x-pag 05.qxd - Jornal da Saúde Angola

Transcrição

x-pag 05.qxd - Jornal da Saúde Angola
O Céu é o Limite
a saúde nas suas mãos
MINISTÉRIO DA SAÚDE
GOVERNO DA REPÚBLICA DE ANGOLA
Ano 6 - Nº 62
Junho
2015
Mensal Gratuito
jornal
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
aude
A
da
N
G
O
L
A
Farmacêuticos angolanos
debatem futuro
Paulo dos Anjos
Com um programa científico de excelência, oradores nacionais e convidados
estrangeiros, os farmacêuticos ultimam
os preparativos para o seu grande
encontro anual, promovido pela OFA.
Regulação e regulamentação farmacêutica, a logística e a assistência farmacêutica são os grandes painéis. A 2ª
Semana da Farmácia Angolana é já de
14 a 21 de Setembro, com cursos pré e
pós conferência. Garanta o seu lugar.
www.ordemfarmaceuticosangola.org
Hospital Geral de Luanda
com serviços de excelência
Inauguração de Centro Neurocirúrgico
Finalmente reinaugurado. O novo Hospital Geral
de Luanda é três vezes maior do que o anterior e
oferece serviços de qualidade. As equipas estão a
ser reforçadas. |Pag.10
Jorge Vieira
Crianças com hidrocefalia
têm agora melhores
condições de tratamento
Cancro
O papel da cirurgia
O Centro Neurocirúrgico e de Tratamento à Hidrocefalia foi inaugurado a 30 de Junho, em Luanda,
pela presidente da Fundação Lwini, Ana Paula dos Santos, acompanhada pelo ministro da Saúde, José
Van-Dúnem, pela deputada Eufrazina Maiato, e pelo seu director, Mayanda Inocente. A missão desta
unidade de saúde é promover a melhoria das condições cirúrgicas correctivas às crianças com
espinha bífida e hidrocefalia. Prevêem-se cerca de 10 mil consultas e 1.500 cirurgias por ano. |Pag. 23
A cirurgia é a forma de tratamento do cancro mais antiga e continua
a ser a modalidade mais eficaz para a maioria dos tumores sólidos.
Porém, para que a promova a cura da doença, é necessário que o
procedimento cumpra determinados princípios. Saiba quais. |Pag.12
Colo do útero
Como prevenir tumores? Saiba tudo.|Pags.14 e 19
2 EDITORIAl
Junho 2015 JSA
QUADRO DE HONRA
Empresas Socialmente Responsáveis
Rui MoReiRa de Sá
Director Editorial
[email protected]
O admirável mundo novo dos
serviços de saúde de excelência
Não foi de um momento para o outro. Demorou. Pelas razões históricas que todos conhecemos. Mas, pouco a pouco,
passo a passo, a oferta de serviços de saúde de várias especialidades, com qualidade, tem vindo a surgir, nos últimos
anos. Quer a nível público, quer privado. E em todo o país.Tanto nos cuidados primários de saúde, como nos secundários
e terciários. Na maioria dos casos, os angolanos, hoje, já não
precisam de ser evacuados para o exterior.
Ainda há muita falta de médicos, farmacêuticos, enfermeiros e demais técnicos. Mas as Universidades estão a formar
profissionais todos os anos e as respectivas Ordens estão
muito activas no fortalecimento e actualização de conhecimentos dos seus membros. O último Congresso dos Enfermeiros, a próxima Semana da Farmácia Angolana, em Setembro, e o Congresso Internacional dos Médicos, em Janeiro,
são disso testemunhos, para além das iniciativas regulares das
clínicas privadas e hospitais públicos.
O Jornal da Saúde tem acompanhado e procurado informar os cidadãos desta nova realidade, com reportagens nos
centros de saúde, hospitais, clínicas e farmácias, quer em
Luanda, quer nas províncias. Este mês, relatamos mais um caso de uma unidade de saúde pública moderna, agora reinaugurada, e de um novo centro neurocirúrgico que oferece
condições muito melhoradas para o tratamento de crianças
com hidrocefalia. Proporcionamos também aos leitores vários artigos educativos, de divulgação científica, sobre temas
do maior interesse e actualidade, disponibilizados por especialistas na matéria e por clínicas privadas de referência que
oferecem serviços de excelência.
Boa leitura!
A lealdade
A Fundação Lwini lançou o Programa de
Intervenção Social “Educar é a Nossa Missão” – ao qual o Jornal da Saúde se associou.
O programa promove campanhas de sensibilização para a mudança de comportamento e de boas práticas no seio das famílias e da sociedade.As palestras têm um tema mensal para debate.Convidamos os leitores do JS a desmultiplicarem este esforço
junto às suas unidades de saúde, empresas
e instituições, promovendo um encontro
de divulgação e debate sobre cada tema.
O tema central de Junho
é a lealdade.
Lealdade quer dizer sincero e honrado.É
actuar com rectidão. É a qualidade de ser
verdadeiro: não mentir; não fraudar; não
enganar. É uma honra, uma qualidade das
pessoas. Ser leal é estar ao lado de alguém,
defendendo-o e apoiando-o.
Temas colaterais para Junho:compromisso,
sinceridade, administração.
FICHA TÉCNICA
Conselho editorial: Prof. Dr. Miguel
Bettencourt Mateus, decano da Faculdade de Medicina a UAN (coordenador), Dra. Adelaide Carvalho,
Prof. Dra. Arlete Borges, Dr. Carlos
(Kaka) Alberto, Enf. Lic. Conceição
Martins, Dra. Filomena Wilson, Dra.
Helga Freitas, Dra. Isabel Massocolo,
Dra. Isilda Neves, Dr. Joaquim VanDúnem, Dra. Joseth de Sousa, Prof.
Dr. Josinando Teófilo, Prof. Dra. Maria Manuela de Jesus Mendes, Dr. Miguel Gaspar, Dr. Paulo Campos.
Director Editorial: Rui Moreira de Sá
[email protected];
Redacção: Cláudia Pinto; Esmeralda Miza; Francisco Cosme dos Santos; Magda Cunha Viana.Correspondentes provinciais: Elsa Inakulo
(Huambo); Diniz Simão (Cuanza
Norte); Casimiro José (Cuanza Sul);
Victor Mayala (Zaire) Publicidade: Eileen Salvação Barreto Tel.: +
244 945046312 E-mail: [email protected] Edição deste número: Cláudia Pinto, Magda Cunha
Viana; Fotografia: António Paulo Manuel (Paulo dos Anjos). Editor: Marketing For You, Lda - Rua Dr. Alves da
Cunha, nº 3, 1º andar - Ingombota,
Luanda, Angola, Tel.: +(244) 935
432 415 / 914 780 462,
[email protected]. Conservatória Registo Comercial de Luanda nº 872-10/100505, NIF
5417089028, Registo no Ministério
da Comunicação Social nº
141/A/2011, Folha nº 143.
Delegação em Portugal: Beloura Of-
fice Park, Edif.4 - 1.2 - 2710-693 Sintra - Portugal, Tel.: + (351) 219 247
670 Fax: + (351) 219 247 679
E-mail: [email protected]
Director Geral: Eduardo Luís Morais
Salvação Barreto
Periodicidade: mensal
Design e maquetagem: Fernando Almeida;
Impressão e acabamento: Damer
Gráficas, SA
Transportes: Francisco Carlos de An-
drade (Loy)
Tiragem: 20 000 exemplares.
Audiência estimada: 80 mil leitores.
Parceria:
www.jornaldasaude.org
O Jornal da Saúde chega gratuitamente às suas mãos graças
ao apoio das seguintes empresas e entidades socialmente
responsáveis que contribuem para o bem-estar dos angolanos
e o desenvolvimento sustentável do país.
ActuAlidAde 3
JSA Junho 2015
Japão inventa equipamento
para detetar doenças
através da respiração
Protótipo já conseguiu
identificar com êxito a cirrose hepática, ao detetar
amoníaco na respiração
das pessoas que sofriam
da doença.
Uma empresa deTóquio desenvolveu um protótipo de uma
máquina para detetar doenças
através da respiração, um dispositivo que pode permitir, no futuro, a realização de diagnósticos de forma mais rápida e simples.
O protótipo, concebido pela
empresa Nihon Dempa Kogyo
em colaboração com a Universidade de Kitakyushu, já conseguiu identificar com êxito a cirrose hepática, ao detetar amoníaco na respiração das pessoas
que sofriam dessa doença, segundo o jornal Nikkei.
“Viagra feminino”
pode ser autorizado
O sistema recorre a "oscilares do quartzo", cujos elétrodos
são revestidos de membranas
especiais.
Ao serem expostos aos gases presentes na respiração de
uma pessoa e, mais tarde, a uma
amostra de ar, os osciladores
reagem, mostrando se uma determinada substância está pre-
sente ou não no hálito do indivíduo.
Segundo a empresa, a vantagem deste sistema de cristais de
quartzo é que, ao contrário de
outros métodos baseados em
semicondutores ou sistemas
micro eletromecânicos que detetam gases a partir do odor, a
sua sensibilidade é muito maior.
Na África do Sul
Se a Agência para a Alimentação e Medicamentos (FDA) dos Estados
Unidos autorizar a comercialização, o Flibanserin
será o primeiro medicamento à venda no mercado, para aumentar a líbido
feminina.
Um painel consultivo norteamericano pediu hoje, à agência
do medicamento dos Estados
Unidos, para aprovar a comercialização do fármaco conhecido por "Viagra feminino", que
aumenta o desejo sexual das
mulheres.
Se a Agência para a Alimenta-
ção e Medicamentos (FDA) dos
Estados Unidos autorizar a comercialização, o Flibanserin será
o primeiro medicamento à venda no mercado, para aumentar
a líbido feminina.
A FDA não é obrigada a acatar o pedido do painel, mas muitas vezes segue as suas sugestões.
A comercialização do medicamento recebeu 18 votos a favor e seis contra do painel de
peritos, mas com indicação de
algumas medidas de controlo
de risco, para garantir que os
médicos apenas o prescrevam a
pacientes que precisem e que
estejam cientes do risco da sua
utilização.
O Flibanserin, destinado a
mulheres em pré-menopausa,
pode ter efeitos secundários
significativos, incluindo náuseas,
tonturas e sonolência.
Duas tentativas de trazer a
droga para o mercado falharam
em 2010 e 2013, porque os especialistas descreveram as vantagens como inconclusivas.
Segundo documentos na página na Internet da FDA, as mulheres que tomaram Flibanserin
relataram, em média, 4,4 encontros sexuais satisfatórios por
mês, contra 3,7 das que tomaram um placebo (medicamento
ministrado com fins sugestivos).
Jovem que fez transplante
de pénis diz ter engravidado Luanda Medical Center fecha
namorada
acordo com 13 seguradoras
Todos os anos, cerca de 250 sul-africanos perdem
o pénis depois de circuncisões tradicionais mal feitas
Primeira cirurgia mundial
feita em Dezembro. Jovem
recuperou função sexual
passadas cinco semanas.
REUTERS
Um jovem da África do Sul diz
ter engravidado a namorada
após ter feito o primeiro transplante de pénis do mundo, em
Dezembro de 2014, anunciou
este mês o cirurgião responsável
pelo procedimento.
