Por dentro da Usina
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Por dentro da Usina
1 2 3 editorial Ricardo Pinto Dois amigos portugueses estavam a conversar num boteco. - Diga-me, Manoel, tua mulher faz sexo contigo por amor ou por interesse? - Olha Joaquim, acho que é por amor... Intrigado pelo ar de dúvida na resposta do colega, Joaquim continua: - E como é que você sabe? Manoel completa: - Porque ela não demonstra nenhum interesse! Infelizmente teremos que fazer uso da triste situação do nosso Manoel para apresentar o tema do interesse humano em fazer as coisas, ou melhor dizendo, da sua motivação. Ora, as empresas dependem das pessoas para dirigi-las, organizá-las, controlá-las e operá-las. Logicamente, quanto mais e melhor motivadas estiverem estas pessoas, melhor estarão suas empresas. A palavra motivação vem de motivo, em latim, que significa “o que move ou o que pode fazer mover”. Assim, podemos entender que a motivação humana é a força impulsionadora que nos leva persistentemente em direção a um objetivo. Três importantes teóricos estudaram nossa motivação: Abraham Maslow, Frederick Herzberg e David McClelland. Abraham Maslow, um psicólogo norte-americano, propôs que o ser humano possui uma escala de cinco ordens de necessidades: fisiológicas, de segurança, sociais, de estima e de autorrealização. A medida que uma pessoa satisfaz uma ordem desta escala, esta deixa de lhe ser motivante, passando a sê-lo o patamar seguinte de necessidades. Assim, segundo Maslow, as necessidades satisfeitas não mais têm a força motivacional das necessidades não satisfeitas. Trata-se de teoria bastante pertinente. Já Frederick Herzberg foi o autor da Teoria da Motivação Manutenção, cuja essência é que fatores intrínsecos ao trabalho (re- 4 lacionados ao seu conteúdo) motivam as pessoas, ao mesmo tempo em que fatores externos a ele (relacionados ao contexto do trabalho) apenas mantém ou aplacam os ânimos dos funcionários. Logo, para motivar empregados, deve-se dar ênfase à sua realização, ao reconhecimento de seus feitos, a dar-lhes mais responsabilidades e oportunidades de crescimento na empresa. Todavia, Herzberg crê que os fatores externos ao trabalho do funcionário, tais como ambiente organizacional, cultura da empresa, segurança etc são fatores de manutenção da satisfação, ou seja, se não existirem fica-se insatisfeito, mas não são motivacionais. São importantes para evitar a insatisfação no emprego, para proporcionar paz ao trabalhador, mas não necessariamente para gerar motivação. Mais recentemente, David McClelland, psicólogo de Harvard, mapeou psicologicamente diversas pessoas e identificou que todos nós nos enquadramos em três diferentes perfis de automotivação: motivação para realização, motivação para a afiliação e motivação para o poder e a influência. Estas forças motivadoras existem em todos nós, mas sempre uma delas é preponderante perante as demais, denotando um padrão comportamental que pode e deve ser administrado pelos líderes para o bem de suas empresas. Conclui-se da análise destas teorias que o bom administrador precisa conhecer a fundo os mecanismos motivacionais para poder adequada e eficazmente dirigir seus colaboradores. É extremamente simplista e errôneo considerar que apenas remuneração motiva as pessoas, como muita gente ainda acredita. E cada liderado é um caso singular de desejos, expectativas e motivações. Conhecer e trabalhar as reais motivações de cada elemento da equipe é um dos principais pontos que determina o sucesso que um líder e sua equipe alcançarão. índice “Vencedores nunca desistem e desistentes nunca ganham.” Vince Lombardi Especial “A nova cultura começa quando o trabalhador e o trabalho são tratados com respeito.” Máximo Gorky Fórum 16 O valor do ATR na safra 2016/17 salvará os fornecedores de cana? “A função da liderança é produzir mais líderes, não mais seguidores.” Ralph Nader Tecnologia agrícola 18 Manutenção de colhedoras: Entressafra X minirreformas 26 Nitrogênio em cana planta Tecnologia industrial 30 Desidratação de etanol: Qual é a melhor tecnologia? Conjuntura 36 Em tempos de crise, Agrishow consegue manter balanço positivo Gestão 39 Uso de ferramentas como o WhatsApp geram sobreavisos ou horas extras? “Um raciocínio lógico leva você de A a B. A imaginação leva você a qualquer lugar que você quiser.” Albert Einstein “O que não foi iniciado nunca será concluído.” Johann Wolfgang edição 180 Ano 15 Junho de 2016 Diretor Geral Ricardo Pinto [email protected] Redação Natália Cherubin [email protected] Editora Natália Cherubin Jornalista Responsável Mtb 61.149 [email protected] [email protected] (16) 3602-0900 Estagiário da Redação Alisson Henrique dos Santos [email protected] Diretora Financeira Patrícia Nogueira Díaz Alves [email protected] Diretores Egyno Trento Filho [email protected] Antonio Zatonni Afférri [email protected] Gerente Comercial Marlei Euripa [email protected] fone: (16) 99191-6824, 98127-0984, 3602-0900 Fotografia Mikeli Silva Rogério Pinto Projeto Gráfico Rogério Pinto fone: 11 5686-9044 [email protected] Auxiliar de Design Marcelo Machioni [email protected] Diagramação Fernando Almeida [email protected] Administração Camila Garbino [email protected] Filipe Custódio [email protected] Executivas de Contas Bruna Balducci [email protected] (16) 99142-6840 / 3602-0900 Departamento de Marketing Mikeli Silva [email protected] Larissa Sousa [email protected] (16) 3602-0900 RPAnews é lida mensalmente por aproximadamente 35.000 executivos, profissionais e empresários ligados à agroindústria da cana-de-açúcar do Brasil. CTP e Impressão Gráfica SilvaMarts ISSN 1679-5288 Siga-nos no Facebook: Facebook/RevistaRPAnews CONSELHO EDITORIAL Ailton Antônio Casagrande Alexandre Ismael Elias Antônio Carlos Fernandes Antônio Celso Cavalcanti Antônio Vicente Golfeto Celso Procknor Egyno Trento Filho Geraldo Majela de Andrade Silva Guilherme Menezes de Faria Henrique Vianna de Amorim João Carlos de Figueiredo Ferraz José Pessoa de Queiroz Bisneto José Velloso Dias Cardoso Leonardo Mina Viana Luiz Custódio da Cotta Martins Luiz Gustavo Junqueira Figueiredo Luiz Chaves Ximenes Filho Manoel Carlos Azevedo Ortolan Marcos Guimarães Landell Marco Antonio da Fonseca Viana Maurilio Biagi Filho Osvaldo Alonso Paulo Adalberto Zanetti Ricardo Pinto Rogério Antônio Pereira 6 Atualidades jurídicas 43 Fora do expediente 44 Dicas e novidades 46 Por dentro da usina 47 Executivo 48 Dropes 50 Da construção para o campo 7 livros que você precisa ler Empreendedor e apaixonado por máquinas agrícolas Assinatura anual (12 edições): R$ 170,00 - Número avulso: R$ 17,00. Para adquirir sua assinatura basta acessar nossa loja virtual em: www.revistarpanews.com.br ou enviar e-mail para: marketing@ revistarpanews.com.br. RPAnews não se responsabiliza pelos conceitos emitidos nos artigos assinados. Matérias não solicitadas, fotografias e artes não serão devolvidas. É autorizada a reprodução das matérias, desde que citada a fonte RPA Consultoria (16) 3237-4249 Revista RPAnews (16) 3602-0900 Rua Casemiro de Abreu, 950, Vila Seixas, Ribeirão Preto, SP, CEP 14020-193 www.revistarpanews.com.br 5 especial Parece até estranho ao passar por canaviais, observar máquinas que geralmente vemos trabalhando na construção civil operando no campo. Mas isto tem se tornado uma cena cada vez mais comum dentro do setor sucroenergético, que tem expandido o uso destas máquinas, da chamada linha amarela, tanto em operações de sistematização e preparo de solo, quanto na indústria, na movimentação do bagaço. E acredite. Após a mecanização da lavoura, elas têm tido papel fundamental e impactado diretamente nas operações agrícolas, umas vez que facilitam o trânsito de caminhões, tratores, implementos e outras máquinas agrícolas durante a safra. As “amarelas” atuam principalmente no processo de preparo de solo, nas operações de construção e manutenção de dispositivos para controle da erosão, como terraços, cacimbas, lombadas, 6 escoadouros de águas (como as vírgulas, sangras etc), nos demais processos de conservação de estradas e carreadores internos, e ainda, na movimentação de insumos agrícolas no campo. Na indústria, atuam na movimentação de bagaço e alimentação de caldeiras. O nivelamento do solo e as operações de terraceamento são extremamente importantes para a colheita mecanizada de cana-de-açúcar. Motoniveladoras, pás carregadoras, escavadeiras e retroescavadeiras são as responsáveis pelas operações de drenagem das áreas, construção de curvas de nível e abertura de valas e valetas. Além disso, tanto a retroescavadeira como as mi- nicarregadoras, os manipuladores telescópicos e as pás carregadoras, são bastante utilizados na manutenção das fazendas e manuseio de insumos da colheita e bagaço da cana. Segundo o gerente de marketing de produto da Case Construction, Carlos Eduardo França, com os equipamentos adequados é muito mais fácil padronizar o tamanho dos talhões, a largura dos carreadores, padronizar as áreas de carregamento e os modelos de curva de nível a serem adotados. “Quando as usinas começaram a expandir o uso da linha amarela mais sistematicamente, houve otimização do desempenho das máquinas agrícolas. Ou seja, quando se tem um nivelamento de solo bem feito, valetas e curvas de nível simétricas, obtém-se uma maior produtividade na operação das máquinas agrícolas. Isso faz com que as colhedoras consigam colher a cana de forma padronizada, deixando o toco sempre do mesmo tamanho.” MAIS EFICIÊNCIA NAS OPERAÇÕES AGRÍCOLAS De acordo com Antonio Zattoni Afférri, sócio e consultor da RPA Consultoria, a melhoria de estradas impacta diretamente na eficiência da operação de transporte de cana para a usina. “Há quatro variáveis que classificam a estrada: superfície, alinhamento horizontal, alinhamento vertical e largura. Nós da RPA usamos uma metodologia para avaliar se uma estrada possui características que proporcionam ao tipo de caminhão empregado no transporte de matéria-prima para a usina, seu melhor rendimento energético. Estas quatro variáveis juntas são classificadas, segundo esta metodologia, possibilitando a usina identificar qual a prioridade nas operações de conservação e manutenção das estradas que trariam maior rendimento energético dos caminhões disponíveis na frota de transporte de cana.” Em um exemplo teórico, é possível observar a variação negativa do rendimento energético de quatro tipos diferentes de composição para transporte (rodotrem, treminhão, biminhão (o Romeu e Julieta) e caminhão solteiro) em função do tipo de estrada, onde a variação de 1 a 15 corresponde a uma classificação obtida por meio de um levantamento de campo realizado De acordo com Afférri, a melhoria de estradas impacta diretamente na eficiência da operação de transporte de cana para a usina pela RPA e a qual permite diagnosticar as principais variáveis que necessitam serem modificadas para otimização do transporte (Figura 1). Ao observar na classificação de estradas (Figura 2) na qual existem três parâmetros: GH excelente, pista dupla, revestimento primário; GH boa, pista dupla, sem revestimento; ou GH média, pista simples e sem revestimentos, é possível notar que há uma redução na velocidade, neste caso considerando o uso de rodotrens, quando a estrada se encontra na categoria terciária. “Para entender melhor, pista dupla significa que nesta estrada é possível cruzar veículos, quando em sentido contrário, sem maiores dificuldades, com largura > =7 m e GH = geometria horizontal, ou seja, alinhamento horizontal (zig-zag). Pode-se depreender, observando as Figuras 1 e 2, que o rodotrem apresenta melhores resultados com estradas com classificação até 5, ficando os modelos intermediários sem alteração significativa até a classe 10, que seria uma estrada com GH, boa pista dupla e com revestimento primário. E acima desta classificação só o caminhão solteiro mantem um desempenho, do ponto de vista energético, significativo. Entende-se por fim que, quanto maior a velocidade de deslocamento obtida numa estrada, menos caminhões serão necessários para o transporte da cana do campo para a usina, possibilitando uma otimização do dimensionamento da frota”, salienta Afférri. Eduardo Neves, diretor de Operações da Biosev, afirma que as máquinas da linha amarela possuem uma versatilidade que permite agilidade na operação de campo com economia de tempo e combustível. Com a adoção desse sistema tem sido possível aperfeiçoar a construção das curvas de nível, devido ao uso de uma equipe de profissionais reduzida e menor tempo gasto para finalizar o projeto. “Todo o transporte de cana hoje é feito por meio de reboques e semirreboques que são tracionados por caminhões, o que faz com que a conservação das estradas contribua de forma relevante na disponibilidade destes equipamentos, na redução dos custos com peças e pneus, e no fluxo de entrega de cana na usina”, destaca Neves. Hoje estas máquinas fazem parte do cotidiano das operações no cultivo e processamento da cana-de-açúcar da Biosev. Sua utilização é vasta, passando por várias áreas do processo. Mas, segundo Neves, as principais utilizações acontecem na construção e conservação de estradas e carreadores, no carregamento e descarregamento de insumos (calcário, gesso, torta de filtro etc), na sistematização de áreas de plantio e construção de curvas de nível, e na construção e limpeza de canais. ADAPTAÇÕES Antigamente era comum que as usinas fizessem estas operações com tratores adaptados. Mas isso ficou no passado. Segundo Luiz Nitsch, diretor da Sigma Consultoria Automotiva e especialista em Motomecanização, pouquíssimas são as usinas que rodam com adaptações porque não compensa. “É muita manutenção e pouco rendimento. Os tratores agrícolas não são adequados para tais serviços. Por exemplo, antigamente tentou-se adaptar lâminas e caçambas em tratores agrícolas, todavia, o rendimento de tal configuração ficava muito aquém de uma carregadora articulada ou uma motoniveladora convencional. Uma tentativa recente pode ter seu nicho em usinas: trata-se de uma motoniveladora de pequeno porte, ótima para acerto de estradas, com dois eixos trativos, um dianteiro e outro traseiro, equipada ainda com levante hidráulico de três pontos. Assim, têm-se, numa mesma máquina, as características de um trator agrícola 4X4 e uma máquina industrial de pequeno porte. Pelo menos, acho bastante inteligente e prática esta configuração. Por outro lado, no caso exemplar da pá carregadora do bagaço na indústria, é 7 imprescindível que ela seja equipada com um sistema automático de limpeza de seus radiadores”, explica Nitsch. Ainda de acordo com ele, um trator agrícola adaptado dificilmente será equipado com os dispositivos presentes nas máquinas específicas para tais tarefas, gerando muitas paradas diárias para limpeza manual do radiador do motor. “O uso de máquinas específicas e a consequente melhora das operações, impactam de 8% a 16% no custo total da tonelada do CTT (Corte Transbordamento e Transporte). AMARELAS PARA O CAMPO As vendas de máquinas e equipamentos de construção para o segmento da agricultura nos últimos anos teve crescimento sig8 nificativo. As grandes