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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE BOVINOS
NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
PERECLES BRITO BATISTA
AREIA – PARAÍBA - BRASIL
JULHO - 2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA
UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA
SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE
BOVINOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
PERECLES BRITO BATISTA
Zootecnista
AREIA – PARAÍBA - BRASIL
JULHO - 2014
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PERECLES BRITO BATISTA
SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE
BOVÍNOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
Tese apresentada ao Programa de
Doutorado Integrado em Zootecnia, da
UFPB / UFRPE / UFC, como parte dos
requisitos à obtenção do Título de
Doutor em Zootecnia.
Área de Concentração: Nutrição Animal
Comitê de Orientação:
Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto – Orientador principal
Prof. Dr. Gherman Garcia Leal de Araújo
Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros
AREIA – PARAÍBA - BRASIL
JULHO - 2014
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Agradecimentos
A Deus, magnífica luz que ilumina meus passos, pela vida, saúde discernimento
para concluir este trabalho.
A minha Família, Mainha, pai, irmãos, tios e primos por acreditarem sempre e
estarem ao meu lado em tudo que me engajo.
Aos meus avós Jacinto Batista e Florinda Batista, Hermes do Carmo e Maria
Tenório (todos in memorian) que contribuíram muito para a formação do meu caráter.
Um agradecimento às escolas: Dom Climério (IPAM), Prédio Escolar D. Lúcia,
Ginásio Agroindustrial, EMARC-IT (IF Baiano), UESB/Itapetinga/BA, Unioeste/Mal.
Candido Rondon/PR e seus professores que em seus tempos, me mostraram em cada
aula uma nova descoberta e me fizeram chegar a este último degrau do nível acadêmico,
não obstante e não menos importante às estagiárias do período de 1ª a 4ª séries, Tia
Helana, Profa. Bete (tia bete) e tia Vina professora de banca que com muita
competência e paciência me passaram seus conhecimentos.
Ao Programa de Doutorado Integrado em Zootecnia da Universidade Federal da
Paraíba / Universidade Federal Rural de Pernambuco e Universidade Federal do Ceará,
pela oportunidade e apoio da realização deste curso.
A Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela
concessão da bolsa de estudo.
Ao Prof. Dr. Severino Gonzaga Neto, cuja valiosa orientação fora
imprescindível para meu crescimento profissional e pessoal durante este curso.
Ao Prof. Dr. Danilo Gusmão de Quadros pela confiança na condução deste
trabalho.
A UNEB campus IX, pelo acolhimento e apoio.
Aos estudantes Agronomia da UNEB campus IX participantes do NEPPA
(Núcleo de Estudos e Pesquisas em Produção Animal): Alberto Rodrigues dos Santos,
Érica Câmara de Alcantra, José Ricardo Pereira, Daiane Silva, Alexandre Pereira
Andrade e Raimundo de Almeida Guedes pela grande contribuição nas coletas de dados
e análises.
Ao amigo e compadre Fabinho, pela força e credibilidade dadas.
A Mayara Sabedot pela grande contribuição no capitulo III.
Aos amigos e colegas do IF Baiano campus de Senhor do Bonfim: Franco (o
bárbaro), Prof. Paulo Eduardo (o tio Dudu), os Prof. Marcos Marques, Anderson
v
(araruta), Vitor e Ângelo Galotti (o Frodo) pelos bons momentos em nosso alojamento,
pela crença em minha capacidade e pelo apoio muito importante.
A turma 2012.1 de técnicos em agropecuária (habilitação em zootecnia) e a
turma 2010.1 do curso de licenciatura em ciências agrárias do IF Baiano – Senhor do
Bonfim pelo carinho que sempre tiveram com o prof. Perecles.
A fazenda Pedras na pessoa do Sr. Reinaldo Hanisch e seus funcionários por
todo o apoio que dispensaram sem o qual não seria possível este trabalho.
Ao Dr. Celso Veiga, veterinário da Fazenda Pedras pela grande contribuição.
Ao Frigorífico FRIBARREIRAS, pela ajuda dispensada.
Ao Prof. Walter Esfraim Pereira pela grande ajuda com a estatística.
A Profa. Dra. Rita de Cássia Ramos do Egypto Queiroga pela ajuda com
algumas análises.
Aos funcionários do PPGZ, D. Carmen e Sr. Damião pela amizade e dedicação,
e pelas boas conversas na hora do cafezinho.
A toda família da Bovinocultura/CCA/UFPB Coordenada pelo Prof. Severino
Gonzaga composta por Leandro, Pio, Tatiana, Carla, Juliana Nogueira, George Vieira,
Carlos Augusto, Rogerinho, Jaqueline, Gabriela e Andréia, pela ajuda e atenção
dispensada.
Aos colegas de Doutorado Flavio Soares, Paula Franssineti, Carla Souza,
Vinicius Fonseca e Rafael.
Aos amigos dá época da graduação e companheiros de sempre, Lila, Ângelo
(macaca), Franklin (cegonha), Jaime Silva (o fulgencio), Fleming (fofa), Reginaldo
(Bogoiô), Agnelo Veríssimo, Ramon (o inconveniente), Junior Siquila (gordilha).
Aos que, de maneira direta ou indireta, contribuíram para a elaboração deste
trabalho, mas, que a memória ora me falha em citar.
A todos muito obrigado!
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Dedicatória
A Deus
Aos meus pais D. Valdenúncia Tenório de Brito e João Batista de Jesus pelo incentivo,
apoio e carinho nas diversas horas desta caminhada.
A meus irmãos Patrícia, Leandro e Luciano por todo carinho e incentivo.
Dedico
vii
A defesa é natural:
cada qual para o que nasce,
cada qual com sua classe,
seus estilos de agradar.
Um nasce para trabalhar,
outro nasce para a briga,
outro vive de intriga,
e outro de negociar.
Outro vive de enganar,
o mundo só presta assim:
é um bom outro ruim,
e eu não tenho jeito pra dar.
Pra acabar de completar:
Quem tem o mel, dá o mel.
Quem tem o fel, dá o fel.
Quem nada tem, nada dá.
Da sagrada escritura dos violeiros
Por: Zé Ramalho da Paraíba
viii
Oração Nos Matagais
Aqui dentro de mim tem um luar
Um amanhã que anseia por alvorecer
Creio que o segredo é cavalgar
No ventre da noite
Sem medo de me perder
E enquanto o meu coração pulsar
Enquanto em minhas veias o sangue correr
O que o suor e a lágrima puder lavar
Não morrerá sujo antes do amanhecer
Viva a oração nos matagais
Na floresta virgem de meu ser
Bem aventurado os temporais
No coração rasgar
Para não permanecer
Viva a ansiedade das marés
No oceano virgem de meu ser
Bem aventurado os vendavais
No coração rasgar
Para não permanecer
Enquanto o meu coração pulsar
Enquanto em minhas veias o sangue correr
O que o suor e a lágrima puder lavar
Não morrerá sujo antes do amanhecer
Viva a claridade da paixão
Que fecunda a terra virgem de meu ser
Bem aventurada a emoção
No coração rasgar
Para não permanecer
Viva a oração nos matagais
Na floresta virgem de meu ser
Bem aventurado os vendavais
No coração rasgar
Para não permanecer
Letra: Altay veloso
ix
Biografia do autor
PERECLES BRITO BATISTA, filho de Valdenúncia Tenório de Brito e João Batista
de Jesus, nasceu em São Paulo-SP no dia 21 de outubro de 1977. Cursou o ensino
básico (alfabetização a 4ª série) no Prédio Escolar Dona Lúcia, da 5ª a 8ª série no
Ginásio Agroindustrial em Itapetinga/BA e o curso técnico em agropecuária na Escola
Média de Agropecuária Regional da CEPLAC (EMARC-IT) em Itapetinga/Ba em 1995.
Em 1996 iniciou o curso de Zootecnia na Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia
Campus Itapetinga concluindo o curso no ano de 2003. Entre 1997 a 2003 foi professor
na escola Polivalente de Itapetinga e Centro Educacional Alfredo Dutra lecionando
história e química. Em 2005 lecionou os componentes: criação de suínos e
forragicultura na escola agrotécnica CETEB em Livramento de Nossa Senhora/BA, em
2006 foi professor substituto do curso de zootecnia da Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia em Itapetinga/BA lecionando: caprinocultura, suinocultura,
apicultura e cunicultura. Em 2007 foi aprovado no curso de mestrado em Zootecnia da
Universidade Estadual do Oeste do Paraná obtendo título de Mestre em 2009. Em
agosto de 2010 iniciou o curso de Doutorado em Zootecnia pela Universidade Federal
da Paraíba tendo a defesa para obtenção do título em 07 de março de 2014. Atuou ainda
como técnico de pecuária na Fazenda Reunidas em Potiraguá/BA, gerente de pecuária
na BAGISA – S/A (Bahia Agroindústria e Comércio) em Mucugê/BA, consultor em
pecuária de corte e leite e atualmente é professor de zootecnia II (suinocultura,
caprinocultura e bubalinocultura) do curso técnico pós-médio em zootecnia, vice
coordenador e professor da disciplina Ruminantes I e II do curso superior de
Licenciatura em Ciências Agrárias no Instituto Federal Baiano Campus de Senhor do
Bonfim/BA
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SUMÁRIO
Lista de Tabelas Capítulo II
Lista de Tabelas Capítulo III
Lista de Figuras Capítulo II
Lista de Figuras Capítulo III
Resumo Geral
Abstract
Página
iv
v
vii
viii
ix
x
CAPÍTULO I – SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA
NA TERMINAÇÃO DE BOVINOS NELORE EM SISTEMA DE
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
Referencial Teórico
Considerações finais
Referências Bibliográficas
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CAPÍTULO II – DESEMPENHO DE BOVINOS NELORE
SUPLEMENTADOS COM MISTURA MÚLTIPLA NO SISTEMA DE
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
Resumo
Abstract
Introdução
Material e Métodos
Resultados e Discussão
Conclusões
Referências Bibliográficas
36
CAPÍTULO III – COMPOSIÇÃO FISICO-QUÍMICA DO MUSCULO
Longissimus dorsi DE BOVÍNOS NELORE SUPLEMENTADOS COM
MISTURA MÚLTIPLA EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO
LAVOURA-PECUÁRIA
Resumo
Abstract
Introdução
Material e Métodos
Resultados e Discussão
Conclusão
Referências Bibliográficas
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LISTA DE TABELA
CAPÍTULO II
Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos utilizados nas dietas
experimentais..................................................................................
Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais
(%MS)............................................................................................
Tabela 3. Disponibilidade de forragem em área de Brachiaria ruziziensis no
sistema de integração lavoura-pecuária ..........................................
Tabela 4. Médias de desempenho de bovinos nelore terminados em sistema
de
integração
lavoura-pecuária
em
função
dos
tratamentos........................................................................................
Tabela 5. Consumo de mistura múltipla (kg/grupo e kg/animal) do período
de 107 dias, no 1º sub-período (58d) e no 2º sub-período (49d) de
bovinos nelore terminados em sistema de integração lavourapecuária................................................................................
Tabela 6. Avaliação econômica (custo, receita e margem liquida) da
terminação de bovinos nelore suplementados com mistura
múltipla em sistema de integração lavoura-pecuária ........
LISTA DE TABELA
CAPÍTULO III
Tabela 1. Composição bromatológica dos alimentos utilizados nas dietas
experimentais..................................................................................
Tabela 2. Composição percentual e química das rações experimentais
(%MS)............................................................................................
Tabela 3. Desempenho e características da carcaça de bovinos nelore em
função
do
nível
de
oferta
de
mistura
múltipla...........................................................................................
Tabela 4. Características dos compenentes físico-químicos e centesimais do
músculo Longíssimus dorsi ...........................................................
Tabela 5. Quantidade de ácidos graxos em percentual/área, presente nas
amostras do músculo Longissimos dorsi........................................
Tabela 6. Valores médios relativos ao somatório e agrupamentos de ácidos
graxos em percentual, presentes nas amostras de carne do
músculo Longissimos dorsi ...........................................................
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LISTA DE FIGURAS
CAPÍTULO II
Figura 1. Desempenho de bovinos nelore suplementados com mistura
múltipla em sistema de ILP em dois períodos de avaliação ............
Figura 2. Tempo de pastejo, ruminação/ócio, cocho e outros comportamentos
diurnos de bovinos nelore em pastagem de Brachiaria ruziziensis
submetidos a diferentes níveis de suplementação com mistura
múltipla em sistema de integração lavoura-pecuária........................
Página
38
42
CAPÍTULO III
Figura 1. Figuras (a;b) representativos das regressões significativas aplicadas
as características físico química da Tabela 3 ....................
Figura 2. Figuras (a, b, c e d) representativos das regressões significativas
aplicadas as características físico química da Tabela 4 ....................
Figura 3. Figura representativa da Tabela 5, em que os Gráficos A, B, C e D
demonstram as curvas e linearidade das médias significativas em %
de ácido graxo/área em relação ao nível de suplemento ingerido......
Figura 4. Curva quadrática de regressão expressando os valores de mínima
em razão da % de ácidos graxos/área de ώ 3 ao nível de
determinada oferta do mistura múltipla kg/animal/dia significativa
pela equação de regressão expressa na Tabela 6 ..............................
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xiii
Suplementação com mistura múltipla na terminação de bovinos nelore em sistema
de integração lavoura-pecuária
Resumo geral
O sistema de integração lavoura-pecuária (ILP), tem sido recomendado para otimizar o
uso da terra, melhorando a sustentabilidade na relação solo-planta-animal. Assim,
objetivando-se avaliar a resposta produtiva, econômica e de características de carcaça de
zebuínos castrados, realizou-se um experimento com uso de suplementação na forma de
mistura múltipla (MM), em sistema de integração lavoura pecuária (ILP), no Oeste da
Bahia. Foram utilizados 40 bovinos nelore distribuídos em quatro piquetes de 10,5 ha
cada, 10 animais/piquete, sendo oito tésteres e dois traçadores (reguladores) para ajuste
de oferta de forragem. A produção de forragem no sistema Santa Fé de ILP foi alta e
possibilitou oferta de matéria seca (MS) suficiente para o ganho planejado. Os
tratamentos utilizados foram: 1; 2; 4 e 6 kg de suplemento/animal (base na matéria
natural). Não houve diferença (P>0,05) para ganho de peso entre os tratamentos. A
média de ganho de peso de 0,592 kg/dia para os tratamentos demonstra que o uso de
mistura múltipla em sistema de ILP promove ganho de peso satisfatório para terminação
de bovinos de corte. Os valores de acabamento de carcaça (ESCORE) e Rendimento de
Carcaça Quente (RCQ) obtiveram significância quadrática e linear (P<0,05) com
valores médios de 2,9; 2,4; 2,5 e 3,3 (ESCORE), 53,8; 52,73; 53,15 e 54,53 (RCQ) por
tratamento respectivamente, o que pode-se inferir que a suplementação melhora a
cobertura de gordura na carcaça e imprime mais rendimento. Embora houvesse
significância entre os tratamentos para ESCORE e RCQ, não se pode inferir que
economicamente seria viável a oferta de maiores níveis de mistura múltipla em
terminação de bovinos de corte no sistema Santa Fé de ILP, devido à margem de lucro
ser muito pequena em relação aos gastos apresentados, porém, estes custos podem ser
otimizados com a elevação da taxa de lotação atribuída a alta oferta de MS da gramínea
Brachiaria ruziziensis observada neste experimento. A suplementação da dieta aos
animais com mistura múltipla no sistema de integração lavoura pecuária, favoreceram a
qualidade da carne, em atributos como maciez, marmoreio, não ocorrendo deposição
demasiada de ácidos graxos saturados de grande preocupação no consumo humano.
Houve influencia positiva da dieta no aumento dos níveis de AGVs da família ω3
tornando o produto final (carne) mais atrativo do ponto de vista relativo a saúde humana
com um importante potencial funcional e apelo comercial do produto neste sentido.
xiv
Contudo,
Chuvas
torrenciais
influenciaram
no
consumo
do
suplemento
e
consequentemente nas variáveis de desempenho, porém, a terminação de bovinos neste
sistema mostra-se promissora.
Palavras chave: AOL, Brachiaria ruziziensis, Rendimento de carcaça, Suplemento,
Zebu.
xv
Supplementation with multiple mixture in Nellore finishing cattle in integrated croplivestock system
Overview
The crop-livestock system (ILP) has been recommended to optimize the use of land,
improving sustainability in the soil-plant-animal relationship. Thus, in order to evaluate
the productive response, economic and Zebu castrated carcass characteristics, there was
an experiment with supplemental use in the form of multiple mixture (MM) in livestock
farming system integration (ILP), West Bahia. 40 Nelore cattle were used divided into
four paddocks of 10.5 ha each, 10 animals / picket, eight tésteres and two tracers
(regulators) for herbage allowance adjustment. Forage production in Santa Fe ILP
system was high and enabled supply of dry matter (DM) sufficient to gain planned. The
treatments were: 1; 2; 4:06 kg of supplement / animal (in natural matter). There was no
difference (P> 0.05) for weight gain between treatments. The average weight gain of
0.592 kg / day for the treatment demonstrates that the use of multiple mixing in suitable
LTI system promotes weight gain in beef cattle termination. Housing finish values
(SCORE), Hot Carcass Yield (WHR) had quadratic and linear significance (P <0.05)
with mean values of 2.9; 2.4; 2.5 and 3.3 (SCORE), 53.8; 52.73; 53.15 and 54.53
(WHR) by treatment respectively, it can be inferred that supplementation improves fat
thickness over the carcass and printing performance. Although there was significant
difference between the treatments for SCORE and WHR, one can not infer that
economically viable would be to offer greater mix multiple levels in finishing beef
cattle in Santa Fe ILP system due to the profit margin is very small relative presented to
spending, however, these costs can be optimized with the increase in stocking rate
attributed the high bid of MS Brachiaria ruziziensis observed in this experiment. Dietary
supplementation of animals with multiple mixture in livestock farming system
integration, favored the quality of meat for attributes such as tenderness, marbling,
without causing deposition of too much saturated fatty acids of great concern for human
consumption. A positive influence of diet on the increase of VFAs family ω3 levels
making the final product (meat) more attractive from the point of view of human health
for an important functional potential and commercial appeal of the product in this sense.
However, Torrential rains influenced in supplement consumption and consequently in
performance variables, however, finishing cattle in this system appears to be promising.
Keywords: AOL , Brachiaria ruziziensis , carcass yield , Supplement , Zebu
xvi
CAPÍTULO I
REFERENCIAL TEÓRICO
SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE
BOVÍNOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
SUPLEMENTAÇÃO COM MISTURA MÚLTIPLA NA TERMINAÇÃO DE
BOVÍNOS NELORE EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
Introdução
O Brasil dispõe de uma grande capacidade para produção de alimentos pela sua
extensão territorial e clima, porém, dados estatísticos demonstram que não é explorado
todo esse potencial. A intensificação do uso das terras já disponíveis para produção soa
como alternativa para diferentes agentes envolvidos no desenvolvimento sustentável
agropecuário. Sendo que, esse uso não precisa representar intensificação da área de
forma excessiva, mas sim do uso racional de tecnologias maximizando os lucros
utilizando os recursos naturais atuando com os paradigmas da sustentabilidade da
agricultura (Vilela et al., 2008).
