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no 9 | 2010 atualização Luto no câncer, um assunto delicado Abordagem terapêutica no câncer de útero Portfólio Sandoz reflete o futuro da empresa 10187 ChymiOn 9-2010.indd 1 01.10.10 10:19:00 Este compromisso pelo qual as pessoas se obrigam umas às outras e cada uma delas a todas a um sentimento de simpatia, ou, de acordo com o dicionário Houaiss, piedade pelos que sofrem, pode ser determinante na vida de muitos indivíduos. Um exemplo é o paciente com câncer. Nessa condição, as pessoas podem precisar desde um apoio emocional até àquele para conduzir toda a sua vida. Conhecedores íntimos dessa situação, Abordagem terapêutica no um grupo organizou, em 1997, a Associação Bracâncer de sileira de Combate ao Câncer Infantil e Adulto (Abraccia). Lá o lema é: solidariedade. Ainda no contexto de amparo, o psiquiatra Geraldo Ballone nos brinda Portfólio Sandoz reflete o futuro da empresa com um artigo sobre como lidar com o luto no câncer, com a classificação de pré- e pós-morte. Conforme o médico descreve, para os familiares do paciente oncológico, “o luto após a morte é apenas parte do processo”. Leia mais em Atualização. A insegurança que ronda os hospitais no que concerne a segurança do paciente foi discutida por Walter Mendes, que focou as intercorrências decorrentes da incorreta ou inadequada dispensação de medicamentos. O trabalho e os investimentos presentes com foco no futuro é um dos pilares da filosofia Sandoz. Daiane Trombini, coordenadora regional de portfólio na América Latina para Sandoz do Brasil, falou à Chymion sobre o pipeline da empresa e sobre como funciona o processo de inovação no portfólio. O câncer do colo do útero (ou cervical) é o segundo mais prevalente entre as mulheres, com cerca de 500 mil casos novos por ano no mundo. A doença é responsável por quase 230 mil óbitos anuais. Para 2010, no Brasil, são esperados 18.430 novos casos de câncer cervical. Em 2008, o número de mortes para dada neoplasia foi de 4.812. Luís Eugênio de Andrade Filho, oncologista de Minas Gerais, fez uma revisão sobre as terapias preconizadas nessa neoplasia, com foco na gencitabina. no9 | 2010 atualização Luto no câncer, um assunto delicado O ser humano definitivamente não é uma ilha. É impossível e até incapacitante viver isolado, seja territorial ou emocionalmente. O contato com seus semelhantes é condição sine qua non para sua saúde, sob todos os aspectos. Nesse cenário, surge o substantivo solidariedade. útero Aproveite a leitura! Rua Anseriz, 27, Campo Belo 04618-050 – São Paulo, SP Fone: 11 3093-3300 www.segmentofarma.com.br [email protected] Diretor-geral: Idelcio D. Patricio Diretor executivo: Jorge Rangel Diretor médico: Marcello Pedreira CRM-SP 65377 Comunicações médicas: Cristiana Bravo Gerente financeira: Andréa Rangel Gerente comercial: Rodrigo Mourão Editora-chefe: Daniela Barros MTb 39.311 Diretor de criação: Eduardo Magno Gerente de negócios: Marcela Crespi Coordenadora editorial: Fabiana de Paula Souza Diretora de arte: Renata C. Variso Peres Revisora: Renata Del Nero Produtor gráfico: Fabio Rangel Cód. da publicação: 10187.10.10 O conteúdo desta obra é de inteira responsabilidade de seu(s) autor(es). Produzido por Segmento Farma Editores Ltda., sob encomenda de Sandoz, em outubro de 2010. Material de distribuição exclusiva à classe médica. 10187 ChymiOn 9-2010.indd 3 sumário Os editores 4 11 14 17 20 matéria de capa atualidades atualização espaço sandoz história de sucesso 01.10.10 10:19:02 Gencitabina no carcinoma cervical Introdução Luís Eugênio de Andrade Filho O câncer do colo do útero, ou cervical, é o segundo mais comum Oncologista clínico do Hospital Marcio Cunha. Centro de Oncologia e Radioisotopos. Núcleo do Câncer de Caratinga. mundo, responsável por quase 230 mil óbitos anuais. É um grande CRM-MG 30.210 entre as mulheres, com cerca de 500 mil casos novos por ano no problema da saúde pública e é ainda pior nos países pobres e em desenvolvimento. Para 2010, no Brasil, são esperados 18.430 novos casos de câncer cervical. Em 2008, o número de mortes para dada neoplasia foi de 4.812¹. Inicia na faixa etária de 20 a 29 anos e o risco aumenta rapidamente até atingir seu pico, geralmente entre 45 e 49 anos. Ao mesmo tem- po, com exceção do câncer de pele, é o que apresenta maior potencial de prevenção e cura quando diagnosticado no estágio inicial¹. Em países desenvolvidos, a sobrevida média estimada em cinco anos varia de 51% a 66%. Nos em desenvolvimento, os casos são encontrados em estágios relativamente avançados e, consequentemente, a sobrevida média é de 41% em cinco anos¹. Logo, estamos diante de uma grave patologia que acomete 4 10187 ChymiOn 9-2010.indd 4 principalmente mulheres com menos de 50 anos, diagnostica- da em nosso país em fase avançada e, por isso, somente metade 01.10.10 10:19:02 dessas mulheres estarão vivas em cinco anos. Até que os programas de diagnóstico precoce funcionem, ou as vacinas estejam disponíveis, novas terapias precisam melhorar esse cenário. Gencitabina no câncer metastático Agentes isolados para o tratamento do câncer cervical avançado têm obtido baixas taxas de respostas em estudos de fase II. Cisplatina, paclitaxel, etoposídeo, irinotecano e ifosfamida atingem de 15% a 30% de resposta global. Os regimes duplos baseados em cisplatina atingem de 30% a 60%, mas à custa de maior toxicidade². A combinação de cisplatina e gencitabina alcançou em um estudo a taxa de resposta de 41% com perfil favorável de toxicidade (Tabela 1)³. Vale ressaltar que a qualidade de vida não foi bem mensurada na maioria dos estudos, bem como a análise comparativa de sobrevida, e que as taxas de respostas caem significativamente se as recidivas são em áreas previamente irradiadas; essas análises devem estar bem especificadas nos ensaios clínicos. Várias combinações contendo cisplatina foram comparadas em estudos de fase III com cisplatina isolada: no primeiro deles a ifosfamida