praxis - Instituto Superior de Engenharia do Porto

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praxis - Instituto Superior de Engenharia do Porto
PRAXIS
experiências
europeias
DEPOIS DO ISEP
DE FORA CÁ DENTRO
À CONVERSA COM...
oDEBREChT
Manuela Tavares de Sousa
Departamento de Engenharia Geotécnica
Marinela Chimanha
IMPERIAL / RAR
JoSé MARTInS CARvALho
Federação Europeia de Geólogos
02
ÍnDice
03 eDiToriaL
04 a reTer
» Selos de Competência
» Concurso nacional de Ingresso no Ensino Superior 2011
» ISEP lança Primeira Formação em Reporte de Sustentabilidade
» Cidades Inteligentes/Cidades do Futuro
06 evenTos
» 7as Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos
» Green Campus
» 5th TF – Media Task Force Meeting and Workshop
» Dias Abertos 2011-2012
» Laboratório Automóvel Desvendou o Smart Elétrico
» Perspetivas de Evolução Económica e os Impactos na Engenharia
» 1as Jornadas de Engenharia de Computação e Instrumentação Médica
10 À conversa com...
06 evenTos
» Martins de Carvalho – Departamento de Engenharia Geotécnica
14 De fora cá DenTro
» IMPERIAL / RAR – Manuela Tavares de Sousa
16 DesTaQue
» PRAXIS – European Centre for Project / Internship Excellence
18 invesTigação À Lupa
» A Engenharia Química ao Serviço do Meio Ambiente
10 À conversa com
20 Depois Do isep
» Marinela Chimanha – oDEBREChT
22 a nossa TecnoLogia
» E-Maintenance Solutions
24 breves
» Laboratório Automóvel Recebe nova viatura Toyota
» MyListBox na Final do 8º Poliempreende
» viabilidade de Centrais de Micro-geração no Setor da Agropecuária
» Barchetta Acelerou em Braga
» Impacto das águas Pluviais na Rede de Saneamento
16 DesTaQue
» Estudo LABCARGA Alerta para Erosão Costeira na Galiza
» Avaliar a Segurança Alimentar dos Cefalópodes
» CISTER Inicia Quatro novos Projetos de Investigação de Ponta
» Mobilidade Inteligente
» Apresentação de Resultados do Projeto PultrEficaz
» ISEP Race Engineering Mostra a Sua Garra no Estoril
» Mestranda em Engenharia Civil Recebe Prémio Sika
» A Engenharia que Torna os Ambientes Mais Seguros
» Sistemas de Recomendação e Personalização da Tv
» Saber Aplicado leva ISEP ao Júri do EEPA 2012
28 provas De DouToramenTo
20 invesTigação À Lupa
eDiToriaL
EDITORIAL
As instituições de Ensino Superior têm um papel ativo na inovação de soluções para o desenvolvimento sustentável do país. Acreditamos que este compromisso começa na formação de cidadãos competentes e ambiciosos e, por isso, procuramos incutir nos estudantes e diplomados
uma visão global de oportunidades.
Contando com mais de uma centena de parcerias dentro do Espaço Europeu de Ensino Superior,
o ISEP tem aproveitado estes laços para promover a mobilidade de estudantes e colaboradores,
mas também para criar e partilhar conhecimento através de projetos de investigação conjuntos.
Agora, o ISEP lança-se num projeto pioneiro que pretende apoiar o desenvolvimento de competências e a empregabilidade de engenheiros no espaço comunitário. no destaque do isep.
BI 15, apresentamos o PRAXIS – European Center for Project/Internship Excellence, um projeto
europeu lançado no Porto e que vem reforçar a participação do ISEP em redes de excelência.
Liderado pelo ISEP, o PRAXIS reúne 44 instituições dos 27 estados-membros e pretende criar um
mercado virtual, que centralize propostas e recursos educativos a nível europeu para a unidade
curricular de projeto/estágio. Enquadrado na estratégia Europa 2020 e cofinanciado pela União
Europeia com mais de um milhão de euros, o PRAXIS procura definir o melhor modelo para
esta unidade curricular, respondendo igualmente ao desafio da sua padronização no espaço
comunitário. nuno Escudeiro, docente do Departamento de Engenharia Informática, confessa a
ambição de fazer deste projeto «uma referência mundial».
Como é hábito, o isep.BI dá também a conhecer o que de melhor se faz na investigação aplicada do Instituto. A “Investigação à Lupa” incide num projeto de engenharia química para remediação de águas contaminadas com pesticidas, que promete mais-valias económicas e ambientais. Já a “nossa Tecnologia” centra-se num projeto que propõe novas ferramentas de suporte
à gestão e manutenção industriais. E-Maintenance Solutions releva o potencial dos projetos
transversais. Ambos os projetos ilustram mais-valias da associação entre os cursos mestrados e
os grupos de investigação.
Mantendo o compromisso de mostrar o ISEP como um parceiro local e um ator aberto ao mundo, vamos também à Imperial descobrir a Engenharia de uma fábrica de chocolates; apresentamos Marinela Chimanha, diplomada em Engenharia Informática, que se encontra a trabalhar em
Angola e conversamos com o docente do Departamento de Engenharia Geotécnica, Martins de
Carvalho, sobre a sua nomeação para a Federação Europeia de Geólogos.
isep.BI 15
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FICHA TÉCNICA
PROPRIEDADE ISEP – Instituto Superior de Engenharia do Porto DIREÇÃO João Manuel Simões Rocha
EDIÇÃO ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação REDAÇÃO Alexandra Trincão, Flávio Ramos & Mediana DESIGN ISEP – DCC – GDM.2012
IMPRESSÃO Ancestra, Indústria Gráfica, Lda. TIRAGEM 1.500 exemplares DEPÓSITO LEGAL 258405/07
CONTACTOS ISEP|DCC – Divisão de Cooperação e Comunicação » Rua Dr. António Bernardino de Almeida, nº 431 | 4200-072 Porto – Tel.: 228 340 500 » Fax.: 228 321 159 » e-mail [email protected]
03
04
a reTer
SELoS DE CoMPETÊnCIA
o ISEP obteve o certificado que atesta a conformidade do
ConCURSo nACIonAL
DE InGRESSo no EnSIno
SUPERIoR 2011
sistema de gestão da qualidade com a norma UnE-En ISo
9001:2008. o processo iniciado este ano recupera uma certificação que cede o direito do uso da marca AEnoR.
Em 2008, investiu na eficiência energética e foi distinguido
com o Prémio Greenlight da Comissão Europeia. Em 2010, o
ISEP apostou na simplificação e desburocratização de processos e esse esforço foi reconhecido com o Prémio Boas Práticas
no Setor Público: Serviço ao Cidadão – Ensino. Já em 2011, a
internacionalização da investigação valeu ao ISEP a nomeação
para os Prémios novo norte, na categoria de inovação. Esta
estratégia de afirmação de boas práticas atinge agora mais um
marco com o processo de certificação da qualidade.
Se o processo de certificação foi visto como uma oportunidade para validar procedimentos e reforçar o compromisso de
melhoria contínua, nomeadamente ao nível dos processos
formais de planeamento, organização e controlo da comunicação interna, o resultado final assinala, desde logo, uma significativa imagem de eficiência.
Foi com sucesso que o ISEP viu externamente reconhecido o
esforço de todos os que trabalharam para implementar a nova
estrutura do sistema de gestão da qualidade.
Esta certificação revela uma cultura institucional interna de
gestão da qualidade, ambição e compromisso com a melhoria
contínua dos processos. Atesta também o posicionamento do
Instituto entre o restrito grupo de prestigiadas instituições de
ensino superior certificadas a nível mundial.
A certificação ISo 9001:2008, além de reconhecer a conformidade do sistema de gestão da qualidade, acaba também por
servir de estímulo ao trabalho de formação de mentalidades
criativas, empreendedoras e competentes.
o Instituto Superior de Engenharia do Porto acolheu 855 novos estudantes em 2011. Pelo quarto ano consecutivo, o Instituto preencheu
a totalidade das vagas diurnas na 1ª fase do Concurso nacional de Ingresso no Ensino Superior.
A média dos primeiros colocados com o ISEP como primeira opção é
177,9 (varia entre os 189,4-144,4), sendo que 638 candidatos procuraram o ISEP como primeira opção (66%). Pelo segundo ano consecutivo,
cerca de um quinto dos novos estudantes são do sexo feminino.
Estes dados ajudam a desmistificar algumas ideias vulgarmente associadas à oferta formativa em Engenharia. Acresce que os números ISEP,
não só contrariam o declínio na procura de cursos de Engenharia a nível
europeu (e norte-americano), como a própria quebra sentida nas colocações a nível nacional e especialmente no subsistema politécnico.
Existem inúmeros fatores que podem ajudar a perceber o sucesso desta marca nacional: o Instituto Superior de Engenharia do Porto é uma
instituição centenária, que celebra o 160º aniversário em 2012 e tem
consolidado a sua reputação e prestígio entre as principais escolas de
Engenharia portuguesas. o ISEP é a maior escola do maior politécnico do país, apostando num ensino de orientação prática (hands on) e
orientado para os desafios das empresas e soluções para o mundo real.
Este é um perfil que agrada a muitos empregadores, mas também a
muitos aspirantes a engenheiros.
HONRAS ISEP
160 AnoS A EnSInAR, InvESTIGAR E InovAR
MAIS DE 6.750 ESTUDAnTES
MEMBRo Do ConSÓRCIo CDIo
FInALISTA DoS PRéMIoS novo noRTE 2011
PRéMIo BoAS PRáTICAS no SEToR PÚBLICo 2010
Também o facto de a formação inicial ao nível da licenciatura abrir
caminho ao reconhecimento por ambas as ordens de Engenharia ou
mesmo a opção por horários pós-laborais, que possibilitam conciliar
uma atividade profissional com os estudos, podem ser fatores em jogo.
As médias de entrada no ISEP (nota do último colocado) em 2011 variaram entre os 147,2-119,5. novamente, o destaque vai para a ligeira
subida comparativamente a 2010. o prestígio da marca ISEP contribui
ainda para colocar o Politécnico do Porto no top 5 nacional.
De realçar ainda que o Instituto recebeu 49 novos estudantes estran-
PRéMIo GREEnLIGhT 2008
geiros no primeiro semestre. os alunos “internacionais”, que chegam
CERTIFICAÇÃo ISo 9001:2008
Polónia, Bélgica, Itália, hungria e Roménia. «A lista dos países de origem
ao ISEP em mobilidade Erasmus, são provenientes de Espanha, Grécia,
dos alunos tem aumentado, o que espelha o resultado das ações de
internacionalização feitas por toda a Instituição», refere o Gabinete de
Relações Externas.
a reTer
ISEP LAnÇA PRIMEIRA
FoRMAÇÃo EM REPoRTE DE
SUSTEnTABILIDADE
Em linha com o compromisso social de promoção de uma cultura sus-
CIDADES InTELIGEnTES/
CIDADES Do FUTURo
o Centro de Investigação em Sistemas Confiáveis e de Tempo-Real
(CISTER) tem desenvolvido investigação de ponta, que ajuda a desvendar as cidades do futuro. A redefinição da nossa sociedade passa
por ambientes inteligentes, cooperantes e sustentáveis. Três exemplos deste trabalho são os projetos EMMon, SEnoDs e EnCoURAGE.
tentável, o ISEP associou-se à Global Reporting Initiative (GRI). o ISEP é
a primeira instituição de ensino superior em Portugal a ser reconhecida
EMbedded Monitoring (EMMon) é apoiado pela Fundação para a
como parceiro-formador oficial da GRI e promoveu com o primeiro cur-
Ciência e a Tecnologia (FCT), e pelo programa estratégico europeu
so em reporte de sustentabilidade, em janeiro de 2012.
Artemis e pretende desenvolver a monitorização fina e em tempo-real de extensas áreas geográficos. o projeto propõe uma rede
A GRI é uma organização pioneira a nível mundial, em termos de rela-
de sensores embebidos sem fios (wireless sensor network – WSn),
tórios de sustentabilidade. A arquitetura dos seus relatórios é desenvol-
inteligentes, cooperantes e de baixo custo.
vida através do consenso entre as partes interessadas – incluindo elementos da sociedade civil, empresários, agentes laborais e académicos
Esta rede – cujo protótipo funcional apresentado no ISEP represen-
– e procura a melhoria contínua das grelhas de avaliação. os objetivos
ta a maior WSn europeia – vai permitir uma monitorização contí-
da GRI incluem também a promoção de boas práticas ambientais, so-
nua de ambientes, sendo capaz de sinalizar o percurso de emer-
ciais e de governança, além da disseminação do modelo a nível global.
gência de uma ambulância aos condutores que se encontrem no
seu trajeto; garantir a iluminação de ruas somente à passagem de
Considerada uma referência mundial em termos de reporte de susten-
transeuntes; ou adaptar, automaticamente, os sistemas de rega às
tabilidade, a GRI foi, assim, identificada pelo ISEP como o parceiro indi-
variações climatéricas. As aplicações são inúmeras, mas garantem
cado para avançar com formações nesta área. o processo conduzido
maior segurança, sustentabilidade e conforto.
através do Plano de Ação para a Sustentabilidade (PASUS) culminou
com o anúncio oficial da parceria em julho.
