Completo - X Congresso Nordestino de Produção Animal
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Completo - X Congresso Nordestino de Produção Animal
Comportamento alimentar de caprinos F1 (Boer x SPRD) terminados em Caatinga raleada e enriquecida com capim corrente (Urochloa trichopus Stapf.) e submetidos a suplementação1 Francisco Dyrlley Andrade da Silva2*, Raphael Bernardo da Silva Neto2, George Vieira do Nascimento , Jean Francisco Pereira Gama4, Caíque André Cavalcante da Silva², Diane Cristina de Araújo Dias3, Francisco Avelar Pereira Júnior4, José Morais Pereira Filho5 4 1 Parte do trabalho de iniciação científica do primeiro autor, financiado pelo CNPq. Graduando em Medicina Veterinária, bolsista PIBIC/CNPq – CSTR/UFCG, Patos, PB. [email protected] 3 Graduando em Medicina Veterinária, bolsista PIVIC/CNPq – CSTR/UFCG, Patos, PB. 4 Mestre em Zootecnia, CSTR/UFCG, Patos, PB. 5 Professor Adjunto UAMV/UFCG, Patos, PB. *Autor apresentador. 2 Resumo: O trabalho foi realizado na Fazenda Lameirão com o objetivo de avaliar o tempo de pastejo, ruminação e ócio de caprinos terminados em Caatinga raleada e enriquecida com capim corrente, recebendo diferentes níveis de suplementação (0%, 0,5%, 1% e 1,5%). O delineamento foi inteiramente casualizado com 4 tratamento e 6 repetições e os dados analisados por regressão ao nível de 5% de probabilidade. Conclui-se que a suplementação diminuiu o tempo de ingestão em pastejo e aumentou o tempo de ruminação. Palavras-chave: comportamento animal, caatinga, ingestão, ócio, ruminação Feeding behavior of F1 (Boer x NBD) finished in Caatinga thinned and enriched with corrente grass (Urochloa trichopus Stapf.) and submitted to supplementation1 Abstract: This study was conducted at Lameirão farm in order to assess the grazing time, ruminating and idle of goats finished in Caatinga thinned and enriched with corrente grass, getting different levels of supplementation (0%, 0.5%, 1% and 1,5%). The design was completely randomized with 4 treatment and 6 repetitions and data analyzed by regression at 5% probability. It was concluded that supplementation decreased grazing in consumption of time and increased the ruminating time. Keywords: animal behavior, caatinga, eating, idle, rumination Introdução Os caprinos têm por característica serem seletivos, por isso caminham muito pela pastagem em busca das plantas mais nutritivas, bem como das partes mais nutritivas de cada forrageira. Além destes aspectos, os caprinos apresentam alta capacidade de adaptação, sendo produtivo nas mais diversas condições ambientais, com ocorrência em quase todas as regiões do mundo e sendo explorado para produção de leite, carne e couro. Devida a sua alta capacidade de adaptação se saíram muito bem quando criados em regiões pouco favoráveis a outras criações, como é o caso do semiárido nordestino. Entretanto com o aumento da demanda de carne caprina para o mercado consumidor, foi preciso a introdução de novas técnicas de manejo como também de mais estudo para potencializar a produção desses animais. A etologia animal vem ganhando destaque entre os pesquisadores, desempenhando um papel fundamental para o entendimento do sistema animal x ambiente. O entendimento dos fatores relacionado à planta, ao animal e ao suplemento que interferem no comportamento ingestivo e no desempenho dos animais em pastejo ajudam a identificar as condições de manejo adequadas à categoria animal e ao sistema de produção adotado. A estratégia do uso da suplementação para animais em regime de pastejo visa aumentar a capacidade de suporte e desempenho animal e a mesma pode influenciar o comportamento alimentar dos animais em pastejo além de suprir a carência de alguns nutrientes limitantes, e principalmente, pelo fornecimento adicional de proteína e energia. Neste sentido, avaliar o tempo despendido pelos animais no pasto em alimentação, ruminação e ócio e saber quais fatores podem interferir no ritmo destas atividades são ferramentas importantes para identificar e solucionar falhas no manejo e melhorar os