mostrou melhor sobrevida livre de progressão sem aumento em sobrevida global, Tabela 1. REGIME TAXA DE RESPOSTA Cisplatina² 15% a 25% Ifosfamida² 31% Paclitaxel² 17% Ifosfamida-cisplatina2 31,8% Irinotecano² 21% Paclitaxel/cisplatina² 46% Cisplatina/gencitabine³ 41% Cisplatina/topotecana4 27% 10187 ChymiOn 9-2010.indd 5 mas esse benefício não suplantou a alta taxa de toxicidade dessa combinação quando comparada à cisplatina isolada ou à combinação de cisplatina e mitolactol4. Cisplatina com paclitaxel5 e cisplatina com topotecana6 foram comparadas à cisplatina isolada em estudos de fase III. Ambos os estudos mostraram sobrevida livre de progressão melhor para o braço com duas drogas. No estudo com topotecana a sobrevida global atingiu 9,4 meses em comparação com 6,5 meses no braço de cisplatina isolada (p = 0,17). Recentemente, o Gynecologic and Oncologic Group apresentou um estudo (GOG – 204), de fase III, no qual comparou quatro regimes de quimioterapia em câncer cervical estágio clínico IVB a fim de definir o regime com melhor resultado e melhor perfil de toxicidade. Foram sorteadas 513 pacientes a receber paclitaxel como infusão de 24 horas ou vinorelbina ou gencitabina ou topotecana associados à cisplatina. As taxas de respostas foram semelhantes: paclitaxel, 29,1%; vinorelbina, 25,9%; topotecana, 22,3%; gencitabina, 23,4%. Não houve superioridade de um regime sobre o outro em termos de sobrevida global. Como esperado, houve um perfil de toxicidades diferentes, mas nada que tornasse algum desses regimes inaceitável ou padrão7. Assim sendo, devem-se considerar comorbidades existentes, modo de infusão, toxicidade e custos para escolhermos a melhor terapia nesse contexto. Gencitabina no câncer locorregionalmente avançado Definiremos como câncer locorregionalmente avançado pacientes com estágios clínicos IB2 a IVA. Os pacientes classificados como IB podem ser tratados efetivamente com radioterapia ou histerectomia pélvica associada com linfadenectomia pélvica bilateral. As taxas de sobrevida global para ambos os tratamentos estão entre 80% e 90% e são ditas similares². Um estudo comparando radioterapia 5 01.10.10 10:19:02 6 com cirurgia mostrou que 54% dos tumores menores que 4 cm e 84% dos maiores que 4 cm tinham características de alto risco, ou seja, envolvimento de paramétrios, margens positivas, invasão profunda estromal e linfonodos positivos. Essas pacientes receberam radioterapia adjuvante nesse estudo. As taxas de sobrevida foram de 63% e 57% para cirurgia e radioterapia respectivamente, mas houve maior uso de radioterapia adjuvante no grupo operado8. Nesses casos há indubitavelmente necessidade de mais de uma modalidade de tratamento. Para os estágios IB2 e alguns casos IIA não há uma conduta homogênea bem estabelecida. Logo, são condutas aceitáveis: histerectomia radical tipo III seguida de linfadenectomia pélvica, principalmente em pacientes jovens com tumores com menos de 4 cm, com quimiorradiação adjuvante dependendo da estratificação de risco patológico ou somente quimiorradiação². Vários regimes de quimioterapia inserem-se nesse contexto, mas nós favorecemos: cisplatina com ou sem 5-fluorouracil9,10. Um estudo recente para pacientes de alto risco após cirurgia comparou quatro ciclos de carboplatina e paclitaxel seguidos de radioterapia com cisplatina semanal. O benefício em sobrevida favoreceu o grupo da combinação sem significância estatística11. Para os estágios clínicos IIB a IVA até recentemente o tratamento de escolha seria a combinação de quimioterapia com cisplatina (com ou sem 5-fluorouracil) e radioterapia. A grande maioria dos centros especializados no tratamento de câncer de colo uterino tem dado preferência para cisplatina semanal na dose de 40 mg/m² durante a radioterapia por seis sessões12-15. Para esse regime de tratamento a taxa de sobrevida em cinco anos é de 57,7%16 e tem sido usada para a comparação com outros regimes em ensaios clínicos aleatórios prospectivos na atualidade. Um estudo recente de metanálise demonstrou um benefício adicional com quimioterapia de consolidação após quimiorradiação sinalizando que regimes mais agressivos poderiam conferir melhor resultado16. Há, portanto, uma razão convincente para tentarmos melhorar o resultado com tratamentos mais agressivos. 10187 ChymiOn 9-2010.indd 6 Por ser a gencitabina uma das drogas mais radiossensibilizadoras, seria racional estudá-la nesse contexto. Em 2001, iniciaram-se vários estudos de fase I e II a fim de se analisar a dose máxima tolerada concomitantemente à radioterapia, o perfil de toxicidade e o resultado da droga — taxa de resposta. A conclusão foi que a dose mais segura de gencitabina seria de 125 mg/m². Nessa dose, poderia ser associada a cisplatina na dose de 40 mg/m² por seis ciclos e infundida de uma a duas horas antes da radioterapia. Esta deveria ser aplicada na dose de 50 Gy seguida de braquiterapia nos pacientes com câncer uterino locorregionalmente avançado: IB2 a IVA. Nesses estudos a taxa de resposta atingiu 97%, sendo que a taxa de resposta completa variou de 77% a 90%17-19, suspeitando-se que esse regime poderia ser melhor que o padrão. Um excelente estudo de fase III, multicêntrico e internacional, prospectivo e aleatório, nos estágios clínicos IIB a IV A e sem envolvimento de linfonodos para-aórticos, foi projetado. Um braço recebeu quimioterapia com cisplatina semanal, 40 mg/m², e o outro, o mesmo regime associado à gencitabina, 125 mg/m², ambos simultâneos à radioterapia na dose de 50,4 Gy em 28 aplicações seguidas de braquiterapia, 30 a 35 Gy. A seguir, eram aplicados dois ciclos adjuvantes a cada 21 dias com gencitabina, 1.000 mg/m² (nos primeiro e oitavo dias) e cisplatina, 50 mg/m², no primeiro dia. A análise de 515 mulheres revelou que a quimioterapia combinada foi superior em relação à sobrevida livre de progressão em três anos: 74,4% versus 65%, HR = 0,68, IC de 95%: 0,490,95, p = 0,023 (Figura 1) e sobrevida global = 78% versus 69%, HR = 0,68, IC de 95%: 0,49-0,95, log rank, p = 0,0224 (Figura 2). O impacto ocorreu principalmente na redução de recidiva a distância (8,1 versus 16,4%, HR = 0,45, IC de 95%: 0,26-0,78, p = 0,005). Isso é de grande importância, visto que o fracasso terapêutico fora da área irradiada é responsável pelo insucesso do tratamento em dois terços das pacientes e influencia diretamente a mortalidade. Houve um importante aumento na toxicidade e quase 86,5% das pacientes no braço com as duas drogas apresentaram pelo menos um episódio de 01.10.10 10:19:02 toxicidade de grau 3 ou 4 em comparação a 46,3% das pacientes tratadas com monoterapia (p < 0,001). Além disso, no braço contendo gencitabina, houve necessidade de descontinuidade do tratamento em 18 pacientes com ocorrência de dois óbitos relacionados ao tratamento, ao passo que no braço sem gencitabina ocorreu a necessidade de descontinuidade em uma paciente e nenhum óbito. Todavia, apesar dos altos índices de toxicidades, elas foram tratadas e 90% dos pacientes completaram o tratamento sendo que 75% ainda completaram os dois ciclos adicionais de quimioterapia20. Os dados desse ensaio clínico representam os primeiros achados robustos de melhoria em sobrevida nessa população quando comparamos com o regime-padrão. 1 0,9 Probabilidade de slp 0,8 gen/cis/rad 0,7 Cis/rad 0,6 0,5 0,4 0,3 0,2 Log-rank p= 0,023 Hazard ratio = 0,68 95% CI = 0,49-0,95 0,1 0 0 6 12 18 24 30 36 42 48 54 60 meses Figura 1. Sobrevida livre de progressão em três anos Probabilidade de SG 1,0 0,9 0,8 gen/cis/rad 0,7 Cis/rad 0,6 0,5 0,4 0,3 Log-rank p= 0,022 Hazard ratio = 0,68 95% CI = 0,49-0,95 0,2 0,1 0 0 6 12 18 24 30 36 meses Figura 2. Sobrevida global 10187 ChymiOn 9-2010.indd 7 42 48 54 60 66 Considerações finais Para pacientes com câncer uterino avançado ao diagnóstico ou recorrente existem algumas opções terapêuticas. Pacientes assintomáticas, idosas, com disfunção orgânica, lesão-alvo em área irradiada não apropriada para cirurgia e baixo índice de desempenho podem ser consideradas para melhor suporte clínico até que seus sintomas se tornem de difícil manejo; avaliar em pacientes jovens e com bom índice de desempenho o tratamento cirúrgico radical para recorrências locais. Não há um regime-padrão para tratamento do câncer recorrente avançado nem estudos bem desenhados que nos direcionem para poliquimioterapia ou monoterapia. Valem as velhas premissas orientando a escolha: taxa de resposta, idade, comorbidades, índices de desempenho, sintomatologia, custos, toxicidades etc. Estudos recentes suportam o uso de quimioterapia baseada em cisplatina associada a drogas bem estabelecidas em combinação e com perfil de toxicidade aceitável como: paclitaxel, vinorelbina, topotecana e gencitabina. Para os pacientes que não são candidatos à cisplatina, a carboplatina poderia substituí-la. Devemos adaptar os regimes ao perfil das pacientes aliando a escolha a nossa experiência. Em relação ao câncer locorregionalmente avançado, a quimioterapia com cisplatina e gencitabina pode ser considerada. Há necessidade de testar esse regime com outros modelos de radioterapia, principalmente radioterapia de intensidade modulada (IMRT). Também há necessidade que os resultados de outros estudos com outros regimes sejam publicados em breve para se ter uma ideia melhor desses resultados e suas inerentes toxicidades. A magnitude do benefício supera a toxicidade, que é manejável e torna os resultados convincentes segundo os autores e estudiosos. Mas por causa da toxicidade exagerada, antes de implementar o tratamento, selecionar bem as pacientes a serem tratadas: mulheres jovens, sem comorbidades e com excelente índi- 7 01.10.10 10:19:02 ce de desempenho. A seguir, expor para elas os riscos e os benefícios do tratamento e nossa inexperiência em executar o dado protocolo na prática clínica. A decisão deve ser conjunta e bem documentada. Atualmente, nossas dúvidas recaem sobre se o benefício em sobrevida e menos recaídas a distância estão apoiadas nos dois ciclos adicionais de quimioterapia ou se o efeito seria da adição da gencitabina. Não podemos negligenciar que esses resultados são prematuros e não sabemos se essas toxicidades a longo prazo serão realmente suplantadas pelo benefício clínico. Referências 1. Instituto Nacional do Câncer do Brasil — INCA. Disponível em: www.inca.org. 2. DeVita H. Rosenberg’s Cancer: Principles & Practice of Oncology, Eighth Edition. Lippincott Williams & Wilkins, 2008. 3. Burnett AF, Roman LD, Garcia AA, Muderspach LI, Brader KR, Morrow CP. A phase II study of gemcitabine and cisplatin in pacients with advanced, persistent, or recurrent squamous cell carcinoma of the cervix. 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A phase III study comparing concurrent gemcitabine (Gem) plus cisplatin (Cis) and radiation followed by adjuvant Gem plus Cis versus concurrent Cis and radiation in patients with stage IIB to IVA carcinoma of the cervix; 2009 ASCO Annual Meeting; Abstract CRA5507. 10187 ChymiOn 9-2010.indd 8 01.10.10 10:19:03 Walter Mendes Professor da disciplina de Avaliação de Serviços de Saúde, Qualidade em Saúde e Segurança do Paciente, da Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), e doutor em Saúde Pública pela mesma instituição. CREMERJ 5228306-5 Cuidado inseguro nos hospitais H á três décadas pesquisadores estudam de forma sistemática um fenômeno relacionado a problemas de qualidade nos serviços de saúde. Esse fenômeno — o evento adverso — atinge, nos países onde foi investigado, patamares alarmantes. Estima-se que cerca de cem mil pessoas morram em hospitais a cada ano vítimas de eventos adversos nos Estados Unidos1. Estudos sobre agravos causados pelo cuidado à saúde já vêm sendo divulgados há muitos anos. Resultados semelhantes foram encontrados no Canadá, na Dinamarca, na França, na Inglaterra, na Nova Zelândia, na Austrália2 e mais recentemente na Espanha, na Suécia e na Holanda3-5. A ocorrência de eventos adversos