Remédios em excesso - Paraiba

Transcrição

Remédios em excesso - Paraiba
ISSN 2358-2340
Setembro/2014
Nº 07 - ANO II
www.associacaomedicapb.com
Remédios
em excesso
A interação medicamentosa pode
agravar ou provocar enfermidades
Pag. 18
O que é importante
saber sobre
dermatite atópica?
Pag. 6
A caixa preta
da Medicina
Pag. 8
A saúde e o álcool motivam
avaliações por cientistas
em várias partes do mundo
Pag. 22
Canabidiol gera debate
sobre a liberação do uso
em tratamentos médicos
Pag. 36
Clóvis Beltrão, o grande professor
Associação Médica da Paraíba
Entrevista: Romildo Montenegro, um dos fundadores da Unicred-JP
1
2
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Prezado leitor,
A Revista da AMPB, em sua sétima edição vem, novamente, recheada
de assuntos atualizados e palpitantes, por uma única razão: satisfazer os
anseios dos nossos patrocinadores, que querem ver as suas divulgações em
todos os rincões do nosso estado.
Destacamos alguns artigos como Progressos no Tratamento do Câncer
com “micro RNA “, o Uso do Canabinol ( derivado da maconha ) como
medicamento, os Mitos e Verdades Sobre o Efeito do álcool na saúde,
tendo como vilão, o vinho, além de duas importantes entrevistas: uma com
o decano da Anestesiologia da Paraíba, Dr. Clovis Beltrão e outra com o
Dr. Romildo Montenegro, o responsável maior pelo sucesso e solidez da
UNICRED.
Destacam-se também matérias relacionadas com a Dermatite Atópica,
com o Tabagismo, e com o Uso Indiscriminado de medicamentos. Como
reconhecimento por uma vida dedicada à Neurologia Pediátrica do Brasil,
dedicamos esta edição ao Pioneiro da Neuropediatria, o inesquecível Dr.
Jairo Rodrigues Valle.
Por fim, mais vantagens para quem é sócio da AMPB,é que foi firmado
convênio com os hotéis Cabo Branco Atlântico e Pipa Atlântico oferecendo
oportunidades de lazer a preços reduzidos.
Antes de agradecer aos autores dos selecionados artigos aqui
apresentados, voltamos a lembrar, que a Revista é mais um espaço para
que os colegas médicos e demais profissionais da saúde possam expressar
suas experiências e novos conhecimentos de interesse para nossa saúde.
Para finalizar deixamos dois segredos: Desvendar os Mistérios da “Caixa
Preta” da Saúde e Descobrir as belezas de um passeio pelo Chile.
Boa leitura!
Roosevelt C. Wanderley
Editor
Associação Médica da Paraíba
3
ÍNDICE
Tempos de mudança
18
Conselho Editorial:
Joaquim Paiva Martins
Marcus A. Sodré
Roosevelt C. Wanderley (Editor)
Débora Eugênia Braga Nóbrega Cavalcanti
Luciana Trindade
Jefferson Carvalho Martins
Na prescrição dos
remédios, médico
deve estar atento à
possível interação de
medicamentos
06
08
10
16
20
4
Em destaque
Caixa preta da saúde: a central de
denúncias
Diálogo com o médico
Pelo Brasil
Teste do olhinho
28
30
32
Entrevista
Romildo Montenegro, presidente
do Conselho de Administração da
Unicred fala sobre a evolução da
cooperativa
Artigos
Entendendo a dependência
tabágica
22
A saúde e o álcool
24
O que é preciso saber sobre dermatite atópica
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Presidente: Fábio Antônio da Rocha Souza
Vice-presidente: Otávio Sérgio Lopes
Secretário geral: Wilberto Silva Trigueiro
1º Secretário: José Alberto Campos Júnior
Tesoureiro: Jefferson Carvalho Martins
1º Tesoureira: Maria das Neves Guedes
Cavalcanti Bezerra
Arte e Cultura: Joaquim Paiva Martins
Departamento de Convênios: Luciana Cavalcante Trindade
Departamento Científico: Marcus Alexandre
Sodré
Defesa Profissional: Cláudio Orestes Britto
Filho
Departamento Social e de Marketing: Débora Eugênia Braga Nóbrega Cavalcanti
Diretor de Informática: Roosevelt de Carvalho Wanderley
Diretor de Patrimônio: Márcio de Holanda
Guerra
Diretor de Ações Institucionais de Saúde
Púbica: Francisca Estrela Dantas Maroja
Consultor de Marketing: Carlos Trigueiro
36
39
História para contar
Clóvis Beltrão, o pioneiro da anestesia
na Paraíba
Vida Social
Médico destacado com honraria
De malas prontas
São Paulo e Chile são boas opções
de passeio
Visão Científica
Endereço para contato:
Associação Médica da Paraíba
Av. Camilo de Holanda, 821
Centro - João Pessoa –PB
A Revista AMPB é uma publicação trimestral
da Associação Médica da Paraíba.
@Copyright – Associação Médica da
Paraíba –
Todos os direitos reservados à AMPB
www.associacaomedicapb.com
PRODUÇÃO EDITORIAL
SUPERMÍDIA PRODUÇÃO
Parque Solon de Lucena ,
nº 530,sala 402, Centro
João Pessoa-PB
Canabidiol: contra ou a favor?
CEP 58013-130 | Tele: (83) 3512-5111
O que é o micro RNA?
Diretor: Victor Castro D. de Almeida
Coordenação Editorial: Naná Garcez
Corrigindo
Fotógrafo: Olenildo Nascimento
O cargo correto do Dr. Alexandre Magno é presidente
da Unimed-JP e não superintendente como foi colocado.
Contato comercial: Thiago Xavier
Diagramação: Thiago Gomes
Publicidade: [email protected]
Impressão: Gráfica Moura Ramos
Tiragem: 3.000 exemplares
Associação Médica da Paraíba
5
Sabe o que é a
Caixa-preta da saúde?
E
m março deste ano, a
Associação Médica Brasileira
(AMB),
Sociedades
de
Especialidade, Associações
Médicas Regionais e outros
parceiros lançaram o Caixa Preta
da Saúde, um espaço colaborativo,
na internet, com a “finalidade
receber e compilar denúncias do
caos em que se encontra a saúde
no Brasil”. Embora, desde 1988, o
Sistema Único de Saúde (SUS), pela
Constituição, deva assegurar aos
brasileiros assistência gratuita e
universal para questões de saúde,
os pacientes ficam anos na fila de
espera para cirurgias e exames.
Não há infraestrutura e faltam
medicamentos e até materiais
básicos para atender a população.
Segundo
as
informações
divulgadas
no
evento
de
lançamento, o SUS desativou quase
42 mil leitos nos últimos sete anos
Ranking: mais de 3.200
denúncias em
cinco meses
O site Caixa-Preta da Saúde
possui um ranking de estados e
municípios que recebem o maior
número de denúncias. Até o mês
de agosto, São Paulo está na frente,
com 1.096 denúncias, seguido de
Minas Gerais, com 343; Bahia, com
335; Rio de Janeiro, com 311 e
em quinto lugar se encontra o Rio
Grande do Sul, com 171 denúncias.
A Paraíba está em 14º lugar, com
45 denúncias registradas.
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AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
e o Ministério da Saúde deixou
de utilizar R$ 17 bilhões em 2012,
no setor, afirmando que não tem
recursos para investir em melhorias.
Assim, a Associação Médica
Brasileira (AMB), junto às Sociedades
de Especialidade, Associações
Médicas Regionais e parceiros,
decidirammapear os problemas
da saúde pública do Brasil e
estimular a população a denunciar
as condições encontradas nos
hospitais, postos de atendimento e
demais unidades de saúde.
De fácil utilização, basta clicar
no mapa e enviar a denúncia. A
equipe do projeto caixa-preta da
saúde fará a análise do material
e, após esta análise, a denúncia
entrará na web. A AMB e parceiros
não
pretendem
resolver
os
problemas do setor somente com
o Caixa-Preta da Saúde, mas sim
mostrá-los como realmente são,
dando voz aos que mais precisam
– os usuários do sistema público
de saúde. “Nosso interesse maior
é mostrar a realidade do que está
acontecendo no país. Em postos
de saúde, hospitais, UPAs (Unidades
de Pronto-Atendimento)”, disse
o presidente da AMB, Florentino
Cardoso. “Queremos possibilitar
que a população do país inteiro se
manifeste”, completou, na época.
Quem fizer uso do site CaixaPreta da Saúde, no entanto, deve ler
o termo de uso e cessão de direitos,
para estar ciente das normas
estabelecidas para a sua utilização,
para
envio
de
informações,
reclamações, sugestões, fotos,
vídeos, etc, relativas às situações
vivenciadas. O usuário vai declarar
dados pessoais verdadeiros, pois
informações falsas ou de terceiros
sujeitará a pessoa a penalidades
legais.
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Associação Médica da Paraíba
7
Diálogo com o médico
Nossa sede própria:
um sonho e uma realidade
que começa a ser construída
E
m outubro de 2007, quando
assumi a presidência deste
sindicato junto com uma
diretoria experiente, no
momento que sentei na
cadeira
de
presidente
da nossa sede alugada em frente
à UNICRED/JP, um dos primeiros
pensamentos que me veio à
cabeça era porque ainda não
tínhamos uma sede própria?
Mas naquele momento o desafio
era outro, resgatar o sentimento
de importância que o SIMEDPB
tem a frente da nossa categoria,
obstáculos que foram enfrentados
por todos os presidentes e diretorias
que já passaram por nossa entidade.
Trazido para o movimento sindical
com muita honra pelo meu amigo
pessoal Dr. José Demir, presidente
do SIMEDPB, em 2003/2006, em que
muito espelho nas horas difíceis de
encarar a tão difícil missão.
O sonho da sede própria
já começara na sua gestão e
tenho certeza que na dos que lhe
antecederam também. Enfim, toda
entidade tem que ter sua sede
própria e hoje o SIMEDPB dá mais um
grande passo para esta conquista,
que não é mérito de um presidente
ou de uma diretoria, mas, sim, de
um quadro social que contribui,
mensalmente, para que possamos
ter um sindicato forte. Nosso lema
sempre será “SINDICATO FORTE SÓ
COM VOCE SINDICALIZADO”.
Em 2012 conseguimos adquirir
o terreno para construção da
sede, o local é estratégico, já que
fisicamente irá unir as três maiores
entidades
representativas
da
categoria
médica:
SINDICATO,
CONSELHO E ASSOCIAÇÃO.
Sem dúvida alguma, mais do
que nunca, estas três entidades
terão uma missão grandiosa: a de
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AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
evitar que nossa profissão continue
sendo aviltada pelas grandes mídias
que, na maioria das vezes, estão a
serviço dos governos de plantão.
Não queremos o confronto, pelo
contrário, sempre buscaremos o
diálogo para resolver as diferenças
de opiniões sobre os males que
afligem a saúde da população e as
condições de trabalho da profissão
médica.
A realidade que se inicia este
ano, com a construção da nossa
sede própria, mostra que estamos
no caminho certo, trabalhamos
com os pés no chão e sem vaidade.
O mais importante é que todos os
médicos compreendam que, para
termos um sindicato forte, é preciso
participar e contribuir de todas as
formas, não só financeiramente,
mas, principalmente fortalecendo a
união de toda a categoria. Porque,
quando dois ou mais sonham juntos,
esse sonho tem grande chance de
se tornar realidade.
Agradeço em nome desta
diretoria “Avançando na União da
Categoria Médica”o apoio de todos
que confiaram em nosso trabalho e
conclamamos para o médico que
ainda não é sócio a se sindicalizar
e desfrutar dos benefícios de serem
sócios. Mais informações acesse
nosso site:www.simedpb.org.br
Feliz Dia do Médico e que
São Lucas continue nos guiando
na nossa missão e que DEUS, na
sua infinita bondade, continue
protegendo os médicos, médicas e
as nossas famílias.
Médico Forte,
só sindicalizado!
associe-se ao siMed/PB
Fortaleça seu sindicato e tenha benefícios, como
assessoria contábil e jurídica, além de outras vantagens.
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Atenciosamente,
Av. Camilo de Holanda, nº 821
João Pessoa/PB
Telefone: (83) 8832 8278
Tarcísio Campos Saraiva
de Andrade
Presidente do SIMEDPB
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ASSOCIATIVISMO
AMPB
Unida em defesa dos médicos,
elege nova diretoria
Quando assumiu a Associação
Médica da Paraíba (AMPB), o
patologista Fábio Rocha buscou
dar um novo ritmo à entidade,
num processo de recuperação
administrativa,
estabelecendo
uma gestão compartilhada. Outro
importante ponto foi o apoio à luta
pela valorização da classe médica,
inclusive, no tocante à garantia de
melhor remuneração salarial, além
de atrair cursos de pós-graduação,
ministrados na sede da entidade.
“Conseguimos tornar a AMPB
menos dependente financeiramente,
buscando caminhos para ter a sua
autonomia financeira. Participamos
ativamente do momento nacional,
discutindo situações que determinam
um verdadeiro massacre da classe
médica pelo governo federal e pelos
convênios. A luta por uma carreira
de Estado para os médicos é uma
realidade. A quebra do cartel das
operadoras de saúde do País também
gratifica os dirigentes médicos”,
afirma o médico acrescentando que
tem convicção que a nova diretoria
fará muito pela classe.
