Controle da Mastite - Serviço Nestlé ao Produtor

Transcrição

Controle da Mastite - Serviço Nestlé ao Produtor
DPA
O principal alvo da prevenção
deve ser reduzir casos de
mastite subclinica
Ano 1 • Número 3 • Maio/Junho 2014
Eficiência e qualidade na produção leiteira
GUIA TÉCNICO
Controle
da Mastite
Nesta Edição • O que é mastite • Os problemas para os elos da cadeia • Tipos e formas de
manifestação • Por que aparece • Prevenção e tratamento • Caso de sucesso
Guia Técnico
DPA
O que é a mastite?
Mastite, ou mamite, é uma
inflamação da glândula mamária
que pode aparecer em todas
as fêmeas de mamíferos. É a
doença mais frequente em
rebanhos leiteiros, causada por
diversos tipos de patógenos
(microrganismos que provocam
doenças). Eles invadem o úbere,
se multiplicam e produzem
toxinas e outras substâncias
irritantes. As bactérias são as
principais responsáveis pela
mastite, mas outros agentes
como fungos, algas, leveduras e
vírus também podem provocála. O teste de laboratório mais
utilizado para confirmar a mastite
chama-se Contagem de Células
Somáticas (CCS).
Registre bem o que são:
Células Somáticas - A palavra somático vem
do grego (somatikós) e relaciona-se a todas as
células do corpo de um organismo animal, com
exceção das células envolvidas na reprodução
(espermatozoides e óvulos). A presença de
células somáticas no leite de uma vaca saudável
é normal - elas podem ter origem na descamação
de tecidos da glândula mamária, consequência
da regeneração celular, um processo natural
do corpo, e de células de defesa. No entanto,
quando ocorre uma infecção, as defesas
do organismo produzem células chamadas
de leucócitos, responsáveis pelo aumento
expressivo do número de células no leite.
Contagem de Células Somáticas (CCS) - É um
exame laboratorial que calcula a quantidade
de células somáticas no leite e é dado em
células somáticas por mililitro. Por exemplo,
150.000/ml. O limite máximo de CCS do leite
total do rebanho é regulamentado na maioria
dos países. Considera-se que 200.000/ml é um
limite adequado para a CCS total do rebanho
para fins de controle da mastite.
Esse exame pode ser feito com o leite do
tanque, para indicar a situação da saúde do
úbere do rebanho, ou de vacas individualmente,
para revelar as que mais contribuem para
a elevação da CCS do rebanho.
A doença traz problemas para os diversos elos da cadeia:
• Animais - A mastite clínica pode causar dor e
outros sintomas no animal, que variam conforme
a intensidade da infecção. Por exemplo, inchaço,
danos aos tetos, mal-estar, febre, perda de apetite.
A doença afeta também a longevidade.
• Produtor - As perdas são principalmente de ordem
econômica porque a vaca com mastite produz menos
leite, e com menor qualidade, e o seu tratamento
gera despesas. A doença também impede ganhos
adicionais em programas de pagamento por
qualidade porque a qualidade do leite produzido
por uma vaca com mastite é inferior. Ela prejudica a
elaboração dos principais componentes do leite como
gordura, lactose e proteínas – processo que ocorre na
glândula mamária – e faz com que componentes do
sangue (sódio, cloro e outras substâncias) se misturem
no leite modificando sua composição.
2
• Indústria - Por causa das alterações que sofre, o
leite de vacas com mastite tem menor rendimento
nos processos industriais, em razão da diminuição
dos teores de proteína e gordura.
• Consumidor - Quando produzidos com leite
de vacas com mastite, os derivados lácteos
têm o que os técnicos chamam de menor tempo
de prateleira, ou seja, tornam-se impróprios
para consumo em um tempo menor do que
o esperado.
• Comércio exterior - Em razão de sua qualidade
inferior, o leite de vacas com mastite prejudica
a exportação de derivados lácteos brasileiros,
já que isso diminui a competitividade de nossos
produtos em relação à de países que utilizam
leite melhor.
Controle da Mastite
Dois tipos
Existem dois tipos de mastite: contagiosa e ambiental. Elas são causadas por grupos diferentes
de microrganismos que, quando identificados, permitem tomar medidas mais objetivas. Para saber
qual é a bactéria causadora da infecção é necessário fazer a cultura do leite – um exame de
laboratório que identifica o agente – e testar alguns antibióticos (antibiograma) para verificar
qual é o mais eficiente.
