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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE BOVINOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA PERECLES BRITO BATISTA AREIA – PARAÍBA - BRASIL JULHO - 2014 UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE BOVINOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA PERECLES BRITO BATISTA Zootecnista AREIA – PARAÍBA - BRASIL JULHO - 2014 ii PERECLES BRITO BATISTA SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE BOVÍNOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA Tese apresentada ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia, da UFPB / UFRPE / UFC, como parte dos requisitos à obtenção do Título de Doutor em Zootecnia. Área de Concentração: Nutrição Animal Comitê de Orientação: Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto – Orientador principal Prof. Dr. Gherman Garcia Leal de Araújo Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros AREIA – PARAÍBA - BRASIL JULHO - 2014 iii iv Agradecimentos A Deus, magnífica luz que ilumina meus passos, pela vida, saúde discernimento para concluir este trabalho. A minha Família, Mainha, pai, irmãos, tios e primos por acreditarem sempre e estarem ao meu lado em tudo que me engajo. Aos meus avós Jacinto Batista e Florinda Batista, Hermes do Carmo e Maria Tenório (todos in memorian) que contribuíram muito para a formação do meu caráter. Um agradecimento às escolas: Dom Climério (IPAM), Prédio Escolar D. Lúcia, Ginásio Agroindustrial, EMARC-IT (IF Baiano), UESB/Itapetinga/BA, Unioeste/Mal. Candido Rondon/PR e seus professores que em seus tempos, me mostraram em cada aula uma nova descoberta e me fizeram chegar a este último degrau do nível acadêmico, não obstante e não menos importante às estagiárias do período de 1ª a 4ª séries, Tia Helana, Profa. Bete (tia bete) e tia Vina professora de banca que com muita competência e paciência me passaram seus conhecimentos. Ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia da Universidade Federal da Paraíba / Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará, pela oportunidade e apoio da realização deste curso. A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela concessão da bolsa de estudo. Ao Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto, cuja valiosa orientação fora imprescindível para meu crescimento profissional e pessoal durante este curso. Ao Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros pela confiança na condução deste trabalho. A UNEB campus IX, pelo acolhimento e apoio. Aos estudantes Agronomia da UNEB campus IX participantes do NEPPA (Núcleo de Estudos e Pesquisas em Produção Animal): Alberto Rodrigues dos Santos, Érica Câmara de Alcantra, José Ricardo Pereira, Daiane Silva, Alexandre Pereira Andrade e Raimundo de Almeida Guedes pela grande contribuição nas coletas de dados e análises. Ao amigo e compadre Fabinho, pela força e credibilidade dadas. A Mayara Sabedot pela grande contribuição no capitulo III. Aos amigos e colegas do IF Baiano campus de Senhor do Bonfim: Franco (o bárbaro), Prof. Paulo Eduardo (o tio Dudu), os Prof. Marcos Marques, Anderson v (araruta), Vitor e Ângelo Galotti (o Frodo) pelos bons momentos em nosso alojamento, pela crença em minha capacidade e pelo apoio muito importante. A turma 2012.1 de técnicos em agropecuária (habilitação em zootecnia) e a turma 2010.1 do curso de licenciatura em ciências agrárias do IF Baiano – Senhor do Bonfim pelo carinho que sempre tiveram com o prof. Perecles. A fazenda Pedras na pessoa do Sr. Reinaldo Hanisch e seus funcionários por todo o apoio que dispensaram sem o qual não seria possível este trabalho. Ao Dr. Celso Veiga, veterinário da Fazenda Pedras pela grande contribuição. Ao Frigorífico FRIBARREIRAS, pela ajuda dispensada. Ao Prof. Walter Esfraim Pereira pela grande ajuda com a estatística. A Profa. Dra. Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga pela ajuda com algumas análises. Aos funcionários do PPGZ, D. Carmen e Sr. Damião pela amizade e dedicação, e pelas boas conversas na hora do cafezinho. A toda família da Bovinocultura/CCA/UFPB Coordenada pelo Prof. Severino Gonzaga composta por Leandro, Pio, Tatiana, Carla, Juliana Nogueira, George Vieira, Carlos Augusto, Rogerinho, Jaqueline, Gabriela e Andréia, pela ajuda e atenção dispensada. Aos colegas de Doutorado Flavio Soares, Paula Franssineti, Carla Souza, Vinicius Fonseca e Rafael. Aos amigos dá época da graduação e companheiros de sempre, Lila, Ângelo (macaca), Franklin (cegonha), Jaime Silva (o fulgencio), Fleming (fofa), Reginaldo (Bogoiô), Agnelo Veríssimo, Ramon (o inconveniente), Junior Siquila (gordilha). Aos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para a elaboração deste trabalho, mas, que a memória ora me falha em citar. A todos muito obrigado! vi Dedicatória A Deus Aos meus pais D. Valdenúncia Tenório de Brito e João Batista de Jesus pelo incentivo, apoio e carinho nas diversas horas desta caminhada. A meus irmãos Patrícia, Leandro e Luciano por todo carinho e incentivo. Dedico vii A defesa é natural: cada qual para o que nasce, cada qual com sua classe, seus estilos de agradar. Um nasce para trabalhar, outro nasce para a briga, outro vive de intriga, e outro de negociar. Outro vive de enganar, o mundo só presta assim: é um bom outro ruim, e eu não tenho jeito pra dar. Pra acabar de completar: Quem tem o mel, dá o mel. Quem tem o fel, dá o fel. Quem nada tem, nada dá. Da sagrada escritura dos violeiros Por: Zé Ramalho da Paraíba viii Oração Nos Matagais Aqui dentro de mim tem um luar Um amanhã que anseia por alvorecer Creio que o segredo é cavalgar No ventre da noite Sem medo de me perder E enquanto o meu coração pulsar Enquanto em minhas veias o sangue correr O que o suor e a lágrima puder lavar Não morrerá sujo antes do amanhecer Viva a oração nos matagais Na floresta virgem de meu ser Bem aventurado os temporais No coração rasgar Para não permanecer Viva a ansiedade das marés No oceano virgem de meu ser Bem aventurado os vendavais No coração rasgar Para não permanecer Enquanto o meu coração pulsar Enquanto em minhas veias o sangue correr O que o suor e a lágrima puder lavar Não morrerá sujo antes do amanhecer Viva a claridade da paixão Que fecunda a terra virgem de meu ser Bem aventurada a emoção No coração rasgar Para não permanecer Viva a oração nos matagais Na floresta virgem de meu ser Bem aventurado os vendavais No coração rasgar Para não permanecer Letra: Altay veloso ix Biografia do autor PERECLES BRITO BATISTA, filho de Valdenúncia Tenório de Brito e João Batista de Jesus, nasceu em São Paulo-SP no dia 21 de outubro de 1977. Cursou o ensino básico (alfabetização a 4ª série) no Prédio Escolar Dona Lúcia, da 5ª a 8ª série no Ginásio Agroindustrial em Itapetinga/BA e o curso técnico em agropecuária na Escola Média de Agropecuária Regional da CEPLAC (EMARC-IT) em Itapetinga/Ba em 1995. Em 1996 iniciou o curso de Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia Campus Itapetinga concluindo o curso no ano de 2003. Entre 1997 a 2003 foi professor na escola Polivalente de Itapetinga e Centro Educacional Alfredo Dutra lecionando história e química. Em 2005 lecionou os componentes: criação de suínos e forragicultura na escola agrotécnica CETEB em Livramento de Nossa Senhora/BA, em 2006 foi professor substituto do curso de zootecnia da Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia em Itapetinga/BA lecionando: caprinocultura, suinocultura, apicultura e cunicultura. Em 2007 foi aprovado no curso de mestrado em Zootecnia da Universidade Estadual do Oeste do Paraná obtendo título de Mestre em 2009. Em agosto de 2010 iniciou o curso de Doutorado em Zootecnia pela Universidade Federal da Paraíba tendo a defesa para obtenção do título em 07 de março de 2014. Atuou ainda como técnico de pecuária na Fazenda Reunidas em Potiraguá/BA, gerente de pecuária na BAGISA – S/A (Bahia Agroindústria e Comércio) em Mucugê/BA, consultor em pecuária de corte e leite e atualmente é professor de zootecnia II (suinocultura, caprinocultura e bubalinocultura) do curso técnico pós-médio em zootecnia, vice coordenador e professor da disciplina Ruminantes I e II do curso superior de Licenciatura em Ciências Agrárias no Instituto Federal Baiano Campus de Senhor do Bonfim/BA x SUMÁRIO Lista de Tabelas Capítulo II Lista de Tabelas Capítulo III Lista de Figuras Capítulo II Lista de Figuras Capítulo III Resumo Geral Abstract Página iv v vii viii ix x CAPÍTULO I – SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE BOVINOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA Referencial Teórico Considerações finais Referências Bibliográficas 18 CAPÍTULO II – DESEMPENHO DE BOVINOS NELORE SUPLEMENTADOS COM MISTURA MÚLTIPLA NO SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Resultados e Discussão Conclusões Referências Bibliográficas 36 CAPÍTULO III – COMPOSIÇÃO FISICO-QUÍMICA DO MUSCULO Longissimus dorsi DE BOVÍNOS NELORE SUPLEMENTADOS COM MISTURA MÚLTIPLA EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA Resumo Abstract Introdução Material e Métodos Resultados e Discussão Conclusão Referências Bibliográficas 70 19 30 31 37 38 39 42 47 63 64 71 72 73 75 80 95 96 xi LISTA DE TABELA CAPÍTULO II Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos utilizados nas dietas experimentais.................................................................................. Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais (%MS)............................................................................................ Tabela 3. Disponibilidade de forragem em área de Brachiaria ruziziensis no sistema de integração lavoura-pecuária .......................................... Tabela 4. Médias de desempenho de bovinos nelore terminados em sistema de integração lavoura-pecuária em função dos tratamentos........................................................................................ Tabela 5. Consumo de mistura múltipla (kg/grupo e kg/animal) do período de 107 dias, no 1º sub-período (58d) e no 2º sub-período (49d) de bovinos nelore terminados em sistema de integração lavourapecuária................................................................................ Tabela 6. Avaliação econômica (custo, receita e margem liquida) da terminação de bovinos nelore suplementados com mistura múltipla em sistema de integração lavoura-pecuária ........ LISTA DE TABELA CAPÍTULO III Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos utilizados nas dietas experimentais.................................................................................. Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais (%MS)............................................................................................ Tabela 3. Desempenho e características da carcaça de bovinos nelore em função do nível de oferta de mistura múltipla........................................................................................... Tabela 4. Características dos compenentes físico-químicos e centesimais do músculo Longíssimus dorsi ........................................................... Tabela 5. Quantidade de ácidos graxos em percentual/área, presente nas amostras do músculo Longissimos dorsi........................................ Tabela 6. Valores médios relativos ao somatório e agrupamentos de ácidos graxos em percentual, presentes nas amostras de carne do músculo Longissimos dorsi ........................................................... 28 28 32 34 41 43 58 58 63 67 72 73 xii LISTA DE FIGURAS CAPÍTULO II Figura 1. Desempenho de bovinos nelore suplementados com mistura múltipla em sistema de ILP em dois períodos de avaliação ............ Figura 2. Tempo de pastejo, ruminação/ócio, cocho e outros comportamentos diurnos de bovinos nelore em pastagem de Brachiaria ruziziensis submetidos a diferentes níveis de suplementação com mistura múltipla em sistema de integração lavoura-pecuária........................ Página 38 42 CAPÍTULO III Figura 1. Figuras (a;b) representativos das regressões significativas aplicadas as características físico química da Tabela 3 .................... Figura 2. Figuras (a, b, c e d) representativos das regressões significativas aplicadas as características físico química da Tabela 4 .................... Figura 3. Figura representativa da Tabela 5, em que os Gráficos A, B, C e D demonstram as curvas e linearidade das médias significativas em % de ácido graxo/área em relação ao nível de suplemento ingerido...... Figura 4. Curva quadrática de regressão expressando os valores de mínima em razão da % de ácidos graxos/área de ώ 3 ao nível de determinada oferta do mistura múltipla kg/animal/dia significativa pela equação de regressão expressa na Tabela 6 .............................. 64 66 71 74 xiii Suplementação com mistura múltipla na terminação de bovinos nelore em sistema de integração lavoura-pecuária Resumo geral O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP), tem sido recomendado para otimizar o uso da terra, melhorando a sustentabilidade na relação solo-planta-animal. Assim, objetivando-se avaliar a resposta produtiva, econômica e de características de carcaça de zebuínos castrados, realizou-se um experimento com uso de suplementação na forma de mistura múltipla (MM), em sistema de integração lavoura pecuária (ILP), no Oeste da Bahia. Foram utilizados 40 bovinos nelore distribuídos em quatro piquetes de 10,5 ha cada, 10 animais/piquete, sendo oito tésteres e dois traçadores (reguladores) para ajuste de oferta de forragem. A produção de forragem no sistema Santa Fé de ILP foi alta e possibilitou oferta de matéria seca (MS) suficiente para o ganho planejado. Os tratamentos utilizados foram: 1; 2; 4 e 6 kg de suplemento/animal (base na matéria natural). Não houve diferença (P>0,05) para ganho de peso entre os tratamentos. A média de ganho de peso de 0,592 kg/dia para os tratamentos demonstra que o uso de mistura múltipla em sistema de ILP promove ganho de peso satisfatório para terminação de bovinos de corte. Os valores de acabamento de carcaça (ESCORE) e Rendimento de Carcaça Quente (RCQ) obtiveram significância quadrática e linear (P<0,05) com valores médios de 2,9; 2,4; 2,5 e 3,3 (ESCORE), 53,8; 52,73; 53,15 e 54,53 (RCQ) por tratamento respectivamente, o que pode-se inferir que a suplementação melhora a cobertura de gordura na carcaça e imprime mais rendimento. Embora houvesse significância entre os tratamentos para ESCORE e RCQ, não se pode inferir que economicamente seria viável a oferta de maiores níveis de mistura múltipla em terminação de bovinos de corte no sistema Santa Fé de ILP, devido à margem de lucro ser muito pequena em relação aos gastos apresentados, porém, estes custos podem ser otimizados com a elevação da taxa de lotação atribuída a alta oferta de MS da gramínea Brachiaria ruziziensis observada neste experimento. A suplementação da dieta aos animais com mistura múltipla no sistema de integração lavoura pecuária, favoreceram a qualidade da carne, em atributos como maciez, marmoreio, não ocorrendo deposição demasiada de ácidos graxos saturados de grande preocupação no consumo humano. Houve influencia positiva da dieta no aumento dos níveis de AGVs da família ω3 tornando o produto final (carne) mais atrativo do ponto de vista relativo a saúde humana com um importante potencial funcional e apelo comercial do produto neste sentido. xiv Contudo, Chuvas torrenciais influenciaram no consumo do suplemento e consequentemente nas variáveis de desempenho, porém, a terminação de bovinos neste sistema mostra-se promissora. Palavras chave: AOL, Brachiaria ruziziensis, Rendimento de carcaça, Suplemento, Zebu. xv Supplementation with multiple mixture in Nellore finishing cattle in integrated croplivestock system Overview The crop-livestock system (ILP) has been recommended to optimize the use of land, improving sustainability in the soil-plant-animal relationship. Thus, in order to evaluate the productive response, economic and Zebu castrated carcass characteristics, there was an experiment with supplemental use in the form of multiple mixture (MM) in livestock farming system integration (ILP), West Bahia. 