ti1,ìËs:l,ilÌffi - IFSP-PRC

Transcrição

ti1,ìËs:l,ilÌffi - IFSP-PRC
'
i
.:ii
r
,.ro..
(triffilt
:H
'. "
,.t
:r'i;ltl',r*,;,,..
' . ' ' '
I " . . ." , ,
':?All
rl;È:À;ìÌi
i::lliii
ç;'
::
-*"
DA VIOLÊNCIA:
UMAVISÃOALEGORICA
E RUINAS
FRAGMENTOS
Aurea Maria Guimarães
que
de alegoria
Foia partirda idéiabenjaminiana
passeia investigar
expressões
algumas
como
da música,
buscampor intermédio
e culturais
artísticas
dos seus
da poesia,dosversos,das suashistórias,
mitose seus ritosjuntaros estilhaçosdos sujeitose
"(re)-criar"
a unidadecertavez
dosobjetos,tentando
oerdida.
A perdadestaunidadeé analisadaporWalter
"A
(1984)na suaobraintitulada Origemdo
Benjamin
DramaBarrocoAlemão".Ao cairem pecado,Adão
destruiua harmonia,e a vidade soÍrimentoresultouna
de se exprimirum sentidoúltimoà vida.
impossibilidade
da
se
instaura
com o esfacelamento
A alegoria
a
mais
recolher
que
consegue
não
do sujeito
identidade
pois,
o
sentido
agora,
Íragmentos,
dos
signiÍicação
últimosomenteDeusconhece.
dos sentidospodeser melhor
Essapulverizaçâo
que
ao simbolismo
recorrermos
se
comoreendida
a
segundo
e
da
salvação
marcaa históriada criação
MísticaJudaica.
A luzdivina,ao inundaro espaçoprimevo,criouo
primeiroser.Delejorravamluzes.As luzesvindasdos
"confusão"
ou "desordem",
olhos,tambémchamadasda
Porém,chegouum
emanavamnumaformaatomizada.
predeterminar
a criaçãode
que
Deus,
ao
tempoem
julgou
capturaras
necessário
finitos,
serese Íormas
"recipientes
preservá-las
especiais".
em
luzesisoladase
jorraram
o impacto
vez,
uma
só
de
todas
Comoas luzes
quebrassem
que
e
se
os vasosse
delasÍez com
'1995,
pp.296e297).
(Scholem,
despedaçassem
por
não
suportandoa Íorça
Os serescriados Deus,
que
se
atingiam,
os
da luzdivinae a violência
Os
e
impotentes.
comovasosÍrágeis
esfacelaram
pedaços,
pulverizaram
misturaram-se,
em nril
cacosse
"amontoado
e o que temoshojeé um
dispersaram-se,
1993,p.66).
de ruínas"(Gagnebin,
ParaBenjamin,o mundoestáem pedaçose a
de ruínas.E
a um amontoado
se assemelha
história
que
se
a dominação impõedando
sobreessasruínas
um sentidoúnicode verdadea existência.
A salvaçáoestáem recolheros pedaçosdispersos,
nãoparareparara unidadeperdidae simparaque se
possa,ao deter-sesobreas ruínas,criaruma outra
memóriaquenãoa dosgruposno poder.
comoa alegoria
lnicieimeutrabalhoanalisando
aparecianasgravurasde JoséFrancisco
benjaminiana
nascidoem1746e mortoem
de Goyay Lucientes,
1828.Pintore afiistagráÍicoespanhol,a suacriatividade
eo
cresceem tornode temasque envolvema crueldade
teqrorda guerra.Ao visitarasilosparaloucose os locais
de ocupaçãoda EspanhainvadidapelosÍrancesesno
períodode 1808a1814,concebeucenasde atrocidade
contraa
em veementesprotestos
ouese transÍormaram
"Os
guerra.A suaÍamosasériede gravuras: desastres
e da
da guerra",mostraimagensda destruição
corposesquarlejados,
Esqueletos,
decomposição.
a cruel
denunciam
Íeridos,cacos,ruínas,podridão,
do homemsemtítulos,sem passadoe
desvalorização
tudoo quepoderiadara ilusãode harmonia
destroem
dos nobresalheios
numasociedadedos reise príncipes,
ao mundoqueos rodeia.
a visãopassiva
As gravurasde Goyainterrompem
comosendo
de umaordemquese apresenta
pretensamente
natural,Íactual,objetivaem relaçãoà
históriaoÍiciale juntamos cacosabaÍados,omitidos
"históriadosvencidos".
pelopoderparadarvoz à
Apósessapassagempelomundoartísticode Goya,
voltei-meparaa buscadosÍragmentostambém
presentesno movimentoHiP-HoP.
