Manejo contribui para aumentar produção no sistema a pasto
Transcrição
Manejo contribui para aumentar produção no sistema a pasto
SISTEMA DE PRODUÇÃO Manejo contribui para aumentar produção no sistema a pasto Manejo incorreto afeta a produção de forragem e prejudica a capacidade de suporte do pasto MÔNICA SALOMÃO Segundo dados do último Censo Agropecuário do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), divulgado em 2010, o Brasil possui cerca de 150 milhões de hectares em pastagens. Se por um lado esta área vem sendo reduzida em relação aos Censos anteriores, por outro a produção de leite tem aumentado, como explica o pesquisador da Embrapa Gado de Leite Carlos Augusto de Miranda Gomide. “De 2000 a 2010 houve uma redução de 20,7 milhões de hectares nas áreas de pastagens e isso se deve, principalmente, à crescente demanda por terras para o cultivo de culturas como soja e cana-de-açúcar. Mas, por outro lado, como a proporção de pastagens cultivadas aumentou em relação à de pastagens nativas contribuindo para o aumento da produtividade, os Carlos Gomide, pesquisador da Embrapa Gado de Leite produtores têm conseguido aumentar a produção utilizando áreas menores”, esclarece. Por demandar menos investimento inicial e por ser a forma, quando bem conduzida, mais econômica de produção de leite, o sistema a pasto é o mais utilizado pelos produtores brasileiros. “Com a produção de leite a pasto os animais geralmente apresentam menos problemas metabólicos, como, por exemplo, laminite e acidose, reduzindo os gastos com medicamentos. Além disso, outra vantagem que tem sido ressaltada é o melhor apelo ambiental do leite produzido a pasto, seguindo a tendência do ‘boi verde’”, enumera o pesquisador. Há quatro anos, os irmãos Fernando Antônio Antunes Pereira e Fábio Caetano Pereira, associados da Cooperativa dos Produtores Rurais de Itaúna (Cooperita), substituíram o sistema semiconfinado pela produção de leite a pasto. Na época das águas, eles utilizam o pastejo rotacionado e na seca fornecem às vacas em lactação silagem de milho e cana picada. A Fazenda Lagoa Grande, localizada em Mateus Leme, possui dois módulos de 28 piquetes cada, com período de ocupação de um dia. De acordo com Gildo Flaviano de Oliveira Lima, médico veterinário e técnico do projeto Balde Cheio que presta CCPR racões. o melhor alimento para a sua produtivida de. CRÉDITO/GILSON DE SOUZA Sistema de produção a pasto é o mais utilizado pelos produtores de leite brasileiros assistência na propriedade, o lote de vacas em lactação consome nos piquetes a forragem necessária durante os meses de novembro a abril. “Porém, neste ano o índice de chuvas ficou abaixo do esperado e com isso a produção a pasto que, normalmente, é de seis meses caiu para quatro”, pontua. A gramínea utilizada nos piquetes é o capim mombaça e segundo Fernando Pereira sua escolha ocorreu em razão de se tratar de uma forrageira que tem boa produtividade, responde bem à adubação e suporta al- tas lotações por hectare. “Com a assistência do projeto, aprendi que para alcançar as metas esperadas com o pastejo rotacionado é preciso seguir duas regras: respeitar o período de descanso que cada variedade de capim possui e a altura de saída, que no caso do mombaça não pode ultrapassar 35 cm”, diz o produtor. No período das águas, as vacas em lactação recebem além da forragem suplementação com ração, sendo a quantidade fornecida proporcional à produção de leite de cada animal. “Em um sistema de produção a pasto intensivo, quando se trabalha com animais de alta produção a suplementação com concentrado é indispensável para se atingir altos níveis de produtividade. Por isso, digo sempre aos produtores que este custo tem de ser visto como investimento e não como despesa”, enfatiza o técnico do Balde Cheio. Atualmente, a propriedade tem 92 vacas em lactação que produzem 1.550 litros de leite por dia, média de 17 litros por animal. O planejamento da produção de forragem da Fazenda Itambé Rações agora é CCPR Rações. Lagoa Grande para o período 2014/2015 começará no próximo mês, com a coleta de amostras de solo dos piquetes para análise. Com o resultado em mãos, explica Lima, o próximo passo é programar com antecedência a compra dos insumos agrícolas que forem recomendados, a fim de se conseguir