representa também um grave prejuízo financeiro para o sistema de saúde. No Reino Unido e na Irlanda do Norte, o prolongamento do tempo de permanência no hospital devido aos eventos adversos custa cerca de dois bilhões de libras ao ano, e o gasto do Sistema Nacional de 10187 ChymiOn 9-2010.indd 11 11 01.10.10 10:19:05 12 Saúde do Reino Unido com questões litigiosas associadas a eventos adversos é de 400 milhões de libras ao ano. Nos Estados Unidos, os custos anuais provocados por eventos adversos estão estimados entre 17 e 29 bilhões de dólares anuais1. Um evento adverso pode ser uma infecção hospitalar, uma complicação na cirurgia, uma hemorragia digestiva provocada pelo uso de um medicamento ou uma fratura provocada pela queda do leito; pode ser um problema dermatológico simples ou uma lesão grave que provoque até a morte. Um evento adverso é um incidente com lesão ou dano, que só acontece em consequência do cuidado prestado. Incidentes causados pelo cuidado em saúde podem acontecer sem resultar em lesão ou dano ao paciente. Um desfibrilador que não funciona numa sala de emergência tem expressivo potencial para causar dano ao paciente — uma circunstância notificável. Uma situação na qual uma bolsa de sangue é conectada no paciente errado, em que o erro seja detectado antes de o sangue ser infundido, é considerada near miss. Outra situação, na qual um medicamento é administrado no paciente errado e nada acontece, é considerada incidente sem lesão6. Pesquisadores da Fundação Oswaldo Cruz que realizaram uma pesquisa com prontuários de pacientes inter- 10187 ChymiOn 9-2010.indd 12 nados em hospitais no Brasil verificaram, tal qual em outros países, que o número de eventos adversos que poderiam ter sido evitados foi de 5%7. Isso significa que 5 entre 100 pacientes internados desenvolveram eventos adversos evitáveis. Extrapolando esses números, verifica-se que das 11.109.695 internações no Sistema Único de Saúde (SUS) que ocorreram no ano de 2008 é provável que 563.020 pacientes tenham tido algum tipo de evento adverso. Esses números mostram a importância do tema, que não é novo, mas ganhou mais destaque porque as informações sobre a saúde melhoraram e o cuidado à saúde ficou mais complexo. O reconhecimento de que a exposição ao sistema de saúde pode gerar danos e não só proporcionar benefícios é antigo. Hipócrates, 460 a.C., pensou nisso ao escrever o postulado “primeiro não cause o dano” (primum non nocere). O médico húngaro Ignaz Semmelweis, no século IX, descobriu que a febre puerperal tinha origem na falta da higienização das mãos8. Em 1955, o professor de medicina americano David P. Barr demonstrou o ônus inevitável que se paga pelos avanços tecnológicos da medicina, dando origem à denominação “doenças do progresso médico”9. Diante da magnitude do problema, a Organização Mundial de Saúde (OMS) criou um programa — patient safety — com o objetivo de estudar metodologias para atuar de forma sistemática para diminuir os riscos à segurança do paciente nos serviços de saúde. Várias medidas para mitigar os eventos adversos têm sido desenvolvidas e implantadas. O Institute of Healthcare Improvement lançou em junho de 2005 a campanha “Salvar 100.000 Vidas”, que estimulava, em cada hospital, implantar medidas específicas: criar equipes de resposta rápida, ao primeiro sinal de declínio do paciente; garantir tratamento baseado em evidências, em tempo adequado, para o infarto agudo do miocárdio; prevenir eventos adversos por medicamentos, por meio da implantação de um programa de reconciliação medicamentosa; prevenir infecções decorrentes do uso de cateter venoso central, por intermédio da implementação de uma série de ações interdependentes; prevenir infecções de sítio cirúrgico, por meio da administração de antibióticos corretos perioperatórios na hora certa; prevenir pneumonia associada à ventilação mecânica, por meio da implementação de uma série de ações interdependentes. O sucesso foi tão grande que a instituição lançou outra campanha “5 milhões de vida” acrescentando novos itens: prevenir úlceras de pressão; reduzir infecção por MRSA; prevenir os efeitos nocivos de medicamentos de alto risco, 01.10.10 10:19:05 focando nos anticoagulantes, sedativos, narcóticos e insulina; reduzir complicações cirúrgicas; envolver a liderança do hospital, de modo a tornar a organização mais eficiente no cuidado seguro; garantir tratamento baseado em evidências para insuficiência cardíaca congestiva. A OMS vem estimulando campanhas internacionais, como a Lave as Mãos e a Cirurgia Segura (manual e vídeo sobre cirurgia segura estão disponíveis no site www.proqualis. net/). O objetivo dessas campanhas é obter a adesão não só dos órgãos governamentais dos diversos países, mas também das demais instituições comprometidas com a melhoria da qualidade em saúde. A OMS acredita que essa participação engajada dos países crie uma cultura favorável aos processos de qualidade nos serviços de saúde. A organização internacional de acreditação de serviços de saúde Joint Commission International (www.jointcommissioninternational.org/) incluiu metas de segurança na última edição do manual de padrões: identificar os pacientes corretamente, para evitar que, por exemplo, bolsas de sangue ou medicamentos sejam ministrados para o paciente errado; melhorar a comunicação efetiva, para evitar a troca de medicamentos de sons semelhantes; melhorar a segurança de medicamentos de alta vigilância, particularmente o cloreto 10187 ChymiOn 9-2010.indd 13 de potássio e o cloreto de sódio concentrado; assegurar cirurgias com local de intervenção correto e diminuir o risco de infecções associadas aos cuidados de saúde, seguindo a mesma lógica das campanhas da OMS — Lave as Mãos e Cirurgia Segura; reduzir o risco de lesões ao paciente, decorrentes de quedas. Existe hoje um arsenal de tecnologias de gestão que melhoram a segurança, qualquer que seja a área. Tomando como exemplo algumas tecnologias disponíveis na gestão