O dermatologista Otávio Sérgio
Lopes, eleito presidente da AMPB,
assume com a disposição de resgatar
a credibilidade da entidade frente aos
médicos paraibanos e a sociedade a
partir de um plano de metas que será
perseguido e cita como exemplo, a
política de valorização profissional,
a oferta de serviços aos associados
como escritório jurídico, cursos
de educação continuada e pósgraduações stricto e lato sensu.
Segundo
ele,
o
médico
paraibano vive, talvez, a pior fase
da vida profissional, pois está inserido
no contexto de graves problemas
no sistema de saúde pública e
suplementar, enfrenta sucessivas
perdas políticas como a lei do
Ato Médico, que foi aletrada pela
presidente Dilma, o Mais Médicos,
o excesso de escolas médicas, a
intransigência dos entes de governo
federal, estadual e municipal em
abrir um canal de diálogo com as
entidades.
Fabio Rocha destaca a gestão
participativa que realizou com
os demais diretores
Otávio Sergio pretende fazer
uma administração com
serviços para o sócio
“A uma luz no fim do túnel é a
união de todas entidades médicas,
com o propósito de levantar a
autoestima dos nossos colegas e
resgatá-los para uma participação
firme
em
nossas
entidades”,
observa o médico que entende
ser a atribuição maior da AMPB a
educação médica, assim como
a política de honorários na saúde
suplementar. Mas, essas ações
passam pela participação dos
associados. “Pedimos aos colegas
que venham participar conosco e
construamos juntos uma entidade
forte e de credibilidade”, conclui.
Associação Médica da Paraíba
9
Teste do Olhinho
O exame é simples,
rápido e indolor, fazendo
a identificação de um
reflexo vermelho, que
aparece quando um
feixe de luz ilumina
o olho do bebê. O
fenômeno é semelhante
ao
observado
nas
fotografias. Para ver o
reflexo o eixo óptico deve
estar livre, sem obstáculo
à entrada e à saída de
luz pela pupila. O teste
detecta a alteração que
causa obstrução no eixo
visual, como catarata,
glaucoma
congênito
e outros problemas. A
identificação
precoce
permite o tratamento
no tempo certo e o
desenvolvimento normal.
Desde junho de 2010, o
pagamento do “Teste
do Olhinho” pelos planos
de saúde é obrigatório,
segundo
decidiu
a
Agência Nacional de
Saúde Suplementar (ANS)
Imagem: prefeitura-itaborai.blogspot.com
PELO BRASIL
http://www.sbp.com.br/show_item2.cfm?id_categoria=17&id_
detalhe=1728&tipo=D
Cartilhas
educativas
Febre Reumática,
também
A Sociedade Brasileira
de Reumatologia
desenvolveu cartilhas
com orientações
especializadas que
refletem o parecer de
suas Comissões. Uma
delas trata da Artrite
Psoriásica. A psoríase
caracteriza-se pelo
aparecimento de
lesões avermelhadas,
escamosas,
que acometem
principalmente joelhos,
cotovelos e couro
cabeludo, mas podem
surgir em qualquer
parte do corpo.
Alguns lembretes são
recomendados aos
pacientes: respeite o
limite de sua dor, evite
carregar muito peso,
realize suas atividades
com boa postura;
divida as tarefas não
realizando tudo de
uma vez, faça sempre
suas atividades,
lembrando-se de
conservar energia
para a próxima
A Febre Reumática é uma
doença inflamatória que
pode comprometer as
articulações, o coração,
o cérebro e a pele de
crianças de 5 a 15 anos.
É uma reação a uma
infecção de garganta por
uma bactéria conhecida
como estreptococo. A
infecção é caracterizada
clinicamente por febre,
dor de garganta,
caroços no pescoço
(gânglios aumentados)
e vermelhidão intensa,
pontos vermelhos
ou placas de pus na
garganta. A criança,
geralmente maior de
três anos de idade,
poderá apresentar
a infecção como
qualquer outra criança
e, geralmente, de uma
a duas semanas depois
começa a se queixar
da Febre Reumática.
O risco dela sofrer o
comprometimento do
coração aumenta na
medida em que outros
surtos ocorrem. Assim,
tarefa, proteja suas
articulações do esforço
desnecessário; não
fique por muito tempo
na mesma posição,
movimente-se e; por
fim, não fique acima do
peso ideal.
Fonte :http://www.reumatologia.com.br/PDFs/Cartilha_Artrite_
Psoriasica.pdf
10
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
o agravamento deste
comprometimento, pode
levar à cirurgia para
troca da valva cardíaca.
A cada surto novo de
Febre Reumática o
coração irá piorar.
Fonte: http://www.reumatologia.com.br/PDFs/Cartilha_Febre_
Reumatica.pdf
Associação Médica da Paraíba
11
Alimentos x diálise
A Sociedade Brasileira de Nefrologia oferece orientações
nutricionais à pessoa que faz diálise, a partir de uma alimentação saudável “planejada com
alimentos de todos os tipos, de
procedência conhecida, preferencialmente natural, preparada de forma a preservar o valor
nutritivo e os aspectos sensoriais”.
Os alimentos devem ser aqueles
que a família tem o hábito de
comer, em quantidade e qualidade para suprir as necessidades nutricionais e calóricas. Para
pessoas que fazem diálise, a
correta alimentação interfere no
tratamento dialítico.Quando os
rins não funcionam, substâncias
como potássio, fósforo, uréia, só-
dio e água vão se acumulando
no sangue. A maior quantidade
destas substâncias causa problemas como fraqueza nas pernas,
diminuição do crescimento, palidez da pele, coceira no corpo
todo, cansaço fácil, inchaço e
diminuição da urina. A diálise
ajuda muito, mas não trabalha
como o rim saudável. Então, não
dá para tirar o excesso desses
nutrientes A alimentação fornece os nutrientes em quantidades
adequadas para manter um
bom estado nutricional. É recomendável conversar com o médico para saber como estão os
exames de sangue e depois falar
com o nutricionista para obter
uma orientação nutricional.
http://sbn.org.br/publico/orientacoes-nutricionais
Como saber?
Algumas pessoas se indagam
como saber se têm risco de
ter doença renal crônica.
Perguntas básicas ajudam
a encontrar a resposta. São
elas: Você é diabético?
Tem pressão alta? É obeso
(a)? Sua mãe, pai, irmão(s)
ou irmã(s) têm ou tiveram
insuficiência renal? Algum
médico já lhe disse que você
tem proteinúria? Responder
sim
a
alguma
dessas
perguntas indica risco de
ter doença renal e o melhor
caminho é procurar o
médico de sua confiança,
fazer o exame de urina com
dosagem da creatinina no
sangue. Caso tenha doença
renal, o tratamento deve
ser iniciado imediatamente,
para
manter
os
rins
funcionando.
http://sbn.org.br/informacoes-doenca-renal
Como saber?
Esquecer de cuidar dos pés com as
temperaturas baixas é comum, porém
os descuidos facilitam a descamação,
o ressecamento e as fissuras, que
contribuem para a incidência
de
doenças
dermatológicas,
como micoses (frieiras e doenças
das unhas), machucados com
infecções secundárias por bactérias
(piodermites) e calosidades por
traumas ou doenças virais, com
episódios de sangramentos. Quadros
graves podem ocorrer em diabéticos
ou
portadores
de
hanseníase,
paralisias dos membros inferiores ou
com dificuldades de locomoção. Por
isso, a Sociedade Brasileira de Cirurgia
Dermatológica recomenda:
1)
Hidratação
adequada:
é importante o uso de cremes
para manter a maciez dos pés –
preferencialmente após o banho;
2) Exame minucioso da planta
dos pés: devem ser realizados pelo
paciente, por um familiar ou um
especialista;
3)
Calçados
e
meias
apropriados: para que não
machuque ou agrave lesões préexistentes nos pés.
Calçados
apertados ou que mantenham
grau de umidade e temperatura
mais altos que o recomendável
podem induzir a problemas
infecciosos;
4) Corte aprimorado das unhas.
.Saiba mais em: http://www.sbcd.org.br/noticia/2599
12
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Associação Médica da Paraíba
13
ENTREVISTA
Romildo Montenegro
Presidente do Conselho de
Administração da UNICRED/JP
Por Naná Garcez
Unicred JP é uma das
maiores cooperativa
de crédito do país
‘‘Eu lembro que
quando a gente
procurava um
colega, se dizia
que médico não
sabe administrar
dinheiro, que não
ia dar certo...”
14
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Fundada há 21 anos,
entidade tem 10.500
cooperados e está em
expansão. O cardiologista
Romildo Montenegro é um
dos seus fundadores.
Ele foi do conselho fiscal, da
comissão de crédito, exerceu
a diretoria executiva. Agora,
é presidente do Conselho de
Administração, que define
a estratégia de atuação da
entidade.
O conselho se reúne
todo mês para analisar
os resultados, as ações,
a carteira de crédito e
inadimplência.
O médico formou-se em
1977, na UFPB.Depois fez
residência e especialização
em São Paulo. Ao voltar, em
1982, montou o consultório
e passou a trabalhar no
Hospital Universitário, com
exames não invasivos,
teste ergométrico e perícia
médica.
Como foi a formação da
Unicred-JP? A Unicred é de 1989,
mas começou a funcionar mesmo
em 1993, que foi quando o Banco
Central liberou para funcionar.
Quando abrimos, ela tinha apenas
27 cooperados, mas três eram
funcionários da Unimed de João
Pessoa e como não eram médicos, o
Banco Central não aceitou, porque
tinha que ser uma cooperativa
específica da especialidade, dos
médicos. Na realidade, começamos
mesmo a funcionar a 1993, mas, em
1990, já estava constituída. Hoje,
temos 10.500 cooperados e a área
de atuação vai de João Pessoa até
a Alagoa Grande, ou seja, vamos
do Litoral e até Brejo, no limite de
Alagoa Grande, porque, de Alagoa
Grande até Campina Grande já é
área da Unicred Campina Grande.
Unicred tem. Temos taxas excelentes
e isso atrai muito.
O que é preciso para ser
cooperado? É preciso ser indicado
por outro cooperado. Depois, tem
que passar por uma análise, ver se
tem o trabalho direito, ver se não
tem pendência na Serasa e se a
parte para o cadastro. Recolhemos
todos os documentos necessários e
levamos para reunião no Conselho
de Administração, onde é liberado
o ingresso. Agora, a pessoa tem que
fazer um aporte, que pode ser de
R$ 770,00 por mês. Esse é o r mínimo,
podendo chegar a um valor mais
elevado de R$ 2.000,00, R$ 3.000,00,
porque as pessoas sabem que o
capital aqui é bem remunerado e
tem um retorno importante.
A nossa conta
corrente é
remunerada,
através de nossas
sobras, porque a
gente sabe que é
um dinheiro que não
tem custo”
A carteira de operações
financeiras é diversificada? Sim.
Temos previdência privada, LDC,
pode
fazer
aplicações
com
restituições importantes. A nossa
sobra é devolvida. A nossa conta
corrente é remunerada, através de
nossas sobras, porque a gente sabe
que é um dinheiro que não tem custo,
então, a gente remunera. E, isso já
chegou até duas vezes a caderneta
Mas, atualmente, a Unicred-JP
aceita pessoas que não são mais da
especialidade médica? É, em 2001,
foi quando comecei como gestor
e existia um projeto para tornar a
cooperativa aberta. Então, levamos
para a assembleia, foi aprovado e
abrimos para a área de Odontologia.
Em 2002, quando levamos o nosso
resultado para assembleia ,como
aumentou bem com a Odontologia
e se abriu para toda a área de
saúde. Depois, em 2009, fizemos a
solicitação para o Banco Central
para fazer uma cooperativa de livre
admissão e o Banco Central liberou.
Assim, a Unicred-JP, foi a primeira
das Unicreds de uma capital a ser
aberta para todas as pessoas que se
quiser admitir.
Quais são, então, as outras
categorias? Temos engenheiros,
temos um trabalho importante na
área da Justiça, com os magistrados,
advogados,
promotores,
desembargadores. Visitamos todos
os tribunais e estamos trabalhando
em todos eles, principalmente
com o empréstimo consignado. A
Unicred João Pessoa tem uma boa
fatia do mercado de empréstimo
consignado, por conta dos tribunais
e da Universidade Federal da
Paraíba.
Quais os serviços financeiros
prestados? Tudo o que uma
instituição financeira tem, nós temos.
Financiamos Toda a parte de
residência, consultórios, reformas, a
Associação Médica da Paraíba
15
ENTREVISTA
de poupança. Isso cria um grau
de satisfação enorme perante
os cooperados. É por isso que os
cooperados ficam ansiosos pela
assembleia do final do ano, porque
sabem que vai ter uma distribuição
de sobras muito importante e que
vai remunerar todos os produtos
que têm aplicados na Unicred João
Pessoa.
Quantas unidades tem a rede
de atendimento para saques e
outros serviços? Temos a sede, no
bairro da Torre, uma agência muito
confortável no Mag Shopping e que
já está pequena. Por conta disso,
estamos construindo uma agência
Como é o atendimento no
interior do Estado? Temos um
escritório em Guarabira e alugamos
uma sala no shopping de Guarabira,
que, em outubro/ novembro
estará pronto. Nessa área ficará a
Unicred JP, Casa da Cidadania,
Lojas Americanas e Supermercado
Bonanza. É um shopping com
uma praça da alimentação muito
grande e numa parceria com o sr.