No iníciodos anos70, os guetosde NovaYork
culturalque
porumamanifestação
foraminvadidos
deÍiniuum estilode pensare de ser.A guerrado Vietnã
de vidado povonegro
(1964- 1975),maisas condições
Queens,Harlem,Bronx,etc.,e
oue habitavao Brooklin,
juntoaos latinose
dosamericanos
a repressão
Hipdo movimento
o surgimento
causaram
imigrantes
"sacudir
o quadril".
significa
Hopque,popularmente,
desconjuntar
Hipé descadeirar,
Numatraduçãoliteral,
e Hop,saltar,coxear.
de três
O Hip-Hopse expressapor intermédio
elementosadísticos:
"rap":é a músicae o cantodo Hip Hop.Sua
a)O
funçãoé manterentreseusmembrosumaconsciência
ativaque inÍormee elaboreletrassobrepolítica,Íome,
preconceito,
racismo;
"break":é a dançado Hip-Hop.Os garotosdos
b) O
os soldados
com seusmovimentos
guetosimitavam
do Vietnã.Era
ou quebradosque retornavam
mutilados,
umaformade protestocontraa guerra;
"grafite":
masde uma
nãose tratade pichação,
c)O
expressãoartísticaque tentapassaruma mensagem
atravésde desenhos.
O Hip Hop em Campinas
São Paulo,os membrosdo
Na cidadede Campinas,
movimentoHip-Hopreúnem-setodosos sábados,na
lojas
RuaCamposSales,em Írenteàs principais
a partirdas 12 horas.
comerciais,
E m m a i od e 1 9 9 7 ,e n t r e ie m c o n t a t oc o m a l g u n s
"calçadão"das ruaspara
gruposque escolhemo
encontraros amigos,trocaridéiase inÍormações
sobreeventosmusicais,ensaios,acontecimentos
,o
q u ea t i n g e ma c o m u n i d a dH
e i p - H o pn o m u n d o n
e
m
C
a
m
o
i
n
a
s
.
Brasile
' a,i
i-,.'i
ti1,ìËs:l,ilÌffi
!f[
:.-,..,
Paraeles,o rap "não é apenasmotivode festa,ete
também ensina e faz a gente aprendel'.
Sabemque a condiçãode pertencerà raçanegrae
de serempobresos colocamem uma situaçãode
desvantagem.
A maioriajá Íoi vítimade perseguição
policiale algunschegama afirmar:"so não virei
bandido,porque eu tenho consciência',.para o
movrmento,
ter consciência
é ser "racional,',
ou seja,é
saberda importância
da cultura,da educação,
dos
livrose da escola.O verdadeiro
negroé aquelequeé
"capaz
de remar contra a maré".
Estavainteressada
na produçãoartÍsticado grupoe
numdessessábados,conheciShetara,locutorda
RádioStudioA, que Íaziaa programação
de música
rap,alémde animaros showsrapsna ASSAMpI
(Associação
dosAmigosdo ParqueIndustrial).
Resolvi
Íilmarum dessesshowse entrevistar
os Íreqüentadores
do baile.
Comoa noiteestavaÍriae chuvosaa Íreoüência
estavareduzida.As pessoasquasenãodançavam.A
maioriapermaneciaem Írenteao telãoquetransmitia
"gurus"
entrevistas
comos principais
do movimento,
ou
ouviamúsicasgravadas,mas modificadas
pelo
"scratch". "scratch"
O
é um movimentoÍeitopelamão
"disc-jokey"
do
paraÍrentee paratrás,provocando
o
atritoentrea agulhae o sulcodo disco,tirandoum som
de "arranhada".
Essatécnicatornou-sea percussãoda
músicae Íoi criadaparase soltaro discocom precisão
na horade se Íazero corteparaum outrodisco.
O M.C.,ou o Mestrede Cerimônia,
tambémé uma
Íiguraimportantede animação,poisilustraa Íestacom
brincadeiras
e gozações.