O homem de 22 anos, com
nome desconhecido, está entre
os 250 sul-africanos que todos
os anos perdem o pénis depois
de terem circuncisões tradicionais mal feitas.
O transplante de nove horas
fez parte de um estudo-piloto
do Hospital deTygerberg, na Cidade do Cabo,e da Universidade
de Stellenbosch, na cidade de
Stellenbosch, na Africa do Sul.
Passadas cinco semanas,o jovem
já conseguia ter relações sexuais.
“Estamos a cumprir todos os
objectivos, este homem pode
urinar de pé normalmente,pode
ter relações sexuais e o seu pénis recuperou completamente”,
disse o cirurgião Andre van der
Merwe, que liderou a equipa de
cirurgia.“Agora, ter filhos era a
última coisa que faltava.”
Segundo o médico, não foi
feito nenhum teste de paternidade, mas não há qualquer razão
para não acreditar no jovem,que
vive e trabalha na Cidade do Cabo.
“Sei que ele pode ejacular
normalmente e não há razão para ser infértil. Estava à espera de
uma gravidez a uma dada altura,
mas não esperava que fosse tão
cedo”, comentou o cirurgião.
Todos os anos, centenas de
jovens da África do Sul,maiorita-
riamente da tribo Xhosa, perdem o pénis após os rituais de
passagem para a idade adulta,
que correm mal. Espera-se que a
cirurgia pioneira ajude estes jovens a ultrapassar os traumas físicos e psicológicos.
Depois de ter anunciado em
Março o transplante que correu
bem, a equipa do cirurgião disse
que o procedimento poderia um
dia ser oferecido a homens que
perderam o pénis devido ao cancro ou que têm disfunção eréctil
grave.A equipa recebeu pedidos
de transplante dos Estados Unidos, da Colômbia e da Rússia.
“Acho que vamos fazer um novo
transplante no fim do ano”,revelou o cirurgião.
O Luanda Medical Center
(LMC) fechou recentemente
um conjunto de acordos com
13 seguradoras,das quais oito
nacionais e cinco estrangeiras.De acordo com um comunicado do LMC,o principal objectivo destes protocolos“é facilitar a vida dos seus
clientes e chegar a toda a população com um serviço de
qualidade internacional e em
que podem confiar”.
“O objectivo destas parcerias
é oferecer o melhor serviço
aos nossos clientes em Angola.
Somos um centro médico que
presta um serviço transparente e onde os clientes têm acesso a uma oferta completa e
simplificada, para que paguem
apenas os serviços que usufruem. Estas parcerias com seguradoras nacionais e internacionais, como a Unisaúde, Mediplus, MSO, Cigna ou Allianz,
são um reforço daquilo a que
nos comprometemos fazer,
mantendo os elevados padrões de qualidade do Luanda
Medical Center e a um preço
que o cliente pode pagar”, referiu o director-geral do LMC,
Michael Averbukh.
Localizado no coração de
Luanda, dispõe de um bloco
operatório moderno, diversos
consultórios médicos para
atender às consultas de especialidade, entre as quais se destacam a pediatria, ginecologia /
obstetrícia, medicina geral e familiar e oftalmologia. Conta
ainda com uma unidade especializada de gastrenterologia,
uma unidade de cardiologia,
um centro de diagnóstico
completo e um laboratório de
análises que servirá tanto o
Luanda Medical Center como
outras clínicas na área.
No edifício do Luanda Medical Center existe ainda uma
clínica dentária e uma clínica
de medicina física e reabilitação.
One-Stop-Shop
De acordo com aquele responsável, no edifício “os clientes irão encontrar uma oferta
global de cuidados de saúde. O
Luanda Medical Center foi desenhado para obedecer ao
conceito “One-stop-shop”, o
Seguradoras
protocoladas
com o LMC
Nacionais
l Unisaúde
l Mediplus (gestora de seguros), que contempla as
seguintes seguradoras por
si representadas: Universal
seguros; Mundial Seguros
Confiança Seguros; Bonws
Seguros; Protteja Seguros;
Casais Angola Garantia Seguros; Bluoshen;AON Angola; Europ Assistance Angola;Advancecare
Tranquilidade Seguros
Nossa Seguros
Internacionais
l Allianz Worldwide Care
Cigna /Vanbreda International
l MSO que inclui Bupa,
Aetna e Optimum
l Cega
l Eurocenter
qual compreende a disponibilização de um tratamento personalizado ao cliente que vai
desde a prevenção, ao diagnóstico e ao tratamento. Inclusivé
temos farmácia”, concluiu,
4 VIOLÊNCIA
Junho 2015 JSA
n “Com a globalização, tem
surgido cada vez mais o bullying cibernético nas redes
socais, manifestado através
de fotografias, injúrias e outros comentários. É cedo para afirmar quando irá acabar
este mal a que todos nós estamos sujeitos”. O alerta foi
dado pela Directora Nacional do Programa de Saúde
Mental, Massoxi Vigário, numa palestra sobre o bullying
na infância e na adolescência promovida este mês pela
Direcção Nacional de Saúde
Pública, em Luanda, onde
participaram estudantes da
capital.
Massoxi Vigário defendeu ser “necessário instruir
os educadores de forma a terem mais atenção aos alunos”. Esta prática provoca
grande mal-estar nas crianças, acarretando consequências nefastas durante a
juventude porque provoca
alguns transtornos de personalidade que têm impacto
ao nível da projecção social
que se manifesta na forma
de comunicar, de lidar com
as pessoas, inclusive a tentativa de suicídio eminente em
determinadas situações”.
O bullyingocorre normalmente em crianças que têm
a mesma faixa etária e com
uma convivência regular em
locais isolados. “Muitas destas crianças não aceitam as
diferenças das vítimas, como
por exemplo, se um indivíduo é alto, baixo, branco, escuro, mestiço, esbelto, magro, forte, gago, albino, se
tem deficiência física ou
uma tendência sexual diferente. Os agressores acabam
por escolher as suas vítimas
de acordo com a sua fragilidade”, sublinhou a responsável. O bullyingpode ter início na escola, no bairro, em
ambientes fechados e arrastar-se para o seio familiar.
Promover a educação
da sociedade
O responsável do ensino especial de Luanda, Eurico
Chiviculi, afirmou que “foram implementadas novas
políticas de inclusão escolar
para que algumas crianças
com dificuldades na aprendizagem, ou transtornos de
conduta, possam ter acesso
à escola e sejam mantidas no
ensino”. A realização destas
palestras, com este perfil
educativo, “transmitem conhecimentos precisos na
área da saúde mental aos
técnicos e professores”,
acrescentou.
Um dos alunos presentes
na palestra, Imani Jojó, com
10 anos, relatou ao Jornal da
Saúde o caso que vivenciou
quando, um dia, brincava
com os seus amigos. “Entre
eles havia um menino que
O que é o
bullying
Bullying chegou
às redes sociais
Francisco cosme dos santos com cláudia Pinto e rui moreira de sá
Agressões trazem consequências nefastas aos jovens. Podem provocar transtornos de personalidade, com desfechos ao nível da projecção social, da forma de comunicar e de lidar com as pessoas.
MAssOxi vigáriO “É necessário instruir os educadores de forma a terem mais
atenção aos alunos”
tinha brincadeiras fora do
normal: batia, empurrava, e
insultava os outros. Brincávamos com ele, mas, a partir
de certo momento, o menino começou a insultar os
colegas. Maria do Céu, professora do ensino geral, afirmou que “quando ocorre
um caso desta natureza,
chamam-se as crianças,
conversa-se com elas e sugere-se que peçam desculpa para que situações do género não voltem a acontecer”.
Crianças presentes na palestra gritam NÃO ao bullying
EuriCO ChiviCuli “As
palestras, com este perfil educativo, transmitem conhecimentos precisos na área da
saúde mental aos técnicos e
professores”
O bullying é um termo
da língua inglesa que se
refere a todas formas
de atitudes agressivas,
verbais ou físicas, intencionais e repetitivas,
que são exercidas por
um ou mais indivíduos,
causando dor e angústia, com o objectivo de
intimidar ou agredir
outra pessoa sem ter a
possibilidade de se defender, sendo realizadas
dentro de uma relação
de forças ou poder. Podemos referir o bullying
directo, sendo essa a
forma mais comum entre os agressores masculinos, e o indirecto
que é mais comum entre mulheres e crianças, tendo como característica principal o isolamento social da vítima. De uma forma geral, a vítima teme o
agressor em detrimento das ameaças, ou
mesmo da concretização de violência física,
sexual ou perda dos
seus meios de subsistência. O bullying é já
hoje considerado um
problema mundial podendo ocorrer em
qualquer contexto, seja
em escolas, universidades, no seio familiar,
mas também entre colegas de trabalho e vizinhos.
Há escolas que não admitem a existência de
bullying entre os seus
alunos, por desconhecerem o problema, ou
por negarem a enfrentá-lo e resolverem. Este
tipo de agressão geralmente acontece em locais onde o acompanhamento de pessoas
adultas é mínimo ou
mesmo inexistente.
Muitas vezes, o bullying
passa pela utilização de
alcunhas pejorativos
com o intuito de humilhar os colegas.
publicidAde 5
JSA Junho 2015
SERVIÇOS DE SAÚDE COM ATENÇÃO
HUMANA E PROFISSIONALISMO MÉDICO
especialidades Clínicas
especialidades Cirúrgicas
pARCeRIAS
uAngiologia
uCardiologia
uCuidados intensivos para adultos
e crianças
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Adv ANGOlA – planos e
Sistemas de Saúde, lda.
Apartado 3946
Edf. Academia BAI,
Av. Comandante Loy, Bloco C,
1º andar, Morro Bento
Serviços de meios de diagnóstico
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uMicrobiologia
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uEcografia simple, transcavitaria e Rx
eNSA Seguros de Angola, S.A.
tRANQUIlIdAde Corporação Angolana de Seguros
NOSSA Nova Sociedade
de Seguros de Angola, S.A.
SOURCe SeRvICe, ldA –
Centro médico
Bairro Talatona
Tel: 222 021 727 / 913 921 666
URGÊNCIAS 24 HORAS SeRvIçOS de AmbUlâNCIA – CONSUltAS – eNfeRmAGem - INteRNAmeNtO
CONtACte-NOS:
ClíNICA medItex
Rua da Missao, No 52
Ingombotas, Luanda, Angola
Tel: 923 640 227/ 928 616 506
928 616 507
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Bairro Alvalade, Luanda, Angola
Tel: 222 320 842
E-mails:[email protected]
6 HEMATOLOGIA
Junho 2015 JSA
“Cada doação de sangue é menos
uma vida que se perde”
FrAnciscO cOsme dOs sAntOs
“A doação é
determinante no
auxílio da
redução da
mortalidade
infantil e
materna” –
Carlos Alberto
Masseca
com cláudiA PintO
O acto central de celebração do Dia Mundial de Sangue teve como lema “Obrigado por salvar a minha vida” e decorreu no 14 de Junho, em Luanda. Realizado
pelo Instituto Nacional de
Sangue e a Labconcept, o
evento contou com cerca de
500 convidados e chamou a
atenção para a importância
de doar sangue.
n O dia 14 de Junho foi escolhido como o Dia Mundial
do Dador de Sangue por três
das mais prestigiadas organizações ligadas à dádiva da
doação de sangue: a Federação Internacional das Sociedades da Cruz Vermelha e
do Crescente Vermelho, a
Federação Internacional
das Organizações de Dadores de Sangue e a Sociedade
Internacional de Transfusão
Sanguínea. O evento realizado em Luanda não pretende
substituir outras celebrações de carácter nacional,
mas oferecer um contributo
para “uma comemoração
global, com muita harmonia, e com um grande significado especial que se pareça com o aniversário do
Landsteiner, vencedor do
prémio Nobel em 1930, que
descobriu os sistemas dos
grupos sanguíneos ABO que
não possuem antígenos”,
explicou Luzia Fernandes
Dias, Directora do Instituto
Nacional de Sangue.
