfi 11:10).
ESQUERDA: FOTOGRAFIA: CHRISTINA SMITH, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS; DIREITA: FOTOGRAFIA: JED A. CLARK; INSERÇÃO: JOSEPH SMITH TRADUZ O LIVRO DE MÓRMON, DE DEL PARSON.
O Livro de Mórmon é uma manifestação física da missão
divina do Profeta Joseph Smith.
Sentimos o amor que Ele tem por nós: “Tenho compaixão
de vós; minhas entranhas estão cheias de misericórdia”
(3 Néfi 17:7). “Bem-aventurados sois por causa de vossa fé.
E agora, eis que é completa a minha alegria” (3 Néfi 17:20).
Nós O vemos em Sua majestade, como nosso Salvador, o
Rei dos reis.
Desse testemunho do Livro de Mórmon, confirmado
pelo Espírito, flui uma indescritível paz espiritual, que nos
assegura que Jesus Cristo é de fato “a ressurreição e a vida”
(João 11:25) e que nossa paz eterna será ao lado Dele.
A Paz que Vem do Testemunho da Restauração
O Livro de Mórmon é uma manifestação física da missão
divina do Profeta Joseph Smith. Temos o livro em nossas
mãos. Podemos tocá-lo. Podemos lê-lo.
Como alguém poderia acreditar que esse livro foi
escrito por Joseph Smith? Emma, sua esposa, registrou:
“Joseph (...) não era capaz de escrever nem ditar uma carta
coerente e bem enunciada, muito menos ditar um livro
como o Livro de Mórmon. E, apesar de eu ter sido uma
participante ativa no desenrolar dos fatos, tudo é maravilhoso para mim, ‘uma obra maravilhosa e um assombro’,
assim como o é para todos os demais”.3
Nenhuma explicação para o surgimento do Livro de
Mórmon, exceto o relato de Joseph Smith (ver Joseph
Smith — História 1:29–60),
teve qualquer credibilidade. Homens honestos testificaram, de boa vontade, ter segurado as placas que lhes
foram mostradas por um anjo de Deus — um testemunho
que jamais negaram. E mais importante ainda, o Livro de
Mórmon traz em si a promessa de que, se pedirmos a
Deus com sinceridade, tendo fé em Cristo, Ele nos manifestará a verdade do livro pelo poder do Espírito Santo
(ver Morôni 10:3–5).
O seguinte testemunho do Livro de Mórmon confirma
“que Jesus Cristo é o Salvador do mundo, que Joseph
Smith é o seu revelador e profeta nestes últimos dias e
que A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias
é o reino do Senhor restabelecido na Terra, em preparação para a segunda vinda do Messias” (introdução do
Livro de Mórmon).
Tenho visto o poder do Livro de Mórmon trazer um
testemunho da Restauração a milhares de pessoas ao
redor do mundo. Tenho ouvido as experiências em vários
idiomas, visto a devoção em culturas diferentes e sinto-me
maravilhado ao perceber a consistência que tem a paz trazida pelo Livro de Mórmon. Ele é verdadeiramente “uma
obra maravilhosa e um assombro” (2 Néfi 25:17).
Eu servia como missionário na França, quando testemunhei, pela primeira vez, o poder do Livro de Mórmon na
vida de um converso. Meu companheiro inglês e eu passávamos a maior parte do tempo batendo em portas — com
poucos resultados. Certa tarde, uma distinta senhora de
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 21
meio da experiência terrena, sendo que é
geralmente o Livro de Mórmon o primeiro
a nos trazer a paz reconfortante de saber
que o evangelho e o sacerdócio foram restaurados. O Livro de Mórmon é o alicerce
sobre o qual erguemos nossa edificação.
A Paz da Pura Doutrina de Cristo
Parley P. Pratt disse: “Durante a leitura, o Espírito do Senhor
envolveu-me, e eu soube e compreendi que o livro era
verdadeiro, de modo tão claro e evidente quanto um
homem sabe que está vivo”.
meia-idade abriu a porta. Ela não dispunha de muito
tempo para nós, naquele dia, mas deixamos-lhe um exemplar do Livro de Mórmon e marcamos nova visita para dois
dias mais tarde. Quando voltamos ao seu apartamento e
ela abriu a porta, experimentei um sentimento espiritual
vigoroso. Ela estava ansiosa para nos ver. Havia lido o livro
e sentido o poder do Espírito Santo, e contou-nos a respeito da alegria e paz que desfrutava. Estava preparada
para seguir qualquer caminho que lhe fosse indicado por
nós, servos do Senhor.
Seu batismo aconteceu no frio de fevereiro. Não havia
uma capela na cidade e, por isso, instalamos uma pia batismal portátil num velho celeiro de madeira. O ar encheu-se
do vapor da água quente. Os humildes membros do ramo
colocaram-se ao redor enquanto a irmã entrava na pia
batismal para tornar-se membro da Igreja por meio do
batismo.
A paz demonstrada por essa maravilhosa irmã refletiu
as palavras de Parley P. Pratt (1807–1857), quando ele falou
a respeito do primeiro contato que teve com o Livro de
Mórmon: “Durante a leitura, o Espírito do Senhor envolveu-me, e eu soube e compreendi que o livro era verdadeiro, de modo tão claro e evidente quanto um homem
sabe que está vivo”.4
Com a certeza desse testemunho, entramos para a
Igreja e somos incentivados pelas promessas e responsabilidades dos convênios que realizamos. Nosso testemunho
a respeito dos muitos princípios do evangelho cresce por
22
Com o aumento das tribulações entre
seu povo, o profeta Alma “pensou que seria
aconselhável pôr à prova a virtude da palavra
de Deus”, que “surtia um efeito mais poderoso sobre a mente do povo do que a espada ou qualquer
outra coisa que lhe houvesse acontecido” (Alma 31:5).
A verdadeira doutrina de Cristo, recebida com fé,
muda nossa alma e nos traz paz. O próprio Senhor disse:
“O Livro de Mórmon (...) contém a plenitude do meu
evangelho eterno” (D&C 27:5; ver também D&C 42:12).
O Livro de Mórmon desvenda o plano de salvação e
“responde às grandes perguntas da alma”.5
As lições sobre a verdade, contidas no Livro de
Mórmon, são ensinadas em circunstâncias difíceis de
guerra e opressão, nos sermões de profetas, nos diálogos entre pais e filhos, e nas palavras do Salvador. Há
um tema central: “O próprio Deus descerá entre os
filhos dos homens e redimirá seu povo” (Mosias 15:1).
Há aqueles que estão buscando: “E relatar-vos-ei a luta
que travei perante Deus” (Enos 1:2). Existe um convite
constante para que abandonemos o pecado e alcancemos um nível mais elevado: “E aconteceu que eu passei
três dias e três noites na mais amarga dor e angústia; e
não obtive a remissão de meus pecados até rogar por
misericórdia ao Senhor Jesus Cristo. Mas eis que clamei
a ele e achei paz para minha alma” (Alma 38:8; grifo do
autor). E há as confortadoras palavras do Salvador, repletas de paz: “Não volvereis a mim agora (...) para que eu
vos cure? (...) Se vierdes a mim, tereis vida eterna. Eis
que meu braço de misericórdia está estendido para vós
e aquele que vier, eu o receberei” (3 Néfi 9:13–14).
Gentilmente, o Livro de Mórmon passa suas histórias
e testemunhos diante de nossos olhos. Ao ponderarmos
esses relatos e orarmos a respeito deles, o Senhor nos
revela, nos recônditos da alma, a necessidade que temos
de nos arrepender e mudar. Quando fazemos convênios
com o Senhor e mudamos nossa vida, sentimos o poder
de Sua Expiação e a paz confirmadora. Com
o progresso de nossa jornada espiritual, sentimo-nos fortalecidos pela graça do Salvador
ao enfrentarmos as dificuldades e decepções
da vida. Um apóstolo disse: “Quando queremos falar com Deus, oramos; e quando queremos que Ele fale conosco, estudamos as
escrituras”.6
Essa é a paz que vem da verdadeira doutrina de Cristo encontrada no Livro de
Mórmon.
FOTOGRAFIA: JOHN LUKE
A Paz de Nossa Família
Na agitação, tribulação e incerteza da vida,
nossas famílias anseiam por paz. É preciso
que nosso lar seja um lugar de refúgio, um
lugar de calma e um lugar de verdade.
O Presidente Gordon B. Hinckley fez-nos
uma maravilhosa promessa, quando pediu
que lêssemos o Livro de Mórmon: “Prometolhes sem reservas que (...) haverá em sua vida
e em sua casa mais do Espírito do Senhor,
uma determinação mais firme de obedecer a
Seus mandamentos e um testemunho mais
forte da realidade viva do Filho
de Deus”.7 De fato,
essas são as promessas da paz
sem medida,
necessária em
nosso lar.
O Livro de
Mórmon é uma
extraordinária história espiritual. As palavras dos profetas
foram transmitidas de
pai para filho através dos
séculos, protegidas e preservadas em
meio às dificuldades e à guerra, reunidas, resumidas e ocultas por séculos,
até que finalmente foram trazidas à
luz nesta dispensação da plenitude dos tempos. Seria de
admirar o fato de que o
Espírito do Senhor, transcendendo a todos os
idiomas e culturas, seja encontrado com tanta
profusão nesse livro sagrado?
Cada capítulo e versículo do Livro de
Mórmon traz em si a promessa de conforto e
paz. Precisamos apenas nos achegar a esse
livro, em espírito de oração e com fé, e a paz
do Salvador permeará a nossa busca. ■
NOTAS
1. Ver Ezra Taft Benson, “Vinde a Cristo”, A Liahona,
janeiro de 1988, p. 83.
2. Ver, por exemplo, Laurie Goodstein, “Crypt Held
Bodies of Jesus and Family, Film Says”, New York
Times, 27 de fevereiro de 2007, seção A, p. 10; Jay
Tolson, “The Gospel Truth”, U.S. News & World
Report, 18 de dezembro de 2006, pp. 70–79.
3. “Last Testimony of Sister Emma”, Saints’ Herald, 1º
de outubro de 1879, p. 290; grafia modernizada; ver
também Russell M. Nelson, “A Treasured Testament”,
Ensign, julho de 1993, pp. 62–63.
4. Autobiography of Parley P. Pratt, ed. Parley P. Pratt
Jr. (1938), p. 37
5. Ezra Taft Benson, “Inundar a Terra com o Livro de
Mórmon”, A Liahona, janeiro de 1989, p. 4.
6. Robert D. Hales, “As Santas Escrituras: O Poder de
Deus para Nossa Salvação”, A Liahona, novembro de
2006, p. 27.
7. “Um Testemunho Vibrante e Verdadeiro”, A Liahona,
agosto de 2005, p. 6.
Q
uando fazemos
convênios com
o Senhor e
mudamos nossa vida,
sentimos o poder de
Sua Expiação e a paz
confirmadora.
D U A N E E . H I AT T
C
lara Letícia Cruz Cano, de
Porto Rico, começou a gostar
do Livro de Mórmon quando
tinha apenas quatro anos de idade.
Ela notou que, quando a família lia as
escrituras, o irmão mais velho também participava da leitura, e ela também quis participar. Pediu ajuda aos
pais, e logo começou a ler com eles.
Aos doze anos, Clara aceitou um
novo desafio. Em vez de ler em espanhol, sua língua nativa, leu o Livro de
Mórmon em inglês. Aos quatorze, leu
em francês; aos quinze, em português; e aos 16, em italiano.
Em agosto de 2005, quando o
Presidente Gordon B. Hinckley
pediu aos santos que lessem
ou relessem o Livro de
Mórmon, Clara já havia
iniciado a leitura
em alemão.
“Este é mais difícil, mas conseguirei”, comentou.
O fato de ler em vários idiomas fez
com que o vocabulário dela aumentasse. “Quando leio uma palavra que
não conheço, procuro a definição no
dicionário. Logo, canso de procurar,
então eu a memorizo”, explica ela. O
conhecimento dos idiomas também
tem ajudado Clara nos trabalhos da
escola. No ano passado, aos 17 anos,
Clara tornou-se a melhor aluna de
escola pública na ilha onde mora.
Clara tem encontrado algumas
jóias ao estudar muitos idiomas. Ela
até descobriu que seu nome do meio,
Letícia, significa “alegria” em italiano
(ver 2 Néfi 1:21; 8:3).
Assim como outras pessoas,
Clara tem uma coleção de Livros
de Mórmon em diversos idiomas,
mas diz: “Decidi que leria todos os
exemplares do Livro de Mórmon
que tivesse”.
Isso quer dizer que seu próximo
projeto já está na estante. O seu
bispo, Hector Alvarez, viu Clara
olhando para um exemplar na casa
dele e deu-o a ela. Clara terá agora
não apenas a oportunidade de
aprender um novo idioma,
mas também um novo
alfabeto. O livro é
em russo. ■
FOTOGRAFIA: DUANE E. HIATT
O Livro em
Muitos Idiomas
MENSAGEM DAS PROFESSORAS VISITANTES
Jesus Cristo Ensinou o
Propósito da Vida na Terra
Selecione em espírito de
oração e leia as escrituras e ensinamentos
desta mensagem que
atendam às necessidades das irmãs
que você for visitar. Compartilhe
suas experiências e seu testemunho.
