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Seminário: Márcia Sandoval Gregori Texto: On living in a New Country. Stephen Bann In: The New Museology . Peter Vergo, org. London: Reaktion Books, 2006. Stephen Bann é professor emérito de história da arte na Universidade de Bristol. Sua pesquisa está focada nas conexões entre história da arte e cultura visual. As fontes visuais são valorizadas como pontos de referência, mesmo quando fragmentárias. Interessa-­‐se pela capacidade das imagens em carregar significado. A subjetividade do curador de um museu ou de uma coleção é significativa para determinar como as representações do passado são estruturadas como sinédoques ou metonímias (o todo tomado pela parte ou a parte pelo todo). Ideias destacadas do texto: História/Histórico, Representação, Realidade, Construção Narrativa, Coletivo, Público No início do texto o autor diz que pretende abordar o tema da museologia a partir de um pequeno “caminho tortuoso” que uma experiência vivida na Austrália parece sugerir: Um rapaz à procura de suas origens, cujo ancestral foi morto na 1ª Grande Guerra e que pretende PUBLICAR sua HISTÓRIA; um segundo exemplo vem da Inglaterra, no século XVII: fala de como um gabinete de curiosidades criado por John Bargrave, morto na Guerra Civil, bem como uma inscrição na lápide, evita a morte da família na qual não há mais descendentes. Nos dois exemplos há um sentimento de que a HISTÓRIA individual e da família pode ser vista como um tipo de PROJEÇÃO da onipotência infantil da individualidade que tem que reconciliar seu desejo de ramificação INFINITA com o princípio HISTÓRICO de REALIDADE; Como, então, a HISTÓRIA incide sobre o memorialista e o colecionador? São exemplos de mediações da HISTÓRIA que escapam à instituição do museu (embora possam, em certo sentido, também precedê-­‐la). (p.102) Admite-­‐se como princípio que a retórica tem status cognitivo e que é possível analisar como comunicações bem sucedidas as formas de museus como o Musée des petits Augustins e o Musée de Cluny; Imagem do site do Musée de Cluny. Fonte: http://www.musee-­‐moyenage.fr/ 1 Uma pergunta-­‐base do texto seria: Qual a odisseia imaginativa e psicológica que leva um diretor ou curador do museu a oferecer uma experiência intensa de meios cuidadosamente compostos que o público percebe como HISTÓRICA? O texto também se propõe a investigar aquilo que pode ser chamado de “expressões incompletas e fragmentárias da função museológica e as complexas mediações que existem nas relações INDIVIDUAIS com a HISTÓRIA e como elas adquirem ou não uma expressão PÚBLICA; Questões centrais do texto: 1. Verificar as mediações da HISTÓRIA que esclarecem, embora possam de certo modo preceder, a instituição do museu; 2. Como funciona o passado e como ele é REPRESENTADO, por exemplo, em museus em “países novos”? Cuidados: 1. Não cair na depreciação patronal 2. Considerar que uma relação com o passado é inevitavelmente uma RELAÇÃO CONSTRUÍDA; 3. A consciência do passado precisa passar por muitos modos de destaque para conquistar uma expressão COLETIVA; 4. Ainda que indivíduos busquem conhecimento do passado, esse movimento se dá por meio de uma MATRIZ imposta pela pressão coletiva (p.105) Museus de Adelaide: 1. Há algo próximo de um quarteirão, ou bairro, de museus na cidade de Adelaide, que resistiu a reagrupar os equipamentos culturais em novos locais a uma certa distância do centro; 2. Essa área se constitui por uma série de locais a serem visitados, mais do que a simples sequência de fachadas espetaculares a serem olhadas; 3. Trata-­‐se de uma organização do passado integralmente ligada à experiência histórica especial da comunidade sul-­‐australiana 4. Apresenta a história do Sul em termos de sua diversidade de padrões de assentamento e ocupação: “A Austrália do Sul é um país, não um lugar”; 5. Há um vívido senso de cidade na apresentação (p.107) 6. Explicitam-­‐se neste caso dois polos da experiência sul-­‐australiana: o documento histórico do século XIX e o slide show contemporâneo. Portanto, segundo Bann, o plano de museus em Adelaide foi tal que celebra a extrema diversidade de assentamentos e ocupações, mais do que enaltece o papel do governo britânico em iniciar o desenvolvimento da área. (p.107-­‐8) 2 1º Museu apresentado: Migration and Settlement Museum Site do Migration Museum. Fonte: http://migration.history.sa.gov.au Pátio interno do Migration Museum. Fonte: http://migration.history.sa.gov.au 1.