O termo sustentabilidade tem sido adotado como forte conotação valorativa,
sendo enfatizados os seguintes valores: eficiência técnica, sustentabilidade econômica,
estabilidade social e coerência ecológica. Segundo Wilkins (2008), a ecoeficiência seria
elemento chave para os sistemas de produção. O desenvolvimento de alternativas para o
estabelecimento da capacidade produtiva de pastagens cultivadas e de sistemas de
manejo mais eficientes para as culturas agrícolas é fundamental para alcançar a
sustentabilidade e aumentar a eficiência da agropecuária no nordeste (Vilela et al.,
2008). De acordo com Wilkins (2008), os sistemas mistos de produção com integração
lavoura pecuária se tornam uma ótima alternativa para o desenvolvimento sustentável.
Os sistemas agrossilvipastoris, que integram atividades agrícolas, pecuárias e
florestais, são considerados, atualmente, inovadores no Brasil, embora vários tipos de
plantios associados entre culturas anuais e culturas perenes ou entre frutíferas e árvores
madeireiras sejam conhecidos na Europa desde a antiguidade (Balbino et al., 2011).
Sistemas de ILP (Integração Lavoura Pecuária)
A integração lavoura-pecuária, como o próprio termo sugere, consiste na junção
dos sistemas produtivos. Isoladas, as atividades têm seus custos voltadas para si
próprias, integradas, as duas se complementam tanto no aspecto econômico como no
temporal, quando são planejadas em conjunto, com vantagens para ambas. De um lado,
a agricultura entra para diminuir os custos fixos da pecuária, recuperando e reformando
2
as pastagens, oferecendo um retorno mais rápido dos investimentos realizados, de outro,
a pecuária auxilia a lavoura, fornecendo matéria orgânica, recuperando a parte física do
solo, diminuindo a incidência de pragas e doenças, quebrando os seus ciclos, e
fornecendo palhada para o plantio direto (Pariz, 2009). A integração agriculturapecuária pode ser definida como o sistema que integra as duas atividades com os
objetivos de maximizar racionalmente o uso da terra, da infra-estrutura e da mão de
obra, diversificar e verticalizar a produção, minimizar custos, diluir os riscos e agregar
valores aos produtos agropecuários, por meio dos recursos e benefícios que uma
atividade proporciona à outra (Mello et al., 2004). Alvarenga e Noce (2005), descrevem
a ILP como a diversificação, a rotação, a consorciação ou a sucessão das atividades de
agricultura e de pecuária dentro da propriedade rural de forma harmônica, em um
mesmo sistema, para que haja benefícios para ambas. A ILP possibilita que a área seja
explorada economicamente durante todo o ano, o que favorece o aumento da oferta de
grãos, de carne e de leite, a um custo mais baixo, em virtude do sinergismo entre
lavoura e pastagem. Dentro destes conceitos, as áreas de lavouras dão suporte à pecuária
por meio da produção de alimento para o animal, seja na forma de grãos, silagem e
feno, seja na de pastejo direto, aumento da capacidade de suporte da propriedade,
permitindo a venda de animais na entressafra e proporcionando melhor distribuição de
receita durante o ano.
A pecuária nos cerrados tem produtividades que oscilam entre 30 kg/ha/ano de
Peso corporal, nas explorações em cerrado nativo, até 1000 kg/ha/ano, alcançados por
produtores de elite, com pesados investimentos em rebanhos e forragens. Entre um
extremo e outro se encontra a produtividade real, em condições extensivas de pasto de
braquiária e gado Nelore, de cerca de 100 kg/ha/ano (Scaléa, 1997).
Os sistemas de integração podem ser classificados em quatro modalidades
distintas, segundo Balbino et al., (2011):
1.
ILP ou agropastoril, sistema de produção que integra os componentes
agrícola e pecuário em rotação, consórcio ou sucessão, na mesma área e
no mesmo ano agrícola ou por múltiplos anos;
2.
IPF ou silvipastoril, sistema de produção que integra os componentes
pecuário (pastagem e animal) e florestal, em consórcio;
3.
ILF, integração lavoura-floresta ou silviagrícola, sistema de produção
que integra os componentes florestal e agrícola pela consorciação de
espécies arbóreas com cultivos agrícolas (anuais ou perenes);
3
4.
ILPF ou agrossilvipastoril, sistema de produção que integra os
componentes agrícola, pecuário e florestal em rotação, consórcio ou
sucessão, na mesma área.
Macedo (2009), ressalta que os sistemas de ILP são alternativas para a
recuperação de pastagens degradadas e para a agricultura anual, que melhoram a
produção de palha para o SPD (Sistema Plantio Direto) e as propriedades químicas,
físicas e biológicas do solo. Esses sistemas também possibilitam a utilização mais
eficiente de equipamentos e o aumento de emprego e renda no campo.
A EMBRAPA Arroz e Feijão desenvolveu o Sistema Santa Fé, que é o
consórcio de uma cultura, especialmente o milho, o sorgo, o arroz ou a soja, com
forrageiras tropicais, principalmente do gênero Brachiaria. Este sistema apresenta
grande vantagem, pois não altera o cronograma de atividades do produtor e não exige
equipamentos especiais para sua implantação. O sistema consiste no plantio simultâneo
do cereal e da forrageira ou no plantio defasado da forrageira, aproximadamente 20 a 30
dias depois da emergência do cereal. Esse sistema objetiva a produção de grãos ou de
forragem do cereal, a produção de pasto no período da seca e a palha para o sistema de
plantio direto, embora possa ser empregado em sistema convencional de preparo do solo
(Zanine et al., 2006).
A adoção da ILP proporciona benefícios recíprocos e reduz a degradação física,
química e biológica do solo, resultante de cada uma das explorações (Kluthcouski &
Stone, 2003). A redução do uso de agroquímicos, em razão da quebra dos ciclos de
pragas, doenças e plantas daninhas, é outro benefício da ILP ao meio ambiente (Vilela
et al., 2008).
Macedo (2009), cita que a integração de árvores em meio a lavouras ou a
pastagens se constitui alternativa à produção intensiva de lavouras e pastagens em
monoculturas.
A pecuária brasileira tem mostrado crescimento significativo, principalmente a
partir da década de 90, em que o país vivenciou a abertura dos mercados e,
consequentemente, a globalização da economia (Reis et al., 2009; Silva et al., 2010).
Essas profundas mudanças promoveram a intensificação da atividade agropecuária,
tornando-a num empreendimento empresarial, onde a busca por competitividade tornouse primordial para alcançar o sucesso dentro dos sistemas de produção (Silva et al.,
2010).
4
No entanto essa intensificação da atividade ainda não se mostrou suficiente para
proporcionar satisfatória eficiência produtiva e qualidade dos produtos produzidos. O
Brasil ainda enfrenta dificuldades para abater animais jovens, em torno de 24 meses de
idade; em parte porque a maioria do rebanho bovino brasileiro é criada a pasto, que,
apesar de representar uma alternativa de baixo custo de produção de carne, esse sistema
de produção é limitado pela variação crítica na produção e qualidade das forragens ao
longo do ano (Oliveira et al., 2006; Fernandes et al., 2010).
Segundo McLennan et al. (2012), a proteína disponível nas pastagens durante o
período da seca apresenta alta degradabilidade, e grande parte se perde na forma de
amônia. Isso ocorre principalmente porque a produção de substratos energéticos não é
suficiente para que possa haver perfeito sincronismo entre energia e proteína no rúmen
e, consequentemente, eficiente conversão de forragem em produto animal. Dessa forma,
a energia, nesse período, torna-se prioridade e o principal fator limitante para ganho de
peso dos animais (Cabral et al., 2011).
A utilização da técnica de suplementação nutricional estratégica para bovinos
em pastagens tem–se mostrado uma alternativa economicamente viável e com
consideráveis melhoras no ganho de peso animal. Porém, para que se possa ter
lucratividade na atividade pecuária, é importante que os pecuaristas tenham atitude
empresarial, entendendo e tomando decisões a partir de análises de formação de custos e
rentabilidade do setor. Deve-se estabelecer um plano anual a ser aplicado dentro das
possibilidades da empresa rural para se chegar a um sistema de produção mais eficiente
e lucrativo (Bourg et al., 2012).
Uma atividade natural e de grande relevância dos sistemas de produção de carne
nos trópicos seria a utilização do potencial máximo de cada forragem durante o seu
período favorável de crescimento (primavera/verão) (Moraes et al., 2010). Tal
justificativa se corrobora através do conhecimento de que nesta época do ano, as
pastagens poderiam ser consideradas como dietas completas a depender da categoria
animal e ganho de peso pretendido, desde que suplementadas com água e mistura
mineral (Zanetti et al., 2000). Já no período de estiagem (outono/inverno), que se
constitui numa baixa produção e qualidade das pastagens, o diferimento do pasto seria
uma alternativa de manejo visando a uma melhor distribuição e aproveitamento da
forragem durante o ano, podendo-se obter ganhos diários de peso em gado de corte
entre 0,5 a 1,0 kg/cabeça dia desde que as deficiências do pasto diferido sejam
corrigidas com suplementação adequada (mistura múltipla) (Euclides, 2005).
5
Entretanto, mesmo a disponibilidade de forragem estando adequada, a qualidade da
mesma, particularmente o baixo teor de proteína, limita o seu consumo e
digestibilidade. Como resultado, os consumos de energia e proteína ficam abaixo das
exigências diárias para um desempenho considerado satisfatório (Sniffen et al., 1993).
Nessa situação, a suplementação pode ser utilizada como uma forma de corrigir
deficiências nutricionais.
Suplementação estratégica de bovinos de corte
No que concerne à produção de proteína de origem animal, o Brasil se apresenta
como sendo um país com enorme potencial para a bovinocultura de corte em função de
sua extensa área de pastagem, considerada a principal e mais econômica fonte de
nutrientes para bovinos. No entanto, as gramíneas tropicais apresentam estacionalidade
na produção de forragens, com grande produção no período das águas (cerca de 80%) e
baixa no período das secas ( cerca de 20%) (Lana, 2002).
A deficiência quantitativa e qualitativa da forragem reflete de maneira
significativa na produção animal, tornando-se necessária a suplementação para os
animais em pastagem (Zanetti et al., 2000). A pequena quantidade de forragem
disponível apresenta baixa qualidade, com teores elevados de parede celular e
reduzidos valores de proteína. Em tal condição, os animais são submetidos a carências
nutricionais múltiplas, e a proteína (compostos nitrogenados) assume papel prioritário,
uma vez que o alimento disponível, ou a reciclagem endógena, de nitrogênio não atende
aos requerimentos microbianos, incorrendo limitação no crescimento e atividade dos
mesmos e queda na digestibilidade da parede celular, acarretando em redução no
consumo de matéria seca e no desempenho animal (Sniffen et al., 1993).
O diferimento de pasto consiste em alternativa para reserva de forragem para a
época seca. Entretanto, a forragem é caracterizada por elevado teor de fibra e
deficiências simultâneas de energia, proteína, minerais e vitaminas (Paulino, 1999). Este
autor definiu que o pastejo diferido é um manejo estratégico de pastagem que consiste
em selecionar determinadas áreas da pastagem, e vedá-las à entrada dos animais no final
da estação chuvosa para utilização durante a estação seca. Sendo recomendadas para a
isso apenas espécies que perdem mais lentamente seu valor nutritivo ao longo do tempo.
As espécies mais usadas têm sido a Brachiaria decumbens e Brachiaria brizantha. Para
assegurar melhoria na utilização de forragens de baixa qualidade, é necessário suprir as
6
deficiências de nutrientes dos microrganismos ruminais, ampliando sua taxa de
crescimento e a extração de energia a partir dos carboidratos da forragem, condição que
pode ser alcançada com o emprego de suplementos (Euclides, 2005).
As atividades dos microrganismos ruminais, principalmente os fibrolíticos, são
diretamente dependentes da disponibilidade de nitrogênio amoniacal no rúmen (Russell
et al., 1992). Neste contexto, a suplementação com fontes de proteína de alta
degradabilidade ruminal, ou nitrogênio não-proteico (NNP) como a uréia, para animais
em pastejo visa otimizar o crescimento microbiano, aumentando a digestibilidade, a
eficiência de utilização da forragem e o consumo de matéria seca. Consequentemente,
esta prática tem propiciado melhorias no desempenho animal em condições tropicais
(Paulino et al., 2002).
A utilização de uréia em suplementos propicia a substituição de fontes
verdadeiras de proteína e busca a redução de custos com a suplementação, uma vez que
o equivalente proteico oriundo da uréia possui valor de mercado substancialmente
inferior aos dos alimentos protéicos tradicionais. Resultados obtidos em condições
brasileiras permitem evidenciar que a uréia pode substituir totalmente os farelos
protéicos em dietas para bovinos em confinamento, alimentados com níveis moderados
de concentrados e com potencial para ganhar aproximadamente 1 kg/dia (Valadares
Filho et al., 2004). Contudo, resultados a respeito do potencial de utilização da uréia em
substituição a fontes protéicas verdadeiras para animais terminados em pastagens ainda
são escassos.
A uréia é um composto orgânico sólido, cristalizado por meio do sistema
prismático e solúvel em água e álcool. Quimicamente é classificada como amida, daí ser
considerada um composto NNP. É fornecida em rações para ruminantes e hidrolisada
em amônia pela urease microbiana no rúmen. Após a liberação no líquido ruminal, em
decorrência da hidrólise da uréia, a amônia é fixada e transferida para os precursores de
aminoácidos sintetizados com base nos carboidratos fermentáveis e, então, os
aminoácidos resultantes são conjugados para formar a proteína microbiana. De acordo
com Huber (1984), a forma de nitrogênio mais utilizada por 80% das bactérias do
rúmen é a amônia, portanto, uma disponibilidade adequada é necessária para o
crescimento desses organismos. A amônia é o composto central para síntese de proteína
microbiana no rúmen e pode surgir no rúmen por meio da degradação proteolítica do
alimento (e/ou da própria proteína microbiana), ou ser proveniente da decomposição da
7
uréia e outras fontes de nitrogênio não protéico, sejam elas provenientes da dieta ou não
(Orskov, 1992).
Em virtude do mecanismo pelo qual os microorganismos sintetizam proteína
microbiana a partir da amônia (resultante na hidrólise da uréia ou da degradação de
aminoácidos) e de esqueletos de carbono, a manipulação adequada de uma fonte de
energia, ou da relação entre energia disponível e amônia liberada, poderia incrementar
mais o uso de nitrogênio não protéico (Smith, 1992). Quanto mais uniforme for a
liberação de amônia (hidrólise do NNP) e a de carbono (digestão dos carboidratos),
maior será a eficiência de síntese microbiana e, consequentemente, desempenho animal.
Não havendo uma disponibilidade adequada de carboidratos no momento da liberação
da amônia no rúmen, esta amônia não será incorporada à massa microbiana, sendo
então, absorvida do rúmen para a corrente sanguínea e, posteriormente, eliminada pela
urina. Este processo metabólico é indesejável, pois requer o uso de energia que poderia
de outra forma, ser utilizada para a produção (S´thiago, 1999).
As perdas de nitrogênio amoniacal podem ser reduzidas se a taxa de fermentação
dos carboidratos degradáveis no rúmen for devidamente sincronizada com a taxa de
degradação de proteína, favorecendo o desenvolvimento da flora microbiana e a
utilização dos alimentos (Herrera-Saldana et al., 1990; Cameron et al., 2000).
Nutricionalmente, os bovinos possuem a capacidade de usar tanto proteínas
naturais (farelos, forragens etc.) como o nitrogênio não proteico ou NNP, existente na
uréia + sulfato de amônio (85% de uréia + 15% de sulfato de amônio (S´thiago,
1999)). A finalidade do sal mineral proteinado (suplemento protéico) é fornecer
nitrogênio degradável no rúmen para atender a exigência mínima de 7% de proteína
bruta (PB) dos micro-organismos ruminais com consequente incremento na
digestibilidade da fibra da dieta, resultando num aumento do consumo de energia pelo
animal (Paulino, 1999).
A suplementação alimentar tem como objetivos cobrir deficiências dietéticas das
forragens e permitir ao animal aumentar o consumo de nutrientes digestíveis, alcançar
produtividade e eficiência alimentar adequadas aos sistemas de produção e atingir peso
e composição de carcaça para abate a uma idade mais jovem. O incremento no consumo
de alimentos pode aumentar a disponibilidade de nutrientes para as funções produtivas,
fazendo com que maior proporção da energia, proteína e minerais ingeridos seja
utilizada para a produção e menor proporção, para a mantença; esta razão traduz parte
da eficiência dos sistemas de produção animal (Santos et al., 2004).
8
Nutrição animal e pastagens
A qualidade de uma forragem é alterada à medida que a planta amadurece, e
coincide com o início da estação da seca. As alterações na planta consistem em
alongamento das hastes e floração, resultando em aumentos no teor de fibra e queda no
teor de proteína, com a consequente redução no consumo (Gomide, 1997). Desta forma,
o animal em pastagem de baixa qualidade não consegue alcançar sua demanda em
nutrientes para manter uma curva crescente de crescimento. Este fato pode estender a
idade de abate, ou de primeira cria, para além dos 36 meses. Portanto, maior
precocidade dos sistemas de produção de carne a pasto só será alcançado se houver um
ajuste nutricional entre a curva sazonal de oferta das pastagens com a curva crescente
de demanda do animal por nutrientes. E isto só será possível por meio do uso da
suplementação alimentar (S´thiago, 1999).
Na estação de seca, quando o teor de PB na forragem está abaixo de 7% (base
na MS), o primeiro objetivo da suplementação seria atender à demanda das bactérias
ruminais por nitrogênio. Essas bactérias, fortalecidas, serão capazes de extrair energia
da pastagem ingerida pelo animal, através do processo de digestão (Adese, 2006).
A resposta animal esperada seria em termos de mantença ou leve ganho de Peso
corporal (até 200 g/an./dia), dependendo da disponibilidade da pastagem. A
disponibilidade da pastagem é um fator essencial para se alcançar esse desempenho. O
suplemento é conhecido popularmente como “Mistura Múltipla” tem na sua
composição o acréscimo de fontes de carboidratos não-estruturais e o consumo pode ser
de 0,3-1,0% se o objetivo for alcançar ganhos mais elevados (S´thiago, 1999).
Segundo Moore (1980), a quantidade de energia digestível oferecida pelo
suplemento pode ser predeterminada, entretanto a ingestão de forragem pode diminuir
grandemente ou permanecer a mesma, dependendo da qualidade da forragem. Os efeitos
podem ser de três tipos: substitutivo, aditivo e combinado. Para este autor, no efeito
substitutivo, ocorre a diminuição no consumo de energia digestível oriunda da
forragem, enquanto se observa aumento no consumo do concentrado, mantendo
constante o consumo total de energia digestível. No efeito aditivo, ocorre aumento no
consumo total de energia digestível em virtude do aumento no consumo de concentrado,
podendo o consumo de energia proveniente da forragem, permanecer o mesmo ou ser
aumentado. No efeito combinado, observam-se ambos os efeitos, ou seja, ocorre
9
diminuição no consumo de forragem, associada ao aumento no consumo de
concentrado, resultando, assim, em maior consumo total de energia digestível.