Ivanildo, da Guaraves, vamos atuar
em Guarabira. Ele cedeu uma área
fora do shopping para a gente fazer
uma reunião com empresários,
jantar com todos os empresários da
cidade e cidades vizinhas, porque
os habitantes das cidades próximas
Aqui, pelo
menos 70% dos
cooperados, se
conhece um a
um, pois se eu não
conheço, outro
conselheiro ou
diretor conhece’’
e a Caixa econômica, que são
milhões de conta, isso é difícil. Aqui,
pelo menos 70% dos cooperados,
se conhece um a um, pois se eu
não conheço, outro conselheiro ou
diretor conhece.
Romildo Montenegro já está aposentado como médico do Hospital Universitário
no Retão de Manaíra, que ser a
Agência Praia, que vai ter perto de
90 vagas no estacionamento. Ali em
Manaíra tem um movimento muito
grande de construtoras, consultórios,
clínicas, comércio, lojas da Edison
Ramalho, que trabalham com a
gente. Em 2015, vamos inaugurar
essa agência. Temos no Hospital da
Unimed e no Hospital Universitário
e vamos começar a construir uma
agência, no Campus Universitário
na área de Saúde, para atender
melhor, também, o pessoal da UFPB,
que tem um empréstimo consignado
muito importante conosco.
16
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
fluem para Guarabira para fazer
negócios e a Unicred João Pessoa
não poderia estar de fora disso.
Futuramente, pensamos na área de
Cabedelo e Santa Rita.
Tem inadimplência? Não pode
uma instituição financeira não ter
inadimplência. Tem, mas é muito
pequena em relação às outras
instituições financeiras. Isso cabe
ao critério que usamos em termos
de concessão de empréstimo e ao
conhecimento que nós temos com
os cooperados. Numa instituição
financeira como o Banco do Brasil
De quem foi a ideia de fazer
uma cooperativa de crédito para
os médicos? Foi do dr. Azevedo,
do Rio Grande do Sul. Ele criou
a Unicred, dentro da Unimed,
na cidade de Cascas. Depois,
diante do sucesso que obteve, ele
percebeu que poderia desenvolver
esse trabalho em nível de Brasil.
Foi uma pessoa muito atuante no
cooperativismo, já está bastante
idoso, mas, ainda participa de
reuniões e vem recebendo prêmios.
O dr. Azevedo veio a João Pessoa
e, por coincidência, eu era diretor
financeiro da Unimed João Pessoa,
em 1989, então, através de Reginaldo
Tavares, ele nos procurou - eu, Wilson
Morais e Aucélio Gusmão. Tivemos
dificuldade de juntar 20 médicos.
Foi muito difícil no começo, porque
para abrir uma cooperativa tem
que juntar 20 cooperados. Eu lembro
que quando a gente procurava um
colega, se dizia que médico não
sabe administrar dinheiro, que não ia
dar certo, mas, juntamos 20 médicos,
entre eles José Eymard Medeiros,
Reginaldo Tavares, eu, Wilson Ribeiro
de Morais, João Gomes Batista e
Teotônio Santa Cruz Montenegro.
Então, a cooperativa é surgiu
dentro da Unimed João Pessoa?
Criamos
a
cooperativa,
que
começou a funcionar numa sala,
O município sede de João Pessoa e as cidades de Alagoa Grande,
Alagoinha, Alhandra, Araçagi, Baía da Traição, Bayeux, Belém, Caaporã,
Cabedelo, Caiçara, Caldas Brandão, Capim, Conde, Cruz do Espírito
Santo, Cuité de Mamanguape, Cuitegí, Curral de Cima, Duas Estradas,
Guarabira, Gurinhém, Itabaiana,
Itapororoca, Jacaraú, Jacumã,
Juarez Távora, Juripiranga, Lagoa de Dentro, Logradouro, Lucena,
Mamanguape, Marcação, Mari, Mataraca, Mogeiro, Mulungú, Pedras
de Fogo, Pedro Régis, Pilar, Pilõezinhos, Pirpirituba, Pitimbu, Riachão do
Poço, Rio Tinto, Salgado de São Félix, Santa Rita, São José dos Ramos,
São Miguel de Taipu, Sapé, Serra da Raiz, Sertãozinho, Sobrado e Tacima.
dentro da Unimed João Pessoa.
Mudamos para uma casa que ficou
pequena logo. Para se ter uma idéia,
eram três mesas de diretores, numa
sala de 3 x 4 metros quadrados. Não
existia uma reserva, um sigilo, porque
tem pessoas que não querem
que você saiba quanto tem na
cooperativa, quanto está trazendo
de dinheiro. E, quando construímos
essa sede, muita gente achou que
era grande e, hoje, é pequena.
Qual a situação da Unicred
João Pessoa, em termos nacionais?
Temos aqui uma coisa importante,
que é a sede da Unicred Regional
e está no nosso estado, sendo o
presidente o dr. Wilso Ribeiro de
Morais, que foi o primeiro presidente
da Unicred João Pessoa. Hoje,
são 28 cooperativas de crédito
vinculadas à Unicred Regional, que
vai até o Pará. A atuação é Norte
e Nordeste. Temos cooperativas
Hoje, são 28
cooperativas de
crédito vinculadas
à Unicred Regional,
que vai até o Pará.
A atuação é Norte e
Nordeste”
importantes, como a de Fortaleza,
de Recife, de Campina Grande e
a de João Pessoa, que, modéstia
a parte, é a melhor cooperativa
do Nordeste! Inclusive, recebemos
uma relação do Banco Central, em
termos de cooperativas de crédito
do País, estamos entre as 50 maiores.
O nosso capital gira acima de R$ 100
milhões e, em ativos, temos perto de
R$ 600 milhões. A nossa carteira de
crédito está perto de R$ 450 milhões.
Temos depósito a vista, a prazo,
etc. Dentro do Sistema Unicred, a
de João Pessoa fica sempre entre
o primeiro, o segundo e o terceiro
lugares. Aliás, já ocupou o primeiro
lugar várias vezes.
E, a Medicina? Em nenhum
momento desde que estou na
Unicred eu deixei de atender aos
meus clientes. Reservo a manhã
à Unicred até às 13 horas, mais ou
menos. E a partir daí vou para o
consultório. Sou cardiologista clínico.
Tenho uma clientela muito boa.
Dentro de João Pessoa já passo de
20 mil clientes. Trabalho no mesmo
local desde 1982. Sou consciente
de que esse trabalho na Unicred é
passageiro. Outras pessoas estão
sendo formadas, fazendo parte dos
conselhos de administração, fiscal e
da comissão de crédito. É um grupo
unido, interage muito bem. Existe
uma confiança e credibilidade
entre todos e daí o sucesso da
cooperativa.
Associação Médica da Paraíba
17
prevenÇÃO
Tempo de Mudanças
C
omo
saber
se
analgésico,
antiinflamatório,
hipotensor,
diurético, ansiolítico, antidepressivo,
antibiótico,
qualquer
outro
medicamento, que tencionamos
prescrever ao nosso paciente
vai dar certo? Na verdade nenhum medico no
mundo que consulta um paciente pela primeira
vez, tem segurança de que não ocorrerão reações
adversas. Medicina não é uma ciência exata. Ao
contrario “É uma ciência de incertezas e uma arte
de probabilidades”, afirmou o grande médico
canadense Sir William Osler (1849-1919).
Uma dessas reações conhecidas como
“efeitos colaterais” podem ser previsíveis e
geralmente dependem da dose (superdosagem),
do prolongamento do efeito farmacológico não
monitorado (hemorragia com anticoagulantes,
hipoglicemia com antidiabéticos, sonolência
dos ansiolíticos, hipotensão com hipotensores,
hemorragia digestiva pelo uso demorado de
aspirina etc.) e de Interações Medicamentosas
(InMed)
incompatíveis
ou
seja
reações
indesejáveis quando duas ou mais drogas são
prescritas ao mesmo tempo ou quando a àquele
doente que já está tomando um ou mais fármacos
acrescentarmos outro(s). Os não previsíveis
ocorrem por hipersensibilidade ou alergia como o
choque anafiláctico, idiossincrasia (sensibilidade
peculiar a um determinado produto) e intolerância
(reação mais branda que não depende da
exposição previa).
Alertamos que muitas mortes que já ocorreram
à noite durante o sono nem sempre tiveram como
causa o que muita gente imaginou, “infarto ou
aneurisma” e sim “uso de drogas” por qualquer
Hipersensibilidade a medicamentos
afeta 12% da população. Analgésicos
e antiinflamatórios são os campeões
de reações desagradáveis que podem
ser fatais se ocasionarem choque
anafilático com edema de glote e
parada cardiorrespiratória”
via até mesmo instilação nasal se o desditoso
costumava ingerir muitos comprimidos por dia.
Sejamos prudentes, se necessário for medicar
um idoso em atendimento pela primeira vez
cujas funções cardio-circulatorias, hematológicas,
hepáticas e renais forem desconhecidas. Devemos
iniciar com doses baixas e em monoterapia.
Evitar associações de inicio. Nunca dar um tiro
de “doze” para acertar o alvo. Recebo com
muita freqüência em meu consultório pacientes
em idade avançada, sobrecarregados de
medicamentos, que tomam cerca de 10 a 20
18
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
comprimidos diariamente.
Um deles aos 78 anos de idade não se detinha
em pé. Entrou no consultório nos braços de filhos e
netos. Depois de avaliá-lo constatei que a grande
maioria de suas queixas estava relacionada a
InMed incompatível. Tudo começou ao procurar
um colega devido ao “esquecimento”. Por
conta desta queixa recebeu uma receita de um
medicamento em dose “respeitável” que provocou
alguns efeitos adversos entre estes “irritabilidade”
e “tontura”. Seu medico foi comunicado, mas os
interpretou como “novos sintomas” e incontinenti
lhe prescreveu dois fármacos a mais.
A partir daí, qualquer queixa do paciente era
acompanhada de novas prescrições. Continuou
piorando e os familiares resolveram procurar outro
especialista que achou conveniente receitar
mais dois fármacos ao seu já “pesado” regime
terapêutico. Um terceiro colega foi consultado e
deu prosseguimento a POLIFARMACOTERAPIA (PFT)
já instituída e bastante avançada.
Nesta altura o paciente já tinha atingido a
“incrível” marca de 20 comprimidos por dia. Essa
historia vem se repetindo com muita freqüência
Conclusão: esse senhor estava tomando
medicamento para tratar efeito adverso de
medicamento!
Por sorte ele era resiliente, pois seu sistema
cardiocirculatório, fígado e rins estavam em
bom estado. O que me deixou perplexo foi que
nenhum dos colegas “parou para pensar” e fazer
a suspeita de “intoxicação medicamentosa”
devido às múltiplas drogas, superdosagem e
incompatibilidade farmacológica, pelo simples
fato de ignorar estas reações. Diante deste quadro
iniciei a suspensão gradual dos fármacos que
estavam provocando as reações indesejáveis,
interpretada por eles como “sintomas de doenças”
mantendo apenas os essenciais até atingir duas
drogas diárias apenas. A melhora foi tão evidente
que retornou ao consultório andando com seus
próprios pés.
Qual a origem desse fenômeno que há muito
tempo vem incomodando e prejudicando a
tantos pacientes? Onde estão as raízes desse
procedimento, habito ou comportamento medico
de prescrever medicamentos desenfreadamente,
incontrolavelmente? Poderíamos responder em
forma de um conto: “Era uma vez... nas antigas
escolas medicas... os organizadores da estrutura
curricular que não tiveram professores que os
despertassem para a necessidade da disciplina de
Farmacologia clinica e que por isso lhes faltaram
os alicerces para dedicar o devido valor a essa
matéria no curso medico e assim proporcionar
uma carga horária suficiente para que os futuros
médicos prescrevessem medicamentos com
segurança para seus pacientes...
Portanto
a
explicação
para
esse
comportamento está nos primórdios do ensino
medico, na eterna deficiência na grade
curricular da matéria que nos ensina a medicar, a
Farmacologia Clinica. A Farmacologia Clinica que
pode ser chamada também de Farmácia Clinica
tem como objetivo proporcionar conhecimentos
científicos e práticos de Farmacologia relacionados
aos mecanismos fisiopatológicos das doenças, a
maneira de atuação dos medicamentos com seus
possíveis riscos e promover o uso racional deles.
Esse conto que não é de Trancoso, essa história
que não é surreal e sim verdadeira continua se
repetindo, mesmo nas tradicionais Faculdades
publicas. Se acontece nestas, o que dizer das
escolas sem qualquer compromisso com o ensino
eficiente que estão tendo seu funcionamento
autorizado irresponsavelmente pelo MEC?
Esta falha do ensino não é apanágio só da
graduação, mas também na pós-graduação.
Suponho que essa imperfeição da estrutura
curricular já tenha sido percebida, mas não
exposta dessa maneira. A solução de hoje em
diante, seria a contratação pelas escolas medicas
de professores dessa área de atuação. Ou então,
todo medico durante a graduação deveria fazer
um curso paralelo ou após ser diplomado, uma pósgraduação nessa disciplina. Aí sim completaria sua
formação. Do jeito que está não pode continuar.
Não somos alertados para o grau
de
complexidade
das
terapias
medicamentosas,
em
estágios,
residência médica, mestrado e
acredito até mesmo no doutorado.
