te quero ver - Revista Edificar

Transcrição

te quero ver - Revista Edificar
Miguel Aloysio Sattler diz que é preciso utilizar materiais saudáveis nas construções
VERDE QUE
TE QUERO VER
JARDINS E ÁREAS ARBORIZADAS SE DESTACAM NAS EDIFICAÇÕES,
QUE RESERVAM ESPAÇO ATÉ PRA A PRODUÇÃO DE HORTALIÇAS
INVESTIMENTO
CONSTRUIR SEM
DESPERDIÇAR
MINIMIZAR OS RESÍDUOS NAS OBRAS
É O DESAFIO ATUAL DO SETOR
A chegada de investidores
estrangeiros movimenta o
mercado imobiliário local
MEMÓRIA VIVA
Luiz Guimarães, fundador
do Secovi-PB, fala sobre o
jeito de morar do pessoensse
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Divulgação
Índice
11
. ENTREVISTA
Nonononononon
O professor Miguel Aloysio Sattler defende que além da sustentabilidade da construção
é importante pensar em dois outros conceitos: durabilidade e saudabilidade.
20
. INOVAÇÃO
54
CAPA
VERDE NOS PROJETOS
O paisagismo ganha espaço nos projetos
arquitetônicos dando mais espaço para o
verde, as flores em áreas comuns, acessos
e jardins, que valorizam os empreendimentos
e embelezam os ambientes construídos.
Artigos
Irenaldo Quintans............................18
Mônica Cristina Lucena..................32
J. Carvalho Neto..............................48
Ricardo Castro..................................52
Fábio Henriques............................. 62
Mário Camacho............................... 78
Seções
Sustentabilidade............................. 34
Meu projeto.....................................66
Ambiente especializado................68
Minha Obra ..................................... 70
Na Prateleira .................................. 74
Parque Solon de Lucena, 530
Sala 402 - Centro - João Pessoa-PB
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36
Concreto estrutura
Pesquisa no Laboratório de Ensaios de Materiais e Estruturas explora o potencial de
aplicação de resíduos da construção civil em concreto estrutural.
Laje alveolar: Empresa paraibana já produz, com tecnologia de concreto protendido,
lajes pré-moldadas mais leves e esbeltas usadas em grandes obras no Estado
. ÔNUS DO DESPERDÍCIO
Lei ambiental mais rígida
O grande desafio é racionalizar o uso de materiais da construção é modernizar o
processo, controlando custos, sem perder a qualidade da obra
54
. MAIS NATUREZA
72
Contemplação e lazer
Cada vez mais, arquitetos e paisagistas procuram oferecer qualidade de vida às pessoas
nos ambientes construídos, adornando os espaços comuns com jardins
. MEMÓRIA VIVA
O fundador do SECOVI-PB
O corretor imobiliário, Luiz Guimarães está há 37 anos na atividade
e conta como mudou o jeito de morar do pessoense
76
. HISTÓRIA DA EMPRESA
Nonononno
Os irmãos Geraldo e Germano Guedes Pereira fundaram a SOENCO – Sociedade em
Engenharia há 27 anos e a parceria se repete no mercado de revenda de carros.
ERRAMOS NA EDIÇÃO 17
A grafia do nome do ministro das Cidades é Aguinaldo Ribeiro. Na pag. 42, o correto é Mexer
em apartamento exige cuidado redobrado. Na pag. 71, Rossano Lyra Lucena é empresário.
Diretor: VICTOR CASTRO DÓRIA DE ALMEIDA
Coordenação editorial: NANÁ GARCEZ DE CASTRO DÓRIA
Editor executivo: CARLOS CÉSAR F. MUNIZ
Supervisão editorial: AGNALDO ALMEIDA
Projeto gráfico: CÍCERO FÉLIX
Direção de arte, diagramação e tratamento de imagens: MÁRIO MIRANDA
Repórteres: ALINNE SIMÕES, ELIANE CRISTINA, MABEL DIAS E THAMARA DUARTE
Repórteres fotográficos: OLENILDO NASCIMENTO E SÔNIA BELIZÁRIO
Conselho consultivo: DANIEL MUNIZ V. DE SOUZA, EXPEDITO DE ARRUDA, IRENALDO QUINTANS,
RÔMULO SOARES DE LIMA E ELAN MIRANDA
Colaboradores desta edição: MÔNICA CRISTINA MARINHO ROCHA LUCENA E MÁRIO CAMACHO
Gerente Comercial : THIAGO XAVIER
Revisão: LUIZA FRANCO
Publicidade: [email protected]
Impressão: Gráfica JB Tiragem: 5.000 (Distribuição dirigida e venda em bancas)
A opinião dos articulistas não reproduz, necessariamente, a posição da revista.
Esta revista segue as normas do Acordo Ortográfico da Lingua Portuguesa em vigor desde janeiro de 2009.
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Carta ao leitor
Muito se tem falado em construção sustentável. Assim, a Revista EDIFICAR
foi buscar junto um especialista nesta área o conceito preciso desta expressão e
como outra igualmente em voga, que é habitabilidade, com o intuito de trazer uma
informação de qualidade para os que atuam no mercado construtivo paraibano.
Ainda na linha da economia sustentável e da preservação do meio ambiente,
trazemos ampla reportagem sobre como evitar desperdícios na construção, pois,
a partir deste mês de agosto, os órgãos fiscalizadores estarão mais rígidos no que
diz respeito ao destino adequado do resíduo sólido. E, também, considerando o
princípio da economicidade, com a redução de perdas de material, profissionais
dizem como a tecnologia contribui para tornar mais precisa a execução do projeto.
No campo acadêmico, uma pesquisa desenvolvida na Universidade Federal
da Paraíba, sobre o reaproveitamento do resíduo de obra pode gerar novo produto
para uso na construção civil. E, nessa linha de inovação tecnológica, uma empresa
local já produz laje alveolar de concreto protendido, possibilitando a execução de
projetos mais arrojados.
De outro lado, a competição no mercado local cresce na medida em que mais
empresas chegam ao Estado não apenas voltadas para o mercado de alta renda, como
igualmente de olho no segmento da casa popular, inclusive com empreendimentos
que terão grande número de unidades. Na Paraíba existem 1.600 firmas que
realizam serviços de engenharia e construção. Somente em 2011 subiu em 23% o
número de registros de empresas concedidos pelo CREA-PB.
Se a preservação do meio ambiente é uma preocupação mais constante
entre os que planejam e constroem, observa-se que a aumenta a presença de
espaços verdes e jardins nos condomínios. O paisagismo adorna e integra áreas
tanto em residências como em unidades multifamiliares. Além de flores e plantas
ornamentais, as hortaliças são cultivadas em áreas comuns, o que transforma as
áreas de lazer em lugares contemplativos, de relax e de convivência harmônica.
Constata-se, da mesma forma, que o ambiente mais bonito agrega valor ao imóvel.
Artigos opinativos, textos técnicos, curiosidades, eventos sociais, registros
da história do mercado imobiliário são conteúdos que compõem esta edição que
chega às suas mãos no neste mês de agosto, quando os corretores comemoram 50
anos de regulamentação da profissão, em encontro nacional, em Brasília.
Tenha uma boa leitura!
Victor Castro Dória de Almeida
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Arquivo Pessoal
ENTREVISTA Miguel Aloysio Sattler
Dentro de
uma lógica de
sustentabilidade,
deve-se, sempre,
procurar utilizar
materiais locais”
Evolução tecnológica é essencial à sustentabilidade
PESQUISADOR GAÚCHO, NO ENTANTO, SE PREOCUPA COM LANÇAMENTOS SEM
AVALIAÇÃO ADEQUADA DO CICLO DE VIDA DE MATERIAIS E SISTEMAS CONSTRUTIVOS
Miguel Aloysio
Sattler é formado em
Engenharia Civil e
em Agronomia, pela
Universidade Federal
do Rio Grande do
Sul. Fez o doutorado
pela University of
Sheffield (1987)
e pós-doutorado
pela University of
Liverpool, ambos em
Ciências Ambientais
Ligadas à Edificação.
Trabalhou na
Fundação de Ciência
e Tecnologia CIENTEC e há mais
de 20 anos atua
junto ao Programa
de Pós-Graduação
em Engenharia Civil,
da UFRGS, onde é
professor associado.
[ POR NANÁ GARCEZ]
A expansão da indústria da construção
civil trouxe aspectos positivos para a economia
mas, motiva questionamentos em relação ao
meio ambiente. Gradualmente, o setor busca
soluções que sejam ecologicamente corretas. A
Revista EDIFICAR fez uma entrevista exclusiva
com o Phd Miguel Aloysio Sattler, que esteve
em junho passado, em João Pessoa (PB) para
participar da banca de mestrado da professora
Claudiana Maria da Silva Leal, do Instituto
Federal de Educação. O objetivo é trazer a visão
do especialista que possui experiência na área
de Engenharia Civil, com ênfase em edificações
e comunidades custentáveis, engenharia urbana
sustentável, conforto ambiental e habitação
popular. Ele atua em pesquisa, ensino e extensão
e possui 10 livros publicados.
O que compõe o conceito de construção
sustentável? O conceito de sustentabilidade tem
que ser entendido em suas diferentes dimensões, que
envolvem não só questões ambientais, mas também
sociais, econômicas, culturais,... Eu adicionaria
mais algumas preocupações, como a durabilidade
e a saudabilidade. Assim as construções deverão ter
uma vida útil longa, pois de outro modo estaremos
acentuando ainda mais os impactos de demolição
da construção existente, extração de novos materiais
da natureza, transporte, manufatura, ... que estarão
associados a cada vez que uma edificação, por
uma razão ou outra necessitar reposição. Por outro
lado temos que buscar utilizar materiais saudáveis
para a produção de construções saudáveis. Ou seja,
materiais que ao longo de seu processo de produção
e uso não impactem sobre o meio ambiente ou sobre
o ser humano. E preocupa o fato de a cada ano serem
lançados novos produtos no mercado, muitos dos
quais não foram devidamente avaliados neste sentido.
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Não podemos esquecer
as tecnologias sociais,
que contribuem para a
sustentabilidade ampla
dos empreendimentos
e estão diretamente
ligadas ao usuário final”
Quais são as tecnologias habitacionais
sustentáveis? Essas tecnologias envolvem
a construção, os sistemas construtivos, e
incluem a toda a infraestrutura e ciclo
de produção associada à produção das
construções, bem como à fase de uso das
habitações: sistemas de gestão de resíduos
(tanto durante a construção como durante
a fase de uso); suprimento de energia
(buscando fontes energéticas sustentáveis,
sempre que possível); preservação da
qualidade da água que supre a população
(o que está diretamente associado à gestão
de resíduos). Mas, também, não podemos
esquecer as tecnologias sociais, que
contribuem para a sustentabilidade ampla
dos empreendimentos e estão diretamente
ligadas ao usuário final e a todos aqueles
que participam em seu processo de
produção. Não poderemos esquecer as
demais dimensões, como a econômica,
buscando otimizar recursos financeiros de
modo a alcançar os melhores resultados
possíveis, para o patamar de renda daqueles
a quem as habitações são destinadas.
Até que ponto a evolução
tecnológica pode contribuir para
a sustentabilidade ambiental? A
evolução tecnológica é essencial na busca
da sustentabilidade. O Brasil possui o
privilégio de abrigar populações nativas,
algumas das quais ainda sem o contato, ou
com pouco contato, com as populações
que colonizaram o país. Praticamente
todas as habitações de nativos evoluíram
de modo a responder às condições
climáticas das regiões ocupadas e fazendo
uso de materiais naturais, suprindo suas
necessidades em termos de proteção e
conforto. O desenvolvimento tecnológico
tem ocorrido de forma muitíssimo mais
rápida e isto não nos tem permitido avaliar
adequadamente as soluções adotadas. E eu
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estou me referindo a avaliar o ciclo de
vida de materiais e sistemas construtivos,
quantificando tanto a energia incorporada
como os impactos ambientais de diferentes
naturezas associados a tais soluções.
Esta minha avaliação é amparada em
uma experiência de mais de 40 anos em
contato com atividades diversas na área de
engenharia civil. Eu iniciei muito cedo na
área, com menos de 20 anos, quando de
1977 a 1981, fui trabalhar na construção
de estradas, realizando estágio de serviço
no Exército, após curso no CPOR, em Porto
Alegre. Isto me permitiu acompanhar a
implantação de infraestrutura de estradas,
incluindo-se aí os diversos tipos de “obras
de arte”. Em meu retorno fui trabalhar
como estagiário no Setor de Estruturas,
no Instituto de Pesquisas Tecnológica do
Rio Grande do Sul, até o final do curso de
Engenharia Civil, acompanhando também
aí pesquisas e obras. Logo a seguir, e
antes de me vincular ao Programa de
Pós-Graduação em Engenharia Civil,
trabalhei por mais de 15 em um instituto
de pesquisas tecnológicas industriais, a
Fundação de Ciência e Tecnologia, com
atuação na área de materiais e depois
estruturas e, ao final, atuando como Diretor
de Pesquisas da Instituição, logo depois de
retornar de meu pós-doutoramento na
Inglaterra (onde também realizei o meu
doutoramento), na área de Tecnologia da
Arquitetura.
Alguns dizem que a concentração
urbana, com edificações verticais
elevadas
permitem
melhor
aproveitamento do solo nas cidades,
como o sr vê essa colocação? Eu
entendo que este tema requer uma
avaliação mais completa, com enfoque
sistêmico, que inclua todos os aspectos
envolvidos. E aí temos que procurar
harmonizar a morfologia urbana (e as
soluções de verticalização) frente a outros
aspectos, como o sistema de transportes
(dentro de um sistema amplo de
mobilidade urbana); a gestão das águas (de
modo a preservar a qualidade da água que
abastece às populações, quanto o impedir
ou minimizar a sua poluição); a gestão
energética; a distribuição de áreas verdes
(harmonizando das áreas construídas
com aquelas necessárias para o bem
estar da população, para a manutenção
de corredores de biodiversidade, como
aquelas necessárias à produção de
alimentos).Tudo isso tem que ser planejado
para funcionar o mais eficientemente
possível hoje, mas também para fazer
frente aos desafios, principalmente
energéticos, que iremos enfrentar com o
gradual esgotamento de recursos fósseis, e
que ficará crítica em menos de 40 anos. E,
40 anos passam muito rápido (é o mesmo
tempo que já dediquei a trabalhos na área
de engenharia)!
Na Paraíba, cresce o número de
empreendimentos
com
torres
elevadas e itens de lazer como sauna,
piscina, quadras, salão de festa, lanhouse, churrasqueira, play-ground,
oferecendo lazer e moradia. Há
quem diga que isso encarece a
obra e dificulta a manutenção?
Dentro da linha de raciocínio anterior, eu
pergunto: Por quanto tempo essas torres
permanecerão funcionais? Os edifícios são
projetados dentro de uma perspectiva de
vida útil que raramente ultrapassa os 60
anos. Como será efetuada a mobilidade
vertical nessas torres à medida que os
recursos energéticos forem se tornando
mais e mais escassos? Edificações altas
modificam o clima no seu entorno;
entre outros impactos causam sombras,
bloqueando o acesso à energia do sol.
Quando se pensa em termos de cenários
futuros, de recursos energéticos escassos,
a grande fonte de energia se deslocará
na direção de utilização da energia solar,
onde a tecnologia cada vez mais avançará
em direção ao seu uso como geradora
de energia elétrica, através de sistemas
fotovoltaicos. Quem se responsabilizará
pelas perdas decorrentes da obstrução
do acesso solar por parte das edificações
à sombra das edificações altas e pela
privação à autossuficiência energética que
lhes será imposta? Por outro lado toda a
infraestrutura de lazer mencionada tem um
custo inicial e um custo de manutenção.
E, este custo de manutenção cresce com
o envelhecimento da edificação. Por
outro lado, o perfil dos usuários destas
edificações pode ser associado com o de
uma renda decrescente ao longo do tempo.
Isto quer dizer, uma situação de custos
crescentes e disponibilidade de recursos
decrescentes dos usuários. A partir do
momento em que estas duas curvas se
cruzarem teremos sérios problemas, que
conduzirão a obsolescência acelerada de
tais torres.
O uso da energia solar é comum para
o aquecimento da água, mas, é viável
para a iluminação de ambientes?
Certamente. É justamente isto que se
busca através da aplicação dos princípios
da arquitetura bioclimática. Há que se
somar, ainda, o potencial de climatização
de edificações localizadas em latitudes ou
altitudes elevadas, que não preocupa João
Pessoa, mas nos preocupa já no RS, onde
a energia solar, bem empregada substitui,
com vantagens a climatização artificial.
Nesta direção cito o sistema OM Solar, que
ainda em 1997 vi aplicado em edificações
no norte do Japão, onde a energia solar,
captada por um sistema solar, mantinha
o interior da edificação em condição
de conforto térmico, mesmo quando a
temperatura externa era inferior a 10°
negativos no exterior e onde sistemas
fotovoltaicos geravam a energia suficiente
para, através de um sistema de ventilação,
direcionar o ar aquecido no telhado para os
diversos ambientes da edificação.
A energia eólica depende dos
ventos que são intermitentes.
Como considerar que possa ser
uma alternativa efetiva à energia
hidrelétrica? O ideal é que energia
eólica, quando
intermitente, seja
combinada a outras fontes energéticas
sustentáveis (incluindo-se aí, a energia das
marés, das ondas, da energia acumulada
pela biomassa), de modo a não haver
interrupção de suprimento. Mas. temos que
estar atentos ao fato de que todas as fontes
não renováveis (como as citadas), serão
esgotadas totalmente em alguns séculos,
sendo otimistas. Richard Heinberg, um dos
maiores especialistas na área, menciona que
menos de 1% de toda a energia gerada hoje
provém de fontes renováveis. Certamente
teremos que rever a forma como vivemos
hoje, para enfrentar os desafios que se
avizinham.
Deveremos, sempre,
evitar o uso de materiais
que em sua produção
ou extração requeiram
o consumo de grande
quantidade de energia”
Que itens em relação à construção
devem ser incluídos nos conjuntos
residenciais para população de baixa
renda? Eu indicaria a adoção de alguns
dos itens incluídos em projeto de pesquisa
que realizamos nesta área, há mais de dez
anos (cuja consulta e download pode ser
feita a partir do site http://www.habitare.
org.br/publicacao_colecao9.aspx),
onde
propúnhamos, além de construções mais
confortáveis, de baixo impacto ambiental e
com um mínimo de dignidade, em termos
de espaço; a adoção de sistemas locais de
tratamentos de resíduos líquidos, incluindo
a sua biodigestão; o paisagismo produtivo;
sistemas viários menos agressivos e que
incluíam espaços para ciclovias; estratégias
para segurança alimentar, com produção
local de alimentos; a produção local de
biomassa, para uso em fornos/fogões, no
inverno e assim suprir, também, melhores
condições de conforto.
Habitabilidade é um conceito amplo
que envolve a qualidade da moradia
e as condições do entorno. O que é
habitação de qualidade com conforto
térmico e acústico? Na disciplina de
Habitabilidade, ministrada a alunos do
curso de engenharia civil, na UFRGS,
nós recomendamos que nos projetos seja
adotado um enfoque amplo de conforto, e
que além do conforto térmico e acústico,
incluam o conforto visual e lumínico, o tátil e
o olfativo. Minimamente, quando estipulados
requisitos de conforto térmico e acústico,
deverão ser contemplados os critérios
definidos nas Normas Brasileiras específicas,
que definem o envelope da edificação como
um “filtro” das condições ocorrentes no
exterior e que as partições internas também
controlem a propagação do som, mantendo
os níveis sonoros internos dentro de limites
adequados.
A poluição provocada pelo descarte
inadequado de embalagens plásticas,
latas, papel não é mais grave que os
impactos provados pela construção
civil? O espectro de impactos produzidos
pela construção civil é muito amplo: mais de
50% dos recursos utilizados pela humanidade
são direcionados à construção; também mais
de 50% de todos os resíduos sólidos urbanos,
em média, são resíduos de construção e
demolição; a extração, produção e transporte
de materiais são atividades demandantes de
quantidades significativas de energia, além
de vários outros impactos. Dentre os outros
50% de resíduos sólidos urbanos, que não os
resíduos de construção, em torno de 60% são
resíduos recicláveis, como os citados acima. E
estes, uma vez adequadamente direcionados,
podem substituir parte dos recursos
necessários à humanidade. Mais graves
são aqueles que não podem ser reusados,
reciclados ou compostados, como o são os
resíduos tóxicos.
Que materiais são inadequados para a
construção no Brasil e que, no entanto,
são aplicados nos imóveis por imitação
do que existe na Europa ou nos Estados
Unidos? É claro que o simples transporte
de materiais fabricados em locais distantes,
como Europa e Estados Unidos, ou China,
além de não promoverem a economia
local, adicionam energia ao ciclo de vida
dos produtos. Dentro de uma lógica de
sustentabilidade, deve-se, sempre, procurar
utilizar materiais locais, que além de não
adicionarem à energia total, aquela decorrente
de seu transporte, são geradores de emprego
e renda, além de se integrarem a cultura do
local. Além disso, deveremos, sempre, evitar
o uso de materiais que em sua produção ou
extração requeiram o consumo de grande
quantidade de energia, ou que sejam tóxicos
ao ser humano ou nocivos ao meio ambiente.