40 Nelore cattle were used divided into four paddocks of 10.5 ha each, 10 animals / picket, eight tésteres and two tracers (regulators) for herbage allowance adjustment. Forage production in Santa Fe ILP system was high and enabled supply of dry matter (DM) sufficient to gain planned. The treatments were: 1; 2; 4:06 kg of supplement / animal (in natural matter). There was no difference (P> 0.05) for weight gain between treatments. The average weight gain of 0.592 kg / day for the treatment demonstrates that the use of multiple mixing in suitable LTI system promotes weight gain in beef cattle termination. Housing finish values (SCORE), Hot Carcass Yield (WHR) had quadratic and linear significance (P <0.05) with mean values of 2.9; 2.4; 2.5 and 3.3 (SCORE), 53.8; 52.73; 53.15 and 54.53 (WHR) by treatment respectively, it can be inferred that supplementation improves fat thickness over the carcass and printing performance. Although there was significant difference between the treatments for SCORE and WHR, one can not infer that economically viable would be to offer greater mix multiple levels in finishing beef cattle in Santa Fe ILP system due to the profit margin is very small relative presented to spending, however, these costs can be optimized with the increase in stocking rate attributed the high bid of MS Brachiaria ruziziensis observed in this experiment. Dietary supplementation of animals with multiple mixture in livestock farming system integration, favored the quality of meat for attributes such as tenderness, marbling, without causing deposition of too much saturated fatty acids of great concern for human consumption. A positive influence of diet on the increase of VFAs family ω3 levels making the final product (meat) more attractive from the point of view of human health for an important functional potential and commercial appeal of the product in this sense. However, Torrential rains influenced in supplement consumption and consequently in performance variables, however, finishing cattle in this system appears to be promising. Keywords: AOL , Brachiaria ruziziensis , carcass yield , Supplement , Zebu xvi CAPÍTULO I REFERENCIAL TEÓRICO SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE BOVÍNOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE BOVÍNOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA Introdução O Brasil dispõe de uma grande capacidade para produção de alimentos pela sua extensão territorial e clima, porém, dados estatísticos demonstram que não é explorado todo esse potencial. A intensificação do uso das terras já disponíveis para produção soa como alternativa para diferentes agentes envolvidos no desenvolvimento sustentável agropecuário. Sendo que, esse uso não precisa representar intensificação da área de forma excessiva, mas sim do uso racional de tecnologias maximizando os lucros utilizando os recursos naturais atuando com os paradigmas da sustentabilidade da agricultura (Vilela et al., 2008). O termo sustentabilidade tem sido adotado como forte conotação valorativa, sendo enfatizados os seguintes valores: eficiência técnica, sustentabilidade econômica, estabilidade social e coerência ecológica. Segundo Wilkins (2008), a ecoeficiência seria elemento chave para os sistemas de produção. O desenvolvimento de alternativas para o estabelecimento da capacidade produtiva de pastagens cultivadas e de sistemas de manejo mais eficientes para as culturas agrícolas é fundamental para alcançar a sustentabilidade e aumentar a eficiência da agropecuária no nordeste (Vilela et al., 2008). De acordo com Wilkins (2008), os sistemas mistos de produção com integração lavoura pecuária se tornam uma ótima alternativa para o desenvolvimento sustentável. Os sistemas agrossilvipastoris, que integram atividades agrícolas, pecuárias e florestais, são considerados, atualmente, inovadores no Brasil, embora vários tipos de plantios associados entre culturas anuais e culturas perenes ou entre frutíferas e árvores madeireiras sejam conhecidos na Europa desde a antiguidade (Balbino et al., 2011). Sistemas de ILP (Integração Lavoura Pecuária) A integração lavoura-pecuária, como o próprio termo sugere, consiste na junção dos sistemas produtivos. Isoladas, as atividades têm seus custos voltadas para si próprias, integradas, as duas se complementam tanto no aspecto econômico como no temporal, quando são planejadas em conjunto, com vantagens para ambas. De um lado, a agricultura entra para diminuir os custos fixos da pecuária, recuperando e reformando 2 as pastagens, oferecendo um retorno mais rápido dos investimentos realizados, de outro, a pecuária auxilia a lavoura, fornecendo matéria orgânica, recuperando a parte física do solo, diminuindo a incidência de pragas e doenças, quebrando os seus ciclos, e fornecendo palhada para o plantio direto (Pariz, 2009). A integração agriculturapecuária pode ser definida como o sistema que integra as duas atividades com os objetivos de maximizar racionalmente o uso da terra, da infra-estrutura e da mão de obra, diversificar e verticalizar a produção, minimizar custos, diluir os riscos e agregar valores aos produtos agropecuários, por meio dos recursos e benefícios que uma atividade proporciona à outra (Mello et al., 2004). Alvarenga e Noce (2005), descrevem a ILP como a diversificação, a rotação, a consorciação ou a sucessão das atividades de agricultura e de pecuária dentro da propriedade rural de forma harmônica, em um mesmo sistema, para que haja benefícios para ambas. A ILP possibilita que a área seja explorada economicamente durante todo o ano, o que favorece o aumento da oferta de grãos, de carne e de leite, a um custo mais baixo, em virtude do sinergismo entre lavoura e pastagem. Dentro destes conceitos, as áreas de lavouras dão suporte à pecuária por meio da produção de alimento para o animal, seja na forma de grãos, silagem e feno, seja na de pastejo direto, aumento da capacidade de suporte da propriedade, permitindo a venda de animais na entressafra e proporcionando melhor distribuição de receita durante o ano. A pecuária nos cerrados tem produtividades que oscilam entre 30 kg/ha/ano de Peso corporal, nas explorações em cerrado nativo, até 1000 kg/ha/ano, alcançados por produtores de elite, com pesados investimentos em rebanhos e forragens. Entre um extremo e outro se encontra a produtividade real, em condições extensivas de pasto de braquiária e gado Nelore, de cerca de 100 kg/ha/ano (Scaléa, 1997). Os sistemas de integração podem ser classificados em quatro modalidades distintas, segundo Balbino et al., (2011): 1. ILP ou agropastoril, sistema de produção que integra os componentes agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e no mesmo ano agrícola ou por múltiplos anos; 2. IPF ou silvipastoril, sistema de produção que integra os componentes pecuário (pastagem e animal) e florestal, em consórcio; 3. ILF, integração lavoura-floresta ou silviagrícola, sistema de produção que integra os componentes florestal e agrícola pela consorciação de espécies arbóreas com cultivos agrícolas (anuais ou perenes); 3 4. ILPF ou agrossilvipastoril, sistema de produção que integra os componentes agrícola, pecuário e florestal em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área. Macedo (2009), ressalta que os sistemas de ILP são alternativas para a recuperação de pastagens degradadas e para a agricultura anual, que melhoram a produção de palha para o SPD (Sistema Plantio Direto) e as propriedades químicas, físicas e biológicas do solo. Esses sistemas também possibilitam a utilização mais eficiente de equipamentos e o aumento de emprego e renda no campo. A EMBRAPA Arroz e Feijão desenvolveu o Sistema Santa Fé, que é o consórcio de uma cultura, especialmente o milho, o sorgo, o arroz ou a soja, com forrageiras tropicais, principalmente do gênero Brachiaria. Este sistema apresenta grande vantagem, pois não altera o cronograma de atividades do produtor e não exige equipamentos especiais para sua implantação. O sistema consiste no plantio simultâneo do cereal e da forrageira ou no plantio defasado da forrageira, aproximadamente 20 a 30 dias depois da emergência do cereal. Esse sistema objetiva a produção de grãos ou de forragem do cereal, a produção de pasto no período da seca e a palha para o sistema de plantio direto, embora possa ser empregado em sistema convencional de preparo do solo (Zanine et al., 2006). A adoção da ILP proporciona benefícios recíprocos e reduz a degradação física, química e biológica do solo, resultante de cada uma das explorações (Kluthcouski & Stone, 2003). A redução do uso de agroquímicos, em razão da quebra dos ciclos de pragas, doenças e plantas daninhas, é outro benefício da ILP ao meio ambiente (Vilela et al., 2008). Macedo (2009), cita que a integração de árvores em meio a lavouras ou a pastagens se constitui alternativa à produção intensiva de lavouras e pastagens em monoculturas. A pecuária brasileira tem mostrado crescimento significativo, principalmente a partir da década de 90, em que o país vivenciou a abertura dos mercados e, consequentemente, a globalização da economia (Reis et al., 2009; Silva et al., 2010). Essas profundas mudanças promoveram a intensificação da atividade agropecuária, tornando-a num empreendimento empresarial, onde a busca por competitividade tornouse primordial para alcançar o sucesso dentro dos sistemas de produção (Silva et al., 2010). 4 No entanto essa intensificação da atividade ainda não se mostrou suficiente para proporcionar satisfatória eficiência produtiva e qualidade dos produtos produzidos. O Brasil ainda enfrenta dificuldades para abater animais jovens, em torno de 24 meses de idade; em parte porque a maioria do rebanho bovino brasileiro é criada a pasto, que, apesar de representar uma alternativa de baixo custo de produção de carne, esse sistema de produção é limitado pela variação crítica na produção e qualidade das forragens ao longo do ano (Oliveira et al., 2006; Fernandes et al., 2010). Segundo McLennan et al. (2012), a proteína disponível nas pastagens durante o período da seca apresenta alta degradabilidade, e grande parte se perde na forma de amônia. Isso ocorre principalmente porque a produção de substratos energéticos não é suficiente para que possa haver perfeito sincronismo entre energia e proteína no rúmen e, consequentemente, eficiente conversão de forragem em produto animal. Dessa forma, a energia, nesse período, torna-se prioridade e o principal fator limitante para ganho de peso dos animais (Cabral et al., 2011). A utilização da técnica de suplementação nutricional estratégica para bovinos em pastagens tem–se mostrado uma alternativa economicamente viável e com consideráveis melhoras no ganho de peso animal. Porém, para que se possa ter lucratividade na atividade pecuária, é importante que os pecuaristas tenham atitude empresarial, entendendo e tomando decisões a partir de análises de formação de custos e rentabilidade do setor. Deve-se estabelecer um plano anual a ser aplicado dentro das possibilidades da empresa rural para se chegar a um sistema de produção mais eficiente e lucrativo (Bourg et al., 2012). Uma atividade natural e de grande relevância dos sistemas de produção de carne nos trópicos seria a utilização do potencial máximo de cada forragem durante o seu período favorável de crescimento (primavera/verão) (Moraes et al., 2010). Tal justificativa se corrobora através do conhecimento de que nesta época do ano, as pastagens poderiam ser consideradas como dietas completas a depender da categoria animal e ganho de peso pretendido, desde que suplementadas com água e mistura mineral (Zanetti et al., 2000). Já no período de estiagem (outono/inverno), que se constitui numa baixa produção e qualidade das pastagens, o diferimento do pasto seria uma alternativa de manejo visando a uma melhor distribuição e aproveitamento da forragem durante o ano, podendo-se obter ganhos diários de peso em gado de corte entre 0,5 a 1,0 kg/cabeça dia desde que as deficiências do pasto diferido sejam corrigidas com suplementação adequada (mistura múltipla) (Euclides, 2005). 5 Entretanto, mesmo a disponibilidade de forragem estando adequada, a qualidade da mesma, particularmente o baixo teor de proteína, limita o seu consumo e digestibilidade. Como resultado, os consumos de energia e proteína ficam abaixo das exigências diárias para um desempenho considerado satisfatório (Sniffen et al., 1993). Nessa situação, a suplementação pode ser utilizada como uma forma de corrigir deficiências nutricionais. Suplementação estratégica de bovinos de corte No que concerne à produção de proteína de origem animal, o Brasil se apresenta como sendo um país com enorme potencial para a bovinocultura de corte em função de sua extensa área de pastagem, considerada a principal e mais econômica fonte de nutrientes para bovinos. No entanto, as gramíneas tropicais apresentam estacionalidade na produção de forragens, com grande produção no período das águas (cerca de 80%) e baixa no período das secas ( cerca de 20%) (Lana, 2002). A deficiência quantitativa e qualitativa da forragem reflete de maneira significativa na produção animal, tornando-se necessária a suplementação para os animais em pastagem (Zanetti et al., 2000). A pequena quantidade de forragem disponível apresenta baixa qualidade, com teores elevados de parede celular e reduzidos valores de proteína. Em tal condição, os animais são submetidos a carências nutricionais múltiplas, e a proteína (compostos nitrogenados) assume papel prioritário, uma vez que o alimento disponível, ou a reciclagem endógena, de nitrogênio não atende aos requerimentos microbianos, incorrendo limitação no crescimento e atividade dos mesmos e queda na digestibilidade da parede celular, acarretando em redução no consumo de matéria seca e no desempenho animal (Sniffen et al., 1993). O diferimento de pasto consiste em alternativa para reserva de forragem para a época seca. Entretanto, a forragem é caracterizada por elevado teor de fibra e deficiências simultâneas de energia, proteína, minerais e vitaminas (Paulino, 1999). Este autor definiu que o pastejo diferido é um manejo estratégico de pastagem que consiste em selecionar determinadas áreas da pastagem, e vedá-las à entrada dos animais no final da estação chuvosa para utilização durante a estação seca. Sendo recomendadas para a isso apenas espécies que perdem mais lentamente seu valor nutritivo ao longo do tempo. As espécies mais usadas têm sido a Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha. Para assegurar melhoria na utilização de forragens de baixa qualidade, é necessário suprir as 6 deficiências de nutrientes dos microrganismos ruminais, ampliando sua taxa de crescimento e a extração de energia a partir dos carboidratos da forragem, condição que pode ser alcançada com o emprego de suplementos (Euclides, 2005). As atividades dos microrganismos ruminais, principalmente os fibrolíticos, são diretamente dependentes da disponibilidade de nitrogênio amoniacal no rúmen (Russell et al., 1992). Neste contexto, a suplementação com fontes de proteína de alta degradabilidade ruminal, ou nitrogênio não-proteico (NNP) como a uréia, para animais em pastejo visa otimizar o crescimento microbiano, aumentando a digestibilidade, a eficiência de utilização da forragem e o consumo de matéria seca. Consequentemente, esta prática tem propiciado melhorias no desempenho animal em condições tropicais (Paulino et al., 2002). A utilização de uréia em suplementos propicia a substituição de fontes verdadeiras de proteína e busca a redução de custos com a suplementação, uma vez que o equivalente proteico oriundo da uréia possui valor de mercado substancialmente inferior aos dos alimentos protéicos tradicionais. Resultados obtidos em condições brasileiras permitem evidenciar que a uréia pode substituir totalmente os farelos protéicos em dietas para bovinos em confinamento, alimentados com níveis moderados de concentrados e com potencial para ganhar aproximadamente 1 kg/dia (Valadares Filho et al., 2004). Contudo, resultados a respeito do potencial de utilização da uréia em substituição a fontes protéicas verdadeiras para animais terminados em pastagens ainda são escassos. A uréia é um composto orgânico sólido, cristalizado por meio do sistema prismático e solúvel em água e álcool. Quimicamente é classificada como amida, daí ser considerada um composto NNP. É fornecida em rações para ruminantes e hidrolisada em amônia pela urease microbiana no rúmen. Após a liberação no líquido ruminal, em decorrência da hidrólise da uréia, a amônia é fixada e transferida para os precursores de aminoácidos sintetizados com base nos carboidratos fermentáveis e, então, os aminoácidos resultantes são conjugados para formar a proteína microbiana. De acordo com Huber (1984), a forma de nitrogênio mais utilizada por 80% das bactérias do rúmen é a amônia, portanto, uma disponibilidade adequada é necessária para o crescimento desses organismos. A amônia é o composto central para síntese de proteína microbiana no rúmen e pode surgir no rúmen por meio da degradação proteolítica do alimento (e/ou da própria proteína microbiana), ou ser proveniente da decomposição da 7 uréia e outras fontes de nitrogênio não protéico, sejam elas provenientes da dieta ou não (Orskov, 1992). Em virtude do mecanismo pelo qual os microorganismos sintetizam proteína microbiana a partir da amônia (resultante na hidrólise da uréia ou da degradação de aminoácidos) e de esqueletos de carbono, a manipulação adequada de uma fonte de energia, ou da relação entre energia disponível e amônia liberada, poderia incrementar mais o uso de nitrogênio não protéico (Smith, 1992). Quanto mais uniforme for a liberação de amônia (hidrólise do NNP) e a de carbono (digestão dos carboidratos), maior será a eficiência de síntese microbiana e, consequentemente, desempenho animal. Não havendo uma disponibilidade adequada de carboidratos no momento da liberação da amônia no rúmen, esta amônia não será incorporada à massa microbiana, sendo então, absorvida do rúmen para a corrente sanguínea e, posteriormente, eliminada pela urina. Este processo metabólico é indesejável, pois requer o uso de energia que poderia de outra forma, ser utilizada para a produção (S´thiago, 1999). As perdas de nitrogênio amoniacal podem ser reduzidas se a taxa de fermentação dos carboidratos degradáveis no rúmen for devidamente sincronizada com a taxa de degradação de proteína, favorecendo o desenvolvimento da flora microbiana e a utilização dos alimentos (Herrera-Saldana et al., 1990; Cameron et al., 2000). Nutricionalmente, os bovinos possuem a capacidade de usar tanto proteínas naturais (farelos, forragens etc.) como o nitrogênio não proteico ou NNP, existente na uréia + sulfato de amônio (85% de uréia + 15% de sulfato de amônio (S´thiago, 1999)). A finalidade do sal mineral proteinado (suplemento protéico) é fornecer nitrogênio degradável no rúmen para atender a exigência mínima de 7% de proteína bruta (PB) dos micro-organismos ruminais com consequente incremento na digestibilidade da fibra da dieta, resultando num aumento do consumo de energia pelo animal (Paulino, 1999). A suplementação alimentar tem como objetivos cobrir deficiências dietéticas das forragens e permitir ao animal aumentar o consumo de nutrientes digestíveis, alcançar produtividade e eficiência alimentar adequadas aos sistemas de produção e atingir peso e composição de carcaça para abate a uma idade mais jovem. O incremento no consumo de alimentos pode aumentar a disponibilidade de nutrientes para as funções produtivas, fazendo com que maior proporção da energia, proteína e minerais ingeridos seja utilizada para a produção e menor proporção, para a mantença; esta razão traduz parte da eficiência dos sistemas de produção animal (Santos et al., 2004). 