composição química da forragem do capim tanzãnia-1

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composição química da forragem do capim tanzãnia-1
Anais do ZOOTEC’2005 - 24 a 27 de maio de 2005 – Campo Grande-MS
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COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA FORRAGEM DO CAPIM TANZÃNIA-1 (“PANICUM
MAXIMUM” JACQ. CV. TANZÂNIA-1) EM PASTAGEM INTENSIVA1
ADILSON DE PAULA ALMEIDA AGUIAR2, ALCEU RIBEIRO DE MORAES NETO3,
JORGE BARBOSA PAIXÃO3, JORGE ERNESTO ESCALANTE APONTE3, JULIANO
RICARDO RESENDE3, LÚCIO FLÁVIO DO CARMO BORGES3, LUIZ ANTÔNIO DE
MELO JUNIOR3, VYNICIOS FELIPE E SILVA3.
RESUMO
O objetivo deste trabalho foi avaliar a composição química da forragem do capim
Tanzânia-1, nas estações do ano, em pastagem manejada intensivamente. Este trabalho
foi conduzido na fazenda escola da FAZU-FUNDAGRI (Faculdades Associadas de
Uberaba), no município de Uberaba, MG, num ambiente típico de Cerrado. O
delineamento experimental foi em blocos casualizados com as médias comparadas pelo
teste de Tukey a 5% de probabilidade. Na média os valores foram 68,48 % para FDN,
33,83 % para FDA, 0,57 % para Ca e 0,19 % para P. Na comparação entre as estações
não se observou variações nos níveis de PB. O maior acúmulo de FB e MM foi verificado
na época do verão, com menores concentrações para os demais períodos. O nível de
NDT foi significativamente menor durante o verão, não diferindo as demais épocas entre
si.
PALAVRAS-CHAVE: estação do ano, manejo do pastejo, proteína bruta, valor nutritivo
1
Projeto financiado pela FUNDAGRI, Fundação para o Desenvolvimento das Ciências Agrárias.
Av. Tutunas, n. 720, Bairro Tutunas, Uberaba, MG, CEP 38 061. 500, telefone 0XX34 3 318-4188.
E-mail [email protected].
2
Professor de Pastagens e Plantas Forrageiras I, Zootecnia I e III (Bovinocultura de Corte e Leite)
da FAZU (Faculdades Associadas de Uberaba) e Prof. de Agrostologia da UNIUBE (Universidade
de Uberaba). FAZU, Av. Tutunas, n. 720, Bairro Tutunas, Uberaba, MG, CEP 38 061. 500,
telefone 0XX34 3318-4188. E-mail [email protected] e [email protected].
3
Alunos do curso de Zootecnia da FAZU. Av. Tutunas, n. 720, Bairro Tutunas, Uberaba, MG, CEP
38 061. 500, telefone 0XX34 3318-4188. E-mail [email protected]
Anais do ZOOTEC’2005 - 24 a 27 de maio de 2005 – Campo Grande-MS
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CHEMICAL COMPOSITION OF THE MOMBAÇA GRASS FORAGE ("PANICUM
MAXIMUM"JACQ. CV. MOMBAÇA) IN INTENSIVE PASTURE1
ABSTRACT
The objective of this work was to evaluate the forage chemical composition of cultivar
Tanzânia-1 in intensive pastures, during season of year. The experiment was carried in
the FAZU-FUNDAGRI school farm, in Uberaba, MG, under a typical Cerrado environment.
The experimental design was a randomized blocks. In the average the values had been
68,48 % for neutral detergent fiber (NDF), 33,83 % for acid detergent fiber (ADF), 0,57 %
for calcium (Ca) and 0,19 % for phosphorus (P). In the comparison between the seasons
of year did not observe variations in the crude protein (CP) levels. The highest
accumulation of crude fiber (CF) and minerals was verified at the summer, with lower
concentrations not differing too much between the other seasons.
KEYWORDS: crude protein, grazing management, nutritional value, season of year
INTRODUÇÃO
Nos trópicos, a alimentação de bovinos na pecuária de carne e leite é grandemente
sustentada pelas forrageiras, principalmente sob a forma de pastejo, que deve suprir os
nutrientes, energia, proteína, minerais e vitaminas essenciais à produção animal
(GOMIDE; QUEIROZ, 1994).
