03 Cnidaria

Transcrição

03 Cnidaria
3.2. IDENTIFICAÇÃO DE FÓSSEIS DE
CNIDARIA
Filo Cnidaria
secção transversal
Superclasse Anthozoa
Classe Zoantharia
Subclasse Tabulata
Favosites LAMARCK, 1816
septos reduzidos
septos
Fig. 3.1
Favosites sp. Adaptado de BENTON & HARPER (1997: 105).
Paleoecologia: Organismos epibentónicos livres,
suspensívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos, carbonatados, de águas quentes e salinidade
normal. Por vezes, associados a biohermas.
Fig. 3.1 - Favosites
secção transversal
Coral colonial, massivo, cerióide, i.e., com coralitos
densamente empacotados, uns contra os outros.
Coralitos de pequeno diâmetro (1-2mm), com secção
poligonal, penta a hexagonal, com parede perfurada,
apresentando poros dispostos em uma, duas ou três
fiadas
verticais.
Septos
pouco
desenvolvidos,
espinhosos, muito curtos ou ausentes. Tábulas bem
desenvolvidas, muito numerosas e finas.
tubículo de verme
tábulas
Distribuição estratigráfica: Ordovícico sup. a Devónico
médio.
Pleurodyctium GOLDFUSS, 1829
Fig. 3.2 - Pleurodyctium
Fig. 3.2
Pleurodyctium sp. Adaptado de CLARKSON (1979: 102).
Coral colonial, discoidal ou hemisférico, massivo,
cerióide. Coralitos com diâmetro algo grande (2-3 mm),
com secção elíptíca a biconvexa, com paredes
espessas e porosas entre eles. Septos espinhosos bem
definidos, seis ou 12. Tábulas pouco numerosas e muito
finas. Pleurodyctium apresenta frequentemente, na sua
zona central, o tubículo de um verme comensal.
coralito
Paleoecologia: Exigências ambientais similares às de
Favosites. Também ocorriam em ambientes marinhos
bentónicos, pouco profundos, finamente siliciclásticos.
Distribuição estratigráfica: Devónico inferior.
Halysites FISHER VON WALDHEIM, 1828
Fig. 3.3
A - Halysites regularis Fisher-Benson. Adaptado de BONDARENKO &
MIKHAILOVA (1984: 127). B - H. catenularis (L.). COX (196: est. 15).
Fig. 3.3 - Halysites
Fig. 3.4
Catenipora sp. Género afim de Halysites. Op. cit. (1984: 126).
Coral colonial, catenóide, i.e., com coralitos alinhados
em forma de corrente. Coralitos de pequeno diâmetro
(1-2 mm), com secção elíptica a subcircular, unidos
unisseriadamente, formando “paliçadas” que se unem
de modo anastomosado. Entre os coralitos existem
minúsculos elementos tubulares de secção rectangular.
A epiteca dos coralitos é imperfurada, i.e., não se
apresenta porosa. Septos pouco desenvolvidos,
representados por 12 alinhamentos verticais de
espinhos, ou ausentes. Tábulas bem desenvolvidas,
horizontais, planas ou ligeiramente arqueadas.
Departamento de
GEOLOGIA
Fig. 3.4 - Catenipora
CNIDARIA
Paleoecologia: Epibentónicos livres, suspensívoros.
Ambientes marinhos bentónicos, pouco profundos,
carbonatados, de águas quentes e salinidade normal.
tecido vesicular
Distribuição estratigráfica: Ordovícico médio a Silúrico
inferior.
Heliolithes DANA, 1846
Coral colonial, massivo, não-cerióide, i.e., com coralitos
isolados uns dos outros. Coralitos de pequeno diâmetro
(1-2 mm), com secção circular a levemente poligonal,
separados uns dos outros por tecido vesicular
intermédio, constituído por minúsculos tubos poligonais.
Cada coralito apresenta claramente 12 septos radiais,
reduzidos, curtos, espinhosos.
secção transversal
Fig. 3.5
Heliolithes porosus (Goldfuss). BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984: 135).
coralito
Paleoecologia: Ver género Favosites, acima.
Fig. 3.5 - Heliolithes
Distribuição estratigráfica: Silúrico inferior a Devónico
superior.
Subclasse Tetracorallia
Calceola LAMARCK, 1799
opérculo
Fig. 3.6
Calceola sandalina (Linnaeus). BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984: 141).