Sustainable Energy-optimized Datacenters (SEnoDs) é um projeto do ISEP, Portugal Telecom e Carnegie-Mellon University, que
«Depois de um árduo trabalho, o ISEP é agora a única instituição do
incide na área da eficiência e racionalização energética. Esta parce-
ensino superior, em todo o mundo, que é oficial training partner do
ria, que se estende ainda à Universidade do Porto e ao MIT, está a
GRI», afirmou Luís Castanheira, docente responsável pela candidatura.
desenvolver tecnologia para ultrapassar desafios computacionais
e físicos associados à gestão operacional, consumos energéticos
A primeira formação do Instituto em reporte de sustentabilidade de-
e refrigeração de um data centre de larga escala – um crescente
correu nos dias 4 e 5 de janeiro. Destinada a quadros superiores com
desafio ambiental e económico.
responsabilidades ao nível das estratégias de gestão, sustentabilidade,
ambiente e qualidade, é organizada em parceria com a Lipor – Serviço
o CISTER é responsável pelos sistemas de comunicação, software
Intermunicipalizado de Gestão de Resíduos do Grande Porto e a BioRu-
e middleware de monitorização fina e garante que o saber apli-
mo – Consultoria em Ambiente e Sustentabilidade.
cado ISEP representa a vanguarda a nível mundial. os resultados
do SEnoDs contribuem para a imagem de um Portugal criativo,
o curso introduz o conceito de reporte de sustentabilidade da GRI;
inovador e tecnológico, estando já a ser aplicados na Covilhã, no
incide nos processos de planeamento e elaboração de um relatório;
recentemente apresentado data centre da PT.
identificação e envolvimento de partes interessadas; focalização de esforços; recolha e análise de informação; preparação e comunicação do
Embedded intelligent Controls for bUildings with Renewable ge-
relatório final.
nerAtion and storaGE (EnCoURAGE) foi lançado este verão no ISEP.
Este projeto europeu procura alavancar a emergência de edifícios
«Mais do que uma forma de divulgação de todas as políticas empresa-
inteligentes. Propõe a incorporação de tecnologias inteligentes e
riais, no que toca aos três pilares do desenvolvimento sustentável, os
o recurso a fontes renováveis, para otimizar automaticamente os
relatórios de sustentabilidade refletem a estratégia de gestão de cada
consumos energéticos e exportar eventuais excedentes para a
empresa, tornando, por isso, incontornável a sua crescente importân-
rede urbana. o EnCoURAGE propõe-se a eliminar desperdícios e
cia, enquanto instrumento de comunicação e de apoio à respetiva ges-
a reduzir a pegada de carbono.
tão», afirma a organização.
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06
evenTos
7as JORNADAS
TéCnICAS
InTERnACIonAIS
DE RESÍDUoS
o ISEP foi palco das 7as Jornadas Técnicas Internacionais de Resíduos
(JTIR), em outubro. Coorganizado com a Associação Portuguesa de
Engenharia Sanitária e Ambiental (APESB), a International Solid Waste
Association (ISWA) e a Lipor, este encontro assume-se como o melhor
evento técnico sobre a temática, realizado em Portugal.
Subordinadas ao tema “A Energia dos Resíduos”, as 7as JTIR serviram
para abordar oportunidades de negócio na gestão de resíduos. Aproveitando a experiência do ISEP na área da sustentabilidade, nomeadamente ao nível dos resíduos, as jornadas apontaram evoluções
tecnológicas que sustentam melhores respostas ao nível de custos/benefícios económicos e ambientais para o tratamento e valorização de
resíduos. Acrescente-se que os resíduos são cada vez mais apontados
como um recurso com crescente valor e potencial energético.
As 7as JTIR arrancaram com uma masterclass subordinada ao tema
“Waste-to-Energy around Europe”, seguida de 12 sessões temáticas,
várias comunicações e a apresentação de 16 cartazes.
Contando com a participação de oradores portugueses, espanhóis,
dinamarqueses, franceses, alemães, britânicos, angolanos e brasileiros,
este encontro promoveu um fórum de excelência para o estabelecimento de contactos e parcerias com especialistas do setor.
Entre as várias organizações presentes, destaque para as universidades do Minho, Aveiro, Beira Interior, Técnica de Lisboa, congéneres
espanholas e brasileiras, delegados da administração central e local, as
comissões de Coordenação e Desenvolvimento Regional do norte e
do Centro, as empresas águas de Portugal, GRAPESB e Sotkon, entre
outras entidades gestoras de resíduos.
o sucesso das 7as JTIR, e o reconhecimento da competência do ISEP
nesta área valeram, entretanto, o convite para o Instituto integrar a
comissão organizadora do International Africa Sustainable Waste Man-
agement Congress, que decorrerá em junho de 2012, em Angola.
evenTos
GREEn CAMPUS
A promoção de um desenvolvimento sustentável, nomeadamente
Florinda Martins, docente do Departamento de Engenharia Química
através da eficiência energética e racionalização dos consumos, é uma
(DEQ), incidiu nos benefícios diretos e indiretos da iniciativa e descre-
ambição do ISEP. neste sentido, o Instituto aderiu à iniciativa Green
veu os edifícios propostos pelo ISEP ao concurso.
Campus – Desafio de Eficiência Energética no Ensino Superior, cuja
sessão de divulgação foi promovida no início de novembro.
«A adesão a este tipo de iniciativas demonstra a vontade de melhorar o
desempenho energético e sensibilizar toda a comunidade académica
o projeto Green Campus é promovido pelo programa MIT-Portugal e
para a questão. Existe um especial cuidado em envolver todos, com
tem como principal objetivo promover a divulgação e adoção de me-
particular destaque para os estudantes, na procura ativa de respostas
didas de eficiência energética nos campus de ensino superior. Inscre-
aos atuais desafios», comentou Florinda Martins. A docente anunciou
veram-se neste projeto 44 instituições académicas, entre elas o ISEP,
ainda que, no seguimento da sessão, foram já formalizadas as candida-
que submeteu para avaliação os edifícios F e h.
turas de oito equipas.
A sessão teve início com uma apresentação de Miguel Carvalho, diretor
Com a implementação de medidas que garantam um campus mais
executivo do programa MIT-Portugal. o representante do Green Cam-
“verde”, reduz-se a dependência energética e a pegada de carbono do
pus expôs objetivos e condições de participação no concurso, desta-
ISEP. Relembra-se que o Instituto foi distinguido com o Prémio Green-
cando a possibilidade das equipas serem compostas por estudantes
light 2008, atribuído pela Comissão Europeia, em reconhecimento das
ou colaboradores, ou serem mistas. Seguidamente, a apresentação de
boas práticas de eficiência energética.
5th TF-MEDIA TASK FoRCE MEETInG AnD WoRKShoP
Entre 26 e 28 de outubro, o ISEP acolheu vários peritos em tecnolo-
pos de trabalho são: 1) Meta-dados e Repositórios; 2) Multimédia e ob-
gias multimédia, no decurso da 5th TF-Media Task Force Meeting and
jetos de Aprendizagem; 3) Sistemas Back-end; 4) Palestra de Gravação
Workshop. Este fórum inovador e colaborativo lançou cinco novos
e de Enriquecimento; 5) Promoção e Relações Públicas.
subgrupos de trabalho, com destaque para o task force em multimédia
e objetos de aprendizagem, liderada por António Castro, docente do
António vieira de Castro é corresponsável pelo subgrupo Multimédia e
Departamento de Engenharia Informática (DEI) e investigador no Gra-
objetos de Aprendizagem. o investigador do GILT serve como ponto
phics Interaction and Learning Technologies (GILT).
de contacto nacional.
nos últimos anos, as instituições de ensino superior têm vindo a produzir inúmeros conteúdos multimédia com fins académicos, embora
normalmente circunscritos para distribuição interna. na tentativa de
desenvolver novas tecnologias, infraestruturas e serviços de internet
orientadas para o ensino e investigação foi constituída a Task Force Me-
dia (TF-Media). Este grupo de trabalho reúne peritos de todo o globo e
trabalha em estreita colaboração com as redes nacionais responsáveis
pela partilha de saberes e conteúdos – papel assumido em Portugal
pela Fundação para a Computação Científica nacional (FCCn).
o objetivo é potenciar os fluxos de produção, gestão, armazenamento
e distribuição de conteúdos, cabendo à TF-Media definir boas práticas
para os conteúdos e interação entre as academias e redes.
Aberta a profissionais e comunidades académicas, a 5th TF-Media Task
Force Meeting and Workshop acordou continuar o projeto até 2013,
tendo igualmente lançado novas áreas de atuação. os novos subgru-
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evenTos
DIAS ABERTOS 2011/2012
A abertura à sociedade e a ligação a parceiros empresariais e acadé-
os Dias Abertos apresentam a filosofia de ensino, oferta formativa e
micos sempre foram apanágios do ISEP. no seguimento da iniciativa
saídas profissionais do ISEP. Possibilitam ainda a visita a laboratórios,
“Conhecer Mais para Melhor orientar”, o Instituto promoveu o primei-
o contacto com o campus e comunidade académica. Em suma, são
ro Dia Aberto 2011-2012, a 17 de novembro. Ultrapassando as expe-
o primeiro dia no ensino superior para muitos dos visitantes. o obje-
tativas, o ISEP acolheu sete visitas e 289 alunos.
tivo é simples; pessoas melhor informadas podem tomar melhores
decisões e o Instituto tem investido na divulgação das mais-valias
o Instituto Superior de Engenharia do Porto acolhe, regularmente, vi-
associadas a uma opção pela área da Engenharia, dos elementos dife-
sitas de escolas secundárias e profissionais para desvendar um pouco
renciadores do ensino politécnico e das vantagens do ISEP.
do mundo da Engenharia a potenciais candidatos ao ensino superior. Em 2010 lançou também a iniciativa “Conhecer Mais para Melhor
Para 2011-2012, o ISEP concentrou os Dias Abertos em cinco datas: 17
orientar”.
de novembro de 2011, 15 de março, 19 de abril, 17 de maio e 21 de
junho de 2012 e recebeu perto de 300 alunos na primeira.
Este evento, especialmente direcionado a agentes educativos – técnicos dos serviços de psicologia e orientação e professores que apoiam
Escola Secundária da Maia (com duas visitas), EB2,3/S de Mondim de
a orientação vocacional dos alunos –, teve a segunda edição em ou-
Basto, Escola Secundária/3 de Ponte de Lima, Colégio de Gaia, Escola
tubro de 2011. Para de ter sido alargado às associações de pais, a ini-
Secundária de José Régio (vila do Conde) e Escola Secundária Antó-
ciativa serviu ainda para anunciar os Dias Abertos 2011-2012.
nio nobre (Porto) foram as escolas que visitaram ao ISEP.
evenTos
LABORATÓRIO AUTOMÓVEL
DESvEnDoU o SMART ELéTRICo
Acreditando que a ligação às empresas ajuda a promover um ensino
no dia 15 de outubro, o Laboratório Automóvel desvendou oficialmen-
mais ciente do mundo real, o Departamento de Engenharia Mecâni-
te os SMART elétricos. A apresentação técnica deste veículo abordou a
ca (DEM) convidou a Sociedade Comercial C. Santos para apresentar
tecnologia Smart Electric Drive e foi complementada com um seminá-
o novo SMART elétrico. A sessão com a representante das marcas
rio sobre os desafios associados à mobilidade urbana.
Mercedes-Benz e SMART serviu para debater contributos dos veículos
elétricos para ultrapassar desafios da mobilidade urbana.
num segundo momento, os participantes puderam realizar testes de
estrada em veículos da gama SMART, tendo-se ainda habilitado a um
A mobilidade representa um dos maiores desafios da gestão urbana,
test-drive de um fim-de-semana com um SMART elétrico.
pressiona a dependência energética da maioria dos Estados e coloca várias interrogações sobre os seus impactos ambientais. Contudo, a indús-
os eventos dedicados ao público automobilístico continuaram, já em
tria automóvel tornou-se indissociável de qualquer atividade humana.
novembro, com o workshop Motorsport ISEP/PRMiniracing. Para esta
é neste contexto que os automóveis elétricos surgem como uma possí-
sessão prática, o Laboratório Automóvel trouxe ao ISEP o JUno SSE da
Team PRMiniracing, equipa vencedora do Campeonato de Portugal de
Montanha 2011.
vel resposta ao desafio da mobilidade urbana. A sua adoção é apresentada como uma alternativa mais barata e amiga do ambiente.
PERSPETIvAS DE EvoLUÇÃo EConÓMICA E oS
IMPACToS nA ENGENHARIA
o Departamento de organização e Gestão (DoG) promoveu um se-
«o empreendedorismo é a principal solução para os estudantes aqui
minário sobre as perspetivas de evolução da economia portuguesa e
presentes e para o país. Existem inúmeras oportunidades de negócio e
europeia e respetivos impactos na atividade empresarial e profissional
apoio ao investimento. o conceito de emprego para a vida terminou,
dos engenheiros, no dia 23 de novembro. Este encontro pretendeu
sendo o desafio das próximas décadas o autoemprego e o empreende-
desvendar realidades que se avizinham, no sentido de preparar a in-
dorismo», referiu o administrador da onebiz, que insistiu na necessida-
tegração dos futuros diplomados no mercado de trabalho. o adminis-
de de se promover uma cultura do risco e empreendedora.
trador da onebiz, Pedro Santos, e o gestor da Dzcount, António José,
foram os oradores convidados.
o seminário Perspetivas de Evolução Económica e os Impactos na Engenharia contou ainda com a intervenção de António José, gestor da
Pedro Santos começou por fazer uma análise da situação atual da eco-
Dzcount, que apresentou um caso prático de empreendedorismo.
nomia portuguesa e perspetivou a sua previsível evolução. o principal
enfoque da intervenção incidiu no tema do empreendedorismo, que
Este evento, aberto ao público interessado, contou com ampla parti-
tem desenvolvido juntamente com o jornalista Camilo Lourenço, na
cipação.
rúbrica “A Cor do Dinheiro”, da RTP Informação, entre outros fóruns.