Convide as irmãs a quem você estiver ensinando a fazer o mesmo.
as pessoas que tivessem habitado
a Terra.
Jesus de Nazaré foi o escolhido,
mesmo antes de o mundo ter sido
criado, para realizar esse trabalho e
vencer a morte física” (“O Verdadeiro
Caminho da Vida e Salvação”,
A Liahona, outubro de 1978, p. 8).
O Que Posso Fazer para Cumprir
Qual É o Propósito da Vida na
Terra?
JESUS CRISTO, DE HARRY ANDERSON
Presidente Spencer W. Kimball
(1895–1985): “O homem, criado à
imagem de Deus, foi colocado na
Terra para experimentar a vida mortal,
estado intermediário entre a vida
pré-mortal e a imortalidade.
Nossos primeiros pais, Adão e Eva,
desobedeceram a Deus. Comendo do
fruto proibido, tornaram-se mortais.
Conseqüentemente, eles e toda sua
descendência tornaram-se sujeitos
tanto à morte física, como à morte
espiritual (morte física: a separação
do corpo e do espírito; morte espiritual: a separação do espírito da presença de Deus, e morte no tocante
às coisas do espírito).
A fim de alcançar novamente seu
estado original (estar na presença
de Deus), era preciso uma expiação
para a desobediência de Adão. No
plano feito por Deus, havia a previsão de que um Redentor romperia
os laços da morte e, por meio da
ressurreição, tornaria possível a reunião do espírito e do corpo de todas
Meu Propósito na Terra?
Presidente Ezra Taft Benson (1899-
“Nosso Pai Celeste colocou
Adão e Eva na Terra com o propósito
de ensinar-lhes a voltar a Sua presença. Nosso Pai prometeu-lhes que
um Salvador viria redimi-los de sua
condição decaída. Deu-lhes o plano
de salvação e ordenou-lhes que ensinassem os filhos a ter fé em Jesus
Cristo e a arrepender-se. Além disso,
Adão e sua posteridade receberam
de Deus o mandamento de se batizarem, receberem o Espírito Santo
e entrarem na ordem do Filho de
Deus (...), plenitude esta que só se
recebe na Casa do Senhor” (“O Que
Se Espera Que Ensineis a Vossos
Filhos Sobre o Templo”, A Liahona,
abril de 1986, p. 4).
1994):
Julie B. Beck, Presidente Geral da
Sociedade de Socorro: “Como filhas
espirituais de Deus, as mulheres
‘receberam suas primeiras lições
no mundo dos espíritos e foram
[preparadas] para nascer’ (D&C
138:56) na Terra. Elas estavam entre
os ‘grandes e nobres’ (D&C 138:55)
que ‘[jubilaram]’ (Jó 38: 7) quando a
Terra foi criada, porque receberiam
um corpo físico e teriam a oportunidade de ser ‘[provadas]’ na esfera
mortal (ver Abraão 3:25). Elas queriam trabalhar ao lado de homens
dignos, para alcançar as metas eternas que nenhum deles conseguiria
sem o outro.
O papel das mulheres não se iniciou na Terra e não terminará aqui.
A mulher que considera a maternidade preciosa na Terra
considerará a maternidade preciosa no
mundo futuro e,
‘onde
estiver o
[seu] tesouro,
aí estará também
o [seu] coração’
(Mateus 6:21). Ao
desenvolver um
coração de mãe,
cada menina e cada
mulher se prepara
para a missão divina
e eterna da maternidade. (...)
Em minha vida,
tenho visto, às vezes,
o mais sincero coração de mãe bater no
peito de mulheres que
não criaram os próprios filhos nesta Terra,
mas sabem que ‘todas
as coisas, porém, deverão realizar-se a seu
tempo’ e que elas ‘[estão]
lançando o alicerce de uma
grande obra’ (D&C 64:32–33)”
(“Coração de Mãe”, A Liahona, maio
de 2004, p.76). ■
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 25
A Aula da Sociedade
de Socorro Que
Transformou Nossa
Família
Você já desejou que existisse uma maneira simples e miraculosa de proteger
sua família das influências malignas que a atacam por todos os lados?
P
ercebi uma mudança gradual no comportamento
de nosso filho Jacob quando passou para a 5ª série
(os nomes foram trocados). Ele era um bom garoto,
mas, às vezes, tornava-se grosseiro e rebelde. Parecia obcecado por televisão, videogames e Internet. Discutíamos
com freqüência porque ele não queria fazer a lição, limpar
seu quarto ou ajudar com os afazeres domésticos. Eu já
vira o mesmo acontecer com nossos filhos mais velhos,
quando se tornaram adolescentes, mas sentia que com ele
o problema era mais sério. E sabia, por uma dolorosa experiência pessoal, que algumas pessoas se afastam da Igreja
quando se tornam adultas. Orei fervorosamente para saber
como proteger nosso filho mais novo e toda a nossa família das influências malignas do mundo.
Eu não esperava um milagre naquele domingo de
novembro, quando me sentei no fundo da sala da
Sociedade de Socorro. A irmã Randall, conselheira na
presidência da Sociedade de Socorro, anunciou que
o tema da lição era o estudo das escrituras e eu fui
tomada por um sentimento de culpa ao pensar em
minha família. “Mais uma lição sobre estudos das escrituras?”, pensei. “Estou fazendo o melhor que posso.”
Meu marido é um bom companheiro e bom pai e sempre demonstra seu amor por nós, mas se aborrece quando
falamos sobre o estudo das escrituras em família. Fazíamos
oração com as crianças e tentávamos realizar a noite familiar regularmente. Mas sempre que eu sugeria o estudo das
26
escrituras em família, recusava-se a pensar na idéia. Por
achar que era importante fazê-lo, eu lia as escrituras com
cada um de meus filhos à noite, quando os colocava para
dormir. Não sabia o que mais poderia fazer.
Mas, ultimamente, ao entrar no quarto para ler as escrituras com Jacob, na maioria das vezes ele dizia: “Ah, agora
não. Estou muito cansado [ou ocupado, ou qualquer
uma de suas centenas de desculpas]. Vou ler sozinho”.
Entretanto, quando não líamos as escrituras juntos, e eu
lhe perguntava na manhã seguinte se o havia feito, ele respondia com algo como “me esqueci de ler”. Eu me perguntava como poderia demonstrar a ele a importância de
estudar as escrituras, se, ao mesmo tempo, ele ouvia o pai
assistindo à televisão em outro aposento.
Quando a irmã Randall começou a aula, eu esperava
ouvir outra história de como uma “família perfeita”
desfruta do estudo das escrituras. Em vez disso, a irmã
Randall começou contando uma história do Velho
Testamento: “Números 21 nos conta sobre as serpentes
ardentes que atacaram os israelitas quando eles viajavam
para a terra prometida. Muitos foram picados pelas serpentes e morreram. Ao ver a terrível destruição, os israelitas se arrependeram e pediram a Moisés que orasse
para que o Senhor tirasse as serpentes do meio deles
e os curasse”.
Imaginei minha família viajando pela vida e sendo subitamente atacada pelas serpentes ardentes dos dias atuais:
ILUSTRAÇÕES: DOUG FAKKEL
NOME OMITIDO
S
empre que eu sugeria o estudo das
escrituras em família, meu marido
se recusava a pensar na idéia. Por
achar que era importante fazê-lo, eu lia as
escrituras com cada um de meus filhos à
noite, quando os colocava para dormir.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 27
N
o primeiro
dia do ano,
meu marido
começou a reunirnos para estudar as
escrituras diariamente. Com o passar
do tempo, fiquei
maravilhada ao ver
o quanto nossa convivência melhorou.
28
crimes, drogas, pornografia, imoralidade.
Senti-me tão indefesa quanto os israelitas.
A irmã Randall explicou que o Senhor instruiu Moisés a fazer uma serpente de metal
(que simbolizava Cristo) e colocá-la em um
mastro. Depois, Moisés prometeu ao povo
que qualquer um que tivesse sido picado por
uma serpente deveria somente olhar para a
serpente de metal e viveria. Apesar da simplicidade da promessa, Alma nos diz que “houve
muitos tão obstinados, que nem quiseram
olhar e, portanto, pereceram. Ora, a razão
pela qual não queriam olhar era que não acreditavam que isso os curaria” (Alma 33:20).
A irmã Randall disse que, apesar de hoje
em dia as serpentes ardentes tomarem formas variadas, nós ainda podemos olhar para
Cristo e ser salvos. Em nossos dias, os profetas nos aconselham a ler as escrituras diariamente, tanto individualmente quanto em
família; fazer orações pessoais e familiares;
freqüentar as reuniões da Igreja; pagar o
dízimo, arrepender-nos; ser dignos de freqüentar o templo e fazer reuniões familiares.
Esse é o nosso modo de olhar para Cristo e
sermos curados.
A princípio, a simplicidade do conceito
pareceu-me muito fácil para proteger-nos
das tentações diárias. Mas, enquanto a irmã
Randall falava, meu coração foi tocado e
senti que o Senhor falava comigo por meio
dela. Conscientizei-me de que era simplesmente uma questão de fé. Acreditaria nas
palavras dos profetas e apóstolos modernos,
ou me recusaria a ouvir seus conselhos, da
mesma forma que os israelitas se recusaram
a olhar para a serpente de metal?
Fui para casa determinada a ajudar minha
família a se fortalecer, por meio da oração
familiar e do estudo das escrituras. Orei
durante semanas para que meu marido
abrandasse seu coração. Jejuei. Preparei
uma noite familiar especial e convidei meu
filho casado, que não era ativo, e sua família
para participar. Aprendemos sobre Moisés
e as serpentes ardentes. Finalmente, perguntei ao meu marido se nós poderíamos
começar o ano estudando as escrituras em
família. Então, no primeiro dia do ano, ele
começou a reunir-nos para estudarmos as
escrituras diariamente.
Nossa família não se tornou perfeita da
noite para o dia, mas fiquei maravilhada ao
ver o quanto nossa convivência melhorou.
Tínhamos menos discussões e um espírito
de amor permeava nosso lar. Eu não perdia
a paciência ou me sentia desanimada com
tanta freqüência. Senti uma proximidade
com meu marido e com o Senhor que me
surpreendeu. Porém, Jacob foi quem mais
mudou. Ele começou a nos lembrar que
tínhamos de estudar as escrituras em família
e ficava ansioso para chegar a sua vez de ler.
Percebi novamente a sabedoria que há em
seguir os profetas e confiar em suas promessas. Tenho um testemunho da verdade contida nestas palavras do Presidente James E.
Faust, Segundo Conselheiro na Primeira
Presidência (1920–2007): “Às vezes, os pais
de uma família atarefada precisam fazer um
esforço quase sobre-humano para tirar todos
da cama e reuni-los para a oração e o estudo
das escrituras em família. Talvez nem sempre
se sintam com vontade de orar quando finalmente estão todos reunidos, mas, se perseverarem, os resultados serão excelentes”.1 ■
NOTA
1. “Como Enriquecer a Vida Familiar”, A Liahona,
julho de 1983, p. 74.
LISTA DE IDÉIAS
Saúde e
Vigor
V
ocê já sabe que uma vida
sedentária e má alimentação
podem deixar seu corpo
fraco, mais propenso a doenças e
com menos disposição para o trabalho e a diversão. O mesmo se aplica
ao seu espírito. A diferença é que
Deus lhe dará um corpo perfeito e
glorioso na Ressurreição, mas o espírito que habitará seu corpo será o
que você fizer dele (ver Alma 34:34).
Portanto, aqui estão algumas sugestões para desenvolver saúde e
vigor espiritual.
Alimentação
• Desenvolva o apetite por alimentos espirituais. Continue consumindo as escrituras, os discursos da
conferência geral, as lições da Igreja e
do seminário e outros alimentos espirituais, e eles começarão a ser-lhe
deliciosos (ver Alma 32:28).
• Banqueteie-se ao invés de beliscar. Você pode comer muito alimento
espiritual e continuar em forma.
• Controle a má alimentação. Do
mesmo modo que lanches podem
estragar seu apetite para um jantar
nutritivo, muito tempo gasto com
videogames, Internet, televisão e
outras atividades pode deixá-lo com
pouco ou nenhum tempo para um
banquete espiritual.
• Não coma comida estragada. Qualquer coisa que
ofenda o Espírito Santo
causará dano ao seu próprio espírito. Pornografia,
diversão violenta ou irreverente e música inadequada é
simplesmente veneno.
• É impressionante ver quanta
nutrição espiritual existe em um
pequeno pedaço de pão e um gole
de água, quando se toma o sacramento fervorosamente e em espírito
de arrependimento.
ILUSTRAÇÃO: SCOTT GREER
Exercícios
• Preste serviço e seja bondoso
com as pessoas. Elevar os outros é
um ótimo exercício.
