Departamento de Ciência da Informação LAURA MARIANE DE
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Departamento de Ciência da Informação LAURA MARIANE DE
Departamento de Ciência da Informação LAURA MARIANE DE ANDRADE APLICABILIDADE DE RECURSOS WEB 2.0 EM BIBLIOTECAS Marília 2009 LAURA MARIANE DE ANDRADE APLICABILIDADE DE RECURSOS WEB 2.0 EM BIBLIOTECAS Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Conselho de Curso de Biblioteconomia como parte das exigências para a obtenção do título de bacharel em Biblioteconomia da Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista. Linha de Pesquisa: Informação e Tecnologia Orientador: Ricardo César Gonçalves Santana Marília 2009 Andrade, Laura Mariane de. A553a Aplicabilidade de recursos web 2.0 em bibliotecas / Laura Mariane de Andrade – Marília, 2009. 87 f.; 30 cm. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, 2009. Orientador: Dr. Ricardo César Gonçalves Santana. 1. Web 2.0. 2. Bibliotecas. 3. Wikis. 4. Blogs. 5. Twitter. I. Autor. II. Título. CDD 025.04 LAURA MARIANE DE ANDRADE APLICABILIDADE DE RECURSOS WEB 2.0 EM BIBLIOTECAS Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado ao Conselho de Curso de Biblioteconomia, como parte das exigências para obtenção do título de Bacharel em Biblioteconomia, da Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista. Linha de Tecnologia Membros da Banca Examinadora: __________________________________________ Nome: Ricardo César Gonçalves Santana Titulação: Doutorado Universidade Estadual Paulista __________________________________________ Nome: Silvana Aparecida Borsetti Gregório Vidotti Titulação: Doutorado Universidade Estadual Paulista __________________________________________ Nome: José Eduardo Santarem Segundo Titulação: Mestrado Universidade Estadual Paulista pesquisa: Informação e Ao Xzu, que nunca me foi Pedro, mas nem por isso me foi distante. Àquele que sempre tinha um sorriso largo no rosto e um quê de bobo que nos fazia pessoas melhores. Que na fugacidade da vida consegue ser eterno aos amigos que cativou. Agradecimentos À minha mãe, Marcus, e Laísa, que sempre foram fundamentais, mais do que tudo e todos, para que eu conseguisse passar esses quatro anos em Marília. E sempre serão. Ao tio Milton, que muitas vezes me fez o papel de pai e sempre esteve disposto a ajudar quando precisei. Ao meu orientador, prof. Ricardo, que foi compreensível perante os momentos difíceis e sempre acreditou em mim. Ao Juan, João, e Vi, que me acompanham desde antes da faculdade e sempre me apoiaram. Aos meninos do fórum: Cadu, Vini, Nandoss, Noel, Michel, Igor. Ao Felipe, que sempre foi meu porto seguro. À Ana, Giza (minha mema coisa), Lélia, Bruno, Danúbia, Gil, Gui, Dadi, Picareta, Ymorian, por fazer parte dos momentos mais felizes. À Marta, Hevelyn, Iuri, Rapha Xavier, Marcos, Andrezinho, Manú, Noemi, Cínthia, Fernando por me adotarem logo de cara como bixete e me ensinarem os primeiros passos em Marília. Às meninas de Arquivo: Naty, Luana e Andreza, aos amigos de Erebds e Enebds que me são tão especiais. Ao COILDE (principalmente Daniel e Josh). Nunca serão! Ao CABiblio, Labi, ExREBD e as pessoas envolvidas, pela maturidade que me proporcionaram. E aos amigos especiais, que me apoiaram quando mais precisei, que dividiram o peso comigo (esse TCC também é de vocês): Carlitos, que me acolheu na sua casa sem pensar duas vezes. Dani, que me apoiou, deu abrigo e foi companheira de muitas histórias. Gleicy, que é amiga, filha, conselheira, cozinheira e que foi meu maior apoio pra conseguir decidir o que é melhor e finalizar o necessário, meu grilo falante (e como fala!). Kana, docinho nipônico que eu não tenho palavras pra descrever o quanto tem sido importante desde o começo. Lucas, pelos momentos de ócio, brisas, pelo socorro sempre valioso e ter sempre paciência comigo. Você é ótimo, cara, não sei como aguentou! Maíra, pelas piadas, descrenças, piadas, descrenças... E ironias, além de todo o resto. Thiago, pela compreensão e vontade de me ver bem, até pelas brigas... Por fim, a todos que contribuíram de alguma forma para a conclusão desse trabalho, e àqueles que porventura se utilizem dessa pesquisa, que possa ser útil. ANDRADE, Laura Mariane de. Aplicabilidade de recursos web 2.0 em bibliotecas. 2009. 87 f. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Biblioteconomia) – Faculdade de Filosofia e Ciências, Universidade Estadual Paulista, Marília, 2009. Resumo A Web 2.0 é uma nova forma de se tratar a Web, incorporando novas perspectivas como: maior comprometimento com o usuário, busca constante de reutilização de dados e serviços, funcionalidades mais próximas àquelas já oferecidas pelos aplicativos para desktop e foco na valorização dos dados. Os bibliotecários começam a perceber a importância da utilização deste recurso, que pode proporcionar, tanto ao profissional da informação quanto ao usuário, vantagens nos processos de armazenamento, recuperação e compartilhamento de informações. Esta nova visão aplicada a Web, quando utilizada na biblioteca vêem promovendo a interação e colaboração dos usuários no ambiente da biblioteca. Portanto, estuda-se a Web 2.0, sua aplicabilidade e formas de utilização, valendo-se de tecnologias emergentes (recursos para criação compartilhada de conteúdo, blogs, microblogs e agregadores de notícias, em sites) com foco de utilização nas bibliotecas universitárias para analisar como esse novo modelo tem se tornado mais atrativo e conhecido para o bibliotecário, agregando valor ao serviço por ele prestado ao seu usuário, além de incentivar o seu uso visando principalmente o usuário. Através de um estudo comparativo sobre as bibliotecas que fazem uso dos recursos apresentados e de que forma os utilizam no âmbito nacional, espera-se amenizar o desconforto gerado pelas mudanças e abrir caminho para a implantação e conscientização desses novos recursos em bibliotecas no futuro. Palavras-Chave: Web 2.0. Wikis. Blogs. Twitter. RSS. Abstract The Web 2.0 is a new way to deal with the Web, incorporating new perspectives like: higher engagement within user, constant seek for services and data reuse, functionalities closer by those yet offered by applications for desktop and a focus on data valorization. Librarians start to perceive the importance on the use of this resource, which can provide, as for information professionals as for users, advantages in information storage, retrieval and sharing. This new vision applied to Web, when utilized at the library promote interaction and collaboration of the user in library environment. Therefore, the Web 2.0 is analyzed, its applicability and utilization forms, making use of emerging technologies (resources for shared creation of contents, blogs, microblogs and news aggregators, in websites) focusing the utilization at university libraries analyzing how this new model is becoming more attractive and known for the librarian, aggregating value to the service performed by the professional to its user, moreover encouraging the use mainly aimed at user. Throughout a comparative study about libraries that use the resources presented and how they use it in national scope, we suppose appease the discomfort created by changes and make way to implant and aware of these new resources at libraries in the future. Key-Words: Emerging technologies. Web 2.0. Wikis. Blogs. Twitter. RSS. Lista de Figuras Figura 1: Página inicial da Biblioteca da ESALQ/USP _____________________ 27 Figura 2: Página inicial da DBD/FMUSP ________________________________ 28 Figura 3: Página inicial da Biblioteca/CIR da FSP/USP ____________________ 29 Figura 4: Página inicial da Biblioteca Florestan Fernandes__________________ 30 Figura 5: Página inicial da Biblioteca da Feevale _________________________ 31 Figura 6: Página inicial da Biblioteca Central da UFRGS ___________________ 32 Figura 7: Página inicial da Biblioteca Central da PUCRS ___________________ 33 Figura 8: Evolução da Web 1.0 para Web 2.0 ____________________________ 37 Figura 9: Página da Biblioteca da ESALQ/USP no Knol ____________________ 43 Figura 10: Página da DBD no Knol ____________________________________ 45 Figura 11: Página da Biblioteca Florestan Fernandes na Wikipédia___________ 46 Figura 12: Página da Biblioteca Central da PUCRS na Wikipédia ____________ 48 Figura 13: Blog da Biblioteca da FSP __________________________________ 52 Figura 14: Blog da Biblioteca Florestan Fernandes________________________ 53 Figura 15: Blog da Biblioteca UNISINOS________________________________ 56 Figura 16: Blog da Biblioteca da Feevale _______________________________ 57 Figura 17: Blog da Biblioteca Central da UFRGS _________________________ 59 Figura 18: Twitter da Biblioteca da ESALQ/USP__________________________ 62 Figura 19: Twitter da Biblioteca Florestan Fernandes ______________________ 63 Figura 20: Twitter da Biblioteca Central da PUCRS _______________________ 65 Figura 21: Página RSS da Biblioteca da ESALQ/USP _____________________ 68 Figura 22: Página RSS baseada em códigos da Biblioteca Central da PUCRS__ 69 Figura 23: Gráfico de quantidade de recursos____________________________ 72 Figura 24: A engrenagem que funciona_________________________________ 81 Lista de Quadros Quadro 1: Exemplos de wikis_________________________________________ 42 Quadro 2: Crescimento de recursos ___________________________________ 61 Quadro 3: Principais agregadores de notícias____________________________ 67 Quadro 4: Utilização dos recursos analisados____________________________ 71 Quadro 5: Data de criação dos recursos analisados _______________________ 72 Quadro 6: Localização das bibliotecas analisadas ________________________ 73 Quadro 7: Divulgação dos recursos analisados __________________________ 74 Quadro 8: Categorias dos blogs ______________________________________ 76 Quadro 9: Perfis das bibliotecas no Twitter ______________________________ 78 Lista de Siglas BC – Biblioteca Central CD-ROM – Compact Disc - Read Only Memory CIR – Centro de Informação e Referência em Saúde Pública CMN – Centro de Medicina Nuclear COMUT – Programa Nacional de Comutação Bibliográfica DBD – Divisão de Biblioteca e Documentação ESALQ – Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” FF – Florestan Fernandes FMUSP – Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo FSP – Faculdade de Saúde Pública IBICT – Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia IBSN – Internet Blog Serial Number IMT – Instituto de Medicina Tropical INRAD – Instituto de Radiologia ISBN – International Standard Book Number ISSN – International Standard Serial Number MEC – Ministério da Educação PUCRS – Pontífica Universidade Católica do Rio Grande do Sul RSS – Really Simple Syndication SIBi/USP – Sistema Integrado de Bibliotecas da USP SMS – Short Message Service SR – Serviço de Referência TIC – Tecnologia de Informação e Comunicação UFRGS – Universidade Federal do Rio Grande do Sul UNISINOS – Universidade do Vale do Rio dos Sinos USP – Universidade de São Paulo WWW – World Wide Web XML – eXtensible Markup Language Sumário 1. Introdução ______________________________________________________ 14 2 Biblioteca: perspectiva histórica ____________________________________ 19 2.1 O papel do bibliotecário ________________________________________ 20 2.2 Serviço de referência __________________________________________ 23 2.3 Biblioteca tradicional, digital e virtual_____________________________ 24 2.4 Identificação das bibliotecas analisadas __________________________ 26 2.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 27 2.4.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD) __________________ 28 2.4.3 Biblioteca/CIR da FSP/USP __________________________________ 29 2.4.4 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 29 2.4.5 Biblioteca UNISINOS _______________________________________ 30 2.4.6 Biblioteca da Feevale _______________________________________ 31 2.4.7 Biblioteca Central da UFRGS ________________________________ 32 2.4.8 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 33 3 Tecnologias de Informação e Comunicação: um recorte na Web _________ 34 3.1 Internet ______________________________________________________ 34 3.2 Web 2.0 ______________________________________________________ 36 4 Recursos Web e sua aplicabilidade em sites de bibliotecas universitárias _ 40 4.1 Recursos para criação compartilhada de conteúdo _________________ 40 4.1.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 43 4.1.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD)/FMUSP____________ 44 4.1.3 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 46 4.1.4 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 48 4.2 Blogs ________________________________________________________ 49 4.2.1 Biblioteca/CIR da FSP/USP __________________________________ 51 4.2.2 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 53 4.2.3 Biblioteca UNISINOS _______________________________________ 55 4.2.4 Biblioteca da Feevale _______________________________________ 57 4.2.5 Biblioteca Central da UFRGS ________________________________ 59 4.3 Microblogs ___________________________________________________ 60 4.3.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 62 4.3.2 Biblioteca Florestan Fernandes ______________________________ 63 4.3.3 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 64 4.4 Agregadores de notícias________________________________________ 65 4.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP ___________________________________ 67 4.4.2 Biblioteca Central da PUCRS ________________________________ 69 5 Análise dos dados obtidos _________________________________________ 71 6 Considerações Finais _____________________________________________ 80 Referências _______________________________________________________ 85 14 1. Introdução Este projeto insere-se na linha de pesquisa Informação e Tecnologia no tema “Web 2.0” cuja delimitação é “Aplicabilidade de recursos Web 2.0 em bibliotecas”. A Web 2.0 é uma evolução da Web, de seus produtos e serviços, que se iniciou em 2004. Nessa nova perspectiva, lidando com informações multimídia, hipertexto, hiperlink, leitura de forma aleatória, entre outros, surge o lautor, ou seja, o leitor que agora deixa de ser somente um espectador para participar ativamente da construção do conteúdo da Internet. Neste novo contexto o leitor passa a ser também autor, interagindo, modificando e criando novos textos em contextos singulares. Esses espaços e recursos utilizados por esse novo modelo de usuário “são possíveis devido a uma nova concepção de Internet, chamada Internet 2.0, Web 2.0, ou Web Social” (BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 192). Os bibliotecários começam a perceber a importância deste novo recurso no contexto das bibliotecas, que pode proporcionar, tanto a eles quanto ao usuário, vantagens nos processos de armazenamento, recuperação e compartilhamento de informações, promovendo a interação e colaboração dos usuários no ambiente da biblioteca. Muitas vezes novos recursos são vistos como barreiras por alguns profissionais que podem considerá-los empecilhos na atuação por falta de familiaridade, mas devemos ser mais flexíveis e caminhar junto às novas tecnologias, agregando-as como um recurso a mais a se disponibilizar ao usuário. Neste novo contexto no qual a produção de informação e conhecimento em ambientes colaborativos modificam as necessidades dos usuários, essa transformação ocorre devido a processos de interação cada vez mais atrativos e eficientes frente ao volume crescente de informações disponíveis e das mais variadas opções de recuperação. As bibliotecas podem ganhar espaço utilizando-se desse tipo de recurso para proporcionar tanto aos bibliotecários quanto ao usuário novos métodos de interação e colaboração e maior eficácia em relação às atividades dentro de seus espaços. 15 Embora já existam e já estejam disponíveis no Brasil, é perceptível o baixo uso dos recursos Web 2.0 nas bibliotecas universitárias, mesmo quando conhecidos, pois o bibliotecário brasileiro, em geral, ainda não está familiarizado e ciente do valor da Web 2.0 adequada às bibliotecas. Dessa forma, o problema da pesquisa configura-se em desvendar como os recursos analisados estão sendo utilizados em bibliotecas no âmbito nacional, uma vez que é perceptível uma carência de parâmetros e de clareza no uso dos mesmos. Na literatura da área de Tecnologia da Informação, alguns autores como Maness, Blattmann e Silva defendem que a Web 2.0 seja uma nova concepção de Web, pois é descentralizada e foca-se no usuário como quem cria, seleciona e troca conteúdos. A Web também funciona como um grande depósito de conteúdos, pois uma vez armazenados, eles são acessíveis em qualquer lugar desde que se tenha acesso a Internet, não existindo mais a necessidade de grandes servidores funcionando como depósito de informação. A intenção da Web 2.0 é ser mais dinâmica e interativa, de modo que os internautas podem colaborar com a criação de conteúdos [...], surgindo um nível de interação em que as pessoas poderiam colaborar para a qualidade do conteúdo disponível, produzindo, classificando e reformulando o que já está disponível. (BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 197) Nesse sentido, os princípios e tecnologias da Web 2.0 devem ser utilizados visando o auxílio e benefício das atividades desenvolvidas por bibliotecas. Sendo assim, a proposição desta pesquisa é entender os conceitos de Web 2.0 e sua aplicabilidade, buscando verificar onde e como tecnologias emergentes baseadas na Web 2.0 estão sendo utilizadas nas bibliotecas universitárias brasileiras, sua relevância e formas de uso, trazendo recursos hoje conhecidos no meio da Internet (no caso, recursos para criação compartilhada de conteúdo, blogs, microblogs, e agregadores de notícias) e abrindo caminho para moldá-los às necessidades de comunicação e troca de conhecimento das pessoas ligadas às bibliotecas, sejam eles usuários ou bibliotecários, tornando a biblioteca mais atrativa aos usuários e para que esse novo modelo seja mais conhecido pelo próprio bibliotecário, refletindo no serviço prestado ao usuário. 