Sempre foi do interesse da pesquisa e dos produtores o conhecimento do valor nutritivo
das plantas forrageiras, já que este fator tem impacto direto no desempenho animal. Não
é rara a pergunta se uma determinada forrageira não é mais nutritiva do que outra. E este
interesse deve crescer à medida que novos lançamentos de cultivares forrageiras são
feitas. Entretanto, são escassos os dados de composição química de forragem
proveniente de pastagens manejadas intensivamente, principalmente para novas
cultivares. Faz-se necessário conhecer o valor alimentício da forragem para que possa se
tomar decisões objetivas de manejo de maneira a maximizar a produção animal. Na
avaliação da composição química comumente se consideram os teores de proteína bruta,
fibra bruta e dos minerais, cálcio e fósforo, apesar da infinidade de outros compostos
orgânicos e minerais presentes na matéria seca vegetal (GOMIDE; QUEIROZ, 1994). O
objetivo deste trabalho foi avaliar a composição química da forragem do capim Tanzânia1, nas estações do ano, em pastagem manejada intensivamente.
MATERIAL E MÉTODOS
Este trabalho foi conduzido na fazenda escola da FAZU-FUNDAGRI (Faculdades
Associadas de Uberaba), no município de Uberaba, MG, em altitude de 780 m; "190" e
44’ de latitude Sul e "470" e 57‘ de longitude Oeste de Greenwich. As normais
climatológicas obtidas do INEMET-EPAMIG, Estação Experimental Getulio Vargas são:
precipitação de 1.589,4 mm, evapotranspiração de 1.046 mm e temperatura média anual
de "21,90C". O trabalho se estendeu entre dezembro de 2000 a dezembro de 2003. Uma
área de 4,0 ha foi dividida em 12 piquetes que foram pastejados no método de lotação
rotacionada com ciclo de pastejo variável com a estação do ano. O solo da área é
classificado como Latossolo Vermelho distrófico com pH em “H2O” de 6,1 , P de 10,3
“mg/dm3”, K de 156 “mg/dm3”, MO de 2,7 dag/kg, CTC de 5,0 “cmolc/dm3” e V % de 61,7
%. A adubação média aplicada por ano foi de 380 kg/ha de nitrogênio, 63 kg/ha de
fósforo, 185 kg/ha de potássio e 53 kg/ha de enxofre. As doses de calcário foram
calculadas com 80 % de saturação por bases. As adubações foram planejadas para
alcançar 7 UA/ha na primavera-verão e 2 UA/ha no outono-inverno. A capacidade de
suporte da pastagem foi calculada com base na forragem disponível considerando uma
oferta de forragem de 5 kg de MS/100 kg de peso vivo na primavera-verão e 6 kg de
MS/100 kg de peso vivo no outono-inverno utilizando a técnica do "put and take" para
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manter a oferta. A forragem disponível foi obtida através de corte do relvado rente ao solo
dentro de uma moldura de 2,25 “m2” no formato quadrado que foi lançada em cada
piquete por quatro vezes. Antes de cada pastejo foi colhida uma amostra de forragem
simulando o pastejo de um bovino em 20 pontos diferentes do piquete evitando locais
com resíduos de excretas, resultando em uma amostra homogênea que era identificada e
encaminhada ao laboratório da FAZU para análise bromatológica. Todo o material acima
do resíduo pós-pastejo estimado (40 cm) foi analisado na forma de uma única amostra
representando a média de lâminas foliares, hastes e caules. As determinações
analisadas foram conteúdo de Matéria Seca (MS), Proteína Bruta (PB), Fibra Bruta (FB),
Fibra em Detergente Neutro (FDN), Fibra em Detergente Ácido (FDA), os Nutrientes
Digestíveis Totais (NDT) calculados, Matéria Mineral (MM), Cálcio (Ca) e Fósforo (P),
conforme procedimentos descritos por Pereira e Rossi Junior (sd). O conteúdo de FDN e
FDA foi determinado utilizando a metodologia proposta por Goering e Van Soest em 1970
e a PB foi determinada pelo método de MACRO-KJELDAHL (PEREIRA E ROSSI
JUNIOR sd). O delineamento experimental foi de blocos casualizados e as médias foram
comparadas pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Durante o período de avaliação a temperatura média foi de “22,90C” e a precipitação
anual foi de 1.550 mm, valores próximos à média histórica de acordo com as normais
climatológicas de Uberaba. Não foi possível analisar os teores de FDN, FDA, Ca e P
entre as estações porque o número de repetições não foi suficiente para análise
estatística, sendo que na média os valores foram 68,48 para FDN, 33,83 para FDA, 0,57
para Ca e 0,19 para P. A porcentagem de MS foi de 26,4 % durante a primavera, 21,21 %
durante o verão, 26,8 % durante o outono e 34,3 % durante o inverno. Esta variação
provavelmente ocorreu devido a queda na quantidade de água disponível no solo durante
o inverno. Na comparação entre as estações não se observou variações nos níveis de
PB. Estes resultados confrontam com os encontrados por Brâncio et al. (2003), que
avaliando três cultivares de “Panicum maximum” Jacq. sob pastejo, observou maiores
valores de digestibilidade e teor de PB da dieta no mês de novembro, período em que
também houve um melhor desempenho animal. Neste experimento, utilizou-se doses de
50 e 100 kg de nitrogênio por hectare, o que pode ter contribuído para esta variação no
valor nutritivo e desempenho animal.
