Por dentro da Usina

Transcrição

Por dentro da Usina
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editorial
Ricardo Pinto
Dois amigos portugueses estavam a conversar num boteco.
- Diga-me, Manoel, tua mulher faz sexo contigo por amor ou por
interesse?
- Olha Joaquim, acho que é por amor...
Intrigado pelo ar de dúvida na resposta do colega, Joaquim continua:
- E como é que você sabe? Manoel completa:
- Porque ela não demonstra nenhum interesse!
Infelizmente teremos que fazer uso da triste situação do nosso Manoel para apresentar o tema do interesse humano em fazer
as coisas, ou melhor dizendo, da sua motivação. Ora, as empresas
dependem das pessoas para dirigi-las, organizá-las, controlá-las e
operá-las. Logicamente, quanto mais e melhor motivadas estiverem
estas pessoas, melhor estarão suas empresas.
A palavra motivação vem de motivo, em latim, que significa
“o que move ou o que pode fazer mover”. Assim, podemos entender que a motivação humana é a força impulsionadora que nos
leva persistentemente em direção a um objetivo. Três importantes
teóricos estudaram nossa motivação: Abraham Maslow, Frederick
Herzberg e David McClelland.
Abraham Maslow, um psicólogo norte-americano, propôs que
o ser humano possui uma escala de cinco ordens de necessidades:
fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização.
A medida que uma pessoa satisfaz uma ordem desta escala, esta
deixa de lhe ser motivante, passando a sê-lo o patamar seguinte de
necessidades. Assim, segundo Maslow, as necessidades satisfeitas
não mais têm a força motivacional das necessidades não satisfeitas.
Trata-se de teoria bastante pertinente.
Já Frederick Herzberg foi o autor da Teoria da Motivação Manutenção, cuja essência é que fatores intrínsecos ao trabalho (re-
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lacionados ao seu conteúdo) motivam as pessoas, ao mesmo
tempo em que fatores externos a ele (relacionados ao contexto
do trabalho) apenas mantém ou aplacam os ânimos dos funcionários. Logo, para motivar empregados, deve-se dar ênfase
à sua realização, ao reconhecimento de seus feitos, a dar-lhes
mais responsabilidades e oportunidades de crescimento na
empresa. Todavia, Herzberg crê que os fatores externos ao
trabalho do funcionário, tais como ambiente organizacional,
cultura da empresa, segurança etc são fatores de manutenção
da satisfação, ou seja, se não existirem fica-se insatisfeito,
mas não são motivacionais. São importantes para evitar a insatisfação no emprego, para proporcionar paz ao trabalhador,
mas não necessariamente para gerar motivação.
Mais recentemente, David McClelland, psicólogo de Harvard, mapeou psicologicamente diversas pessoas e identificou
que todos nós nos enquadramos em três diferentes perfis de
automotivação: motivação para realização, motivação para a
afiliação e motivação para o poder e a influência. Estas forças
motivadoras existem em todos nós, mas sempre uma delas é
preponderante perante as demais, denotando um padrão comportamental que pode e deve ser administrado pelos líderes
para o bem de suas empresas. Conclui-se da análise destas
teorias que o bom administrador precisa conhecer a fundo os
mecanismos motivacionais para poder adequada e eficazmente
dirigir seus colaboradores. É extremamente simplista e errôneo considerar que apenas remuneração motiva as pessoas,
como muita gente ainda acredita. E cada liderado é um caso
singular de desejos, expectativas e motivações. Conhecer e
trabalhar as reais motivações de cada elemento da equipe é um
dos principais pontos que determina o sucesso que um líder e
sua equipe alcançarão.
índice
“Vencedores nunca desistem e desistentes nunca
ganham.”
Vince Lombardi
Especial
“A nova cultura começa quando o trabalhador e
o trabalho são tratados com respeito.”
Máximo Gorky
Fórum
16
O valor do ATR na safra 2016/17
salvará os fornecedores de cana?
“A função da liderança é produzir mais líderes,
não mais seguidores.”
Ralph Nader
Tecnologia
agrícola
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Manutenção de colhedoras:
Entressafra X minirreformas
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Nitrogênio em cana planta
Tecnologia
industrial
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Desidratação de etanol: Qual é a
melhor tecnologia?
Conjuntura
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Em tempos de crise, Agrishow
consegue manter balanço positivo
Gestão
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Uso de ferramentas como o WhatsApp
geram sobreavisos ou horas extras?
“Um raciocínio lógico leva você de A a B. A
imaginação leva você a qualquer lugar que você
quiser.”
Albert Einstein
“O que não foi iniciado nunca será concluído.”
Johann Wolfgang
edição 180
Ano 15
Junho
de 2016
Diretor Geral
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Redação
Natália Cherubin
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Editora
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(16) 3602-0900
Estagiário da Redação
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fone: (16) 99191-6824,
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Projeto Gráfico
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Marco Antonio da Fonseca Viana
Maurilio Biagi Filho
Osvaldo Alonso
Paulo Adalberto Zanetti
Ricardo Pinto
Rogério Antônio Pereira
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Atualidades
jurídicas
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Fora do
expediente
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Dicas e
novidades
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Por dentro da
usina
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Executivo
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Dropes
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Da construção para o campo
7 livros que você precisa ler
Empreendedor e apaixonado
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especial
Parece até estranho ao passar por canaviais, observar máquinas que geralmente
vemos trabalhando na construção civil operando no campo. Mas isto tem se tornado
uma cena cada vez mais comum dentro do
setor sucroenergético, que tem expandido
o uso destas máquinas, da chamada linha
amarela, tanto em operações de sistematização e preparo de solo, quanto na indústria, na movimentação do bagaço. E acredite. Após a mecanização da lavoura, elas
têm tido papel fundamental e impactado
diretamente nas operações agrícolas, umas
vez que facilitam o trânsito de caminhões,
tratores, implementos e outras máquinas
agrícolas durante a safra.
As “amarelas” atuam principalmente
no processo de preparo de solo, nas
operações de construção e manutenção de dispositivos para
controle da erosão, como terraços, cacimbas, lombadas,
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escoadouros de águas (como as vírgulas,
sangras etc), nos demais processos de conservação de estradas e carreadores internos, e ainda, na movimentação de insumos
agrícolas no campo. Na indústria, atuam na
movimentação de bagaço e alimentação de
caldeiras.
O nivelamento do solo e as operações
de terraceamento são extremamente importantes para a colheita mecanizada de
cana-de-açúcar. Motoniveladoras, pás carregadoras, escavadeiras e retroescavadeiras são as responsáveis pelas operações de
drenagem das áreas, construção de curvas
de nível e abertura de valas e valetas. Além
disso, tanto a retroescavadeira como as mi-
nicarregadoras, os manipuladores telescópicos e as pás carregadoras, são bastante
utilizados na manutenção das fazendas e
manuseio de insumos da colheita e bagaço da cana.
Segundo o gerente de marketing de produto da Case Construction, Carlos Eduardo
França, com os equipamentos adequados é
muito mais fácil padronizar o tamanho dos
talhões, a largura dos carreadores, padronizar as áreas de carregamento e os modelos
de curva de nível a serem adotados.
“Quando as usinas começaram a expandir o uso da linha amarela mais sistematicamente, houve otimização do desempenho
das máquinas agrícolas. Ou seja, quando se
tem um nivelamento de solo bem feito, valetas e curvas de nível simétricas, obtém-se
uma maior produtividade na operação das
máquinas agrícolas. Isso faz com que as
colhedoras consigam colher a cana de forma padronizada, deixando o toco sempre
do mesmo tamanho.”
MAIS EFICIÊNCIA
NAS OPERAÇÕES
AGRÍCOLAS
De acordo com Antonio Zattoni Afférri, sócio e consultor da RPA Consultoria,
a melhoria de estradas impacta diretamente na eficiência da operação de transporte
de cana para a usina. “Há quatro variáveis
que classificam a estrada: superfície, alinhamento horizontal, alinhamento vertical
e largura. Nós da RPA usamos uma metodologia para avaliar se uma estrada possui
características que proporcionam ao tipo
de caminhão empregado no transporte de
matéria-prima para a usina, seu melhor rendimento energético. Estas quatro variáveis
juntas são classificadas, segundo esta metodologia, possibilitando a usina identificar
qual a prioridade nas operações de conservação e manutenção das estradas que
trariam maior rendimento energético dos
caminhões disponíveis na frota de transporte de cana.”
Em um exemplo teórico, é possível observar a variação negativa do rendimento energético de quatro tipos diferentes de
composição para transporte (rodotrem, treminhão, biminhão (o Romeu e Julieta) e
caminhão solteiro) em função do tipo de
estrada, onde a variação de 1 a 15 corresponde a uma classificação obtida por meio
de um levantamento de campo realizado
De acordo com Afférri, a melhoria
de estradas impacta diretamente na
eficiência da operação de transporte de
cana para a usina
pela RPA e a qual permite diagnosticar as
principais variáveis que necessitam serem
modificadas para otimização do transporte
(Figura 1).
Ao observar na classificação de estradas (Figura 2) na qual existem três parâmetros: GH excelente, pista dupla, revestimento primário; GH boa, pista dupla, sem
revestimento; ou GH média, pista simples
e sem revestimentos, é possível notar que
há uma redução na velocidade, neste caso
considerando o uso de rodotrens, quando a
estrada se encontra na categoria terciária.
“Para entender melhor, pista dupla significa que nesta estrada é possível cruzar
veículos, quando em sentido contrário, sem
maiores dificuldades, com largura > =7 m
e GH = geometria horizontal, ou seja, alinhamento horizontal (zig-zag). Pode-se depreender, observando as Figuras 1 e 2, que
o rodotrem apresenta melhores resultados
com estradas com classificação até 5, ficando os modelos intermediários sem alteração
significativa até a classe 10, que seria uma
estrada com GH, boa pista dupla e com revestimento primário. E acima desta classificação só o caminhão solteiro mantem
um desempenho, do ponto de vista energético, significativo. Entende-se por fim que,
quanto maior a velocidade de deslocamento
obtida numa estrada, menos caminhões serão necessários para o transporte da cana
do campo para a usina, possibilitando uma
otimização do dimensionamento da frota”,
salienta Afférri.
Eduardo Neves, diretor de Operações
da Biosev, afirma que as máquinas da linha amarela possuem uma versatilidade
que permite agilidade na operação de campo com economia de tempo e combustível.
Com a adoção desse sistema tem sido possível aperfeiçoar a construção das curvas
de nível, devido ao uso de uma equipe de
profissionais reduzida e menor tempo gasto
para finalizar o projeto.
“Todo o transporte de cana hoje é feito
por meio de reboques e semirreboques que
são tracionados por caminhões, o que faz
com que a conservação das estradas contribua de forma relevante na disponibilidade
destes equipamentos, na redução dos custos
com peças e pneus, e no fluxo de entrega
de cana na usina”, destaca Neves.
Hoje estas máquinas fazem parte do
cotidiano das operações no cultivo e processamento da cana-de-açúcar da Biosev.
Sua utilização é vasta, passando por várias
áreas do processo. Mas, segundo Neves, as
principais utilizações acontecem na construção e conservação de estradas e carreadores, no carregamento e descarregamento
de insumos (calcário, gesso, torta de filtro
etc), na sistematização de áreas de plantio
e construção de curvas de nível, e na construção e limpeza de canais.
ADAPTAÇÕES
Antigamente era comum que as usinas
fizessem estas operações com tratores adaptados. Mas isso ficou no passado. Segundo
Luiz Nitsch, diretor da Sigma Consultoria
Automotiva e especialista em Motomecanização, pouquíssimas são as usinas que rodam com adaptações porque não compensa.
“É muita manutenção e pouco rendimento. Os tratores agrícolas não são adequados para tais serviços. Por exemplo,
antigamente tentou-se adaptar lâminas e
caçambas em tratores agrícolas, todavia, o
rendimento de tal configuração ficava muito aquém de uma carregadora articulada ou
uma motoniveladora convencional. Uma
tentativa recente pode ter seu nicho em
usinas: trata-se de uma motoniveladora de
pequeno porte, ótima para acerto de estradas, com dois eixos trativos, um dianteiro e
outro traseiro, equipada ainda com levante
hidráulico de três pontos. Assim, têm-se,
numa mesma máquina, as características
de um trator agrícola 4X4 e uma máquina
industrial de pequeno porte. Pelo menos,
acho bastante inteligente e prática esta configuração. Por outro lado, no caso exemplar
da pá carregadora do bagaço na indústria, é
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imprescindível que ela seja equipada com
um sistema automático de limpeza de seus
radiadores”, explica Nitsch.
Ainda de acordo com ele, um trator
agrícola adaptado dificilmente será equipado com os dispositivos presentes nas máquinas específicas para tais tarefas, gerando
muitas paradas diárias para limpeza manual
do radiador do motor. “O uso de máquinas
específicas e a consequente melhora das
operações, impactam de 8% a 16% no custo
total da tonelada do CTT (Corte Transbordamento e Transporte).
AMARELAS PARA
O CAMPO
As vendas de máquinas e equipamentos
de construção para o segmento da agricultura nos últimos anos teve crescimento sig8
nificativo. As grandes fabricantes de equipamentos agrícolas e que também atuam no
segmento de construção tem apostado na
sinergia entre as duas áreas para alavancar
as vendas. Isso é tão verdade que as marcas
participam de grandes feiras agropecuárias
com as duas linhas de produtos, facilitando
a vida do produtor e empresário que precisa adquirir uma máquina de construção
para operar na propriedade, além de tratores, plantadoras, colhedoras e implementos.
De acordo com a Case Construction, as
vendas desta linha para o agronegócio vêm
crescendo a cada ano e representaram, até o
final de 2015, cerca de 10% do volume total
de vendas da marca. Diante desta realidade, novas fabricantes vêm não só entrando
neste nicho de mercado, como também desenvolvendo algumas soluções específicas
para o uso em usinas de cana-de-açúcar.
A Case Construction foi pioneira no
desenvolvimento de pás carregadoras em
versão canavieira. O modelo 721E foi desenvolvido especialmente para movimentação e carregamento de bagaço de cana,
para abastecimento das caldeiras e construção de curvas de nível. Elas possuem
pré-filtro de ar ciclônico para o motor e ar
condicionado, tela protetora no alternador
e ventilador reversível - reduzindo o número de paradas e facilitando a limpeza.
“Estes diferenciais aumentam a produtividade no carregamento de bagaço de cana,
que é feito num ambiente com partículas
suspensas e que podem causar obstrução de
radiadores e filtros, causando até faíscas”,
explica França.
Quatro modelos foram adaptados ao
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trabalho em usinas de cana, além da 721E,
com motor de até 195 hp, os modelos 621D
e W20E, que foram desenvolvidas para o
mercado de fertilizantes, também têm os
diferenciais da versão canavieira acrescidas de pintura especial para proteção contra ambientes corrosivos: eliminação das
quinas vivas, tubos pintados em vez de
bicromatizados, cabos elétricos com proteção de silicone e pintura mais espessa,
à base de fosfato de zinco, para aumentar
a proteção contra corrosão, o que confere
durabilidade da máquina que trabalha em
ambiente corrosivo, como no carregamento
de fertilizantes. O modelo 821E é equipado
com motor de maior potência, até 227 hp,
e com a caçamba reforçada de 5 m³, o que
confere, segundo França, maior produtividade na movimentação e carregamento de
bagaço de cana.
A motoniveladora 865B, muito usada
para obras de infraestrutura em canaviais,
construção de curvas de nível e escarificação do solo, vem equipada com motor turbo-alimentado de alto desempenho, com
potência de 170 hp, lâmina de 3.962 mm
(13’) e ripper traseiro. “As escavadeiras
hidráulicas CX220B e CX160B também
tem sido muito utilizadas em pequenas e
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médias escavações, carregamento de materiais e terra.”
A Retroescavadeira 580M 4X4, utilizada no plantio, no carregamento de materiais, na construção e manutenção de fazendas e usinas de cana-de-açúcar, vem com
um motor com baixo consumo de combustível, variações de potência líquida entre 75
hp e 85 hp e peso operacional de 6.522 kg.
Apesar de aparentar maior simplicidade
em tecnologias embarcadas, se comparadas
às máquinas agrícolas e as adicionais tecnologias de agricultura de precisão, a linha
amarela também conta com o sistema de
telemetria, o qual possibilita que se faça
o monitoramento de todos os equipamentos e sua localização via satélite. “Temos
também o sistema Machine Control que é
o controle via satélite da lâmina das motoniveladoras e da caçamba da escavadeira, no qual o usuário determina qual o tipo
de nivelamento quer fazer naquele terreno,
qual inclinação, medida e etc, e a máquina
faz tudo sozinha”, afirma França.
Já as pás carregadoras, podem ser equipadas com sistema de High Control que,
quando a máquina atinge 4 km/h, ativa automaticamente o sistema de amortecimento
do braço para quando estiver trafegando
em terrenos irregulares, não haver perda
de matérias da caçamba.
A John Deere é mais uma fabricante
tradicional agrícola que enxergou na construção civil um nicho de mercado. Recém-entrada no mercado (em 2012), a empresa
também começou focada na sinergia entre
agrícola e civil, e apostou em desenvolvimentos pensando no mercado sucroenergético, um dos maiores consumidores deste
tipo de máquina no agronegócio, segundo
Luis Viegas, gerente de marketing de Produtos para John Deere Construction.
A empresa oferece para o setor pás carregadoras, motoniveladoras e escavadeiras.
Em produção no Brasil existem cinco
modelos de pás carregadoras, sendo a menor delas o modelo 524K, que é inclusive
a mais vendida para o setor agrícola por ser
de menor porte. “Mas o modelo mais utilizado no mercado sucroalcooleiro é a 624K,
também usada no manuseio de fertilizantes.
“As máquinas John Deere possuem algumas condições que se adaptam muito
melhor ao ambiente agrícola. Um exemplo dessa melhor adaptação é o sistema de
refrigeração nas carregadoras. Na operação
de carregamento de bagaço, que é realizada
em um ambiente de muita fuligem, é preciso ter um sistema de arrefecimento muito
eficiente para que radiadores não fiquem
bloqueados constantemente exigindo muitas paradas. Na carregadora da John Deere nós usamos um sistema de radiadores
adaptados para este tipo de operação, onde é possível operar em ambientes de alta
densidade de fuligem de forma eficiente”,
detalha Viegas.
Além disso, a carregadora tem um sistema automático de reversão do ventilador
do motor para que, em determinados períodos de tempo, o sistema reverta o sentido e expulse a sujeira que se acumulou,
mantendo o radiador limpo por mais tempo. “As adaptações para uso agrícola são
fundamentais. Se compararmos as máquinas que tem os radiadores em um sistema
convencional, de sanduíche, essa máquina
vai parar muito menos para manutenção
e limpeza e se você acrescentar ainda um
ventilador reversível, um pré-cleaner, que
é um pré-filtro, tanto no ar condicionado da
cabine quanto no ar do motor, isso também
vai melhorar cada vez mais a eficiência”,
complementa.