fabricantes de equipamentos agrícolas e que também atuam no segmento de construção tem apostado na sinergia entre as duas áreas para alavancar as vendas. Isso é tão verdade que as marcas participam de grandes feiras agropecuárias com as duas linhas de produtos, facilitando a vida do produtor e empresário que precisa adquirir uma máquina de construção para operar na propriedade, além de tratores, plantadoras, colhedoras e implementos. De acordo com a Case Construction, as vendas desta linha para o agronegócio vêm crescendo a cada ano e representaram, até o final de 2015, cerca de 10% do volume total de vendas da marca. Diante desta realidade, novas fabricantes vêm não só entrando neste nicho de mercado, como também desenvolvendo algumas soluções específicas para o uso em usinas de cana-de-açúcar. A Case Construction foi pioneira no desenvolvimento de pás carregadoras em versão canavieira. O modelo 721E foi desenvolvido especialmente para movimentação e carregamento de bagaço de cana, para abastecimento das caldeiras e construção de curvas de nível. Elas possuem pré-filtro de ar ciclônico para o motor e ar condicionado, tela protetora no alternador e ventilador reversível - reduzindo o número de paradas e facilitando a limpeza. “Estes diferenciais aumentam a produtividade no carregamento de bagaço de cana, que é feito num ambiente com partículas suspensas e que podem causar obstrução de radiadores e filtros, causando até faíscas”, explica França. Quatro modelos foram adaptados ao 9 trabalho em usinas de cana, além da 721E, com motor de até 195 hp, os modelos 621D e W20E, que foram desenvolvidas para o mercado de fertilizantes, também têm os diferenciais da versão canavieira acrescidas de pintura especial para proteção contra ambientes corrosivos: eliminação das quinas vivas, tubos pintados em vez de bicromatizados, cabos elétricos com proteção de silicone e pintura mais espessa, à base de fosfato de zinco, para aumentar a proteção contra corrosão, o que confere durabilidade da máquina que trabalha em ambiente corrosivo, como no carregamento de fertilizantes. O modelo 821E é equipado com motor de maior potência, até 227 hp, e com a caçamba reforçada de 5 m³, o que confere, segundo França, maior produtividade na movimentação e carregamento de bagaço de cana. A motoniveladora 865B, muito usada para obras de infraestrutura em canaviais, construção de curvas de nível e escarificação do solo, vem equipada com motor turbo-alimentado de alto desempenho, com potência de 170 hp, lâmina de 3.962 mm (13’) e ripper traseiro. “As escavadeiras hidráulicas CX220B e CX160B também tem sido muito utilizadas em pequenas e 10 médias escavações, carregamento de materiais e terra.” A Retroescavadeira 580M 4X4, utilizada no plantio, no carregamento de materiais, na construção e manutenção de fazendas e usinas de cana-de-açúcar, vem com um motor com baixo consumo de combustível, variações de potência líquida entre 75 hp e 85 hp e peso operacional de 6.522 kg. Apesar de aparentar maior simplicidade em tecnologias embarcadas, se comparadas às máquinas agrícolas e as adicionais tecnologias de agricultura de precisão, a linha amarela também conta com o sistema de telemetria, o qual possibilita que se faça o monitoramento de todos os equipamentos e sua localização via satélite. “Temos também o sistema Machine Control que é o controle via satélite da lâmina das motoniveladoras e da caçamba da escavadeira, no qual o usuário determina qual o tipo de nivelamento quer fazer naquele terreno, qual inclinação, medida e etc, e a máquina faz tudo sozinha”, afirma França. Já as pás carregadoras, podem ser equipadas com sistema de High Control que, quando a máquina atinge 4 km/h, ativa automaticamente o sistema de amortecimento do braço para quando estiver trafegando em terrenos irregulares, não haver perda de matérias da caçamba. A John Deere é mais uma fabricante tradicional agrícola que enxergou na construção civil um nicho de mercado. Recém-entrada no mercado (em 2012), a empresa também começou focada na sinergia entre agrícola e civil, e apostou em desenvolvimentos pensando no mercado sucroenergético, um dos maiores consumidores deste tipo de máquina no agronegócio, segundo Luis Viegas, gerente de marketing de Produtos para John Deere Construction. A empresa oferece para o setor pás carregadoras, motoniveladoras e escavadeiras. Em produção no Brasil existem cinco modelos de pás carregadoras, sendo a menor delas o modelo 524K, que é inclusive a mais vendida para o setor agrícola por ser de menor porte. “Mas o modelo mais utilizado no mercado sucroalcooleiro é a 624K, também usada no manuseio de fertilizantes. “As máquinas John Deere possuem algumas condições que se adaptam muito melhor ao ambiente agrícola. Um exemplo dessa melhor adaptação é o sistema de refrigeração nas carregadoras. Na operação de carregamento de bagaço, que é realizada em um ambiente de muita fuligem, é preciso ter um sistema de arrefecimento muito eficiente para que radiadores não fiquem bloqueados constantemente exigindo muitas paradas. Na carregadora da John Deere nós usamos um sistema de radiadores adaptados para este tipo de operação, onde é possível operar em ambientes de alta densidade de fuligem de forma eficiente”, detalha Viegas. Além disso, a carregadora tem um sistema automático de reversão do ventilador do motor para que, em determinados períodos de tempo, o sistema reverta o sentido e expulse a sujeira que se acumulou, mantendo o radiador limpo por mais tempo. “As adaptações para uso agrícola são fundamentais. Se compararmos as máquinas que tem os radiadores em um sistema convencional, de sanduíche, essa máquina vai parar muito menos para manutenção e limpeza e se você acrescentar ainda um ventilador reversível, um pré-cleaner, que é um pré-filtro, tanto no ar condicionado da cabine quanto no ar do motor, isso também vai melhorar cada vez mais a eficiência”, complementa. Além das pás carregadoras, a marca 11 FINAME AGRÍCOLA A grande novidade para este mercado foram as condições especiais de financiamento, lançadas em março deste ano pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social). O banco liberou o uso do Finame Agrícola também para a compra de máquinas de construção, já que essas são muito utilizadas no agronegócio. As regras, de acordo com o gerente Nacional de Vendas da Case, Reinaldo Remião, determinam que o equipamento seja novo, com índice de nacionalização em valor e peso de, no mínimo 60%, e credenciado pelo BNDES. também fabrica retroescavadeiras, com a parte frontal equipada com caçamba para carregamento, e parte traseira com uma caçamba para escavação. Dessa forma, a máquina pode ser muito utilizada para abertura de valas, manutenção de estradas, canais de irrigação e carregamento e manuseio de materiais. As motoniveladoras também vêm embarcadas com tecnologias como o sistema de trava do diferencial automático, o que faz com que a máquina evite quebras de correntes por fazer curvas com o diferencial bloqueado. Com essa trava do diferencial automático, a máquina fica mais inteligente, evitando quebras e, consequentemente, paradas de operação. “Tanto as pás carregadoras, quanto as motoniveladoras vem com um monitor de diagnóstico muito completo, que dá ao usuário não só os códigos de falha com também uma descrição completa do problema e também possíveis soluções, o que facilita para que a máquina tenha o menor tempo de parada, propiciando manutenção rápida e maior produtividade”, enfatiza Viegas. Dentro do conceito de tecnologia inteligente, a John Deere tem pacote com soluções tecnológicas para otimizar os trabalhos, como o WorkSight, que abrange desde informações de utilização e códigos de falha, volumes carregados e pré-diagnósticos, até a interação remota com o equipamento. “Além deste pacote, temos o JDLink Machine Monitoring System, que é um sistema que fornece a localização da máquina, medidas de utilização e um rastreamento de manutenção por meio de um site de simples navegação, e o Service Advisor Remote Dealer Diagnostics – outra solução exclusiva 12 da John Deere que permite que o distribuidor se conecte automaticamente à máquina para visualizar diagnósticos de problemas e dados de performance. Se uma atualização de um software é necessária, o distribuidor pode fazer atualização à distância, o que reduz significativamente o tempo e o custo associados aos reparos de equipamentos”, adiciona. A New Holland Construction tem como protagonistas as retroescavadeiras e pás carregadoras, mas também oferece modelos de escavadeiras hidráulicas, manipuladores telescópicos e tratores de esteira. Segundo Marcos Rocha, gerente de marketing de Produto da New Holland Construction para a América Latina, a pá carregadora 12D tem mostrado elevado desempenho, baixo custo e facilidade de manutenção. Além disso, apresenta bons resultados em economia de combustível (devido à relação ideal entre peso e potência), mais força e capacidade de carga. O modelo também conta com ventilador reversível, que é incorporado ao radiador do equipamento para aplicação em locais com grande concentração de poeira e partículas em suspensão, como é o caso da indústria de cana. A inversão da hélice é acionada automaticamente a cada 20 minutos ou manualmente, por meio de um botão instalado no console, de forma a evitar paradas desnecessárias da máquina para a limpeza do radiador. Além disso, os modelos versão bagaço de cana deixam a linha de montagem com eixos dianteiros e traseiros reforçados (Heavy Duty), com sistema automático antipatinagem, reduções finais nos planetários e eixo traseiro com oscilação vertical. De acordo com Rocha, os dispositivos proporcionam maior tração no momento do carregamento, evitando também o desgaste acentuado dos pneus. “A maioria das operações com bagaço ocorre empurrando o material e carregando-o, o que resulta em esforços exacerbados nos eixos da carregadora. Por esse motivo, os eixos dianteiros e traseiros são extremamente robustos e dimensionados para absorver impactos”, explica. Tanto as pás carregadoras, quanto os tratores de esteira vem sendo muito utilizados pelo setor e tem proporcionado ganhos expressivos nas operações. Na operação de curvas de nível, em que se usam pás carregadoras, ele afirma que foram feitos alguns testes com o trator de esteira D140B, onde se obteve um incremento de produção em torno de 23%. “A boa performance se dá pela força de tração do trator e da sua maior capacidade de desagregar o material. O equipamento transmite a potência necessária para empurrar lâminas cheias, inclusive nas curvas, e os seus componentes reduzem o número de passagens necessárias para movimentar o material, melhorando a produtividade e reduzindo o custo operacional por metro cúbico”, afirma Rocha que adiciona que os modelos da companhia também vêm equipadas com o sistema de telemetria Machine Control. FOCADA EM BIOMASSA Pensando no Brasil como um dos sete países que mais investem em energia limpa e observando o universo sucroenergético como um nicho de mercado importante neste sentido, a JCB, fabricante de retroescavadeiras, escavadeiras de esteiras e pás carregadoras, tem apostado em diferentes aplicações para o seu manipulador telescópico, máquina na qual é líder mundial em vendas. De acordo com Michael Steenmeijer, gerente nacional de vendas da divisão agrícola da JCB, a produção sustentável de biomassa está em expansão e é um caminho sem volta. “Usinas localizadas em regiões como Centro-sul e Centro-Oeste vem investindo na produção de biomassa, onde já conseguimos comprovar que nossas máquinas atendem perfeitamente às demandas do setor, oferecendo uma solução eficiente e econômica na manipulação de materiais”. 13 Fonte: RPA Consultoria Steenmeijer afirma que a JCB é a única empresa que tem uma configuração agrícola para o manipulador, usados desde a movimentação dos fardos de palha de cana – empilhando e carregando os caminhões que vão do campo até a indústria, onde também realizam com alta eficiência e segurança o descarregamento – até a organização do pátio e alimentação dos fardos no triturador. “Como oferece maior altura de elevação e mais produtividade no deslocamento de materiais, o manipulador substitui de forma adequada outros equipamentos que atualmente são adaptados para utilização nas operações – como carregadeiras de cana, tratores acoplados com pás carregadoras – e que não são ideais para o trabalho desempenhado”, explica. Profissionalizar as operações foi justamente o que a Usina Ferrari buscou ao adquirir dois manipuladores telescópicos 541-70 da companhia, localizada em Porto Ferreira, SP, e que tem uma produção de 3 milhões de t de cana por ano. Edimilson Gomes Leal, gerente de manutenção da empresa, afirmou que é importante investir em máquinas mais eficientes para cada tipo de operação. Na usina, as máquinas são operadas na movimentação de fardos de palha de cana-de-açúcar. No campo, vão trabalhar no recolhimento e carregamento dos fardos, no empilhamento do material e abastecimento dos rodotrens, que realizam o transporte até os depósitos. CHINESA APOSTA NO MERCADO AGRÍCOLA Assim como na indústria automobilística, no mercado de máquinas de construção também tem crescido a participação de novos players da China. Este ano, durante a Agrishow 2016, a chinesa XCMG, lançou opções para aplicação agrícola e 14 florestal. A empresa inaugurou sua fábrica em Pouso Alegre, MG, em 2014, com capacidade anual de produção de 7 mil máquinas, entre caminhões guindaste, pás carregadoras, escavadeiras, motoniveladoras e rolos compactadores, todos com a possibilidade de aquisição através do Finame. Segundo Ednilson Kimura, diretor de Manufatura da XCMG, a empresa entra no mercado agrícola com a experiência no mercado chinês como seu principal diferencial. “As nossas máquinas são fabricadas com tecnologia XCMG, com alto nível de automação. Além de alguns implementos serem fabricados na China, a empresa também tem parceria com fabricantes nacionais de implementos, 53 revendedores e 16 redes concessionárias espalhadas pelo Brasil. Quando a gente fala em China, estamos falando de volumes de produção muito maioNeves: “a conservação das estradas contribui de forma relevante na disponibilidade, na redução dos custos de peças e pneus, e no fluxo de entrega de cana na usina” res, o que significa nível de automação também muito maior. Além disso, os nossos implementos que vem da China tem a característica de produtividade aliado ao baixíssimo custo, o que dá maior competitividade a marca no Brasil.” Para o mercado canavieiro a XCMG oferece modelos de pás carregadoras, já pensadas para uso deste segmento, com uma grande capacidade de movimentação e de estabilidade na pega do material. Os modelos LW300BR, LW400BR, e LW500BR contam com caixa de velocidades controlada eletronicamente e freio banhado a óleo, reduzindo consideravelmente o ruído, melhorando o conforto do operador e facilitando a manutenção. “Temos tecnologia exclusiva e de patente XCMG que aumenta a eficiência no transporte da cana sem que haja desperdício. Ela combina tecnologia e robustez”, Kimura. A empresa oferece também um modelo de retroescavadeira, a XT870BR, com altura de descarga de cerca de 3 m e força de levantamento de 66kN. “A retroescavadeira apresenta tecnologia alternativa de bomba dupla. Em operação de baixo fluxo de alta pressão, com cargas leves, ativando as duas bombas, permite uma economia de consumo e eficiência na operação”, comenta. Na linha de motoniveladoras, a empresa tem o modelo GR1803BR que é uma evolução da já existente GR180BR, utilizando agora motor adequado às novas regras de emissões MAR-I. Já as escavadeiras modelos XE150BR, XE240BR, e, XE370BR foram desenvolvidas baseadas nas atuais escavadeiras de 21 t, atentando-se as reais condições de trabalho no Brasil. “Os modelos são equipados com motor Cummins Brasil e tiveram as capacidades da caçamba adaptadas para as necessidades do mercado brasileiro”, diz. 15 fórum FATURAMENTO DO PRODUTOR PODE CRESCER “Sem dúvida! Estamos falando de uma correção de preços do ATR de pelo menos 17%. Além disso, a safra 2015/16 teve maior produtividade agrícola, de pelo menos 12%. A soma destes dois fatores poderá fazer o faturamento do fornecedor crescer mais de 30% na safra 2015/16 em relação à passada. Já a safra 2016/17 deverá ser mais uma safra de bons preços. Se os fornecedores de cana amargaram três safras de preços ruins do ATR, agora entram numa fase de vacas gordas, aliás, como eu já vinha dizendo faz mais de ano.” Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria MELHORA, MAS AINDA NÃO É O IDEAL “A crise pela qual o Brasil está passando interfere de diversas formas no nosso setor. A elevação das taxas de juros trouxeram um custo financeiro mais alto para o produtor. A alta do dólar interferiu nos custos de produção, que deram um salto significativo em relação à safra anterior. Por outro lado, a desvalorização do real aliada à alta do valor do açúcar nos mercados interno e externo, e o aumento do valor do etanol, trouxeram uma remuneração maior às usinas no final da safra 2015/16. E isso vai refletir nesta safra. Teremos um valor de ATR mais alto. Isso é muito importante para a atividade, visto que nas últimas safras o preço final da cana foi insuficiente para pagar os custos de produção. Mas ainda não é o ideal. Os custos de produção continuam altos e a produtividade por área precisa melhorar para que o produtor tenha mais renda.” Bruno Rangel Geraldo Martins, presidente da Socicana (Associação dos Fornecedores de Cana de Guariba) 16 INCERTEZAS DIANTE DO CENÁRIO BRASILEIRO “Claro que não. A economia brasileira está de arrasto e não sabemos o quanto isto pode afetar o setor. Muitas empresas que moem cana-de-açúcar, e é delas que dependemos, ainda encontram-se em dificuldades e com certeza não se equilibram somente na safra 2016/17. Os produtores também, muitos deles, encontram-se em situação semelhante. Depende de tantos fatores que fica quase impossível fazer projeções. Como sempre digo, é necessário muita cautela e equilíbrio para gerenciamento do negócio. Enquanto continuar esta crise política, que piora a econômica, continuaremos neste mundo de incertezas.” Ismael Perina, produtor de cana e presidente do Sindicato Rural de Jaboticabal PODE TRAZER ALÍVIO “O ATR de 2016/17 poderá contribuir para aliviar parte da dívida que fizemos nestes últimos quatro anos de preços ruins para o setor, consequência de uma politica governamental errada. Fazendo uma breve análise, vemos que necessitamos de mais alguns anos de preços compatíveis com o negócio para atingirmos o equilíbrio financeiro. Há necessidade de recuperar parte da idade do canavial, renovar a frota e fazer outros investimentos necessários para melhorarmos nosso trabalho na cultura da cana-de-açúcar.” SERÁ MELHOR “Será melhor e possibilitará àqueles que têm boa gestão e austeridade, abrirem distância em relação à média do setor.” Marcos Fava Neves, especialista em Planejamento e Gestão Estratégica de Empresas e professor da FEA-USP NÃO SERÁ SUFICIENTE PARA RECUPERAÇÃO “Há uma forte previsão de aumento nos valores do ATR para a safra 2016/17 que deverá recompor a margem do fornecedor, mas não acredito que será suficiente para recuperar os resultados negativos que tivemos nos últimos anos levando ao aumento do endividamento, redução de reformas e tratos culturais e tendo gerado uma queda significativa na produtividade.” Paulo Rodrigues, produtor de cana do Condomínio Santa Izabel MARGEM APÓS ANOS NEGATIVOS “Será melhor, sem dúvidas. Trará margem após três anos negativos. Não creio que salvará os que estão em grave risco de saúde, mas certamente dará condições para a saída da UTI. No entanto a maioria seguirá nesse hospital maluco chamado Brasil!” Luiz Carlos Corrêa Carvalho, da Canaplan Luiz Carlos Dalben, produtor de cana da Agrícola Rio Claro 17 tecnologia agrícola Algumas usinas tem optado por fazer manutenções preventivas e contínuas durante a safra, eliminando as reformas de entressafra, reduzindo custos e aumentando a disponibilidade mecânica Para alcançarem alto nível de desempenho operacional ao longo de uma safra, as colhedoras de cana devem ter o mínimo de indisponibilidade mecânica possível. No entanto, por trabalhar de modo intenso e em condições severas durante um longo período, estas máquinas sofrem grande desgaste em suas peças, fazendo-se necessária a realização de reformas durante a entressafra, o que acaba por sobrecarregar as oficinas e concentrar os gastos maiores em um só período do ano. Mas outra metodologia vem crescendo dentro das usinas (mesmo que de maneira ainda tímida) - a chamada minirreforma ou manutenção linear, que apesar de não ser algo novo, ainda gera dúvidas com relação a custos e sua aplicação. Segundo Antonio Zatoni Afférri, sócio e consultor da RPA Consultoria, o padrão de manutenção num passado recente preconizava a reforma de entressafra e a manutenção corretiva durante a safra, estratégia que evoluiu incluindo procedimentos de manutenção preventiva durante a safra, e, agora, racionalizando custos e possibilidades de contar com máquinas reservas que muitas usinas dispõem com a renovação natural da frota, passa-se a observar a manutenção preventiva contínua ou linear durante a safra, eliminando a reforma de entressafra e trazendo redução de custos e maior disponibilidade mecânica. Nitsch, diretor da Sigma consultoria automotiva e especialista em motomecanização, explica que na metodologia de manutenção linear, a qual ele afirma ter sido o criador há nove anos, uma porcentagem das máquinas ativas, normalmente 10% da frota, permanece na oficina, em boxes dedicados e com equipes de 18 manutenção permanentes (dois mecânicos, um eletricista, dois caldeireiros/soldadores e dois auxiliares) que executam a revisão completa das colhedoras no espaço temporal de 30 dias. Assim, em dez meses, todas as máquinas de uma frota de, por exemplo, 40 colhedoras, passarão pela manutenção de 30 dias, evitando o “congestionamento” de fim de safra, quando se tem de 90 a 120 dias para revisar todas as máquinas. “Neste caso, tudo fica difícil. Peças, mão de obra externa, espaço coberto para trabalhar etc. Daí a razão da linear ser mais adequada, apesar de exigir uma frota maior. Por exemplo, a usina X necessita 24 colhedoras para a colheita de sua safra, mas possui 27 unidades, ficando três delas permanentemente na oficina a cada mês do ano. Ao final de um ano, todas as colhedoras terão passado pela revisão geral num custo otimizado, pois é mais fácil e barato adquirir peças, componentes e serviços externos ao longo do período de safra e não após esta, quando todos querem as mesmas coisas ao mesmo tempo”, destaca. REDUÇÃO DE CUSTOS Quando a safra acaba e o plantio começa, o processo continua. Todo mês, três máquinas revisadas ajudam sobremaneira a manter a saúde média da frota. O custo pago pela aquisição das máquinas adicionais, de acordo com Nitsch, é diluído em 5,3 safras, conforme algumas poucas estatísticas feitas com as empresas do setor que já adotam a manutenção linear. “Como entre dezembro e fevereiro a demanda aumenta e, consequentemente, ocorre uma elevação dos preços dos produtos, com este sistema, as usinas brasi- MANUTENÇÃO PREVENTIVA ATRAVÉS DO TRATAMENTO DO ÓLEO DIESEL leiras conseguem negociar preços de peças durante o ano, o que acaba proporcionando uma economia de 24% a 35%. Além disso, não existe necessidade de contratação de mão de obra terceirizada para realizar as manutenções, já que o trabalho pode ser executado no decorrer dos 12 meses pela equipe fixa da área de manutenção automotiva da oficina”, salienta Nitsch. No entanto, é importante lembrar que a implantação da manutenção linear exige planejamento. Isto porque, as colhedoras, que são consideradas as visitantes da oficina, mais exigentes de atenção e cuidados, devem ser priorizadas. Os componentes que passam por manutenções dependem de alguns fatores como topografia dos canaviais, qualidade da sistematização, vida útil da colhedora, qualidade da operação, manutenção etc. Mas de modo geral, todos os componentes da parte industrial da colhedora, começando no corte de base, despontador e acabando no extrator secundário do elevador, são examinados, revisados ou substituídos. Segundo Nitsch, o sistema hidráulico/hidrostático é checado quanto às pressões e vazões de suas bombas de entrega variável ou fixa, bem como a resposta dos atuadores rotativos (motores hidráulicos) e lineares (cilindros hidráulicos). Caso haja alguma inconformidade, consertam-se, reformam-se ou substituem-se as unidades defeituosas. Outro ponto de atenção é o funcionamento perfeito do sistema elétrico da colhedora, onde centenas de metros de fios conectam interruptores, relês, contadores, solenóides, válvulas eletro-hidráulicas etc. Qualquer defeito na fiação elétrica, por menor que seja, altera a resposta do componente comandado pelo operador. Éder Marin, gerente Comercial da Unimil, empresa fabricante de soluções para mecanização, afirma que as minirreformas são uma tendência dentro do setor. “Para as usinas isso significa planejamento, pois enquanto uma parte das máquinas está na revisão, as demais estão trabalhando, o que pode gerar redução de custos na manutenção como um todo, uma vez que não precisarão ter grande estoque de peças de reposição in loco, além de otimizar a mão de obra e possibilitar um melhor aproveitamento da equipe de reforma e oficina. Para nós fornecedores de peças de reposição também é vantajoso, uma vez que nossa produção trabalhará de maneira linear, gerando demanda de produção de peças mais constante durante o ano safra. Atualmente, nossa fábrica trabalha dois turnos baseado em uma demanda de consumo de acordo com nossa previsão de vendas. Quanto ao atendimento dos nossos clientes, a empresa dispõe de horário comercial além de um horário diferenciado para plantão.” A USJ de Araras, SP, opera com 20 colhedoras titulares com idade média de 6,3 anos, com disponibilidade mecânica de 91% e duas colhedoras stand-by. No entanto, ainda realiza uma manutenção mais detalhada na entressafra aliada às manutenções corretivas e preventivas recomendadas pelo fabricante, e monitoramento. Durante a safra, segundo Humberto Carrara, diretor agroindustrial da USJ, faz-se o monitoramento de alguns componentes principais, como motor, através de análise de óleo e blue-by; sistemas hidráulicos, através de medições de pressão e vazão; e monitoramento de partículas, de forma que na entressafra a manutenção é dirigida, ou seja, abre-se ou troca-se os agregados que apresentem variações nos monitoramentos. “A USJ trabalha com diversos agregados de reserva (caixa de corte de base, bombas, motores hidráulicos, motores etc) de maneira a facilitar e agilizar as manutenções de campo. Então, só recolhemos a máquina titular quando o reparo da falha demora mais do que 12 horas. Neste caso, entra em operação a stand- Troca de filtros frequentes, perda de potência, alto consumo de combustível, paradas improdutivas de equipamento e desgaste precoce de bombas e injetores são alguns dos problemas causados pela mistura do biodiesel ao óleo diesel, que hoje atinge 7%, podendo chegar a até 20% em 2019. Apesar de ecologicamente viável, a mistura do biodiesel ao óleo diesel aumenta a concentração de água resultante da condensação dentro dos tanques de armazenagem, algo que pode ser extremamente nocivo ao sistema de alimentação de combustível dos equipamentos agrícolas, por não incorporar nenhuma propriedade de lubricidade e ser o habitat natural de micro-organismos vivos, tais como bactérias, fungos e leveduras, que se multiplicam no óleo diesel formando resíduos que originam a chamada borra, extremamente corrosiva, devido a sua composição , que, quando combinada com a água, produz o ácido sulfúrico (H2SO4), o maior corrosivo de metais. A contaminação por borra nos tanques de armazenamento e nos equipamentos é um fenômeno presente na maior parte das usinas, independente do sistema de filtragem usado. Todo sistema de filtragem que venha a ser utilizado, segundo Anderson Correia, engenheiro Químico da Ecofuel Soluções Tecnológicas, é de extrema eficácia, porém não há como resolver 100% do problema em função da água emulsionada no combustível, que não se consegue ser retida nos filtros. Antes da inclusão do biodiesel, o uso de aditivos no óleo diesel não era considerado necessário, mas diante dos problemas causados pela adição crescente do biodiesel e do consequente aumento de problemas e custos gerados, estes produtos têm se tornado uma ferramenta vital para a solução preventiva dos problemas derivados do biodiesel. A utilização de combustíveis de baixo conteúdo de enxofre como o S10, reduz as emissões prejudiciais a saúde, mas favorece a proliferação de bactérias, já que o enxofre atua como agente bactericida. Estes combustíveis também perdem substancialmente a capacidade de lubricidade que pode ser compensada com aditivos específicos. A Ecofuel, empresa voltada para a tecnologia em combustão, distribui há 16 anos, com exclusividade no Brasil, o melhorador de combustíveis Xp3, desenvolvido nos EUA com tecnologias de última geração para a solução de todos os problemas ocasionados pelo biodiesel, assim como para os baixos teores de enxofre. O uso de combustíveis com biodiesel e baixo teor de enxofre é hoje uma prática corrente nos EEUU e na Europa, onde o Xp3 é amplamente utilizado como coadjuvante essencial para a otimização do funcionamento de motores à diesel. “O Xp3, através de uma reação química, realiza um alinhamento de moléculas dispersando a água presente no diesel, tornando o combustível límpido e puro, evitando assim, a proliferação de bactérias e fungos”, explica Correia. 