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O ESTILO MISSÕES NA CIDADE DE JOÃO PESSOA
Emanoel Victor Patrício de Lucena
Universidade Federal da Paraíba-UFPB
[email protected]
Ivan Cavalcanti Filho
Universidade Federal da Paraíba-UFPB
[email protected]
RESUMO
Em finais do século XIX, o cenário das antigas colônias mexicanas da América do Norte, tais como
Texas, Califórnia e Novo México, logo após a guerra contra os Estados Unidos, passa a ser marcado pela
presença de exemplares arquitetônicos que remetem às edificações produzidas pelas vinte e uma missões
franciscanas espanholas ali instaladas no século XVIII. Tal Linguagem é introduzida no Brasil no primeiro quartel
do século XX pelo arquiteto Edgar Vianna, sendo conhecida por várias denominações: “Neocolonial HispanoAmericano”, “Estilo Missões”, “Estilo Californiano”, “Estilo Mexicano”. O objetivo desta pesquisa é registrar a
presença dessa linguagem em João Pessoa de modo a destacar seu valor histórico e arquitetônico, bem como
sua importância para a memória da cidade. Tal registro é feito a partir do mapeamento dos trechos urbanos
contemplados por edificações no estilo, e pela identificação e análise dos imóveis onde seus principais
indicadores formais são encontrados. É importante destacar que essa vertente do Neocolonial ocorreu em
paralelo com outras linguagens arquitetônicas, como o Neocolonial Luso-Brasileiro, ou o Art Déco, o que resultou
em pouca ou nenhuma alteração significativa em termos de layout e setorização das plantas das edificações,
sendo o estilo aplicado mais no âmbito formal, do que no conceitual.
Palavras-chave: Estilo Missões. Neocolonial. João Pessoa.
RESUMÉ
A La fin Du XIXème siècle le site des anciennes colonies mexicaines de l‟Amérique Du Nord, comme
Texas, California et New Mexico, peu après la guerre contre les Etats-Unis, sont marqués par la présence
d‟exemplaires architecturales que faisent référence aux bâtiments des vignt et une missions franciscaines
1
espagnoles y instalées dépuis le XVIII
ème
XX
ème
siècle. Ce langage est introduite au Brésil au deuxième décennie du
siècle par l‟architecte Edgar Vianna et a été connue par nombreuses désignations, comme “Néocolonial
hispano-américain”,
Mission Style, “Style Californien”, “Style Mexicain". L‟objectif de cette recherche est
enregistrer la présence de ce langage à João Pessoa de façon à mettre en évidence sa valeur historique et
architecturale, et son importance pour la mémoire de la ville. Cet enregistrement est fait à partir de la
cartographie des sections urbaines couvertes par des bâtiments au style, et par l‟identification et analyse des
immeubles où ses principaux indicateurs formelles sont trouvés. C‟est important mette en évidence que cette
ramification du Néocolonial a eu lieu en parallèle avec des autres langages architecturales, comme le Néocolonial
luso-brésilien ou l‟Art Déco, ce qui a été responsable pour peu ou pas de changement significatif en ce qui
concerne le layout et la sectorization des plans, une fois que le style n‟a été appliqué que dans le domaine formel.
Mots-clés: Mission Style. Néocolonial. João Pessoa.
1 INTRODUÇÃO
No segundo quartel do século passado, uma nova linguagem arquitetônica é
introduzida no cenário urbano das metrópoles brasileiras, notadamente no âmbito
residencial. Essa arquitetura caracterizada por diversificado jogo de arcadas, volumes e
cobertas e revestida por criativas texturas ficou conhecida por diferentes denominações –
Estilo Missões, Estilo Mexicano, Estilo Californiano ou Hispano-americano [...](ATIQUE,
2010: 223). Sua popularidade e aceitação em plagas nacionais teve como meios principais
de divulgação livros e revistas especializados, como também o cinema.
A referida corrente estilística, introduzida no Brasil no segundo decênio do século XX
pelo arquiteto carioca Edgar Vianna, formado pela Universidade da Pensilvânia, EUA, era o
resultado de um processo histórico que teve suas raízes em finais do século XIX, na
América do Norte, mais especificamente nas colônias espanholas do Texas, Califórnia e
Novo México, onde vinte e uma missões franciscanas tinham sido implantadas.
Essa arquitetura de raízes hispânicas, ao ser trazida para o Brasil, é inserida num
contexto onde outra linguagem de caráter nostálgico e nacionalista já era recorrente - o
neocolonial luso-brasileiro. Tal contato faz com que o Estilo Missões naturalmente sofra
adaptações e absorva novos elementos, assumindo uma conotação híbrida onde típicos
valores formais portugueses são incorporados ao seu repertório original.