Em alguns países do primeiro mundo como a
Inglaterra o “ATO DE MEDICAR” é tão relevante
que existe o Farmacologista Clinico que trabalha
em parceria com o medico no difícil e nobre
ato de prescrever. Quando iremos atingir este
nível acadêmico-científico-cultural em nosso
País? Deveríamos proceder assim como no Reino
Unido ter o farmacêutico clinico como parceiro,
encaminhando-o o paciente para avaliação dos
medicamentos que prescrevemos. Precisamos de
humildade, reconhecer nossa deficiência e pedir
ajuda.
Já dizia Francisco Candido Xavier “Embora
ninguém possa voltar atrás e fazer um novo
começo, qualquer um pode começar agora
e fazer um novo fim”. Como estamos em pleno
exercício profissional atuando em clinicas,
consultórios, ambulatórios e hospitais com serias
dificuldades para um recomeço, proponho
uma saída: “tentar recuperar essa irregularidade
do aprendizado, pelo menos nos tornando
autodidatas”. A Internet está aí para substituir a
ausência do professor de Farmacologia clinica.
Estou já há algum tempo nessa missão de cobrar
uma postura dos recém-formados e dos mais
experientes.
O pensador Eduardo Galeano
nos dá uma força: “Somos o que fazemos, mas
somos muito mais o que fazemos para mudar o
que somos”. Vamos dar inicio a uma mudança.
Provérbio chinês diz: “Longa viagem começa com
simples passo”. Podemos começar pelo menos
consultando a bula convencional ou eletrônica,
antes de prescrever. Não se envergonhe deste
ato. Muito pelo contrario, considere-o uma atitude
de humildade, um reconhecimento de que não
sabemos medicar porque não aprendemos. Esta
ação demonstra seu respeito à vida humana.
Você esta praticando “Humanismo em Medicina”.
Vamos derrubar de vez o mito: “Quem lê bula
não toma remédio”. Partindo do principio de
que sabemos as indicações, vamos procurar nos
inteirar da InMed na bula a nossa frente, porque
na maioria das vezes recebemos o paciente
polimedicado (não esqueça de fazer uma lista
dos seus fármacos com as dosagens). Já é um
bom início. Termino com uma poesia de Fernando
Teixeira de Andrade:
Tempo de Mudanças
“Há um tempo em que é preciso
abandonar as roupas
usadas...
Que já tem a forma do nosso corpo...
E esquecer os nossos caminhos que nos
levam sempre aos
mesmos lugares...
É o tempo da travessia....
E se não ousamos fazê-la....
Teremos ficado.....para sempre....
À margem de nós mesmos...”
Marco Aurélio
Smith Filgueiras
Neurologista CRM 1368
Marco Aurélio Smith
Filgueiras Filho
Estudante de Medicina
Associação Médica da Paraíba
19
ARTIGO
Entendendo a dependência tabágica
Tratar o tabagismo não se restringe apenas
à redução da vontade de fumar
O
hábito de fumar não se
resume ao prazer fugaz
produzido
pela
ação
dopamínica da nicotina. Ele
é, essencialmente, um novo
comportamento inserido na
rotina de vida do fumante.
O tabagismo envolve duas dependências:
1 - Física, de natureza biológica, que
está ligada aos sintomas da Síndrome de
Abstinência da Nicotina quando o tabagista
tenta largar o cigarro.
2 - Psicossocial Está relacionada
ao mecanismo de adaptação para lidar
com situações como solidão, frustração,
pressões sociais; associada à hábitos de
comportamento com o fumar( fumar e
dirigir, pós cafézinho e refeições, álcool,
fumar e trabalhar); ligada ainda ao aumento
do consumo nas ansiedades, distonias e
depressões; vinculada à situações de ruptura
da harmonia emocional produzida pelos
estresses do dia a dia.
Tratar o tabagismo não se restringe
apenas à redução da vontade de fumar
(abordagem medicamentosa). O sucesso
de um programa de cessação do tabagismo
está na sua capacidade de romper com a
dependência psicossocial, objetivo essencial
da terapia cognitivo-comportamental (TCC).
As muitas frustrações no tratamento
medicamentoso
estão
conectadas
20
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
com a ausência de uma intervenção na
dependência psicossocial.
Estudo realizado por Vasquez&Becoña
conclui: “Em termos de estabilidade, 48,9%
dos que participaram do tratamento com
TCC permaneceram sem fumar após seis
anos, enquanto apenas 28,8% do grupo
controle continuavam abstêmios”.
A nossa experiência com o Programa de
Cessação do Tabagismo que alia a TCC à
abordagem medicamentosa nos estimula
a afirmar que, em cada grupo de dez
tabagistas, oito permanecem sem fumar
durante um ano.
Considerando a facilidade de acesso a
um tratamento competente, largar o cigarro
tornou-se uma mera questão de decisão do
fumante.
Sebastião Costa
Pneumologista
CRM -1630
ARTIGO
As afecções vasculares
cerebrais na infância
A
s afecções cerebrovasculares
em crianças e adolescentes
usualmente são diagnosticadas
em Serviços de Pronto-Socorro, de
Pronto Atendimento, em Unidades
de Terapia Intensiva Infantil e em berçários
de risco. Porém, o encaminhamento
dessas crianças para hospitais terciários,
com recursos laboratoriais diferenciados e
dinâmico serviço de imagens, tem permitido
o diagnóstico de acidente vascular cerebral
(AVC) com caracterização do tipo: isquêmico
ou hemorrágico, bem como a extensão do
comprometimento estrutural.
No lactente normal, o fluxo sanguíneo
cerebral é 60 a 80 ml/100g de tecido
cerebral, por minuto. Em condições
anormais, no transcorrer de súbita redução
do fluxo, ocorre isquemia regional cerebral
associada a um conjunto de modificações
metabólicas, edema citotóxico, alterações
de neurotransmissores excitatórios, inibitórios,
comprometimento da homeostase do cálcio
e dos radicais livres.
Na
criança,
o
quadro
clínico
inaugural pode se caracterizar por súbito
comprometimento motor, de linguagem, com
ou sem manifestações convulsivas, seja no
acidente vascular cerebral isquêmico arterial
(AVCI), ou no hemorrágico (AVCH). O AVCI
arterial predomina em crianças com idade
inferior a quatro anos, em particular naquelas
abaixo de um ano, sendo os sintomas e
sinais frequentemente subvalorizados pelos
profissionais que fazem o atendimento inicial.
O diagnóstico deve sempre ser confirmado
com exames por imagens, complementados
por estudos cardiológicos e laboratoriais,
visando a identificação dos fatores de riscos.
Recentemente, o International Pediatric
Stroke Study-IPSS divulgou uma mensagem,
alertando que: AVC pode ocorrer em qualquer
idade, chamando atenção para os fatores
de riscos associados a condições genéticas
ou adquiridas e, mesmo indeterminadas, em
crianças com diagnóstico de AVC.
Valorizam as anormalidades cardíacas, as
protrombóticas, as infecções prévias, traumas
de cabeça e pescoço, anemia falciforme
e erros inatos do metabolismo. Na verdade
existe possibilidade de serem identificados
diversos fatores de risco concomitantes,
em especial, em determinadas doenças
pediátricas sob tratamento prolongado,
e com possibilidade de ocorrer trombose
sinovenosa.
Recentes estudos têm reconhecido
eventos
cerebrovasculares
ocorrendo:
1-no feto (14ª semana de gestação até
o desencadear do parto); 2- neonato,
com elevada frequência (28ª semana de
gestação a 28 dias de vida pós natal); 3- na
criança; 4- em adolescente. No feto, o AVC
pode ser reconhecido pelo US fetal, no último
trimestre da gravidez, sendo importante
identificar fatores de risco maternos, drogas
ilícitas, fatores placentários, gemelaridade,
síndrome do roubo, etc. No neonato, o
quadro clínico agudo se manifesta após
24-48 horas do nascimento, com apneia,
hiperexcitabilidade,
crises
convulsivas,
letargia, sucção diminuída e hipotonia,
sendo o território da artéria cerebral media,
frequentemente acometido.
Qual o impacto do AVC nos familiares
de crianças envolvidas?
Diante da
comprovação, as repetitivas perguntas
desses familiares esperam uma resposta que
sugira a possibilidade de recuperação total
da criança. Porém, essa resposta envolve
conhecimento da estrutura comprometida,
o território e a extensão da lesão, aliada às
condições de maturidade do cérebro em
desenvolvimento.
Nessa
perspectiva,
os
profissionais
observando e avaliando a evolução clínica
da criança, devem priorizar a curto, médio e
longo prazo, ações de reabilitação motora
fonoaudiológicas,
neuropedagógicas,
comportamental. Esses questionamentos
precisam ser respondidos com certa
objetividade frente às angústias dos
familiares. Na evolução, as crianças podem
apresentar anormalidades sensório-motoras,
comprometimento
neuropsicológico,
associada ao maior ou menor risco de
epilepsia. A trajetória de vida dessas crianças
deve envolver atividades que beneficiem o
aprendizado adequado para aquisição do
autocuidado e independência apropriados.
Maria Valeriana Leme
de Moura Ribeiro
Professora Titular de
Neurologia Infantil FCMUNICAMP. Professora
Associada de Neurologia,
da Faculdade de Medicina
de Ribeirão Preto -USP
Associação Médica da Paraíba
21
Atualidade
A saúde e o álcool
Por Joaquim Paiva Martins
N
a mitologia grega Baco
é o deus do vinho e da
fecundidade.
Ainda
hoje se denominam
bacanais as orgias
regadas a muito álcool,
mulheres e sexo. Na Roma antiga
também havia festins licenciosos
em homenagem a Baco de três em
três anos. Os séculos se passam, e
o álcool continua na crista da onda
em quase todas as comemorações
da era moderna e a sociedade
uma parceira sempre incentivando
o seu consumo que se espraia por
todos os recantos do mundo com
raras exceções. O álcool é motivo
de avaliações e investigações
por cientistas e investigadores
mundo afora, examinando as
pistas deixadas pelo seu consumo
exagerado ou não.
Apesar de ser uma poderosa
droga que induz dependência
também a outras drogas e
a
doenças
graves
quando
22
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
consumido em excesso, o álcool
continua um lenitivo para muita
gente com a complacência das
autoridades.Face às controvérsias,
os viciados que adoram as duvidas
continuam apegados às incertezas
com argumentos para manter
a depravação (o réu usufrui da
dúvida).
O tema álcool é abordado
em vários textos da Bíblia. Em
Provérbios 20:1 encontramos: “o
vinho é escarnecedor, e a bebida
forte alvoroçadora; e todo aquele
que neles errar nunca será sábio”
Em Isaias 5:11: “ai dos que se
levantam de manhã, e seguem
a bebedice, e se demoram até a
noite, até que o vinho os esquenta”.
Em Salmos 104:15, no entanto, há
uma passagem que diz: “é o vinho
que alegra o coração do homem
mortal”. Embora a Bíblia não proíba
o consumo de bebidas alcoólicas,
isto não significa que podemos
ingeri-las à vontade. Nos tempos
bíblicos não havia o uísque nem a
cerveja, a bebida era o vinho. Fica
evidente que a Bíblia não condena
o consumo de bebidas alcoólicas,
mas o seu consumo exagerado. Os
beberrões não herdarão o reino de
Deus (Coríntios 6:9).
Beber vinho fazia parte da
celebração da Páscoa, e Jesus
promoveu o vinho quando realizou
a Refeição Noturna do Senhor.
Estendeu um copo aos seus
discípulos dizendo: “bebei dele
todos vós”. Na singular festa em que
faltou vinho, Jesus obrou um milagre
transformando água em vinho e,
segundo João 2:9, 10 o “diretor da
festa” em conversa com o noivo
elogiou a água milagrosamente
feita vinho dizendo: “todo homem
põe primeiro o vinho bom, e,
quando já têm bebido bem, então
o inferior; mas tu guardaste até
agora o bom vinho”.
Pesquisas recentes mostram
que isoladamente o álcool oferece
o mesmo grau de proteção ao
coração que a atividade física.
Imaginem as duas normas usadas
em conjunto? Uma publicação
semanal de grande circulação
nacional publicou recentemente
um estudo feito na Dinamarca
com mais de 10 mil homens e
mulheres. Durante duas décadas
eles foram divididos em grupos: os
que ingeriam álcool e os abstêmios.
Algumas conclusões confirmaram
o que se sabia empiricamente: 1)
o álcool aumenta a concentração
do colesterol HDL, o colesterol bom
que compete com o colesterol
LDL, o ruim; 2) o álcool aumenta
a proteção cardiovascular que
o exercício físico proporciona;
3) o álcool contribui para a
redução da hipertensão arterial.
Os resultados ainda não são
definitivos e carecem de novas
comprovações. Infelizmente não
podemos estimular pacientes ao
consumo de bebidas alcoólicas,
mesmo nas doses recomendadas,
isto é, uma dose de uísque ou um
copo de vinho tinto ou duas latinhas
de cerveja por dia, por exemplo.
Atualidade
O álcool inebria, extasia e pode
deixar dependência. Há outras
razões para se abster de álcool.
Um ex-alcoólatra sabe que até
mesmo uma única dose de bebida
pode ser perigosa. Uma mulher
grávida não deve tomar bebidas
alcoólicas para evitar danos ao
feto. A lei seca está aí para evitar
os resultados trágicos e funestos
que podem ocorrer quando se
dirige alcoolizado. Está provado e
documentado que graves doenças
hepáticas são decorrentes do
consumo exagerado e às vezes até
moderado do álcool.