Coral solitário, calceolóide, i.e., semicircular em secção
transversal, aplanado do lado inferior, com forma geral
de chinelo. Cálice profundo. Septos muito curtos e
dilatados lateralmente, formando uma massa contínua
na face interior da epiteca, visível no bordo interno do
cálice. Não apresenta tábulas, nem dissepimentos.
Epiteca com várias linhas de crescimento com relevo
baixo. Possui opérculo aplanado e de contorno
semicircular, mas que raramente se conserva.
Paleoecologia: Epibentónicos livres, suspensívoros.
Ambientes marinhos bentónicos, pouco profundos,
carbonatados, de águas quentes e salinidade normal.
secção longitudinal
vista superior
linhas de
crescimento
Fig. 3.6 - Calceola
Distribuição estratigráfica: Devónico médio.
Cystiphyllum LONSDALE, 1839
Fig. 3.7
Cystiphyllum vesiculosum Goldfuss. MELENDEZ (1970: 290).
Coral solitário, turbinado (cónico atarracado) a cilíndrico.
Cálice profundo. Septos pouco desenvolvidos (ou
mesmo ausentes), espinhosos, manifestando-se sob a
forma cristas na superfície superior dos dissepimentos e
das tábulas que ocupam todo o cálice. Internamente,
dissepimentos e tábulas vesiculares, não muito
diferenciados. Dissepimenos vesiculares grandes na
zona axial do coral, mais finos na periferia.
Paleoecologia: Epibentónicos livres, suspensívoros.
Ambientes marinhos bentónicos, pouco profundos,
carbonatados, de águas quentes e salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Silúrico.
20
Fig. 3.7 - Cystophyllum
CNIDARIA
Zaphrentites HUDSON, 1941
septos em cálice profundo
Fig. 3.8
Zaphrentites sp.. Extraído de BLACK (1970: 103).
Coral solitário, ceratóide, i.e., cónico encurvado, em
forma de corno. Cálice profundo com fóssula cardinal do
lado côncavo e simetria bilateral bem marcada (só
visível em corte transversal). Septos finos, muito curtos
no bordo do cálice. Apresenta tábulas irregulares.
Dissepimentos, normalmente, ausentes (só visíveis em
corte transversal). Epiteca muito rugosa, com fortes
linhas de crescimento apresentando relevo elevado.
Paleoecologia: Organismos epibentónicos livres,
carnívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos a profundos, carbonatados, de águas quentes
e salinidade normal.
Distribuição
Carbónico.
estratigráfica:
Devónico
médio
a
Hexagonaria GÜRICH, 1896
epiteca muito
rugosa
secção
transversal
secção
longitudinal
septos
tábulas
Fig. 3.8 - Zaphrentites
coralito
Fig. 3.9
Hexagonaria hexagona (Goldfuss). Extraído de RICHTER (1981: 108)
Coral colonial, hemisférico, massivo, cerióide. Coralitos
de grande diâmetro (4-15 mm), com secção poligonal,
hexa a pentagonal, ostentando cálices afundados com
plataforma periférica e fóssula axial (nem sempre
visível). Dissepimentos pouco desenvolvidos.
Paleoecologia: Organismos epibentónicos livres,
carnívoros. Ambientes marinhos bentónicos, pouco
profundos, carbonatados, de águas quentes e salinidade
normal. Por vezes, associados a biohermas.
coral colonial
Distribuição estratigráfica: Devónico.
Fig. 3.9 - Hexagonaria
Subclasse Hexacorallia
Fungiidae
Fungia LAMARCK, 1801
Fig. 3.10
Fungia sp. Extraído de TASCH (1973: 188).
Coral solitário, discoidal, com a face inferior algo
côncava, com contorno arredondado a oval alongado,
podendo atingir grandes dimensões (40 cm de
diâmetro). Septos finos, rectilíneos, de diferentes
ordens,
numerosos,
densamente
empacotados.
Superfície e bordo dos septos finamente denticulada ou
granulosa. O modo de disposição dos septos
assemelha-se a um cogumelo visto de baixo, daí o
nome do género. Não possui epiteca, dissepimentos,
nem columela.
Paleoecologia: Organismos epibentónicos livres,
carnívoros.
Hermatípicos.