Além das pás carregadoras, a marca
11
FINAME AGRÍCOLA
A grande novidade para este mercado foram as condições
especiais de financiamento, lançadas em março deste
ano pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social). O banco liberou o uso do Finame
Agrícola também para a compra de máquinas de construção,
já que essas são muito utilizadas no agronegócio.
As regras, de acordo com o gerente Nacional de Vendas da
Case, Reinaldo Remião, determinam que o equipamento seja
novo, com índice de nacionalização em valor e peso de, no
mínimo 60%, e credenciado pelo BNDES.
também fabrica retroescavadeiras, com a
parte frontal equipada com caçamba para
carregamento, e parte traseira com uma caçamba para escavação. Dessa forma, a máquina pode ser muito utilizada para abertura
de valas, manutenção de estradas, canais
de irrigação e carregamento e manuseio de
materiais.
As motoniveladoras também vêm embarcadas com tecnologias como o sistema
de trava do diferencial automático, o que
faz com que a máquina evite quebras de
correntes por fazer curvas com o diferencial
bloqueado. Com essa trava do diferencial
automático, a máquina fica mais inteligente, evitando quebras e, consequentemente,
paradas de operação. “Tanto as pás carregadoras, quanto as motoniveladoras vem com
um monitor de diagnóstico muito completo,
que dá ao usuário não só os códigos de falha com também uma descrição completa
do problema e também possíveis soluções,
o que facilita para que a máquina tenha o
menor tempo de parada, propiciando manutenção rápida e maior produtividade”,
enfatiza Viegas.
Dentro do conceito de tecnologia inteligente, a John Deere tem pacote com soluções tecnológicas para otimizar os trabalhos, como o WorkSight, que abrange desde
informações de utilização e códigos de falha, volumes carregados e pré-diagnósticos,
até a interação remota com o equipamento.
“Além deste pacote, temos o JDLink
Machine Monitoring System, que é um sistema que fornece a localização da máquina,
medidas de utilização e um rastreamento de
manutenção por meio de um site de simples
navegação, e o Service Advisor Remote Dealer Diagnostics – outra solução exclusiva
12
da John Deere que permite que o distribuidor se conecte automaticamente à máquina
para visualizar diagnósticos de problemas e
dados de performance. Se uma atualização
de um software é necessária, o distribuidor
pode fazer atualização à distância, o que
reduz significativamente o tempo e o custo
associados aos reparos de equipamentos”,
adiciona.
A New Holland Construction tem como protagonistas as retroescavadeiras e pás
carregadoras, mas também oferece modelos
de escavadeiras hidráulicas, manipuladores
telescópicos e tratores de esteira. Segundo Marcos Rocha, gerente de marketing de
Produto da New Holland Construction para
a América Latina, a pá carregadora 12D tem
mostrado elevado desempenho, baixo custo e facilidade de manutenção. Além disso,
apresenta bons resultados em economia de
combustível (devido à relação ideal entre
peso e potência), mais força e capacidade
de carga.
O modelo também conta com ventilador
reversível, que é incorporado ao radiador do
equipamento para aplicação em locais com
grande concentração de poeira e partículas
em suspensão, como é o caso da indústria
de cana. A inversão da hélice é acionada
automaticamente a cada 20 minutos ou manualmente, por meio de um botão instalado
no console, de forma a evitar paradas desnecessárias da máquina para a limpeza do
radiador. Além disso, os modelos versão bagaço de cana deixam a linha de montagem
com eixos dianteiros e traseiros reforçados
(Heavy Duty), com sistema automático antipatinagem, reduções finais nos planetários
e eixo traseiro com oscilação vertical.
De acordo com Rocha, os dispositivos
proporcionam maior tração no momento do
carregamento, evitando também o desgaste
acentuado dos pneus. “A maioria das operações com bagaço ocorre empurrando o
material e carregando-o, o que resulta em
esforços exacerbados nos eixos da carregadora. Por esse motivo, os eixos dianteiros e traseiros são extremamente robustos
e dimensionados para absorver impactos”,
explica.
Tanto as pás carregadoras, quanto os
tratores de esteira vem sendo muito utilizados pelo setor e tem proporcionado ganhos
expressivos nas operações. Na operação de
curvas de nível, em que se usam pás carregadoras, ele afirma que foram feitos alguns
testes com o trator de esteira D140B, onde
se obteve um incremento de produção em
torno de 23%.
“A boa performance se dá pela força de
tração do trator e da sua maior capacidade
de desagregar o material. O equipamento
transmite a potência necessária para empurrar lâminas cheias, inclusive nas curvas,
e os seus componentes reduzem o número
de passagens necessárias para movimentar
o material, melhorando a produtividade e
reduzindo o custo operacional por metro
cúbico”, afirma Rocha que adiciona que os
modelos da companhia também vêm equipadas com o sistema de telemetria Machine Control.
FOCADA EM BIOMASSA
Pensando no Brasil como um dos sete
países que mais investem em energia limpa e observando o universo sucroenergético como um nicho de mercado importante
neste sentido, a JCB, fabricante de retroescavadeiras, escavadeiras de esteiras e pás
carregadoras, tem apostado em diferentes
aplicações para o seu manipulador telescópico, máquina na qual é líder mundial
em vendas.
De acordo com Michael Steenmeijer,
gerente nacional de vendas da divisão agrícola da JCB, a produção sustentável de biomassa está em expansão e é um caminho
sem volta. “Usinas localizadas em regiões
como Centro-sul e Centro-Oeste vem investindo na produção de biomassa, onde
já conseguimos comprovar que nossas máquinas atendem perfeitamente às demandas
do setor, oferecendo uma solução eficiente
e econômica na manipulação de materiais”.
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Fonte: RPA Consultoria
Steenmeijer afirma que a JCB é a
única empresa que tem uma configuração agrícola para o manipulador, usados
desde a movimentação dos fardos de palha
de cana – empilhando e carregando os caminhões que vão do campo até a indústria,
onde também realizam com alta eficiência e segurança o descarregamento – até
a organização do pátio e alimentação dos
fardos no triturador.
“Como oferece maior altura de elevação e mais produtividade no deslocamento
de materiais, o manipulador substitui de
forma adequada outros equipamentos que
atualmente são adaptados para utilização
nas operações – como carregadeiras de cana, tratores acoplados com pás carregadoras – e que não são ideais para o trabalho
desempenhado”, explica.
Profissionalizar as operações foi justamente o que a Usina Ferrari buscou ao
adquirir dois manipuladores telescópicos
541-70 da companhia, localizada em Porto Ferreira, SP, e que tem uma produção
de 3 milhões de t de cana por ano.
Edimilson Gomes Leal, gerente de
manutenção da empresa, afirmou que é
importante investir em máquinas mais
eficientes para cada tipo de operação. Na
usina, as máquinas são operadas na movimentação de fardos de palha de cana-de-açúcar. No campo, vão trabalhar no
recolhimento e carregamento dos fardos,
no empilhamento do material e abastecimento dos rodotrens, que realizam o transporte até os depósitos.
CHINESA APOSTA NO
MERCADO AGRÍCOLA
Assim como na indústria automobilística, no mercado de máquinas de construção também tem crescido a participação
de novos players da China. Este ano, durante a Agrishow 2016, a chinesa XCMG,
lançou opções para aplicação agrícola e
14
florestal.
A empresa inaugurou sua fábrica em
Pouso Alegre, MG, em 2014, com capacidade anual de produção de 7 mil máquinas,
entre caminhões guindaste, pás carregadoras, escavadeiras, motoniveladoras e rolos
compactadores, todos com a possibilidade
de aquisição através do Finame.
Segundo Ednilson Kimura, diretor de
Manufatura da XCMG, a empresa entra no
mercado agrícola com a experiência no
mercado chinês como seu principal diferencial. “As nossas máquinas são fabricadas
com tecnologia XCMG, com alto nível de
automação. Além de alguns implementos
serem fabricados na China, a empresa também tem parceria com fabricantes nacionais
de implementos, 53 revendedores e 16 redes concessionárias espalhadas pelo Brasil.
Quando a gente fala em China, estamos falando de volumes de produção muito maioNeves: “a conservação das estradas
contribui de forma relevante na
disponibilidade, na redução dos custos
de peças e pneus, e no fluxo de entrega
de cana na usina”
res, o que significa nível de automação
também muito maior. Além disso, os nossos implementos que vem da China tem a
característica de produtividade aliado ao
baixíssimo custo, o que dá maior competitividade a marca no Brasil.”
Para o mercado canavieiro a XCMG
oferece modelos de pás carregadoras, já
pensadas para uso deste segmento, com
uma grande capacidade de movimentação e de estabilidade na pega do material. Os modelos LW300BR, LW400BR,
e LW500BR contam com caixa de velocidades controlada eletronicamente e
freio banhado a óleo, reduzindo consideravelmente o ruído, melhorando o conforto do operador e facilitando a manutenção. “Temos tecnologia exclusiva e de
patente XCMG que aumenta a eficiência
no transporte da cana sem que haja desperdício. Ela combina tecnologia e robustez”, Kimura.
A empresa oferece também um modelo de retroescavadeira, a XT870BR, com
altura de descarga de cerca de 3 m e força
de levantamento de 66kN. “A retroescavadeira apresenta tecnologia alternativa de
bomba dupla. Em operação de baixo fluxo
de alta pressão, com cargas leves, ativando as duas bombas, permite uma economia de consumo e eficiência na operação”,
comenta.
Na linha de motoniveladoras, a empresa tem o modelo GR1803BR que é uma
evolução da já existente GR180BR, utilizando agora motor adequado às novas
regras de emissões MAR-I. Já as escavadeiras modelos XE150BR, XE240BR, e,
XE370BR foram desenvolvidas baseadas
nas atuais escavadeiras de 21 t, atentando-se as reais condições de trabalho no
Brasil. “Os modelos são equipados com
motor Cummins Brasil e tiveram as capacidades da caçamba adaptadas para as necessidades do mercado brasileiro”, diz.
15
fórum
FATURAMENTO DO PRODUTOR PODE CRESCER
“Sem dúvida! Estamos falando de uma correção de preços do ATR de pelo menos
17%. Além disso, a safra 2015/16 teve maior produtividade agrícola, de pelo menos
12%. A soma destes dois fatores poderá fazer o faturamento do fornecedor crescer
mais de 30% na safra 2015/16 em relação à passada. Já a safra 2016/17 deverá ser
mais uma safra de bons preços. Se os fornecedores de cana amargaram três safras
de preços ruins do ATR, agora entram numa fase de vacas gordas, aliás, como eu já
vinha dizendo faz mais de ano.”
Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria
MELHORA, MAS AINDA NÃO É O IDEAL
“A crise pela qual o Brasil está passando interfere de diversas formas no nosso setor. A
elevação das taxas de juros trouxeram um custo financeiro mais alto para o produtor.
A alta do dólar interferiu nos custos de produção, que deram um salto significativo em
relação à safra anterior. Por outro lado, a desvalorização do real aliada à alta do valor
do açúcar nos mercados interno e externo, e o aumento do valor do etanol, trouxeram
uma remuneração maior às usinas no final da safra 2015/16. E isso vai refletir nesta
safra. Teremos um valor de ATR mais alto. Isso é muito importante para a atividade, visto que nas últimas safras o preço final da cana foi insuficiente para pagar os
custos de produção. Mas ainda não é o ideal. Os custos de produção continuam altos
e a produtividade por área precisa melhorar para que o produtor tenha mais renda.”
Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Socicana (Associação dos
Fornecedores de Cana de Guariba)
16
INCERTEZAS DIANTE
DO CENÁRIO
BRASILEIRO
“Claro que não. A economia brasileira está de arrasto e não sabemos o
quanto isto pode afetar o setor. Muitas empresas que moem cana-de-açúcar, e é delas que dependemos, ainda
encontram-se em dificuldades e com
certeza não se equilibram somente na
safra 2016/17. Os produtores também,
muitos deles, encontram-se em situação semelhante. Depende de tantos
fatores que fica quase impossível fazer projeções. Como sempre digo, é
necessário muita cautela e equilíbrio
para gerenciamento do negócio. Enquanto continuar esta crise política,
que piora a econômica, continuaremos
neste mundo de incertezas.”
Ismael Perina, produtor de cana e
presidente do Sindicato Rural de
Jaboticabal
PODE TRAZER
ALÍVIO
“O ATR de 2016/17 poderá contribuir para aliviar parte da dívida que
fizemos nestes últimos quatro anos de
preços ruins para o setor, consequência de uma politica governamental errada. Fazendo uma breve análise, vemos que necessitamos de mais alguns
anos de preços compatíveis com o negócio para atingirmos o equilíbrio financeiro. Há necessidade de recuperar
parte da idade do canavial, renovar a
frota e fazer outros investimentos necessários para melhorarmos nosso trabalho na cultura da cana-de-açúcar.”
SERÁ MELHOR
“Será melhor e possibilitará àqueles
que têm boa gestão e austeridade,
abrirem distância em relação à média do setor.”
Marcos Fava Neves, especialista
em Planejamento e Gestão
Estratégica de Empresas e
professor da FEA-USP
NÃO SERÁ
SUFICIENTE PARA
RECUPERAÇÃO
“Há uma forte previsão de aumento
nos valores do ATR para a safra
2016/17 que deverá recompor a
margem do fornecedor, mas não
acredito que será suficiente para
recuperar os resultados negativos que
tivemos nos últimos anos levando ao
aumento do endividamento, redução
de reformas e tratos culturais e tendo
gerado uma queda significativa na
produtividade.”
Paulo Rodrigues, produtor de
cana do Condomínio Santa Izabel
MARGEM APÓS
ANOS NEGATIVOS
“Será melhor, sem dúvidas. Trará
margem após três anos negativos.
Não creio que salvará os que estão
em grave risco de saúde, mas certamente dará condições para a saída
da UTI. No entanto a maioria seguirá nesse hospital maluco chamado
Brasil!”
Luiz Carlos Corrêa Carvalho, da
Canaplan
Luiz Carlos Dalben, produtor de
cana da Agrícola Rio Claro
17
tecnologia agrícola
Algumas usinas tem optado por fazer manutenções preventivas e
contínuas durante a safra, eliminando as reformas de entressafra,
reduzindo custos e aumentando a disponibilidade mecânica
Para alcançarem alto nível de desempenho operacional ao longo de uma safra, as colhedoras de cana
devem ter o mínimo de indisponibilidade mecânica
possível. No entanto, por trabalhar de modo intenso e
em condições severas durante um longo período, estas
máquinas sofrem grande desgaste em suas peças, fazendo-se necessária a realização de reformas durante
a entressafra, o que acaba por sobrecarregar as oficinas
e concentrar os gastos maiores em um só período do
ano. Mas outra metodologia vem crescendo dentro das
usinas (mesmo que de maneira ainda tímida) - a chamada minirreforma ou manutenção linear, que apesar
de não ser algo novo, ainda gera dúvidas com relação
a custos e sua aplicação.
Segundo Antonio Zatoni Afférri, sócio e consultor da RPA Consultoria, o padrão de manutenção num
passado recente preconizava a reforma de entressafra
e a manutenção corretiva durante a safra, estratégia
que evoluiu incluindo procedimentos de manutenção
preventiva durante a safra, e, agora, racionalizando custos e possibilidades de contar com máquinas reservas
que muitas usinas dispõem com a renovação natural
da frota, passa-se a observar a manutenção preventiva
contínua ou linear durante a safra, eliminando a reforma de entressafra e trazendo redução de custos e maior
disponibilidade mecânica.
Nitsch, diretor da Sigma consultoria automotiva
e especialista em motomecanização, explica que na
metodologia de manutenção linear, a qual ele afirma
ter sido o criador há nove anos, uma porcentagem das
máquinas ativas, normalmente 10% da frota, permanece na oficina, em boxes dedicados e com equipes de
18
manutenção permanentes (dois mecânicos, um eletricista, dois caldeireiros/soldadores e dois auxiliares) que
executam a revisão completa das colhedoras no espaço
temporal de 30 dias.
Assim, em dez meses, todas as máquinas de uma
frota de, por exemplo, 40 colhedoras, passarão pela manutenção de 30 dias, evitando o “congestionamento” de
fim de safra, quando se tem de 90 a 120 dias para revisar
todas as máquinas. “Neste caso, tudo fica difícil. Peças,
mão de obra externa, espaço coberto para trabalhar etc.
Daí a razão da linear ser mais adequada, apesar de exigir
uma frota maior. Por exemplo, a usina X necessita 24
colhedoras para a colheita de sua safra, mas possui 27
unidades, ficando três delas permanentemente na oficina
a cada mês do ano. Ao final de um ano, todas as colhedoras terão passado pela revisão geral num custo otimizado,
pois é mais fácil e barato adquirir peças, componentes
e serviços externos ao longo do período de safra e não
após esta, quando todos querem as mesmas coisas ao
mesmo tempo”, destaca.
REDUÇÃO DE CUSTOS
Quando a safra acaba e o plantio começa, o processo continua. Todo mês, três máquinas revisadas ajudam
sobremaneira a manter a saúde média da frota. O custo
pago pela aquisição das máquinas adicionais, de acordo
com Nitsch, é diluído em 5,3 safras, conforme algumas
poucas estatísticas feitas com as empresas do setor que
já adotam a manutenção linear.
“Como entre dezembro e fevereiro a demanda aumenta e, consequentemente, ocorre uma elevação dos
preços dos produtos, com este sistema, as usinas brasi-
MANUTENÇÃO PREVENTIVA
ATRAVÉS DO TRATAMENTO
DO ÓLEO DIESEL
leiras conseguem negociar preços de peças durante o ano, o que acaba
proporcionando uma economia de 24% a 35%. Além disso, não existe
necessidade de contratação de mão de obra terceirizada para realizar as
manutenções, já que o trabalho pode ser executado no decorrer dos 12
meses pela equipe fixa da área de manutenção automotiva da oficina”,
salienta Nitsch.
No entanto, é importante lembrar que a implantação da manutenção
linear exige planejamento. Isto porque, as colhedoras, que são consideradas as visitantes da oficina, mais exigentes de atenção e cuidados,
devem ser priorizadas.
Os componentes que passam por manutenções dependem de alguns
fatores como topografia dos canaviais, qualidade da sistematização, vida
útil da colhedora, qualidade da operação, manutenção etc. Mas de modo
geral, todos os componentes da parte industrial da colhedora, começando no corte de base, despontador e acabando no extrator secundário do
elevador, são examinados, revisados ou substituídos. Segundo Nitsch,
o sistema hidráulico/hidrostático é checado quanto às pressões e vazões
de suas bombas de entrega variável ou fixa, bem como a resposta dos
atuadores rotativos (motores hidráulicos) e lineares (cilindros hidráulicos). Caso haja alguma inconformidade, consertam-se, reformam-se ou
substituem-se as unidades defeituosas. Outro ponto de atenção é o funcionamento perfeito do sistema elétrico da colhedora, onde centenas de
metros de fios conectam interruptores, relês, contadores, solenóides, válvulas eletro-hidráulicas etc. Qualquer defeito na fiação elétrica, por menor que seja, altera a resposta do componente comandado pelo operador.