19 MÉTODO DE MANUTENÇÃO LINEAR Fonte: Luiz Nitsch – Sigma Consultoria Automotiva -by que tem sua disponibilidade controlada como se fosse titular.” Carrara afirma que não aplica as minirreformas, pois a estratégia da companhia durante a safra é devolver o equipamentos o mais rápido possível à operação, tipo pit stop de Fórmula 1. “Como possuímos estrutura de operadores mantenedores e estes entram na oficina durante a entressafra, nossa estrutura de mecânicos na base é muito reduzida durante a safra. Focamos mais em termos pronto atendimento com pessoal capacitado no campo e cremos que os números obtidos de disponibilidade, frente à idade avançada da frota, suportam a estratégia adotada”, revela. Ele ainda afirma que, muito além do método, uma regra básica para obter-se bons resultados econômicos é comprar bem, que muitas vezes está ligado a comprar fora do fluxo ou fora da época que todos compram. “Neste caso, a manutenção linear pode ser um coadjuvante interessante, porém com planejamento e histórico pode-se fazer uma programação e conseguir comprar fora do fluxo mesmo adotando uma manutenção focada na entressafra.” Para ele, o principal componente de custos é a estratégia de filosofia de manutenção, “melhor dizendo, é atuar e resolver a causa, pois assim estaremos eliminando o problema definitivamente. Termos no time um exímio mecânico trocador de mangueiras não é mais interessante do que um mecânico investigador que descobre porque a mangueira estoura. A formação básica de qualquer curso de capacitação de mecânicos é mais forte no quesito ‘como trocar’ do que no ‘porque quebrou’. Veja que a maioria dos mecânicos do mercado recebe participação na venda/desempenho da loja de peças e muitos tem seus desempenhos medidos em horas produtivas (apertando parafusos)/horas disponíveis (cartão de ponto). Importar esta filosofia para nosso meio pode ser um desastre. Percebe que nosso desempenho será tão melhor quanto menos o mecânico da frente trabalhar? Antagônico, não é?”, questiona Carrara. TECNOLOGIAS QUE AUMENTAM A DISPONIBILIDADE A fim de trazer aos usuários não só maior servicibilidade, ou 20 seja, maior facilidade nas trocas de peças, as grandes fabricantes de colhedoras de cana tem apostado também em possibilitar maior disponibilidade mecânica, um dos principais itens da confiabilidade. Marco Antonio Gobesso, gerente de marketing em Cana-de-açúcar da AGCO, afirma que diante da importância da maior disponibilidade das máquinas, as usinas têm pensado, cada vez mais, em planejar a manutenção a fim de reduzir o tempo de máquinas paradas. “Quanto adoção do sistema linear, a decisão é do usuário, mas em minha opinião, hoje é muito mais fácil fazer minirreformas por conta das ferramentas que temos para gerenciamento de operação, gerenciamento de manutenção e com todas as outras tecnologias embarcadas que facilitam as manutenções.” Ainda de acordo com ele, ao desenvolver a máquina BE1035 e diante dos inputs dos clientes, a AGCO conseguiu trazer uma máquina com maior disponibilidade, reduzindo os intervalos de manutenção. “Os itens que propiciaram isso foram às novas tecnologias dos motores a diesel, que resultam em menos paradas para limpeza e a telemetria, que permite que o produtor monitore em tempo real a saúde da máquina, fazendo com que seja possível um diagnóstico prévio.” As revisões em uma colhedora de cana ocorrem a cada 400-500 horas, então imagine que neste intervalo o produtor identifique que algum componente da máquina não está performando como deveria? Por exemplo, identifica-se que alguma máquina está com elevadas temperaturas no líquido de arrefecimento ou no sistema hidráulico. “Por meio da telemetria, a própria máquina avisa que não está bem. Sem a telemetria eu ia ter que esperar esse componente quebrar para poder arrumar. Com a telemetria aproveito aqueles intervalos já pré-determinados para fazer a correção destes itens. Antigamente isso não existia. A máquina parava e eu precisava desmontar para saber o que tinha ocorrido. Naquela época, a manutenção linear era um pouco perigosa, porque eu parava uma máquina pensando em ficar com ela parada por um período curto e acabava tendo uma surpresa. Agora, estas tecnologias me dão a certeza de que eu vou parar por aquele motivo e vou voltar com a máquina no campo em 21 Figura 1 – Comportamento médio da produtividade diária de colhedoras e da cana total processada por mês em relação ao melhor mês da safra de 83 usinas do Centro-Sul do Brasil ao longo da safra 2014/15 Obs: os meses de abril e novembro foram desconsiderados em função de não termos todas as usinas em safra neles Fonte: RPA Consultoria pouco tempo”, destaca Gobesso. Pensando também no aumento de disponibilidade das máquinas, a Case IH desenvolveu uma nova versão da colhedora A8800, que vem com peças mais robustas, resistentes e que possibilitam maior vida útil dos componentes. Os novos rolamentos dos rolos alimentadores tiveram uma redução de 83% no seu tempo de troca, de 15 horas para duas horas e meia. E a centralização dos pontos de lubrificação é outro diferencial que possibilita realizar a tarefa em 30 minutos (a cada 50 horas de colheita). Além das mudanças no aumento da disponibilidade mecânica, a marca investiu na redução de custos. O novo Sistema de Filtragem da Sucção de óleo hidráulico proporciona, de acordo com Fábio Balaban, especialista de marketing da Case Ih, aumento no intervalo de troca, de 250 para 1000 horas (redução de 46 filtros por safra para apenas seis filtros). Outra mudança significativa foi a nova vedação dos motores hidráulicos, que proporciona redução da frequência de troca dos retentores em até cinco vezes. O conjunto de alterações, como a nova mesa de giro e o novo filtro Blow-by também geram uma redução de custo que chega a 15%. “O que a gente entende como fabricantes é que as manutenções tem que ser realizadas conforme o manual do operador. Inclusive, desenvolvemos tecnologias para buscar o menor tempo de parada possível das colhedoras. Por uma questão até de complementar o ciclo de manutenção de uma colhedora, entendemos que a melhor proposta é uma sinergia entre as minirreformas e a parada para manutenção um pouco maior, mas estratégica”, explica Balaban. Ainda de acordo com ele, optar pelas minirreformas ao longo as safra podem trazer uma redução de até 15%, se comparado às 22 empresas que deixam para fazer tudo em um único momento. MANUTENÇÃO PARA ALTA DISPONIBILIDADE (MAD) Mas como evitar que a disponibilidade mecânica da frota caia significativamente no transcorrer dos 240 dias de safra? Afinal, esta queda de disponibilidade costuma implicar no menor processamento industrial de cana pelas indústrias no final da safra. Várias são as apostas que as equipes de manutenção automotiva das usinas vêm fazendo para resolver esta questão, como inspeções rotineiras dos equipamentos (check lists), equipes de socorro no campo 24 horas por dia, reforma de entressafra pesada, manutenção autônoma (ou operador manutenedor), manutenções preventivas (baseadas em planos recomendados pelos fabricantes ou em Confiabilidade), minirreformas na safra, manutenções preditivas orientadas por análise de óleos, estoques altos e caros de peças, e grandes equipes de compras com sistemas automáticos de cotação. No entanto, de acordo com Ricardo Pinto, sócio-diretor da RPA Consultoria, os resultados ainda se mostram pouco eficazes, principalmente após o mês de setembro. Um levantamento feito pela RPA Consultoria junto a 83 usinas da região Centro-Sul do Brasil na safra 2014/15 (Figura 1), mostra que quando a produtividade das colhedoras cai de forma mais significativa em setembro, a moagem mensal de cana das usinas cai junto. Em 2012, Banchi et al. publicaram um artigo na Revista Agrimotor (junho/2012) sob título “Análise de reforma de colhedoras de cana-de-açúcar”, no qual foram apresentadas as disponibilidades mês a mês de safra de 240 colhedoras de cana de esteiras ao longo de 5 anos (Figura 2). “Nota-se que há praticamente uma queda constante da disponibilidade das colhedoras a partir do primeiro mês de safra, ou seja, maio. Contudo, esta queda é suave entre maio e julho, passando a ser a mais impactante nos demais meses. Isso nos induz a dizer que os primeiros três meses após a reforma de entressafra costumam ter a disponibilidade mais alta da safra. Daí em diante, o efeito positivo da reforma vai diminuindo”, explica Ricardo. Outro ponto relevante a ser observado do comportamento de disponibilidade mecânica das colhedoras é que elas terminam a safra em novembro com 18,5% a menos da disponibilidade mecânica com a qual começam. Isso comprova a efetividade da reforma de entressafra na recomposição da disponibilidade mecânica perdida ao longo de sete meses de safra. Paralelamente, demonstra o fracasso de todas as estratégias e táticas adotadas nos últimos anos para mantermos a disponibilidade razoavelmente constante ao longo da safra. “Aliás, se fizermos um cruzamento entre moagem mensal das usinas obtido do levantamento da RPA Consultoria e mostrado na Figura 1 com a média mensal de disponibilidade das colhedoras de cana da Figura 2 chegaremos à Figura 3, que aponta que disponibilidades abaixo de 74% afetam drasticamente a entrega de cana nas usinas.” Assim, para se manter a moagem mensal das usinas de setembro em diante parecida com a dos meses anteriores, do ponto de vista da frota de CTT, há duas saídas, segundo Ricardo: entrar com equipamentos novos em setembro ou achar uma nova política de fazer manutenção. “A Manutenção para Alta Disponibilidade (MAD) é uma metodologia nova que se acha em testes em algumas usinas clientes da RPA Consultoria. Várias são as estratégias que compõem a Figura 2 – Comportamento médio da disponibilidade mecânica mensal de cinco safras (entre 2006/07 e 2011/12) de 240 colhedoras de esteira de oito usinas Fonte: Banchi et al., 2012, modificado por RPA Consultoria MAD, mas a finalização de sua estruturação somente foi possível a partir do momento que as usinas passaram a adotar nas frentes de colheita a jornada de trabalho em 2 turnos de 10 horas. Com isso, liberaram-se 4 horas diárias para as equipes de manutenção de campo cuidarem das colhedoras e veículos de transbordo vivos de cada frente de colheita sem guerrear com o pessoal do CTT, já que não há operadores nestes horários para fazerem os equipamentos trabalharem. Logo, o trabalho da manutenção nestas 4 horas é de oportunidade, não afetando a disponibilidade mecânica dos equipamentos da frente”, detalha Ricardo. 23 Figura 3 – Comportamento médio da disponibilidade mecânica mensal de cinco safras (2006/07 e 2011/12) de 240 colhedoras de esteira de oito usinas com a cana processada por mês em relação ao melhor mês da safra de 83 usinas do Centro-Sul do Brasil ao longo da safra 2014/2015 Fonte: RPA Consultoria (moagem mensal de cana); Banchi et al., 2012, modificado por RPA Consultoria (disponibilidade mecânica das colhedoras de cana) Desde 2013 que a RPA Consultoria debruçou-se no problema de manter as disponibilidades mecânicas estáveis ao longo da safra. Aproveitando-se da observação do sucesso, pelo menos parcial, de algumas técnicas e métodos, foi definida a MAD. Ela segue os seguintes princípios: 1) Abastecimento e lubrificação não contam como indisponibilidade: somente nas janelas sem operadores de uma frente que as colhedoras podem ser atendidas para abastecimento e lubrificação. Isso explica o porquê do sistema de 2 turnos de 10 horas usar duas janelas de 2 horas ao invés de um “janelão” de 4 horas; 2) Nas janelas os mecânicos das frentes atuam para manter os equipamentos vivos: nas janelas sem operador, o(s) mecânico(s) da frente deverá(ão) fazer as verificações com correções, as VC dos equipamentos “vivos” – ou seja, equipamento que sofria manutenção corretiva, quando entra um horário de janela da frente de 2 horas, aguarda pelas VC dos equipamentos vivos. Estas VC seguem um roteiro com tempo padrão. Assim, cada colhedora deverá ser atendida na sua VC da janela por 30 a 40 min por um mecânico; 3) Manutenção Preventiva organizada e sagrada é fundamental: serão criados os planos de revisão para os diferentes modelos de colhedoras e veículos de transbordo seguindo as recomendações dos fabricantes e/ou a análise de confiabilidade da equipe de manutenção da usina. Estes planos de manutenção preventiva (por exemplo, planos: revisão A semanal, revisão B a cada 3 semanas, revisão C a cada 6 semanas, revisão D a cada 18 semanas, e revisão E a cada 6 meses) devem ser realizados religiosamente em 24 datas pré-agendadas ao longo da safra para cada equipamento com duração média de 14 horas; 3) Inspeções rotineiras descobrem mais serviços para serem feitos nas revisões: cada equipamento deverá ser inspecionado rotineiramente, preferencialmente todo dia, seja por mecânicos, seja por operadores nas oportunidades do equipamento estar parado para não incorrer em indisponibilidade mecânica, de forma a compor os serviços adicionais que deverão ser realizados na próxima revisão que vencer. As informações destas inspeções (os problemas não corrigidos no campo) seguem para o departamento de PCM (Planejamento e Controle da Manutenção) da Frota, que irá planejar a próxima revisão do equipamento incluindo estes serviços; 4) Compras de peças e programação de mecânicos antes dos atendimentos das revisões: o departamento de PCM da frota terá como função planejar previamente o atendimento (funcionários e peças) de cada revisão para que o prazo não estoure do que foi definido (por exemplo 14 horas para Planos A, B, C e D, e 21 horas para Plano E) e para que também todas as peças necessárias ou potencialmente necessárias já estejam disponíveis quando o equipamento iniciar o atendimento. Neste caso, os serviços oriundos das inspeções (seguindo o conceito de manutenção com base no estado dos equipamentos) serão adicionados aos planos de revisão tendo de caber nos prazos estipulados; 5) Manter a disponibilidade mecânica das frentes de colheita no mínimo em 80% a safra toda: considerando que cada frente terá 4 horas sem operador, mas com roteiros previamente combinados para, neste horário, mecânicos fazerem VC para comboios atenderem abastecendo e lubrificando e também para os caminhões bombeiro lavarem os equipamentos. Se houver, no máximo, mais 2 horas por dia de manutenções corretivas (atendimento de quebras ou falhas) dentro das 20 horas de jornada, a usina terá atingido uma disponibilidade mecânica, nestas 20 horas, de 90%. Além disso, as revisões tomarão, em média, mais 14 horas por semana de cada colhedora. Assim, a disponibilidade final de 90% será reduzida para 80% considerando o tempo tomado pelas revisões. Assim, se antes a usina aproveitava, por exemplo, 14,5 horas trabalhadas de motor de suas colhedoras por dia nos meses iniciais da safra pós-reforma, poderá continuar aproveitando as mesmas 14,5 horas com a MAD, porém mantendo este patamar de horas trabalhadas constante até o final da safra. Ricardo afirma que estes princípios demonstram que a MAD está balisada pela adoção dos conceitos de minirreformas (ou manutenção linear), manutenção preventiva, manutenção centrada em confiabilidade, manutenção proativa e manutenção autônoma (ou operador manutenedor). “Só que todos os conceitos tiveram sua aplicação reorganizada em função da jornada de 2 turnos de 10 horas que vem sendo implantada nas usinas. Os resultados iniciais têm sido bastante promissores, inclusive com quadros reduzidos das equipes de manutenção. A experiência em implantação da MAD em algumas usinas tem nos mostrado que é muito importante considerar as possibilidades, expectativas e restrições de cada usina para se fazer o projeto de MAD mais adequado e factível a cada situação e empresa”, conclui. 