• Exercite os joelhos pelo menos
duas vezes ao dia. A oração regular é
essencial para manter o espírito em
forma.
• Compartilhe seu testemunho
com freqüência. Como um músculo,
ele se fortalece ao ser usado. ■
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 29
30
O Profeta
Joseph Smith,
um Mestre Extraordinário
É L D E R J AY E . J E N S E N
À ESQUERDA: DETALHE DE JOSEPH SMITH, DE ALVIN GITTINS; À DIREITA: DETALHE DE BROTHER JOSEPH [IRMÃO JOSEPH], DE DAVID LINDSLEY, REPRODUÇÃO PROIBIDA; BORDA © ARTBEATS
Dos Setenta
Diretor Executivo do Departamento de Currículos
E
ENSINAMENTOS DOS
PRESIDENTES DA IGREJA
uma oportunidade inigualável de conhecer melhor o Profeta da Restauração e
seus ensinamentos.
nquanto se recuperava dos quatro
JOSEPH SMITH
tiros que o atingiram na Cadeia de
Ensinamentos dos Presidentes da
Carthage, e, sem dúvida, levado pela
Igreja: Joseph Smith
admiração por seu querido Profeta martiriDurante o tempo em que foi o Profeta
zado, o Presidente John Taylor (1808–1887)
e Presidente da Igreja, Joseph Smith proescreveu estas inspiradas palavras: “Joseph
feriu centenas de sermões inspiradores.
Smith, o Profeta e Vidente do Senhor, com
Infelizmente, apenas cerca de 50 foram
exceção apenas de Jesus, fez mais pela salescritos. Durante vários anos, muitas
vação dos homens neste mundo do que
pessoas, inclusive profissionais e voluntáqualquer outro homem que jamais viveu
rios, pesquisaram diligentemente os
nele” (D&C 135:3).
registros históricos para compilar e exaRecentemente, o Presidente Gordon B.
minar declarações atribuídas ao Profeta.
Hinckley testificou: “A história da vida de Joseph Smith é
Seus ensinamentos foram cuidadosamente estudados,
a história de um milagre. Ele nasceu pobre e criou-se em
autenticados e compilados, sendo depois aprovados pela
meio à adversidade; foi expulso de vários lugares, acusado
Primeira Presidência e pelo Quórum dos Doze Apóstolos.
falsamente e posto ilegalmente na prisão. Foi assassinado
Cada declaração contida no livro Ensinamentos dos
quando tinha 38 anos de idade. E, apesar disso tudo, no
Presidentes da Igreja: Joseph Smith foi cuidadosa e comcurto espaço de 20 anos, antes da morte, realizou mais do
pletamente pesquisada quanto a sua exatidão. Exerceramque qualquer outra pessoa em uma vida inteira”.1
se amplos e esmerados esforços para a verificação das
fontes originais. Tais medidas foram necessárias porque a
Entre as muitas realizações de Joseph Smith está o lanmaneira pela qual os sermões foram registrados nos dias
çamento dos alicerces de nossa compreensão doutrinária
do Profeta diferia significativamente da maneira usada para
dos últimos dias. “Esta geração”, disse o Senhor ao Profeta
registrar os sermões dos demais Presidentes da Igreja.
Joseph, “receberá minha palavra por teu intermédio”
Explica o novo livro: “Durante a vida de Joseph Smith (...)
(D&C 5:10).
a taquigrafia não era amplamente usada. Por esse motivo,
Joseph tinha pouca educação formal, mas o Mestre
os sermões que ele proferiu foram registrados de modo
Oleiro fez dele um profeta de sabedoria e inteligência, um
impreciso, em letra cursiva, geralmente por escreventes,
mestre notável com inspirada perspicácia. Muitos de seus
líderes da Igreja e outros membros da Igreja. Quase todos
ensinamentos se acham publicados em Ensinamentos dos
os discursos de Joseph Smith foram feitos de improviso,
Presidentes da Igreja: Joseph Smith. Esse livro novo e
sem um texto previamente preparado, de modo que as
extraordinário oferece aos membros no mundo inteiro
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 31
32
anotações feitas pelos que o ouviam são o
único registro existente desses discursos”.2
O novo livro contém declarações inspiradas de Joseph Smith a respeito de mais de
125 tópicos do evangelho. O índice nos
ajudará a encontrar com mais facilidade as
declarações do Profeta sobre esses tópicos.
As notas ao final de cada capítulo fornecem
informações detalhadas relativas às fontes
das declarações do Profeta. Além disso,
um apêndice apresenta explicações
sobre as fontes, com atenção
particular à History of
the Church [História da
Igreja], principal fonte dos
ensinamentos do Profeta.
Esse será o texto usado
para o estudo do evangelho nas aulas dos quóruns do Sacerdócio de
Melquisedeque e da
Sociedade de
Socorro durante
os próximos
dois anos, no
segundo e no
terceiro domingo
de cada mês. Como
Diretor Executivo
do Departamento de
Currículo, espero que
se torne a fonte preferida
para as pessoas e famílias.
Todo membro da Igreja
com mais de 18 anos receberá um
exemplar. É um acréscimo valioso aos
outros livros da série Ensinamentos dos
Presidentes da Igreja, tornando-se parte
de uma biblioteca para o estudo pessoal
e familiar do evangelho.
Esse livro é semelhante em estilo e formato aos outros da série Ensinamentos
dos Presidentes da Igreja. Como os demais
dessa série, ele contém uma introdução que
fornece informações úteis para o aprendizado e para o ensino, uma retrospectiva histórica, um relato escrito a respeito da vida
e do ministério do Profeta e, ao fim de cada
capítulo, sugestões didáticas para estudo
e ensino. Essas características podem
ampliar nossa capacidade de aprender
e ensinar a respeito de Joseph Smith
e de suas declarações proféticas.
Os alunos e professores também
se beneficiarão com as gravuras e o
material introdutório de cada capítulo. Há mais de 140 fotografias,
pinturas e ilustrações — inclusive
trabalhos artísticos que jamais
foram publicados. Esses trabalhos
representam momentos inspiradores,
como o batismo do pai do Profeta
(capítulo 7); Elias aparecendo no
Templo de Kirtland (capítulo 26);
o Profeta estabelecendo a paz
entre violentos homens da milícia,
e demonstrando sua personalidade
amistosa (capítulo 29); o momento
emocionante na cadeia em
Richmond, Missouri, quando
Joseph, acorrentado, com alguns
outros irmãos fiéis, levantou-se
para repreender os guardas irreverentes (capítulo 30); e a cura
miraculosa de Elijah Fordham em
Commerce, Illinois (capítulo 33).
Nossa vida será enriquecida e nosso
testemunho, fortalecido, quando
ELIJAH APPEARING IN THE KIRTLAND TEMPLE [ELIAS APARECE NO TEMPLO DE KIRTLAND], DE DANIEL LEWIS;
JOSEPH SMITH PREACHING IN NAUVOO [JOSEPH SMITH PREGA EM NAUVOO], DE PAUL MANN.
N
ossa vida
pode ser
enriquecida
e nosso testemunho
aumentado ao
examinarmos os
ensinamentos e
acontecimentos
descritos em
Ensinamentos dos
Presidentes da
Igreja: Joseph Smith.
O PROFETA COMO MESTRE
O Profeta Joseph Smith era um notável mestre do evangelho, em
parte devido à sua sede de aprender. Ele conseguia prender a atenção de milhares de pessoas durante horas, enquanto pregava as
verdades do evangelho restaurado. O Presidente Brigham Young
(1801–1877) descreveu a capacidade inspirada de ensino do
Profeta: “Ele conseguia tomar o céu, falando de modo figurado, e
trazê-lo à Terra; e tomar a Terra e elevá-la aos céus, explicando com
clareza e simplicidade as coisas de Deus. (...) Joseph não fez o
mesmo ao entendimento de cada um de vocês? Não tinha ele a
habilidade de tornar as escrituras tão claras e simples a ponto de
qualquer um poder entendê-las?”1
O Élder Parley P. Pratt (1807–1857) registrou uma ocasião
em que a capacidade extraordinária de ensinar do Profeta influenciou milhares na Filadélfia, Pensilvânia: “Foi-lhe permitido pregar
em uma igreja muito grande, onde cerca de três mil pessoas se
reuniram para ouvi-lo. O irmão Rigdon falou primeiro e expôs o
Evangelho, ilustrando sua doutrina pela Bíblia. Quando ele terminou, o irmão Joseph se ergueu como um leão prestes a rugir;
e, estando cheio do Espírito Santo, falou com grande vigor, prestando testemunho das visões que tivera, do ministério de anjos
que testemunhara; e de como havia encontrado as placas do
Livro de Mórmon e as traduzido pelo dom e poder de Deus. Ele
começou, dizendo que, ‘se ninguém mais tivesse coragem de
testificar a respeito de uma mensagem tão gloriosa vinda do
Céu e do achado de um registro tão glorioso, ele sentiu que devia
fazê-lo para ser justo com as pessoas, deixando a questão a
critério de Deus’”.
O Élder Pratt continuou: “Toda a congregação ficou assombrada
e emocionada, como se estivessem dominados pelo sentimento de
veracidade e poder com que ele falava e pelas maravilhas que ele
relatava. Essas coisas deixaram-lhes uma impressão duradoura;
muitas almas se uniram ao redil”.2
Em pelo menos uma ocasião, o Senhor realizou um milagre
para que o povo pudesse ouvir o Profeta. O irmão Amasa Potter
estava presente durante um sermão que Joseph Smith proferiu
perto do Templo de Nauvoo, em abril de 1844. Dessa experiência, o irmão Potter registrou: “Quando [o Profeta] já havia falado
por cerca de trinta minutos, começou a soprar um vento forte e
tempestuoso. A poeira era tão intensa que não podíamos ver uns
aos outros, e algumas pessoas estavam saindo quando Joseph
as chamou, pedindo que ficassem e elevassem suas orações
ao Deus Todo-Poderoso, para que o vento parasse de soprar e
que a chuva parasse de cair, que assim aconteceria. Em poucos
minutos, o vento e a chuva cessaram e os elementos se tornaram tão calmos como em uma manhã de verão. A tempestade
dividiu-se e prosseguiu para o norte e para o sul da cidade, e
vimos ao longe as árvores e arbustos sendo agitados ao vento,
enquanto no lugar em que estávamos tudo ficou tranqüilo durante
uma hora, e nesse tempo um dos maiores sermões que já foram
proferidos pelo Profeta foi pregado sobre o grandioso tema dos
mortos”.3
O Profeta Joseph Smith estava ansioso para que os santos dos
últimos dias e outros recebessem tudo que fosse possível, e tentou
incansavelmente ensinar-lhes o que Deus lhe revelara tão liberalmente. Em junho de 1839, num discurso em Commerce, Illinois, o
Profeta ensinou: “Deus nada revelou a Joseph que não dará a
conhecer aos Doze, e até o menor dos santos pode conhecer todas
as coisas na proporção em que puder suportá-las”.4 Em outro discurso, em abril de 1843, ele disse: “Medito o dia inteiro e também
quando como e bebo, para saber como farei com que os santos de
Deus compreendam as visões que se desenrolam como uma torrente diante de minha mente. Oh! Como me deixaria feliz em mostrar-lhes coisas que vocês nunca imaginaram!”5
NOTAS
1. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Brigham Young (1997),
pp. 344–345.
2. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, (2007)
pp. 157–158.
3. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 519.
4. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 281.
5. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 545.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 33
ponderarmos a respeito dos acontecimentos descritos
nessas representações visuais.
A seção introdutória de cada capítulo, intitulada “Da
Vida de Joseph Smith”, apresenta aspectos da vida do
Profeta e os principais acontecimentos da Restauração.
Leremos a respeito de seu papel como marido e pai, o
relacionamento com os amigos e os confrontos com os inimigos. Leremos a respeito de seu sucesso como líder e seu
sofrimento com as perseguições. Nossa afeição e apreço
aumentarão, ao lermos e ponderarmos sobre suas experiências pessoais. Nosso conhecimento e nosso testemunho de Joseph Smith, o Profeta da Restauração, serão
fortalecidos. Vamos examinar apenas alguns dos ensinamentos inspirados contidos nessa nova publicação.
A Primeira Visão
O primeiro capítulo desse notável novo livro começa,
como a Restauração, com a Primeira Visão. A oração
humilde de Joseph Smith, um menino de 14 anos, em
1820, abriu o véu de silêncio que cobria a Terra havia séculos. A ocasião foi tão significativa, que o Pai Celestial e Seu
Filho, Jesus Cristo, apareceram ao jovem Joseph. Ele se
34
tornou uma testemunha pessoal da realidade de Deus e de
Seu Filho. Perto do fim, o Profeta ensinou: “Vou perguntar
a Deus, pois quero que todos vocês O conheçam e estejam
familiarizados com Ele. (...) Saberão, então, que sou servo
Dele”.3 O conteúdo do capítulo 1 permite-nos estudar e
ponderar o relato pessoal do Profeta relativo a sua miraculosa visão.