Para Euclides et al. (2001), quando os animais têm à disposição forragem ad
libitum e recebem quantidade limitada de concentrado, a suplementação pode produzir
dois efeitos: aditivo e substitutivo. Estes autores observaram também a ocorrência
desses dois efeitos simultaneamente, uma vez que, além do aumento no ganho de peso
dos animais que receberam suplementação alimentar, houve aumento na capacidade
suporte dos pastos em 24%, o que indica que houve redução no consumo de forragem.
Freitas (2005), suplementando três grupos genéticos de novilhos em pastagem
de Marandu, observou que o efeito da suplementação permitiu a manutenção de altas
taxas de lotação da pastagem durante o período experimental e melhor utilização da
forragem disponível, contudo a utilização de suplemento na quantidade equivalente a
níveis de 1% do PC nas águas e 1,2% do PC na seca, pode ter acarretado efeito
substitutivo, em relação a níveis mais baixos de suplementação.
Acedo et al. (2007), estudando suplementos isoprotéicos, balanceados para
conter 20% de PB, com base na matéria natural (MN), constituídos de milho grão,
farelo de algodão, mistura mineral e uréia:sulfato de amônia (9:1), em diferentes níveis
de inclusão 0,0; 1,6; 3,2; e 4,8%, com base na MN, observaram que as digestibilidades
ruminal e total da MS, da matéria orgânica e da PB, as concentrações de nitrogênio
amoniacal ruminal e a excreção urinária de nitrogênio uréico apresentaram relações
lineares positivas com os níveis de uréia nos suplementos. A utilização de 1,6% de
uréia, em suplementos destinados à terminação de bovinos em pastejo, implicou em
maior consumo de forragem, associado a baixos níveis de perdas de compostos
nitrogenados no metabolismo animal.
Gomes Júnior et al. (2002), avaliando dois níveis de concentrado (0,75 e 1,25%
do PC) e de dois níveis de substituição da proteína do farelo de soja pelo nitrogênio
não-protéico da uréia (0 e 100%) sobre os consumos e as digestibilidades dos nutrientes,
observou que a fonte proteica não afetou os consumos e as digestibilidades dos
nutrientes estudados, exceto o extrato etéreo (lipídeos).
Um aspecto nutricional que não pode passar despercebido é a liberação de
amônia no rúmen, pois se ultrapassar a capacidade de metabolização do animal (acima
de 75 mg/100 ml de líquido ruminal) ocorrerá problemas de intoxicação, podendo
inclusive levar o animal à morte. Portanto, a participação do NNP na dieta é função do
nível energético da mesma. Por exemplo, em animais alimentados exclusivamente com
10
grãos, a eficiência de utilização do NNP pode chegar próximo a 100%. Já com dietas de
baixa qualidade, caso das pastagens na seca, esse nível de eficiência cai para 20%. Isto
precisa ser considerado no momento de se balancear uma dieta e tomar decisões de
quanto NNP poderá substituir a demanda total de proteína (S´thiago, 1999).
A
exigência
de
proteína
degradável
no
rúmen
(PDR)
aumenta
proporcionalmente à oferta de energia (NDT) ao animal, e pode ser estimada usando-se
a equação: PDR, g/animal/dia = NDT, kg/animal/dia x 0,13 (NRC, 1996). É
aconselhável que no suplemento protéico, a proporção de PDR com origem na uréia,
não ultrapasse 30% da PDR total (S´thiago, 2001).
Os suplementos proteicos podem levar a diferentes ganhos daqueles obtidos com
suplementos apenas de sal mineral comum, sem afetar o comportamento ingestivo do
pasto e dos suplementos. A suplementação com proteinados promoveu melhores ganhos
do que com sal mineral comum, sem alterar os tempos diários de ingestão, de pastejo,
de ruminação e de ócio (Souza, 2007).
Ganho de peso e características de carcaça
Paulino et al. (2002), testando diferentes fontes de proteína verdadeira em
suplementos para bovinos machos mestiços holandês x zebu, obtiveram ganho de peso
médio de 1.069 g/animal/dia, considerando o fornecimento de 4 kg de suplemento/dia,
que continham 2,5% de uréia:sulfato de amônio (9:1), sal mineral, milho e ou soja grão
inteira (25%), ou caroço de algodão (50%), ou farelo de soja (17%). Os autores
consideraram estes resultados bastante satisfatórios, pois o ganho médio obtido foi de
75% do alcançado em sistemas de terminação em confinamento (1,5 kg/animal/dia).
Silva et al. (2008), estudando os níveis de uréia nos suplementos múltiplos em
substituição ao farelo de soja (T1, pasto e mistura mineral; T2, pasto e suplemento
múltiplo com 4% de uréia; T3, pasto e suplemento múltiplo com 8% de uréia e T4,
pasto e suplemento com 12% de uréia, ofertados na proporção de 0,2% do Peso corporal
dos animais) sobre o desempenho de bovinos da raça Nelore não castrados e com Peso
corporal médio inicial de 270kg em Brachiaria brizantha cv. Marandu, durante a seca,
relataram que o incremento de uréia no suplemento não afetou o ganho médio diário
(GMD) dos animais, entretanto, houve diferença no GMD entre os animais
suplementados
(0,309kg/animal/dia)
e
os
animais
do
tratamento
controle
11
(0,073kg/animal/dia) reforçando que animais suplementados com alguma fonte de
proteína obtém melhor desempenho que os suplementados apenas com mistura mineral.
Segundo Freitas (2005), o peso de abate, o peso de carcaça quente, carcaça fria e
a massa de carcaça do traseiro aumentaram com o nível de suplementação, contudo não
houve diferença entre o rendimento de carcaça, na massa do dianteiro e do costilhar. A
proporção de ossos do costilhar foi menor com níveis mais altos de suplementação, mas
no traseiro e dianteiro não houve influência marcante. A espessura de gordura na
carcaça, responsável pela manutenção da qualidade da carne no momento do
resfriamento de bovinos mestiços leiteiros foram maiores com níveis mais altos de
suplementos, contudo em bovinos nelores e cruzados nelore x red angus não houve
diferença.
Relação Custo:Benefício
Em estudos econômicos feitos por S´thiago e Silva (2002) para o uso de misturas
múltiplas para bovinos de corte, resultou nas seguintes margens (receita menos custos
adicionais em relação ao tratamento sem concentrado): nível 0,5 kg/animal/dia = R$
12,85/animal; nível 1,0 kg/animal/dia = R$ 12,26/animal; e nível 2,0 kg/animal/dia =
R$ 21,79/animal, contendo 3,71; 2,38 e 1,38 % de uréia, respectivamente, mais outros
ingredientes, como milho, farelo de soja, mistura mineral. Portanto, o custo do uso de
mais concentrado foi compensado pelo aumento no ganho de peso.
Segundo Carvalho et al. (2005), economicamente foi mais viável a
suplementação com sal proteinado (90g de nitrogênio, 56,25% de NNP Eq PB, 59,05%
de PB) do que a mistura múltipla (45 g de nitrogênio, 34% de PB e 1.158 kcal/kg de
energia metabolizável) para bovinos de corte na recria. As duas suplementações
testadas, sal mineral proteinado e mistura múltipla, não apresentaram diferença
significativa em ganho de peso médio diário no período de seca, nem depois durante a
época de chuva. A economia gerada na seca permaneceu na época da chuva, pois não
houve diferenças nos ganhos dos animais na época da chuva.
Rezende (2005), avaliando sal mineral (grupo controle) em relação ao
suplemento proteico contendo amiréia, suplemento proteico contendo uréia e bloco
multinutricional comercial para bovinos sem padrão racial definidos, não castrados, com
peso médio inicial de 378,87 Kg, em sistema de pastejo contínuo com 1,5 UA/ha de
Brachiaria brizantha cv. Marandu, obtiveram no suplemento contendo a uréia ganho de
12
peso diário de 610 g, com o menor custo por kg de suplemento, o que é uma vantagem
competitiva em favor da uréia na relação ao custo por arroba produzida.
Segundo Silva et al. (2008), na avaliação da viabilidade econômica da uréia em
substituição ao farelo de soja em suplementos para bovinos de corte, todos os níveis de
uréia mostraram-se capazes de gerar receita positiva, enquanto os animais mantidos
somente a pasto e mistura mineral geraram margem bruta negativa. O suplemento
contendo 4% de uréia proporcionou a obtenção de maior margem bruta e redução do
tempo necessário para o animal atingir 450kg de Peso corporal.
A suplementação, ao aumentar a taxa de ganho diário médio anual, apresenta
outro benefício importante na pecuária que é a redução do tempo de abate (450 kg PC)
que, por sua vez, aumenta o capital de giro do pecuarista e a qualidade de carne.
Bovinos cruzados Nelore x Red Angus que receberam suplementação em nível de 1,2%
do PC, foram abatidos 13 dias antes que os que receberam 0,4 % do PC.
Considerações Finais
O sistema de Integração lavoura pecuária (ILP), propicia um maior aproveitamento das
terras e utilização de sistemas integrados para melhoria do solo, planta, animal. A
utilização deste sistema tem sido regulamentada pelo uso sustentável das terras e sua
integração com outras práticas de manejo tem abordado um aumento na produção e
considerável lucro a atividade pecuária. A junção do manejo de ILP com o uso de
misturas múltiplas para bovinos de corte tem apresentado ganhos em produção,
rendimento de carcaça, digestibilidade e conversão alimentar aliando-se aos menores
custos dispensados para produção bovinocultura.
13
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18
CAPÍTULO II
DESEMPENHO DE BOVINOS NELORE SUPLEMENTADOS COM MISTURA
MÚLTIPLA EM SISTEMA DE INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
19
Desempenho de bovinos Nelore suplementados com mistura múltipla em sistema
de integração lavoura-pecuária
Resumo
Com o presente trabalho objetivou-se avaliar o ganho de peso, o comportamento
ingestivo e as características da carcaça de zebuínos castrados alimentados com
diferentes níveis de oferta de suplemento denominado mistura múltipla. A área
experimental de pastagem foi constituída de quatro piquetes de 10,5 ha-1 cada, num total
de 42 ha-1 e era parte de uma gleba da propriedade onde se cultivava algodão, soja e
milho em sistema Santa Fé de ILP. Foram utilizados 40 animais azebuados distribuídos
e quatro piquetes de 10,5 ha cada, 10 animais/piquete, sendo oito tésteres e dois
traçadores (reguladores) para ajuste de oferta de forragem, em 4 tratamentos com níveis
crescentes de oferta de mistura múltipla: 1; 2; 4 e 6 kg de suplemento/animal. A
produção de forragem no sistema Santa Fé de ILP foi alta e possibilitou uma estimativa
de oferta de MS acima das exigências dos animais. Não houve diferença (P>0,05) para
ganho de peso entre os tratamentos. As médias de ganho de peso de 0,602; 0,560; 0,520
e 0,686 kg/dia para os tratamentos 1; 2; 3 e 4 respectivamente demonstraram que o uso
de mistura múltipla em sistema de ILP promove ganho de peso satisfatório para
terminação de bovinos de corte. Os valores de acabamento de carcaça (ESCORE) e
Rendimento de Carcaça Quente (RCQ) obtiveram significância quadrática e linear
(P<0,05) com valores médios de 2,9; 2,4; 2,5 e 3,3 (ESCORE), 53,8; 52,73; 53,15 e
54,53 (RCQ) respectivamente, o que pode-se inferir que a suplementação melhora a
cobertura de gordura na carcaça e imprime mais rendimento. Embora houvesse
significância entre os tratamentos para ESCORE e RCQ, não se pode inferir que
economicamente seria viável a oferta de maiores níveis de mistura múltipla em
terminação de bovinos de corte no sistema Santa Fé de ILP devido à margem de lucro
ser muito pequena em relação aos gastos apresentados, porém, a suplementação com
mistura múltipla neste sistema permite elevação da taxa de lotação, elevando o numero
de animais por área e reduzindo o custo de produção. Contudo, Chuvas torrenciais
influenciaram no consumo do suplemento e consequentemente nas variáveis de
desempenho, porém, a terminação de bovinos neste sistema mostra-se promissora.
PALAVRAS-CHAVE: Integração lavoura-pecuária, Mistura Múltipla, Desempenho,
Bovinos de corte.
20
Performance of Nellore Bulls supplemented with multiple mixture in crop-livestock
system
Abstract
The present work aimed to evaluate weight gain, feeding behavior and zebu bulls
carcass characteristics fed different levels of supply supplement called multiple mixture.
The experimental area of pasture consisted of four paddocks of 10.5 ha-1 each for a
total of 42 ha-1 and was part of a tract of property where they cultivated cotton, soybean
and corn in ILP Santa Fe system. We used 40 distributed zebu-crossed animals and four
paddocks of 10.5 ha each, 10 animals / picket, eight tésteres and two tracers (regulators)
for herbage allowance adjustment in 4 treatments with increasing levels of multiple
mixture offer: 1 ; 2; 4:06 supplement kg / animal. Forage production in Santa Fe ILP
system was high and enabled a MS supply estimate above the requirements of the
animals. There was no difference (P> 0.05) for weight gain between treatments. The
average weight gain of 0.602; 0.560; 0.520 and 0.686 kg / day for treatments 1; 2; 3:04
respectively demonstrated that the use of multiple mixture LTI system promotes weight
gain suitable for finishing beef cattle. Housing finish values (SCORE), Hot Carcass
Yield (WHR) had quadratic and linear significance (P <0.05) with mean values of 2.9;
2.4; 2.5 and 3.3 (SCORE), 53.8; 52.73; 53.15 and 54.53 (WHR) respectively, which can
be inferred that supplementation improves fat cover housing and prints more income.
Although there was significant difference between the treatments for SCORE and
WHR, one can not infer that economically viable would be to offer greater mix multiple
levels in finishing beef cattle in Santa Fe ILP system due to the profit margin is very
small in relation to presented spending, however, supplementation with multiple mixing
this system allows increase in stocking rate, increasing the number of animals per area
and reducing the cost of production. However, Torrential rains influenced in supplement
consumption and consequently in performance variables, however, the termination of
cattle in this system appears to be promising.
KEYWORDS: Crop-livestock integration, Mix Multiple Performance, Beef cattle.
21
Introdução
Os sistemas de produção de carne bovina no Brasil utilizam as pastagens como
substrato básico, por isso a produção de carne depende em algumas vezes da
sazonalidade da produção das forrageiras. A prática de suplementação de bovinos em
pastagens ainda é incapaz de maximizar e garantir a estabilidade da produção animal na
falta de pasto. A falta de informações sobre as bases nutricionais envolvidas na resposta
à suplementação a pasto tem limitado a aplicação desses resultados nos sistemas
comerciais (Fernandes et al., 2010).
A suplementação para animais em pastagem tem sido utilizada no período em
que há baixa produção de matéria seca, com o objetivo de aumentar o seu consumo e
sua digestibilidade, melhorando o desempenho animal (Euclides et al., 2001). Os
principais efeitos da suplementação estão relacionados à melhoria na eficiência da
fermentação ruminal, velocidade de degradação ruminal da fibra e no consumo de
volumoso (Knorr et al., 2005).
De acordo com Paris et al. (2013), os bovinos apresentam pastejo seletivo, isto é,
maior consumo de folhas e colmos verdes e baixo consumo de material morto. Durante
o final do período das águas, pastagens em lotação contínua podem apresentar baixa
disponibilidade de folhas e baixo teor de PB, onde, quando o consumo de outras fontes
de nitrogênio, através da suplementação, poderia possibilitar aumento no consumo da
forragem e melhor desempenho animal.
O consumo de alimentos nos ruminantes é controlado principalmente pela
atividade ruminal, sendo o teor de 7% de PB na dieta total considerado o mínimo crítico
para uma boa condição de fermentação do rumem (Minson, 1990). Menores teores
proteicos acarretam diminuição no consumo, como consequência, as exigências de
mantença não são supridas, resultando em perda de peso (Paulino et al., 2003).
O aporte de nitrogênio (N) para as bactérias celulolíticas pode ser obtido por
meio da amônia resultante da hidrólise de N não-protéico (NNP) (Mlay et al., 2003). Os
compostos NNPs, em sua maioria, são hidrolisados pelos microrganismos quando
chegam ao rúmen, liberando amônia (Kozloski, 2009). Uma parte da amônia é
incorporada aos compostos nitrogenados microbianos e outra, pode ser absorvida
passivamente pelo epitélio ruminal ou passar com a digesta para os próximos
compartimentos do TGI (trato gastrintestinal). A quantidade que é absorvida está
positivamente relacionada às concentrações ruminais de amônia e pH, sendo a forma
22
dissociada NH3+ mais rapidamente difundida quando comparada à forma protonada
NH4+, com maiores taxas de absorção em pH mais elevado. Depois de absorvida, a
amônia é deslocada pela circulação entero hepática até o fígado para formação da uréia
e prevenção de intoxicação por NH3. O ciclo da uréia ocorre na mitocôndria dos
hepatócitos, sendo o excesso excretado pela urina e parte reciclada pelas vias trans
epitelial e salivar (Kozloski, 2009; Dutra et al., 2004). Este processo tem um gasto de 12
kcal/g de N (Van Soest, 1994) ou de 1 ATP/ molécula de uréia produzida (Santos et al.,
2001), representando então elevado custo biológico e desvio de energia que poderia ser
usada nos processos metabólicos para síntese de tecidos corporais (Paixão et al., 2006).
Segundo Campling et al. (1962), esta fonte, associada com a energia disponível
no processo de degradação ruminal, é prontamente utilizada para síntese de proteína
microbiana (PM) e atua no crescimento das bactérias fibrolíticas. A suplementação com
NNP tem aumentado a eficiência de utilização de forragens de baixo valor nutritivo,
podendo elevar sua digestão e consumo (Carvalho et al., 2003).
A uréia é menos utilizada quando o animal recebe alimentação exclusivamente à
base de feno ou de outra forragem do que quando é incluído amido de grãos ou de
cereais na dieta (Loosli e McDonald, 1968). Van Soest (1994), afirma que dietas pobres
em carboidratos solúveis e ricas em estruturais de parede celular de plantas maduras
limitam o uso do NNP devido à baixa energia desprendida e à lenta taxa de degradação
do CHO disponível.
A proteína de origem vegetal tem sido utilizada como fonte de proteína
degradável no rúmen (PDR) associada as misturas minerais com o objetivo de diminuir
a deficiência proteica de bovinos de corte em pastejo durante o período de seca.
Entretanto, a fração proteica dos suplementos deve merecer atenção especial, uma vez
que seu custo relativo é um dos mais elevados (Moraes et al., 2012). Dessa forma, a
substituição parcial ou total de fontes de proteína verdadeira pelo nitrogênio nãoproteico (NNP), frequentemente na forma de ureia, tem sido foco de pesquisas
(Magalhães et al., 2005; Paixão et al., 2006; Acedo et al., 2007), pois possui menor
custo por unidade de equivalente proteico.