da atenção farmacêutica, dispensação por dose unitária, a prescrição eletrônica e o programa de reconciliação medicamentosa, são técnicas internacionalmente utilizadas nos hospitais e reconhecidamente ajudam a garantir um cuidado mais seguro. Olhando para o Brasil, basta acompanhar as notícias divulgadas diariamente pela imprensa para conhecer as dificuldades dos serviços de saúde e avaliar como estamos distantes dessa discussão. A gestão de serviços de saúde, na maioria dos serviços, é realizada de forma amadora. Entretanto alguns hospitais, principalmente os envolvidos com a acreditação, têm contribuído para a criação de uma cultura de segurança, por meio de uma gestão baseada na melhoria contínua da qualidade. Garantir a segurança do paciente tem sido e será o grande desafio dos serviços de saúde neste século. Referências 1. Kohn LT, Corrigan JM, Donaldson MS, McKay T, Pike KC. To err is human. Washington, DC: National Academy Press, 2000. 2. Mendes W, Travassos C, Martins M, Noronha JC. Revisão dos estudos de avaliação da ocorrência de eventos adversos em hospitais. Rev Bras Epidemiol. 2005;8(4):393-406. 3. Aranaz-Andrés JM, Aibar-Remón C, VitallerMurillo J, Ruiz-López P, Limón-Ramírez R, Terol-García E; ENEAS work group. Incidence of adverse events related to health care in Spain: results of the Spanish National Study of Adverse Events. J Epidemiol Community Health. 2008;62:1022-9. 4. Soop M, Fryksmark U, Köster M, Haglund B. The incidence of adverse events in Swedish hospitals: a retrospective medical record review study. International Journal for Quality in Health Care. 2009;21:(4):285-91. 5. Zegers M, de Bruijne MC, Wagner C, Hoonhout LH, Waaijman R, Smits M, et al. Adverse events and potentially preventable deaths in Dutch hospitals: results of a retrospective patient record review study. Quality and Safety in Health Care. 2009;(18):297-302. 6. WHO. Conceptual Framework for the International Classification for Patient Safety, Version 1.1. Final Technical Report, January 2009. Disponível em: www.who. int/patientsafety/en. 7. Mendes W, Martins M, Rozenfeld S, Travassos C. The assessment of adverse events in hospitals in Brazil. International Journal for Quality in Health Care 2009; 21(4):279-84. 8. Adler RE. Médicos Revolucionários, de Hipócrates ao Genoma Humano. Rio de Janeiro: Ediouro, 2006. 9. Barr DP. Hazards of modern diagnosis and therapy-the price we pay. The Journal of the American Medical Association. 1955;159:1452-956. 13 01.10.10 10:19:05 Geraldo José Ballone Médico psiquiatra, autor dos livros Da Emoção à Lesão, Psiquiatria e Psicopatologia Básicas, Ciúme Patológico, autor do site PsiqWeb, ex-professor de Psiquiatria da Pontifícia Universidade Católica (PUC) de Campinas CRM-SP 25.567 Lidando com o luto A tualmente os sentimentos de luto não devem ser considerados apenas como um evento depois da morte. Com a precocidade do diagnóstico e os conhecimentos atuais sobre o prognóstico, os sentimentos de luto passaram a ter característica antecipatória. Esses sentimentos de perda antecipatória são vivenciados pelos pacientes e familiares desde a notícia do diagnóstico, principalmente na oncologia, onde, segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 50% dos casos com diagnóstico de câncer evoluirão para um quadro sem possibilidade de cura. Em alguns tipos de câncer, nos quais a certeza da morte é cristalina, seu agendamento é angustiante. Em relação aos familiares é lícito, hoje, falar em luto pré- e pós-morte, para os pacientes, obviamente, há o sentimento do luto 14 10187 ChymiOn 9-2010.indd 14 01.10.10 10:19:07 pré-morte. Essa angústia antecipatória deixa todos à espreita de um fantasma atrás da cortina que pode aterrorizar a qualquer momento. Para os familiares, o luto após a morte é apenas parte do processo. Os sentimentos do paciente depois do diagnóstico de câncer, notadamente quando o prognóstico é pior, são diferentes daqueles que sentem seus familiares. Trata-se de um autoluto em relação à perda da própria vida. Essa reação à perspectiva da própria morte foi descrita por Elisabeth Kübler-Ross (1996 e 1997) como tendo cinco estágios. O primeiro estágio é negação e isolamento, uma espécie de defesas do ego contra a dor psíquica diante da morte. Em geral, a negação e o isolamento não persistem por muito tempo. O segundo estágio é de raiva e revolta. Nessa fase os relacionamentos são problemáticos e todo entorno do paciente é hostilizado pela revolta em saber que justo ele vai morrer. Surgem sentimentos de ressentimento, indignação e atitudes agressivas: “por que comigo?” A contestação pode ter proporções quase paranoicas: “com tanta gente ruim para morrer, por que justo eu, que sempre fiz o bem?” Depois disso vem o terceiro estágio: a barganha. A maioria das barganhas é feita com Deus e, geralmente, mantidas em segredo. Como dificilmente se tem algo a oferecer a Deus além da própria vida, e como este parece estar tomando-a, as barganhas têm caráter de súplicas e em troca do adiamento da morte, faz-se a promessa de uma vida dedicada ao bem, aos pobres, à caridade. O quarto estágio é de depressão, que tem intensidade proporcional ao sofrimento físico, ao desconforto e à debilidade orgânica. O quadro clínico depressivo é típico: desânimo, desinteresse, apatia, tristeza, choro, angústia. Depois disso vem o quinto estágio, a aceitação. O paciente já não experimenta desespero nem nega sua realidade, é o momento de aceitação e serenidade. De fato, o diagnóstico do câncer tem usualmente um efeito devastador por trazer quase sempre a ideia de morte, apesar de muitos casos de cura. Culturalmente câncer lembra a morte. Desperta o medo de sofrimen- 10187 ChymiOn 9-2010.indd 15 to, mutilações, quadros dolorosos, tratamentos sofríveis. O acometimento emocional nesses pacientes exige atenção profissional especializada. Em relação aos familiares, os sentimentos de luto pré- e pós-morte têm um curso diferente. Na fase inicial desse processo acontece