Apesar de se esperar que
este dia encoraje mais pessoas a tornarem-se dadores
regulares, o objectivo passa
por agradecer a todos os indivíduos que voluntariamente dão o seu sangue para salvar vidas. “Esperamos
que a nova geração de dadores de sangue siga os grandes exemplos dos que lhes
antecederam, dando sangue para que seja usado onde e quando for necessário.
A sociedade angolana tem
vindo a organizar-se para
aumentar a doação de sangue de forma voluntária e
benévola, não renumerada,
nomeadamente por entidades públicas e privadas, religiosas, militares, ensino,
ONG’s, associações diversas, entre outras”, garantiu
Luzia Fernandes Dias.
“Os dadores
querem que a
única oferta seja
a salvação de
vidas de muitas
pessoas
anónimas, sem
distinção de
sexo, raça e
enfermidade,
rendimento,
classe social,
religião e etnia”
– Luzia
Fernandes Dias
Testemunho na
primeira pessoa
Francisco Domingos Pedro
é dador de sangue.Afirmou
nesta cerimónia que a “doação de sangue é essencial
para promover a eliminação da morte materna e infantil, e contribuir para a diminuição da mortalidade
decorrente de acidentes de
viação. O Dia Mundial do
Dador de Sangue é muito
especial pois os dadores de
sangue contribuem com este grande gesto de cidadania de ajuda ao próximo”.
Considerando que a doação de sangue é uma luta
que tem de ser travada, não
só pelos dadores, mas por
todos os organismos da sociedade para que se possa
controlar o défice que se vive ultimamente na área da
hemoterapia, lamenta a escassa adesão de jovens nos
hospitais para fazer a doação de sangue.“Para quem
nunca fez nenhuma doação
aconselho que o façam porque cada doação é uma vida
a menos que se perde”.
Luzia Fernandes Dias
afirmou ainda que esta comemoração tem como objectivo central agradecer aos
dadores de todo o mundo
que têm contribuído sem
qualquer recompensa material para a sobrevivência
de muitas pessoas. A sua recompensa é a sobrevivência
de pessoas em todo o mundo. “Os dadores querem que
a única oferta seja a salvação
de vidas de muitas pessoas
anónimas, sem distinção de
sexo, raça e enfermidade,
rendimento, classe social,
religião e etnia”, afirmou.
Jovens patriotas
“Muito se tem falado da nossa juventude e na minha
opinião os jovens são o que
de melhor o país possui porque são verdadeiramente
patriotas, não apenas por se
prontificarem por esse gesto
nobre, mas por fazerem
uma demonstração clara de
amor ao próximo. O sangue
que doam nas unidades sanitárias servem fundamentalmente para salvar vidas e
tem sido muito benéfico para dois grandes grupos alvo
a nível da população: as
crianças e as mulheres na
idade adulta. Esta doação
está a ser determinante no
auxílio da redução da mortalidade infantil e materna”,
afirmou, na sessão de aber-
tura, o Secretário de Estado
da Saúde, Carlos Masseca. O
governante começou por
agradecer às igrejas, às empresas, às pessoas singulares
e à sociedade civil pelo grande esforço que têm feito no
sentido de mobilizar dadores de sangue. “Este é um acto de cidadania merecedor
do nosso reconhecimento
porque contribui para a melhoria da saúde das populações no país”.
Para dar resposta à qualidade necessária do sangue
doado, o Executivo necessitou de transformar o antigo
Centro Nacional num Instituto de Sangue para que se
pudesse contar com uma
maior disponibilização de
meios avultados, quer sejam
financeiros, como materiais,
permitindo dar uma resposta a nível nacional em termos de sangue para contribuir na assistência e saúde
de todos os angolanos, independentemente das condições que se encontrem desde que haja necessidades
para tal.
Construção de centros
de hemoterapia
Luzia Fernandes afirmou
ainda que, em Luanda, cer-
ca de 30% dos dadores são
voluntários e os restantes
70% são familiares das vítimas. A média do país aponta
para 23% de dadores voluntários e 87% tratam-se de familiares. É necessário que os
grupos que venham a doar
sangue ascendam aos 80%
com a meta de se atingir
100% de dadores no ano de
2020. Em Angola, as crianças compõem o grupo que
mais faz transfusões sanguíneas, actualmente, seguindo-se as mulheres grávidas
com complicações antes, ou
após o parto, pessoas que
sofreram de outras patologias e vítimas de acidentes
de viação.
Luzia Fernandes adiantou que é necessário o envolvimento de todas as forças vivas da sociedade num
processo educativo e sensibilizador para a doação do
sangue. A directora afirmou
que o executivo angolano
vai construir centros de hemoterapia, devidamente
equipados, ao nível de todos
os municípios, apostando
também no reforço da capacitação dos técnicos, para se
melhorar a qualidade dos
serviços possibilitando respostas adequadas.
Além do Instituto Nacional de Sangue, também existem no país 18 centros provinciais, 19 postos avançados de hemoterapia em hospitais de referência e 22 centros de hemoterapia em
hospitais municipais.
Lema intencional
O representante da Organização Mundial da Saúde em
Angola, Hernando Agudelo,
saudou os presentes na cerimónia devido ao facto de este acto ser de extrema importância para o país. “O lema deste ano foi escolhido
intencionalmente para
agradecer os incansáveis dadores de sangue presentes”,
disse. O responsável considera que tem de se apostar
em mais campanhas de mobilização “de forma a aumentar o número de voluntários que venham a ser os
futuros dadores de sangue
para que se evite a falta de
sangue nos bancos de hemoterapia de vários hospitais”. É também importante
“incentivar e motivar as pessoas incutindo-lhes o hábito
de doar sangue enquanto
um acto de cidadania que
demonstra a fraternidade e
o amor que se tem pelo próximo”, referiu.
JSA Junho 2015
publicidAde 7
8 DIABETES
Junho 2015 JSA
Mata uma pessoa a cada 6 segundos
Batalha da diabetes está a ser perdida
Para os angolanos, o risco é real
Francisco cosme dos santos
com cláudia Pinto
O aumento contínuo dos casos de diabetes no mundo
demonstra que a batalha da
preservação das pessoas
que possuem diabetes e as
suas complicações de incapacidades totalmente fatais
está a ser perdida, de acordo
com a Federação Internacional da Diabetes. A revelação foi feita durante as primeiras jornadas de diabetes
em Angola, realizadas durante dois dias no mês de Junho, organizadas pela Associação dos Diabéticos de Angola (ASDA). Contaram
com a presença de participantes nacionais e estrangeiros e permitiram reflectir
sobre a importância da criação de estratégias nacionais
eficazes no controlo da
doença.
n O número de mortes originadas por diabetes no mundo aumentou, desde 1985 até
à data, de 25 milhões para
cerca de 250 milhões. Recentemente, a Federação Internacional das Diabetes alertou
para o fardo da diabetes que
mata uma pessoa a cada seis
segundos no mundo e não
pára de crescer.
Os portadores têm em
média entre 40 e 59 anos,
80% dos quais vivem em países subdesenvolvidos. O aumento contínuo dos casos
de diabetes no mundo demonstra que a batalha da
preservação das pessoas
que possuem diabetes e as
suas complicações de incapacidades totalmente fatais
está a ser perdida, confirma
a Federação Internacional
da Diabetes. Estima-se que
existam 347 milhões de diabéticos no mundo.
As autoridades angolanas apostam fortemente na
erradicação e no controlo
das doenças transmissíveis
e na elaboração de estratégias para melhorar e controlar as patologias não transmissíveis.
“As autoridades que tutelam a educação, a comunicação e a saúde devem divulgar vários subsídios sobre o que é mais saudável
para as populações quando
nos referimos aos hábitos
alimentares”, alertou o bastonário da Ordem dos Médicos de Angola (ORMED),
Carlos Alberto Pinto de Sousa, na abertura das primeiras jornadas de diabetes em
Angola.
O que é a diabetes?
“Temos assistido uma
grande tendência da diminuição da mortalidade infantil, e a um aumento considerável das causas de morte relacionadas com as
doenças crónicas degenerativas, o que é bastante preocupante. Este aumento deve-se sobretudo a alterações
nutricionais das populações, ao sedentarismo, ao
perfil alimentar e aos hábitos de vida nas cidades que,
associados a outros factores
sócio-ambientais resultam
em grandes problemas epidemiológicos”, disse.
O bastonário da ORMED
fez referência a uma das citações do anterior director
regional da Organização
Mundial da Saúde para África, o angolano Luís Gomes
Sambo, ao lembrar que “a
epidemia de diabetes está a
disseminar-se e já tem uma
grande influência na vida e
saúde de muitas famílias em
várias partes do mundo. A
diabetes pode causar taxas
muito altas da degradação
da saúde, incapacidade e
morte prematura dos indivíduos”.
Apoios precisam-se!
O principal objectivo das
primeiras jornadas da diabetes foi alertar a comunidade e os profissionais de saúde que assistem os pacientes
Como prevenir
a diabetes?
Controlo rigoroso da glicemia, da tensão arterial e
dos lípidos;
l Vigilância dos órgãos mais
sensíveis, como a retina,
rim, coração, nervos periféricos, entre outros;
l Bons hábitos alimentares;
l Prática de exercício físico;
l Não fumar;
l Cuidar da higiene e vigilância dos pés.
l
que padecem diariamente
com a doença e ensinar a sociedade a lidar com a doença para além de ser importante sublinhar o estado da
diabetes no mundo. “Queremos apelar à sociedade
em geral, no sentido de
apoiar a ASDA, para que
consiga criar mecanismos
para melhor orientar a formação dos técnicos de saúde afectos a esta patologia e
também para permitir ajudar todos os pacientes a
apostar na prevenção para
que não se registem no país
taxas elevadas de mortalidade provocadas pela doença”, afirmou a coordenadora da ASDA, Sabina Cruz.
No debate foram apresentadas as taxas de mortalidade para que se pudesse
alertar para o quão grande é
a pandemia e de que forma
é possível impedir a sua disseminação pelo país. “A ASDA tem apenas alguns associados e não funciona como
deveria, porque há falta técnicos de saúde. Estas jornadas serão o grande pontapé
de saída que irá incentivar
que a Associação venha a
adquirir bases para poder
orientar os diabéticos e
apoiar os profissionais”,
acrescentou a responsável.