resultados de produtividade. Neste contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o comportamento alimentar em pastejo de caprinos terminados em Caatinga raleada e enriquecida com capim corrente (Urochloa trichopus Stapf.), recebendo diferentes níveis de suplementação. Material e Métodos O experimento foi realizado na Fazenda Lameirão pertencente à Universidade Federal de Campina Grande, geograficamente localizado nas coordenadas 7º1’ latitude Sul e 35º1’ longitude Oeste, no município de Santa Teresinha, Paraíba. A vegetação da região apresenta três estratos distintos, arbóreo, arbustivo e herbáceo. A vegetação da área experimental foi submetida ao raleamento seletivo, interessando tão somente à remoção parcial das espécies indesejáveis, especialmente as plantas consideradas invasoras como a jurema preta e marmeleiro, como a preservação de espécies arbóreas e/ou arbustivas que sejam consideradas plantas em processo de extinção, ou aquelas que permanecem verdes durante o período de estiagem como o juazeiro. Utilizou-se 24 caprinos F1 Boer x SPRD machos não castrados com peso vivo médio de 20 kg, divididos em quatro tratamentos com seis repetições. Todos os animais foram identificados através de brincos plásticos numerados e afixados nas orelhas, posteriormente foram mantidos em uma área de 2,4 hectares divididos em 4 piquetes de 0,6 hectares com seis animais por piquete, com vegetação predominante de Caatinga na qual foi raleada e enriquecida com capim corrente (Urochloa trichopus Stapf.). Os piquetes eram dotados de abrigo para saleiros e bebedouros, nos quais foram disponibilizado, á vontade, mistura mineral completa e água. Os animais permaneceram em pastejo das 08:00 às 16:00 horas totalizando oito horas/dia sendo submetidos às observações visuais em intervalos de dez minutos. Os dados foram coletados durante dois dias por avaliadores treinados em sistema de revezamento e as anotações foram realizadas em planilha específica. Na planilha foi registrado a data da coleta, o número dos animais observados, o horário de cada observação e a atividade que o animal estava fazendo no momento. Logo após o período diurno em que os animais permaneceram nos piquetes foram retirados e colocados em baias individuais equipadas com comedouro e bebedouro onde recebiam suplementação (farelo de milho + farelo de soja) nas proporções de 0,0; 0,5; 1,0 e 1,5% do peso vivo (PV). O suplemento foi elaborado para permitir aos animais que receberam 1,5% do peso vivo em suplemento ganhassem 150 gramas dia (NRC, 2007). As variáveis analisadas foram tempo de ingestão/pastejo, tempo de ruminação e tempo de ócio. Foi considerado como consumo/ingestão (comendo) o tempo gasto na seleção do bocado, apreensão e manipulação do bolo alimentar; o tempo referente à regurgitação, remastigação do bolo alimentar e o tempo entre deglutição e regurgitação foram avaliados como ruminação. Já o ócio foi considerado como o tempo gasto com outras atividades (brincando, deitado), deste que não se configurasse consumo ou ruminação. O delineamento estatístico aplicado foi inteiramente casualizado com quatro tratamentos (diferentes níveis de suplementação) e seis repetições (animais). Os dados foram submetidos a análises de variância e quando pertinentes foram avaliados por regressão, sempre ao nível de 5% de probabilidade com a utilização do programa Statistical Analysis System Institute (SAS, 2000). Resultados e Discussão O tempo de ingestão apresentou comportamento linear decrescente (P<0,05), pois à medida que aumenta os níveis de suplementação, diminuía o tempo de pastejo dos animais. Observa-se que os animais que foram suplementados com 1,5% de concentrado passaram menor tempo pastando (345 min), quando comparados com os demais tratamentos (Tabela 1). Segundo Van Soest, (1994) os ruminantes, como outras espécies, procuram ajustar o consumo alimentar de acordo com suas necessidades nutricionais, especialmente energia. Confirmando o resultado do presente trabalho, onde os animais foram suplementados com concentrado energético e