No entanto, deve-se estabelecer o nível a ser utilizado no suplemento, visto que
em níveis elevados a ureia tem efeitos negativos sobre o consumo voluntário de
suplementos, seu uso pelos ruminantes é limitado, em virtude de sua baixa
palatabilidade, sua segregação quando misturada com farelos e sua toxicidade em doses
mais elevadas. Embora a inclusão de ureia em concentrados não cause decréscimo na
23
produtividade dos animais em confinamento (Magalhães et al., 2005; Paixão et al.,
2006), são necessários mais estudos que evidenciem qual o nível máximo de inclusão de
ureia nos suplementos proteico-energéticos que não afetaria o desempenho de bovinos
em pastejo.
Com base nesse contexto, objetivou-se com o presente trabalho avaliar o ganho
de peso, o comportamento ingestivo e as características da carcaça quente de bovinos
nelore suplementados com diferentes níveis de oferta de mistura múltipla, em sistema
de integração lavoura-pecuária (Santa Fé) no oeste da Bahia.
24
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Fazenda Pedras, situada no município de Luis
Eduardo Magalhães, na região oeste do estado da Bahia (conhecida como zona de
produção de grãos) durante a estação de estiagem de chuvas, entre os meses de julho a
outubro de 2011. O experimento teve duração de 107 dias sendo 15 dias de adaptação.
Foram utilizados 40 bovinos zebuínos com Peso corporal médio de 395±16 kg e
idade de 33±6, meses, castrados quimicamente com produto comercial de marca
reconhecida (Bopriva©), identificados com brincos e vermifugados sendo oito animais
tésteres e mais dois traçadores para ajuste da oferta de forragem de 10 kg de MS/100 kg
de PC, distribuídos em um delineamento inteiramente ao acaso.
Os tratamentos aplicados aos animais foram quatro níveis de suplemento
ofertado denominado mistura múltipla com 17% PB (Tabela 1), sendo:
 1º Tratamento (1,0) = 1,0 kg de suplemento/animal/dia;
 2º Tratamento (2,0) = 2,0 kg de suplemento/animal/dia;
 3º Tratamento (4,0) = 4,0 kg de suplemento/animal/dia;
 4º Tratamento (6,0) = 6,0 kg de suplemento/animal/dia;
Em função da estação chuvosa na região ter se iniciado antes do previsto
(novembro/2011), a avaliação de desempenho dos animais foi realizada de duas
maneiras: a primeira, considerando todo o período experimental de 107 dias, e a
segunda, fracionando-se em sub-períodos, sendo o primeiro (antes das chuvas) –
01/julho a 27/agosto, num total de 58 dias, e o segundo (durante as chuvas) – 28 de
agosto a 15 de outubro, num total de 49 dias. Procedeu-se dessa maneira três pesagens,
sendo a 1ª no inicio do experimento, a 2ª ao final dos primeiros 58 dias de experimento,
e a 3ª ao final do experimento, ou seja, aos 107 dias. Em todas as pesagens os animais
foram submentidos a jejum de 14 horas.
O suplemento era ofertado uma vez ao dia no período da manhã (8h00) em
comedouro de 2 m de comprimento com acesso à um lado e foi formulado para suprir
as exigências de uma bovino de corte de 400 kg de Peso corporal com ganho de 0,600
kg/dia NRC (1996).
O consumo de suplemento foi medido através da subtração entre a quantidade
ofertada e as sobra de suplemento no dia seguinte. O procedimento de oferta de
suplemento e pesagem das sobras era realizado diariamente onde era feito o calculo de
25
consumo por grupo e por animal para todos os tratamentos para os períodos de 107, 58 e
49 dias respectivamente.
A área experimental de pastagem foi constituída de quatro piquetes de 10,5 ha
cada num total de 42 ha, pertencentes a uma gleba de 500 ha da propriedade onde se
cultivava algodão, soja e milho em sistema de integração lavoura-pecuária (ILP)
denominado “Santa Fé”. Após a colheita da soja, foi realizado o plantio de milho e da
gramínea Brachiaria ruziziensis. Depois da colheita do milho foi feita a divisão dos
piquetes onde se instalou bebedouros, comedouros e foi efetuada a vedação
(diferimento) 60 dias antes do início do período experimental.
A cada 28 dias, realizaram-se coletas de amostras do pasto nos diferentes
piquetes, pelo corte a 10 cm do nível do solo em um quadrado metálico de 0,5 × 0,5m
em seis áreas por piquete determinadas aleatoriamente as quais foram pesadas para
estimativa de produção de forragem (kg ha), segundo o método de McMenimam (1997).
Após a pesagem, as amostras de cada piquete foram homogeneizadas para formação de
uma amostra composta (por piquete) e posterior análise da disponibilidade total de
matéria seca/ha (MST) e sua composição química. Visando reduzir a influência da
possível variação na disponibilidade de matéria seca (MS) de pasto, os animais foram
mantidos em cada piquete por sete dias e, após este período, procedeu-se rodízio
(mantendo-se os tratamentos por grupos de animais) entre os piquetes.
A taxa de acumulo forragem em MS por dia foi obtida através da razão entre as
médias de produção em kg de forragem/ha e período de total do experimento (107d). A
oferta de forragem em kg/100 kg de Peso corporal foi obtida pela razão entre a taxa de
acumulo por hectare e o Peso corporal médio dos animais. A massa de forragem (kg de
MS/ha) constitui-se da soma da oferta de forragem em kg de MS/100 de PC e kg de
suplemento por animal em cada tratamento. As taxas de lotação (TL) inicial e final
foram calculadas da seguinte maneira: TL = Peso corporal (PC) total dos 40 animais /
450 kg / 42 ha.
Foram colhidas amostras de cada partida da mistura múltipla e dos ingredientes
(caroço de algodão, milho, resíduo de soja e sorgo) e a cada sete dias amostras das
sobras de cada tratamento. Em seguida, as amostras foram acondicionadas em sacos
plásticos com as devidas identificações dos grupos, tratamentos e período de coleta e
congeladas a -18ºC.
Ao final do experimento foram descongeladas, homogeneizadas e retirada uma
alíquota de 250 gramas da amostra composta. As alíquotas foram pré-secadas em estufa
26
com ventilação forçada 55ºC por 72 horas e moídas em um moinho tipo Willey com
peneiras de malha de um milímetro.
Os ingredientes e a partida de cada composição da mistura múltipla bem como as
sobras dos cochos foram analisados para determinação dos teores de MS, MO, PB, EE e
MM de acordo com as recomendações descritas por Silva e Queiroz (2002). Para
determinação da lignina, foi usado o método descrito por Van Soest (1967), com a
utilização de ácido sulfúrico (H2SO4) a 72%. Para determinação das frações da parede
celular, fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em detergente ácido (FDA), utilizouse o método recomendo pelo fabricante do aparelho ANKON, da Ankon Technology
Corporation de acordo com o método de Van Soest et al. (1991), com modificações em
relação aos sacos, em que se utilizou sacos de TNT (tecido-não-tecido) gramatura 100
mm confeccionados no Laboratório de Nutrição Animal–NEPPA/UNEB campus
Barreiras-BA. Para determinar a FDN utilizou-se a enzima L-amilase termoestável de
acordo com Mertens (2002). Em todas as amostras, a FDN e a FDA foram corrigidas
para cinza e proteína, os resíduos da digestão em detergente neutro e detergente ácido
foram incinerados em mufla a 600ºC por quatro horas, e a correção para proteína foi
efetuada mediante proteína insolúvel em detergente neutro (PIDN) e a proteína
insolúvel em detergente ácido (PIDA).
Para a estimativa dos carboidratos totais (CHOT) utilizou-se equação proposta
por Sniffen et al. (1992):
CHOT = 100 - (%PB + %EE + %Cinzas)
Os carboidratos não fibrosos (CNF) foram estimados utilizando as equações
preconizada por Hall et al., (1999):
CNF = %CHOT - %FDN,
Sendo: FDN corrigida para cinzas (c) e proteína (p) (FDNcp).
Na determinação da PIDN e PIDA foi empregado o método descrito por Licitra
et al. (1996).
A conversão dos valores de NDT das dietas para energia digestível (ED) e energia
metabolizável (EM) foi realizada através das equações descritas pelo NRC (1996)
que corresponde a eficiência de utilização da ED, conforme Resende (1989).
ED (Mcal/kg) = 0,04409 * NDT (%);
EM (Mcal/kg) = ED (Mcal/kg) * 0,86,
Todas as análises da forragem e da mistura múltiplas foram realizadas no
Laboratório de Nutrição Animal–CCA/UNEB campus Barreiras-BA.
27
Tabela 1- Composição química dos alimentos utilizados nas dietas experimentais.
Ingrediente
Milho moído
Sorgo grão inteiro
Resíduo de Soja
Caroço de algodão
Núcleo mineral
Uréia
Forragem
1
MS
87,70
88,90
91,44
89,09
100,00
100,00
62,94
Composição bromatológica (%)
MM2
PB3
EE4
FDN5
1,73
8,91
4,57
15,35
1,98
12,59
3,55
13,84
5,00
38,48
18,09
20,80
3,82
13,44
16,88
67,31
0,00
0,00
0,00
0,00
280,00
0,00
0,00
0,90
7,03
1,06
80,89
FDA6
4,15
6,15
14,50
58,50
0,00
0,00
42,89
1: Matéria seca; 2:Matéria mineral; 3: Proteína bruta; 4: Extrato etéreo; 5: Fibra em detergente neutro; 6: Fibra em detergente ácido
Tabela 2 - Composição percentual e química da mistura múltipla (%MS).
Nível de inclusão (% MN da dieta)7
Milho moído
Sorgo grão inteiro
Resíduo de soja
Caroço de algodão
Núcleo mineral
Uréia
60,00
25,50
2,00
5,00
5,00
2,50
Composição química e bromatológica (% MS)
1
MS (%)
MM2 (%)
PB3 (%)
EE4 (%)
FDN5 (%)
FDA6 (%)
Lignina
Carboidratos Totais
Carboidratos Não Fibrosos
Proteína Insolúvel em Detergente Neutro
Proteína Insolúvel em Detergente Ácido
Nutrientes Digestíveis Totais
Energia Metabolizável (Mcal/kg)
89,02
2,65
17,00
4,85
16,52
9,17
5,01
80,43
37,61
2,92
0,90
76,00
2,12
1
Matéria seca; 2Matéria mineral; 3Proteína bruta; 4Extrato etéreo; 5 Fibra em detergente neutro; 6Fibra em
detergente ácido; 7 Matéria Natural bruta; 4Extrato etéreo; 5 Fibra em detergente neutro; 6Fibra em
detergente ácido; 7 Matéria Natural
As observações referentes ao comportamento ingestivo dos animais foram
realizadas pelo método de varredura instantânea, em três períodos no decorrer de 90
dias. Os animais foram observados ao alto de uma torre (2m/altura) na parte central de
cada piquete, as observações foram realizadas por seis pessoas treinadas posicionadas
28
estrategicamente de forma a não interferir no comportamento normal dos animais. Os
observadores permaneceram no local em período diurno por 12 horas (cada observador
passou 3 horas em cada piquete estando todos em cada piquete para diminuir a
inferência subjetiva). O registro das atividades se fez através de observação direta com
coleta continua e amostragem focal com ajuda de um binóculo de longo alcance, com
intervalo amostral a cada dez minutos para os registros das categorias: pastejo,
ruminação/ócio, cocho e outros comportamentos (Joohnson e Combs, 1991). Os dados
obtidos foram utilizados nas estimativas dos tempos em horas depreendidos em cada
atividade comportamental categorizada.
Os animais foram abatidos ao final do período experimental no frigorífico
FRIBARREIRAS a 110 km do local do experimento, foi dado jejum (dieta hídrica) de
12 horas aos animais. A forma de abate foi por concussão cerebral por pistola de
pressão com dardo cativo seguindo as recomendações do RIISPOA 2012. O peso da
carcaça quente (PCQ) foi mensurado para posterior avaliação do rendimento de carcaça
quente (RCQ) e a tipificação das mesmas segundo Portaria nº 612 (1989) do MAPA. O
RCQ, @ total e @/hectare foram obtidos seguindo as fórmulas: RCQ =
(PCQ/PCF)x100, em que PCF = Peso corporal final; @Total = PCQ/15; e @/hectare =
GPT/animal x RC) / 100 / 15, respectivamente, sendo este último, corrigido para 1/ha,
tendo em vista que a carga animal no experimento foi de 10 animais/10,5 ha (cada
piquete), portanto, corrigiu-se multiplicando o valor de @/ha por 1,05 (10,5 ha/10
animais). Todos estes valores são relativos à médias dos grupos de cada tratamento. As
carcaças dos animais foram divididas em duas meias carcaças, as quais foram pesadas,
aferidas o pH (quente) e resfriadas em câmara fria a 5 °C durante 24 horas. Após este
período foi mensurado o pH (fria) e feita a coleta de uma amostra representativa das
meias-carcaças esquerdas de cada animal, correspondendo à secção entre a 11a e 13a
costelas, para dissecação e predição das proporções de tecido muscular, adiposo,
segundo método preconizado por Hankins e Howe (1946).
Foram avaliados, por meio do desempenho animal em cada nível de suplemento
ofertado, os parâmetros de reposta econômica tomando-se como base as receitas e
despesas. Todas as cotações empregadas foram tomadas na região e no período em que
se conduziu este experimento.
Os dados foram submetidos a analise de variância e teste de regressão (com 5%
de significância) através do programa estatístico SAS, utilizando-se o seguinte modelo
estatístico:
29
Yij = μ + Ti +ξij; em que:
Yij = valor observado; μ = media geral; Ti = efeito dos níveis de suplemento, e ξij =
efeito do erro.
30
Resultados e Discussão
A avaliação das características de produção de forragem (Tabela 3) da
Brachiaria ruziziensis como percentagem de matéria seca (%MS), produção de
forragem (kg de MS/ha), taxa de acúmulo de forragem (kg de MS/ha-1/dia), oferta de
pasto (kg de MS/100 de PC) e a oferta total de pasto + suplemento (kg de MS/ha/dia),
relacionadas a cada piquete não apresentaram diferença (P>0,05) entre os tratamentos.
O mesmo ocorreu quando quantificada a produção em relação aos cortes nos diferentes
períodos (a cada 28 dias). Esse resultado indica que os valores referentes à produção de
forragem durante o período experimental se manteve constante e eram esperados devido
a homogeneidade da área.
Tabela 3 – Disponibilidade de forragem em área de Brachiaria ruziziensis no sistema de
Integração Lavoura-Pecuária.
Média
Piquetes
Variável
1
2
3
CV (%)
4
Produção de massa verde (kg MN/ha)
17.340 13.504 13.585 15.584 15.003
% matéria seca
25,00
27,00
26,50
25,59
26,02
37,55
4335
3646
3600
3988
3892
16,67
Taxa de acumulo de forragem (kg de MS/ha dia)
40,51
34,07
33,64
37,27
36,37
-
Oferta de pasto (kg MS/100 kg PC)
9,00
7,50
7,35
8,18
8,01
-
9,89
9,28
10,91
13,52
10,90
-
Massa de forragem (kg de MS/ha)
-1
-1
Oferta de pasto + oferta suplemento (kg/ha dia MS)
-
Cortes nos quatro piquetes
1
2
b
3
a
Massa de forragem (kg de MS/ha)
2836 4316 4038
MN = Matéria natural; MS = matéria seca; CV = Coeficiente de variação
Médias seguidas de letras distintas, na linha, diferem a 5% de probabilidade.
4
a
4256
5
a
4016
Média
a
3861
No presente estudo observou-se média de produção de massa verde na ordem de
15 t/ha (matéria natural), com 26% de MS, portanto, com produção média de 3.892 kg
de MS/ha. Fiorentin et al. (2012) registraram produção da B. ruziziensis em torno de 14
ton/ha/ano de matéria natural (MN), também em sistema de integração lavourapecuária. No presente experimento a produção forrageira corroborou com o autor acima
citado, o qual afirmou a mesma suposição nas condições de ILP, devido ao nível de
resíduo de adubos das culturas anteriores que proporcionou uma melhor produção da
gramínea. Levando-se em consideração que a taxa média de acúmulo de forragem, em
cada piquete, foi de 36,4 kg de MS/dia e que o consumo diário de MS de um bovino de
31
426 kg de PC (média global de todos os animais testados) é de 11 kg de MS, segundo o
NRC (1996), e ainda considerando uma eficiência de pastejo de 50% (Braga et al.,
2007) pode-se afirmar que a lotação praticada poderia ser de 1,65 UA/ha -1, elevando-se
em 65% a taxa de lotação média, que foi de 1,0 UA ha-1, com oferta de forragem de
8,5% do PC, a recomendada por Hodgson (1990) é de no mínimo 10% do PC.
Mais recentemente, com o intuito de reduzir as perdas de forragem, alguns
pesquisadores tem recomendado menores ofertas de forragem, entre 4 e 5% do PC.
Portanto, considerando-se uma oferta de forragem de 4% PC, tida como uma boa oferta
de forragem aos animais (Da Silva e Pedreira, 1997; Braga et al., 2007), a taxa de
lotação aplicada poderia ser na ordem de 3,5 UA/ha-1, favorecendo de maneira ainda
mais expressiva a terminação de bovinos azebuados em sistema de ILP. A alta oferta de
forragem obtida com a gramínea B.ruziziensis no sistema “Santa Fé” de ILP,
proporcionou aos animais uma melhor seletividade do pasto o que certamente
influenciou num melhor desempenho. Embora não tenha sido realizada a análise de solo
para este experimento, o alto potencial produtivo da Brachiaria ruziziensis encontrado
deve-se à fertilidade do solo da propriedade que o utiliza primordialmente na produção
de algodão, soja e milho.
Na literatura são encontradas recomendações de adubação de NPK (Nitrogênio,
Fósforo e Potássio) para algodão, soja e milho em solos do cerrado brasileiro da ordem
de 175 N, 150 P2O5 e 170 K2O kg/ha (Ferreira e Carvalho, 2005); 50 N, 20 P2O5/ton. de
grão e 20 K2O kg/ha (Bernardi et al., 2009); 30 N, 40 P2O5 (3 a 4 ton. de grão) e 40 K2O
(Vilela et al., 2012) kg/ha respectivamente. Estes valores são considerados altos, porém,
necessários segundos os autores.
Segundo Euclides et al. (1998), para que a suplementação proporcione
resultados, é preciso que a pastagem tenha massa equivalente a 2,5 toneladas de MS/ha.
Sendo assim, a disponibilidade de forragem encontrada neste experimento: 4,33; 3,65;
3,6 e 3,9 toneladas de MS/ha para os piquetes 1; 2; 3 e 4 respectivamente, foi bem
acima da recomendada por estes autores o que favoreceu um pastejo irrestrito, não
oferecendo limitações à capacidade ingestiva de matéria seca (MS) de pasto aos animais
em todos os piquetes avaliados.
A produtividade das gramíneas decorre da contínua emissão de folhas e é um
processo importante após o corte e, por isso, a utilização de recursos que priorizem o
surgimento de novas folhas é fundamental para a recuperação da sua eficiência
fotossintética (Gomes et al., 2012). Estes autores enfatizam que a morfogênese é a
32
dinâmica de geração e expansão da planta no espaço e em algumas espécies de clima
tropical como a Brachiaria ruziziensis, o alongamento de colmos torna-se importante
componente do crescimento, interferindo significativamente na estrutura do pasto e no
equilíbrio dos processos de competição por luz e alimentação.