16 Com base nesse novo ambiente, efetuou-se a análise dos recursos selecionados para que, apoiado na análise, o bibliotecário possa adaptá-los da melhor forma possível para as bibliotecas. Trata-se de um estudo de tais recursos aplicados à biblioteca física, tradicional, não à biblioteca digital ou virtual, de forma a tratá-la como um ambiente mais interativo, com o usuário produzindo conteúdo. Esse estudo busca incentivar o uso de tecnologias emergentes através de conclusões formuladas com base nos conceitos da Web 2.0 e suas características, sempre com o foco na utilização pelas bibliotecas. Para isso, são apresentados desde o histórico e conceitos da Internet, passando pela Web para assim definir Web 2.0. Espera-se, dessa forma, amenizar o desconforto gerado pelas mudanças e abrir caminho para sua implantação e conscientização dos profissionais acerca destes novos recursos dentro da prática bibliotecária no ambiente que lhe é mais comum, a biblioteca. Buscou-se identificar tais tecnologias emergentes através do ambiente Web, sem contato com as instituições, justamente para que se obtenha uma visão de como esse serviço vem sendo oferecido ao usuário e não de forma interna, para que assim seja mostrada a importância do reflexo na Web da instituição biblioteca como mais um elemento de visibilidade. Portanto emergem os seguintes objetivos de pesquisa: em caráter geral buscou-se, através da literatura existente na área de Biblioteconomia e áreas correlatas nacionais e internacionais, tratar da aplicabilidade de recursos Web 2.0, e para tanto apresentar uma perspectiva histórica, especificamente da biblioteca, do bibliotecário, enfocando o serviço de referência. E por fim, com os objetivos específicos de: realizar um levantamento dos recursos Web 2.0 existentes; selecionar quatro recursos (recursos para criação compartilhada de conteúdo, blogs, microblogs, e agregadores de notícias) e estudálos com o propósito de aplicação no ambiente biblioteca, principalmente no que diz respeito ao setor de referência; e com base nesse levantamento concluir como estão sendo utilizados atualmente para que proporcionem formas de uso voltadas às bibliotecas brasileiras. O uso dos novos recursos da Web acelera o processo de socialização da informação e do conhecimento em espaços cada vez mais interativos e 17 participativos. O incentivo ao trabalho colaborativo fornecido por tais recursos "pode criar o ambiente necessário para modificar a forma de acessar, obter, criar, modificar e publicar informações em diferentes setores, inclusive educacionais, sociais, econômicos e políticos" (BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 211). Com a utilização dos recursos disponíveis na Web 2.0, as bibliotecas acabam criando rupturas na oferta dos serviços e produtos tradicionais aos usuários. Esse processo acarreta desconforto e requer adaptação, como todo processo de mudança. Nesse sentido, essa pesquisa assume o papel de auxiliar o bibliotecário, onde é fundamental o conhecimento acerca das tecnologias disponíveis, suas vantagens, inconveniências e saber adaptá-las da melhor forma para a biblioteca e principalmente para o usuário, bem como incentivar o seu uso. Os bibliotecários precisam estar atentos às mudanças que ocorrerão com a implantação de tais recursos que estão sendo iniciados e vão precisar estar aptos tanto a pô-los em prática como a vencer a barreira da resistência dos usuários ao se adaptar a uma nova tecnologia. A pesquisa realiza uma análise qualitativa sobre as bibliotecas universitárias que fazem uso dos recursos apresentados e de que forma os utilizam, com uma observação direta não-participante. As análises foram feitas sobre os recursos para criação compartilhada de conteúdo (wikis), blogs, microblogs, agregadores de notícias (RSS), com base na divulgação realizada através dos sites das bibliotecas. Essas informações ofereceram subsídios para a realização de um estudo aprofundado, selecionando oito casos de aplicações em bibliotecas brasileiras de cada recurso para que, dessa forma, possa reconhecer seu vínculo com o site da instituição e, por fim, traçar uma análise comparativa sob vários aspectos especificados no capítulo de análise. O enfoque foi dado no serviço disponibilizado pela biblioteca com o olhar do usuário, considerando que a intenção foi realizar a pesquisa sob o ponto de vista da importância do reflexo na Web das instituições como mais um elemento de visibilidade e, portanto, não houve contato específico com as instituições analisadas. A coleta de dados foi feita através de análise de sites e mecanismos de busca disponíveis via Web, selecionando os primeiros resultados que aparecem no Google pertinentes à pesquisa, considerando que seria a forma como um usuário 18 buscaria tais recursos. Como os resultados obtidos no período de julho a novembro de 2009 se resumiam em recursos de bibliotecas universitárias, foram essas consideradas foco desse estudo. No segundo capítulo, após a introdução, apresentam-se conceitos introdutórios e perspectiva histórica relacionados à pesquisa, no que cerne a biblioteca, o papel do bibliotecário, o serviço de referência, além das características que diferem biblioteca tradicional, digital e virtual. No terceiro capítulo, é abordado mais a fundo o conceito de Internet, Web e sua evolução, para que assim possa-se tratar de Web 2.0 e caracterizá-la com base no que a literatura existente tem discuto sob esse aspecto. No quarto capítulo, são apresentados os quatro recursos inseridos no contexto da Web 2.0 que foram abordados na pesquisa (recurso para criação compartilhada de conteúdo, blog, microblog e agregador de notícias inseridos nos sites institucionais), mostrando individualmente suas características e casos que já são utilizados em bibliotecas. No quinto capítulo, com base nesse levantamento, são apresentadas as análises realizadas cruzando dados obtidos e interpretando tais dados, tornando clara a forma como os recursos selecionados estão sendo utilizados. E, por fim, no sexto capítulo são mostradas as "Considerações finais", resultados e conclusões da pesquisa, identificando qual é o quadro nas bibliotecas brasileiras a cerca da utilização de tais recursos, propondo, quando conveniente, uma forma de auxílio quanto à divulgação e uso. 19 2 Biblioteca: perspectiva histórica Antes considerada um objeto de luxo, a biblioteca existia apenas nos grandes centros e em lugares onde o poder aquisitivo dos habitantes ou frequentadores fosse grande. Era cobiçada, mas não essencial para classes sociais mais baixas. Até o século XIX os usuários das bibliotecas eram tão restritos e em número tão insignificante que, a exemplo dos centros de informação de hoje, também tinham seus perfis facilmente identificados. Para eles, obviamente – e com base em seus interesses e necessidades –, as bibliotecas eram estruturadas. Pensar no usuário era desnecessário, uma vez que era ele por demais conhecido. (ALMEIDA JÚNIOR, 2004, p. 71) Atuando direcionados para um único grupo social e lidando exclusivamente com a palavra escrita, com a leitura e o livro, a biblioteca e o bibliotecário isolaram o restante da população (ALMEIDA JÚNIOR, 2004, p. 72), fazendo com que a função da biblioteca se restringisse a tais cobranças e ambiente, criando uma imagem de conservadora e preservacionista que sempre nos foi passada e o bibliotecário carrega o mesmo estigma. Hoje, porém, tornou-se uma necessidade e concretizou-se como fundamental para fins de estudo, lazer, notícias e formação cidadã, indispensável a qualquer pessoa, além de ser encarada atualmente como parte integrante dos principais fornecedores de informação. Segundo Fonseca (2007, p. 48), a palavra biblioteca vem do grego bibliothéke, através do latim bibliotheca, tendo como raiz biblíon e théke. A primeira significa livro, apontando, como a raiz latina líber, para a entrecasca de certos vegetais com a qual se fabricava o papel na Antiguidade. Théke, por sua vez, é qualquer estrutura que forma um invólucro protetor: cofre, estojo, caixa, estante, edifício. Na Antiguidade tratada de uma única forma, a biblioteca é hoje dividida em vários tipos a fim de especificar suas características. Comumente é adotada a divisão em: bibliotecas públicas, escolares, universitárias e especializadas. Fonseca (2007) ainda as divide em mais duas categorias: infantis e nacionais. O conceito que venho propondo é o de biblioteca menos como “coleção de livros e outros documentos, devidamente classificados e catalogados” do que como assembléia de usuários da informação. Consequentemente, ao bibliotecário compete não mais classificar e 20 catalogar livros – operações realizadas por um serviço central e cooperativo devidamente computadorizado – e sim orientar usuários, fornecendo-lhes a informação que seja do interesse de cada um. Note-se que já não me refiro mais à informação simplesmente solicitada e sim àquela que o perfil do usuário – perfil elaborado por serviços de disseminação seletiva – indique ser de seu interesse, mesmo que ele eventualmente a desconheça. (FONSECA, 2007, p. 50) Com o tempo, a biblioteca deixou de ser tratada somente como armazenadora de livros para servir de objeto de inúmeras pesquisas aprofundadas, delineando várias vertentes de estudo na Biblioteconomia tanto no campo conceitual como prático, e como consequência, fornecendo funções mais específicas ao bibliotecário que deixa de ser o antigo guardador e passa a assumir o papel de disseminador da informação, devendo facilitar o caminho do usuário à informação. 2.1 O papel do bibliotecário O entendimento do significado exato do termo “serviço de informação” não é claro em relação aos profissionais, trabalhos ou emprego a que se referem. Embora os serviços de informação apresentem enorme complexidade e exijam mais que o trabalho de um único tipo de profissional, inicialmente é o bibliotecário que assume fundamentalmente o papel de profissional da informação na história. Certamente há um consenso de que certas características mínimas são comuns a todos os chamados profissionais da informação, o que permite o uso da designação em diversos contextos, mas o entendimento parece depender de quem usa o termo e da audiência à qual se dirige. (MUELLER, 2004, p. 23) Fonseca (2004) trata a missão do bibliotecário como a busca pelo elemento humano mais importante do que o documento, destacando o usuário. A princípio, o bibliotecário tinha uma formação voltada exclusivamente à preservação da cultura humana, ao apoio à educação como suporte ao processo ensino-aprendizagem na parte relativa ao conteúdo para o estudo e à pesquisa, e ao planejamento e à administração de recursos informacionais (MUELLER, 2004). Em contraponto a esse histórico, Borges (2004, p. 65) afirma que atualmente, a sua formação parte de um núcleo curricular, com quatro vertentes: fundamentação, planejamento e gerência de sistemas processamento da informação, e tecnologia da informação. de informação, 21 Dessa forma é evidenciada a necessidade da postura positiva perante a tecnologia que o bibliotecário começa a tomar a partir de então. No quesito perfil profissional, Guimarães (2004, p. 89) aponta itens indispensáveis para que o profissional lide com as inovações: • Criatividade, enquanto capacidade para gerar (ou antever) o novo; • Adaptabilidade, enquanto capacidade de conviver com o novo; • Familiaridade tecnológica, enquanto capacidade de tirar proveito do novo; • Sólido embasamento na área de especialidade, enquanto capacidade de contextualizar o novo; • Clareza quanto às instrumentalidades, enquanto capacidade de agregar valores ao novo; • Profissionalismo, enquanto capacidade de vivenciar o novo em uma dimensão coletiva. Por isso o bibliotecário familiarizado com as novas tecnologias ganha destaque frente às mudanças que caracterizam a realidade atual e seu ambiente de trabalho. “Disse Wilson: ‘O bibliotecário é o mediador entre os homens e os livros’. Ora, assim sendo, urge que o serviço que ele vai prestar ao público seja baseado não só nos seus conhecimentos, como também na sua habilidade e experiência.” Ferraz (1972, p. 18), nesse trecho nos faz acreditar, e com razão, que assim como qualquer profissional, o serviço do bibliotecário também está a mercê de sofrer interferência direta pelo seu modo de pensar, conhecimento de mundo e individualidade, mas como ele lida com informação, a interferência acaba sendo bem maior do que na maioria das profissões. Desse modo, é extremamente importante que o bibliotecário torne o ambiente da biblioteca acolhedor e simpático, que ele tenha personalidade e use esses aspectos a seu favor, incentivando e contribuindo para o enriquecimento da personalidade e formação do usuário. Almeida Júnior (2004, p. 85) afirma que a biblioteca deve ser o espaço em que as informações, que se contrapõem a esse consenso hegemônico e dominador, podem ser obtidas. A biblioteca deve usar os suportes através dos quais a maioria da população possa, de fato, se apropriar da informação – e 22 isso significa, além do acesso físico aos suportes, a compreensão e a assimilação de seu conteúdo. Isso denota que o profissional bibliotecário precisa se aliar aos principais meios de comunicação em massa para despertar o interesse da população pelas bibliotecas. E desde a última década podemos perceber que não só a televisão e outros são meios potenciais para despertar esse interesse a partir do usuário, como também a Internet e a virtualidade em geral, pois têm passado a ser mais acessíveis. As características da sociedade da informação e do conhecimento aliadas à virtualidade têm interferido diretamente na atuação do bibliotecário. Borges (2004) aponta a forma como o profissional da informação adquire flexibilidade frente a essas mudanças sob os seguintes aspectos: • A grande alavanca do desenvolvimento da humanidade é o homem; • A informação é um produto, um bem comercial; • O saber é um fator econômico; • A distância e o tempo entre a fonte de informação e o seu destinatário deixaram de ter qualquer importância. As pessoas não precisam se deslocar porque são os dados que viajam; • As tecnologias de informação e comunicação (TICs) tornaram o mundo uma “aldeia global”, como também criaram novos mercados, serviços, empregos e empresas; • As TICs alteraram a noção de valor agregado à informação e interferiram no ciclo informativo tanto do ponto de vista dos processos e das atividades, como da gestão e dos custos; • O registro de grandes volumes de dados é feito com um baixo custo; • O processamento automático da informação realiza-se em alta velocidade; • A armazenagem de dados utiliza memórias com grande capacidade; • A recuperação da informação conta com estratégias de busca automatizadas mais eficientes e relevantes, possibilitando acesso às informações armazenadas em bases de dados, em vários locais ou instituições; 23 • O usuário da informação pode ser também o produtor ou gerador da informação, além de ser também o seu controlador; • A probabilidade de serem encontradas respostas inovadoras a situações críticas é muito superior à situação anterior; • O monitoramento e avaliação do uso da informação são reforçados e facilitados, e tornaram-se mais rápidos, menos onerosos, mais consistentes e confiáveis. Desse modo, é indispensável que o bibliotecário se alie às novas tecnologias para que não perca seus usuários e, com o foco no próprio usuário, essa mudança se inicia pelo serviço de referência dentro da biblioteca, onde o contato dos atuantes é mais próximo e pessoal. 