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evenTos
I JORNADAS DE EnGEnhARIA DE
CoMPUTAÇÃo E InSTRUMEnTAÇÃo MéDICA
o ISEP promoveu as 1as Jornadas de Engenharia de Computação e Ins-
ma do evento incluiu, igualmente, uma sessão dedicada a diplomados
trumentação Médica, em dezembro. As Jornadas tiveram como prin-
já integrados no mercado de trabalho e que serviu para a partilha de
cipais objetivos divulgar valências associadas à licenciatura (LECIM) e
experiências relativas ao seu percurso académico e profissional. Para-
mestrado (MCIM) de Engenharia de Computação e Instrumentação
lelamente, as Jornadas promoveram ainda uma sessão de posters, que
Médica, assim como as competências dos seus diplomados. o deba-
serviu para divulgar projetos desenvolvidos por atuais alunos ao abrigo
te de temas da atualidade científica e técnica desta área foi outro dos
de estágios curriculares e dissertações de mestrado.
objetivos alcançados.
Uma nota de destaque para a ampla audiência registada, que se aproo programa das Jornadas contou com palestrantes convidados de
ximou das duas centenas de participantes, entre estudantes e docen-
algumas das empresas e instituições com as quais os cursos LECIM e
tes de várias instituições de ensino superior, e representantes de or-
MCIM têm vindo a colaborar desde a sua criação, designadamente EFA-
ganizações públicas e privadas do ramo da Saúde. Apesar de exceder
CEC, Intelligent Life Solutions, Efficientia, ULSM-hospital Pedro hispano
largamente as expectativas, este número veio confirmar o interesse e
e hospital de São João, entre outras.
potencial de uma oferta formativa ímpar e inovadora, que combina a
Engenharia com as Ciências da Saúde.
Da parte académica, registo para a apresentação de vários trabalhos
desenvolvidos por docentes do ISEP, no âmbito das suas atividades de
Face ao sucesso do evento, ficou a promessa de se organizarem as 2as Jor-
investigação e docência de unidades curriculares dos cursos. o progra-
nadas de Engenharia de Computação e Instrumentação Médica em 2012.
À CONVERSA COM...
JOSÉ
MARTINS
CARVALHO
José Martins Carvalho assume-se como um geólogo “dedicado” e acredita que a
docência o torna um profissional mais completo. Gosta de contar histórias do seu
dia-a-dia para que os alunos conheçam a realidade do trabalho de campo e admite aprender, continuamente, com a troca de experiências na sala de aula. Na secção
nobre do ISEP.BI, o professor coordenador do Departamento de Engenharia Geotécnica fala-nos da sua experiência na Federação Europeia de Geólogos – para a qual foi
nomeado, recentemente, como representante da comissão de especialistas em hidrogeologia – da realidade da engenharia geotécnica em Portugal e no mundo, e da
importância do nosso recurso mais precioso, a água e a sua preservação.
DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA GEOTÉCNICA
FEDERAÇÃO EUROPEIA DE GEÓLOGOS
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À conversa com...
isep.BI Qual a importância da sua nomeação para a Federação Euro-
megacidades, tudo caraterísticas que levam à existência de problemas
peia de Geólogos?
de conservação do ambiente. Eu julgo que os problemas de conserva-
José Martins Carvalho (J.M.C.) Julgo que esta nomeação é a conse-
ção da água talvez sejam os mais importantes. Temos de saber formar
quência da ligação estreita que venho desenvolvendo, desde há mui-
elites para atuar dentro e fora desse espaço. Esse é um dos aspetos
tos anos, com a Federação Europeia de Geólogos (FEG) e com os seus
que eu gostaria de desenvolver: formar engenheiros geotécnicos e
momentos mais marcantes. Estes anos de atividade levaram-me a pen-
outros geo-profissionais capazes de vender a tecnologia europeia no
sar que teria perfil para, agora, participar nesta comissão de especialis-
espaço mundial. outra vertente importante a nível da Comissão de hi-
tas em hidrogeologia. A FEG é uma associação europeia que represen-
drogeologia da FEG é enfatizar o papel da água na gestão do espaço
ta as associações profissionais de geólogos de toda a Europa, fundada
superficial e subterrâneo, tendo em conta os megaprojetos que se pre-
em 1980. o papel da FEG é mostrar à sociedade, à Comissão Europeia
veem num futuro próximo, particularmente a nível energético, como a
e ao Conselho Europeu, que os geólogos existem e querem ter uma
geotermia e a armazenamento de Co2 no subsolo. há ainda um outro
palavra na definição de políticas europeias relacionadas com a água
caminho que passa pela rentabilização energética e que, em Portugal
ou, de uma forma mais ampla, com o ordenamento do espaço aéreo
e Espanha, tem sido pouco dinamizado: o aproveitamento do próprio
e subterrâneo. Portanto, a grande preocupação desta federação é ter
calor da água do solo e do subsolo para aquecimento e climatização
voto nas políticas europeias, através do estabelecimento de pareceres,
(hidrogeologia energética ou geotermia de baixa temperatura). Trata-
que procuram influenciar as decisões técnicas e, sobretudo, políticas
-se de um domínio que, na Europa, tem crescido muito e que deve ser
de Bruxelas. A FEG tem sede em Bruxelas e reúne várias vezes por ano,
dinamizado nas periferias.
em diversos locais da Europa, com o objetivo de sensibilizar, mais uma
vez, as autoridades competentes. neste momento, agrega 25 países.
isep.BI A água é, sem dúvida, um tema deste século. Para dar alguns
exemplos práticos: gestão de aquíferos costeiros; geoengenharia ur-
isep.BI É a primeira vez que existe um representante português na
bana da frente ribeirinha do Douro; estudo das águas subterrâneas
Comissão Europeia?
para rega de jardins municipais, poupando água canalizada; valori-
J.M.C. no painel de especialistas em hidrogeologia é a primeira vez que
zação de águas termais... São exemplos de aplicações que ajudam à
existe um português.
preservação e sustentabilidade deste recurso?
isep.BI Considera-se um embaixador do ISEP em Portugal e no estran-
trabalhamos bastante na área da prospeção de água subterrânea,
geiro?
indústria de engarrafamento, termas e recursos geotérmicos. Por
J.M.C. Sim, como representante informal. Eu gosto de dizer que sou do
exemplo, a nível de águas para engarrafamento, neste momento, o
ISEP. Aliás, o ISEP fez o favor de me aceitar como docente e investiga-
LABCARGA está a apoiar estudos de prospeção hidrogeológica em
dor. é com prazer que digo que estou no ISEP e associo as atividades
Moçambique. nos dois últimos anos, colaborámos num projeto europeu
que faço, sempre que posso, à escola. nem sempre é fácil, mas penso
(InTERREG) ligado a novos recursos termais no norte de Portugal, Galiza
que é esse o meu papel. Tentar abrir portas.
e sul de França. Como consultor, estou ligado ao projeto geotérmico
J.M.C. no Laboratório de Cartografia e Geologia Aplicada (LABCARGA),
dos Açores e em várias atividades relacionadas com o termalismo.
isep.BI Quais serão os desafios para o futuro próximo, em termos europeus, nesta área?
isep.BI O LABCARGA é um dos grupos que se destaca na investigação
J.M.C. Existem três vertentes: água a mais, água a menos e conserva-
da área da geoengenharia em Portugal?
ção. A nível europeu, o problema da conservação é o mais grave. é uma
J.M.C. o LABCARGA está na vanguarda e tem vários artigos publica-
região do mundo com muita atividade humana, muita população, com
dos, sendo mesmo uma referência a nível nacional, com publicações
À conversa com...
em todo o mundo, nas principais revistas de impacto da especialidade.
geotécnicos têm acesso à ordem dos Engenheiros Técnicos e à ordem
Portanto, para além da nossa tarefa básica de preparar geo-profissio-
dos Engenheiros, logo, são engenheiros. Um geólogo não é um en-
nais, neste caso engenheiros geotécnicos, é preciso investigar porque
genheiro; é um cientista, um técnico e o seu órgão representativo de
há necessidade de ser competitivo a nível nacional e internacional, pri-
classe em Portugal é a Associação Portuguesa de Geólogos. Eu sou ge-
vilegiando projetos em ambiente empresarial. Além disso, articula-se
ólogo, ensino numa escola de engenharia, mas a minha formação bási-
em rede com as principais unidades de investigação do país, centros
ca não é a engenharia. no caso dos geólogos, verifica-se algum desem-
internacionais de geoengenharia e geociências e empresas que apos-
prego e algum subemprego, mas depende das épocas e da procura.
tam no papel da investigação aplicada para resolver problemas.
isep.BI Este pensamento vai ao encontro do que se faz na FEG?
isep.BI Num país em crise é difícil valorizar profissionais formados
J.M.C. Sim. na FEG, nós tentamos valorizar as atividades que os geólo-
nesta área?
gos sabem fazer. Um licenciado em Geologia não é, desde logo, só pela
J.M.C. Como todas as profissões novas, é um pouco difícil. Por exem-
sua formação académica, um geólogo. o título profissional de geólogo
plo, no ISEP temos a Engenharia Geotécnica e Geoambiente. Trata-se
não é conferido pela academia, mas sim pelas associações profissio-
de uma profissão relativamente jovem em Portugal. Aliás, a Engenharia
nais, no caso português pela FEG.
Geotécnica e a Geologia estão muito próximas. Todas estas profissões
novas têm dificuldade em impor-se. Um engenheiro geotécnico tem
dificuldade, por vezes, em demarcar-se de um engenheiro civil, de um
engenheiro geólogo ou de um engenheiro de minas. o geólogo, durante muitos anos, tinha dificuldade em distinguir-se de um engenheiro civil e de um engenheiro de minas. hoje, a confusão ainda é grande.
Todas estas profissões muito próximas pertencem ao grande grupo
do que poderíamos chamar geoengenharia, ou talvez engenharia dos
recursos naturais. Trabalhamos todos muito próximos e, no fundo, o
nosso objetivo é comum: valorizar os recursos naturais ligados à Terra e
investigar o comportamento dos terrenos para fins de engenharia; mas
há uma luta permanente de afirmação. na FEG, interessa-nos intervir
nos domínios que achamos úteis para a sociedade, e nos quais temos
competências reconhecidas, seja na regulamentação da profissão, nos
problemas de ética profissional, de deontologia ou na relação com outras profissões.
“ISEP NOS CORREDORES EUROPEUS”
isep.BI Angola e Moçambique são mercados de excelência para projetos nesta área e para os diplomados do ISEP?
J.M.C. Penso que sim. E acrescentaria no Brasil e noutros países africanos, especialmente áfrica do Sul e Malawi. Aliás, os nossos diplomados que eu tenho visto a trabalhar por lá, estão como peixe na água.
nas unidades curriculares que leciono, tenho alunos moçambicanos e
angolanos e procuro incorporar, nas aulas, exemplos que vivo nesses
países para lhes dar uma visão global da prática da profissão de um
engenheiro geotécnico.
Nota biográfica
isep.BI O que valoriza positivamente um engenheiro geotécnico por-
JOSÉ MARTINS CARvALHO
tuguês?
J.M.C. Este engenheiro geotécnico, tal como nós o “fazemos” aqui, só
Doutorado em Geociências (hidrogeologia) pela Universidade
existe, de facto, no ISEP. Mas há licenciaturas próximas, por exemplo,
de Aveiro e licenciado em Ciências Geológicas pela Universi-
em évora, Aveiro e Lisboa, mas em engenharia geológica, engenharia
dade do Porto. José Martins Carvalho é professor coordenador
mineira e geologia aplicada. A nossa é uma licenciatura de banda larga,
no Departamento de Engenharia Geotécnica. Foi o primeiro
muito virada para a exploração e gestão de recursos naturais, com uma
português a quem foi atribuído o título profissional de Euro-
forte componente, direcionada para a área das pedreiras e dos mine-
Geólogo pela Federação Europeia de Geólogos. é membro
rais industriais, bem como das escavações e fundações em solos e ro-
correspondente da ordem dos Engenheiros e da Associação
chas. Muitos alunos saem daqui e vão trabalhar para indústria extrativa
Portuguesa de Geólogos. Tem mais de 45 anos de experiência
e obras públicas. ou seja, é um curso muito específico pela sua aposta
profissional ativa (engenharia militar e empresas de geologia
ao nível das geociências aplicadas à engenharia e com competências
de engenharia, de prospeção, captação e gestão de águas sub-
particulares que o mercado tem aceitado muito bem.
terrâneas) em projetos interdisciplinares nas áreas de hidrogeologia, geotermia, hidrogeotecnia, captações e gestão ambien-
isep.BI Conclui-se, então, que Portugal é um país com futuro para os
tal de recursos hídricos subterrâneos. Coautor de mais de cem
geo-profissionais.
publicações em revistas internacionais e nacionais. é investiga-
J.M.C. Temos de fazer uma distinção. Um engenheiro geotécnico,
dor do LABCARGA|ISEP e do Centro GeoBioTec|UA. Membro da
como o ISEP forma, não é um geólogo puro. os nossos engenheiros
Comissão de Especialistas em hidrogeologia da FEG.