A topografia extremamente plana da área utilizada neste experimento bem como
a uniformidade do plantio por ter sido realizado com equipamentos de precisão,
conferiu ao pasto uma cobertura total e ampla de toda a área, caracterizando bom
manejo dos aspectos produtivos do pasto conferindo-lhe alta produção de MS. Outra
variável importante na produção de forragem citada por Richetti e Ceccon (2010), é o
nitrogênio que em condições onde o ambiente é ideal e não há limitação na
disponibilidade de outros nutrientes, ele afeta a expressão das variáveis morfogênicas
aumentando a taxa de alongamento de folhas e a taxa de aparecimento de perfilhos que
influenciam diretamente na produção de kg/MS/ha. No presente trabalho, não foi
realizada qualquer aplicação de fertilizante ou corretivo no solo, ficando a gramínea
somente com o resíduo da adubação das culturas anteriormente cultivadas na área
(algodão, soja e milho). No sistema “Santa Fé”, quando o objetivo primordial é a
agricultura, minimizar os custos da produção de grãos através do faturamento
secundário com pecuária, não se justifica onerar o sistema produtivo aplicando
corretivos já que o intuito é aproveitar o resíduo da adubação para plantio de forragem
e o uso desta em pecuária de ciclo curto (terminação).
Na Tabela 4 são apresentadas as médias de Peso corporal inicial (PCI), Peso
corporal final (PCF), ganho médio total (GMT) e ganho médio diário (GMD), por grupo
e por animal nos 58, 49 dias (1º e 2º subperíodos, respectivamente) e 107 dias de
experimento (todo período experimental), além do ganho de peso total (GPT), por
hectare, arrobas por animal (@/animal), arrobas por hectare (@/hectare), grau de
acabamento da carcaça (ESCORE), peso de carcaça quente (PCQ) e rendimento de
carcaça quente (RCQ) dos animais, respectivamente. Não houve diferença significativa
para PCI (P>0,05), demonstrando homogeneidade dos animais no inicio do
experimento. Para as variáveis: PCF, GMT (107dias), GMD (107dias), GMT (P58d),
GMD (P58d), GMT (P49d), GMD (P49d) não foram encontradas diferenças
significativas entre os tratamentos (P>0,05). O GMD entre os tratamentos no período
total do experimento (107 dias) foi de 592 g/dia, demonstrando que a oferta de mistura
múltipla, em pastejo diferido, no sistema de ILP pode auferir ganhos diários
satisfatórios. A digestibilidade de uma dieta é resultado dos efeitos interativos e
33
associativos de todos os seus nutrientes que a compõem e não simplesmente do efeito
isolado de determinado constituinte (Machado et al., 2011).
34
Tabela 4 – Médias de desempenho de bovinos Nelore terminados em sistema de integração Lavoura-Pecuária, em função dos
tratamentos.
Variável
1
2
4
16
17
E.P.M
CV
(%)
6
significância
L
Q
Equação
1
PCI (Kg)
395,8
398,4
393,5
393,2
2,32
22,5
-
-
Y = 395,22
2
PCF (Kg)
460,13
458,31
449,19
463,63
6,16
24,2
-
-
Y = 457,81
3
GMT/Grupo (107d)
64,38
59,94
55,69
73,38
15,74
34,47
-
-
Y = 63,34
4
GMD/Animal (107d)
0,602
0,560
0,520
0,686
0,311
38,59
-
-
Y = 0,592
5
GPT(Kg/animal/ha)
61,1
57,1
53,0
69,0
21,79
34,47
-
-
Y = 63,34
6
GMT/Grupo (58d)
49,63
56,06
56,63
60,31
4,44
36,50
-
-
Y = 55,65
7
GMD/Animal (58d)
0,856
0,967
0,976
1,040
0,077
34,20
-
-
Y = 0,960
8
GMT/Grupo (49d)
14,75
3,87
-0,94
13,06
7,48
37,25
-
-
Y = 7,68
9
GMD/Animal (49d)
0,307
0,081
0,020
0,656
0,300
33,90
-
-
Y = 0,266
10
@Total
16,3
16,11
16,14
16,85
0,45
7,74
-
-
Y = 16,35
11
@/hectare
2,2
2,0
1,9
2,6
0,29
36,36
-
-
Y = 0,27
12
ESCORE
2,9
2,4
2,5
3,3
0,60
22,00
-
0,0128
Y = 0,3125x2 - 1,4375x + 4
13
PCQ (kg)
244,4
241,7
242,1
252,9
18,98
7,74
-
-
Y = 245,27
14
53,08
52,73
53,15
54,53
1,46
2,73
0,0311
-
RC (%)
1
Níveis de suplementação (kg)
Y = 0,477x + 52,175
Peso corporal inicial; 2Peso corporal final; 3Ganho médio total por grupo (107 dias); 4Ganho médio diário por animal (107 dias); 5Ganho de peso total por
hectare; 6Ganho de peso total por grupo (58 dias); 7Ganho médio diário por animal (58 dias); 8Ganho médio total por grupo (49 dias); 9Ganho médio diário
por animal (49 dias); 10Arroba total por animal; 11Arroba por ha; 13Peso de carcaça quente; 14Rendimento de carcaça; 16Erro padrão da média; 17Coeficiente
de variação
35
Thiago et al., (1997) e Detmann et al., (2004) observaram médias de GMD de 0,136
e 0,227 kg respectivamente para novilhos azebuados em terminação recebendo apenas
mistura mineral. Neste contexto, a suplementação pode possibilitar desempenho
diferenciado aos animais, desde a manutenção de peso, ganhos moderados de 200 a 300
g/dia, até ganhos de 500 a 600 g/dia (Paulino, 2001). No presente trabalho, os valores de
GMD encontrados ficaram entre três a quatro vezes acima dos citados por Thiago et al.,
(1997) e Detmann et al., (2004), quando estudaram apenas a oferta de mistura mineral.
Para (Góes et al., 2005), a utilização de suplementos para bovinos a pasto visa suprir
deficiências que venham a prejudicar o crescimento animal. Em muitos casos, pode-se
melhorar o desempenho, porém, a resposta pode não ser satisfatória, podendo ser maior ou
menor que a esperada.
Embora não se tenha estimado o consumo a pasto, pode-se inferir que o efeito
associativo do suplemento sobre o consumo da forragem, pode em parte explicar o GMD
observado e através da energia disponível da dieta ofertada, podendo ter havido
modificação da condição metabólica ruminal e do próprio animal.
Como esperado, observou-se efeito linear crescente (P<0,05) do nível de oferta
sobre o consumo diário de matéria seca de suplemento (CS) registrada durante todo o
período experimental (107 dias), com aumento de 354 g para cada kg a mais de oferta
(Tabela 5). Considerando os valores médios observados em cada nível de oferta de
suplemento, observou -se valores correspondentes a 0,23; 0,34; 0,44 e 0,47% do peso
corporal (PC) para os tratamentos 1; 2; 3 e 4, respectivamente. Estes valores demonstram
não ter havido efeito substitutivo do pasto, embora a quantidade ofertada tenham sido alta:
1; 2; 4 e 6 kg de mistura múltipla/animal o que correspondeu a 0,24; 0,47; 0,94 e 1,41% do
PC. Para Euclides et al. (2001), quando os animais têm à disposição forragem ad libitum e
recebem quantidade limitada de concentrado, a suplementação pode produzir dois efeitos:
aditivo e substitutivo. Estes autores observaram também a ocorrência desses dois efeitos
simultaneamente, uma vez que, além do aumento no ganho de peso dos animais que
receberam suplementação alimentar, houve aumento na capacidade suporte dos pastos em
24%, o que indica que houve redução no consumo de forragem.
36
Tabela 5 - Consumo de mistura múltipla (kg/grupo e kg/animal) no período de 107d, no 1º sub- período (58d) e no 2º subperíodo (49d) de bovinos azebuados terminados em sistema de integração Lavoura-Pecuária.
Equação
Variável
Níveis de suplementação (kg)
Significância
E.P.M
1
2
4
6
L
CS/Grupo 107d (kg)
7,82
11,57
14,84
16,15
5,58
<0,001
Y = 2,826x + 5,53
CS/Animal 107 (kg)
0,98
1,45
1,86
2,02
0,70
<0,001
Y = 0,3539x + 0,692
CS/Grupo 59d (kg)
7,28
8,48
10,73
14,22
4,22
<0,001
Y = 2,3024X + 4,4261
CS/animal 59d (kg)
0,91
1,06
1,34
1,78
0,53
<0,001
Y = 0,2878X + 0,5533
CS/Grupo 48d (kg)
8,00
16,00
21,00
24,07
7,02
<0,001
Y = 5,3217X + 3,9623
CS/Animal 89 (kg)
1,00
2,00
2,62
3,00
0,87
<0,001
Y = 0,6652X + 0,4953
CS: Consumo de Suplemento; E.P.M: Erro Padrão da Média; CV: Coeficiente de Variação
37
Em sistemas que almejam a produção de carne da melhor qualidade, proveniente de
novilhos jovens, os suplementos são fornecidos em quantidades equivalentes a até 0,81,0% do PC, especialmente se os animais são terminados durante a seca (Paulino, 1999).
Devido à boa oferta de forragem como citado acima e uma qualidade regular (7% de PB)
da gramínea os animais certamente buscaram suprir a maior parte de suas exigências
aumentando o consumo de MS de pasto e a eficiência de utilização deste. Segundo Minson
(1990), 7% de PB na forragem são o mínimo para favorecer a atividade fibrolítica ruminal.
Baroni et al. (2010) avaliando a suplementação de novilhos em terminação no período
seco, encontraram média de produção de forragem de 4.270 kg/ha com 6,4% de PB e
concluíram que esta disponibilidade favoreceu o pastejo seletivo e consequentemente a
maximização da ingestão de MS.
Um fator muito importante influenciou o consumo de suplemento e de forragem
durante o período experimental. Chuvas torrenciais que não eram esperadas para o período
caíram há aproximadamente 20 dias antes do fim do experimento, o que de certa forma
prejudicou a qualidade do pasto, que por estar seco, tornou-o suscetível ao “acamamento”,
provocando deterioração da matéria orgânica e prejudicando o consumo, fato também
observado com o suplemento, que embora posto diariamente, os animais reduziram
demasiadamente a ingestão.
As taxas de lotação (TL) inicial e final do experimento foram baixas, 0,88 e 1,02
UA/ha, respectivamente, em função da alta disponibilidade de forragem nas pastagens
diferidas. Euclides et al. (1998) também verificaram que, durante o período seco, os
piquetes de Brachiaria decumbens onde os animais tiveram acesso ao suplemento
apresentaram maior capacidade de suporte quando comparados àqueles em que os animais
não consumiram suplemento. Provavelmente, neste experimento, ocorreu efeito aditivo ou
suplementar até o inicio das chuvas inesperadas e efeito combinado durante esta. O efeito
aditivo ou suplementar refere-se ao aumento do consumo total de energia digestível devido
ao incremento no consumo do concentrado, podendo o consumo de forragem permanecer o
mesmo ou aumentar. No efeito combinado, observam-se ambos os efeitos, substitutivo e
aditivo, no qual há decréscimo no consumo de forragem e ao mesmo tempo elevação no de
concentrado, o que resulta em maior consumo de energia digestível (Moore et al., 1999).
Avaliando-se o desempenho dos animais em períodos distintos, observa-se
diferença significativa (P<0,01) dos primeiros 58 dias (primeiro subperíodo - antes das
chuvas), quando comparado aos últimos 49 dias (segundo subperíodo - durante as chuvas)
(Figura 1). As médias de ganho de peso diárias para o primeiro subperíodo foram 856; 967;
38
976 e 1040 g, nos tratamentos 1, 2, 3 e 4, respectivamente, e para o segundo subperíodo
foram 307; 81; 20 e 656 g. Observou-se que no primeiro subperíodo (P58d) os ganhos
foram satisfatórios para suplementação de bovinos com mistura múltipla corroborando
com vários autores (Kabeya et al., 2002; Detmann et al., 2004; Paula et al., 2010; Tonello
et al., 2011). Esta diferença pode estar relacionada ao maior consumo de matéria seca e
potencialização
dos
microrganismos
digestores
da
fibra,
proporcionado
pelas
características bromatológicas do suplemento, devido à alta constituição de carboidratos
não fibrosos (CNF). Analisando-se o ganho médio diário (GMD), na Tabela 4 e o consumo
de suplemento (CS), na Tabela 5, no P58d, pode-se inferir que houve efeito aditivo do
suplemento em relação ao pasto, especialmente quando se observa que, mesmo para os
tratamentos onde foram ofertados as menores quantidades de suplemento, 1 e 2 kg/dia, não
foram encontradas diferenças significativas quando comparados com as maiores ofertas, de
4 e 6 kg/dia, demonstrando que os animais assimilaram e aproveitaram de forma eficiente
o potencial nutritivo do pasto, o qual encontrava-se com níveis de 7% de PB (mínimo
recomendado) em função do consumo adequado de suplemento necessário para suprir as
exigências de mantença e produção.
O GMD e CS no segundo subperíodo (P49d) foram comprometidos pelos fortes
chuvas ocorridas ao final do experimento, aproximadamente 20 dias do término.
Observou-se efeito linear crescente para CS (P<0,05) e não significância para GMD
(P>0,05). Neste período foi observado redução inicial do CS nos primeiros dias, após o
acamamento e início da deteriorização da forragem. Posteriormente observou-se um
aumento no CS por parte dos animais, obviamente estes não estavam mais encontrando MS
seca suficiente para suprir suas necessidades na pastagem que havia entrado em processo
de apodrecimento e passaram a consumir maior quantidade de suplemento. Em detrimento
da menor oferta de MS de pasto houve efeito substitutivo e mesmo com o consumo de
suplemento aumentado, o GMD neste período foi bem inferior quando comparado ao P58d
(P<0,05) (Figura 1).
Um atributo determinante do desempenho de animais em pastejo é o próprio
consumo de forragem e este está correlacionado por fatores relativos ao animal, pasto,
ambiente e às suas interações. Não obstante, determinação do CMS (consumo de matéria
seca) pelo animal se torna difícil devido a variabilidade destes fatores (NRC, 1996).
Animais em pastejo tem o consumo de matéria seca afetado principalmente pela
oferta de forragem devida sua estrutura (densidade, altura, relação folha:colmo). Se a
proteína presente na forragem se encontrar em níveis baixos que não correspondam às
39
exigências auferidas pelo sistema de produção determinado, o consumo deverá ser
incrementado com quantidade de suplemento proteico suficiente para suprir esta
deficiência. Para Santos et al. (2004ª, 2004b), quando mais de 1 kg de suplemento é
fornecido, há redução do consumo de forragem por substituição. Zinn e Garces (2006)
sugeriram que a redução do consumo de pasto é mínimo até o nível de suplementação de
0,3% do PC por dia e quando o consumo de suplemento aumenta para níveis acima de
0,3% do PC, o consumo de pasto é reduzido e que esse decréscimo pode ser ainda maior
quando a oferta de suplemento é de 0,8% do PC, pois nesse contexto, o limite biológico de
ganho de peso dos animais a pasto está próximo de ser alcançado. A grande deficiência nas
pesquisas conduzidas no Brasil sobre o uso de suplementação é a pouca atenção à
quantificação do consumo de MS dos pastos onde são mantidos os animais (Silva et al.,
2009). Devido situações alheias ao controle experimental, não foi possível estabelecer
estimativa de consumo de forragem neste experimento o que certamente comprometeu
fidedignidade de resultados neste sentido.
Figura 1 – Desempenho de bovinos azebuados suplementados com mistura múltipla
em sistema de ILP em dois períodos de avaliação.
Não houve diferença significativa entre os tratamentos para arroba total (@Total) e
arroba por hectare (@/hectare) (P>0,05).
As médias para acabamento (ESCORE) e rendimento de carcaça quente (RCQ)
apresentaram significância quadrática e linear (P<0,05) respectivamente (Tabela 2).
40
O grau de acabamento apresentado pelas carcaças nos tratamentos com ofertas de
1; 2 e 3 kg de MM/animal/dia foram qualificadas como escassas e no tratamento com
oferta de 6 kg/animal/dia, mediana. A maior ingestão de suplemento no tratamento com
oferta de 6kg/animal/dia de mistura múltipla influenciou numa maior deposição de gordura
subcutânea nas carcaças dos animais deste tratamento, pois o consumo de energia pode
alterar a composição da carcaça em proteína e lipídeos (Lopes et al., 2012).
Ao trabalharem com níveis de concentrado na dieta de animais zebuínos, Costa et
al. (2005) encontraram efeito linear do consumo de suplemento sobre a espessura de
gordura subcutânea. Segundo os autores, animais alimentados com rações que contenham
maiores níveis proteicos energéticos tendem a depositar maior quantidade de gordura em
comparação aos animais que recebem dietas com menores níveis de energia, o que pode
explicar a maior deposição de gordura subcutânea daqueles que receberam maiores níveis
de concentrado.
No sistema BRASIL de tipificação de carcaças, o grau de acabamento das carcaças,
avaliado pela espessura da gordura subcutânea (EGS), permite que carcaças com gordura
escassa sejam consideradas adequadas. Neste caso, espessura de gordura abaixo de 3 mm
são aceitas, no entanto, Luchiari Filho (2000), considera 3 mm como a espessura de
gordura mínima ideal para uma carcaça de boa qualidade.
Como já citado, nos primeiros 58 dias do experimento os animais obtiveram ganho
de peso ascendente devido às condições estabelecidas na época, porém, no segundo
subperíodo estas condições variaram e as chuvas que ocorreram comprometeram tanto o
acabamento de carcaça, pois os animais passaram a depositar menos gordura devido à falta
de pasto e a perder peso, pois não obstante, sob restrição alimentar, o tecido adiposo é o
primeiro a ser utilizado como fonte de energia aos animais, como também o RCQ, já que
este possui forte correlação com o peso corporal.
Com a adição da mistura múltipla, houve alteração no peso corporal ao abate, e
acabamento das carcaças (Tabela 4).
A similaridade entre os PCQ (P>0,05) pode ser explicada pela semelhança no
ganho de peso diário dos animais (Y = 245,27; Cruz, 2013) que os proporcionou o mesmo
ritmo de crescimento e desenvolvimento corporal, comprovado pela proximidade dos
escores de conformação das carcaças, bem como por suas proporções dos tecidos ósseo,
muscular e adiposo (Capitulo III). Isto porque segundo Berg e Butterfield (1979), durante o
crescimento e a engorda dos animais, as taxas de síntese dos tecidos são influenciadas
41
principalmente pela idade, pelo estádio fisiológico, pela nutrição pelo genótipo e pelo sexo
do animal, que alteram a composição física e química da carcaça.
Neste estudo, quando avaliado a conformação das carcaças dos animais nos quatro
tratamentos, estas foram classificadas como subconvexas para os quatro tratamentos e
acabamento escasso para os tratamentos 1; 2 e 3, e mediano para o tratamento 4, esses
resultados diferem de Joaquim (2000), que trabalhou com bovinos nelores e obteve
classificação retilínea e acabamento escasso.