Éder Marin, gerente Comercial da Unimil, empresa fabricante de
soluções para mecanização, afirma que as minirreformas são uma tendência dentro do setor. “Para as usinas isso significa planejamento,
pois enquanto uma parte das máquinas está na revisão, as demais estão
trabalhando, o que pode gerar redução de custos na manutenção como
um todo, uma vez que não precisarão ter grande estoque de peças de
reposição in loco, além de otimizar a mão de obra e possibilitar um
melhor aproveitamento da equipe de reforma e oficina. Para nós fornecedores de peças de reposição também é vantajoso, uma vez que nossa
produção trabalhará de maneira linear, gerando demanda de produção
de peças mais constante durante o ano safra. Atualmente, nossa fábrica
trabalha dois turnos baseado em uma demanda de consumo de acordo com nossa previsão de vendas. Quanto ao atendimento dos nossos
clientes, a empresa dispõe de horário comercial além de um horário
diferenciado para plantão.”
A USJ de Araras, SP, opera com 20 colhedoras titulares com idade média de 6,3 anos, com disponibilidade mecânica de 91% e duas
colhedoras stand-by. No entanto, ainda realiza uma manutenção mais
detalhada na entressafra aliada às manutenções corretivas e preventivas recomendadas pelo fabricante, e monitoramento. Durante a safra, segundo Humberto Carrara, diretor agroindustrial da USJ, faz-se
o monitoramento de alguns componentes principais, como motor,
através de análise de óleo e blue-by; sistemas hidráulicos, através
de medições de pressão e vazão; e monitoramento de partículas, de
forma que na entressafra a manutenção é dirigida, ou seja, abre-se ou
troca-se os agregados que apresentem variações nos monitoramentos.
“A USJ trabalha com diversos agregados de reserva (caixa
de corte de base, bombas, motores hidráulicos, motores etc) de
maneira a facilitar e agilizar as manutenções de campo. Então,
só recolhemos a máquina titular quando o reparo da falha demora mais do que 12 horas. Neste caso, entra em operação a stand-
Troca de filtros frequentes, perda de potência, alto consumo de combustível, paradas improdutivas de equipamento
e desgaste precoce de bombas e injetores são alguns dos
problemas causados pela mistura do biodiesel ao óleo diesel, que hoje atinge 7%, podendo chegar a até 20% em 2019.
Apesar de ecologicamente viável, a mistura do biodiesel
ao óleo diesel aumenta a concentração de água resultante
da condensação dentro dos tanques de armazenagem, algo
que pode ser extremamente nocivo ao sistema de alimentação de combustível dos equipamentos agrícolas, por não
incorporar nenhuma propriedade de lubricidade e ser o habitat natural de micro-organismos vivos, tais como bactérias, fungos e leveduras, que se multiplicam no óleo diesel
formando resíduos que originam a chamada borra, extremamente corrosiva, devido a sua composição , que, quando
combinada com a água, produz o ácido sulfúrico (H2SO4), o
maior corrosivo de metais.
A contaminação por borra nos tanques de armazenamento e nos equipamentos é um fenômeno presente na maior
parte das usinas, independente do sistema de filtragem usado. Todo sistema de filtragem que venha a ser utilizado, segundo Anderson Correia, engenheiro Químico da Ecofuel
Soluções Tecnológicas, é de extrema eficácia, porém não
há como resolver 100% do problema em função da água
emulsionada no combustível, que não se consegue ser retida nos filtros.
Antes da inclusão do biodiesel, o uso de aditivos no óleo
diesel não era considerado necessário, mas diante dos problemas causados pela adição crescente do biodiesel e do
consequente aumento de problemas e custos gerados, estes produtos têm se tornado uma ferramenta vital para a
solução preventiva dos problemas derivados do biodiesel.
A utilização de combustíveis de baixo conteúdo de enxofre como o S10, reduz as emissões prejudiciais a saúde,
mas favorece a proliferação de bactérias, já que o enxofre
atua como agente bactericida. Estes combustíveis também
perdem substancialmente a capacidade de lubricidade que
pode ser compensada com aditivos específicos.
A Ecofuel, empresa voltada para a tecnologia em combustão, distribui há 16 anos, com exclusividade no Brasil,
o melhorador de combustíveis Xp3, desenvolvido nos EUA
com tecnologias de última geração para a solução de todos
os problemas ocasionados pelo biodiesel, assim como para os baixos teores de enxofre. O uso de combustíveis com
biodiesel e baixo teor de enxofre é hoje uma prática corrente
nos EEUU e na Europa, onde o Xp3 é amplamente utilizado
como coadjuvante essencial para a otimização do funcionamento de motores à diesel.
“O Xp3, através de uma reação química, realiza um alinhamento de moléculas dispersando a água presente no
diesel, tornando o combustível límpido e puro, evitando assim, a proliferação de bactérias e fungos”, explica Correia.
19
MÉTODO DE MANUTENÇÃO LINEAR
Fonte: Luiz Nitsch – Sigma Consultoria Automotiva
-by que tem sua disponibilidade controlada como se fosse titular.”
Carrara afirma que não aplica as minirreformas, pois a estratégia da companhia durante a safra é devolver o equipamentos o
mais rápido possível à operação, tipo pit stop de Fórmula 1. “Como
possuímos estrutura de operadores mantenedores e estes entram na
oficina durante a entressafra, nossa estrutura de mecânicos na base
é muito reduzida durante a safra. Focamos mais em termos pronto
atendimento com pessoal capacitado no campo e cremos que os números obtidos de disponibilidade, frente à idade avançada da frota,
suportam a estratégia adotada”, revela.
Ele ainda afirma que, muito além do método, uma regra básica para obter-se bons resultados econômicos é comprar bem, que
muitas vezes está ligado a comprar fora do fluxo ou fora da época
que todos compram. “Neste caso, a manutenção linear pode ser
um coadjuvante interessante, porém com planejamento e histórico
pode-se fazer uma programação e conseguir comprar fora do fluxo
mesmo adotando uma manutenção focada na entressafra.”
Para ele, o principal componente de custos é a estratégia de
filosofia de manutenção, “melhor dizendo, é atuar e resolver a causa, pois assim estaremos eliminando o problema definitivamente.
Termos no time um exímio mecânico trocador de mangueiras não
é mais interessante do que um mecânico investigador que descobre
porque a mangueira estoura. A formação básica de qualquer curso
de capacitação de mecânicos é mais forte no quesito ‘como trocar’
do que no ‘porque quebrou’. Veja que a maioria dos mecânicos do
mercado recebe participação na venda/desempenho da loja de peças
e muitos tem seus desempenhos medidos em horas produtivas (apertando parafusos)/horas disponíveis (cartão de ponto). Importar esta
filosofia para nosso meio pode ser um desastre. Percebe que nosso
desempenho será tão melhor quanto menos o mecânico da frente
trabalhar? Antagônico, não é?”, questiona Carrara.
TECNOLOGIAS QUE AUMENTAM A
DISPONIBILIDADE
A fim de trazer aos usuários não só maior servicibilidade, ou
20
seja, maior facilidade nas trocas de peças, as grandes fabricantes
de colhedoras de cana tem apostado também em possibilitar maior
disponibilidade mecânica, um dos principais itens da confiabilidade.
Marco Antonio Gobesso, gerente de marketing em Cana-de-açúcar da AGCO, afirma que diante da importância da maior disponibilidade das máquinas, as usinas têm pensado, cada vez mais, em
planejar a manutenção a fim de reduzir o tempo de máquinas paradas. “Quanto adoção do sistema linear, a decisão é do usuário, mas
em minha opinião, hoje é muito mais fácil fazer minirreformas por
conta das ferramentas que temos para gerenciamento de operação,
gerenciamento de manutenção e com todas as outras tecnologias
embarcadas que facilitam as manutenções.”
Ainda de acordo com ele, ao desenvolver a máquina BE1035
e diante dos inputs dos clientes, a AGCO conseguiu trazer uma
máquina com maior disponibilidade, reduzindo os intervalos de
manutenção. “Os itens que propiciaram isso foram às novas tecnologias dos motores a diesel, que resultam em menos paradas para
limpeza e a telemetria, que permite que o produtor monitore em
tempo real a saúde da máquina, fazendo com que seja possível um
diagnóstico prévio.”
As revisões em uma colhedora de cana ocorrem a cada 400-500
horas, então imagine que neste intervalo o produtor identifique que
algum componente da máquina não está performando como deveria?
Por exemplo, identifica-se que alguma máquina está com elevadas
temperaturas no líquido de arrefecimento ou no sistema hidráulico.
“Por meio da telemetria, a própria máquina avisa que não está bem.
Sem a telemetria eu ia ter que esperar esse componente quebrar para poder arrumar. Com a telemetria aproveito aqueles intervalos já
pré-determinados para fazer a correção destes itens. Antigamente
isso não existia. A máquina parava e eu precisava desmontar para
saber o que tinha ocorrido. Naquela época, a manutenção linear
era um pouco perigosa, porque eu parava uma máquina pensando
em ficar com ela parada por um período curto e acabava tendo uma
surpresa. Agora, estas tecnologias me dão a certeza de que eu vou
parar por aquele motivo e vou voltar com a máquina no campo em
21
Figura 1 – Comportamento médio da
produtividade diária de colhedoras e
da cana total processada por mês em
relação ao melhor mês da safra de 83
usinas do Centro-Sul do Brasil ao longo
da safra 2014/15
Obs: os meses de abril e novembro foram desconsiderados em função de não termos todas as usinas em safra neles
Fonte: RPA Consultoria
pouco tempo”, destaca Gobesso.
Pensando também no aumento de disponibilidade das máquinas, a Case IH desenvolveu uma nova versão da colhedora A8800,
que vem com peças mais robustas, resistentes e que possibilitam
maior vida útil dos componentes. Os novos rolamentos dos rolos
alimentadores tiveram uma redução de 83% no seu tempo de troca,
de 15 horas para duas horas e meia. E a centralização dos pontos
de lubrificação é outro diferencial que possibilita realizar a tarefa
em 30 minutos (a cada 50 horas de colheita). Além das mudanças
no aumento da disponibilidade mecânica, a marca investiu na redução de custos.
O novo Sistema de Filtragem da Sucção de óleo hidráulico proporciona, de acordo com Fábio Balaban, especialista de marketing
da Case Ih, aumento no intervalo de troca, de 250 para 1000 horas (redução de 46 filtros por safra para apenas seis filtros). Outra
mudança significativa foi a nova vedação dos motores hidráulicos,
que proporciona redução da frequência de troca dos retentores em
até cinco vezes. O conjunto de alterações, como a nova mesa de
giro e o novo filtro Blow-by também geram uma redução de custo
que chega a 15%.
“O que a gente entende como fabricantes é que as manutenções
tem que ser realizadas conforme o manual do operador. Inclusive,
desenvolvemos tecnologias para buscar o menor tempo de parada
possível das colhedoras. Por uma questão até de complementar o
ciclo de manutenção de uma colhedora, entendemos que a melhor
proposta é uma sinergia entre as minirreformas e a parada para
manutenção um pouco maior, mas estratégica”, explica Balaban.
Ainda de acordo com ele, optar pelas minirreformas ao longo
as safra podem trazer uma redução de até 15%, se comparado às
22
empresas que deixam para fazer tudo em um único momento.
MANUTENÇÃO PARA ALTA
DISPONIBILIDADE (MAD)
Mas como evitar que a disponibilidade mecânica da frota caia
significativamente no transcorrer dos 240 dias de safra? Afinal, esta
queda de disponibilidade costuma implicar no menor processamento
industrial de cana pelas indústrias no final da safra.
Várias são as apostas que as equipes de manutenção automotiva
das usinas vêm fazendo para resolver esta questão, como inspeções
rotineiras dos equipamentos (check lists), equipes de socorro no
campo 24 horas por dia, reforma de entressafra pesada, manutenção autônoma (ou operador manutenedor), manutenções preventivas (baseadas em planos recomendados pelos fabricantes ou em
Confiabilidade), minirreformas na safra, manutenções preditivas
orientadas por análise de óleos, estoques altos e caros de peças, e
grandes equipes de compras com sistemas automáticos de cotação.
No entanto, de acordo com Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA
Consultoria, os resultados ainda se mostram pouco eficazes, principalmente após o mês de setembro. Um levantamento feito pela
RPA Consultoria junto a 83 usinas da região Centro-Sul do Brasil
na safra 2014/15 (Figura 1), mostra que quando a produtividade das
colhedoras cai de forma mais significativa em setembro, a moagem
mensal de cana das usinas cai junto.
Em 2012, Banchi et al. publicaram um artigo na Revista Agrimotor (junho/2012) sob título “Análise de reforma de colhedoras
de cana-de-açúcar”, no qual foram apresentadas as disponibilidades
mês a mês de safra de 240 colhedoras de cana de esteiras ao longo
de 5 anos (Figura 2). “Nota-se que há praticamente uma queda constante da disponibilidade das colhedoras a partir do primeiro mês de
safra, ou seja, maio. Contudo, esta queda é suave entre maio e julho,
passando a ser a mais impactante nos demais meses. Isso nos induz
a dizer que os primeiros três meses após a reforma de entressafra
costumam ter a disponibilidade mais alta da safra. Daí em diante, o
efeito positivo da reforma vai diminuindo”, explica Ricardo.
Outro ponto relevante a ser observado do comportamento de
disponibilidade mecânica das colhedoras é que elas terminam a safra em novembro com 18,5% a menos da disponibilidade mecânica
com a qual começam. Isso comprova a efetividade da reforma de
entressafra na recomposição da disponibilidade mecânica perdida ao
longo de sete meses de safra. Paralelamente, demonstra o fracasso
de todas as estratégias e táticas adotadas nos últimos anos para mantermos a disponibilidade razoavelmente constante ao longo da safra.
“Aliás, se fizermos um cruzamento entre moagem mensal das usinas
obtido do levantamento da RPA Consultoria e mostrado na Figura 1
com a média mensal de disponibilidade das colhedoras de cana da
Figura 2 chegaremos à Figura 3, que aponta que disponibilidades
abaixo de 74% afetam drasticamente a entrega de cana nas usinas.”
Assim, para se manter a moagem mensal das usinas de setembro em diante parecida com a dos meses anteriores, do ponto de
vista da frota de CTT, há duas saídas, segundo Ricardo: entrar com
equipamentos novos em setembro ou achar uma nova política de
fazer manutenção.
“A Manutenção para Alta Disponibilidade (MAD) é uma metodologia nova que se acha em testes em algumas usinas clientes da RPA Consultoria. Várias são as estratégias que compõem a
Figura 2 – Comportamento médio da disponibilidade mecânica
mensal de cinco safras (entre 2006/07 e 2011/12) de 240
colhedoras de esteira de oito usinas
Fonte: Banchi et al., 2012, modificado por RPA Consultoria
MAD, mas a finalização de sua estruturação somente foi possível
a partir do momento que as usinas passaram a adotar nas frentes
de colheita a jornada de trabalho em 2 turnos de 10 horas. Com isso, liberaram-se 4 horas diárias para as equipes de manutenção de
campo cuidarem das colhedoras e veículos de transbordo vivos de
cada frente de colheita sem guerrear com o pessoal do CTT, já que
não há operadores nestes horários para fazerem os equipamentos
trabalharem. Logo, o trabalho da manutenção nestas 4 horas é de
oportunidade, não afetando a disponibilidade mecânica dos equipamentos da frente”, detalha Ricardo.
23
Figura 3 – Comportamento médio da
disponibilidade mecânica mensal de
cinco safras (2006/07 e 2011/12) de 240
colhedoras de esteira de oito usinas com
a cana processada por mês em relação
ao melhor mês da safra de 83 usinas do
Centro-Sul do Brasil ao longo da
safra 2014/2015
Fonte: RPA Consultoria (moagem mensal de cana); Banchi et al.,
2012, modificado por RPA Consultoria (disponibilidade mecânica
das colhedoras de cana)
Desde 2013 que a RPA Consultoria debruçou-se no problema
de manter as disponibilidades mecânicas estáveis ao longo da safra. Aproveitando-se da observação do sucesso, pelo menos parcial,
de algumas técnicas e métodos, foi definida a MAD. Ela segue os
seguintes princípios:
1) Abastecimento e lubrificação não contam como indisponibilidade: somente nas janelas sem operadores de uma frente que
as colhedoras podem ser atendidas para abastecimento e lubrificação. Isso explica o porquê do sistema de 2 turnos de 10 horas
usar duas janelas de 2 horas ao invés de um “janelão” de 4 horas;
2) Nas janelas os mecânicos das frentes atuam para manter os
equipamentos vivos: nas janelas sem operador, o(s) mecânico(s) da frente deverá(ão) fazer as verificações com correções,
as VC dos equipamentos “vivos” – ou seja, equipamento que
sofria manutenção corretiva, quando entra um horário de janela
da frente de 2 horas, aguarda pelas VC dos equipamentos vivos.
Estas VC seguem um roteiro com tempo padrão. Assim, cada
colhedora deverá ser atendida na sua VC da janela por 30 a 40
min por um mecânico;
3) Manutenção Preventiva organizada e sagrada é fundamental:
serão criados os planos de revisão para os diferentes modelos de
colhedoras e veículos de transbordo seguindo as recomendações
dos fabricantes e/ou a análise de confiabilidade da equipe de manutenção da usina. Estes planos de manutenção preventiva (por
exemplo, planos: revisão A semanal, revisão B a cada 3 semanas,
revisão C a cada 6 semanas, revisão D a cada 18 semanas, e revisão E a cada 6 meses) devem ser realizados religiosamente em
24
datas pré-agendadas ao longo da safra para cada equipamento
com duração média de 14 horas;
3) Inspeções rotineiras descobrem mais serviços para serem
feitos nas revisões: cada equipamento deverá ser inspecionado
rotineiramente, preferencialmente todo dia, seja por mecânicos,
seja por operadores nas oportunidades do equipamento estar
parado para não incorrer em indisponibilidade mecânica, de
forma a compor os serviços adicionais que deverão ser realizados na próxima revisão que vencer. As informações destas
inspeções (os problemas não corrigidos no campo) seguem
para o departamento de PCM (Planejamento e Controle da
Manutenção) da Frota, que irá planejar a próxima revisão do
equipamento incluindo estes serviços;
4) Compras de peças e programação de mecânicos antes dos
atendimentos das revisões: o departamento de PCM da frota
terá como função planejar previamente o atendimento (funcionários e peças) de cada revisão para que o prazo não estoure
do que foi definido (por exemplo 14 horas para Planos A, B,
C e D, e 21 horas para Plano E) e para que também todas as
peças necessárias ou potencialmente necessárias já estejam disponíveis quando o equipamento iniciar o atendimento. Neste
caso, os serviços oriundos das inspeções (seguindo o conceito
de manutenção com base no estado dos equipamentos) serão
adicionados aos planos de revisão tendo de caber nos prazos
estipulados;
5) Manter a disponibilidade mecânica das frentes de colheita no mínimo em 80% a safra toda: considerando que cada
frente terá 4 horas sem operador, mas com roteiros previamente
combinados para, neste horário, mecânicos fazerem VC para
comboios atenderem abastecendo e lubrificando e também para
os caminhões bombeiro lavarem os equipamentos. Se houver,
no máximo, mais 2 horas por dia de manutenções corretivas
(atendimento de quebras ou falhas) dentro das 20 horas de
jornada, a usina terá atingido uma disponibilidade mecânica,
nestas 20 horas, de 90%. Além disso, as revisões tomarão, em
média, mais 14 horas por semana de cada colhedora. Assim, a
disponibilidade final de 90% será reduzida para 80% considerando o tempo tomado pelas revisões. Assim, se antes a usina
aproveitava, por exemplo, 14,5 horas trabalhadas de motor de
suas colhedoras por dia nos meses iniciais da safra pós-reforma, poderá continuar aproveitando as mesmas 14,5 horas com
a MAD, porém mantendo este patamar de horas trabalhadas
constante até o final da safra.