2.2 Serviço de referência No século XIX, a maioria dos estudiosos mantinha coleções particulares imensas, e é de se esperar que a conhecessem como nenhuma outra pessoa. Assim, eles não necessitavam prioritariamente dos serviços oferecidos pelas bibliotecas, tampouco do auxílio de bibliotecários, pois possuíam aos seus cuidados a maior parte da informação que precisavam. Dessa forma bibliotecas não possuíam grandes acervos e exerciam papel secundário na disseminação da informação. Por isso o serviço de referência, que trata essencialmente do contato com o usuário, tardou tanto a surgir como parte essencial de uma biblioteca e ainda assim era raramente utilizado. Não há dúvida que, eventualmente, os bibliotecários, que amiúde também eram pessoas eruditas e conheciam intimamente o conteúdo dos acervos colocados sob sua custódia, seriam capazes de ajudar os leitores em suas pesquisas. Toda essa atividade, porém, permaneceu por muitos anos como algo periférico a suas tarefas principais de aquisição, catalogação, classificação e controle (GROGAN, 2001, p. 24). O serviço de referência tem a finalidade de aproximar a informação dos usuários através do bibliotecário. Este, por sua vez, é responsável pela aproximação da fonte e do usuário, por isso o serviço de referência é essencialmente humano. O bibliotecário é quem traça estratégias de busca, apoiado pelos sistemas de 24 catalogação e classificação que provavelmente a maioria dos usuários não pensaria em usar. Grogan (2001, p. 8) afirma que o papel do bibliotecário de referência é compreender as estruturas dos conhecimentos registrados onde elas existam, e auxiliar no processo de estruturação onde não existam. [...] Os usuários das bibliotecas, auxiliados pelo bibliotecário de referência, têm melhores condições de mais bem aproveitarem o acervo de uma biblioteca do que o fariam sem essa assistência. O setor de referência se apresenta como um serviço abrangente e de conceito complexo, “já que o mesmo está relacionado direta ou indiretamente com todas as outras atividades desenvolvidas na biblioteca, tendo em vista que todas elas são de aspecto de busca de informação” (SILVA; BEUTTENMÜLLER, 2005, p. 79). Atualmente, o conceito de Serviço de Referência (SR) vem sendo repensado e definido como uma sequência lógica das seguintes etapas: o problema, a necessidade de informação, a questão inicial, a questão negociada, a estratégia de busca, o processo de busca, a resposta, a solução e a avaliação (GROGAN, 2001). Sendo assim, o SR começa a ser pensado no contexto da popularização das novas tecnologias e os profissionais desse setor tendem a se adaptar a esses novos recursos a fim de estreitar a relação com o usuário sob esse meio. As tecnologias tem obrigado os profissionais de Referência a repensarem esta atividade, desenvolvendo novos modelos para sua utilização efetiva por parte dos usuários. É necessária uma nova postura de negociação com o usuário, pois a entrevista com interação eletrônica precisa ser tão eficaz quanto a entrevista pessoal (SERVIÇO..., 2003, p. 10, apud SILVA; BEUTTENMÜLLER, 2005, p. 80). 2.3 Biblioteca tradicional, digital e virtual As bibliotecas vêm sofrendo, nas últimas décadas, grandes mudanças baseadas nas novas tecnologias, como automações, utilização de computadores e o uso da informação no suporte digital. Landoni et. al. (1993, apud MARCHIORI, 1997) caracterizam dentro da história da biblioteca três períodos principais: a biblioteca tradicional (de Aristóteles até o início da automação de bibliotecas), a biblioteca moderna ou automatizada (em 25 que os computadores foram usados para serviços básicos, como catalogação e organização do acervo) e biblioteca eletrônica (o uso da informação no suporte digital, pensada como uma nova estratégia para o resgate de informações, onde o texto completo de documentos está disponível on-line). Ohira, Prado e Cunha (2002) evidenciam que a biblioteca tem sido alvo de constante mudança desde a passagem dos manuscritos para a utilização de textos impressos, o acesso a bases de dados bibliográficos armazenados nos grandes bancos de dados, o uso do CD-ROM e o advento da Biblioteca Digital no final dos anos 90. O que tem caracterizado a Biblioteca Tradicional desde o princípio é a dependência de sua localização física e a utilização, em sua coleção, do papel como suporte de registro de informação principal. A Biblioteca Digital entra em cena com uma proposta diferente, deixando de ter a necessidade de uma localização em determinado prédio e como o próprio nome diz, ela se diferencia justamente por apresentar informação somente no formato digital, independente do meio de armazenagem e por não conter livros na forma convencional. Ela se torna única por não possuir um correspondente físico, embora esteja sempre ligada a alguma instituição. Pode ser considerada como uma “coleção de serviços e objetos de informação que disponibiliza o seu acervo direta ou indiretamente via meio digital” (IBICT, 2005). As vantagens apresentadas pela Biblioteca Digital podem se mostrar resumidamente em funcionar 24 horas por dia, permitir o acesso à distância através do uso da Internet, desenvolver-se a partir de contribuições individuais dos seus usuários, permitir o acesso simultâneo de um número infinito de usuários, permitir o acesso a outras fontes de informação externas, comportar informações em diferentes formatos, ter os custos de aquisição e manutenção reduzidos, ter outro tipo de comportamento perante a preservação de documentos e facilitar o acesso a pessoas com deficiência, além de muitas outras funcionalidades que são estudadas mais a fundo. Já Bibliotecas Virtuais são descritas como “coleções organizadas de documentos eletrônicos, onde cada fonte de informação possui dois atributos 26 relacionados: os relativos ao seu conteúdo e os que identificam de forma descritiva o documento” (PROSSIGA, 2005). A Biblioteca Virtual, assim como a Digital, proporciona a vantagem do usuário poder acessá-la remotamente, independente do horário, de qualquer local que disponibilize os recursos tecnológicos necessários, como sua própria casa. Ela não está vinculada a nenhuma biblioteca física ou real, mas a uma relação de sites organizados tematicamente e não apresenta conteúdo próprio. Assim, Prossiga (1997 apud OHIRA; PADRO; CUNHA, 2000) a define como um conjunto de links para documentos, softwares, imagens, bases de dados etc, disponíveis na Internet, organizados em categorias de informação ou por áreas temáticas, de maneira estruturada, de forma a possibilitar que o usuário encontre a informação que considera relevante. Em suma, à biblioteca é papel fundamental e prioritário disponibilizar o acesso à informação e desde que esteja acompanhando o progresso tecnológico promovido pelos novos recursos da Web 2.0, será também através dela que os usuários tomarão conhecimento deles, principalmente pelas bibliotecas públicas. É de conhecimento geral que a realidade das bibliotecas públicas do Brasil, por exemplo, está bem distante de disponibilizar esse tipo de recurso Web 2.0, pois a maioria mal tem recursos tecnológicos como computadores e acesso à Internet disponível aos usuários. Embora haja essa dificuldade, a tecnologia vem ganhando espaço aos poucos e é a partir dos locais onde temos esses recursos que devemos incentivar seu uso e assim expandi-lo aos poucos, como no caso de algumas bibliotecas universitárias, meio em que esses recursos vêm sendo mais disseminados. 2.4 Identificação das bibliotecas analisadas Durante o processo de busca de bibliotecas que utilizam os recursos que são alvos de estudo deste trabalho, identificaram-se as bibliotecas brasileiras que possuem representações na Web através de sites e dos recursos abordados na pesquisa, sendo eles: recursos para criação compartilhada de conteúdo; blogs; microblogs; e agregadores de notícias. As bibliotecas são: 27 2.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP Localizada na cidade de Piracicaba-SP, representa um conjunto de bibliotecas universitárias da Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” (ESALQ), vinculada à Universidade de São Paulo (USP), que comporta as bibliotecas Central, Setorial de Economia, Administração e Sociologia, Setorial de Genética e Setorial de Agroindústria, Alimentos e Nutrição. A Biblioteca ainda tem a coleção mais importante do país na área de ciências agrárias. Segundo informações próprias, as bibliotecas funcionam de forma sistêmica tendo como principais objetivos: coordenar as atividades de informação documentária no Campus; atender ao corpo docente, discente, administrativo, institutos e centros complementares, podendo ainda ser utilizada pela comunidade geral, observada as exigências do regulamento interno da Divisão; servir de apoio ao ensino, pesquisa e extensão, fornecendo informações aos usuários através da coleta, armazenamento, recuperação e disseminação dos documentos na área de agricultura e ciências afins. Figura 1: Página inicial da Biblioteca da ESALQ/USP. Endereço: http://www.esalq.usp.br/biblioteca. 28 Recursos analisados: construção de conteúdo colaborativo (Knol), microblog (Twitter) e agregadores de notícias (RSS). Todos têm sua ligação apresentada no site da biblioteca. A biblioteca não possui blog. 2.4.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD) Figura 2: Página inicial da DBD/FMUSP. Endereço: http://www.biblioteca.fm.usp.br. A DBD, vinculada à Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) , gerencia, organiza e dissemina a informação na área de Ciências da Saúde para o complexo FMUSP/Hospital das Clínicas. São um conjunto de bibliotecas universitárias cuja estrutura é constituída por uma Biblioteca Central (BC), três bibliotecas setoriais especializadas - Centro de Medicina Nuclear (CMN), Instituto de Medicina Tropical (IMT) e Instituto de Radiologia (INRAD) – e a Biblioteca Satélite do Pacaembu, localizadas na cidade de São Paulo-SP. Recursos analisados: construção de conteúdo colaborativo (Knol). Tal ligação não consta no site da biblioteca. A biblioteca não possui blog, microblog ou agregador de notícias. 29 2.4.3 Biblioteca/CIR da FSP/USP Figura 3: Página inicial da Biblioteca/CIR da FSP/USP. Endereço: http://www.biblioteca.fsp.usp.br. A Biblioteca/Centro de Informação e Referência em Saúde Pública (CIR) existe desde os primórdios da atual Faculdade de Saúde Pública (FSP) da USP. Criada em 1918, é um Centro de Informação e Referência na área de Saúde Pública em nível nacional e internacional. Implantou, desde 1997, um novo modelo de gestão que permite compartilhar as atividades de rotina com os projetos e programas desenvolvimentos e, devido à essa experiência, participa do Programa de Qualidade e Produtividade da USP. Recursos analisados: blog. Seu hiperlink é identificado na seção de novidades na página inicial do site da biblioteca. Os outros recursos não foram encontrados. 2.4.4 Biblioteca Florestan Fernandes Localizada dentro da Cidade Universitária, vinculada à USP, a biblioteca integra no mesmo espaço todos os acervos correspondentes aos cursos de Ciências Sociais, Filosofia, Geografia, História e Letras, concentrando em seu acervo livros, 30 teses, periódicos, materiais audiovisuais e outras publicações relacionadas principalmente às áreas de filosofia, ciências sociais, geografia, história, língua e literatura. Participa do Sistema Integrado de Bibliotecas da USP (SIBi/USP) e é biblioteca base do Programa Nacional de Comutação Bibliográfica (COMUT). Figura 4: Página inicial da Biblioteca Florestan Fernandes. Endereço: http://www.sbd.fflch.usp.br. Recursos analisados: blog, microblog (Twitter) e construção de conteúdo colaborativo (Wikipédia). Os itens blog e microblog estão disponíveis no site da biblioteca do lado direito no item “Web 2.0”. Sua página na Wikipédia não está ligada ao site da biblioteca. O recurso agregador de notícias (RSS) não consta como existente. 2.4.5 Biblioteca UNISINOS A biblioteca, pertencente à Universidade do Vale do Rio dos Sinos (UNISINOS), existe há 40 anos e, anteriormente dividida em vários núcleos, é localizada na cidade de São Leopoldo-RS. A UNISINOS é uma universidade católica privada brasileira. O acervo da biblioteca foi unificado em 2000 e, em 2006, parte de seu acervo foi transferido para o novo Campus, localizado em Porto Alegre-RS, com a proposta de atender a Escola de Design. O acervo da biblioteca é formado por 31 cerca de 630 mil itens, incluindo os títulos das bibliotecas conveniadas, do Instituto Anchietano de Pesquisas, do Colégio Cristo Rei e da Biblioteca do Campus Porto Alegre. Recursos analisados: blog. Seu acesso aparece com grande destaque na página inicial do site da biblioteca1. A biblioteca não possui agregador de notícias, microblog ou construção de conteúdo colaborativo. 2.4.6 Biblioteca da Feevale Figura 5: Página inicial da Biblioteca da Feevale. Endereço: http://www.feevale.br/biblioteca/ . A biblioteca está vinculada à Feevale que, segundo seus dados, é uma referência de ensino na região da cidade de Novo Hamburgo-RS. Atua em todos os níveis de ensino, desde a Educação Básica até o Ensino Superior, abrangendo graduação, pós-graduação, lato e stricto sensu, extensão e pesquisa. A Feevale foi credenciada como Centro Universitário pelo Ministério da Educação (MEC) em 1999 e entre suas metas está a transformação do Centro Universitário em Universidade futuramente. A biblioteca tem como objetivo atender ao seguinte público: alunos da Escola de Aplicação (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio, Educação de 1 http://www.unisinos.br/biblioteca 32 Jovens e Adultos), alunos de graduação, alunos de pós-graduação, lato e strictu sensu, extensão, professores, funcionários e a comunidade em geral. O site e os recursos aqui apresentados contemplam as bibliotecas do Campus I – Gastão José Spohr e do Campus II – Paulo Sérgio Gusmão. Recursos analisados: blog. A ligação para o recurso é apresentada na página inicial do site da biblioteca, cujo hiperlink respectivo aparece com grande destaque. Os outros recursos não foram encontrados. 2.4.7 Biblioteca Central da UFRGS Figura 6: Página inicial da Biblioteca Central da UFRGS. Endereço: http://www.biblioteca.ufrgs.br/. A Biblioteca Central da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), localizada em Porto Alegre-RS, é um órgão suplementar vinculado diretamente à Reitoria e, por delegação de competência, à Pró-Reitoria de Coordenação Acadêmica. A função primordial da biblioteca é prover infra-estrutura bibliográfica, documentária e informacional para apoiar as atividades da universidade. Paralelamente ao contexto acadêmico, tem compromisso com a sociedade não vinculada à universidade que se efetiva através da prestação de serviços, proporcionando o acesso à informação, à leitura e outros. 33 Recursos analisados: blog. É o único recurso disponibilizado pela biblioteca. Em seu site, no setor “Notícias”, localizado à direita, encontra-se a ligação para o blog. 2.4.8 Biblioteca Central da PUCRS Figura 7: Página inicial da Biblioteca Central da PUCRS. Endereço: www.pucrs.br/biblioteca. A Biblioteca Central Irmão José Otão, localizada em Porto Alegre-RS, é uma das três bibliotecas vinculadas à Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS). Sua função é atender à comunidade universitária nos setores de ensino, pesquisa e extensão, cobrindo todas as áreas do conhecimento e contribuindo para a sua formação técnica, científica e pessoal, sendo alguns de seus serviços oferecidos, também, à comunidade em geral. Recursos analisados: construção de conteúdo colaborativo (Wikipédia), microblog (Twitter) e agregador de notícias (RSS). Os itens microblog e agregador de notícias estão disponíveis na página inicial do site da biblioteca ao lado direito. Sua página na Wikipédia não está ligada ao site da biblioteca. O recurso blog não consta como existente. 34 3 Tecnologias de Informação e Comunicação: um recorte na Web A cada tecnologia criada para a área de informação, concomitantemente entra em questão a imagem do bibliotecário, a diminuição de suas funções e falta de reconhecimento. A tecnologia [...] cria, simultaneamente, outros tipos de empregos. A individualização do emprego surge na prestação de serviços e na terceirização, e traz a precarização do emprego e a oportunidade do trabalho sem emprego (BAPTISTA, 2004, p. 225). Isso tem ocorrido desde a implantação dos serviços de bases de dados e provavelmente anterior a esse fato, mas torna a ocorrer com a Internet, mas o bibliotecário tem sempre se adaptado às tecnologias e não só continuado no mercado, como tem descoberto novas áreas de atuação. A virtualidade vista atualmente provocou várias alterações, principalmente nas concepções de espaço e tempo, na possibilidade de compartilhamento de tudo o tempo todo, na abstração dos limites físicos, no conceito de consumo da informação e do conhecimento. Não há mais distância, território, domínio e espera: vive-se o aqui e o agora (BORGES, 2004, p. 58). Com tantas mudanças, fica claro como as novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) influenciaram nas mudanças da área de biblioteconomia e continuam provocando transformação. Por isso, aqui estudamos alguns recursos envoltos nesse contexto e para tanto, caracterizaremos o ambiente no qual foram desenvolvidos. 