25 tecnologia agrícola Neste trecho do artigo, o autor destaca como fazer os cálculos de N advindos da matéria orgânica do solo, fala sobre o parcelamento de aplicação em cana planta, bem como os efeitos residuais ocorridos na soqueira pós-aplicação em cana planta *José Luiz Ioriatti Demattê Assim como comentado no primeiro trecho do artigo, na década de 90, estudos comprovaram que parte do N aproveitado pela soqueira da cana (faixa de 60% a 65%), vem da mineralização da MO do solo. Assim, as respostas à adubação nitrogenada nas soqueiras são mais consistentes do que na cana planta devido, principalmente, aos seguintes motivos: no período maio a outubro, mais seco e quente (Brasil Central) ou frio e seco (região Piracicaba) ou frio e úmido (Ourinhos, MS), os microrganismos tendem a reduzir as atividades, decompondo o material orgânico da cultura anterior. Ou seja, não há mobilização do solo, há menor aeração e também não há incorporação de corretivos. QUANTIDADE DE NITROGÊNIO ADVINDO DA MO Se o clima, o teor de MO, a textura, e as práticas de manejo de um solo são conhecidos, é possível fazer uma estimativa aproximada da quantidade provável de N mineralizado a cada ano (Brady e Weil,2013). A Tabela 1 resume a quantidade anual de N oriundo da matéria orgânica em uma simulação feita nos solos da região canavieira de São Paulo em função da textura, do teor de matéria orgânica, da densidade e na profundidade de 0-40 cm. Foi considerado um aporte de N devido à reserva na muda, na faixa de 15 kg de N, e a quantidade total de N com o aporte da muda, que variou de 91 kg para solo arenoso a 108 kg para solo argiloso. Morelli et al. (1987) em solo com teor de argila variando de 12% a 20%, instalou diversos experimentos de plantio com doses crescentes de nitrogênio de 0 a 120 kg/ha e determinou a quantidade de N vinda da mineralização da MO, obtendo um valor de 135 kg. No entanto, não observou resposta significativa na t/ha de cana para as doses minerais de N aplicado em todos os experimentos. Em 2008, Franco, Trivelin e colaboradores, determinaram a quantidade de N nas diversas partes da cana usando 15N em experimento desenvolvido nas usinas Santa Adélia e São Luiz, ambas 26 em SP. Para o trabalho foi adicionado teores de nitrogênio na forma mineral de 0 a 120 kg/ha e observou-se a absorção de nitrogênio elevada, inclusive na dose zero com 152,5 kg de N, porém valor este não significativo entre as dosagens, assim como a produtividade agrícola em t/ha, que variou de 145 a 147 t/ha, indicando a não resposta ao N mineral na cana planta. O solo em questão apresentou os seguintes valores: teor de argila em 32%, densidade de 1,25g/cm3 e MO de 1,9% a 0-50 cm profundidade. O teor do nitrogênio advindo da MO foi de 142,5 kg/ ano (50x125x0/019x0/05x0/25x1000) acrescido da muda, ou seja, total de 158,4 kg de N, mais do que suficiente para a produtividade obtida. Note na Tabela 2 que o aumento de nitrogênio no solo devido ao fertilizante correspondeu a um aumento na quantidade de nitrogênio na planta (apesar de não ser significativo), porém não houve reflexo na produtividade. Na década de 90, a Copersucar (citado em Penatti 2013) testou a mineralização da MO do solo, mas como não conseguiu resultados animadores, infelizmente abandonou a pesquisa. Num trabalho pioneiro, Otto et al (2013) tem sugerido que a mineralização bruta da MO pode separar adequadamente os solos quanto a resposta ao nitrogênio, como altamente responsivo, (porém com teor de N menor do que a extração pela planta, o que incluiria os 19% do início deste artigo), moderadamente responsivo e não responsivo. Por enquanto, a resposta para esta questão encontra-se em fase de testes de campo e laboratório. PREPARO DE SOLO: INCORPORAÇAO DE RESTOS VEGETAIS E OUTRAS CULTURAS A MO do solo pode ser enriquecida, mas dificilmente aumentada, com restos das soqueiras, da palha de cana e de outras culturas como soja, amendoim, crotalaria, braquiária e milheto, aumentado a quantidade de N orgânico. Nestas condições, a cana dificilmente responderia a adubação com N mineral. Tem sido fato muito conhecido que em área de aplicação de vinhaça, que apresenta elevado teor de MO, o plantio tem sido realizado somente com fósforo. PARCELAMENTO DO NITROGÊNIO EM CANA PLANTA A ação da mineralização do nitrogênio da matéria orgânica do solo e, provavelmente, das bactérias fixadoras no plantio de cana influenciaram as respostas do nitrogênio como foi observado, variando de 0 a 60 kg/ ha. E seguramente tais fatores podem também influenciar no parcelamento. Os trabalhos relacionados a este tema são vários, (Penna et al.1987; Zillo, 1993; Orlando Filho e Rodela, 1996; Penatti e Donzelli 2000; Penatti, 2013), sendo que na maioria deles enfatiza-se que os resultados obtidos confirmam a ausência de resposta ao parcelamento de N, independentemente da textura, o que permite recomendar a aplicação do fertilizante em uma única operação. Penatti e Donzelli (2000), trabalhando com dez variedades de cana, procederam ao plantio 30 kg/ha de N e 45 kg de cobertura em solo argiloso na região de Ourinhos, SP, e de textura média na região de Araraquara. Num total, 75 kg/ha de nitrogênio não 27 obtiveram resposta ao parcelamento do N com médias de 137 t/ha com 30 kg de N no plantio e 142 t/ha na cobertura, em Ourinhos, e 131 t/ha no plantio e 132 t/ha na cobertura, na região de Araraquara. Trabalhando na região de Ribeirão Preto, em solo argiloso, os autores procederam aos mesmos tratamentos que os anteriores, 16 variedades e não obtiveram resposta ao parcelamento, com médias de 175 t/ha com 30 kg/ha de N no plantio e 173 t/ha com 45 kg na cobertura. Em outro trabalho clássico sobre o assunto, Penatti et al. (2001) instalaram dois experimentos em solo de textura média a arenosa (Usinas Catanduva e São Jose de Estiva), com 12 variedades e três formas de adubação em kg/ha: T1- 60-150-150 (N-P205-K20 aplicado no sulco); T2- 30-150-150 no sulco + 30 kg de N em cobertura; T3- 150 kg de P205 no sulco + 60-00-150 em cobertura. A média dos resultados indicou não haver diferença significativa para a produtividade da cana assim como da Pol% cana em função do sistema aplicado. A margem de contribuição agroindustrial (Tabela 3) foi semelhante para os tratamentos e, com isso, indicaram maior facilidade para a aplicação total dos nutrientes no sulco de plantio. Já em 2002, Penatti e Forti, trabalhando com dez variedades em solo argiloso, aplicaram teor de N no plantio em kg/ha de 0 a 90, assim como os parcelamentos de 30+30 kg/ha de N e observaram que não houve efeito significativo do parcelamento do N. Porém, houve efeito positivo nos teores de N no plantio de quatro variedades, enquanto nas outras seis não houve resposta (Tabela 4). Em 1997, Morelli et al., trabalhando em cinco grandes experimentos em solo de textura arenosa e com teor de argila na faixa de 12%, na região de Lenços Paulista, SP, com teor de N no plantio variando de 0 a 120 kg/ha, assim como procedendo as coberturas em doses crescentes de 40 a 120 kg/ha, não obtiveram respostas ao N no plantio assim como os parcelamentos de N (Tabela 5). Como se observa, a maioria dos experimentos e testes feitos em solos de ampla variação textural ao longo dos últimos 30 anos 28 mostraram que o parcelamento do N no plantio não traz respostas significativas. Eventualmente, se os interessados quiserem proceder ao plantio com MAP e, posteriormente, cobertura com NK (Nitrogênio e Potássio) nada impede, porém há necessidade de se verificar a relação custo/beneficio. EFEITO RESIDUAL DO NITROGÊNIO APLICADO EM CANA PLANTA NA SOQUEIRA De acordo com a Figura 1 (Franco et al.,2011) as soqueiras também podem ser influenciadas pelo teor de N contido na matéria orgânica do solo assim como nos rizomas, raízes e da palha do corte anterior. Neste aspecto, grande parte dos trabalhos pesquisados indicaram resposta ao N nas soqueiras devido ao N aplicado ou não na cana planta. Há casos onde não houve resposta desta aplicação (Faroni et al.,2008, 2010; Fortes, 2010; Trivelin et al.,2005). No caso das soqueiras sabe-se que da quantidade de N advinda do fertilizante apenas 35% a 40% são aproveitados pela cana e o restante do N vem da mineralização da MO (ou fixação biológica), promovendo assim a quantidade necessária para a soqueira. O restante do N fertilizante aplicado, no caso 60% a 65%, permanecem imobilizados na MO e seriam mineralizados na soqueira posterior, principalmente em função das boas precipitações de chuvas, como ocorreu na safra 2015 e vai ocorrer em 2016. De qualquer maneira, a aplicação do N fertilizante via soqueira em anos secos permanece imobilizado na MO do solo e não responde a adubação, podendo ser mineralizados posteriormente em condições adequadas de chuvas. Devido a tais motivos, as recomendações relacionadas a quantidade de N via fertilizante em soqueira de cana devem ser feitas em função da extração pela cultura, pois não há curva de resposta ou calibração para o N. Tentativas relacionadaos a obtenção de curvas de respostas são inconclusivas ao longo dos cortes devido à influência da MO do solo e das condições climáticas. Mesmo assim, as soqueiras de outubro a abril, período úmido e quente, podem ter sido beneficiadas pela mineralização e/ou fixação e, sendo assim, as aplicações de N podem ser revistas. Confira a terceira e última parte do artigo na próxima edição da RPAnews. *José Luiz Ioriatti Demattê é professor Titular e ex-chefe do Departamento de Solos e Nutrição de Plantas da ESALQ-USP (Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz” da Universidade de São Paulo) 29 tecnologia agrícola Os preços melhores do anidro podem fazer com que algumas unidades e destilarias optem pela desidratação do etanol hidratado em determinados períodos do ano. Diante disso, qual o melhor método para a anidrização? Ao que tudo indica, este ano, os valores do etanol anidro poderão se manter mais altos que os preços do hidratado. Os dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada da Esalq/USP) dos últimos cinco meses (dezembro, janeiro, fevereiro, março e abril) mostram que, até a semana do dia 20 de maio, o preço do anidro no Estado de São Paulo batia R$ 1,56, enquanto o hidratado R$ 1,41. No Estado de Goiás, o anidro custava R$ 1,55, contra R$ 1,26 do hidratado. E no Estado da Paraíba, os últimos valores coletados, referentes ao mês de abril, mostravam o hidratado a R$ 1,92, enquanto o anidro batia R$ 2,20. Com um cenário de preços melhores e mais remuneradores para o anidro, pelo menos por enquanto, é possível que muitas destilarias e usinas pensem em investir em tecnologias que as permitam realizar a anidrização, quando preciso, tornando a produção mais flexível e aproveitando as variações de mercado, permitindo maior retorno financeiro. Diante desta possibilidade, que tecnologia de desisdratação adotar? O 30 que existe no mercado e qual pode ser o investimento de maior retorno? Para a retirada da porcentagem de água presente no etanol hidratado existem no Brasil três processos disponíveis: - Destilação azeotrópica: método mais antigo que emprega normalmente um hidrocarboneto como agente desidratante. Inicialmente se utilizava benzeno mas, em função da proibição de seu uso, por se tratar de um composto carcinogênico, este agente foi substituído pelo cicloexano. - Adsorção via peneira molecular: Trata-se do único método não destilativo de desidratação. Este método emprega sólidos porosos, denominados zeólitos, os quais em função de sua estrutura porosa e grande área superficial são capazes de aprisionar as moléculas menores de água, purificando o etanol hidratado. - Destilação extrativa: Desidratação por MEG (Mono Etileno Glicol). A produção de etanol anidro em grande escala teve seu início após a Primeira Guerra Mundial, quando era 31 CICLOEXANO, PENEIRAS MOLECULARES E MEG Segundo Michelon e Secamilli, as peneiras trazem redução drástica no consumo de energia, baixo consumo de água de resfriamento e vapor, produção de etanol de alta qualidade (sem traços de desidratante), utilização do vapor vegetal (sobra do sistema) e aceitabilidade do etanol em qualquer parte do mundo, porque é ecologicamente mais correto. usado no preparo de explosivos e produtos farmacêuticos. Vários tipos de agentes desidratantes foram usados e até patenteados na Europa como, por exemplo, a cal virgem, em 1921, os sais de acetato e de potássio. No Brasil, surgiram muitas unidades pequenas (grandes naquela época) a partir de 1960, utilizando uma tecnologia patenteada por um francês chamado Mariller, que utilizava a glicerina como agente desidratante e que funcionava como um agente extrator que absorvia a água contida no etanol hidratado, separando-a e dando origem ao etanol anidro ou absoluto. O engenheiro e gerente de Processos, João Michelon e Dorival Augusto Secamilli, do departamento Comercial, ambos da NG Metalúrgica, explicam que o surgimento de novas tecnologias nesta área sempre tiveram como fundamento a redução de custos e resolução de alguns problemas, como periculosidade, dificuldade operacional, disponibilidade na natureza e, principalmente, redução de consumo de energia. Da glicerina o Brasil migrou para o benzol ou benzeno, um derivado do petróleo cuja tecnologia, patenteada em 1902 pelo químico inglês Sidnei Young, faz a separação da água por destilação azeotrópica. No entanto, na década de 80, foi reconhecido que o benzol tinha propriedades cancerígenas e seu uso na desidratação do etanol foi 32 proibido no Brasil e substituído por outro agente desidratante, chamado cicloexano, mais um derivado de petróleo que trabalha por destilação azeotrópica. Em 1992 surgiu a primeira planta de etanol anidro no Brasil via peneira molecular, tecnologia hoje mais utilizada para a produção de etanol anidro, segundo Michelon e Secamilli. “Ao longo dos anos essa tecnologia tem se difundido por razões econômicas, por ser uma tecnologia de primeira geração, ter baixo consumo energético e por não deixar traços de desidratante no etanol como os outros métodos.” No entanto, recentemente, por volta dos anos 2000, mais uma vez, por razões econômicas e redução de gastos com energia levaram ao surgimento de uma nova tecnologia, denominada destilação extrativa via MEG (Mono-etileno glicol), que retém a água na fase líquida e libera o etanol na fase vapor, mas que, apesar do relativo sucesso inicial, foi rejeitada pela concorrência no uso de vapor nobre de alta pressão, por problemas de corrosão de equipamentos e, principalmente, pela formação de produtos cancerígenos que, ao saírem do escapamento dos veículos, atingem a atmosfera e posteriormente os recursos hídricos, impedindo que este etanol produzido entre em países europeus, EUA e Japão. A técnica de desidratação azeotrópica é feita em coluna de desidratação, após a condensação, onde a mistura azeotrópica é separada em duas fases. A fase superior, mais rica em água, é enviada para outra coluna para recuperação do cicloexano, para que este possa ser reutilizado no processo desidratação. O cicloexano forma com o etanol e a água uma mistura ternária (azeótropos que possuem ponto de ebulição de 63°C, relativamente menor ao ponto de ebulição do etanol - 78°C, e por esse motivo é possível retirar água no topo da coluna). Já o etanol anidro é condensado na parte inferior da coluna de desidratação, seguindo para armazenamento (Figura 1). FIGURA 1 - COLUNA C DESIDRATAÇÃO AZEOTRÓPICA Tercio Marques Dalla Vecchia, engenheiro e CEO da Reunion Engenharia, explica que o método de desidratação azeotrópica utiliza a capacidade que determinadas substâncias têm de formar misturas - ditas azeotrópicas - cujo ponto de ebulição é menor do que o ponto de ebulição dos componentes puros. “É o caso da água (A), etanol (E) e cicloexano (C). Estas substâncias formam diferentes misturas azeotrópicas (A+E), (E+C), (A+E+C) ou ternário, esta última com o menor ponto de ebulição e, dependendo da proporção entre os componentes, é possível separar cada um deles por destilação. Por baixo da coluna sai o elemento ou a mistura com a maior temperatura de ebulição e, por cima, a mistura de menor temperatura de ebulição, ou 33 água, flui para o topo da coluna e pelo fundo da coluna flui o MEG e a água, que seguem para uma segunda coluna onde a água é separada do MEG, que retorna ao processo. AZEOTRÓPICA X ZEÓLITA As tecnologias mais utilizadas ainda são a cicloexano e as peneiras moleculares seja, o ternário. Assim, na coluna C há excesso de etanol que sai por baixo da coluna e a água presente no etanol acaba acompanhando o ternário pelo topo da coluna. O etanol sai sem água nem cicloexano.” Já a desidratação do etanol via peneira molecular ou zeólito, consiste na separação da água pelo fenômeno chamado adsorção, no qual, segundo Michelon e Secamilli, o etanol hidratado passa em forma de vapor no interior de dois vasos que contém os zeólitos (que tem formato esférico, consistência de alta dureza e cuja matéria-prima usada na fabricação é a sílica, encontrada na natureza), que apresentam no seu interior inúmeros poros infinitamente pequenos, visíveis somente em microscópios, e que agem como se fossem uma esponja, de forma que o diâmetro destes poros conseguem reter a água, mas não o etanol (a molécula de água é menor que a do etanol). O etanol então inicia o processo com 6,7% de umidade e sai com apenas 0,4%. O processo se inverte constantemente, sendo que cada ciclo, dependendo do grau GL do etanol na entrada e da capacidade de adsorção do zeólito, pode durar de 5 a 8 minutos. O terceiro método existente é o chamado MEG (Mono-etileno glicol), um processo de absorção da água realizado por uma substância cuja afinidade é maior com a água do que com o etanol. Neste caso, vaporiza-se o etanol hidratado (A+E) que sobe por uma coluna onde, em contracorrente, desce um fluxo de MEG, que absorve a água. O etanol, livre da 34 Hoje no Brasil existem destilarias que operam com cicloexano, MEG e peneiras moleculares. Mas segundo Dalla Vecchia, o mais utilizado ainda é o método azeotrópico de cicloexano, pelo simples motivo de que é uma tecnologia mais antiga. No entanto, 100% das destilarias mais novas já operam com peneiras moleculares. E as mais tradicionais, aos poucos, vêm substituindo os antigos processos pelo sistema zeólito porque as vantagens são maiores. Segundo Michelon e Secamilli, as peneiras trazem redução drástica no consumo de energia, baixo consumo de água de resfriamento e vapor, produção de etanol de alta qualidade (sem traços de desidratante), utilização do vapor vegetal (sobra do sistema) e aceitabilidade do etanol em qualquer parte do mundo, porque é ecologicamente correto. “Como se trata de uma unidade completamente independente da destilaria, o sistema de peneiras é bastante diferente do sistema de destilação e, eventualmente, pode se utilizar a coluna B ou a C, com algumas modificações, para funcionar como sistema de retificação da flegma da peneira molecular.” Trabalho realizado por Ana Paula Vieira da Silva Soraya Alencar, engenharia química do Centro de Tecnologia da Universidade Federal de Alagoas, em 2012, faz uma comparação dos sistemas de desidratações azeotrópica e zeólito. O estudo mostra que o consumo de vapor no sistema zeólito (peneira molecular) é cerca de 1/3 daquele necessário para a desidratação por cicloexano, ou seja, são necessários apenas 0,50 kg/l de vapor a baixa pressão (vapor de escape ou mesmo vapor vegetal) e 0,05 kg/l de vapor à pressão de 5 bar abs. (para o superaquecimento do etanol hidratado vaporizado). O consumo total é, portanto, de 0,55 kg/l, contra 1,5 a 1,6 kg/l no caso do cicloexano. Já o consumo de água de resfriamento é essencialmente o mesmo, quando comparado com o cicloexano, ou seja, cerca de 40 a 45 kg/l, dependendo da tempera- tura da água fria, e o consumo de energia elétrica é de cerca de 2 kW.h/l na planta propriamente dita. Mas deve-se acrescentar a este valor o consumo de energia necessária para a circulação da água de resfriamento, que varia de indústria para indústria. O consumo de ar comprimido para os sistemas de controle chega a quase 2,4 Nm³/L.h. O espaço físico necessário para uma planta com capacidade de 300 m³/d é de aproximadamente 8 m x 15 m e a planta fica normalmente ao tempo. Como o ciclo adsorção/regeneração é muito curto, de acordo com a pesquisadora, o sistema deve ser totalmente automático. Não há, portanto, a necessidade de operadores adicionais. Ana Paula destaca em sua pesquisa que um sistema de automação bem projetado e bem instalado é de fundamental importância para a boa operação da planta. O etanol fraco produzido pode retornar a uma coluna retificadora existente, embora neste caso deve-se levar em conta que isto representa uma adição em termos de capacidade desta coluna. Outra possibilidade é investir um pouco mais e prover a unidade de peneira molecular com uma pequena coluna retificadora que substitui o evaporador de etanol. Neste caso, sem nenhum consumo adicional de vapor, a unidade fica totalmente independente da necessidade de ser operada simultaneamente com outros aparelhos de destilação. A alternativa abre excelente opção de se operar a unidade durante todo o ano, viabilizando ainda mais o retorno do capital investido. No entanto, a pesquisadora alerta que neste caso, deve existir a disponibilidade de bagaço excedente e a possibilidade de se operar uma pequena caldeira durante a entressafra sem causar transtornos para a manutenção da usina ou destilaria. “Com a utilização da peneira molecular, não há o uso de qualquer insumo químico, obtendo-se um produto final sem traços de químicos, preservando assim a vida e o meio ambiente. Este etanol é especialmente indicado para aplicações mais exigentes, como o uso em indústrias farmacêuticas, químicas e de alimentação. Esta maior qualidade facilita sua destinação à exportação atendendo às exigências dos mercados americano, europeu e asiático. Existe redução de custo na produção de etanol anidro, devido ao menor consumo de vapor, cerca de 30% menos do que no processo azeotrópico, e da não utilização do benzol ou cicloexano. Esta redução no consumo de vapor permite uma maior produção de etanol ou açúcar e passa a viabilizar a produção de etanol anidro em algumas unidades industriais com capacidade limitante de caldeiras”, salienta a pesquisadora em pesquisa. Apesar do investimento inicial do sistema de peneira molecular ser maior quando comparado com a instalação de uma coluna desidratadora por cicloexano, o custo operacional da peneira molecular é mais baixo, segundo a pesquisadora. Estima-se um custo máximo de reposição do zeólito de R$ 0,65/ m³ de etanol produzido contra R$ 0,80/m³ no caso do cicloexano (adotando-se o consumo de 0,80 kg/m³ e preço de R$ 1,05/kg). Porém, o grande fator de economia pode estar ligado a grande redução do consumo de vapor e na possibilidade de se operar a planta durante todo o ano. “O custo é a principal questão das usi- De acordo com Dalla Vecchia, apesar do valor inicial de investimento do processo MEG ser menor, se a usina tiver condições financeiras, deve optar pelas peneiras moleculares nas e destilarias ao investir na tecnologia de peneiras moleculares. Pelas altas reduções energéticas, consumos menores de água e vapor, o investimento em peneira molecular é muito mais compensador em relação aos demais. Um sinal disso é que nos últimos anos, 100% das unidades de desidratação vendidas são peneiras moleculares. O pay-back é, em média, de um ano. É importante dizer que quanto maior a unidade, maior também é o pay-back”, afirmam os especialistas da NG Metalúrgica. “Hoje, o processo cicloexano praticamente não é mais comercializado. A opção entre o MEG e a peneira é muito dependente do custo inicial. No entanto, apesar do processo MEG exigir menores investimentos, se há disponibilidade financeira, a melhor opção é a peneira molecular. Acredito que as usinas devem ser flex para sempre terem a melhor opção que o mercado apresente em termos de preço, seja hidratado, anidro ou mesmo açúcar e energia”, conclui Dalla Vecchia. ü Otimizando Sua Produção ü Diminuindo Seus Custos Corte Sua Cana Mecanizada com Operação Simplificada corte de cana em duas linhas simultâneas · Frota Nova com Copiador de Solo · Operadores Treinados e Capacitados · Oferecemos Corte de Cana com Espaçamento EntreLinhas de 0,90 à 1,50m · Corte de Cana em Duas Linhas Simultâneas · Corte de Cana em Topografia com Até 25º · Carregamento com Carregadeiras Bell ou Convencional Trabalhamos em · Corte de Cana Crua ou Queimada Todo o Território Faça-nos uma Consulta e Saiba Mais: [email protected] Nacional (082)3271-1521 / (082)99102-8444 / (082)991028348 carregamento com carregadeiras bell ou convencional Escritório: Rua Visconde de Sinimbú, 59, Centro 35 São Miguel dos Campos - Al conjuntura Mesmo com um público menor do que dos anos anteriores, Agrishow superou as expectativas em volume de negócios, que foi 2% maior em 2016 Mesmo em meio a uma das maiores turbulências políticas e econômicas que o Brasil já enfrentou nos últimos anos, aconteceu, entre os dias 25 e 29 de abril, em Ribeirão Preto, SP, a 23º edição da Agrishow, uma das principais feiras agrícolas do Mundo. Ao observar os corredores da feira, pelo menos nos dois primeiros dias, era perceptível a redução no número de visitantes. Sinais da crise? Parece que não. Inclusive a Agrishow foi melhor do que 2015, com aumento de 2% no volume de vendas, movimentando R$ 1,950 bilhão em negócios. Este número supera em R$ 50 milhões o montante de vendas da edição 2014, quando o evento registrou queda histórica de 30%. No entanto, a organizadora da feira afirmou que contando os fechamentos dos bancos, bem como os negócios iniciados em Ribeirão Preto, mas finalizados nos próximos meses, a expectativa é que este valor seja um pouco maior. Para esta edição, os organizadores do evento fizeram investimentos em infraestrutura com o intuito de proporcionar aos visitantes ainda mais conforto. Foram asfaltadas mais duas avenidas e duas ruas, no total de 25 mil m, além de um novo sa36 nitário de alvenaria. Este ano, pela primeira vez, trenzinhos ficaram à disposição dos visitantes que quisessem dar um passeio pela feira. “Em ano de grandes desafios econômicos investimos, e esses recursos aplicados na Agrishow 2016 ressaltam o comprometimento dos organizadores com os expositores, os produtores rurais e toda a cadeia do agronegócio”, afirmou José Danghesi, diretor da feira. O número de visitantes, como foi observado, realmente caiu ante ao ano anterior. De 160 mil pessoas o público reduziu para 152 mil. No entanto, segundo as mais de 800 marcas expositoras nacionais e internacionais, o público que passou pelos estandes era altamente qualificado, composto sobretudo, por compradores e produtores rurais de pequeno, médio e grande portes do Brasil e do exterior. Para se ter uma ideia, já no primeiro dia de feira, as marcas presentes conseguiram realizar bons negócios. “Ficamos surpreendidos pelo volume de negócios no primeiro dia. Apesar do cenário econômico, estamos confiantes para encerrar o período com bons resultados”, afirmou Delmar Rugeri, diretor presidente da Mec-Rul, empresa com sede em Caxias do Sul, RS, que comercializou no primeiro dia da Agrishow, 46 máquinas. Entre os produtos vendidos pela empresa, 95% foram a enxada rotativa - item acoplado aos tratores para fazer a aragem da terra para o plantio. O preço do equipamento gira em torno de R$ 10 a R$ 15 mil reais, dependo do seu tamanho, que varia de um a cinco metros. Além da enxada rotativa, a empresa vendeu roçadeiras e valeteiras. A Sollus, que atua no segmento de cana-de-açúcar e grãos, também teve um bom primeiro dia de feira. Vendeu 10 máquinas, sendo cinco da linha Brazuka – carretas graneleiras. “Tivemos uma visitação acima da média no primeiro dia. Houve um volume de negócios grande em comparação com outros anos. Foi uma grande surpresa para nós”, explica Antonio Semmler, gerente comercial da Sollus. Outro destaque de vendas do primeiro dia do evento foi a Santa Izabel, que vendeu 25 máquinas de implementos agrícolas. Mirco Romagnoli, vice-presidente da Case IH na América Latina, também afirmou que mesmo no primeiro dia de feira, que costuma ser mais calmo, a empresa recebeu a visita de grandes clientes e havia boas perspectivas de negócios para marca, que espera um aumento de 10% na venda de colhedoras de cana para 2016. A 17ª Rodada Internacional de Negócios obteve um recorde de US$ 18 milhões de vendas, entre negócios fechados e futuros, com prospecções para os próximos 12 meses. Esse montante representa um incremento de 23% em comparação com a rodada de 2015. Também houve um recorde no número de empresas brasileiras inscritas. Foram 46 fabricantes brasileiros, o que exigiu que mais de 400 reuniões fossem agendadas com compradores vindos de países como Argélia, Canadá, Colômbia, Egito, EUA, Etiópia, México, Quênia, Tailândia, entre outros. CRÉDITO FACILITADO A decisão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) de ampliar em R$ 300 milhões o orçamento do Moderfrota (Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras) chegou em boa hora e ajudou no resultado da feira. De acordo com dados do BNDES, o valor total destinado ao programa para o Plano Safra 2015/16 passou para R$ 4,04 bilhões. O incremento, segundo análise dos técnicos do banco oficial, segue uma tendência de ampliação no ritmo de aquisição de máquinas e implementos. Do novo orçamento do Moderfrota, R$ 3,4 bilhões são destinados à micro, pequenos e médios produtores rurais, com receita operacional bruta (ROB) de até R$ 90 milhões por ano, com taxa de juros de 7,5% ao ano. Os R$ 640 milhões restantes foram destinados ao Moderfrota, a produtores rurais ou cooperativas agropecuárias com renda bruta anual acima de R$ 90 milhões e a taxa de juros de 9% ao ano. Alguns bancos como Santander Brasil ofereceram durante a feira R$ 850 milhões em crédito pré-aprovado, um volume de recursos 95% maior que os R$ 436 milhões captados pelo banco na edição de 2015 do evento. Durante a feira, todos os bens protocolados no Santander estavam isentos da taxa flat fee (percentual que incide sobre o valor total da compra) e podiam ser financiados com apenas 