A Bíblia recomenda moderação
em todos os sentidos. Em Corintos
10:31: “quer comais, quer bebais,
quer façais qualquer outra coisa
faça todas as coisas para a
glória de Deus”. A conceituada
e prestigiada revista de medicina
americana “New England Journal
of Medicine” publicou há pouco
tempo um editorial sobre os
benefícios e malefícios do álcool do
qual transcrevemos alguns tópicos.
“O álcool ocupa um lugar
exclusivo em muitas sociedades
humanas: é droga amplamente
usada,
tolerada
social
e
fisiologicamente, tem destaque em
muitos cerimoniais religiosos, em
rituais, em celebrações espontâneas
e em transações comerciais de
alto nível, mas também contribui
de maneira concreta para o
desenvolvimento
de
doenças,
de
violências,
de
desordens
sociais e também contribui para a
mortalidade. A humanidade tem
consumido o álcool regularmente
nos últimos 10000 ou 15000 anos.
Como a gordura e o açúcar, o
álcool é raro “em natura” e não
existe um mecanismo biológico que
iniba o seu consumo excessivo”.
A alegria da embriaguez e
da abstinência tem produzido
uma verdadeira confusão de
pensamentos através da história
da humanidade. Alguns destes
pensamentos têm sido para louvar
as saudáveis conseqüências do
consumo do álcool: “Tome um
litro de vinho por amor ao seu
estômago” (Saint Paul). “Há mais
velhos alcoólatras do que velhos
doutores”
(provérbio
Francês).
Somente
recentemente
foram
descobertos dados, comprovados
cientificamente, do impacto do
álcool na saúde pública.
A American Câncer Society fez
uma correlação entre as causas
de morte associadas ao consumo
do álcool em um enorme grupo
de homens e mulheres. Apesar
dos índices reduzidos de morte
por
doenças
cardiovasculares
entre aqueles que consumiam
álcool, um efeito aparentemente
não relacionado à quantidade,
os benefícios globais em termos
de mortalidade atingiram um
pico máximo entre aqueles que
consumiam um drink por dia.
Aqueles com mais de 60 anos
tiveram o risco aumentado. Aquelas
pessoas com alto risco de doença
cardiovascular o álcool seria uma
terapia preventiva de escolha
quando associada a um regime
apropriado de exercício e dieta
adequada. Finalmente chegou-se
a conclusão que o resultado final
só nos fornecia dados acerca do
consumo moderado de álcool.
Apesar da convicção de que
existe um mecanismo de proteção
entre aqueles com aumentado
risco de doença cardiovascular,
o consumo do álcool aumenta
consideravelmente a probabilidade
de acidente, violência e vários
tipos de câncer em todos os
consumidores de bebida alcoólica.
Fridman e Klatsky em 1993 já
haviam publicado que o consumo
regular de quantidade exagerada
de álcool é prejudicial a qualquer
pessoa, porém o consumo baixo
ou moderado pode reduzir os riscos
de doença, dependendo das
características individuais. A morte
por doença cardiovascular pode
até ser adiada, mas o limite para
o consumo benéfico ainda não
pode ser estabelecido. Não existe
um freio biológico para o consumo
do álcool. Ainda mais, quando
consumido exageradamente, o
individuo perde a capacidade de
avaliar as doses que está ingerindo.
A conclusão de Freidman e Klatsky:
o controle humano do consumo
do álcool é social e cognitivo
(capacidade de percepção e
entendimento).
Finalizando,
os
antecedentes familiares sempre
devem ser valorizados, pois existe
uma predisposição familiar para o
alcoolismo. O assunto é complexo
e merece novos textos com novos
enfoques.
Joaquim Paiva Martins
CRM - 482
Nefrologista
Associação Médica da Paraíba
23
ARTIGO
Imagens: atlasdermatologico.com.br (publicado com autorização do autor)
Dermatite atópica:
o que é importante saber?
A
dermatite
atópica,
também
conhecida como eczema atópico,
caracteriza-se como processo
inflamatório da pele de curso
crônico com períodos de crise
e de acalmia. Encontra-se freqüentemente
associada à asma e/ou rinite alérgica e,
eventualmente, à urticária. Pode ocorrer na
infância, na adolescência e na idade adulta.
Na infância, fase mais comum desta
doença, manifesta-se inicialmente como
lesões de pele na face. Em adolescentes e
adultos é mais comum o acometimento de
dobras, como as dos antebraços, dos joelhos
e do pescoço.
A dermatite atópica apresenta como
sintoma coceira, que piora com a transpiração,
além de secura e lesões vermelhas na pele,
que podem apresentar bolhinhas, crostas e
escoriações, que funcionam como porta de
entrada para bactérias.
Na dermatite atópica há alterações da
sudorese e do manto de gordura que protege
24
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Recomendações gerais:
Identificar os fatores de risco que ajudam
a desencadear as crises para evitá-los. A
prevenção é a melhor forma de combater a
dermatite atópica;
Tomar banhos rápidos, frios ou mornos,
de preferência, e usar pouco sabonete. Além
disso, o dermatologista pode indicar sabonetes
mais específicos para cada caso que ajudam
a preservar a barreira cutânea;
Aplicar hidratantes (especialmente após
o banho em casa ou de piscina) para impedir
o ressecamento da pele;
Preferir as roupas de algodão às de lã ou
fabricadas com tecido misto ou sintético;
A parte mais importante em relação ao
tratamento da dermatite atópica encontra-se
justamente nos cuidados com a pele que, em
geral, é seca por deficiência de uma parte da
gordura natural que protege nossa pele. Desse
modo, é importante tomar banhos rápidos,
frios ou mornos, com pouca aplicação de
sabonete e aplicar cremes hidratantes após o
banho e com maior frequência.
A
evolução
da
dermatite atópica varia
de pessoa para pessoa,
mas tende a melhorar
com o crescimento da
criança”
Manter abertas as janelas e portas para
que o ar circule pelos ambientes;
Procurar assistência médica tão logo surja
algum sintoma para evitar que o quadro se
agrave.
a superfície da pele, o que determina uma
pele mais seca que o normal e, portanto, mais
desprotegida. A pele do atópico também
tem um limiar de coceira mais baixo que o de
pessoas não atópicas, portanto, os atópicos
apresentam uma coceira mais intensa e
duradoura e em áreas mais extensas.
Ambientes secos, frio ou calor excessivos,
assim como fatores ambientais (substâncias
irritantes, poeira domiciliar, conservantes,
produtos de limpeza, produtos usados
na lavagem das roupas, tecidos de lã e
sintéticos), alimentares e psicológicos (conflitos
emocionais) contribuem para piora dos
pacientes.
O diagnóstico é clínico, levando em
consideração os sintomas, a história familiar e a
associação com outras atopias (rinite alérgica,
asma e urticária, por exemplo).
A evolução da dermatite atópica varia
de pessoa para pessoa, mas tende a melhorar
com o crescimento da criança.
Caso necessário, e a critério do médico
que acompanha o caso, podem ser indicados
cremes para o corpo e medicamentos
antialérgicos.
Antibióticos só devem ser utilizados
quando houver infecção bacteriana e, por
vezes, há a necessidade de medicamentos
imunossupressores,
que
acalmam
o
sistema de defesa do nosso organismo. O
dermatologista é o médico mais indicado para
o acompanhamento destes pacientes.
Dra Flávia Estela
Maroja Marinho
CRM PB 6430 - RQE 4191
Médica graduada pela
Universidade Federal da
Paraíba
Membro titular da
Sociedade Brasileira de
Dermatologia
Associação Médica da Paraíba
25
ROTA DO CONHECIMENTO
OUTUBRO
Programe-se
Na agenda de
seminários, simpósios,
congressos, existem
vários eventos
científicos.
XXXI SBR 2014 Congresso Brasileiro de Reumatologia
Data: 01 a 04 de outubro
Local: Minas Centro – Avenida Augusto de Lima, 785
Informações: www.reumato2014.com.br
18º Congresso Brasileiro de Infectologia Pediátrica
Local: Gramado/RS
Data: 15 a 18 de outubro
Informações: www.infectoped2014.com.br
18/10/2014 - XVII Curso Internacional de Atualização
em Terapia Intensiva
Adulto, Pediátrica e Neonatal – Medicina, EnFermagem, Fisioterapia, Fonoaudiologia, Psicologia e Odontologia.
Data: 18 e 19 de outubro de 2014
Local: Hotel Maksoud Plaza
Informações: www.sopati.com.br
NOVEMBRO
Hemo Congresso Brasileiro de Hematológia, Hemoterapia e Terapia celular
Data: 6 a 9 de novembro de 2014
Local: CentroSul – Sala Sambaqui 5 - Florianópolis,
SC
Mais informações: www.hemo.org.br
1º Congresso Brasileiro de Nutrologia Pediátrica
4º Simpósio Internacional de Nutrologia Pediátrica
Data: 13 a 15 de novembro
Local: Florianopólis, SC
Informações: www.nutroped2014.com.br
22º Congresso Brasileiro de Perinatologia
Data: 19 a 22 de novembro
Local: Brasília/DF
Informações: www.perinato2014.com.br
26
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
www.associacaomedicapb.com
Associação Médica da Paraíba
27
Clóvis Beltrão,
O grande professor
Dr. Clóvis
foi professor
assistente de
Farmacologia
na então
Faculdade
de Medicina
da UFPB na
década de
1970
Por Mabel Dias
Fotos: Olenildo Nascimento
A
história da anestesiologia
como especialidade médica,
na
Paraíba,
tem
início
com o Clóvis Beltrão de
Albuquerque. Mas, a escolha
por
esta
especialidade
aconteceu por acaso. Ele era interno –
algo como um médico residente hoje, na
Maternidade da Encruzilhada, em Recife,
e foi convidado pelo diretor clínico Iremar
Falcone, para ser o anestesista da casa.
“Aceitei com a condição de ficar morando
na maternidade, aí já economizava o
dinheiro da pensão onde morava”, conta.
Devido a sua dedicação a Medicina,
foi recomendado pelo médico Newton
Lacerda para receber uma bolsa de
estudos, em Anestesiologia, do Hospital das
Clínicas da Universidade de São Paulo (USP).
28
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Então, viajou para a capital paulista,
mas não conseguiu a vaga no HC, que já
estava preenchida. O médico Reinaldo de
Figueiredo, na época, diretor do Hospital
das Clínicas, percebeu a dedicação do
jovem anestesista, e lhe fez uma proposta:
ficar em São Paulo e se preparar para
um concurso de interno no serviço de
Anestesiologia da USP. Clóvis Beltrão topou
e conseguiu ser aprovado em 2º lugar (só
tinham duas vagas).
Ele trabalhou no HC por um ano e meio
e, ao mesmo tempo, cursava Farmacologia.
“Esta é uma disciplina fundamental para
um anestesiologista”, afirma o médico, que
concluiu o ensino fundamental no Pio X e
o médio no Lyceu Paraibano. Natural de
Alagoinha, na época distrito de Guarabira,
chegou em João Pessoa em 1936.
Mesmo recebendo convites
para trabalhar em outras cidades,
Clóvis Beltrão decidiu retornar
à Paraíba. Chegando a João
Pessoa, trouxe novidades que
começariam a mudar o cenário
da Anestesiologia no estado. O
ano era 1954 e, naquela época, os
pacientes eram sedados com éter,
colocado em uma máscara de
Ombredanne. Ele conta que muitos
ficavam sufocados pela substância
e acabavam morrendo e talvez por
isso, talvez deva vir daí o medo das
pessoas de cirurgias e da própria
anestesia.
Graduado
pela
Faculdade
de Medicina do Recife, quando
retorna a João Pessoa, começa a
atuar profissionalmente no Hospital
Santa Isabel. Com 28 anos, foi
convidado pelo professor Guilhardo
Martins Alves para ser assistente
na disciplina de Farmacologia da
Faculdade de Medicina da UFPB.
Com a transferência de Guilhardo
para disciplina Terapêutica, Clóvis
Beltrão foi contratado como
professor catedrático, e depois,
titular. Lecionou na UFPB por 30 anos
e depois se aposentou.
A evolução da
anestesia na Paraíba
Até meados da década de 50,
a maioria das anestesias na Paraíba
era aplicada por cirurgiões, atendentes de enfermagem e freiras.
Usava-se clorofórmio, como éter,
pelo método gota a gota sob máscara, como a de ombredanne. As
técnicas foram se aperfeiçoando, a
partir dos pioneiros da Anestesiologia, como Clóvis Beltrão.
A partir daí, as cirurgias passaram
a ser mais seguras. O éter deu
lugar aos medicamentos, como a
procaína e chegaram os aparelhos
imprescindíveis para manter estável o
paciente, durante os procedimentos
cirúrgicos. A anestesia era aplicada
de maneira intravenosa. Entre estes
equipamentos estava o oxímetro,
o de pressão e o eletrocardiógrafo.
Os hospitais de João Pessoa não
tinham os aparelhos, e então, os
anestesistas os portavam sempre
com eles. Além da procaína, havia
também o curare, substância
extraída das plantas, e que os
franceses sintetizaram criando a
golamina,
outro
medicamento
utilizado pelos anestesiologistas nas
cirurgias.
Dr. Clóvis Beltrão é entusiasta
da anestesia de bloqueio, como
a raquianestesia, mais conhecida
como rack. Ele conta que criou
uma nova modalidade da rack, a
“rack saci”. A anestesia é aplicada
na coluna, porém, o paciente é
colocado em uma posição que faz
com que o liquido seja direcionada
apenas para a perna que será
amputada, deixando-a dormente.