3.1 Internet A Internet existe desde a década de 1960 sendo uma infraestrutura em rede e desde então vem passando por constante evolução, cada vez mais agindo como facilitadora e disseminadora da informação. Seu surgimento deu-se a partir da proposta de um sistema distribuído de comunicação entre computadores para possibilitar a troca de informações durante a Guerra Fria. A Internet é identificada com as seguintes características: veículo de comunicação e de promoção organizacional; uma grande base de dados; uma grande biblioteca ou um excelente espaço para a área comercial, que a transforma num grande mercado. Generalizando 35 bastante, a rede representa, (BAPTISTA, 2004, p. 227). virtualmente, nosso cotidiano Com todo o seu desenvolvimento e, sob o ponto de vista biblioteconômico, podemos comparar a Internet como uma biblioteca cibernética universal, com vários bibliotecários atuando na recuperação da informação utilizando-se de ferramentas de pesquisa para encontrar o que é desejado. Nesse ponto, cada usuário, seja ele bibliotecário ou não, assume esse papel de pesquisador, e cabe a nós, como profissionais da área, não avaliar na perspectiva de que estamos perdendo espaço, pois os usuários estão se tornando auto-suficientes e se afastando das bibliotecas físicas, mas nos cabe compreender o quanto essa mudança é importante e nos colocar como mediadores dessa informação mais do que nunca, utilizando essa colaboração a favor da área. No âmbito da Biblioteconomia, Vale ressaltar que a Internet é uma plataforma tecnológica direcionada para a disseminação da informação e a interatividade, de tal forma que a ampliação dos espaços para interação entre os participantes (bibliotecário e usuário) conduziram a um processo de publicação, compartilhamento e organização de informações, resultando na segunda geração de serviços on-line, a Web 2.0 (VIEIRA; CARVALHO; LAZZARIN, 2008, p. 2). A Internet sempre pareceu ser uma grande biblioteca sem organização, um amontoado de informações desordenadas, e que necessita de um profissional para organizá-la, ou seja, que filtre a informação. Embora essa já não seja a realidade devido à forma de organização colaborativa feita pelos próprios usuários, nesse contexto entra o bibliotecário, assumindo não só o papel de indexador, organizador e recuperador da informação, mas também servindo de guia a essa comunidade. Conforme Lévy (2000, apud BLATMANN; SILVA, 2007), a existência de uma Internet colaborativa possibilita a disseminação da inteligência coletiva. Seu pensamento nos conduz à reflexão de que a Internet é um canal pelo qual flui uma grande quantidade de práticas sociais, culturais, políticas e econômicas. Trata-se de um espaço interativo, de trocas, de criação e geração, além de armazenamento de informações, tornando-se uma importante ferramenta de colaboração entre os participantes do mundo digital on-line e repercute na vida de bits e átomos. 36 3.2 Web 2.0 A Web ou World Wide Web (WWW) surge na década de 1990 como um conceito criado por Tim Berners-Lee em 1992 para facilitar a distribuição de informações, uma forma de acessar informação por meio da Internet, como um modelo de compartilhamento de informações utilizando-se da mesma e inovando com o conceito de hipertexto e utilização de imagens. Seu conceito é constantemente confundido com a própria Internet, que nada mais é do que a infraestrutura que a fornece suporte. o projeto da Web, ao implantar de forma magistral o conceito de hipertexto imaginado por Ted Nelson & Douglas Engelbart (1962), buscava oferecer interfaces mais amigáveis e intuitivas para a organização e o acesso ao crescente repositório de documentos que se tornava a Internet. (SOUZA; ALVARENGA, 2004, p. 132) Portanto, é através desse aspecto de interação e colaboração que a Internet e a Web vêm tomando um crescente volume de informação e surgem ferramentas com a função de auxiliar a lidar com esse crescimento. É esse o foco deste trabalho, tentando exibir um caminho de como utilizar os recursos disponíveis da melhor forma possível e para esse entendimento é necessário que se contextualizem tais recursos através da Web 2.0. O enorme crescimento da Web desde a década de 90 fez com que suas funções fossem estendidas e fornecessem recursos e informação de forma nunca vista. Dessa forma, segundo Souza e Alvarenga (2004) fez-se necessário o surgimento de uma nova filosofia, com suas tecnologias subjacentes, a Web 2.0, uma evolução da Web (que passou a ser denominada Web 1.0 a partir de então), de seus produtos e serviços. A Web 2.0 é um termo cunhado em 2004, conceitualizado e disseminado por Tim O’Reilly e Dale Dougherty, devido ao “crash” do setor de tecnologia nos anos 90 e os novos moldes surgidos depois dele, que consistiam basicamente, em ter uma linha tênue entre criação e consumo por serem colaborativas. O termo nasceu de uma conferência realizada pela MediaLive e O’Reilly Media, em São Francisco. Nessa conferência discutiu-se a idéia da Web ser tratada como algo mais dinâmico e interativo, pois essas mudanças já estavam ocorrendo, 37 de modo que os usuários da Web assumissem o papel de colaboradores efetivamente na construção de conteúdo, classificação e interação. Nessa nova perspectiva, lidando com informações multimídia, hipertexto, hiperlink, leitura de forma aleatória, entre outros, surge o lautor, ou seja, o leitor que agora deixa de ser somente um espectador para participar ativamente da construção do conteúdo da Internet, que passa a ser também autor, interagindo, modificando e criando novos textos em contextos singulares. O termo Web 2.0 nasceu com várias controversas. De acordo com BernersLee é um termo impreciso, enquanto que Crawford (2006, apud CAMPOS, 2007, p. 2) o relaciona ao fato de realmente não constituírem inovações, mas retomarem conceitos e práticas e vendê-los como novidade. Segundo Davis (2005 apud BLATTMANN e SILVA, 2007) a Web 2.0 é uma atitude e não uma tecnologia. A Web 1.0 direcionava pessoas para a informação e a Web 2.0 intenciona levar a informação para as pessoas. Figura 8: Evolução da Web 1.0 para Web 2.0. Fonte: O’Reilly (2005, p. 2). 38 Blattmann e Silva (2007, p. 198) ainda consideram a Web 2.0 como uma nova concepção de Web, pois passa a ser descentralizada e faz com que o usuário torne-se ativo e participante com relação à criação, seleção e troca de conteúdo. Não existe mais a necessidade de gravar em um computador os registros de uma produção, pois eles são acessíveis em qualquer lugar, através da Web. As tecnologias da Web 2.0 representam uma revolução quanto a Web 1.0 na maneira de gerenciar e dar sentido ou ofertar a informação on-line e aos repositórios de conhecimento. As mudanças trazidas por esse sistema implicam ainda na substituição dos tutoriais da Web 1.0 (estáticos) para a possibilidade dinâmica de interação ou no uso de animação programada com dados solicitados especificamente pelo usuário (BLATTMANN; SILVA, 2007, p. 194195). Os autores apontam também a Web 3.0, mais conhecida como Web Semântica e como pode ser combinada com a Web 2.0 no sentido de oferecer o que há de mais moderno na arquitetura da participação coletiva. Além das definições encontradas na literatura baseadas em O’Reilly, Musser et. al. (2007, p.5, apud CAMPOS, 2007, p. 2) definem a Web 2.0 como um conjunto de tendências econômicas, sociais e tecnológicas que coletivamente fundam a próxima geração da Internet – uma mídia mais madura e distintiva, caracterizada pela participação dos usuários, abertura, e efeitos de rede. O advento da Web 2.0 possibilitou o uso de uma plataforma mais aberta e dinâmica, ao invés dos sites antes disponibilizados de modo estático, sem oferecer a possibilidade de interação. Com base nesses relatos, podemos observar as seguintes características na Web 2.0: Posicionamento estratégico (a Web como plataforma); Competências chave (arquitetura de participação e aproveitamento da inteligência coletiva); Ênfase nos usuários e não na tecnologia; O comportamento do usuário não está pré-determinado; O software melhora na medida em que mais pessoas utilizam; Fim do ciclo de liberação do software; Modelos leves de programação; Experiência e conhecimento pessoal dos usuários; Confiar em seus usuários. 39 O’Reilly (2005), pioneiro no desenvolvimento do termo, aponta como princípios da Web 2.0 sete itens, no qual podemos destacar a Internet como plataforma, a publicação e consumo de informação de forma rápida e constante pelos usuários e a valorização do conteúdo colaborativo e da inteligência coletiva. O autor aponta ainda o hipertexto como precursor da construção coletiva do conhecimento, possibilitando a colaboração e revisão dinâmica. Alguns autores defendem a idéia de que a Web 2.0 é uma revolução no meio digital, outros defendem que ela nada mais é do que uma evolução da Web 1.0. Há ainda a discussão a respeito da intenção da Web 2.0 ser somente uma jogada de marketing. O que podemos nos certificar, por enquanto, é que a mudança que a Web 2.0 traz está na maneira como passamos a entendê-la. Embora na literatura atual possamos encontrar muita divergência entre os conceitos a respeito da Web 2.0 serem marketing, revolução ou evolução, preferimos não nos ater a defesas destes, menos ainda de esmiuçar os conceitos de Web 3.0 e Biblioteca 2.0, pois são tão ou mais frágeis que o próprio conceito de Web 2.0. 40 4 Recursos Web e sua aplicabilidade em sites de bibliotecas universitárias Feita a discussão a respeito da importância do conhecimento dos recursos Web 2.0, podemos verificar que não basta que essas tecnologias nem nenhuma outra sejam simplesmente conhecidas sem aplicação. Devem ser caracterizadas como serviços relevantes e úteis aos usuários, que originem aproximação e que podem até distinguir-se como uma linguagem mais informal do que o comum, para que justamente cause esse efeito. Sendo assim, não podem ser consideradas um fim em si mesmas, mas sim um recurso a mais que permita a melhoria dos serviços e produtos oferecidos ou dos procedimentos de trabalho. Nesse aspecto, as ferramentas, serviços, recursos que se constroem a partir do conceito de Web 2.0 são inúmeros. É comum nos depararmos com descrições de trabalhos na área seguidos de projetos que investiram na idéia e tiveram algum tipo de êxito. Uma vez que tais trabalhos são lidos, tornam-se potenciais contribuições para que os bibliotecários levem em consideração a possibilidade de implantar essas tecnologias em suas bibliotecas. Seguindo essa intenção, selecionamos aqui alguns desses recursos para uma análise mais aprofundada, com exemplos reais de aplicações que estão sendo feitas país adentro, independente do tipo, localização, tamanho de biblioteca, entre outros fatores. Para tanto, nos utilizamos das informações disponibilizadas nos sites dessas bibliotecas como meio de divulgação de tais recursos, através do olhar do usuário. 4.1 Recursos para criação compartilhada de conteúdo Caracterizados pela criação coletiva de conteúdo, ou seja, a autoria é da comunidade referente àquele ambiente, os recursos para criação compartilhada de conteúdo se baseiam no conhecimento dos seus usuários para disponibilização de informações. Há tempos baseando-se somente nas enciclopédias impressas, culturalmente surgem mudanças na forma de busca de informação. Dificilmente será encontrado um usuário da Web e de tecnologias referentes a ela que não conheça 41 nenhum ambiente colaborativo. Já não nos prendemos mais à utilização de enciclopédias impressas, por exemplo, e abrimos espaço para a utilização de wikis. Se o impresso demanda uma versão final a ser produzida em escala, e cada atualização exige a compra de nova edição para substituição da anterior, [...] [os wikis] não têm versão final, nem edição obsoleta (mesmo porque a cada momento ele pode ser atualizado) (PRIMO, 2003, p. 59). Wikis são tipos específicos de coleções de documentos organizados de forma hipertextual ou consistem em denominações de softwares específicos usados para criá-los. A característica principal dos wikis e o que os diferem de outras páginas comuns da Internet é o fato de que podem ser editados por qualquer usuário que se utiliza dele, com possíveis restrições de moderadores, devido à comunidade em que se encontra inserido, segurança e confiabilidade de conteúdo. Ele também possibilita que suas páginas estejam sempre em construção, nunca finalizadas, tornando possível a complementação ou correção de alguma informação sempre que for necessário. [...] em virtude de sua abertura à intervenção, os internautas não podem ser chamados de meros usuários ou leitores, na medida em que podem se tornar co-autores quando quiserem. A autoria não fica aqui relegada à mera opção entre caminhos potenciais abertos por um webmaster, que ocuparia uma posição hierarquicamente superior (mantendo para si a posse pelo produto digital e o privilégio de alterar o hipertexto e seu conteúdo escrito). Ou seja, não se trata apenas de leitura ativa e criativa, mas também de legítima redação (PRIMO, 2003, p. 59). Tal característica permite que os wikis estejam inseridos na Web 2.0 e que seu uso seja de grande valor à comunidade bibliotecária através da colaboração dos usuários. Embora possuam inúmeras características positivas, o maior questionamento feito aos wikis gira em torno da carência de revisão antes da publicação e, consequentemente, da confiabilidade de suas fontes. No entanto, isso não deve fazer com que o usuário se afaste dos wikis, mas que saiba ter uma leitura crítica e selecione suas informações, como acontece com a maior parte do conteúdo da Web atualmente. Manness (2007, p. 49) diz que “wikis como itens de uma coleção, e a instrução associada de usuários na avaliação deles, são quase com certeza parte do futuro das bibliotecas”. Assim também, pode-se dizer que brevemente tais recursos 42 estarão disponíveis nas bibliotecas do país como forma de troca de conteúdo entre usuários, assim como entre usuário e bibliotecário, agregando-se ao serviço de referência e dinamizando-o ainda mais, como já acontece internacionalmente. Além disso, esse tipo de recurso permite não só que o usuário seja aproximado através de uma abordagem diferente, chamando sua atenção, como também faz com que ele sinta-se satisfatoriamente inserido na biblioteca por meio da sua constante colaboração e de sua comunidade no geral, tornando claro que a biblioteca é um ambiente vivo e mutável. Portanto, inicialmente com o objetivo de encontrar ambientes wiki especificamente voltados para bibliotecas no âmbito nacional, por não haver esse tipo de recursos disponibilizado no Brasil, acabamos optando por realizar a pesquisa através de páginas wiki com conteúdos de bibliotecas. Nome Wikipédia Scholarpedia Wikinologia Knol Descrição Endereço na Web Foco Nº de artigos Projeto multilingual de acesso público Escrita exclusivamente por profissionais voltados especialmente para o seu campo de especialização; sujeito a revisão por pares. http://wikipedia.org Enciclopédico http://www.scholarpedia.org Enciclopédico 12.000.000 (no Brasil) 1.619 Uma wikipedia sobre tecnologia, eletrônica, programação voltada ao pessoal da Engenharia Elétrica e Ciência da Computação. Uma tecnologia wiki semelhante ao Google. http://www.wikinologia.org Enciclopédico 100.000 http://knol.google.com Enciclopédico 100.000 Quadro 1: Exemplos de wikis. Fonte: elaborado pela autora com base na WIKIPEDIA. Nesse sentido, primeiramente, houve um levantamento de páginas construídas no Knol, por seu conteúdo ter sido construído por perfis correspondentes a funcionários das próprias bibliotecas, para que depois fossem abertos a colaborações de usuários das mesmas, imprimindo maior confiabilidade em seu conteúdo e mostrando a iniciativa da biblioteca, principal foco dessa pesquisa. Feito isso, buscaram-se também páginas com conteúdos de bibliotecas na Wikipédia, mais conhecida e abrangente, de forma a complementar a abordagem aos wikis. 43 4.1.1 Biblioteca da ESALQ/USP Figura 9: Página da Biblioteca da ESALQ/USP no Knol. Endereço: http://knol.google.com/k/biblioteca-da-esalq-usp/divisão-de-biblioteca-e-documentaçãoda/3gquyim7ywail/1#. Nesse caso, a página analisada é da biblioteca da ESALQ, apresentada no item 2.4.1 e se utiliza do Knol. A biblioteca se encontra fisicamente na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo e se caracteriza como biblioteca universitária, especificamente inserida na área de agricultura. De acordo com a avaliação no ambiente, a página contém informações subdividas nos seguintes itens: resumo; missão, valores e visão; localização das bibliotecas; horário das bibliotecas; acervo por biblioteca; serviços; base de dados; publicações eletrônicas e; ligações externas. Dessa forma, pode-se observar que o tipo de informação disponibilizada é referente ao ambiente interno da biblioteca, características gerais, serviços prestados pela mesma, bem como números relativos ao acervo, ligações com a base de dados e com o site da biblioteca. A única ligação externa se refere a portais de pesquisa e revistas eletrônicas, que não têm ligação direta com a biblioteca. Com base nesses fatos, foi verificado também que o tipo de informação disponibilizada tem foco nos usuários da biblioteca, ou seja, a comunidade 44 universitária que a frequenta, embora não restrinja a possibilidade de acesso e participação somente a eles, mas a qualquer indivíduo que esteja na Web. Quanto às categorias, que podem ser inseridas tanto pelo moderador quanto pelos usuários, a página se classifica em agricultura, biblioteca universitária e educação. O tipo de colaboração do ambiente selecionado pelo moderador consiste em permitir que qualquer pessoa possa editar o conteúdo da página, mas tal alteração não será publicada imediatamente, ficando à espera da aprovação do moderador. A página foi criada em 16/09/2009 pelo perfil denominado “Biblioteca da ESALQ/USP” que, de acordo com o observado, corresponde a algum funcionário da biblioteca e a última edição foi realizada no dia 24/09/2009 pelo próprio perfil do moderador, assim como todas as anteriores, totalizando 10 edições até agora. Não há nenhum comentário ou revisão realizados pelo usuário, fato que, aliado ao número de edições, evidencia a falta de participação do usuário nesse ambiente. Ainda assim, de acordo com informações da página, na semana em que foi observada, havia 20 visualizações da página, somando-se a um total de 446 visitas, o que significa que usuários têm acessado frequentemente a página em questão. 