Ricardo afirma que estes princípios demonstram que a MAD
está balisada pela adoção dos conceitos de minirreformas (ou manutenção linear), manutenção preventiva, manutenção centrada
em confiabilidade, manutenção proativa e manutenção autônoma
(ou operador manutenedor). “Só que todos os conceitos tiveram
sua aplicação reorganizada em função da jornada de 2 turnos de
10 horas que vem sendo implantada nas usinas. Os resultados
iniciais têm sido bastante promissores, inclusive com quadros
reduzidos das equipes de manutenção. A experiência em implantação da MAD em algumas usinas tem nos mostrado que é muito
importante considerar as possibilidades, expectativas e restrições
de cada usina para se fazer o projeto de MAD mais adequado e
factível a cada situação e empresa”, conclui.
25
tecnologia agrícola
Neste trecho do artigo, o autor destaca
como fazer os cálculos de N advindos
da matéria orgânica do solo, fala sobre o
parcelamento de aplicação em cana planta,
bem como os efeitos residuais ocorridos na
soqueira pós-aplicação em cana planta
*José Luiz Ioriatti Demattê
Assim como comentado no primeiro trecho do artigo, na década de 90, estudos comprovaram que parte do N aproveitado pela
soqueira da cana (faixa de 60% a 65%), vem da mineralização da
MO do solo. Assim, as respostas à adubação nitrogenada nas soqueiras são mais consistentes do que na cana planta devido, principalmente, aos seguintes motivos: no período maio a outubro, mais
seco e quente (Brasil Central) ou frio e seco (região Piracicaba) ou
frio e úmido (Ourinhos, MS), os microrganismos tendem a reduzir
as atividades, decompondo o material orgânico da cultura anterior.
Ou seja, não há mobilização do solo, há menor aeração e também
não há incorporação de corretivos.
QUANTIDADE DE
NITROGÊNIO ADVINDO DA MO
Se o clima, o teor de MO, a textura, e as práticas de manejo de
um solo são conhecidos, é possível fazer uma estimativa aproximada da quantidade provável de N mineralizado a cada ano (Brady
e Weil,2013). A Tabela 1 resume a quantidade anual de N oriundo
da matéria orgânica em uma simulação feita nos solos da região
canavieira de São Paulo em função da textura, do teor de matéria
orgânica, da densidade e na profundidade de 0-40 cm. Foi considerado um aporte de N devido à reserva na muda, na faixa de 15 kg
de N, e a quantidade total de N com o aporte da muda, que variou
de 91 kg para solo arenoso a 108 kg para solo argiloso.
Morelli et al. (1987) em solo com teor de argila variando de
12% a 20%, instalou diversos experimentos de plantio com doses
crescentes de nitrogênio de 0 a 120 kg/ha e determinou a quantidade de N vinda da mineralização da MO, obtendo um valor de 135
kg. No entanto, não observou resposta significativa na t/ha de cana
para as doses minerais de N aplicado em todos os experimentos.
Em 2008, Franco, Trivelin e colaboradores, determinaram a
quantidade de N nas diversas partes da cana usando 15N em experimento desenvolvido nas usinas Santa Adélia e São Luiz, ambas
26
em SP. Para o trabalho foi adicionado teores de nitrogênio na forma
mineral de 0 a 120 kg/ha e observou-se a absorção de nitrogênio
elevada, inclusive na dose zero com 152,5 kg de N, porém valor
este não significativo entre as dosagens, assim como a produtividade agrícola em t/ha, que variou de 145 a 147 t/ha, indicando a
não resposta ao N mineral na cana planta.
O solo em questão apresentou os seguintes valores: teor de
argila em 32%, densidade de 1,25g/cm3 e MO de 1,9% a 0-50 cm
profundidade. O teor do nitrogênio advindo da MO foi de 142,5 kg/
ano (50x125x0/019x0/05x0/25x1000) acrescido da muda, ou seja,
total de 158,4 kg de N, mais do que suficiente para a produtividade
obtida. Note na Tabela 2 que o aumento de nitrogênio no solo devido ao fertilizante correspondeu a um aumento na quantidade de
nitrogênio na planta (apesar de não ser significativo), porém não
houve reflexo na produtividade.
Na década de 90, a Copersucar (citado em Penatti 2013) testou
a mineralização da MO do solo, mas como não conseguiu resultados animadores, infelizmente abandonou a pesquisa. Num trabalho
pioneiro, Otto et al (2013) tem sugerido que a mineralização bruta
da MO pode separar adequadamente os solos quanto a resposta
ao nitrogênio, como altamente responsivo, (porém com teor de N
menor do que a extração pela planta, o que incluiria os 19% do
início deste artigo), moderadamente responsivo e não responsivo.
Por enquanto, a resposta para esta questão encontra-se em fase de
testes de campo e laboratório.
PREPARO DE SOLO:
INCORPORAÇAO DE RESTOS
VEGETAIS E OUTRAS CULTURAS
A MO do solo pode ser enriquecida, mas dificilmente aumentada, com restos das soqueiras, da palha de cana e de outras culturas
como soja, amendoim, crotalaria, braquiária e milheto, aumentado
a quantidade de N orgânico. Nestas condições, a cana dificilmente
responderia a adubação com N mineral. Tem sido fato
muito conhecido que em área de aplicação de vinhaça,
que apresenta elevado teor de MO, o plantio tem sido
realizado somente com fósforo.
PARCELAMENTO DO
NITROGÊNIO EM CANA
PLANTA
A ação da mineralização do nitrogênio da matéria
orgânica do solo e, provavelmente, das bactérias fixadoras no plantio de cana influenciaram as respostas do
nitrogênio como foi observado, variando de 0 a 60 kg/
ha. E seguramente tais fatores podem também influenciar no parcelamento. Os trabalhos relacionados a este
tema são vários, (Penna et al.1987; Zillo, 1993; Orlando
Filho e Rodela, 1996; Penatti e Donzelli 2000; Penatti,
2013), sendo que na maioria deles enfatiza-se que os
resultados obtidos confirmam a ausência de resposta ao
parcelamento de N, independentemente da textura, o que
permite recomendar a aplicação do fertilizante em uma
única operação. Penatti e Donzelli (2000), trabalhando
com dez variedades de cana, procederam ao plantio 30
kg/ha de N e 45 kg de cobertura em solo argiloso na
região de Ourinhos, SP, e de textura média na região
de Araraquara. Num total, 75 kg/ha de nitrogênio não
27
obtiveram resposta ao parcelamento do N com médias de 137 t/ha
com 30 kg de N no plantio e 142 t/ha na cobertura, em Ourinhos, e
131 t/ha no plantio e 132 t/ha na cobertura, na região de Araraquara.
Trabalhando na região de Ribeirão Preto, em solo argiloso, os
autores procederam aos mesmos tratamentos que os anteriores, 16
variedades e não obtiveram resposta ao parcelamento, com médias
de 175 t/ha com 30 kg/ha de N no plantio e 173 t/ha com 45 kg na
cobertura. Em outro trabalho clássico sobre o assunto, Penatti et al.
(2001) instalaram dois experimentos em solo de textura média a arenosa (Usinas Catanduva e São Jose de Estiva), com 12 variedades
e três formas de adubação em kg/ha: T1- 60-150-150 (N-P205-K20
aplicado no sulco); T2- 30-150-150 no sulco + 30 kg de N em cobertura; T3- 150 kg de P205 no sulco + 60-00-150 em cobertura. A
média dos resultados indicou não haver diferença significativa para
a produtividade da cana assim como da Pol% cana em função do
sistema aplicado. A margem de contribuição agroindustrial (Tabela
3) foi semelhante para os tratamentos e, com isso, indicaram maior
facilidade para a aplicação total dos nutrientes no sulco de plantio.
Já em 2002, Penatti e Forti, trabalhando com dez variedades em
solo argiloso, aplicaram teor de N no plantio em kg/ha de 0 a 90, assim como os parcelamentos de 30+30 kg/ha de N e observaram que
não houve efeito significativo do parcelamento do N. Porém, houve
efeito positivo nos teores de N no plantio de quatro variedades, enquanto nas outras seis não houve resposta (Tabela 4).
Em 1997, Morelli et al., trabalhando em cinco grandes experimentos em solo de textura arenosa e com teor de argila na faixa de
12%, na região de Lenços Paulista, SP, com teor de N no plantio
variando de 0 a 120 kg/ha, assim como procedendo as coberturas em
doses crescentes de 40 a 120 kg/ha, não obtiveram respostas ao N no
plantio assim como os parcelamentos de N (Tabela 5).
Como se observa, a maioria dos experimentos e testes feitos
em solos de ampla variação textural ao longo dos últimos 30 anos
28
mostraram que o parcelamento do N no plantio não traz respostas
significativas. Eventualmente, se os interessados quiserem proceder
ao plantio com MAP e, posteriormente, cobertura com NK (Nitrogênio e Potássio) nada impede, porém há necessidade de se verificar
a relação custo/beneficio.
EFEITO RESIDUAL DO NITROGÊNIO
APLICADO EM CANA PLANTA NA
SOQUEIRA
De acordo com a Figura 1 (Franco et al.,2011) as soqueiras também podem ser influenciadas pelo teor de N contido na matéria
orgânica do solo assim como nos rizomas, raízes e da palha do
corte anterior. Neste aspecto, grande parte dos trabalhos pesquisados indicaram resposta ao N nas soqueiras devido ao N aplicado ou não na cana planta. Há casos onde não houve resposta
desta aplicação (Faroni et al.,2008, 2010; Fortes, 2010; Trivelin
et al.,2005).
No caso das soqueiras sabe-se que da quantidade de N advinda do fertilizante apenas 35% a 40% são aproveitados pela
cana e o restante do N vem da mineralização da MO (ou fixação biológica), promovendo assim a quantidade necessária para
a soqueira. O restante do N fertilizante aplicado, no caso 60% a
65%, permanecem imobilizados na MO e seriam mineralizados
na soqueira posterior, principalmente em função das boas precipitações de chuvas, como ocorreu na safra 2015 e vai ocorrer
em 2016. De qualquer maneira, a aplicação do N fertilizante via
soqueira em anos secos permanece imobilizado na MO do solo e
não responde a adubação, podendo ser mineralizados posteriormente em condições adequadas de chuvas. Devido a tais motivos,
as recomendações relacionadas a quantidade de N via fertilizante
em soqueira de cana devem ser feitas em função da extração pela cultura, pois não há curva de resposta ou calibração para o N.
Tentativas relacionadaos a obtenção de curvas de respostas são
inconclusivas ao longo dos cortes devido à influência da MO do
solo e das condições climáticas.
Mesmo assim, as soqueiras de outubro a abril, período úmido e
quente, podem ter sido beneficiadas pela mineralização e/ou fixação
e, sendo assim, as aplicações de N podem ser revistas.
Confira a terceira e última parte do artigo na próxima edição da RPAnews.
*José Luiz Ioriatti Demattê é professor Titular e ex-chefe do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da ESALQ-USP
(Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo)
29
tecnologia agrícola
Os preços melhores do anidro
podem fazer com que algumas
unidades e destilarias optem pela
desidratação do etanol hidratado
em determinados períodos do ano.
Diante disso, qual o melhor método
para a anidrização?
Ao que tudo indica, este ano, os
valores do etanol anidro poderão se
manter mais altos que os preços do
hidratado. Os dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP) dos
últimos cinco meses (dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril) mostram que, até a semana do dia 20 de
maio, o preço do anidro no Estado
de São Paulo batia R$ 1,56, enquanto o hidratado R$ 1,41. No Estado
de Goiás, o anidro custava R$ 1,55,
contra R$ 1,26 do hidratado. E no
Estado da Paraíba, os últimos valores
coletados, referentes ao mês de abril,
mostravam o hidratado a R$ 1,92, enquanto o anidro batia R$ 2,20.
Com um cenário de preços melhores e mais remuneradores para
o anidro, pelo menos por enquanto,
é possível que muitas destilarias e
usinas pensem em investir em tecnologias que as permitam realizar a
anidrização, quando preciso, tornando a produção mais flexível e aproveitando as variações de mercado,
permitindo maior retorno financeiro.
Diante desta possibilidade, que tecnologia de desisdratação adotar? O
30
que existe no mercado e qual pode
ser o investimento de maior retorno?
Para a retirada da porcentagem
de água presente no etanol hidratado existem no Brasil três processos
disponíveis:
- Destilação azeotrópica: método
mais antigo que emprega normalmente um hidrocarboneto como
agente desidratante. Inicialmente
se utilizava benzeno mas, em função da proibição de seu uso, por
se tratar de um composto carcinogênico, este agente foi substituído
pelo cicloexano.
- Adsorção via peneira molecular:
Trata-se do único método não destilativo de desidratação. Este método emprega sólidos porosos, denominados zeólitos, os quais em
função de sua estrutura porosa e
grande área superficial são capazes
de aprisionar as moléculas menores de água, purificando o etanol
hidratado.
- Destilação extrativa: Desidratação
por MEG (Mono Etileno Glicol).
A produção de etanol anidro em
grande escala teve seu início após a
Primeira Guerra Mundial, quando era
31
CICLOEXANO,
PENEIRAS
MOLECULARES E MEG
Segundo Michelon e Secamilli, as peneiras trazem redução drástica no consumo
de energia, baixo consumo de água de resfriamento e vapor, produção de etanol de
alta qualidade (sem traços de desidratante), utilização do vapor vegetal (sobra do
sistema) e aceitabilidade do etanol em qualquer parte do mundo, porque é ecologicamente mais correto.
usado no preparo de explosivos e produtos farmacêuticos. Vários tipos de agentes
desidratantes foram usados e até patenteados na Europa como, por exemplo, a cal
virgem, em 1921, os sais de acetato e de
potássio. No Brasil, surgiram muitas unidades pequenas (grandes naquela época) a
partir de 1960, utilizando uma tecnologia
patenteada por um francês chamado Mariller, que utilizava a glicerina como agente desidratante e que funcionava como um
agente extrator que absorvia a água contida
no etanol hidratado, separando-a e dando
origem ao etanol anidro ou absoluto.
O engenheiro e gerente de Processos,
João Michelon e Dorival Augusto Secamilli, do departamento Comercial, ambos
da NG Metalúrgica, explicam que o surgimento de novas tecnologias nesta área sempre tiveram como fundamento a redução
de custos e resolução de alguns problemas,
como periculosidade, dificuldade operacional, disponibilidade na natureza e, principalmente, redução de consumo de energia.
Da glicerina o Brasil migrou para o benzol ou benzeno, um derivado do petróleo
cuja tecnologia, patenteada em 1902 pelo
químico inglês Sidnei Young, faz a separação da água por destilação azeotrópica. No
entanto, na década de 80, foi reconhecido
que o benzol tinha propriedades cancerígenas e seu uso na desidratação do etanol foi
32
proibido no Brasil e substituído por outro
agente desidratante, chamado cicloexano,
mais um derivado de petróleo que trabalha
por destilação azeotrópica.
Em 1992 surgiu a primeira planta de
etanol anidro no Brasil via peneira molecular, tecnologia hoje mais utilizada para
a produção de etanol anidro, segundo Michelon e Secamilli. “Ao longo dos anos essa tecnologia tem se difundido por razões
econômicas, por ser uma tecnologia de primeira geração, ter baixo consumo energético e por não deixar traços de desidratante
no etanol como os outros métodos.”
No entanto, recentemente, por volta dos anos 2000, mais uma vez, por razões econômicas e redução de gastos com
energia levaram ao surgimento de uma
nova tecnologia, denominada destilação
extrativa via MEG (Mono-etileno glicol),
que retém a água na fase líquida e libera
o etanol na fase vapor, mas que, apesar do
relativo sucesso inicial, foi rejeitada pela concorrência no uso de vapor nobre de
alta pressão, por problemas de corrosão
de equipamentos e, principalmente, pela
formação de produtos cancerígenos que,
ao saírem do escapamento dos veículos,
atingem a atmosfera e posteriormente os
recursos hídricos, impedindo que este etanol produzido entre em países europeus,
EUA e Japão.
A técnica de desidratação azeotrópica
é feita em coluna de desidratação, após a
condensação, onde a mistura azeotrópica
é separada em duas fases. A fase superior, mais rica em água, é enviada para
outra coluna para recuperação do cicloexano, para que este possa ser reutilizado
no processo desidratação. O cicloexano
forma com o etanol e a água uma mistura
ternária (azeótropos que possuem ponto
de ebulição de 63°C, relativamente menor
ao ponto de ebulição do etanol - 78°C, e
por esse motivo é possível retirar água no
topo da coluna). Já o etanol anidro é condensado na parte inferior da coluna de desidratação, seguindo para armazenamento
(Figura 1).
FIGURA 1 - COLUNA C DESIDRATAÇÃO
AZEOTRÓPICA
Tercio Marques Dalla Vecchia, engenheiro e CEO da Reunion Engenharia, explica
que o método de desidratação azeotrópica utiliza a capacidade que determinadas substâncias têm de formar misturas - ditas azeotrópicas - cujo ponto de ebulição é menor do que
o ponto de ebulição dos componentes puros.
“É o caso da água (A), etanol (E) e cicloexano (C). Estas substâncias formam diferentes misturas azeotrópicas (A+E), (E+C),
(A+E+C) ou ternário, esta última com o menor ponto de ebulição e, dependendo da proporção entre os componentes, é possível separar cada um deles por destilação. Por baixo
da coluna sai o elemento ou a mistura com a
maior temperatura de ebulição e, por cima, a
mistura de menor temperatura de ebulição, ou
33
água, flui para o topo da coluna e pelo fundo
da coluna flui o MEG e a água, que seguem
para uma segunda coluna onde a água é separada do MEG, que retorna ao processo.