SegundoShetara,independentemente
de a casa
estarcheiaouvazia,o comportamento
do grupo
campineiro
diferedo de outroslugares.Aqui,a
preocupação
é compreender
as letrasdas músicas.Nas
"todomundo
palavrasde um dos entrevistados:
achaque
todopreto é ladrão,é viciadoem droga. Temmuíta
discriminação,e, as letrasdo rap mostrama verdade,
elas falamsobre nós. Nemtodopreto é tadrão,nem
viciadoem droga.Não é porque raspa a cabeça,usa
toca, que é marginal, issofaz parte do movimentd'.
Poralgumasvezes,o som era interrompido
paraa
apresentação
dos"Breakersde Rua".Suasperformanceslembravam
corposestilhaçados,
voandopara
todosos lados.Essegrupoqueé de Hortolândia,
recebeconvitesnão só paraanimarfestas,mas para
Íalardo movimento
Hio-Hoo.
Para Shetara,"o rapperé o carteiro(...),é como se
fosse um reporter,mas fazendo música, narrando um
fato em cima de uma música. A pessoa mistura muito
porque o cara fala de violência,fala de droga, mete a
boca na polícia, na violência, (...) o cara é bandìdo, é
marginal,mas não é assim,ele é apenas um filósofo
que observaalgumas coisase coloca issoem suas
músicas".A Íalade Shetaranos levaa diÍerenciaruma
"violência
Íundadora"
(MaÍfesoli,
1gB7)que propiciaa
desconstrução
de códigosrígidos,
preconceituosos,
de
*i*+gqaffiiÌííÍffiii
:
u+*Ìi+Í$Ìt*ÌÍ+'1 '
uma"violência
totalitária"
(Maffesoli,
19g1)quelevaos
indivíduos
a se submeterem
à lógicado mercado.
O
ganhoÍácil,o Íascíniopelasarmas,pelasdrogas,pelo
controlede um território,
solidiÍicam
as engrenagens
de
umaguerraprivatizada,
principalmente
entreos jovens
(2),guerraessaque matae não possibilita
trazerà
tonaos estilhaços
que podemdarsentidoà tragédia
humana.
Enquantoa "violência
totalitária"
para
é o passaporte
se adquirirprestígioe poder,a "violência
Íundadora,,
leva
ao que Benjamin
considera
comosendoa destruição
dascontinuidades
e das ordenstidascomonaturais,
definitivas.
A imagemprontae acabadada visãooficial
é destruída,
tornandopossívelosurgimento
de outras
visões,de outrasverdades.
Tambémme interesseiem
conhecerumabandarap.
Os contatoscom Demise Elianeme levaramaté a
"Contagius
RapBand".O gruponasceuem 1g79e tem
comopropostasubstituiros sintetizadores
por
instrumentos
tradicionais
comoteclado,baixo,bateria
eletrônica
e guítarra,
sem abandonaro objetivoprincipal
do rapque é mostrarà sociedade,atravésda música,
os conÍlitosraciaise sociaisque negrose pobres
enfrentamno seu dia-a-dia.
Um CD e um videoclip
marcama produção
da
banda.Convidada
paraassistira um dosseusensaios,
pudeobservarque tantoo cantoÍaladoquantoo ritmo
produzidopelosinstrumentos
apresentamrepetições
ao longode todaa música.Passeia considerar
essa
repetiçãocomosendomaisum dos fragmentosda
visãoalegórica
da violência.
ParaMirceaEliade(1992),a repetiçãoreproduzum
ato primordial
de açõeshumanasque foram
consagradasem sua origenr.Dançase cantossão
atosarquetípicos
(3)porquereatualizam
pordeuses,heróisou
acontecimentos
desencadeados
antepassados.
O que se repetena musicalidade
rap?
Emborao raptenhasurgidonosEstadosUnidos,
ele remontaàs raízesafricanase o cantoÍaladoera um
hábitocomumpraticadopelosnegrosda AÍrica
Ocidentalquefoi perpetuadopelosnegrosescravosno
continente
americano.
Essecantopodiaserentendido
tantoquantoumaÍormade diversãoqueÍizesse
esquecero passadoe as doresdo presente,quanto
tambémum meiode denúnciada exploração
que
rememorasse,
ou fizessea "memóriaorar"fazendo
voltaras palavrasesquecidas.