20% de entrada. “Vamos muito além do crédito rural, porque ele é limitado: tem um limite para o banco privado conceder e um valor teto por CPF para quem quer tomar. Diversificamos a nossa oferta para que não faltem recursos aos produtores”, afirmou o superintendente executivo de Agronegócios do Santander, Carlos Aguiar. O crédito rural representa 13% do total de empréstimos do Santander para a cadeia do agronegócio, com R$ 5 bilhões liberados em 2015. Os outros R$ 34 bilhões são financiamentos concedidos a partir de recursos livres. O QUE FOI NOVIDADE PARA O SETOR CANAVIEIRO A 23° Agrishow teve como foco principal manter os lucros de negócios gerados em 2015, mas nem por isso as empresas deixaram de trazer novidades. Pensando na otimização dos processos do setor sucroalcooleiro, a Casale lançou a CRC Biomassa, que foi desenvolvida para recolher e picar a palha da cana com velocidade. De acordo com a Casale, devido à elevada abrasão do material recolhido, as facas são temperadas e revestidas com carbeto de tungstênio, aumentando a vida útil do equipamento, reduzindo a necessidade de manutenção em curto prazo e tornando-as autoafiantes. A Adama, indústria do segmento agroquímico, mostrou seu portfólio completo para a cultura da cana-de-açúcar, mas a principal novidade da empresa foi o herbicida Premerlin, indicado para o controle de plantas daninhas em pré-emergência de cana. Já as grandes fabricantes de colhedoras de cana têm focado seus desenvolvimentos em soluções que tragam não só produtividade como também maior disponibilidade no campo, hoje um dos maiores desafios para as usinas. A Valtra trouxe como uma de suas grandes novidades na feira o Fuse Con- Umas das novidades para o segmento canavieiro foi a TMPB 6.500, o protótipo de uma transplantadora de MPB automatizada lançada pela TMA Tracan nected Services e Sistema de Telemetria da colhedora BE1035. O primeiro é um programa de acompanhamento de desempenho que permite ao produtor aumentar o rendimento e eficiência de suas máquinas. Já o segundo é uma espécie de complemento do Connected Services, e serve para monitorar em tempo real o desempenho das máquinas Valtra. Com quase 70 anos de tradição em soluções para o setor canavieiro, a Case IH levou o mais recente lançamento – a colhedora A8800, versão 2016 - projeto que traz a união de tecnologias que garantem o aumento da disponibilidade mecânica, gerando eficiência e maior produtividade. Peças mais robustas e resistentes possibilitam maior vida útil dos componentes e o novo sistema de iluminação auxilia os reparos noturnos, com um ponto de luz dedicado para a parte frontal do equipamento e um pendente, para utilização 360º. Já os novos rolamentos dos rolos alimentadores tiveram uma redução de 83% no seu tempo de troca, de 15 horas, para duas horas e meia. A centralização dos pontos de lubrificação é outro diferencial que possibilita realizar a tarefa em 30 minutos (a cada 50 horas de colheita). A John Deere, atenta ao cenário mais positivo para o setor canavieiro, levou 37 seus dois recentes lançamentos de colhedoras de cana: a CH570 e a CH670. Estas máquinas passaram por testes de produtividade no campo com o Núcleo de Ensaio de Máquinas e Pneus Agroflorestais da Unesp (Nempa), que mostrou uma redução de 13% no consumo de combustível da CH570, em comparação ao modelo anterior 3520, ambas nas mesmas condições. As colhedoras contam com o exclusivo sistema Econoflow, responsável por trazer melhorias nos mecanismos de alimentação, limpeza e hidráulico, a fim de garantir uma operação 8% mais eficiente, o que aumenta a capacidade de colheita e reduz o consumo de combustível. Primeira empresa a lançar uma plantadora automatizada, ainda em 2005, a TMA trouxe para a 23° edição da Agrishow, o protótipo da sua transplantadora de mudas pré-brotadas, a TMPB 6.500 que, segundo a companhia, é a única plantadora de MPB totalmente automatizada do mercado e que atende integralmente a legislação trabalhista. Outra novidade da empresa foram os dois modelos de trasbordos de alta capacidade – o VTT 5025 e o VTT 6030 – que visam otimizar o trabalho de carregamento no campo dos caminhões e facilitar o cumprimento da Lei da Balança, que passou o peso bruto total combinado (PBTC) do transporte de cana de 120 t para 74 t. Menos carga vai exigir mais viagens para o transporte da cana para usina, o que, segundo os especialistas, encarece em cerca de 25% os custos com logística. Esse é o grande diferencial dos novos modelos de transbordos de cana, que poderão lotar as caixas dos caminhões em menos operações. Quem marcou presença na Agrishow e também trouxe novidades foi a Ipanema que mostrou, pela primeira vez, a sua nova aeronave agrícola, a Ipanema 203, desenvolvida pela Embraer. “Diversas funcionalidades que anunciamos no ano passado agora já estão incorporadas à aeronave”, explica Alexandre Solis, diretor da Unidade da Embraer em Botucatu, onde o Ipanema é produzido. “O significativo aumento 38 de produtividade, o conforto superior para o piloto e o menor custo operacional do mercado oferecido pelo novo modelo têm atraído os olhares de novos clientes”. A Screw Indústria Metalmecânica S/A, líder na fabricação de Transportadores helicoidais, levou seu mais novo lançamento, uma nova opção em helicóides. Trata-se do transportador helicoidal calandrado, produzido a partir de tiras de aços de espessuras robustas. Além de desenvolver os helicóides laminados, produzidos a partir de sliters de bobinas, os quais tem baixo custo, porém limitação de espessuras, e também produzir os helicóides na modalidade passo a passo, que tem opção de espessuras variadas, porém com maior custo, agora a Screw disponibiliza a alternativa calambrada. Nesta opção, as peças são conformadas de maneira contínua, a partir de tiras, o que permite produzir peças sem emendas, com excelente acabamento, com espessuras uniformes, com redução significativa de desperdícios e de custos. Pode-se produzir, sob encomenda, peças em aço carbono em espessuras desde 10 mm a 25 mm, permitindo a produção de peças com diâmetro interno a partir de 250 mm. A Trimble, pioneira no segmento de Agricultura de Precisão no Brasil, esteve presente com as inovações que ajudam a transformar a operação comercial de fazendas com o aumento de produtividade, redução de custos e proteção dos recursos naturais. Tratando-se de conectividade, a empresa deu destaque ao seu monitor TMX2050, intuitivo, com tela touchscreen de alta definição e sistema Android que permite adicionar Apps específicos para o produtor. Outra novidade da Trimble é a tecnologia de manobra automática de cabeceira NextSwath, que calcula automaticamente e executa o melhor caminho possível para manobrar o veículo e entrar na próxima linha de trabalho com o implemento precisamente alinhado. Sua utilização permite maior eficiência e padronização de manobra, o que ajuda a melhorar a rentabilidade da lavoura e economizar no tempo e nos custos de combustível, além de prevenir danos à cultura e ao solo. Com o recurso “fique no limite”, fica mais fácil gerenciar a manobra do veículo e do implemento até os limites máximos da área, mesmo em áreas com formatos e limites irregulares. Como não poderia faltar, a empresa levou o modelo de Vant (Veículo Aéreo Não Tripulado) UX5. Projetado para ajudar os profissionais que necessitam de precisão e eficiência, o UX5 estabelece um novo padrão em cartografia e topografia através da combinação de um sistema robusto e de fácil manuseio, com uma câmera de alta resolução e precisão. Além disso, com autonomia de 50 min de voo a uma velocidade de 80 km/h, pode cobrir até 5 cm uma de área de até 250 ha por voo (dependendo das condições climáticas, plano de voo e tipo de área a ser trabalhada). Mas o grande destaque este ano foi o Sistema de Informação do Solo (SIS), tecnologia de análise de solo da Trimble, que utiliza sensores avançados de segmentação e de geoprocessamento para produzir informações de alta resolução. Ao proporcionar um maior entendimento das características físicas e químicas do solo, o SIS permite que agricultores implementem soluções mais específicas para cada ponto da área. Estas informações podem ser utilizadas para tomar decisões de irrigação, drenagem, fertilização, além de criar mapas de solo, visando maximizar o potencial do crescimento das plantas em cada ponto da propriedade. “A Trimble não desenvolve apenas produtos de agricultura de precisão, mas sim soluções que facilitam o trabalho em cada uma das etapas do ciclo agrícola, possibilitando a redução nos custos de produção e aumento de produtividade. Com elas, o produtor planeja e controla a quantidade exata de insumos necessários em uma área e também gerencia as diversas informações do dia a dia em tempo real e de forma remota”, afirma Guillermo Perez-Iturbe, diretor comercial para a América Latina da divisão de Agricultura. (Colaboração de Alisson Henrique) gestão Especialistas acreditam que para evitar problemas jurídicos tanto com empregados quanto com empregadores, a solução é definir diretrizes e regras que controlem o uso destas ferramentas dentro e fora das empresas Muito diferente de 20 anos atrás, conectarem a qualquer hora do dia, inclu- quando as empresas e seus funcionários sive via smartphones, com qualquer pes- O empregador precisa ter cuidado, por trabalhavam apenas com o auxílio de te- soa do mundo. Mas se por um lado a co- exemplo, ao acionar o empregado depois lefones e, muito raramente, computado- municação entre as pessoas e empresas do horário do expediente para resolver ati- res já conectados a internet, hoje existem melhorou com o uso destas ferramentas, vidades do trabalho. Isso porque é cada múltiplas plataformas de comunicação on- por outro, pode afetar seriamente as rela- vez mais corriqueiro o número de conde- line (Skype, Facebook Messenger, e-mail, ções de trabalho diante da falta de cautela nações de empresas em reclamações tra- WhatsApp) que permitem aos usuários se e do bom senso tanto do empregado quan- balhistas, nas quais o empregado exige to do empregador. horas extras, inclusive as de sobreaviso e utiliza como prova as conversas por meio do aplicativo WhatsApp e mídias sociais. Segundo Fábio Pereira, primeiramente é preciso diferenciar o que se entende por sobreaviso e por horas extras. Sobreaviso é o tempo que o empregado fica à disposição do empregador em sua casa aguardando ser chamado para o trabalho. Se o empregado estiver neste regime de plantão, quando o empregador usa estas ferramentas para controlar a escala de trabalho, o trabalhador já tem direito às horas de sobreaviso, independente de trabalhar ou de usar as ferramentas telefônicas ou informatizadas (celular, e-mail, Skype etc). Agora, se o empregado usar estas ferramentas em casa em prol da empresa, já não é considerado sobreaviso, mas sim de horas de trabalho efetivo. Realizado o trabalho, ele precisa ser remunerado. E quando isso ocorre fora do horário normal de expediente, mesmo à distância, 39 39 por determinação do empregador, temos à distância, usando destas ferramentas a chamadas horas extraordinárias. “Feitas tecnológicas; estas distinções, somente teremos presen- - eventual pedido de indenização por dano te o regime de sobreaviso se o emprega- existencial, quando o direito ao descanso do permanecer em regime de plantão ou do empregado é habitualmente desrespei- equivalente, aguardando a qualquer mo- tado pelo uso de tais ferramentas; mento o chamado para o serviço durante CONTROLAR É A SOLUÇÃO? o período de descanso. Ter em seu poder ou mesmo usar um celular ou ferramentas como WhatsApp e Skype por si só não Assim como outros especialistas, Rui caracteriza o regime de sobreaviso. E vale acredita que algumas diretrizes e normati- dizer. É necessário que o empregado esteja vas importantes devem ser tomadas a fim de sujeito ao plantão, controlado por algum melhor lidar com o uso destas ferramentas meio por seu patrão.” dentro e fora das empresas como: Beatriz Resende de Oliveira, consultora e palestrante de carreiras da Coerhência, também afirma que o uso dos recursos de comunicação por si só não caracterizam o regime de sobreaviso, se não configurada, entre as partes, a relação de trabalho onde o profissional, dentro de uma função es- Rui: “Deve-se ter, antes de tudo, comunicação e controle. A comunicação deve ser feita de forma correta e de forma que cheguem a todos os usuários as regras traçadas. O controle eficaz deve ser executado pelos gestores (superior hierárquico competente) com apoio do Recursos Humanos e do Jurídico, quando as regras forem feridas” 1) Não permitir que formem grupos de trabalho da empresa em fones particulares no WhatsApp; 2) Nos dias de folgas os fones celulares e rádios devem ficar na empresa; 3) Criar uma norma que proíba o uso dos celulares e rádios em horários de refeição, descanso e fora do horário de trabalho; pecífica, tenha acordado a obrigatoriedade de estar à disposição da empresa, mesmo procedente ações trabalhistas por eles 4) Não permitir acesso de e-mails da em- depois do horário do seu expediente nor- impetradas contra a empresa. Estes casos presa em computadores particulares (es- mal. Isto tem que estar acordado entre as ocorrem na escala hierárquica mais baixa, pecialmente em outlook); partes, documentado de alguma forma e aí ou seja, entre trabalhadores operacionais, 5) Criar normas de formação de grupos de se instala a contrapartida da empresa, que administrativos e técnicos que não exer- trabalho no WhatsApp de forma que par- é remunerar o profissional por essa dispo- cem cargo de confiança. ticipem apenas os empregados que são “Cargo de confiança não é passível de importantes num determinado processo “O importante é que fique claro sem- horas extras e outras questões que envol- ou atividade. Os que não têm participação pre, e não só nessa situação, desde a con- nibilidade dentro da sua função. vem o pessoal mais operacional. No en- não devem ser parte integrante do grupo; tratação e início do profissional na empre- tanto, cargo de confiança não é simples 6) Fazer monitoramento dos e-mails corpo- sa, que essa é uma condição exigida dentro de definir, visto que o cargo de confiança rativos não permitindo que sejam usados do cargo pleiteado. Informação clara e as- tem como principal fator a representati- de forma errônea e que e-mails particula- sertiva é importante em todas as situações. vidade da empresa, ou seja, o empregado res não façam parte do hardware de res- O simples fato de portar e uma ligação que exerce cargo de confiança tem que ter ponsabilidade do empregado. esporádica não caracteriza o sobreaviso. poderes para tanto, especialmente, sendo “Deve-se ter, antes de tudo, comunica- Tem de haver o caráter de disponibilidade procurador da empresa e respondendo em ção e controle. A comunicação deve ser feita para com o serviço e a consciência sobre nome dela perante a sociedade. A situação de forma correta e de forma que cheguem estar de prontidão para atender ao chama- é bem complexa”, afirma. a todos os usuários as regras traçadas. O do da empresa, estando isso pré-negocia- Pereira conta que os principais pedi- controle