Nos dois dias de realização
do evento, o estado da diabetes no mundo esteve em
destaque e a organização espera que “a sociedade civil
venha a reflectir na realidade que vivem os portadores
de diabetes no país para
que, em conjunto, se possam traçar grandes estratégias em torno desta epidemia que continua a vitimar
muitas pessoas que não possuem condições de assistência que lhes permitam sobreviver”.
Sabina Cruz destacou
ainda que estas jornadas foram especificamente direccionadas à comunidade médica, para que seja possível
haver grande troca de conhecimentos que venha
mudar o estado como se encara a doença no país, a forma como se pode disseminar no território nacional e
como se pode melhorar a assistência aos doentes.
A diabetes é uma doença crónica que se caracteriza
pelo aumento dos níveis de açúcar (glicose) no sangue e pela incapacidade do organismo em transformar toda a glicose proveniente dos alimentos. À
quantidade de glicose no sangue chama-se glicemia e
quando esta aumenta diz-se que o doente está com
hiperglicemia.
Quem está em risco de ser diabético?
A diabetes é uma doença silenciosa que se pode desenvolver sem sintomas durante muitos anos. É uma
doença em crescimento, que atinge cada vez mais
pessoas em todo o mundo e em idades mais jovens.
No entanto, há grupos de risco com fortes probabilidades de se tornarem diabéticos:
Pessoas com familiares diretos com diabetes;
Homens e mulheres obesos;
Homens e mulheres com tensão arterial alta ou níveis elevados de colesterol no sangue;
Mulheres que contraíram a diabetes gestacional na
gravidez;
Crianças com peso igual ou superior a quatro quilogramas à nascença;
Doentes com problemas no pâncreas ou com doenças endócrinas.
Quais são os sintomas típicos da diabetes?
Todas as pessoas em risco devem fazer análises.
Quando já tem valores muito elevados, manifesta-se:
Nos adultos - A diabetes é, geralmente, do tipo 2 e
manifesta-se através dos seguintes sintomas:
Urinar em grande quantidade e muitas mais vezes,
especialmente durante a noite (poliúria);
Sede constante e intensa (polidipsia);
Fome constante e difícil de saciar (polifagia);
Fadiga;
Comichão (prurido) no corpo, designadamente nos
órgãos genitais;
Visão turva.
JSA Junho 2015
publicidAde 9
10 HOSPITAIS
Junho 2015 JSA
Reinauguração
Hospital Geral de Luanda oferece
mais e melhores serviços
Francisco cosme Dos santos
com cláuDia Pinto
O Hospital Geral
de Luanda foi ampliado e é três vezes
maior que o anterior. Novos serviços
ao dispor dos utentes exigem mais
profissionais que
correspondam às
expectativas das
populações.
novos serviços estarão ao
dispor das populações, como a cardiologia, a defectologia (estudo do desenvolvimento e da educação da
criança com necessidades
especiais), o planeamento
familiar, a ortopedia, a ginecologia, a otorrinolaringologia, a optometria, a psicologia, a neurologia, entre outros. É um hospital com serviços personalizados. Como
grande novidade pode destacar-se o bloco operatório
com camas automáticas
monitorizadas com comandos, portas automáticas, sala controlada com videovigilância para o controlo dos
pacientes, a enfermaria de
pediatria a funcionar devidamente equipada com três
gases medicinais, entre os
quais, ar comprimido, vácuo, e oxigénio, rede de dados, sistema de voz conectados em uma central sonora.
Nesta primeira fase, a unidade sanitária tem cerca de 400
trabalhadores – entre os
quais 42 médicos, 150 enfermeiros, 82 técnicos de diagnóstico e terapêutica, 52 técnicos de apoio e 11 administrativos – para iniciar os serviços de pediatria, medicina,
consultas externas, imagiologia e cardiologia clínica
que já estão em funcionamento. As pessoas “que tinham como referências o
Hospital Josina Machel e o
Hospital Américo Boavida
terão agora oportunidade de
receber um nível diferenciado de assistência”, destacou
o Ministro da Saúde, José
Van Dúnem, durante a sessão de reinauguração do
Hospital Geral de Luanda.
Fotos: Jorge Vieira
n Com as obras de melhoria,
O bloco operatório será aberto brevemente
A equipa do Banco de Urgências
Assistência de muita
qualidade e humanizada
A população espera receber
uma assistência de muita
qualidade, com um atendimento humanizado, próximo dos hospitais de referência que o país possui. “Agradeço ao governo chinês pela
doação feita ao nosso país
com a responsabilidade de
conservar o mais possível a
instituição para poder desempenhar o seu verdadeiro
papel, de acordo com as normas estipuladas no Sistema
Nacional de Saúde”, acrescentou o Ministro. O Hospital
Geral de Luanda garante actualmente as condições necessárias, materiais ou de outra natureza, para satisfazer
as expectativas dos profissionais e das populações.
“Desejo aos profissionais
muito sucesso no trabalho,
pois as condições permitem
obter ganhos em saúde devido aos aspectos cativantes e
motivadores que as novas
instalações apresentam”. É
de facto uma “unidade hospitalar moderna que irá contribuir para a qualidade dos serviços de saúde dos cerca de
seis milhões de habitantes de
Luanda”, sublinhou.
Para que a direcção do hospital consiga responder a todas
as expectativas das populações será necessário que “os
profissionais do sector demonstrem empenho e dedicação”.
Reforçar equipas
Segundo o director-geral do
Hospital Geral de Luanda,
“Desejo aos
profissionais
muito sucesso
no trabalho, pois
as condições
permitem obter
ganhos em
saúde devido
aos aspectos
cativantes e
motivadores que
as novas
instalações
apresentam” –
José Van-Dúnem
Mário Cardoso, “os serviços
serão abertos paulatinamente, à medida que a direcção for selecionando para os
quadros os profissionais
adequados a cada uma das
suas áreas de especialidade.
“Foram preparados 1400
técnicos de saúde para essa
nova unidade hospitalar. A
sua ampliação foi realizada
de acordo com as necessidades e a procura de serviços
por excelência. A sua modernização virá certamente implicar a introdução de mais
pessoal qualificado de acordo com as várias especialidades existentes”, disse o responsável. Na reunião de
Conselho de Ministros, no
começo do mês de Junho,
foram aprovados vários documentos que “formalizam
a necessidade de criação de
condições para a admissão
de mais médicos e técnicos
de saúde para o país e que
possam beneficiar o hospital
geral reforçando assim as
equipas existentes”. Desde a
abertura do hospital têm
vindo a ser recrutados vários
funcionários do sector da
saúde e profissionais que solicitam transferência das
suas unidades para integrarem os quadros do Hospital
Geral de Luanda livremente.
“Aguardo com expectativa que venha a surgir alguma
orientação, através de decretos do executivo angolano,
que autorize a realização de
um concurso público com a
finalidade de reforçar os serviços com novos profissionais”, concluiu.
JSA Junho 2015
publicidAde 11
12 ONCOLOGIA
Junho 2015 JSA
Tratamento do cancro:
o papel da cirurgia
A dor após a cirurgia é actualmente muito bem controlada permitindo um pósoperatório confortável. São
utilizados medicamentos
orais, injectáveis ou, por vezes, os anestesistas colocam
um cateter (tubo) na região
da coluna perto da medula
espinal injectando medicamentos que retiram a dor na
área abdominal (analgesia
epidural).
Lúcio Lara SantoS
Professor Doutor, oncologista cirúrgico
e assessor do iacc
oncocir-angola
a cirurgia é a forma de tratamento do cancro mais antiga e continua a ser a modalidade mais eficaz para a
maioria dos tumores sólidos. Porém, para que a promova a cura da doença, é necessário que o procedimento cumpra determinados
princípios.
n Os médicos que se dedi-
cam ao estudo, diagnóstico
e tratamento das neoplasias
malignas, doença vulgarmente conhecida como
cancro, são denominados
de oncologistas. Estes médicos podem ser Oncologistas
Cirúrgicos (quando o tratamento é a cirurgia), Radiooncologistas (quando a terapêutica que utilizam envolve radiações ionizantes) e
Oncologistas Médicos ou
Clínicos (quando o tratamento que dominam é o sistémico, isto é, com recurso a
medicamentos).
Estes especialistas adquirem formação em oncologia
e, adicionalmente, realizam
formação específica relacionada com a sua especialidade.
Nos artigos precedentes,
os temas tratados foram: o
tratamento sistémico e a radioterapia. Neste artigo vamos abordar o tratamento
cirúrgico do cancro.
A cirurgia é a forma de
tratamento do cancro mais
antiga e continua a ser a modalidade de tratamento
mais eficaz para a maioria
dos tumores sólidos. Porém,
para que a cirurgia promova
a cura da doença é necessário que o procedimento
cumpra determinados princípios que enumeraremos
adiante.
A cirurgia implica um
procedimento médico em
que é necessário realizar
uma abertura da pele e dos
tecidos subjacentes para podermos alcançar o órgão
que está doente. Quando
observamos o órgão doente
faz-se o tratamento do mesmo. Este tratamento é diferente e está de acordo com a
doença. Pode implicar a reparação do órgão, como
acontece num intestino que
Figura 1 Histologia de um tumor maligno
sofreu uma perfuração (situação frequente na febre tifoide complicada), a remoção de um tumor, ou ainda a
reparação da fraqueza de tecidos, como ocorre, por
exemplo, nas hérnias inguinais.
Anestesia
Estes procedimentos só são
possíveis se o doente não
sentir dores, estiver quieto e
tranquilo durante a cirurgia.
A anestesia é o procedimento técnico que garante a
analgesia (ausência de dores), sedação e a manutenção das funções vitais, como
a respiração, durante o procedimento. Durante a anestesia pode ocorrer ausência
total de consciência que é
induzida e é reversível
(anestesia geral) mas pode
também provocar-se ausência de consciência de apenas uma parte do corpo, como ocorre na anestesia local
ou regional.
Anestesia é um estado
farmacologicamente induzido de amnesia, analgesia,
perda de reatividade, de reflexos musculares esqueléticos e resposta ao stresse diminuído.
Os medicamentos que
causam anestesia podem
ser injectados localmente ou
por via intravenosa ou ainda
inalados (gases que induzem anestesia). O médico
que domina esta técnica é o
Anestesista e geralmente
trabalha com enfermeiros
ou técnicos de anestesia. Na
anestesia geral é necessário
um aparelho específico que
permite a administração de
oxigénio, de gases anestésicos e tem recursos para avaliar a função respiratória e
cardíaca.
Figura 2 cirurgia laparoscópica
Cirurgia oncológica
em Angola
O Ministério da Saúde tem envidado esforços para
dotar o país de recursos cirúrgicos em todas as províncias do país.A formação de especialistas como cirurgiões gerais, urologistas, ginecologistas, ortopedistas, cirurgiões torácicos, otorrinolaringologistas, cirurgiões plásticos, entre outros está em curso.A
combinação destes recursos, nomeadamente físicos
e humanos (médicos especialistas e a qualificação de
outros técnicos de saúde, entre os quais os enfermeiros), aliada à formação específica em oncologia cirúrgica, permitirá uma crescente e competente atenção
aos doentes oncológicos no nosso país.