O Livro de Mórmon
Em partes de seis capítulos, esse novo livro acentua a
importância do Livro de Mórmon, recontando os acontecimentos que envolveram sua aparição no mundo, sua tradução e sua impressão. Sobre a experiência de traduzir os
escritos proféticos, o Profeta declarou, mais tarde: “Pelo
poder de Deus, traduzi o Livro de Mórmon a partir de hieróglifos cujo conhecimento estava perdido para o mundo,
e nesse evento maravilhoso, eu estava sozinho, um jovem
inculto, para combater com uma nova revelação a sabedoria do mundo e a ignorância multiplicada de dezoito séculos”.4 Os relatos históricos do surgimento do Livro de
Mórmon contidos neste novo livro são acompanhados
pelos ensinamentos do Profeta sobre assuntos como as
escrituras, o arrependimento, a oração, a revelação pessoal
e a organização da Igreja.
Esta nova publicação inclui a promessa freqüentemente
citada pelo Profeta: “Eu disse aos irmãos que o Livro de
Mórmon era o mais correto de todos os livros da Terra, e
a pedra angular de nossa religião, e que um homem poderia aproximar-se mais de Deus seguindo seus preceitos
do que com os de qualquer outro livro”.5 A experiência
ensina-nos que aqueles que lêem o Livro de Mórmon com
freqüência e aplicam seus ensinamentos usufruem da inspiração dos céus durante o caminho conturbado da vida.
Ao ponderar e orar, enquanto lemos o Livro de
Mórmon e o que Joseph Smith ensinou a respeito dele,
chegamos à conclusão de que o Livro de Mórmon não foi
o produto de um jovem fazendeiro do século dezenove —
ou de qualquer outra pessoa da época. A cada nova leitura,
saberemos que foi um dom de Deus, escrito e compilado
por discípulos antigos, preservado através dos séculos e
traduzido pelo vigoroso vidente Joseph Smith. É uma
prova tangível do chamado de Joseph Smith como o
Profeta da Restauração.
A Restauração do Sacerdócio Aarônico e do de
Humildemente proclamamos hoje que Deus autorizou
Joseph Smith por intermédio de ministros divinamente
designados, e que o Profeta concedeu essa autoridade a
outros, conferindo-lhes o sacerdócio e suas chaves.
Declaramos, com gratidão, que existe uma corrente ininterrupta de outorgas e ordenações desde aquele tempo
até o presente.
FIRST FRUITS [PRIMÍCIAS], DE JEFFREY HEIN; TEMPLO DE KIRTLAND, FOTÓGRAFO DESCONHECIDO
Melquisedeque
O novo livro fala sucintamente a respeito da restauração do Sacerdócio Aarônico e do de Melquisedeque e
das respectivas chaves. O Profeta testificou do recebimento da autoridade e das chaves do Sacerdócio
Aarônico diretamente de João Batista. “Basta dizer”,
declarou, “[que] fui ao bosque para perguntar ao
Senhor, por meio de oração, qual era a Sua vontade a
meu respeito e vi um anjo [João Batista], e ele impôs
as mãos sobre a minha cabeça e ordenou-me como
Sacerdote segundo a ordem de Aarão para possuir as
chaves desse Sacerdócio”.6 Algumas semanas mais tarde,
os Apóstolos Pedro, Tiago e João apareceram e conferiram a Joseph Smith e Oliver Cowdery o Sacerdócio de
Melquisedeque e suas chaves. Dez anos depois dessas
aparições miraculosas, o Profeta testificou: “Cremos
que nenhum homem pode administrar a salvação por
meio do evangelho para a alma dos homens, em nome
de Jesus Cristo, a não ser que seja autorizado por Deus,
por revelação, ou seja ordenado por alguém que Deus
enviou por revelação”.7
Ordenanças do Templo
“Na primavera de 1836, após três anos de trabalho e
sacrifício,” lemos no capítulo 26, “os santos de Kirtland
finalmente viram seu belo templo concluído, o primeiro
templo desta dispensação”.8 Centenas de pessoas reuniram-se para a dedicação. Podemos ler a respeito das manifestações gloriosas que ocorreram na dedicação, bem
como o que Joseph Smith pensava a respeito do poder
para selar famílias, unindo-as para sempre. O Profeta reiterou a importância dos templos, quando ensinou, em junho
de 1843: “Há certas ordenanças e princípios que, para
serem ensinados e praticados, devem ser efetuados em um
lugar ou em uma casa edificada para tal propósito”.9
Desde 1836, foram construídos e dedicados ao Senhor
mais de 120 templos. Por meio das ordenanças do templo,
pessoas recebem sua investidura, famílias são seladas, realizam-se ordenanças salvadoras em lugar de ancestrais falecidos, convênios são feitos e vidas são abençoadas. Todas
essas coisas se tornaram possíveis graças à obra do Senhor
realizada por meio do Profeta Joseph Smith.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 35
Revelação Contínua
Alguns dos ensinamentos mais profundos de Joseph
Smith sobre revelação, profetas vivos e as conseqüências
de se rejeitar os profetas vivos podem ser encontrados
no capítulo 16. Certa vez, o Profeta declarou: “A Igreja de
Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias foi alicerçada
sobre a revelação direta, como sempre aconteceu com a
verdadeira Igreja de Deus, de acordo com as escrituras”.10
Desde a época de Joseph Smith, a revelação advém por
meio de homens chamados como profetas para dirigir a
Igreja do Senhor. Ele não deixou Seus servos, nem Sua
Igreja, nem Seu povo sozinhos. Afirmamos que o Senhor
concede orientação divina àqueles a quem chama para
administrar Seu reino.
• Os líderes do sacerdócio e da Sociedade de Socorro devem
assegurar-se de que todos os membros acima de 18 anos recebam
um exemplar dessa nova publicação da Igreja.
• Todos nós, como estudantes
do evangelho, podemos ler, estudar e ponderar a respeito de cada
capítulo antes da aula e estar preparados para compartilhar nossas
idéias e testemunhos durante o
debate em classe.
• As sugestões da introdução
podem ajudar os professores a
centralizar o foco no conteúdo
do livro, em vez de suplementá-lo
com outros recursos.
• Pais e filhos podem desenvolver as lições da noite familiar
usando as gravuras, histórias, citações e perguntas do livro.
Família
O conselho e a sabedoria do Profeta em relação à
importância e natureza eterna da família estão ressaltados no capítulo 42. Parley P. Pratt observou, certa vez:
“Foi Joseph Smith quem me ensinou a valorizar o carinhoso relacionamento entre pai e mãe, marido e
mulher; irmão e irmã, filho e filha”.11 O diário pessoal
do Profeta registra um acontecimento tocante relativo a
seu pai, que estava gravemente enfermo. “Cuidei novamente do meu pai, que estava muito doente. Em secreta
oração, pela manhã, o Senhor me disse: ‘Meu servo, teu
pai viverá’. Cuidei dele o dia inteiro, com o coração elevado a Deus em nome de Jesus Cristo, para que Ele lhe
restaurasse a saúde, para que eu pudesse ser abençoado
com a companhia e conselhos dele, considerando uma
das maiores bênçãos terrenas ser abençoado com o convívio dos pais, cuja maturidade e experiência os tornam
capazes de ministrar os mais sábios conselhos”.12
Aquilo que se iniciou com uma única alma em um
local solitário, na primavera de 1820, tornou-se uma
família de milhões que procuram seguir Jesus Cristo.
O Espírito Santo presta testemunho ao coração e à alma
de cada membro fiel a respeito de um menino humilde e
aparentemente comum, a quem o Senhor moldou como
um profeta e mestre extraordinário. Podemos manter
aceso o fogo desse testemunho, aprendendo e vivendo
os ensinamentos do Profeta Joseph Smith, como agora se
acham publicados nesse extraordinário novo livro. ■
Uma Fonte Acessível
NOTAS
Essa nova publicação da Igreja apresenta os inspirados
ensinamentos do Profeta sobre o evangelho e a respeito da
obra missionária, obediência, morte, adversidade, unidade,
liderança, apostasia, perdão, amigos e muitos outros tópicos do evangelho. De um modo sem precedentes, os ensinamentos de Joseph Smith encontram-se atualmente
acessíveis aos membros da Igreja do mundo todo por
meio deste livro. Nunca antes tantos filhos de Deus tiveram tal acesso a suas declarações proféticas.
36
1. “Joseph Smith Jr.—Profeta de Deus e Servo Poderoso”, A Liahona,
dezembro de 2005, p. 4.
2. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (2007),
p. 608.
3. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 64.
4. Ensinamentos: Joseph Smith, pp. 64–65.
5. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 68.
6. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 90.
7. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 115.
8. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 331.
9. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 439.
10. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 203.
11. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 506.
12. Ensinamentos: Joseph Smith, p. 508.
FOTOGRAFIA: ISRAEL ANTUNES VIEIRA, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELO
COMO TIRAR O MÁXIMO PROVEITO
DESSE LIVRO
COLOCAR MEU
CASAMENTO
POR IRENE EUBANKS
FOTOGRAFIA: CRAIG DIMOND, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS
C
omo qualquer casal, meu marido e eu tivemos
algumas desavenças durante nosso casamento.
Mas um incidente permanece vivo em minha
mente. Não me lembro mais a razão da nossa desavença, mas paramos de nos falar, e lembro-me de
sentir que aquilo tudo era culpa do meu marido.
Achava que eu não havia feito nada que me levasse
a pedir desculpas.
Durante o dia, fiquei esperando que meu marido
pedisse desculpas. Com certeza ele veria o quanto estava
errado. Deveria ser claro o quanto ele tinha ferido meus
sentimentos. Senti que tinha de me defender; era uma
questão de honra.
O dia se aproximava do fim e eu comecei a perceber
que estava esperando em vão; então me dirigi ao Senhor
em oração. Orei para que meu marido percebesse o que
ele tinha feito e como aquilo estava afetando o nosso casamento. Orei para que ele fosse inspirado a se desculpar para
que pudéssemos encerrar a nossa desavença.
Enquanto orava, tive a forte impressão de que deveria
pedir desculpas ao meu marido. Fiquei um pouco chocada
com esse sentimento e imediatamente expressei, na oração, que não havia feito nada de errado e portanto não
deveria ser eu a pedir desculpas. Um pensamento surgiu
com força em minha mente: “Você quer ter razão ou quer
estar casada?”
Enquanto ponderava essa pergunta, percebi que poderia
me apegar ao meu orgulho e não desistir até que ele se
desculpasse, mas quanto tempo isso levaria? Dias? Eu me
sentia muito triste por não estarmos nos falando. Entendi que,
mesmo que esse incidente não fosse o fim do nosso casamento,
com o passar dos anos, o fato de ser sempre irredutível poderia
causar sérios danos à união. Decidi que era mais importante
ter um casamento feliz e amoroso do que manter meu orgulho
intacto por causa de algo que mais tarde poderia parecer banal.
ANTES
DO MEU
ORGULHO
Fui até meu marido e pedi desculpas
por tê-lo deixado triste. Ele também se desculpou e logo estávamos felizes e amorosamente unidos de novo.
Desde esse incidente, houve ocasiões
em que precisei me perguntar de novo:
“Você quer ter razão ou quer estar casada?”
Como sou grata por essa grande lição,
aprendida na primeira vez em que me
deparei com aquela pergunta! Ela sempre
me ajuda a redirecionar minha perspectiva
e colocar meu marido e meu casamento
antes do meu orgulho. ■
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 37
SENTIR-SE
“Em Casa”
KAT H R Y N P. F O N G
H
á alguns anos, quando voltei a freqüentar a Igreja,
após ter-me afastado por certo período, eu tinha a
certeza de que todos na ala sabiam que eu era uma
pecadora em busca de arrependimento. Podia-se claramente ver a bondade por meio de seu sorriso radiante
e testemunho suave, e que meus pecados me tornavam
obscura e desprezível ao comparar-me com eles. Hoje,
ao rever o passado, percebo que algumas pessoas, quando
enfrentam situações novas, tendem a se sentir muito
expostas ou sensíveis. Entrar em uma nova capela, sentarse ao lado de pessoas que não
se conhece e cantar os hinos
sozinho(a) pode ser assustador quando nos sentimos
muito em evidência.
Sendo solteira e sem filhos,
descobri que recomeçar a vida
em uma nova ala pode ser
assustador. Mas a tensão de
entrar numa capela repleta de
estranhos é algo que já senti
38
repetidas vezes, pois devido a
minha carreira, mudo de casa
com muita freqüência. Com o
passar dos anos, aprendi a adotar
uma nova postura a respeito de
minha ala e a me esforçar para
transformar os membros estranhos em amigos e conhecidos
cordiais. As técnicas a seguir
podem ajudar todos nós a sentirnos em casa em qualquer ala ou
ramo, onde quer que estejamos.
Lembre-se do real motivo por que vamos à Igreja.
Uma capela é um local seguro e sagrado, onde os filhos
do Pai Celeste se reúnem para adorá-Lo. Lá podemos nos
unir em oração, cânticos e propósito. Evite julgar os outros
ou pensar que eles o estão julgando. Algo que me ajuda é
lembrar que todos os que se esforçam para ir à Igreja estão
tentando, assim como eu,
participar da Expiação de
Cristo e cumprir Seus
mandamentos.
