cerâmica de um povoado emiral da Estremadura.

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cerâmica de um povoado emiral da Estremadura.
NOVAS DESCOBERTAS / NEW DISCOVERIES
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Cristina Gonzalez
Quinta da Granja 1: cerâmica de um povoado emiral da Estremadura.
Durante o ano de 2010 foi identificado e intervencionado um sítio arqueológico de cronologia
alto-medieval na Maiorga, concelho de Alcobaça, no decorrer do acompanhamento das obras
de construção do IC9. No cimo de um pequeno cabeço natural, sobranceiro a uma vasta
planície que compunha a extinta Lagoa da Pederneira, extendia-se sobre uma plataforma o
que restou de um pequeno aglomerado populacional: doze estruturas negativas de plantas
genericamente circulares e profundidades diversas realizadas sobre o substrato arenítico.
Destas, umas correspondiam a estruturas de combustão em cuvette, outras a silos e/ou fossas.
Algumas destas estruturas revelaram um enchimento faseado, com indícios da realização de
“queimadas” no interior para prolongar a sua utilização como fossas de despejo, e um
considerável volume de espólio. Este compunha-se maioritariamente de cerâmica comum, a
torno e manual, utilizada em contextos domésticos, e ocasionalmente alguns artefactos em
metal e um ou outro elemento em pedra talhada ou osso.
O espólio cerâmico, de longe o mais significativo em volume, parece enquadrar o sítio entre os
séculos VII e IX, reunindo influências da tradição local visigótica e de uma nova estética emiral.
A clara maioria dos fragmentos cerâmicos pertence a formas fechadas, principalmente panelas
ou potes, jarros, jarrinhas, cântaros e talhas. Do ponto de vista dos fabricos, a cerâmica
produzida a torno é maioritária, com aplicações nas cerâmicas de cozinha e serviço/transporte,
embora a técnica manual continue a ser utilizada nalgumas destas peças e sobretudo nas de
grandes dimensões. Algumas formas e fabricos associados a cronologias visigóticas coexistem
aqui com a introdução de formas características do período islâmico, notando-se contudo a
ausência de qualquer revestimento vidrado ou motivos decorativos pintados.
A importância do estudo deste conjunto material prende-se sobretudo com o
desconhecimento ainda bastante marcado sobre sítios de cronologias que abarquem
precisamente estes séculos de transição, em particular nesta região da Estremadura. A
comunidade que aqui se terá estabelecido atesta o povoamento da região entre o período
tardo romano e a reconquista cristã, contrariando uma visão tradicional sobre um território
“deserto” até à chegada dos monges de Alcobaça no século XII.

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