Ambientes
marinhos
bentónicos, pouco profundos, recifais, de águas quentes
e salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Miocénico à actualidade.
21
vista oral
Fig. 3.10 - Fungia
CNIDARIA
dissepimentos
Montlivaltiidae
Montlivaltia LAMOUROUX, 1821
Coral solitário, mais frequentemente turbinado (cónico) a
subcilíndrico, de dimensões variáveis, podendo atingir
10 cm de diâmetro. Septos finos, rectilíneos, de
diferentes
dimensões,
numerosos,
densamente
empacotados, elevando-se acima da epiteca. Zona
central do cálice pouco profunda. Dissepimentos bem
desenvolvidos (só visível em corte). Epiteca
relativamente bem desenvolvida. Columela, geralmente,
pouco desen-volvida ou ausente.
secção transversal
Fig. 3.11
Montlivaltia sp. Extraído de BONDARENKO & MIKHAILOVA (1984: 147).
septos sobrelevados
Paleoecologia: Organismos epibentónicos sésseis
cimentados, suspensívoros a carnívoros. Hermatípicos.
Ambientes marinhos bentónicos, recifais, de plataforma
pouco profunda, de águas quentes e salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Jurássico a Cretácico.
Caryophylliidae
Fig. 3.11 - Montlivaltia
Antillocyathus WELLS, 1937
Fig. 3.12
Antillocyathus maoensis (Vaughan). Miocénico, República Dominicana.
A - Vista lateral. B - Vista axial do cálice. De MOORE (1956: F422).
Coral solitário, flabeliforme. Epiteca bem desenvolvida.
Columela, geralmente, sublamelar.
epiteca fina
Paleoecologia: Organismos epibentónicos sésseis
cimentados ou livres, suspensívoros a carnívoros.
Ahermatípicos. Ambientes marinhos bentónicos pouco
profundos a muito profundos de salinidade normal.
Distribuição estratigráfica: Miocénico a Pliocénico das
Caraíbas.
Fig. 3.12 - Antillocyathus
Flabellidae
Flabellum LESSON, 1831
Fig. 3.13
A - Flabellum pavoninum Lesson. Vista lateral. B - Idem, vista axial do
cálice. Actualidade, Hawaii. C - F. alabastrum Moseley. Actualidade,
Açores. Extraído de MOORE (1956: F432).
Coral solitário, cuneiforme a flabeliforme. Epiteca bem
desenvolvida. Septos numerosos, finos. Columela
ausente ou fracamente desenvolvida. Superfície
exterior, por vezes, costilhada longitudinalmente. Pode
apresentar estrutura peduncular de fixação, no vértice
do coral.
Paleoecologia: Ver Antillocyathus, acima.
Fig. 3.13 - Flabellum
Distribuição estratigráfica: Eocénico à actualidade.
BIBLIOGRAFIA
BLACK, R.M. 1970. The Elements of Palaeontology. Cambridge
nd
Univ. Press, Cambridge, 2 ed., 1988, 404 pp.
BENTON, M. & HARPER, D. 1997. Basic Palaeontology.
Longman, Harlow, 342 pp.
BONDARENKO, O.B. & MIKHAILOVA, I.A. 1984. Kratkii Opredelitel’
Iskopaemykh Bespozvonotchnykh. Nedra, Moscovo, 2ª ed.,
536 pp.
CLARKSON, E.N.K. 1979. Invertebrate Palaeontology and
nd
Evolution. Allen & Unwin, London, 2 ed., 1986, 382 pp.
MELENDEZ, B. 1970. Paleontología. Paranfino, Madrid, Vol. 1,
714 pp.
22
CNIDARIA
MOORE, R.C. (Ed.) 1956. Treatise on Invertebrate Paleontology. Part F, Coelenterata. Geol. Soc. Am. & Univ. Kansas,
Lawrence, Kansas, pp. VF1-F497 (reedição de 1967).
RICHTER, A.E. 1989. Manual del coleccionista de fósiles.
Ediciones Omega, Barcelona, edição de 1989, 460 pp.
TASCH, P. 1973. Paleontology of the Invertebrates. Data
retrieval from the fossil record. John Wiley & Sons, New
nd
York, 2 ed., 1980, 975 pp.
 2015/16
NOTAS / OBSERVAÇÕES:
23

Documentos relacionados