Flatulência e eructação

Transcrição

Flatulência e eructação
osintoma
por cristina almeida
Para decifrar os sinais que o corpo manda
Flatulência e eructação
Tratamentos
disponíveis
Embora sejam desagradáveis nas mais diversas situações cotidianas,
ninguém escapa delas, já que são parte do nosso processo fisiológico
Por que os gases acontecem
A eructação (ou arroto) é um fenômeno
consequente ao aumento da pressão interna do
estômago e se manifesta logo após a ingestão
alimentar. Os gases que não foram eliminados
nesse processo viajam pelo sistema digestivo,
e são quase totalmente reabsorvidos nesse
percurso. Uma pequena porção remanescente será
eliminada via retal. A causas podem ser a excessiva
deglutição de ar (aerofagia), mas também pode se
relacionar à ansiedade, tabagismo, consumo de
bebidas gasosas ou efervescentes, goma de mascar,
congestão nasal, dormir com a boca aberta, além
de dificuldades respiratórias etc. Na flatulência,
os gases são produzidos principalmente por
bactérias inofensivas contidas no intestino grosso
(auxiliares da digestão), cujo metabolismo produz
os ingredientes básicos para os fluídos intestinais
(hidrogênio, metano e dióxido de carbono).
Diagnóstico certo
Avaliação do histórico do paciente e exame físico
geralmente são suficientes. Entretanto, na presença
de outros sintomas, exames complementares
podem ser requisitados: endoscopia, para verificar
a existência de refluxo gastroesofágico;
sigmoidoscopia, que visualiza a parte inicial do
intestino grosso e identifica a origem das dores
abdominais; colonoscopia, usado na avaliação de
alterações da mucosa do intestino, ou raio X do
abdome, se houver suspeita de bloqueio do intestino.
O médico pode sugerir mudança na dieta para
observar a intolerância à lactose e, ainda,
solicitar exame de sangue para a doença celíaca.
Existem pessoas que têm maior dificuldade na digestão de
carboidratos e, por isso, alimentos que contenham certos açúcares
se transformam em verdadeiras bombas: feijão, lentilha, adoçantes
que contenham frutose ou sorbitol etc. Outras, têm problemas
com o leite e seus derivados, porque não produzem uma enzima
denominada lactase, responsável pela absorção da lactose que
os compõe. Além disso, celíacos (pessoas intolerantes ao glúten),
também podem apresentar maior flatulência. Em todos esses
casos, a digestão não acontece como deveria (é parcial), o que
faz com que as bactérias que se encontram no cólon
completem o processo, produzindo mais gases.
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No caso dos bebês
ilustração: airon
Alimentos, a
principal causa
Cada organismo é único e,
tratando-se de sintomas fisiológicos,
é difícil definir quais são os limites
de normalidade na produção desses
gases, que são influenciados até
pela genética: cada família
apresenta maior ou menor nível
de bactérias intestinais. Calcula-se
que uma pessoa normal libere de
0,5 a 1,5 litros de gases ao dia.
Assim, é rara a presença de doença
grave do trato digestivo. Mas se
os sintomas estiverem associados
à dificuldade de engolir, cólica,
distensão abdominal, azia, náuseas
e perda de peso, a existência de
algum tipo de disfunção do aparelho
digestivo (síndrome do intestino
irritado, insuficiência pancreática
e espru tropical – doença causada
pela má absorção de nutrientes)
deve ser investigada. O especialista
capaz de avaliar a situação
é gastroenterologista.
consultoria: manoel nunes cardoso neto, cirurgião geral, especialista em endoscopia peroral e vice-diretor do
hospital municipal irmã dulce / fontes: american college of gastroenterology e manual merck de medicina online.
Como saber
se é demais
Às vezes, a eructação está relacionada ao
refluxo gastroesofágico e tratar a doença
alivia os sintomas. Drogas antiespasmódicas
diminuem a sensação de inchaço. Mudar
estilo de vida e hábitos alimentares trazem
benefícios significativos, portanto, vale a pena
evitar comer rapidamente, abandonar os
chicletes, e eliminar as bebidas gaseificadas.
Parar de fumar é recomendável. Como a
flatulência está ligada à constipação, tratála pode ser útil. Excluída a hipótese de
intolerância à lactose, a sugestão é adotar
uma dieta que exclua alimentos de difícil
digestão: couve-de-bruxelas, couve-flor,
brócolis, rabanete, batata doce, uva, mostarda,
repolho, feijões e lentilhas, e também
ingredientes que contenham sorbitol e frutose
- inclui-se aqui qualquer bebida, doce e goma
de mascar. Consumir fibras em excesso pode
agravar o inchaço abdominal. Remédios à
base de simeticone, beano e carvão ativado
são as opções do mercado, mas não são
eficazes. Tanto para a flatulência quanto para
a eructação quem deve avaliar a necessidade
do uso de medicamentos é o médico.
Quando os bebês mamam ou choram, engolem maior
quantidade de ar e, assim, podem ter gases. Alguns arrotam
após as mamadas, outros não. A dica é insistir para que o façam,
escolhendo a forma que melhor se adapte a eles (no ombro,
sentado ou no colo), finalizando com as clássicas batidinhas
nas costas. Para prevenir as cólicas abdominais, compressas
mornas na barriga, ginástica com as pernas imitando pedaladas
e massagens localizadas e circulares ajudam muito. Quando se
usa mamadeira, a ingestão de ar é maior. Nesse caso, o bebê
deve ser mantido em posição mais ereta, de forma que a cabeça
fique mais elevada em relação ao corpo. O bico deve ter furo
pequeno e a cada mamada o bebê deve ser colocado na
posição vertical, por cinco minutos ou até que consiga arrotar.
Se os gases incomodarem demais, consulte o pediatra.
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