8 Nutrição animal e pastagens A qualidade de uma forragem é alterada à medida que a planta amadurece, e coincide com o início da estação da seca. As alterações na planta consistem em alongamento das hastes e floração, resultando em aumentos no teor de fibra e queda no teor de proteína, com a consequente redução no consumo (Gomide, 1997). Desta forma, o animal em pastagem de baixa qualidade não consegue alcançar sua demanda em nutrientes para manter uma curva crescente de crescimento. Este fato pode estender a idade de abate, ou de primeira cria, para além dos 36 meses. Portanto, maior precocidade dos sistemas de produção de carne a pasto só será alcançado se houver um ajuste nutricional entre a curva sazonal de oferta das pastagens com a curva crescente de demanda do animal por nutrientes. E isto só será possível por meio do uso da suplementação alimentar (S´thiago, 1999). Na estação de seca, quando o teor de PB na forragem está abaixo de 7% (base na MS), o primeiro objetivo da suplementação seria atender à demanda das bactérias ruminais por nitrogênio. Essas bactérias, fortalecidas, serão capazes de extrair energia da pastagem ingerida pelo animal, através do processo de digestão (Adese, 2006). A resposta animal esperada seria em termos de mantença ou leve ganho de Peso corporal (até 200 g/an./dia), dependendo da disponibilidade da pastagem. A disponibilidade da pastagem é um fator essencial para se alcançar esse desempenho. O suplemento é conhecido popularmente como “Mistura Múltipla” tem na sua composição o acréscimo de fontes de carboidratos não-estruturais e o consumo pode ser de 0,3-1,0% se o objetivo for alcançar ganhos mais elevados (S´thiago, 1999). Segundo Moore (1980), a quantidade de energia digestível oferecida pelo suplemento pode ser predeterminada, entretanto a ingestão de forragem pode diminuir grandemente ou permanecer a mesma, dependendo da qualidade da forragem. Os efeitos podem ser de três tipos: substitutivo, aditivo e combinado. Para este autor, no efeito substitutivo, ocorre a diminuição no consumo de energia digestível oriunda da forragem, enquanto se observa aumento no consumo do concentrado, mantendo constante o consumo total de energia digestível. No efeito aditivo, ocorre aumento no consumo total de energia digestível em virtude do aumento no consumo de concentrado, podendo o consumo de energia proveniente da forragem, permanecer o mesmo ou ser aumentado. No efeito combinado, observam-se ambos os efeitos, ou seja, ocorre 9 diminuição no consumo de forragem, associada ao aumento no consumo de concentrado, resultando, assim, em maior consumo total de energia digestível. Para Euclides et al. (2001), quando os animais têm à disposição forragem ad libitum e recebem quantidade limitada de concentrado, a suplementação pode produzir dois efeitos: aditivo e substitutivo. Estes autores observaram também a ocorrência desses dois efeitos simultaneamente, uma vez que, além do aumento no ganho de peso dos animais que receberam suplementação alimentar, houve aumento na capacidade suporte dos pastos em 24%, o que indica que houve redução no consumo de forragem. Freitas (2005), suplementando três grupos genéticos de novilhos em pastagem de Marandu, observou que o efeito da suplementação permitiu a manutenção de altas taxas de lotação da pastagem durante o período experimental e melhor utilização da forragem disponível, contudo a utilização de suplemento na quantidade equivalente a níveis de 1% do PC nas águas e 1,2% do PC na seca, pode ter acarretado efeito substitutivo, em relação a níveis mais baixos de suplementação. Acedo et al. (2007), estudando suplementos isoprotéicos, balanceados para conter 20% de PB, com base na matéria natural (MN), constituídos de milho grão, farelo de algodão, mistura mineral e uréia:sulfato de amônia (9:1), em diferentes níveis de inclusão 0,0; 1,6; 3,2; e 4,8%, com base na MN, observaram que as digestibilidades ruminal e total da MS, da matéria orgânica e da PB, as concentrações de nitrogênio amoniacal ruminal e a excreção urinária de nitrogênio uréico apresentaram relações lineares positivas com os níveis de uréia nos suplementos. A utilização de 1,6% de uréia, em suplementos destinados à terminação de bovinos em pastejo, implicou em maior consumo de forragem, associado a baixos níveis de perdas de compostos nitrogenados no metabolismo animal. Gomes Júnior et al. (2002), avaliando dois níveis de concentrado (0,75 e 1,25% do PC) e de dois níveis de substituição da proteína do farelo de soja pelo nitrogênio não-protéico da uréia (0 e 100%) sobre os consumos e as digestibilidades dos nutrientes, observou que a fonte proteica não afetou os consumos e as digestibilidades dos nutrientes estudados, exceto o extrato etéreo (lipídeos). Um aspecto nutricional que não pode passar despercebido é a liberação de amônia no rúmen, pois se ultrapassar a capacidade de metabolização do animal (acima de 75 mg/100 ml de líquido ruminal) ocorrerá problemas de intoxicação, podendo inclusive levar o animal à morte. Portanto, a participação do NNP na dieta é função do nível energético da mesma. Por exemplo, em animais alimentados exclusivamente com 10 grãos, a eficiência de utilização do NNP pode chegar próximo a 100%. Já com dietas de baixa qualidade, caso das pastagens na seca, esse nível de eficiência cai para 20%. Isto precisa ser considerado no momento de se balancear uma dieta e tomar decisões de quanto NNP poderá substituir a demanda total de proteína (S´thiago, 1999). A exigência de proteína degradável no rúmen (PDR) aumenta proporcionalmente à oferta de energia (NDT) ao animal, e pode ser estimada usando-se a equação: PDR, g/animal/dia = NDT, kg/animal/dia x 0,13 (NRC, 1996). É aconselhável que no suplemento protéico, a proporção de PDR com origem na uréia, não ultrapasse 30% da PDR total (S´thiago, 2001). Os suplementos proteicos podem levar a diferentes ganhos daqueles obtidos com suplementos apenas de sal mineral comum, sem afetar o comportamento ingestivo do pasto e dos suplementos. A suplementação com proteinados promoveu melhores ganhos do que com sal mineral comum, sem alterar os tempos diários de ingestão, de pastejo, de ruminação e de ócio (Souza, 2007). Ganho de peso e características de carcaça Paulino et al. (2002), testando diferentes fontes de proteína verdadeira em suplementos para bovinos machos mestiços holandês x zebu, obtiveram ganho de peso médio de 1.069 g/animal/dia, considerando o fornecimento de 4 kg de suplemento/dia, que continham 2,5% de uréia:sulfato de amônio (9:1), sal mineral, milho e ou soja grão inteira (25%), ou caroço de algodão (50%), ou farelo de soja (17%). Os autores consideraram estes resultados bastante satisfatórios, pois o ganho médio obtido foi de 75% do alcançado em sistemas de terminação em confinamento (1,5 kg/animal/dia). Silva et al. (2008), estudando os níveis de uréia nos suplementos múltiplos em substituição ao farelo de soja (T1, pasto e mistura mineral; T2, pasto e suplemento múltiplo com 4% de uréia; T3, pasto e suplemento múltiplo com 8% de uréia e T4, pasto e suplemento com 12% de uréia, ofertados na proporção de 0,2% do Peso corporal dos animais) sobre o desempenho de bovinos da raça Nelore não castrados e com Peso corporal médio inicial de 270kg em Brachiaria brizantha cv. Marandu, durante a seca, relataram que o incremento de uréia no suplemento não afetou o ganho médio diário (GMD) dos animais, entretanto, houve diferença no GMD entre os animais suplementados (0,309kg/animal/dia) e os animais do tratamento controle 11 (0,073kg/animal/dia) reforçando que animais suplementados com alguma fonte de proteína obtém melhor desempenho que os suplementados apenas com mistura mineral. Segundo Freitas (2005), o peso de abate, o peso de carcaça quente, carcaça fria e a massa de carcaça do traseiro aumentaram com o nível de suplementação, contudo não houve diferença entre o rendimento de carcaça, na massa do dianteiro e do costilhar. A proporção de ossos do costilhar foi menor com níveis mais altos de suplementação, mas no traseiro e dianteiro não houve influência marcante. A espessura de gordura na carcaça, responsável pela manutenção da qualidade da carne no momento do resfriamento de bovinos mestiços leiteiros foram maiores com níveis mais altos de suplementos, contudo em bovinos nelores e cruzados nelore x red angus não houve diferença. Relação Custo:Benefício Em estudos econômicos feitos por S´thiago e Silva (2002) para o uso de misturas múltiplas para bovinos de corte, resultou nas seguintes margens (receita menos custos adicionais em relação ao tratamento sem concentrado): nível 0,5 kg/animal/dia = R$ 12,85/animal; nível 1,0 kg/animal/dia = R$ 12,26/animal; e nível 2,0 kg/animal/dia = R$ 21,79/animal, contendo 3,71; 2,38 e 1,38 % de uréia, respectivamente, mais outros ingredientes, como milho, farelo de soja, mistura mineral. Portanto, o custo do uso de mais concentrado foi compensado pelo aumento no ganho de peso. Segundo Carvalho et al. (2005), economicamente foi mais viável a suplementação com sal proteinado (90g de nitrogênio, 56,25% de NNP Eq PB, 59,05% de PB) do que a mistura múltipla (45 g de nitrogênio, 34% de PB e 1.158 kcal/kg de energia metabolizável) para bovinos de corte na recria. As duas suplementações testadas, sal mineral proteinado e mistura múltipla, não apresentaram diferença significativa em ganho de peso médio diário no período de seca, nem depois durante a época de chuva. A economia gerada na seca permaneceu na época da chuva, pois não houve diferenças nos ganhos dos animais na época da chuva. Rezende (2005), avaliando sal mineral (grupo controle) em relação ao suplemento proteico contendo amiréia, suplemento proteico contendo uréia e bloco multinutricional comercial para bovinos sem padrão racial definidos, não castrados, com peso médio inicial de 378,87 Kg, em sistema de pastejo contínuo com 1,5 UA/ha de Brachiaria brizantha cv. Marandu, obtiveram no suplemento contendo a uréia ganho de 12 peso diário de 610 g, com o menor custo por kg de suplemento, o que é uma vantagem competitiva em favor da uréia na relação ao custo por arroba produzida. Segundo Silva et al. (2008), na avaliação da viabilidade econômica da uréia em substituição ao farelo de soja em suplementos para bovinos de corte, todos os níveis de uréia mostraram-se capazes de gerar receita positiva, enquanto os animais mantidos somente a pasto e mistura mineral geraram margem bruta negativa. O suplemento contendo 4% de uréia proporcionou a obtenção de maior margem bruta e redução do tempo necessário para o animal atingir 450kg de Peso corporal. A suplementação, ao aumentar a taxa de ganho diário médio anual, apresenta outro benefício importante na pecuária que é a redução do tempo de abate (450 kg PC) que, por sua vez, aumenta o capital de giro do pecuarista e a qualidade de carne. Bovinos cruzados Nelore x Red Angus que receberam suplementação em nível de 1,2% do PC, foram abatidos 13 dias antes que os que receberam 0,4 % do PC. Considerações Finais O sistema de Integração lavoura pecuária (ILP), propicia um maior aproveitamento das terras e utilização de sistemas integrados para melhoria do solo, planta, animal. A utilização deste sistema tem sido regulamentada pelo uso sustentável das terras e sua integração com outras práticas de manejo tem abordado um aumento na produção e considerável lucro a atividade pecuária. A junção do manejo de ILP com o uso de misturas múltiplas para bovinos de corte tem apresentado ganhos em produção, rendimento de carcaça, digestibilidade e conversão alimentar aliando-se aos menores custos dispensados para produção bovinocultura. 13 Referências Bibliográficas ACEDO, T.S.; PAULINO, M.F.; DETMANN, E. et al. Níveis de uréia em suplementos para terminação de bovinos em pastejo durante a época seca pastejo. Acta Scientiarum - Animal Science, v.29, n.3, p.301-308, 2007. ADESE, B.L. 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Foram utilizados 40 animais azebuados distribuídos e quatro piquetes de 10,5 ha cada, 10 animais/piquete, sendo oito tésteres e dois traçadores (reguladores) para ajuste de oferta de forragem, em 4 tratamentos com níveis crescentes de oferta de mistura múltipla: 1; 2; 4 e 6 kg de suplemento/animal. A produção de forragem no sistema Santa Fé de ILP foi alta e possibilitou uma estimativa de oferta de MS acima das exigências dos animais. Não houve diferença (P>0,05) para ganho de peso entre os tratamentos. As médias de ganho de peso de 0,602; 0,560; 0,520 e 0,686 kg/dia para os tratamentos 1; 2; 3 e 4 respectivamente demonstraram que o uso de mistura múltipla em sistema de ILP promove ganho de peso satisfatório para terminação de bovinos de corte. Os valores de acabamento de carcaça (ESCORE) e Rendimento de Carcaça Quente (RCQ) obtiveram significância quadrática e linear (P<0,05) com valores médios de 2,9; 2,4; 2,5 e 3,3 (ESCORE), 53,8; 52,73; 53,15 e 54,53 (RCQ) respectivamente, o que pode-se inferir que a suplementação melhora a cobertura de gordura na carcaça e imprime mais rendimento. Embora houvesse significância entre os tratamentos para ESCORE e RCQ, não se pode inferir que economicamente seria viável a oferta de maiores níveis de mistura múltipla em terminação de bovinos de corte no sistema Santa Fé de ILP devido à margem de lucro ser muito pequena em relação aos gastos apresentados, porém, a suplementação com mistura múltipla neste sistema permite elevação da taxa de lotação, elevando o numero de animais por área e reduzindo o custo de produção. Contudo, Chuvas torrenciais influenciaram no consumo do suplemento e consequentemente nas variáveis de desempenho, porém, a terminação de bovinos neste sistema mostra-se promissora. PALAVRAS-CHAVE: Integração lavoura-pecuária, Mistura Múltipla, Desempenho, Bovinos de corte. 20 Performance of Nellore Bulls supplemented with multiple mixture in crop-livestock system Abstract The present work aimed to evaluate weight gain, feeding behavior and zebu bulls carcass characteristics fed different levels of supply supplement called multiple mixture. The experimental area of pasture consisted of four paddocks of 10.5 ha-1 each for a total of 42 ha-1 and was part of a tract of property where they cultivated cotton, soybean and corn in ILP Santa Fe system. We used 40 distributed zebu-crossed animals and four paddocks of 10.5 ha each, 10 animals / picket, eight tésteres and two tracers (regulators) for herbage allowance adjustment in 4 treatments with increasing levels of multiple mixture offer: 1 ; 2; 4:06 supplement kg / animal. Forage production in Santa Fe ILP system was high and enabled a MS supply estimate above the requirements of the animals. There was no difference (P> 0.05) for weight gain between treatments. The average weight gain of 0.602; 0.560; 0.520 and 0.686 kg / day for treatments 1; 2; 3:04 respectively demonstrated that the use of multiple mixture LTI system promotes weight gain suitable for finishing beef cattle. Housing finish values (SCORE), Hot Carcass Yield (WHR) had quadratic and linear significance (P <0.05) with mean values of 2.9; 2.4; 2.5 and 3.3 (SCORE), 53.8; 52.73; 53.15 and 54.53 (WHR) respectively, which can be inferred that supplementation improves fat cover housing and prints more income. Although there was significant difference between the treatments for SCORE and WHR, one can not infer that economically viable would be to offer greater mix multiple levels in finishing beef cattle in Santa Fe ILP system due to the profit margin is very small in relation to presented spending, however, supplementation with multiple mixing this system allows increase in stocking rate, increasing the number of animals per area and reducing the cost of production. However, Torrential rains influenced in supplement consumption and consequently in performance variables, however, the termination of cattle in this system appears to be promising. KEYWORDS: Crop-livestock integration, Mix Multiple Performance, Beef cattle. 