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Ocupa o antigo Destitute Asylum (asilo dos destituídos); O tíquete de entrada é uma PASSAGEM do visitante para o século XIX; Há intensa documentação da diversidade dos grupos imigrantes; Não conta que é um museu histórico organizado segundo os três conceitos de Hoyau: família, convivência e agricultura (o mito do agricultor, p.ex.) (p.109); 5. Tem uma história a contar e o faz imaginativa e eficientemente; 6. MAS não leva o visitante em termos pessoais, não corresponde aos anseios dos indivíduos: “Em um nível mais básico (fundamental), o visitante provavelmente não encontrará nenhuma grande compensação metafórica para sua sensação de perda da HISTÓRIA e sua reconquista IMAGINÁRIA. 3 2º Museu apresentado: Maritime Museum Fachada do Maritime Museum, antes e hoje. Fonte: http://maritime.history.sa.gov.au Interior do Maritime Museum. Fonte: http://maritime.history.sa.gov.au 1. Fica no coração da área histórica de patrimônio; 2. Não há descontinuidade entre as construções vizinhas, a rua, o porto e o museu, embora sua entrada esteja marcadamente clara dados os enormes objetos instalados, inclusive embarcações; 3. Não se propõe a organizar os objetos em uma narrativa unificada; 4. Tem muitos objetos raros e admiráveis, ao invés de reconstruções e exposições didáticas 4 5. Há um RITO DE PASSAGEM inquietante e ao mesmo tempo absorvente na entrada pouco iluminada que parece balançar e na contração das juntas de madeira que cantam. (p.111) 6. “A extensão imaginativa do indivíduo numa resposta empática a um estímulo psicológico é contrabalançada por uma celebração cruelmente literal do passado. Que testemunha um investimento individual na alteridade do passado”. (p.111) Há os que argumentam que é a falta do passado que provoca o culto ao patrimônio e à HISTÓRIA, mas essas respostas e exemplos dados não servem ao visitante médio. 3º Museu (Contra-­‐Exemplo): Littlecote House, Inglaterra. Um exemplo de um país antigo, para sair do binarismo velho país (bem sucedido) x novo país (mal sucedido). Site do Littlecote House Hotel. Fonte: http://www.warnerleisurehotels.co.uk/hotels/littlecote-­‐house-­‐
hotel/overview/index.aspx 1.
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Trata-­‐se de uma cena montada É uma CONSTRUÇÃO, apresentada como se fosse uma cena histórica real (p.114); Não há respostas a perguntas básicas; Faltam perspectiva multicultural com os debates políticos que dão significado, em diferentes épocas, a diferentes VERSÕES da “história da ilha”; 5. É uma sugestão do paradigma das recreações étnicas e históricas – a Disneyland; 6. Há uma narrativa contingente, sem decoro histórico (p.115); 7. É um tema inócuo – a celebração do caráter inglês, do anglicismo, do “britanismo”, que converte os visitantes (o autor chama de CONSUMIDORES) em TURISTAS mentalmente vazios (p.116) Segundo Bann, os museus sul-­‐australianos podem ramificar em estudos acadêmicos da história inglesa e na REPRESENTAÇÃO do passado australiano, enquanto o Littlecote, como tema inócuo, não viabiliza desdobramentos. 5 

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