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14
De fora cá DenTro
MANUELA TAvARES DE SOUSA
IMPERIAL / RAR
“QUALIDADE DO
TRAbALHO ATESTOU
A COMPETêNCIA DOS
DIPLOMADOS DO ISEP”
Fundada em 1932, a Imperial tem vindo a destacar-se como o
maior fabricante nacional de chocolates e detém um conjunto de
marcas de referência no mercado português, como Regina, Jubileu, Pintarolas, Pantagruel, Allegro e Fantasias. Recentemente, a
empresa abraçou um projeto de colaboração com o ISEP, na área
de Engenharia Química. Manuela Tavares de Sousa, CEo da Imperial, está satisfeita com os resultados obtidos e admite, no futuro, a
existência de novos projetos em comum.
o trabalho desenvolvido no âmbito do mestrado do ISEP em Engenharia Química consistiu em avaliar parâmetros reológicos do chocolate,
com impacto direto na qualidade do produto final e fatores que influenciam esses mesmos parâmetros. Um projeto que permitiu, assim,
aproximar a mestranda do mundo real de trabalho. Este tipo de cooperação, salienta Manuela Tavares de Sousa, “é essencial para possibilitar
aos estudantes um contacto real com as empresas e outras instituições,
que lhes permitam conhecer e compreender os contornos das atividades profissionais, sobre as quais adquiriram noções e conhecimentos
o primeiro projeto de colaboração entre o ISEP e a Imperial já surtiu
teóricos”. “A formação completa dos estudantes passa por esta intera-
efeitos. o trabalho desenvolvido por uma aluna de mestrado em am-
ção em ambiente de trabalho empresarial, dando-lhes uma visão mais
biente empresarial “permitiu avançar em termos de know-how, rela-
integrada do funcionamento das empresas e do mercado de trabalho
tivamente ao estado da arte,” e dotou a Imperial de ferramentas im-
em geral”, alude, considerando que “a partilha de experiências e as si-
portantes que permitirão, sempre como objetivo último, “a melhoria
nergias que resultam destas colaborações, assumem-se enquanto ve-
contínua da qualidade do produto final, à disposição do consumidor”,
tores de desenvolvimento com excelentes resultados e, de facto, com
descreve a CEo da empresa. Segundo Manuela Tavares de Sousa, “a
custos pouco significativos, o que justifica a importância crescente das
qualidade do trabalho desenvolvido veio atestar a competência dos
parcerias entre empresas e instituições académicas”.
diplomados do ISEP”, revelando-se “muito positivo, quer para a aluna,
quer para a Imperial”. Por isso, acrescenta, “é natural que surja vontade,
Tendo em conta que as instituições académicas são, por excelência,
de ambas as partes, em encetar novos projetos que constituam opor-
pólos de investigação e desenvolvimento e que, por isso, o espaço
tunidades de aprendizagem, desenvolvimento e troca de experiências
académico constitui-se como local privilegiado de experimentação
entre os alunos do ISEP e os profissionais da Imperial”.
e procura de novos saberes, base de progresso e inovação, a CEo da
De fora cá DenTro
Imperial realça que “aliar o know-how das empresas aos projetos de
investigação do ensino superior, permite a convergência de conhecimentos em prol do desenvolvimento tecnológico, social e económico
do país”. Mais, reforça, “a partilha de conhecimento entre o meio científico e as empresas reveste-se de uma importância capital para reforçar
a capacidade de inovar e a competitividade das empresas. Desde o surgimento de novas ideias de negócio, ao desenvolvimento de técnicas
e metodologias mais eficientes e promotoras de melhores resultados, a
associação entre instituições de ensino e empresas traduz-se em novas
dinâmicas de atividade, indutoras de mais conhecimento para ambas
as partes e, espera-se, com reflexo muito positivo em termos de desempenho e crescimento económico”.
no âmbito da engenharia e dos seus futuros profissionais, Manuela Tavares de Sousa considera que “a agilidade intelectual e a criatividade”
são competências a ter em conta para o bom desempenho profissional. Por outro lado, “a capacidade de inovação para abordar os problemas ou desafios com que se vão deparar, neste ambiente de grande
mudança, é uma qualidade que considero fundamental para quem vai
entrar na vida profissional”. Finalmente, remata, “para se ter sucesso é
vital que, a par da aquisição contínua de conhecimento, se desenvolva
o pensamento crítico, um espírito de permanente abertura à mudança
e habilidade para lidar com novas situações”.
80 ANOS DE HISTÓRIA
10 NOVOS PRODUTOS EM 2011
De acordo com Manuela Tavares de Sousa, só em 2011 foram lançados
10 novos produtos, sendo que todos eles se destacam pela “qualidade
e sofisticação”. “Quando a Imperial pondera avançar para uma nova
A Imperial foi fundada em 1932 e tem pautado a sua atividade pela
geografia é desencadeado um processo de análise profunda das ca-
aposta permanente na inovação, na otimização das suas operações e
racterísticas culturais, económicas e sociais de cada mercado e definida
na expansão do seu negócio para novas geografias. A empresa posi-
uma estratégia de comunicação e marketing também adaptada a cada
ciona-se como o maior fabricante nacional de chocolates, comerciali-
contexto”, explica.
zando hoje as suas marcas em mais de 35 mercados, distribuídos pelos
diversos continentes. outro dos fatores que permitiu reforçar a compe-
o mercado brasileiro é disso exemplo, onde foram introduzidas pela
titividade da Imperial, de acordo com Manuela Tavares de Sousa, foi o
Imperial as amêndoas cobertas com chocolate. Em 2010, recorda a
recente investimento numa nova unidade de produção, que dotou a
CEo da Imperial, “foram lançados no Brasil dois produtos exclusivos.
fábrica de uma maior capacidade e de maior eficiência. “A utilização de
Recorrendo a um conceito unidose inovador, o Jubileu Carré permite
tecnologia de nova geração permitiu o aumento da produtividade e da
monitorizar o consumo diário de chocolate de uma forma funcional.
capacidade de resposta da fábrica, assim como o desenvolvimento de
Trata-se de um produto alinhado com as necessidades da população
produtos inovadores”, garante.
brasileira, preocupada com o impacto da nutrição na saúde e na manutenção da linha”.
o trabalho de inovação de produtos, processos e de marketing, por outro lado, tem permitido à empresa um posicionamento diferenciador
nas últimas décadas, tem-se assistido a uma evolução constante e
no mercado que é a base dos resultados alcançados. Aliás, enfatiza a
crescente ao nível das novas tecnologias, nas mais diversas áreas. Por
CEo, “apesar da forte concorrência de multinacionais no mercado por-
isso, aponta Manuela Tavares de Sousa, a resposta eficiente e compe-
tuguês, a Imperial ocupa posições cimeiras em diferentes segmentos. A
titiva das empresas aos desafios e padrões da sociedade atual “implica
marca Regina, por exemplo, é líder no segmento de frutos secos cober-
o reforço da capacidade de inovar e de responder, de forma eficaz, às
tos com chocolate. Pantagruel é a marca número um no segmento de
preferências dos consumidores”. neste sentido, “a engenharia, nas suas
chocolates de culinária, com uma quota de mercado de 33 por cento.
várias áreas de especialização, é a base da criação de novas estruturas
Já a marca Pintarolas, dirigida a um target infantil, ocupa a posição de
e processos, que fomentam o potencial criativo das empresas e lhes
marca líder no formato tubo. As Sombrinhas da Regina detêm já a se-
conferem valor acrescentado”.
gunda posição no canal impulso, na categoria de Figuras de Chocolate,
e as tabletes Regina registam a terceira posição nesse canal”.
no caso da Imperial, a consciência de que a inovação e modernização
são vetores preponderantes para um crescimento sustentado e com-
A procura permanente pelo lançamento de produtos inovadores que
petitivo, “tem permitido a manutenção de uma posição de destaque,
respondam às necessidades dos consumidores e que, simultaneamen-
enquanto maior fabricante nacional de chocolates”. “A adoção de no-
te, os surpreendam é, de facto, um dos fatores que têm conduzido ao
vas tecnologias, como as implementadas na nova unidade industrial,
crescimento sustentado da Imperial. As marcas da Imperial são dirigi-
assim como a introdução de processos, metodologias e técnicas ino-
das para diferentes públicos-alvo e para diferentes segmentos, con-
vadoras, possibilitou à Imperial aumentar a sua notoriedade e compe-
templando tabletes, bombons, drageias, figuras de chocolate, toffees,
titividade, quer ao nível interno quer externo”, conclui Manuela Tavares
entre outros.
de Sousa.
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16
DesTaQue
PRAXIS
NA LINHA DA FRENTE PARA A
CRIAÇÃO DE OPORTUNIDADES
POR TODA A EUROPA
no final de 2011, o Instituto Superior de Engenharia do
Porto deu o primeiro passo para a criação da primeira rede
Europeia de estágios e projetos académicos, o PRAXIS (European Center for Project/Internship Excellence). numa
reunião realizada no Instituto, que juntou 77 especialistas oriundos de 27 países europeus, foram apresentados
os contornos da rede que tem como objetivo primordial
aumentar o leque de opções de trabalho aos estudantes,
após o final do curso. Para além de proporcionar uma “bolsa” de projetos e estágios para os alunos de toda a Europa
(numa primeira fase da área da engenharia), o PRAXIS vai
ainda promover o contacto direto entre os estudantes e os
empregadores, potenciando oportunidades internacionais.
num mercado de trabalho cada vez mais competitivo, os empregado-
língua materna e estrangeira; conhecimentos básicos em ciências e
res consideram a experiência profissional e curricular como fator chave
tecnologias; capacidade de aprender a aprender; espírito de iniciativa
para a escolha de um candidato. Ao nível europeu, e porque, nos dias
e empreendedor, ou mesmo, sensibilidade e expressão culturais. Foi
de hoje, a carreira profissional dos jovens licenciados não se deve limi-
ainda preconizado pelo Parlamento Europeu que “os conhecimentos,
tar às fronteiras do seu país, a obtenção de conhecimentos transversais
as competências e as aptidões da mão-de-obra europeia são um fator
a várias áreas do saber é fundamental para o êxito. nesta perspetiva,
importante para a inovação, produtividade e competitividade da União
o PRAXIS assume-se como um instrumento facilitador entre os alunos
Europeia”. Assim, e perante uma realidade europeia cada vez mais defi-
das mais prestigiadas instituições de ensino da Europa e as instituições
nida, cabe às instituições de Ensino Superior preparar, da melhor forma,
que procuram jovens licenciados para o desenvolvimento de projetos
os seus alunos para um percurso globalizado. Projetos europeus como
e/ou integração em estágios.
o PRAXIS são, porventura, o caminho certo para apoiar os alunos na
construção do seu caminho europeu.
numa primeira fase, o PRAXIS será apenas centrado na área da Engenharia e contará com 44 instituições de ensino superior europeias.
na génese do PRAXIS está a vontade de aproveitar as mais-valias que
Fundamentalmente, este projeto europeu liderado por nuno Escudei-
o Processo de Bolonha trouxe ao unificar o ensino superior europeu,
ro, docente do Departamento de Engenharia Informática (DEI), tem por
usando os recursos do programa ERASMUS. nuno Escudeiro explica que
objetivo criar um centro europeu de excelência que centralize as pro-
“as unidades curriculares de projeto/estágio são particularmente rele-
postas de estágio e os recursos técnicos e educativos, para os alunos.
vantes para os cursos de engenharia. Através deste tipo de unidades,
Com um orçamento superior a um milhão de euros, a rede europeia
os alunos têm a oportunidade de aplicar as suas capacidades técnicas
estará em funcionamento já em 2013.
num ambiente próximo do mundo de trabalho, o que lhes permite desenvolver competências sociais como a capacidade de comunicação,
Tendo sempre presente o Quadro de Referência Educativo (QRE),
autoconfiança e de trabalhar em equipa, que constituem fatores chave
pretende-se que os alunos participantes neste projeto adquiram as
para a empregabilidade”. o docente do ISEP adianta que “por toda a
competências fundamentais para atuação num espaço profissio-
Europa, as instituições académicas sugerem aos alunos várias hipóteses
nal europeu e que imprimam mais-valias na sua área de trabalho. o
de projeto e estágio já adequados ao Processo de Bolonha”. no entanto,
QRE, emitido pelo Parlamento Europeu, define como competências
acrescenta, “nunca houve um esforço para que estas propostas fossem
essenciais para a aprendizagem ao longo da vida, a comunicação em
centralizadas num espaço europeu”.
DesTaQue
UMA PORTA ABERTA
PARA O EMPREgO
Para além dos proveitos académicos, nuno Escudeiro acredita que
o PRAXIS trará benefícios para os alunos no momento de entrada
para o mercado de trabalho. “os projetos disponíveis serão acompanhados de toda a informação necessária para que os alunos
possam selecionar aqueles que desenvolvam as competências
que procuram, tendo em vista os seus objetivos e o emprego que
ambicionam”.
Mas, para que o PRAXIS se constitua, efetivamente, como um
centro dinamizador de estágios, nuno Escudeiro salienta que “os
possíveis empregadores serão também membros ativos do Centro de Excelência que o PRAXIS cria e promove, podendo colocar
no mercado virtual as suas próprias propostas”. “o contacto entre
alunos e empregadores será também facilitado”, remata. Todavia,
as vantagens não se esgotam nos alunos. De acordo com nuno
Escudeiro, o facto de o PRAXIS permitir melhorar a empregabilidade dos alunos é uma vantagem competitiva para o ISEP, relativamente a outras instituições que não pertençam ao consórcio: “é
um conceito inovador a que pretendemos dar visibilidade a nível
mundial, e o facto de ser a instituição coordenadora do projeto é,
por si só, uma vantagem”. De acordo com as previsões, o PRAXIS
estará disponível para os alunos em 2013. Até lá, fica a promessa
de um trabalho constante no sentido de abrir as portas da Europa
aos engenheiros do ISEP.