21 Introdução Os sistemas de produção de carne bovina no Brasil utilizam as pastagens como substrato básico, por isso a produção de carne depende em algumas vezes da sazonalidade da produção das forrageiras. A prática de suplementação de bovinos em pastagens ainda é incapaz de maximizar e garantir a estabilidade da produção animal na falta de pasto. A falta de informações sobre as bases nutricionais envolvidas na resposta à suplementação a pasto tem limitado a aplicação desses resultados nos sistemas comerciais (Fernandes et al., 2010). A suplementação para animais em pastagem tem sido utilizada no período em que há baixa produção de matéria seca, com o objetivo de aumentar o seu consumo e sua digestibilidade, melhorando o desempenho animal (Euclides et al., 2001). Os principais efeitos da suplementação estão relacionados à melhoria na eficiência da fermentação ruminal, velocidade de degradação ruminal da fibra e no consumo de volumoso (Knorr et al., 2005). De acordo com Paris et al. (2013), os bovinos apresentam pastejo seletivo, isto é, maior consumo de folhas e colmos verdes e baixo consumo de material morto. Durante o final do período das águas, pastagens em lotação contínua podem apresentar baixa disponibilidade de folhas e baixo teor de PB, onde, quando o consumo de outras fontes de nitrogênio, através da suplementação, poderia possibilitar aumento no consumo da forragem e melhor desempenho animal. O consumo de alimentos nos ruminantes é controlado principalmente pela atividade ruminal, sendo o teor de 7% de PB na dieta total considerado o mínimo crítico para uma boa condição de fermentação do rumem (Minson, 1990). Menores teores proteicos acarretam diminuição no consumo, como consequência, as exigências de mantença não são supridas, resultando em perda de peso (Paulino et al., 2003). O aporte de nitrogênio (N) para as bactérias celulolíticas pode ser obtido por meio da amônia resultante da hidrólise de N não-protéico (NNP) (Mlay et al., 2003). Os compostos NNPs, em sua maioria, são hidrolisados pelos microrganismos quando chegam ao rúmen, liberando amônia (Kozloski, 2009). Uma parte da amônia é incorporada aos compostos nitrogenados microbianos e outra, pode ser absorvida passivamente pelo epitélio ruminal ou passar com a digesta para os próximos compartimentos do TGI (trato gastrintestinal). A quantidade que é absorvida está positivamente relacionada às concentrações ruminais de amônia e pH, sendo a forma 22 dissociada NH3+ mais rapidamente difundida quando comparada à forma protonada NH4+, com maiores taxas de absorção em pH mais elevado. Depois de absorvida, a amônia é deslocada pela circulação entero hepática até o fígado para formação da uréia e prevenção de intoxicação por NH3. O ciclo da uréia ocorre na mitocôndria dos hepatócitos, sendo o excesso excretado pela urina e parte reciclada pelas vias trans epitelial e salivar (Kozloski, 2009; Dutra et al., 2004). Este processo tem um gasto de 12 kcal/g de N (Van Soest, 1994) ou de 1 ATP/ molécula de uréia produzida (Santos et al., 2001), representando então elevado custo biológico e desvio de energia que poderia ser usada nos processos metabólicos para síntese de tecidos corporais (Paixão et al., 2006). Segundo Campling et al. (1962), esta fonte, associada com a energia disponível no processo de degradação ruminal, é prontamente utilizada para síntese de proteína microbiana (PM) e atua no crescimento das bactérias fibrolíticas. A suplementação com NNP tem aumentado a eficiência de utilização de forragens de baixo valor nutritivo, podendo elevar sua digestão e consumo (Carvalho et al., 2003). A uréia é menos utilizada quando o animal recebe alimentação exclusivamente à base de feno ou de outra forragem do que quando é incluído amido de grãos ou de cereais na dieta (Loosli e McDonald, 1968). Van Soest (1994), afirma que dietas pobres em carboidratos solúveis e ricas em estruturais de parede celular de plantas maduras limitam o uso do NNP devido à baixa energia desprendida e à lenta taxa de degradação do CHO disponível. A proteína de origem vegetal tem sido utilizada como fonte de proteína degradável no rúmen (PDR) associada as misturas minerais com o objetivo de diminuir a deficiência proteica de bovinos de corte em pastejo durante o período de seca. Entretanto, a fração proteica dos suplementos deve merecer atenção especial, uma vez que seu custo relativo é um dos mais elevados (Moraes et al., 2012). Dessa forma, a substituição parcial ou total de fontes de proteína verdadeira pelo nitrogênio nãoproteico (NNP), frequentemente na forma de ureia, tem sido foco de pesquisas (Magalhães et al., 2005; Paixão et al., 2006; Acedo et al., 2007), pois possui menor custo por unidade de equivalente proteico. No entanto, deve-se estabelecer o nível a ser utilizado no suplemento, visto que em níveis elevados a ureia tem efeitos negativos sobre o consumo voluntário de suplementos, seu uso pelos ruminantes é limitado, em virtude de sua baixa palatabilidade, sua segregação quando misturada com farelos e sua toxicidade em doses mais elevadas. Embora a inclusão de ureia em concentrados não cause decréscimo na 23 produtividade dos animais em confinamento (Magalhães et al., 2005; Paixão et al., 2006), são necessários mais estudos que evidenciem qual o nível máximo de inclusão de ureia nos suplementos proteico-energéticos que não afetaria o desempenho de bovinos em pastejo. Com base nesse contexto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar o ganho de peso, o comportamento ingestivo e as características da carcaça quente de bovinos nelore suplementados com diferentes níveis de oferta de mistura múltipla, em sistema de integração lavoura-pecuária (Santa Fé) no oeste da Bahia. 24 Material e Métodos O experimento foi realizado na Fazenda Pedras, situada no município de Luis Eduardo Magalhães, na região oeste do estado da Bahia (conhecida como zona de produção de grãos) durante a estação de estiagem de chuvas, entre os meses de julho a outubro de 2011. O experimento teve duração de 107 dias sendo 15 dias de adaptação. Foram utilizados 40 bovinos zebuínos com Peso corporal médio de 395±16 kg e idade de 33±6, meses, castrados quimicamente com produto comercial de marca reconhecida (Bopriva©), identificados com brincos e vermifugados sendo oito animais tésteres e mais dois traçadores para ajuste da oferta de forragem de 10 kg de MS/100 kg de PC, distribuídos em um delineamento inteiramente ao acaso. Os tratamentos aplicados aos animais foram quatro níveis de suplemento ofertado denominado mistura múltipla com 17% PB (Tabela 1), sendo: 1º Tratamento (1,0) = 1,0 kg de suplemento/animal/dia; 2º Tratamento (2,0) = 2,0 kg de suplemento/animal/dia; 3º Tratamento (4,0) = 4,0 kg de suplemento/animal/dia; 4º Tratamento (6,0) = 6,0 kg de suplemento/animal/dia; Em função da estação chuvosa na região ter se iniciado antes do previsto (novembro/2011), a avaliação de desempenho dos animais foi realizada de duas maneiras: a primeira, considerando todo o período experimental de 107 dias, e a segunda, fracionando-se em sub-períodos, sendo o primeiro (antes das chuvas) – 01/julho a 27/agosto, num total de 58 dias, e o segundo (durante as chuvas) – 28 de agosto a 15 de outubro, num total de 49 dias. Procedeu-se dessa maneira três pesagens, sendo a 1ª no inicio do experimento, a 2ª ao final dos primeiros 58 dias de experimento, e a 3ª ao final do experimento, ou seja, aos 107 dias. Em todas as pesagens os animais foram submentidos a jejum de 14 horas. O suplemento era ofertado uma vez ao dia no período da manhã (8h00) em comedouro de 2 m de comprimento com acesso à um lado e foi formulado para suprir as exigências de uma bovino de corte de 400 kg de Peso corporal com ganho de 0,600 kg/dia NRC (1996). O consumo de suplemento foi medido através da subtração entre a quantidade ofertada e as sobra de suplemento no dia seguinte. O procedimento de oferta de suplemento e pesagem das sobras era realizado diariamente onde era feito o calculo de 25 consumo por grupo e por animal para todos os tratamentos para os períodos de 107, 58 e 49 dias respectivamente. A área experimental de pastagem foi constituída de quatro piquetes de 10,5 ha cada num total de 42 ha, pertencentes a uma gleba de 500 ha da propriedade onde se cultivava algodão, soja e milho em sistema de integração lavoura-pecuária (ILP) denominado “Santa Fé”. Após a colheita da soja, foi realizado o plantio de milho e da gramínea Brachiaria ruziziensis. Depois da colheita do milho foi feita a divisão dos piquetes onde se instalou bebedouros, comedouros e foi efetuada a vedação (diferimento) 60 dias antes do início do período experimental. A cada 28 dias, realizaram-se coletas de amostras do pasto nos diferentes piquetes, pelo corte a 10 cm do nível do solo em um quadrado metálico de 0,5 × 0,5m em seis áreas por piquete determinadas aleatoriamente as quais foram pesadas para estimativa de produção de forragem (kg ha), segundo o método de McMenimam (1997). Após a pesagem, as amostras de cada piquete foram homogeneizadas para formação de uma amostra composta (por piquete) e posterior análise da disponibilidade total de matéria seca/ha (MST) e sua composição química. Visando reduzir a influência da possível variação na disponibilidade de matéria seca (MS) de pasto, os animais foram mantidos em cada piquete por sete dias e, após este período, procedeu-se rodízio (mantendo-se os tratamentos por grupos de animais) entre os piquetes. A taxa de acumulo forragem em MS por dia foi obtida através da razão entre as médias de produção em kg de forragem/ha e período de total do experimento (107d). A oferta de forragem em kg/100 kg de Peso corporal foi obtida pela razão entre a taxa de acumulo por hectare e o Peso corporal médio dos animais. A massa de forragem (kg de MS/ha) constitui-se da soma da oferta de forragem em kg de MS/100 de PC e kg de suplemento por animal em cada tratamento. As taxas de lotação (TL) inicial e final foram calculadas da seguinte maneira: TL = Peso corporal (PC) total dos 40 animais / 450 kg / 42 ha. Foram colhidas amostras de cada partida da mistura múltipla e dos ingredientes (caroço de algodão, milho, resíduo de soja e sorgo) e a cada sete dias amostras das sobras de cada tratamento. Em seguida, as amostras foram acondicionadas em sacos plásticos com as devidas identificações dos grupos, tratamentos e período de coleta e congeladas a -18ºC. Ao final do experimento foram descongeladas, homogeneizadas e retirada uma alíquota de 250 gramas da amostra composta. As alíquotas foram pré-secadas em estufa 26 com ventilação forçada 55ºC por 72 horas e moídas em um moinho tipo Willey com peneiras de malha de um milímetro. Os ingredientes e a partida de cada composição da mistura múltipla bem como as sobras dos cochos foram analisados para determinação dos teores de MS, MO, PB, EE e MM de acordo com as recomendações descritas por Silva e Queiroz (2002). Para determinação da lignina, foi usado o método descrito por Van Soest (1967), com a utilização de ácido sulfúrico (H2SO4) a 72%. Para determinação das frações da parede celular, fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), utilizouse o método recomendo pelo fabricante do aparelho ANKON, da Ankon Technology Corporation de acordo com o método de Van Soest et al. (1991), com modificações em relação aos sacos, em que se utilizou sacos de TNT (tecido-não-tecido) gramatura 100 mm confeccionados no Laboratório de Nutrição Animal–NEPPA/UNEB campus Barreiras-BA. Para determinar a FDN utilizou-se a enzima L-amilase termoestável de acordo com Mertens (2002). Em todas as amostras, a FDN e a FDA foram corrigidas para cinza e proteína, os resíduos da digestão em detergente neutro e detergente ácido foram incinerados em mufla a 600ºC por quatro horas, e a correção para proteína foi efetuada mediante proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) e a proteína insolúvel em detergente ácido (PIDA). Para a estimativa dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação proposta por Sniffen et al. (1992): CHOT = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas) Os carboidratos não fibrosos (CNF) foram estimados utilizando as equações preconizada por Hall et al., (1999): CNF = %CHOT - %FDN, Sendo: FDN corrigida para cinzas (c) e proteína (p) (FDNcp). Na determinação da PIDN e PIDA foi empregado o método descrito por Licitra et al. (1996). A conversão dos valores de NDT das dietas para energia digestível (ED) e energia metabolizável (EM) foi realizada através das equações descritas pelo NRC (1996) que corresponde a eficiência de utilização da ED, conforme Resende (1989). ED (Mcal/kg) = 0,04409 * NDT (%); EM (Mcal/kg) = ED (Mcal/kg) * 0,86, Todas as análises da forragem e da mistura múltiplas foram realizadas no Laboratório de Nutrição Animal–CCA/UNEB campus Barreiras-BA. 27 Tabela 1- Composição química dos alimentos utilizados nas dietas experimentais. Ingrediente Milho moído Sorgo grão inteiro Resíduo de Soja Caroço de algodão Núcleo mineral Uréia Forragem 1 MS 87,70 88,90 91,44 89,09 100,00 100,00 62,94 Composição bromatológica (%) MM2 PB3 EE4 FDN5 1,73 8,91 4,57 15,35 1,98 12,59 3,55 13,84 5,00 38,48 18,09 20,80 3,82 13,44 16,88 67,31 0,00 0,00 0,00 0,00 280,00 0,00 0,00 0,90 7,03 1,06 80,89 FDA6 4,15 6,15 14,50 58,50 0,00 0,00 42,89 1: Matéria seca; 2:Matéria mineral; 3: Proteína bruta; 4: Extrato etéreo; 5: Fibra em detergente neutro; 6: Fibra em detergente ácido Tabela 2 - Composição percentual e química da mistura múltipla (%MS). Nível de inclusão (% MN da dieta)7 Milho moído Sorgo grão inteiro Resíduo de soja Caroço de algodão Núcleo mineral Uréia 60,00 25,50 2,00 5,00 5,00 2,50 Composição química e bromatológica (% MS) 1 MS (%) MM2 (%) PB3 (%) EE4 (%) FDN5 (%) FDA6 (%) Lignina Carboidratos Totais Carboidratos Não Fibrosos Proteína Insolúvel em Detergente Neutro Proteína Insolúvel em Detergente Ácido Nutrientes Digestíveis Totais Energia Metabolizável (Mcal/kg) 89,02 2,65 17,00 4,85 16,52 9,17 5,01 80,43 37,61 2,92 0,90 76,00 2,12 1 Matéria seca; 2Matéria mineral; 3Proteína bruta; 4Extrato etéreo; 5 Fibra em detergente neutro; 6Fibra em detergente ácido; 7 Matéria Natural bruta; 4Extrato etéreo; 5 Fibra em detergente neutro; 6Fibra em detergente ácido; 7 Matéria Natural As observações referentes ao comportamento ingestivo dos animais foram realizadas pelo método de varredura instantânea, em três períodos no decorrer de 90 dias. Os animais foram observados ao alto de uma torre (2m/altura) na parte central de cada piquete, as observações foram realizadas por seis pessoas treinadas posicionadas 28 estrategicamente de forma a não interferir no comportamento normal dos animais. Os observadores permaneceram no local em período diurno por 12 horas (cada observador passou 3 horas em cada piquete estando todos em cada piquete para diminuir a inferência subjetiva). O registro das atividades se fez através de observação direta com coleta continua e amostragem focal com ajuda de um binóculo de longo alcance, com intervalo amostral a cada dez minutos para os registros das categorias: pastejo, ruminação/ócio, cocho e outros comportamentos (Joohnson e Combs, 1991). Os dados obtidos foram utilizados nas estimativas dos tempos em horas depreendidos em cada atividade comportamental categorizada. Os animais foram abatidos ao final do período experimental no frigorífico FRIBARREIRAS a 110 km do local do experimento, foi dado jejum (dieta hídrica) de 12 horas aos animais. A forma de abate foi por concussão cerebral por pistola de pressão com dardo cativo seguindo as recomendações do RIISPOA 2012. O peso da carcaça quente (PCQ) foi mensurado para posterior avaliação do rendimento de carcaça quente (RCQ) e a tipificação das mesmas segundo Portaria nº 612 (1989) do MAPA. O RCQ, @ total e @/hectare foram obtidos seguindo as fórmulas: RCQ = (PCQ/PCF)x100, em que PCF = Peso corporal final; @Total = PCQ/15; e @/hectare = GPT/animal x RC) / 100 / 15, respectivamente, sendo este último, corrigido para 1/ha, tendo em vista que a carga animal no experimento foi de 10 animais/10,5 ha (cada piquete), portanto, corrigiu-se multiplicando o valor de @/ha por 1,05 (10,5 ha/10 animais). Todos estes valores são relativos à médias dos grupos de cada tratamento. As carcaças dos animais foram divididas em duas meias carcaças, as quais foram pesadas, aferidas o pH (quente) e resfriadas em câmara fria a 5 °C durante 24 horas. Após este período foi mensurado o pH (fria) e feita a coleta de uma amostra representativa das meias-carcaças esquerdas de cada animal, correspondendo à secção entre a 11a e 13a costelas, para dissecação e predição das proporções de tecido muscular, adiposo, segundo método preconizado por Hankins e Howe (1946). Foram avaliados, por meio do desempenho animal em cada nível de suplemento ofertado, os parâmetros de reposta econômica tomando-se como base as receitas e despesas. Todas as cotações empregadas foram tomadas na região e no período em que se conduziu este experimento. Os dados foram submetidos a analise de variância e teste de regressão (com 5% de significância) através do programa estatístico SAS, utilizando-se o seguinte modelo estatístico: 29 Yij = μ + Ti +ξij; em que: Yij = valor observado; μ = media geral; Ti = efeito dos níveis de suplemento, e ξij = efeito do erro. 30 Resultados e Discussão A avaliação das características de produção de forragem (Tabela 3) da Brachiaria ruziziensis como percentagem de matéria seca (%MS), produção de forragem (kg de MS/ha), taxa de acúmulo de forragem (kg de MS/ha-1/dia), oferta de pasto (kg de MS/100 de PC) e a oferta total de pasto + suplemento (kg de MS/ha/dia), relacionadas a cada piquete não apresentaram diferença (P>0,05) entre os tratamentos. O mesmo ocorreu quando quantificada a produção em relação aos cortes nos diferentes períodos (a cada 28 dias). Esse resultado indica que os valores referentes à produção de forragem durante o período experimental se manteve constante e eram esperados devido a homogeneidade da área. Tabela 3 – Disponibilidade de forragem em área de Brachiaria ruziziensis no sistema de Integração Lavoura-Pecuária. Média Piquetes Variável 1 2 3 CV (%) 4 Produção de massa verde (kg MN/ha) 17.340 13.504 13.585 15.584 15.003 % matéria seca 25,00 27,00 26,50 25,59 26,02 37,55 4335 3646 3600 3988 3892 16,67 Taxa de acumulo de forragem (kg de MS/ha dia) 40,51 34,07 33,64 37,27 36,37 - Oferta de pasto (kg MS/100 kg PC) 9,00 7,50 7,35 8,18 8,01 - 9,89 9,28 10,91 13,52 10,90 - Massa de forragem (kg de MS/ha) -1 -1 Oferta de pasto + oferta suplemento (kg/ha dia MS) - Cortes nos quatro piquetes 1 2 b 3 a Massa de forragem (kg de MS/ha) 2836 4316 4038 MN = Matéria natural; MS = matéria seca; CV = Coeficiente de variação Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem a 5% de probabilidade. 