AZEOTRÓPICA X
ZEÓLITA
As tecnologias mais utilizadas ainda são
a cicloexano e as peneiras moleculares
seja, o ternário. Assim, na coluna C há excesso de etanol que sai por baixo da coluna e a
água presente no etanol acaba acompanhando
o ternário pelo topo da coluna. O etanol sai
sem água nem cicloexano.”
Já a desidratação do etanol via peneira
molecular ou zeólito, consiste na separação
da água pelo fenômeno chamado adsorção,
no qual, segundo Michelon e Secamilli, o
etanol hidratado passa em forma de vapor
no interior de dois vasos que contém os zeólitos (que tem formato esférico, consistência
de alta dureza e cuja matéria-prima usada na
fabricação é a sílica, encontrada na natureza),
que apresentam no seu interior inúmeros poros infinitamente pequenos, visíveis somente
em microscópios, e que agem como se fossem uma esponja, de forma que o diâmetro
destes poros conseguem reter a água, mas
não o etanol (a molécula de água é menor
que a do etanol).
O etanol então inicia o processo com
6,7% de umidade e sai com apenas 0,4%. O
processo se inverte constantemente, sendo
que cada ciclo, dependendo do grau GL do
etanol na entrada e da capacidade de adsorção do zeólito, pode durar de 5 a 8 minutos.
O terceiro método existente é o chamado
MEG (Mono-etileno glicol), um processo de
absorção da água realizado por uma substância cuja afinidade é maior com a água do que
com o etanol. Neste caso, vaporiza-se o etanol hidratado (A+E) que sobe por uma coluna
onde, em contracorrente, desce um fluxo de
MEG, que absorve a água. O etanol, livre da
34
Hoje no Brasil existem destilarias que
operam com cicloexano, MEG e peneiras
moleculares. Mas segundo Dalla Vecchia,
o mais utilizado ainda é o método azeotrópico de cicloexano, pelo simples motivo
de que é uma tecnologia mais antiga. No
entanto, 100% das destilarias mais novas
já operam com peneiras moleculares. E as
mais tradicionais, aos poucos, vêm substituindo os antigos processos pelo sistema
zeólito porque as vantagens são maiores.
Segundo Michelon e Secamilli, as peneiras trazem redução drástica no consumo de energia, baixo consumo de água de
resfriamento e vapor, produção de etanol
de alta qualidade (sem traços de desidratante), utilização do vapor vegetal (sobra
do sistema) e aceitabilidade do etanol em
qualquer parte do mundo, porque é ecologicamente correto. “Como se trata de uma
unidade completamente independente da
destilaria, o sistema de peneiras é bastante diferente do sistema de destilação e,
eventualmente, pode se utilizar a coluna
B ou a C, com algumas modificações, para
funcionar como sistema de retificação da
flegma da peneira molecular.”
Trabalho realizado por Ana Paula Vieira da Silva Soraya Alencar, engenharia
química do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas, em 2012,
faz uma comparação dos sistemas de desidratações azeotrópica e zeólito. O estudo
mostra que o consumo de vapor no sistema zeólito (peneira molecular) é cerca de
1/3 daquele necessário para a desidratação
por cicloexano, ou seja, são necessários
apenas 0,50 kg/l de vapor a baixa pressão
(vapor de escape ou mesmo vapor vegetal) e 0,05 kg/l de vapor à pressão de 5 bar
abs. (para o superaquecimento do etanol
hidratado vaporizado). O consumo total
é, portanto, de 0,55 kg/l, contra 1,5 a 1,6
kg/l no caso do cicloexano.
Já o consumo de água de resfriamento
é essencialmente o mesmo, quando comparado com o cicloexano, ou seja, cerca
de 40 a 45 kg/l, dependendo da tempera-
tura da água fria, e o consumo de energia
elétrica é de cerca de 2 kW.h/l na planta propriamente dita. Mas deve-se acrescentar a este valor o consumo de energia
necessária para a circulação da água de
resfriamento, que varia de indústria para
indústria. O consumo de ar comprimido
para os sistemas de controle chega a quase 2,4 Nm³/L.h.
O espaço físico necessário para uma
planta com capacidade de 300 m³/d é de
aproximadamente 8 m x 15 m e a planta
fica normalmente ao tempo. Como o ciclo
adsorção/regeneração é muito curto, de
acordo com a pesquisadora, o sistema deve
ser totalmente automático. Não há, portanto, a necessidade de operadores adicionais.
Ana Paula destaca em sua pesquisa
que um sistema de automação bem projetado e bem instalado é de fundamental
importância para a boa operação da planta.
O etanol fraco produzido pode retornar a
uma coluna retificadora existente, embora
neste caso deve-se levar em conta que isto
representa uma adição em termos de capacidade desta coluna. Outra possibilidade é
investir um pouco mais e prover a unidade
de peneira molecular com uma pequena
coluna retificadora que substitui o evaporador de etanol. Neste caso, sem nenhum
consumo adicional de vapor, a unidade
fica totalmente independente da necessidade de ser operada simultaneamente com
outros aparelhos de destilação. A alternativa abre excelente opção de se operar a
unidade durante todo o ano, viabilizando
ainda mais o retorno do capital investido. No entanto, a pesquisadora alerta que
neste caso, deve existir a disponibilidade
de bagaço excedente e a possibilidade de
se operar uma pequena caldeira durante a
entressafra sem causar transtornos para a
manutenção da usina ou destilaria.
“Com a utilização da peneira molecular, não há o uso de qualquer insumo
químico, obtendo-se um produto final sem
traços de químicos, preservando assim a
vida e o meio ambiente. Este etanol é especialmente indicado para aplicações mais
exigentes, como o uso em indústrias farmacêuticas, químicas e de alimentação.
Esta maior qualidade facilita sua destinação à exportação atendendo às exigências
dos mercados americano, europeu e asiático. Existe redução de custo na produção
de etanol anidro, devido ao menor consumo de vapor, cerca de 30% menos do que no
processo azeotrópico, e da não utilização do
benzol ou cicloexano. Esta redução no consumo de vapor permite uma maior produção
de etanol ou açúcar e passa a viabilizar a produção de etanol anidro em algumas unidades
industriais com capacidade limitante de caldeiras”, salienta a pesquisadora em pesquisa.
Apesar do investimento inicial do sistema de peneira molecular ser maior quando
comparado com a instalação de uma coluna
desidratadora por cicloexano, o custo operacional da peneira molecular é mais baixo,
segundo a pesquisadora. Estima-se um custo
máximo de reposição do zeólito de R$ 0,65/
m³ de etanol produzido contra R$ 0,80/m³ no
caso do cicloexano (adotando-se o consumo
de 0,80 kg/m³ e preço de R$ 1,05/kg). Porém,
o grande fator de economia pode estar ligado
a grande redução do consumo de vapor e na
possibilidade de se operar a planta durante
todo o ano.
“O custo é a principal questão das usi-
De acordo com Dalla Vecchia, apesar
do valor inicial de investimento do
processo MEG ser menor, se a usina tiver
condições financeiras, deve optar pelas
peneiras moleculares
nas e destilarias ao investir na tecnologia de
peneiras moleculares. Pelas altas reduções
energéticas, consumos menores de água e vapor, o investimento em peneira molecular é
muito mais compensador em relação aos demais. Um sinal disso é que nos últimos anos,
100% das unidades de desidratação vendidas
são peneiras moleculares. O pay-back é, em
média, de um ano. É importante dizer que
quanto maior a unidade, maior também é o
pay-back”, afirmam os especialistas da NG
Metalúrgica.
“Hoje, o processo cicloexano praticamente não é mais comercializado. A opção
entre o MEG e a peneira é muito dependente
do custo inicial. No entanto, apesar do processo MEG exigir menores investimentos,
se há disponibilidade financeira, a melhor
opção é a peneira molecular. Acredito que
as usinas devem ser flex para sempre terem
a melhor opção que o mercado apresente
em termos de preço, seja hidratado, anidro
ou mesmo açúcar e energia”, conclui Dalla
Vecchia.
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35
São Miguel dos Campos - Al
conjuntura
Mesmo com um público menor do que dos anos anteriores, Agrishow
superou as expectativas em volume de negócios, que foi 2% maior em 2016
Mesmo em meio a uma das maiores
turbulências políticas e econômicas que
o Brasil já enfrentou nos últimos anos,
aconteceu, entre os dias 25 e 29 de abril,
em Ribeirão Preto, SP, a 23º edição da
Agrishow, uma das principais feiras agrícolas do Mundo.
Ao observar os corredores da feira,
pelo menos nos dois primeiros dias, era
perceptível a redução no número de visitantes. Sinais da crise? Parece que não.
Inclusive a Agrishow foi melhor do que
2015, com aumento de 2% no volume de
vendas, movimentando R$ 1,950 bilhão
em negócios. Este número supera em R$
50 milhões o montante de vendas da edição 2014, quando o evento registrou queda histórica de 30%. No entanto, a organizadora da feira afirmou que contando
os fechamentos dos bancos, bem como
os negócios iniciados em Ribeirão Preto,
mas finalizados nos próximos meses, a
expectativa é que este valor seja um pouco maior.
Para esta edição, os organizadores do
evento fizeram investimentos em infraestrutura com o intuito de proporcionar aos
visitantes ainda mais conforto. Foram asfaltadas mais duas avenidas e duas ruas,
no total de 25 mil m, além de um novo sa36
nitário de alvenaria. Este ano, pela primeira vez, trenzinhos ficaram à disposição dos
visitantes que quisessem dar um passeio
pela feira. “Em ano de grandes desafios
econômicos investimos, e esses recursos
aplicados na Agrishow 2016 ressaltam o
comprometimento dos organizadores com
os expositores, os produtores rurais e toda
a cadeia do agronegócio”, afirmou José
Danghesi, diretor da feira.
O número de visitantes, como foi observado, realmente caiu ante ao ano anterior. De 160 mil pessoas o público reduziu
para 152 mil. No entanto, segundo as mais
de 800 marcas expositoras nacionais e internacionais, o público que passou pelos
estandes era altamente qualificado, composto sobretudo, por compradores e produtores rurais de pequeno, médio e grande
portes do Brasil e do exterior.
Para se ter uma ideia, já no primeiro
dia de feira, as marcas presentes conseguiram realizar bons negócios. “Ficamos
surpreendidos pelo volume de negócios
no primeiro dia. Apesar do cenário econômico, estamos confiantes para encerrar
o período com bons resultados”, afirmou
Delmar Rugeri, diretor presidente da Mec-Rul, empresa com sede em Caxias do
Sul, RS, que comercializou no primeiro
dia da Agrishow, 46 máquinas.
Entre os produtos vendidos pela empresa, 95% foram a enxada rotativa - item
acoplado aos tratores para fazer a aragem
da terra para o plantio. O preço do equipamento gira em torno de R$ 10 a R$ 15
mil reais, dependo do seu tamanho, que
varia de um a cinco metros. Além da enxada rotativa, a empresa vendeu roçadeiras e valeteiras.
A Sollus, que atua no segmento de
cana-de-açúcar e grãos, também teve um
bom primeiro dia de feira. Vendeu 10 máquinas, sendo cinco da linha Brazuka –
carretas graneleiras. “Tivemos uma visitação acima da média no primeiro dia.
Houve um volume de negócios grande em
comparação com outros anos. Foi uma
grande surpresa para nós”, explica Antonio Semmler, gerente comercial da Sollus.
Outro destaque de vendas do primeiro dia
do evento foi a Santa Izabel, que vendeu
25 máquinas de implementos agrícolas.
Mirco Romagnoli, vice-presidente da
Case IH na América Latina, também afirmou que mesmo no primeiro dia de feira,
que costuma ser mais calmo, a empresa
recebeu a visita de grandes clientes e havia
boas perspectivas de negócios para marca,
que espera um aumento de 10% na venda
de colhedoras de cana para 2016.
A 17ª Rodada Internacional de Negócios obteve um recorde de US$ 18
milhões de vendas, entre negócios fechados e futuros, com prospecções para
os próximos 12 meses. Esse montante
representa um incremento de 23% em
comparação com a rodada de 2015. Também houve um recorde no número de
empresas brasileiras inscritas. Foram 46
fabricantes brasileiros, o que exigiu que
mais de 400 reuniões fossem agendadas
com compradores vindos de países como Argélia, Canadá, Colômbia, Egito,
EUA, Etiópia, México, Quênia, Tailândia, entre outros.
CRÉDITO FACILITADO
A decisão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico
e Social) de ampliar em R$ 300 milhões
o orçamento do Moderfrota (Programa
de Modernização da Frota de Tratores
Agrícolas e Implementos Associados e
Colheitadeiras) chegou em boa hora e
ajudou no resultado da feira. De acordo
com dados do BNDES, o valor total destinado ao programa para o Plano Safra
2015/16 passou para R$ 4,04 bilhões. O
incremento, segundo análise dos técnicos do banco oficial, segue uma tendência de ampliação no ritmo de aquisição
de máquinas e implementos.
Do novo orçamento do Moderfrota,
R$ 3,4 bilhões são destinados à micro,
pequenos e médios produtores rurais,
com receita operacional bruta (ROB)
de até R$ 90 milhões por ano, com taxa de juros de 7,5% ao ano. Os R$ 640
milhões restantes foram destinados ao
Moderfrota, a produtores rurais ou cooperativas agropecuárias com renda bruta
anual acima de R$ 90 milhões e a taxa
de juros de 9% ao ano.
Alguns bancos como Santander Brasil ofereceram durante a feira R$ 850 milhões em crédito pré-aprovado, um volume de recursos 95% maior que os R$ 436
milhões captados pelo banco na edição
de 2015 do evento. Durante a feira, todos os bens protocolados no Santander
estavam isentos da taxa flat fee (percentual
que incide sobre o valor total da compra)
e podiam ser financiados com apenas 20%
de entrada. “Vamos muito além do crédito
rural, porque ele é limitado: tem um limite
para o banco privado conceder e um valor
teto por CPF para quem quer tomar. Diversificamos a nossa oferta para que não
faltem recursos aos produtores”, afirmou
o superintendente executivo de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar.
O crédito rural representa 13% do total
de empréstimos do Santander para a cadeia do agronegócio, com R$ 5 bilhões liberados em 2015. Os outros R$ 34 bilhões
são financiamentos concedidos a partir de
recursos livres.
O QUE FOI NOVIDADE
PARA O SETOR
CANAVIEIRO
A 23° Agrishow teve como foco principal manter os lucros de negócios gerados
em 2015, mas nem por isso as empresas
deixaram de trazer novidades. Pensando
na otimização dos processos do setor sucroalcooleiro, a Casale lançou a CRC Biomassa, que foi desenvolvida para recolher
e picar a palha da cana com velocidade.
De acordo com a Casale, devido à elevada abrasão do material recolhido, as facas
são temperadas e revestidas com carbeto
de tungstênio, aumentando a vida útil do
equipamento, reduzindo a necessidade de
manutenção em curto prazo e tornando-as
autoafiantes.
A Adama, indústria do segmento agroquímico, mostrou seu portfólio completo
para a cultura da cana-de-açúcar, mas a
principal novidade da empresa foi o herbicida Premerlin, indicado para o controle
de plantas daninhas em pré-emergência
de cana.
Já as grandes fabricantes de colhedoras de cana têm focado seus desenvolvimentos em soluções que tragam não só
produtividade como também maior disponibilidade no campo, hoje um dos maiores
desafios para as usinas.
A Valtra trouxe como uma de suas
grandes novidades na feira o Fuse Con-
Umas das novidades para o segmento
canavieiro foi a TMPB 6.500, o protótipo
de uma transplantadora de MPB
automatizada lançada pela TMA Tracan
nected Services e Sistema de Telemetria
da colhedora BE1035. O primeiro é um
programa de acompanhamento de desempenho que permite ao produtor aumentar
o rendimento e eficiência de suas máquinas. Já o segundo é uma espécie de complemento do Connected Services, e serve
para monitorar em tempo real o desempenho das máquinas Valtra.
Com quase 70 anos de tradição em soluções para o setor canavieiro, a Case IH
levou o mais recente lançamento – a colhedora A8800, versão 2016 - projeto que
traz a união de tecnologias que garantem
o aumento da disponibilidade mecânica,
gerando eficiência e maior produtividade.
Peças mais robustas e resistentes possibilitam maior vida útil dos componentes e
o novo sistema de iluminação auxilia os
reparos noturnos, com um ponto de luz dedicado para a parte frontal do equipamento
e um pendente, para utilização 360º. Já os
novos rolamentos dos rolos alimentadores
tiveram uma redução de 83% no seu tempo
de troca, de 15 horas, para duas horas e
meia. A centralização dos pontos de lubrificação é outro diferencial que possibilita
realizar a tarefa em 30 minutos (a cada 50
horas de colheita).
A John Deere, atenta ao cenário mais
positivo para o setor canavieiro, levou
37
seus dois recentes lançamentos de colhedoras de cana: a CH570 e a CH670. Estas
máquinas passaram por testes de produtividade no campo com o Núcleo de Ensaio
de Máquinas e Pneus Agroflorestais da
Unesp (Nempa), que mostrou uma redução de 13% no consumo de combustível
da CH570, em comparação ao modelo anterior 3520, ambas nas mesmas condições.
As colhedoras contam com o exclusivo sistema Econoflow, responsável por
trazer melhorias nos mecanismos de alimentação, limpeza e hidráulico, a fim de
garantir uma operação 8% mais eficiente,
o que aumenta a capacidade de colheita e
reduz o consumo de combustível.
Primeira empresa a lançar uma plantadora automatizada, ainda em 2005, a TMA
trouxe para a 23° edição da Agrishow, o
protótipo da sua transplantadora de mudas
pré-brotadas, a TMPB 6.500 que, segundo a companhia, é a única plantadora de
MPB totalmente automatizada do mercado
e que atende integralmente a legislação
trabalhista.
Outra novidade da empresa foram os
dois modelos de trasbordos de alta capacidade – o VTT 5025 e o VTT 6030 – que
visam otimizar o trabalho de carregamento no campo dos caminhões e facilitar o
cumprimento da Lei da Balança, que passou o peso bruto total combinado (PBTC)
do transporte de cana de 120 t para 74 t.
Menos carga vai exigir mais viagens para o transporte da cana para usina, o que,
segundo os especialistas, encarece em cerca de 25% os custos com logística. Esse
é o grande diferencial dos novos modelos de transbordos de cana, que poderão
lotar as caixas dos caminhões em menos
operações.