O objetivo deste trabalho é destacar a presença do Estilo Missões em João Pessoa,
através do registro de exemplares do gênero situados nos principais eixos viários de
expansão implantados na capital paraibana em meados do século passado e reunir
evidências que justifiquem a necessidade de preservação desse patrimônio que é
2
atualmente ameaçado pelo arruinamento e perda de suas características formais em função
das indevidas intervenções a que é submetido.
O trabalho é desenvolvido a partir de uma cuidadosa revisão de literatura sobre o
tema tanto no contexto norte-americano como naquele do Brasil da época, com vistas a
fundamentar a identificação dos imóveis construídos segundo essa linguagem na cidade de
João Pessoa. A pesquisa culmina com o estudo de um exemplar emblemático do Mission
Style, na cidade onde os principais indicadores formais dessa linguagem são devidamente
apontados e analisados.
2 CONTEXTO HISTÓRICO
A partir de finais do século XIX as comemorações nacionais tendo como pano de
fundo o centenário da independência começaram a ser frequentes nos países latinoamericanos. Tais eventos foram responsáveis por modificar radicalmente a produção
cultural das sociedades em questão, especialmente no campo arquitetônico, uma vez que
trazia consigo um profundo sentimento de nacionalismo, imbuído de um caráter nostálgico e
romântico, típico da filosofia dos revivals europeus.
Dentro desse contexto, buscava-se uma “independência da cultura”, em que cada
nação procurava reviver as formas, quando não autóctones, ao menos caldeadas no novo
mundo ao tempo da colonização (SANTOS, 1977: 96-97). Para tanto, buscou-se nos
motivos decorativos da arquitetura religiosa ou mesmo daquela pré-colombiana, as bases
para sua consolidação (AMARAL, 1994: 12).
Especialmente no caso do Brasil, a “ideia nacionalista” começa a dar frutos a partir
do final da primeira década do século XX, não apenas pela proximidade da comemoração
de nosso centenário, mas principalmente pela paralisação das comunicações com a Europa,
ocasionada pela eclosão da Primeira Guerra Mundial, em 1909. Tal evento, como bem
pontua Carlos Lemos (1925) ao discorrer sobre o caso de São Paulo, foi responsável por
paralisar a importação de materiais que garantiam o “êxito do Ecletismo”, como também o
número de obras produzidas segundo tal linguagem. Paralelamente, em conferência
proferida na Sociedade de Cultura Artística de São Paulo em 1914, Ricardo Severo afirmava
que nossa cultura vernacular não possuía força, por sua “insipiência e primitivismo” e que
por isso devia ser resgatada nos novos edifícios a herança lusa aqui implantada por seus
3
patrícios (AZEVEDO, 1994: 249). Assim surge o Estylo Colonial, bastante difundido por
nomes como Nestor de Figueiredo e C.S. San Juan, com o Pavilhão das Pequenas
Indústrias, na Exposição Internacional do Rio de Janeiro em 1922, ou mesmo com o projeto
de Lúcio Costa para o pavilhão do Brasil na United States Sesquicentennial International
Exposition, em 1926, na Filadélfia (ver Figura. 17).
Essa inspiração no mundo colonial brasileiro é representada concretamente por
partidos em sua maioria simétricos, dotados de frontões com volutas e pináculos e, por
vezes, beirais em telha canal sustentados por cachorros. Segundo Yves Bruand o estilo
triunfou tanto no campo institucional como no residencial, porém, como complementa o
autor, “a maior aceitação em termos quantitativos não foi de um estilo de origem autóctone,
e sim a moda das casas “missão espanhola” importada dos Estados Unidos por Edgar
Vianna” (BRUAND, 1987: 57), talvez por ser, com suas maciças arcadas, reboco grosso e
jogo de cobertas, menos ambicioso em termos de grandeza e mais aconchegante em
termos de diversidade, espaços e volumes, atendendo ao padrão de habitabilidade do
brasileiro do segundo quartel do século XX.
2.1 O Estilo Missões na América do Norte
É difícil precisar o primeiro exemplar arquitetônico dessa nova vertente na América
do Norte. Contudo, é possível se compreender todo o processo histórico que contribuiu para
sua consolidação.
4
Logo após a vitória dos Estados Unidos na guerra contra o México pelo domínio das
colônias espanholas ali instaladas (tais como Texas, Califórnia e Novo México), buscou-se
uma “exaltação” da cultura europeia ali refletida nas vinte e uma missões franciscanas
Figura 2. San Rafael Arcángel,
Califórnia, EUA. Disponível em:
http://californiasmissions.org/individual/mission_sa
n_rafael.htm. Acesso em Mai.