4 a 4256 5 a 4016 Média a 3861 No presente estudo observou-se média de produção de massa verde na ordem de 15 t/ha (matéria natural), com 26% de MS, portanto, com produção média de 3.892 kg de MS/ha. Fiorentin et al. (2012) registraram produção da B. ruziziensis em torno de 14 ton/ha/ano de matéria natural (MN), também em sistema de integração lavourapecuária. No presente experimento a produção forrageira corroborou com o autor acima citado, o qual afirmou a mesma suposição nas condições de ILP, devido ao nível de resíduo de adubos das culturas anteriores que proporcionou uma melhor produção da gramínea. Levando-se em consideração que a taxa média de acúmulo de forragem, em cada piquete, foi de 36,4 kg de MS/dia e que o consumo diário de MS de um bovino de 31 426 kg de PC (média global de todos os animais testados) é de 11 kg de MS, segundo o NRC (1996), e ainda considerando uma eficiência de pastejo de 50% (Braga et al., 2007) pode-se afirmar que a lotação praticada poderia ser de 1,65 UA/ha -1, elevando-se em 65% a taxa de lotação média, que foi de 1,0 UA ha-1, com oferta de forragem de 8,5% do PC, a recomendada por Hodgson (1990) é de no mínimo 10% do PC. Mais recentemente, com o intuito de reduzir as perdas de forragem, alguns pesquisadores tem recomendado menores ofertas de forragem, entre 4 e 5% do PC. Portanto, considerando-se uma oferta de forragem de 4% PC, tida como uma boa oferta de forragem aos animais (Da Silva e Pedreira, 1997; Braga et al., 2007), a taxa de lotação aplicada poderia ser na ordem de 3,5 UA/ha-1, favorecendo de maneira ainda mais expressiva a terminação de bovinos azebuados em sistema de ILP. A alta oferta de forragem obtida com a gramínea B.ruziziensis no sistema “Santa Fé” de ILP, proporcionou aos animais uma melhor seletividade do pasto o que certamente influenciou num melhor desempenho. Embora não tenha sido realizada a análise de solo para este experimento, o alto potencial produtivo da Brachiaria ruziziensis encontrado deve-se à fertilidade do solo da propriedade que o utiliza primordialmente na produção de algodão, soja e milho. Na literatura são encontradas recomendações de adubação de NPK (Nitrogênio, Fósforo e Potássio) para algodão, soja e milho em solos do cerrado brasileiro da ordem de 175 N, 150 P2O5 e 170 K2O kg/ha (Ferreira e Carvalho, 2005); 50 N, 20 P2O5/ton. de grão e 20 K2O kg/ha (Bernardi et al., 2009); 30 N, 40 P2O5 (3 a 4 ton. de grão) e 40 K2O (Vilela et al., 2012) kg/ha respectivamente. Estes valores são considerados altos, porém, necessários segundos os autores. Segundo Euclides et al. (1998), para que a suplementação proporcione resultados, é preciso que a pastagem tenha massa equivalente a 2,5 toneladas de MS/ha. Sendo assim, a disponibilidade de forragem encontrada neste experimento: 4,33; 3,65; 3,6 e 3,9 toneladas de MS/ha para os piquetes 1; 2; 3 e 4 respectivamente, foi bem acima da recomendada por estes autores o que favoreceu um pastejo irrestrito, não oferecendo limitações à capacidade ingestiva de matéria seca (MS) de pasto aos animais em todos os piquetes avaliados. A produtividade das gramíneas decorre da contínua emissão de folhas e é um processo importante após o corte e, por isso, a utilização de recursos que priorizem o surgimento de novas folhas é fundamental para a recuperação da sua eficiência fotossintética (Gomes et al., 2012). Estes autores enfatizam que a morfogênese é a 32 dinâmica de geração e expansão da planta no espaço e em algumas espécies de clima tropical como a Brachiaria ruziziensis, o alongamento de colmos torna-se importante componente do crescimento, interferindo significativamente na estrutura do pasto e no equilíbrio dos processos de competição por luz e alimentação. A topografia extremamente plana da área utilizada neste experimento bem como a uniformidade do plantio por ter sido realizado com equipamentos de precisão, conferiu ao pasto uma cobertura total e ampla de toda a área, caracterizando bom manejo dos aspectos produtivos do pasto conferindo-lhe alta produção de MS. Outra variável importante na produção de forragem citada por Richetti e Ceccon (2010), é o nitrogênio que em condições onde o ambiente é ideal e não há limitação na disponibilidade de outros nutrientes, ele afeta a expressão das variáveis morfogênicas aumentando a taxa de alongamento de folhas e a taxa de aparecimento de perfilhos que influenciam diretamente na produção de kg/MS/ha. No presente trabalho, não foi realizada qualquer aplicação de fertilizante ou corretivo no solo, ficando a gramínea somente com o resíduo da adubação das culturas anteriormente cultivadas na área (algodão, soja e milho). No sistema “Santa Fé”, quando o objetivo primordial é a agricultura, minimizar os custos da produção de grãos através do faturamento secundário com pecuária, não se justifica onerar o sistema produtivo aplicando corretivos já que o intuito é aproveitar o resíduo da adubação para plantio de forragem e o uso desta em pecuária de ciclo curto (terminação). Na Tabela 4 são apresentadas as médias de Peso corporal inicial (PCI), Peso corporal final (PCF), ganho médio total (GMT) e ganho médio diário (GMD), por grupo e por animal nos 58, 49 dias (1º e 2º subperíodos, respectivamente) e 107 dias de experimento (todo período experimental), além do ganho de peso total (GPT), por hectare, arrobas por animal (@/animal), arrobas por hectare (@/hectare), grau de acabamento da carcaça (ESCORE), peso de carcaça quente (PCQ) e rendimento de carcaça quente (RCQ) dos animais, respectivamente. Não houve diferença significativa para PCI (P>0,05), demonstrando homogeneidade dos animais no inicio do experimento. Para as variáveis: PCF, GMT (107dias), GMD (107dias), GMT (P58d), GMD (P58d), GMT (P49d), GMD (P49d) não foram encontradas diferenças significativas entre os tratamentos (P>0,05). O GMD entre os tratamentos no período total do experimento (107 dias) foi de 592 g/dia, demonstrando que a oferta de mistura múltipla, em pastejo diferido, no sistema de ILP pode auferir ganhos diários satisfatórios. A digestibilidade de uma dieta é resultado dos efeitos interativos e 33 associativos de todos os seus nutrientes que a compõem e não simplesmente do efeito isolado de determinado constituinte (Machado et al., 2011). 34 Tabela 4 – Médias de desempenho de bovinos Nelore terminados em sistema de integração Lavoura-Pecuária, em função dos tratamentos. Variável 1 2 4 16 17 E.P.M CV (%) 6 significância L Q Equação 1 PCI (Kg) 395,8 398,4 393,5 393,2 2,32 22,5 - - Y = 395,22 2 PCF (Kg) 460,13 458,31 449,19 463,63 6,16 24,2 - - Y = 457,81 3 GMT/Grupo (107d) 64,38 59,94 55,69 73,38 15,74 34,47 - - Y = 63,34 4 GMD/Animal (107d) 0,602 0,560 0,520 0,686 0,311 38,59 - - Y = 0,592 5 GPT(Kg/animal/ha) 61,1 57,1 53,0 69,0 21,79 34,47 - - Y = 63,34 6 GMT/Grupo (58d) 49,63 56,06 56,63 60,31 4,44 36,50 - - Y = 55,65 7 GMD/Animal (58d) 0,856 0,967 0,976 1,040 0,077 34,20 - - Y = 0,960 8 GMT/Grupo (49d) 14,75 3,87 -0,94 13,06 7,48 37,25 - - Y = 7,68 9 GMD/Animal (49d) 0,307 0,081 0,020 0,656 0,300 33,90 - - Y = 0,266 10 @Total 16,3 16,11 16,14 16,85 0,45 7,74 - - Y = 16,35 11 @/hectare 2,2 2,0 1,9 2,6 0,29 36,36 - - Y = 0,27 12 ESCORE 2,9 2,4 2,5 3,3 0,60 22,00 - 0,0128 Y = 0,3125x2 - 1,4375x + 4 13 PCQ (kg) 244,4 241,7 242,1 252,9 18,98 7,74 - - Y = 245,27 14 53,08 52,73 53,15 54,53 1,46 2,73 0,0311 - RC (%) 1 Níveis de suplementação (kg) Y = 0,477x + 52,175 Peso corporal inicial; 2Peso corporal final; 3Ganho médio total por grupo (107 dias); 4Ganho médio diário por animal (107 dias); 5Ganho de peso total por hectare; 6Ganho de peso total por grupo (58 dias); 7Ganho médio diário por animal (58 dias); 8Ganho médio total por grupo (49 dias); 9Ganho médio diário por animal (49 dias); 10Arroba total por animal; 11Arroba por ha; 13Peso de carcaça quente; 14Rendimento de carcaça; 16Erro padrão da média; 17Coeficiente de variação 35 Thiago et al., (1997) e Detmann et al., (2004) observaram médias de GMD de 0,136 e 0,227 kg respectivamente para novilhos azebuados em terminação recebendo apenas mistura mineral. Neste contexto, a suplementação pode possibilitar desempenho diferenciado aos animais, desde a manutenção de peso, ganhos moderados de 200 a 300 g/dia, até ganhos de 500 a 600 g/dia (Paulino, 2001). No presente trabalho, os valores de GMD encontrados ficaram entre três a quatro vezes acima dos citados por Thiago et al., (1997) e Detmann et al., (2004), quando estudaram apenas a oferta de mistura mineral. Para (Góes et al., 2005), a utilização de suplementos para bovinos a pasto visa suprir deficiências que venham a prejudicar o crescimento animal. Em muitos casos, pode-se melhorar o desempenho, porém, a resposta pode não ser satisfatória, podendo ser maior ou menor que a esperada. Embora não se tenha estimado o consumo a pasto, pode-se inferir que o efeito associativo do suplemento sobre o consumo da forragem, pode em parte explicar o GMD observado e através da energia disponível da dieta ofertada, podendo ter havido modificação da condição metabólica ruminal e do próprio animal. Como esperado, observou-se efeito linear crescente (P<0,05) do nível de oferta sobre o consumo diário de matéria seca de suplemento (CS) registrada durante todo o período experimental (107 dias), com aumento de 354 g para cada kg a mais de oferta (Tabela 5). Considerando os valores médios observados em cada nível de oferta de suplemento, observou -se valores correspondentes a 0,23; 0,34; 0,44 e 0,47% do peso corporal (PC) para os tratamentos 1; 2; 3 e 4, respectivamente. Estes valores demonstram não ter havido efeito substitutivo do pasto, embora a quantidade ofertada tenham sido alta: 1; 2; 4 e 6 kg de mistura múltipla/animal o que correspondeu a 0,24; 0,47; 0,94 e 1,41% do PC. Para Euclides et al. (2001), quando os animais têm à disposição forragem ad libitum e recebem quantidade limitada de concentrado, a suplementação pode produzir dois efeitos: aditivo e substitutivo. Estes autores observaram também a ocorrência desses dois efeitos simultaneamente, uma vez que, além do aumento no ganho de peso dos animais que receberam suplementação alimentar, houve aumento na capacidade suporte dos pastos em 24%, o que indica que houve redução no consumo de forragem. 36 Tabela 5 - Consumo de mistura múltipla (kg/grupo e kg/animal) no período de 107d, no 1º sub- período (58d) e no 2º subperíodo (49d) de bovinos azebuados terminados em sistema de integração Lavoura-Pecuária. Equação Variável Níveis de suplementação (kg) Significância E.P.M 1 2 4 6 L CS/Grupo 107d (kg) 7,82 11,57 14,84 16,15 5,58 <0,001 Y = 2,826x + 5,53 CS/Animal 107 (kg) 0,98 1,45 1,86 2,02 0,70 <0,001 Y = 0,3539x + 0,692 CS/Grupo 59d (kg) 7,28 8,48 10,73 14,22 4,22 <0,001 Y = 2,3024X + 4,4261 CS/animal 59d (kg) 0,91 1,06 1,34 1,78 0,53 <0,001 Y = 0,2878X + 0,5533 CS/Grupo 48d (kg) 8,00 16,00 21,00 24,07 7,02 <0,001 Y = 5,3217X + 3,9623 CS/Animal 89 (kg) 1,00 2,00 2,62 3,00 0,87 <0,001 Y = 0,6652X + 0,4953 CS: Consumo de Suplemento; E.P.M: Erro Padrão da Média; CV: Coeficiente de Variação 37 Em sistemas que almejam a produção de carne da melhor qualidade, proveniente de novilhos jovens, os suplementos são fornecidos em quantidades equivalentes a até 0,81,0% do PC, especialmente se os animais são terminados durante a seca (Paulino, 1999). Devido à boa oferta de forragem como citado acima e uma qualidade regular (7% de PB) da gramínea os animais certamente buscaram suprir a maior parte de suas exigências aumentando o consumo de MS de pasto e a eficiência de utilização deste. Segundo Minson (1990), 7% de PB na forragem são o mínimo para favorecer a atividade fibrolítica ruminal. Baroni et al. (2010) avaliando a suplementação de novilhos em terminação no período seco, encontraram média de produção de forragem de 4.270 kg/ha com 6,4% de PB e concluíram que esta disponibilidade favoreceu o pastejo seletivo e consequentemente a maximização da ingestão de MS. Um fator muito importante influenciou o consumo de suplemento e de forragem durante o período experimental. Chuvas torrenciais que não eram esperadas para o período caíram há aproximadamente 20 dias antes do fim do experimento, o que de certa forma prejudicou a qualidade do pasto, que por estar seco, tornou-o suscetível ao “acamamento”, provocando deterioração da matéria orgânica e prejudicando o consumo, fato também observado com o suplemento, que embora posto diariamente, os animais reduziram demasiadamente a ingestão. As taxas de lotação (TL) inicial e final do experimento foram baixas, 0,88 e 1,02 UA/ha, respectivamente, em função da alta disponibilidade de forragem nas pastagens diferidas. Euclides et al. (1998) também verificaram que, durante o período seco, os piquetes de Brachiaria decumbens onde os animais tiveram acesso ao suplemento apresentaram maior capacidade de suporte quando comparados àqueles em que os animais não consumiram suplemento. Provavelmente, neste experimento, ocorreu efeito aditivo ou suplementar até o inicio das chuvas inesperadas e efeito combinado durante esta. O efeito aditivo ou suplementar refere-se ao aumento do consumo total de energia digestível devido ao incremento no consumo do concentrado, podendo o consumo de forragem permanecer o mesmo ou aumentar. No efeito combinado, observam-se ambos os efeitos, substitutivo e aditivo, no qual há decréscimo no consumo de forragem e ao mesmo tempo elevação no de concentrado, o que resulta em maior consumo de energia digestível (Moore et al., 1999). Avaliando-se o desempenho dos animais em períodos distintos, observa-se diferença significativa (P<0,01) dos primeiros 58 dias (primeiro subperíodo - antes das chuvas), quando comparado aos últimos 49 dias (segundo subperíodo - durante as chuvas) (Figura 1). As médias de ganho de peso diárias para o primeiro subperíodo foram 856; 967; 38 976 e 1040 g, nos tratamentos 1, 2, 3 e 4, respectivamente, e para o segundo subperíodo foram 307; 81; 20 e 656 g. Observou-se que no primeiro subperíodo (P58d) os ganhos foram satisfatórios para suplementação de bovinos com mistura múltipla corroborando com vários autores (Kabeya et al., 2002; Detmann et al., 2004; Paula et al., 2010; Tonello et al., 2011). Esta diferença pode estar relacionada ao maior consumo de matéria seca e potencialização dos microrganismos digestores da fibra, proporcionado pelas características bromatológicas do suplemento, devido à alta constituição de carboidratos não fibrosos (CNF). Analisando-se o ganho médio diário (GMD), na Tabela 4 e o consumo de suplemento (CS), na Tabela 5, no P58d, pode-se inferir que houve efeito aditivo do suplemento em relação ao pasto, especialmente quando se observa que, mesmo para os tratamentos onde foram ofertados as menores quantidades de suplemento, 1 e 2 kg/dia, não foram encontradas diferenças significativas quando comparados com as maiores ofertas, de 4 e 6 kg/dia, demonstrando que os animais assimilaram e aproveitaram de forma eficiente o potencial nutritivo do pasto, o qual encontrava-se com níveis de 7% de PB (mínimo recomendado) em função do consumo adequado de suplemento necessário para suprir as exigências de mantença e produção. O GMD e CS no segundo subperíodo (P49d) foram comprometidos pelos fortes chuvas ocorridas ao final do experimento, aproximadamente 20 dias do término. Observou-se efeito linear crescente para CS (P<0,05) e não significância para GMD (P>0,05). Neste período foi observado redução inicial do CS nos primeiros dias, após o acamamento e início da deteriorização da forragem. Posteriormente observou-se um aumento no CS por parte dos animais, obviamente estes não estavam mais encontrando MS seca suficiente para suprir suas necessidades na pastagem que havia entrado em processo de apodrecimento e passaram a consumir maior quantidade de suplemento. Em detrimento da menor oferta de MS de pasto houve efeito substitutivo e mesmo com o consumo de suplemento aumentado, o GMD neste período foi bem inferior quando comparado ao P58d (P<0,05) (Figura 1). Um atributo determinante do desempenho de animais em pastejo é o próprio consumo de forragem e este está correlacionado por fatores relativos ao animal, pasto, ambiente e às suas interações. Não obstante, determinação do CMS (consumo de matéria seca) pelo animal se torna difícil devido a variabilidade destes fatores (NRC, 1996). Animais em pastejo tem o consumo de matéria seca afetado principalmente pela oferta de forragem devida sua estrutura (densidade, altura, relação folha:colmo). Se a proteína presente na forragem se encontrar em níveis baixos que não correspondam às 39 exigências auferidas pelo sistema de produção determinado, o consumo deverá ser incrementado com quantidade de suplemento proteico suficiente para suprir esta deficiência. Para Santos et al. (2004ª, 2004b), quando mais de 1 kg de suplemento é fornecido, há redução do consumo de forragem por substituição. Zinn e Garces (2006) sugeriram que a redução do consumo de pasto é mínimo até o nível de suplementação de 0,3% do PC por dia e quando o consumo de suplemento aumenta para níveis acima de 0,3% do PC, o consumo de pasto é reduzido e que esse decréscimo pode ser ainda maior quando a oferta de suplemento é de 0,8% do PC, pois nesse contexto, o limite biológico de ganho de peso dos animais a pasto está próximo de ser alcançado. A grande deficiência nas pesquisas conduzidas no Brasil sobre o uso de suplementação é a pouca atenção à quantificação do consumo de MS dos pastos onde são mantidos os animais (Silva et al., 2009). Devido situações alheias ao controle experimental, não foi possível estabelecer estimativa de consumo de forragem neste experimento o que certamente comprometeu fidedignidade de resultados neste sentido. Figura 1 – Desempenho de bovinos azebuados suplementados com mistura múltipla em sistema de ILP em dois períodos de avaliação. Não houve diferença significativa entre os tratamentos para arroba total (@Total) e arroba por hectare (@/hectare) (P>0,05). As médias para acabamento (ESCORE) e rendimento de carcaça quente (RCQ) apresentaram significância quadrática e linear (P<0,05) respectivamente (Tabela 2). 