A missão do PRAXIS é, precisamente, “ser reconhecido como a autori-
A CONSTRUçãO DE
UM FUTURO EUROPEU
dade mundial no campo do ensino baseado em atividades de projeto/
no dia-a-dia de trabalho, os docentes e investigadores do ISEP
estágio, através da criação e manutenção de um ambiente que pro-
esforçam-se por imprimir aos alunos do Instituto um espírito com-
mova e apoie a inovação na área, com vista à melhoria da empregabi-
petitivo saudável, que os possa conduzir à aquisição de compe-
lidade dos alunos”, explica nuno Escudeiro. na prática, os alunos, em
tências académicas e pessoais, permitindo-lhes distinguir-se na
vez de desenvolverem o seu projeto de investigação/estágio na sua
sua área de trabalho, em Portugal e no estrangeiro. Para além do
instituição de ensino, podem escolher um projeto de qualquer insti-
PRAXIS, muitos têm sido os projetos académicos e de investigação
tuição europeia dentro da rede, de forma independente, em regime
que promovem a troca de experiências entre os alunos do ISEP e
Erasmus ou através de outros formatos que, eventualmente, possam
outras congéneres europeias. Recordamos, por exemplo, o projeto
ser oferecidos aos alunos.
MUTW - Multinational Undergraduate Team Work, que terminou,
enquanto projeto co-financiado pela UE, no ano passado. Trata-
Para os alunos envolvidos, as mais-valias do PRAXIS passam, de acordo
-se de um projeto curricular, envolvendo, num mesmo grupo de
com nuno Escudeiro, pela “possibilidade de beneficiar de um mercado
trabalho, alunos de países diferentes, com o intuito de desenvolver
virtual, onde podem escolher o projeto que querem desenvolver, em
trabalhos relevantes para a comunidade. Pretendeu-se estimular
qualquer ponto da Europa, de acordo com os seus interesses particu-
as competências de comunicação e de trabalho em equipa. os re-
lares”. outra das vantagens, explica, é “a disponibilização de recursos
sultados do MUTW foram de tal forma positivos que a continuida-
técnicos e educativos relacionados com o trabalho a desenvolver e a
de da oferta deste tipo de projeto/estágio foi assegurada já para o
existência de um ponto de encontro centralizado para que, todos os
corrente ano letivo. De facto, decorre durante o segundo semestre
alunos que estejam a desenvolver projetos a nível europeu, possam
de 2011/12 a 3ª edição do MUTW que oferece a dois alunos do ISEP
explorar e discutir dúvidas que tenham com os seus pares”. Por ou-
a possibilidade de realizarem o seu projeto/estágio inseridos numa
tro lado, esclarece o docente, “o PRAXIS dá a oportunidade única aos
equipa internacional constituída por 14 alunos de sete instituições
alunos de melhorarem as competências e os conhecimentos que lhes
de ensino superior europeu. Mais informações podem ser obtidas
parecem mais úteis, sem estarem condicionados às fronteiras da sua
em www.mutw.eu.
própria instituição ou departamento”.
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18
invesTigação À Lupa
CÁTIA COSTA
A ENGENHARIA QUÍMICA AO
SERVIÇO DO MEIO AMBIENTE
Portugal é um dos grandes consumidores de agroquímicos a nível europeu. Do ponto de vista ambiental, a crescente utilização de herbicidas e pesticidas poderá acarretar consequências negativas para o meio ambiente, entre elas a contaminação de água potável. Muitos
têm sido os estudos que procuram uma solução para purificar as águas e os solos contaminados com pesticidas, de forma a evitar que os
produtos tóxicos cheguem às águas públicas, ou permaneçam no meio ambiente. Cátia Costa, aluna do mestrado em Engenharia Química,
ramo das Tecnologias de Proteção Ambiental, foi mais além: verificou que podia fazer com que os pesticidas permanecessem mais tempo
nas plantas, permitindo melhorar significativamente a sua eficácia. os benefícios: menor poluição ambiental e maior poupança económica.
o avanço tecnológico registado nas últimas décadas resultou no enor-
organismos aquáticos próximos das áreas de plantação são contami-
me aumento da produção industrial e impulsionou a economia e a ci-
nados através do escoamento superficial. A percolação de resíduos de
ência. os efeitos destes avanços foram também observados na agricul-
pesticidas no solo tem atingido também os lençóis freáticos, diminuin-
tura. Muitos produtos químicos, a maioria deles sintéticos, conhecidos
do a qualidade das águas. A necessidade de diminuir o impacto que
como pesticidas, foram desenvolvidos e aplicados na agricultura para
estes compostos causam no meio ambiente tem motivado o desen-
controlar as pragas e doenças que diminuíam a produção e aumenta-
volvimento de métodos eficazes de degradação dos agroquímicos,
vam os seus custos. no entanto, o meio ambiente tem sofrido sérias
nomeadamente baseados na utilização de processos oxidativos avan-
consequências devido ao uso indiscriminado destes agroquímicos. os
çados (PoA).
invesTigação À Lupa
UMA ALIADA PARA PROMOVER O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
Para se tornar um aliado para o ISEP na promoção de um desen-
das são muito baratas a nível industrial”. Assim que o projeto
volvimento sustentável, o trabalho de Cátia foi metódico e orien-
estiver definitivamente concluído, o passo seguinte será apre-
tado sempre para o objetivo final. A aplicação em empresas vai
sentá-lo ao tecido empresarial. Até porque, segundo a própria
levar ainda o seu tempo, tal como nos explica Cátia Costa: “Para já,
autora, “a engenharia química deve ter um papel fundamen-
vou continuar com os ensaios à toxicidade dos compostos para
tal, porque está presente em vários ramos da indústria, além
que, no final, fiquem todos os resultados bem fundamentados”.
de ser, ao mesmo tempo, uma das principais responsáveis pela
resolução de problemas de poluição”. Cátia acredita ainda que
Em relação à aplicabilidade industrial, Cátia acredita que este
a engenharia química proporciona o engenho para “encontrar
projeto é extremamente viável. A começar pelos custos, dado
formas rápidas, económicas e eficazes de alcançar objetivos”
que “as substâncias naturais usadas para encapsular os pestici-
em várias indústrias.
o projeto de dissertação de Cátia Costa desenvolvido nos laboratórios
dade e da biodisponibilidade, o aumento da estabilidade no caso de
do Centro de Inovação em Engenharia e Tecnologia Industrial (CIETI),
compostos instáveis ou fotodegradáveis, a redução do aroma desa-
no âmbito do projeto PTDC/AGR-AAM/105044/2008 financiado pela
gradável e a redução da toxicidade em sistemas vivos. De facto, os
Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), teve como objetivo ini-
ensaios realizados possibilitaram observar uma melhoria muito sig-
cial analisar a eficiência dos PoA no tratamento de efluentes contendo
nificativa da estabilidade fotoquímica dos pesticidas em estudo. Para
resíduos de pesticidas. no entanto, desde o início do trabalho que a
tempos de exposição semelhantes verificou-se em alguns casos uma
aluna do ISEP se apercebeu que a utilização destes processos originava,
diminuição em 50% da taxa de fotodegradação do pesticida microen-
em alguns casos, a obtenção de “compostos químicos, por vezes ainda
capsulado relativamente ao livre.”
mais tóxicos do que os iniciais”. Assim, Cátia Costa concluiu que “mais
importante do que degradar os pesticidas, seria conveniente arranjar
ora, tal como analisa Cátia, “tornando os pesticidas mais resistentes à
uma forma de potenciar a sua utilização aumentando a sua eficácia e
fotodegradação, estes podem permanecer mais tempo nas plantas,
diminuindo, simultaneamente, as quantidades aplicadas”.
permitindo um controlo mais eficaz e possibilitando uma redução das
quantidades aplicadas”.
Desviada do seu intuito inicial, e com a ajuda dos orientadores do projeto os docentes Jorge Garrido e Manuela Garrido, Cátia decidiu então
numa apreciação global do trabalho desenvolvido por Cátia Costa,
preparar e testar formulações de libertação controlada de pesticidas
Jorge Garrido, co-orientador da dissertação, acredita que “sendo a na-
recorrendo a técnicas de microencapsulação. A microencapsulação de
notecnologia uma das grandes inovações tecnológicas deste século,
pesticidas torna o produto mais eficaz, pois minimiza as perdas do agro-
a sua aplicação na agricultura perspectiva, como verificamos neste
tóxico por degradação, evaporação e lixiviação, além de diminuir a sua
projeto, grandes avanços na área dos agroquímicos, que permitirão,
retenção no solo. Desta forma, explica Cátia Costa, “como o pesticida
não só reduzir significativamente a quantidade de pesticidas a utilizar,
persiste mais tempo na planta, é mais eficaz, diminuindo a quantidade
mas também melhorar a qualidade de vida e ajudar a preservar o am-
de pesticidas utilizados nas plantações e a frequência na aplicação”.
biente”. os potenciais impactos ao nível da redução de consumos de
pesticidas representam, ainda, um contributo válido para a redução
Apesar de, no início, o enfoque do trabalho se centrar, fundamen-
de custos das explorações agrícolas.
talmente, na resolução do problema de poluição ambiental, Cátia
Costa mostrou ser possível minimizar esta contaminação, centrando
no final do projeto está prevista a partilha desta tecnologia para a in-
a atenção no início do processo. “A microencapsulação dos pesticidas
dústria que envolve, como parceiros, o CIETI – Centro de Inovação em
permite, em geral, obter melhorias significativas nas propriedades
Engenharia e Tecnologia Industrial do ISEP, a Universidade do Porto e
físico-químicas dos agroquímicos, tais como o aumento da solubili-
a Universidade de Santiago de Compostela.
19
20
Depois Do isep
MARINELA CHIMANHA
“ISEP É bEM ACEITE NO
MERCADO DE TRAbALHO”
Marinela Chimanha é engenheira informática, tem 38 anos e está
a trabalhar em Angola. De Portugal, guarda na memória os conhecimentos práticos que foi adquirindo ao longo do curso, mas também o apoio e a atenção que recebeu dos professores do ISEP. Por
isso, quando quis voltar ao seu país de origem, não foi com surpresa que, facilmente, encontrou emprego. “o ISEP é bem aceite no
mercado de trabalho”, explica.
A primeira «escala» foi em Lisboa. Mas, depois de visitar o Porto, de
conhecer a cidade e de se informar sobre as várias hipóteses na área
do ensino superior, soube o queria fazer. “Após as minhas pesquisas”
– revela –, “decidi que queria ser engenheira informática. Era o único
motivo que me prendia a Portugal. Caso não conseguisse entrar, voltaria para Angola”.
o ISEP foi a primeira opção na lista da candidatura e, apesar das dúvidas levantadas por amigos e conhecidos, Marinela Chimanha concorreu. “Toda
Chegou a Portugal, em 2001, com o objetivo de estudar e obter um
a gente me dizia que era difícil entrar, pois tratava-se de um curso muito
curso superior. Para trás, Marinela Chimanha deixou Lobito, cidade da
concorrido. não baixei os braços, até porque não tinha outra opção”.
província de Benguela, em Angola, onde nasceu. Antes, porém, ainda
arriscou uma breve passagem pelo Zimbabué, onde iniciou o curso
Assim, e depois de um ano a completar algumas disciplinas do 12º ano,
superior na área da informática, mas, dado trata-se de um país de ex-
na Escola Secundária Rodrigues de Freitas, Marinela Chimanha realizou
pressão inglesa e alemã, teve dificuldades na adaptação. “Acabei por
os exames nacionais e conseguiu entrar. “Coloquei tudo o que estivesse
escolher Portugal por causa da língua e por causa da cultura. Temos
relacionado com informática nas escolhas do curso. A primeira opção
muito em comum”, justifica.
foi Engenharia Informática no ISEP e entrei. Fiquei muito feliz”, recorda.
Depois Do isep
CURSO ExIgENTE
ACADEMIA CISCO
o processo de adaptação foi gradual. Primeiro, pelo grau de exigência;
Para além de trabalhar e ter como preocupação a conclusão do curso,
depois, pelos obstáculos sentidos em algumas disciplinas. “Tive muitas
Marinela ainda encontrou tempo, durante a formação, para frequen-
dificuldades na cadeira de matemática do tronco comum e confesso
tar a AcademiaCisco.ISEP. Tudo começou com a cadeira de rede de
que me passou pela cabeça desistir”, assume. valeram os amigos e os
computadores. na busca de uma vertente mais prática, e depois de
professores. “Procurei um amigo angolano que estava no terceiro ano
descobrir o gosto pela programação, Marinela decidiu inscrever-se na
de engenharia informática do ISEP. Ajudou-me bastante e aconselhou-
AcademiaCisco.ISEP. “é uma experiência ótima, pela vertente prática
-me a ser persistente. Falei também com os professores, principalmen-
que tem associada, nomeadamente através de um laboratório muito
te com o de matemática. Como não fiz o secundário em Portugal, tinha
bem equipado que existe dentro do ISEP. Foi uma mais-valia para mim
algumas lacunas na minha aprendizagem”.
ter associado a disciplina de rede à academia Cisco”, assegura.