A logística na movimentação de
material pode interferir no rendimento
e na perda de produtividade de uma
construção? É claro que materiais locais,
que além os benefícios acima indicados,
permitam avaliar sua disponibilidade, acesso
a peças de reposição e onde os prazos de
suprimento possam ser mais facilmente
cumpridos interferem positivamente na
produtividade e custo de uma construção.
Que medidas governamentais podem
mudar as práticas construtivas e uma
preocupação com a sustentabilidade
das edificações? Acredito que uma das
formas seria a de, por um lado, incorporar,
em todas as licitações para a execução
de projetos e obras contratadas pelos
órgãos públicos, nas diferentes instâncias,
itens ligados a sustentabilidade, a serem
atendidos obrigatoriamente. Por outro lado,
a intensificação da fiscalização em obras,
verificando o cumprimento das exigências,
e uma maior responsabilização das empresas
executoras de obras pelos danos causados ao
meio ambiente.
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15
Sônia Belizário
mais
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
PERTO DO MAR
Entrega de prédio da Fibra
Carlos Aguiar, Diogo Leandro,
Ricardo Castro e Filipe Leandro

Em julho passado, a Fibra Construtora entregou o
Oásis Plaza, a cerca de 300 m da praia do Bessa,
em João Pessoa. Os diretores Filipe Leandro e Diogo
Leandro destacaram os itens de lazer e a qualidade
do acabamento do imóvel, com projeto do arquiteto
Alexandre Lessa. O evento festivo marcou mais uma
etapa vencida pela empresa que está construindo,
também, no Bairro dos Estados, no Cabo Branco, no
Alto do Mateus e fará lançamento no Altiplano do Cabo
Branco. Em breve, na mesma quadra, a construtora
fará novo edifício.
RADIAL EMPREENDIMENTOS
Construtora faz lamçamento no Jardim Luna
Com a presença de corretores, arquitetos e clientes, a
Radial Empreendimentos inaugurou sua sede no Bairro
dos Estados no dia 10 de agosto. Na ocasião foi realizado
o lançamento do Edifício Jáder Franca, no Jardim Luna. Os
sócios Eduardo Camacho, Raimundo Souza Moura, Clara
Barreiro Hofmann destacaram que estão satisfeitos com
a evolução das vendas dos demais empreendimentos
da construtora e têm uma perspectiva bastante positiva
quanto ao novo empreendimento.

R$ 40 MILHÕES
Caixa financia a construção
Em julho último, no auditório do Sinduscon-JP, a Caixa Econômica
Federal, através da Gerência de Clientes e Negócios da
Construção Civil para o Nordeste apresentou aos construtores
oito modalidades de crédito que dispõe, para todas as fases do
negócio e para empresas de todos os portes, inclusive recursos
para capital de giro. E, assinou contratos que somam a mais
de R$ 40 milhões, para financiar a construção de residenciais
da Conger Construção e Incorporações (Rio Jaú), da Equilíbrio
Construtora (Palácio Real Tambaú), da Massai Construções
(Spazio di Piemonte) e Construtora Everest (Vista Dourada).

Divulgação
A obra de arte instalada à frente
do prédio é de Clóvis Júnior
PREVENÇÃO DE ACIDENTES
TST e SESI têm programas
Foram lançados, em João Pessoa, o Programa Nacional de
Prevenção de Acidentes do Trabalho do Tribunal Superior do
Trabalho e o Programa Nacional em Segurança e Saúde no
Trabalho na Indústria da Construção, do SESI, em seminário
promovido pelo Comitê Permanente Regional sobre Condições
e Meio Ambiente do Trabalho da Paraíba. Segundo o empresário
Ósaes Mangueira Filho, na Paraíba, independente do número de
trabalhadores, é exigido o Projeto de Controle no Meio Ambiente
do Trabalho. “O empresário entende que o trabalhador é seu
principal parceiro, o acidente traz uma visão negativa para o
setor e para a empresa e é algo que nenhum empresário deseja”.
Nononononon

SELO AQUA
TWS conquista certificação
16
O Complexo Tour Geneve recebeu a certificação AQUA (Alta
Qualidade Ambiental) concedida pela Fundação Vanzolini,
organização sem fins lucrativos ligada à Universidade de
São Paulo (USP). O selo assegura que a edificação da TWS
Empreendimentos é comprovadamente sustentável. Segundo
a assessoria de imprensa o selo é o referencial técnico sobre
construções sustentáveis no Brasil e é baseado na certificação
francesa Démarche HQE. A certificação é feita por meio de
auditorias e são avaliadas 14 categorias que dizem respeito à
qualidade de vida do usuário, economia de recursos como água
e energia, disposição de resíduos e manutenção e contribuição
para o desenvolvimento socioeconômico e ambiental da região.
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Um imóvel sustentável tem menor custo de manutenção e maior valor agregado
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Visão Empresarial
[email protected]
Qual a função de um prefeito?
Irenaldo
Quintans
é presidente do
Sinduscon-JP
em segundo
mandato, formado
em Economia,
pós-graduado
em Finanças
Empresariais e
integra a Câmara
Brasileira da
Indústria
da Construção Civil.
João Pessoa
necessita de
um gestor
preparado,
focado,
sem outra
ambição
que não
seja a
minoração
dos
inúmeros
gargalos
que afligem
nossa linda
capital”
18
REVISTA
Sempre que é tempo de eleições
municipais,
lembro-me
dos
bons
imperadores romanos, a exemplo do
competente César Augusto, do “optimus
princeps” Trajano, do erudito Adriano e do
ponderado Marco Aurélio. Estou seguro
de que o leitor mais afeito às coisas antigas
há de perdoar minha fascinação por essa
civilização, pois seus acertos e equívocos
serviram de embasamento para tudo o que
se produziu “a posteriori”.
Penso, portanto, que revisitar
esse passado glorioso e entender como
funcionavam as cidades inspiradas na
gestão recomendada pelos césares pode nos
auxiliar no resgate de regras operacionais
de extrema simplicidade, facílima aplicação,
cuja funcionalidade parece ter sido soterrada
pelas areias do tempo. Oxalá se consiga
enxergar n’alguma plataforma de candidato
ora apresentada esse modelo de eficácia
desconcertante.
Ensina-nos o velho Plutarco, na sua
vasta obra, que esses próceres recomendavam
aos municípios sob seu domínio a adoção
de uma forma de administração única,
pueril, até, porém com resultados altamente
satisfatórios no atendimento às necessidades
da população. As políticas públicas de
maior alcance, as macro-diretrizes do
Estado, eram definidas pelos senadores. Aos
administradores cabia planejar os meios
e prover uma existência digna para os
habitantes. Nada mais era deles exigido.
Por meio do voto aberto de um conselho
de cidadãos, eram eleitos dois edis, que
correspondiam ao que hoje se convencionou
chamar de prefeito e vice-prefeito. Os
encargos eram divididos: o mais importante,
talvez o prefeito, cuidava das questões
vitais relacionadas com o abastecimento,
aí incluídos gêneros alimentícios e água
potável, e a segurança da cidade. O outro, o
lugar-tenente, preocupava-se com tudo o que
dissesse respeito ao adequado funcionamento
da urbe: a conservação das ruas, avenidas
e praças; a higiene das feiras, dos banhos
públicos, restaurantes e casas noturnas; a
oferta de transportes; o trânsito de pedestres
e carroças; e as escolas.
Cada qual dispunha, à guisa de
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“staff”, de um contingente de voluntários
não remunerados, os quais, além de
colaborar em tudo, elaboravam minucioso
planejamento sobre obras, investimentos e
prioridades. Algo aproximado a uma câmara
de vereadores, sendo que não só votavam as
matérias como, ao aprová-las, realizavamnas. Um grupo ficava impedido de participar
disso: os aparentados em até terceiro grau
dos edis.
Antes da análise crítica, permita-me o
leitor grifar alguns aspectos desse modelo. O
primeiro é a ausência total de remuneração
pecuniária para o exercício dos cargos
públicos, quaisquer que fossem. O segundo é
a operacionalidade do vice, que, com efeito,
compunha ativamente a administração.
O terceiro é a existência de um grupo
de cidadãos que não somente reunia-se,
discutia e polemizava. Fazia até tudo isso,
como atestam os registros históricos, mas, na
medida em que trabalhava, ficava, portanto,
co-responsável, junto com os gestores
principais, pela efetividade dos projetos que
aprovava. Por último, mas não de menor
relevo, está o combate à chaga do nepotismo,
já ali evitada com uma regra cartesiana: é
parente? Não pode.
Há que se mencionar, também,
uma prática das mais interessantes. Para os
recalcitrantes na virtude, havia uma moção de
censura, o ostracismo – do grego “ostrakon”,
a pedrinha na qual se escrevia o nome do
indigitado. Se sobre o administrador pairasse
a mínima sombra de desconfiança da
coletividade, este não somente era demitido
sumariamente, como lhe era reservado o
desterro, por uma década e a expropriação
dos bens.
Isto posto, convido o estimado leitor
para, “mutatis mutandis”, trazendo o
homem à época e as circunstâncias atuais,
refletir sobre o que espera de um prefeito e
seu vice. E, adianto a minha conclusão: João
Pessoa necessita de um gestor preparado,
focado, sem outra ambição que não seja
a minoração dos inúmeros gargalos que
afligem nossa linda capital, apoiado de
perto por seu segundo, que, em vez de fazer
mera figuração, deverá por a mão na massa.
Há tal chapa?
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inovações
tecnológicas
Reciclagem
de resíduos
da construção
Pesquisa explora
o potencial de aplicação
de resíduos da construção
civil em concreto estrutural
[ POR ALINNE SIMÕES ]
Toda obra de construção gera
resíduo e, desse material, a maior parte
tem possibilidade de ser reciclado. O
engenheiro civil, Enildo Tales, Professor
MSc. da Universidade Federal da Paraíba,
na tese de doutorado tem procurado
comprovar e explorar os potenciais de
aplicação desse material para que ele
possa ser usado em concretos aplicados
em elementos estruturais. A expectativa é
ampliar os usos desses resíduos, já que a
Lei Municipal nº 11.176, de 10/10/2007,
da Prefeitura de João Pessoa, restringe o
uso, apenas, em obras de pavimentação.
O pesquisador conta que, nos
estudos iniciais, em visita a Usina de
Beneficiamento de João Pessoa (USIBENJP), obteve dados sobre o fluxo de
material que entrava (resíduo) e do que
saía (agregado reciclado). Ele percebeu
um gargalo, pois a entrada do resíduo
era grande e a saída era pequena. “Então,
havia necessidade de estudar esse material,
para no futuro tentar mudar essa Lei, no
sentido de poder viabilizar o próprio
funcionamento da Usina, liberando esse
material produzido para outras aplicações
de forma segura. Isto porque, depois do
estudo espera-se poder garantir que o
material tem potencial para fabricação
de concreto aplicáveis em elementos
estruturais”.
Na pesquisa em andamento no
LABEME-CT-UFPB, houve três etapas. A
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| AGOSTO/SETEMBRO 2012
Ampliar a aplicação do agregado reciclado dos resíduos da construção contribuirá para reduzir custos de uma obra
O doutorado de Enildo Tales é vinculado ao Programa interinstitucional
DINTER (UFBA/UFPB). A orientadora
é a engenheira Viviana Zanta, Professora Dra. da Universidade Federal da Bahia e co-orientador, o
arquiteto Aluísio Braz de Melo, Professor Dr. da UFPB.
primeira foi a coleta, em datas diferentes,
de três lotes do agregado reciclado da
USIBEN. Com esse material, o professor
fez vários ensaios para avaliar as
características, comprovando que, para as
amostras coletadas, foram atendidos os
parâmetros de contaminação e resistência
tolerados nas normas da ABNT. Os
resultados permitiram passar à segunda
fase, um rigoroso estudo de dosagem,
para determinar a proporção ideal entre
os materiais para produzir concretos
estruturais.
Na terceira etapa, foram produzidas
três lajes pré-moldadas, para testar o
desempenho do agregado reciclado
aplicado no elemento estrutural - a laje.
“Analisamos o agregado com segurança,
verificando inicialmente se tinha alguma
contaminação para poder depois afirmar
que ele tem condições de uso e quem sabe,
dependendo dos resultados, dizer que esse
agregado serve para uso e fabricação de
elementos estruturais, como as lajes prémoldadas que estamos fazendo”.
O co-orientador, Professor Dr.Aluísio
Braz, lembra que o estudo tem grande
apelo ambiental, já que muitas vezes esse
material é jogado em locais de deposição
Resolver esse fluxo de
material dentro da USIBEN
é muito importante porque
vai contribuir também com
o saneamento da cidade”.
ENILDO TALES Professor Doutor
clandestinos ou na margem de córregos,
provocando problemas para a cidade.
“Contribuir com a destinação adequada,
ampliando a aplicação do agregado
reciclado dos resíduos da construção civil
certamente estará contribuindo também
com a limpeza urbana.
Além disso, é importante destacar
que dar uma destinação para o resíduo,
como se propõe no presente estudo através
da reciclagem, evita-se que se explorem
mais recursos naturais para fazer as obras
nas cidades”, afirma.
Para eles é fundamental se
consolidar um mercado de agregados
reciclados dos resíduos da construção civil
e, neste sentido, a pesquisa de Enildo Tales
pode trazer muita contribuição. “Resolver
esse fluxo de material dentro da USIBEN é
importante porque vai contribuir também
com o saneamento da cidade. Quando o
resíduo da construção civil é enviado para
a usina onde é feito o beneficiamento
(reciclagem) e depois volta a ser usado
nas obras da cidade, esse ciclo acaba
reduzindo as deposições clandestinas,
que normalmente se tornam vetores de
doenças, por atraírem outros tipos de
resíduos sólidos”, complementa.
Laje alveolar
protendida
É uma laje que atende
as expectativas do
construtor: redução da
mão de obra, velocidade
na montagem e excelente
relação custo x benefício”.
Na Paraíba, empresa já
produz, com tecnologia
de concreto protendido,
lajes pré-moldadas
mais leves e esbeltas
Empresário
construção civil tem sido a produção de lajes
pré-moldadas alveolares protendidas. De
acordo com Francisco Peixoto, engenheiro
e diretor técnico da Central Premoldados,
empresa pioneira, na Paraíba, e segunda,
no Nordeste, a utilizar esta tecnologia, há
um ano tem produzido e comercializado
esse tipo de laje, fornecendo para obras na
Paraíba e Pernambuco. É possível enumerar
muitas vantagens, entre as quais: peças
mais esbeltas, redução do peso próprio e
cargas na fundação, maior durabilidade e
maiores vãos.
A laje protendida é executada em
pistas de protensão, onde são distribuídos
aços especiais chamados de cordoalhas,
Sônia Belizário
Numa estrutura de concreto
convencional quando o calculista a
dimensiona, ele leva em conta a aplicação
de dois importantes esforços na peça: a
compressão e a tração. O concreto resiste
muito bem à compressão, porém tem
pouca resistência à tração, o que tende
a provocar fissuras. A protensão induz
tensões de compressão nas zonas de
tração, eliminando-as e proporcionando
estruturas mais duráveis, esbeltas e
resistentes, pois, toda peça passa a trabalhar
a compressão. Essa tecnologia tem ganhado
cada vez mais espaço na construção sendo
aplicado, principalmente, em vigas e lajes.
A grande novidade no mercado da
FRANCISCO PEIXOTO
A secagem ao ar livre é ambientalmente positiva para a produção da laje alveolar
que é mais resistente do que aquele
utilizado em concreto convencional. O aço
sofre uma protensão, ou seja, ele é esticado.
Após ser protendido é lançado o concreto
e, quando ele atinge as resistências
necessárias para que se possa desprotender,
corta-se o aço que tende a voltar para a
posição inicial, mas o concreto não permite
criando, portanto, as zonas de compressão.
O engenheiro explica que a laje
é composta de alvéolos, diminuindo o
peso da peça e aumentando a capacidade
térmica e acústica. ”A laje dispensa o uso
de escoramentos, proporciona encaixe
perfeito pela exatidão das medidas e,
quando necessário, chega à obra com os
recortes estabelecidos no projeto, elevando
em muito a produtividade. É uma laje
que atende as expectativas do construtor:
redução da mão de obra, velocidade na
montagem e excelente relação custo x
benefício”. As lajes produzidas na empresa
paraibana variam entre 12 e 16 cm de
altura, com largura de 1,25m e atingem
até 12 metros de vão livre. A capacidade
produtiva atual é de 100 m² por dia, requer
controles tecnológico, pois é utilizado
concreto de alta resistência (mínimo de 35
Mpa) e cálculos específicos.
Dentre as obras que já estão
utilizando as lajes alveolares protendidas,
fornecidas pela Central Premoldados, estão
a refinaria Abreu e Lima da Petrobrás,
em Pernambuco (8.000m²), o Centro de
Cultura e Artes da UFPB (11.000m²) e a
ampliação do Manaíra Shopping, além de
obras menores.
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23
planol
egal
mais
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por Mabel Dias
[email protected]
 Período de administração

Condomínio em imóvel novo
Quando o empreendimento vai ser entregue, os futuros moradores são chamados
para decidir como será a gestão do condomínio, eleger o síndico que cuidará da
manutenção do imóvel e fará respeitar as regras definidas na convenção interna.
 Documentação necessária
Para se constituir o condomínio, é
sufiente a ata que elegeu o síndico,
registrada em um cartório de títulos e documentos, além das cópias
de RG e do CPF do eleito. “Com tais
documentos, ele tem representatividade em qualquer local, como o
síndico de um determinado edifício”, informa Abrahão Stropp Caminha, da Controle – Administração de Condomínios.
 Quem pode ser
Qualquer pessoa pode ser síndico,
desde que não tenha pendências
junto aos órgãos federais. Cada
convenção condominial dirá quais
pessoas podem ser síndicos ou
não. “Há convenções que permitem que sejam síndicos os moradores do condomínio, algumas
estabelecem que para ser síndico é preciso ser o proprietário do
imóvel, outras, ainda, exigem que
proprietário do imóvel seja síndico,
e que more no próprio condomínio para poder dirigi-lo”, informa
o advogado. As convenções mais
modernas admitem que qualquer
pessoa possa ser síndico, inclusive
um terceiro estranho ao convívio
condominial, em geral, o síndico
profissional.
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
 Participação dos moradores
São nas assembleias que os moradores participam da vida do condomínio, podem expor as opiniões
sobre a organização do condomínio
e votar nos assuntos discutidos durante a reunião. Se desejarem, os
eles podem fazer a ata da reunião e
registrá-la em cartório. Mas, isto não
é obrigatório. Caso os condôminos
queiram se resguardar de problemas futuros e, para que tenha validade contra terceiros, bem como para
dar publicidade ao conteúdo, faz-se
o registro. É recomendável o registro
apenas daquelas atas que tragam
decisões relevantes ou que sejam
utilizadas para tratar com terceiros.
 Os objetivos
O condomínio depois de constituído
passa a ser ente jurídico, com CNPJ
próprio. O objetivo é zelar pelo patrimônio da coletividade de proprietários
e pelo bem comum do condomínio.
O processo de entrega da obra é feito
pela construtora e condôminos. Segundo Abrahão Stropp “via de regra,
na reunião de entrega do prédio aos
moradores, é eleita uma comissão de
condôminos, que terão poderes, para
junto com a construtora, fazer a inspeção das áreas comuns de acordo com
o prometido.”, afirma o advogado.
O artigo 1.347, do Código Civil Brasileiro estabelece o prazo máximo
de até dois anos para o mandato
do grupo eleito para administrar do
condomínio, porém, permite que
este mesmo grupo possa ser reeleito diversas vezes. Mas, a convenção
do condomínio pode definir prazo
menor para o mandato. Para se formar a administração, o advogado
informa que o tempo é o da convocação de assembleia que tenha na
pauta a eleição desses membros,
que são: síndico, subsíndico e conselho fiscal. Os cargos são ocupados
através de eleições em assembleias
condominiais.
 Diferenças na administração
Não há diferenças se o condomínio
for administrado por um síndico ou
por uma empresa. “Na realidade, eles
se complementam. A obediência às
exigências legais e a complexidade
em administrar um condomínio requerem conhecimentos especializados e, assim, surge para o síndico,
como responsável legal, quase que
a obrigatoriedade de contratar uma
empresa que o auxilie a administrar
o condomínio e cumprir com as exigências legais, em todos os níveis.”,
explica Abrahão Stropp.
 Obrigações dos condôminos
As obrigações dos condôminos estão descritas no Código Civil, no Art.
1.336, ao longo da Lei 4.591 de 1964,
bem como na convenção e regimento
interno. Algumas delas são: contribuir
para as despesas do condomínio na
proporção das suas frações ideais,
salvo disposição em contrário na convenção; não realizar obras que comprometam a segurança da edificação;
não alterar a forma e a cor da fachada,
das partes e esquadrias externas; dar
às suas partes a mesma destinação
que tem a edificação, e não as utilizar
de maneira prejudicial ao sossego, salubridade e segurança dos possuidores, ou aos bons costumes.