2012
Figura 1. Mapa das Missões na costa da
Califórnia, EUA. Disponível em:
http://californias-missions.org/. Acesso em
Mai. 2012
Figura 3. San Carlos, Califórnia,
EUA. Disponível em:
http://californiasmissions.org/individual/mission_sa
n_carlos.htm. Acesso em Mai.
espanholas implantadas desde o século XVIII (Figura. 1). O objetivo desta 2012
empreitada era
apagar quaisquer resquícios da dominação mexicana naquelas áreas e cunhar os Estados
Unidos como uma terra plural em heranças históricas, já que tais missões constituíam os
assentamentos de origem europeia mais antigos da região. Para tanto, entra em cena um
complexo de estratégias de marketing no local, com a venda dos terrenos em torno das
igrejas missioneiras a empresários protestantes, que passam a investir no ramo turístico.
Este último passa a ser incrementado com o sucesso do best-seller Ramona, da escritora
americana Hellen Hunt Jackson, que narra a trajetória de uma mestiça, filha de espanhóis
com indígenas, em meio a um hostil ambiente de guerra no qual pereciam as antigas
missões. O sucesso da obra foi tamanho, que na década de 1890, a especulação em torno
5
do sítio onde se desenrolou a história, gerou cerca de cinquenta milhões de dólares em
vendas na Califórnia. (Torre, 1994).
Vale também destacar o papel da Feira Internacional Colombiana, celebrando o 400º
aniversário da descoberta da América, tendo destaque o Pavilhão da Califórnia, por A. Page
Brown (Figura 4) que atrelava a um edifício de feições neoclássicas, elementos morfológicos
das vinte e uma missões, assim como a contribuição de acontecimento congênere, ocorrido
em 1915, na Califórnia, para celebrar a abertura do Canal do Panamá. Esses dois eventos
serão responsáveis pela difusão do estilo até 1939, quando a Califórnia contará com mais
de um milhão de residências dentro da nova estética, que a partir de então começava a
entrar em decadência. (Torre,
1994).
Ainda na Califórnia, podese
destacar
a
casa
W.T.
Jefferson, em Pasadena, trabalho
do escritório Marston & Van Pelt
(Figura 5). A residência apresenta
partido
predominantemente
horizontal, todo trabalhado em
reboco grosso, jogo de coberta
com beirais curtos nas laterais e
Figura 4. California State Building na World's Columbian
Exhibition, Chicago, EUA.
Disponível em:
ttp://www.booktown.com/stcroixprints/plan.php?id=440.
Acesso em: Mai. 2012.
janelas em arco pleno dispostas
duas a duas,
separados por
coluna retorcida, que vai ser traço
mais recorrente na difusão do
estilo (Figura 6).
Charles Summer Greene lança um exemplo mais apurado em termos de volumetria,
6
Figura 5. Casa W.T. Jefferson, Califórnia,
EUA. Fachada. (Architectural Record, 1922:
19)
Figura 6. Casa W.T. Jefferson, Califórnia,
EUA. Detalhe da fachada. (Architectural
Record, 1922: 20)
através da residência D.L. James em Carmel Highlands (Figura 7). Embora compartilhe com
a primeira os curtos beirais em telha canal e a horizontalidade do partido , ela traz consigo
novos elementos, tais como os contrafortes e as falsas chaminés, bastante difundidas por
Newcomb em sua obra Spanish House for America (Figura 8), e igualmente presentes nos
trabalhos de George Washington Smith,do qual podemos citar como exemplo sua B House
para a Maravilla & Co. em Santa Barbara (Figura 9).
Entre os materiais que deram suporte à nova linguagem, pode-se destacar o uso da
pedra e do reboco com argamassa trabalhada grosseiramente em espessas camadas,
assim como a utilização de telhas de barro do tipo capa-canal ou estilo francês. A madeira
também se faz bastante presente, de forma aparente, principalmente na estrutura de
vigamento dos pavimentos superiores (ver Figuras 10 -11).
Figura 7 Residência D.L. James,
Califórnia. Elevações.( Architectural
Record, 1922: three hundred fourteen)
Figura 8. Página do Livro Spanish House
for America, de Rexford Newcomb –
detalhe. (NEWCOMB, 1927: 94)
7
ambém
é
igualmente
importante atentar para o uso do
ferro fundido nos balcões e gradis
das janelas, e nas luminárias
penduradas
na
fachada
(ver
Figuras 12-13), assim como da
cerâmica
azulejos–
estampas
Figura 9. Maravilla Company, Califórnia, EUA. Gravura.