4.1.2 Divisão de Biblioteca e Documentação (DBD)/FMUSP O caso da DBD, apresentada no item 1.4.2 e utilizadora do Knol não difere em sua maioria das características observadas no item anterior, por também estar vinculada à USP e seguir o padrão demonstrado pela biblioteca da ESALQ. Sua localização se dá na cidade de São Paulo-SP e suas características a qualificam como biblioteca universitária, atuando na área de saúde e medicina. Sua página no Knol oferece informações históricas da biblioteca, seguida das subdivisões de conteúdo relativas à: missão; conheça a biblioteca (fotos); visita monitorada (fotos); horário das bibliotecas; serviços; guia de apresentação de dissertações, teses e monografias da FMUSP; bases de dados e; publicações eletrônicas. Aqui, como no caso anterior, é observado que o tipo de informação disponibilizada refere-se a utilidades da própria biblioteca, mantendo as ligações 45 externas para bases de dados e publicações eletrônicas. Nesse caso, porém, não há nenhuma informação diretamente referente ao site da DBD, assim como no site não foram encontradas ligações com a página do Knol. Figura 10: Página da DBD no Knol. Endereço: http://knol.google.com/k/divisão-de-biblioteca-edocumentação/divisão-de-biblioteca-e-documentação-da/2m8winmcqjlb4/2#. A ligação com o site da biblioteca se encontra no perfil do moderador cadastrado no Knol denominado “Divisão de Biblioteca e Documentação”, no entanto, na estatística semanal não consta nenhuma visita ao perfil e no total são poucas visitas, o que pressupõe que os usuários dificilmente tomam conhecimento da existência dessa ligação. Ainda assim, nota-se que o foco da informação disponibilizada está nos usuários da biblioteca, como no caso da biblioteca da ESALQ, a comunidade universitária que a utiliza, embora tal fato não restrinja o acesso de outras pessoas à página. Em relação às categorias, a DBD está inserida em biblioteca universitária, educação, faculdade de medicina, medicina e universidade de são paulo, caracterizando uma especificidade maior em relação às categorias relacionadas à ESALQ. 46 Como no item anterior, a edição do conteúdo da página pode ser realizada por qualquer pessoa que possua uma conta no Google, porém não será publicada instantaneamente, pois a aprovação fica a critério do moderador. A data de criação da página consta como 15/10/2009 e possui 10 edições, tendo datada como mais recente a de 22/10/2009, todas editadas pelo moderador da página. Identicamente ao caso da biblioteca da ESALQ, não há nenhum comentário ou revisão realizados pelo usuário, fato que, aliado ao número de edições, evidencia a falta de participação do usuário nesse ambiente. As estatísticas de visualização da página só evidenciam essa característica, pois se resumem a nenhuma visita na semana e 70 no total, embora se deva considerar que a data de criação é recente. 4.1.3 Biblioteca Florestan Fernandes Figura 11: Página da Biblioteca Florestan Fernandes na Wikipédia. Endereço: http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_Florestan_Fernandes. Diferentemente dos exemplos anteriores, a página analisada da Biblioteca Florestan Fernandes (FF), apresentada no item 2.4.4, foi criada na Wikipédia. Localizada na cidade de São Paulo, a biblioteca pertence à USP e se classifica 47 como biblioteca universitária, atendendo a um público específico da área de ciências humanas. As informações contidas na página dizem a respeito da biblioteca, subdivididos nos seguintes itens: história, organização e funcionamento; acervo; como usar a biblioteca; serviços oferecidos; a biblioteca em números e; ligações externas. Assim, observa-se que o tipo de informação disponibilizada é referente à biblioteca e suas características e estatísticas. A referência a algo externo à biblioteca se concentra nas “ligações externas”, que, ainda assim, se restringe aos vínculos que a biblioteca mantém. É importante ressaltar que nesse item se encontram as ligações tanto para o site da biblioteca como para o blog e twitter, recursos que são analisados aqui. Desse modo, é verificado que o tipo de informação disponibilizada tem foco nos usuários da biblioteca, ou usuários em potencial, embora, como princípio da Wikipédia, as informações que estão contidas ali não se restrinjam ao acesso e colaboração dos usuários da biblioteca, mas também de qualquer indivíduo que tenha acesso à página. Em relação às categorias, essa página se insere em “Bibliotecas de São Paulo”, “Bibliotecas Universitárias” e “Universidade de São Paulo”, caracterizando bem o meio a que pertence. Nesse caso, as categorias têm uma dificuldade maior para serem modificadas do que nos exemplos anteriores. No que difere ao Knol, aqui o tipo de colaboração não é legitimado pelo moderador, pois não há somente um indivíduo que administre as informações disponibilizadas na página. Na Wikipédia todos podem colaborar da mesma forma, mas há uma página de discussão corresponde a cada página criada nesse ambiente para que se possa debater eventuais erros, desacordos ou sugestões sobre o artigo. Assim sendo, a alteração de conteúdo é publicada no mesmo momento, não necessitando de aprovação, mas pode ser alterada ou acrescentada por qualquer usuário da mesma forma. Nos dados da página não constam sua data de criação e número de versões, alegando que o tempo entre uma edição e outra foi muito longo para ser armazenada, mas consta a última alteração, que data de 23 de outubro de 2009. Também não são divulgados os números de acesso e a página não dispõe de 48 espaço para comentários, que nesse caso, pode ser substituída pela parte de discussão, citada anteriormente. 4.1.4 Biblioteca Central da PUCRS Figura 12: Página da Biblioteca Central da PUCRS na Wikipédia. Endereço: http://pt.wikipedia.org/wiki/Biblioteca_PUCRS. A página analisada aqui pertence à Biblioteca Central da PUCRS, apresentada no item 2.4.8, criada na Wikipédia. Localizada na cidade de Porto Alegre-RS, a biblioteca pertence à PUCRS e se classifica como biblioteca universitária, atendendo à comunidade universitária e geral que a cerca. As informações contidas na página dizem a respeito da biblioteca, subdivididos nos seguintes itens: história; descrição; padrões; tecnologia; setor de acervos especiais; exposições virtuais; referências e; ligações externas. Assim, observa-se que o tipo de informação disponibilizada é referente à biblioteca e seus serviços. A referência ao conteúdo externo à biblioteca se concentra nas “ligações externas”, sendo que nesse item se encontra a ligação para o site da biblioteca. 49 Verifica-se, portanto, que o tipo de informação disponibilizada tem foco nos usuários da biblioteca, ou usuários em potencial, embora como já dito, como princípio da Wikipédia, as informações que estão contidas ali não se restrinjam ao acesso e colaboração dos usuários da biblioteca, mas abranja qualquer indivíduo que tenha acesso à página. Em relação às categorias, essa página se insere em “Bibliotecas do Rio Grande do Sul”, caracterizando bem o meio a que pertence. Como no item anterior, o tipo de colaboração não é legitimado pelo moderador, pois não há somente um indivíduo que administre as informações disponibilizadas na página. Assim sendo, a alteração de conteúdo é publicada no mesmo momento, não necessitando de aprovação, mas pode ser alterada ou acrescentada por qualquer usuário da mesma forma. Nos dados da página não constam sua data de criação e número de versões, alegando que o tempo entre uma edição e outra foi muito longo para ser armazenada, mas consta a última alteração, que data de 11 de dezembro de 2009. Também não são divulgados os números de acesso e a página não dispõe de espaço para comentários, que nesse caso, pode ser substituída pelo espaço de discussão que a Wikipédia permite. 4.2 Blogs Blogs ou Weblogs são páginas na Web cuja estrutura permite a atualização rápida a partir de acréscimos de artigos ou posts. Normalmente são organizados de forma cronológica inversa (do mais atual para o mais antigo) e seu posts são relacionados à temática proposta pelo blog. Caracterizam-se também por usar elementos multimídias acompanhando os textos e enriquecendo-os com imagens e vídeos, além de hiperlinks que proporcionam interação com conteúdos externos ou internos, de forma a complementar a informação tratada no post. Podem ser escritos por uma ou várias pessoas através de contas pessoais ou coletivas e geralmente disponibilizam espaços para comentários dos leitores. Segundo definições convencionais, blog é um diário mantido por qualquer indivíduo na Internet. A palavra surgiu pela primeira vez em 1997, quando John Barger denominou seu diário pessoal na Web como Weblog. Logo após, usuários 50 começaram a criar trocadilhos com o termo “we blog” ou “nós blogamos”, empregando o uso do termo blog efetivamente. Em suma, Ribas (2008) afirma que os blogs tornaram realidade duas promessas da Internet: a liberdade universal de expressão e a interatividade, sendo estes pontos-chave para o seu sucesso. Embora haja uma discussão a respeito de considerá-lo Web 2.0 ou não, o consideraremos aqui principalmente pela forma de utilização, que deixou de funcionar somente como diário virtual para expandir-se dentro das características de Web 2.0. Para Coutinho (2007, p. 201) a imprensa insiste em ver blogs como meros diários on-line, tratados como publicações individuais e pessoais, por considerar que são ameaças às formas tradicionais de divulgação de informação. A autora aborda os blogs como espaços fundamentais de interação e que podem ser considerados com seriedade, justificando sua importância pela criação recente do IBSN2 (Internet Blog Serial Number), que assim como o ISBN (International Standard Book Number) e o ISSN (International Standard Serial Number), é um número de indexação que pretende garantir o direito dos autores de blog sobre suas publicações. Sua simplicidade de uso e publicação, linguagem informal, facilidade de criação e manutenção, resultados rápidos apresentados nos buscadores Web, além de não necessitar de conhecimento técnico sobre programação para utilização, comparado aos sites, torna o blog um dos recursos mais claros, conhecidos e utilizados da Web 2.0. A nível tecnológico um blog é essencialmente um sistema de gestão de conteúdo que permite publicar uma série de mensagens ou posts sobre os quais os leitores do blog podem adicionar comentários. Como qualquer outro gestor de conteúdos um blog permite separar o conteúdo de sua apresentação visual, o que torna a ferramenta muito mais adaptável, confiável e segura para as futuras mudanças de estilo e imagem (ARNAL, 2008, p. 11, tradução nossa). Dentro das bibliotecas, os blogs assumem um grande potencial, por servir de mais um canal de comunicação prático com os usuários. Neles, podem ser divulgadas as aquisições, atividades internas, assuntos pertinentes à comunidade em que a biblioteca se insere, grupos e recomendações de leitura, atividades da instituição na qual a biblioteca está vinculada, traçando um paralelo com o serviço 2 http://ibsn.org 51 de alerta, entre muitas outras coisas que dependem da criatividade e iniciativa dos bibliotecários. Tais características fazem com que esse profissional possa ver nos blogs uma forma de representação da biblioteca através de um canal direto e na linguagem do usuário, sem a burocracia institucional que muitas vezes surge como barreira para essa comunicação. Para construir um blog, existe uma vasta lista de ferramentas, sendo que as mais utilizadas e gratuitas são o Blogger3 e o Wordpress4, além de vários outros como Uniblog5, LiveJournal6, e os pagos como UOL Blog7 e Terra Blog8. Inseridas nos princípios da Web 2.0, sua utilização se dá por meio da Web, dispensando qualquer tipo de instalação. Há também os blogs que são hospedados pela instituição na qual a biblioteca se insere, tendo o endereço do blog como uma extensão do endereço do site da biblioteca ou da instituição. Para a pesquisa, foram selecionados blogs de bibliotecas hospedados pelas próprias entidades, assim como pelo Blogger e Wordpress. Os critérios de seleção foram feitos através da aparição desses blogs em motores de busca mais utilizados, tentando se aproximar ao máximo com o trajeto que um usuário comum faria. Seguindo essa metodologia, foram encontrados cinco blogs, que serão apresentados e analisados a seguir. 4.2.1 Biblioteca/CIR da FSP/USP A análise aqui realizada descreve as características observadas no blog da Biblioteca/CIR da FSP/USP, apresentada no item 2.4.3 e que está hospedado no Blogger. A biblioteca está instalada na cidade de São Paulo e se caracteriza como biblioteca universitária, atendendo ao público específico da área de saúde pública e nutrição. A página contém itens fixos divididos em “Sobre”, “Galeria de fotos”, “Categorias” e “Arquivos”, além de informações no topo da página. 3 www.blogger.com wordpress.com 5 http://www.uniblog.com.br 6 http://www.livejournal.com 7 http://blog.uol.com.br 8 http://blog.terra.com.br 4 52 Figura 13: Blog da Biblioteca da FSP. Endereço: http://bibfsp.blogspot.com. Nesse topo, são oferecidas ligações que redirecionam o usuário ao site da biblioteca, ao site da faculdade e a uma área direta de comunicação intitulada “Fale conosco”, pertencente ao site. Também como item fixo do blog, é disponibilizado um pequeno texto que descreve a funcionalidade da biblioteca (Sobre) que leva o usuário ao perfil do administrador, além de pequenas amostras da galeria de fotos da biblioteca, oferecendo ligação para o Flickr9 da mesma. Em “Categorias” são mostrados os marcadores que classificam as postagens do blog, que atualmente se mantém em “Acontece na Biblioteca”, “Eventos”, “Produtos e Serviços”, “Recursos da Web” e “Sobrou Tempo?”. Em seguida, são expostos os arquivos do blog com todas as postagens que foram feitas desde o seu início, organizadas em ordem decrescente de data, separadas em semanas, tendo como a última data apresentada 23/10/2009 (ou seja, a primeira postagem). Quanto às postagens, pode-se observar que são feitas por um perfil administrador denominado “Blog da Biblioteca” que aparenta ser representado por um bibliotecário interno. O conteúdo é relativo às novidades e atividades da 9 http://www.flickr.com 53 biblioteca, assuntos pertinentes à literatura científica na área de saúde pública e nutrição, informações sobre literatura para lazer, bem como novidades a respeito da universidade e da faculdade na qual a biblioteca se insere. Embora não apresente posts colaborativos, são utilizados com frequência imagens e vídeos, o que torna o conteúdo mais dinâmico. Como as postagens permitem comentários dos visitantes, é observado um número de comentários que varia de 0 a 2, exceto pelo primeiro post que possui 8 comentários. No todo, o blog conta com 13 postagens até a data em que foi analisado, demonstrando uma frequência de pouco mais de uma postagem por semana. Dessa forma, e também pelo contador de visitas, que marca 1.734 acessos, é notada uma estabilidade na atualização do blog, assim como a participação frequente dos usuários, ainda que pouca, provavelmente por seu pouco tempo de existência. 4.2.2 Biblioteca Florestan Fernandes Figura 14: Blog da Biblioteca Florestan Fernandes. Endereço: http://bibliofflch.wordpress.com. 54 Essa análise é feita com base nas características observadas no blog da Biblioteca Florestan Fernandes, apresentada no item 2.4.4, hospedado no Wordpress. Sua localização física se dá na cidade de São Paulo e é caracterizada como biblioteca universitária, atendendo ao público específico universitário das áreas de filosofia, ciências sociais, geografia, história, língua e literatura. A página contém itens fixos divididos em “Arquivos”, “Páginas”, “Categorias”, “Visite também”, “Onde está quem nos visita?” e “Compartilhe”, além dos itens “Normas bibliográficas”, “Sobre nós”, “Tutoriais” e “Veja também” localizados no topo da página. No topo são oferecidos alguns recursos que podem auxiliar nos estudos dos usuários, como nos itens “Normas bibliográficas” e “Tutoriais”, que contém manuais com informações a respeito das normas utilizadas pela universidade, além de tutoriais de pesquisa nas bases de dados acadêmicas e do catálogo da biblioteca. Os outros itens contidos no topo são referentes a informações específicas da biblioteca, descrevendo resumidamente as funções da biblioteca, disponibilizando ligações com o site, página na Wikipédia, telefones, e-mails e localização, além de ligações externas, como o site da universidade, da faculdade e sites de pesquisa relacionados à academia. Já na coluna localizada à direita, primeiramente são encontrados os arquivos do blog com todas as postagens que foram feitas desde o seu início, organizadas em ordem cronológica decrescente, separadas por mês, mostrando que a primeira postagem foi realizada em 15/04/2009, provável data de criação do blog. Em “Páginas” estão contidos os mesmos itens do topo e em “Categorias” são mostradas as divisões em que as postagens foram publicadas, nas quais consideramos como relevantes10 “Bases de dados”, “bibliotecas”, “Eventos”, “Institucional”, “Libraries”, “livros”, “Postagens”, “Serviços” e “Tecnologia”. Na sequência, são exibidas ligações para o twitter da biblioteca, assim como para a comunidade no Orkut11 e para o site. O blog ainda dispõe de itens onde apresenta dispositivos que otimizam a interação com o usuário, como um espaço de enquetes com assuntos relacionados ao blog, um mapa mundial interativo que apresenta a localização aproximada dos 10 Há uma categoria definida como “1” que aparentemente foi usada somente como teste. Rede social filiada ao Google que objetiva estabelecer e manter relacionamentos geralmente com perfis pessoais. 