protéico em diferentes níveis. Este resultado também foi citado por Lira et al. (2007) onde a suplementação teve efeito direto sobre os parâmetros comportamentais de caprinos em pastejo, principalmente sobre o tempo de pastejo, onde os animais suplementados diminuem o tempo de pastejo e aumenta o tempo de ócio em relação aos não suplementados. Já o tempo de ruminação teve comportamento linear crescente (P<0,05), sendo o contrario do que foi observado no tempo de ingestão. Os animais que receberam o maior nível de suplementação (1,5%) passaram em média 40 minutos ruminando, quando comparados com os demais tratamentos (0; 0,5 e 1%), sendo o grupo que mais desempenhou essa atividade durante as 8 horas de observação realizada em pastejo. Por sua vez, os animais que não receberam suplementação (0%), ou seja, tiveram uma dieta rica em fibra proveniente do pastejo passaram apenas 6,1 minutos ruminando durante o período de observação realizado. O resultado obtido foi contrário o de Van Soest. (1994) onde afirma que alimentos com alto teor de fibras (volumosos) tendem a aumentar o tempo de ruminação. Isso se justifica da seguinte forma: os animais que não receberam ou receberam pouca suplementação procuram ajustar o consumo alimentar de acordo com suas necessidades nutricionais, assim pastejam por mais tempo, reduzindo assim o tempo de outras atividades. Além disso, segundo Zanine et al. (2006) o tempo gasto em ruminação é mais prolongado à noite, fator não observado durante a pesquisa já que o comportamento foi realizado em pastejo diurno. Já o tempo em ócio (outras atividades) avaliado neste trabalho não teve diferença estatística, como pode ser visto na tabela 1. Tabela 1. Apresenta as equações de regressão referentes ao comportamento alimentar (em minutos) durante o período de pastejo, avaliando a ingestão, ruminação e ócio dos caprinos F1 (Boer x SRD) terminados em Caatinga raleada e enriquecida com capim corrente e submetidos a diferentes níveis de suplementação. Nível de suplementação (%PV1) Variável Equação P R² (minutos) 0 0,5 1,0 1,5 Ingestão 397,22 370,0 380,55 345,0 y = 395,11 – 29,22x 0,04 0,17 Ruminação 6,11 30,55 36,12 40,0 y = 12,11 + 21,45x 0,0001 0,52 Ócio 76,67 79,45 63,33 95,0 y = 78,61 0,49 0,02 1 PV = Peso vivo; X = variável independente; Y = variável dependente; P = probabilidade, R² = coeficiente de determinação Conclusões A suplementação de caprinos mestiços de Boer interfere no seu comportamento alimentar, diminuindo o tempo de ingestão em pastejo e aumentando o tempo de ruminação de acordo com o nível de concentrado oferecido. Agradecimentos Ao CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico), pelo apoio da realização do presente trabalho, com a manutenção das bolsas PIBIC e produtividade em pesquisa. Ao apoio e contribuição dos colegas do Grupo de Pesquisa: Produção e Nutrição de Ruminantes, com também do Laboratório de Nutrição Animal do CSTR – UFCG, Patos - PB, onde este trabalho foi desenvolvido. Referências LIRA, M.A.A.; OLIVEIRA N.S.; PEREIRA FILHO, J.M.; SILVA, A.L.N.; CARVALHO, SILVA, A.M.; J.O.R.; SILVA, R.M.; SOUSA, B.B.; SILVA, A.M.A.; SOUSA, D.O. Comportamento alimentar em pastejo de cabritos mestiço F1 Boer xSRD terminados em pastagem nativa com diferentes níveis de suplementação. In: III Simpósio Internacional sobre Caprinos e Ovinos de Corte, 2007. João Pessoa. Anais... João Pessoa – PB. 2007. NRC. Nutrient Requirements of Small Ruminants: Sheep, Goats, Cervids, and New World Camelids. National Academy of Science, Washintgton, D.C. 2007. 347p. SAS-Statistical Analysis System Institute, General Linear Model: 8.2, Cary. North Caroline: SAS Institute, 2000. VAN SOEST, P.J. Nutritional ecology of the ruminant, 2nd ed. Ithaca: Cornell University Press, 1994. 476p. ZANINE, A.M.; SANTOS, E.M.; FERREIRA, D.J.; GRAÑA, A.L.; GRAÑA, G.L. Comportamento ingestivo de ovinos e caprinos em pastagens de diferentes estruturas morfológicas. REDVET. Revista Eletrónica de Veterinária. Vol. VII. N. 3, março, 2006. p.1-10
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