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mercado
A empresa espanhola está fazendo o
segundo empreendimento no município
de Santa Rita, na grande João Pessoa
Mais
competição
A CHEGADA DE NOVAS EMPRESAS PARA ATUAR NO
SEGMENTO RESIDENCIAL ACIRRA A DISPUTA NO MERCADO
DA CONSTRUÇÃO CIVIL E IMOBILIÁRIO PARAIBANOS
[ POR NANÁ GARCEZ ]
Dados do Conselho Regional de
Engenharia e Agronomia da Paraíba
(CREA-PB) revelam que, atualmente,
existem, em atividade, na Paraíba, 1.607
empresas de construção e serviços de
engenharia. O conselho concede visto às
firmas que vêm de outros estados para
realizar atividades num prazo de 180
dias. Quando elas têm obras acima deste
prazo, o órgão faz o registro da empresa.
As estatísticas mostram que foram feitos
401 registros, em 2009; e 516 registros,
em 2011, havendo aumento de 23%.
É um indicativo de migração de mais
empresas de engenharia para a Paraíba.
A
espanhola
Sogeinverca,
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
originária de La Coruña, na Espanha,
é uma das empresas internacionais
que vieram para a Paraíba, voltandose, tanto para imóveis de alto padrão,
como para a casa popular. Na verdade,
também incorporadoras nacionais estão
se estabelecendo na capital paraibana, de
olho nos negócios com imóveis que se
enquadrem no Programa Minha Casa,
Minha Vida.
Há, ainda, construtoras Alagoas,
Pernambuco e Rio Grande do Norte, que,
igualmente, iniciam operações na região
metropolitana de João Pessoa. Com
isso, o segmento no qual predominam
empresas locais, vem sendo ampliado
com a presença de incorporadoras
nacionais e internacionais.
GIULIANA MARTINS
Empresária
A empresária Giuliana Martins,
da Paraíba Property Shop tem sido
procurada por grupos em busca de áreas
para a construção de empreendimentos
residenciais e empresariais. Na capital, a
demanda se concentra em bairros como
Altiplano, Cabo Branco, Manaíra e Bessa.
No entanto, neste ano de 2012, tem
sido equivalente o interesse de empresas
nacionais e internacionais, diferente do
que aconteceu em anos anteriores.
Na entrada de João Pessoa, está o
Parque Jacumã, da MRV Engenharia e
Participações, que se instalou na Paraíba,
em 2011. É um condomínio fechado
com 232 apartamentos de dois quartos,
no bairro de Cruz das Armas, a poucos
minutos do centro da cidade e fácil acesso
pelas BRs 101 e 230.
É o primeiro dos empreendimentos
da empresa mineira que, antes de se
estabelecer em qualquer mercado
realiza amplo estudo socioeconômico,
considerando critérios como o PIB, a
renda per capita, a população e o déficit
habitacional existentes. Depois desta
análise do mercado se verificou que há, na
capital, enorme mercado potencial para o
tipo de imóvel construído pela companhia.
O segundo investimento é o Parque
Jardim Bougainville, no bairro do Geisel,
próximo do Centro Administrativo
Municipal. Serão 304 apartamentos de
dois quartos com uma vaga de garagem,
cada. No bairro Ernani Sátiro, será lançado
o Condomínio Jardim América, com 2.000
unidades, de um e dois quartos.
De acordo com o setor de
comunicação, a MRV Engenharia tem
como um de seus diferenciais os 32 anos
dedicados exclusivamente à construção e à
incorporação de unidades populares numa
consolidada malha de negócios, tendo
profissionais, tecnologia e experiência de
sucesso em imóveis com elevado custo
benefício. É uma empresa focada 100%
na construção de residenciais populares e
mais de 75% dos imóveis lançados pela
construtora em 2012 estão enquadrados
ao programa “Minha Casa, Minha Vida”. A
clientela, em sua maioria, está adquirindo
o primeiro imóvel.
Entre as capitais do Nordeste, para a
empresa, o mercado imobiliário em João
Pessoa está ávido por opções destinadas às
famílias com renda entre três e dez salários
mínimos, principal público de atuação da
construtora o que a torna a maior e mais
experiente empresa brasileira neste ramo.
Ainda segundo o setor de
comunicação, “os dois primeiros
lançamentos foram grandes sucessos de
vendas. Por isso, estamos adiantando o
lançamento do terceiro empreendimento
na cidade que deve ser lançado muito em
breve. Uma sinalização da grande aceitação
dos produtos da MRV pelo público de João
Pessoa”.
Olenildo Nascimento
O mercado de João Pessoa está ávido por opções para as famílias com renda entre três
e cinco salários mínimos. Em 2011, o IBGE divulgou que a capital da Paraíba tem 25.524
habitações subnormais, ou seja, moradias em favelas.
A empresa mineira MRV, já atua em vários estados do Nordeste e em 2011 se estabeleceu em João Pessoa
Sônia Belizário
Empreendimentos
vão somar mais
de 2.500 unidades
A inadimplência, nos
projetos de moradia
popular, é quase
inexistente. Às vezes,
ocorre atraso no
pagamento da parcela,
mas o comprador procura
atualizar logo.
VALBERTO NEVES
Gerente
Retração na Europa
e qualidade de vida
na Paraíba
Em 2003, o paraibano Valberto
Henrique de Lima Neves foi para a
região da Galícia, na Espanha, para
estudar idiomas. A ideia inicial era ficar
um ano, mas, ficou seis anos. E, ao sair da
situação de estudante para residente teve
que trabalhar, atuando numa empresa
que prestava serviços para a construção
civil, em tudo que se relacionasse à mão
de obra. Nesta atividade conheceu Pedro
Caridad, diretor geral da Sogeinverca,
empresa que construía residenciais.
Quando a crise começou a se
delinear, ele atendeu ao pedido do
empresário para vir ao Brasil analisar
o mercado. Em abril de 2009, passou
dez dias na Paraíba identificando as
possibilidades de negócios. Quatro
meses depois, voltava com a decisão da
empresa de se expandir para o Brasil,
na primeira operação internacional.
Em setembro daquele ano, começou
a funcionar. A qualidade de vida, as
condições climáticas agradáveis e o
mercado atrativo motivaram a instalação
em João Pessoa.
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27
Divulgação
mercado
Empregando 50 pessoas, a
Sogeinverca já está no segundo
empreendimento em Santa Rita (PB),
cidade da região metropolitana. O
Residencial Tibiri tem 192 unidades,
ao custo de R$ 95 mil, cada uma. O
arquiteto espanhol Antônio Gonzalez
responde pelos projetos. “É uma
arquitetura diferente e audaciosa.
Aqui eles são reformados conforme as
exigências locais de legislação”, explica
Valberto Neves, gerente regional.
Ele
anuncia
mais
dois
empreendimentos: o Residencial Verdes,
no Valentina de Figueiredo (próximo à
Vila Olímpica que está sendo construída),
com 45 unidades de dois e três quartos,
num prédio com pilotis mais quatro
pavimentos e a cobertura. E, o Emporium
Cabo Branco, a ser edificado no bairro
do mesmo nome. O home service de
12 andares terá 108 unidades de dois
quartos. “Ele terá energia solar e duas
fachadas para aproveitar a ventilação
e a luz”. O projeto que está em fase de
aprovação.
O outro será em Tabatinga, no
litoral do Conde (PB). O grupo está de
olho nas pessoas que vêm trabalhar no
polo farmacoquímico, em Goiana (PE)
e na fábrica da Fiat, também. “Jacumã
fica a 19 km de Goiana. As pessoas vão
passar todo o dia no trabalho e vão
precisar de um lugar tranquilo para
dormir e descansar”, fala Valberto Neves,
identificando o potencial de crescimento
no litoral sul da Paraíba, onde será o
Residencial Los Mirantes.
Agora, o cenário é outro porque
está mais difícil encontrar um terreno
no perfil que se procura; o mercado
ficou exigente e tende a selecionar
mais, além disso, o imóvel se valorizou
acima do salário. Para o gerente regional
da Sogeinverca, há uma acomodação
do mercado e os projetos devem ser
diferenciados e com qualidade.
O paraibano Valberto Neves não
se arrepende de ter retornado para a
terra natal, pois entende que o mercado
brasileiro, nos vários segmentos, ainda
tem espaço para novos empreendimentos,
porque o crédito para financiamento
viabiliza a comercialização das novas
unidades.
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
O prédio em construção na avenida principal do Tibirí é voltado para famílias com renda de até R$ 2.000,000
Novas áreas em João
Pessoa, Santa Rita
e Campina Grande
A corretora Maria Auxiliadora
Santana Pessoa, da JPM Imóveis recebeu
dois grupos interessados (um de São
Paulo, tradicionalmente voltado para
condomínios urbanos para a classe A e
outro italiano) também, em construir
casas populares e prédios empresariais.
Sem revelar os nomes, ela conta que
foram ofertadas áreas em bairros como
Mandacaru (na região norte de João
Pessoa) e Cristo Redentor. Há também
interesse no município vizinho de Santa
Rita.
Em alguns locais, não há terreno
livre, então, o que está ocorrendo é a
compra de casas que vão ceder espaço
para edifícios residenciais. “Eles evitam
aparecer para não provocar uma alta no
preço do terreno. No caso dos italianos,
eles dizem que lá não há movimento e
precisam investir em outro lugar”.
O arquiteto Fábio Galisa tem
recebido empresários de Maceió (AL)
e de Natal (RN) interessados em fazer
projetos para empreendimentos voltados
ao público de Minha Casa, Minha Vida
em João Pessoa, Santa Rita e Campina
Grande. “O crescente interesse neste
segmento é que se ganha pouco em uma
unidade, mas que termina sendo muito
por serem várias unidades”.
Ele
observa
que
a
disponibilidade de crédito por parte
do Governo Federal dá ao empresário a
certeza do crédito para o financiamento
imobiliário, assim como o subsídio para
o comprador. “O subsídio garante que
não vai ter problema para o investidor”.
Outro ponto que o arquiteto salienta
é que os projetos começam a ser
diferenciados, incluindo área de lazer.
Um pedaço de Portugal no Valentina
A CSN é uma construtora formada
em outubro de 2009 e que começou a
operar em janeiro de 2010. Neste período,
construiu nove prédios com 176 unidades,
concentrando-se no segmento popular
com imóveis, com apartamentos que
custam entre R$ 86 mil e R$ 100 mil, no
Valentina Figueiredo. Ela é uma sociedade
entre o médico paraibano Marcelo
Sarmento e o português Patrick Nogueira.
Com isso, no bairro do Vale do Cuiá, os
residenciais são denominados Aveiros,
Coimbra, Barcelos, etc, reportando-se às
cidades de Portugal.
Agora, CSN tem 246 apartamentos
em obras, incluindo o Cidade do Porto,
condomínio com unidades com áreas
entre 54 m² e 55 m², que serão entregues
com as bancadas de cozinha e banheiros
com móveis projetados. Este ano, foi
iniciado um empreendimento, em Natal
(RN) e outro será feito em Vitória de Santo
Antão (PE).
Os dois sócios explicam que o
segmento da moradia popular, que se
encaixa no Programa Minha Casa, Minha
Vida é a principal opção por causa do
incentivo dado pelo Governo Federal, que
subsidia o imóvel e, em especial, porque
a demanda é grande e está longe de se
esgotar. Porém, com a concorrência, a
empresa passou a oferecer diferenciais
como os móveis projetados e o próximo
terá área de lazer com piscina.
“Não é fácil. É preciso trabalhar
muito, ter dedicação”, afirma Patrick
Nogueira, na sala que funciona como
escritório no canteiro de obras do Cidade
do Porto, na qual além da mesa de reunião
e de um birô estão também materiais.
Ele explica no bairro, a empresa já é
reconhecida pela qualidade do acabamento
dos imóveis e pela forma de negociar. A
CSN trabalha com permuta de terreno em
área construída admitindo um percentual
de 12% do número de unidades possíveis.
Por outro lado, o construtor reclama
do aumento do preço das áreas e do custo
da mão de obra. “Antes, o metro quadro
no Valentina custava R$ 80,00 e agora está
entre R$ 200,00 a R$ 250,00”. O médico
Marcelo Sarmento, que antes fazia casas
avulsas observa que, nos últimos dois anos
mudou a forma de construir, elevando a
qualidade e a mecanização, para atender
às exigências da Caixa Econômica Federal
e para se enquadrar no Programa Brasileiro
de Qualidade da Habitação.
Para 2013, o plano é construir 76
apartamentos com áreas de 90m² e 110
m², na praia de Intermares, em Cabedelo
(PB), ampliando o universo de clientes
e passando a atender à classe média.
Também, será constituída uma imobiliária,
que comercializará imóveis da CSN e de
outras construtoras.
O condomínio Cidade do Porto tem cinco blocos e 76 apartamentos
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29
Sônia Belizário
mercado
Olenildo Nascimento
DIFICULDADES
MANOEL TEREN
QUESTÕES QUE DIFICULTAM
A VIDA DO INVESTIDOR
Em 2009, o espanhol Manoel Teren
(Manolo), em sociedade com o italiano
Fernando Chiappe, iniciou a construção
do Costa Brava, um resortt à beira do
mar de Lucena (PB) e que entrou em
funcionamento no verão deste ano.
Neste período, ele viu disparar os
custos de construção: terrenos mais
caros, mão de obra idem.
“Os preços dispararam e foi
muito rápido, estão subindo muito
e os valores não são mais para casa
popular, é para ricos, porque os preços
subiram bem mais que os salários”,
crítica. Recentemente, ele foi à Santa
Rita e a Bayeux e ficou espantado
com a valorização que ocorreu.
“Estão pedindo muito. Terreno que se
comprava por R$ 10 mil, 15 mil, agora
querem R$ 40 mil. É demasiado”,
exclama.
Profissionalmente sempre voltado
para o setor turístico, Manolo identifica
um grande potencial a ser explorado
no Brasil, no entanto, considera que
os tributos são elevados no País,
existem problemas burocráticos que
dificultam a tramitação dos projetos
e as leis trabalhistas são difíceis. “As
dificuldades são de destruir qualquer
alegria do investidor”, lamenta o
empresário, dizendo os preços dos
imóveis da praia do Cabo Branco, em
João Pessoa estão mais caros que os de
Miami, nos Estados Unidos.
30
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
O projeto arquitetônico é de Venâncio Toscano e o imóvel ficará pronto em 2014
Após dois anos, veio a decisão de construir
Em 2006, quando veio passear na
Paraíba, para descansar depois de tocar
duas obras simultâneas na Espanha, o
arquiteto José Maria Gabilondo Aristondo
nem pensava que aqui ia se fixar. Natural
de Vitória, cidade do País Basco, no norte
da Espanha, ele tinha concluído duas obras
bem trabalhosas, por isso, decidiu viajar.
Tempos depois, ele voltou,
comprou um terreno a beira mar do Cabo
Branco e passou dois anos observando
o mercado local. Somente em 2010 foi
que efetivamente começou a investir,
ao construir um pequeno edifício no
loteamento Portal do Sol. As mudanças
econômicas tanto na Espanha como no
Brasil o fizeram voltar a construir. “ E, o
imóvel também ficou muito valorizado.
Agora, o espanhol está construindo
no terreno que havia adquirido anos antes.
O Oteiza Villa Residencial, voltado para
classe A, é um edifício que terá três andares,
dois blocos integrados e 18 unidades com
áreas de 127 m² a 170 m². As unidades
custam entre R$ 620 mil a R$ 1,2 milhão.
Todos terão duas vagas de garagem.
Já casado com uma brasileira, o
arquiteto espanhol conta que quando os
bancos começaram a se retrair, na Espanha,
a crise se delineava. E, foi se agravando.
Ele tem bens em Vitória, mas, os negócios
estão em João Pessoa. Se, de um lado,
os terrenos estão escassos, a burocracia
dificulta o investimento, a mão de obra
é menos preparada e os impostos são
numerosos, o que obriga o empresário a
ficar mais atento à burocracia, de outro, as
instituições financeiras ajudam bastante às
empresas com capacidade de investimento,
os bancos têm linha de crédito.
O Brasil ficou mais caro,
não foi apenas a questão
da moeda, mas os
alimentos, os serviços...”
JOSÉ MARIA GABILONGO
Arquiteto e construtor
Encarecimento das
áreas é uma
consequência
A minha opção é por
manter as parcerias locais
LEONARDO FORTE
Corretor
As empresas de maior porte que
chegam a uma cidade normalmente
provocam o encarecimento dos terrenos,
porque ofertam mais ao proprietário
para garantir a área. Este é um dos
comentários se ouve quando se conversa
com alguns construtores e corretores
imobiliários.
Outro ponto é que, inicialmente,
para atrair a clientes apresentam
imóveis com preço levemente mais
baixo que o praticado no mercado
local, acrescentando alguns diferenciais
e acirra a competição na disputa pelo
comprador.
Nem todos são entusiasmados com
a vinda de incorporadoras outras regiões
ou estados para João Pessoa. É o caso do
empresário Leonardo Forte, da Terranova
Empreendimentos, que opta por manter
a parceria com as empresas locais. Ele
considera que o mercado imobiliário
passa por um “momento delicado”,
com redução da velocidade de vendas
dos imóveis e, portanto, a ampliação da
oferta vai criar mais dificuldades para as
pequenas empresas. Além disso, constata
que, para se instalar, as incorporadoras
fazem parcerias com as imobiliárias da
cidade e depois, constituem equipes
próprias de vendas.
Outro ponto que o dirigente da
Terranova Imobilária ressalta é que, neste
ano, ocorreram muitos lançamentos
de empreendimento de alto padrão,
nos mesmos bairros, com estruturas
semelhantes nas áreas de lazer, o que
aumenta a competitividade no mercado
local.
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| AGOSTO/SETEMBRO 2012
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engenharia de fachada
Cobertura
de vidro
FAZER O ESTUDO DE FACHADA OU A EXECUÇÃO DE PROJETO SEGUINDO
A PROPOSTA DO ARQUITETO EXIGE NOVO SERVIÇO ESPECIALIZADO
[ POR NANÁ GARCEZ ]
O mercado paraibano da construção
civil está gerando mais especializações em
serviços complementares e de acabamento
das obras. Com isso, na área de cobertura
de vidro ou pele de vidro, um envoltório
que destaca as fachadas do ponto de
vista estético com influência no conforto
térmico e no consumo de energia.
Para usar esse recurso, a aplicação deve
ser feita por empresa especializada, que dê
garantia dos serviços, realize a manutenção
e use a tecnologia apropriada, como o
processo unitizado, que é industrializado,
porque tem planejamento detalhado,
34
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
produção das esquadrias na fábrica e a
implantação do sistema de ancoragem
para instalação da peça inteira, andar do
andar, podendo ocorrer antes mesmo da
conclusão total do empreendimento.
Na Paraíba, a empresa Métrica, de
Fábio Barbosa de Moura e William Silva,
passaram a integrar à AFEAL – Associação
de Fabricantes de Esquadrias de Alumínio
e a buscar o reconhecimento técnico de
qualidade, para inserir o produto que
fazem no Programa Setorial de Qualidade,
do Programa Brasileiro de Qualidade na
Habitação, do Ministério das Cidades.
“Somos uma empresa que trabalha
com o conceito de engenharia em
fachada, treinamos a nossa mão de obra
dentro da empresa, fizemos um trabalho
de integração da equipe e temos um
engenheiro de produção que é o William
Silva, que faz o estudo de medição,
determinando a colocação das ancoragens,
pois tudo tem que ser muito preciso
para instalação dos quadros fabricados
na empresa ”, explica o diretor comercial
Fábio Barbosa.
Ele acrescenta que o engenheiro
acompanha e controla todos os processos,
tanto na indústria como no momento da
instalação da pele de vidro na obra, para
minimizar perdas através da quebra de
vidros ou de danos aos perfis. Este cuidado
garante a estanqueidade da fachada, ou seja,
garante o fechamento, evita vazamentos,
pois as fachadas são áreas expostas às
intempéries naturais, como sol e chova.
Atualmente, a empresa tem
participado de obras em Pernambuco,
Paraíba, Alagoas, Sergipe, Bahia Rio Grande
do Norte e Ceará.
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Opinião jurídica
[email protected]
Comunidade planejada
Mônica Cristina
Marinho Rocha Lucena
é professora titular do
Instituto Federal de
Educação da Paraíba (IFPB)
dos cursos de Negócios
Imobiliários e Tecnólogo
em Construção de Edifício.
Advogada integrante
do Escritório JLucena
Advogados Associados.
É consultora e assessora
jurídica de investidores,
construtores e corretores
imobiliários. Especialista em
Direito Imobiliário, Notarial
e Registral.
Os bairros
planejados são
oriundos de
um movimento
norteamericano
denominado
Novo
Urbanismo,
que busca
banir a
dependência
aos carros,
assim como
os centros
comerciais
segregados”
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REVISTA
Ante o desenfreado crescimento
urbano, surge a necessidade de
um planejamento, onde se almeje
a qualidade de vida dos cidadãos.
Daí, o surgimento de comunidades
planejadas, como, por exemplo,
bairros, nos quais, além da residência,
proporcionam ao morador o
comércio, os serviços e o lazer.