Pelarepetição,
abandona-se
a histórradas
humilhações,
das derrotase se incorporaao mundo
dosantepassados.
Em um CD do grupo"Consciência
Humana"duasÍaixassão a esse respeitoilustrativas,
trata-sede "MãeAfrica"e "NavioNegreiro".
A letracantadaé a mesmanas duasfaixas,porém,
com ritmosdiferentes,o gruporememoraseus
antepassados
negros:
"Trazidos
de Angola (...),enganados
vendidoscomo mercadoria(...)
.,' r *-+í+**il!ltilì
i,,,.,-..
:
'
':a:a
il\ï.1 , {:,i:'i:'i
Muita luta, muito sangue
para poucas vitórias
Nossa mãe Africa chora
Os motivospara mudar
aindasão os mesmos (...)
para a sobrevivênciada populaçãonegra".
O antepassado
corresponde
a umacategoriade
arquétipoimpessoal,
daía suaÍunçáode regeneração
desorovido
de
coletiva.O sofrimento
nãoé considerado
sentido.Todamode,todaderrotadeveser anuladae
"a
superadapelavitória,por uma novacriação: de ser
livrede nãosero quese foi"(Eliade,1992,p.144).
"Nãosero quese Íoi"...,novamente
nos
A origemÍoi perdida
aproximamos
de WalterBenjamin.
e acabamosherdandoo caosde um mundoondeos
tinhamumahistóriada qualsabemos
antepassados
ordenouessas
apenaspartesdela.A historiograÍia
"vencedores".
Ao se
na visãodos
oartesÍundamentada
entãoas
rememora-se
repetiras palavrasesquecidas,
fraturasdessahistóriaparapoderse contare se viver
"vencidos".
Diantedas ruínas
umaoutrahistória.a dos
passadosé que se produziráos
dos acontecimentos
"Íragmentos",
ou
dos "cacos",repetindo,
sentidosdos
os pedaçosdispersos,não para
seja,recolhendo
reparara unidadeperdida,comoacreditaEliade,e sim
para(re)-criá-la,
dandosentidosnovosà compreensão
e eÍêmeros.
do mundo,aindaque transitórios
no showda
Quandoassistiaosclipsapresentados
"Contagius
"Assampi"
uma
RapBand"localizei
e da
"unidadeperdida".Em
outratentativade se recriara
a atençãoas imagensque Elias
todoseleschamou-me
de "massarítmica".
Canetti(1995,p.29)denomina
E somentena massaque os homenspodemse
de posiçãosocial,
libertardas diÍerençasde hierarquia,
A "massaideal"é aquelaem quetudo
de propriedade.
se passacomono interiorde um únicocorpo.Na
"massarítmica"os estímuloscorporaissãotraduzidos
"passosque em sua repetição,
se juntama
em dança:
outrospassossimulamum númeromaiorde homens.
na mesma
Nãosaemdo lugar;na dançapersistem
posição.Exercemsobretodosos que estãopróximos
umaÍorçade atraçãoque nãocedeenquantonão
paramde dançar.Qualquerserviventeque possaouvireunido"
a ele,e com ele permanecerá
losjuntar-se-á
(Canetti,
op.cit.,p.30).
"umaúnicacriaturaa dançar,munida
A imagemé a de
cabeças,cem pernase cem braços,os
de cinqüenta
ou
quaisagemtodosexatamente
da mesmamaneira,
(lbid.,p.31).
movidosporum mesmopropósito"
iguais,
Apesarde na massaos homenssentirem-se
poissabemque essa
estesentimentoé provisório,
nãoexistede Íato,ou,pelomenosnãopara
igualdade
da massa.
sempre,daí,a ânsiade destruição
Quebrar,arrombar,estilhaçaré destruiruma
quenãose reconhece
mais,é romper
hierarquia
dosbailesque
A violência
estabelecidas.
distâncias
juntamgrandesmassasmostraessaânsiade
:
. , ï::-'.
i ;cÍtfr:,.:. :
-
i
"
:
"
.
*:ì+:'tt
,: "-.
l."L
vidraçasquebradas
destruição.
Portasarrombadas,
Neles
lazemos ediÍíciosoerderemsua individualidade.
dela.
estãoos inimigosda massa,os que se afastaram
A "massaestilhaçada"
senterenascerumanova
criaturaque ultrapassaas fronteirasde sua pessoa.