Quem marcou presença na Agrishow
e também trouxe novidades foi a Ipanema
que mostrou, pela primeira vez, a sua nova
aeronave agrícola, a Ipanema 203, desenvolvida pela Embraer. “Diversas funcionalidades que anunciamos no ano passado
agora já estão incorporadas à aeronave”,
explica Alexandre Solis, diretor da Unidade da Embraer em Botucatu, onde o Ipanema é produzido. “O significativo aumento
38
de produtividade, o conforto superior para
o piloto e o menor custo operacional do
mercado oferecido pelo novo modelo têm
atraído os olhares de novos clientes”.
A Screw Indústria Metalmecânica S/A,
líder na fabricação de Transportadores helicoidais, levou seu mais novo lançamento, uma nova opção em helicóides. Trata-se do transportador helicoidal calandrado,
produzido a partir de tiras de aços de espessuras robustas. Além de desenvolver os
helicóides laminados, produzidos a partir
de sliters de bobinas, os quais tem baixo
custo, porém limitação de espessuras, e
também produzir os helicóides na modalidade passo a passo, que tem opção de espessuras variadas, porém com maior custo,
agora a Screw disponibiliza a alternativa
calambrada.
Nesta opção, as peças são conformadas de maneira contínua, a partir de tiras, o
que permite produzir peças sem emendas,
com excelente acabamento, com espessuras uniformes, com redução significativa de desperdícios e de custos. Pode-se
produzir, sob encomenda, peças em aço
carbono em espessuras desde 10 mm a 25
mm, permitindo a produção de peças com
diâmetro interno a partir de 250 mm.
A Trimble, pioneira no segmento de
Agricultura de Precisão no Brasil, esteve
presente com as inovações que ajudam a
transformar a operação comercial de fazendas com o aumento de produtividade,
redução de custos e proteção dos recursos
naturais.
Tratando-se de conectividade, a empresa deu destaque ao seu monitor TMX2050, intuitivo, com tela touchscreen de
alta definição e sistema Android que permite adicionar Apps específicos para o
produtor.
Outra novidade da Trimble é a tecnologia de manobra automática de cabeceira
NextSwath, que calcula automaticamente
e executa o melhor caminho possível para
manobrar o veículo e entrar na próxima
linha de trabalho com o implemento precisamente alinhado. Sua utilização permite
maior eficiência e padronização de manobra, o que ajuda a melhorar a rentabilidade
da lavoura e economizar no tempo e nos
custos de combustível, além de prevenir
danos à cultura e ao solo. Com o recurso
“fique no limite”, fica mais fácil gerenciar
a manobra do veículo e do implemento até
os limites máximos da área, mesmo em
áreas com formatos e limites irregulares.
Como não poderia faltar, a empresa levou o modelo de Vant (Veículo Aéreo Não
Tripulado) UX5. Projetado para ajudar os
profissionais que necessitam de precisão
e eficiência, o UX5 estabelece um novo
padrão em cartografia e topografia através da combinação de um sistema robusto
e de fácil manuseio, com uma câmera de
alta resolução e precisão. Além disso, com
autonomia de 50 min de voo a uma velocidade de 80 km/h, pode cobrir até 5 cm uma
de área de até 250 ha por voo (dependendo
das condições climáticas, plano de voo e
tipo de área a ser trabalhada).
Mas o grande destaque este ano foi
o Sistema de Informação do Solo (SIS),
tecnologia de análise de solo da Trimble, que utiliza sensores avançados de segmentação e de geoprocessamento para
produzir informações de alta resolução.
Ao proporcionar um maior entendimento
das características físicas e químicas do
solo, o SIS permite que agricultores implementem soluções mais específicas para cada ponto da área. Estas informações
podem ser utilizadas para tomar decisões
de irrigação, drenagem, fertilização, além
de criar mapas de solo, visando maximizar
o potencial do crescimento das plantas em
cada ponto da propriedade.
“A Trimble não desenvolve apenas
produtos de agricultura de precisão, mas
sim soluções que facilitam o trabalho em
cada uma das etapas do ciclo agrícola,
possibilitando a redução nos custos de
produção e aumento de produtividade.
Com elas, o produtor planeja e controla a
quantidade exata de insumos necessários
em uma área e também gerencia as diversas informações do dia a dia em tempo
real e de forma remota”, afirma Guillermo Perez-Iturbe, diretor comercial para a
América Latina da divisão de Agricultura.
(Colaboração de Alisson Henrique)
gestão
Especialistas acreditam que para evitar problemas jurídicos tanto
com empregados quanto com empregadores, a solução é definir
diretrizes e regras que controlem o uso destas ferramentas
dentro e fora das empresas
Muito diferente de 20 anos atrás,
conectarem a qualquer hora do dia, inclu-
quando as empresas e seus funcionários
sive via smartphones, com qualquer pes-
O empregador precisa ter cuidado, por
trabalhavam apenas com o auxílio de te-
soa do mundo. Mas se por um lado a co-
exemplo, ao acionar o empregado depois
lefones e, muito raramente, computado-
municação entre as pessoas e empresas
do horário do expediente para resolver ati-
res já conectados a internet, hoje existem
melhorou com o uso destas ferramentas,
vidades do trabalho. Isso porque é cada
múltiplas plataformas de comunicação on-
por outro, pode afetar seriamente as rela-
vez mais corriqueiro o número de conde-
line (Skype, Facebook Messenger, e-mail,
ções de trabalho diante da falta de cautela
nações de empresas em reclamações tra-
WhatsApp) que permitem aos usuários se
e do bom senso tanto do empregado quan-
balhistas, nas quais o empregado exige
to do empregador.
horas extras, inclusive as de sobreaviso e
utiliza como prova as conversas por meio
do aplicativo WhatsApp e mídias sociais.
Segundo Fábio Pereira, primeiramente
é preciso diferenciar o que se entende por
sobreaviso e por horas extras. Sobreaviso
é o tempo que o empregado fica à disposição do empregador em sua casa aguardando ser chamado para o trabalho. Se o
empregado estiver neste regime de plantão, quando o empregador usa estas ferramentas para controlar a escala de trabalho,
o trabalhador já tem direito às horas de
sobreaviso, independente de trabalhar ou
de usar as ferramentas telefônicas ou informatizadas (celular, e-mail, Skype etc).
Agora, se o empregado usar estas ferramentas em casa em prol da empresa, já
não é considerado sobreaviso, mas sim
de horas de trabalho efetivo. Realizado
o trabalho, ele precisa ser remunerado. E
quando isso ocorre fora do horário normal de expediente, mesmo à distância,
39
39
por determinação do empregador, temos
à distância, usando destas ferramentas
a chamadas horas extraordinárias. “Feitas
tecnológicas;
estas distinções, somente teremos presen-
- eventual pedido de indenização por dano
te o regime de sobreaviso se o emprega-
existencial, quando o direito ao descanso
do permanecer em regime de plantão ou
do empregado é habitualmente desrespei-
equivalente, aguardando a qualquer mo-
tado pelo uso de tais ferramentas;
mento o chamado para o serviço durante
CONTROLAR É A
SOLUÇÃO?
o período de descanso. Ter em seu poder
ou mesmo usar um celular ou ferramentas como WhatsApp e Skype por si só não
Assim como outros especialistas, Rui
caracteriza o regime de sobreaviso. E vale
acredita que algumas diretrizes e normati-
dizer. É necessário que o empregado esteja
vas importantes devem ser tomadas a fim de
sujeito ao plantão, controlado por algum
melhor lidar com o uso destas ferramentas
meio por seu patrão.”
dentro e fora das empresas como:
Beatriz Resende de Oliveira, consultora e palestrante de carreiras da Coerhência,
também afirma que o uso dos recursos de
comunicação por si só não caracterizam o
regime de sobreaviso, se não configurada,
entre as partes, a relação de trabalho onde
o profissional, dentro de uma função es-
Rui: “Deve-se ter, antes de tudo,
comunicação e controle. A comunicação
deve ser feita de forma correta e de forma
que cheguem a todos os usuários as
regras traçadas. O controle eficaz deve
ser executado pelos gestores (superior
hierárquico competente) com apoio do
Recursos Humanos e do Jurídico, quando
as regras forem feridas”
1) Não permitir que formem grupos de trabalho da empresa em fones particulares
no WhatsApp;
2) Nos dias de folgas os fones celulares e
rádios devem ficar na empresa;
3) Criar uma norma que proíba o uso dos
celulares e rádios em horários de refeição,
descanso e fora do horário de trabalho;
pecífica, tenha acordado a obrigatoriedade
de estar à disposição da empresa, mesmo
procedente ações trabalhistas por eles
4) Não permitir acesso de e-mails da em-
depois do horário do seu expediente nor-
impetradas contra a empresa. Estes casos
presa em computadores particulares (es-
mal. Isto tem que estar acordado entre as
ocorrem na escala hierárquica mais baixa,
pecialmente em outlook);
partes, documentado de alguma forma e aí
ou seja, entre trabalhadores operacionais,
5) Criar normas de formação de grupos de
se instala a contrapartida da empresa, que
administrativos e técnicos que não exer-
trabalho no WhatsApp de forma que par-
é remunerar o profissional por essa dispo-
cem cargo de confiança.
ticipem apenas os empregados que são
“Cargo de confiança não é passível de
importantes num determinado processo
“O importante é que fique claro sem-
horas extras e outras questões que envol-
ou atividade. Os que não têm participação
pre, e não só nessa situação, desde a con-
nibilidade dentro da sua função.
vem o pessoal mais operacional. No en-
não devem ser parte integrante do grupo;
tratação e início do profissional na empre-
tanto, cargo de confiança não é simples
6) Fazer monitoramento dos e-mails corpo-
sa, que essa é uma condição exigida dentro
de definir, visto que o cargo de confiança
rativos não permitindo que sejam usados
do cargo pleiteado. Informação clara e as-
tem como principal fator a representati-
de forma errônea e que e-mails particula-
sertiva é importante em todas as situações.
vidade da empresa, ou seja, o empregado
res não façam parte do hardware de res-
O simples fato de portar e uma ligação
que exerce cargo de confiança tem que ter
ponsabilidade do empregado.
esporádica não caracteriza o sobreaviso.
poderes para tanto, especialmente, sendo
“Deve-se ter, antes de tudo, comunica-
Tem de haver o caráter de disponibilidade
procurador da empresa e respondendo em
ção e controle. A comunicação deve ser feita
para com o serviço e a consciência sobre
nome dela perante a sociedade. A situação
de forma correta e de forma que cheguem
estar de prontidão para atender ao chama-
é bem complexa”, afirma.
a todos os usuários as regras traçadas. O
do da empresa, estando isso pré-negocia-
Pereira conta que os principais pedi-
controle eficaz deve ser executado pelos
do entre as partes”, complementa Beatriz.
dos formulados por trabalhadores na Jus-
gestores (superior hierárquico competen-
tiça nestes tipos de situação são:
te) com apoio do Recursos Humanos e do
do Gerhai, afirma que existem diversos
- sobreaviso por permanecer em casa,
Jurídico, quando as regras forem feridas”,
estudos jurídicos e decisões judiciais que
mas em regime de plantão, aguardan-
comprovam a disponibilidade do empre-
do ser chamado para o trabalho, se ne-
gado em horário de descanso e refeição,
cessário;
José Darciso Rui, diretor-executivo
inclusive em dias de folgas, dando como
40
- horas extras pelo trabalho realizado
afirma Rui.
Jorge Ruivo, presidente da Wiabiliza
Consultoria Empresarial, acredita que não
há consenso sobre como melhor lidar com o
MAU USO RENDE
JUSTA CAUSA?
uso destas aplicações voltadas à comunica-
forma mais democrática ou flexível o
ção. Para ele, com o aumento dos custos de
uso desses recursos no âmbito do tra-
comunicação, mensagens, telefonia o que
balho. As que conseguem são empresas
A massificação das ferramentas de in-
as empresas têm buscado são formas de
com culturas bem características, onde
ternet tornou o assunto mais polêmico, re-
reduzir custos e melhorar a comunicação.
o elemento liberdade é um valor intrín-
querendo das empresas, das áreas de RH e
Neste sentido estes aplicativos caem como
seco ou pertencente a uma essência di-
dos envolvidos nas questões legais inerentes
luva, pois toda a infraestrutura necessária
ferenciada no formato de prestação de
a ele, um maior senso de cautela, cuidado
ao funcionamento já existe. A sensação é
serviços. Ou uma empresa que conse-
e prevenção. Tanto que empresas que cui-
de rapidez na comunicação e, em muitos
guiu achar uma solução que equilibrasse
dam desse assunto com maior rigor, ado-
casos, na tomada de decisão.
necessidade versus espaços permitidos
tam ações como termos de uso; bloqueio
para o uso, sem crivo de tais recursos.
dos recursos após o horário ou em fases de
“É consenso que o uso de ferramentas
como esta podem tanto trazer benefícios
“Mas, reforço, na maioria das empre-
férias dos colaboradores; ou mesmo treina-
quanto a perda de produtividade. Diante
sas isso ainda está nebuloso, sem regras,
mento dos gestores e líderes para adoção de
disto, tudo é questão de gestão, de entender
com ações pontuais, ou com permissões
posturas preventivas para evitar problemas.
o processo, avaliar e buscar a melhor forma
vigiadas ou no limite, com proibições
Com o acesso, muitas vezes irrestrito,
de monitorar. Este conceito se aplica ao uso
explícitas. Tem-se como controlar tudo?
pessoas acabam fazendo uso indiscrimi-
destas ferramentas. Temos que ver a situa-
Não. A solução está sempre no exem-
nado dos recursos da empresa por conta
ção positiva e não negativa, para extrair o
plo, na conscientização e em formas de
e não em situações ligadas aos assuntos
melhor”, opina.
permissão responsável, dentro do senti-
da organização, como usar o celular da
Beatriz explica que ao mesmo tempo
do de autogestão e autorregulação como
empresa para ligações particulares, usar
em que o mundo, as relações, as comunica-
postura valorizada na cultura interna”,
o e-mail da empresa para assuntos pes-
ções e os meios evoluem, a maturidade das
conclui Beatriz.
soais, falar de outros assuntos nos grupos
pessoas para lidar com tudo isso se mostra
ainda muito frágil, tanto que muitas empresas trabalham de forma incessante com
campanhas e orientações internas sobre o
uso adequado do recurso mais tradicional,
que é o telefone celular.
“Há um tempo, lutávamos para conscientizar as pessoas sobre o não abuso do
uso de telefones fixos e e-mails (parece algo tão distante). E hoje com a facilidade
do telefone móvel e outros recursos de comunicação interna, além do e-mail, a luta não só continuou, mas agora de forma
mais intensificada e desgastante. As proibições parecem não fazer mais parte de um
rol atual do que poderíamos chamar de ‘a
evolução nas relações de trabalho ou autogestão profissional da sua carreira, imagem
e empregabilidade’, mas, infelizmente, ainda não podemos abrir mão dessa sanção, o
que é uma pena, pois as pessoas não têm
demonstrado a maturidade profissional que
esse novo papel ou código requer”, observa Beatriz.
O resultado disso, segundo ela, são poucas empresas conseguindo administrar de
41
SOBREAVISO OU
HORA EXTRA?
Sobreaviso é o tempo que o
empregado fica à disposição
do empregador, em sua casa,
aguardando ser chamado para o
trabalho. Se o empregado estiver
neste regime de plantão, quando
o empregador usa estas ferramentas para controlar a escala
de trabalho, o trabalhador já tem
direito às horas de sobreaviso,
independente de trabalhar ou
de usar as ferramentas telefônicas ou informatizadas (celular,
e-mail, Skype etc). Ter em seu
poder ou mesmo usar um celular
ou ferramentas como WhatsApp
e Skype por si só não caracteriza
o regime de sobreaviso. E vale
dizer. É necessário que o empregado esteja sujeito ao plantão,
controlado por algum meio por
seu patrão.
Horas extras é quando o empregado usa as ferramentas em
casa em prol da empresa. Realizado o trabalho, ele precisa
ser remunerado. E quando isso
ocorre fora do horário normal de
expediente, mesmo à distância,
por determinação do empregador, temos as chamadas horas
extraordinárias.
de WhatsApp da empresa, entre outros.
Mas será que isso também pode gerar
demissões por justa causa?
Pereira diz que varia muito de empresa para empresa. Se o empregador proíbe
o acesso a redes sociais, o empregado pode ser penalizado. Mas a justa causa não
pode ser aplicada imediatamente, salvo
se o uso da internet for abusivo ou para fins ilegais (divulgação de pornografia infantil, por exemplo). O empregado
precisa estar ciente das restrições e ser
punido gradualmente (advertências e suspensões) até que se chegue na dispensa
por justa causa.
“Por outro lado, se não há regra interna proibindo o uso da internet e o acesso
a redes sociais, não há como aplicar sanções ao empregado, salvo, como dito, uso
para fins ilícitos ou indevidos, contrários
ao sendo médio do homem comum. Em
pessoa deve ser acionado e o caso tratado,
todas estas situações, a empresa precisa
em conjunto com a área de RH.
se acautelar quando às provas da con-
Para ela cada empresa tem um grau
duta irregular de seu empregado, pois,
de tolerância sobre esse assunto. Condu-
se acionada, deverá demonstrar que agiu
ção de demissões por justa causa, nesses
conforme as regras estabelecidas ou que
casos, é vista somente em casos mais ex-
o empregado cometeu um ato ilícito. Para
tremos, onde há uma comprovação de que
isso, é válido o monitoramento das ati-
o colaborador feriu de forma explícita e
vidades, desde que os empregados sejam
irresponsável a imagem da empresa, ou
avisados previamente desta condição”,
utilizou o recurso de forma desmedida ou
adiciona Pereira.
imoral. Imoral, quero explicar aqui, dentro
O uso das redes sociais que levam
das regras de permissão de acessos, pes-
a marca da empresa e que possibilitam
quisas, contatos, informações, exposição
a participação de qualquer profissional
que fujam do que profissionais em em-
que queira dar opinião, manifestar algu-
presas têm que se dedicar, no tempo que
ma ideia ou posição, deve ser monitorada
lá permanecem.
por área responsável, assim como moni-
“A aplicação de punições vai de acor-
toram a participação de público externo
do com cultura de cada empresa e dispo-
em elogios, sugestões e queixas. E assim
sição para realmente fazer uma mudança
que identificada alguma situação que fuja
que traga maior maturidade à posição de
da ética esperada de um profissional, se-
cada um no espaço profissional. E essa
gundo Beatriz, o gestor responsável pela
prática vai requerer que, antes de tudo, to-
Segundo Ruivo, é consenso que o uso
destas ferramentas podem tanto trazer
benefícios quanto a perda de produtividade e, diante disto, tudo é questão
de gestão, de entender o processo,
avaliar e buscar a melhor forma de monitorar
42
Beatriz: “As proibições parecem não
fazer mais parte de um rol atual do que
poderíamos chamar de ‘a evolução nas
relações de trabalho ou autogestão
profissional da sua carreira, imagem e
empregabilidade’, mas, infelizmente,
ainda não podemos abrir mão dessa
sanção, o que é uma pena”
da a cadeia se responsabilize por dar certo.