Estes
empreendimentos
buscam ofertar a comodidade de
existir, em um só espaço, tudo o
que se necessita e, principalmente,
o espírito de uma pequena cidade:
todos se conhecem, o trajeto de casa
ao trabalho e/ou comércio dispensa
o veículo automotor, além de uma
área verde.
Destaque-se a possibilidade de
uma autogestão, proporcionando à
comunidade a prática de algumas
atividades que, em regra, caberiam
ao poder público, dentre elas, o
planejamento urbanístico. É preciso
um regramento bem estabelecido,
para que se alcance o sucesso neste
tipo de empreendimento, uma vez
que ele determinará a organização da
comunidade.
Foi pioneiro o Estado de São
Paulo, e, posteriormente, a idéia
se difundiu aos demais Estados.
Atualmente, estão sendo lançados
em Pernambuco, nos municípios de
Recife e Goiânia; no Rio de Janeiro,
nos municípios de São Gonçalo e Rio
das Ostras; na Bahia, na região da
Costa do Coqueiro; em Minas Gerais,
no município de Nova Lima, entre
outros.
Os bairros planejados são
oriundos de um movimento norteamericano
denominado
Novo
Urbanismo, que busca banir a
dependência aos carros, assim como
os centros comerciais segregados,
propiciando a diminuição do
congestionamento no tráfego e
permitindo um relacionamento
harmônico entre trabalho e moradia.
Frise-se que os modelos
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
presentes, hoje, não se confundem
com o condomínio, pois este é regido
pela Lei 4.591/64, cujas ruas são
área comum, consequentemente, de
propriedade privada, o que possibilita
restringir o acesso, cingindo-o aos
moradores e convidados.
No bairro planejado, cuja
norma aplicada é a Lei 6.766/79, as
ruas são públicas, permitindo o livre
acesso das pessoas. Trata-se, portanto,
de loteamento, que consiste na
subdivisão da terra em lotes, para
fins de edificação, com abertura de
logradouros públicos.
Distintamente dos Estados
Unidos, no Brasil, caberá ao
empreendedor, para a realização do
projeto, executar a infraestrutura
básica:
vias
de
circulação,
abastecimento de água potável,
esgotamento sanitário, escoamento
de águas pluviais, energia pública
e domiciliar, o que posterga a
conclusão do empreendimento.
Só após o término desta
infraestrutura é que se obterá o
Termo de Vistoria das Obras (TVO),
necessário à realização do registro,
que é condição sine quo non para as
construções individuais.
Há uma tendência crescente
do desenvolvimento desses projetos
imobiliários de grande porte,
principalmente em áreas onde
a expansão econômica tem sido
evidente, para atender à demanda por
residências provocadas por grandes
investimentos, que atraem elevado
número de pessoas em função das
oportunidades de trabalho surgidas.
O empresariado paraibano deve
estar atento a esse segmento e suas
possibilidades.
Por outro lado, como são
investimentos de grande porte,
em geral, são executados através
de sólidas parcerias empresariais,
regidas por contratos que deixam
evidentes as participações de cada um
dos investidores.
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Sônia Belizário
Sustentabilidade
Cerâmica vermelha mais limpa
[ POR NANÁ GARCEZ]
Telêmaco de
Assunção Santiago
é diretor técnico da
Cerâmica Cincera e
primeiro secretário do
Sindicato da Indústria da
Cerâmica Vermelha da
Paraíba (Sindicer-PB)
A indústria de cerâmica vermelha é uma
das mais criticadas, porque boa parte dos fornos
funciona à base de lenha e já foi apontada como
uma das responsáveis pelo desmatamento. Porém,
de modo gradual, o setor foi adotando medidas
compensatórias, como a manutenção de áreas de
reflorestamento. Aqui na Paraíba, há cerca de seis
meses, o projeto piloto de utilização do pó de serra
em substituição da madeira, foi implantado na
unidade produtiva da Cerâmica Cincera, em Santa
Rita.
Para isso, a empresa adquiriu equipamentos,
treinou pessoas e buscou formar uma rede de
fornecedores, a partir das serrarias e fabricantes
de móveis. Além de reduzir a compra de lenha, o
processo permite o reaproveitamento do resíduo
sólido, que é a serragem. Uma das dificuldades é
manter a constância do fornecimento do produto,
pois, o processo deve ser contínuo, uma vez que a
cerâmica opera 24h por dia, todos os dias da semana.
Em fase experimental, a quantidade de pó de serra
obtida equivale a 10% da de lenha utilizada.
O importante é que
estamos reduzindo
a compra de lenha”
A cerâmica possui certificado PSC -Programa Setorial de Qualidade dos Blocos Cerâmicos, gerenciado pela ANICER
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
A alimentação dos fornos foi automatizada
Segundo o diretor técnico Telêmaco de
Assunção Santiago Neto, o poder calorífico da lenha
e da serragem são similares, mas a queima do pó
de serra é mais eficiente porque a alimentação é
automatizada e elimina a variação de temperatura,
mantendo-a constante, em torno de 900°C, sem
depender do “queimador”, ou seja, de uma pessoa
que esteja controlando a quantidade de lenha.
“O importante é que estamos reduzindo
a compra da lenha, embora a que usamos seja
algaroba, oriunda de áreas reflorestadas. Em São
Paulo, a indústria de cerâmica vermelha já usa o pó
de serra ou a lenha picada”, explica o empresário
que fez visitas a outras empresas que já usam este
processo. Há ainda possibilidade de comprar madeira
de demolição de obra, para ser picada e colocada no
forno. A ideia principal é adotar o resíduo sólido
como fonte energética.
Em maio deste ano, foi assinado contrato
com o Senai-PB para, a partir de agosto, com estudo
em todas as áreas da empresa, implantar o projeto
Produção Mais Limpa, com soluções técnicas
econômicas e ambientais, de modo amplo e não
mais ações pontuais, como a manutenção da área
de reflorestamento, em Mamanguape ou o uso da
serragem e da madeira de demolição picada, em
lugar da lenha. Com isso, é possível obter certificação
e negociar créditos de carbono.
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
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construção
Ônus
do desperdício
EVITAR AS PERDAS
NA CONSTRUÇÃO É O
GRANDE DESAFIO DESSA
INDÚSTRIA QUE PRECISA
RACIONALIZAR O USO DE
MATERIAIS CONTROLANDO
OS CUSTOS E SEM
PERDER A QUALIDADE.
LEIS AMBIENTAIS MAIS
RÍGIDAS OBRIGAM
OS CONSTRUTORES A
CONTROLAR OS RESÍDUOS
QUE PRODUZEM
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
[ POR NANÁ GARCEZ,
ELIANE CRISTINA E MABEL DIAS ]
A questão do desperdício na
construção civil, no Brasil, começa desde
a cadeia produtiva, onde o índice de
não conformidade dos produtos básicos
é elevado em relação a outros setores
produtivos e contribui para nível de
perda alto na construção. É o que pensa o
professor doutor Sérgio Botassi dos Santos,
da Escola de Engenharia do Rio Grande
do Sul e coordenador do Instituto de PósGraduação (IPOG), que veio a João Pessoa
abrir o MBA Gerenciamento de obras,
Tecnologia e Qualidade da Construção para
uma turma de 63 engenheiros e arquitetos
paraibanos.
Para exemplificar, ele cita que um
bloco de vedação com dimensões fora
do padrão, aumenta o uso de argamassa
de assentamento, na execução da obra,
tentando respeitar um nível de qualidade.
Por isso, o pesquisador observa que embora
custo inicial de aquisição de produtos
certificados seja mais alto, o índice de
perda é menor. “O empreendedor,
para se precaver, deve fazer análise de
mercado, verificar se existe algum tipo de
especificação que possa atestar um nível
de qualidade, e mesmo que o custo seja
um pouco maior, ele vai ser diluído em
função de menor perda futura. Isso já é
comprovado”, afirma.
O segundo fator que Sérgio Botassi
aponta como prejudicial é a mão de obra
pouco qualificada que leva ao desperdício
e retrabalho. Ele aconselha tentar, dentro
do possível, industrializar o maior
número de processos, como usar blocos
em palets, que já vem com a quantidade
dimensionada para os panos de alvenaria.
Neste ponto, ele é favorável ao
incentivo fiscal para criar mercado mais
sustentável, entendendo que as perdas
podem ser minimizadas, em benefício da
própria sociedade.
“É a matriz cultural que tem que
combater e o Estado está obviamente,
nesta função, de tentar conscientizar
toda a cadeia produtiva, inclusive dando
incentivo fiscal, dentro do possível. A
medida punitiva ajuda, mas não é eficiente
na plenitude. Tem que criar um mercado
mais sustentável”.
Em sala de aula, ao falar sobre
gerenciamento de obras, tecnologia e
qualidade na construção, o professor
enfatiza que o profissional deve entender
tecnologicamente o que está fazendo,
tendo o critério da qualidade para gerenciar
a obra, reduzir o recurso disponível de
uma forma racionalizada.
“Produzir bem com qualidade,
de maneira otimizada, que possa
ser, de fato, economicamente viável
para o empreendedor, fazer evoluir a
construção civil, que está passando por
uma industrialização, uma evolução de
melhoria dos processos e agregar valor a
isso”, explica.
Olenildo Nascimento
Vanina Castro
“Primeiro, não perde o controle
sobre o produto usado e, ao padronizar
a forma de execução, mesmo a mão de
obra não muito qualificada, ela é forçada a
seguir determinados padrões da empresa”,
explica o professor acrescentando
que industrialização não quer dizer
equipamentos modernos, mas, formas de
gerenciamento mais racionalizadas, com
melhor controle de material, bem como
ter equipamentos organizados e ajustados,
para obter um mínimo de qualidade.
Na outra ponta, está o consumidor,
que é o grande fiscal da obra e pode
ter papel importante neste processo.
“Se se tem um empreendimento com
desperdício, mas está vendendo bem, qual
o interesse do empreendedor em reduzir
o desperdício?”, questiona o professor,
observando que o governo facilita o
crédito para o comprador, que, com o
projeto ainda em execução já começa a
fazer alterações. Botassi defende que o
setor público vincule a linha de crédito
à qualidade e, com ela, à redução de
desperdício e do impacto ambiental para
criar o círculo virtuoso, desde consumidor
ao fornecedor de insumos básicos, com
ciclo de produção menos impactante.
Desperdício pode ser observado em várias etapas da obra, como no caso do excesso de argamassa para compensar desníveis dos blocos de tijolos
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construção
Pesquisas mais
perto da prática
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| AGOSTO/SETEMBRO 2012
Resíduos não podem ficar expostos, o lixo produzido nas obras devem ter destinação certa: beneficeiamento ou aterro sanitário
Divulgação
Ao admitir que a formação do
profissional novo deixa a desejar, ele
disse que o viés positivo da universidade
é o incentivo à pesquisa, porém, observa
que a pesquisa em desenvolvimento
ainda é muito penalizada por ser pouco
embasada, porque se desenvolve o
estudo de uma nova técnica executiva,
sem verificar se, na prática, vai ser
implementada. “Nas instituições de
ensino, principalmente nas federais,
falta tentar vincular a pesquisa ao setor
produtivo. A minha tese de doutorado
foi vinculada à necessidade de algumas
empresas, especificamente de Furnas
Centrais Elétricas, para otimizar o
processo de controle de qualidade de
obras de infraestrutura, ou seja, ter
um caráter de melhoria, ser vinculada
à aplicação, ser pragmática e não ficar,
simplesmente, no campo teórico”.
Ele defende que o papel das
universidades precisa ser dignificado
neste aspecto, criar esse vínculo entre
as instituições e os órgãos executores.
Um exemplo também é a questão dos
laboratórios subutilizados enquanto
poderiam estar fazendo controle de
qualidade para o setor produtivo. “O
laboratório que está sucateado por falta
de incentivo poderia fazer uma parceria
com a iniciativa privada para ser
mantido o equipamento fazer o controle
de qualidade do setor produtivo. Esse
vínculo poderia ser melhor vislumbrado
mas ainda deixa a desejar”, conclui o
pesquisador.
PESQUISA
RECONHECIDA
É a matriz cultural que
tem que combater e o
Estado está obviamente,
nesta função, de tentar
conscientizar toda
a cadeia produtiva,
inclusive dando incentivo
fiscal, dentro do possível”
SÉRGIO BOTASSI
Pesquisador
Em 2011, o professor
Sérgio Botassi dos
Santos recebeu o Prêmio
de Melhor Tese em
Engenharia, com a tese
de doutorado sobre
Análise da Fluência
do Concreto Massa
nas Primeiras Idades
de Carregamento:
Influência de Aditivos
Plastificantes e Adições
Minerais, concedido
pela Secretaria de
Assuntos Estratégicos da
Presidência da República
Olenildo Nascimento
JOÁCIO MORAIS
Secretário Municipal de Meio Ambiente
Novas regras para licenciamento de obras
inclui plano de gerenciamento de resíduos
Desde o dia 1º de agosto, a
Prefeitura Municipal de João Pessoa
intensificou a cobrança do plano de
resíduos sólidos das construtoras. As
novas regras modificam as licenças que
são concedidas para execução de obras,
além dos prazos. Segundo o secretário
municipal de Meio Ambiente, Joácio
Morais, os procedimentos relativos à
coleta, transporte e destino final dos
resíduos já estavam determinados
pela Lei 11.176/2007 e o que está
acontecendo agora “é maior cobrança
dos órgãos públicos no que diz respeito
ao cumprimento da lei”, revela.
Com as novas regras, a
concessão das licenças para construção
parte da apresentação do plano
de gerenciamento de resíduos. O
documento deve ter um responsável
técnico, especificação de cada obra
em questão, estimativa de geração de
resíduos (através de cálculos a partir do
metro quadrado do empreendimento
será erguido é possível estimar
tecnicamente a quantidade de entulho a
ser gerado).
De acordo com Joácio Morais,
“o plano não é um documento a mais
que está sendo exigido, mas é um plano
que vai dar condições do construtor
saber onde economizar e como
reaproveitar os resíduos, por isso a
importância do responsável técnico para
elaboração e implantação na obra. Os
cálculos devem estar corretos, porque a
estimativa do resíduo e a geração final
serão comparadas por nossos técnicos”,
esclarece.
Então, a partir de 1º de agosto,
os construtores devem seguir as etapas
de licenciamento para construções.
A primeira é a licença prévia, nesse
momento é exigida a apresentação do
plano de gerenciamento de resíduos.
Concluída esta fase, a obra recebe o
alvará de construção e só depois a
licença de instalação. Uma quarta etapa
é a licença de operação, quando técnicos
do município vão analisar se o que estava
contido no plano de gerenciamento
de resíduo foi executado. Só depois de
concluídas estas etapas, o imóvel recebe
o Habite-se.
Segundo o secretário, todo
o licenciamento de construções em
João Pessoa ficará a cargo da prefeitura
municipal, não sendo mais necessário
solicitar autorizações na Sudema, órgão
estadual. “Foi firmado um acordo com
a Sudema para que o licenciamento das
construções seja feito exclusivamente
pela Semam. Houve um acerto na
comissão tripartite e entre os órgãos
municipais”, explicou.
Uma reclamação recorrente
dos construtores é sobre os prazos
para a concessão das licenças. Sobre
isso, ele diz que a demora se dá pela
falta de documentos no momento que
as empresas dão entrada no processo
para obter as licenças. “Essa é mais uma
exigência que estamos cumprindo, ou
seja, nenhum processo será aberto sem
a apresentação de toda documentação
necessária. Apresentando todos os
documentos aí sim começa a contar o
prazo que deve ser no máximo de 90
dias”, diz o secretário.
Além das licenças, outro
documento
essencial
para
os
construtores é o Controle de Transporte
de Resíduos (CTR), que comprova a
destinação dos resíduos gerados na obra.
As guias serão de responsabilidade das
empresas transportadoras de resíduos
e, ao final da obra, serão checadas pela
Semam e Emlur.
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45
construção
Destino dos resíduos
produzidos nas obras
BUROCRACIA
Olenildo Nascimento
CONSTRUTORES ESPERAM
AGILIDADE DA SEMAM
OVÍDIO CATÃO
Vice-presidente
de Obras Públicas
do Sinduscon-JP
De acordo com o vicepresidente de obras públicas
do Sinduscon-PB, Ovídio
Catão, para os construtores
cumprirem a determinação da
prefeitura municipal não será
problema, “pois já cumprimos
os normativos legais que
envolvem as construções”, diz.
O que preocupa o empresariado
é rito burocrático que uma nova
licença impõe ao processo de
licenciamento.
“O alvará de
construção está condicionado
a licença prévia, que, por sua
vez, depende do plano de
gerenciamento de resíduos.
Nossa preocupação é com os
ritos burocráticos, já que isso
pode aumentar o tempo de
espera para concessões das
licenças. Mas, vamos cumprir
com todas as exigências, como
já fazemos normalmente, ou
seja, o setor da construção
civil sempre cumpriu com os
normativos legais e este é mais
um deles”, explica Ovídio Catão.
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
Além de aumentar a fiscalização
e exigências, o governo municipal
também está de olho nos transportadores
e beneficiadores deste resíduos. As
empresas responsáveis pelo transporte do
material devem ser cadastrada na Emlur
e possuir licença para operar. O mesmo
vale para as usinas de beneficiamento.
De acordo com Kellyane Farias,
diretora administrativa da Atrevida
Locações, a empresa está preparada para o
aumento da demanda pelo recolhimento
e transporte do material. Atualmente, ela
recolhe 30 caçambas, diariamente, com
uma média de 3,5 toneladas de resíduos.
Os itens recolhidos são os mais
diversos, desde restos de brita, cerâmica,
tijolos, passando por ferros, madeira e até
fiação. “Antes recolhíamos só ‘metralha’,
mas, agora, o pessoal da obra coloca
todo tipo de resíduo nas caçambas, sem
fazer separação. Atrapalha um pouco,
mas não impede o serviço”, explica. A
empresa possui 200 caçambas espalhadas
em várias obras em construção na
Capital, os coletores são monitorados e
trocados quando estão cheios. “Após o
recolhimento, nós enviamos para a usina
de reciclagem, lá o material é separado e
processado”, informa.
Um dos destinos dos resíduos
coletados é a Usiben, vinculada a Emlur
e instalada em Mangabeira. Segundo
informações da assessoria de imprensa
da Emlur, nos seis primeiros meses de
2012, foram entregues 18.178m³ de
material reaproveitado. Mais de 95%
deste material foi utilizado pela Seinfra
em obras da PMJP.
A Usiben foi construída com
capacidade de processamento de cerca de
20 toneladas por hora. O resultado deste
Empresa Atrevida
coleta uma média de
3,5 toneladas de
resíduos diariamente
em obras na capital
Usina de Beneficiamento de Resíduos da Emlur tem capacidade de processar 20 toneladas de material por hora
Oportunidade de negócio com os resíduos
De olho no mercado em expansão,
o advogado Tibúrcio Neto instalou a
Rebrite – Reciclagem de Materiais de
Construção. A empresa começou a operar
em maio deste ano e tem capacidade
de processar 200 toneladas de resíduos.
Atualmente recicla 20 toneladas por dia.
Tudo que é recebido é processado. Uma
parte é estocada e outra parte vendida
para o mercado local.
Com as novas regras de
concessão de licença, o empresário
espera aumento no material que será
processado, mas já aponta um problema
que atrapalha o processamento: a mistura
de resíduos. “O grande problema é a
mistura de resíduos, todos inorgânicos,
mas ainda misturado plástico, madeira,
ferro, cimento, e isso dá muito trabalho na
separação, porque hoje não há nenhuma
máquina que faça separação. Isso é feito
manualmente e, depois de separado,
cada resíduo segue para o processamento
específico”, afirma Tibúrcio Neto.
Olenildo Nascimento
Olenildo Nascimento
Augusto Pessoa
beneficiamento são os seguintes produtos:
pó de brita, cascalhinho, brita 19, brita
25, rachão e bica corrida. Eventualmente,
no reaproveitamento deste material, são
obtidos ferro, madeira, embalagem de
construção e vidro, destinados conforme
legislação.
Segundo o superintendente
da Emlur, Lucius Fabiani, a quantidade
de material que chega a usina ainda é
considerada pouca. Segundo ele, o que
é levado hoje só representa 5% do que
é gerado na cidade. “Estamos buscando
parcerias com a iniciativa privada para
que se possa potencializar a utilização da
Usiben, mas sabemos que, para a cidade de
João Pessoa, a usina é pequena, precisamos
de uma área maior que nos dê condições
de receber o resíduo, fazer a separação, a
classificação e o processamento. Estamos
avançando nas discussões com o setor
privado para que se possa, através de uma
parceria, resolver essa questão”, afirma.
TIBÚRCIO NETO
Empresário
Ainda assim, ele diz que a
empresa está preparada para receber o
maior volume de resíduo. “Hoje opero
com 10% da capacidade, mas estamos
aptos a receber todos que vão depositar
na nossa usina”, finaliza.
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Plano de gerenciamento
é obrigatório para obra
As construtoras precisam elaborar
o Plano de Gerenciamento de Resíduos
Sólidos exigido para obtenção da
Licença de Instalação (LI). Trata-se de
um mecanismo que objetiva promover
a sustentabilidade das operações de
gestão de resíduos sólidos, preservar o
meio ambiente e a qualidade de vida da
população, contribuindo com soluções
para os aspectos sociais, econômicos e
ambientais envolvidos na questão.