O Instituto Angolano Contra o Câncer, unidade vocacionada para o tratamento do cancro, está a participar activamente neste esforço de formação e no
cuidado dos doentes. Existem também unidades de
saúde privadas ou de gestão privada que estão a desenvolver esforços em aumentar as suas competências em oncologia.
Os colégios das especialidades cirúrgicas têm incluído no seu programa formativo a formação em oncologia. No entanto, somos da opinião que é necessário
um esforço multidisciplinar que congregue todos estas vontades.
Bloco operatório
As operações cirúrgicas devem ser realizadas em espaços apropriados conhecidos
como blocos operatórios. O
bloco operatório é um espaço em que o ambiente é controlado para que não ocorra
a contaminação pelos micróbios das feridas cirúrgicas o que poderia causar infecções graves e eventualmente causar a morte do
doente. Assim, o chão, as paredes, o mobiliário e as máquinas são lavadas e descontaminadas com produtos adequados. O ar que entra e sai do bloco é controlado e filtrado. Os profissionais de saúde devem estar
vestidos com roupas especiais, máscara na face, proteção do cabelo com toucas
e luvas para não se contaminarem nem contaminarem
o doente.
Biopsias
O diagnóstico de cancro é
fundamental para se poder
programar um tratamento
adequado. Para tal, a obtenção de um fragmento de tecido do tumor, chamada de
biopsia, é muito importante.
Este fragmento pode ser obtido através de uma pequena cirurgia, através de agulhas que removem um pequeno cilindro de tecido
(agulha de corte), ou apenas
células (agulha fina). Podemos também obter tecido
através de exames endoscópicos (estômago ou intestino). As células, ou os tecidos, são posteriormente
preparados no laboratório
de anatomia patológica, o
que permite observá-las ao
microscópio. Quando observamos células chamamos ao estudo citologia.
Quando observamos um
fragmento de tecido o exame deste tecido denominase de histologia. As características das células permitem realizar o diagnóstico de
certeza da doença e afirmar
a existência de um cancro
(Figura 1).
Cirurgia oncológica
Cerca de 90% dos doentes
oncológicos necessitam, em
algum momento do seu tratamento, de intervenções da
cirurgia. O tratamento cirúrgico em oncologia implica a
remoção do tumor, dos gânglios linfáticos que estão envolvidos pela doença maligna, ou que têm um elevado
risco de conterem células
malignas. São também removidos os órgãos vizinhos
envolvidos pela doença. As
margens da ressecção devem estar livres de doença.
Posteriormente, são reparados os danos para que o
doente retome as suas funções normais.
Para que se alcance a cura é fundamental que, após
a cirurgia, todo o tecido tumoral tenha sido removido .
Actualmente e em determinadas situações clínicas
podemos fazer as cirurgias
utilizando instrumentos que
permitem que as feridas cirúrgicas sejam pequenas e a
recuperação do doente seja
rápida. Para este tipo de cirurgia observamos as cavidades do corpo humano,
como o tórax ou abdómen,
com câmaras de vídeo e estas permitem realizar a cirurgia sem grandes incisões
(toracoscopia ou laparoscopia – Figura 2).
Para aumentar a taxa de
cura, ou diminuir o risco do
reaparecimento da doença,
existem situações em que à
cirurgia se associa a quimioterapia. Nestes casos introduz-se no abdómen drogas
citotóxicas durante a cirurgia. Noutras situações realiza-se radioterapia durante a
cirurgia.
A cirurgia oncológica pode ser também realizada para resolver complicações do
tumor como obstruções (da
traqueia, do intestino), hemorragias, dor, perfurações.
Pode ainda ser realizada para colocar tubos que permitem alimentar o doente ou
pequenos cateteres com um
depósito debaixo da pele, o
que permite administrar os
medicamentos sem ter que
procurar veias permeáveis a
cada tratamento e assim assegurar que este seja realizado com segurança reduzindo riscos de extravasamentos.
A evolução técnica da cirurgia oncológica, aliada ao
diagnóstico precoce, e à correcta associação a outras armas terapêuticas, como a
radioterapia e o tratamento
sistémico, tem possibilitado
aumentos impressivos na
sobrevivência dos doentes
oncológicos.
JSA Junho 2015
publicidAde 13
14 SAÚDE DA MULHER
Junho 2015 JSA
Vacina HPV e cancro do colo
do útero. O que deve saber?
LUANDA MEDICAL CENTER
A infeção peloVírus do Papiloma Humano (HPV) é das
mais frequentes a nível
mundial, estimando-se que
cerca de 75% das mulheres e
homens sexualmente ativos
terão pelo menos uma infeção por HPV numa ou noutra fase da vida.
Vários tipos de HPV
Existem mais de 100 tipos de
HPV e grande parte das infeções causadas por este vírus
são silenciosas e não provocam sintomas ou problemas
significativos.
Alguns desses tipos, porém, originam lesões na pele,
normalmente sob a forma de
verrugas, que afetam as mãos
ou os pés.
Outros tipos de HPV infetam a zona anal e genital (verrugas ano-genitais ou condilomas).
Nas mulheres, os condilomas/lesões por HPV são frequentes nas coxas, vulva, vagina, colo do útero, uretra,
ânus ou reto.
Transmissão do HPV
A transmissão dos vírus do
HPV responsáveis por infetarem a área anal e genital pode
ocorrer através do sexo vaginal, oral ou anal ou ainda pelo
contacto íntimo com a pele de
uma pessoa infetada.
HPV e cancro do colo
do útero
Em alguns casos, o vírus pode
ser transmitido e estar presente no colo do útero durante
anos, existindo situações em
que as lesões do aparelho genital provocadas por vírus
HPV, sobretudo dos tipos alto
risco, podem evoluir para
cancro. Na verdade, o vírus do
Papiloma Humano está presente em praticamente todos
os casos (99,7%) de cancro do
colo do útero que é o 2º cancro mais frequente na mulher, logo a seguir ao da mama.
Há, portanto, uma ligação
direta e cientificamente provada entre o vírus do HPV e o
cancro do colo do útero.
No entanto, o vírus do HPV
pode estar também associado
a outros tipos de cancros para
além do colo do útero.
Diagnóstico precoce
A realização regular de exames ginecológicos, a colposcopia e a citologias (ou testes)
de Papanicolau são medidas
fundamentais para diagnosticar precocemente alterações das células do colo do
útero, sendo a periodicidade
recomendada, para todos ou
parte destes exames, habitualmente, anual.
Prevenção e vacinas
Existem neste momento duas
vacinas que oferecem proteção em relação aos tipos de
HPV de mais alto risco.
A vacina bivalente assegura proteção contra os tipos 16
e 18, os quais provocam cerca
de 70% dos casos de cancro
do colo do útero.
A vacina quadrivalente
protege também contra os tipos 6 e 11, além dos 16 e 18,
oferecendo assim uma proteção mais alargada.
Na mulher, a idade ideal
par a vacinação e entre os 12 e
A realização
regular de
exames
ginecológicos, a
colposcopia e a
citologias
(ou testes) de
Papanicolau são
medidas
fundamentais
para
diagnosticar
precocemente
alterações das
células do colo
do útero, sendo
a periodicidade
recomendada,
para todos ou
parte destes
exames,
habitualmente,
anual.
os 14 anos ou logo após a 1ª
menstruação.
Contudo, as mulheres beneficiam sempre, de forma
muito significativa, da vacinação em qualquer outra idade,
podem vacinarem-se até aos
45 anos. E importante ter também em linha de conta que as
mulheres que foram vacinadas contra o HPV devem continuar, igualmente, a realizar
anualmente os seus exames
ginecológicos, colposcopias e
citologias de Papanicolau.
Medidas de prevenção
e diagnóstico precoce
É essencial o exame ginecológico periódico (anual). Poderá ainda ser efetuada uma colposcopia, que consiste na observação do colo do útero
com um equipamento especial que permite examinar as
respetivas células com grande
ampliação, assim permitindo
verificar a existência, ou não,
de áreas com lesões pouco ou
nada aparentes apenas à observação visual simples.
A citologia (também designado Teste) de Papanicolau
consiste na retirada de células
do colo do útero que, posteriormente, são examinadas
no Laboratório para determinar a sua natureza.
De igual forma, pode ainda, simultaneamente com a
citologia, realizar-se uma pesquiza laboratorial para determinar se existem ou não vírus
do HPV, isto é, saber se estes
vírus estão ou não já instalados no colo do útero.
Finalmente, o médico ginecologista pode decidir da
eventual necessidade de efetuar uma biópsia, isto é, retirar
uma pequena quantidade de
tecido do colo do útero para
que o laboratório possa analisar em detalhe a eventual
existência de uma lesão maligna ou pré-maligna.
Independentemente da
vigilância e dos exames do
médico ginecologista, é crucial para a prevenção da infeção por HPV do uso sistemático do preservativo, ainda
que que as zonas que o preservativo não cobre não ficam
protegidas. De igual forma, é
crucial conhecer e evitar todos os comportamentos sexuais de risco por parte de
ambos os componentes do
casal
Tratamentos disponíveis
O tratamento das lesões vária
segundo os casos mas pode
envolver tratamentos locais
com a aplicação de certas
substâncias nas lesões.
Poderá também ser necessário utilizar tratamentos
abrasivos, com técnicas diversas: eletrocoagulação, crioterapia ou com laser, entre outras. É ainda possível que possa estar indicada a “conização” do colo uterino, que consiste na remoção de uma parte do colo onde se encontram
as lesões ou o vírus está alojado. É um procedimento relativamente simples e que pode
ser realizado em regímen de
ambulatório e que não interfere absolutamente nada com
a vida sexual ou reprodutiva
posterior da mulher.
O LUANDA MEDICAL
CENTER disponibiliza às suas
pacientes todas as possibilidades humanas e técnicas necessárias ao diagnóstico precoce, á vacinação e ao tratamento.
JSA Junho 2015
publicidAde 15
16 SAÚDE DA FAMÍLIA
Junho 2015 JSA
“Por inúmeros factores, é
importante que os angolanos
consultem um Médico de
Família. Isso vai permitir
conhecer o histórico da família,
bem como de cada membro.
Permite, igualmente,
desenvolver uma relação de
amizade para todos os momentos”
Medicina Geral e Familiar
A saúde da sua família nas
mãos de um especialista
Dr. Carel De lange
n Os médicos de família reco-
especialista em Medicina geral e Familiar
nhecem ter uma responsabilidade profissional para com
a sua comunidade. Ao negociarem planos de acção com
os seus pacientes, integram
factores físicos, psicológicos,
sociais, culturais e existenciais, recorrendo ao conhecimento e à confiança gerados
pelos contactos repetidos.
Exercem o seu papel profissional promovendo a saúde,
prevenindo a doença e prestando cuidados curativos, de
acompanhamento ou paliativos, quer directamente, quer
através dos serviços de outros, consoante as necessidades de saúde e os recursos disponíveis no seio da comunidade servida, auxiliando ainda os pacientes, sempre que
necessário, no acesso àqueles
serviços.
Os médicos de família devem responsabilizar-se pelo
desenvolvimento e manuten-
luanda Medical Center
Médico de Família é a denominação pela qual é habitualmente conhecido o médico especialista em atenção básica.Trabalha habitualmente nos Cuidados de
Saúde Primários.
