A crise no Sistema Colonial A crise do antigo sistema colonial nas
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A crise no Sistema Colonial A crise do antigo sistema colonial nas
3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra TEXTO BASE: A crise no Sistema Colonial A crise do antigo sistema colonial nas Américas foi um processo desencadeado na segunda metade do século XVIII e intensificado no início do século XIX – provocando a ruptura entre metrópoles e colônias e favorecendo à nova lógica econômica baseada no capitalismo e no liberalismo econômico. Segundo Novais1, as estruturas do antigo sistema colonial era seguido por todas as metrópoles em suas colônias. Isto é, não havia um modelo de sistema colonial para cada metrópole, distintamente, mas sim, uma estrutura comum a todas. A maioria das características que permeavam o sistema de exploração colonial eram comuns às metrópoles europeias em suas relações com suas colônias e nas próprias relações entre estas metrópoles. Compartilhando similaridades que conduziam a uma relação de domínio políticoeconômico e que tinham como base o Pacto-colonial, que atrelava a uma dependência comercial das colônias em relação as suas metrópoles, ao mesmo tempo que utilizavam como base do sistema produtivo a mão de obra escrava. Assim sendo, seguindo a abordagem de Novais, podemos afirmar o antigo sistema colonial, embora admitisse variações, particularidades ligadas à duração e a determinadas localidades, tinha essencialmente como base: 1. A dominação política das colônias; 2. O monopólio comercial por parte das metrópoles sobre as colônias. 3. A exploração sistemática da mão de obra escrava como base da cadeia produtiva nas colônias. No entanto, o próprio sistema colonial, trazia consigo contradições que ajudariam a compor, mais à frente, fatores que contribuiriam para o quadro de sua desestruturação. Haja vista que, em primeira análise, para que os países europeus passassem a não só explorar, como também, exercer 1 NOVAIS, Fernando. Estrutura e Dinâmica do Antigo Sistema Colonial (séculos XVI-XVIII). Cadernos CEBRAP. São Paulo: Ed. Brasiliense, n. 17, 1974. 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra domínio sobre as terras a serem exploradas, era necessário ocupa-las. Neste sentido, a ocupação (colonização) não somente marcaria a suposta “posse” das terras frentes às demais nações europeias, como também estabelecia domínio sobre a população nativa, formando assim, uma classe de pessoas que, naturalmente, passariam a formar uma estrutura social própria, ainda que vinculadas e dependentes da metrópole - mas aptas a formarem suas próprias elites. Esta característica, a longo prazo, iria provocar atritos de interesses entre metrópoles e colônias, favorecendo o enfraquecimento entre as relações caracterizadas pelo Pacto-Colonial, principalmente, a partir do século XVIII – uma vez que as metrópoles perceberam a necessidade de desenvolvimento das colônias para promover seu próprio desenvolvimento - em uma tentativa de otimizar o sistema exploratório e que tinha como consequência direta, o reforço e agravamento da opressão metropolitana. No entanto, cabe frisar, analisando o contexto geral do antigo sistema colonial, que estes “atritos” entre as elites metropolitanas e as elites coloniais nem sempre se davam pelas mesmas pautas, frequências e intensidades a todas as metrópoles e colônias. Isto é, não houve uma mesma igualdade e intensidade de ações nas relações metrópoles/colônias ao que diz respeito às relações entre suas elites. Assim sendo, ao considerarmos este fator de formação das elites coloniais, é necessário que compreendamos a dinâmica particular de cada colônia em relação à sua metrópole para só então analisarmos de que forma e intensidade este possível “atrito” influenciou no processo de crise como um todo. Mas, ao mesmo tempo, buscando compreender que a crise do antigo sistema colonial não foi um processo restrito de cada metrópole em relação à sua colônia. Isto é, não foi algo isolado e particular em que havia uma crise para cada metrópole e colônia. Do contrário, podemos identificar a crise do antigo sistema colonial como algo sistêmico – que influenciou estruturalmente o conjunto das metrópoles e colônias, embora admitisse determinadas dinâmicas e diferenças já existentes entre suas relações. 