Segundo a engenheira ambiental,
Gabriela Pecorelli, da empresa Geoped
– Consultoria Ambiental, para se fazer
um bom plano é necessário seguir
as diretrizes da Resolução Conama
307/2002. “No plano devem constar a
caracterização do resíduo, onde ele será
acondicionado, como deve ser separado
e qual o destino final a ser dado”.
Os entulhos são separados de
acordo com a tipologia. A classificação
consta na resolução, em classes A, B, C e D.
Na classe A, estão os resíduos reutilizáveis
ou recicláveis como agregados, tais
como: de construção, demolição,
reformas e reparos de pavimentação e de
outras obras de infraestrutura, inclusive
solos provenientes de terraplanagem,
entre outros; na classe B, estão os
recicláveis para outras destinações, tais
como: plásticos, papel/papelão, metais,
vidros, madeiras e outros; na classe C,
são os resíduos para os quais não foram
desenvolvidas tecnologias ou aplicações
economicamente viáveis que permitam
a recuperação, como os produtos
oriundos do gesso e na classe D são
os perigosos oriundos do processo de
construção, tais como: tintas, solventes,
óleos e outros, ou aqueles contaminados
oriundos de demolições, reformas
e reparos de clínicas radiológicas,
instalações industriais e outros.
Após esta separação, os resíduos
devem ser acondicionados em locais
próprios, como baias e caçambas e
depois levados para os caminhões, que
devem ter uma proteção para que os
resíduos não caiam no chão, poluindo
as ruas. “O trabalho deve contar com a
participação efetiva de toda a equipe,
desde o pedreiro, mestre de obras
até o engenheiro, evitando assim o
desperdício de material”, afirma a
engenheira.
Sônia Belizário
construção
No plano devem
constar a
caracterização do
resíduo, onde ele será
acondicionado, como
deve ser separado e
qual o destino final a
ser dado”.
GABRIELA PECORELLI
Pesquisador
CLASSIFICAÇÃO DE RESÍDUOS
A
Reutilizável ou reciclável
como agregados
Entulhos de construção, de demolição, de reformas, de
reparos de pavimentação e de obras de infraestrutura
inclusive solos provenientes de terraplanagem;
Reparos de edificações como tijolos, blocos, telhas,
placas de revestimento, argamassa e concreto;
Restos de processo de fabricação e/ou demolição de
peças pré-moldadas em concreto como blocos, tubos,
meio fios, produzidas nos canteiros de obras;
48
B
Reciclável para outra
destinação
Plásticos, papel/papelão, metais, vidros, madeiras e
outros;
c
Sem tecnologias
ou aplicações
economicamente viáveis
Produtos oriundos do gesso;
D
Perigosos oriundos
de construção
Tintas, solventes, óleos;
E
Produtos contaminados
ou prejudiciais à saúde
Oriundos de demolições, reformas e reparos de clínicas
radiológicas, instalações industriais, bem como telhas e
objetos e materiais que contenham amianto ou outros
produtos nocivos à saúde.
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
O que é?
Gerenciamento de resíduos:
é o sistema de gestão
que visa reduzir, reutilizar
ou reciclar resíduos,
incluindo planejamento,
responsabilidades,
práticas, procedimentos e
recursos para desenvolver
e implementar as ações
necessárias ao cumprimento
das etapas previstas em
programas e planos.
Para evitar o
desperdício
Não gere entulhos, reduza a
quantidade, reutilize e recicle
Empresas investem em inovações
As empresas começam a se
conscientizar dos prejuízos que
o desperdício de material traz.
Muitas desenvolvem técnicas e usam
equipamentos que minimizam as perdas
na obra. Umas das empresas que têm
investido em inovações para minimizar
o problema é a Cerâmica Cincera
que, há dois anos, lançou o sistema
racionalizado de alvenaria estrutural em
blocos cerâmicos.
Esse sistema de vedação dispensa
o uso de tijolos convencionais e é
uma solução para reduzir o impacto
ambiental causado pelos entulhos da
construção civil. Reduz o desperdício de
recursos como: material e mão de obra;
facilita e instalação elétrica e hidráulica
durante a execução da alvenaria. O
sistema racionalizado é obtido com
total precisão dimensional, onde
os submódulos são fornecidos com
dimensões acabadas, dispensando o uso
de qualquer instrumento de corte. As
instalações elétricas e hidráulicas sobem
com a alvenaria, evitando o trabalho de
embutir conduítes e tubulações com a
parede já pronta.
Apesar de fornecer tijolos com
dimensões variadas para evitar a quebra
do material, a empresa enfrentou
resistência no início, para aceitação nas
obras, mas, segundo explica a diretora
comercial da Cincera, Ivana Santiago
Mota, com a migração da alvenaria
tradicional (com tijolos de oito
furos) para utilização a racionalizada
e estrutural (em blocos e canaletas
estruturais) é que o produto foi aceito
no mercado.
Mesmo sendo bem aceito nas obras,
a indústria identificou que o sistema
racionalizado de alvenaria estrutural
em blocos cerâmicos não estava sendo
usado da maneira correta. Para contornar
o problema, está sendo ministrado
curso para engenheiros, arquitetos e
pedreiros, que lidam diretamente com o
material. “Precisamos de uma mudança
organizacional. E falta muita capacitação
na execução, por isso criamos o curso”,
explica a diretora, explicando que o
conteúdo abrange do projeto a aquisição
do material; equipamentos necessários a
utilização e execução na obra.” É prático.
Capacitamos o estudante, profissionais
já formados, construtores e diretores de
empresas já consolidadas no mercado”,
afirma
Três turmas já fizeram o curso
com certificado (em media 60 alunos/
cada) e mais uma acontece neste
mês de agosto. Segundo ela, o uso do
sistema racionalizado de alvenaria tende
a crescer no mercado paraibano. “É
um processo sem volta, a economia e
praticidade se vê na execução e se sente
no bolso”, finaliza.
REVISTA
| revistaedificar.com.br
49
Como reduzir perda nos
canteiros de obra? Confira
as soluções apresentadas
nas opiniões a seguir:
O projeto é ponto de partida
Um dos grandes desafios da atualidade
é o compromisso por uma construção
mais sustentável haja vista que a indústria
da Construção Civil é uma das que mais
consomem recursos naturais, bem como
polui e promove impactos ambientais. Logo,
o arquiteto deve pensar na elaboração
do seu projeto com responsabilidade e
compromisso com as gerações futuras
e o meio ambiente; Utilizar os pilares da
sustentabilidade reduzindo o desperdício,
reutilizando e reciclando componentes e
produtos; Racionalizar e compatibilizar
processos construtivos e sistemas de
instalações prediais desde a estrutura
passando pelas vedações e os matérias
adotados no edifício projetado. Uma
medida seria compatibilizar a modulação
da estrutura com a vedação adotada e
o revestimento evitando cortes, perdas,
tempo de execução. Promover através
do gerenciamento de RCD no canteiro o
reaproveitamento de resíduos gerado do
gesso, madeira, revestimento e outros
quando possível no próprio empreendimento.
Neste contexto, cresce a
responsabilidade do arquiteto enquanto
agente que, com o seu projeto, interferirá
no meio ambiente. São inúmeras as
contribuições e benefícios que o enfoque
na sustentabilidade traz ao meio ambiente,
a partir da postura preventiva durante as
decisões de projetos, desde a especificação
de materiais, reciclagem, procedimentos
e manejos mais sustentáveis e menos
poluentes, até a qualidade do ar interno
na fase de utilização do empreendimento
e a saúde dos ocupantes deste espaço
passando pela influência da localização
do empreendimento, a caracterização dos
sistemas de iluminação, condicionamento de
ar e aquecimento de água.
Como o projeto é ponto de partida para
a produção do produto edifício e de seu ciclo
de vida, o arquiteto deve analisar e avaliar
preventivamente todas as etapas do projeto
desde a fase de planejamento, implantação,
uso, manutenção e demolição, do canteiro
de obra até a pós-ocupação, pois as soluções
adotadas poderão minimizar os impactos
ambientais associados. As visitas periódicas
auxiliam o monitoramento e minimizam
desperdícios principalmente em obras
executadas por pessoas descomprometidas
e despreparadas com gestão de processos
durante a execução da obra.
SUELY BRASILEIRO,
ARQUITETA FORMADA PELA UFPE E MESTRANDA
EM ENGENHARIA URBANA E AMBIENTAL – UFPB
FÁBIO SINVAL
JOSÉ GUILHERME
SUELY BRASILEIRO
fórum
Secretaria exige plano
de gestão de resíduo
Melhoria da produtividade
e dos processos
As empresas que constroem casas
populares para Secretaria Municipal de
Habitação Social (SEMHAB) têm que
apresentar o Plano de Gestão de Resíduo
Sólidos para obtenção do alvará de
construção. Essa norma está em vigor desde
que o órgão foi criado em 2006.
Vejo com preocupação as exigências
que, a partir de agosto, passam a ser
implementadas pela Secretaria Municipal de
Meio Ambiente, em conjunto com a área de
planejamento da Prefeitura de João Pessoa,
por entender que a exigência do plano para
empreendimentos a partir de 150 m² vai
travar mais o processo construtivo, atingindo
fortemente as pequenas construtoras.
Não vai ter quem prepare esses planos.
Há carência de pessoal nesta área. Em
Curitiba (PR), que possui uma legislação
semelhante, a obrigação é válida para
projetos a partir de 300m².
Outro aspecto que alerto à Secretaria de
Meio Ambiente é o fato de que o Documento
de Origem Florestal (DORF) constar na
relação de documentos para obtenção da
Licença de Instalação (LI), mas, a madeira é
adquirida quando a obra está em andamento,
portanto, a apresentação do DORF deveria
ocorrer no momento da Licença de Operação
(LO). Antes, isso vai travar o processo de
instalação do canteiro de obra.
Por outro lado, as empresas vão
procurar minimizar a geração de resíduos
para diminuir, inclusive, os seus gastos
operacionais. No ano passado, o aluguel
da caçamba de entulho custava R$ 60,00
e, agora, está por R$ 150,00, então, o
empresário vai aprimorar o processo
construtivo.
A redução das perdas na construção
é uma das metas importantes adotadas
pelas empresas, na busca da qualidade e
sustentabilidade das obras e a introdução
de novos equipamentos e tecnologias
têm contribuído sistematicamente para a
melhoria dos processos e da produtividade
dos profissionais envolvidos, reduzindo os
desperdícios e melhorando a qualidade.
Na Paraíba e, especificamente na
grande João Pessoa, estão sendo utilizadas
centrais de produção e bombeamento
de argamassas, máquinas de projeção
de chapisco e reboco, utilização de
manipuladores para transporte, descarga
e distribuição de materiais paletizados,
dumpers, gruas, elevadores cremalheiras,
caminhões equipados com guindastes para
distribuição e montagens de estruturas prémoldadas e etc.
Esses novos equipamentos não
substituem a mão de obra, porém, há uma
redução da mesma com melhor qualificação
profissional e melhoria da produtividade.
Os trabalhos que antes eram feito de
forma artesanal, com a mecanização, se
tornaram menos penosos e difíceis para os
trabalhadores, gerando menor desgaste e
melhor qualidade de vida.
Quando usamos materiais certificados,
que passam por controle de qualidade,
temos queda significativa das perdas,
também minimizadas pela melhoria de
qualidade dos projetos, pela utilização de
plataforma BIM, que faz a modelagens dos
projetos e verifica antecipadamente todas
as interferências, evitando desperdícios
e aumento de custos. Outra ação é um
planejamento adequado e a melhor escolha
dos materiais a serem utilizados.
Não somos conservadores, pois
estamos aplicando os processos e práticas
que existem em centros como São Paulo
e outras grandes cidades mundo a fora. O
que acontece é que a construção civil ficou
estagnada por muito tempo. Tínhamos
mão de obra abundante e preços de vendas
muito baixos, o que gerou baixo investimento
em novas tecnologias. Hoje, a situação é
totalmente diferente, com a globalização e o
acirramento da concorrência, falta pessoal
com maior qualificação com consequente
aumento dos custos, preocupação com a
sustentabilidade dos empreendimentos,
se faz necessário investimento em novas
tecnologias e equipamentos, o que já
estamos praticando.
JOSÉ GUILHERME DE ALMEIDA BARBOSA,
SECRETÁRIO MUNICIPAL DE HABITAÇÃO E ENGENHEIRO CIVIL
FÁBIO SINVAL,
CONSTRUTOR E ENGENHEIRO CIVIL
50
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
RICELLY LACERDA
Harmonizar projetos,
planejamento e controle
As perdas na construção civil são
qualquer ineficiência que se reflita no uso
de equipamentos, materiais, mão de obra
e capital em quantidades superiores às
necessárias à produção da edificação. No
setor, não existe a cultura de execução de
projetos detalhados e compatibilizados,
bem como de planejamentos e controles,
diferente da indústria de transformação que
realiza, inclusive, protótipos dos produtos
antes de iniciar a produção em série.
Aspectos peculiares da construção
como caráter nômade, produtos únicos,
mão de obra com baixa escolaridade torna
inviável a prototipação convencional como
em outros ramos industriais. Para elevar o
nível de planejamento e controle das obras se
recorre as novas metodologias com apoio de
tecnologias e processos.
Uma solução é o uso de forma integrada
da metodologia de projetos em BIM (Building
Information Modeling), ou seja, construção
virtual, associada a planejamentos eficientes
com uso das filosofias da lean construction
(construção enxuta), as ferramentas de
linha de balanço e last Planer. No fim do
processo encontra-se o controle, a partir da
apuração de dados na obra, a alimentação
do planejamento e controles por meio de
programas de gestão integrada (ERP),
permitindo medidas corretivas e realimentar
o ciclo PDCA (planejar, executar, controlar e
agir).
O fluxo do processo de projeto em BIM
nasce com a realização de modelos em 3D
integrando todas as disciplinas. Ele terá
todos os stakeholders (arquitetura, estrutura,
instalações, planejamento, execução) nas
várias etapas (estudo preliminar, projeto
legal, projeto executivo) de projeto. Integrado
ao modelo 3D pode existir o banco de dados
de composições vinculadas aos elementos
modelados, dos quais são extraídas as
quantidades de serviços por localização
(torres, pavimentos, apartamentos).
A união do modelo 3D e o orçamento
gera o BIM 5D. O planejamento ocorre
através de rede PERT/CPM representada
por gráfico de Gantt, ou através de linhas
de balanço (flowline), técnica viável para
serviços repetitivos, pois torna a melhor
visualização do fluxo de trabalho das
equipes. Já a união do modelo em BIM 3D
ao planejamento gera a sequência virtual
de execução da obra, podendo-se antever
as deficiências no plano de ataque da obra.
Esse protótipo virtual em 3D + Planejamento
chama-se BIM 4D.
O controle do planejamento com
a metodologia do Last Planer, traz os
planejamentos de curto (PPC – percentual
do planejado concluído), médio (Look ahead)
e longo prazo (Master Plan). Para auxiliar no
controle da gestão integrada se recomenda o
uso de programas tipo ERP, que congregam
engenharia, suprimentos, financeiro,
comercial, qualidade, gestão de pessoas
(RH). O maior de detalhamento dos projetos,
planejamento e controle mitigam os riscos de
tarefas desnecessárias.
RICELLY LACERDA,
ENGENHEIRO CIVIL
REVISTA
| revistaedificar.com.br
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52
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
REVISTA
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salão imobiliário
Salão
Imobiliário
será em novembro
[ POR ALINNE SIMÕES ]
O V SIM – Salão Imobiliário da Paraíba - já
está sendo organizado pelo Sindicato da Indústria da
Construção Civil de João Pessoa (Sinduscon-JP), em
parceria com a Oficina de Propaganda. A comercialização
dos 78 estandes começou em julho último e cerca de
50% foram vendidos. O evento será no período de 22 a
25 de novembro deste ano, na Praça do Povo do Espaço
Cultural.
Sônia Belizário
A FEIRA DE IMÓVEIS ORGANIZADA
PELOS CONSTRUTORES TRARÁ
IMÓVEIS COM PREÇOS DIFERENCIADOS
PARA ATRAIR COMPRADORES
Nononononon
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REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
Nononononon
Segundo o vice-presidente de Materiais e
Tecnologia, Fábio Sinval, trata-se da grande feira do
setor, que mostra toda a produção de imóveis, tanto
as ofertas para o segmento popular como as unidades
de alto padrão. “Teremos apartamentos de R$ 90 mil
a R$ 2 milhões”, explica o empresário que estima em
5.000 unidades o volume de imóveis que estarão à
venda, pois muitas empresas vão levar lançamentos
além dos empreendimentos que estão em construção.
Em termos de negócios, o V SIM movimentará
aproximadamente R$ 20 milhões. “Normalmente,
nos lançamentos, os preços são menores”, informa
o construtor observando que o paraibano está
habituado a frequentar os feirões da habitação, pois
é possível encontrar muita opção num lugar só,
comparando e escolhendo o imóvel que melhor lhe
convém. O publicitário Alberto Arcela afirma que
o preço diferenciado no evento, sem dúvida, é um
grande atrativo e estimula a concretização das vendas.
Por sua vez, Fábio Sinval explica que o mês de
novembro tradicionalmente é um período bom de
vendas, além disso, a economia estará mais aquecida,
pois inclusive a primeira parcela do 13º salário já terá
sido paga. A expectativa de público no evento é em
torno de 10 mil visitantes. A feira gera, diretamente,
200 empregos e de modo indireto um número bem
maior porque as construtoras contratam pessoas
para ambientação dos estantes e mantém parceria
com as imobiliárias para que os corretores estejam
disponíveis nos estandes.
A Cobrás, Vertical Engenharia, Massai
Construtora, Planc Construções e Unidade Engenharia
são algumas das construtoras que estarão presentes.
Haverá, ainda, empresas que fornecem material de
construção e prestam serviços nas obras.
REVISTA
| revistaedificar.com.br
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Visão empresarial
[email protected]
Já não somos mais os mesmos.
É uma pena!
J. Carvalho Neto
é concessionário
RENAULT (J.Carneiro),
NISSAN (Carneiro
Automotores) e
SSAGYONG (CAR
Prime), sendo
o presidente da
FENABRE, na
Paraíba. Cursou
Engenharia Civil e
Administração de
Empresas (na UFPB)
e fez Processamento
de Dados (ASPER)
e Publicidade e
Propaganda (IESP).
Não se
ouviu; se
viu ou se leu
uma única
palavra de
repúdio a tal
manipulação,
nem um
educado e
envergonhado
pedido de
desculpas”
56
REVISTA
Atordoado. É como me vejo nos dias de
hoje, quando analiso alguns comportamentos
empresariais pelo Brasil. Envergonhado, é
como me sinto pela falta de ação e reação das
pessoas, dos governantes e políticos, e porque
não dizer da imprensa.
Acho que deve ser o cansaço, a turma
anda perdendo a esperança em transformar
nosso belo Brasil em um lugar melhor de
se viver e fazer negócios. Desde já deixo
registrado, eu não vou me dobrar à falta de
esperança. Outro dia, recebi o telefonema
de uma jornalista de um dos grandes jornais
da Paraíba, perguntando se, na posição de
presidente do SINCODIV (Sindicato dos
Distribuidores de Veículos Automotores
no Estado da Paraíba), poderia responder
algumas perguntas acerca do anúncio da
chegada de uma montadora para se instalar
em nosso estado.
Com uma mistura entre assustado
e perplexo, questionei-a se o fato já havia
sido oficializado, pois eu não havia tido a
oportunidade de ler, nem ver, tão pouco
ouvir sobre a cerimônia; sim, cerimônia, pois
fatos desta envergadura são dignos de pompa
e cerimônia; entre os nossos governantes e a
empresa pretendente à montadora na Paraíba.
De pronto, ela me respondeu que
não havia tal cerimônia, o que existia era
um comercial televisivo veiculado por
pouquíssimos dias nas televisões locais, e
uma publicação no aplicativo de notícias
curtas Twitter de um experiente e renomado
senador por nosso estado.
Expliquei que não poderia comentar,
pois esperaria por uma confirmação oficial,
um protocolo de intenções, etc. Afinal, ela
havia me pedido uma opinião enquanto
dirigente de uma categoria. Ela insistiu e me
perguntou se como paraibano não gostaria
da vinda de uma montadora? De pronto
respondi que seria a realização de um sonho,
afinal iríamos ver o nosso estado seguir os
exemplos de desenvolvimento do vizinho
Pernambuco (conforme escrevi em outra
edição da EDIFICAR, esta coluna sob o título;
Eu Quero a Minha Montadora), e o gigante
Bahia. Mas, ponderei de que não era disso que
se tratava e, sim, de um anúncio de televisão.
Então, a jornalista agradeceu e desligou,
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
imagino eu que ela não havia captado, na
plenitude, o meu ponto de vista. Sem dúvidas,
eu havia deixado a moça frustrada.