Para Lopes et al. (2012), A importância do rendimento de carcaça nos sistemas de
produção no Brasil é consequência da forma de comercialização utilizada, que remunera o
produtor de acordo com o peso de carcaça quente.
O rendimento de carcaça obtido não foi considerado ruim comparado a outros
trabalhos realizados inclusive com animais cruzados e terminados em condições
semelhantes e até mesmo em confinamento (Moraes et al., 2012; Detmann et al., 2004).
O tempo diurno de pastejo, ócio, cocho e outras atividades realizadas pelos animais
não apresentaram diferença significativa (P>0,05) entre os diferentes níveis de
suplementação estudados, apresentando valores de tempo de pastejo diurno médio de 4
horas. O ócio/ruminação e as atividades que não incluem a alimentação, como caminhada e
bebedouro (outros), perfizeram cerca de 10 horas, com variações entre 8 horas por dia
(Figura 2) valores próximos de Soares et al. (2011).
1kg
2kg
4kg
6kg
Figura 2. Tempo de pastejo, ruminação/ócio, cocho e outros comportamentos diurnos de bovinos
em pastagem de Brachiaria ruziziensis submetidos a diferentes níveis de suplementação
com mistura múltipla em sistema de integração lavoura-pecuária.
Pardo et al. (2003) demonstraram efeito de substituição, em que o consumo de
suplemento reduz a ingestão de forragem e o tempo de pastejo. Segundo esses autores, o
42
decréscimo de pastejo nem sempre resulta no decréscimo no ganho, pois os animais nessa
situação apresentam menor gasto de energia em decorrência da diminuição no
deslocamento.
Os resultados observados neste trabalho foram semelhantes aos obtidos por
Brandyberry et al. (1999), os quais relataram que a suplementação de baixo consumo
ocasionalmente influencia a utilização da forragem, porém pareceu exercer pequena
influência nos componentes do comportamento de pastejo.
Silva et al. (2005), ao fornecerem suplemento em níveis crescentes (0,25; 0,5; 0,75
e 1% do Peso corporal) para novilhas mestiças de Holandês, não observaram diferenças
significativas quanto aos tempos diurnos de pastejo e ruminação entre os animais.
Segundo Soares et al. (2011), quando o animal atinge a saciedade mais
rapidamente, indicado pelo aumento do tempo de ruminação e ócio, resulta em melhoria no
balanço energético, pois o animal deixa de gastar energia na busca pela forragem. Esse fato
pode ser explicado pelo fato dos animais suplementados terem compensado o menor tempo
destinado para pastejar, com tempo de cocho, que foi de aproximadamente 1 hora.
Mesmo não havendo diferença entre os tratamentos para os parâmetros de
desempenho, pode-se inferir que a suplementação com mistura múltipla (MM) em pastejo
diferido em sistema de ILP proporcionou ganhos satisfatórios em todos tratamentos. As
chuvas ocorridas ao fim do experimento comprometeram em demasiado o desempenho dos
animais, em contrapartida foi observado significância linear para RC (P<0,01) onde o
maior nível de oferta apresentou melhor RCQ. Tão importante quanto à observação do
ganho de peso dos animais são as avaliações do rendimento de carcaça (%), que são o
referencial do frigorífico para o pagamento ao produtor. Assim, é importante ter um
parâmetro entre o peso corporal e quanto deste peso é representado pela carcaça
propriamente, ou seja, quanto do animal é realmente tecido muscular, adiposo ou ósseo
(Souza et al., 2012). Desta maneira, avaliando-se os custos de produção e receita bruta, os
melhores resultados de margem líquida se concentraram no tratamento com 1 e 6 kg de
MM, contudo, devido a possibilidade de menos custos, o tratamento com 1 kg de
MM/aniamal/dia se insere como mais eficiente (Tabela 4). Comparando-se o acréscimo em
porcentagem do RCQ entre os tratamentos com 1 e 6 kg de MM (Tabela 2), o valor
acrescido com o aumento da oferta de 1 kg/animal para 6 kg/animal não se mostrou tão
viável haja vista que a receita aumentou em 27,8% enquanto os custos se elevaram em
59% respectivamente tendo a margem líquida uma diferença de apenas 2,8% entre a menor
43
e a maior oferta de MM/animal, sendo estes os tratamentos que apresentaram os melhores
desempenhos em RCQ.
Tabela 6 – Avaliação econômica (custo, receita e margem líquida) da terminação de
bovinos azebuados suplementados com mistura múltipla em sistema de
integração lavoura-pecuária.
Tratamento
Variáveis
1
2
3
4
Rentabilidade por animal (R$)
Valor de venda
1564,80
1545, 60
1541,60
1622,40
Valor de compra
1357,50
1357,50
1357,50
1357,50
Custo com suplemento
50,91
75,56
96,92
105,26
Custo com mão de obra
13,11
13,11
13,11
13,11
Custo com depreciação
15,00
15,00
15,00
15,00
Custo vermífugo
4,40
4,40
4,40
4,40
Custo castração
4,85
4,85
4,85
4,85
Rentabilidade/ha (R$)
Receita
207,30
188,10
184,30
264,90
Despesas
90,42
115,07
136,43
144,77
Margem líquida/ha
117,00
73,03
47,87
120,13
valor de compra da @: R$ 103,00; valor de venda da @: R$ 96,00
Azevedo et al. (2008) destacam o uso das misturas múltiplas pelo seu baixo custo
por unidade de nutriente, podendo substituir a proteína verdadeira (NNP) por conter uréia
como forma de reduzir o custo de produção. Não obstante, o planejamento operacional
para terminação de bovinos em sistema de ILP no cerrado baiano deve ser bem elaborado
para se evitar ao máximo os riscos de comprometimento da viabilidade do processo pelo
surgimento de situações alheias ao controle humano.
44
Conclusão
A oferta de mistura múltipla para bovinos azebuados terminados em sistema “Santa
Fé” de ILP permite um melhor aproveitamento do pasto e elevação da taxa lotação por área
devido a alta produtividade de MS de pasto em função do resíduo da adubação das culturas
implantadas neste sistema que é aproveitado pela gramínea.
O nível de oferta de mistura múltipla de 6,0 kg/animal/dia é superestimando dado o
consumo máximo observado ter sido de 2 kg/animal dia em função da qualidade da
forragem, porém, o maior nível de oferta de MM contribui para melhor acabamento e
rendimento de carcaça dos animais.
45
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51
CAPÍTULO III
CARACTERÍSTICAS QUALITATIVAS DA CARNE DE NELORES CASTRADOS
SUPLEMENTADOS COM MISTURA MÚLTIPLA EM SISTEMA DE
INTEGRAÇÃO LAVOURA-PECUÁRIA
52
Resumo
O presente estudo objetivou-se avaliar a composição física e química da carne do músculo
Longissimus dorsi de bovinos zebuínos de corte, castrados, submetidos a diferentes níveis
de ofertas de mistura múltipla terminados a pasto em sistema de integração lavourapecuária. Foram utilizados 36 bovinos zebuínos, castrados quimicamente e distribuídos
aleatoriamente em quatro grupos em um delineamento inteiramente casualizado. O
experimento teve duração de 107 dias com suplementação no cocho uma vez ao dia. As
dietas foram constituídas em quatro níveis de oferta do suplemento, sendo: 1,0kg; 2,0kg;
4,0kg ou 6,0kg denominado mistura múltipla/animal/dia, respectivamente. Foram avaliadas
as características de carcaça como: componentes quantitativos e qualitativos do músculo
Longíssimus dorsi. Houve tendência linear significativa para rendimento de carcaça e
quadrática e escore corporal com seu ponto mínimo de 2,35mm ao nível de
2,300kg/suplemento animal/dia, porém a média foi de 3,12 mm maior que o preconizado
pelos frigoríficos. À medida que aumentou-se a oferta de suplemento obteve-se uma
tendência linear decrescente para perdas por cocção e uma força de cisalhamento de 1,99
kgf a oferta de 4,870kg de suplemento com uma correlação de Pearson de r = 0,93 entre
essas características. Na espessura de gordura encontrou-se tendência de regressão
quadrática com seu ponto de máximo ao nível de oferta de suplementação de
2,550kg/animal/dia com uma espessura de 4,025 cm e em alta correlação de Pearson com a
área de olho de lombo de r=0,94. Encontrou-se um aumento dos ácidos graxos
poilinsaturados C18:2n6 e C22:6n3 responsáveis pelos níveis das séries ω6 e ω3, tendo um
aumento de ácidos graxos da série ω3, e uma indiferença quando a gordura total e aos
ácidos graxos saturados, indicando que a suplementação de animais com os componentes
suplementares denominados
de mistura múltipla no sistema de integração lavoura
pecuária, favoreceram a qualidade da carne, visto que, em vários atributos como maciez,
marmoreio, e os demais descritos tornam o produto final atrativo com um importante
potencial funcional.
Palavras-chave: AOL, Força de cisalhamento, Marmoreio, Proteína,
53
Qualitative characterization of Nellore beef steers castrated supplemented with a
mixture of multiple traits in crop-livestock system
Abstract
The present study aimed to evaluate the physical and chemical composition of beef
longissimus dorsi muscle of zebu cattle cutting, castrated, subjected to different levels of
offerings supplement the GC in crop-livestock system. 40 zebu cattle, chemically castrated
and randomly assigned to four groups in a completely randomized design. The experiment
lasted 107 days with supplementation in the trough once a day. Diets were composed of
four levels of supply of the supplement, being: 1.0kg; 2.0 kg; 4.0 kg or 6.0 kg called multi /
animal / day mixture, respectively. Quantitative and qualitative components of
Longissimus dorsi: carcass characteristics were evaluated as. There was a significant linear
trend up to carcass yield and quadratic for subcutaneous fat score with its lowest point of
2.35 MMAO level of 2.300 kg / animal / day supplement, but the mean was 3.12 mm
greater than that advocated by the slaughterhouses. As we increased the supply of
supplement was obtained ums decreasing linear trend for cooking loss and shear force of
1.99 kgf offering 4.870 kg of supplement with a Pearson correlation of r = 0.93 between
these traits . Fat thickness found quadratic regression trend with its point of maximum
level of supply of supplementation 2.550 kg / animal / day with a thickness of 4.025 cm
and high Pearson correlation with the area of loin eye r = 0 , 94. We found an increase in
poilinsaturados fatty acids C18: 2n6 and C22: 6n3 levels responsible for the ω3 and ω6
series, with an increase in fatty acids of ω3 series, and an indifference when the total fatty
acids and saturated fat, indicating that supplementation of animals with multiple additional
components called mixed livestock integration in farming system, favored meat quality,
since in several attributes such as tenderness, marbling, and the other described make
attractive final product with an important functional potential
Keywords: REA, shearing force, Marbling, Protein
54
Introdução
O Brasil é detentor de uma grande extensão territorial, com amplas áreas de
exploração agropecuária, e possui o maior rebanho comercial de bovinos do mundo,
aproximadamente 212,8 milhões de cabeças, sendo o segundo maior produtor de carne
bovina e em número de abates. A Região Nordeste detém 13,9 % do rebanho nacional, e
estima-se que a Bahia é o Estado com maior produção (40%) desta região, com
aproximadamente 11 milhões de cabeças (IBGE, 2012). Entretanto, com o crescimento da
pecuária de corte no Brasil e o substancial avanço nas exportações de carne bovina é
premente a maximização e modernização do setor, em especial no segmento da produção
animal, abate e processamento da carne.
Este desenvolvimento da pecuária faz com que os produtores de bovinos de corte
aumentem o seu grau de especialização, com isso, cresce o número de propriedades que
executam apenas parte da cadeia produtiva da carne, desenvolvendo atividades específicas
de cria, recria ou engorda, essa especialização gera uma necessidade maior de submeter os
bovinos aos sistemas de criação pelo menos com suplementação.
No sistema intensivo desconsiderando o valor do animal entre os principais
limitantes do uso do confinamento está o elevado custo de produção, com a alimentação
componente de maior representatividade, cerca de 70-75% dos custos operacionais, tendo
como o item mais oneroso o concentrado a integração com o sistema lavoura pecuária
torna-se interessante pela diminuição de parte destes custos (Pacheco et al., 2006; Zorzi et
al., 2013).
Dentre dos fatores que afetam o sistema de produção a nutrição é um dos de maior
importância, neste contexto, a melhoria da eficiência produtiva da criação de bovinos, por
meio do aprimoramento no manejo alimentar utilizando suplementos encontrados com
maior facilidade na região, é fundamental para reduzir o custo de produção. A alimentação
tem grande impacto sobre o custo total da atividade, tornando limitante à rentabilidade de
todo o sistema de produção (Lopes et al., 2011ª; Cunha et al., 2012).
Associado à necessidade de redução de custos da suplementação, uma alternativa se
apresenta como potencial sendo a integração lavoura pecuária, onde pode-se utilizar
animais semi confinados com suplementação em sua terminação atendendo o aumento da
demanda por carne vermelha de qualidade e em grandes quantidades para suprir o mercado
55
interno e externo. Dessa forma, aspectos relativos às características qualitativas da carne e
da carcaça assumem papel cada vez mais importante para agregação de valor ao produto.
Em raças de corte, o conhecimento dessas características e do potencial das diferentes
raças é bastante disseminado.
Segundo Luchiari Filho (2000), a avaliação da qualidade ou do rendimento de
carcaças é essencial para a melhoria da eficiência produtiva dos sistemas de produção de
bovinos de corte, e, atualmente, a classificação e a padronização das carcaças permitiriam a
comercialização mais eficiente da carne produzida. Como também, no sistema de produção
de carne bovina, as características quantitativas e qualitativas da carcaça possuem
importância para o processo produtivo, pois estão diretamente relacionadas ao produto
final (Silva et al., 2014). Não obstante, elas auxiliam de maneira imprescindível na
obtenção de produtos com qualidade superior e mais competitivos no mercado vigente.
A qualidade da carne é avaliada por parâmetros estruturais, físico-químicos e
sensoriais, e o valor nutricional, sendo um fator importante o teor de gordura da carne e sua
composição em ácidos graxos. Isso porque se tem discutido muito a relação nutrição
humana e saúde, frente aos problemas relacionados à ingestão de determinados alimentos
(McAfee et al., 2010).
Para que a bovinocultura brasileira possa concretizar a participação no mercado, é
fundamental que maior atenção seja dada à qualidade da carne. Então, a indústria da carne
busca alternativas para diminuir o teor de ácidos graxos saturados e aumentar o de ácidos
graxos poliinsaturados, os ácidos graxos linoleico e linolênico, que são considerados
essenciais, pertencentes às séries ômega 6 e ômega 3, respectivamente, e também o ácido
linoleico conjugado (CLA). Então uma importante função da produção animal é fornecer
carne de boa qualidade para a alimentação humana (Madruga et al., 2006).
Portanto, objetivou-se com este trabalho avaliar a composição física e química da
carne do musculo Longissimus dorsi de bovinos zebuínos castrados submetidos a
diferentes níveis de ofertas de suplementação (mistura múltipla), terminados a pasto no
sistema de integração lavoura-pecuária.
56
Material e Métodos
O experimento foi realizado na Fazenda Pedras situada no município de Luis
Eduardo Magalhães/BA na região Oeste do estado (conhecida como zona de produção de
grãos) durante a estação de estiagem, entre, os meses de julho a outubro de 2011. O
experimento teve duração de 107 dias sendo 15 dias de adaptação.
Utilizou-se 40 bovinos zebuínos castrados quimicamente com produto comercial de
marca reconhecida (Bopriva©), com idade de 33±6,7 meses e peso médio inicial de
396±16,1 kg, identificados com brincos e vermifugados. Os animais foram distribuídos
em um delineamento inteiramente ao acaso, divididos em quatro grupos com dez animais
cada, sendo oito testes e dois traçadores, para ajuste da oferta de forragem próximo de 10
kg de MS/100 kg PC.
Os tratamentos aplicados aos animais foram quatro níveis de suplemento ofertado
denominado mistura múltipla (MM) com 17% PB (Tabela 1), sendo:
 1º Tratamento (1,0) = 1,0 kg de suplemento/animal/dia;
 2º Tratamento (2,0) = 2,0 kg de suplemento/animal/dia;
 3º Tratamento (4,0) = 4,0 kg de suplemento/animal/dia;
 4º Tratamento (6,0) = 6,0 kg de suplemento/animal/dia;
O suplemento era ofertado uma vez ao dia no período da manhã (8:00h) em comedouro
conjunto de 2 m de comprimento com acesso à um lado.
A área experimental de pastagem foi constituída de quatro piquetes de 10,5 ha-1
cada num total de 42 ha-1, pertencentes a uma gleba de 500 ha-1 da propriedade onde se
cultivava algodão, soja e milho num sistema denominado “Santa Fé” de integração
lavoura-pecuária. Após a colheita da soja, foi realizado o plantio de milho e da gramínea
Brachiaria ruziziensis. Depois da colheita do milho foi feita a divisão dos piquetes onde
instalou-se bebedouros, comedouros e foi efetuada a vedação (diferimento) 60 dias antes
do início do período experimental, visando amenizar a carência de massa forrageira
durante a estação seca do ano, quando ocorre redução no crescimento das plantas.
57
Tabela 1- Composição bromatológica dos alimentos utilizados nas dietas experimentais.
Composição bromatológica (%)
Ingredientes
MS
MM
PB
EE
FDN
FDA
Milho moído
87,70
1,73
8,91
4,57
15,35
4,15
Sorgo grão inteiro
88,90
1,98
12,59
3,55
13,84
6,15
Resíduo de soja
91,44
5,00
38,48
18,09
20,80
14,50
Caroço algodão
89,09
3,82
13,44
16,88
67,31
58,50
Núcleo mineral
100,00
0,90
0,00
0,00
0,00
0,00
Uréia
100,00
0,00
280,00
0,00
0,00
0,00
1
Matéria seca; 2Matéria mineral; 3Proteína bruta; 4Extrato etéreo; 5Fibra em detergente neutro;
Fibra em detergente ácido;
6
Tabela 2 - Composição percentual e química da ração experimental (%MS).
Nível de inclusão (% MN da dieta)
Milho moído
Sorgo grão inteiro
Resíduo de Soja
Caroço de algodão
Núcleo mineral
Uréia
60,00
25,50
2,00
5,00
5,00
2,50
Composição química e bromatológica (% MS)
MS (%)
MM (%)
PB (%)
EE (%)
FDN (%)
FDA (%)
Lignina
Carboidratos Totais
Carboidratos Não Fibrosos
Proteína Insolúvel em Detergente Neutro
Proteína Insolúvel em Detergente Ácido
Nutrientes Digestíveis Totais
Energia Metabolizável (Mcal/kg)
1
Matéria seca; 2Matéria mineral; 3Proteína bruta; 4Extrato etéreo;
Fibra em detergente ácido; 7 Matéria Natural
89,02
2,65
17,00
4,85
16,52
9,17
5,01
80,43
37,61
2,92
0,90
76,00
2,12
5
Fibra em detergente neutro;
6
58
Os animais foram abatidos ao final do período experimental em abatedouro
comercial (FRIBARREIRAS©) na cidade de Barreiras/BA a 120 km do local do
experimento. Estimou-se o peso da carcaça quente para posterior avaliação do rendimento
de carcaça e a tipificação. O Sistema de Classificação de Bovinos utilizado foi o
regulamentado pelo MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) através
da normativa Nº 9 de 4 de maio de 2004. As carcaças dos animais foram divididas em duas
meias carcaças, as quais foram pesadas e resfriadas em câmara fria a 5 °C durante 24
horas. As carcaças foram então cortadas longitudinalmente, na altura da linha media, em
dois antímeros. As meias-carcaças foram seccionadas entre a 12ª e a 13ª costelas, para
coleta do lombo (musculo Longissimus dorsi), segundo as adaptações do método de
Colomer-Rocher et al., (1987).