• Mastite contagiosa - A doença passa de
• Mastite ambiental - Os microrganismos
que a provocam encontram-se no ambiente
uma vaca para outra (ou de um teto para outro
da mesma vaca) por causa de microrganismos
por onde o gado circula, se alimenta ou
localizados, preferencialmente, no interior da
descansa – barro, esterco, urina, camas orgânicas
glândula mamária e na superfície da pele dos
– e é difícil eliminá-los. A mastite ambiental
tetos. A transmissão ocorre quase sempre durante
caracteriza-se por alta incidência de casos
clínicos. Todas as categorias de animais
a ordenha e para que isso aconteça deve haver um
elemento de ligação entre um quarto infectado
estão sob risco de mastite ambiental – vacas em
lactação, vacas secas e novilhas – diferentemente
e um quarto sadio, que pode ser a mão do
ordenhador, um pano para secagem dos tetos,
da mastite contagiosa, que ataca as vacas
teteiras e até mesmo moscas.
em lactação.
Principais agentes e características da mastite contagiosa e ambiental
Mastite contagiosa
Mastite ambiental
Streptococcus agalactiae
Staphylococus aureus
Coliformes (Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Klebsiella sp.,
Enterobacter aerogenes)
Mycoplasma bovis
Estreptococos ambientais (S.uberis, S.bovis, S.dysgalactiae)
Corynebacterium sp
Enterococos (Enterococcus faecium, E.faecalis)
Fonte primária
Úbere de vacas infectadas
O ambiente do animal
Forma de
disseminação
De quartos infectados para quartos
sadios, no momento da ordenha
Exposição do teto a ambientes altamente contaminados ou
equipamentos de ordenha com funcionamento inadequado
Agentes
Erradicar S.agalactiae do rebanho
Metas de controle
Reduzir a infecção por S.aureus a
menos de 5% das vacas do rebanho
Reduzir a taxa de mastite clínica para menos de 1% das vacas em
lactação por mês
Fonte: FONSECA, L.F.L.; e SANTOS, M.V., 2007
A mastite pode se manifestar de duas formas:
• Mastite clínica - É aquela em que os sinais
da doença são evidentes nos tetos e no úbere
(o animal sofre com inchaço do quarto afetado,
febre, endurecimento, dor, pulsação alterada)
ou no leite (presença de coágulos, grumos,
com ou sem presença de sangue ou pus). Os
sinais variam de intensidade e as alterações são
percebidas no teste da caneca com fundo telado
ou escuro, que deve ser feito rotineiramente
antes da ordenha.
• Mastite subclínica - A mastite subclínica causa
alterações no leite, mas os sintomas da doença
não são visíveis a olho nu. Ela é comprovada
por meio do teste de Contagem de Células
Somáticas. Um teste auxiliar é o CMT (California
Mastititis Test). Ele é realizado na propriedade,
mas a interpretação do resultado depende
da experiência de quem o aplica. Calcula-se
que 70% dos prejuízos causados pela mastite
são provocados pela mastite subclinica e que
numa mesma propriedade para cada caso
de mastite clínica há entre 20 a 40 vezes mais
casos de subclínicas. A melhor forma de tratar
e prevenir a mastite subclínica é com o
tratamento da vaca seca.
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Guia Técnico
DPA
Contagem de células somáticas como indicação do percentual de perda
de produção
CCS por ml no
leite total do
rebanho
Quartos
infectados no
rebanho
Perda de
produção
200.000
6%
500.000
Perda mensal de leite em um rebanho que produz
500 litros/dia
(15.000 litros/mês)
1.000 litros/dia
(30.000 litros/mês)
0%
0
0
16%
6%
900 litros
1.800 litros
1.000.000
32%
18%
2.700 litros
5.400 litros
1.500.000
48%
29%
4.350 litros
8.700 litros
Fonte: National Mastitis Council (1996)
Além de produzir menos, como mostra o quadro acima, a propriedade perde com leite descartado e com os custos do
tratamento (o número de quartos mamários é obtido multiplicando-se o número de vacas em lactação por quatro).