40 O grau de acabamento apresentado pelas carcaças nos tratamentos com ofertas de 1; 2 e 3 kg de MM/animal/dia foram qualificadas como escassas e no tratamento com oferta de 6 kg/animal/dia, mediana. A maior ingestão de suplemento no tratamento com oferta de 6kg/animal/dia de mistura múltipla influenciou numa maior deposição de gordura subcutânea nas carcaças dos animais deste tratamento, pois o consumo de energia pode alterar a composição da carcaça em proteína e lipídeos (Lopes et al., 2012). Ao trabalharem com níveis de concentrado na dieta de animais zebuínos, Costa et al. (2005) encontraram efeito linear do consumo de suplemento sobre a espessura de gordura subcutânea. Segundo os autores, animais alimentados com rações que contenham maiores níveis proteicos energéticos tendem a depositar maior quantidade de gordura em comparação aos animais que recebem dietas com menores níveis de energia, o que pode explicar a maior deposição de gordura subcutânea daqueles que receberam maiores níveis de concentrado. No sistema BRASIL de tipificação de carcaças, o grau de acabamento das carcaças, avaliado pela espessura da gordura subcutânea (EGS), permite que carcaças com gordura escassa sejam consideradas adequadas. Neste caso, espessura de gordura abaixo de 3 mm são aceitas, no entanto, Luchiari Filho (2000), considera 3 mm como a espessura de gordura mínima ideal para uma carcaça de boa qualidade. Como já citado, nos primeiros 58 dias do experimento os animais obtiveram ganho de peso ascendente devido às condições estabelecidas na época, porém, no segundo subperíodo estas condições variaram e as chuvas que ocorreram comprometeram tanto o acabamento de carcaça, pois os animais passaram a depositar menos gordura devido à falta de pasto e a perder peso, pois não obstante, sob restrição alimentar, o tecido adiposo é o primeiro a ser utilizado como fonte de energia aos animais, como também o RCQ, já que este possui forte correlação com o peso corporal. Com a adição da mistura múltipla, houve alteração no peso corporal ao abate, e acabamento das carcaças (Tabela 4). A similaridade entre os PCQ (P>0,05) pode ser explicada pela semelhança no ganho de peso diário dos animais (Y = 245,27; Cruz, 2013) que os proporcionou o mesmo ritmo de crescimento e desenvolvimento corporal, comprovado pela proximidade dos escores de conformação das carcaças, bem como por suas proporções dos tecidos ósseo, muscular e adiposo (Capitulo III). Isto porque segundo Berg e Butterfield (1979), durante o crescimento e a engorda dos animais, as taxas de síntese dos tecidos são influenciadas 41 principalmente pela idade, pelo estádio fisiológico, pela nutrição pelo genótipo e pelo sexo do animal, que alteram a composição física e química da carcaça. Neste estudo, quando avaliado a conformação das carcaças dos animais nos quatro tratamentos, estas foram classificadas como subconvexas para os quatro tratamentos e acabamento escasso para os tratamentos 1; 2 e 3, e mediano para o tratamento 4, esses resultados diferem de Joaquim (2000), que trabalhou com bovinos nelores e obteve classificação retilínea e acabamento escasso. Para Lopes et al. (2012), A importância do rendimento de carcaça nos sistemas de produção no Brasil é consequência da forma de comercialização utilizada, que remunera o produtor de acordo com o peso de carcaça quente. O rendimento de carcaça obtido não foi considerado ruim comparado a outros trabalhos realizados inclusive com animais cruzados e terminados em condições semelhantes e até mesmo em confinamento (Moraes et al., 2012; Detmann et al., 2004). O tempo diurno de pastejo, ócio, cocho e outras atividades realizadas pelos animais não apresentaram diferença significativa (P>0,05) entre os diferentes níveis de suplementação estudados, apresentando valores de tempo de pastejo diurno médio de 4 horas. O ócio/ruminação e as atividades que não incluem a alimentação, como caminhada e bebedouro (outros), perfizeram cerca de 10 horas, com variações entre 8 horas por dia (Figura 2) valores próximos de Soares et al. (2011). 1kg 2kg 4kg 6kg Figura 2. Tempo de pastejo, ruminação/ócio, cocho e outros comportamentos diurnos de bovinos em pastagem de Brachiaria ruziziensis submetidos a diferentes níveis de suplementação com mistura múltipla em sistema de integração lavoura-pecuária. Pardo et al. (2003) demonstraram efeito de substituição, em que o consumo de suplemento reduz a ingestão de forragem e o tempo de pastejo. Segundo esses autores, o 42 decréscimo de pastejo nem sempre resulta no decréscimo no ganho, pois os animais nessa situação apresentam menor gasto de energia em decorrência da diminuição no deslocamento. Os resultados observados neste trabalho foram semelhantes aos obtidos por Brandyberry et al. (1999), os quais relataram que a suplementação de baixo consumo ocasionalmente influencia a utilização da forragem, porém pareceu exercer pequena influência nos componentes do comportamento de pastejo. Silva et al. (2005), ao fornecerem suplemento em níveis crescentes (0,25; 0,5; 0,75 e 1% do Peso corporal) para novilhas mestiças de Holandês, não observaram diferenças significativas quanto aos tempos diurnos de pastejo e ruminação entre os animais. Segundo Soares et al. (2011), quando o animal atinge a saciedade mais rapidamente, indicado pelo aumento do tempo de ruminação e ócio, resulta em melhoria no balanço energético, pois o animal deixa de gastar energia na busca pela forragem. Esse fato pode ser explicado pelo fato dos animais suplementados terem compensado o menor tempo destinado para pastejar, com tempo de cocho, que foi de aproximadamente 1 hora. Mesmo não havendo diferença entre os tratamentos para os parâmetros de desempenho, pode-se inferir que a suplementação com mistura múltipla (MM) em pastejo diferido em sistema de ILP proporcionou ganhos satisfatórios em todos tratamentos. As chuvas ocorridas ao fim do experimento comprometeram em demasiado o desempenho dos animais, em contrapartida foi observado significância linear para RC (P<0,01) onde o maior nível de oferta apresentou melhor RCQ. Tão importante quanto à observação do ganho de peso dos animais são as avaliações do rendimento de carcaça (%), que são o referencial do frigorífico para o pagamento ao produtor. Assim, é importante ter um parâmetro entre o peso corporal e quanto deste peso é representado pela carcaça propriamente, ou seja, quanto do animal é realmente tecido muscular, adiposo ou ósseo (Souza et al., 2012). Desta maneira, avaliando-se os custos de produção e receita bruta, os melhores resultados de margem líquida se concentraram no tratamento com 1 e 6 kg de MM, contudo, devido a possibilidade de menos custos, o tratamento com 1 kg de MM/aniamal/dia se insere como mais eficiente (Tabela 4). Comparando-se o acréscimo em porcentagem do RCQ entre os tratamentos com 1 e 6 kg de MM (Tabela 2), o valor acrescido com o aumento da oferta de 1 kg/animal para 6 kg/animal não se mostrou tão viável haja vista que a receita aumentou em 27,8% enquanto os custos se elevaram em 59% respectivamente tendo a margem líquida uma diferença de apenas 2,8% entre a menor 43 e a maior oferta de MM/animal, sendo estes os tratamentos que apresentaram os melhores desempenhos em RCQ. Tabela 6 – Avaliação econômica (custo, receita e margem líquida) da terminação de bovinos azebuados suplementados com mistura múltipla em sistema de integração lavoura-pecuária. Tratamento Variáveis 1 2 3 4 Rentabilidade por animal (R$) Valor de venda 1564,80 1545, 60 1541,60 1622,40 Valor de compra 1357,50 1357,50 1357,50 1357,50 Custo com suplemento 50,91 75,56 96,92 105,26 Custo com mão de obra 13,11 13,11 13,11 13,11 Custo com depreciação 15,00 15,00 15,00 15,00 Custo vermífugo 4,40 4,40 4,40 4,40 Custo castração 4,85 4,85 4,85 4,85 Rentabilidade/ha (R$) Receita 207,30 188,10 184,30 264,90 Despesas 90,42 115,07 136,43 144,77 Margem líquida/ha 117,00 73,03 47,87 120,13 valor de compra da @: R$ 103,00; valor de venda da @: R$ 96,00 Azevedo et al. (2008) destacam o uso das misturas múltiplas pelo seu baixo custo por unidade de nutriente, podendo substituir a proteína verdadeira (NNP) por conter uréia como forma de reduzir o custo de produção. Não obstante, o planejamento operacional para terminação de bovinos em sistema de ILP no cerrado baiano deve ser bem elaborado para se evitar ao máximo os riscos de comprometimento da viabilidade do processo pelo surgimento de situações alheias ao controle humano. 44 Conclusão A oferta de mistura múltipla para bovinos azebuados terminados em sistema “Santa Fé” de ILP permite um melhor aproveitamento do pasto e elevação da taxa lotação por área devido a alta produtividade de MS de pasto em função do resíduo da adubação das culturas implantadas neste sistema que é aproveitado pela gramínea. O nível de oferta de mistura múltipla de 6,0 kg/animal/dia é superestimando dado o consumo máximo observado ter sido de 2 kg/animal dia em função da qualidade da forragem, porém, o maior nível de oferta de MM contribui para melhor acabamento e rendimento de carcaça dos animais. 45 Referencias Bibliográficas ACEDO, T.S.; PAULINO, M.F.; DETMANN, E. et al. 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Houve tendência linear significativa para rendimento de carcaça e quadrática e escore corporal com seu ponto mínimo de 2,35mm ao nível de 2,300kg/suplemento animal/dia, porém a média foi de 3,12 mm maior que o preconizado pelos frigoríficos. À medida que aumentou-se a oferta de suplemento obteve-se uma tendência linear decrescente para perdas por cocção e uma força de cisalhamento de 1,99 kgf a oferta de 4,870kg de suplemento com uma correlação de Pearson de r = 0,93 entre essas características. Na espessura de gordura encontrou-se tendência de regressão quadrática com seu ponto de máximo ao nível de oferta de suplementação de 2,550kg/animal/dia com uma espessura de 4,025 cm e em alta correlação de Pearson com a área de olho de lombo de r=0,94. Encontrou-se um aumento dos ácidos graxos poilinsaturados C18:2n6 e C22:6n3 responsáveis pelos níveis das séries ω6 e ω3, tendo um aumento de ácidos graxos da série ω3, e uma indiferença quando a gordura total e aos ácidos graxos saturados, indicando que a suplementação de animais com os componentes suplementares denominados de mistura múltipla no sistema de integração lavoura pecuária, favoreceram a qualidade da carne, visto que, em vários atributos como maciez, marmoreio, e os demais descritos tornam o produto final atrativo com um importante potencial funcional. Palavras-chave: AOL, Força de cisalhamento, Marmoreio, Proteína, 53 Qualitative characterization of Nellore beef steers castrated supplemented with a mixture of multiple traits in crop-livestock system Abstract The present study aimed to evaluate the physical and chemical composition of beef longissimus dorsi muscle of zebu cattle cutting, castrated, subjected to different levels of offerings supplement the GC in crop-livestock system. 40 zebu cattle, chemically castrated and randomly assigned to four groups in a completely randomized design. The experiment lasted 107 days with supplementation in the trough once a day. Diets were composed of four levels of supply of the supplement, being: 1.0kg; 2.0 kg; 4.0 kg or 6.0 kg called multi / animal / day mixture, respectively. Quantitative and qualitative components of Longissimus dorsi: carcass characteristics were evaluated as. There was a significant linear trend up to carcass yield and quadratic for subcutaneous fat score with its lowest point of 2.35 MMAO level of 2.300 kg / animal / day supplement, but the mean was 3.12 mm greater than that advocated by the slaughterhouses. As we increased the supply of supplement was obtained ums decreasing linear trend for cooking loss and shear force of 1.99 kgf offering 4.870 kg of supplement with a Pearson correlation of r = 0.93 between these traits . Fat thickness found quadratic regression trend with its point of maximum level of supply of supplementation 2.550 kg / animal / day with a thickness of 4.025 cm and high Pearson correlation with the area of loin eye r = 0 , 94. We found an increase in poilinsaturados fatty acids C18: 2n6 and C22: 6n3 levels responsible for the ω3 and ω6 series, with an increase in fatty acids of ω3 series, and an indifference when the total fatty acids and saturated fat, indicating that supplementation of animals with multiple additional components called mixed livestock integration in farming system, favored meat quality, since in several attributes such as tenderness, marbling, and the other described make attractive final product with an important functional potential Keywords: REA, shearing force, Marbling, Protein 54 Introdução O Brasil é detentor de uma grande extensão territorial, com amplas áreas de exploração agropecuária, e possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo, aproximadamente 212,8 milhões de cabeças, sendo o segundo maior produtor de carne bovina e em número de abates. A Região Nordeste detém 13,9 % do rebanho nacional, e estima-se que a Bahia é o Estado com maior produção (40%) desta região, com aproximadamente 11 milhões de cabeças (IBGE, 2012). Entretanto, com o crescimento da pecuária de corte no Brasil e o substancial avanço nas exportações de carne bovina é premente a maximização e modernização do setor, em especial no segmento da produção animal, abate e processamento da carne. Este desenvolvimento da pecuária faz com que os produtores de bovinos de corte aumentem o seu grau de especialização, com isso, cresce o número de propriedades que executam apenas parte da cadeia produtiva da carne, desenvolvendo atividades específicas de cria, recria ou engorda, essa especialização gera uma necessidade maior de submeter os bovinos aos sistemas de criação pelo menos com suplementação. No sistema intensivo desconsiderando o valor do animal entre os principais limitantes do uso do confinamento está o elevado custo de produção, com a alimentação componente de maior representatividade, cerca de 70-75% dos custos operacionais, tendo como o item mais oneroso o concentrado a integração com o sistema lavoura pecuária torna-se interessante pela diminuição de parte destes custos (Pacheco et al., 2006; Zorzi et al., 2013). Dentre dos fatores que afetam o sistema de produção a nutrição é um dos de maior importância, neste contexto, a melhoria da eficiência produtiva da criação de bovinos, por meio do aprimoramento no manejo alimentar utilizando suplementos encontrados com maior facilidade na região, é fundamental para reduzir o custo de produção. A alimentação tem grande impacto sobre o custo total da atividade, tornando limitante à rentabilidade de todo o sistema de produção (Lopes et al., 2011ª; Cunha et al., 2012). Associado à necessidade de redução de custos da suplementação, uma alternativa se apresenta como potencial sendo a integração lavoura pecuária, onde pode-se utilizar animais semi confinados com suplementação em sua terminação atendendo o aumento da demanda por carne vermelha de qualidade e em grandes quantidades para suprir o mercado 55 interno e externo. Dessa forma, aspectos relativos às características qualitativas da carne e da carcaça assumem papel cada vez mais importante para agregação de valor ao produto. Em raças de corte, o conhecimento dessas características e do potencial das diferentes raças é bastante disseminado. Segundo Luchiari Filho (2000), a avaliação da qualidade ou do rendimento de carcaças é essencial para a melhoria da eficiência produtiva dos sistemas de produção de bovinos de corte, e, atualmente, a classificação e a padronização das carcaças permitiriam a comercialização mais eficiente da carne produzida. Como também, no sistema de produção de carne bovina, as características quantitativas e qualitativas da carcaça possuem importância para o processo produtivo, pois estão diretamente relacionadas ao produto final (Silva et al., 2014). Não obstante, elas auxiliam de maneira imprescindível na obtenção de produtos com qualidade superior e mais competitivos no mercado vigente. A qualidade da carne é avaliada por parâmetros estruturais, físico-químicos e sensoriais, e o valor nutricional, sendo um fator importante o teor de gordura da carne e sua composição em ácidos graxos. Isso porque se tem discutido muito a relação nutrição humana e saúde, frente aos problemas relacionados à ingestão de determinados alimentos (McAfee et al., 2010). Para que a bovinocultura brasileira possa concretizar a participação no mercado, é fundamental que maior atenção seja dada à qualidade da carne. Então, a indústria da carne busca alternativas para diminuir o teor de ácidos graxos saturados e aumentar o de ácidos graxos poliinsaturados, os ácidos graxos linoleico e linolênico, que são considerados essenciais, pertencentes às séries ômega 6 e ômega 3, respectivamente, e também o ácido linoleico conjugado (CLA). Então uma importante função da produção animal é fornecer carne de boa qualidade para a alimentação humana (Madruga et al., 2006). Portanto, objetivou-se com este trabalho avaliar a composição física e química da carne do musculo Longissimus dorsi de bovinos zebuínos castrados submetidos a diferentes níveis de ofertas de suplementação (mistura múltipla), terminados a pasto no sistema de integração lavoura-pecuária. 