uma espécie de entorpecimento afetivo, geralmente breve, porém intenso. Esse impacto emocional é menor quando a morte já era esperada ou é menor também quando do diagnóstico precoce do câncer. No início do tratamento a quase totalidade dos familiares emocionalmente entorpecidos recobra a cognição, entretanto, muitas vezes esse contato com a realidade passa por um período de fantasia e devaneios. Há uma falsa expectativa de que algo mágico pode acontecer, alguma exceção estatística, uma evolução não explicada pela medicina, uma interferência divina, enfim, alguma coisa que contradiga o prognóstico formalmente informado. A equipe médica, nessa fase, deve ser unanimemente assertiva nas opiniões sobre diagnóstico, curso e evolução do quadro. As comunicações aos familiares devem ser clinicamente consistentes e sempre consensuais, contribuindo assim para a conscientização necessária à lide psicoemocional do quadro, tanto pelo paciente quanto pelos familiares. Nos quadros mais graves e diante de uma evolução francamente desfavorável, a realidade começa a firmar-se inevitavelmente. Quando a doença degenerativa revela seu curso natural e a morte não é apenas uma possibilidade distante, começam a surgir sintomas de ansiedade e depressão, inquietação, angústia, insônia, pesadelos, tristeza e choro. Nessa etapa alguns familiares experimentam ainda um sentimento de raiva, dirigida principalmente a médicos, enfermagem, instituições hospitalares ou à própria medicina. É um deslocamento defensivo dos sentimentos individuais de impotência para a equipe médica e hospitalar. Nesse momento, mais uma vez a equipe deve ser absolutamente coerente e concordante nas comunicações aos familiares, sob o risco de aumentar o sentimento de raiva, caso as opiniões sejam divergentes. 15 01.10.10 10:19:07 Com a possível efetivação da morte alguns familiares chegam a considerar algumas coisas que teriam sido capazes de evitar a morte. Não é raro o sentimento de culpa, quando então as pessoas ruminam tudo o que gostariam ou poderiam ter feito para a pessoa que agoniza. Outras vezes pode surgir a sensação de alívio depois da morte que se segue a uma doença crônica, demorada e dolorosa. Embora a morte tenha representações diferentes nas pessoas, emocionalmente ela tem algo em comum entre os seres humanos: ela amedronta. E não amedronta apenas pela finitude que representa. Dá medo porque, em geral, fisicamente ela se cerca de sofrimento e dor. Minimizando o sofrimento do luto 16 Os sentimentos diante da perda, antecipados ou depois dela, são mais sofríveis na proporção do sofrimento do paciente. O conforto físico e emocional minimiza tanto o luto do paciente quanto dos familiares e, para atenuar esse sofrimento emocional, a preocupação deve estar nos cuidados paliativos. Há estreitíssima relação entre o alívio do luto e os cuidados paliativos. É claro que interessa à medicina melhorar a qualidade de vida, tanto quanto tenta fazer em relação à qualidade da morte. Para tal, procura facilitar ao paciente momentos finais de paz, dignidade e o mais desejável possível bem-estar físico e emocional. Não se pode pretender alívio psíquico do paciente sem um mínimo de conforto orgânico e, inevitavelmente, esse conforto refletirá nos familiares, vítimas do luto pós-morte. De fato, o sofrimento dói mais que a própria morte. Junto aos necessários cuidados clínicos ao paciente, os cuidados psíquicos a ele e aos familiares envolvem, não apenas o psicólogo e o psiquiatra, mas praticamente toda a equipe paliativa, cada um com sua aptidão. A atenção global da equipe paliativa junto aos pacientes e familiares tem sido considerada terapêutica para minimizar o luto pós-morte. 10187 ChymiOn 9-2010.indd 16 Os sentimentos diante da perda, antecipados ou depois dela, são mais sofríveis na proporção do sofrimento do paciente As alterações do humor são comuns na terminalidade tanto em relação aos pacientes quanto aos familiares. Elas variam desde moderada depressão reativa ao diagnóstico e aos desconfortos orgânicos, até quadros mais sérios de episódios depressivos graves com sintomas psicóticos. Além destes, um empenho terapêutico eficiente deve ser destinado às confusões mentais próprias do delirium, decididamente de natureza orgânica e com severa repercussão na qualidade de vida do paciente e no estado emocional dos familiares. Importante, finalmente, para o preparo do luto pós-morte dos familiares e dos sentimentos de agonia do paciente é a equipe de cuidados paliativos estar disponível para sessões de terapia em grupo, tanto para os pacientes e familiares quanto para a própria equipe. Para pacientes e familiares sugere-se tratar da inexorabilidade da morte, valorizando a transcendência da vida, para a equipe, é de bom tom abordar a aceitação da impotência e a valorização das possibilidades humanas. Referências Ballone GJ. Lidando com a Morte. Disponível em: www.psiqweb.med. br. Acessado em: 8/2010. Kübler-Ross E. A Morte, Um Amanhecer. São Paulo: Pensamento-Cultrix, 1996. Kübler-Ross E. On Death and Dying. Nova York: Touchstone, 1997. 01.10.10 10:19:07 Sincronia com o futuro A Sandoz investe uma parte expressiva de seu orçamento em novos produtos. A aquisição da Ebewe Pharma corrobora com esse processo, que ruma para uma maior difusão dos biossimilares. Daiane Trombini, que é coordenadora regional de portfólio na América Latina para Sandoz do Brasil, explicou à Chymion como funciona o processo de seleção de novos medicamentos até a inclusão no portfólio. Ela também comenta como a Sandoz trabalha no presente pautando seus planos futuros em prol da inovação e da qualidade. Chymion – Em que consiste sua função na Sandoz? Sou responsável pelo portfólio da Sandoz para toda a América Latina, mais especificamente mercados como Brasil, México, Venezuela, Argentina, Chile e Colômbia. Isso consiste em garantir um portfólio completo e diversificado de produtos direcionados a atender as necessidades de nossos pacientes. Minha função é assegurar que nossos produtos cheguem aos vários mercados que atuamos. Chymion – Como é feita a pesquisa de mercado e se determinam novas possibilidades para o portfólio? Primeiramente, temos uma equipe técnica, altamente qualificada, cujo objetivo principal é desenvolver produtos “difficult to make” (de difícil produção). A Sandoz é a segunda maior empresa de genéricos do mundo e temos a missão de disponibilizar produtos de alta qualidade para nossos pacientes. Além de nossa equipe técnica, focada no desenvolvimento de novos produtos, temos um grupo global acessando base de dados de vários países e estudando as tendências de tratamento nas diversas classes terapêuticas. 