Por que aparece
A presença de patógenos numa
propriedade é um dos fatores para
a instalação da mastite. Mas seu
aparecimento depende também
da resistência do animal, de fatores
ambientais e do manejo das vacas
(que inclui a manutenção preventiva
dos equipamentos de ordenha).
Outros fatores podem interferir
indiretamente: idade do animal
(a mastite aparece mais em vacas
velhas) e período de lactação (maior
no final da lactação).
Prevenção
e tratamento
Por ser uma doença endêmica nos
rebanhos leiteiros, ou seja, sempre vai
existir, é necessário trabalhar com os
menores níveis possíveis e, para isso, o
melhor caminho é o da prevenção.
O controle da mastite deve ser visto
como um programa do rebanho e não
apenas de alguns animais. O principal
alvo da prevenção é a detecção e
redução da mastite subclínica e para
isso o tratamento da vaca seca é
fundamental.
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Controle da Mastite
Programa de seis pontos
Este método foi desenvolvido originalmente na Inglaterra, é
utilizado em diversos países e baseia-se em práticas preventivas.
Os resultados dependem muito do adequado treinamento da mão
de obra. Os seis pontos:
Ordenha: rotina adequada - Os
ordenhadores devem lavar bem as mãos
antes de iniciar os procedimentos de ordenha
e mantê-las limpas. Os tetos só devem ser
lavados se estiverem muito sujos e com a menor
quantidade de água possível (tetos e úbere
não podem seguir para a ordenha se estiverem
molhados). A ordenha deve acontecer em
ambiente tranquilo para evitar o estresse dos
animais e é necessário evitar a sobreordenha.
Após a ordenha, alimentar os animais para que
se mantenham em pé, o que evita a mastite
ambiental. É indispensável fazer:
• Teste da caneca - Antes da ordenha, retirar os
primeiros jatos de leite em uma caneca telada ou
de fundo preto. A providência estimula a descida
do leite, contribui para a descontaminação,
uma vez que os primeiros jatos contêm mais
microrganismos que os seguintes, e possibilita
verificar se o animal está com mastite clínica.
• Pré-dipping - Desinfetar os tetos com solução
comercial seguindo o que é indicado pelo
fabricante. O produto deve cobrir totalmente
o teto e permanecer em contato com cada
teto entre 20 e 30 segundos. Secar com toalha
descartável.
• Pós-dipping - Usar produto comercial que
contenha glicerina (ela funciona como uma espécie
de tampão).
Ambiente: limpeza e conforto - Os
ambientes em que os animais permanecem
devem ser limpos, secos e confortáveis. É
necessária a boa oferta de alimentos, água
e sombra. A tranquilidade é indispensável
porque em um animal estressado crescem as
possibilidades da ocorrência de leite residual,
fator que aumenta o risco do desenvolvimento
da mastite.
Equipamentos: bom funcionamento e
limpeza - A correta manutenção e limpeza das
ordenhadeiras – com obediência às recomendações
do fabricante – impede que elas se tornem foco
de transmissão de bactérias
e evita a ocorrência de lesões
nos tetos, fator que facilita a
entrada de microrganismos no úbere.
Mastite clínica: tratamento imediato Logo após a identificação de uma vaca
com mastite clínica, com o teste da caneca
telada antes da ordenha, ela deve ser tratada
imediatamente com o antibiótico indicado
pelo médico veterinário. Uma vez aplicado o
medicamento, é obrigatório respeitar o tempo
de descarte do leite. Deve-se fazer os devidos
registros do animal doente e ele precisa receber
uma marca bem visível (por exemplo, laços no
rabo ou pescoço) para evitar que o leite desse
animal vá para o tanque.
Tratamento da vaca seca: para todos
os quartos e para todos os animais O tratamento intramamário com antibiótico, de
acordo com a orientação do médico veterinário,
previne novas infecções durante o período seco
e cura infecções existentes. A eficácia do
tratamento aumenta com o uso de selante interno
de tetos. É importante usar o antibiótico adequado
para o período seco porque ele tem um tempo
maior de ação. Sempre que um animal receber
tratamento, deve-se fazer os registros e mantê-los
acessíveis. Importante: recomenda-se secar
e fazer o tratamento da vaca seca somente
em animais sem sintomas de mastite clínica.
Quartos mamários com mastite clínica devem
ser primeiramente tratados e só depois de
curados é que se pode secar o animal.