56 Material e Métodos O experimento foi realizado na Fazenda Pedras situada no município de Luis Eduardo Magalhães/BA na região Oeste do estado (conhecida como zona de produção de grãos) durante a estação de estiagem, entre, os meses de julho a outubro de 2011. O experimento teve duração de 107 dias sendo 15 dias de adaptação. Utilizou-se 40 bovinos zebuínos castrados quimicamente com produto comercial de marca reconhecida (Bopriva©), com idade de 33±6,7 meses e peso médio inicial de 396±16,1 kg, identificados com brincos e vermifugados. Os animais foram distribuídos em um delineamento inteiramente ao acaso, divididos em quatro grupos com dez animais cada, sendo oito testes e dois traçadores, para ajuste da oferta de forragem próximo de 10 kg de MS/100 kg PC. Os tratamentos aplicados aos animais foram quatro níveis de suplemento ofertado denominado mistura múltipla (MM) com 17% PB (Tabela 1), sendo: 1º Tratamento (1,0) = 1,0 kg de suplemento/animal/dia; 2º Tratamento (2,0) = 2,0 kg de suplemento/animal/dia; 3º Tratamento (4,0) = 4,0 kg de suplemento/animal/dia; 4º Tratamento (6,0) = 6,0 kg de suplemento/animal/dia; O suplemento era ofertado uma vez ao dia no período da manhã (8:00h) em comedouro conjunto de 2 m de comprimento com acesso à um lado. A área experimental de pastagem foi constituída de quatro piquetes de 10,5 ha-1 cada num total de 42 ha-1, pertencentes a uma gleba de 500 ha-1 da propriedade onde se cultivava algodão, soja e milho num sistema denominado “Santa Fé” de integração lavoura-pecuária. Após a colheita da soja, foi realizado o plantio de milho e da gramínea Brachiaria ruziziensis. Depois da colheita do milho foi feita a divisão dos piquetes onde instalou-se bebedouros, comedouros e foi efetuada a vedação (diferimento) 60 dias antes do início do período experimental, visando amenizar a carência de massa forrageira durante a estação seca do ano, quando ocorre redução no crescimento das plantas. 57 Tabela 1- Composição bromatológica dos alimentos utilizados nas dietas experimentais. Composição bromatológica (%) Ingredientes MS MM PB EE FDN FDA Milho moído 87,70 1,73 8,91 4,57 15,35 4,15 Sorgo grão inteiro 88,90 1,98 12,59 3,55 13,84 6,15 Resíduo de soja 91,44 5,00 38,48 18,09 20,80 14,50 Caroço algodão 89,09 3,82 13,44 16,88 67,31 58,50 Núcleo mineral 100,00 0,90 0,00 0,00 0,00 0,00 Uréia 100,00 0,00 280,00 0,00 0,00 0,00 1 Matéria seca; 2Matéria mineral; 3Proteína bruta; 4Extrato etéreo; 5Fibra em detergente neutro; Fibra em detergente ácido; 6 Tabela 2 - Composição percentual e química da ração experimental (%MS). Nível de inclusão (% MN da dieta) Milho moído Sorgo grão inteiro Resíduo de Soja Caroço de algodão Núcleo mineral Uréia 60,00 25,50 2,00 5,00 5,00 2,50 Composição química e bromatológica (% MS) MS (%) MM (%) PB (%) EE (%) FDN (%) FDA (%) Lignina Carboidratos Totais Carboidratos Não Fibrosos Proteína Insolúvel em Detergente Neutro Proteína Insolúvel em Detergente Ácido Nutrientes Digestíveis Totais Energia Metabolizável (Mcal/kg) 1 Matéria seca; 2Matéria mineral; 3Proteína bruta; 4Extrato etéreo; Fibra em detergente ácido; 7 Matéria Natural 89,02 2,65 17,00 4,85 16,52 9,17 5,01 80,43 37,61 2,92 0,90 76,00 2,12 5 Fibra em detergente neutro; 6 58 Os animais foram abatidos ao final do período experimental em abatedouro comercial (FRIBARREIRAS©) na cidade de Barreiras/BA a 120 km do local do experimento. Estimou-se o peso da carcaça quente para posterior avaliação do rendimento de carcaça e a tipificação. O Sistema de Classificação de Bovinos utilizado foi o regulamentado pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) através da normativa Nº 9 de 4 de maio de 2004. As carcaças dos animais foram divididas em duas meias carcaças, as quais foram pesadas e resfriadas em câmara fria a 5 °C durante 24 horas. As carcaças foram então cortadas longitudinalmente, na altura da linha media, em dois antímeros. As meias-carcaças foram seccionadas entre a 12ª e a 13ª costelas, para coleta do lombo (musculo Longissimus dorsi), segundo as adaptações do método de Colomer-Rocher et al., (1987). O pH foi aferido por potenciômetro digital Mettler M1120x, equipado com eletrodo de inserção com resolução de 0,01 para as leituras de pH (Gomide et al., 2006), diretamente no músculo Longissimus dorsi na altura da 12ª costela. Foram aferidos esses valores 24h após o abate e após o descongelamento da amostra. A determinação da área de olho de lombo (AOL) foi realizada sobre a superfície existente entre a 12ª e 13ª costelas. Para mensuração utilizou-se folha de transparência e caneta apropriada e foi determinada em cm2. Para determinação da cor, força de cisalhamento e perdas por cocção utilizou-se o lombo direito de cada animal. A determinação da cor foi obtida através de um colorímetro (Minolta CR-10), empregando o sistema CIE L*, a*, b*, determinando-se as coordenadas L*- luminosidade (L* 0 = preto; 100 = branco), a*- índice de vermelho e b*- índice de amarelo (Miltenburg et al., 1992). Para avaliação da cor, foram obtidas seis leituras no musculo Longissimus dorsi (três na porção medial e três na porção lateral) de cada animal, sendo então calculada a media por animal. A determinação das perdas por cocção foi realizada mediante corte de cubos de 25 x 25 mm mensurados com paquímetro digital, pesados e assados em forno elétrico até que a temperatura do centro geométrico atingisse 71ºC, sendo monitorado por um termopar, equipado com leitor digital. Em seguida as amostras foram resfriadas em temperatura ambiente e novamente pesadas. As perdas de peso por cocção (PPC) foram calculadas pela diferença de peso das amostras antes e depois de submetidas ao tratamento térmico e expressas em porcentagens segundo o método de Felício (1999). Ao determinar a textura da carne, a mesma foi medida através da força de cisalhamento, conforme o método de Purchas & Aungsupakorn (1983), e utilizaram-se as 59 mesmas amostras para as determinações de PPC. A maciez de cada amostra foi medida pela força de cisalhamento. Foram retirado seis cilindros de 1 cm de diâmetro de todas partes do Longissimus dorsi com o auxílio de um vazador manual. O cisalhamento foi feito perpendicularmente às fibras, utilizando-se um texturômetro, o cisalhamento foi feito perpendicularmente as fibras equipado com uma lâmina tipo Warner Bratzler operando a 20 cm/min e os picos da força de cisalhamento foram registrados, sendo os resultados expressos em kgf/cm2, posteriormente calculada a média por animal de todos os cilindros por animal. Nas amostras de carne in natura, foram determinados os teores de umidade, cinzas e proteína bruta, segundo o método descrito pela AOAC (2000). Após a extração dos lipídeos pelo método de Folch et al.,1957, os ácidos graxos foram metilados e estratificados pelo método descrito por Hartman & Lago (1973). A identificação e quantificação dos ésteres de ácidos graxos foram obtidas por meio de análises em cromatografo gasoso Varian 430-GC, acoplado com detector de ionização de chama. A separação dos ácidos graxos ocorreu em coluna capilar de sílica fundida CP WAX 52 CB Varian, com dimensões de 60 m x 0,25 mm e 0,25 μm. As amostras de ésteres metílicos (1,0μL) foram injetadas em injetor tipo split/splitless a 250°C, e os cromatogramas foram registrados através de software tipo Galaxie Chromatography Data System. As temperaturas iniciais e finais da coluna foram, respectivamente, de 100 e 240°C, com uma rampa de 2,5°C/min. A temperatura do detector foi mantida em 250°C. Os picos dos ácidos graxos foram identificados por comparação ao seu tempo de retenção, utilizando-se padrões Sigma (EUA). Determinadas as concentrações, os ácidos graxos foram agrupados de forma a estudar os devidos ácidos graxos em conjunto e suas respectivas ordens de interesse nutricional. Os dados foram submetidos a analise de variância e de regerssão através do programa estatístico SAS, utilizando-se o seguinte modelo estatístico: Ŷij = μ + Ti + ξij; em que: Ŷij = valor observado; μ = media geral; Ti = níveis de suplemento, e ξij = efeito do erro. Para algumas variáveis de interesse foram associadas a matriz de correlação de Pearson. Já para o estudo da regressão polinomial, foi utilizado o seguinte modelo: Ŷijk= 0 + 1Xi + 2Xij + Ʃijk + εijk 60 em que: Ŷijk = variáveis-dependentes; 0 = coeficientes de regressão; 1Xi = variáveis independentes; 2Xij = variáveis independentes de segundo grau; Ʃijk = desvios da regressão; εijk = erro aleatório. Quando o estudo da regressão é linear: Ŷijk= 0 + 1Xi + Ʃijk + εijk em que: Ŷijk = variáveis-dependentes; 0 = coeficientes de regressão; 1Xi = variáveis independentes; 2Xij = variáveis independentes de segundo grau; Ʃijk = Desvios da regressão; εijk = erro aleatório. As equações que atingiram ao nível cúbico foram descartadas, visto que, o efeito cúbico não apresenta explicação biológica clara (Santos et al., 2011). 61 Resultados e Discussões Na Tabela 3 são apresentados os resultados para desempenho e características das carcaças de nelores castrados em função do nível de oferta de mistura múltipla. No sistema BRASIL de tipificação de carcaças, o grau de acabamento das carcaças, avaliado pela espessura da gordura subcutânea (ESCORE), permite que carcaças com EGS escassa sejam consideradas adequadas (MAPA, 2004). Neste caso, EGS de 3 mm são aceitas, no entanto, Moleta et al. (2014) e Luchiari Filho (2000), considera 3 mm como a espessura de gordura mínima ideal para uma carcaça de boa qualidade. Avaliando a Figura 1 verificou-se a significância da regressão quadrática onde seu ponto mínimo ao nível de suplementação de 2,300kg/animal/dia encontrou-se um EGS 2,35. Mesmo sendo considerada escassa pode-se inferir que este não foi um fator que influenciou na qualidade da carne como observado nas próximas características avaliadas. A similaridade entre os PCQ pode ser explicada pela semelhança no ganho de peso diário dos animais (Ŷ=-0,0163x + 1,3548; Cruz, 2013) que os proporcionou o mesmo ritmo de crescimento e desenvolvimento corporal, comprovado pela proximidade dos escores de conformação das carcaças. Isto porque segundo Silva et al. (2014); Berg e Butterfield (1979), durante o crescimento e a engorda dos animais, as taxas de síntese dos tecidos são influenciadas principalmente pela idade, estádio fisiológico, nutrição, genótipo e sexo do animal, que alteram a composição física e química da carcaça. Ao classificar as carcaças post mortem (MAPA, 2004), as mesmas se apresentaram na forma subconvexa em sua maioria (31 carcaças) e seu grau de acabamento qualificado como mediano, estando de acordo com a normativa vigente considerando boa classificação e qualidade de carcaça. Resultados diferentes foram encontrados por Clímaco et al., (2011), que utilizou bovinos nelores em seu estudo e suas carcaças se encontraram com classificação retilínea e acabamento escasso. De acordo com Mendes et al., (2012), quanto maior for a espessura de gordura da carcaça, maior será o grau de acabamento do animal e maior será a proteção da carcaça pela gordura, o que diminui a perda de peso da carcaça durante o processo de resfriamento. 62 Tabela 3. Desempenho e características da carcaça de zebuínos castrados em função do nível de oferta de mistura múltipla Suplemento (níveis de oferta kg) Significância Item EPM4 R2 1,0 2,0 4,0 6,0 Linear Quadrático Idade (meses) 1,13 36 28 31,75 30,75 0,8960 0,5650 Escore 0,60 2,90 2,40 2,50 3,30 0,1053 0,0128 0,98 1 PCQ (kg) 18,98 244,42 241,71 242,16 252,88 0,3410 0,3630 2 RCQ 1,46 53,08 52,73 53,15 54,53 0,0311 0,1740 0,60 3 CA 1,25 1,05 1,08 0,92 1,12 0,6870 0,5860 1 Equação de regressão Ŷ= 31,62 Ŷ= 0,3125x2-1,4375x+4 Ŷ= 245,3 Ŷ= 0,477x+52,175 Ŷ= 1,04 Peso carcaça quente; 2 Rendimento de carcaça quente; 3 Conversão Alimentar; 4 Erro padrão da média 63 Os animais jovens, segundo Forest et al. (1979), citado por Silva et al. (2014), geralmente começam a depositar gordura ao redor dos rins e das vísceras, posteriormente, desde que o aporte nutritivo seja adequado a medida que o animal cresce a gordura deposita-se entre os músculos (gordura intermuscular), abaixo da pele (gordura de cobertura ou subcutânea), e finalmente entre as fibras musculares (gordura de marmoreio ou intramuscular), de acordo com Truscott (1980) e Kempster et al. (1988), citado pelo mesmo autor, os animais de origem europeia diferem dos zebuínos quanto a distribuição da gordura corporal, com grande deposição em regiões que não pertencem a carcaça, e mesmo quando depositada na carcaça sua maior deposição ocorre intermuscular que subcutânea. Os animais azebuados são mais precoces para deposição de gordura subcutânea, todos os grupos estudados apresentaram espessura de gordura subcutânea maior que 3 mm, tendo a média entre os tratamentos de 3,12 mm que é o mínimo preconizado pelos frigoríficos para que não haja penalização das carcaças (Lucchiari Filho, 2000). Figura a Figura b Figura 1. Figuras (a;b) representativos das regressões significativas aplicadas as características físico química da Tabela 3. Associando a espessura de gordura da carcaça em relação ao marmoreio obteve-se um coeficiente de correlação médio de r = 0,74 ao nível de oferta de suplemento de 4,0 kg de mistura múltipla animal/dia, nos demais níveis este coeficiente esteve abaixo de r = 50. A composição química da carne bovina pode sofrer influência da dieta e é um dos parâmetros mais estudados, visto que este pode estar associado a outras características qualitativas, como as organolépticas. De acordo com Prado et al. (2011), a composição centesimal da carne bovina é de 74% de umidade, 21,4% de proteína, 1,84% de gordura, 0,99% de matéria mineral e 37,9% de colesterol total em mg/100g, estes teores podem 64 variar em função da idade do animal, genótipo, sexo, castração manejo pré e pós-abate e alimentação. Para o presente experimento não encontrou-se variação nos valores relacionados de pH (p>0,05). Avaliando a qualidade da carne de novilhos da raça Nelore como exemplo a cor, Zorzi et al. (2013), puderam verificar a estreita relação do pH com outras variáveis qualitativas da carne. Após o abate, a atividade metabólica residual do músculo provoca a degradação do glicogênio em lactato, que se dissocia em ácido láctico. Além de provocar grande abaixamento do pH, uma alta concentração intracelular de glicogênio é responsável por uma alta capacidade de retenção de água. Os valores de pH foram entre 5,64-5,71 considerados adequados para manutenção da qualidade da carne segundo Abularach et al., (1998) e Mach et al., (2008), no entanto, Rossato et al., (2010), reportaram a variação de 5,88 a 5,95 de pH final para a carne bovina em animais terminados em pastagem, porém, as variações encontradas neste experimento ficaram abaixo das citadas por este autor o que pode-se inferir que não houve estresse pré-abate aos animais. Bressan et al. (2011) observaram que o sistema de terminação a pasto ou confinado, influência no pH. Em contrapartida, Jaeguer et al. (2004), não observaram efeito significativo ou efeitos isolados da dieta e/ou grupo genético, sobre o pH e a temperatura das carcaças, encontrando médias pH 5,79 do Longissimus dorsi para animais de origem Nelore. A perda de água por cozimento apresentou comportamento linear decrescente até o nível com ponto máximo na oferta de suplementação 6,0kg/animal/dia (Figura 2 (d)), portanto, à medida que ocorre a inclusão do suplemento kg/animal/dia, diminui as perdas por cocção. O cozimento causa mudanças estruturais na carne, que está ligada à suculência. Entre 54 e 58ºC, ocorrem alterações na miosina; entre 65 e 67ºC, mudanças no colágeno; e, no intervalo de 80 a 83ºC, a actina sofre alterações (Tornberg, 2005). A água é expelida pela pressão exercida por este encolhimento no tecido conectivo, o que influencia a percepção sensorial de suculência nas amostras de carne (Silva et al., 2007). Para Mendes et al. (2012), capacidade de retenção de água é outra característica que está diretamente associada à maior suculência e maciez da carne e ocorre quando o pH da carne se mantêm elevado, o que causa menor desnaturação e perda de solubilidade das proteínas que compõem a carne. 65 A maior perda de água por cozimento resulta em uma menor suculência da carne, o que pode reduzir sua textura, que, no presente trabalho, foi medida pela força de cisalhamento (FC) (Bressan et al., 2011). Neste estudo essa variação na FC obteve seu ponto mínimo a 1,99 kgf sendo suplementada com 6 kg/animal/dia. Ao realizar a correlação de Pearson detectou-se correlação fortemente positiva entre as variáveis força de cisalhamento e perdas por cocção r = 0,93, o que indica associação as essas características onde à medida que aumenta as perdas por cocção aumenta a força ao cisalhar, que influenciam nas variáveis de maciez e suculência embora não se tenha realizado análise sensorial descritiva ou aceitação. Vários autores afirmam que animais terminados a pasto possuem uma força de cisalhamento da carne maior que animais confinados (kgf de cisalhamento) com valores que variam entre 3,77 a 6,18 kgf, porém, no presente estudo foram encontrados valores bem abaixo entre 2,07 a 2,91 kgf, indicando que mesmo não sendo animais tão jovens e terminados em semi confinamento (ILP) os mesmos possuíram terminação com uma carne considerada macia (Vaz et al., 2007; Menezes et al., 2010). Figura 2. Figuras (a;b;c;d) representativos das regressões significativas aplicadas as características físico-químicas da Tabela 4. 