Esta técnica Clóvis Beltrão aprendeu
em São Paulo.
Em março de 1964, com a
chegada de Jurandyr Marques,
João Pessoa contava com seis
anestesiologistas: Clóvis Beltrão,
Ferdinando Paraguay, José Moura,
João da Silva, Clócio Beltrão (irmão
de Clóvis) e Antônio de Araújo
Ramos, para dar cobertura a cerca
de dez hospitais. Era desproporcional
a quantidade de profissionais para
o número de hospitais e Clóvis
Beltrão era um dos mais requisitados
anestesistas da cidade. “Eu estava
na fazenda, em Alagoinha, com
a família e o telefone tocava me
chamando para uma cirurgia, a
qualquer hora”, conta. O cansaço
era frequente. Por isto, ele decidiu
começar a preparar seus alunos do
curso de Medicina da UFPB para o
acompanhar nas cirurgias.
Fundação do Instituto
de Anestesiologia
Fundou com José Gomes,
Antônio Ramos e Ferdinando
Paraguay, o primeiro serviço de
Anestesiologia da Paraíba, que
funcionava na Av. Maximiano de
Figueiredo e depois, na Av.Pedro II.
Dessa maneira, pode oferecer uma
maior assistência aos hospitais.
Em 1969, a Paraíba dava os
primeiros passos para a fundação
de um serviço de neurocirurgia, e o
médico José Alberto Gonçalves da
Silva, da Faculdade de Medicina da
UFPB, convidou Clóvis Beltrão para
ir com ele até a Universidade de
Mains, na Alemanha, fazer um curso
de especialização em Anestesiologia
em Neurocirurgia. Passou oito meses
na Alemanha, e quando retornou ao
Brasil, fundou o primeiro Serviço de
Neurocirurgia da Paraíba.
Clóvis Beltrão de Albuquerque
foi pioneiro da Anestesiologia na
Paraiba e, após a criação por ele
e seus colegas, dos serviços de
anestesia no estado, começaram a
surgir as cooperativas de anestesistas,
como a Coopanest, atual entidade
representativa da categoria. Hoje,
devido à evolução e estudos, o
anestesiologista é o profissional
essencial antes e durante uma
cirurgia e os riscos que faziam parte
deste procedimento são coisa do
passado.
Ele foi um dos
fundadores
do Serviço de
Anestesia da
Paraíba e da
Cooperativas de
Anestesiologistas
da Paraíba
Associação Médica da Paraíba
29
VIDA SOCIAL
Por Débora Cavalcanti
Médico destacado
com honraria
A Assembleia Legislativa da
Paraíba (ALPB) homenageou, em
junho, o cardiologista Marcelo
Antônio Cartaxo Queiroga Lopes
com a Medalha Epitácio Pessoa, a
mais importante honraria do Poder
Legislativo. O deputado Wilson Braga
(PV), autor da propositura, elogiou
o trabalho do médico, que tem
atuado na Paraíba no tratamento das
doenças relacionadas ao coração.
Débora Cavalcanti, Luciano e Maísa Cartaxo e Mônica Rocha
UPA Célio Pires de Sá,
no Valentina Figueiredo
REGISTRO
No dia 21 de agosto último, o prefeito de João
Pessoa inaugurou a UPA que tem como objetivo
prestar assistência de urgência aos moradores da
zona sul. A nova Unidade de Pronto Atendimento
tem excelente estrutura física e teve a obra
iniciada pelo então secretário de Saúde, Adalberto
Fulgêncio (que atualmente responde pela
Secretaria de Articulação Política do Município de
João Pessoa) e concluída sob o comando da Drª
Mônica Rocha, atual secretária de Saúde.
30
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Dr. Dalvélio de Paiva Madruga e Dr. Norberto Silva Neto foram reconduzidos aos cargos
de conselheiros do Conselho Federal de Medicina, eleitos com grande maioria dos votos dos
médicos paraibanos.
Os Drs. Rosalvo Zózimo e Arlindo de Carvalho Júnior estão no comando da nova faculdade de Medicina, do UNIPÊ.
O Dr. Jean Pereira, oncologista clínico,
coordena o Grupo Paraibano de Câncer de
Mama que reúne mastologistas, oncologistas,
patologistas e radiologistas, estudiosos na área.
100 anos de
Napoleão Laureano
Durante as comemorações
do centenário de nascimento
do médico Napoleão Rodrigues
Laureano, idealizado do Hospital
de Câncer Napoleão Laureano,
o presidente da Fundação Laureano, dr. Antônio Carneiro Arnaud,
foi homenageado na Câmara
dos Vereadores de João Pessoa,
com o diploma de honra ao mérito.
Eleição AMPB
No dia 28 de agosto, os associados da AMPB elegeram a nova diretoria
para o triênio 2014/2017. Pela primeira vez, em 90 anos de existência, a Associação Médica da Paraíba será presidida por um dermatologista e a vice será
ocupada por uma mulher. A chapa eleita foi a seguinte: Presidente: Otávio
Sérgio Lopes; Vice-Presidente: Débora Eugênia Braga Nóbrega Cavalcanti; Secretário Geral: Cláudio Orestes Britto Filho; 1ª Secretária: Luciana Cavalcante
Trindade; Tesoureiro: Márcio de Holanda Guerra; 1º Tesoureiro: Cássio Virgílio
Cavalcante de Oliveira; Departamento de Arte e Cultura: Joaquim de Paiva
Martins; Departamento Científico: Gláucio Nóbrega de Souza; Departamento
de Defesa Profissional: Ronald de Lucena Farias; Diretor de Patrimônio: Islan da
Penha Nascimento; Diretor Social e Marketing: Roosevelt de Carvalho Wanderley; Diretor de Informática: Geraldo de Almeida Cunha Filho; Departamento de
Convênios: Fábio Antônio da Rocha de Souza; Diretor de Ações Institucionais e
Saúde Pública: Sebastião de Oliveira Costa; Delegados junto à AMB: Wilberto
Silva Trigueiro (titular) e Marcus Alexandre Sodré (suplente); Conselho Fiscal: Eurípedes Sebastião Mendonça de Souza, João Modesto Filho, Paulo Sérgio Régis
Toscano, Roberto Magliano de Morais e Sandra Maria de Carvalho Barros.
LUTO
A Medicina Paraibana teve grandes perdas recentemente: Dr. Augusto de Almeida
Filho, Dr. José Alberto Gonçalves da Silva, Dr.
Leônio Sérgio de Souza, Dr. Ozaes de Barros
Mangueira e Drª Maria de Lourdes de Britto
Pessoa(foto ao lado), que foi entrevistada na
primeira edição da Revista AMPB.
Associação Médica da Paraíba
31
DE MALAS PRONTAS
São
Paulo
e
Chile,
uma viagem diferente
Por José Mário Espínola
P
rezados
amigos:
para
variar, gostaríamos de
oferecer nosso singelo
relato de uma curta
porém rica experiência
que
vivenciamos,
recentemente. O problema era:
o que fazer com dinheiro curto e
pouco mais de uma semana de
férias? Decidimospassar quatro
dias em São Paulo, e cinco dias no
Chile, país que tínhamos vontade
de “conhecer”. Pois a primeira vez
que lá estivemos foi em 1976, ainda
estudantes, numa viagem de muitas
aventuras (um dia eu conto!).
Anualmente visitamos São Paulo.
Temos muitas afinidades: lá moramos
quatro anos. Fizemos residência
médica. De lá guardamos uma bela
recordação: nosso segundo filho é
paulistano.mÉ a oportunidade de
assistir filmes italianos e do cinema
alternativo, que dificilmente passa
por aqui. Também para ir ao teatro,
ver belas exposições; e beber chopp
escuro!
32
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Desta vez ficamos num hotel um
pouco mais modesto que os que
vocês costumam frequentar, porém,
muito bem situado: o Hotel Massis, o
qual recomendamos. Muito limpo
e seguro: não tem baratas, nem
piranhas. Fica na primeira paralela
da Av. Paulista, ao lado da Rua
Augusta, logo atrás do Center 3,
olhando para o relógio-termômetro
do Conjunto Nacional. Pertinho do
metrô Consolação.
Como nosso tempo era curto,
tivemos que otimizá-lo. Só deu
para poucos passeios. Visitamos os
museus do Ipiranga, de Zoologia,
da Língua Portuguesa, da Casa
Brasileira (na Brigadeiro Faria Lima),
e o novo e imperdível Museu do
Futebol, no Estádio do Pacaembu.
Desta vez só deu para assistir
dois filmes (o argentino Dois
Irmãos, e o italiano Vincere, ambos
excelentes); dois documentários
(sobre Oscar Niemeyer e Cartola); e
três exposições: uma sobre a Jovem
Guarda, no metrô Hospital
conhecemos o Mercado municipal: bela arquitetura, preste
atenção aos vitrais. Lá, comemos
muito bem. Provamos do famoso
pastel. E tomamos chopp escuro!”
das Clínicas; outra chamada “Que
Chita Bacana!”, no Museu da Casa
Brasileira; e a última sobre Higiene&
Asseio, no hall do Conjunto Nacional.
Ah, sim: conhecemos o Mercado
municipal: bela arquitetura, preste
atenção aos vitrais. Lá, comemos
muito bem. Provamos do famoso
pastel.E tomamos chopp escuro!
No Chile, que só conhecíamos
Arica,
no
extremo
norte,
permanecemos apenas cinco dias.
Porém, foram inesquecíveis. Em
Santiago ficamos nos hotéis Maria
Angola e Neruda, os quais também
recomendamos. Ambos são limpos,
muito confortáveis, e ficam pertos
de estações de metrô. Fizemos um
excelente passeio panorâmico pela
cidade. Belíssima! Santiago parece
asséptica, e tem como pano-defundo a cordilheira (nevada!) dos
Andes; porém, esta não é vista
com facilidade, devido à névoa
de poluição que recobre a cidade.
Depois visitamos os museus de
História Nacional (excelente!) e da
Imagem e do Som (fraco).
Jantamos
no
Restaurante
Giratório, aonde apreciamos uma
truta, seviche, salmão, e um peixe
muito gostoso chamado congrio.
Tudo regado a um bom vinho
nacional (deles!), da uva carmenère.
É melhor no final da tarde/começo
da noite. O panorama é belíssimo.
E o momento é inesquecível. Fomos
também ao Mercado Central (bom,
porém, muito inferior ao de São
Paulo).
Passeamos pelo centro histórico,
pela
moderna
Av.
Bernardo
O’Higgins, pelo coração financeiro
(lá, o cambio é mais vantajoso);
o Palácio La Moñeda (aonde
assassinaram Salvador Allende);
e pelas imediações do Cerro
Santa Lúcia, no Centro, aonde
apreciamos, por exemplo, a beleza
arquitetônica da Academia de
Belas Artes. Assistimos a uma retreta
na Plaza de Armas, pela Banda dos
Carabineros, enquanto piruávamos
algumas
partidas
de
xadrez.
Zanzamos pelos parques e praças da
cidade, conhecendo logradouros
maravilhosos, como a Plaza de la
Libertad de Prensa, no bairro Concha
y Toro, e o Cerro San Cristobal. A Plaza
Brasil é passeio imperdível, repleta de
crianças, cachorros e brinquedos
infantis, tudo multicolorido. Uma
alegria! Conhecemos, ainda, o
fantástico Parque das Esculturas:
área verde repleta de belas e
instigantes esculturas modernas,
entre árvores representantes de
quase todos os países do mundo:
cedro do Líbano, jacarandás da
Bahia, Ginko e cerejeiras do Japão,
sequóias dos Estados Unidos, chorões
das beiras dos rios do México, entre
outras. E tudo identificado, por
placas em suas bases e por uma
grande placa na entrada, com um
mapa indicativo de cada planta ou
escultura, para facilitar a localização
pelo visitante.
Fizemos um passeio ao litoral:
primeiro à cidade-balneário de Viña
Del Mar, aonde visitamos o Museu
da Ilha da Páscoa, com seu moai.
Depois, um parque municipal muito
florido, com um amplo e moderno
anfiteatro, e homenagens a Pablo
Neruda e a Gabriela Mistral, ambos
Prêmios Nobel.
E, na praia, fomos recebidos
por outra retreta, com músicos
uniformizados
tocando
belas
marchas e dobrados célebres.
Lá, tive meu único contato com o
Oceano Pacífico (apenas o dedo,
pois estava muito frio!). Havia muitos
pelicanos, com ovoo suave e
sincronizado.
De lá, fomos ao vizinho e
importante porto de Valparaíso,
conhecer a Casa e Museu de Pablo
Neruda, num elevado de onde se
pode descortinar uma ampla vista,
do porto e do litoral. Neruda tinha
três casas: uma em Santiago, outra
na Isla Negra, e esta de Valparaíso.
Todas mui interessantes.
Acreditamos que vocês já
conheçam o Chile. Senão, vão
A Plaza Brasil é
passeio imperdível,
repleta de crianças, cachorros e
brinquedos infantis,
tudo multicolorido.
Uma alegria!”
conhecer. Depois disso, terão
dificuldade para voltar à Argentina,
ou mesmo a São Paulo.
As diferenças são muitas. O
chileno é um povo educado, leve,
alegre, espontâneo. Lá, você não
encontra machões latinos, nem
gente com complexo de grandeza.