Frustrados ficamos nós; paraibanos
ingênuos, que nos vimos no meio de uma
manobra inqualificável de manipulação da de
boa fé da nossa gente, onde a nossa esperança
foi tratada com desdém, desvalorizada ao
máximo, qual veículo usado cujo modelo
não é mais produzido. Apesar do desmentido
publicado em sítios especializados no setor
automotivo, onde o pretenso pretendente à
montadora simplesmente respondeu com o
seguinte disparate “... houve um engano no
texto do filme publicitário...”. Como diria a
juventude, me poupe.
A notícia está, como disse, nos sítios
especializados, mas foi esquecida por aqui.
Virou mico na página do respeitado senador
e, quem sabe, ele não consegue reverter à
situação, para a nossa redenção e, em um
futuro qualquer, realmente trazer uma
montadora para a Paraíba.
O grupo empresarial que veiculou o
anúncio é forte e poderoso, e efetivamente
poderia fazê-lo, o que somente aumenta a
nossa ânsia por uma boa resposta, decente e
inteligente, que venha justificar tal atitude.
O que me envergonha é a covardia,
o silêncio, o abandono. Como cidadão e
como paraibano, me senti aviltado do meu
orgulho de ser um cidadão das terras de
Augusto dos Anjos e José Lins do Rego.
Não se ouviu; se viu ou se leu uma única
palavra de repúdio a tal manipulação, nem
um educado e envergonhado pedido de
desculpas ou, na pior das hipóteses, melhores
e maiores esclarecimentos sobre tamanho
mal entendido.
Onde se encontravam nossos
destemidos e valorosos líderes políticos e
empresariais, que em nada se pronunciaram?
Outrora terra de homens conhecidos pela
coragem e arrojo, destemidos paraibanos
que nos orgulharam, a esta hora, podem
estar assim como eu envergonhados, por
ter o nosso estado sido utilizado como
balão de ensaio noticioso e não como um
pujante e vigoroso embrião de progresso
e desenvolvimento. Que venha a nossa
montadora. Até a próxima.
REVISTA
| revistaedificar.com.br
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Bruno Caçador, Marcos Bruno e Rafaela Mangueira
S.C.A
Super prestigiado o coquetel de apresentação
dos novos padrões de cores da grife de móveis
planejados S.C.A, que tem à frente no comando da
franquia pessoense o empresário Bruno Caçador.
O evento contou com a presença de Marcos Bruno,
representante da própria S.C.A e que veio de São Paulo
apresentar para os convidados vips as novidades em
texturas e cores lançadas pela marca.
Com buffet de Carmelita Chang e espumantes
Ponto Neto, da Casa Valduga, o encontro foi chique
e super agradável, principalmente pela beleza da
loja, que proporciona esse clima de elegância e
bem estar em todos os seus ambientes. Muitos
arquitetos, decoradores e designers de interiores
marcaram presença e todos adoraram as novidades
apresentadas na noite.
Um dos ambientes do showroom da S.C.A
58
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
José William Montenegro com a mãe e irmãs Giovana e Rosa
Rio Mamoré
Alto e esbelto. Assim é conhecido o famoso edifício
Rio Mamoré, da Conserpa e entregue na noite de
terça-feira (17/07) com coquetel super prestigiado.
Os novos moradores do mais alto empreendimento da
Paraíba, marcaram presença no evento e brindaram a
conclusão desse imponente residencial. O Rio Mamoré
se destaca na paisagem de João Pessoa: ao todo são
42 pavimentos que alcançam 132 m de altura, com
apartamento de 212 m² por andar, além de um super
duplex. O empresário José William Montenegro, que
comanda a Conserpa, recebeu convidados especiais
como: Buega Gadelha (Presidente da FIEP), Tercio
Barros (Solida Imóveis), Emânuel Guerra (Guerral),
Augusto Correia Lima (Sistema Correio), Gilson Frade
(Vice-Presidente do Siduscon/JP) e muito outros
nomes importantes.
A área da arquitetura paraibana, que sempre nos
presenteou com excelentes nomes, se rende também
agora para mais um profissional de destaque. Tratase de Jonas Bezerra, arquiteto que sempre atuou
de forma reservada, mas que possui uma produção
arquitetônica de causar inveja, com muitas obras na
cidade que são verdadeiros marcos, a exemplo do
Tribunal de Contas do Estado, a reforma do Estádio
da Graça, o Shopping Sebrae (em parceria com o
arquiteto Amaro Muniz) e a Vila Olímpica.
Com 20 anos de atuação, Jonas coordenou a execução
do projeto da Estação Ciência, Cultura e Artes de
João Pessoa, assinado pelo mago Oscar Niemayer
e, ao lado dos arquitetos Amaro Muniz e Angela
Nunes, projetou recentemente o anexo Estação das
Artes. Além da criação de projetos arquitetônicos em
diversas áreas, Jonas tem o prazer de trabalhar em
parceria com construtoras de renome, a exemplo da
S.Vieira, M.Dias, Ecom, Conol e Frappe. Com certeza,
ele merece todas as homenagens!
Trianon
A loja Trianon Iluminação esteve movimentada na
noite de terça-feira (10/07). É que a empresária
Luciana Rocha promoveu uma palestra seguida de
coquetel para arquitetos e designers de interiores.
O tema da palestra foi a evolução das lâmpadas e
fitas de LED com visão sustentável, ministrada por
Germana Gonçalves, Gutemberg Oliveira e Houston
Pina. No encontro foram apresentados os últimos
lançamentos em LED expostos na EXPOLUX 2012,
a maior feira de iluminação da América Latina e que
aconteceu recentemente em São Paulo.
Este editor com as arquitetas Alda Fran Camboim e Rosanie Garcia
D&A#10 no Verdegreen
Carmem Mello, Zorilda Roque, Luciana Rocha, Bethânia Tejo, Lana Débora e Íria Tavares
Arquitetos, decoradores, empresários, colunistas
e seletos nomes da sociedade marcaram presença
no lançamento da décima edição da revista digital
D&A, ocorrida no dia 12 de julho, no restaurante
Citron do Verdegreen Hotel. As arquitetas Rosanie
Garcia e Alda Fran Camboim apresentam, na capa
e recheio da D&A#10, seu mais novo projeto: um
requintado apartamento de um jovem casal de noivos.
Diversificada, a edição número 10 traz elementos e
conteúdos mais variados para manter o leitor sempre
atento ao que acontece no mundo da arquitetura e
decoração.
Edição 34
Já em circulação a edição 34 da revista Florense. Na capa, ela traz o aclamado
cineasta brasileiro Walter Salles, atualmente na cena do cinema mundial por
conta do seu mais recente filme “Na Estrada”. Em João Pessoa, a Florense é
comandada pelos empresários Raul e Ioneide Gomes, referência no mercado de
móveis de alto padrão.
REVISTA
| revistaedificar.com.br
59
impressões da arquitetura
As trilhas projetadas com árvores
em volta possibilitam caminhadas
agradáveis e os vários tons de verde
tornam o cenário bonito
Mais natureza
nas edificações
OFERECER QUALIDADE DE
VIDA É O GRANDE OBJETIVO DE
ARQUITETOS E PAISAGISTAS
60
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
[ POR ALINNE SIMÕES ]
O paisagismo se tornou, nos últimos anos, elemento
fundamental na valorização dos imóveis, pela beleza que oferece,
por proporcionar conforto, paz e, principalmente, qualidade de
vida a quem compra um imóvel com esse item. Paredes verdes,
tetos vivos, grandes jardins, pequenas hortas são itens cada
vez mais comuns nos novos projetos de edificação. Entretanto,
são necessários alguns cuidados básicos para implantação e
manutenção deles.
Divulgação
Acervo Pessoal
“É um resgate. Estamos voltando às origens valorizando
aquilo que durante algum tempo as pessoas esqueceram: a natureza
e os benefícios que ela trás”, afirma a decoradora e paisagista Alice
Cavalcante Fernandes que também é produtora de flores tropicais,
que têm sido muito utilizadas nos projetos paisagísticos, pela
beleza e por ser da flora regional.
Inclusive, essa manutenção das espécies regionais e das
plantas de grande porte tem sido uma grande preocupação dos
profissionais e construtores mais sensíveis à ecologia. “A relevância
das áreas externas reflete a questão ambiental, uma vez que se deve
procurar preservar as espécies vegetais de porte mais significativo
existentes, aproveitando-as na medida do possível, na futura
composição paisagística”, comenta o arquiteto Germano Romero.
Para o diretor de gestão da Sociedade Brasileira de
Arborização Urbana, Sérgio Chaves, esses detalhes fazem com que
os empreendimentos tragam a questão da sustentabilidade com
conforto ambiental, de modo que as pessoas possam contemplar o
verde. “Antes, as construtoras ofereciam muito concreto, hoje, estão
oferecendo qualidade de vida”, argumenta.
Não parto da planta,
mas do que ela pode
me proporcionar. O
que preciso é usar a
planta ideal para o
que estou precisando”
BENEDITO ABUDD
Arquiteto e paisagista
REVISTA
| revistaedificar.com.br
61
impressões da arquitetura
O bem estar tem sido realmente
uma das razões mais evidentes dessa
ascensão do verde nos novos projetos, é
claro que não podemos deixar a estética
de lado. Questões climáticas e de segurança
também são apontadas pelos especialistas
como motivadores na inserção desses itens
nos seus traços.
“Pensamos que as pessoas compram
um imóvel não só para morar, mas para
viver. É muito importante que as áreas
de lazer, ofereçam qualidade de vida e
contemple a todas as faixas etárias. Por
isso, trabalhamos desde o cachorro, o vovô
e a vovó. É importante que as crianças se
relacionem, andem ao ar livre”, revela o
arquiteto e paisagista paulista, Benedito
Abudd, responsável pela maioria dos
projetos paisagísticos da Construtora
Alliance em João Pessoa. Ele pensa esses
locais como ponto de encontro da família
e consigo próprio, já que hoje as pessoas
estão sempre muito ocupadas. “Um lugar
introspectivo, onde as pessoas possam
pensar”.
Com a ajuda
do paisagista
Sérgio Chaves,
listamos
alguns tipos
de plantas
mais utilizadas
em projetos
paisagísticos
e onde são
usadas.
Plantas arbóreas ipês, sibipirunas são
vegetações nativas de
cores chamativas que se
adaptam muito bem a
nossa região.
Plantas frutíferas –
as mais frequentes
são as jabuticabeiras,
pitangueiras, coqueiros
e os cítricos enxertados:
limão thaiti, laranja
cravo, laranja bahia.
Prioriza sempre quando
tem grandes espaços.
Plantas herbáceas –
moreia branca, icsória,
jasmim laranja.
Palmácias – palmeira
imperial: em um
paisagismo residencial
tem que ter muito
cuidado porque ela é
um vegetal de grande
porte e pode trazer
grandes transtornos.
É melhor trabalhar as
de pequeno e médio
porte como a Palmeira
Veitchia, cópia fiel da
imperial, mas cresce
bem menos. A Palmeira
Gerivá, Palmeira Azul,
Palmeira Laca, Palmeira
rabo de raposa e a
Carpentária.
As sombras amenizam o calor
62
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
Vegetações para
ambiente interno
– Palmeira Rafia,
Lírio da Paz, Antúrio,
Zamioculcas (vegetações
que suporta bem
ambientes internos).
Antes as construtoras
ofereciam muito concreto,
hoje estão oferecendo
qualidade de vida”.
SÉRGIO CHAVES
Diretor de Gestão da Sociedade Brasileira
de Arborização Urbana
Valorização
dos espaços e
ambientes
O processo de escolha das
espécies que devem compor um projeto
paisagístico é umas das fases mais
importantes, afinal existem vários fatores
que devem ser levados em consideração,
como: o clima, as características do solo
e os objetivos que desejam ser alcançados
pelo arquiteto e o cliente.
A paisagista Alice Cavalcante revela
que quando faz um projeto de paisagismo,
ela se preocupa, primeiramente, em
analisar o solo, ver a influência solar,
incidência do vento naquela região e,
junto com isso, saber qual é o anseio
da pessoa que está trabalhando o
projeto. “O que ela espera? Quais as
Alice Fernandes cultiva plantas tropicais em Alhandra (PB)
preferências? Procuro saber até mesmo
as datas de aniversário da família, porque
de repente se pode associar uma florada
a um dos aniversários ou se a pessoa
gosta de ter uma horta em casa”. Já o
A área do Fit
Jardim Botânico
foi projetada por
Juliana Yoshida,
do Ateliê
da Paisagem
arquiteto Benedito Abudd diz que em
seus projetos a plantas são escolhidas em
função de critérios maiores, como dar
ênfase a certos ambientes e espaços, ou
até mesmo esconder paisagens que não
são muito bonitas. “Não parto da planta,
mas do que ela pode me proporcionar, o
que preciso e procuro usar a planta ideal
para o que estou precisando”.
Em ambientes externos há
uma maior variedade de espécies que
podem ser utilizados, sempre tomando
os cuidados necessários para que as
plantas não venham a causar danos para
as pessoas que usufruem daquele espaço.
Podem ser plantadas desde vegetações
nativas, incluindo as arbóreas, frutíferas,
herbáceas e as palmáceas, estas são muito
usadas em João Pessoa. Contudo, quem
desejar cultivar plantas em ambientes
internos devem ter cuidados especiais,
pois, não é toda espécie que se adapta.
Para quem vai cultivar plantas junto
a varandas ou janelas, Benedito Abudd
lembra que a atenção deve ser redobrada
com o vento e a incidência de luz solar.
A vegetação tropical tem sido uma boa
alternativa para quem gosta de cultivar
plantas em ambientes internos, e é uma
tendência. “A tropical é muito forte e
pode ser aplicada em qualquer ambiente.
A questão é saber usar. Tem que saber
observar também. Ela não precisa de
quantidade, porque uma delas já é um
arranjo inteiro. Tem que saber valorizar,
dosar, harmonizar para não ficar uma
coisa brega”, afirma Alice Cavalcante.
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63
impressões da arquitetura
Jardins humanizam
a arquitetura
Para o arquiteto Germano Romero, o
projeto de arquitetura paisagística compõe
uma das especialidades exercidas por
arquitetos e valoriza o empreendimento,
pois, o contato com a natureza,
progressivamente mais difícil pela própria
escassez do verde, que cede espaço ao
desenvolvimento urbano, vem se tornando
cada vez mais valorizado nos modernos
projetos de Arquitetura.
Além disso, o quesito “insegurança”
reforça a necessidade de se dispor de áreas
de lazer, esportivo ou contemplativo,
dentro do próprio condomínio, tornando
menor a necessidade de sair de casa
em busca desses espaços ou atividades.
“Essa reaproximação se concretiza nas
áreas ajardinadas, desenhadas conforme
planejamento paisagístico específico, que
estão sendo bastante consideradas nas atuais
edificações residenciais multifamiliares,
assim como, nas residências isoladas”.
Atualmente, tem se tornado comum
no planejamento de empreendimento de
Nonononononon
bom padrão a contratação de profissionais
especializados nos diversos aspectos
que envolvem o projeto: a arquitetura
da edificação, o designer de interiores e
o paisagismo. Germano explica que na
medida em que se consegue integrar o
paisagismo, visual e funcionalmente, aos
demais espaços descobertos e ambientes
internos, o ganho de conforto, beleza e
intimidade com a natureza é extremamente
gratificante.
O jardim serviu para integrar o novo ambiente construído com a casa já existente
64
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
O verde deu mais charme à loja
O tratamento
paisagístico é parte dos
projetos de arquitetura,
que eu chego a dizer
que é essencial”
ANA SYBELLE BELTRÃO
Arquiteta e paisagista
“O tratamento paisagístico é parte
dos projetos de arquitetura, que eu chego a
dizer que é essencial”, defende a arquiteta
e paisagista Ana Sybelle Beltrão umas
das responsáveis pelo projeto de uma
boutique, localizada no bairro do Cabo
Branco, onde foi feita uma parede verde
e usado cubogramas - blocos de concreto
intertravado com espaço para grama - no
estacionamento.
“Esteticamente, a loja teve um
ganho considerável, tirou a aridez das
caixas de concreto. Humanizou, porque
quando a pessoa vai subir a rampa, se
depara inicialmente com aquela parede e
já tranquiliza.
O conforto que proporciona tem
um papel preponderante”, comenta Ana
Sybelle. “Lembrando que os jardins são
terapêuticos. Por exemplo, para as crianças
eles são sensoriais, no idoso tem caráter
contemplativo, ou seja, mex com todos
os sentidos”, complementa Saulo Melo,
arquiteto e paisagista também responsável
pela obra.
Nonon
Assim, alguns exemplos desse
resultado, na busca pelo verde, já podem
ser observados, tanto nas edificações
residenciais, como nas comerciais, cujos
projetos estão sendo contemplados
com belos jardins que emolduram e
humanizam a arquitetura.
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65
impressões da arquitetura
Os jardins são
terapêuticos. Por
exemplo, para as
crianças eles são
sensoriais, no idoso tem
caráter contemplativo”.
SAULO MELO
Arquiteto e Paisagista
A parede viva, colorida, encanta os olhos e refresca o ambiente
Jardins verticais,
tetos vivos e
horta caseira
A hortelã miúda é cultivada em canteiros
66
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
Os jardins verticais, os tetos vivos
e as hortas caseiras têm se tornado uma
grande tendência dos projetos paisagísticos
por serem de fácil instalação e manutenção,
bem como, pelo conforto e beleza que
proporcionam ao ambiente. Ocupam
pouco espaço, e, além disso, é provado
cientificamente que aonde tem uma área
com um jardim desses, a temperatura
chega a diminuir em até três graus.
As paredes vivas ou jardins verticais
são uma ótima alternativa para quem tem
poucos espaços em casa, trazem leveza e
frescor aos ambientes. Permitem uso de
vários equipamentos e tecnologias na sua
composição, como por exemplo: jarros
de cimento, cerâmica e garrafas pets que
está em alta e dão um caráter ainda mais
sustentável.
Em relação ao aguamento existem
sistemas que vão do simples aos mais
sofisticados. “Na parede verde, que
projetamos para loja, o sistema que
sugerimos foi o de gotejamento que irriga
a planta de forma contínua e controlada”,
revela Saulo Melo. Outra opção é contratar
empresas especializadas para fazer a
manutenção. Algumas oferecem serviço
completo desde a poda, adubações a
tratamento fitossanitário.
Com os tetos vivos é necessário
ter um pouco mais de cuidado,
principalmente com a encanação, para que
a água escorra sem provocar infiltrações,
com a estética e manutenção. As hortas
caseiras, assim, como os jardins verticais,
são muito práticos. Proporcionam o prazer
de cultivar as hortaliças, temperos e chás
e tê-los sempre ao alcance da mão. Ocupa
pequenos espaços, podendo ser cultivadas
em quintais ou varandas.
decoração
Capital ganha loja
de móveis asiáticos
ALMOFADAS, PUFES, BANCOS, CADEIRAS E
NAMORADEIRAS, PEÇAS DE DECORAÇÃO COMO
JARROS, ESTÁTUAS E QUADROS SÃO ALGUNS ITENS
VINDOS DA TAILÂNDIA, DA ÍNDIA E DA CHINA
No bairro de Manaíra, em João
Pessoa, foi inaugurada no mês de
julho último a Casa Furtacor, com
vários ambientes decorados com
produtos trazidos de países asiáticos.
É um showroom que contém muitos
móveis de madeira, alguns esculpidos
em formato de bicho, outros mantém
a forma rústica de tronco de árvore.
Existem peças delicadas para cantos de
sala, para estantes e centros de mesa.
Um passeio nos vários cômodos
da casa, que têm as peças expostas a
partir das varandas, revela uma enorme
diversidade de peças utilitárias e
decorativas como luminárias, quadros,
arranjos, sofás, namoradeiras, conjunto
de mesa e cadeiras, que, certamente,
darão charme à residência de quem as
adquirir. Chama a atenção o colorido
das peças. Há, inclusive, produtos para
quarto de criança. E, a fonte no jardim
da entrada é um item cativante. As visitas
devem ser agendadas.
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67
indicadores e vendas
[email protected]
Fábio Henriques
Tecnólogo em negócios
imobiliários e corretor
desde 1991.
Imóveis, sempre um bom investimento
Apesar de uma grande maioria falar em bolha
imobiliária e desaceleração, nossa cidade continua crescendo, constantemente. Isto é o que
demonstra os números dos primeiros seis meses deste ano, quando comparados ao mesmo
período do ano anterior. Tivemos um acréscimo
de 8,21% no valor do metro quadrado médio da
nossa cidade e um aumento de 14,37% no valor
do metro quadrado médio da nossa orla marítima.
Apesar disto, tivemos um aumento de 3,7% no
faturamento.
ANO
2011
2012
VTV
R$ 805.900.326,10
R$ 835.792.459,16
Se compararmos os números do nosso mercado imobiliário com os números divulgados pelo
governo para o PIB e o crescimento da indústria
nacional, que sinalizam um crescimento de apenas
2,5% para todo o ano. Significa que, mais uma vez,
os investimentos no nosso mercado imobiliário
são sempre de excelentes resultados, pois além de
serem mais rentáveis do que as aplicações mais
tradicionais como poupança, CDB´s, entre outros
e os mais arriscados como a bolsa de valores, temos a tranquilidade de baixo risco e lucro certo.