( Architectural Record, 1922: three hundred forty-three.)
–
esmaltada
com
os
sugestivas
adornando
poços,
fontes e painéis de paredes (ver
Figuras. 14-15).
Figura 10. Residência do East Alvarado District,
Phoenix, EUA. Disponível em:
http://phoenixcityliving.typepad.com/phoenix_city_livi
ng/historic_homesdistricts/. Acesso em Jun. 2012.
Figura 12. Casa Del Herrero, Santa Barbara, EUA
(1922-25).
Disponível em:
http://www.santabarbarahomedesigner
_architects.htm. Acesso em: Mai 2012.
Figura 11. Casa Dias Dorados, Califórnia,
EUA. Interior.
Fonte: NEWCOMB, 1927: 115.
Figura 13. Casa Del Herrero,
Santa Barbara, EUA (1922-25).
Detalhe de luminária.
(McMillian, 2002: 128).
8
Figura14. Adamson House, California (1928), EUA.
Vista geral da fachada. (McMillian, 2002: 40).
Figura.15. Adamson House, Califórnia
(1928), EUA. Detalhe da fachada
(McMillian, 2002: 124).
2.2 O Estilo Missões no Brasil
Como já foi dito anteriormente, o Estilo
Missões chega ao Brasil importado dos Estados
Unidos pelas mãos do arquiteto carioca Edgar
Vianna, no início do segundo decênio do século XX,
quando este projeta a Residência de Dona Alice
Ferreira, à Rua Jardim Botânico, 148, no Rio de
Janeiro, numa mescla de elementos hispânicos com
lusos (Figura 16).
Para um melhor entendimento sobre o
assunto, se faz necessário analisar o contexto
histórico acerca da relação Brasil – Estados Unidos,
fato que remonta ao ano de 1876 tendo como marco
Figura 16. Residência Dona Alice
Ferreira, Rio de Janeiro ( ATIQUE,
2010: 193).
inicial a participação do Brasil na Feira Internacional
para
comemoração
do
centenário da independência
americana, a Centennial, que
contou
como
convidado
especial o Imperador D. Pedro
II. Tal evento, que teria mais
Figura. 17. Pavilhão do Brasil na Exposição Internacional de
1926, Filadélfia, EUA. Fachada.
Disponível em: http://www.fau.ufrj.br/brasilexpos/1926.html.
Acesso em: Mai. 2012.
tarde outras oito edições com
efetiva participação do Brasil,
9
tinha como finalidade mostrar para o mundo as inovações tecnológicas daquela ex-colônia
que agora emergia como uma nação “celebradora do progresso”. Na exposição de 1926, por
exemplo, o Brasil teve pavilhão projetado por Lúcio Cosa dentro da estética do neocolonial
luso-brasileiro, imbuído de uma discreta inspiração hispânica em alguns elementos
morfológicos de fachada (Figura 17).
A participação brasileira nesses eventos “também gerou a ideia de que o país
poderia se tornar mais próximo dos Estados Unidos não apenas para obtenção de
tecnologias e produtos industrializados, mas, especialmente, para ampliar seu mercado
externo.” (ATIQUE, 2010:73).
Assim foi iniciada, como bem pontua Atique (2010), a “circulação de pessoas, ideias
e produtos” entre as duas nações, fato este comprovado na introdução de produtos
estadunidenses no Brasil, tais como o telefone, o rádio, eletrodomésticos, o próprio cinema
americano e ainda novidades domésticas no tocante à arquitetura, divulgadas em livros e
revistas especializadas. É curioso notar que foi a partir deste momento que “conhecemos o
bungalow, o hall, em vez do vestíbulo, o living room, em vez da sala de estar, o W.C. em vez
da latrina, etc.” (LEMOS, 1994: 150).
Em meados do primeiro quartel do século XX, a Escola Nacional de Belas Artes
(ENBA), localizada na então capital federal, Rio de Janeiro, era o centro catalizador das
novidades americanas, muito embora seu passado estivesse ligado aos modelos europeus
das Écoles de Beaux Arts. Em 1912, o acervo de sua biblioteca começa a contar com as
edições da revista Architectural Record, editada em Boston desde 1876, tendo dedicado
várias reportagens acerca do Mission Style. Outra revista igualmente difundida era a
Architectural Digest, que abordou ao longo dos anos vários projetos com formas hispânicas.
Outra fonte encontrada foi o livro Spanish House for America, de Rexford Newcomb, citado
anteriormente, que se tornou bastante popular no Brasil entre as décadas de 1920 e 1930 e
uma das principais referências para os projetos dentro dos “princípios coloniais hispanoamericanos em todo o continente” (Atique, 2008).