Apresente-se. Aprendi a
procurar os membros do bispado e apresentar-me logo
de início, para que saibam
que sou nova na ala. Depois
disso, faço questão de saber
quem é o líder do grupo dos
FOTOGRAFIA: ROBERT CASEY, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS
Recomeçar em uma nova ala ou ramo
pode ser assustador. A seguir, encontram-se cinco dicas para transformar
estranhos em amigos.
FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELOS
EM QUALQUER ALA
E
sconda o
nervosismo e
se apresente
aos membros da ala
ou ramo. Quando
começa a conhecer
as pessoas, você
passa a se sentir
em casa na Igreja.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 39
S
ervir aos membros da ala e
participar das
reuniões pode ajudar-nos a conhecer
melhor uns aos
outros e a lembrar
quem somos. Essas
situações também
nos dão a oportunidade de nos apresentar uns aos
outros.
40
sumos sacerdotes porque ele escolherá
sumos sacerdotes para serem meus mestres
familiares. Por ser mulher, também procuro
a presidência da Sociedade de Socorro. O
secretário da ala vai precisar do meu endereço e número de telefone, pois, com isso,
poderá pedir minha ficha à ala anterior. Essas
pessoas apresentaram-me a outros membros
da ala, ajudaram-me a me sentir bem nas atividades da ala e da estaca e também quando
recebi um chamado.
Costumava sentar-me no último banco,
perto da porta, para que, logo após a oração
final, pudesse sair antes que alguém viesse
conversar comigo e perguntar quem eu era.
Mas entrar e sair das reuniões com os olhos
no chão — ou fixados na saída — não ajuda
em nada, se quisermos nos familiarizar com
a nova ala.
Esconda o nervosismo e converse com
quem se aproximar. Cumprimente os professores das aulas das quais participa ou os oradores da reunião sacramental (você pode
encontrá-los no saguão, após a reunião). Se
der uma olhada no salão, antes de se sentar,
poderá ver pessoas e famílias
diferentes, sempre que participar de uma reunião. Tenha
coragem de pedir uma carona
para participar de uma atividade da ala ou ramo. É quase
sempre mais fácil entrar na
capela com alguém do lado
do que sozinho(a). Peça uma
lista com os telefones dos
líderes da ala ou ramo; poderão ser úteis para que se lembre dos nomes. Em pouco
tempo, os nomes e rostos vão
começar a se encaixar e as
pessoas não serão mais estranhas para você.
Nem você será para elas.
Preste serviço. Encontre oportunidades
para ajudar os vizinhos e membros da ala ou
ramo, mesmo que seja algo simples como
abrir uma porta ou cumprimentar alguém
que entra (isso fará com que se lembrem
de você). Coloque seu nome em uma lista
de serviço voluntário. Descubra quem está
doente ou hospitalizado e visite a pessoa.
Aceite chamados. Se for apropriado, fale
ao bispo ou presidente do
ramo a respeito de suas
habilidades e diga-lhe que
pode contar com você
quando for necessário.
Esteja preparado para
As reuniões da
Escola Dominical e as do
sacerdócio e da Sociedade
de Socorro seguem um
programa. Consiga os
manuais das lições, leia as aulas com antecedência e esteja preparado para ler as escrituras ou dar exemplos sobre os princípios
ensinados, falando de suas experiências pessoais. Falar em público pode ser um desafio;
portanto, controle seu medo e esteja preparado para prestar seu testemunho sobre a
veracidade do evangelho.
Procure rostos novos. Seja amigável com
os outros, como gostaria que fossem com
você. Em pouco tempo perceberá que “já
não [são] estrangeiros, nem forasteiros,
mas concidadãos dos santos, e da família
de Deus” (Efésios 2:19). Você já se sentirá
em casa com sua nova família da Igreja.
A família da ala ou do ramo está sempre
aberta — ninguém deve ser deixado de fora.
Talvez não seja possível fazer amizade com
todos os membros, mas se compartilharmos
nosso amor ao evangelho, se nosso testemunho for puro, se tivermos o desejo de compartilhar nossos fardos uns com os outros,
e se exercitarmos nosso desejo de servir
ao Senhor por meio do serviço ao próximo,
seremos uma família. Sou grata porque não
importa aonde eu vá neste mundo, cada
ala ou ramo é constituído de filhos do Pai
Celeste. Posso testificar com fervor que a ala
onde estou agora é o lugar mais feliz onde
eu poderia estar. ■
participar.
FOTOGRAFIA: JOHN LUKE, COM A PARTICIPAÇÃO DE MODELO
FIQUE FIRME
NOSSOS PADRÕES SÃO DETERMINADOS PELO
SENHOR, NÃO PELA DIREÇÃO DO VENTO
(ver Helamã 5:12).
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 41
FIRMES E
INAMOVÍVEIS
“Firmes e inamovíveis, sobejando sempre em
boas obras” (Mosias 5:15).
P R E S I D Ê N C I A G E R A L D O S R A PA Z E S E DA S M O Ç A S
O
que significa ser firme e inamovível? Ser firme é estar
firmemente fincado, não ser
sujeito a mudanças, é ser persistente
na crença e na determinação, é ser
leal e fiel. Do mesmo modo, ser inamovível é nunca se render, é nunca
ser movido do lugar, ou nunca se
desviar do caminho. Ser firme e inamovível no evangelho de Jesus Cristo
significa comprometer-se a segui-Lo,
assim sobejando sempre em boas
obras.
Exemplos de Pessoas Firmes e
Inamovíveis
Jesus Cristo é a rocha e o alicerce seguro sobre o qual devemos
edificar. Para nós, Ele é o exemplo
perfeito de alguém firme e
42
inamovível, sobejando sempre em
boas obras.
Os profetas vivos e apóstolos também são firmes. Em um mundo que
algumas pessoas consideram cada vez
mais escuro e incerto, nosso profeta,
o Presidente Gordon B. Hinckley, considera esta uma boa época para viver.
Ele continua a ser um exemplo vigoroso de alguém firme e inamovível.
Há ainda homens e mulheres maravilhosos nas escrituras que foram firmes e inamovíveis em viver de acordo
com o que acreditavam. No Livro de
Mórmon aprendemos que o capitão
Morôni era “um homem forte e poderoso; ele era um homem de perfeita
compreensão; (...) um homem cuja
alma se regozijava com a liberdade e
independência de seu país (...) um
homem cujo coração transbordava de
gratidão a seu Deus (...) um homem
que trabalhava infatigavelmente pelo
bem-estar e segurança do povo. (...)
Ele era um homem firme na fé em
Cristo” (Alma 48: 11–13).
Como seria o mundo se todos fôssemos como ele? As escrituras dizem:
“Se todos os homens tivessem sido e
fossem e pudessem sempre ser como
Morôni, eis que os próprios poderes
do inferno teriam sido abalados para
sempre; sim, o diabo nunca teria
poder sobre o coração dos filhos dos
homens” (Alma 48:17).
Morôni serviu com Helamã e
outros irmãos que “não prestavam
menos serviços ao povo” (Alma
48:19). Helamã permaneceu à frente
de um exército de dois mil jovens
guerreiros que, como a juventude
valorosa de hoje, eram “fiéis em
todas as ocasiões e em todas as coisas que lhes eram confiadas, (...)
pois haviam aprendido a guardar
os mandamentos de Deus e a andar
retamente perante ele” (Alma 53:
20–21). Esses jovens eram fiéis e
comprometidos.
Ester é um outro exemplo de
pessoa firme e persistente na
crença. Ela sabia que havia sido
divinamente colocada naquele lugar
e naquela circunstância para que
pudesse salvar seu povo, como se
vê nas palavras de Mardoqueu:
FOTOGRAFIA DA PRESIDÊNCIA GERAL DAS MOÇAS: BUSATH PHOTOGRAPHY; MORÔNI SEGURANDO O ESTANDARTE DA LIBERDADE, DE WALTER RANE; ESTER SE PREPARA PARA ENCONTRAR-SE COM O REI, DE ROBERT T. BARRETT
TEMA DA MUTUAL 2008
“Quem sabe se para tal tempo
como este chegaste a este reino”?
(Ester 4:14) Ela é um grande exemplo de fé e determinação.
Temos, a nossa volta, grandes
exemplos de pessoas
firmes, inamovíveis e
que sobejam em boas
obras. Muitos de nós
vemos nossos pais
guardarem
alegremente os convênios do
templo. Vemos missionários
no mundo inteiro que obedecem estritamente e são
fiéis em seu chamado.
Líderes, consultores,
irmãos, irmãs e amigos
podem também personificar essas qualidades.
Como podemos seguir
esses exemplos e ser firmes e inamovíveis? Cada
um de nós pode ser determinado e firme em nossa obediência e dignidade. Devemos nos
esforçar para ser totalmente fiéis
na oração, no estudo das escrituras,
no pagamento do dízimo, em viver a
Palavra de Sabedoria, em freqüentar
as reuniões, em ser puros em pensamentos e ações, em honrar o
sacerdócio e em ser bondosos com
nossos familiares e amigos.
Bênçãos por Sermos Firmes e
Inamovíveis
A escritura tema da Mutual
de 2008 encontra-se no
final do último
discurso do rei
Benjamim (ver
Mosias 2–5).
As palavras do
rei tocaram o povo de
tal modo que eles passaram por uma vigorosa
mudança no coração:
“eles não tinham mais
disposição para
praticar o mal,
mas, sim, de
fazer o bem
continuamente” (ver Mosias 5:2).
Devido a essa mudança, o rei
Benjamim disse ao povo que o
Senhor os “[selaria] como seus, a
fim de que [fossem] levados ao
céu e [tivessem] salvação sem fim”
(Mosias 5:15).
O Élder David A. Bednar, do
Quórum dos Doze Apóstolos, explicou que a palavra selamento referese ao “poder santificador do Espírito
Santo (...) Receber esse ‘selo de
aprovação’ do Espírito Santo é resultado de fidelidade, integridade e
constância em honrar os convênios
do evangelho”.1
Ao edificarmos sobre o alicerce
seguro do Salvador Jesus Cristo,
podemos também receber tais bênçãos. Podemos ter uma vigorosa
mudança de coração, ser selados para
a vida eterna pelo poder santificador
do Espírito Santo, e, por fim, receber
tudo o que o Salvador possui. ■
NOTA
1. “Necessário Vos É Nascer de Novo”,
A Liahona, maio de 2007, p. 22.
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 43
Por Que Eu Estava Acordado
às 3h da Manhã?
Stan Byrd
A
princípio, pensei que minha
esposa, Eva, tinha tocado em
mim para me acordar. Mas,
quando me virei, vi que ela ainda dormia. Quando me sentei na cama, tive
a clara impressão de que precisava ir à
Q
uando olhei
ao redor,
fiquei intrigado. A impressão
que tivera era
real. Por que,
então, eu estava
sozinho na sala
às 3h da manhã?
44
sala de estar. Saí da cama e atravessei
o corredor. Verifiquei se as crianças
estavam bem, quando passei pelos
quartos, e constatei que dormiam
profundamente.
Na sala, um calor agradável saía do
aquecedor, que consumia a cota de
carvão para aquela noite. O registro
estava na posição correta e a fornalha parecia trabalhar adequadamente. Tudo parecia normal. Até
nosso cachorro dormia, alheio a
minha presença. Lá fora, viam-se
somente sombras imóveis em um
quintal coberto de neve.
Quando olhei novamente ao
redor, fiquei intrigado. A impressão
que tivera era real. Por que, então,
eu estava sozinho na sala às 3h da
ILUSTRAÇÕES: DANIEL LEWIS; FOTOGRAFIAS: EMILY LEISHMAN
VOZES DA IGREJA
manhã? Permaneci ali por alguns
minutos e por fim, decidi voltar
para a cama.
Ao dar os primeiros passos para
retornar ao quarto, ouvi um estranho barulho de metal atrás de mim.
Voltei-me rapidamente e vi fumaça
e fagulhas saindo da parte de trás
do aquecedor! Um rebite no cano
do aquecedor havia se desprendido
de repente, e um gomo do cano se
soltou, abrindo uma brecha de bom
tamanho.
Chamei Eva para me ajudar.
Rapidamente coloquei as luvas de
couro que mantinha perto do aquecedor e segurei o gomo com força, para
reposicioná-lo. Depois de fazer isso,
juntei-me a Eva para tirar a
fumaça da sala. Então, avaliamos os estragos.
As fagulhas e a fuligem
tinham queimado só uma
pequena parte do tapete. Se eu
não estivesse lá no momento em que
o rebite do cano se desprendeu, a sala
inteira teria sido tomada pelas chamas, em uma questão de minutos.
A provável destruição de
nossa casa e até a possível perda de nossa vida
tinham sido evitadas —
graças à gentil, mas indelével impressão recebida
do Espírito Santo.
Ao voltar para cama,
senti-me grato por ter um
Pai Celestial amoroso, que
está acima de todas as
coisas e que me avisou
que um pequeno rebite
de metal arrebentaria
naquela fria noite de
inverno. ■
Como Eu Iria
à Igreja?