11 55 visitantes e recursos Web 2.0 que se ligam ao conteúdo do blog (Delicious12, Digg13 e Twitter). Sobre as postagens, pelo que foi observado, são feitas por um único perfil denominado “bibliofflch”, que embora não apresente nenhuma informação sobre o mesmo, acreditamos que seja gerenciado por algum funcionário da biblioteca, baseado nas informações observadas nas postagens. Observa-se também que o conteúdo das postagens é, em sua maioria, relacionado às tecnologias de informação e comunicação, novidades e atividades da biblioteca e da faculdade, assuntos pertinentes a bibliotecas no geral, além de literatura de lazer. O blog não apresenta posts colaborativos e raramente se utiliza de recursos como imagens, sons e vídeos, mantendo textos extensos que podem não chamar a atenção do usuário ao primeiro contato. Quanto aos comentários, embora o blog seja sempre atualizado e contenha um grande número de postagens (foram contados cerca de 60), das 10 que constam na página inicial, somente uma continha comentário, sendo que o restante das postagens arquivadas segue tal tendência, fato que evidencia a pouca participação dos usuários. Sendo assim, nota-se uma manutenção do blog eficiente, porém a participação dos usuários é mínima, mesmo através dos recursos mais simples, como comentários, fato que nos faz pensar em duas hipóteses: os frequentadores do blog assumem o perfil de leitores mais do que contribuintes ou; seu contato com a biblioteca se dá mais através de recursos como Twitter ou o próprio site do que com o blog. 4.2.3 Biblioteca UNISINOS Nesse caso, a análise feita descreve as características observadas no blog da Biblioteca da UNISINOS, apresentada no item 2.4.5, que se hospeda através do site da universidade a qual pertence. A biblioteca se localiza na cidade de São Leopoldo-RS e se caracteriza como biblioteca universitária, atendendo a um público que consiste em estudantes, professores e funcionários de toda a universidade. 12 13 http://delicious.com http://digg.com 56 Figura 15: Blog da Biblioteca UNISINOS. Endereço: http://unisinos.br/blog/biblioteca. A página contém itens fixos bastante simplificados, que consistem em “Categorias”, “Arquivos”, “Blogroll”, “Procura” e “Meta”. No item “Categorias” são exibidos marcadores divididos em “Capacitações”, “Notícias”, “Sem categoria”, “Serviços” e “Sugestões de leitura”. Na sequência, são disponibilizados os arquivos do blog com todas as postagens que foram feitas desde o seu início, organizadas em ordem decrescente por data, separadas por mês, tendo a postagem inaugural datada de 19/02/2008. Sobre as postagens, foi observado que não há um perfil que as assina, como nos exemplos anteriores, pois esse quesito não é necessário já que o blog é hospedado pela própria universidade. O conteúdo é relativo a notícias e serviços da biblioteca, informações sobre literatura para lazer e assuntos gerais relacionados à leitura. O blog não apresenta posts colaborativos, mas ainda que pouco, se utiliza de recursos como imagens, sons e vídeos, que pode tornar o conteúdo mais dinâmico. Como nos exemplos anteriores, o blog permite comentários, porém o número recebido é mínimo, observado que quase todas as postagens que se encontram na página inicial não possuem comentários. 57 Posto isso e, considerando que o blog existe há quase dois anos, é fato que há pouca participação dos usuários nesse meio de comunicação com a biblioteca, embora a biblioteca atualize o blog constantemente. 4.2.4 Biblioteca da Feevale Figura 16: Blog da Biblioteca da Feevale. Endereço: http://bibliotecafeevale.wordpress.com. Essa análise é feita com base nas características observadas no blog da Biblioteca da Feevale, apresentada no item 2.4.6, hospedado no Wordpress. Sua localização física se dá na cidade de Novo Hamburgo-RS e é caracterizada como biblioteca escolar e universitária, atendendo a um público que se insere desde a educação básica até o ensino superior. A página contém itens fixos divididos em “Pesquisa”, “Categorias”, “Sites relacionados”, “Links interessantes”, “Os mais clicados”, “Acessos ao blog” e “Arquivos”. Nesses itens, primeiramente é encontrada uma área para realizar pesquisa com termos dentro do blog, acompanhado de categorias, que mostram as divisões em que as postagens foram publicadas, sendo elas “Acesso gratuito”, “Biblioteca”, 58 “CDU”, “Cuidados com o acervo”, “Dicas”, “Feevale”, “Hora do conto”, “Inclusão”, “Links”, “Notícia”, “Referência” e “Sugestões”. Em seguida são apresentados os sites relacionados, onde consta a ligação com o site da biblioteca; e os “Links interessantes” que fazem ligações externas à biblioteca mostrando outras fontes de pesquisa. Ainda nessa coluna são apresentados os arquivos do blog com todas as postagens que foram feitas desde o seu início, em um total de 246, organizados em ordem cronológica decrescente, separados por mês, mostrando que a primeira postagem foi realizada em 03/07/2008. Quanto às postagens, ao observalas, conferiu-se que são feitas por um perfil denominado “bibliotecafeevale”, que embora não apresente nenhuma informação sobre o mesmo, também acredita-se que seja gerado por algum funcionário da biblioteca, baseado nas informações observadas nas postagens. Além dessas características, observou-se que o conteúdo das postagens é em sua maioria relacionado a informações e novidades da própria biblioteca, mas não se atem somente a isso, abrangendo notícias referentes à Feevale e novidades relacionadas a livros e leituras em geral. O blog também não apresenta posts colaborativos, embora se utilize de recursos que vão além do texto, como imagens e vídeos, garantindo uma dinamicidade aos seus leitores. Sobre os comentários, das postagens visualizadas na página inicial, só uma contém um comentário, sendo que as outras não possuem nenhum, caracterizando assim a falta de participação do usuário, embora o blog seja bastante atualizado, exista há bastante tempo e possua 13.733 acessos em seu contador. Nota-se, portanto, que o blog possui uma manutenção eficiente e muitos usuários o acessam, mas poucos participam na forma mais simples, que são os comentários, fato que nos faz pensar nas mesmas duas hipóteses apresentadas anteriormente: os frequentadores do blog assumem o perfil de leitores mais do que contribuintes ou; seu contato com a biblioteca se dá mais através de outros recursos ou o próprio site do que com o blog. 59 4.2.5 Biblioteca Central da UFRGS Figura 17: Blog da Biblioteca Central da UFRGS. Endereço: http://bcufrgs.blogspot.com. A análise realizada nesse caso descreve as características observadas no blog da biblioteca central da UFRGS, apresentada no item 2.4.7 que se hospeda no Blogger. A biblioteca está instalada na cidade de Porto Alegre-RS e se caracteriza como biblioteca universitária, atendendo ao público da universidade e à comunidade que a cerca. A página contém itens fixos divididos em “Pesquisar esse blog”, “Arquivo do Blog”, “Links” e “Colaboradores”. A coluna lateral se inicia com um espaço de busca dentro do blog, seguida pelos arquivos com todas as postagens que foram feitas desde o seu início, organizadas em ordem decrescente de data, separadas por mês, tendo o post inaugural datado de 23/06/2005. No item “Links” são exibidas algumas ligações externas que direcionam a sites relacionados com o conteúdo da biblioteca e com a universidade. Já no item “Colaboradores” são mostrados os perfis das pessoas que publicam no blog, que aparentemente são os bibliotecários caracterizando colaboração de usuários. pertencentes àquela biblioteca, não 60 Como o blog não possui categorias, tornou-se difícil identificar os temas do conteúdo disposto, porém na descrição do mesmo, é dito que o blog divulga notícias sobre livros, periódicos, documentos eletrônicos e etc. que possam facilitar o acesso à informação de um modo geral. Embora o blog exista há mais de quatro anos, se utiliza muito pouco de imagens e outros recursos, não possui espaço para comentários e, como dito, não possui postagens colaborativas de usuários, o que torna seu contato com o usuário mais restrito. Dessa forma, não foi possível descobrir o nível de participação dos usuários, se estes acessam o blog com frequência e se o blog corresponde às expectativas e se atende às necessidades dos usuários. 4.3 Microblogs Nascidos essencialmente como recursos incorporados no mundo da Web 2.0, os microblogs podem ser conhecidos como redes sociais que permitem aos usuários enviar e ler atualizações pessoais de outros contatos. Como o próprio nome diz, são como condensações de blogs, por permitir que um conteúdo menor e mais simplificado seja apresentado, em termos de caracteres. Embora existam vários desses recursos disponíveis na Web atualmente (como o Tumblr14, Identi.ca15, Jaiku16 e Plurk17), abordaremos especificamente o Twitter, um microblog que resume suas atualizações (ou tweets) em textos de até 140 caracteres, publicados através da Web, SMS (Short Message Service) ou softwares específicos instalados em computadores ou dispositivos portáteis. Como no blog, é necessário criar uma conta, representada pelo símbolo “@” seguido do nome que o usuário escolhe. As atualizações feitas são exibidas na página do perfil do usuário e em tempo real, além de serem enviadas aos usuários que tenham assinado para recebê-las (os seguidores ou followers), assim como apresenta uma listagem das atualizações de perfis que o próprio usuário se dispõe a seguir. 14 http://www.tumblr.com http://identi.ca 16 http://www.jaiku.com 17 http://www.plurk.com 15 61 Criado em 2006 por Evan Willians, Jack Dorsey e Biz Stone, o Twitter surgiu como proposta de unir as mensagens de celular (SMS) à Web. A característica de mensagens curtas foi mantida, unida à idéia de seus usuários divulgarem o que fazem através da pergunta que aparece acima da caixa de postagem: “What are you doing?” (ou “o que você está fazendo?”). Esse recurso permite que os usuários criem comunidades através dos contatos estabelecidos, podendo ser utilizado tanto como recurso pessoal quanto profissional. Por possibilitar tal empreendimento, já é bastante usado por empresas particulares como um canal de marketing, assim como instituições governamentais, públicas ou entidades sem fins lucrativos no geral. Dentre os recursos com mais aderência em 2008, estatisticamente, o Twitter foi o que mais cresceu, com um índice de 1.382% no período de fevereiro de 2008 a fevereiro de 2009, caracterizando seu uso cada vez maior, independente do ambiente ou finalidade. Recurso Fevereiro 2008 Fevereiro 2009 Crescimento Twitter 475.000 7.038.000 1.382% Zimbio 809.000 2.752.000 240% Facebook 20.043.000 65.704.000 228% Multiply 821.000 2.394.000 192% Wikis 1.381.000 3.758.000 172% Quadro 2: Crescimento de recursos. Fonte: Adaptado de http://news.cnet.com Dessa forma, foi notado que várias bibliotecas já têm se conscientizado de como o Twitter pode servir de meio de divulgação das atividades desenvolvidas na biblioteca, bem como da forma que possibilita prestar serviço de atendimento ao usuário paralelo ao que é feito pessoalmente na biblioteca. Portanto, foram analisados perfis de bibliotecas criados no Twitter por bibliotecários ou funcionários que respondem pela biblioteca, encontrados em motores de busca com pesquisas similares as que os usuários de bibliotecas fariam. Assim, encontramos três perfis, apresentados a seguir: 62 4.3.1 Biblioteca da ESALQ/USP Figura 18: Twitter da Biblioteca da ESALQ/USP. Endereço: http://twitter.com/bibliotecaesalq. O caso aqui estudado diz respeito ao twitter da Biblioteca da ESALQ, apresentada no item 2.4.1. A biblioteca se encontra fisicamente na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo e se caracteriza como biblioteca universitária, especificamente inserida na área de agricultura. Na coluna lateral, onde são dispostos os itens fixos, estão o nome, localização, uma pequena descrição e o endereço Web que corresponde ao site da biblioteca. Também são exibidos o número de perfis que a biblioteca segue (4), o número de seguidores (136) e em quantas listas esse twitter está adicionado (6). Atualmente, esse perfil possui 94 postagens, sendo que a primeira foi feita no dia 22/06/2009. Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente às tecnologias comumente usadas na Web, além de novidades relacionadas a bibliotecas e à literatura em geral, mas não remetem a conteúdos internos como o site da biblioteca. As postagens são informativas e sempre contém ligações que levam o usuário a algum site que contém a publicação detalhada do conteúdo proposto. 63 Os posts não caracterizam participação dos usuários de forma convencional, nem através de re-tweets, ou seja, re-postagens de algum conteúdo que já foi encontrado em outro twitter. Da mesma forma, foi notado que outros usuários não têm citado (ou feito re-tweets) da biblioteca. Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca não o mantém constantemente atualizado, levando em consideração que o Twitter é um recurso que exige tal característica e que, das postagens que são exibidas na página inicial, a última data de setembro de 2009, o que corresponde a aproximadamente uma postagem a cada cinco dias. 4.3.2 Biblioteca Florestan Fernandes Figura 19: Twitter da Biblioteca Florestan Fernandes. Endereço: http://twitter.com/bibliofflch. A análise feita aqui corresponde ao twitter da Biblioteca Florestan Fernandes, apresentada no item 2.4.4. Localizada na cidade de São Paulo, a biblioteca pertence à USP e se classifica como biblioteca universitária, atendendo a um público específico da área de ciências humanas. 64 Na coluna lateral, onde são dispostos os itens fixos, estão o nome, localização, uma pequena descrição e o endereço Web que corresponde ao blog da biblioteca. Também são exibidos o número de perfis que a biblioteca segue (47), o número de seguidores (282) e em quantas listas esse twitter está adicionado (13). Atualmente, esse perfil possui 215 postagens, sendo que a primeira foi feita no dia 25/05/2009. Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente às tecnologias comumente usadas na Web, novidades relacionadas a bibliotecas e à literatura em geral, além de informativos e serviços da própria biblioteca. As postagens são informativas e em sua maioria contém ligações que levam o usuário a algum site que contém a publicação detalhada do conteúdo proposto. Os posts não caracterizam participação dos usuários de forma convencional, mas dispõem de re-tweets, ou seja, re-postagens de algum conteúdo que já foi encontrado em outro twitter. Ainda foi notado que da mesma forma, outros usuários têm citado (ou feito re-tweets) da biblioteca. Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca o mantém atualizado, levando em consideração que, das postagens que são exibidas na página inicial, a última data de dezembro de 2009, o que corresponde a aproximadamente uma postagem e meia por dia. 4.3.3 Biblioteca Central da PUCRS Esta análise corresponde ao twitter da Biblioteca Central da PUCRS, apresentada no item 2.4.8. Localizada na cidade de Porto Alegre-RS, a biblioteca pertence à PUCRS e se classifica como biblioteca universitária, atendendo à comunidade universitária e geral que a cerca. Na coluna lateral, onde são dispostos os itens fixos, estão o nome, localização, uma pequena descrição e o endereço Web que corresponde ao site da biblioteca. Também são exibidos o número de perfis que a biblioteca segue (12), o número de seguidores (37) e em quantas listas esse twitter está adicionado (2). Atualmente, esse perfil possui 20 postagens, sendo que a primeira foi feita no dia 04/12/2009, caracterizando esse recurso como novo para a biblioteca. 65 Figura 20: Twitter da Biblioteca Central da PUCRS. Endereço: http://twitter.com/bibliotecapucrs. Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente a novidades e serviços prestados pela biblioteca. As postagens são informativas e em sua maioria contém ligações que levam o usuário a algum site que contém a publicação detalhada do conteúdo proposto, geralmente o da própria biblioteca. Os posts não caracterizam participação dos usuários de forma convencional, mas dispõem de alguns re-tweets, ou seja, re-postagens de conteúdos que já foram encontrados em outro twitter. Ainda foi notado que da mesma forma, outros usuários têm citado (ou feito re-tweets) da biblioteca. Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca o mantém bastante atualizado, levando em consideração que, das postagens que são exibidas na página inicial, a última ainda possui a data de criação, o que corresponde a pouco mais de uma postagem por dia. 4.4 Agregadores de notícias Também chamados de leitores de RSS (Really Simple Syndication), os agregadores de notícias são recursos que reúnem atualizações de sites ou blogs no 66 qual o usuário se inscreve em um único lugar, recebendo e repassando-as aos usuários, empregados principalmente em sites de notícias, blogs redes sociais, bases de dados, entre outros. Tais sites ou blogs são escolhidos pelo próprio usuário de acordo com os seus interesses e assim que são atualizados, o usuário as recebe no seu agregador, sem ter que realizar uma checagem manual, ou seja, ele não precisa mais conferir se há novidades nos sites em questão, um por um. Campos (2007, p. 10) refere-se aos agregadores de notícias como recursos que têm como funcionalidade básica convergir as informações publicadas por vários sítios em um só ponto, verificando regularmente a existência de novo conteúdo. Do mesmo modo, sítios podem agregar e apresentar conteúdo dinâmico proveniente de outros sítios, referenciando adequadamente seus feeds RSS. Para tanto, são utilizados os feeds RSS, que são basicamente representações em documentos XML (eXtensible Markup Language) para cada atualização que o site efetua. Os feeds contêm o nome e conteúdo (integral ou parcial) da atualização feita no site, além da localização (link) e data. Como ressaltam Vieira, Carvalho e Lazzarin (2008, p. 7), o diferencial do RSS está em disponibilizar ao usuário somente o conteúdo selecionado de acordo com a sua necessidade, além das informações virem ao encontro do usuário e não mais o contrário (o usuário ir em busca da informação). Tal fato confere a esse recurso características da disseminação seletiva da informação, divulgando informações baseadas em um perfil pré-estabelecido. Podemos perceber o espaço que as bibliotecas podem ter ao se utilizar do RSS, pois a elas cabe a decisão da inclusão desse recurso nos sites através da disponibilização dos feeds, o que não caracteriza uma tarefa complicada, pois seu funcionamento se dá de uma forma simples e sem custos, dependendo do serviço utilizado. Quanto ao agregador de notícias utilizado, fica a critério do usuário, podendo ser um software instalado no computador ou acessível através da Web. O primeiro é recomendado a usuários que utilizam o mesmo computador para a leitura dos feeds, bem como o segundo se destina mais a quem utiliza o recurso em computadores diferentes e exige cadastro prévio, embora nos dois casos seja necessário acesso à Internet. 67 Dessa forma, elaborou-se um quadro com os nomes dos principais dispositivos para leitura de RSS: Agregador Endereço na Web Forma de utilização Bloglines http://www.bloglines.com Através da Web FeedReader http://www.feedreader.com Instalado no computador GoogleReader http://www.google.com/reader Através da Web Netvibes http://www.netvibes.com Através da Web PageFlakes http://www.pageflakes.com Através da Web QuickRSS http://www.quickrss.net Instalado no computador RSSOwl http://www.rssowl.org Instalado no computador Thunderbird http://br.mozdev.org/thunderbird Instalado no computador Quadro 3: Principais agregadores de notícias. Fonte: elaborado pela autora com base na WIKIPEDIA. Como a decisão de qual agregador será utilizado fica a critério do usuário, a pesquisa aborda os sites de bibliotecas que disponibilizam os feeds, independente do meio em que ele for acessar. Porém, nessa pesquisa foi utilizado como agregador o Google Reader, para que fosse possível obter informações mais detalhadas sobre o conteúdo e estatísticas das postagens. Sendo assim, o levantamento foi realizado com feeds dos sites de bibliotecas apresentados a seguir. 4.4.1 Biblioteca da ESALQ/USP Esta análise corresponde aos feeds da Biblioteca da ESALQ, apresentada no item 2.4.1, cuja hospedagem se dá no Rapidfeeds18. A biblioteca se encontra fisicamente na cidade de Piracicaba, estado de São Paulo e se caracteriza como biblioteca universitária, especificamente inserida na área de agricultura. Geralmente as páginas RSS não trazem informações significativas para o usuário, somente servem como código para que os leitores de feeds os traduzam. Porém, por usar um serviço específico para disponibilização de feeds, a página possui uma interface mais amigável, onde o usuário consegue ter uma clareza de como são dispostos os feeds. Estatisticamente, o agregador possui 8 itens postados, sendo que o primeiro data de 13/08/2009. Em cada item é disponibilizada somente uma introdução à 18 Serviço para disponibilização de feeds: http://www.rapidfeeds.com 68 notícia, fazendo com que o usuário clique no título para que possa ler o conteúdo completo diretamente no site. Figura 21: Página RSS da Biblioteca da ESALQ/USP. Endereço: http://feeds.rapidfeeds.com/12817. Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente aos dados que estão contidos no site, evidenciando as novidades e serviços que a biblioteca tem realizado e principalmente as aquisições que têm adquirido. Também foi notado que os feeds não possibilitam participação dos usuários com relação ao conteúdo, além de ter sido verificado que há somente 2 inscrições nesse feed, caracterizando um número baixo de acompanhamentos. Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca não o mantém muito atualizado, pois considerando a quantidade de itens que possui e a data de criação do primeiro, corresponde a aproximadamente uma atualização a cada doze dias. Nas estatísticas do Google Reader esse número é irrelevante, pois indica zero postagem por semana. 69 4.4.2 Biblioteca Central da PUCRS Figura 22: Página RSS baseada em códigos da Biblioteca Central da PUCRS. Endereço: http://verum.pucrs.br/rss/rss_noticias.rss. Aqui foram analisados os feeds da Biblioteca Central da PUCRS, apresentada no item 2.4.8, cuja hospedagem se dá pelo próprio site da universidade. Localizada na cidade de Porto Alegre-RS, a biblioteca pertence à PUCRS e se classifica como biblioteca universitária, atendendo à comunidade universitária e geral que a cerca. As páginas RSS não trazem informações significativas para o usuário, somente servem como código para que os leitores de feeds os traduzam, e aqui não se foge do comum. Portanto, através do Google Reader, foi constatado que o agregador possui 10 itens postados, sendo que o primeiro data de 28/08/2009. Em cada item, como no caso anterior, é disponibilizada somente uma introdução à notícia, fazendo com que o usuário clique no título para que possa ler o conteúdo completo diretamente no site. 70 Quanto ao conteúdo, foi possível verificar que é referente ao que é atualizado no site como “Notícias”, evidenciando as novidades e serviços que a biblioteca tem realizado. Também foi notado que os feeds não possibilitam participação dos usuários com relação ao conteúdo, contanto, foi verificado que há 10 inscrições nesse feed, número mais que da análise anterior, mas que ainda caracteriza um número baixo de acompanhamentos. Quanto à frequência de atualização, é perceptível que a biblioteca não o mantém muito atualizado, pois considerando a quantidade de itens que possui e a data de criação do primeiro, corresponde a aproximadamente meia atualização por semana. 71 5 Análise dos dados obtidos Para a apresentação deste capítulo, baseando-se nas informações levantadas no capítulo 3, foi realizado o cruzamento de dados das bibliotecas analisadas com relação aos quatro recursos estudados. A proposta inicial se concentrava em estudar dez bibliotecas com a intenção de apresentar até 40 recursos que estão atualmente em uso, porém, com base em um levantamento realizado por mecanismos de busca mais populares e, tentando se assemelhar o máximo possível a uma busca realizada por um usuário comum sem conhecimento prévio, foi visto que dificilmente se chegaria a tal número, concentrando o levantamento em oito bibliotecas e quatorze recursos. São mostrados, portanto, dados sobre a forma como as bibliotecas se utilizam dos recursos. Para simplificar, serão designados números na sequência em que foram apresentadas no capítulo 1: Biblioteca Recurso para criação compartilhada de conteúdo Sim Sim Não Sim Blogs Microblogs Agregadores de notícias 1 – ESALQ Não Sim Sim 2 – DBD Não Não Não 3 – FSP Sim Não Não 4 - Florestan Sim Sim Não Fernandes 5 - UNISINOS Não Sim Não Não 6 - Feevale Não Sim Não Não 7 – UFRGS Não Sim Não Não 8 – PUCRS Sim Não Sim Sim Nº de 4 5 3 2 bibliotecas Quadro 4: Utilização dos recursos analisados. Fonte: elaborado pela autora. Nº de recursos 3 1 1 3 1 1 1 3 14 Como pode ser visto, nenhuma das bibliotecas faz uso dos quatro recursos simultaneamente, assim como nenhum dos recursos foi encontrado nas oito bibliotecas listadas. Sendo assim, supõe-se que, embora aparentemente alguns bibliotecários já conheçam esses recursos, a maioria os destina ao uso pessoal, como no caso dos blogs e microblogs, e desconhecem a visibilidade e utilidade quanto à comunicação que esses recursos podem oferecer. Sobre a forma de utilização, salienta-se: 72 Figura 23: Gráfico de quantidade de recursos. Fonte: elaborado pela autora. Cada recurso tem sido utilizado na seguinte ordem em termos numéricos: blogs (5); recursos para criação compartilhada de conteúdo (wikis) (4); microblogs (3) e; agregadores de notícias (RSS) (2). Assim, com ressalvas que serão feitas ao longo desse capítulo, é evidente que o blog tem sido o tipo de recurso mais utilizado dentre os estudados, provavelmente pela facilidade com que pode ser criado e a forma de comunicação que estabelece com o usuário. Da mesma forma, fica evidente a pouca utilização de agregadores de notícias e RSS (e destacamos aqui certa dificuldade quanto ao levantamento destes), que supostamente deve se dar ao fato de que muitos usuários não conhecem tal recurso, assim como muitos bibliotecários, e também pela complexidade de criação e configuração. Considerando que, da possibilidade de existência de trinta e dois recursos, foram encontrados somente 14, interpretamos que tal resultado deve-se ao fato de que as bibliotecas estão começando a conhecer os recursos agora. Para justificar, foram verificados os seguintes dados sobre a data de criação dos recursos: Recurso para criação Agregadores de Biblioteca Blogs Microblogs notícias compartilhada de conteúdo 1 – ESALQ 16/09/2009 22/06/2009 13/08/2009 2 – DBD 15/10/2009 3 – FSP 23/10/2009 4 – FF Não consta 15/04/2009 25/05/2009 5 – UNISINOS 19/02/2008 6 – Feevale 03/07/2008 7 – UFRGS 23/06/2005 8 – PUCRS Não consta 04/12/2009 28/08/2009 Quadro 5: Data de criação dos recursos analisados. Fonte: elaborado pela autora. 73 Com esse quadro, pode-se perceber como os recursos têm sido utilizados em maior número recentemente apenas. Das datas apresentadas, um recurso foi criado em 2005, dois foram criados em 2008 e nove foram criados no ano de 2009. Acreditamos que esse número tenda a continuar crescendo exponencialmente, de forma a tornar os recursos cada vez mais conhecidos e utilizados em bibliotecas. Com relação à localização das bibliotecas, coletamos os seguintes dados: Entidade a que pertence 1 – ESALQ Piracicaba SP USP 2 – DBD São Paulo SP USP 3 – FSP São Paulo SP USP 4 – FF São Paulo SP USP 5 - UNISINOS São Leopoldo RS UNISINOS 6 – Feevale Novo Hamburgo RS Feevale 7 – UFRGS Porto Alegre RS UFRGS 8 – PUCRS Porto Alegre RS PUCRS Quadro 6: Localização das bibliotecas analisadas. Fonte: elaborado pela autora. Biblioteca Cidade Estado As bibliotecas se concentram na região sudeste e sul, divididas entre o estado de São Paulo e o Rio Grande do Sul. É interessante ressaltar que as cidades onde as bibliotecas estão instaladas são capitais, pertencem a regiões metropolitanas ou são pólos regionais, caracterizando as bibliotecas que têm utilizado os recursos Web 2.0 como bibliotecas que provavelmente têm uma grande infra-estrutura por pertencerem a cidades que tem potencial para esse tipo de investimento. Atentamos também para as características gerais das bibliotecas analisadas, sendo que do total, quatro bibliotecas são vinculadas à USP, evidenciando que das bibliotecas universitárias pioneiras na utilização de recursos Web 2.0 no Brasil, as da USP têm grande destaque. Quanto à frequência de atualização dos recursos, foi possível observar certos aspectos, como: • Nos ambientes de criação compartilhada de conteúdo não há uma atualização frequente de conteúdo, pois no geral, não apresentam participação contínua dos usuários; • Nos blogs, os conteúdos também possuem uma boa frequência de atualização, o que impulsiona a participação dos usuários através dos comentários; 74 • Nos microblogs, como pressuposto do seu formato, é indispensável que a frequência de atualização seja maior do que nos outros recursos apresentados. Assim, não há um padrão quanto a esse quesito, pois alguns twitters têm sido atualizados mais de uma vez por dia, e outros têm mantido uma média de uma postagem a cada cinco dias, por exemplo. • Nos agregadores de notícias também há um número quase que irrelevante de frequência de atualização, refletindo no número de inscrições, que também são poucas. Tais aspectos incidem diretamente na participação dos usuários com colaboração, comentários, RTs (re-tweets) ou inscrições, pois os usuários precisam criar uma necessidade informacional que parte desses recursos para que desenvolvam o interesse e posteriormente, a participação. Dessa forma, o primeiro passo a ser dado para que haja um interesse do usuário é estabelecer eficácia na atualização do conteúdo por parte dos responsáveis por tais recursos. Ainda sobre as bibliotecas, destacam-se os dados do seguinte quadro: Biblioteca 1 – ESALQ Nº de recursos Divulgação no site 3: recurso para criação Possuem. compartilhada de conteúdo; microblog; agregador de notícia. 2 – DBD 1: recurso para criação Não possui. compartilhada de conteúdo. 3 – FSP 1: blog. Possui. 4 – FF 3: recurso para criação Não possui recurso para compartilhada de conteúdo; blog; criação compartilhada de microblog. conteúdo. 5 - UNISINOS 1: blog. Possui. 6 – Feevale 1: blog. Possui. 7 – UFRGS 1: blog. Possui. 8 – PUCRS 3: recurso para criação Não possui recurso para compartilhada de conteúdo; criação compartilhada de microblog; agregador de notícia. conteúdo. Quadro 7: Divulgação dos recursos analisados. Fonte: elaborado pela autora. Como descrito no quadro, os recursos que não possuem divulgação no site são os voltados para criação compartilhada de conteúdo, especificamente 75 localizados na Wikipédia. Isso caracteriza o fato de que o ambiente supracitado ainda estabelece uma ligação informal com as bibliotecas. Vieira, Carvalho e Lazzarin (2008, p. 6) advertem que a carência de revisão editorial tornou-se um desafio a ser vencido pelos bibliotecários devido à necessidade de certos controles. Segundo a Wikipédia (http://es.wikipedia.org/wiki/Wiki) essas mudanças referem-se às correções de estilo, ortografia e gramática bem como as da parte técnica: links, imagens não visualizadas, etc. Inclui também, correções às normas e objetivos do wiki e soluções para os possíveis atos de vandalismo. O maior problema na confiança da Wikipédia está na sua utilização como única fonte de informação, ao invés de seu conteúdo ser visto de forma crítica e que se busquem referências. Acreditamos, no entanto, que a tendência seja a oficialização desse recurso por parte das bibliotecas, como vem acontecendo com o Knol, pelo fato de que o conteúdo da Wikipédia vem se tornando cada vez mais confiável. Nos casos de ambientes para criação compartilhada de conteúdo analisados, resumidos na Wikipédia e no Knol, pode ser percebido um padrão de comportamento da subdivisão de itens das bibliotecas, mesmo quando se utilizam de recursos diferentes, geralmente seguindo uma estrutura de informações préestabelecida no próprio site. Esse padrão de subdivisão de categorias está diretamente ligado com o conteúdo, que, da mesma forma, não difere substancialmente nos wikis analisados, com a diferença de que cada um refere-se à biblioteca que leva o título da página, obviamente. Portanto, chegamos à conclusão de que os wikis têm assumido o mesmo papel nos casos analisados, de divulgar informações internas (históricas, características gerais, funcionamento e serviços prestados) e, eventualmente externas às bibliotecas. Embora esse já seja um grande avanço, considerando o período de existência desse recurso, ainda existem várias formas de utilização que poderiam ser empregadas aos wikis dentro das bibliotecas. Arnal (2008, p. 19) cita o emprego dos wikis no uso interno (como uma ferramenta para intranet), como guias de recursos (seleções de recursos Web comentados), elaboração de manuais (deixando de gerar arquivos PDF para propiciar ambientes que podem sempre ser editados) e guias de informação (a biblioteca não é obrigada a fornecer informações do local onde se encontra, mas poder oferecer o espaço para que a própria comunidade assuma esse papel). Fora do país tais exemplos já existem e 76 acreditamos que não demorará a se tornar comum no Brasil, principalmente em bibliotecas. Quanto aos blogs, os casos analisados aqui de dividem em hospedagens no Blogger, Wordpress e o próprio site institucional, totalizando cinco casos, mas mantendo a maioria das características comuns. Uma das partes mais destacadas nos blogs, por exemplo, como as categorias, possuem nomenclaturas diferenciadas, mas têm em sua essência funcionalidades semelhantes. Podemos aproximá-las da seguinte forma: Biblioteca 4 Biblioteca 5 1ª categoria: Acontece na Biblioteca Institucional Notícias 2ª categoria: 3ª categoria: Eventos Eventos Capacitações Serviços CDU; Dicas; Hora do conto - 4ª categoria: Recursos da Web; Sobrou Tempo? Bases de dados; Serviços Tecnologia; Livros; Bibliotecas Postagens Sugestões de leitura Links; Sugestões - Sem categoria Acesso gratuito; Inclusão - Outras: Produtos serviços e Biblioteca 6 Biblioteca 7 - Biblioteca 3 Biblioteca; Feevale; Notícia; Cuidados com o acervo - Quadro 8: Categorias dos blogs. Fonte: elaborado pela autora. A Biblioteca 7 não possuía marcações por categorias, o que dificultou a análise quanto à definição dos assuntos abordados por ela. Entretanto, foi visto que ainda assim, a biblioteca possuía conteúdo semelhante ao das outras. Assim, afirmamos que a categorização facilita a organização do conteúdo do blog tanto para o moderador quanto para o leitor que está em busca de informações específicas, além de fazer com que a aparência organizada do blog conte como mais um item a favor de despertar o interesse do usuário. Quanto à colaboração, foi constatado que nenhum dos blogs possui postagens abertas dessa forma, e a interação se restringe aos comentários existentes nas postagens. Foi observado que, ainda assim, o número de leitores que comentam nos blogs é pequeno frente ao que poderia ser explorado. 