Através do exposto percebe-se a influência do cenário norte-americano não apenas
no campo isolado da arquitetura residencial, mas sobretudo na maneira de pensar e agir do
brasileiro, como também na configuração urbana de nossas cidades, que começavam a se
adaptar às exigências da vida moderna espelhando-se no american way of life.
10
Outras revistas nacionais, como Architetura no Brasil e A Casa também ajudaram a
difundir a nova vertente, tendo também contado com a divulgação da revista argentina Mi
Casita (Figura 18), um almanaque de plantas, elevações e perspectivas que se fez muito
presente nas mãos dos construtores da época.
Figura 18. Página da Revista Mi Casita. Modelo de
fachada Estilo Californiano. ( Mi Casita, 1945: 148).
Figura 19. Projeto de Bratke e Botti, 1931.
Detalhe de jogo de cobertas. (WOLFF,
2001: 231)
Outro fator importante a destacar sobre o Mission Style diz respeito à sua pureza
formal. Surge na América do Norte uma tendência arquitetônica com uma linguagem bem
característica que, ao adentrar no Brasil através da divulgação de livros especializados,
revistas de arquitetura, e o próprio cinema (como já foi dito), adquire uma linguagem própria,
através da mescla de seus elementos formais com aqueles do neocolonial aqui produzido,
como se observa no detalhe da obra de Oswaldo Bratke e Alberto Botti (Figura 19). Embora
se verifique uma predominância hispânica do conjunto, através da falsa chaminé, do jogo de
águas da coberta e dos curtos beirais, percebe-se a influência colonial lusa nas singelas
falsas eiras logo abaixo dos mesmos e no telhado do balcão sustentado por espessas
pilastras, bem típico da arquitetura civil brasileira do século XVIII.
Tal tendência era compartilhada nas diversas vertentes do hispano-americano –
missões, espanhol, mexicano, californiano – cada um com suas especificidades, difíceis de
serem precisadas, mas que foram responsáveis por marcar um período de grande liberdade
plástica,[1] como bem pontua Paulo Santos:
O Neocolonial era grave e viril; o Mission-Style gracioso e delicado; [grifo
nosso] a conjugação dos dois (...) constituiu uma das notas mais características da
sensibilidade artística da segunda metade da década. Na luta pela sobrevivência,
seriam as formas hispânicas – talvez por mais leves e menos anacrônicas – as que
mais resistiram. (SANTOS, 1977:102).
11
A partir da citação acima pode-se antecipar que essa distinção formal entre as duas
vertentes talvez justifique a razão porque o neocolonial luso-brasileiro foi pouco aplicado à
arquitetura residencial, predominando, por seu caráter de monumentalidade, nos edifícios
públicos/oficiais. O Estilo Missões, por sua vez, por ser menos ambicioso em termos de
grandeza, como foi dito anteriormente, teve maior aceitação no campo residencial brasileiro
do segundo quartel do século XX. [2] Sílvia Wolff (2001: 229) vem complementar o raciocínio
ao dizer que essa “linguagem hispano-americana” apenas unia um conjunto de elementos
decorativos sobre um “arcabouço arquitetônico conhecido”; isto é, em termos de planta,
Figura 20 Projeto de Eduardo Kneese de Mello.
Fachada.( WOLFF, 2001: 234)
Figura 21. Projeto de Bratke e Botti. Aspecto de
Fachada. ( WOLFF, 2001: 234)
havia poucas alterações em relação
Fonte: WOLFF, 2001: 234
ao repertório do neocolonial lusobrasileiro que vinha sendo produzido
até então. A introdução de “pátios
com varandas internas, próprias à
arquitetura
Figura. 22 Residência Raul Pedrosa, Rio de Janeiro.
Perspectiva.( PINHEIRO, 2011: 191)
tradicional
hispano-
americana”, por exemplo, não se
concretizou, limitando-se a “‟falsos‟
pequenos
pátios
externos”
com
chafarizes ou poços, cuja profundidade não
ultrapassava o nível do pavimento.
Em São Paulo, podemos destacar os
trabalhos de Eduardo Kneese de Mello
(Figura 20), como também dos arquitetos
Figura 23. Residência Raul Pedrosa, Rio de
Janeiro. Detalhe da fachada.
Fonte: PINHEIRO, 2011: 191 (edição nossa).
associados Bratke e Botti (Figura 21). Tais
edificações ilustravam com propriedade a
12
linguagem hispano-americana através da assimetria no conjunto, do jogo de volumes e
cobertas, do tratamento das aberturas e do reboco, e da utilização de contrafortes.