Nem com complexo de inferioridade,
em
relação
aos
brasileiros!O
tratamento reservado aos turistas é
diferenciado, especialmente a nós
brasileiros.
O país é rico e progressista, sem no
entanto afetar as relações humanas.
Lá, tudo é mais barato que aqui.
Come-se e bebe-se muito bem. As
cidades são MUITO limpas, o metrô
parece uma sala de cirurgia!Vimos
apenas três mendigos em TODO o
nosso passeio. E nenhum flanelinha!!
E olha que não visitamos as
pistas de esqui, as vinícolas e os
lagos andinos! Será um novo destino
para nós, pois ao Chile em breve
retornaremos.
Associação Médica da Paraíba
33
Homenagem Póstuma
À augusta alma do dr.
Augusto de Almeida
Por Por Sebastião Aires de Queiroz
Membro da “APP” e da APMED
Grande perda, inesperada,
Amplamente lamentada,
Pela classe e Academia;
Por amigos e parentes;
Por seus diletos clientes
De clínica e de cirurgia.
À nossa universidade,
E à local sociedade
Muitos serviços prestou,
E, em nossa capital,
Foi fundador de hospital
A que a vida dedicou.
Foi exímio cirurgião,
Com clínica formação,
E notável professor.
Exerceu a profissão,
Com ética e vocação,
Com humanismo e com amor.
Era devotado ao lar,
Pai de família exemplar
E amigo dos amigos,
A todos tratava bem,
Numa fez mal a ninguém,
Não cultivou inimigos.
Era culto e inteligente,
Hábil e proficiente,
Em sua especialidade,
Que a muito ensinou,
E nela, a muitos, formou,
Na honrada faculdade.
Externamos condolências
E a Deus pedimos clemências
Para sua augusta alma.
A Ele, saudoso adeus,
Que no Céu, mansão de Deus,
Viva, em paz, em doce calma.
Faleceu o fundador da Associação
Brasileira de Neuropsiquiatria Infantil
Faleceu no dia 04 de julho
passado, no Rio de Janeiro, o
médico Jairo Rodrigues Valle, que foi
presidente da Sociedade Brasileira
de Pediatria e da Associação
Brasileira de Neuropsiquiatria Infantil
(ABENEPI), além de ser titular das
Academias Brasileira de Pediatria,
Fluminense de Medicina e Brasileira
de Medicina de Reabilitação,
bem como membro da Academia
Americana de Pediatria e da
International
Child
Neurology
Association.
Formado,
em
1944,
pela
Faculdade Nacional de Medicina,
hoje UFRJ, foi o primeiro médico
residente do Brasil, tendo ficado
em primeiro lugar no concurso do
Instituto Fernandes Figueira. Fez, em
seguida, residência no Hospital dos
Servidores do Estado (Função de
Pediatria).
De 1950 a 1951, cursou
Neuropediatria na Universidade de
34
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
Chicago (EUA), onde frequentou
o Serviço Prof. Douglas Buchanan,
no Bobs Roberts Memorial Hospital
for Children. Dr. Jairo foi chefe dos
Serviços de Pediatria do Hospital
dos Servidores (HSE), da Policlínica
do Rio de Janeiro e trabalhou
como neuropediatra no Hospital
São Zacharias (Santa Casa de
Misericórdia).
Na sua produção científica,
destacam-se alguns títulos: “O
Coma na Infância”; “Manifestações
Neurológicas
nas
Hemopatias
Infantis”,
e
participação
no
capítulo “Convulsões” do livro
“Pediatria Essencial” do professor
Azor José de Lima. Na SBP, fundou
o Departamento Científico de
Neurologia da SBP. Também
escreveu o livro de genealogia
“Família Rodrigues Valle” e a
biografia do Professor Dr. Luiz Torres
Barbosa.
Foto: Alexandre Durão
Dr. Jairo Rodrigues
Valle, ao centro,
em 12 de outubro,
no encerramento
do 1º Congresso de
Médicos Residentes
em Pediatria, no
Rio de Janeiro
VISÃO CIENTÍFICA:
Regras de publicação
Neste espaço publicamos, a cada edição, dois artigos
científicos, inéditos, baseados em experiências de consultórios, pesquisas em literatura especializada sobre o tema
tratado.
Os textos em corpo 12, fonte Times New Roman, estão
limitados ao máximo de sete páginas para cada um, incluindo as ilustrações e referências.
O objetivo é contribuir para o crescimento profissional
dos que se interessam pela questão evidenciada, assim
como desmistificar os preconceitos em relação à determinadas patologias.
O texto encaminhado será submetido à apreciação do
Conselho Editorial para a decisão sobre a sua publicação.
Com relação às ilustrações serão excluídas imagens impactantes, pois esta revista vai circular entre leigos, assim
como se evitará a publicação de fotografias que violem
a privacidade dos pacientes.
A divulgação dos artigos é de exclusiva responsabilidade dos seus autores, que automaticamente renunciam a
qualquer bônus financeiro advindo desta publicação.
Associação Médica da Paraíba
35
VISÃO CIENTÍFICA
Canabidiol:
contra ou a favor?
E
ste artigo foi escrito com o objetivo de
clarear as ideias a respeito da utilização
medicinal do Canabidiol (CBD),
substância derivada do Cannabis
Sativa, a popularmente chamada
maconha. Antes que você, leitor,
pergunte se as autoras são usuárias da maconha,
já respondo: NÃO. Se nós somos especialistas
deste assunto? também NÃO. Este trabalho foi
elaborado por uma professora de Odontologia
da Universidade Federal da Paraíba e duas alunas
do mesmo curso. Você também pode perguntar
se somos a favor ou contra da utilização medicinal
dessa substância? Não vamos responder ainda.
Este tema tem aparecido com tanta frequência
nos noticiários, que tivemos a curiosidade de ler e
escrever esta pauta, pedindo licença aos leitores
de expor nossos pensamentos. Não queremos
ser pretenciosas, desejamos apenas que ao final
deste artigo você possa conhecer um pouco da
história da maconha, seus efeitos e refletir porquê
tantas famílias reivindicam, atualmente, o uso
medicinal desta substância para melhorar o diaa-dia dos seus.
A Cannabis Sativa está dentre as primeiras
plantas cultivadas pelo homem. Em latim,
Cannabis significa cânhamo, o gênero da
família da planta, e sativa quer dizer plantada
ou semeada. É uma planta originária da Ásia
Central3.
36
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
A primeira evidência do uso da cannabis foi
encontrada na China, 4.000 A.C., onde achados
arqueológicos e históricos indicaram que a
planta, inicialmente, era cultivada para uso das
suas fibras6. Países como China e principalmente
Índia, usavam amplamente a cannabis como
medicamento
analgésico,
tranqüilizante,
anticonvulsivante, anestésico, anti-inflamatório,
expectorante, para constipação intestinal e
estimulação de apetite. Autores indicam que o
uso da cannabis para alterar o estado mental,
e não estritamente como remédio, se iniciou na
Índia, onde esta erva era considerada sagrada,
com presença constante em rituais religiosos6.
A cannabis é conhecida na África desde
pelo menos o século XV, e seu uso foi introduzido
pelos Árabes ligados à Índia. Na África, a
planta era utilizada para mordidas de cobra,
estimuladores de parto, febre, envenenamento
do sangue, asma e desenteria3. Nas Américas,
o uso da cannabis começou, provavelmente,
na América do Sul. A história da maconha no
Brasil tem seu início com a própria descoberta
do país, em 1500, desde a estrutura de velas e
cordames das caravelas vindas, feitas pelas fibras
da cannabis, como pelas plantas trazidas pelos
escravos negros, em sua maioria da Angola,
sendo denominada de ‘fumo-de-Angola’3.
Durante as décadas seguintes, seu uso foi
rapidamente disseminado entre os escravos e
nossos índios, que passaram a cultivá-la, além
de ser estimulado pela Coroa Portuguesa, que
enviava as sementes para o Brasil3. Séculos depois,
com a popularização da planta entre intelectuais
franceses e médicos ingleses do exército imperial
na Índia, ela passou a ser considerada em nosso
meio, como um excelente medicamento3.
A repressão contra o seu uso tomou proporção
apenas no século XX, devido aos representantes
brasileiros da Conferência Internacional do Ópio,
em Genebra, declararem que a maconha era
mais perigosa que o ópio. A condenação da
planta naquela Conferência repercutiu até 1961,
na Convenção Única de Entorpecentes, das Nações
Unidas, em que a cannabis foi considerada uma droga
particularmente perigosa, e foi incluída junto com a
heroína no Cronograma IV daquela convenção. A
perseguição policial aos usuários se fez constante e
enérgica a partir deste ocorrido3.
De acordo com a lei Brasileira, 6.368/1976, o uso
médico e recreativo, das substâncias derivadas da
planta são proibidos, sendo considerado ofensa criminal,
e os usuários podem enfrentar penas de prisão3. Porém,
uma nova lei está em discussão no Congresso Brasileiro,
defendendo que a posse de certa quantidade do
produto não seria mais ofensa criminal3.
A legalização da maconha é um assunto que gera
polêmica no Brasil, mas em vários países do mundo ela
já é legalizada. Holanda, Espanha e Estados Unidos são
alguns que já permitem a produção, o cultivo e a sua
venda para consumo. Na América do Sul, o Uruguai
foi o primeiro país a ter um projeto para controlar a sua
comercialização8.
A maconha contém cerca de 400 substâncias, 60
delas canabinóides. Dentre estas, o D9 THC (tetra-hidrocanabinol), principal psicotrópico, é o maior responsável
pelos efeitos adversos da cannabis1, sendo os mais
comumente relatados: ansiedade, pânico, paranoia,
psicose aguda, aumento da frequência cardíaca,
redução da pressão arterial (vaso dilatação), aumento
do apetite, boca seca, tontura; no caso de intoxicação
aguda: delírios, alucinações, propriedades psicoativas
de euforia e alterações psicomotoras; se associada ao
uso crônico: a síndrome amotivacional. Porém, o THC em
dosagens terapêuticas pode ser usado no tratamento
de várias doenças, como glaucoma e esclerose
múltipla2-10.
Por outro lado, existem outros componentes, que
constitui mais de 40/% das substâncias extraídas do
cannabis, o canabidiol (CBD) não possui os efeitos
psicológicos típicos da maconha. Pesquisas apontaram
que esta pasta extraída, é um ansiolítico extremamente
eficaz, além de não causar dependência e efeitos
colaterais. Existem uma série de aplicações médicas
para o seu uso: crises epilépticas, esquizofrenia, mal de
Parkinson, doenças raras, esclerose múltipla, câncer e
dores neuropáticas associadas a doenças que afetam
o Sistema Nervoso Central, diminuição de transtornos de
sono e alívio de dor5.
Mesmo assim, a sua utilização como medicamento
não é permitida no Brasil pois, segundo a Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), o canabidiol
está inserido na lista de substâncias de uso proscrito no
Brasil, chamada de F2, por ser derivado da Cannabis
sativa5. No entanto, o uso da canabidiol pode ser
autorizada pela ANVISA por meio de uma solicitação
excepcional de importação para uso pessoal. Para isso,
deve-se apresentar prescrição e laudo médicos e um
termo de responsabilidade7.
Das 59 solicitações de importação feitas à ANVISA,
37 foram aprovadas, desde abril até agosto deste ano.
As demais solicitações ainda estão em análise ou com
pendências na documentação9. De acordo com a
agência, o prazo médio para a liberação da importação,
após a solicitação, é de uma semana5.
A liberação do uso do canabidiol (CBD) chegou a ser
discutida, mas a decisão foi adiada. A discussão sobre
a liberação do uso do CBD no país também acontece
no Conselho Federal de Medicina (CFM), que aguarda o
recebimento de resultados de pesquisas da Universidade
de São Paulo de Ribeirão Preto, com seu uso, para que
se aprove a sua prescrição. É possível que ela seja
aprovada em breve, depois disso, o CFM envia um
parecer à ANVISA para pedir a liberação do uso no país
e a importação1.
Recentemente, na Paraíba, foi liberada pela Justiça
Federal, por meio do Ministério Público Federal, a
importação do canabidiol para realizar tratamento em
16 pacientes portadores de patologias neurológicas com
quadro clínico de epilepsia, nos quais já haviam sido feitas
tentativas de tratamento com a terapêutica tradicional,
sem alcançar êxito. Entretanto, ainda se faz necessário
um termo médico de responsabilidade, documento
exigido pela ANVISA4.
A proposta é que o canabidiol seja reclassificado
para a relação de outras substâncias sujeitas a controle
especial, chamada de C1. Caso a Diretoria Colegiada
da ANVISA aprove, o canabidiol poderá ser importado
ou encomendado de qualquer parte do mundo, desde
que o comprador tenha em mãos uma receita médica
em duas vias4.
Os estudos envolvendo propriedades terapêuticas
do Canabidiol em humanos começaram em 1982,
mostrando suas interações. Desde então, cada vez temse descoberto mais aplicações para o composto, e com a
diminuição do tabu científico em cima das propriedades
de substâncias derivadas da Cannabis, teremos cada
vez mais pesquisas e possíveis novos tratamentos1.