10187 ChymiOn 9-2010.indd 17 17 01.10.10 10:19:07 Isso possibilita a grande variedade de produtos e formas farmacêuticas que temos em nosso pipeline. Somente neste mês a Sandoz Brazil lançou três produtos genéricos: o anti-hipertensivo candesartana, o contraceptivo etinilestradiol (15 mcg) + gestodeno (60 mcg), e o citrato de sildenafila para disfunção erétil. Olhando para o mercado americano, depois de cinco anos de interação com a US Food Drug Administration (FDA), a Sandoz obteve a aprovação do primeiro genérico de enoxaparina, um importante complemento para nosso portfólio de produtos injetáveis de alta complexidade. A enoxaparina chegou para complementar nosso portfólio de produtos que varia de anti-infecciosos até oncológicos injetáveis e biossimilares. 18 10187 ChymiOn 9-2010.indd 18 Chymion – Esse trabalho é feito isoladamente ou em parceria com outras áreas e unidades, por exemplo, a matriz na Áustria? Todo e qualquer produto novo é o resultado de um intenso trabalho em equipe que envolve grupos nas diversas localidades. A Sandoz possui uma extensa rede de desenvolvimento e produção de medicamentos, o que nos proporciona servir nossos pacientes nos vários mercados mundiais. No Brasil, temos o centro mundial de desenvolvimento e produção para produtos hormonais e sólidos orais, localizado em Cambé, no Paraná, e outro site de produção localizado em Taboão da Serra. Os produtos comercializados pela Sandoz é o resultado do esforço de milhares de pessoas espa- lhadas nas diversas áreas da organização. Apesar de estarmos fisicamente distantes, estamos unidos na missão de desenvolver produtos diferenciados que ampliem o acesso a novos pacientes e, acima de tudo, produtos de altíssima qualidade. Chymion – Como funciona o processo de inclusão desse produto no portfólio Sandoz? São vários os critérios que levamos em consideração para o lançamento de um novo produto, entre eles incidência da patologia e tratamentos disponíveis. O processo de desenvolvimento e lançamento de novos produtos é relativamente longo e, muitas vezes, é impactado pela burocracia das agências reguladoras. Parte de minha responsabilidade é assegurar que nossos mercados possuam um planejamento a longo prazo que garanta que nossos produtos sejam disponibilizados para o maior número possível de pacientes. Cada país define sua configuração ideal de portfólio e trabalhamos para que a execução ocorra no menor tempo possível. Em média, precisamos de quatro a cinco anos desde a identificação da oportunidade até o produto chegar ao mercado. Chymion – Quais são as próximas novidades no portfólio Sandoz e Novartis, principalmente no que concerne a oncologia? Tanto a Novartis quanto a Sandoz possuem investimentos dedicados à oncologia. Esse é um mercado no qual temos o orgulho de disponibilizar produtos de alta complexidade para nossos pacientes. 01.10.10 10:19:07 O desenvolvimento de produtos biossimilares se aproxima muito mais ao desenvolvimento de um produto inovador do que um produto genérico, e a Sandoz, além de altamente qualificada, lidera o desenvolvimento nesse segmento No ano passado, a Sandoz concluiu a aquisição da Ebewe Pharma, que representou um investimento de 1,2 bilhão de dólares. Isso nos possibilitou o acesso a um portfólio altamente diferenciado em oncologia, além de estabelecermos nosso centro de excelência em desenvolvimento e produção de produtos oncológico na fábrica da própria Ebewe, localizada na Áustria. Desde então estamos trabalhando para disponibilizar produtos oncológicos para os pacientes e profissionais de saúde nos mercados onde atuamos. No caso do Brasil, já iniciamos esse processo e posso assegurar que nossa equipe está totalmente engajada em discussões com a agência reguladora para identificar como nossos produtos podem ser introduzidos no mercado no menor tempo possível. Chymion – Podemos esperar mais em biossimilares? Definitivamente, biossimilares são o perfeito exemplo de produto “difficult to make”, e a Sandoz possui uma equipe técnica totalmente dedicada ao desenvolvimento de biossimilares. Biossimilares são organismos vivos geneticamente modificados, completamente diferentes da síntese química. Hoje, existe uma limitação de acesso devida ao alto custo de tratamento e esperamos poder proporcionar produtos de alta qualidade a um custo acessível a nossos pacientes. 10187 ChymiOn 9-2010.indd 19 É importante ressaltar que biossimilares não podem ser classificados como os produtos genéricos que conhecemos. São produtos de alta complexidade, com estrutura diferenciada e métodos de fabricação que devem ser controlados com o mais alto controle de qualidade. Produtos biossimilares são estruturas biológicas e não sintética, além de altamente sensíveis a mudanças no processo de produção. Chymion – Você acredita que eles serão o futuro dos medicamentos (biossimilares e biológicos)? Sem dúvida, e para isso estamos preparando-nos. A Sandoz investe cerca de 10% de seu faturamento anual em desenvolvimento de novos produtos. Nossa filosofia com relação ao desenvolvimento de biossimilares é o que chamamos de “quality-by-design” com o objetivo de atingir comparabilidade. Trabalhamos para provar biossimilaridade com comparabilidade nos diversos estágios de desenvolvimento: estudos clínicos para provar segurança e eficácia, design do processo produtivo para assegurar comparabilidade e “science-based” desenvolvimento. O desenvolvimento de produtos biossimilares se aproxima muito mais ao desenvolvimento de um produto inovador do que um produto genérico, e a Sandoz, além de altamente qualificada, lidera o desenvolvimento nesse segmento. 