Acho esse um tema, embora seja atual e
muito discutido nas empresas, tem que ser
tratado de forma mais simples e direta.”,
conclui Beatriz.
Atualidades Jurídicas
DIREITO DO TRABALHO
TRANSFERÊNCIA DE TRABALHADOR
COMO FORMA DE PUNIÇÃO É
CONSIDERADA ILEGAL
A Justiça do Trabalho considerou ilegal o ato de uma empresa
que determinou a transferência de um trabalhador de uma filial para
outra como forma de punição por baixo desempenho no trabalho. A
decisão do juiz reconheceu a rescisão indireta do contrato de trabalho,
com o pagamento das verbas rescisórias devidas, e ainda condenou
o empregador ao pagamento de R$ 10 mil a título de danos morais.
A decisão de primeira instância salientou que, mesmo que o contrato do autor da reclamação preveja a possibilidade de transferência
para qualquer unidade do grupo empresarial, ficou provado que a
transferência do vendedor deu-se como forma de punição por baixo
desempenho. De acordo com o magistrado, não bastasse a prova de
que a transferência tenha sido pretexto para punir o reclamante por
sua baixa performance, o que, por si só, já justifica a rescisão contratual por abuso de poder, conforme preceitua o artigo 483, alínea
b da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O reclamante também formulou pedido de rescisão em função do decréscimo salarial
sofrido a partir de quando foi transferido, uma vez que o volume de
trabalho representou menores ganhos ao trabalhador.
A empresa foi condenada a proceder ao registro de saída na
carteira de trabalho, e a pagar aviso prévio, férias proporcionais,
acrescidas de 1/3, décimo terceiro proporcional, depósitos de FGTS
sobre todas as verbas ora deferidas e multa de 40% relativo a todo
o período do vínculo empregatício.
DIREITO CIVIL
JUIZ CONSEGUIRÁ BLOQUEAR
RECURSOS EM COOPERATIVAS
A entrada das cooperativas no Bacen Jud foi oficializada por meio
do Comunicado nº 29.096, de 11 de fevereiro, emitido pelo Banco
Central. A partir de maio, as cerca de mil cooperativas de crédito
no país passaram a receber ordens diretas para cumprir determinações judiciais, como ocorre com os bancos públicos e privados,
o que pode elevar o volume de valores bloqueados.
Os números do segmento mostram a importância da medida.
As cooperativas de crédito fecharam o ano passado com R$8,4
milhões de associados e R$ 90,9 bilhões em depósitos, de acordo
com relatório do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito
(FGCOOP). Juntas, possuem aproximadamente 5,4 mil pontos de
atendimento, superando quaisquer umas das tradicionais instituições financeiras do país.
Com o fechamento desta porta, restaram poucas opções aos
devedores para escapar da penhora online. Uma delas está no radar
do Comitê Gestor do Bacen Jud: a movimentação de recursos por
meio de filial. Hoje, os juízes precisam digitar o CNPJ da matriz
e de cada uma das filiais para conseguir bloquear valores de uma
empresa. A partir do início do próximo ano, porém, bastará inserir
os oito primeiros números (raiz) do CNPJ para o sistema verifi-
car o saldo de todas as contas bancárias do devedor. Uma outra
mudança em estudo também poderá elevar o volume de recursos
bloqueados. Atualmente, só é congelado o saldo do dia seguinte
ao do pedido, ou seja, se entrarem recursos posteriormente, estes
não serão alcançados.
DIREITO TRIBUTÁRIO
NÃO INCIDE PIS E COFINS SOBRE
ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que não incide a
contribuição destinada ao PIS e à Cofins sobre os atos cooperativos
típicos. O STJ ainda acolheu o pedido de compensação dos valores
indevidamente recolhidos, respeitado o prazo prescricional quinquenal após o trânsito em julgado.
O tribunal ressaltou que o artigo 79 da Lei 5.764/71 preceitua que
os atos cooperativos típicos são aqueles praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas
entre si quando associadas, para a consecução dos objetivos sociais.
E ainda, em seu parágrafo único, alerta que o ato cooperativo não
implica operação de mercado nem contrato de compra e venda de
produto ou mercadoria.
Como a tese foi decidida em sede de julgamento de recurso repetitivo, esta decisão deverá orientar as demais instâncias da Justiça
Federal em processos sobre o mesmo assunto.
ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS DE
IMPOSTO DE RENDA SÓ VALERÃO A
PARTIR DE JANEIRO DE 2017
Conforme Ato Declaratório Interpretativo (ADI), editado pela
Receita Federal do Brasil, as alíquotas progressivas de Imposto de
Renda sobre o ganho de capital previstas na Lei n° 13.259/2016,
só valerão a partir de janeiro de 2017. O ganho de capital consiste
na diferença entre o valor de alienação de bens ou direitos e o seu
respectivo custo de aquisição, com tributação através do Imposto
de Renda, mas com seu cálculo e pagamento feito separadamente
dos demais rendimentos, não sendo compensável na Declaração de
Ajuste Anual. De acordo com as disposições da Lei n° 13.259/2016,
a alíquota do Imposto de Renda sobre o ganho de capital será progressiva, variando de 15% para os ganhos que não ultrapassarem
R$ 5 milhões, passando para 17,5%, 20% ou 22,5%, conforme fatia
do ganho de capital.
No caso de venda parcelada, a Lei prevê que a partir da segunda
parcela (desde que realizada até o fim do ano-calendário seguinte), o
ganho de capital será somado ao ganho havido nas parcelas anteriores, evitando com isso o parcelamento da alienação para incidência
de alíquotas menores.
Entretanto, o ADI não esclarece como será feita a tributação das
operações de compra e venda feitas neste ano com parcelas a vencer
em 2017. Se as disposições do CTN forem aplicadas, a lei aplicável
será a vigente na data do fato gerador, incidindo, assim, a alíquota
de 15% às parcelas vincendas em 2017.
4343
Sobreviver ao mundo corporativo,
muitas vezes, é mais difícil do que se
imagina. Um bom executivo precisa estar
sempre atualizado, principalmente diante
de um universo cada vez mais competitivo e tecnológico. Hoje não é preciso, e
sim necessário, reciclar conhecimentos e
desvendar novas ferramentas. Muito além
de cursos e graduações, uma boa maneira
de estar atualizado sobre os assuntos que
rodeiam o mundo corporativo é praticando a leitura, um ato de expansão da consciência, importante não somente para o
executivo, mas para todas as pessoas que
estão dispostas a mergulhar em novas realidades, aprimorar-se, aprender, reaprender e construir uma nova visão de mundo.
Pensando na importância da leitura
para os executivos, a revista RPAnews
preparou no Fora do Expediente desta
edição, uma lista com sete livros que todo executivo precisa ler.
Para Djalma Teixeira, presidente da
Riopaila Castilla, usina colombiana, estar
atualizado faz toda a diferença para um
executivo. E apesar das longas jornadas
de trabalho, procura manter o equilíbrio
entre o profissional e o pessoal fazendo o
que mais gosta, a leitura “especificamente
de livros com os quais eu possa, mais que
passar momentos de lazer, aprender continuamente dos mais diversos assuntos”.
Segundo Fabio Procópio, coaching e
diretor de Redes da Brasil Transformação
Organizacional, um profissional que se
abre a novas possibilidades e que não fica
preso somente à sua realidade, “possui a
chance de inovar em atitudes, processos e
na tomada de decisão a partir do momento em que questiona algumas verdades,
redesenha processos e está em constante
44
mudança de seus mapas mentais e criativos
para poder liderar, gerir e administrar pessoas e projetos com excelência.”
“Um de meus hobbies é a leitura. Normalmente leio mais de um livro simultaneamente. Atualmente estou terminando uma
releitura de ‘O Monge e o Executivo’, de
James Hunter, e ‘Good Profit’, de Charles
Koch, que é a 6ª pessoa mais rica do mundo.
O livro conta a história do crescimento da
Koch Industries baseado em um conceito de
Market Based Management”, conta Teixeira.
Procópio afirma que o executivo, antes
de tudo, é um ser humano. E uma pessoa
que possui o hábito da leitura, assim como
o da escrita, está exercendo e colocando em
prática a sua criatividade e a capacidade de
abstração. “Por isso ele consegue enxergar
problemas e situações de risco com novos
ângulos e perspectivas - inovando, questionando e exercendo a atitude de quebrar
paradigmas em prol da valorização do novo”, diz.
A leitura é um hábito que se constrói
durante a vida, e o interesse vem de diferentes motivações. Nunca é tarde para se
criar um novo hábito, para se abrir ao novo
e descobrir um novo mundo por meio de
páginas de um livro. Mais importante do
que o hábito, ter disciplina e a atenção é
essencial quando uma pessoa se propõe a
iniciar a leitura de um livro.
“Hoje em dia você pode ler por meio
de tablets, pelo livro tradicional e até mesmo ouvir audiobooks, portanto, o interesse deve partir da necessidade e curiosidade
de desbravar novas maneiras de enxergar o
mundo, o trabalho, as pessoas e as relações
- o que já é um grande motivador, não é?”,
conclui Procópio. (Colaboração de Alisson
Henrique)
TUDO OU NADA
Autor: Malu Gaspar
Tudo ou nada é um livro reportagem no qual a jornalista Malu
Gaspar apresenta uma pesquisa
profunda sobre o empresário Eike
Batista. No livro há pessoas ligadas a ele que nunca antes haviam
se pronunciado sobre sua ascensão
e queda. A leitura desta obra é indispensável aos executivos, para
que eles aprendam a não cometer
os mesmos erros de Eike.
DELIVERING
HAPPINESS –
SATISFAÇÃO
GARANTIDA
Autor:Tony Hsieh
O livro conquistou o primeiro lugar da lista de melhores livros de
negócios do jornal The New York
Times. Na obra, o leitor encontra lições motivadoras que Tony
Hsieh, presidente-executivo da
loja de vestuário online Zappos,
tirou de suas experiências como
empreendedor ao longo da vida.
Oferecer US$ 2 mil dólares para
novos empregados pedirem demissão foi apenas uma das tantas práticas adotadas por ele.
GERAÇÃO DE
VALOR
Autor: Flávio Augusto da Silva
Neste livro, o autor Flávio Augusto da Silva, nascido em uma
família simples da periferia do
Rio de Janeiro, conta como se
tornou um dos mais jovens bilionários do país. Augusto é o criador da rede de escolas de inglês
Wise Up, uma das mais importantes do ramo no Brasil.
SONHO GRANDE
Autores: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto
Sicupira
Jorge Paulo Lemann, Marcel
Telles e Beto Sicupira ergueram, em pouco mais de quatro
décadas, o maior império da
história do capitalismo brasileiro e ganharam uma grande
projeção no cenário mundial.
O livro é o relato detalhado
dos bastidores da trajetória
destes empresários. Desde a
fundação do banco Garantia,
nos anos 70, até a compra de
empresas como Budweiser,
Burger King e Heinz.
O ACASO FAVORECE
QUEM SE PREPARA
Autor: Maílson da Nóbrega
A publicação faz parte da coleção ‘O que
a vida me ensinou’, da Editora Saraiva.
No livro, o economista Maílson da Nóbrega conta como, vindo de uma família pobre do interior da Paraíba, teve de
superar medos e obstáculos para chegar
ao cargo de Ministro da Fazenda. A obra
de Nobrega dá destaque ao fato de que
sempre devemos estar preparados para as
oportunidades. RÁPIDO E
DEVAGAR: DUAS
FORMAS DE
PENSAR
Autor: Daniel Kahneman
A obra de Daniel Kahneman
procura mostrar as formas que
controlam a mente. O autor
tenta discutir a capacidade do
pensamento rápido, sua influência persuasiva nas decisões e
até onde se pode ou não confiar
nele. Durante a leitura, você
poderá entender melhor como
essas duas formas de pensar
funcionam e também como é
possível utilizá-las em decisões profissionais e pessoais.
THE HARD THING
ABOUT HARD
THINGS (A COISA
DIFÍCIL SOBRE AS
COISAS DIFÍCEIS)
Autor: Ben Horowitz
Muitos falam sobre as maravilhas de
se empreender, mas só a sinceridade
brutal de Ben Horowitz mostra as durezas de tocar um negócio. Ben é cofundador da Andreessen Horowitz e
super respeitado no Vale do Silício.
Para falar sobre “a coisa difícil sobre
as coisas difíceis”, ele se baseia em
sua própria experiência, tratando de
temas que vão desde saber o momento de vender sua empresa até demitir
um bom amigo.
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SCANIA VENDE PRIMEIROS
CAMINHÕES A ETANOL
A Scania vendeu à fabricante de produtos químicos Clareant
três caminhões P 270 4X2 movidos a etanol. Chamados de Ecotrucks, os veículos utilizam motor diesel de 8,9 l adaptados para
rodar com 95% de etanol e 5% de Master Batch 95, um aditivo
com propriedades antidetonantes e antioxidantes fabricado no
Brasil pela empresa química.
Os caminhões rodam dentro da Clariant carregando tanques
com 25 mil l. Eles atendem o Proconve P7 sem utilizar Arla 32
e emitem 91% a menos de gás carbônico (CO2) que os veículos
equivalentes movidos a diesel. A Clariant não informou os gastos
com o uso de diesel versus o etanol com aditivo, mas dados obtidos com a Scania demonstram que o desembolso com o combustível de origem vegetal e aditivado é bem superior ao com diesel.
CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO
DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS
RECEBE ADICIONAL DE
R$ 140 MILHÕES
O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou o aumento de R$ 140 milhões no valor destinado
ao crédito do Programa de Modernização da Frota de Tratores
Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) para a safra atual. A taxa de juros é de 7,5% ao ano.
Em comunicado, o secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar, disse que a decisão foi tomada por causa da grande procura dos produtores por essa linha de financiamento, usada para a compra de tratores, colheitadoras,
plantadoras, pulverizadores e semeadoras, por exemplo.
Os R$ 140 milhões serão remanejados de outros programas. Com
isso, o volume total de recursos do Moderfrota do Plano Agrícola
em vigor, passa a ser de R$ 4,85 bilhões.
APLICATIVO GRATUITO AJUDA NA
GESTÃO DE LAVOURAS
O SST Sirrus é um aplicativo gratuito voltado para a coleta e
gestão de informações do campo, ajudando o produtor rural a ter
maior controle sobre sua produção. De acordo com a empresa,
o aplicativo será capaz de coletar e reunir informações e fotos
sobre as condições da cultura, levantamentos de pragas, doenças,
plantas daninhas, entre outros.
Com ele também é possível registrar as aplicações realizadas ou fazer programações de defensivos agrícolas, aplicações
de fertilizantes ou outras operações. Para auxiliar o produtor na
programação de suas operações, o aplicativo ainda conta com
um módulo meteorológico que fornece as condições atuais do
tempo e previsões para os próximos dez dias.
“O Sirrus para iPhone chega ao mercado brasileiro em um
momento que, mais do que nunca, precisamos ter em nossas mãos
o controle sobre o que acontece nas lavouras, para tomar decisões
mais assertivas”, conta o engenheiro agrônomo Saulo Delgado,
diretor comercial da empresa para a América Latina. O aplicativo
já está disponível na App Store, a loja de aplicativos da Apple.
BIG DATA, GEOLOCALIZAÇÃO
E MOBILIDADE MELHORAM A
PRODUTIVIDADE NO CAMPO
O novo salto de produtividade agrícola nasce da inclusão de
todos os colaboradores na cadeia de produção. Essa é a premissa
do SmartFarm, solução da Nèscara que une Big Data, mobilidade, geolocalização, internet das coisas e ferramentas de gestão
para criar uma rede de colaboração capaz de aumentar o desempenho de culturas como a cana-de-açúcar.
Isso tudo ocorre em duas frentes: enquanto os gestores acessam a solução em nuvem, os funcionários utilizam aplicativos
para smartphone ou tablet durante a execução de suas tarefas.
Se, por um lado, os que vão ao campo já saem com uma ordem
de serviço pronta - o que reduz o tempo ocioso -, por outro, é
possível acompanhar em tempo real a movimentação das máquinas em mapas por meio de geolocalização, para ver se o plano
de trabalho é seguido à risca. “Mesmo quando entra em áreas
sem conexão à internet, o aplicativo salva os dados no dispositivo móvel e os transmite assim que a rede for restabelecida”,
conta Ralfo Nunes, sócio da Nèscara ao lado de Daniel Carmo
e Emilio Raia.
O dispositivo móvel que está fixado na máquina emite alertas online para o operador quando ele estiver trabalhando fora
da faixa definida nas melhores práticas. Com isso, é possível reduzir erros e aumentar o rendimento, além de diminuir o tempo
de parada por manutenção por mau uso do equipamento. Além
disso, as informações coletadas nessa etapa geram um gigantesco banco de dados, o Big Data, que é utilizado como fonte para
otimizar as práticas de gestão e planejamento.
“Como resultado, cruzamos informações para adequar planejamento, identificar falhas e gerar planos de ação imediatos.
Acredito que exista um potencial de redução de 10% a 20% sobre
as horas paradas gerenciáveis”, explica Nunes.
FENASUCRO&AGROCANA 2016
ESPERA MANTER MESMO VOLUME
DE NEGÓCIOS DE 2015
A 24ª edição da Fenasucro & Agrocana, que acontecerá nos
pavilhões do Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, SP,
entre os dias 23 e 26 de agosto, reunirão os líderes do mercado
e seus principais compradores vindos de todo o Brasil e de mais
de 40 outros países.
Este ano, a expectativa é chegar a uma geração de negócios
similar ao que foi registrado no último evento, ou seja, R$ 2,8
bilhões. De acordo com o gerente geral da feira, Paulo Montabone, o evento pode ser o marco para uma nova retomada do setor.
“Hoje a gente está bem otimista com a Fenasucro & Agrocana,
como sendo uma feira protagonista para uma nova conexão do
setor, uma nova era”, opina.
Ele ainda revela que uma das grandes expectativas dos organizadores, é fechar negócios com empresas estrangeiras. “O
que a gente espera, através de um trabalho com países que tem
vocação para a cana, é que eles tragam compradores para que
assim seja possível gerar negócios em dólar e euro”, finaliza.
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GUARANI BUSCA AMPLIAR VENDAS DE
AÇÚCAR NO VAREJO DO PAÍS
A Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA),
proprietária da Usina Vale do Tijuco, anunciou a aquisição da unidade produtora de etanol do grupo americano
Archer Daniels Midland (ADM), em Limeira do Oeste,
também na região do Triângulo Mineiro.
Na safra atual, a nova unidade será responsável
pela produção de 1,5 milhão de t de cana-de-açúcar e
120 milhões de l de etanol. Na safra 2015/16, o grupo
CMAA ocupou o quarto lugar em produção no setor
sucroenergético de Minas Gerais. Para a safra 2016/17,
a expectativa é alcançar a terceira colocação, com a
ampliação da moagem na unidade Vale do Tijuco, localizada em Uberaba, e as operações da unidade de
Limeira.