As expressõesaftísticasaquidelineadascompõem
na
de ruínasque mergulham
imagensde destruição,
mas
com a violência,
nãoparacompactuar
escuridão,
paracompreendê-la
e, dessaÍorma
em seu movimento,
"poderver",as gravuserpossívelenfrentá-la(4).Para
rasde Goyae os elementosartísticosapontadosno
a crueldade,
embreHip-Hopnãosublimam
movimento
nham-senelaem buscado queaindanãofoicriado.
os cacos,as ruínas,a podridãosão
O sofrimento,
"descidaaos
mostradoscomose Íizéssemosuma
os pedaçosque se
inÍernos"parapoderdesconstruir
o
e se tornarammortais,impedindo
cristalizaram
de uma novaenergia.Essaperdade
nascimento
estáticadasÍormasjá
energialevaa umaimaginação
que
ao invésde transformar,
acabadas
estabelecidas,
conÍirmaa realidade.
Aproximações com a educação
"alegórico",
ou seja,
Se o mundoem quevívemosé
é paftesque a cada instantepassama ter um
passaa sertransitÓrio,
ele
o conhecimento
signiÍicado,
causa
e
relaçõesde
Íaz e se desÍaz,impossibilitando
efeito,de começo,meioe Íim.
que paralisamo
Ao invésde verdadescristalizadas
"parte
pensamentoe fazemda escolaa
mais
da cultura"(Almeida,
e desatualizada
conservadora
comsigniÍicados
1994,p.50),podemostrabalhar
que se constróemem buscade suaorigem.
rlinâmicos
a
abandona
o conhecimento
Nessesentido,
"gênese"
trajetória
ea
que me obrigaa seguiruma
dos
encaixara vidana Íôrmado tempolineare
r:onceitos,
e se lançana origem,saltandoforada
"conceitos
ativos"que
utilizando
cronológica,
sucessão
"metáÍoras
vivas"e Íaçamos alunos
funcionemcomo
iremem buscade suashistórias.
O modelode escolaincorporaum modelode
num
a visãodo conhecimento
culturaque restringe
"natural"
segmentar
Consideramos
sentidoampliado.
"maisfácil"parao
conteúdosem séries,partirdo
"maiscomplexo",
que esta
e esquecemo-nos
nasceno séculoXlX,com o objetivode
sistematização
escolar
a uma hierarquia
submeteros estudantes
a
nosfilhosda burguesia
despertando
disciplinadora,
paraas tarefasde mandoe nosÍilhos
responsabilidade
da submissão.
o aprendizado
dostrabalhadores,
lr oaraalémdos limitesda salade aula,trazendoo
a música,a pintura,nãosignifica
cinema,a literatura,
"pedumar"
e sim lutarpela
o conhecimento
ícios
da culturaque
dos
benef
universalização
geralmenteestá restritaaos gruposdominantes.
dostextos,
Trata-sede desmanchara literalidade
que
alunos
leiamo que
os
e
fazer
com
das disciplinas
"dentrodeles",de modoa diÍerenciarem
o que o
existe
"r*.*
*,r*'
''t 'r;'
-
'
'ïÍt-ïã.llïi;:
:
E
,'ï.""*'
a u t o rq u e r d i z e rd a q u i l oq u e o s a l u n o sq u e r e md i z e r
q u a n d ol ê e m o s a u t o r e s ,c o n f o r m es u g e r eA l m e i d a( S ) .
Trazer a cultura para dentro da escola é enÌrar na
"esfera poético"
do
(Bachetard,1986), revitalizandoo
conhecimento,é explorar os "devaneiospoéticos,'que
aíse maniÍestam,Íormando sentidos pedaço a pedaço,
e com eles imagens e metáforas c apazes de
representare recriaro mundo. Que essas imagens
abarquem esperanças e temores dos homens e estes
possam se reconhecere se revigorarnessas imagens
d e m o r t ee d e v i d a ( D u r a n d ,1 9 8 9 ,p . 1 7e 1 9 8 8 ,p . 1 0 5 ) .
Notas
1. EsteartigoÍoi desenvolvido
a partirde um projetode pesqursa,com o mesmotítulo,apresentado,
em 25 de junho de
- OLHO - , da
1997,ao Laboratório
de EstudosAudiovisuais
Faculdadede Educaçãoda Unicamp,sob a coordenação
do proÍ.Dr. MiltonJosé de Almeida.