19 01.10.10 10:19:07 Solidariedade para vencer as dificuldades uando você vê gansos voando com formação em V, você pode ficar curioso quanto às razões pelas quais eles escolheram voar dessa forma. A seguir, algumas descobertas feitas por cientistas e estudiosos: • À medida que cada ave bate suas asas, ela cria uma sustentação para a ave seguinte. Voando em formação de V, o grupo inteiro consegue voar 71% mais do que se cada ave voasse sozinha. • Sempre que um ganso sai fora da formação, ele, repentinamente, sente a resistência e o arrasto de tentar voar sozinho, e rapidamente retorna à formação, para poder tirar vantagem do poder de sustentação da ave imediatamente à sua frente. • Existe força, poder e segurança no grupo, quando viajando na mesma direção com seres que compartilham de um objetivo comum. • Quando o ganso líder se cansa, ele vai para a traseira do V, enquanto outro ganso assume a ponta. • O revezamento é vantajoso, quando se necessita fazer um trabalho árduo. • Os gansos de trás grasnam para encorajar os da frente a manterem o ritmo e a velocidade. 20 10187 ChymiOn 9-2010.indd 20 • Quando um ganso adoece ou se fere e deixa o grupo, dois outros gansos saem da formação e o seguem para ajudá-lo e protegê-lo. Eles o acompanham até a solução do problema e, então, reiniciam a jornada ou juntam-se à outra formação, até encontrarem seu grupo original. • Moral da história: precisamos ser solidários nas dificuldades. 01.10.10 10:19:08 A história dos gansos foi retirada do site de apresentação da Associação Brasileira de Combate ao Câncer Infantil e Adulto (Abraccia), presidida pela psicóloga Amália Balbo Di Sicco, em Ribeirão Preto, interior de São Paulo. Eles foram muito felizes ao escolherem essa fábula, pois ela traduz uma das mais primitivas necessidades do ser humano: a solidariedade. Felizmente, conforme descrito na Abraccia, “existem mais gansos do que perus na vida...”. E é com o mesmo espírito de equipe solidária que um grupo de pessoas, diante de muitas histórias vividas, decidiu em 1997 se reunir para lutar contra o câncer. O objetivo principal dos fundadores do Abraccia era fazer voluntariamente um trabalho de prevenção e de humanização do tratamento, apoiando pessoas que estão lutando contra o câncer, em tratamento nos núcleos de Oncologia pela Rede do Sistema Único de Saúde (SUS) em Ribeirão Preto, no Hospital das Clínicas, na Santa Casa e na Beneficência Portuguesa. O foco assistencial primário trata de pessoas desprovidas de condições socioeconômicas para seguir com o tratamento. Em meio a esse doloroso processo, quando assistidas e apoiadas, elas alçam voo em busca da cura, da luta pela vida, e podem sorrir para uma nova perspectiva. Ações e reações Além do impacto inicial quando se constata o câncer, mudanças se fazem necessárias na vida dessa pessoa que passa a lutar contra a doença, assim como também na vida de familiares e pessoas próximas. Em muitos casos, o paciente precisa se afastar das atividades rotineiras, do próprio trabalho e dos estudos. Pensando justamente nessas situações, a Abraccia formulou estratégias de apoio. Seu principal objetivo é mudar a “cara” da doença. E é justamente seguindo esse conceito que a associação promove há mais de dez anos um trabalho de prevenção contra o câncer e de humanização do tratamento apoiando pessoas que vivenciam a doença. 10187 ChymiOn 9-2010.indd 21 Dinâmica de atendimento A Abraccia atende pacientes que são encaminhados pelo Setor de Assistência Social do Hospital das Clínicas, pela Santa Casa de Misericórdia e pela Beneficência Portuguesa, em Ribeirão Preto (pacientes que recebem atendimento do SUS). Mediante esse encaminhamento, ele é cadastrado pela Abraccia e começa a ser atendido de acordo com suas necessidades. A associação tem programas de apoio tanto para os residentes em Ribeirão Preto quanto para os que veem de outras regiões do País. Para os que moram na própria cidade ou na região, são fornecidos medicamentos, transporte aos hospitais, cestas básicas, tratamento odontológico e psicológico. Há ainda uma equipe de atendimento domiciliar que durante a visita analisa outras possíveis necessidades. Aos pacientes externos que chegam para tratamento ou aguardando um retorno à consulta, a Abraccia disponibiliza hospedagem e alimentação em sua Casa de Apoio, bem como todo o atendimento de outras solicitações feitas pelo encaminhamento da rede assistencial. Atualmente a Abraccia tem capacidade para hospedar até 20 pes soas, mas já há necessidade de ampliar esse atendimento. Além do serviço assistencial, a Abraccia promove diversas oficinas, como para produção de fraldas (distribuídas gratuitamente aos pacientes), oficinas de arte e costura, cujos produtos são vendidos no bazar da associação para uso interno da renda. A associação se mantém por meio dessas iniciativas e também da doação de dinheiro, alimentos e objetos. Quando sai da consulta, o paciente com câncer que tem sua prescrição em mãos pode encontrar dificuldades no acesso ao medicamento, seja na farmácia do hospital ou no posto de saúde. Os cadastrados na Abraccia recebem gratuitamente a medicação. Dessa forma, a pessoa já fragilizada por sua situação de saúde não sofre mais pela aflição de não saber até quando e como poderá continuar seu tratamento. A associação se compromete a fornecer gratuitamente todo o tratamento, desde medicamentos de alto custo, cateteres, próteses, material para curativos, entre outros. Esta é a forma que a família Abraccia encontra para apoiar os que buscam a cura e novas perspectivas de vida. 21 01.10.10 10:19:08
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