A expectativa é esmagar 1,5 milhão de t de cana
na atual safra, volume que nos próximos anos pode alcançar 2,5 milhões de t, caso os investimentos sejam
efetivados. Toda a produção é destinada ao mercado
interno. Atualmente, a unidade de Limeira emprega
cerca de 700 funcionários.
Enquanto a maior parte do setor sucroalcooleiro aposta suas fichas no
mercado externo por causa do câmbio favorável e da perspectiva de aumento
da demanda internacional, é o comércio varejista brasileiro que gera brilho
nos olhos da Tereos Guarani Açúcar e Etanol, controlada pelo grupo francês
Tereos. A companhia buscou repaginar sua marca Guarani, agora com nova
identidade visual, e criar uma campanha de marketing para se aproximar diretamente dos consumidores.
O varejo brasileiro representa hoje 13% da receita que a Tereos tem com
suas vendas de açúcar, uma participação ainda modesta frente os 50% que
representam as vendas para o mercado externo. Jacyr Costa, diretor-geral da
Tereos, prefere não estabelecer uma meta para as vendas ou para a participação
de mercado, mas demonstra otimismo com relação a um segmento que tem
poucos concorrentes com marcas já consolidadas, como a União, do Grupo
Camil. “Temos que ver qual aceitação a campanha vai ter e qual resultado terá
para direcionar os objetivos”, afirmou.
A aposta da Tereos, que consumiu R$ 500 mil em investimentos de marketing e publicidade, também levou à contratação de Gustavo Segantini, ex-Ambev, como gerente de produtos de varejo.
COSAN TEM LUCRO LÍQUIDO
PRO FORMA DE R$ 248,7
MILHÕES NO 1º TRIMESTRE
O Grupo Farias, um dos maiores do setor de açúcar e álcool da região
Nordeste, entrou em recuperação judicial com a autorização da Justiça da
cidade de Cortês, em Pernambuco. O conglomerado, dono de usinas em três
regiões do País, vai tentar renegociar dívidas que somam pelo menos R$ 900
milhões com bancos, trabalhadores e fornecedores. Ao todo, 14 empresas do
grupo entraram na recuperação judicial. Juntas, elas empregam 13 mil pessoas nas cidades de Cortês, em Pernambuco; Baía Formosa, no Rio Grande do
Norte; Anicuns, Itapuranga e Itapaci, em Goiás; e ainda na cidade paulista de
Rio das Pedras. A dívida com os trabalhadores é de cerca de R$ 7 milhões.
A dívida total a ser renegociada poderá superar R$ 1 bilhão, se considerados os juros dos financiamentos tomados pelas empresas do grupo. Os
dois maiores credores são os bancos Bradesco e Credit Suisse que, segundo
a lista de credores, teriam a receber R$ 532 milhões. A renegociação com os
dois bancos, que concentram mais da metade da dívida total, poderá selar o
destino da recuperação judicial do Grupo Farias. Isso porque os empréstimos foram concedidos com a garantia de terras, usinas e equipamentos que,
se forem tomados pelos bancos, inviabilizam a operação das empresas. Por
causa dessas garantias, na forma de alienação fiduciária, os dois bancos estão fora da recuperação judicial e negociam um plano separado do que será
apresentado ao restante dos credores. De qualquer forma, com a concessão
da recuperação judicial pela Justiça de Cortês, nenhum deles poderá cobrar
dívidas da empresa por um período de 180 dias.
Os advogados da empresa, liderados por Joel Thomaz Bastos, do escritório paulista de advocacia Dias Carneiro, alegaram no pedido de recuperação
judicial que as dificuldades financeiras da companhia não se deram por má
administração, mas sim por condições adversas da conjuntura econômica do
País e do setor de açúcar e álcool em particular.
A Cosan registrou lucro líquido pro forma de R$
248,7 milhões no primeiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 43,7 milhões de igual período de 2015.
Os números pro forma consideram a consolidação de
50% dos resultados da Raízen Combustíveis e Raízen
Energia. Conforme a Cosan, a melhora na linha final
do balanço reflete seu desempenho operacional. Em
igual comparação, a receita líquida cresceu 18,5%,
para R$ 11,79 bilhões.
O lucro antes de juros, impostos, depreciação e
amortização (Ebitda) cresceu 74,7%, a R$ 1,53 bilhão.
O Ebitda, ajustado para exclusão de eventos não recorrentes, avançou 14,7%, a R$ 1,16 bilhão. Segundo
a companhia, o Ebitda foi impactado pelos melhores
resultados da Raízen Energia, reflexo da estratégia de
carregar os estoques de açúcar e etanol para comercialização no final da safra a preços melhores, além da
antecipação do início da moagem da safra 2016/17 e
boa precificação do açúcar produzido. O investimento
da Cosan no trimestre somou R$ 599,3 milhões, queda
de 14,2%. A dívida líquida chegou a R$ 10,99 bilhões,
avanço de 4,6% na base anual. A alavancagem medida
pela relação dívida sobre Ebitda caiu a 2,1 vezes, ante
2,9 vezes um ano antes.
GRUPO FARIAS ENTRA EM
RECUPERAÇÃO JUDICIAL
47
Por dentro da Usina
CMAA ADQUIRE UNIDADE DA
AMERICANA ADM
executivo
Naturalidade
São Joaquim da Barra, SP
Idade
54 anos
Estado Civil
Casado e tem dois filhos
Cargo
Presidente do grupo TMA
Tracan
Hobbies
Trabalhar e criar gado
Filosofia de vida
“Acho que um dos
maiores valores do
homem está nas
amizades que ele
constrói. Sem deixar, é
claro, de ter honestidade
no seu negócio.”
48
Em pouco mais de 25 anos de trabalho
e dedicação, o executivo do mês ergueu um
grande grupo, hoje composto por sete unidades concessionárias Tracan, representante da
marca Case Ih, uma nova empresa, a TMA,
desenvolvedora e fabricante de implementos
e máquinas de alta tecnologia para o setor canavieiro, mais recentemente, adquiriu a Dria,
empresa do segmento de implementos agrícolas e, este ano, Artur Monassi, presidente
do Grupo TMA Tracan, com 51 anos, se prepara para inaugurar mais duas unidades de
concessionárias, prospectando ainda, em um
horizonte de três anos, a abertura de uma nova fábrica TMA na cidade de Ribeirão Preto,
SP, que não é sua terra natal, mas é a cidade
escolhida por ele para viver e fazer o que mais
gosta: trabalhar!
Tudo começou muito cedo. Aos 16 anos,
Artur entrava no mercado de trabalho como
vendedor de peças para caminhões. Depois
desta experiência, ele conta que trabalhou em
uma empresa de autopeças durante alguns
anos e ao completar 25 anos, em 1987, montou, junto com alguns amigos, uma empresa
– a Riber Cardans, voltada ao segmento de
peças e caminhões. “Foi ali que a minha trajetória começou dentro do universo de máquinas agrícolas. Na época, tínhamos uma concorrência muito grande nesta área de peças e
caminhões. Então decidimos desenvolver um
sistema de freio para tratores e, logo depois,
cabines para tratores, que na época quase não
existiam. Pensando nas operações em cana-de-açúcar, desenvolvemos o chamado Cabipartis,
o que nos aproximou ainda mais das grandes
montadoras”, relembra.
Artur conta que o primeiro contato com as
grandes empresas de máquinas agrícolas começou com a Valmet e Massey Ferguson, hoje
ambas do grupo AGCO. E depois veio a John
Deere e a Case IH. “Com a Case IH começamos a parceria adaptando os seus tratores importados para as operações em cana-de-açúcar
e isso fez crescer nosso relacionamento com a
montadora. Tanto que em 1997, culminou no
convite deles para sermos seu representante
na região de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde tivemos um tremendo sucesso. Dois
anos depois, em 1999, nos ofertaram as regiões
de São Paulo, mais precisamente com a Alta
Mogiana sendo a matriz em Ribeirão Preto.”
Depois de algum tempo, o executivo conta
que adquiriu uma empresa em Barretos, SP, onde foi aberta sua primeira filial. De Barretos, a
expansão seguiu para Araçatuba e, em 2007, a
empresa, chamada Riberminas, também concessionaria Case, foi aberta em Uberlândia.
Ainda em 2007, uma reorganização societária
fez com que todas as empresas concessionárias
da marca Case virassem Tracan.
“Viemos ao longo dos anos estudando para
abrir nossas filiais e em momentos muito difíceis, como este que estamos passando agora,
Ao lado da esposa Heloísa e dos filhos,
Jéssica e Artur, em sua criação de gado
da raça Senepol
mesmo que passageiro, a pujança da agricultura e pecuária é muito grande, então não tiramos o pé do acelerador. Tanto que estamos,
neste momento, inaugurando mais uma filial
no Triangulo Mineiro, em Ituiutaba, com um
investimento bastante expressivo.”
Todo este sucesso como concessionário se
dá pelo amplo conhecimento de Artur em máquinas agrícolas, conhecimento este, desenvolvido por meio das experiências que a vida lhe
proporcionou. Seu pai foi mecânico e, desde
criança, Artur o acompanhava nas usinas onde
ele dava assistências técnicas. Quando se tornou adolescente, o destino acabou o levando a
trabalhar em uma empresa de autopeças, onde
a cultura da cana era muito forte.
“É aí que vejo um ponto muito importante.
Muito além de obter conhecimento, construí
bons relacionamentos. E diria que um dos pilares para que chegássemos aonde chegamos,
foi o relacionamento e os amigos que construí
ao longo da minha carreira até hoje. Acho que
um dos maiores valores do homem está nas
amizades que ele constrói. Sem deixar, é claro,
de ter honestidade no seu negócio.”
DE REVENDEDOR
A FABRICANTE
Na época em que começava a expandir seus
negócios, Artur conta que o setor sucroalcooloeiro sinalizava um crescimento muito grande.
Diante deste cenário, ele enxergou uma oportunidade de desenvolver produtos com engenharia e tecnologias avançadas e voltadas para este segmento. Nascia a TMA. “Todos os
nossos produtos sempre nasceram por meio de
processos por cálculos e elementos finitos, o
que proporciona produtos muito diferenciados,
não só em volume, como em servicibilidade e
também em qualidade. O cliente que resolve
adquirir um produto TMA ou Dria com certeza
Artur: “Eu me sinto imensamente feliz todos os dias de
manhã quando acordo e vou para a empresa. Sempre tenho planos e coisas novas para fazer.”
estará recebendo um produto diferenciado”,
enfatiza o executivo.
Além de criar a TMA, em 2014, Artur
percebeu uma oportunidade de complementar o que já oferecia a seus clientes. Adquiriu
a Dria para oferecer implementos de menor
porte. Hoje, toda a linha de equipamentos
para recolhimento de palha Dria é finamizada e nacional. “A opção que nossos clientes
tinham era importar estes equipamentos, que
nos EUA e Europa trabalham de 150 a 200
h por ano. Em na cana, temos praticamente
sete meses de safra, muitas vezes de 18 a 20 h
por dia. Então tivemos uma dificuldade muito
grande para adaptar estes equipamentos de
feno e forragem para atuar no setor.”
ARTUR PECUARISTA
Nasceu mais como um hobby do que
qualquer outra coisa. Assim como o amor
que tem por máquinas agrícolas, Artur descobriu outra paixão: a pecuária. “Para vender máquinas você tem que ser muito forte
e persistente. E para lidar com esta área é a
mesma coisa. Começou como um hobby que
hoje envolve toda a minha família, filhos, esposa e genro. Comecei isso com tanto amor
que virou um negócio. Mas um negócio para
finais de semana, porque não tenho tempo de
me dedicar a isso durante a semana. Estamos
fazendo com amor e carinho e já começamos
a colher bons frutos”, revela.
Artur escolheu criar uma raça de gado de
corte que está se inserindo no Brasil, a Senepol, de alta resistência ao clima tropical.
“Esta raça vem apresentando excelentes resultados. O Nelore é um gado que faz a pecuária brasileira e o Senepol veio para se apoiar
nele. Acredito que os dois juntos fazem um
cruzamento industrial de alto nível. Usando o
mesmo sentido da TMA, de trazer lucros aos
clientes, pensamos o mesmo com a Senepol”,
afirma o empresário, agora também pecuarista.
MINHA VIDA É
TRABALHO
Só de ler um pouco sobre a sua trajetória já
dá para entender que o seu hobby é mesmo o
trabalho. Arthur conta que acorda cedo e procura fazer uma boa caminhada antes de ir para
o trabalho. Na TMA Tracan ele visita clientes
e procura manter um bom relacionamento com
seus fornecedores, com o qual ele diz ter uma
ótima parceria. “Para termos qualidade no que
fazemos, temos que estar muito próximos aos
nossos fornecedores, que participam de todos
os desenvolvimentos.”
A sua rotina é essa. Dedicar-se as empresas que ajudou a erguer. E ele está muito feliz. “Eu me sinto imensamente feliz todos os
dias de manhã quando acordo e vou para a
empresa. Sempre tenho planos e coisas novas
para fazer.”
Por trás de um homem de sucesso tem sempre novos sonhos. E é assim que Artur segue
a vida. Ele diz que tem sempre novos planos
e sonhos a serem realizados. Casado com Heloísa e pai de Jéssica, 27 e Artur, 24, o executivo se sente agradecido e diz que rege sua
vida através da transparência, da honra com
seus compromissos, empresa e sociedade, e
diz que procura fazer bem ao próximo, sempre
pensando em seus colaboradores, que hoje já
chegam a quase mil.
“Todos os dias você tem que olhar para
frente e medir os passos. Em épocas de instabilidade econômica e política, o risco é muito
alto. Tem que ter uma boa gestão, conhecer
muito bem o que faz e, para isso, temos uma
equipe muito boa e que nos assessora da melhor forma em cada uma das áreas em que atuamos”, finaliza.
49
OIA VÊ DÉFICIT GLOBAL DE
AÇÚCAR MENOR EM 2016/17
A Organização Internacional do Açúcar (OIA) estimou um
déficit global de açúcar para 2016/17 menor que na safra anterior, com a produção aumentando na Europa, Brasil e Tailândia.
O órgão com sede em Londres colocou o déficit em cerca de 3,8
milhões de t, em comparação com um déficit de 6,65 milhões
de t em 2015/16.
A previsão para 2016/17 também incorpora um aumento do
consumo e expectativas de novas reduções na produção do segundo maior produtor mundial, a Índia. Segundo a OIA em seu
mais recente relatório trimestral, pode ser também observado
que a próxima temporada deverá ver finalmente o desaparecimento de estoques acumulados durante as cinco temporadas de
excedentes globais de 2010/11 a 2014/15.
DEMITIDOS DA DEDINI FAZEM ATO
PARA COBRAR RESCISÕES
Funcionários demitidos da metalúrgica Dedini Indústria de
Base S/A, em Piracicaba, SP, realizaram um protesto para que
a Justiça Federal determine o pagamento de R$ 15,8 milhões,
obtidos com a venda de imóveis da empresa, para a rescisão dos
trabalhadores. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de
Piracicaba, o objetivo da manifestação foi cobrar agilidade da
Justiça Federal para que o órgão defina qual será a destinação
do valor da venda dos terrenos da empresa. A intenção dos funcionários é que os R$ 15,8 milhões sejam usados apenas para
as verbas rescisórias dos demitidos e não para pagar as dívidas
fiscais da companhia.
Ainda de acordo com o sindicato, a empresa demitiu 1,6 mil
funcionários nos últimos dois anos em Piracicaba e Sertãozinho.
Todos os trabalhadores estão sem receber os direitos trabalhistas.
A dívida total da Dedini, entre trabalhista e fiscal, é de aproximadamente R$ 32 milhões.
MÊS DE PERDAS PARA O SETOR
SUCROENERGÉTICO
A segunda quinzena do mês de maio foi de perdas para o setor. Morreu, aos 84 anos, Cícero Junqueira Franco, considerado
um dos pais do ProÁlcool. Ele estava internado desde o último
dia 23 de outubro, no Hospital Sírio Libanês, depois de ter sofrido
um acidente doméstico na sede de sua fazenda em Morro Agudo,
tendo fraturado a coluna cervical. Cícero Junqueira tinha 84 anos
e deixou quatro filhos, dentre eles o presidente da UDOP, Celso
Torquato Junqueira Franco.
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Na madrugada do dia 19 de maio, faleceu Felizardo Meneguetti, agricultor e um dos fundadores da Usina Santa Terezinha/
Usaçúcar, maior empresa de Maringá, SP, depois da Cocamar
e uma das 300 maiores do Brasil. Meneguetti tinha 91 anos e
há tempos padecia de vários problemas de saúde. Ele deixou
viúva dona Dolores, de 87 anos, e 10 dos 11 filhos que o casal
teve, entre eles o ex-vereador Sidney, atual presidente do Grupo Usaçúcar.
MINISTROS DEFENDEM A
PRORROGAÇÃO DO CAR
Os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, e do Meio Ambiente, Sarney Filho, se reuniram no
Ministério da Agricultura, para afinar os pontos em algumas
questões que envolvem as duas pastas.
Zequinha Sarney anunciou que pretende manter o texto da
medida provisória, com as alterações aprovadas pelo Congresso, prorrogando o prazo do Cadastro Ambiental Rural (CAR)
para todos os produtores, e não apenas para os pequenos. Essa
medida também é defendida pelo ministro Blairo Maggi. “Os
produtores não são contra o meio ambiente, mas aliados, já que
necessitam dele para produzir. Precisamos que as chuvas ocorram no tempo e na quantidade certa para garantir a lavoura. E
isso só conseguimos com a preservação do meio ambiente”,
disse o ministro da Agricultura.
Os ministros também discutiram a Proposta de Emenda à
Constituição (PEC) 65/2012, que visa a assegurar a continuidade
de obra pública após a concessão da licença ambiental. O texto
também estabelece que nenhuma obra poderá mais ser suspensa ou cancelada a partir da simples apresentação de um Estudo
Impacto Ambiental (EIA) pelo empreendedor.
DOW ANUNCIA NOVO EXECUTIVO
PARA USINA SANTA VITÓRIA
Alexandre Nicodemo foi promovido a gerente geral da Santa
Vitória Açúcar e Álcool e assume com o objetivo de ampliar a
performance financeira e de negócios, bem como, a excelência
operacional. Nicodemo era o líder em Manufatura de Sementes
da América do Norte da Dow AgroSciences e substituirá Eide
Garcia, que será o novo diretor de Vendas Brasil de Embalagens
& Plásticos de Especialidades.
Nicodemo ingressou na Dow Brasil em 2000 e em 2007
iniciou sua carreira internacional no Centro de Tecnologia da
Dow AgroSciences, assumindo papel de liderança nos Estados
Unidos e na Argentina.
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