Alberto Bocca
E
m 1997, eu estava em La
Victoria, Venezuela, supostamente por dez dias, para um
compromisso de trabalho. Quando
percebi que não voltaria tão rápido
quanto eu esperava para casa, na
Itália, comecei a procurar uma capela
para assistir às reuniões no domingo.
Certo dia, na hora do almoço, fiz
amizade com um jovem engenheiro
italiano que sabia onde ficava uma
capela em Maracaibo. Ele fez um
mapa para mim. Eu tinha um carro
a minha disposição mas, infelizmente, não tinha feito o exame
médico necessário para obter uma
licença temporária para dirigir.
Eu era novo no local, tinha pouco
conhecimento de espanhol e algumas pessoas me aconselharam a não
usar o transporte público sozinho.
Estava em um dilema. Com a proximidade do domingo de Páscoa, eu
queria muito renovar os convênios,
partilhando do sacramento. Mas, sem
poder dirigir, como iria à reunião em
Maracaibo? Se o fizesse, me arriscaria
a ser parado por dirigir sem licença.
Ao pensar sobre minhas opções,
lembrei-me da 12ª regra de fé:
“Cremos na (...) obediência, honra e
manutenção da lei”. Eu sabia que, em
vez de dirigir, eu precisava obedecer à
lei do país (ver D&C 58:21), mesmo
que isso significasse não ir à reunião.
Alguns dias depois, transferime para o hotel onde meus
companheiros de trabalho
estavam hospedados. No
sábado de manhã, depois de
caminhar, voltei ao hotel, ainda tentando descobrir como ir à Igreja no
dia seguinte. Ao passar pelo balcão da
recepção, fiquei surpreso ao ver um
exemplar da Liahona em espanhol.
Perguntei: “Quem é membro da
Igreja aqui”? Alguém me respondeu
que a revista pertencia a um dos
funcionários do hotel. A recepcionista foi até o escritório e pediu-lhe
que viesse ao meu encontro.
Enquanto conversávamos sobre a
Igreja, aquele bom irmão me disse
que havia uma capela bem ali, em
La Victoria e que a capela ficava tão
perto do hotel que eu poderia ir a
pé. Disse-me que ficaria feliz em
me encontrar na manhã seguinte
e acompanhar-me à Igreja. Que
felicidade senti!
Acabei ficando em La Victoria por
mais dois meses. Nesse período, fiz
muitos amigos ao participar alegremente das reuniões e atividades.
Logo depois da Páscoa, obtive a
licença para dirigir, o que tornou
possível comparecer à conferência
de estaca em Maracaibo.
Enquanto estive na Venezuela,
meu testemunho da importância
de obedecer à lei do país — mesmo
quando não é conveniente — foi
fortalecido. Também adquiri um testemunho de que as publicações da
Igreja são uma forma eficiente de
partilhar as bênçãos do Senhor. ■
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 45
O Livro com
Respostas
Alessandra Maria Pereira de Paula
A
o assistir a um documentário
sobre a floresta amazônica,
soube que missionários de
várias religiões ensinaram os nativos
a respeito de Jesus Cristo. Comecei
a pensar sobre a salvação dos milhões
de seus ancestrais que nunca haviam
ouvido sobre Jesus, sobre o evangelho ou sobre as ordenanças salvadoras, como o batismo. Se o Salvador
veio ao mundo para a salvação de
toda a humanidade, por que tantos,
através da história, não receberam
Sua gloriosa mensagem?
Busquei respostas na Bíblia que
ao menos sugerissem que o Velho
Mundo tivesse conhecimento das
civilizações das Américas, mas nada
encontrei. Nem pastores, padres ou
estudiosos da Bíblia conseguiram
responder a minhas perguntas.
Certo dia, ouvi um hino que me
emocionou. Aprendi o hino em português, e tentava traduzi-lo para o
inglês, quando lembrei que minha
vizinha Jesuína, que era membro da
Igreja de Jesus Cristo dos Santos
dos Últimos Dias, recebia com freqüência os missionários americanos
em sua casa. Perguntei-lhe se eles
poderiam traduzir o hino para mim.
46
No dia seguinte, eles deixaram
a tradução com um recado que
dizia: “Foi um prazer poder ajudá-la.
Gostaríamos de conhecê-la um dia
desses”.
Quando conheci os missionários,
uma semana depois, eles me convidaram para visitar sua Igreja. Mas eu
não gostava dos mórmons. Meus
familiares e líderes de outras igrejas
que eu havia conhecido diziam
que eram de uma seita perigosa.
Fizeram muitas críticas absurdas,
e eu acreditei. Entretanto, pouco
tempo depois, num domingo chuvoso, acordei com um grande
desejo de visitar a Igreja — para
retribuir sua gentileza — mas também por curiosidade. Na primeira
reunião, as pessoas foram ao púlpito e testificaram que sabiam que
a Igreja e o Livro de Mórmon eram
verdadeiros e que Joseph Smith
fora um profeta de Deus. Ainda
um tanto confusa, segui para a
escola dominical.
Quando a professora mencionou
escrituras e histórias da Bíblia, fiquei
ansiosa por participar. Mas, quando
ela falou do Livro de Mórmon fiquei
quieta e pensativa. Por que usar
outro livro se nós já tínhamos a
Bíblia? Antes que eu saísse, a professora agradeceu-me pela participação
e, para minha surpresa, deu-me o
seu exemplar do Livro de Mórmon.
Já em casa, fui para o meu quarto,
ajoelhei-me e conversei com o Pai
Celestial. Disse-Lhe que eu sentia
algo especial a respeito da Igreja
Mórmon, mas não queria ser enganada pelo adversário. Orei para que
Ele me ajudasse a sanar minhas dúvidas e me mostrasse qual igreja era
verdadeira.
Mais tarde, senti um forte desejo
de ler o Livro de Mórmon. Orei
novamente, pedindo força e orientação. Ao orar, tive sentimentos fortes
e bons — um calor interior. Eu sabia
que não estava sozinha naquele
momento. Instantaneamente, ocorreu-me um pensamento: “Leia o
livro”!
Eu abri o livro e comecei a ler.
Antes de terminar a introdução,
lágrimas começaram a rolar pelo
meu rosto enquanto o Senhor me
revelava o mistério dos nativos
americanos. Parecia que o Livro
de Mórmon havia sido preparado
para sanar minhas preocupações.
Senti grande alegria ao ver minhas
perguntas respondidas. Era como se
os antigos povos americanos falassem do túmulo a respeito de sua
vida e testificassem que conheciam
Jesus e que Ele sofrera por eles
também.
Surpresa com minha descoberta,
procurei os missionários e ouvi as
palestras. Em 31 de março de 1991,
um domingo de Páscoa, entrei nas
águas do batismo — a melhor decisão que já tomei.
Sou imensamente grata ao meu
Pai Celestial por Sua misericórdia
e profunda sabedoria. Sei que Ele
é justo, que não Se esquece de
nenhum de Seus filhos e que está
ansioso para revelar Seu plano a
toda a humanidade. Eu sei que o
Livro de Mórmon é um livro
sagrado. Ele é verdadeiro. ■
todos ao redor, minha professora de
violino pediu-me ajuda. Ela era a líder
de música da Primária de uma ala e
estava planejando uma reunião sacramental com músicas da Primária.
Aubrey Williams
Minha professora perguntou-me se
eu não gostaria de tocar violino em
algumas músicas. Eu não queria, mas
uando eu estava no ensino
disse sim. Quando ela me deu o promédio, envolvi-me com um
grama, olhei os títulos. A última
rapaz que minha família não
música a ser tocada seria “Sou um
aprovava. Por causa disso, tornei-me
Filho de Deus” (Hinos, nº. 193).
agressiva com meus irmãos e rancoEu não estava entusiasmada porrosa com meus pais. Infelizmente, eu
que sabia do poder espiritual que
estava convencida de que eles não
a música tem. Comecei a treinar,
sabiam o que era bom para mim; só
mas fazia de tudo para repelir o
eu sabia. O que eles tinham contra
Espírito —-desde pensar no quanto
meu namorado? É certo que, algumas
odiava minha família até não pensar
vezes, ele me dizia coisas horríveis.
nas músicas quando não estava
Mas eu acreditava que ele me feria
praticando.
porque me amava. Eu
Espírito
Quando o domingo da
achava que ninguém mais
disse-me
apresentação
chegou, mal
se importava comigo.
para ouvir podia esperar para que
Por estar em uma relaa letra da música
acabasse. Durante a apreção em que sofria insultos,
e lembrar-me de
sentação, tentei ignorar o
meus sentimentos e perque eu era uma
cepções ficaram alterados.
filha de Deus.
Explodia por qualquer
motivo em um minuto
e, no minuto seguinte,
entrava em depressão.
Não ia à Igreja, esquivavame daqueles que me amavam de verdade e evitava
tudo que fosse espiritual, especialmente boa música. Embora
não admitisse,
eu estava
sofrendo.
Quando
ainda me debatia com meu estilo de
vida e com
Algo Que Eu
Não Esperava
Q
O
Espírito, mas quando chegou a vez da
última música, minha professora de
violino fez algo que eu não esperava.
Ela se virou para a congregação e
convidou-a para cantar também.
Posicionei meu arco nas cordas
do violino e toquei a primeira nota.
O Espírito tocou-me com tal força
que lágrimas começaram a correr pelo
meu rosto antes do fim da segunda
estrofe. O Espírito disse-me para ouvir
a letra da música e lembrar-me de que
eu era uma filha de Deus, que sempre
seria especial para Ele e que eu não
precisava de um namorado que me
maltratasse. Eu precisava Dele.
O som de todas aquelas vozes —
de jovens e idosos — cantando as
palavras simples do hino ajudou-me
a escutar e entender Suas palavras,
as palavras de minha família e as palavras dos líderes da Igreja. A música
era o meu ponto fraco. O Pai Celestial
sabia que a música podia tocar meu
coração. Era eu quem precisava
mudar, e não minha família.
O Senhor conhece e entende
o poder da música (ver D&C
25:12). Ela pode elevar-nos
e abrir nosso coração e
nossa mente para
receber o
Espírito.
Serei sempre
grata pela música
e pelo espírito que ela
ainda traz a minha vida
atualmente. ■
A LIAHONA JANEIRO DE 2008 47
COMENTÁRIOS
Mais Perto de Deus
Mesmo quando parei
de ir à Igreja, eu ainda
quis manter a assinatura
de A Liahona. Um dia,
acessei uma página na
Internet e solicitei uma
assinatura e uma irmã imediatamente
me enviou um exemplar. Fiquei muito
feliz quando recebi o exemplar para
membros novos (outubro de 2006);
essa edição me deixou profundamente emocionado e provou, de
novo, a veracidade desse evangelho.
Graças à revista A Liahona eu me
sinto mais perto de Deus.
Márcio Honirio Peres, Brasil
minha vida. Aprecio todas as
histórias. A Liahona aumentou meu testemunho a respeito de Jesus Cristo. É um
guia diário.
Wilfred Kenneth F. Wokekoro,
Nigéria
Descanso Depois de um Dia Difícil
Depois das aulas, vou para meu
quarto sentindo grande cansaço e
necessidade de descansar. Leio A
Liahona. Gosto muito de lê-la. Todas
as mensagens são verdadeiramente inspiradas e me lembram de tudo o que
Jesus Cristo nos ensinou. Sei, com certeza, que essas coisas são verdadeiras.
Judie Ann Diamada Boligor, Filipinas
Maasoama Bernard, EUA
Um Guia Diário
A Liahona é como uma companhia
constante. Eu a leio todos os dias —
no escritório, durante os intervalos,
em casa, e em todas as oportunidades
possíveis. O conselho das Autoridades
Gerais e as várias histórias da vida
real me ajudam a moldar
48
A Liahona é um alicerce indispensável para a obra missionária.
Usando os artigos publicados em a
Liahona, ajudei muitos pesquisadores, em especial ao prepará-los para
o batismo e a confirmação.
Petra Longerich, Alemanha
Alimentar Nossa Fé
Fico muito feliz quando leio a
Liahona. Uso a revista nas lições da
Sociedade de Socorro e nas noites
familiares. Compartilhei a Liahona
com uma amiga que não professa a
nossa fé. Gosto muito de ler essa
revista porque eu entendo mais a
respeito da Igreja e sobre o que
acontece nela. Muito obrigada por
preparar bons temas e boas lições
para que possamos alimentar e ver
crescer a nossa fé no verdadeiro
evangelho de nosso Pai Celestial.
Alicerce para a Obra Missionária
O Poder da Expiação
A Liahona publicou um artigo
sobre a Expiação de Cristo e o seu significado para a vida das pessoas, e
percebi que meus pecados ficaram
no passado e que eu poderia seguir
adiante e começar de novo. Sou
agora a presidente da
Organização das Moças e amo
trabalhar com elas. Sou muito
feliz e espero ajudar as pessoas
que ainda não foram batizadas
a saber que esta é a Igreja
verdadeira.