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Guia Técnico
DPA
Segregação e descarte - A ordenha de um
animal com mastite deve ser deixada para
o final. É necessário considerar o descarte de
animais com mastite crônica e que não respondem
ao tratamento, pois não há uma boa justificativa
para a manutenção no rebanho de vacas com
CCS persistentemente alta, casos recorrentes
de mastite clínica e infecções persistentes,
mesmo após o tratamento da vaca seca. Vacas
nessas condições são reservatórios de agentes
contagiosos que podem ser transmitidos para
as vacas sadias. Em termos práticos animais
candidatos ao descarte são:
• Vacas com infecções clínicas crônicas, cujos casos
de mastite resultam em descarte do leite por mais
de 30 dias numa lactação.
• Vacas com mastite subclínica crônica,
apresentando elevadas CCS por vários meses e
que mesmo passando pelo tratamento de vaca
seca mantêm a infecção após o parto.
Outras medidas preventivas
• Genética - Na hora de comprar sêmen, é possível escolher touros
melhoradores que, entre as características disponíveis, está a de
maior resistência à mastite. Vale a pena pedir orientações sobre isso
a um técnico.
• Vacinas - Existem duas vacinas que podem ser utilizadas para
a prevenção e controle de mastite – para coliformes e para
Staphylococus aureus. São ferramentas auxiliares, ou seja, devem
ser usadas em conjunto com as demais medidas preventivas.
Soluções
Tratamento - o que fazer:
• Na mastite clínica, inicia-se imediatamente o
uso do antibiótico, devidamente prescrito pelo
médico veterinário. O ideal é que uma amostra
do leite seja encaminhada a um laboratório para
identificar a bactéria que provoca a doença e quais
os antibióticos mais eficazes para combatê-la.
Todo medicamento prevê um tempo de descarte
que deve ser rigorosamente obedecido.
• Na mastite subclínica existem basicamente
duas opções:
• Não fazer o tratamento durante a lactação,
deixando para aplicar o antibiótico no momento
da secagem do animal. Esta é uma decisão
que deve ser adotada com a orientação de um
técnico experiente.
• Identificar a causa da mastite para avaliar
a necessidade de tratamento imediato
com antibiótico.
O sucesso do tratamento depende:
• Do conhecimento do agente envolvido identificado por testes de laboratório.
• Da escolha correta do antibiótico.
• Do protocolo de tratamento a ser usado
(duração e número de doses).
6
Controle da Mastite
Atenção com os medicamentos
O leite da vaca em tratamento
com antibiótico não deve ser
encaminhado ao laticínio.
Resíduos do antibiótico no
leite podem resultar em
corretas para o tratamento
só podem ser dadas pelo
inúmeros problemas de saúde
pública como alergia, choques
veterinário, que também é
a pessoa mais indicada para
anafiláticos e aumentar a
resistência de patógenos
acompanhar a evolução do
a antibióticos. Por isso é
tratamento e alterar alguns
procedimentos,
imprescindível descartar
o leite durante
se necessário.
TODA AÇÃO
ENVOLVENDO O
o tratamento
TRATAMENTO DA MASTITE
das vacas em
DEVE SER ANOTADA. ISSO
lactação, seguindo
SERVIRÁ PARA CONTROLE
E PREVENÇÃO DE
rigorosamente os
NOVOS CASOS
prazos previstos
nas bulas de cada
medicamento. As orientações
Controle do tratamento
Animais em tratamento devem ser identificados: o Programa Boas
Práticas na Fazenda da DPA determina que eles recebam marcas
bem visíveis (uma fita de cor chamativa no rabo, por exemplo).
Devem ser ordenhados separadamente, no final da ordenha.
Toda ação deve ser anotada e os dados usados para o controle
e a definição da estratégia de prevenção de novos casos.
Apoio para produzir melhor A DPA facilita a adesão dos produtores que fornecem para a empresa a programas de assistência técnica que
ajudam a produzir com qualidade e gerenciar corretamente a atividade. O produtor interessado deve falar com o Supervisor de Distrito Leiteiro
que atende sua propriedade.
Consultoria e revisão: Dr. Marcos Veiga dos Santos, professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP, Pirassununga
(SP). Coordenador do Qualileite, Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite, FMVZ-USP (www.qualileite.org).