Agora, à distância, Marinela Chimanha agradece o apoio dos professo-
A AcademiaCisco.ISEP funciona por módulos e a certificação desses
res. Apesar de ser uma escola pública, refere, “é muito personalizada”.
módulos - feita através de um exame global do curso - é reconhecida
“Senti muito apoio e, volto a referir, em especial do professor de mate-
internacionalmente. De acordo com a engenheira informática, trata-se
mática, que não se mostrou indiferente às minhas dificuldades”.
de uma certificação importante no mundo laboral. “A minha passagem
pela academia foi muito importante, porque, inclusivamente, muitas
A par da exigência do curso, a angolana teve, ainda, de se adaptar à
das coisas que ali aprendi, aplico, hoje, no meu trabalho diário”, garante.
cidade: “nunca me arrependi de vir para Portugal. Mas o Porto é muito
frio. Pouco tempo depois de ter chegado, estive um mês de cama”.
Atualmente, Marinela Chimanha está em Angola, mas visita Portugal as
vezes que pode. o filho, Arão Salomão, decidiu seguir os passos da mãe
Após ter transitado para o segundo ano do curso, houve novas mudan-
e está a frequentar o curso de Engenharia Informática do ISEP. “o Arão
ças na vida de Marinela Chimanha. o filho, menor, veio viver com ela
já estava adaptado ao sistema de ensino português e, por isso, não fa-
e, simultaneamente, começou a trabalhar. Durante dois anos, foi fun-
zia sentido levá-lo novamente para Angola. Ele também queria ficar
cionária de um estabelecimento de restauração, no campus de S. João.
e fazer a sua formação em Portugal, por isso, achei por bem deixá-lo
“Escolhi o horário pós-laboral para conseguir estudar. Por isso, saía do
ficar”. De qualquer das formas, acrescenta, “quando terminar o curso, a
trabalho e ia logo para o ISEP”, lembra.
vontade dele é regressar a Angola”. Por enquanto, a sua vida também
passa pelo ISEP.
Em 2008, Marinela concluiu o curso, com um estágio académico de
seis meses na empresa portuguesa I2S. “Motivou-me. Foi o primeiro
impacto com o mercado de trabalho. Tinha um horário, como qualquer outro colaborador, e pude acompanhar e participar em algumas
atividades”. Findo esse período, continuou em Portugal, a realizar um
estágio profissional na Inforlíder. Mas, após cinco meses, despediu-se.
“Tinha chegado a altura de partir. o meu objetivo sempre foi vir estudar
para Portugal e voltar para Angola”, afirma.
Com a formação superior em Engenharia Informática do ISEP, não
foi difícil encontrar emprego, tendo em conta a vertente prática que
encontrou no sistema de ensino promovido pelo Instituto. “não é só
fama. Pude comprovar isso mesmo quando fiz o estágio académico e,
de seguida, o estágio profissional. ou seja, não estranhei ter entrado no
mundo profissional”, garante.
Além disso, acrescenta, “a partir dessas empresas, principalmente daquela onde fiz o estágio profissional, fiquei a saber que o ISEP era bem
aceite no mercado de trabalho. Encontrei outros colegas nessa empresa que já tinham passado pelo ISEP, na área de Engenharia Informática”.
Marinela garante que voltou para Angola com três propostas, duas a
partir de uma feira de recrutamento e outra a partir da Internet. Só teve
de escolher: “Reconheço que sou proativa. Fui pesquisando, mandando currículos. Relacionava muito as empresas portuguesas do ramo da
informática que já estavam a trabalhar em Angola. Uma delas acedeu.
Ficaram à minha espera. Quando fui para lá, ainda fiz um exame prático”. Das três propostas, Marinela escolheu a empresa onde hoje continua a trabalhar, a multinacional brasileira oderbrescht.
Trata-se de uma empresa de engenharia e construção, presente em
Angola há 26 anos. hoje, nas funções que desempenha, sente que consegue pôr em prática “tudo” o que aprendeu no ISEP.
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22
A NOSSA TECNOLOGIA
Rui Abreu
E-maintenance
solutions
“minimiza quebras
na produção”
a nossa TecnoLogia
10 anos depois da entrada no mercado de trabalho, Rui Abreu
decidiu solidificar a sua formação académica e alargar horizontes.
A ideia foi lançar-se no mestrado em Engenharia Eletrotécnica Sistemas Elétricos de Energia, no Instituto Superior de Engenharia
do Porto (ISEP). Juntou os interesses do mundo empresarial com
o know-how do mundo académico e criou o “e-maintenance solutions”, um projeto inovador que serviu de base dissertação de
mestrado, que mereceu a nota final de 17 valores. Dos seus orientadores ficou a admiração pela perseverança e coragem de conciliar um projeto desta envergadura, com uma vida profissional e
familiar já consolidada.
Rui Abreu licenciou-se em engenharia eletrónica e industrial pela Universidade do Minho. há três anos, decidiu aventurar-se num mestrado
no ISEP, mas o seu objetivo primordial era que o projeto de mestrado
servisse para criar inovação na indústria. E foi bem-sucedido. A ideia de
um projeto para implementação de plataformas de e-maintenance na
indústria cimenteira foi bem recebida pelo parceiro empresarial escolhido: a Cachapuz, uma empresa sedeada em Braga, com grande abertura a projetos académico-empresariais e cujo core-business se centra
nos sistemas de pesagem industriais. Rui Abreu explica-nos que o objetivo principal do seu projeto é “minimizar os impactos negativos das
falhas no processo industrial, reduzindo, assim, custos de manutenção
e aumentando a produtividade”.
o projeto-piloto foi implementado numa unidade fabril de produção
de cimento, cliente da Cachapuz, com várias unidades “irmãs” localiza-
informações periódicas dos parâmetros normais de funcionamento e
das um pouco por todo o mundo. ou seja, o objetivo seria a criação e
de alterações ao normal funcionamento dos sistemas.
implementação de sistemas de manutenção na indústria cimenteira,
não só para a unidade mãe, mas também para todas as outras unida-
A tecnologia utilizada já existia. o projeto de Rui Abreu aproveitou-a,
des espalhadas em Portugal e no estrangeiro. o aluno de mestrado do
complementando-a: “é como um puzzle que se vai compondo e cada
ISEP explica que uma fábrica típica de cimento, em qualquer parte do
peça ajuda a próxima a ser desenvolvida”. A componente específica
mundo, tem vários componentes e pode ser “dividida” em diferentes
do projeto “E-maintenance” centrou-se na parte da manutenção, na
partes: a entrada e chegada dos materiais em bruto, a gestão, o emba-
análise das degradações e na criação de uma base de dados capaz de
lamento de produto, o carregamento de camiões com o produto final...
automatizar o processo de resposta antecipada, aos problemas na área
“Imaginemos uma área enorme com camiões em constante entrada e
da manutenção.
saída. Aquilo que procuramos é minorar alguns problemas que podem
surgir num circuito fabril, principalmente quando há unidades espalha-
Zita vale, docente do ISEP que orientou o trabalho de mestrado em
das por vários países”, explica Rui Abreu.
conjunto com Adriano Santos, explica que o problema é que em locais
inóspitos não há massa humana qualificada. Acaba por ser impossível
ter este tipo de unidades industriais de forma sustentada, porque não
SOLUçõES IMEDIATAS PARA MAIOR
PRODUTIVIDADE
há técnicos qualificados para resolver os problemas na hora, parando
a produção”. Com este sistema de manutenção, as unidades podem
funcionar e resolver automaticamente as suas falhas, sem quebras na
produção. Para além disso, ao automatizar todo o processo de manutenção, é possível reduzir os tempos de espera de entrada e saída de
Com o intuito de maximizar a qualidade dos serviços, a ideia foi desen-
veículos e aumentar a produtividade. Zita vale remata, “a manutenção
volver uma aplicação, para monitorizar peças críticas da manutenção
é um dos fatores que contribui para a produtividade. o facto de haver
do sistema industrial que emite alertas e faz uma gestão dos recursos
um sistema de manutenção remota, através do qual é possível aceder
e seus componentes, antes que o problema aconteça. Por exemplo,
a qualquer fábrica no mundo e verificar o que se está a passar, resolven-
aponta Rui Abreu, “se uma simples guilhotina de papel deixar de fun-
do o problema na hora, é, de facto, uma grande vantagem”.
cionar, pode criar congestionamento no processo, uma vez que o
cliente teria de pegar no papel, sair do camião e ir avisar alguém da
no que respeita ao investimento de implementação deste projeto, Rui
situação ocorrida. Com este sistema de monitorização permanente, a
Abreu confessa que, para uma empresa, se trata de um investimento
falha na guilhotina vai gerar um alerta que, por sua vez, dá origem a
avultado, de início, mas cujo retorno é rápido. “o facto de existir hipó-
um relatório de erros e a uma solução imediata para o problema. Essa
tese de aumento de produtividade e disponibilização de informação
informação é transmitida ao funcionário de serviço, sem que o mesmo
já sistematizada acerca do processo industrial compensa, por si só, o
tenha, necessariamente, formação especializada para a sua resolução”.
elevado investimento”. Zita vale reforça esta ideia: “Cada problema que
Assim, o que o projeto elaborado por Rui Abreu faz, é conjugar todos os
surja, mesmo que se verifique apenas num curto espaço de tempo,
dados provenientes dos sistemas autónomos instalados numa fábrica
pode significar grandes perdas em termos económicos. ou seja, ter um
e conjugá-los numa análise, em que são detetados os erros e os pontos
sistema que minimiza falhas é muito mais vantajoso e, por esta perspe-
críticos. Quando instalados, estes sistemas estão programados para dar
tiva, o retorno acaba por ser muito rápido”.
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24
a nossa TecnoLogia
A PERSEVERANçA E AMBIçãO COMO
FORçA DE ARRANqUE
Rui Abreu explica-nos que, muitas vezes, “as empresas não têm disponibilidade nem meios para produzir investigação e encontrar novos métodos de funcionamento”. E é aí, alude, “que devem entrar
as instituições de ensino superior, dispostas a colmatar essas falhas”.
Acrescenta ainda que “o facto de haver canais de comunicação abertos
ajuda a que se consiga evoluir e estar sempre atento a novas abordagens e novos projetos que vão surgindo”. Se, por um lado, as empresas
beneficiam do conhecimento importado da academia, por outro, as
escolas de ensino superior beneficiam do conhecimento adquirido nas
experiências da vida industrial real e do trabalho no terreno.
Rui Abreu foi o primeiro aluno no ISEP a terminar a dissertação de mestrado em Engenharia Eletrotécnica - Sistemas Elétricos de Energia. “o
Rui é um exemplo de aluno que nós gostávamos de ter muitas vezes,
e temos”, congratulam-se os orientadores, Zita vale e Adriano Santos.
De acordo com os docentes do ISEP, o facto de Rui Abreu ter “uma
atividade profissional há vários anos, e ter já uma maturidade ao nível
do trabalho de engenharia e aplicação real no dia-a-dia da indústria é
muito importante para iniciar um projeto como este”.
outro mérito de Rui Abreu foi, segundo os seus orientadores, uma vez
A IMPORTâNCIA DA
MULTIDISCIPLINARIDADE
avançado o projeto, “ter a capacidade de mantê-lo vivo ao longo do
tempo. é um problema que existe com os alunos, porque a vida profissional e familiar pode absorver muito tempo. o Rui sabia que o trabalho de tese era para ir fazendo todos os dias e conseguiu terminá-lo
o projeto de Rui Abreu envolve o Departamento de Engenharia Eletro-
com sucesso”.
técnica, o Centro de Investigação e Desenvolvimento de Engenharia
Mecânica (CIDEM) e o Grupo de Investigação em Engenharia do Co-
Adriano Santos não poupa elogios e conclui, “ o Rui superou tudo aqui-
nhecimento e Apoio à Decisão (GECAD). E esta “mistura” de saberes é,
lo que estávamos à espera. Ele veio valorizar a ideia dos nossos mestra-
segundo o próprio, fundamental para o sucesso do projeto. “Quando
dos. é a prova de que os nossos alunos devem entrar no mercado de
entramos no terreno e na indústria deve haver uma distância da ten-
trabalho, e só depois decidir o tipo de mestrado que querem fazer para
dência académica que leva a centralizarmo-nos num conhecimento
virem com uma postura diferente. o Rui veio demonstrar as potenciali-
muito específico. A realidade acaba por ser pluridisciplinar”. ou seja,
dades dos nossos mestrados”.
um sistema pode estar em perfeitas condições ao nível eletrotécnico,
mas se houver uma falha mecânica, acaba por não funcionar. Para Rui
Abreu, a ajuda de dois professores - Zita vale e Adriano Santos - com
conhecimentos distintos, mas complementares, foi “fundamental” e
acabou por “tornar o projeto mais rico, mais sustentado e sólido”. Para
os professores que orientaram o trabalho, “a experiência do Rui foi importantíssima. os anos que ele tem de trabalho na indústria deram-lhe
consciência da necessidade de complementar os saberes”.
UM VERDADEIRO TRABALHO gLOBAL
o projeto está a ser implementado em Portugal e, num futuro próximo,
será instalado em unidades industriais em Angola, Moçambique, áfrica do Sul e Índia. De acordo com Rui Abreu, “em cada cliente surgem
novas dificuldades”. Rui Abreu cita o caso específico do Egito, onde o
grande problema “residiu na programação das consolas, porque foi necessário usar símbolos iconográficos, em vez do alfabeto tradicional.