2. Sobre o assunto ver artigo de Alba Zaluar: "A guerra
privatizada
da juventude",conÍormeindicadona bibliograÍia.
3. Para RobertoDesoilleo arquétipoé de preÍerênciauma
s é r i e d e i m a g e n s" r e s u m i n d oa e x p e r i ê n c i aa n c e s t r a d
l o
homemdiantede (...)circunstâncias
que não são particular e s a u m s ó i n d i v í d u om
, as que podemse impora todcr
h o m e m( . . . ) " (. A p u d ,B a c h e l a r d1, 9 7 7 , p . 2 1 1 ) .
4 . E s s a i d é i a v e i o d e B l a n c h o t ,p a r a q u e m o p o e t a
Lautréamont
perseguidopela exigênciade ver claroaÍundava nas regiõestenebrosas.(Apud,LaymerlGarciados Sant o s , 1 9 9 2 ,p . 1 1 7 ) .
5. De acordocom anotaçõesde aula, do curso de pós-graduação"Pedagogiada lmagem",ministradopelo professor
Dr. MiltonJosé de Almeida,na Faculdadede Educaçãoda
U n i c a m pn, o p r i m e i r os e m e s t r ed e 1 9 9 7 .
As EstruturasAntropológicasdo lmagÍnário:introdução à arquetipologiageral. Lisboa:Editorialpresença,1989.
ELIADE,Mircea.El mito del Eterno Retorno:arquetiposy
repetición.
Madrid:AlianzaEditorial,1992.
G A G N E B I NJ, e a n n eM a r i e .W a l t e r B e n j a m i n :o s c a c o sd a
história.São Paulo:Brasiliense,1993.
J A P I A S S ÚH, . P a r al e r B a c h e l a r dR
. i od e J a n e i r oF, r a n c i s c o
A l v e s ,1 9 7 6 .
MAFFESOLI,
Michel.A Conquistado Presente.Riode Janeiro: Focco, 1984.
A ViolênciaTotalitária:ensaiode antropologia
política. Rio de Janeiro:Zahar,1981.
Dinâmicada Violência Escolar. São Paulo:Ed. da
Revistados Tribunais,1987.
SANTOS,LaymertGarciados.Às voltas com Lautréamont.
T e s e d e L i v r e D o c ê n c i a .F a c u l d a d ed e E d u c a ç ã o .
U n i c a m p ,1 9 9 2 .
SCHOLEM,Gershom.As GrandesCorrentesda MísticaJudaica. São Paulo:Ed. Perspectiva,
1995.
YO CAMPC
. a m p i n a sn, o 1 ,a n o 1 , 1 9 9 7 .
ZALUAR,Alba.A guerraprivatizadada juventude.Folha de
S ã o P a u l o ,1 8 . 0 5 . 9 7p, . 6 ,c . 5 .
Bibliografia
ABRILCULTURAL.Mestres da Pintura: Gova.São Paulo,
B r a s i l ,1 9 7 7 .
ALMEIDA,MiltonJosé de. lmagens e Sons: a nova cultura
oral. São Paulo:Cortez,1994 (Coleçãoquestõesda
nossaépoca,v.32).
BACHELARD,
Gaston.O Direitode Sonhar.São Paulo:DiÍel,
19 8 6 .
La Terreet les Rêveriesdu Repos.Paris,JoséCorti,
1977.
BARBOSA,Elyanna.O Secretodo Mundo: uma leitura de
GastonBachelard.Tesede Doutorado.
Deoadamento
de Filosofiada Faculdadede Filosofia,Letrase Ciências Humanasda USP, 1985.
BENJAMIN,Walter.A Origem do Drama Barroco Alemão.
S P : B r a s i l i e n s e9, l8 4 .
CANETTI,Elias.Massae Poder.São Paulo:Comoanhiadas
Letras,1995.
D U R A N D ,G i l b e r t .A l m a g i n a ç ã oS i m b ó l i c a .S ã o p a u l o :
C u l t r i x1, 9 8 8 .
l-,*,,tttt"
o"
ÁureaMariaGuimarãesé proÍessora
da Faculdadede
Educaçãoda Unicamp,membrodo Laboratório
de
- OLHO
EstudosAudiovisuais