Viarda Martinez,
República Dominicana
CRISTO NO GETSÊMANI,
DE HEINRICH HOFMANN,
CORTESIA DE
C. HARRISON
CONROY CO.
Envie seus comentários por e-mail para
[email protected]. Ou para:
Liahona, Comment
50 E. North Temple St., Rm 2420
Salt Lake City, UT 84150-3220, USA
As cartas podem ser editadas por questão
de extensão ou clareza.
PA R A A S C R I A N Ç A S • A I G R E J A D E J E S U S C R I S TO D O S S A N TO S D O S Ú LT I M O S D I A S • J A N E I R O D E 2 0 0 8
OAmigo
VINDE AO
PROFETA ESCUTAR
A Luz de um
Novo Dia
PRESIDENTE GORDON B. HINCKLEY
T
“Quando olhamos para o leste e vemos o
ive uma reunião inesquecível com um
rosto de uma mulher e podemos dizer: ‘É
ex-primeiro-ministro. Ele tinha preminha irmã’, e, quando olhamos para o leste
senciado muitos conflitos e problemas
e avistamos o rosto de um homem e podedurante sua vida. Ele contou uma história
mos dizer: ‘É meu irmão’, sabemos, então,
bem interessante sobre um rabino judeu
que a luz de um novo dia raiou”.
que conversava com dois amigos. O rabino
Pensem um pouco sobre isso, meus queperguntou a um deles: “Como sabemos
O Presidente
ridos amigos. Isso fala sobre o verdadeiro
quando a noite termina e um novo dia
Hinckley nos lembra
significado da irmandade.
começa?”
que todos nós somos
O evangelho de Jesus Cristo é o único
O amigo respondeu: “Quando olhamos
irmãos e irmãs.
elemento capaz de destruir o ódio que
para o leste e conseguimos diferenciar uma
existe entre o povo. Se as pessoas tiverem
ovelha de uma cabra, sabemos, então, que a
esse evangelho em sua vida, haverá muito
noite terminou e um novo dia começou”.
mais paz no mundo. É por esse motivo que estamos
Em seguida, fez a mesma pergunta ao segundo
aqui, vocês e eu: para ensinar o evangelho do Senhor
amigo. Este respondeu: “Quando olhamos bem longe
Jesus Cristo e tocar o coração das pessoas, de maneira
e podemos diferenciar uma oliveira de uma figueira,
que elas se olhem umas às outras como irmãos e irmãs,
sabemos, então, que a noite terminou e um novo dia
como filhos de nosso Pai Celestial. ●
começou”.
Depois eles perguntaram ao rabino como é que ele
De um discurso proferido na Universidade Brigham Young em
sabia quando a noite terminava e um novo dia come31 de outubro de 2006, e “Palavras do Profeta Vivo”, A Liahona,
çava. Ele pensou por alguns minutos e, então, disse:
dezembro de 1996, p. 8.
1. Na história, o rabino comparou o amor à luz de um
novo amanhecer. Por que a luz do evangelho traz amor ao
coração?
A2
2. Como você pode compartilhar o evangelho e ajudar
outras pessoas a encontrar a paz?
3. Como você pode sentir a paz do evangelho em sua
própria vida?
À DIREITA: FOTOGRAFIAS © GETTY IMAGES
COISAS EM QUE PENSAR
O AMIGO JANEIRO DE 2008
A3
O Plano de Salvação
Morte
Nascimento
Vida Pré- Mortal
Observação: Se não quiser remover
páginas da revista, essa atividade pode
ser copiada ou impressa a partir do
site www.lds.org. Para o inglês, clique
em “Gospel Library”. Para outros
idiomas, clique em “Languages”.
Mundo Espiritual
Vida Terrena
I LU S T R A Ç Ã O :
Ressurreição
Julgamento Final
Reino
Telestial
Reino
Terrestre
Reino
Celestial
TEMPO DE
COMPARTILHAR
Minha Vida É um Dom;
Minha Vida Tem um Plano
“Todos os seres humanos—homem e mulher—foram
criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho
(ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o
amam e, como tal, possui natureza e destino divinos”
(“A Família: Proclamação ao Mundo”).
completa do flanelógrafo para ajudá-lo a colocar as figuras no lugar certo. Aprenda sobre o plano de salvação e
compartilhe esse conhecimento com sua família. Você
pode usar esta atividade em uma lição da noite familiar.
L I N DA C H R I S T E N S E N
Idéias para o Tempo de Compartilhar
Existe razão em nosso viver;
Existe um plano que fez-nos nascer.
Por minha escolha a esta Terra vim
E devo buscar o melhor para mim.
(“Vou Cumprir o Plano de Deus”, Músicas para
Crianças, pp. 86–87)
1. Mostre uma gravura da Primeira Presidência e do
Quórum dos Doze Apóstolos juntamente com uma cópia de
“A Família: Proclamação ao Mundo” (A Liahona, outubro de
1994, p. 49). Discuta sobre a importância da proclamação
e ajude as crianças a memorizar a primeira frase do
segundo parágrafo. Explique-lhes que ser “criado à imagem
de Deus” significa que temos corpos físicos e podemos tornar-nos como o Pai Celestial. Converse sobre as bênçãos que
temos por possuirmos um corpo. Refira-se a Meus Padrões
do Evangelho: “Manterei o corpo e a mente sagrados e
puros e não comerei nem beberei coisas que sejam prejudiciais a mim”. Fale sobre algumas formas de demonstrar respeito pelo nosso corpo.
2. Diga: “Eu tenho um destino divino”, e pergunte às
crianças o que elas acham que isso significa. Discuta o
significado das palavras divino (diretamente de Deus)
e destino (um plano preordenado). Leiam Abraão 3:23.
Sublinhem as palavras “foste escolhido antes de nasceres”.
Fale sobre alguns acontecimentos da vida de Abraão.
Ressalte que o Pai Celestial conhecia e amava Abraão na
vida pré-mortal. Por sua obediência, Abraão recebeu muitas bênçãos do Pai Celestial. Compartilhe exemplos de
outras pessoas que foram escolhidas, mesmo antes de
nascerem, para cumprir uma importante missão: Joseph
Smith (ver 2 Néfi 3:14–15), Gordon B. Hinckley (ver “Buscai
o Reino de Deus”, A Liahona, maio de 2006, p. 81), e Jesus
Cristo (ver Moisés 4:1–2). Relembre às crianças que o Pai
Celestial tem uma missão especial para cada uma delas
cumprir aqui na Terra. Pergunte: “Que tipo de coisas vocês
acham que o Pai Celestial quer que vocês façam?” Preste
testemunho de que cada pessoa tem um destino divino e
que a escolha do que é certo vai ajudá-las. ●
§
FUNDO © CORBIS IMAGES
Essas palavras ensinam que você viveu com o Pai
Celestial antes de vir a esta Terra. Você é um filho (ou
uma filha) Dele. O Pai Celestial pediu a Seu Filho, Jesus
Cristo, que criasse a Terra. Ela foi preparada para que
você pudesse viver e receber um corpo. Você também
recebeu o livre-arbítrio, e escolheu vir à Terra e aprender a seguir o plano do Pai Celestial.
Você pode aprender sobre o plano do Pai Celestial
nas escrituras. Jacó, um profeta do Livro de Mórmon,
ensinou que Jesus Cristo foi escolhido para ser nosso
Salvador. Ele habitaria na Terra, tomaria sobre Si os pecados do mundo e providenciaria um meio pelo qual os
filhos do Pai Celestial pudessem voltar a Sua presença.
Por intermédio de Jesus Cristo, você pode arrepender-se
e ser perdoado de seus pecados. Jacó disse, “Oh! Quão
grande é o plano de nosso Deus!” (2 Néfi 9:13).
O Pai Celestial o ama e deixou Suas palavras — as
escrituras — para que você conheça Seu plano. Se
seguir esse plano, você encontrará felicidade na Terra
e voltará à presença Dele um dia.
Atividade
Retire a página A4 e cole-a em cartolina. Recorte cada
figura na linha preta e cole um pedaço de flanela ou um
material áspero no verso da cartolina. Veja a ilustração
O AMIGO JANEIRO DE 2008
A5
DA VIDA DO PROFETA JOSEPH SMITH
Nascido de Bons Pais
Joseph Smith foi preparado por pais bondosos
para ser um profeta.
Quando sua mãe, Lucy Mack Smith, era uma
jovem mãe, ficou muito doente. O médico
disse que ela poderia morrer.
Pai Celestial, ainda não
estou pronta para morrer.
Ainda não sei o que devo fazer
para ir para o céu.
Deseja que eu a batize,
mesmo sem o desejo de
filiar-se a minha Igreja?
Isso mesmo. Não
creio que exista atualmente
uma Igreja verdadeira na Terra,
mas a Bíblia diz que eu devo
ser batizada. Quero ser
obediente.
ILUSTRAÇÕES: SAL VELLUTO E EUGENIO MATTOZZI
Se permitires que eu
viva, vou me esforçar para
sempre Te servir.
Ela começou a melhorar e logo sarou. Em seu esforço
por cumprir a promessa, procurou receber o batismo.
A6
O pai de Joseph também era um homem religioso. Muitos anos antes da visão do filho, Joseph Smith Sênior
teve visões que o prepararam para receber a verdade. Uma das visões que teve foi como a de Leí e Néfi.
Ontem à noite, sonhei com
uma árvore de frutos
maravilhosos.
Havia pessoas no
interior de um grande e
espaçoso edifício que zombavam
de nós porque comíamos
desses frutos.
O jovem Joseph aprendeu com os pais que era importante
orar e estudar as escrituras. Joseph sabia procurar respostas
para suas perguntas porque os pais o tinham ensinado corretamente.
Foi-me revelado que
o fruto representa o amor
de Deus.
Depois da Primeira Visão de Joseph, seus
familiares acreditaram nele e o apoiaram em
seu grandioso chamado.
Crianças, venham! Está na
hora de estudar a Bíblia e fazer
a oração em família.
Eles mesmos serviram em importantes chamados: o pai de Joseph foi o
primeiro patriarca da Igreja.
Adaptado de Lucy Mack Smith, História de Joseph Smith, ed. Preston Nibley (1979), pp. 34–36;
48–50; ver também Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith (2007), pp. xviii; 37.
O AMIGO JANEIRO DE 2008 A7
“Eu disse aos irmãos que o Livro
de Mórmon era o mais correto
de todos os livros da Terra e a
pedra angular de nossa religião,
e que um homem poderia
10. Outubro
Mórmon
------------Capítulos 1, 6–7
aproximar-se mais de
Deus seguindo seus
preceitos do que de
qualquer outro
livro.” --- Joseph Smith
1.
Ja
n
--- 1 N eiro
Ca -- éf
pít ---- i
u
7– los --8,
2–
18 4,
Eu Vou Ler o
Livro de
Mórmon
o
reir
eve
2. F Néfi
2
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í
Cap 31
,
3–5
11. N
ovem
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Éter
-----Capít ------ulos 1
–3, 6
o
br
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De rôn --.
10
12 Mo ----- 5,
1–
---- los
u
pít
a
C
3. Março
Jacó
------------Capítulos 1, 7
J U L I E T. R A B E
4. Abril
Enos, Jarom, Ômni e
Palavras de Mórmon
------------Enos 1
9. Setembro
4 Néfi
------------O livro todo
8. Agosto
3 Néfi
------------Capítulos 8–11, 17
A8
7. Julho
Helamã
------------Capítulos 13–15
6. Junho
Alma
------------Capítulos 14, 17–18,
53–56
5. Maio
Mosias
------------Capítulos 11–13,
17–18, 27
P
Esta atividade o ajudará a acompanhar sua leitura do
Livro de Mórmon durante este ano. Retire estas páginas
da revista com cuidado. Recorte a gravura que se encontra no final desta página e monte o arco. Ao terminar de
ler cada designação do Livro de Mórmon (sozinho ou
com a família), recorte a gravura correspondente e colea no arco, no local indicado. Crianças menores poderão
ler apenas os capítulos marcados em itálico. ●
Nota: Se não quiser remover páginas da revista, essa atividade
pode ser copiada ou impressa a partir do site www.lds.org. Para o
inglês, clique em “Gospel Library”. Para outros idiomas, clique em
“Languages”.
ILUSTRAÇÕES: SCOTT GREER
edra angular é aquela que fica no alto e ao centro
de um arco. Ela mantém as outras pedras firmes
em seu devido lugar. Se a pedra angular é retirada, o arco se desmonta.
O Profeta Joseph Smith afirmou, “Eu disse aos
irmãos que o Livro de Mórmon era o mais correto de
todos os livros da Terra e a pedra angular de nossa
religião, e que um homem poderia aproximar-se mais
de Deus seguindo seus preceitos do que de qualquer
outro livro” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja:
Joseph Smith (2007), p. 64; grifo do autor).
O AMIGO JANEIRO DE 2008 A9
Nós Que Unem
“Seja um bispo para meu povo, diz o Senhor, não no nome, mas em ações” (D&C 117:11).