São médicos pessoais, principalmente responsáveis pela prestação de cuidados
abrangentes e continuados a
todos os indivíduos que os
procurem, independentemente da idade, sexo ou
afecção. Cuidam de indivíduos no contexto das suas
famílias, comunidades e culturas, respeitando sempre a
autonomia dos seus pacientes.
ção das suas aptidões, equilíbrio e valores pessoais, como
base para a prestação segura
e efectiva de cuidados de saúde aos pacientes.
Por inúmeros factores, é
importante que os angolanos
consultem um Médico de Família. Isso vai permitir conhecer o histórico da família, bem
como de cada membro. Permite-se, igualmente, desenvolver uma relação de amizade para todos os momentos.
Porém, no Luanda Medical Center, o mais novo e moderno centro de medicina em
Luanda, esta especialidade,
visa, sobretudo, cuidar das famílias angolanas. Através de
um plano criado pelo Especialista. É um serviço novo e,
ao mesmo tempo, inovador.
Para ter acesso a um Médico
de Família, o pai ou a mãe pode entrar em contato com a
clínica mais próxima e perguntar se esse serviço está dis-
ponível. Na cultura angolana,
geralmente, é a mãe que
cumpre esse papel.
Algumas características
desta especialidade
da Medicina
m O modelo “médico – paciente” é longitudinal e leva a
uma forma de cuidado em
que o contato entre o paciente
e o médico não se limita apenas à situação de doença, ou
seja, para ver o médico não é
necessário estar doente, permitindo o seu acesso por motivos de prevenção e aquisição de hábitos para uma vida
saudável.
O conhecimento mútuo
que é construído ao longo do
tempo entre o paciente e o
médico cria um vínculo de
confiança e respeito que é
uma das mais poderosas ferramentas de diagnóstico e terapêutica, utilizados pelo Mé-
m
dico de Família. A possibilidade de continuar por muitos
anos com um paciente permite conhecer as suas preferências, valores, crenças e características individuais, bem
como a dinâmica familiar e
contexto social.
m A capacidade de ajudar as
pessoas e famílias em diferentes fases da vida (infância,
adolescência, juventude, idade adulta, velhice) tornam
possível integrar a dinâmica
familiar e, portanto, trabalhar
em diferentes etapas ao longo
da vida.
m Porque é uma especialidade da medicina que abrange
transversalmente, o médico
de família está disposto a trabalhar em conjunto e coordenar a assistência à saúde de
seus pacientes, tendo em
conta as habilidades e competências de outros profissio-
nais saúde (médicos especialistas, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas).
mEnquanto disciplina científica centrada na pessoa, três
aspectos de fundo devem ser
considerados como essenciais:
a.Aspectos do contexto: considerando o contexto pessoal,
familiar, comunitário e cultural;
b.Aspectos da atitude: baseados nas capacidades, valores
e ética profissionais do médico;
c. Aspectos científicos: adoptando uma abordagem crítica
da prática clínica, baseada na
investigação científica, bem
como mantendo-a através da
aprendizagem e da melhoria
da qualidade contínuas.
Saiba mais:
http://www.lmc.co.ao/pt/c
orpo-clinico/medicos/carel-de-lange/
publicidAde 17
JSA Junho 2015
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Loja: Rua 1º Congresso do MPlA, nº 9 – 2º andar A
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18 ERGONOMIA
Junho 2015 JSA
Workshop alerta para a importância da saúde e segurança no trabalho
O trabalhador não deve trabalhar
com o pensamento no desconforto
Hérnias discais e outros problemas de coluna são apenas algumas
das consequências da má postura
“Os problemas
surgem a longo
prazo devido ao
facto de os
trabalhadores
passarem horas
sentados em
cadeiras
inadequadas,
provocando
alterações nos
músculos, fruto
de contínuas más
posturas”
Francisco cosme dos santos
com cláudia Pinto e rui moreira
de sá
“Os problemas surgem a
longo prazo, devido ao facto
dos trabalhadores passarem
horas sentados em cadeiras
inadequadas, provocando alterações nos músculos, fruto
de más posturas contínuas”,
garantiu a directora do Centro de Saúde e Segurança no
Trabalho (CSST), Isabel Cardoso.A responsável falava na
abertura do workshop que
esta instituição realizou este
mês, em Luanda, e que reuniu cerca de 400 participantes.
“As crianças, nas
escolas, sentam-se em cadeiras
muito grandes
para a sua
estatura e têm
vindo a contrair
escoliose, o que
afecta o seu
desenvolvimento”
n “É necessário mudar para
que as pessoas trabalhem em
condições perfeitas e seguras
zelando sempre pela sua integridade. O crescimento de
uma dada empresa, com satisfação e zelo, fomenta a melhoria no desempenho e na
produtividade. O trabalhador
não deve trabalhar com o
pensamento no desconforto
que determinada postura lhe
causa. Por esse motivo, as
empresas devem arranjar
técnicas inovadoras no sentido de trabalharem de forma
mais segura”, disse.
Por sua vez, a fisioterapeuta Vitória Fortunato alertou
para o facto de, actualmente,
“observarem-se várias lesões
adquiridas pelo esforço repetitivo, como por exemplo,
hérnias discais, problemas na
coluna e outras doenças que
poderiam ter sido evitadas
caso as empresas tivessem
apostado em condições que
permitissem suportar melhores posturas no trabalho”.
Ainda de acordo com esta especialista “o trabalhador só
tem responsabilidade por
desconhecimento, mas todas
as responsabilidades devem
recair no empregador que
tem de garantir as condições
para que os seus colaboradores desempenhem as suas
funções adequadamente”,
afirmou.
Também com
as crianças na escola
A fisioterapeuta revelou também que “ultimamente, as
crianças, nas escolas, sentamse em cadeiras muito grandes
A directora do Centro de Saúde e Segurança no Trabalho
(CSST),Isabel Cardoso, e a fisioterapeuta Vitória Fortunato, foram muito claras nas suas intervenções
para a sua estatura e têm vindo a adquirir escoliose, o que
afecta o seu desenvolvimento. Estes problemas têm surgido porque as carteiras são
muito altas, e os quadros baixos, com uma elevação fora
dos padrões que ultrapassa o
posicionamento dos olhos da
criança”. A técnica lembrou
ainda que, “devido a um horário preenchido com várias
aulas, as crianças são obrigadas a transportar uma quantidade avultada de material.
Este peso prejudica gravemente as vértebras que estão
em crescimento”. Neste
workshop salientou-se a importância de realizar campanhas nas escolas que tenham
carteiras desajustadas à idade
e estatura dos alunos. “Quando nos sentamos é importante ter os pés bem assentes no
solo, a coluna e a as costas encostadas na cadeira de maneira a que a nossa coluna se
ajuste à mesma”, recomenda
Vitória Fortunato.
Produtividade
das empresas
“Temos a noção de que a formação nesta área é um factor
estratégico para aumentar a
produtividade das empresas,
através da melhoria da qualidade das condições de trabalho dos seus colaboradores.
Esta é uma das razões que
nos motivou a realizar este
encontro, no sentido de sensibilizar os agentes do trabalho interessados na mudança
do paradigma da desarticulação da segurança, higiene e
saúde no trabalho”, afirmou
a Directora do CSST, Isabel
Cardoso, na abertura do
workshop.
Em entrevista ao Jornal da
Saúde, a responsável adiantou que o tema em debate no
evento era pertinente e fundamental para “motivar os
trabalhadores e agentes de
trabalho na mudança de
comportamentos. O workshop sobre ergonomia teve
como objectivo promover o
intercâmbio de conhecimentos e despertar a classe trabalhadora. Tem de haver uma
postura adequada nos locais
de trabalho para trabalharem
em condições saudáveis que
não sejam prejudiciais para a
saúde a sua saúde. Os profissionais habitualmente vêem
a ergonomia como algo sem
importância”.
“O empregador
é que tem de
garantir as
condições para
que os seus
colaboradores
desempenhem as
suas funções
adequadamente”
O que é
a ergonomia?
A ergonomia é a disciplina científica que estuda a
relação entre o homem
e o trabalho e/ou outros
elementos de um sistema. Procura desenvolver
a integração perfeita entre as condições de trabalho, as capacidades e
as limitações físicas e
psicológicas do trabalhador e a eficiência do sistema produtivo.
CLÍNICAS 19
JSA Junho 2015
Cancro do colo do útero
O diagnóstico precoce pode salvar vidas
especiais, ressaltar os tecidos
anormais suspeitosos de serem cancro ou percussoras
da doença. A colposcopia
permite também avaliar a
presença de outras lesões no
colo do útero, as paredes do
canal vaginal (vaginoscopia)
ou da pele vulvar (vulvoscopia). Este exame melhora
substancialmente a sensibilidade do Papanicolaou.
Rosalina de la CaRidad
QUesada
especialista em Ginecologia e obstetrícia
doutorada em Medicina Clínica MediTeX
Uma revisão ginecológica
regular e a realização da citologia cervical (Papanicolau) anualmente constituem
duas formas de promover a
saúde feminina. Caso o resultado faça suspeitar de
cancro do colo do útero, pede-se à paciente a realização
de uma colposcopia, um
exame não invasivo, não doloroso e que não requer hospitalização, mas que permite detectar lesões que necessitem de adequado tratamento.
n O cancro do colo do útero é
um tipo de cancro frequente
nas mulheres que tem origem no anormal crescimento
celular do colo. Quando uma
mulher se infecta com certos
tipos de vírus do papiloma
humano (HPV) e não elimina
a infecção, podem desenvolver-se células anormais no
revestimento do colo. Por esta razão, se não são descobertos e tratados numa etapa
precoce, as células anormais
podem converter-se em células cervicais pré-cancerígenas que por sua vez se transformam em cancro.
Em que consiste
a colposcopia?
A colposcopia é uma prova
que permite ver de forma
ampliada a superfície do colo
do útero ou cérvix. Serve para
identificar precocemente
possíveis lesões que são identificadas como precursoras
de um cancro. Também permite colher amostras para
biópsia das zonas suspeitas
de forma a estudá-las poste-
riormente no laboratório e
tratar estas lesões de forma a
solucionar o problema.
Quando se deve fazer uma
colposcopia?
Geralmente pede-se uma
colposcopia quando a mulher recebe os resultados de
uma citologia na qual foram
detectadas células anormais
que podem ser cancerígenas,
ou precursoras de cancro de
colo de útero. A citologia cervical é o primeiro passo seguindo-se a coloposcopia se
houver indicação para tal.
Por vezes, solicita-se este exame se o médico suspeitar de
alguma patologia cervical
após revisão ginecológica.
Através do vídeo, a colposcopia pode-se realizar o tratamento com “asa diatérmica”
das lesões pré malignas que
apareçam no exame e que
Esteja atenta aos sinais
As mulheres com cancro de colo uterino na etapa
precoce e no pré cancro usualmente não apresentam
sintomas. Estes muitas vezes só ocorrem quando o
cancro se tornou invasivo e cresceu para o tecido adjacente. Os sintomas mais comuns são:
— Sangramento vaginal anormal, tal como sangramento depois das relações sexuais.