No Rio de Janeiro, além do mencionado Edgar Vianna, é importante citar o trabalho
dos arquitetos Lúcio Costa e Fernando Valentim, com a residência Raul Pedrosa, situada à
Rua Rumânia no 20 (ver Figuras 22-23), onde pode-se observar a riqueza na volumetria e
os elementos decorativos típicos, como a presença de arcos plenos, os gradis desenhados
nas portas, janelas e óculos, e as janelas tripartidas separadas por colunas torsas.
Considerando a produção do Estilo Missões em João Pessoa, percebe-se que a
presença do mesmo se deu principalmente nos novos eixos viários introduzidos na cidade
durante seu período de expansão e urbanização, começando pelo anel externo do Parque
Solon de Lucena que apresenta vários exemplares dessa linguagem hispano-americana (ver
Figura 24).
Figura 24. Planta do entorno do Parque Solon de Lucena, João Pessoa. Eixos de expansão e
localização de edificações neocoloniais. PMJP (Edição Nossa)
As Avenidas Tabajaras e Eurípedes Tavares, Camilo de Holanda, Getúlio Vargas e
Presidente Epitácio Pessoa foram palcos dessa produção, assim como outras vias
secundárias, transversais aos eixos citados. Outros eixos importantes como as Avenidas
Dom Pedro I, Almirante Barroso e Monsenhor Walfredo Leal também deram sua
contribuição, apresentando ainda hoje remanescentes neocoloniais, muitos deles alterados
13
ou descaracterizados. É importante ressaltar que o fato de tais artérias representarem as
vias de expansão da cidade confirma a afirmação de Aracy Amaral de que “o neocolonial é o
estilo dos bairros novos que apresentam também um urbanismo novo, surgido a partir dos
anos 20 em diversos países. É a arquitetura das novas classes altas.” [tradução nossa]
(AMARAL, 1994: 13). Entretanto é importante lembrar que, no caso de João Pessoa, essa
arquitetura só vai se consolidar a partir da década de 1940.
Para melhor compreender a produção do Estilo Missões em João Pessoa foram
registrados, a partir do Parque Solon de Lucena, os principais eixos onde se deu a difusão
da nova vertente, considerando que os mesmos estão inseridos dentro do quadro das vias
de expansão da cidade, a exemplo as Avenidas Tabajaras, Eurípedes Tavares e Getúlio
Vargas (Sousa e Vidal, 2010). Assim, para um melhor entendimento, são aqui apontados as
principais características do estilo de modo a facilitar sua identificação no cenário da capital
paraibana.
Bruand define o mesmo como um ecletismo
exótico, dotado de “maciças arcadas em arcopleno, colunas torsas, reboco grosso em relevo
com desenhos informais lembrando vagamente a
decoração árabe.” (BRUAND, 1987: 57). Já Wolff
dá um melhor apanhado acerca dos elementos
compositivos do movimento em questão ao dizer
que:
Figura 25. Residência Charles W.
Oliver. Houston, Texas, EUA. Aspecto
geral. ( NEWCOMB, 1916: 102)
Vários elementos integrariam a linguagem neocolonial
hispano-americana (...). Destacam-se entre eles frontões
curvos de inspiração barroca, telhadinhos de barro
interceptando segmentos de fachada, painéis de azulejo,
luminárias de gradis de ferro forjado, barras de pedra,
balcões, grandes arcos na fachada e grupos conjugados de
duas ou três pequenas janelas em arco, muitas vezes
separadas por pequenas colunas salomônicas. (WOLFF,
2001: 228).
Ainda segundo Wolff (2001: 229), “esses elementos derivavam em algumas
versões”, das quais ela define uma de partido mais simplificado com um grande arco único
no terraço que podia terminar externamente numa base com volutas, “mais um arco para a
passagem de carros” e uma mais elaborada que trazia consigo “portadas barrocas”, gradis
em atuando em conjunto com portas e janelas, “falsas chaminés e também falsos poços ou
chafarizes”. Também podia trazer junto com seu partido um torreão (circular, quadrangular
14
ou poligonal), onde em geral “se situavam o hall e, normalmente, as escadas”, além de
vasos grandes no terraço em forma de ânfora.
Clara Correia D‟Alambert, citada por ATIQUE (2010: 221), complementa o exposto
ao elencar “alpendres com arcos abatidos ou goticizantes às vezes emoldurado por tijolos
ou pedras dispostos aleatoriamente, imitando aduelas [...] e revestimento rústico das
fachadas com reboco grosso em relevo, geralmente, na cor branca.” Este último tinha como
finalidade evocar os “resíduos deixados pelas brochas das constantes caiações nos prédios
originais.”(ver Figura 25). Vale ainda ressaltar o uso de elementos vazados para ventilação e
a utilização sistemática dos telhados com telha cerâmica capa-canal ou francesa.