Por isso, foi necessário arranjar um tradutor”. Assim, “programar um
simples equipamento em laboratório, que em Portugal seria feito na
hora, no Egito tornou-se uma dificuldade enorme”, acrescenta. De acordo com o autor do trabalho, o sistema de e-maintenace pode ser adaptado a “qualquer tipo de indústria, como por exemplo, a da madeira.”
breves
empresas. Esta iniciativa incentiva a apresen-
As instalações agropecuárias necessitam
tação de ideia de negócios, propondo-se a
de energia elétrica para o funcionamento e
servir de “tubo de ensaio” para a validação do
aquecimento das instalações, contudo toda a
modelo ou conceito de negócio.
energia consumida costuma ser contratada à
rede pública. o projeto de Bruno Teixeira vem
o projeto do engenheiro informático for-
agora analisar o potencial do processo de
mado no ISEP consiste numa rede social de
estabilização anaeróbia para valorização dos
criação e partilha de wishlists. «Em 2009, para
dejetos animais na produção de biogás.
terminar a licenciatura, decidi materializar
LABORATÓRIO
AUTOMÓVEL RECEBE
NOVA VIATURA TOYOTA
Fruto do protocolo entre o ISEP e a Toyota
Caetano Portugal, o Departamento de Engenharia Mecânica (DEM) recebeu mais uma
viatura da marca nipónica para ser usada para
fins educativos.
o ISEP é a única instituição de ensino superior
em Portugal parceira do Toyota Educational
esta ideia na disciplina de projeto/estágio»,
o estudo propõe que as agropecuárias po-
comentou Luís Rocha.
dem produzir a própria energia, chegando,
em determinados casos, à autossuficiência ou
o agora mestrando do ISEP em Engenharia
mesmo a exportação de energia para a rede
Informática – Arquiteturas, Sistemas e Redes
pública. Esta solução permitiria garantir a se-
aproveitou conhecimentos adquiridos no
gurança energética das instalações, reduzir
mestrado, «ao nível de tecnologias móveis e
emissões de gases nocivos e obter um retor-
empreendedorismo» para aprimorar esta fer-
no financeiro considerável.
ramenta digital.
A MyListBox está já «a ganhar uma dimensão
tal, que está a atrair parceiros bem conhecidos no mercado», acrescentou.
Program (TEP). Este programa disponibiliza
viaturas para que os estudantes possam apreender processos, através de uma metodologia prática hands-on.
o objetivo é possibilitar a execução de ope-
BARCHETTA ACELEROU
EM BRAgA
rações em viaturas reais, designadamente
operações de desmontagem e montagem e
o estudo de todos os componentes técnicos.
A Barchetta 00 esteve em desenvolvimento
A ligação entre o ISEP e a Toyota Caetano Por-
no circuito vasco Sameiro, durante todo o
tugal iniciou-se em 1995 e espelha a confian-
mês de agosto. Contando com o apoio do KIB/
ça depositada pela representante das marcas
CAM e com o piloto Pedro Matos ao volante,
Toyota e Lexus na qualidade da formação ofe-
a equipa aproveitou bem as características da
recida pelo Instituto Superior de Engenharia
pista bracarense.
do Porto.
o primeiro modelo de teste esteve, este verão,
Se, por um lado, o ISEP recebe equipamento
em exposição no Circuito da Boavista, seguin-
de elevado valor didático e a Toyota promove
do-se os primeiros testes dinâmicos em Braga.
a prospeção de jovens talentos, e quem mais
beneficia são os futuros diplomados, que usufruem de uma formação com condições ímpares de aprendizagem.
MYLISTBOx NA FINAL DO
8º POLIEMPREENDE
VIABILIDADE DE
CENTRAIS DE MICROgERAçãO NO SETOR DA
AgROPECUÁRIA
«Apesar das exigentes condições climatéricas,
o ISEP é uma escola de saber aplicado, que
Ainda de acordo com o mentor do projeto,
foi possível rodar sem problemas mecânicos e
recolher informações úteis para a evolução dinâmica do carro», apontou o docente do DEM,
Luís Miranda Torres.
tem procurado parcerias para o desenvolvi-
«foram testados alguns setups, que permiti-
o projeto MyListBox, de Luís Rocha, venceu
mento de projetos de mestrado em ambien-
ram melhorar o comportamento do carro e re-
a fase regional norte e é finalista do 8º Con-
te académico-empresarial. Um exemplo é a
gistar tempos muito próximos de 1 minuto e
curso Poliempreende – Projetos de vocação
dissertação de Bruno Teixeira, desenvolvida
40 segundos por volta». Atualmente o tempo
Empresarial. o estudante vítor Soares e o
com a Magnetic Fields para o mestrado em
por volta é inferior a 1 minuto e 34 segundos.
professor José Santos, ambos da área de En-
Engenharia Eletrotécnica – Sistemas Elétricos
genharia Eletrotécnica, classificaram-se em 3º
de Energia.
mação de viaturas.
os resultados verificados e a boa margem de
progressão deixaram a equipa satisfeita e oti-
lugar da fase regional com o projeto Transfor“Análise da viabilidade Económica da Imple-
mista quanto à fase da sua homologação para
mentação de uma Central de Micro-geração
provas de velocidade.
o Poliempreende é um concurso de empre-
no Sector da Agropecuária” estuda a valori-
endedorismo, promovido pelos institutos
zação energética do biogás produzido por
o responsável pelo projeto espera inaugurar
politécnicos, com vista a apoiar a criação de
afluentes agropecuários.
um troféu, já a partir da próxima temporada.
25
26
breves
do litoral galego, analisou os riscos costeiros
o projeto aborda esferas da saúde pública –
derivados da possível subida do nível do mar
informação das características nutricionais e
e apontou para um potencial agravamento
dos problemas de contaminação por poluen-
dos processos de erosão. o estudo identifi-
tes aos consumidores –, analíticas – desen-
cou ainda a movimentação de blocos que
volvimento de biossensores – e ambientais
estavam estabilizados, revelando um grande
– monitorização do ambiente marinho.
dinamismo na costa galega.
Liderado pelo GRAQ, o estudo conta com a
IMPACTO DAS ÁgUAS
PLUVIAIS NA REDE DE
SANEAMENTO
Susana Barreto defendeu recentemente o
projeto “Impacto da Infiltração e Afluência de
águas Pluviais na Rede de Saneamento”. o
estudo desenvolvido no âmbito do mestrado
em Tecnologia e Gestão das Construção foi
destacado pela empresa águas de Gondomar,
dada a sua orientação prática, aplicabilidade e
forte componente ambiental.
A afluência de caudais excedentes aos sistemas de saneamento provoca a redução da
eficiência nas ETAR, inundações urbanas, o aumento dos custos de operação de manutenção das infraestruturas e respetiva deteriora-
Como instrumento-chave os investigadores
participação do Centro de Investigação Ma-
do LABCARGA concetualizaram uma área
rinha e Ambiental (CIIMAR), universidades do
de Dinâmica Litoral, que delimita zonas de
Porto e de Coimbra e da Rede de Química e
risco a médio e longo prazo e constitui um
Tecnologia – Laboratório Associado para a
elemento crucial para preservar a segurança
Química verde (REQUIMTE), sendo financiado
das populações.
pela Fundação para a Ciência e Tecnologia
(FCT).
o projeto foi coordenado por helder Chaminé (LABCARGA) e pelo geógrafo Augusto
Pérez Alberti (Universidade de Santiago de
Compostela). A participação do ISEP contou
ainda com os contributos das investigadoras
Ana Pires, Catarina Rodrigues e Liliana Freitas.
os resultados finais do estudo financiado pelo
Ministério do Meio Ambiente, Território e Infraestruturas espanhol foram apresentados na
britânica ICE’s 7th Conference on Coastal Man-
agement, tendo recebido o prémio de melhor
comunicação.
ção, aumentando ainda os riscos ambientais.
o projeto de Susana Barreto pretendeu avaliar
os impactos das águas pluviais na rede de saneamento e sistematizar potenciais soluções.
A mestre ISEP quantificou caudais excedentes,
identificou subsistemas críticos e apresentou
técnicas de deteção e reparação, abrindo caminho à implementação das ações de acompanhamento e controlo dos caudais.
A engenheira civil tornou-se na primeira mestre do curso do Departamento de Engenharia
do Civil (DEC), tendo sido avaliada com a classificação final de 17 valores. «Um trabalho brilhante», segundo Rui Camposinhos, docente
do DEC e presidente do júri da prova.
ESTUDO LABCARgA
ALERTA PARA EROSãO
COSTEIRA NA gALIZA
“Estudo da Erosão Costeira na Costa da Galí-
AVALIAR A
SEgURANçA
ALIMENTAR DOS
CEFALÓPODES
CISTER INICIA qUATRO
NOVOS PROJETOS DE
INVESTIgAçãO DE
PONTA
o CISTER submeteu seis candidaturas de
projetos de investigação à FCT. Três foram
classificadas com “excelente” e serão alvo de
financiamento. Todos os novos projetos do
CISTER incidem nas competitivas áreas da
Considerando a importância das espécies
Computação e Engenharia Eletrotécnica e de
marinhas na dieta humana e o facto de os
Computadores.
cefalópodes (polvo, lula, choco,...) serem das
espécies mais apreciadas pelos consumidores
portugueses, o Grupo de Reação e Análises
Químicas (GRAQ) decidiu estudar os benefícios e potenciais riscos do seu consumo.
cia”, elaborado pelo Laboratório de Cartografia
e Geologia Aplicada em parceria com a Uni-
Este projeto na área da segurança alimentar –
versidade de Santiago de Compostela, alerta
uma das especialidades do GRAQ –, pretende
para os níveis de erosão detetados e insta uma
analisar os potenciais impactos do aumento
maior ponderação na planificação urbanística
de metais pesados e de hidrocarbonetos
para evitar problemas futuros.
aromáticos policíclicos (PAh) – compostos
os projetos REGAIn (Real-time scheduling on
general purpose graphics processor units);
SMARTS (Slack Management in hierarchical
Real-Time Systems) e SMARTSKIn (Densely
Instrumented Physical Infrastructures) representam um total de financiamento próximo
dos 450 mil euros para o ISEP e serão orientados por Björn Andersson, Stefan Petters e
Eduardo Tovar, respetivamente.
poluentes com propriedades mutagénicas e
o CISTER participará igualmente num projeto
o projeto CartGalicia, desenvolvido no âmbi-
carcinogénicas – na água do mar e nos cefa-
aprovado em parceria com as universidades
to da elaboração do Plano de ordenamento
lópodes.
do do Porto e do Minho: o AvIACC (Analysis
breves
APRESENTAçãO DE
RESULTADOS DO
PROJETO PULTREFICAZ
na prova do Estoril, a ISEP Race Engineering
te do centro de investigação do ISEP, igualan-
o ISEP apresentou os resultados finais do Pul-
meta. Contudo, uma penalização de 30 se-
do as classificações alcançadas nos últimos
trEficaz. o principal destaque vai para o suces-
gundos traduziu-se na descida para 14º lugar.
dois anos.
so do projeto, já que os principais objetivos
and verification of Critical Concurrent Programs). Miguel Pinho coordena os pacotes de
trabalho a cargo do ISEP.
Esta é uma taxa de aceitação notável por par-
foram amplamente conseguidos.
partiu da quinta posição na primeira manga,
tendo conseguido recuperar um lugar. Feito
o aquecimento, a equipa do ISEP impôs-se na
segunda manga sendo a primeira a cruzar a
na terceira e decisiva manga, os estudantes
do DEM deram estão mostras da sua com-
Financiado pela Agência de Inovação (Adi), o
petência e resiliência, arrancando da sétima
PultrEficaz – Projeto de otimização da Eficiên-
posição para fazer a volta mais rápida do fim-
cia do Processo de Pultrusão assentou numa
-de-semana e vencer com uma boa margem.
parceria entre o ISEP, a Universidade do Porto
e a empresa ALTo, Perfis Pultrudidos, com
no geral, a ISEP Race Engineering alcançou o
vista a aumentar a eficiência energética e am-
segundo lugar geral no Estoril, estando agora
biental do processo de pultrusão.
de olhos postos no pódio do campeonato.
Para tal, definiu indicadores de eco-eficiência,
que permitissem aumentar a flexibilidade
produtiva industrial, com vista à valorização
material dos resíduos gerados pelo processo
e à redução dos consumos energéticos.
A cerimónia de apresentação dos resultados
finais decorreu na EXPonoR e incluiu dois seminários e um período de debate.
MOBILIDADE
INTELIgENTE
Ana Meira Castro, docente do Departamento
de Matemática, foi a responsável pelos trabalhos no ISEP.
o Departamento de Matemática (DMA) está a
trabalhar num projeto que procura responder
ao desafio de dotar os robôs de uma mobilidade inteligente e adaptativa. Uma potencial
aplicação passa pelas tecnologias usadas em
membros artificiais, contribuindo para a mobilidade, autonomia e reabilitação de pessoas
MESTRANDA EM
ENgENHARIA CIVIL
RECEBE PRÉMIO SIKA
com membros amputados.