— Uma secreção vaginal não habitual (a secreção pode conter sangue e pode ocorrer entre as menstruações ou após a menopausa).
— Dor durante as relações sexuais (coito vaginal).
Estes sinais e sintomas também podem ser também
causados por outras condições que não indiquem
propriamente cancro do colo do útero. Uma infecção
também pode causar dor ou sangramento pelo que se
aconselha a fazer regularmente exames de rotina.
“Uma forma
adequada da sua
prevenção é o
exame anual de
Papanicolau,
seguido da vídeo
colposcopia que
permite que a
paciente e o
médico
visualizem
directamente o
colo uterino
com um
aumento de até
40 vezes o
tamanho real”
“É muito
importante
promover a
educação das
mulheres para
alertá-las dos
factores de risco
e das
possibilidades de
realizar o
diagnóstico
precoce do
cancro do colo
do útero e o
tratamento
adequado desta
doença”
podem ser despistadas através de uma biópsia e realizarse de uma forma menos
agressiva para a paciente.
ginais durante as 24 horas antes da realização da prova e
mantenha a bexiga vazia antes do procedimento.
Qual a importância
da colposcopia?
A colposcopia é importante
porque pode detectar o cancro no colo uterino numa primeira etapa apresentando
um valor considerável como
estudo complementar do papanicolau normal devido ao
facto de que incrementa as
suas probabilidades de detecção de lesões. Além disso,
permite arquivar e imprimir
as imagens obtidas, o qual
apresenta grande valor no
controlo e seguimento de lesões.
Quando tempo decorre
até receber os resultados
da colposcopia?
De uma forma geral, decorre
uma a duas semanas até o
médico receber um relatório
do patologista que examina
as amostras para biópsia e
tente programar uma consulta, o mais tardar, um mês depois da colposcopia.
Como se preparar
para uma colposcopia?
Não faça lavagens vaginais,
não tenha relações sexuais
nem use medicamentos va-
Como prevenir o cancro
de colo de útero?
Uma forma adequada da sua
prevenção é o exame anual
de Papanicolau, seguido da
vídeo colposcopia que permite que a paciente e o médico visualizem directamente o
colo uterino com um aumento de até 40 vezes o tamanho
real e, através de colorações
É doloroso?
Não. É um exame não invasivo, o que significa que o aparelho não toca na paciente. Realiza-se entre 15 a 20 minutos e
não requer hospitalização.
O videocolposcópio tem
um aparelho de visualização
magnífica através de um sistema de aumentos ópticos e
uma fonte de luz chamada
“colposcópio”. O mesmo encontra-se conectado a uma
videocâmara de alta resolução cujas imagens são transmitidas para um ecrã, o qual
permite observar as mesmas
durante a realização do estudo, tanto pelo médico como
pela paciente e de forma diferida, através do registo dessas
imagens em forma de fotos
ou colpofotografias.
Onde fazer?
A Clínica Meditex possui o
equipamento e pessoal profissional formado para a realização e interpretação destes
exames de diagnóstico e tratamento.
É muito importante promover a educação das mulheres
para alertá-las dos factores de
risco e das possibilidades de
realizar o diagnóstico precoce do cancro do colo do útero
e o tratamento adequado
desta doença. É também fundamental desenvolver um
programa de rastreio em Angola, para conseguir diminuir
o número de pacientes com
diagnóstico desta patologia.
Saúde Cuanza norte
JSA Junho 2015 20
Progressos no sector da saúde
Diniz Simão
Correspondente no Cuanza norte
novos hospitais, centros e
postos de saúde têm permitido, ao longo dos anos, melhorar a assistência médica
no Cuanza norte.a construção de uma escola de formação de técnicos de saúde
contribuiu para a melhoria
da qualidade dos profissionais. no entanto, e apesar
dos avanços reconhecidos,
algumas patologias são motivo de preocupação bem
como o número insuficiente
de médicos e enfermeiros.
n Os avanços registados no
sector da saúde na província
do Cuanza Norte, durante os
40 anos de independência,
foram realçados, em Ndalatando, pelo director provincial da saúde, Manuel Duarte Varela.
Falando a propósito dos
ganhos da independência
alcançados pelo sector na
região, o responsável referiu
que esse período foi marcado pelo crescimento da rede
sanitária da região, por via
da construção e reabilitação
de várias unidades sanitárias, em diferentes localidades da província, fazendo
com que a população deixasse de percorrer longas
distâncias em busca da assistência médica.
Segundo Manuel Duarte
Varela, a província testemunhou, entre 1975 a 2015, “o
surgimento de nove hospitais novos, além de diversos
centros e postos de saúde,
muitos das quais construídos entre 2002 e 2015, após o
termo definitivo do conflito
armado que devastou o país
durante mais de 30 anos”.
Salientou que, até 1975, a
província contava com apenas um único hospital (o actual hospital provincial), um
centro de saúde nas sedes de
cada um dos 10 municípios
e com poucos postos de saúde em algumas sedes comunais, uma realidade que acabou por vir a ser invertida
com a construção de novos
estabelecimentos sanitários.
Evolução significativa
O responsável referiu que “o
crescimento da rede sanitária da província conheceu
uma evolução significativa,
entre 2002 e 2014, período
O Cuanza norte conta com 11 hospitais, 92 postos e 22 centros centros de saúde
em que a província passou a
contar com 11 hospitais, 92
postos de saúde e 22 centros,
totalizado 132 unidades sanitárias, construídas e reabilitadas, que constituem actualmente a rede sanitária
pública local, devidamente
equipadas com 1050 camas
e outros meios técnicos modernos, além de outras unidades privadas e tuteladas
por instituições religiosas”.
Fruto das acções do executivo que visem a melhoria
da assistência médica, foram implementadas várias
políticas no sentido de aproximar os serviços de saúde
aos cidadãos, materializadas pelos Programas de Investimentos Públicos e de
Municipalização dos Serviços de Saúde, permitindo
assim o aumento de infra-
estruturas e equipamentos
sanitários. A rede sanitária
da província é assegurada
por 85 médicos, entre nacionais e expatriados, 866 enfermeiros, 45 técnicos de
diagnóstico e terapeutas,
além de outros funcionários
administrativos e de apoio
hospitalar.
Referiu que, a par das infraestruturas, foi, igualmente, colocado em marcha
“um programa de formação
de quadros, com especialização de técnicos em vários
domínios do sector”.
Destaque ainda para a
construção de uma escola de
formação de técnicos de saúde na província como um dos
factores que está a contribuir
para o aumento e melhoria
da qualidade dos profissionais de saúde na região.
Dar especial atenção à saúde sexual e reprodutiva
Manuel Duarte Varela
apontou “a intensificação
dos programas de imunização, o combate as grandes
endemias como a malária,
VIH-Sida, tuberculose e a
oncocercose, assim como os
cuidados primários de saúde como as prioridades do
sector na região”.
Em função das metas do
Executivo e do desenvolvimento do milénio, deve ser
dada especial atenção à saúde sexual e reprodutiva no
sentido de reduzir a taxa de
mortalidade materna bem
como a humanização dos
serviços de saúde.
Manuel Duarte Varela referiu que o sector da saúde
na província conta com o
apoio de organizações não-
Manuel Duarte Varela "O crescimento da rede sanitária
da província conheceu uma evolução significativa, entre 2002
e 2014"
governamentais, tais como,
“Médicos del Mundo, Soluções de Higiene e Saúde no
Trabalho, Cruz Vermelha de
Angola, World Vision, entre
outras, como parceiras no
combate as diversas enfermidades na região”.
A malária, pelo facto de
constituir a maior causa de
morte no país e, em particular na província, consta entre as patologias que mais
preocupam as autoridades
sanitárias da região, seguida
pelas doenças cardiovasculares (com maior predominância a hipertensão arterial), a diabetes e os traumatismos por acidentes de viação.
Face ao aumento de
doenças cardiovasculares, o
médico disse que gostaria
ver implementados na cir-
Falta de dadores de sangue voluntários
O secretário provincial do Cuanza Norte da Cruz
Vermelha de Angola (CVA), Salvador João Zumba,
referiu que a falta de dadores benévolos está a dificultar a implementação de campanhas de doação de
sangue para suprir as carências do mesmo nas unidades sanitárias da região.
Falando a propósito do Dia Mundial do Dador de
Sangue, assinalado no passado dia 14 de Junho, o responsável salientou que a CVA, enquanto parceira do
governo, tem levado a cabo acções de mobilização
para recrutamento de dadores mas, infelizmente,
por motivos desconhecidos, não tem encontrado
voluntários.
Referiu que presentemente “a CVA tem inscrito, na
sua base de dados, 500 dadores benévolos, mas apenas pouco menos de 50 participam em acções de
doação de sangue, promovidas pela instituição, enquanto a maioria recusa-se a participar, por alegada
falta de apoio social”.
Para si, esta situação espelha bem a perda dos valores de solidariedade que antes caracterizava a sociedade angolana, quando os cidadãos encaravam a ac-
Secretário provincial da Cruz Vermelha no Cuanza norte,
Salvador João Zumba
ção de doação de sangue como um acto de “salvar
vidas”.
Esclareceu que,“até 1992, a CVA no Cuanza Norte
tinha uma rede de dadores benévolos integrada por
1.450 membros, dos quais apenas restam 500, sendo que só 50 são dadores activos”.
cunscrição, “os serviços de
cardiologia interventiva, nefrologia, hemodiálise, neurologia e cuidados intensivos
com todas as suas valências,
sem descurar os de fisioterapia permitiriam atenuar as
evacuações e os custos do
tratamento que acarretam
aos pacientes, famílias e hospitais decorrentes de enfermidades que são diagnosticadas e tratadas pelos serviços referenciados”.
Para uma cobertura integral da assistência médica
na província e face ao número de infra-estruturas sanitárias construídas nos últimos tempos, Manuel
Duarte Varela afirmou que
“seriam necessários mais de
70 médicos e 1000 enfermeiros”.
Outra necessidade apontada pelo médico prende-se
com o reduzido número de
especialistas nas áreas de
pediatria na província que
conta apenas com quatro
profissionais, seis ginecologistas / obstetras e dois ortopedistas. “As áreas de cardiologia, traumatologia,
medicina geral e integrada
(MGI), entre outras, carecem também de profissionais”.
No domínio do apoio
medicamentoso, Manuel
Duarte Varela, assegurou
que estão garantidos suprimentos de kits de fármacos
para postos e centros de
saúde para atender a demanda.
Com uma população estimada em 427.971 habitantes, distribuídos em 10 municípios, a província do
Cuanza Norte, cuja sede é a
cidade de Ndalatando, localizada a cerca de 190 quilómetros a leste de Luanda, e
conta com uma extensão
territorial de 20.252 quilómetros quadrados.
JSA Junho 2015
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Saúde Cuanza Sul
JSA Junho 2015 22
Hospital Municipal da Boa Entrada
necessita de reabilitação profunda
permite contratar médicos
ou técnicos de saúde para
fazer a cobertura”.
CaSimirO JOSé
Correspondente no Cuanza Sul
Texto e fotografias
O passado do Hospital Municipal da Boa Entrada não
foi pacífico. Foram muitas as
circunstâncias que prejudicaram a unidade, mas nunca
suficientes para justificar o
fecho das suas portas. Hoje
em dia, são 12 mil os habitantes que acedem aos seus
serviços e estão a ser realizadas obras de recuperação
das áreas mais importantes
do hospital.