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra A partir deste primeiro entendimento, é necessário compreender que além do desenvolvimento (comercial e econômico) das colônias e das diferenças de interesses existentes entre as metrópoles e as elites colônias, outros fatores também contribuíram para a crise do antigo sistema colonial. Isto é, a crise, enquanto fenômeno sistêmico, não partiu somente da colônia para a metrópole, mas encontrou fatores também no contexto inverso. Assim sendo, podemos citar como principais fatores que ajudaram a instalar a crise do sistema colonial: O Iluminismo – Trazendo valores de liberdades civis: liberalismo político e econômico e a contestação da ordem em vigor; A Revolução Francesa – Contestação do absolutismo monárquico e reivindicação da igualdade civil e jurídica; A Revolução Industrial iniciada na Inglaterra – Trazendo nova lógica econômica e produtiva – abandono da mão de obra escrava pelo trabalho assalariado e busca de novos mercados pela Inglaterra; As economias de Portugal e Espanha – que passaram a depender cada vez mais das colônias americanas; Era Napoleônica (Guerras Ibéricas) – Que favoreceram a incapacidade de governo das metrópoles sobre as colônias quando da ocupação napoleônica. A influência da Independência das treze colônias inglesas na América – Servindo como modelo a ser seguido pelas colônias americanas; Insatisfação das colônias frente ao domínio das metrópoles – Fomentando revoltas e insurreições que contestavam os altos impostos das metrópoles frente aos baixos investimentos das Coroas. 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra Maior desenvolvimento socioeconômico dos colonos frente às metrópoles – Motivando maior aporte nas reivindicações. Interesse das elites coloniais em estender seus poderes – criando severas oposições entre metrópoles e colônias. Observado os termos descritos acima, podemos analisar a crise do antigo sistema colonial como a eclosão de um conjunto de fatores internos e externos que enfraqueceram o domínio metropolitano sobre as colônias, incentivados por ideais liberais característicos do iluminismo e relacionados diretamente a uma profunda crise política e econômica do Estados Nacionais europeus. Ainda, cabe ressaltar o papel das revoluções ocorridas desde o século XVII (Revoluções Inglesas) e século XVIII (Revolução Francesa / Revolução Industrial) que ajudaram a compor o quadro político-econômico das metrópoles europeias. Segundo Mota e Novais: Na segunda metade do século XVIII, impulsionados pelos mecanismos estruturais da formação do capitalismo moderno, as tensões sociais agravaram-se na Europa e nas colônias do Novo Mundo, e o encaminhamento político dessas tensões levou, de um lado, ao reformismo da Ilustração e, de outro, às tentativas revolucionárias. A partir da independência dos estados Unidos, agudizam-se as tensões e acelera-se o processo, para atingir na revolução Francesa o seu ponto mais fundo de radicalização; ao mês o tempo, estabilizando-se no Consulado, o movimento revolucionário tornar-se-ia expansionista, atingindo Portugal (aliado da Inglaterra, que procurava conter esse expansionismo) em 1807. Reformas, insurreições e guerras internacionais pertencem pois ao mesmo complexo processo de ruptura do Antigo regime e do nascimento da sociedade burguesa e contemporânea. 2 2 MOTA, Carlos Guilherme e NOVAIS, Fernando A.. A independência política do Brasil. São Paulo: Moderna, 1986. p. 16. 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra Ao consideramos a questão das contestações e revoltas por parte das colônias das Américas, atentamos para dois modelos primordiais – a Independência das Treze colônias inglesas na América do Norte (em 1776) e a luta pela independência do Haiti ou Ilha de São Domingos, colônia francesa, (em 1791) – que serviram como modelos de novas contestações por parte de colonos nas Américas portuguesa e espanhola, observando, as claras distinções existentes entre os E.U.A. e o Haiti. Ao considerarmos aspectos econômicos internas à Europa, observamos o gradual abandono do sistema mercantilista pelo capitalismo industrial. A Inglaterra (que já havia vivenciado a Revolução Industrial), se contrapunha aos monopólios característicos do Antigo Regime, representados pelo mercantilismo e pelo Pacto-Colonial, buscando comungar dos ideais revolucionários do liberalismo político e econômico, passou a buscar novos mercados consumidores para escoar sua produção, ao mesmo tempo em que abandonara (há algum tempo) o emprego da mão de obra escrava – pressionando outros países a fazê-lo (observar também os valores de liberdade da Revolução Francesa, transcritos nos Direitos Universais) – uma vez que se buscava aumentar o mercado consumidor. 