melhores preços. Se houver necessidade de utilização de calcário, este procedimento será realizado em junho. Já a adubação corretiva é feita no início das águas, logo após a saída dos animais no primeiro rodízio nos piquetes, juntamente com a adubação nitrogenada. Esta última deve continuar sendo realizada durante todo o período de utilização dos piquetes para maximizar a produção de forragem. Para esta época do ano, de início da seca, o pesquisador da Embrapa diz que a principal recomendação é atentar para a redução da produção da forrageira, que, por sua vez, demanda a redução do número de animais a fim de evitar o superpastejo, ação que compromete a produtividade e perenidade dos pastos. “É preciso que o produtor fique atento a essa diminuição para saber a hora de aliviar esse pastejo que estava sendo feito nas áreas mais intensivas. Ao mesmo tempo, ainda é possível se pensar em vedar alguma área de pastagem na fazenda com o O produtor Fernando Pereira recebe do técnico Gildo Lima orientações sobre a altura de saída dos piquetes objetivo de acumular forragem para ser usada daqui a um mês, inclusive com uma adubação estratégica nessas áreas”, sugere. Como exemplo prático, cita Gomide, em uma fazenda que utiliza o sistema de pastejo rotacionado e outras áreas de pastagem, além das áreas destinadas à produção de volumoso alguns pontos podem ser preconizados. Durante a época das chuvas, a área piqueteada no sistema rotacionado deve ser manejada intensivamente, com adubação e lotação de um grande número de vacas por hectare (podendo chegar a 7 ou 8 animais com pequena suplementação). O manejo da área deve ser feito buscando controlar a estrutura do pasto e, assim, evitar o acúmulo de colmo e folhas mortas, garantindo alta eficiência do uso da forragem. “Geralmente, o período de ocupação dos piquetes varia entre um e três dias, devendo o número de animais ser ajustado para o período de ocupação desejado”. Já durante a seca, a recomendação é que essa área continue sendo pastejada, a fim de manter a condição do pasto para o início da próxima estação chuvosa. De acordo com o pesquisador, de maneira geral a brachiaria é a gramínea dominante nos sistemas de produção de leite a pasto. Porém, tem-se observado entre os produtores que utilizam o pastejo rotacionado a prefe- rência pelos capins mombaça, marandu, xaraés, piatã, elefante e os Cynodons grama-estrela e Tifton-85. “Novos cultivares de forrageiras são constantemente lançados no mercado e às vezes a disponibilidade de sementes ou mudas é o que determina a escolha. Mas, é sempre bom reforçar que a orientação técnica é indispensável para auxiliar o produtor nesta ou em qualquer outra escolha, afinal cada propriedade possui particularidades que precisam ser consideradas”, pondera. Satisfeito com os resultados que a utilização de piquetes rotacionados tem lhe trazido, o produtor Fernando Pereira está com o projeto de implantar em julho o sistema de irrigação por aspersão em malha em oito hectares da Fazenda Lagoa Grande. “Minha intenção é aumentar o tempo de permanência das vacas no pasto e com isso diminuir o custo com a produção de volumoso no período seco, principalmente o da silagem de milho, que tem ficado alto em função das alterações climáticas. Com a irrigação, posso também utilizar aveia e azevém visando a lotação de cinco a seis animais por hectare no período da seca”, conta. A meta da propriedade é chegar à produção de 3.000 litros/dia com 150 vacas em lactação.
Documentos relacionados
Diferimento de pastagens para animais desmamados Marco
nas águas, caso contrário, o maior ganho no inverno seria perdido nas águas (Figura 2). Para o planejamento e dimensionamento da área a ser diferida, o primeiro passo a ser dado é a projeção da qua...
Leia maiscartilha pastoreio racional voisin
necessário fornecer no mesmo piquete o sal mineral puro, a água morna e sal comum que pode estar misturado enxofre, numa proporção de 30 Kg de sal comum para 900 g de enxofre, para controle de para...
Leia maisprodução de leite em pastagens irrigadas jos㉠augusto soares
No México (Senra, 1992), foi registrada num sistema, por dez anos consecutivos, uma produção média anual de 31.951 kg de leite/ha, usando oito piquetes de grama estrela irrigados, com lotação média...
Leia mais