ANA MARIA EPALANGA "Estamos a reestruturar o hospital e a dotá-lo de novos equipamentos, mas faltam profissionais de saúde"
n A unidade hospitalar situada na antiga Companhia
Angolana da Agricultura
(CADA) foi construída em
1952, sendo uma unidade
de referência para dar resposta a todas as solicitações.
Actualmente, serve um universo de 12 mil habitantes
distribuídos pelas 19 comunidades da região e também
os pacientes vindos da cidade da Gabela, sede do município do Amboim e de outras
localidades como Quirimbo
e Boa Viagem, estas duas últimas pertencentes ao município da Quilenda.
Na era colonial, tinha um
estatuto de hospital regional. Manteve essa primazia
assistencial até à década de
80, época em que só evacuava doentes para hospitais de
referência de Luanda e do
Huambo. Daí em diante começou a sentir os efeitos do
conflito armado e, aos poucos, ficou à mercê dos ataques militares.
Sabotagem e conflito
armado
Outro factor que destabilizou o Hospital Municipal da
Boa Entrada foi a sabotagem
protagonizada por desconhecidos que danificaram
os equipamentos de radiologia, cirurgia, ortopedia e
laboratórios. O velho hospital apresenta ainda instalações com uma excelente estrutura arquitetónica e durante muitos anos os serviços aí prestados eram comparados com outras unidades de referência do país.
Com o conflito armado, o
Hospital Municipal da Boa
Parte frontal do Hospital Municipal
da Boa Entrada
Entrada começou a qualidade devido ao abandono do
corpo clínico, na sua maioria, médicos expatriados
que tiveram de abandonar a
área por razões de segurança. Começava a desenhar-se
um cenário desolador para a
unidade hospitalar. Mesmo
com o abandono do corpo
clínico, o Hospital Municipal da Boa Entrada nunca
fechou por completo as suas
portas, mantendo um funcionamento razoável. As
suas estruturas apresentam
cansaço, a reclamar por
uma reabilitação profunda,
principalmente do tecto que
não resiste às águas das chuvas.
Mãos atadas
Com a conquista da paz, em
2002, a unidade hospitalar
deu um ar da sua graça, com
a prestação de serviços à altura das suas possibilidades.
As autoridades locais estão
preocupadas com o factual
cenário que apresenta o
hospital, mas estão de mãos
“atadas”, porque a sua recuperação está fora do seu alcance, dada a envergadura
da obra. Por esse motivo, remeteram a resolução do
problema às estruturas centrais.
O Administrador municipal do Amboim, Francisco
Mateus, em declarações ao
Jornal da Saúde, afirmou
que “a administração está
actualmente empenhada na
elaboração do quadro orgânico da unidade hospitalar
que vai ser remetido aos órgãos competentes”. Adiantou que, apesar de ser uma
unidade orçamentada, “os
valores alocados ao Hospital
Municipal da Boa Entrada
não satisfazem as necessidades, dada a sua dimensão,
ao mesmo tempo, que não
Funcionamento actual
do hospital
A directora do hospital, Ana
Maria Epalanga, disse ao
Jornal da Saúde que o estado em que se encontra a
unidade hospitalar diminuiu a sua capacidade de
atendimento, embora vá
funcionando de forma razoável, prestando serviços
de medicina geral, pediatria,
maternidade, puericultura e
pequenas cirurgias. Muitos
casos são transferidos para a
sede municipal por falta de
equipamentos. Ainda assim
e mesmo com as enfermarias de medicina inoperantes, o hospital tem 65 camas
para internamento.
“O quadro de pessoal técnico é irrisório. Estão em
serviço efectivo, um médico
e 25 enfermeiros de vários
escalões, faltando pessoal
auxiliar”, declarou a responsável. O hospital “está a reestruturar-se com a aquisição
de equipamentos, no quadro do Programa dos Cuidados Primários de Saúde, cuja recuperação se afigura como uma tarefa inadiável para a unidade sanitária servir
as populações”, garantiu.
Ana Maria Epalanga considerou que há esperanças
para dias melhores, a julgar
pelos esforços que a administração do município do
Amboim está a desenvolver
em prol da recuperação do
hospital. “A realidade actual
é promissora, porque estamos a realizar obras paliativas, à altura das nossas ca-
“O quadro de
pessoal técnico
é irrisório. Estão
em serviço
efectivo, um
médico e 25
enfermeiros de
vários escalões,
faltando pessoal
auxiliar”
“a administração está
actualmente
empenhada na
elaboração do
quadro orgânico
da unidade
hospitalar que
vai ser remetido
aos órgãos
competentes” –
Ana Maria
Epalanga
pacidades, para recuperarmos áreas mais importantes
do hospital”, garantiu.
Fez ainda saber que a
unidade hospitalar está erguida numa região com excelentes condições climáticas que, com a sua reabilitação, pode servir para serviços de especialidade ao nível da província e do país,
apelando no sentido da sua
reabilitação.
Parte traseira que mostra o tecto
a reclamar sua reabilitação
reSponSAbilidAde SociAl 23
JSA Junho 2015
Inaugurado Centro Neurocirúrgico
Crianças angolanas com hidrocefalia beneficiam
de melhores condições de tratamento
O Centro Neurocirúrgico e de Tratamento à Hidrocefalia foi inaugurado a 30 de Junho, em Luanda, pela presidente da
Fundação Lwini, Ana Paula dos Santos, acompanhada pelo ministro da Saúde, José Van-Dúnem, a deputada Eufrazina
Maiato, e outras personalidades. A missão desta unidade sanitária é proporcionar melhores condições cirúrgicas às
crianças com espinha bífida e hidrocefalia
Rui MoReiRa de Sá
com FRanciSco coSMe
Ana Paula dos Santos, na sua
qualidade de Presidente da
Fundação Lwini, inaugurou
este mês o Centro Neurocirúrgico e deTratamento à
Hidrocefalia. Na ocasião,
destacou o trabalho da instituição a que preside, agradeceu aos médicos e à BP Angola "um dos patrocinadores fiéis às causas sociais do
país".
n Um Centro Neurocirúrgico e de Tratamento a Hidrocefalia (CNCTH) foi inaugurado a 30 de Junho, em
Luanda, pela presidente da
Fundação Lwini, Ana Paula
dos Santos, com o objectivo
principal de promover a melhoria das condições cirúrgicas correctivas às crianças
com espinha bífida e hidrocefalia.
A unidade de saúde vai
realizar 10 mil consultas e
1.500 cirurgias por ano a
crianças portadoras de dois
tipos de hidrocefalia – obstrutiva e não obstrutiva.
Conta com 40 camas, duas
salas operatórias de rotina e
uma para casos infecciosos,
três consultórios, um laboratório clínico, duas salas de
internamento, dois berçários, espaço de mobilidade
psicomotricidade e estimulação sensorial, reservatório
de gases, sala de pré-operatório, cuidados intensivos,
biblioteca cirúrgica, e a área
administrativa.
Ao intervir na cerimónia,
Ana Paula dos Santos, destacou a acção social da Fundação Lwini de “juntar-se a
pessoas com objectivos sérios e sem medo de trabalhar para poder ajudar o
próximo”, facto que levou a
instituição ao médico
Mayanda Inocente, na sua
luta para que este centro se
tornasse de referência. Agradeceu aos médicos e aos
apoiantes, nomeadamente
a BP Angola “um dos patrocinadores fiéis às causas sociais do país”.
O apoio da BP Angola, e
seus parceiros do bloco 31,
traduziu-se num investimento de USD 680 mil, durante 2013-2014, o que permitiu ao Centro adquirir
equipamento médico e ministrar formação adequada
aos profissionais de saúde.
Orientação emanada pelo
Presidente da República
Por sua vez, o ministro da
Saúde, José Van-Dúnem,
afirmou que a inauguração
do centro significa uma
grande vontade que existe
dentro de cada angolano em
poder dar uma oportunidade para se oferecer cada vez
mais e melhores serviços de
saúde as populações, para
se dar uma grande resposta
a esta patologia que é a espinha bífida e hidrocefalia.
Destacou o trabalho da
A presidente da Fundação Lwini, Ana Paula dos Santos, acompanhada do director do Centro, Mayanda Inocente, na visita às crianças internadas. A unidade vai realizar cerca de 10 mil consultas e 1.500 cirurgias por ano
A equipa médica chefiada por Mayanda Inocente prepara-se para mais uma cirurgia
Associação de Espinha Bífida e Hidrocefalia em Angola
que se uniu voluntariamente para ajudar na resolução
dos problemas das crianças
que padecem desta doença
e respectivas famílias. Na lista de espera para a cirurgia
constam 2.869 crianças.
“Para cumprir uma
orientação emanada pelo
Presidente da República, no
seu apelo dirigido a nação
com vista ao aumento da solidariedade no país, a Fundação Lwini juntou-se à Associação para criar o elo de
ligação com vários doadores
O director do Centro de Neurocirúrgico e de Tratamento a
Hidrocefalia, o cirurgião
Mayanda Inocente, com director coordenador do Jornal da
Saúde de Angola, Rui Moreira
de Sá
para criar condições hospitalares e estruturais que permitiram com que surgisse
esta instituição”, concluiu.
Estado poupa
O director do Centro de Neurocirúrgico e de Tratamento
a Hidrocefalia, o cirurgião
Mayanda Inocente, adiantou
que prevê realizar cerca de 10
mil consultas e 1.500 cirurgias por ano, “meta que fará
com que o Estado poupe cerca de vinte milhões de dólares”.
Na unidade de saúde poderão ser operados dois tipos
básicos de hidrocefalia. A
obstrutiva (não comunicante) causada por bloqueio no
sistema ventricular do cérebro que impede que o líquido cefalorraquidiano (LCR)
flua devidamente pelo cérebro e a medula espinhal. A
não-obstrutiva (comunicante) resulta do aumento da
produção do LCR, ou diminuição da reabsorção.
O que é a hidrocefalia
Hidrocefalia é, de forma genérica, a
acumulação de líquido cefalorraquidiano (LCR) no interior da cavidade craniana (nos ventrículos ou
no espaço subaracnóideo), que por
sua vez, faz aumentar a pressão intracraniana sobre o cérebro, podendo vir a causar lesões no tecido
cerebral e aumento e inchaço do
crânio.
É um problema de saúde que, na
maior parte das vezes, está associado ao aparecimento da espinha Bífida. O líquido cefalorraquidiano
Mãe com o seu filho na sala de espera aguarda a consulta
passa, no cérebro, de um ventrículo
para o seguinte (existem, ao todo,
quatro) através de canais relativamente estreitos, circulando depois na
superfície do cérebro e sendo, finalmente, absorvido pelo sistema sanguíneo. Existe ainda uma parte do líquido que circula ao longo da medula
espinhal.
Ora, a acumulação já referida de LCR
no interior da cavidade craniana dá-se
quando, por qualquer razão, existe
uma obstrução à drenagem do líquido para o sistema sanguíneo.
24 ALIMENTAÇÃO SAUDÁVEL
Junho 2015 JSA