Lançada em 2010, “Geração de Trajetórias em
Tempo Real de Robôs Quadrúpedes Usando
Sistemas Dinâmicos”, pretende desenvolver
um modelo gerador de padrões de locomoção para robôs quadrúpedes. o objetivo é
permitir que robôs lidem com ambientes desconhecidos, sendo capazes de gerar, adaptar e controlar autonomamente o complexo
ISEP RACE ENgINEERINg
MOSTRA A SUA gARRA
NO ESTORIL
Joana Almeida, licenciada pelo ISEP onde se
encontra a frequentar o mestrado em Engenharia Civil, conquistou a primeira edição do
Prémio Sika: Soluções Técnicas e Responsabilidade Social. Destinado a finalistas e recém-licenciados em engenharia civil e Arquite-
A ISEP Race Engineering aproximou-se do pó-
tura, o concurso da SIKA Portugal pretendia
dio do Troféu Challenge Desafio Único, após
alavancar a reabilitação de edifícios de insti-
«Aborda-se o problema do desenvolvimento
a prova no Autódromo do Estoril. Esta com-
tuições particulares de solidariedade social.
de uma arquitetura de controlador de malha
petição entre equipas do ensino superior é
fechada, inspirada no modelo funcional de
aberta a estudantes com um gosto especial
Competindo contra 36 concorrentes oriundos
sistemas motores biológicos, que podem ge-
pelo automobilismo.
dos institutos politécnicos de Coimbra e Leiria
comportamento locomotor.
e das universidades do Porto, Minho, Técnica
rar e adaptar, em tempo real, os movimentos
locomotores», de acordo com a docente do
A equipa do ISEP – ISEP Race Engineering –
de Lisboa, Fernando Pessoa e Lusófona, o
DMA, Carla Pinto.
é composta por estudantes de Engenharia
projeto de Joana Almeida incidiu na reabilita-
Mecânica Automóvel, com idades entre os
ção do edifício da Associação nun’álvares de
o sistema desenvolvido, em parceria com a
18 e 24 anos de idade. A equipa orientada
Campanhã.
Universidade do Minho, será implementado e
pelo professor Luís Miranda Torres, aproveita
testado em robôs reais (como um AIBo) e em
valências do Laboratório Automóvel e conta
A proposta surgiu na sequência da unidade
ambiente simulado.
com o patrocínio da empresa Gianfranco.
curricular de Conservação e Reabilitação de Edi-
27
28
breves
fícios, lecionada por Rui Pessanha Taborda, sen-
ficas avançadas para a classificação automá-
o perfil do utilizador. o estudo analisou so-
do eleito como a melhor solução do concurso.
tica de dados e propõe o recurso a este tipo
luções existentes ao nível de sistemas de re-
de sistemas.
comendação de televisão e desenvolveu dois
o júri constituído por personalidades de re-
algoritmos baseados em técnicas de filtragem
levo na área da reabilitação, incluindo vasco
«Ao aplicar os métodos de imagens termo-
colaborativa e de conteúdos, para operacio-
Freitas (Universidade do Porto), Grandão Lo-
gráficas, abrem-se novas perspetivas para os
nalizar uma classificação personalizada.
pes (Laboratório nacional de Engenharia Ci-
sistemas de vigilância em ambientes onde as
vil) e Cristina Machado (ordem dos Engenhei-
câmaras tradicionais não apresentam o de-
o conjunto de recomendações obtidas é
ros), destacou mesmo a qualidade do projeto.
sempenho adequado», aponta Paula viana,
apresentado através da interação com uma
que coorientou a dissertação, juntamente
aplicação web, o que vem permitir a integra-
com Pedro Carvalho.
ção de todos os componentes do sistema.
oportunidade de acompanhar de perto a exe-
As câmaras termográficas são capazes de ga-
Este trabalho enquadra-se numa área de in-
cução do seu projeto de modernização das
rantir a distinção de objetos (como uma pessoa
vestigação que tem despertado o interesse
instalações da IPSS de Campanhã.
e um carro); diferenciam sujeitos (pessoas dis-
da comunidade científica, dado o potencial
tintas); e asseguram a monitorização contínua
de aplicação ao nível do setor de distribuição
do sujeito pretendido de forma automática.
de conteúdos audiovisuais.
Além da atribuição de um estágio remunerado na SIKA, Joana Almeida terá agora a
Este prémio é mais um contributo que atesta
a qualidade e responsabilidade social da formação ISEP.
o projeto, desenvolvido em parceria com a
empresa Strong Segurança e o InESC Porto,
deverá agora ser implementado num sistema
móvel de vigilância.
SABER APLICADO
LEVA ISEP AO JÚRI
DO EEPA 2012
A ENgENHARIA
qUE TORNA OS
AMBIENTES MAIS
SEgUROS
SISTEMAS DE
RECOMENDAçãO E
PERSONALIZAçãO
DA TV
outro projeto do mestrado em Engenharia
Ana viana, docente do Departamento de Engenharia Eletrotécnica, integra o júri internacional do Euro Excellence in Practice Award
2012 (EEPA 2012). o convite vem reconhecer
a experiência e elevada competência técnica
em investigação aplicada de Ana viana – perfil que é imagem de marca do ISEP.
Eletrotécnica e de Computadores avança uma
proposta que permite aos operadores de tele-
«A investigação aplicada é, sem dúvida, o mo-
visão orientar o leque de programação para o
tor para a inovação na indústria e serviços e
perfil dos clientes. o trabalho de Márcio Soares
um fator de competitividade para as empre-
Dissertação do mestrado em Engenharia Ele-
propõe uma solução que melhora a persona-
sas que incorporam resultados desta investi-
trotécnica e de Computadores propõe a utili-
lização do serviço, aumentando a sua quali-
gação», refere Ana viana.
zação de câmaras termográficas nos sistemas
dade para o cliente e rentabiliza as grelhas de
de videovigilância. Esta solução, desenvolvida
programas, fortalecendo a fidelização.
em ambiente académico-empresarial, reforça
Este prémio científico distingue trabalhos de
investigação aplicada de elevada qualidade.
a eficácia dos sistemas e contribui para garan-
Com a expansão da televisão digital o espe-
Além do reconhecimento de excelência na
tir ambientes mais seguros.
tador é confrontado com um maior número
área de investigação operacional, os traba-
de opções disponíveis, o que pode dificultar
lhos devem demonstrar ainda um forte im-
Tem crescido o uso de sistemas de videovigi-
a escolha do programa a visionar. Sobrecar-
pacto na área para que foram desenvolvidos.
lância, mas o registo de imagens é vulnerável
regados com informação, muitos espetado-
às condições ambientais, como o nível de
res tendem a efetuar zapping entre diversos
o júri do EEPA 2012 é composto pela profes-
luminosidade, chuva, nevoeiro ou mesmo o
canais ou resignam-se a assistir sempre aos
sora do DEE, juntamente com Michel Bierlaire
fumo a poderem dificultar uma monitoriza-
mesmos programas.
(école Polytechnique Fédérale de Lausanne,
ção contínua.
Suiça), Luca Maria Gambardella (IDSIA Lugao projeto agora desenvolvido no DEE de-
no, Suiça), Gautier Stauffer (Université Borde-
Para ultrapassar este fenómeno, o trabalho da
senvolveu uma aplicação que melhora a re-
aux, França) e Richard hartl (Universität Wien,
mestre Tânia Zhu analisou técnicas termográ-
comendação de programas orientados para
áustria)
provas De DouToramenTo
FENOMENOLOgIA E MODELAçãO
DA AçãO DE BARREIRAS REATIVAS
PERMEÁVEIS DE FERRO ELEMENTAR
MICROgRANULADO SOBRE A ÁgUA
CONTAMINADA COM CRÓMIO (VI)
As barreiras reativas permeáveis são uma solução tecnológica à remediação
de aquíferos contaminados com poluentes de diferente origem e natureza.
Embora o ferro elementar seja o material mais utilizado para enchimento
das barreiras como agente remediador, e o Cr(vI) esteja entre os contaminantes mais relevantes nos que se aplica esta técnica, ainda existem algumas lacunas referentes ao processo químico e suas implicações. neste
trabalho foi estudado o processo de remediação de soluções de Cr(vI) com
FE(0) com o objetivo de cobrir algumas dessas lacunas e, desta forma, dar
indicações das suas implicações no dimensionamento das barreiras.
Foram ensaiados diferentes tipos de ferro para determinar a sua eficácia na remoção do Cr(vI) em função de parâmetros como a temperatura, a concentração inicial, o ph, etc..., e verificou-se a existência de
camadas de passivação na superfície de algumas partículas de ferro,
que afetavam substancialmente a cinética do processo.
A aproximação homogénea clássica à cinética do processo foi contrastada com uma aproximação heterogénea, que foi considerada como
mais adequada e ajustada. Foi, assim, proposto o valor de 2/3 como a
ordem da reação.
Foram conduzidos ensaios para a determinação da evolução temporal da granulometria do ferro em contacto com soluções aquosas de
CR(vI) de forma a obter dados que serviram de base para ajustar modelos cinéticos heterogéneos. os modelos propostos são o “shrinking
particle” e o “shrinking core”.
Foi estabelecido que a existência de diferentes tipos de camadas superficiais de alteração provoca diferentes comportamentos nas partículas
e, em consequência, seguem de forma mais acentuada apenas um dos
modelos cinéticos propostos: para partículas sem camada de alteração,
um modelo “shrinking particle” ajusta-se melhor; para partículas com camada de alteração, ajustam-se melhor a modelos tipo “shrinking core”.
Foram também analisados os precipitados, comprovando-se que existem vários tipos, o que indica que para além da formação de precipitados pode existir outros processos como co-precipitação, e que estes
estão ligados também à existência da camada de passivação.
Por último, foram determinados parâmetros cinéticos para diferentes
cenários que podem dar indicações no dimensionamento das barreiras.
Nome
António vega y de La Fuente
Área Científica
Engenharia do Ambiente
Orientador
Professor doutor António Manuel Antunes Fiúza (UP)
Professora doutora Cristina Delerue Matos (ISEP)
Instituição de Ensino
Universidade do Porto
Data da Prova
Dezembro 2011
29
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provas De DouToramenTo
CAPACIDADE ANTIOxIDANTE DE
BEBIDAS AROMATIZADAS:
ÁgUAS E CHÁS
HIDROgEOMORFOLOgIA E
SUSTENTABILIDADE DE RECURSOS
HÍDRICOS SUBTERRâNEOS
A produção contínua de radicais livres, durante os processos metabó-
A água subterrânea de rochas duras é uma fonte importante para fins
licos, é compensada pelos mecanismos de defesa antioxidante. Estes
domésticos, industriais e agrícolas e mesmo para o consumo humano.
visam eliminar ou reduzir os níveis destes radicais nas células e, assim,
proteger o organismo dos seus efeitos pejorativos.
A hidrogeomorfologia é um domínio interdisciplinar emergente, que
estuda as relações entre as unidades geomorfológicas, as unidades hi-
os alimentos (fruta, chá, legumes) são uma boa fonte exógena de an-
drogeológicas e o regime das águas subterrâneas de uma dada região.
tioxidantes. Aproveitando o facto de estes alimentos representarem
A compreensão do papel da geomorfologia aplicada é essencial para
uma boa fonte exógena de antioxidantes, são constantemente lan-
avaliar de forma rigorosa os sistemas hidrogeológicos e os recursos hí-
çados no mercado novos produtos, sendo a água com sabores um
dricos subterrâneos.
exemplo. As águas com sabores são baseadas na adição de aromas e
de sumos de fruta à água natural.
Foi criada, em ambiente SIG, uma base de geodados, essencialmente
derivada da deteção remota, da cartografia e do trabalho de campo.
Esta base de dados, organizada em diferentes níveis de informação,
inclui uma avaliação principalmente focalizada no uso do solo, climatologia, declives, geologia, geomorfologia e hidrogeologia.
os setores em estudo (Caldas da Cavaca, Termas de Entre-os-Rios,
águas de Arouca e águas do Alardo) estão localizados em sistemas hidrogeológicos predominantemente constituídos por rochas graníticas.
A interligação entre os parâmetros geomorfológicos, hidrológicos e
hidrogeológicos dos sistemas de água subterrânea “normal” e hidromineral, destaca a importância de uma cartografia aplicada e duma
modelação conceptual hidrogeomorfológica.
Além disso, contribuirá para um melhor apoio à decisão na gestão
sustentável dos recursos hídricos, com implicações no ordenamento
o trabalho de doutoramento, intitulado “Capacidade antioxidante de
territorial e engenharia.
bebidas aromatizadas: águas e chás”, defendido a 25 de Julho de 2011,
na Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto, especialidade em
Química Analítica, e realizado no Grupo de Reação e Análises Químicas
(GRAQ) do ISEP, em parceria com a Faculdade de Farmácia da UP sob
orientação da professora Maria Beatriz Prior Pinto oliveira, visou, essencialmente, no desenvolvimento de métodos analíticos alternativos,
baseados em biossensores de ADn para a determinação da capacidade
antioxidante destas bebidas.
Pretendeu-se assim melhorar o conhecimento acerca da composição
química e antioxidante e fazer uma valorização deste tipo de bebida,
do qual o consumidor não tem nenhum tipo de conhecimento sobre
o seu efeito na saúde.
Nome
Maria de Fátima de Sá Barroso
Nome
José Augusto Alves Teixeira
Área Científica
Ciências Farmacêuticas, especialidade em Química Analítica
Área Científica
Geociências (hidrogeologia, Cartografia e Geomorfologia Aplicada)
Orientador
Professora doutora Maria Beatriz Prior Pinto oliveira (UP)
Orientador
Professor doutor Fernando Rocha (UA)
Professor doutor helder I. Chaminé (ISEP)
Instituição de Ensino
Universidade do Porto
Data da Prova
Julho 2011
Instituição de Ensino
Universidade de Aveiro | Universidade do Porto
Data da Prova
Dezembro 2011
provas De DouToramenTo
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