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra PROCESSOS DE INDEPENDÊNCIAS NA AMÉRICA ESPANHOLA DIVISÃO ADMINISTRATIVA DAS COLÔNIAS ESPANHOLAS A América espanhola estava dividida em: 04 vice-reinados: - Vice-Reinado da Nova Espanha (México); - Vice-Reinado da Nova Granada (Colômbia, Equador, Panamá); - Vice-Reinado do Peru (Peru, parte do atual Chile, atual Acre/Brasil); - Vice-Reinado do Rio da Prata (Argentina, Uruguai, Paraguai, Bolívia); 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra 04 capitanias: - Capitania Geral de Cuba (Cuba, parte de São Domingos, Porto Rico) - Capitania Geral da Guatemala (Guatemala, Honduras, El Salvador, Nicarágua, Costa Rica) - Capitania Geral da Venezuela - Capitania Geral do Chile O processo de independência da América espanhola se deu de forma conjuntural, motivados por aspectos gerais (já vistos), mas conduzidos pelas especificidades de cada região em seu processo emancipatório. Dentre os aspectos gerais mencionados anteriormente, ao que concerne às questões internas às colônias, destacam-se duas: A difusão dos ideais liberais e a Ambição das elites coloniais. Ideais Liberais – A elite colonial da América espanhola, chamados de Criollos, eram os grandes comerciantes, grandes proprietários de terras e donos das minas de extração de minérios que descendiam de espanhóis, mas que haviam nascido nas colônias. Estas elites, detinham o poder econômico nas colônias e, frequentemente, destinavam à seus filhos o estudo nas metrópoles. Estes, formavam-se na Europa e retornavam às colônias ora para dar continuidade aos negócios da família, ora para exercer suas formações (advogados, médicos, demais profissionais liberais). Mas, influenciados pelo espectro revolucionário que rondava a Europa no período, buscavam implantar os valores liberais nas colônias – contrapondo-se ao absolutismo e ao próprio controle metropolitano. Ambição das elites coloniais – observando as vantagens do liberalismo político e econômico, as elites locais viram nas lutas por independência a 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra oportunidade de se livrarem do julgo das metrópoles, possibilitando maior poder e controle por parte dessas elites sobre os territórios coloniais. Além disso, o monopólio comercial exercido pelas metrópoles sobre as colônias, obrigava as elites a pagarem altos impostos, além de não conseguirem ocupar os altos postos na administração colonial – controlada em sua maioria, pelos Chapetones – pessoas que eram nascidas na Espanha e que eram encarregadas por administrar os negócios das colônias para a Coroa Espanhola. Além disso, a manufatura era dificultada pela metrópole em relação às colônias – de modo a impedir a concorrência dos produtos coloniais frente aos produzidos nas metrópoles. OBSERVAÇÃO: A participação nos processos revolucionários nas colônias espanholas por parte da população se deu por uma variedade de interesses – distintos pelas camadas que delas participavam. Embora para os Criollos os interesses se pautavam no maior controle e poder sobre a colônia, para os mestiços e negros (população pobre), a independência significava a possibilidade de obtenção de direitos e melhorias das condições sociais. Aproveitando-se da fragilidade do governo espanhol que havia sido substituído quando da invasão das tropas napoleônicas (1807) os colonos iniciaram o século XIX com os processos de independências – uma vez que as tropas espanholas estavam combatendo os franceses na 5ª Coligação. México (1810-1821) Principais líderes: Miguel Idalgo e José Morelos (revolução popular até 1815). 3º BIMESTRE - 2015 Disciplina: História Série: 2º Ano Professor: Otto Terra Gen. Agostinho Itúrbide (elite política – lutou contra revolucionários e deu um golpe sobre o governo espanhol na colônia proclamando-se Imperador – seria deposto por republicanos em 1823). - América do Sul Principais líderes: San Martín (atuação na parte sul e central da América do Sul, considerado libertador do Chile, Argentina e Peru) e Simón Bolivar (atuando na parte norte da América do Sul, considerado libertador da Bolívia, Venezuela, Colômbia, Equador e Peru - juntamente com San Martín) – ambos líderes militares. Lideranças populares: Hidalgo e Morelos (México) José Gabriel Condorcanqui – “Tupac Amaru” - nome de origem inca (Peru)
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