O maior acúmulo de FB e MM foi verificado na época do verão, com menores
concentrações para os demais períodos. O nível de NDT foi significativamente menor
durante o verão, não diferindo as demais épocas entre si.
Gerdes et al. (2000), avaliando as características e o valor nutritivo das gramíneas
forrageiras Marandú, Setária e Tanzânia-1 nas estações do ano sob canteiros,
verificaram que o capim Marandú e o capim Tanzânia-1 mostraram a mesma tendência
ao longo das estações. Ambos apresentaram teores mais elevados no outono,
intermediários no inverno e na primavera e menores no verão. Já o capim Setária
apresentou teores de PB diferentes para cada estação, na seguinte ordem decrescente:
outono, inverno, primavera e verão. Provavelmente não observamos esta diferença em
nosso trabalho devido ao manejo da pastagem e do pastejo adotado, pois a avaliação de
Gerdes et al. (2000) foi feito em canteiro, não refletindo com exatidão as condições
impostas a planta com a presença do pastejo. Além disto, este autor utilizou uma
adubação de 100 kg de nitrogênio e 60 kg de “K2O” por hectare durante o outono, o que
pode ter contribuído para aumento na concentração de PB neste período. Mesmo sem
grandes diferenças na composição química deste capim, resta saber qual será o
desempenho animal durante estes períodos, principal fator a ser analisado em um
sistema de produção. Aguiar et al (2005), na mesma área experimental, encontraram o
mesmo valor para o desempenho animal, medido em GMD durante os períodos de
primavera que foi de 720 g/dia, verão que foi de 669 g/dia e outono com 642 g/dia e
menor valor significativo para o período de inverno com 391 g/dia. Mesmos com estes
resultados, podemos considerar que o ganho obtido durante o inverno é exelente, pois se
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considerarmos os sistemas de produção no Brasil, veremos que este período é
caracterizado por perda de peso e queda acentuada na produtividade das fazendas.
CONCLUSÕES
A composição química do capim Tanzânia-1 apresenta pequenas variações entre as
estações do ano.
De acordo com a literatura, esta variação é ainda menor quando o parâmetro avaliado é o
desempenho animal, com uma queda ainda favorável no inverno, desde que o manejo do
sistema seja correto.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1
AGUIAR, A. P. A. et al. Ganho de peso de bovinos em pastagens dos capins Mombaça,
Tanzânia-1 (“Panicum maximum” jacq cv. Mombaça e Tanzânia-1) e Tifton 85 (“Cynodon
dactylon” x “Cynodon nlemfuensis” cv. Tifton 68) manejadas intensivamente. In:
REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 42., 2005, Goiânia.
Anais... Goiânia: SBZ, 2005, CD-ROM.
2
BRÂNCIO, P. A. et al. Avaliação de três cultivares de “Panicum maximum” Jacq. sob
pastejo: Composição da dieta, consumo de matéria seca e ganho de peso animal.
Revista Brasileira de Zootecnia, v. 32, n. 5, p.1037-1044, 2003.
3
GERDES, L. et al. Avaliação de características de valor nutritivo das gramíneas
forrageiras Marandú, Setária e Tanzânia-1 nas estações do ano. Revista Brasileira de
Zootecnia, v. 29, n. 4, p.955-963, 2000.
4
GOMIDE, J. A.; QUEIROZ, D. S. Valor alimentício das “Brachiarias”. In: SIMPÓSIO
SOBRE MANEJO DA PASTAGEM. 11., Piracicaba, 1994. Anais... Piracicaba: FEALQ,
1994. p. 223-2248.
5
PEREIRA, J. R. A.; ROSSI JUNIOR, P. Manual prático de avaliação nutricional de
alimentos. Piracicaba: FEALQ, sd. 34 p.
TABELA 1 - Conteúdos (%) médios anual de Proteína Bruta (PB), Fibra Bruta (FB),
Matéria Mineral (MM) e Nutrientes Digestíveis Totais (NDT) para a cultivar Tanzânia1.
PERÍODO
PB
FB
MM
NDT
PRIMAVERA
10,58 a
31,42 b
9,50 b
58,92 a
VERÃO
9,92 a
34,36 a
10,74 a
55,76 b
OUTONO
10,87 a
31,17 b
9,94 b
58,53 a
INVERNO
9,55 a
29,60 b
9,42 b
59,38 a
MÉDIA
10,23
31,63
9,9
58,14
DMS
1,98
2,02
0,78
1,92
Médias seguidas de mesma letra na coluna não diferem pelo teste de Tukey a 5% de
probabilidade.
FONTE - Dados obtidos através de análises realizadas no laboratório de bromatologia da
FAZU.

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