77 Dessa forma, como já citado anteriormente, levantamos duas hipóteses que explicariam tais casos: os frequentadores do blog têm assumido o papel de leitores mais do que de colaboradores, deixando que sua imagem passe despercebida ou; seu contato com a biblioteca tem sido através de outros recursos Web 2.0, como o Twitter, o próprio site ou outros do que com o blog em si. Os blogs assumiram nas bibliotecas um exemplo de como a tecnologia está ao alcance de (quase) todas as bibliotecas e a inovação na prestação de serviços não estará mais nas mãos daqueles que tem grande capital, estará nas mãos daqueles que têm imaginação suficiente e poucas barreiras para iniciar as suas idéias (JUÁREZ, 2008, apud ARNAL, 2008, p. 14, tradução nossa). Sendo assim, acreditamos que o blog é uma das ferramentas com mais potencial para estabelecer uma comunicação enraizada com o usuário, por conta da sua informalidade, e ao mesmo tempo, da confiabilidade que pode ser conferida ao seu conteúdo, além da possibilidade do estabelecimento de uma relação de interação e colaboração estáveis, uma vez que o recurso já está mais do que consolidado. Para tanto, é preciso que os profissionais que têm trabalhado com os blogs acreditem na ferramenta, a estimulem a trazer novidades e manter a frequência de atualização. Deve, além de divulgar o que já é exposto pela biblioteca física, usar-se da capacidade da Web e do próprio recurso blog para torná-lo mais dinâmico, interativo e atraente. Sobre o Twitter, único tipo de microblog analisado, há algumas considerações a serem feitas: no momento do levantamento de dados, foi verificado que há um número considerável de perfis criados, porém a recuperação da sua página não se dá com eficiência por meio dos motores de busca, meio priorizado para a realização do levantamento. Quando são pesquisados twitters nesses motores de busca, são encontrados principalmente twitters pessoais com informações sobre bibliotecas, mas dificilmente twitters de bibliotecas, estendendo a busca a muitas páginas. Ainda que esse fato fosse desconsiderado, foram selecionados somente três microblogs, pois os outros encontrados não relacionavam o site da biblioteca aos seus links, descaracterizando assim a pesquisa por perder o sentido de complementaridade. 78 Analisando, portanto, o levantamento realizado, chegamos ao seguinte quadro: Biblioteca 1 Biblioteca 4 Número que 4 47 segue Número de 136 282 seguidores Número de 94 215 postagens Frequência de Média de 1 postagem a Média de 1 ½ atualização cada 5 dias postagem por dia Quadro 9: Perfis das bibliotecas no Twitter. Fonte: elaborado pela autora. Biblioteca 8 12 37 20 Média de 1 postagem por dia Pode-se ver que os perfis possuem grandes diferenças em relação aos números, mas seguem um padrão de comportamento onde o número de seguidores é maior que qualquer outro, seguido do número de postagens para mostrar, por fim, o número de perfis que segue. Dado isso, consideramos que também há um padrão no tipo de conteúdo apresentado, que geralmente aborda os temas sobre atualidades e serviços da biblioteca, tecnologias voltadas à Web e à literatura em geral, sempre disponibilizando hiperlinks que aprofundem mais o assunto. Ainda assim, uma característica que falta ao emprego do Twitter aqui é a participação do usuário, a colaboração. A forma mais prática de trabalhar esse item seria através de RTs (re-tweets), porém ainda vemos que as bibliotecas enfrentam dificuldades nesse quesito. Já quanto à frequência de atualização, pode-se dizer que é bem variável, destacando-se que a maioria dos twitters tem mantido um bom ritmo de atualização. Diferente dos outros recursos, o Twitter não enfrenta esse problema. Segundo Yamashita e Fausto (2009, p. 7) o Twitter “permite atualizações permanentes de informações gerais, sendo ideais para partilhar novidades da biblioteca. Permite um contato direto com o leitor, atuando como um serviço de referência síncrono, com respostas imediatas aos usuários”. Portanto, o Twitter é um recurso em expansão, que devido à simplicidade da sua forma de trabalhar, pode trazer muitos benefícios à biblioteca. No entanto, há de se ter o cuidado de não deixar que ele atue sozinho, pois é um recurso que serve como chamariz para algumas informações, mas que pode morrer em si sem o aprofundamento em certos assuntos. 79 Quanto aos agregadores de notícias, foi notado que há um uso muito restrito desse recurso. O RSS ainda é visto com certa estranheza pela maioria da comunidade e seu emprego tem sido uma barreira desde então. Mesmo nos casos selecionados foi possível observar que há certa dificuldade em manter os feeds atualizados, o que provavelmente se deve ao fato de que os usuários desconhecem a tecnologia, não buscam assinaturas, os bibliotecários não investem nelas, formando um círculo vicioso. Talvez esse quadro pudesse ser revertido se investissem de forma simples, mas prática nos RSS, como por exemplo: • Disponibilizassem o conteúdo todo nos feeds em vez de só uma introdução; • Mantivessem um ritmo de atualização como vem acontecendo com o Twitter, ou mesmo com alguns blogs; • Informassem atualizações nas bases de dados e catálogos; • Tivessem mais destaque nos sites das bibliotecas e que houvesse uma área para descrevê-lo e mostrar como pode ser um recurso útil. Na literatura científica concernente à Web 2.0 em bibliotecas, o RSS é um dos temas mais tratados, mas ainda há uma grande barreira entre sua discussão e sua aplicação. Arnal (2008, p. 36) ressalta que para uma unidade de informação, é importante dispor de canais RSS tanto para que seus usuários possam personalizar seus alertas de novidades, como para que ela mesma possa reutilizar essa informação, por exemplo, integrando um canal RSS com as novidades da biblioteca diretamente na página Web (tradução nossa). O RSS é uma tecnologia consolidada em outras áreas, mas ainda emergente nas bibliotecas. Assim, ele oferece possibilidades para tornar mais visível a informação produzida pela biblioteca, mas ainda está em fase de adaptação e requer tempo para ser aplicado em uma escala maior. 80 6 Considerações Finais A Web 2.0 aplicada às bibliotecas preserva novas formas de estar em contato com o usuário, e para tanto, nos baseamos nas sugestões de Arnal (2008), que traça novos perfis de usuário participativo (dispostos a colaborar e verificar se o serviço é útil e satisfaz suas necessidades informacionais), biblioteca receptiva (com funcionários que acreditam nos serviços 2.0 e que investem neles) e espaço Web interativo (onde essa participação encontra suporte). Figura 24: A engrenagem que funciona. Fonte: ARNAL (2008, p. 58). Ainda que traçados esses perfis, nesta pesquisa não encontramos bibliotecas que se utilizam dos quatro recursos citados ao mesmo tempo, pois são descobertas novas e pouco aplicadas no âmbito nacional, mas ainda assim, esse levantamento foi realizado, na tentativa de mostrar os reais motivos dessa barreira que são, por muitas vezes, o desconhecimento por parte do bibliotecário e insegurança quanto a usá-las e sair de sua zona de conforto. Consideramos ainda que a análise poderia abranger as bibliotecas da UNESP, meio que nos insere. A sua ausência, porém, justifica-se não pela falta de utilização dos recursos, como é possível ver no site da biblioteca da UNESP de Rio Claro-SP19 (com a utilização do RSS), da Coordenadoria Geral de Bibliotecas (CGB)20 (RSS), ou da 19 20 http://www.rc.unesp.br/biblioteca http://www.unesp.br/cgb 81 Biblioteca do campus de Bauru21 (Twitter, entre outros), mas pela falta de divulgação, culminando no não aparecimento nos mecanismos de buscas entre as primeiras opções, deixando claro que ainda há de se investir nessa área. Embora tais dificuldades sejam comprovadas, o passo inicial está dado e os recursos serão cada vez mais utilizados no país. Devemos nos lembrar, portanto, que os recursos que são implantados nas bibliotecas devem ter um porquê, uma justificativa e objetivos claros. De nada vale a biblioteca implantar serviços que não correspondem ao perfil dela ou ao perfil do seu usuário e tornar aquele recurso obsoleto pela forma de utilização. De fato, a biblioteca pode-se tornar um espaço mais atrativo para o usuário utilizando-se dos recursos Web 2.0. Os blogs, por exemplo, são ferramentas fáceis de usar, pois não necessitam do conhecimento a respeito das linguagens de programação para sua criação. Eles proporcionam uma nova forma de se relacionar com o usuário e talvez a forma mais fácil da biblioteca se apresentar no ambiente Web, de forma flexível e gratuita, sem a formalidade dos sites institucionais. Através deles pode-se anunciar novidades no acervo, atividades das bibliotecas, serviços que prestam, tanto como disponibilizar notícias em geral, novidades a respeito das novas tecnologias que permeiam as bibliotecas e conhecimentos que sejam do interesse da comunidade frequentadora daquela biblioteca, além de recomendações de leituras e tantas outras funcionalidades. Assim, como o blog, o microblog é um recurso fácil de usar, no caso do Twitter, e funciona como um importante canal de divulgação para bibliotecas. Nos tempos atuais de muita informação, onde mensagens rápidas e objetivas que atraiam a atenção do usuário são necessárias, o Twitter de uma biblioteca pode se tornar o canal de abertura para que o usuário a conheça na Web e até mesmo, posteriormente, a biblioteca física. O Twitter pode servir como um RSS, divulgando novidades a respeito da biblioteca, assim como pode direcionar o usuário para o conhecimento de outros recursos que aquela biblioteca possui (como no caso dos blogs, que pode ser divulgado no twitter a cada postagem nova), bem como de notícias externas a ela que podem ser interessantes, através de links. 21 http://www.biblioteca.bauru.unesp.br 82 Com a possibilidade de respostas rápidas e maior proximidade, uma das funções primordiais do twitter no caso das bibliotecas seria estabelecer uma relação biblioteca-usuário mais próxima que os outros recursos. O twiiter, mais do que os outros, dá a possibilidade da biblioteca ser mais amigável ao usuário, de forma que ele assine, comente, responda e pergunte à biblioteca rapidamente, funcionando como serviço de atendimento e serviço de referência, integrados. O RSS é um caso especial, onde sua funcionalidade depende da divulgação de informações provindas de outras fontes. Portanto, mantê-lo isolado de outros recursos o resume a pouca funcionalidade e, consequentemente, baixa aderência de usuários. Sua riqueza está em se interligar com outros recursos, como no caso dos blogs, microblogs, sites das bibliotecas e qualquer outro recurso que se baseie em atualizações. É um meio de disseminação seletiva da informação, e para tanto, pode ser incorporado também pelos catálogos on-line das bibliotecas. A biblioteca também deve se perguntar qual o tipo de informação que quer disponibilizar: se são internas e/ou externas, voltadas para a comunidade frequentadora da biblioteca ou para usuários Web que simplesmente se interessem pelos assuntos que a permeiam. Dessa forma, ela pode disponibilizar informações referentes a repositórios institucionais, periódicos eletrônicos, bases de dados externas, notícias da imprensa, por exemplo, ou informações que tenham cunho interno, como novidades do acervo, serviços da biblioteca, entre outros. Pode ainda ter o RSS funcionando como agregador de notícias referentes a outras bibliotecas (clipping). No caso dos wikis, as bibliotecas podem se utilizar desse elemento não só através dos mais populares (como a Wikipédia), como meio de divulgação, mas também criar o seu próprio wiki. Antes, porém, deve-se perguntar a quem ele vai servir, quais os níveis de colaboração e edição, e podem servir como guias e meios de disponibilização de normas e trabalhos relacionados às bibliotecas, materiais relevantes para as mesmas, serviço de referência assíncrono, entre outros. O controle de edições pode ser feito através de RSS disponíveis para o moderador, apontando quais usuários e quais alterações foram feitas recentemente, permitindo a supervisão de conteúdo por parte da administração. 83 No geral, portanto, antes de se utilizar de qualquer recurso, a biblioteca deve se perguntar que tipo de informação quer que seus usuários acessem através dele, considerando assuntos referentes somente a atividades internas à biblioteca ou se além das atividades que ela realiza, trará outras informações que não se restrinjam à comunidade física, qual a missão da biblioteca e objetivo da utilização do recurso, o que o serviço de referência faz e o que pode ser adaptado para a Web, cativando o usuário com novas informações. Independente do tipo ou quantidade de recursos utilizados pensa-se que, baseados nos princípios da Web 2.0, a tendência é que recursos díspares com funções muitas vezes distintas sejam cada vez mais interligados, formando uma complementaridade. Vemos, por exemplo, que os blogs, microblogs, e agregadores de notícias já têm sua imagem vinculada oficialmente por parte das bibliotecas, mas os recursos para criação compartilhada de conteúdo, especificamente da Wikipédia ainda têm muitas barreiras de aceitação para vencer. Durante a pesquisa, foram enfrentados problemas em localizar as bibliotecas que se utilizavam dos recursos sugeridos, pois é fato que bibliotecas digitais e virtuais têm se utilizado bastante da Web 2.0, porém ainda aparecem muitas barreiras para a adesão das bibliotecas tradicionais. Internacionalmente algumas dessas barreiras já estão sendo quebradas. A literatura especializada, como Arnal (2008) e Mannes (2007), apontam que casos na Europa, principalmente em Portugal e Espanha, têm mostrado que os recursos Web 2.0 têm sido utilizados e que vale a pena investir nessa tecnologia buscando sempre o conforto e a proximidade com o usuário. Esse tipo de investimento também tira a imagem de que bibliotecas são ambientes antiquados e aproxima os usuários das novas gerações, que já nascem envoltos às tecnologias. Depois de estabelecidos esses pontos, ainda há muitas vertentes a serem discutidas, como o papel do bibliotecário frente a essa adaptação, como ele vem se posicionando, como deve se adequar, como o usuário tem se adequado. A principal questão gira em torno de definir como o bibliotecário lidará com essa transição de gerações: a inserida no mundo digital e a não inserida; e saber lidar com os perfis de usuários que se inserem na sua biblioteca. 84 Outro grande ponto é saber que, assim como a Web 2.0 gerou mudanças significativas, outras inovações estão por vir. A Web continuará mudando, levando consigo a forma de tratar a informação. A isso, os bibliotecários têm que estar atentos e sempre adaptáveis, a fim de acompanhar o processo evolutivo das tecnologias e estar à frente de tais mudanças. 85 Referências ALMEIDA JÚNIOR, Oswaldo Francisco de. Profissional bibliotecário: um pacto com o excludente. In: BAPTISTA, Sofia Galvão; MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Profissional da informação: o espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. p. 70-86. (Estudos Avançados em Ciência da Informação v.3). ARNAL, Dídac Margaix. Informe APEI sobre web social. Valencia: Informes APEI, 2008. 62 p. Disponível em: <http://eprints.rclis.org/15106>. Acesso em: 15 jul. 2009. BAPTISTA, Sofia Galvão. As oportunidades de trabalho existentes na Internet na área de construção de páginas de unidades de informação: discussão sobre as idéias divulgadas na literatura. In: BAPTISTA, Sofia Galvão; MUELLER, Suzana Pinheiro Machado. Profissional da informação: o espaço de trabalho. Brasília: Thesaurus, 2004. p. 224-241. 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CONTATO E-mail: [email protected] Lattes: http://buscatextual.cnpq.br/buscatextual/visualizacv.jsp?id=K4234519E1 Msn: [email protected] Skype: laura_biblio
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