UNID. VENDIDAS
2.955
3.049
M² CIDADE
R$ 2.861,39
R$ 3.096,49
M² ORLA
R$ 3.894,85
R$ 4.454,64
Fonte: Pesquisa de Mercado - Junho-2012 – Fábio Henriques
Em Campina Grande, dois bairros se destacam
A nossa pesquisa em Campina Grande, apesar
de recente, está tendo uma evolução satisfatória,
pois apresenta um crescimento constante em
nossos números. Ao iniciar as atividades, dos mais
de 100 prédios em construção, tínhamos acesso
a apenas 58 desses empreendimentos. Na nossa
terceira edição, na qual alguns empreendimentos
já saíram da pesquisa por encerrar as suas vendas,
mesmo assim conseguimos ampliar para 68 prédios. Estes empreendimentos, em suas unidades
JAN/2012
FEV/2012
MAR/2012
ABR/2012
MAI/2012
JUN/2012
R$ 772,47
R$ 792,04
R$ 788,77
R$791,88
R$793,00
R$ 825,13
Fonte: Sinduscon-JP
68
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
2012
JAN
FEV
MAR
ABR
MAI
JUN
INCC
0,89%
0,30%
0,51%
0,75%
1,88%
0,67 %
IGPM
0,25%
-0,06%
0,43%
0,85%
1,02%
1,34%
Fontes: IBGE/FGV
disponíveis somam um VGV de mais de R$ 480
milhões, distribuídos em 19 bairros.
O bairro do Catolé apresenta o maior adensamento de obras de Campina Grande em seus 21
empreendimentos, seguido pelo bairro da Prata
com suas oito obras e o Centro com sete obras.
Nossa análise tem identificado uma grande qualidade na execução das obras e um mercado em ascensão, demonstrando uma boa oportunidade de
investimento imobiliário.
IPCA
0,56%
0,45%
0,21%
0,64%
0,36%
-
INPC
0,51%
0,39%
0,18%
0,64%
0,55%
-
IGP-DI
0,30%
0,07%
0,56%
1,02%
0,91%
1,52%
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69
Sônia Belizário
história da empresa
Soenco,
GERALDO FILHO
sociedade
entre irmãos
GERALDO GUEDES PEREIRA FILHO E GERMANO
GUEDES PEREIRA SÃO ENGENHEIROS
HABITUADOS AOS CANTEIROS DE OBRA E AOS
NEGÓCIOS DO SETOR AUTOMOTIVO
[ POR NANÁ GARCEZ ]
A diferença de idade entre os dois
irmãos é de apenas 11 meses. Um é mais
formal, o outro mais falante. Geraldo
Guedes Pereira Filho, o mais velho,
formou-se em 1983, em Engenharia
Civil, na Universidade Federal da
Bahia, embora tenha iniciado o curso
na Universidade Federal da Paraíba
enquanto que Germano Guedes Pereira
fez o processo inverso, começou o curso
em Salvador e terminou em João Pessoa.
Em 1985, Geraldo Filho fundou a
Sociedade de Engenharia e Construções
Ltda. e, um ano depois, Germano se
tornou sócio da empresa. Nos primeiros
dez anos, a construtora trabalhou
70
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
GERMANO GUEDES PEREIRA
com obras públicas, desde colégios,
creches, unidades de saúde, entre outras
construções. Com isso, eles sempre
viajavam pelos interiores da Paraíba,
Pernambuco e Rio Grande do Norte.
No entanto, neste segmento, havia
incertezas pela demora e dificuldades
de alguns governos em realizar o
pagamento. Já em 1991, os dois
engenheiros decidiram construir imóveis
residenciais, fazendo a incorporação
de prédios de três pavimentos sobre
pilotis, no bairro de Intermares, em
Cabedelo (PB), aproveitando a onda de
investimentos que migrou para aquela
área da grande João Pessoa.
Durante três anos, as atividades
se concentraram na região praiana,
aumentando o tamanho das edificações,
que passou para seis, sete e até dez
pavimentos. “Há 20 anos, Intermares
não tinha água encanada! Somente a
iniciativa privada investia e duplicava o
IPTU do terreno, mas o poder público
não investia”, se queixa Germano, Ele e
irmão, Geraldo Filho, residiram naquele
bairro, que, apesar da beleza, não tinha
infraestrutura nem serviços, para os
moradores que compravam tudo em
João Pessoa.
Naquela época, não houve a
valorização esperada dos imóveis. Então,
algum tempo depois, eles passaram não
só a morar como a construir em João
Pessoa. “Em 1997, o metro quadrado
vendia melhor em João Pessoa. Era, pelo
menos, 30% acima”, explica Geraldo
Filho.
Até hoje, o financiamento é direto com a construtora
A Soenco mantém ainda o
financiamento do imóvel direto com a
construtora. Geraldo Filho admite esta não
é a prática mais moderna, reconhecendo
ser preciso o braço financeiro com o
crédito habitacional dos bancos, como no
setor de automóveis.
Por outro lado, nos últimos três
anos, construindo em Tambaú, Cabo
Branco e Miramar, a empresa mantém
em média, duas obras em andamento, e,
se especializou em imóveis de tamanho
entre 80m² até 120 m². “As características
dos nossos imóveis são salas amplas,
ambientes com grandes aberturas, que
permitem ventilação e iluminação
melhores e, até esteticamente, fica melhor,
pois janela pequena dá a sensação de
fechamento”, explica Geraldo Filho. Para
ele, acima e abaixo dessas dimensões, os
mercados estão muito concorridos.
Boa
parte
dos
projetos
arquitetônicos como Cancun (em
Intermares), Piazza Navona, Piazza D
Spagna e Mirante de Miramar, entre
outros, foram elaborados por Rita de
Cássia Loureiro, arquiteta que é casada
com Geraldo Filho, mas, nos últimos
cinco anos, outros profissionais também
têm feito projetos para a Soenco.
Na empresa, os engenheiros vêm
procurando acompanhar a evolução
tecnológica da construção civil, para um
ganho de produtividade, pois, a mão
de obra encareceu e essa é uma forma
de ter preços competitivos no mercado
imobiliário local.“A gente procura sempre
agregar à nossa construção equipamentos
e metodologias atuais”, informa Germano
Guedes. E, complementa: “às vezes,
quando compramos um equipamento,
eu me pergunto, puxa vida, porque eu
não comprei isso antes?”, revelando
facilidade para aderir às inovações.
Os empreendimentos contam com
energia solar, elevadores de última geração,
ponto de ar condicionado split e todos os
sistemas individualização do consumo.
Segundo Geraldo Filho, o mercado
também vai exigindo a introdução de
novas práticas e se a construtora não
fizer com isso já fica excluída. “O que
passamos para o mercado é que esta é
uma empresa sólida, que o cliente vai
receber o imóvel e quanto ele recebe,
sente que está recebendo algo melhor do
que o esperado”, afirma o empresário.
A primeira sede da construtora foi
na rua Quintino Bocaíuva, na Torre em
João Pessoa e há 14 anos funciona em
Tambaú, bairro onde tem um prédio
sendo finalizado em Tambaú. Também
possui outro em construção no Cabo
Branco, além disso, está em negociando
uma área para novo empreendimento. A
empresa emprega 120 pessoas.
Germano Guedes, Nilton Machado da Silva, chefe do escritório há 14 anos, Manuel Guerra Borba, responsável pelas
compras há 25 anos, e Geraldo Filho
Germano Guedes é o que mais frequenta as obras
No setor automotivo, os
sócios, têm nova marca
Embora Geraldo Filho afirme que “o
cimento está na nossa veia”, o fato é que,
em 2002, juntos com o irmão mais novo,
o advogado Paulo Guedes, eles entraram
no ramo de revenda de automóvel, que
hoje toma mais da metade do tempo deles.
“Vamos representar a sueca Volvo e a loja,
na Av. Epitácio Pessoa, estará pronta até o
primeiro trimestre de 2013”, informa
Germano Guedes, acrescentando que, pelo
contrato, eles também terão uma unidade
Goiana (PE).
Eles já representam duas marcas e
possuem quatro lojas (três Orly Citröens –
duas em João Pessoa e uma em Campina
Grande mais uma da Kia Motors).
Aliás, há três anos, a Soenco também
explora um nicho do mercado construtivo
que são as instalações industriais, tendo
clientes da Norfil Têxtil, a Gráfica Santa
Marta e o Centro de Distribuição da
Johnson & Johnson na Paraíba.
Outra frente é a execução
de projetos, dos quais a empresa não
é responsável pela incorporação. A
construtora fará um edifício em Juazeiro
do Norte (CE), cidade interiorana com
cerca de 100 mil habitantes, mas com
grande fluxo turístico e de negócios, tanto
que recebe nove voos diários procedentes
Brasília, São Paulo e Recife, operados pela
Avianca, Passaredo e Gol. Entre 2009 e
2011, experiência semelhante ocorreu
em Sousa (PB), com construção de um
residencial de 16 pavimentos.
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71
Sônia Belizário
meu
projeto
Por Alexandre Lessa e Alexandra Brunet Lessa
Alexandre Lessa
Alessandra Brunet Lessa
é arquiteto formado pela
UFPB e construtor com
25 anos de experiência
no mercado paraibano
é arquiteta formada
pela UFPB
A arquitetura será moderna
pelo seu formato e utilizando
elementos contemporâneos
como chapas em alumínio
para detalhes na fachada”
A solução projetual facilita o acesso às lojas, no térreo
Apesar do formato em U, as piscinas integradas não ficam sombreadas
Littoral Flat
O bairro do Cabo Branco, cenário de
uma das mais belas praias urbanas da Paraíba,
vai abrigar um novo empreendimento que se
diferencia por unir um ambiente já construído,
com uma nova edificação com função diferente
da primeira. O Littoral Flat será o primeiro flat
integrado com um hotel, na Paraíba e, talvez no
Nordeste.
72
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
Os projetos são diferentes. O hotel possui
quatro pavimentos com 110 apartamentos com
vista para o mar, área de lazer com piscina e
academia de ginástica, além de salões para
eventos e terraço panorâmico. Já flat terá cinco
pavimentos com 128 apartamentos e dez lojas.
Na nova edificação, os apartamentos
residenciais terão tipologias diferentes, sendo
de 50m², com sala e dois quartos; de 45m² a
35m² com quarto e sala. Metade as unidades
serão do tipo estúdio, com área de 28m² a
30m². Independente do tamanho, todos os
apartamentos terão varanda e a funcionalidade da
cozinha americana.
Com o novo bloco em forma de U, com
piscinas no meio da área interna, os moradores
vão ter privacidade e conforto. Pela localização –
no litoral do Nordeste – um recurso natural vai
ser aproveitado, pois placas solares vão permitir
que todos os apartamentos disponham de água
quente.
Na área total de construção de cerca de
8.000 m², a arquitetura será moderna pelo seu
formato e utilizando elementos contemporâneos
como chapas em alumínio para detalhes na
fachada. O hotel, que tem mais de uma década
de funcionamento, também será reformado e terá
uma leitura similar ao flat, o que possibilitará um
efeito visual de uma única unidade hoteleira.
No flat haverá uma estrutura de apoio
que garantirá aos futuros moradores e hóspedes
muita comodidade, com serviços de recepção,
restaurante, academia, sala de jogos, piscina
adulto e infantil com hidromassagem, lavanderia
e as lojas comerciais, além de usufruir da brisa
marinha.
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73
ambiente
especializado
Acervo Pessoal
Por Ana Cecília Schuller
A entrada da clínica se harmoniza com o entorno, através do paisagismo e da integração com a calçada
Arquivo Pessoal
Clínica oftmalmológica
Ana Cecília Schuller
é arquiteta e urbanista
formada pela UFPB. Com
cursos de Planejamento
e projeto de Hotéis e
Restaurantes e fastfood pela FAU-USP.
Apresentação de projeto
publicado em ANAIS sobre
Conforto Ambiental e
Ergonomia. Tem escritório
em João Pessoa desde
2000, com projetos
residenciais, comerciais,
clínicas e interiores na
Paraíba, Pernambuco e
Rio Grande do Norte.
74
REVISTA
Tivemos o desafio de transformar o edifício
que antes possuía dois consultórios, sala de
exames, recepção, banheiro e copa no pavimento
térreo e, no superior, com escada de acesso
externo para duas quitinetes, em uma clínica
oftalmológica bem estruturada, com área de 325
m² em dois pavimentos.
No térreo, encontra-se a recepção, três
salas de exames, elevador, uma pequena sala de
espera para representantes, quatro consultórios,
banheiros masculino e feminino e uma copa.
Na recepção, conforto para clientes em espera
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
A escada, agora interna, leva ao pavimento
superior, onde encontram-se salas de exames,
banheiro para PNE, sala de espera, apartamento
pós-operatório e bloco cirúrgico, contemplando
cabina para pacientes, vestiário médico, sala préoperatório, expurgo, esterilização e a sala de
cirurgia em si.
Ao elaborar o projeto, procuramos
nos colocar como paciente, observando o
funcionamento do espaço, assim como diálogos
com o cliente para atender às necessidades de uma
clínica oftalmológica, desde o estilo arquitetônico
escolhido, a tipologia, a funcionalidade, o projeto
iluminotécnico e ambientação.
A partir das observações, as ideias propostas
foram aceitas de imediato, como a implantação
de música ambiente no bloco cirúrgico e na sala
de espera do pré-operatório, além da mudança
no layout convencional das salas de espera (térreo
e primeiro pavimento), deixando os pacientes
mais confortáveis, dando a sensação de uma sala
de estar e não de uma recepção.
Foi usada uma iluminação para destacar a
fachada principal. Internamente, como se trata
de ambiente especializado, os espaços foram
trabalhados de maneira diferenciada. Nas salas
de espera e nas circulações foram empregadas
luminárias com lâmpadas T5 com temperatura de
cor neutra. Nas escadas foram colocadas arandelas
e nos consultórios houve atenção diante das
necessidades dos exames a serem feitos.
Foram aplicados três tipos de iluminação:
a geral para entrada dos pacientes com lâmpadas
dicroicas; lâmpadas tipo leed com o sistema
de dimerizador para realização dos exames e
dicróicas com potências diferentes na mesa
onde o médico os conclui. Nas salas de exames
específicos, como campimetria e retinografia,
sendo a primeira realizada totalmente no escuro,
foi colocada iluminação pontual com lâmpada
T5 neutra, e na segunda, na penumbra, usamos
iluminação com leed de menor intensidade.
A clinica apresenta linhas contemporâneas
e a utilização de elementos diferenciados, como
vidros na cor bronze e a pintura da fachada em
tons pastéis, divergindo do convencional. Na
ambientação, optamos por tonalidades mais
abertas, tornando os espaços aconchegantes.
No mobiliário adotamos linhas retas e materiais
em tons claros, trazendo harmonia em todo o
contexto arquitetônico.
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75
minha
obra
Por George Costa Braga
e Francisco Sávio Costa
O projeto arquitetônico é de Claudino Lins e o cálculo estrutural de Argemiro Franca
Sônia Belizário
Centro de Arte
e Cultura da UFPB
George Costa Braga
é engenheiro civil
formado pela
UFPB, especialista
em segurança do
trabalho e diretor
da SG Incorporação,
Construção e
Planejamento Ltda
Francisco Sávio
Costa Braga
é engenheiro civil
formado pela
UFPB e diretor da
SG Incorporação,
Construção e
Planejamento Ltda
O Centro de Arte e Cultura da Universidade
Federal da Paraíba (UFPB) é uma edificação
arrojada e que vai, não só proporcionar a
valorização das artes, como também, absorver a
produção cultural e artística, sendo um grande
equipamento tanto para a Universidade Federal
da Paraíba, como para a Paraíba e está sendo
construído no Campus I, em João Pessoa.
O projeto arquitetônico tem características
diferenciadas e sua execução está empregando
as mais novas técnicas que se tem no mercado
atual. Uma edificação contemporânea dotada
de tecnologia moderna que abrigará museus
da história e de ciências naturais, auditórios,
pinacoteca, salas de convenções com divisórias
removíveis, etc, equipados com tecnologia de
tradução simultânea, dimerização, iluminação
e mecânica cênicas, automação, tratamento e
isolamento acústico, circuito fechado de TV e
climatização.
Sua estrutura está sendo confeccionada toda
em concreto armado, formando arcos que se
interligam através de lajes alveolares protendidas,
compondo uma casca em concreto aparente, a
qual servirá, também, de coberta.
A concepção de tais arcos provocaram
esforços verticais e horizontais na fundação
de tal forma que, somente nas fundações,
foram utilizados 658,00m³ de concreto para
blocos de coroamento e 837,00m³ para estacas,
proporcionando a perfeita estabilidade da
edificação.
o anseio de edificar obras
desafiadoras é o que nos motiva para
crescer ainda mais neste mercado”
76
REVISTA
| AGOSTO/SETEMBRO 2012
A obra custará pouco mais de R$ 10 milhões
O Centro de Arte e Cultura ainda contempla
um teatro com capacidade para 1200 lugares,
com um pé direito de cerca de 24m de altura e
um vão livre de 39m.
A necessidade de construir a obra com tais
características, fez com que desenvolvêssemos
técnicas de execução próprias, que se adaptassem
às demandas atuais do projeto, as quais, somadas
às novas tecnologias disponíveis no mercado
como projetos especiais de escoramentos em
arcos, formas prontas para os arcos e concreto
alveolar protendido, permitem a perfeita execução
dos mesmos, com os raios e arcos determinados
no projeto.
Assim, adotamos uma política que permite
gerenciar os diversos níveis dos processos que
envolvem a implementação de nossos serviços,
buscando atender as expectativas dos clientes e a
sua melhoria contínua. O anseio de edificar obras
desafiadoras é o que nos motiva para crescer ainda
mais neste mercado.
A competência e o compromisso das equipes
envolvidas na obra, assim como, a qualidade e
a segurança dos sistemas ali implantados, nos
garantem a consistência dos processos e produtos
desenvolvidos pela empresa.
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Sônia Belizário
memóriaviva
O corretor recorda que foi no início da década de 1990 que a capital passa a conviver com a verticalização
Luiz Guimarães,
fundador do SECOVI-PB
NO RAMO IMOBILIÁRIO HÁ 37 ANOS, ELE CONTA QUE VIU A CIDADE
MUDAR E O SURGIMENTO DE UM NOVO JEITO DE MORAR
[ POR ELIANE CRISTINA ]
Quando fundou o Sindicato das Empresas de
Compra, Venda, Locação e Administração de Imóveis
da Paraíba (Secovi-PB) no final da década de 1980, Luiz
de Gonzaga Guimarães já atuava no ramo imobiliário
desde 1975. Na época, o mercado de João Pessoa
estava sendo redesenhado e o corretor acompanhava
de perto essas mudanças.
“Eu vi a cidade crescer. Poucos eram os prédios,
na orla se podia contar nos dedos os edifícios à beira
mar e ainda predominavam as residências. O bairro de
Manaíra estava em formação e a cidade tinha pouco
mais de 300 mil habitantes. Hoje, João Pessoa, tem
mais de 700 mil habitantes. Em breve, seremos um
milhão, estamos caminhando para ser metrópole”,
ressalta.
A primeira imobiliária criada por Luiz
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Guimarães, em sociedade com Geraldo Macedo, foi a
Imobiliária Confidência, que funcionava na Rua Duque
de Caxias. O endereço era o centro financeiro e de
comércio da cidade. “Na minha época, eram poucas as
imobiliárias e poucos corretores. Apesar dos negócios
serem menores em volume, havia menos concorrência
e, por isso, mais rentabilidade. Foi nesse período que
o Governo Federal começou a abrir o Sistema de
Financeiro de Habitação, via Caixa Econômica e BNH.
A cidade começava a dar seus primeiros passos na
direção do desenvolvimento imobiliário”, conta.
Dez anos depois Luiz Guimarães e Geraldo
Macedo (Gema) desfizeram a sociedade e em 1985,
ele abre a Habitacional Administradora e Corretora de
Imóveis. Os hábitos da população mudavam e crescia
a demanda por novas residências. Os bairros mais
afastados do Centro ganhavam corpo e a orla ia sendo
ocupada.
“A migração dos bairros, como
Torre, Jaguaribe, Bairros dos Estados,
Expedicionários para orla refletiu no
costume das pessoas. Antes era comum ir
para casa almoçar, hoje isso é mais raro.
Há 30 anos, a população era menor e se
concentrava em bairros mais próximos
do centro da cidade. Muita gente tinha
casa na praia, apenas para veraneio,
principalmente na orla de Tambaú
e Cabo Branco. Com o crescimento
populacional e a demanda por novas
residências, a cidade teve que ampliar
seu mapa e surgindo os bairros mais
distantes, como Bancários, Mangabeira,
Geisel, Cristo”, lembra.
Nesse período o bairro de Manaíra
foi se solidificando e assim como
Tambaú, Cabo Branco e o Altiplano, mas,
“naquela época ninguém cogitava morar
no Altiplano”, conta Luiz Guimarães.