O pH foi aferido por potenciômetro digital Mettler M1120x, equipado com eletrodo
de inserção com resolução de 0,01 para as leituras de pH (Gomide et al., 2006),
diretamente no músculo Longissimus dorsi na altura da 12ª costela. Foram aferidos esses
valores 24h após o abate e após o descongelamento da amostra.
A determinação da área de olho de lombo (AOL) foi realizada sobre a superfície
existente entre a 12ª e 13ª costelas. Para mensuração utilizou-se folha de transparência e
caneta apropriada e foi determinada em cm2.
Para determinação da cor, força de cisalhamento e perdas por cocção utilizou-se o
lombo direito de cada animal. A determinação da cor foi obtida através de um colorímetro
(Minolta CR-10), empregando o sistema CIE L*, a*, b*, determinando-se as coordenadas
L*- luminosidade (L* 0 = preto; 100 = branco), a*- índice de vermelho e b*- índice de
amarelo (Miltenburg et al., 1992). Para avaliação da cor, foram obtidas seis leituras no
musculo Longissimus dorsi (três na porção medial e três na porção lateral) de cada animal,
sendo então calculada a media por animal.
A determinação das perdas por cocção foi realizada mediante corte de cubos de 25
x 25 mm mensurados com paquímetro digital, pesados e assados em forno elétrico até que
a temperatura do centro geométrico atingisse 71ºC, sendo monitorado por um termopar,
equipado com leitor digital. Em seguida as amostras foram resfriadas em temperatura
ambiente e novamente pesadas. As perdas de peso por cocção (PPC) foram calculadas pela
diferença de peso das amostras antes e depois de submetidas ao tratamento térmico e
expressas em porcentagens segundo o método de Felício (1999).
Ao determinar a textura da carne, a mesma foi medida através da força de
cisalhamento, conforme o método de Purchas & Aungsupakorn (1983), e utilizaram-se as
59
mesmas amostras para as determinações de PPC. A maciez de cada amostra foi medida
pela força de cisalhamento. Foram retirado seis cilindros de 1 cm de diâmetro de todas
partes do Longissimus dorsi com o auxílio de um vazador manual. O cisalhamento foi
feito perpendicularmente às fibras, utilizando-se um texturômetro, o cisalhamento foi feito
perpendicularmente as fibras equipado com uma lâmina tipo Warner Bratzler operando a
20 cm/min e os picos da força de cisalhamento foram registrados, sendo os resultados
expressos em kgf/cm2, posteriormente calculada a média por animal de todos os cilindros
por animal.
Nas amostras de carne in natura, foram determinados os teores de umidade, cinzas
e proteína bruta, segundo o método descrito pela AOAC (2000).
Após a extração dos lipídeos pelo método de Folch et al.,1957, os ácidos graxos
foram metilados e estratificados pelo método descrito por Hartman & Lago (1973). A
identificação e quantificação dos ésteres de ácidos graxos foram obtidas por meio de
análises em cromatografo gasoso Varian 430-GC, acoplado com detector de ionização de
chama. A separação dos ácidos graxos ocorreu em coluna capilar de sílica fundida CP
WAX 52 CB Varian, com dimensões de 60 m x 0,25 mm e 0,25 μm. As amostras de
ésteres metílicos (1,0μL) foram injetadas em injetor tipo split/splitless a 250°C, e os
cromatogramas foram registrados através de software tipo Galaxie Chromatography Data
System. As temperaturas iniciais e finais da coluna foram, respectivamente, de 100 e
240°C, com uma rampa de 2,5°C/min. A temperatura do detector foi mantida em 250°C.
Os picos dos ácidos graxos foram identificados por comparação ao seu tempo de
retenção, utilizando-se padrões Sigma (EUA). Determinadas as concentrações, os ácidos
graxos foram agrupados de forma a estudar os devidos ácidos graxos em conjunto e suas
respectivas ordens de interesse nutricional.
Os dados foram submetidos a analise de variância e de regerssão através do
programa estatístico SAS, utilizando-se o seguinte modelo estatístico:
Ŷij = μ + Ti + ξij; em que:
Ŷij = valor observado; μ = media geral; Ti = níveis de suplemento, e ξij = efeito do erro.
Para algumas variáveis de interesse foram associadas a matriz de correlação de
Pearson.
Já para o estudo da regressão polinomial, foi utilizado o seguinte modelo:
Ŷijk= 0 + 1Xi + 2Xij + Ʃijk + εijk
60
em que: Ŷijk = variáveis-dependentes; 0 = coeficientes de regressão; 1Xi = variáveis
independentes; 2Xij = variáveis independentes de segundo grau; Ʃijk = desvios da
regressão; εijk = erro aleatório.
Quando o estudo da regressão é linear:
Ŷijk= 0 + 1Xi + Ʃijk + εijk
em que: Ŷijk = variáveis-dependentes; 0 = coeficientes de regressão; 1Xi = variáveis
independentes; 2Xij = variáveis independentes de segundo grau; Ʃijk = Desvios da
regressão; εijk = erro aleatório.
As equações que atingiram ao nível cúbico foram descartadas, visto que, o efeito
cúbico não apresenta explicação biológica clara (Santos et al., 2011).
61
Resultados e Discussões
Na Tabela 3 são apresentados os resultados para desempenho e características das
carcaças de nelores castrados em função do nível de oferta de mistura múltipla.
No sistema BRASIL de tipificação de carcaças, o grau de acabamento das carcaças,
avaliado pela espessura da gordura subcutânea (ESCORE), permite que carcaças com EGS
escassa sejam consideradas adequadas (MAPA, 2004).
Neste caso, EGS de 3 mm são aceitas, no entanto, Moleta et al. (2014) e Luchiari
Filho (2000), considera 3 mm como a espessura de gordura mínima ideal para uma carcaça
de boa qualidade. Avaliando a Figura 1 verificou-se a significância da regressão quadrática
onde seu ponto mínimo ao nível de suplementação de 2,300kg/animal/dia encontrou-se um
EGS 2,35. Mesmo sendo considerada escassa pode-se inferir que este não foi um fator que
influenciou na qualidade da carne como observado nas próximas características avaliadas.
A similaridade entre os PCQ pode ser explicada pela semelhança no ganho de peso
diário dos animais (Ŷ=-0,0163x + 1,3548; Cruz, 2013) que os proporcionou o mesmo
ritmo de crescimento e desenvolvimento corporal, comprovado pela proximidade dos
escores de conformação das carcaças. Isto porque segundo Silva et al. (2014); Berg e
Butterfield (1979), durante o crescimento e a engorda dos animais, as taxas de síntese dos
tecidos são influenciadas principalmente pela idade, estádio fisiológico, nutrição, genótipo
e sexo do animal, que alteram a composição física e química da carcaça.
Ao classificar as carcaças post mortem (MAPA, 2004), as mesmas se apresentaram
na forma subconvexa em sua maioria (31 carcaças) e seu grau de acabamento qualificado
como mediano, estando de acordo com a normativa vigente considerando boa classificação
e qualidade de carcaça. Resultados diferentes foram encontrados por Clímaco et al.,
(2011), que utilizou bovinos nelores em seu estudo e suas carcaças se encontraram com
classificação retilínea e acabamento escasso. De acordo com Mendes et al., (2012), quanto
maior for a espessura de gordura da carcaça, maior será o grau de acabamento do animal e
maior será a proteção da carcaça pela gordura, o que diminui a perda de peso da carcaça
durante o processo de resfriamento.
62
Tabela 3. Desempenho e características da carcaça de zebuínos castrados em função do nível de oferta de mistura múltipla
Suplemento (níveis de oferta kg)
Significância
Item
EPM4
R2
1,0
2,0
4,0
6,0
Linear
Quadrático
Idade (meses)
1,13
36
28
31,75
30,75
0,8960
0,5650
Escore
0,60
2,90
2,40
2,50
3,30
0,1053
0,0128
0,98
1
PCQ (kg)
18,98
244,42 241,71 242,16 252,88
0,3410
0,3630
2
RCQ
1,46
53,08
52,73
53,15
54,53
0,0311
0,1740
0,60
3
CA
1,25
1,05
1,08
0,92
1,12
0,6870
0,5860
1
Equação de regressão
Ŷ= 31,62
Ŷ= 0,3125x2-1,4375x+4
Ŷ= 245,3
Ŷ= 0,477x+52,175
Ŷ= 1,04
Peso carcaça quente; 2 Rendimento de carcaça quente; 3 Conversão Alimentar; 4 Erro padrão da média
63
Os animais jovens, segundo Forest et al. (1979), citado por Silva et al. (2014),
geralmente começam a depositar gordura ao redor dos rins e das vísceras, posteriormente,
desde que o aporte nutritivo seja adequado a medida que o animal cresce a gordura
deposita-se entre os músculos (gordura intermuscular), abaixo da pele (gordura de
cobertura ou subcutânea), e finalmente entre as fibras musculares (gordura de marmoreio
ou intramuscular), de acordo com Truscott (1980) e Kempster et al. (1988), citado pelo
mesmo autor, os animais de origem europeia diferem dos zebuínos quanto a distribuição da
gordura corporal, com grande deposição em regiões que não pertencem a carcaça, e mesmo
quando depositada na carcaça sua maior deposição ocorre intermuscular que subcutânea.
Os animais azebuados são mais precoces para deposição de gordura subcutânea,
todos os grupos estudados apresentaram espessura de gordura subcutânea maior que 3 mm,
tendo a média entre os tratamentos de 3,12 mm que é o mínimo preconizado pelos
frigoríficos para que não haja penalização das carcaças (Lucchiari Filho, 2000).
Figura a
Figura b
Figura 1. Figuras (a;b) representativos das regressões significativas aplicadas as
características físico química da Tabela 3.
Associando a espessura de gordura da carcaça em relação ao marmoreio obteve-se
um coeficiente de correlação médio de r = 0,74 ao nível de oferta de suplemento de 4,0 kg
de mistura múltipla animal/dia, nos demais níveis este coeficiente esteve abaixo de r = 50.
A composição química da carne bovina pode sofrer influência da dieta e é um dos
parâmetros mais estudados, visto que este pode estar associado a outras características
qualitativas, como as organolépticas. De acordo com Prado et al. (2011), a composição
centesimal da carne bovina é de 74% de umidade, 21,4% de proteína, 1,84% de gordura,
0,99% de matéria mineral e 37,9% de colesterol total em mg/100g, estes teores podem
64
variar em função da idade do animal, genótipo, sexo, castração manejo pré e pós-abate e
alimentação.
Para o presente experimento não encontrou-se variação nos valores relacionados de
pH (p>0,05). Avaliando a qualidade da carne de novilhos da raça Nelore como exemplo a
cor, Zorzi et al. (2013), puderam verificar a estreita relação do pH com outras variáveis
qualitativas da carne. Após o abate, a atividade metabólica residual do músculo provoca a
degradação do glicogênio em lactato, que se dissocia em ácido láctico. Além de provocar
grande abaixamento do pH, uma alta concentração intracelular de glicogênio é responsável
por uma alta capacidade de retenção de água.
Os valores de pH foram entre 5,64-5,71 considerados adequados para manutenção
da qualidade da carne segundo Abularach et al., (1998) e Mach et al., (2008), no entanto,
Rossato et al., (2010), reportaram a variação de 5,88 a 5,95 de pH final para a carne
bovina em animais terminados em pastagem, porém, as variações encontradas neste
experimento ficaram abaixo das citadas por este autor o que pode-se inferir que não houve
estresse pré-abate aos animais.
Bressan et al. (2011) observaram que o sistema de terminação a pasto ou confinado,
influência no pH. Em contrapartida, Jaeguer et al. (2004), não observaram efeito
significativo ou efeitos isolados da dieta e/ou grupo genético, sobre o pH e a temperatura
das carcaças, encontrando médias pH 5,79 do Longissimus dorsi para animais de origem
Nelore.
A perda de água por cozimento apresentou comportamento linear decrescente até o
nível com ponto máximo na oferta de suplementação 6,0kg/animal/dia (Figura 2 (d)),
portanto, à medida que ocorre a inclusão do suplemento kg/animal/dia, diminui as perdas
por cocção.
O cozimento causa mudanças estruturais na carne, que está ligada à suculência.
Entre 54 e 58ºC, ocorrem alterações na miosina; entre 65 e 67ºC, mudanças no colágeno; e,
no intervalo de 80 a 83ºC, a actina sofre alterações (Tornberg, 2005). A água é expelida
pela pressão exercida por este encolhimento no tecido conectivo, o que influencia a
percepção sensorial de suculência nas amostras de carne (Silva et al., 2007).
Para Mendes et al. (2012), capacidade de retenção de água é outra característica que
está diretamente associada à maior suculência e maciez da carne e ocorre quando o pH da
carne se mantêm elevado, o que causa menor desnaturação e perda de solubilidade das
proteínas que compõem a carne.
65
A maior perda de água por cozimento resulta em uma menor suculência da carne, o
que pode reduzir sua textura, que, no presente trabalho, foi medida pela força de
cisalhamento (FC) (Bressan et al., 2011). Neste estudo essa variação na FC obteve seu
ponto mínimo a 1,99 kgf sendo suplementada com 6 kg/animal/dia.
Ao realizar a correlação de Pearson detectou-se correlação fortemente positiva entre
as variáveis força de cisalhamento e perdas por cocção r = 0,93, o que indica associação as
essas características onde à medida que aumenta as perdas por cocção aumenta a força ao
cisalhar, que influenciam nas variáveis de maciez e suculência embora não se tenha
realizado análise sensorial descritiva ou aceitação.
Vários autores afirmam que animais terminados a pasto possuem uma força de
cisalhamento da carne maior que animais confinados (kgf de cisalhamento) com valores
que variam entre 3,77 a 6,18 kgf, porém, no presente estudo foram encontrados valores
bem abaixo entre 2,07 a 2,91 kgf, indicando que mesmo não sendo animais tão jovens e
terminados em semi confinamento (ILP) os mesmos possuíram terminação com uma carne
considerada macia (Vaz et al., 2007; Menezes et al., 2010).
Figura 2. Figuras (a;b;c;d) representativos das regressões significativas aplicadas as
características físico-químicas da Tabela 4.
66
Tabela 4. Características dos componentes físico-químicos e centesimais do músculo Longíssimus dorsi.
Suplemento (níveis de oferta de
suplemento kg)
Item
1,0
2,0
4,0
6,0
pH no momento do abate
6,75
6,78
6,82
6,80
pH 24 hr do abate
5,64
5,71
5,66
5,64
pH após descongelamento 5,53
5,54
5,58
5,52
Força cisalhamento (kgf)
2,91
2,38
2,10
2,05
EPM1
1,17
1,15
1,23
1,65
Significância
Lin2
Quad3
0,958 1,124
0,895 0,954
0,898 0,958
0,03
0,02
R2(4)
Equação de regressão5
1,00
Ŷ = 6,78
Ŷ = 5,66
Ŷ = 5,54
Ŷ = 0,12x2 - 0,886x + 3,675
0,99
0,82
0,90
0,99
Ŷ = 32,72
Ŷ = 17,68
Ŷ = 9,41
Ŷ = -0,1467x3 + 1,015x2 - 2,0983x + 62,06
Ŷ = 60,76
Ŷ = -0,02x2 + 0,102x + 3,895
Ŷ = -1,024x + 29,705
Cor
*L
*a
*b
2
2 (6)
AOL (cm )
Marmoreio
3
EGS (cm)
Perdas por cocção (%)
32,49
19,57
9,64
60,83
3,50
3,98
28,68
28,39
16,09
10,10
60,75
4,00
4,01
27,67
35,02
16,94
10,82
60,94
4,88
4,03
26,61
35,00
18,12
7,10
60,52
4,25
3,98
25,62
1,45
1,04
1,67
1,09
0,98
0,99
1,15
0,895
0,877
0,898
0,978
0,01
0,02
0,01
0,958
0,987
0,899
0,758
0,02
0,03
0,855
Composição centesimal
Proteína
Lipídeos totais
Cinzas
Extrato Seco total
24,53
1,67
0,98
25,01
24,92
1,57
1,08
25,06
24,95
1,98
1,02
25,11
24,84
1,94
1,21
25,31
1,41
1,35
1,67
1,21
0,974
0,956
0,966
0,967
0,955
0,986
0,923
0,987
1,00
Ŷ = 24,81
Ŷ = 1,79
Ŷ = 1,0725
Ŷ = 25,1225
1
Erro padrão da média; 2Área de olho de Lombo, 3 Espessura de gordura subcutânea
67
A maciez da carne também está ligada ao grau de acabamento das carcaças e teor
de gordura intramuscular da carne. O grau de acabamento garante a carcaça proteção
contra o frio das câmaras de resfriamento, ou seja, ele garante que a temperatura da carcaça
caia gradativamente prevenindo o encurtamento dos sarcômeros dos tecidos reduzindo as
perdas por desidratação durante o resfriamento (Mendes et al. 2012).
A cor do músculo também pode refletir o conteúdo de gordura intramuscular,
vários fatores podem influenciar a cor, incluindo dieta e pH final, porém, os efeitos diretos
da dieta sobre a cor da carne ocorrem raramente e dependem da capacidade da dieta para
influenciar o conteúdo de mioglobina do músculo, bem como, a composição do tipo de
fibra muscular os quais variam de acordo com a idade e taxa de crescimento (Lafaucher,
2010). O aumento no teor de vermelho justifica o aumento da massa muscular e com isso
aumenta a irrigação sanguínea, a concentração de proteínas sarcoplasmáticas e os outros
pigmentos aumentam as cores escuras. Ao atingirem a fase adulta ocorrem estabilizações
nos pigmentos musculares hêmicos (Gôuvea, 2014).
Não houve diferenças significativas na luminosidade (L*), teor de vermelho (a *) e
amarelo (b*) nos diferentes tratamentos provavelmente porque os animais foram da mesma
raça, tinha idades, dietas e valores de pH final da carne semelhantes, esta semelhança na
cor está associada à similaridade do pH no músculo. Assim, o único fator de variação
foram as dietas em seus níveis diferentes, que não provocaram alterações nas
características qualitativas das cores dos músculos (Tabela 4), com a oferta crescente de
suplemento nas dietas. A conjuntura dessas variáveis localizou um ponto no sistema
esférico de cor que classificou as carnes de todos os tratamentos como vermelho brilhante,
o que faz com que a carne tenha preferência no mercado consumidor.