Figura 26. nº 237, Rua Eurípedes Tavares.
Fachada principal. Acervo Pessoal
Figura 27 Residência no 216, Parque Solon de
Lucena. Fachada principal.
Acervo pessoal
É importante frisar a observação do atendimento, por parte dos projetistas e
construtores, e por que não, dos proprietários dos imóveis, às novas exigências funcionais e
de salubridade do início do século. As residências são via de regra providas de recuos
frontal, laterais e de fundos, permitindo a todos os compartimentos nelas contidas, níveis
ideais de iluminação e aeração. Vale também ressaltar, principalmente nas edificações de
maior porte, a existência de grandes jardins e a entrada exclusiva para automóveis.
Nos trechos analisados, foram encontrados exemplares pertencentes às duas
versões citadas por Sílvia Wolff, e logo foi constatado o contraste entre as casas da Avenida
Tabajaras e Eurípedes Tavares com as do Parque Solon de Lucena. Enquanto a maioria
dos partidos registrados nas duas primeiras vias são casas térreas com modestos jardins
(ver Figura 26), onde se destaca a presença marcante das largas arcadas (com ou sem
aduelas), aqueles encontrados no anel externo da Lagoa são palacetes de dois pavimentos
15
bastante ricos em indicadores formais do estilo, tais como torreões, gradis nas aberturas,
grandes arcadas em arco pleno, balcões e falsas chaminés (ver Figura 27).
3 O Caso da Residência Inácio Pedrosa
Figura 28. Residência Inácio Pedrosa.
Fachada Principal. Acervo Pessoal.
Figura 29. Residência Inácio Pedrosa.
Planta de situação.( PMJP). Edição nossa.
Situado próximo ao cruzamento da Avenida Princesa Isabel com a Av. Monsenhor
Walfredo Leal, no bairro de Tambiá, o imóvel no 181, construído na década de 1940 para
residência do então deputado estadual Dr. Inácio Pedrosa Sobrinho, representa expressivo
exemplar do Mission Style na cidade de João Pessoa por ser aquele que reúne em seu
escopo formal a maior quantidade de elementos morfológicos caracterizadores do estilo
(Figura 28). Para um melhor entendimento sobre a riqueza tipológica do imóvel em questão
foi feito um levantamento arquitetônico onde se procurou ao máximo ler a morfologia de
planta no seu aspecto original, não considerando as alterações porque passou, nem
Figura 30. Residência Inácio Pedrosa.
Pavimento superior.
(SUDEMA). Edição nossa.
Figura 31. Residência Inácio Pedrosa.
Pavimento térreo.
(SUDEMA). Edição nossa.
16
Figura 32. Residência Inácio Pedrosa. Fachada Principal (levantamento
nosso)
tampouco os acréscimos que obteve para ser adaptada ao uso institucional de repartição
pública. Sua fachada principal também foi levantada para melhor ilustrar os detalhes
apresentados no projeto residencial.
Começando por sua análise em planta, fica evidente a adequação do imóvel às
novas exigências de salubridade da época, isto é, o mesmo encontra-se recuado dos quatro
limites do lote, dando espaço para um grande jardim (ver Figura. 29). Vale também destacar
o portão exclusivo para entrada e saída de automóveis, como também um bloco anexo para
seu abrigo (garage), mas que atualmente encontra-se totalmente descaracterizado. Em
termos de layout não se percebe alteração significativa quanto à sua setorização em relação
ao repertório luso-brasileiro e art-déco que vinham ocorrendo em paralelo, porém é
importante atentar para a presença do “falso pátio” no pavimento superior, também com
falso poço, característica esta bastante sui-generis, uma vez que tais poços situavam-se em
geral no térreo (ver Figuras. 30-32).
Figura 33. Residência Inácio Pedrosa. Vista da
sala de jantar. Acervo Pessoal
Figura 34. Hotel Paisani, Texas, EUA. Vista do
interior. (NEWCOMB, 1916: 102)
Fonte: Acervo Pessoal.
Fonte: NEWCOMB, 1916: 101.
17
Figura 35. Residência Inácio Pedrosa. Aspecto
do living. Acervo Pessoal
Figura 36. Cunningham House, Califórnia,
EUA. Interior. Disponível em:
http://www.amazon.com/George-Washington
Internamente verifica-se a presença do vigamento de madeira aparente na sala de
jantar, característica bastante recorrente
nas obras de arquitetos como George
Washington Smith ou do escritório Trost
and Trost Architects (ver Figuras 33-34),
como também o piso de mármore em
xadrez
e
o
reboco
chapiscado
nas
paredes e no forro de estuque (ver Figuras
35-36).