Guia Técnico DPA - Uma publicação do Serviço ao Produtor de Leite DPA • [email protected] • www.dpamericas.com.br
Coordenação: Bárbara P. Solléro Bernardes, Serviço ao Produtor de Leite, tel.: (62) 3250 2726 • Jornalista responsável: Luiz Laerte Fontes (MTb-SP 8346)
[email protected] • Direção de arte e editoração: Arco W Comunicação & Design • www.arcow.com.br • [email protected]
• Tiragem: 5.000 exemplares • Fotos capa e página 7 (pasto): Sérgio Santório. Foto página 2 a 6: Gerson Sobreira. Fotos páginas 7 (lete) e 8:
Arquivo DPA
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Guia Técnico
DPA
Caso de Sucesso • Fazenda Corrente
Ações reduzem CCS em 50%
Seu rebanho tem mais de 130 vacas em
lactação para uma produção que se aproxima
dos 3.000 litros/dia.
Descarte: decisão necessária
Deusdedeth: investir em qualidade garante
melhor remuneração para o leite que produzimos
O empresário Deusdedeth Rezende
Barbosa administra seus negócios
com competência. Um deles
é produção de leite, na Fazenda Corrente,
em Mineiros (GO). Quando observou que a
Contagem de Células Somáticas (CCS) de seu
rebanho ultrapassou 800.000 CCS/ml no início
de 2013, não ficou nada satisfeito. Consciente de
que os números prejudicavam a qualidade e a
melhor remuneração do leite que fornecia à DPA,
contratou os serviços de uma médica veterinária
com experiência no leite e ela passou a auxiliá-lo
na tomada de decisões para reduzir a CCS.
As decisões, ele explica, foram muitas:
“Desenvolvemos um trabalho de recapacitação
da mão de obra, reavaliamos a qualidade
dos produtos para a higienização das tetas
e da ordenhadeira, começamos a realizar
exames de CCS individual de todas as vacas
e exames bacteriológicos de algumas delas
para identificar os animais que apresentavam
problemas maiores, passamos a acompanhar
mais de perto a rotina de ordenha, decidimos
criar protocolos para tratamento, inclusive com
a utilização de antibióticos diferentes, e vimos
que era indispensável fazer o descarte de
alguns animais.”
Alguns meses depois a CCS do rebanho já
tinha caído pela metade e Deusdedeth se sente
seguro em definir um objetivo: ela terá que
se manter entre 200.000 e 300.000 CCS/ml.
8
Bruno Faria, o Supervisor de Distrito Leiteiro
da DPA que atende a propriedade, conta
que o produtor está bem satisfeito: “Ele tem
consciência de que os investimentos com
assistência técnica, monitoramento individual da
CCS, utilização de novas linhas de antibióticos
e o descarte de animais
eram indispensáveis para
aumentar seus ganhos.”
Bruno comenta que apesar
de ser necessário descartar
animais com mastite
crônica essa é uma decisão
difícil e que por causa de
fatores culturais muitos proprietários retardam em
tomá-la. Isso aconteceu com Deusdedeth. Ele diz:
“Havia vaca da qual esperávamos muito e que
chegou a produzir bem inicialmente. Afastá-la do
rebanho era doloroso, adiávamos o descarte. Mas
chega um momento que temos que fazer isso para
o bem de nossa sustentabilidade.”
A questão da sustentabilidade dos negócios
é fundamental para Deusdedeth. No caso do
leite, estabeleceu como objetivo crescer a
produção por volta de 10% ao ano e explica:
“Uma propriedade leiteira tem que produzir
sempre mais. Se não for assim, não conseguirá
se sustentar. A história mostra que ao longo dos
anos os alimentos básicos tornam-se mais baratos
e é isso que permite crescer a oferta de alimentos
para o mundo. Por outro lado, é necessário
reconhecer que o consumidor exigirá qualidade
cada vez mais. Então, é vital investir em qualidade
se quisermos ter nosso produto consumido e
melhor remunerado.”
Pela sua experiência de vários anos na produção
leiteira, Deusdedeth destaca: “A atividade
é complexa – envolve reprodução, nutrição,
sanidade, qualidade, recursos humanos – e
precisamos contar com o apoio de profissionais
experientes para nos ajudar nas decisões e para
preparar melhor nossa mão de obra.”

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