Depois de toda explanação, voltamos a pergunta
inicial: Somos a favor ou contra da utilização medicinal
dessa substância? As autoras possuem opiniões
divergentes. Acreditamos que esta pequena amostra
com 03 pessoas refletem as discussões que giram em torno
da legalização do canabidiol. Uma parte pensa que a
liberação pela ANVISA na forma de medicamento, de
uso controlado e restrito, para pacientes que necessitam
da substância, assim como vem sendo utilizados em
outros países, deve ser visto como a preservação ao
direito da saúde e da vida, tendo em vista que já é
comprovada a melhoria no quadro clínico dos pacientes
que possuem, por exemplo, epilepsia grave. No entanto,
a grande preocupação é de como este processo irá ser
encaminhado e controlado pelo Serviço Público, mas
este ponto já merece outro artigo. E você? O que pensa
a respeito?
Associação Médica da Paraíba
37
VISÃO CIENTÍFICA
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ser legalizado? Brasil Post. Disponível em: http://
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http://g1.globo.com/pb/paraiba/
noticia/2014/08/justica-libera-importacao-decanadibiol-para-16-pacientes-da-pb.html. Globo
comunicações. Publicado em: 18/08/2014. Acesso
em: 20/08/2014.
5 G1, Bem Estar. Entenda o que é o canabidiol
e a possível mudança para importação.
Disponível em: http://g1.globo.com/bemestar/
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Acesso em: 17/08/2014.
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histórica, farmacológica e antropológica. Rev.
Mneme, Rio Grande do Norte, v. 4, n.7, fev/mar
2003.
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voluntários. Jornal A Cidade. Disponível em: http://
www.jornalacidade.com.br/noticias/cidades/NO
T,2,2,980498,USP+testara+canabidiol+em+volunta
rios.aspx. Publicado em: 18/08/2014. Acesso em:
19/08/2014.
8 MIRANDA, Juliana. Quais lugares do
mundo onde a maconha é liberada? Portal R7.
Disponível em: http://www.sitedecuriosidades.
com/curiosidade/quais-lugares-no-mundo-ondea-maconha-e-liberada.html.
Publicado
em:
06/03/2014. Acesso em: 19/08/2014.
9 ZH, Notícias. Anvisa autorizou 37 pedidos
de importação do canabidiol em 5 meses.
Disponível em: http://zh.clicrbs.com.br/rs/noticias/
noticia/2014/08/anvisa-autorizou-37-pedidosde-importacao-de-canabidiol-em-cincomeses-4575123.html. Publicado em: 14/08/2014.
Acesso em: 18/08/2014.
10 ZUARDI, A.W. et al. Cannabidiol, a Cannabis
38
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
sativa constituent, as an antipsychotic drug. Braz J
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11ZUARDI, Antonio Waldo. History of cannabis
as a medicine: a review. Rev. Bras. Psiquiatr., São
Paulo, v. 28, n. 2, Junho, 2006.
Patrícia Moreira
Rabello
Professora de Odontologia
da Universidade Federal
da Paraíba, Doutora em
Odontologia em Saúde
Coletiva pela Universidade
de Pernambuco
Bianca Golzio
Navarro Cavalcante
Aluna do Curso de
Odontologia da UFPB,
Aluna bolsista de Iniciação
Científica (PIBIC/CNPq)
Carolina Vieira
Lucena Veloso
Aluna do Curso de
Odontologia da UFPB,
Aluna bolsista de Iniciação
Científica (PIBIC/CNPq)
O que é o micro RNA?
Uma nova perspectiva para
o tratamento do câncer
A
partir da descrição da estrutura
do DNA por James Watson e
Francis Crick, em 1953, a premissa
de que o DNA produz RNA e de
que o RNA mensageiro (RNAm)
produz proteína norteou a
compreensão da biologia celular, as pesquisas
em biologia molecular e a engenharia
genética.1 Neste contexto, o DNA contém a
informação genética que permite à maioria
dos organismos vivos funcionar, crescer e
reproduzir.
Em 1993, os micro-RNAs foram descobertos
por Victor Ambros, Rosalind Lee e Rhonda
Feinbaum através de um estudo com o gene
lin-14 no nematodeo Caenorhabditis elegans.2
Em 2001, uma maior compreensão dos microRNAs no metabolismo celular impulsionou
novos estudos, e houve uma maior percepção
quanto ao seu real potencial para tratamento
de doenças, principalmente o câncer.
A atividade dos micro-RNAs está diretamente
relacionada ao mecanismo de oncogênese e
de supressão tumoral, o que os torna um alvo
promissor para intervenção, como na terapia de
alvo molecular. Atualmente, diversas pesquisas
identificam os micro-RNAs no processo de
carcinogênese, progressão, formação de
metástases e resistência ao tratamento com
antineoplásicos e radioterapia.
Definição de Micro-Rnas
Micro-RNAs,umaclassedereguladoresgênicos
na fase de pós-transcrição do DNA, consistem
em sequências curtas de aproximadamente
22 nucleotídeos, apresentando uma estrutura
secundária em alça ou grampo. Eles se ligam
a sequências complementares no RNAm,
geralmente resultando na supressão ou no
silenciamento dessa atividade mensageira.10,11
Assim, a expressão de micro-RNAs pode funcionar
como fator inibidor da ação de genes supressores
de tumor ou de oncogenes, sendo contrária à
ação primária do RNAm silenciado.
Nomenclatura dos Micro-Rnas
O novo micro-RNA recebe o prefixo “MIR”.
O ‘mir’ (letra ‘r’ minúscula) refere-se à forma
imatura de pré-micro-RNA, enquanto o ‘miR’
(letra ‘R’ maiúscula) refere-se à forma madura.
Um hífen e um número seguem esse
prefixo, segundo sua ordem de descoberta.
Por exemplo, mir-123 e mir-145. Esses números
sempre são catalogados após sua descoberta
e antes de sua publicação.
Os micro-RNAs com estruturas semelhantes
recebem
‘letras’
para
denotar
essa
semelhança. Por exemplo, miR-121a e miR121b.
Os micro-RNAs com 100% de semelhança
estrutural, mas originados de diferentes
localizações no genoma, recebem um
sufixo com hífen, seguido de um número. Por
exemplo, miR-121-1 e miRNA-121-2.
Associação Médica da Paraíba
39
VISÃO CIENTÍFICA
Biogênese dos Micro-Rnas
No núcleo celular, os micro-RNAs são
transcritos a partir de íntrons (chamados de
minintrons, uma sequência de nucleotídeos)
do DNA através da RNA polimerase II.19
Inicialmente são produzidas estruturas de RNA
maiores, chamadas de pri-micro-RNAs, que
podem conter até seis micro-RNAs.20 Os primicro-RNAs são processados no núcleo pela
ribonuclease Drosha (RNase III) em pré-microRNAs.21 Após essa maturação, o pré-microRNA (agora com cerca de 70 nucleotídeos)
é exportado ativamente para o citoplasma
através do transportador chamado exportin
5.22 No citoplasma, o pré-micro-RNA é
processado pela enzima Dicer (RNAse III),
eliminando sua alça de nucleotídeos e
resultando em dupla fita de micro-RNA (com
cerca de 22 nucleotídeos), que caracteriza o
micro-RNA imaturo (micro-RNA duplex). Neste
momento, o micro-RNA de dupla fita é clivado
e incorporado ao complexo miRISC (complexo
de indução para silenciamento de RNA), onde
apenas uma única fita caracteriza o micro-RNA
maduro. A fita única do micro-RNA permanece
no miRISC, e esse complexo atuará sobre o
RNAm alvo.
Mecanismo de Ação
O DNA é responsável pelo armazenamento
das informações necessárias para a construção
das proteínas e do RNA. A produção da
proteína se inicia quando o RNAm copia parte
da cadeia de DNA (processo chamado de
transcrição). Em seguida, essa informação
é ‘traduzida’ em proteínas. Isso é necessário
para a homeostase celular e a manutenção
da espécie.
A função dos micro-RNAs está relacionada
à regulação da expressão gênica. O micro-RNA
exerce seus efeitos regulatórios quando, ligado
ao complexo RISC, interfere no RNAm-alvo. Os
micro-RNAs impedem a tradução do RNAm
pelo ribossomo, seja pela clivagem do RNAm
com os quais possui complementaridade, seja
pela repressão da tradução pela ligação entre
ambos.
Estudos apontam que um único complexo
miRISC pode se ligar a mais de 200 genesalvo. Estes alvos podem ter funções diversas,
tais como fatores de transcrição, receptores
e transportadores. Portanto, os micro-RNAs
controlam a expressão de cerca de um terço
do RNAm humano, e a supressão ou alteração
de sua expressão pode contribuir para o
desenvolvimento e para a progressão de
diversos tipos de neoplasias.
Perspectivas
A compreensão sobre a existência e o
comportamento biológico dos micro-RNAs
permitiu o desenvolvimento de diversas linhas
de pesquisa em oncologia. Identificar o sítio de
biogênese e o mecanismo de ação, mensurar
sua expressão, identificar o RNAm alvo e
manipular esses processos através de técnicas de
silenciamento, por exemplo, são estratégias de
interesse quando o objetivo é usar os micro-RNAs
como alvos de estudos pré-clínicos e clínicos.
Considerando-se que os micro-RNAs inibem
a atividade do RNAm, algumas situações são
encontradas: 1) quando o RNAm resulta de
um oncogene, a atividade do micro-RNA será
supressora; 2) quando o RNAm provém de um
gene supressor de tumor, seu bloqueio pelo micro-
40
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
RNA resulta em ação pró-oncogênica. Assim, é
possível induzir a superexpressão do micro-RNA
para uma maior inibição do RNAm proveniente
de um oncogene. Em contrapartida, pode-se
silenciar um micro-RNA, favorecendo a atividade
do RNAm resultante de um gene supressor de
tumor.
Os micro-RNAs codificados pela família
let-7 foram o primeiro grupo identificado de
oncomirs, ou seja, que regulam a expressão de
um oncogene, especificamente os genes da
família RAS; esses micro-RNAs têm sido alvo de
estudos em câncer colorretal e, principalmente,
de pulmão.24,25 Já na linhagem de células-B,
com superexpressão de MYC, o micro-RNA miR17-92 funciona como um supressor de tumor,
porque sua expressão reduz a expressão de E2F1,
e portanto, inibe a proliferação celular mediada
por MYC.8-11 No carcinoma renal de células
claras, foi observada uma correlação entre a
expressão de miR-451, miR-221, miR-30a, miR-10b
e miR-29a e a ocorrência de estadio metastático
ou não metastático.26
Outros estudos buscam definir um perfil de
expressão de micro-RNAs e correlacionar esse
perfil com a invasão e o prognóstico de diversos
sítios de câncer, obtendo uma assinatura de
micro-RNAs na intenção de manejá-los de
forma preventiva ou terapêutica.27 Estão em
andamento diversos estudos com esse objetivo,
tanto para neoplasias de alta relevância
epidemiológica, como para tumores cujas
possibilidades de tratamento ainda são bastante
limitadas. Como exemplos, estuda-se o perfil
de micro-RNAs em pacientes submetidas à
neoadjuvância e adjuvância para câncer de
mama localmente avançado e inflamatório, o
perfil da expressão de micro-RNAs em câncer
de próstata de alto risco e a expressão de microRNAs no carcinoma de células renais.28
Considerações Finais
Por quase três décadas, a carcinogênese tem
sido atribuída tão somente a alterações nos
oncogenes e nos genes supressores de
tumor, mas hoje assistimos a uma mudança
nos paradigmas. Após o desenvolvimento
de novas metodologias, como a técnica do
DNA recombinante, a nanotecnologia e as
ferramentas de bioinformática, outros horizontes
menos explorados, como o dos micro-RNAs,
estão se abrindo.
O Projeto Genoma Humano sequenciou
99% do genoma humano, e, apesar de
aproximadamente 25.000 genes sequenciados,
isto constitui pouco mais de 20% do material
genético total humano, já que esse material
não se restringe ao DNA nuclear. E, de todos os
genes que tiveram sua sequência determinada,
apenas cerca de 50% codificam proteínas de
função conhecida. Nesse projeto, os íntrons
foram considerados inicialmente sem função,
mas atualmente essas mesmas sequências de
nucleotídeos nucleares são compreendidas
como as maiores responsáveis pela origem dos
micro-RNAs.
Estima-se a existência de pelo menos 300
micro-RNAs (e podem ser mais de 1000) no
genoma humano. É notória a complexidade
genômica do câncer, e há forte evidência
de que as moléculas de micro-RNAs atuam
na regulação dos genes supressores de tumor
e de oncogenes. A cascata de eventos que
ocorrem a partir da ativação de uma tirosinaquinase até a efetiva ação em seu alvo pode
estar diretamente relacionada com a função
de uma grande quantidade de micro-RNAs. Isso
coloca os micro-RNAs em evidência como uma
importante classe de reguladores gênicos.
O desafio translacional atual é não apenas
identificar alvos entre os micro-RNAs analisados
nas pesquisas básicas, como possíveis fatores
preditivos e prognósticos, mas também intervir
sobre esses micro-RNAs, buscando alvos
terapêuticos para o desenvolvimento de novas
modalidades de tratamento contra o câncer a
serem validadas em ensaios clínicos. Atingiremos,
nesse momento, a terapia de alvo molecular
genômica? Somente o futuro, nada longínquo,
poderá nos responder.
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em: 10∕05∕14).
Thiago Lins Almeida
42
AMPB | Edição 07 | SETEMBRO 2014
CRM 5878
Médico Oncologista
Clínico – Centro
Paraibano de Oncologia
Hospital São José –
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