A expansão de serviços públicos como
transporte,
telefonia,
saneamento
permitiam o crescimento da cidade. Esse
era o campo de atuação das imobiliárias,
que trabalhavam na captação de terrenos
e na venda de casas e apartamentos que
começam a surgir. Os prédios não eram
muito altos. “Antes havia resistência em
construir na orla devido às restrições
por parte do governo municipal. Com
o tempo, os construtores foram se
adequando as normas e, hoje, os bairros
da orla têm o metro quadrado mais caro
da cidade”, afirma o corretor.
Profissionalização
do mercado
Para ele, a organização do setor, através
do Secovi-PB e a ação do Creci-PB, deu
segurança aos negócios imobiliários feitos
na cidade. “Hoje há até um curso de nível
superior na área de transação imobiliária,
mas antes os cursos eram oferecidos pelo
Estado, através da Secretaria de Educação.
Hoje os cursos são oferecidos pelo Governo
Federal, via Instituto Federal de Tecnologia
e instituições particulares, de modo que
há muita chance de aperfeiçoamento. Isso
faz com que o mercado paraibano tenha
profissionais competentes na área”, afirma.
Segundo ele, os cursos e a exigência
pela formação profissional do corretor
separou o joio do trigo. “A primeira
legislação sobre a atividade é de 1961,
a partir dali quem não era registrado no
Creci eram clandestinos, e os clandestinos
são infratores, que podem ser punidos por
estarem exercendo de forma ilegal uma
profissão. O Creci-PB tem muito cuidado
de fiscalizar essas pessoas, porque não
é justo fazer um curso, abrir escritório,
pagar os impostos e vem outro, que não
tem habilitação, fechar negócio. Antes
havia muito isso, mas, hoje, há pouco,
felizmente”, afirma Guimarães.
Ele também é advogado e agregou
os conhecimentos da advocacia aos
negócios imobiliários. “Eu sou advogado
e corretor de imóveis, às vezes, as pessoas
Atualmente, Luís Guimarães também é vice-presidente do Secovi-PB
me perguntam como consigo. Eu digo
que não há problema nenhum, porque a
administração imobiliária é uma atividade
jurídica, pois envolve contratos e ações
judiciais. Eu não vou a um cartório fazer
contrato ou chamar alguém para redigir o
documento. Todos os contratos são feitos
por mim e as pessoas que procuram a
Habitacional sabem que vão sair daqui
com um contrato bem feito, dentro da
legislação, de forma que a profissão e a
advocacia são plenamente compatíveis
uma com a outra”, diz.
Para Luiz Guimarães o maior desafio
dos corretores é trabalhar com ética, em
função da concorrência. “A ética na prática
dos negócios hoje é um grande desafio,
pois há muitos corretores que procuram
se infiltrar no negócio dos outros. Outro
desafio nosso é a luta pela comissão justa.
Pela legislação essa comissão devia ser
6%, mas a prática hoje é 5% e muitos
construtores remuneram de 3% a 2,5% e
isso contribui para o mercado ficar sem a
necessária movimentação normal, nessa
parte de pagamento da comissão”, adverte.
Ele defende a exclusividade dos
negócios.“Antes, quando uma determinada
imobiliária vendia um empreendimento
só ela respondia pelo imóvel. Hoje isso
não existe. Há uma imobiliária mãe, que
faz a publicidade, mas nunca o construtor
está satisfeito em trabalhar com uma só
imobiliária, ele quer vender, e distribui o
empreendimento com várias corretoras”.
Mas, para ele, o mercado não está tão
comprador como antes.“Hoje está saturado,
porque a cidade está muito verticalizada,
há muitos lançamentos, muitas pessoas
migraram para o mercado da construção
civil sem experiência. Hoje, quem tem um
recurso financeiro entra para construir pelo
Minha Casa, Minha Vida, e isso saturou
o mercado. Há um número grande de
corretores, mas não há um grande volume
de negócios. Os financiamentos existem,
mas muitos não podem financiar, há
obstáculos”, argumenta.
Luiz
Guimarães
continua
na atividade, tanto na imobiliária, a
Habitacional, quanto no Secovi-PB, onde
ocupa a vice-presidência. Aos 68 anos,
casado, pais de três filhos e com dois netos.
Além de manter em paralelo a advocacia,
na sede da Habitacional, em Tambaú.
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Na prateleira
De Filipéia à Paraíba
Um longo percurso que começa no século XVI, quando a
urbe foi ocupada pelos portugueses, que aqui chegaram,
em 1585, após navegarem o rio Sanhauá. Um tempo
inicial da história, em que os lusos e os povos indígenas
(tabajaras e, posteriormente, potiguaras) edificaram os
elementos sociais, econômicos, políticos e arquitetônicos
da cidade colonial. Batizada de Nossa Senhora das Neves,
logo depois, rebatizada de Filipéia de Nossa Senhora das
Neves. Ela percorreu os dois séculos seguintes, até os anos
finais de 1700, para trazer à tona documentos e revelações
que comprovam: a Capitania da Parahyba foi uma cidade
importante na estratégia de colonização do Brasil. Assim
é o trabalho de Maria Berthilde Moura Filha, arquiteta,
professora do curso de Arquitetura e Urbanismo da UFPB,
que acaba de lançar “De Filipéia à Paraíba – uma cidade
por Thamara Duarte
[email protected]
na estratégia de colonização do Brasil Séculos XVI- XVIII”.
O livro é resultado da tese de doutorado, aprovada na
Universidade do Porto, em Portugal, e publicado pelo Iphan
– Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. Ao
pesquisar em bibliotecas, daqui e de além-mar, a autora
muniu-se de farta documentação escrita, iconográfica e
cartográfica (mapas e fotografias), para traçar o prospecto
da formação da cidade e do modo de viver de seus primeiros
habitantes. Ela parte do ano de 1500, traçando os caminhos
que, por três séculos, uniram a Colônia brasileira à Coroa
portuguesa. Mesmo seguindo o rigor acadêmico, o texto foi
escrito em linguagem de fácil entendimento. Os capítulos
revelam fatos da História que são poucos conhecidos ou até
mesmo desconhecidos dos pesquisadores e da população.
A partir do livro de Berthilde Moura, os episódios do passado
tornam-se parte do legado da cidade quatrocentenária. Um
documento que será desfrutado pelas atuais gerações e
pelas que virão no futuro.
O legado de Berthilde Moura
1 “A cidade será analisada, enquanto “centro de poder” da capitania,
fundada por iniciativa régia, segundo um “modo de fazer cidade” próprio
do universo português.” (Página 40)
2 “Houve uma intencional busca de racionalidade e regularidade de
traçado urbano, tanto em Salvador como em Filipéia.” (Página 224)
3 “Incertezas, ambiguidades, clivagens foram palavras chave do contexto
vivido por esta cidade que ficara à margem da pujança econômica
portuguesa da primeira metade do século XVIII.” (Página 398)
As fascinantes descobertas
Carlos Alberto Azevedo. Pesquisando nos arquivos
do Vale dos Dinossauros
Era o ano de 1976 e eles não se conheciam pessoalmente,
muito embora partilhassem do mesmo desejo: mapear
a bacia do Rio do Peixe, uma área de 130 milhões de
anos, do período Cretáceo, e extremamente rica em
jazidos paleontológicos que evidenciavam a presença
de dinossauros na região do alto sertão paraibano.
Linduarte Noronha era o então presidente do Instituto
do Patrimônio Histórico e Artístico do Estado da
Paraíba; o italiano Guiseppe Leonardi era padre, geólogo,
paleontólogo e atuava como pesquisador na área de
Sousa. Apesar do desejo que os movia, o tombamento
do Vale dos Dinossauros somente aconteceu quase
duas décadas depois, através do Decreto nº 25.148, de
30/06/ 2004. A revelação, esquecida pela passagem
do tempo, forma o âmago de “O Vale dos Dinossauros”,
livro lançado, este mês, pelo professor e arqueólogo
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das atas do Conpec (órgão deliberativo do Iphaep),
revendo velhas páginas de jornal e antigos documentos,
o paraibano forma um painel histórico ímpar de um dos
mais importantes sítios arqueológicos do mundo. Usando
como fonte os pesquisadores que já haviam estudado a
bacia do Rio do Peixe, Azevedo revela outra preciosidade.
Segundo Leon Francisco Clerot, a primeira prospecção
arqueológica aconteceu em 1925, no extremo oeste da
Paraíba, no município de Sousa, quando o geólogo da
antiga Inspetoria de Obras Contra as Secas, Luciano
Jacques de Moraes, estudou a bacia cretácea do Rio
do Peixe e descobriu, na Passagem das Pedras, as
pegadas de dois dinossauros - um plantígrado e o outro
digitígrado. Guiado pelo arqueólogo Carlos Azevedo, “O
Vale dos Dinossauros” é uma dessas leituras obrigatórias.
Uma viagem, fascinante, à época em que somente os
dinossauros habitavam a Terra!
AGAÉ
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Sônia Belizário
nooutroandar
Lauriston
Pinheiro
Da alta tensão para o marketing
CAMPINENSE, ELE FORMOU-SE EM ENGENHARIA ELÉTRICA, NA UFPB, MAS, MIGROU
PARA A COMUNICAÇÃO E, AGORA, É UM PREMIADO PROFISSIONAL DO MARKETING
[ POR NANÁ GARCEZ ]
Um engenheiro que cuidava
de alta tensão se transformou em
premiado profissional de marketing.
Neste mês de agosto, por dez dias, o
gerente de marketing da Rede Paraíba,
Láuriston Pinheiro visita Nova Iorque,
pela primeira vez. O passeio decorre da
conquista do primeiro lugar na categoria
Marketing, na edição 2011/2012, do
Troféu Profissionais do Ano, promovido
pela Rede Globo, entre as emissoras
afiliadas.
Foram duas ações: Banho de
Audiência, na qual levou um casal de
modelos enrolado em toalhas, com
kits de banho e dados mostrando aos
publicitários de João Pessoa e Campina
Grande, o desempenho da rede junto
ao público, colocando os veículos como
excelentes canais de divulgação para os
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clientes das agências.
A segunda, que teve nota máxima
do júri, correspondeu ao concurso
interno de incentivo à equipe de vendas.
“Você pode mais” surgiu a partir do
conhecimento de que os veículos não
contariam com cerca de R$ 3 milhões
de verbas publicitárias advindas do setor
público. Então, o objetivo foi estimular
a equipe interna a não apenas cobrir
a diferença do faturamento do ano
anterior, como superá-la. Esse projeto foi
submetido à Globo e teve a pontuação
máxima pelo resultado que alcançou,
comprovando a eficácia da ação com
premiação mensal, trimestral e anual à
equipe.
No dia a dia, ao cuidar do
marketing da Rede Paraíba (composta
de duas emissoras de televisão, um
jornal, três emissoras de rádio e três
portais), cabe a Lauriston Pinheiro
gerir a comunicação e a interação com
o mercado, com os publicitários, com
aqueles que assistem e com público
interno. Pelo setor passam também os
trabalhos de responsabilidade social,
promoções como Paraíba dos seus olhos
e Forrofest. O trabalho visa atender às
demandas de todos os veículos.
Envolvido
com
anúncios
publicitários, eventos, shows, promoções,
o engenheiro elétrico está distante das
atividades que desenvolveu, durante
três anos, na Internacional Engenharia
S.A (IESA), empresa fiscalizava e fazia
testes elétricos das redes de telefonia
executadas por outras empresas para a
Telpa S.A. (Telecomunicações da Paraíba)
com instalação de postes e cabos, no
processo de manutenção e expansão
do serviço telefônico. A área de atuação
abrangia João Pessoa, Campina Grande,
Mamanguape e Rio Tinto.
Quando acabou o contrato, a
empresa quis levá-lo em Campos (RJ),
mas, na época, estava se preparando
para casar, a noiva tinha passado em
concurso da Saelpa (hoje Energisa) para
trabalhar em Guarabira. “Decidi, além
ficar, montar o próprio negócio, em
engenharia”, relata Lauriston Pinheiro,
revelando que esperava ter o suporte da
Telpa para os primeiros contratos, mas
as pessoas com as quais contava, uma foi
transferida para Natal e a outra saiu do
cargo. Foi aconselhado, então, a desistir
da empresa de engenharia, porque
não tinha padrinhos políticos nem
conhecimento que desse lastro para
disputar as licitações, foi desestimulado.
“Mas, mais forte que montar o
negócio na engenharia, foi a vontade de
montar o próprio negócio, sonho que
nove entre dez engenheiros acalentavam
naquela época” recorda, dizendo que
passou a avaliar outras atividades , desde
videolocadoras, então um mercado
emergente, até na área de confecções.
No entanto, o caminho foi outro: a
comunicação e depois, a publicidade,
com a Eureka Publicidade e Propaganda.
Cursos na ESPM e
campanha política
Em 1985, em Campina Grande,
o jornalista Rômulo Azevedo, chamou
Lauriston Pinheiro para participar
da campanha do deputado federal
Aluísio Campos. E, como se explica um
engenheiro elétrico trabalhando numa
campanha política? Ele foi aluno de
Rômulo Azevedo, e também, durante o
período que cursou Engenharia Elétrica,
na UFPB (hoje UFCG), se manteve
próximo dos movimentos de arte e
cultura, participou da fundação do
Cineclube Humberto Mauro, do atelier
livre no Museu de Arte de Campina
Grande, com Alberto Lacet, Antônio de
Pádua e Antônio Rocha.
Mais forte que
montar o negócio
na Engenharia, foi a
vontade de montar
o próprio negócio,
sonho que nove entre
dez engenheiros
acalentavam
naquela época”
LAURISTON PINHEIRO
Publicitário
“Nunca fui artista, cineasta, era
interessado, curioso”. Nessa trilha, passou
a fazer com Toninho Lima, o programa
Alto Astral, na Campina FM – de Nagib e
Habdala Rached. Para arranjar patrocínio
para o programa, começou a criar
campanhas, redigir textos para facilitar
a comercialização, assim, botou o pé na
comunicação e na publicidade.
No entanto, ao ser chamado para a
campanha, não se sentiu seguro para entrar,
sem ter um lastro com conhecimentos
mais específicos. Decidiu usar parte das
economias e fazer, no Rio de Janeiro e em
São Paulo, cursos na ESPM sobre gestão
de agência publicitária, administração
de merchandising em ponto de venda,
redação publicitária, marketing político.
“Precisava de um nivelamento, uma base
conceitual para fazer a profissão com
segurança, coisa de engenheiro que, depois
de pagar dez matemáticas, cinco físicas,
quer ter domínio racional sobre qualquer
coisa”, comenta.
Em 1986, abriu com Rômulo
Azevedo, a Eureka Publicidade e
Propaganda e já era publicitário, quando se
casou em 1987. O sócio, convidado para
coordenar o jornalismo da TV Paraíba, se
afastou para seguir a carreira de jornalista
e professor universitário. Ele permaneceu
com a agência até 1995, tendo conquistado
contas como a da prefeitura de Campina
Grande, na gestão de Cássio Cunha Lima,
Casa do Colegial, Pneusuper, Beto da Dipel
Móveis, Hospital João 23, academia Corpo
Livre, a loja de móveis Toutte Belle, entre
outros clientes.
Convite para a
Rede Paraíba
“Quando terminei a graduação
fiz a dois anos de pós-graduação e não
conclui a dissertação, porque comecei
a trabalhar na engenharia. O título
era “Estudo sobre descargas parciais
em misturas de exafloreto de enxofre
e hidrogênio, isolamento elétrico
gasoso de subestação blindada”. A
pesquisa avaliava o comportamento
desse isolamento, em função de um
arranjo decorrente da irregularidade na
superfície, que era para ser perfeitamente
lisa”, relembra Lauriston Pinheiro que,
até 1990, ainda recebia convite para
voltar ao campo da engenharia elétrica.
Nascido em Campina Grande, onde
morou até os 27 anos, o engenheiro veio
para João Pessoa depois que casou, mas
voltou à cidade natal e ficou até 1995,
quando ao ser convidado por Waldemir
Melo para trabalhar no marketing da TV
Cabo, se fixou na capital.
Ele veio com a missão de
tratar a comunicação de forma mais
profissional, com a contribuição de
Luciano Barros, de William Medeiros
e de Helena Furtado. “Embora várias
pessoas com bons currículos tivessem
se apresentado, o que contou para a
minha escolha foi a forte relação com
o mercado publicitário que eu tinha”
explica Láuriston, garantindo que
abraçou a publicidade, mas, não renega
a engenharia.
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Atitude
Um excelente negócio
Mário Camacho
é professor do
IFPB, consultor em
gestão de energia,
graduado em
Engenharia
Elétrica com
mestrado em
gestão de energia
pela UFCG e
MBA em gestão
empresarial, pela
FGV/RJ.
Empresas
bem
preparadas
para as
mudanças
passaram
a oferecer
construções
sustentáveis,
aos
clientes e à
sociedade”
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A decisão de compra do consumidor
contemporâneo não se dá apenas pelo designer,
benefícios funcionais ou pelo preço dos produtos
e serviços, mas, também por ganhos emocionais
e valores agregados. O relatório “O Estado do
Mundo” do Programa das Nações Unidas para
o Desenvolvimento (2010), alerta que o atual
modelo de produção e consumo retira da Terra
35% a mais de insumos do que a natureza tem
condição de repor para compensar esta perda.
As empresas de destaque mundial, com
visão estratégica de mercado e maior eficiência
adotam a sustentabilidade e o marketing verde
como diferenciais, conquistando a preferência
do consumidor. A gestão ecoeficiente oferece
melhores resultados nos campos econômicos,
sociais e ambientais, com facilidade de acesso ao
crédito para empresas e aos consumidores finais,
agregando valor à marca, por demonstrar ética
e transparência a partir da postura, produtos/
serviços e redução do desperdício. Não é diferente
no segmento da construção! Empresas bem
preparadas para as mudanças passaram a oferecer
construções sustentáveis, aos clientes e à sociedade.
O uso de recursos disponíveis no presente
sem esgotá-los, nem comprometer o meio
ambiente das gerações futuras é o principal
conceito das construções sustentáveis, que surgiu
na Europa e nos Estados Unidos, na década de
1970, com a crise energética decorrente dos altos
preços do petróleo no mercado internacional,
dando origem à green building – construção
verde. Muitos passaram a construir de forma mais
amigável ao ambiente, tendo fontes alternativas
de energia, como a solar e eólica. Nos anos 1980,
houve o “boom” dos sistemas de avaliação da
performance ambiental dos edifícios, o que
fortaleceu o movimento.
A construção sustentável exige experiência
e alta qualificação das equipes de projetistas
e consultores, formadas por arquitetos
bioclimáticos, engenheiros (eletricista, ambiental,
civil, de tráfego), geólogo e profissionais de
marketing. São dez itens principais para uma
construção verde: planejamento sustentável da
obra, com visão de longo prazo; aproveitamento
passivo dos recursos naturais; gestão de energia
e eficiência energética; gestão, economia da
água e reaproveitamento; gestão dos resíduos
na edificação (reutilizar, reciclar e reduzir);
qualidade do ar, do ambiente interior e conforto
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termoacústico; uso racional de materiais; uso de
produtos e tecnologias ambientalmente corretas
e amigáveis; permeabilidade do solo; e, integrar
transporte de massa e/ou alternativos ao contexto
do projeto.
A edificação que cumprir os pré-requisitos
técnicos, respeitar as normas éticas ambientais,
usar materiais adequados, mas, não se relacionar
com o entorno e pessoas que convivem
próximas, não estará sendo sustentável. Não existe
obrigatoriedade de se cumprir todos os requisitos
para o imóvel ser sustentável. As diretrizes
orientam àqueles que pretendem construir de
forma ambientalmente responsável.
Na obra sustentável, o projeto concebido
considera quem usará os ambientes, quanto tempo
terá de vida útil e se depois poderá servir para
outros propósitos ou não. Os materiais empregados
observam a necessidade, o desperdício, a
energia gasta no processo até ser implantado na
construção e se esses itens serão reaproveitados.
Na arquitetura sustentável, os aspectos naturais são
de extrema importância e respeitadas as condições
geográficas, meteorológicas, topográficas, aliadas
às questões sociais, econômicas e culturais do lugar,
elas definirão o quão sustentável a construção será.
A autossuficiência do imóvel é possível,
com parcela da energia gerada no próprio lugar
e, a água, reaproveitada, com economia acentuada
nas contas de luz e água. A Resolução Normativa
nº 482 de 17/04/2012, da ANEEL, permite e
estimula a microgeração de energia em edificações
que poderão injetar o excedente na rede
convencional e se creditar no sistema. Isso valerá
a partir de janeiro/2013. As certificações servem
como uma “chancela” do empreendimento para
comprovar sua sustentabilidade. No Brasil, as mais
procuradas são a LEED, PROCEL e AQUA.
Do ponto de vista do ecomarketing,
segundo Philip Kotler - maior influência mundial
no marketing atual - “a missão do Marketing 3.0
nas empresas consiste em estabelecer um elo com
o cliente, promover a sustentabilidade no planeta
e melhorar a vida dos pobres. Se você cria um caso
de amor com os seus clientes, eles próprios farão
a sua publicidade”. Kotler mostra que há, nos
consumidores da sociedade moderna, o anseio de
um mundo melhor, o que torna a sustentabilidade
um ótimo negócio no mercado da construção
civil, bastando às empresas acrescentarem ao
seu marketing, o quinto P, de um Planeta mais
saudável.
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