À medida que aumenta o ganho médio diário (0,602; 0,560; 0,520; 0,686
kg/animal/dia) para cada grupo de suplemento ofertado (1,0; 2,0; 4,0; 6,0 kg
ofertado/animal/dia), respectivamente, aumenta a área de olho de lombo (cm) dos animais,
indicando que estão associados em seus coeficientes de correlação r= 0,99. Para Lopes et
al. (2012), a área de olho-de-lombo (AOL) apresentou diferenças entre os grupos
estudados, e ainda ressaltou que os animais Nelore possuem maior benefício em relação
aos taurinos para este componente, pois obtiveram maiores taxas de crescimento observado
em seu experimento. Contudo neste estudo a AOL isolada apresentou regressão cúbica o
que para Santos et al. 2011, não se encontra uma explicação biológica clara para esta
definição.
68
Estudos têm comprovado (Prado et al. 2001; Jaeger et al. 2004; Bianchini et al.
2007) que a AOL, além de apresentar estimativa da musculosidade do animal, também
pode ser utilizada como parâmetro de rendimento de cortes de alto valor comercial como
picanha e contra filé (Lopes et al. 2012).
Costa et al. (2005), relataram a associação da área de olho do lombo (AOL) e a
espessura de gordura de cobertura (EG), avaliadas entre a 12ª e 13ª costelas. Segundo
Luchiari Filho (2000), à medida que aumenta a AOL, aumenta a proporção da EG e viceversa. O que corrobora com o presente estudo onde associa a correlação de Person se
encontrando em r = 0,94 indicando que à medida que aumenta a AOL aumenta a EG.
No Figura 1 (b), estão apresentados os valores de ponto máximo de deposição na
espessura de gordura onde o nível de consumo de MM foi de 1,80kg/animal/dia, se
encontra a deposição de 4,025 mm de espessura de gordura. Realizando correlação de
Pearson foi encontrado uma associação moderada para EG e Marmoreio com o coeficiente
de regressão de r = 0,75, assim a medida que aumenta a espessura de gordura existe
tendência de aumentar grau de marmoreio.
A gordura de marmoreio é a última a ser depositada na carcaça, e é influenciada
pelo nível energético da dieta e também pelo peso do animal (Moletta et al. 2014). No
presente estudo, os animais apresentaram pesos de abate diferentes, assim como a
diferença na ingestão da densidade energética. Ao tratamento onde os animais receberam a
oferta de 4,0kg/animal/dia foi o que obtiveram a maior deposição da gordura de
marmoreio, sendo seu ponto de máximo em 1,8kg/animal/dia em um grau de marmoreio de
3,054 mm.
Segundo Luchiari Filho (2000), valores normais para a composição química
percentual do músculo de um bovino jovem são: 74% de umidade, 21% de proteína, 4% de
gordura e 1% de minerais. Todavia, segundo esse autor, vários fatores influenciam nesta
composição, como idade do animal, músculo avaliado, dieta e a gordura é o componente
que mais varia. Neste estudo, a gordura não acompanhou a tendência do marmoreio e da
espessura de gordura se apresentando não significativo.
De maneira geral, o teor de proteína bruta não apresenta grandes variações, embora
os valores médios de proteína bruta encontrados neste estudo tenham sido maiores que os
encontrados por Ruiz et al. (2005), que variaram entre 20,0 e 22,53%.
As propriedades físicas e químicas dos lipídios afetam diretamente as qualidades
nutricionais, sensoriais e de conservação da carne: o “flavour” é influenciado pelo perfil
dos ácidos graxos (Madruga, 2004); gorduras saturadas solidificam após cozimento,
69
influenciando no sabor residual da carne; a presença dos ácidos graxos insaturados
aumenta o potencial de oxidação influenciando diretamente sua vida de prateleira
(Madruga et al. 2006). Porém, não se encontrou diferenças significativas para nenhum dos
componentes centesimais da carne dos animais avaliados.
Em razão da associação entre a produção de carnes bovinas mais saudáveis e a
utilização do semi confinamento ou outros sistemas, diversos estudos têm sido realizados
para avaliar o perfil de ácidos graxos da carne de bovinos, em função das estratégias de
alimentação dos animais (Sami et al. 2006; Fernandes et al. 2008; Bressan et al. 2011).
Essas pesquisas têm mostrado respostas diferenciadas para o perfil de ácidos graxos (AG)
da carne entre bovinos, em decorrência da dieta oferecida.
Há evidências de que zebuínos alimentados com elevadas proporções de
concentrado depositam maiores quantidades de ácidos graxos saturados (AGS) (Bressan et
al. 2011), e que o perfil de ácidos graxos dos grãos de cereais é determinante sobre os
ácidos graxos da carne (Fernandes et al. 2008).
O que discorda em partes com a presente pesquisa, pois não houve efeito
significativo, ou seja, não houve grandes alterações nas concentrações para maioria dos
ácidos graxos saturados exceto para C10:0 e C15:0.
Deve-se destacar, no entanto, que o teor de AGS da carne de ruminantes é resultado
da lipólise da biohidrogenação dos ácidos graxos insaturados no rúmen e da síntese “de
novo” no tecido adiposo (Jenkins et al., 2007). A ∆9-dessaturase é a enzima responsável
pela retirada de moléculas de hidrogênio das cadeias carbonadas dos ácidos graxos
saturados, transformando-os em ácidos graxos insaturados tanto na glândula mamária
quando na deposição de tecido adiposo (Metz et al. 2008)
O aumento nos teores de AGS não é desejado, pois tende a elevar tanto as
lipoproteínas de baixa (LDL) quanto as de alta (HDL) densidade. O AGS mirístico (C14:0)
é hipercolesterolêmico, o palmítico (C16:0) tem ação hipercolesterolêmica menor e o ácido
esteárico (C18:0), de grande participação na carne, tem efeito nulo (Hautrive et al., 2012).
Levantando uma importante satisfação ao mercado consumidor em relação aos animais
deste experimento. É de interesse do consumidor que a carne apresente menores teores de
lipídeos totais, ácidos graxos saturados e calorias (Clímaco et al., 2011).
O ácido graxo Cáprico (C10:0), obteve uma tendência linear crescente Figura 3
(Figura A), a medida que aumentou os níveis de suplemento kg/animal/dia, aumentou a
quantidade desse AG.
70
Com o consumo de suplemento ao nível 0,750kg/animal/dia, obteve-se o ponto
mínimo de concentração deste AG 0,46/área que pode ter ocasionado uma diminuição nos
níveis de produção do ácido propiônico, sendo que este contribui na formação do ácido
C15:0, os ácidos graxos de cadeia ímpar em ruminantes são formados pela síntese de novo,
a partir do ácido propiônico, produzidos no processo de fermentação ruminal (Fernandes et
al., 2008). Esta resposta pode também estar relacionada a suplementação com grãos pois os
mesmos podem elevar a taxa de propionato mesmo em regime de pastejo, isto vai depender
de sua inclusão, no entanto, percebemos como a dieta possui grãos de alto valor lipídico
estes poderiam influenciar na biohidrogenação ruminal, não permitindo a aderência das
bactérias celulolíticas ao seu substrato (Berchielliet al. 2011).
Figura 3. Figura representativa da Tabela 5, em que os Gráficos A, B, C e D demonstram
as curvas e linearidade das médias significativas em % de ácido graxo/área em
relação ao nível de suplemento ingerido.
Em geral, no que se refere à nutrição, o aumento do nível de energia da dieta eleva
o conteúdo de AGMI totais, enquanto o total de AGPI diminui, em razão do aumento da
gordura intramuscular da carne (Sami et al. 2006). Isso, de certa forma, não pode ser
levado em conta nesta pesquisa, pois os resultados obtidos quanto ao marmoreio e o teor de
lipídios totais não foram alterados pelas dietas (Tabela 5). Do mesmo modo, o aumento do
71
teor de AGPI na carne tem sido atribuído a genótipos com menor conteúdo de gordura
intramuscular (Smith et al. 2009). Porém, neste estudo encontrou-se um aumento nos
ácidos graxos poli-insaturados (AGPI) e um alto grau de associação no grau de marmoreio
(r = 89).
Tabela 5. Quantidade de ácidos Graxos, em percentual/área, presentes nas amostras do músculo
Longíssimus dorsi.
Suplemento (níveis de inclusão
kg)
Item
EPM Significância
R2
Equação de regressão
1,0
2,0
4,0
6,0
Lin Quad
C10:0
0,000 0,000 0,212 0,265 1,440 0,040 0,184 0,87 Ŷ = 0,1007x - 0,1325
C12:0
0,176 0,161 0,646 0,105 0,970 0,895 0,013
Ŷ = 0,2720
C14:0
C14:1n6c
C15:0
C15:1n5c
C16:0
C16:1n7
C17:0
C17:1n7c
C18:0
C18:1n9c
C18:1n11
2,478
0,638
0,451
0,184
25,421
2,865
1,175
0,736
17,919
34,097
2,943
2,895
0,425
0,448
0,084
26,499
2,605
1,190
0,671
17,609
31,686
2,559
2,335 2,630 1,120 0,868
0,553 0,511 1,320 0,751
0,383 0,359 0,980 0,027
0,000 0,233 0,790 0,824
23,638 23,265 1,110 0,149
2,796 2,425 1,050 0,290
1,186 1,028 1,020 0,202
0,741 0,636 1,120 0,442
17,582 15,206 0,970 0,125
36,385 36,557 0,970 0,245
3,052 3,120 1,110 0,371
0,948
Ŷ= 2,5845
0,323
Ŷ= 0,5317
0,180 0,92 Ŷ= -0,0052x2 - 0,0079x + 0,4693
0,500
Ŷ=0,1252
0,090
Ŷ=24,7057
0,654
Ŷ=2,6727
0,202
Ŷ=1,1447
0,465
Ŷ=0,6960
0,121
Ŷ=17,0790
0,280
Ŷ=34,6812
0,069
Ŷ=2,9185
C18:2n6
C18:3n3
C19:0
C20:0
C20:1n9
C20:2n6c
C20:3n3c
C20:3n6c
C20:4n6c
C21:0
C22:0
C22:6n3
C23:0
C24:0
C24:1n9
3,733
0,265
0,799
0,123
0,176
0,206
1,069
0,000
0,275
0,560
0,275
0,480
0,161
4,082
0,000
4,184
0,193
0,706
0,133
0,153
0,168
1,390
0,000
1,390
0,345
0,363
0,608
0,306
4,447
0,258
4,479
0,267
0,229
0,733
0,104
0,165
1,451
0,460
0,262
0,330
0,474
0,644
0,351
2,392
0,000
0,046 0,99 Ŷ = -0,0717x2 + 0,6612x + 3,1447
0,546
Ŷ=0,2735
0,344
Ŷ=0,5040
0,080
Ŷ=0,4190
0,824
Ŷ=0,1477
0,279
Ŷ=0,1947
0,695
Ŷ=1,3085
0,775
Ŷ=0,1150
0,791
Ŷ=0,5560
0,626
Ŷ=0,4357
0,607
Ŷ=0,3815
0,276 0,93 Ŷ= 0,02x2 + 0,0152x + 0,458
0,746
Ŷ=0,2727
0,623
Ŷ=3,5707
0,624
Ŷ=0,0645
4,643
0,369
0,282
0,687
0,158
0,240
1,324
0,000
0,297
0,508
0,414
0,852
0,273
3,362
0,000
1,230
1,430
1,220
0,980
0,990
0,890
0,990
0,970
1,120
1,120
1,020
1,010
1,000
0,990
0,970
0,059
0,216
0,102
0,108
0,635
0,533
0,475
0,777
0,637
0,939
0,248
0,039
0,501
0,385
0,634
1
C10:0 ácido cáprico; 2C12:0 ácido láurico; 3C14:1 ácido mirístico; 4C14:1n6c ácido miristoléico; 5C15:0 ácido
pentadecanóico; 6C15:1n5c ácido 5-pentadecanóico; 7C16:0 ácido palmítico; 8 C16:1n7 ácido palmitoléico; 9 C17:0
ácido margárico; 10 C17:1n7c ácido heptadecanoléico; 11 C18:0 ácido esteárico; 12 C18:1n9c; 13 C18:1n11; 14
C18:2n6; 15 C18:3n3; 16 C19:0 ácido nonadecanóico; 17 C 20:0 ácido araquídico; 18 C20:1n9; 19 C20:2n6c; 20
C20:2n6c; 21 C20:3n3c; 22 C20:3n6c; 23 C20:4n6c; 24 C21:0 ácido heneicosanóico; 25 C22:0 ácido beênico; 26
C22:6n3; 27 C23:0 ácido tricosanóico; 28 C24:0 ácido lignocérico; 29 C24:1n9
72
O ácido linoléico (C18:2n6) é o AG mais importante da série (ω6) e está presente de
forma considerável nos óleos vegetais como óleo de girassol, cártamo, milho, soja,
algodão, entre outros. A utilização do grão de soja e do caroço de algodão (alto teor
lipídico de C18:2n6) na formulação do suplemento parece ter passado pela
biohidrogenação ruminal e ter se depositado no músculo animal. Quando se discute sobre
AGPI enfatiza-se sua importância, pois ocorre efeito significativo para este componente
quando localizamos seu ponto máximo na utilização do suplemento em 1,80kg/animal/dia
com uma concentração de 4,66 ácido lenoléico/área.
Os AG da família ω3, de interesse nutricional, são, além do α-linolênico, seus
derivados: ácido eicosapentaenóico (EPA–C 20:5,n3) e ácido docosahexaenóico (DHAC22:6,n3) (Palmiquist & Griinari, 2006). E também se encontram nas sementes
oleaginosas das quais se utilizaram para compor a dieta basal dos animais. Isto se confirma
quando analisou-se seu ponto mínimo de utilização quando fornecendo aos animais
0,380kg/animal/dia foram encontradas concentrações de 0,43 ácido docosahexaeníoco/área
deste ácido graxo.
Tabela 6. Valores médios relativos aos somatórios e agrupamentos de ácidos graxos, em
percentual, presentes nas amostras de carne do músculo Longíssimus dorsi.
Suplemento (níveis de
inclusão kg)
Item
EPM14 Significância R2
Equação de regressão
1,0
2,0
4,0
6,0
Lin Quad
1
Ʃ AGS
53,46 54,80 50,14 48,11 1,02
0,07 0,22
Ŷ= 51,6275
2
Ʃ AGM
41,64 38,44 43,63 43,64 1,23
0,33 0,36
Ŷ= 41,8375
3
Ʃ AGP
6,03 7,93 7,73 7,73 1,04
0,39 0,36
Ŷ= 7,3550
4
Ʃ AGI
47,66 46,37 51,36 51,37 0,99
0,14 0,12
Ŷ= 49,1990
AGD5
65,58 63,98 68,94 66,57 0,89
0,47 0,81
Ŷ= 66,2675
6
IA
0,74 0,82 0,65 0,66 1,09
0,26 0,50
Ŷ= 0,7175
7
CLA
3,73 4,18 4,48 4,64 1,07
0,06 0,06
Ŷ= 4,2575
8
AGP:AGM
0,14 0,21 0,18 0,18 1,27
0,75 0,36
Ŷ= 0,1775
9
ω6
0,75 1,75 1,15 0,91 1,30
0,82 0,70
Ŷ= 1,1400
ω 310
ω6 : ω311
Ʃ AGCM12
Ʃ AGCL13
Ʃ AGCI
5,28
1,41
32,21
69,07
4,06
6,18
2,83
33,12
68,36
3,75
6,57
1,75
30,35
71,28
3,22
6,82
1,33
29,53
69,96
3,32
1,12
1,14
1,08
1,32
1,12
0,09
0,62
0,09
0,40
0,12
0,02
0,92
0,13
0,40
0,47
0,99
-
Ŷ = -0,1625x2 + 1,3135x + 4,1475
Ŷ= 1,8300
Ŷ= 31,3025
Ŷ= 69,6675
Ŷ= 3,5875
1
Ácidos graxos saturados; 2Ácidos graxos monoinsaturados; 3Ácidos graxos poli-insaturados; 4Ácidos
graxos Insaturados; 5Ácidos graxos desejáveis; 6Índice de Aterogeneicidade; 7Ácido linoleico conjugado;
8
Relação ácidos graxos poli-insaturados e monoinsaturados; 9Ômega 6; 10Ômega 3; 11Relação ômega 6 e
ômega 3; 12 Ácidos graxos de cadeia média; 13 Ácidos graxos de cadeia longa; 14Erro padrão da média
73
Os conteúdos dos AG ω3 apresentaram diferenças significativas pelos níveis
ofertados de suplementação (Tabela 6), indicando o ponto máximo da regressão quadrática
quando ofertado o nível de suplemento de 4,350kg/animal/dia ao 6,802 concentração de
ω3/área. Entretanto, não se observou que a oferta de suplementação apresentou
linearmente a relação ω6:ω3, o que mostra a maior participação do ácido graxo ω3 na oferta
da suplementação kg/animal dia (Darley et al., 2010).
Os AG ω6 e ω3 tem influência no metabolismo dos eicosanóides e
docosahexaenóico, tanto na expressão genética como na comunicação intercelular. A
composição dos ácidos graxos ploiinsaturados (PUFA) das membranas celulares depende,
em grande parte, da quantidade existente na dieta (Harper & Jacobcon, 2001).
8
%/área de ω 3
7
6
5
4
3
2
1
4,1
,2
0
01
2
4
6
Níveis de oferta de MM em kg/animal/dia
Figura 4. Curva quadrática de regressão expressando os valores de mínima em razão da %
de ácidos graxos/área de ώ 3 ao nível de determinada oferta do mistura múltipla
kg/animal/dia significativa pela equação de regressão expressa na tabela 6.
As duas classes de PUFAs devem ser muito bem diferenciadas, pois são
metabolicamente diferentes e possuem funções fisiológicas opostas, deste modo o
equilíbrio nutricional é importante para se conseguir a homeostase e desenvolvimento
normal do organismo. Um balanço adequado na proporção de ω6:ω3 na dieta é essencial no
metabolismo do organismo humano, podendo levar a prevenção de doenças
cardiovasculares e crônicas degenerativas e também a uma melhor saúde mental
(Stradiotto et al., 2010). A relação almejada de ω6:ω3 seria de 1:4 que é o valor base
74
encontrado nas dietas dos orientais por possuir uma alimentação rica em ω3 uma vantagem
proporcionada pelo produto final dos animais experimentais.
O problema ocidental
consiste basicamente no desequilíbrio por um alto consumo de ω6 em relação ao ω3.
Isto demonstra a satisfação de encontrar este resultado na carne dos animais
suplementados com esta dieta, pois, além da produção ser ocasionada em um sistema de
ILP ainda conseguiu-se encontrar de fato um produto final de qualidade com potencial
funcional, a utilização de carnes com índices maiores ω3 resulta em uma afeição dos
consumidores pelo produto.
75
Conclusão
A suplementação de animais com mistura múltipla no sistema de integração lavoura
pecuária, favoreceram a qualidade da carne, em atributos como maciez, marmoreio, não
ocorrendo deposição demasiada de ácidos graxos saturados de grande preocupação.
Houve influencia positiva da dieta no aumento dos níveis de ω3 tornando o produto
final (carne) mais atrativo do ponto de vista relativo a saúde humana com um importante
potencial funcional e apelo comercial do produto neste sentido.
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