66 Tabela 4. Características dos componentes físico-químicos e centesimais do músculo Longíssimus dorsi. Suplemento (níveis de oferta de suplemento kg) Item 1,0 2,0 4,0 6,0 pH no momento do abate 6,75 6,78 6,82 6,80 pH 24 hr do abate 5,64 5,71 5,66 5,64 pH após descongelamento 5,53 5,54 5,58 5,52 Força cisalhamento (kgf) 2,91 2,38 2,10 2,05 EPM1 1,17 1,15 1,23 1,65 Significância Lin2 Quad3 0,958 1,124 0,895 0,954 0,898 0,958 0,03 0,02 R2(4) Equação de regressão5 1,00 Ŷ = 6,78 Ŷ = 5,66 Ŷ = 5,54 Ŷ = 0,12x2 - 0,886x + 3,675 0,99 0,82 0,90 0,99 Ŷ = 32,72 Ŷ = 17,68 Ŷ = 9,41 Ŷ = -0,1467x3 + 1,015x2 - 2,0983x + 62,06 Ŷ = 60,76 Ŷ = -0,02x2 + 0,102x + 3,895 Ŷ = -1,024x + 29,705 Cor *L *a *b 2 2 (6) AOL (cm ) Marmoreio 3 EGS (cm) Perdas por cocção (%) 32,49 19,57 9,64 60,83 3,50 3,98 28,68 28,39 16,09 10,10 60,75 4,00 4,01 27,67 35,02 16,94 10,82 60,94 4,88 4,03 26,61 35,00 18,12 7,10 60,52 4,25 3,98 25,62 1,45 1,04 1,67 1,09 0,98 0,99 1,15 0,895 0,877 0,898 0,978 0,01 0,02 0,01 0,958 0,987 0,899 0,758 0,02 0,03 0,855 Composição centesimal Proteína Lipídeos totais Cinzas Extrato Seco total 24,53 1,67 0,98 25,01 24,92 1,57 1,08 25,06 24,95 1,98 1,02 25,11 24,84 1,94 1,21 25,31 1,41 1,35 1,67 1,21 0,974 0,956 0,966 0,967 0,955 0,986 0,923 0,987 1,00 Ŷ = 24,81 Ŷ = 1,79 Ŷ = 1,0725 Ŷ = 25,1225 1 Erro padrão da média; 2Área de olho de Lombo, 3 Espessura de gordura subcutânea 67 A maciez da carne também está ligada ao grau de acabamento das carcaças e teor de gordura intramuscular da carne. O grau de acabamento garante a carcaça proteção contra o frio das câmaras de resfriamento, ou seja, ele garante que a temperatura da carcaça caia gradativamente prevenindo o encurtamento dos sarcômeros dos tecidos reduzindo as perdas por desidratação durante o resfriamento (Mendes et al. 2012). A cor do músculo também pode refletir o conteúdo de gordura intramuscular, vários fatores podem influenciar a cor, incluindo dieta e pH final, porém, os efeitos diretos da dieta sobre a cor da carne ocorrem raramente e dependem da capacidade da dieta para influenciar o conteúdo de mioglobina do músculo, bem como, a composição do tipo de fibra muscular os quais variam de acordo com a idade e taxa de crescimento (Lafaucher, 2010). O aumento no teor de vermelho justifica o aumento da massa muscular e com isso aumenta a irrigação sanguínea, a concentração de proteínas sarcoplasmáticas e os outros pigmentos aumentam as cores escuras. Ao atingirem a fase adulta ocorrem estabilizações nos pigmentos musculares hêmicos (Gôuvea, 2014). Não houve diferenças significativas na luminosidade (L*), teor de vermelho (a *) e amarelo (b*) nos diferentes tratamentos provavelmente porque os animais foram da mesma raça, tinha idades, dietas e valores de pH final da carne semelhantes, esta semelhança na cor está associada à similaridade do pH no músculo. Assim, o único fator de variação foram as dietas em seus níveis diferentes, que não provocaram alterações nas características qualitativas das cores dos músculos (Tabela 4), com a oferta crescente de suplemento nas dietas. A conjuntura dessas variáveis localizou um ponto no sistema esférico de cor que classificou as carnes de todos os tratamentos como vermelho brilhante, o que faz com que a carne tenha preferência no mercado consumidor. À medida que aumenta o ganho médio diário (0,602; 0,560; 0,520; 0,686 kg/animal/dia) para cada grupo de suplemento ofertado (1,0; 2,0; 4,0; 6,0 kg ofertado/animal/dia), respectivamente, aumenta a área de olho de lombo (cm) dos animais, indicando que estão associados em seus coeficientes de correlação r= 0,99. Para Lopes et al. (2012), a área de olho-de-lombo (AOL) apresentou diferenças entre os grupos estudados, e ainda ressaltou que os animais Nelore possuem maior benefício em relação aos taurinos para este componente, pois obtiveram maiores taxas de crescimento observado em seu experimento. Contudo neste estudo a AOL isolada apresentou regressão cúbica o que para Santos et al. 2011, não se encontra uma explicação biológica clara para esta definição. 68 Estudos têm comprovado (Prado et al. 2001; Jaeger et al. 2004; Bianchini et al. 2007) que a AOL, além de apresentar estimativa da musculosidade do animal, também pode ser utilizada como parâmetro de rendimento de cortes de alto valor comercial como picanha e contra filé (Lopes et al. 2012). Costa et al. (2005), relataram a associação da área de olho do lombo (AOL) e a espessura de gordura de cobertura (EG), avaliadas entre a 12ª e 13ª costelas. Segundo Luchiari Filho (2000), à medida que aumenta a AOL, aumenta a proporção da EG e viceversa. O que corrobora com o presente estudo onde associa a correlação de Person se encontrando em r = 0,94 indicando que à medida que aumenta a AOL aumenta a EG. No Figura 1 (b), estão apresentados os valores de ponto máximo de deposição na espessura de gordura onde o nível de consumo de MM foi de 1,80kg/animal/dia, se encontra a deposição de 4,025 mm de espessura de gordura. Realizando correlação de Pearson foi encontrado uma associação moderada para EG e Marmoreio com o coeficiente de regressão de r = 0,75, assim a medida que aumenta a espessura de gordura existe tendência de aumentar grau de marmoreio. A gordura de marmoreio é a última a ser depositada na carcaça, e é influenciada pelo nível energético da dieta e também pelo peso do animal (Moletta et al. 2014). No presente estudo, os animais apresentaram pesos de abate diferentes, assim como a diferença na ingestão da densidade energética. Ao tratamento onde os animais receberam a oferta de 4,0kg/animal/dia foi o que obtiveram a maior deposição da gordura de marmoreio, sendo seu ponto de máximo em 1,8kg/animal/dia em um grau de marmoreio de 3,054 mm. Segundo Luchiari Filho (2000), valores normais para a composição química percentual do músculo de um bovino jovem são: 74% de umidade, 21% de proteína, 4% de gordura e 1% de minerais. Todavia, segundo esse autor, vários fatores influenciam nesta composição, como idade do animal, músculo avaliado, dieta e a gordura é o componente que mais varia. Neste estudo, a gordura não acompanhou a tendência do marmoreio e da espessura de gordura se apresentando não significativo. De maneira geral, o teor de proteína bruta não apresenta grandes variações, embora os valores médios de proteína bruta encontrados neste estudo tenham sido maiores que os encontrados por Ruiz et al. (2005), que variaram entre 20,0 e 22,53%. As propriedades físicas e químicas dos lipídios afetam diretamente as qualidades nutricionais, sensoriais e de conservação da carne: o “flavour” é influenciado pelo perfil dos ácidos graxos (Madruga, 2004); gorduras saturadas solidificam após cozimento, 69 influenciando no sabor residual da carne; a presença dos ácidos graxos insaturados aumenta o potencial de oxidação influenciando diretamente sua vida de prateleira (Madruga et al. 2006). Porém, não se encontrou diferenças significativas para nenhum dos componentes centesimais da carne dos animais avaliados. Em razão da associação entre a produção de carnes bovinas mais saudáveis e a utilização do semi confinamento ou outros sistemas, diversos estudos têm sido realizados para avaliar o perfil de ácidos graxos da carne de bovinos, em função das estratégias de alimentação dos animais (Sami et al. 2006; Fernandes et al. 2008; Bressan et al. 2011). Essas pesquisas têm mostrado respostas diferenciadas para o perfil de ácidos graxos (AG) da carne entre bovinos, em decorrência da dieta oferecida. Há evidências de que zebuínos alimentados com elevadas proporções de concentrado depositam maiores quantidades de ácidos graxos saturados (AGS) (Bressan et al. 2011), e que o perfil de ácidos graxos dos grãos de cereais é determinante sobre os ácidos graxos da carne (Fernandes et al. 2008). O que discorda em partes com a presente pesquisa, pois não houve efeito significativo, ou seja, não houve grandes alterações nas concentrações para maioria dos ácidos graxos saturados exceto para C10:0 e C15:0. Deve-se destacar, no entanto, que o teor de AGS da carne de ruminantes é resultado da lipólise da biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados no rúmen e da síntese “de novo” no tecido adiposo (Jenkins et al., 2007). A ∆9-dessaturase é a enzima responsável pela retirada de moléculas de hidrogênio das cadeias carbonadas dos ácidos graxos saturados, transformando-os em ácidos graxos insaturados tanto na glândula mamária quando na deposição de tecido adiposo (Metz et al. 2008) O aumento nos teores de AGS não é desejado, pois tende a elevar tanto as lipoproteínas de baixa (LDL) quanto as de alta (HDL) densidade. O AGS mirístico (C14:0) é hipercolesterolêmico, o palmítico (C16:0) tem ação hipercolesterolêmica menor e o ácido esteárico (C18:0), de grande participação na carne, tem efeito nulo (Hautrive et al., 2012). Levantando uma importante satisfação ao mercado consumidor em relação aos animais deste experimento. É de interesse do consumidor que a carne apresente menores teores de lipídeos totais, ácidos graxos saturados e calorias (Clímaco et al., 2011). O ácido graxo Cáprico (C10:0), obteve uma tendência linear crescente Figura 3 (Figura A), a medida que aumentou os níveis de suplemento kg/animal/dia, aumentou a quantidade desse AG. 70 Com o consumo de suplemento ao nível 0,750kg/animal/dia, obteve-se o ponto mínimo de concentração deste AG 0,46/área que pode ter ocasionado uma diminuição nos níveis de produção do ácido propiônico, sendo que este contribui na formação do ácido C15:0, os ácidos graxos de cadeia ímpar em ruminantes são formados pela síntese de novo, a partir do ácido propiônico, produzidos no processo de fermentação ruminal (Fernandes et al., 2008). Esta resposta pode também estar relacionada a suplementação com grãos pois os mesmos podem elevar a taxa de propionato mesmo em regime de pastejo, isto vai depender de sua inclusão, no entanto, percebemos como a dieta possui grãos de alto valor lipídico estes poderiam influenciar na biohidrogenação ruminal, não permitindo a aderência das bactérias celulolíticas ao seu substrato (Berchielliet al. 2011). Figura 3. Figura representativa da Tabela 5, em que os Gráficos A, B, C e D demonstram as curvas e linearidade das médias significativas em % de ácido graxo/área em relação ao nível de suplemento ingerido. Em geral, no que se refere à nutrição, o aumento do nível de energia da dieta eleva o conteúdo de AGMI totais, enquanto o total de AGPI diminui, em razão do aumento da gordura intramuscular da carne (Sami et al. 2006). Isso, de certa forma, não pode ser levado em conta nesta pesquisa, pois os resultados obtidos quanto ao marmoreio e o teor de lipídios totais não foram alterados pelas dietas (Tabela 5). Do mesmo modo, o aumento do 71 teor de AGPI na carne tem sido atribuído a genótipos com menor conteúdo de gordura intramuscular (Smith et al. 2009). Porém, neste estudo encontrou-se um aumento nos ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e um alto grau de associação no grau de marmoreio (r = 89). Tabela 5. Quantidade de ácidos Graxos, em percentual/área, presentes nas amostras do músculo Longíssimus dorsi. Suplemento (níveis de inclusão kg) Item EPM Significância R2 Equação de regressão 1,0 2,0 4,0 6,0 Lin Quad C10:0 0,000 0,000 0,212 0,265 1,440 0,040 0,184 0,87 Ŷ = 0,1007x - 0,1325 C12:0 0,176 0,161 0,646 0,105 0,970 0,895 0,013 Ŷ = 0,2720 C14:0 C14:1n6c C15:0 C15:1n5c C16:0 C16:1n7 C17:0 C17:1n7c C18:0 C18:1n9c C18:1n11 2,478 0,638 0,451 0,184 25,421 2,865 1,175 0,736 17,919 34,097 2,943 2,895 0,425 0,448 0,084 26,499 2,605 1,190 0,671 17,609 31,686 2,559 2,335 2,630 1,120 0,868 0,553 0,511 1,320 0,751 0,383 0,359 0,980 0,027 0,000 0,233 0,790 0,824 23,638 23,265 1,110 0,149 2,796 2,425 1,050 0,290 1,186 1,028 1,020 0,202 0,741 0,636 1,120 0,442 17,582 15,206 0,970 0,125 36,385 36,557 0,970 0,245 3,052 3,120 1,110 0,371 0,948 Ŷ= 2,5845 0,323 Ŷ= 0,5317 0,180 0,92 Ŷ= -0,0052x2 - 0,0079x + 0,4693 0,500 Ŷ=0,1252 0,090 Ŷ=24,7057 0,654 Ŷ=2,6727 0,202 Ŷ=1,1447 0,465 Ŷ=0,6960 0,121 Ŷ=17,0790 0,280 Ŷ=34,6812 0,069 Ŷ=2,9185 C18:2n6 C18:3n3 C19:0 C20:0 C20:1n9 C20:2n6c C20:3n3c C20:3n6c C20:4n6c C21:0 C22:0 C22:6n3 C23:0 C24:0 C24:1n9 3,733 0,265 0,799 0,123 0,176 0,206 1,069 0,000 0,275 0,560 0,275 0,480 0,161 4,082 0,000 4,184 0,193 0,706 0,133 0,153 0,168 1,390 0,000 1,390 0,345 0,363 0,608 0,306 4,447 0,258 4,479 0,267 0,229 0,733 0,104 0,165 1,451 0,460 0,262 0,330 0,474 0,644 0,351 2,392 0,000 0,046 0,99 Ŷ = -0,0717x2 + 0,6612x + 3,1447 0,546 Ŷ=0,2735 0,344 Ŷ=0,5040 0,080 Ŷ=0,4190 0,824 Ŷ=0,1477 0,279 Ŷ=0,1947 0,695 Ŷ=1,3085 0,775 Ŷ=0,1150 0,791 Ŷ=0,5560 0,626 Ŷ=0,4357 0,607 Ŷ=0,3815 0,276 0,93 Ŷ= 0,02x2 + 0,0152x + 0,458 0,746 Ŷ=0,2727 0,623 Ŷ=3,5707 0,624 Ŷ=0,0645 4,643 0,369 0,282 0,687 0,158 0,240 1,324 0,000 0,297 0,508 0,414 0,852 0,273 3,362 0,000 1,230 1,430 1,220 0,980 0,990 0,890 0,990 0,970 1,120 1,120 1,020 1,010 1,000 0,990 0,970 0,059 0,216 0,102 0,108 0,635 0,533 0,475 0,777 0,637 0,939 0,248 0,039 0,501 0,385 0,634 1 C10:0 ácido cáprico; 2C12:0 ácido láurico; 3C14:1 ácido mirístico; 4C14:1n6c ácido miristoléico; 5C15:0 ácido pentadecanóico; 6C15:1n5c ácido 5-pentadecanóico; 7C16:0 ácido palmítico; 8 C16:1n7 ácido palmitoléico; 9 C17:0 ácido margárico; 10 C17:1n7c ácido heptadecanoléico; 11 C18:0 ácido esteárico; 12 C18:1n9c; 13 C18:1n11; 14 C18:2n6; 15 C18:3n3; 16 C19:0 ácido nonadecanóico; 17 C 20:0 ácido araquídico; 18 C20:1n9; 19 C20:2n6c; 20 C20:2n6c; 21 C20:3n3c; 22 C20:3n6c; 23 C20:4n6c; 24 C21:0 ácido heneicosanóico; 25 C22:0 ácido beênico; 26 C22:6n3; 27 C23:0 ácido tricosanóico; 28 C24:0 ácido lignocérico; 29 C24:1n9 72 O ácido linoléico (C18:2n6) é o AG mais importante da série (ω6) e está presente de forma considerável nos óleos vegetais como óleo de girassol, cártamo, milho, soja, algodão, entre outros. A utilização do grão de soja e do caroço de algodão (alto teor lipídico de C18:2n6) na formulação do suplemento parece ter passado pela biohidrogenação ruminal e ter se depositado no músculo animal. Quando se discute sobre AGPI enfatiza-se sua importância, pois ocorre efeito significativo para este componente quando localizamos seu ponto máximo na utilização do suplemento em 1,80kg/animal/dia com uma concentração de 4,66 ácido lenoléico/área. Os AG da família ω3, de interesse nutricional, são, além do α-linolênico, seus derivados: ácido eicosapentaenóico (EPA–C 20:5,n3) e ácido docosahexaenóico (DHAC22:6,n3) (Palmiquist & Griinari, 2006). E também se encontram nas sementes oleaginosas das quais se utilizaram para compor a dieta basal dos animais. Isto se confirma quando analisou-se seu ponto mínimo de utilização quando fornecendo aos animais 0,380kg/animal/dia foram encontradas concentrações de 0,43 ácido docosahexaeníoco/área deste ácido graxo. Tabela 6. Valores médios relativos aos somatórios e agrupamentos de ácidos graxos, em percentual, presentes nas amostras de carne do músculo Longíssimus dorsi. Suplemento (níveis de inclusão kg) Item EPM14 Significância R2 Equação de regressão 1,0 2,0 4,0 6,0 Lin Quad 1 Ʃ AGS 53,46 54,80 50,14 48,11 1,02 0,07 0,22 Ŷ= 51,6275 2 Ʃ AGM 41,64 38,44 43,63 43,64 1,23 0,33 0,36 Ŷ= 41,8375 3 Ʃ AGP 6,03 7,93 7,73 7,73 1,04 0,39 0,36 Ŷ= 7,3550 4 Ʃ AGI 47,66 46,37 51,36 51,37 0,99 0,14 0,12 Ŷ= 49,1990 AGD5 65,58 63,98 68,94 66,57 0,89 0,47 0,81 Ŷ= 66,2675 6 IA 0,74 0,82 0,65 0,66 1,09 0,26 0,50 Ŷ= 0,7175 7 CLA 3,73 4,18 4,48 4,64 1,07 0,06 0,06 Ŷ= 4,2575 8 AGP:AGM 0,14 0,21 0,18 0,18 1,27 0,75 0,36 Ŷ= 0,1775 9 ω6 0,75 1,75 1,15 0,91 1,30 0,82 0,70 Ŷ= 1,1400 ω 310 ω6 : ω311 Ʃ AGCM12 Ʃ AGCL13 Ʃ AGCI 5,28 1,41 32,21 69,07 4,06 6,18 2,83 33,12 68,36 3,75 6,57 1,75 30,35 71,28 3,22 6,82 1,33 29,53 69,96 3,32 1,12 1,14 1,08 1,32 1,12 0,09 0,62 0,09 0,40 0,12 0,02 0,92 0,13 0,40 0,47 0,99 - Ŷ = -0,1625x2 + 1,3135x + 4,1475 Ŷ= 1,8300 Ŷ= 31,3025 Ŷ= 69,6675 Ŷ= 3,5875 1 Ácidos graxos saturados; 2Ácidos graxos monoinsaturados; 3Ácidos graxos poli-insaturados; 4Ácidos graxos Insaturados; 5Ácidos graxos desejáveis; 6Índice de Aterogeneicidade; 7Ácido linoleico conjugado; 8 Relação ácidos graxos poli-insaturados e monoinsaturados; 9Ômega 6; 10Ômega 3; 11Relação ômega 6 e ômega 3; 12 Ácidos graxos de cadeia média; 13 Ácidos graxos de cadeia longa; 14Erro padrão da média 73 Os conteúdos dos AG ω3 apresentaram diferenças significativas pelos níveis ofertados de suplementação (Tabela 6), indicando o ponto máximo da regressão quadrática quando ofertado o nível de suplemento de 4,350kg/animal/dia ao 6,802 concentração de ω3/área. Entretanto, não se observou que a oferta de suplementação apresentou linearmente a relação ω6:ω3, o que mostra a maior participação do ácido graxo ω3 na oferta da suplementação kg/animal dia (Darley et al., 2010). Os AG ω6 e ω3 tem influência no metabolismo dos eicosanóides e docosahexaenóico, tanto na expressão genética como na comunicação intercelular. A composição dos ácidos graxos ploiinsaturados (PUFA) das membranas celulares depende, em grande parte, da quantidade existente na dieta (Harper & Jacobcon, 2001). 8 %/área de ω 3 7 6 5 4 3 2 1 4,1 ,2 0 01 2 4 6 Níveis de oferta de MM em kg/animal/dia Figura 4. Curva quadrática de regressão expressando os valores de mínima em razão da % de ácidos graxos/área de ώ 3 ao nível de determinada oferta do mistura múltipla kg/animal/dia significativa pela equação de regressão expressa na tabela 6. As duas classes de PUFAs devem ser muito bem diferenciadas, pois são metabolicamente diferentes e possuem funções fisiológicas opostas, deste modo o equilíbrio nutricional é importante para se conseguir a homeostase e desenvolvimento normal do organismo. Um balanço adequado na proporção de ω6:ω3 na dieta é essencial no metabolismo do organismo humano, podendo levar a prevenção de doenças cardiovasculares e crônicas degenerativas e também a uma melhor saúde mental (Stradiotto et al., 2010). A relação almejada de ω6:ω3 seria de 1:4 que é o valor base 74 encontrado nas dietas dos orientais por possuir uma alimentação rica em ω3 uma vantagem proporcionada pelo produto final dos animais experimentais. O problema ocidental consiste basicamente no desequilíbrio por um alto consumo de ω6 em relação ao ω3. Isto demonstra a satisfação de encontrar este resultado na carne dos animais suplementados com esta dieta, pois, além da produção ser ocasionada em um sistema de ILP ainda conseguiu-se encontrar de fato um produto final de qualidade com potencial funcional, a utilização de carnes com índices maiores ω3 resulta em uma afeição dos consumidores pelo produto. 75 Conclusão A suplementação de animais com mistura múltipla no sistema de integração lavoura pecuária, favoreceram a qualidade da carne, em atributos como maciez, marmoreio, não ocorrendo deposição demasiada de ácidos graxos saturados de grande preocupação. Houve influencia positiva da dieta no aumento dos níveis de ω3 tornando o produto final (carne) mais atrativo do ponto de vista relativo a saúde humana com um importante potencial funcional e apelo comercial do produto neste sentido. 76 Referências Bibliográficas AOAC – ASSOCIATION OF OFFICIAL ANALYTICAL CHEMISTRY. Official Methods of Analysis. 17th.ed, Washington, 2000. 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