KRISTEN CHANDLER
C
“
arambolas!... Não é possível!”,
disse Ryan a si mesmo no espelho, olhando para as pontas soltas
da gravata. Ele tinha meia hora para resolver
o problema. Como era difícil!
A mãe bateu na porta do banheiro. “Ryan?”,
chamou suavemente.
“Pode entrar”, ele murmurou.
Ela sorriu para ele ao abrir a porta.
“Está tudo bem?”
“Não muito. Eu queria que ficasse
igual à do papai.”
A mãe franziu a testa, mas foi só por uma
fração de segundo. Ryan não queria ter
mencionado nada a respeito do pai,
mas não conseguiu evitar.
Ela segurou as pontas da gravata e
balançou-as. “Talvez o Manual de Escotismo
ensine a dar nó nessa gravata, o que acha?”
E saiu para procurá-lo.
Ryan sentia-se ridículo por estar com 12
anos e ainda não saber dar nó na gravata. O
pai costumava fazer isso para ele. Mas
agora, seus pais estavam divorciados, e o
pai morava do outro lado da cidade.
A mãe voltou com o manual aberto.
“Posso tentar?”, perguntou.
“Claro”, respondeu Ryan, tentando
parecer simpático. Sua mãe era hábil, mas
dar nó em gravatas não era exatamente
sua maior habilidade.
O nó que ela deu parecia mais um
projeto de origami. Desmanchou
o nó da gravata de seda e
começou de novo. Depois de fracassar
novamente, suspirou, desapontada.
A10
De repente, Katie, a irmã mais velha
de Ryan, entrou no banheiro. “Nossa, Ryan,
o que aconteceu com sua gravata?”, perguntou,
como se a gravata dele fosse uma forma de
vida mutante.
“Nada!”, a mãe respondeu, tentando dar forma
à gravata. “Tudo.”
“Eu vou chegar atrasado”, ele disse, tentando
não parecer aborrecido. Mas ele estava aborrecido. Ia distribuir o sacramento pela primeira
vez, desde sua ordenação como diácono, e
aquela gravata estava horrível.
“Bem, você não pode distribuir o sacramento com a gravata desse jeito”, comentou
Katie.
A mãe empurrou-a gentilmente para fora
do banheiro e voltou. “Tenho uma idéia”,
disse ao Ryan.
Ele olhou para ela desconfiado.
“E se você for para a Igreja mais cedo e
pedir a ajuda do bispo para fazer o laço?”
O bispo? Que vergonha! Ryan preferia
ficar em casa, a ir para a Igreja com a gravata
na mão e pedir ajuda ao bispo na frente de
todo mundo.
“Tenho certeza de que ele sempre ajuda
o Peter”, ela afirmou.
Peter era o filho do bispo. “Duvido!”,
Ryan retrucou, olhando no espelho seu
reflexo zangado e arrancando a gravata.
Quando chegou à porta da capela,
Ryan sentiu o rosto avermelhar de
humilhação. O que os outros rapazes
iriam pensar se o vissem pedir ajuda
ao bispo? Por que sua mãe não poderia
fazer isso por ele? Ele quase deu meia-volta.
ILUSTRAÇÃO: KEITH LARSON
Inspirado em uma história real
“Presto testemunho da força
e da bondade dos bispos
desta Igreja.”
Presidente Gordon B. Hinckley,
“Os Pastores de Israel”, A
Liahona, novembro de 2003,
p. 62.
O AMIGO JANEIRO DE 2008 A11
COMO DAR NÓ NA GRAVATA
Há diversas maneiras de se dar nó na gravata.
Segue abaixo uma maneira simples.
(Estes passos mostram o que você verá no espelho.)
1. Comece com a
ponta mais larga da
gravata no lado direito,
aproximadamente 30
cm abaixo da ponta
mais fina.
Foi quando algo suave, mas forte, disse-lhe para
entrar na capela, que tudo daria certo.
Ele respirou profundamente e entrou. Tinha chegado cedo e, por isso, a capela estava praticamente
vazia, exceto pela organista e algumas pessoas sentadas na frente. E lá estava o Bispo Anderson no púlpito,
a cabeça abaixada, calmamente lendo as escrituras.
Assim que viu Ryan, pôs as escrituras de lado e desceu
até o corredor, estendendo-lhe a mão.
“Bem-vindo, Ryan. Animado para distribuir o sacramento hoje?”, perguntou.
“Bem... eu tenho um probleminha.”
“Não se preocupe. Todos ficam nervosos na primeira
vez. Eu pisei no pé de uma senhora quando tinha sua
idade. No final, tudo deu certo.”
“Não”, disse Ryan, mostrando-lhe a gravata.
“Ahh...! Venha comigo”, convidou o bispo.
Os dois se dirigiram para o saguão. O bispo mostrou-lhe o que fazer para dar o nó e, antes de perceber, a gravata já tinha uma aparência normal. O Bispo
Anderson não zombou dele, nem agiu de modo a
insinuar que Ryan tivesse a obrigação de já saber
fazer aquele tipo de nó. E também não agiu como
se tivesse pena de Ryan.
“Obrigado por ter-me pedido para ajudá-lo com isso”,
o bispo disse, enquanto voltavam para a capela.
Ryan concordou com a cabeça. Ainda se sentia um
pouquinho envergonhado, mas não como antes,
quando ainda não tinha colocado a gravata.
O bispo pousou a mão no ombro do Ryan. “Esta ala é
como uma grande família, e sempre me sinto melhor
quando posso cuidar dos membros de minha família.”
Em seguida, dirigiu-se para a frente da capela.
Enquanto distribuía o sacramento, Ryan viu rostos
sorridentes, familiares. Lembrou-se então das palavras
do bispo. Esta ala é como uma grande família, uma família da qual gostava de fazer parte. ●
A12
2. Passe a ponta mais
larga por cima da ponta
estreita e depois por
trás, pelo lado de baixo.
3. Continue a dar a
volta, passando a
ponta mais larga por
cima da ponta estreita
mais uma vez.
4. Passe a ponta mais
larga por dentro do
espaço entre o pescoço e a gravata.
5. Mantendo a frente
do nó frouxa com o
dedo, introduza a
parte mais larga no
laço que se formou
na frente.
6. Retire o dedo e
aperte o nó com cuidado. Segure a ponta
estreita e deslize o
nó para cima até que
se ajuste confortavelmente ao pescoço.
ILUSTRAÇÃO: APRYL STOTT
PÁGINA PARA COLORIR
SOU UM FILHO DE DEUS, E ELE TEM UM PLANO PARA MIM
“Todos os seres humanos — homem e mulher — foram criados à imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho
(ou filha) gerado em espírito por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino divinos”
(“A Família — Proclamação ao Mundo”, A Liahona, outubro de 2004, p. 49).
FAZENDO AMIGOS
Um Missionário
em Formação
J O H N K A Y, D E G L E N R O T H E S ,
FIFE, ESCÓCIA
K I M B E R LY W E B B
Revistas da Igreja
Dízimos
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John ajuda a edificar um lar feliz. Ele ama sua irmã,
Phoebe, e sua mãe, Alison.
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FOTOGRAFIAS: MARK FINCH HEDENGREN; ILUSTRAÇÕES: THOMAS S. CHILD CHILD;
FOTOGRAFIA DO PORQUINHO-DA-ÍNDIA: © GETTY IMAGES; MAPA: MOUNTAIN HIGH MAPS
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Do Que John Mais Gosta?
1. O pão de carne que a mãe faz
2. Judô
3. Andar a cavalo
4. Seu porquinho-da-índia, Saturno
5. A história de Daniel na cova dos leões
6. Brincar com os amigos
7. Escalar com o pai
8. Artes (sua matéria favorita na escola)
9. Pizza
10. Subir na grande árvore do quintal, lugar
preferido para refletir.
ONDE FICA
GLENROTHES,
FIFE, ESCÓCIA?
Distribuindo Sorrisos
John diz que tenta edificar um lar feliz
falando gentilmente com sua família,
especialmente com sua irmã mais velha,
Phoebe. “Tentamos ouvir um ao outro”,
ele acrescenta.
A mãe de John diz: “Normalmente John
está assoviando ou cantando pela casa”. Ela
é grata por John se importar com as pessoas, porque ela sofre de depressão. “John
sabe exatamente como me tratar”, ela diz.
“Ele é muito leal e responsável e tem um
coração cheio de amor.”
John está ansioso para receber o
Sacerdócio de Melquisedeque, não só para
servir como missionário, mas também para
abençoar sua família. Por enquanto, ele ora
por eles e alegra-os com sua personalidade
cativante. ●
A16
A Escócia faz parte do
Reino Unido. Fica no norte
da Grã-Bretanha. John
gosta da pequena cidade
de Glenrothes. Ele mora a
cerca de 8 quilômetros do centro da cidade, em uma área rural.
Gosta das pequenas estradas e
colinas que cercam sua casa. E
gosta especialmente de andar de
bicicleta pelos bosques.
ES
C
CÓ
IA
Glenrothes
Glasgow
REPRODUÇÃO PROIBIDA; BORDA © NOVA DEVELOPMENT
Viajando Próximo do Mar Vermelho, de Gary Smith
“E aconteceu que o Senhor ordenou a meu pai, num sonho, que partisse com a família para o deserto. (...)
Fez, portanto, o que o Senhor lhe ordenara. (...) E deixou sua casa e a terra de sua herança (...) e suas coisas preciosas; e nada levou consigo,
a não ser sua família (...) e viajou pelo deserto, do lado mais próximo do Mar Vermelho” (1 Néfi 2:2–5).
D
entre suas inúmeras realizações, o Profeta Joseph
Smith lançou o alicerce da compreensão doutrinal
de nossos últimos dias. “Esta geração”, disse o
Senhor ao Profeta Joseph Smith, “receberá minha palavra
por teu intermédio” (D&C 5:10). Ver “O Profeta Joseph
Smith, Um Mestre Extraordinário”, p. 30.
“E todos vós [sois] filhos do Altíssimo”
(Salmos 82:6).
á crianças maravilhosas, incluindo você, que
vivem espalhadas pelo mundo inteiro. Elas
podem usar roupas diferentes das que você
usa, comer outros tipos de comida, falar outros idiomas e morar em casas nada parecidas com a sua, mas
todos vocês são filhos de Deus, e Ele os ama.
Remova da revista este pôster. Recorte cuidadosamente nas linhas pontilhadas. Prenda os doze quadrados em ordem numérica, com as escrituras viradas
para frente, e coloque o pôster na parede ou em um
lugar bem visível.
Cada mês, procure a referência da escritura ou
H
1. Janeiro
Sou um filho de Deus, e Ele tem um plano para mim.
“Todos os seres humanos – homem e mulher – foram criados à
imagem de Deus. Cada indivíduo é um filho (ou filha) gerado em espírito
por pais celestiais que o amam e, como tal, possui natureza e destino
divinos” (proclamação, parágrafo 2).
Sou Um
5. Maio
Filho de
Deus
© 2008 Intellectual Reserve, Inc.
ILUSTRAÇÕES: ADAM KOFORD
leia a citação de (“A Família: Proclamação ao Mundo”
A Liahona, outubro de 2004, p. 49) impressa no quadrado. Memorize a escritura ou a citação, se possível.
Quando terminar, feche o quadrado e o recoloque
na parede.
No final do ano, seu mapa estará completo, e você
terá visto alguns de seus amigos no mundo todo e
aprendido sobre algumas bênçãos e oportunidades
importantes que recebe, como filho de Deus.
Em cada revista deste ano, você encontrará uma
página para colorir com um tema e uma escritura.
Você poderá pintar a gravura e pendurá-la perto
do pôster.
O Pai Celestial planejou que eu tivesse uma família.
Posso fortalecer minha família agora.
2. Fevereiro
As escrituras ensinam-me sobre o Pai Celestial e Jesus Cristo
e como voltar à presença Deles.
2 Néfi 4:15
6. Junho
O templo é uma bênção para mim e minha família.
“A família é essencial ao plano do Criador para o destino eterno
de Seus filhos” (proclamação, parágrafo 1).
D&C 124:40
9. Setembro
10. Outubro
Posso orar ao Pai Celestial, e Ele ouvirá minhas
orações e as responderá.
Por ser Seu filho, servirei a Deus de todo o meu coração,
poder, mente e força.
Marcos 11:24
D&C 4:2
3. Março
4. Abril
Jesus Cristo é meu Salvador.
Seguirei o profeta.
I João 4:14
Amós 3:7
7. Julho
8. Agosto
Por saber que todos somos filhos de Deus, vou compartilhar
o evangelho com outras pessoas.
Mostrarei minha fé em Jesus Cristo, ao ser
batizado e confirmado.
D&C 18:15
D&C 68:27
11. Novembro
12. Dezembro
Sou grato por saber que somos todos filhos de Deus.
Amo meu Salvador Jesus Cristo e Seu evangelho restaurado.
D&C 59:7
2 Néfi 25:26
Sou um
Filho de
Deus
Exemplares adicionais do pôster (código 02259 059) estão à
disposição nos centros de distribuição da Igreja.

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