Figura 37. Projeto de Luiz Muzzi. Fachada.
(MUZZI, 1946: 83)
Apesar de suas proporções bem
maiores,
pode-se
fazer
analogia
da
residência Inácio pedrosa com o projeto de Luiz Muzzi, de 1946 (Figura 37), que
Figura 38. Residência Inácio Pedrosa.
Detalhe da Fachada. Acervo Pessoal
Figura 39. Residência Inácio Pedrosa. Gradil
de janela superior. Acervo Pessoal.
18
compartilham similaridades como a voluta na
base da fachada principal, o grande arco
adornado com falsas aduelas e os painéis de
cerâmica
nos
balcões
das
janelas.
Outros
elementos característicos da linguagem hispanoamericana estão nos gradis das esquadrias, nas
falsas chaminés e no nicho para imagens de
Figura 40. Residência Inácio Pedrosa.
Gradil frontal. Acervo Pessoal.
santos católicos, além do embasamento em pedra
aparente (ver Figuras 38-39). O extenso gradil
que delimita frontalmente o lote onde está implantado o imóvel constitui outro pronto alto da
residência na medida em que, através de seus módulos de forma goticizante, dialoga com
os arcos majestosos da fachada principal (Figura 40).
4 CONCLUSÕES
Através deste estudo, pode-se perceber que a presença do Mission Style na cidade
de João Pessoa se deu como uma ramificação de um movimento que se espraiava pelo
país, através de livros e revistas especializados, fato que ajudava a reforçar no mesmo seu
caráter regional, híbrido, uma vez que os clientes “profanavam” a pureza formal do estilo
com elementos morfológicos isolados, pela flexibilidade permitida pelos catálogos e
almanaques de arquitetura.
Assim como ocorreu nas outras cidades brasileiras, o movimento se restringiu
apenas ao aspecto formal da edificação, não tendo ocorrido alterações significativas de
espaço interior em relação ao que vinha sendo produzido até então, ao contrário do que se
passava nos territórios ao sul dos Estados Unidos, com as obras de Martin L. Hampton &
E.A. Ehmann, George Washington Smith e Myron Hunt, onde se destaca em sua maioria a
presença marcante dos patios, grandes espaços internos peristilados em torno dos quais se
desenvolviam os cômodos, típica influência mediterrânea.
A constante familiarização com os elementos que compõem a linguagem formal do
Mission Style, aliada à identificação dos imóveis na cidade de João Pessoa, revelou que
existem inúmeros outros exemplares que não foram aqui apontados devido à exiguidade de
tempo previsto para o presente artigo, não sendo as edificações aqui registradas os únicos
remanescentes do estilo. Trechos como a Avenida D. Pedro II e Avenida das Trincheiras
ainda
apresentam
muitos
exemplares
significativos,
muitos
deles
arruinados
ou
descaracterizados, fato que pode constituir um novo estudo em etapa posterior.
19
Fica assim registrado um primeiro olhar, por que não pioneiro, sobre a presença do
Estilo Missões na cidade de João Pessoa, linguagem esta que, por completa desinformação
por parte dos órgãos competentes e da academia, tem sido descaracterizada ou mesmo
destruída em nome do progresso e da "evolução" da cidade. Nesse sentido, o propósito de
apresentar a antiga Residência Inácio Pedrosa, atual sede da SUDEMA, como estudo de
caso, reside no fato de a mesma constituir um verdadeiro dicionário dos principais
indicadores formais do Neocolonial Hispano-Americano, ao mesmo tempo de servir como
exemplar o para alertar sobre a importância da preservação do patrimônio congênere ainda
existente na capital paraibana, o qual não se encontra devidamente protegido por uma
legislação eficiente - o tombamento pontual.
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[1]
Cf. Atique, 2010: 222-223; Wolff, 2001: 226-229.
Segundo Maria Paula Albernaz e Cecília Modesto Lima, no Dicionário Ilustrado de Arquitetura, o estilo
missões é definido como “estilo arquitetônico adotado, sobretudo, nos anos 20 e 30 que associavas as formas
hispânicas às do neocolonial brasileiro. Permitia suprir de elementos decorativos as edificações em estilo
neocolonial, escassos na arquitetura neocolonial brasileira. Seus traços característicos são maciças arcadas em
arco pleno, colunas torsas e reboco grosso com desenhos informais lembrando vagamente a decoração árabe”.
(ALBERNAZ E LIMA apud. ATIQUE, 2010: 222).
[2]
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