eficaz deve ser executado pelos do entre as partes”, complementa Beatriz. dos formulados por trabalhadores na Jus- gestores (superior hierárquico competen- tiça nestes tipos de situação são: te) com apoio do Recursos Humanos e do do Gerhai, afirma que existem diversos - sobreaviso por permanecer em casa, Jurídico, quando as regras forem feridas”, estudos jurídicos e decisões judiciais que mas em regime de plantão, aguardan- comprovam a disponibilidade do empre- do ser chamado para o trabalho, se ne- gado em horário de descanso e refeição, cessário; José Darciso Rui, diretor-executivo inclusive em dias de folgas, dando como 40 - horas extras pelo trabalho realizado afirma Rui. Jorge Ruivo, presidente da Wiabiliza Consultoria Empresarial, acredita que não há consenso sobre como melhor lidar com o MAU USO RENDE JUSTA CAUSA? uso destas aplicações voltadas à comunica- forma mais democrática ou flexível o ção. Para ele, com o aumento dos custos de uso desses recursos no âmbito do tra- comunicação, mensagens, telefonia o que balho. As que conseguem são empresas A massificação das ferramentas de in- as empresas têm buscado são formas de com culturas bem características, onde ternet tornou o assunto mais polêmico, re- reduzir custos e melhorar a comunicação. o elemento liberdade é um valor intrín- querendo das empresas, das áreas de RH e Neste sentido estes aplicativos caem como seco ou pertencente a uma essência di- dos envolvidos nas questões legais inerentes luva, pois toda a infraestrutura necessária ferenciada no formato de prestação de a ele, um maior senso de cautela, cuidado ao funcionamento já existe. A sensação é serviços. Ou uma empresa que conse- e prevenção. Tanto que empresas que cui- de rapidez na comunicação e, em muitos guiu achar uma solução que equilibrasse dam desse assunto com maior rigor, ado- casos, na tomada de decisão. necessidade versus espaços permitidos tam ações como termos de uso; bloqueio para o uso, sem crivo de tais recursos. dos recursos após o horário ou em fases de “É consenso que o uso de ferramentas como esta podem tanto trazer benefícios “Mas, reforço, na maioria das empre- férias dos colaboradores; ou mesmo treina- quanto a perda de produtividade. Diante sas isso ainda está nebuloso, sem regras, mento dos gestores e líderes para adoção de disto, tudo é questão de gestão, de entender com ações pontuais, ou com permissões posturas preventivas para evitar problemas. o processo, avaliar e buscar a melhor forma vigiadas ou no limite, com proibições Com o acesso, muitas vezes irrestrito, de monitorar. Este conceito se aplica ao uso explícitas. Tem-se como controlar tudo? pessoas acabam fazendo uso indiscrimi- destas ferramentas. Temos que ver a situa- Não. A solução está sempre no exem- nado dos recursos da empresa por conta ção positiva e não negativa, para extrair o plo, na conscientização e em formas de e não em situações ligadas aos assuntos melhor”, opina. permissão responsável, dentro do senti- da organização, como usar o celular da Beatriz explica que ao mesmo tempo do de autogestão e autorregulação como empresa para ligações particulares, usar em que o mundo, as relações, as comunica- postura valorizada na cultura interna”, o e-mail da empresa para assuntos pes- ções e os meios evoluem, a maturidade das conclui Beatriz. soais, falar de outros assuntos nos grupos pessoas para lidar com tudo isso se mostra ainda muito frágil, tanto que muitas empresas trabalham de forma incessante com campanhas e orientações internas sobre o uso adequado do recurso mais tradicional, que é o telefone celular. “Há um tempo, lutávamos para conscientizar as pessoas sobre o não abuso do uso de telefones fixos e e-mails (parece algo tão distante). E hoje com a facilidade do telefone móvel e outros recursos de comunicação interna, além do e-mail, a luta não só continuou, mas agora de forma mais intensificada e desgastante. As proibições parecem não fazer mais parte de um rol atual do que poderíamos chamar de ‘a evolução nas relações de trabalho ou autogestão profissional da sua carreira, imagem e empregabilidade’, mas, infelizmente, ainda não podemos abrir mão dessa sanção, o que é uma pena, pois as pessoas não têm demonstrado a maturidade profissional que esse novo papel ou código requer”, observa Beatriz. O resultado disso, segundo ela, são poucas empresas conseguindo administrar de 41 SOBREAVISO OU HORA EXTRA? Sobreaviso é o tempo que o empregado fica à disposição do empregador, em sua casa, aguardando ser chamado para o trabalho. Se o empregado estiver neste regime de plantão, quando o empregador usa estas ferramentas para controlar a escala de trabalho, o trabalhador já tem direito às horas de sobreaviso, independente de trabalhar ou de usar as ferramentas telefônicas ou informatizadas (celular, e-mail, Skype etc). Ter em seu poder ou mesmo usar um celular ou ferramentas como WhatsApp e Skype por si só não caracteriza o regime de sobreaviso. E vale dizer. É necessário que o empregado esteja sujeito ao plantão, controlado por algum meio por seu patrão. Horas extras é quando o empregado usa as ferramentas em casa em prol da empresa. Realizado o trabalho, ele precisa ser remunerado. E quando isso ocorre fora do horário normal de expediente, mesmo à distância, por determinação do empregador, temos as chamadas horas extraordinárias. de WhatsApp da empresa, entre outros. Mas será que isso também pode gerar demissões por justa causa? Pereira diz que varia muito de empresa para empresa. Se o empregador proíbe o acesso a redes sociais, o empregado pode ser penalizado. Mas a justa causa não pode ser aplicada imediatamente, salvo se o uso da internet for abusivo ou para fins ilegais (divulgação de pornografia infantil, por exemplo). O empregado precisa estar ciente das restrições e ser punido gradualmente (advertências e suspensões) até que se chegue na dispensa por justa causa. “Por outro lado, se não há regra interna proibindo o uso da internet e o acesso a redes sociais, não há como aplicar sanções ao empregado, salvo, como dito, uso para fins ilícitos ou indevidos, contrários ao sendo médio do homem comum. Em pessoa deve ser acionado e o caso tratado, todas estas situações, a empresa precisa em conjunto com a área de RH. se acautelar quando às provas da con- Para ela cada empresa tem um grau duta irregular de seu empregado, pois, de tolerância sobre esse assunto. Condu- se acionada, deverá demonstrar que agiu ção de demissões por justa causa, nesses conforme as regras estabelecidas ou que casos, é vista somente em casos mais ex- o empregado cometeu um ato ilícito. Para tremos, onde há uma comprovação de que isso, é válido o monitoramento das ati- o colaborador feriu de forma explícita e vidades, desde que os empregados sejam irresponsável a imagem da empresa, ou avisados previamente desta condição”, utilizou o recurso de forma desmedida ou adiciona Pereira. imoral. Imoral, quero explicar aqui, dentro O uso das redes sociais que levam das regras de permissão de acessos, pes- a marca da empresa e que possibilitam quisas, contatos, informações, exposição a participação de qualquer profissional que fujam do que profissionais em em- que queira dar opinião, manifestar algu- presas têm que se dedicar, no tempo que ma ideia ou posição, deve ser monitorada lá permanecem. por área responsável, assim como moni- “A aplicação de punições vai de acor- toram a participação de público externo do com cultura de cada empresa e dispo- em elogios, sugestões e queixas. E assim sição para realmente fazer uma mudança que identificada alguma situação que fuja que traga maior maturidade à posição de da ética esperada de um profissional, se- cada um no espaço profissional. E essa gundo Beatriz, o gestor responsável pela prática vai requerer que, antes de tudo, to- Segundo Ruivo, é consenso que o uso destas ferramentas podem tanto trazer benefícios quanto a perda de produtividade e, diante disto, tudo é questão de gestão, de entender o processo, avaliar e buscar a melhor forma de monitorar 42 Beatriz: “As proibições parecem não fazer mais parte de um rol atual do que poderíamos chamar de ‘a evolução nas relações de trabalho ou autogestão profissional da sua carreira, imagem e empregabilidade’, mas, infelizmente, ainda não podemos abrir mão dessa sanção, o que é uma pena” da a cadeia se responsabilize por dar certo. Acho esse um tema, embora seja atual e muito discutido nas empresas, tem que ser tratado de forma mais simples e direta.”, conclui Beatriz. Atualidades Jurídicas DIREITO DO TRABALHO TRANSFERÊNCIA DE TRABALHADOR COMO FORMA DE PUNIÇÃO É CONSIDERADA ILEGAL A Justiça do Trabalho considerou ilegal o ato de uma empresa que determinou a transferência de um trabalhador de uma filial para outra como forma de punição por baixo desempenho no trabalho. A decisão do juiz reconheceu a rescisão indireta do contrato de trabalho, com o pagamento das verbas rescisórias devidas, e ainda condenou o empregador ao pagamento de R$ 10 mil a título de danos morais. A decisão de primeira instância salientou que, mesmo que o contrato do autor da reclamação preveja a possibilidade de transferência para qualquer unidade do grupo empresarial, ficou provado que a transferência do vendedor deu-se como forma de punição por baixo desempenho. De acordo com o magistrado, não bastasse a prova de que a transferência tenha sido pretexto para punir o reclamante por sua baixa performance, o que, por si só, já justifica a rescisão contratual por abuso de poder, conforme preceitua o artigo 483, alínea b da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). O reclamante também formulou pedido de rescisão em função do decréscimo salarial sofrido a partir de quando foi transferido, uma vez que o volume de trabalho representou menores ganhos ao trabalhador. A empresa foi condenada a proceder ao registro de saída na carteira de trabalho, e a pagar aviso prévio, férias proporcionais, acrescidas de 1/3, décimo terceiro proporcional, depósitos de FGTS sobre todas as verbas ora deferidas e multa de 40% relativo a todo o período do vínculo empregatício. DIREITO CIVIL JUIZ CONSEGUIRÁ BLOQUEAR RECURSOS EM COOPERATIVAS A entrada das cooperativas no Bacen Jud foi oficializada por meio do Comunicado nº 29.096, de 11 de fevereiro, emitido pelo Banco Central. A partir de maio, as cerca de mil cooperativas de crédito no país passaram a receber ordens diretas para cumprir determinações judiciais, como ocorre com os bancos públicos e privados, o que pode elevar o volume de valores bloqueados. Os números do segmento mostram a importância da medida. As cooperativas de crédito fecharam o ano passado com R$8,4 milhões de associados e R$ 90,9 bilhões em depósitos, de acordo com relatório do Fundo Garantidor do Cooperativismo de Crédito (FGCOOP). Juntas, possuem aproximadamente 5,4 mil pontos de atendimento, superando quaisquer umas das tradicionais instituições financeiras do país. Com o fechamento desta porta, restaram poucas opções aos devedores para escapar da penhora online. Uma delas está no radar do Comitê Gestor do Bacen Jud: a movimentação de recursos por meio de filial. Hoje, os juízes precisam digitar o CNPJ da matriz e de cada uma das filiais para conseguir bloquear valores de uma empresa. A partir do início do próximo ano, porém, bastará inserir os oito primeiros números (raiz) do CNPJ para o sistema verifi- car o saldo de todas as contas bancárias do devedor. Uma outra mudança em estudo também poderá elevar o volume de recursos bloqueados. Atualmente, só é congelado o saldo do dia seguinte ao do pedido, ou seja, se entrarem recursos posteriormente, estes não serão alcançados. DIREITO TRIBUTÁRIO NÃO INCIDE PIS E COFINS SOBRE ATOS COOPERATIVOS TÍPICOS O Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu que não incide a contribuição destinada ao PIS e à Cofins sobre os atos cooperativos típicos. O STJ ainda acolheu o pedido de compensação dos valores indevidamente recolhidos, respeitado o prazo prescricional quinquenal após o trânsito em julgado. O tribunal ressaltou que o artigo 79 da Lei 5.764/71 preceitua que os atos cooperativos típicos são aqueles praticados entre as cooperativas e seus associados, entre estes e aquelas e pelas cooperativas entre si quando associadas, para a consecução dos objetivos sociais. E ainda, em seu parágrafo único, alerta que o ato cooperativo não implica operação de mercado nem contrato de compra e venda de produto ou mercadoria. Como a tese foi decidida em sede de julgamento de recurso repetitivo, esta decisão deverá orientar as demais instâncias da Justiça Federal em processos sobre o mesmo assunto. ALÍQUOTAS PROGRESSIVAS DE IMPOSTO DE RENDA SÓ VALERÃO A PARTIR DE JANEIRO DE 2017 Conforme Ato Declaratório Interpretativo (ADI), editado pela Receita Federal do Brasil, as alíquotas progressivas de Imposto de Renda sobre o ganho de capital previstas na Lei n° 13.259/2016, só valerão a partir de janeiro de 2017. O ganho de capital consiste na diferença entre o valor de alienação de bens ou direitos e o seu respectivo custo de aquisição, com tributação através do Imposto de Renda, mas com seu cálculo e pagamento feito separadamente dos demais rendimentos, não sendo compensável na Declaração de Ajuste Anual. De acordo com as disposições da Lei n° 13.259/2016, a alíquota do Imposto de Renda sobre o ganho de capital será progressiva, variando de 15% para os ganhos que não ultrapassarem R$ 5 milhões, passando para 17,5%, 20% ou 22,5%, conforme fatia do ganho de capital. No caso de venda parcelada, a Lei prevê que a partir da segunda parcela (desde que realizada até o fim do ano-calendário seguinte), o ganho de capital será somado ao ganho havido nas parcelas anteriores, evitando com isso o parcelamento da alienação para incidência de alíquotas menores. Entretanto, o ADI não esclarece como será feita a tributação das operações de compra e venda feitas neste ano com parcelas a vencer em 2017. Se as disposições do CTN forem aplicadas, a lei aplicável será a vigente na data do fato gerador, incidindo, assim, a alíquota de 15% às parcelas vincendas em 2017. 4343 Sobreviver ao mundo corporativo, muitas vezes, é mais difícil do que se imagina. Um bom executivo precisa estar sempre atualizado, principalmente diante de um universo cada vez mais competitivo e tecnológico. Hoje não é preciso, e sim necessário, reciclar conhecimentos e desvendar novas ferramentas. Muito além de cursos e graduações, uma boa maneira de estar atualizado sobre os assuntos que rodeiam o mundo corporativo é praticando a leitura, um ato de expansão da consciência, importante não somente para o executivo, mas para todas as pessoas que estão dispostas a mergulhar em novas realidades, aprimorar-se, aprender, reaprender e construir uma nova visão de mundo. Pensando na importância da leitura para os executivos, a revista RPAnews preparou no Fora do Expediente desta edição, uma lista com sete livros que todo executivo precisa ler. Para Djalma Teixeira, presidente da Riopaila Castilla, usina colombiana, estar atualizado faz toda a diferença para um executivo. E apesar das longas jornadas de trabalho, procura manter o equilíbrio entre o profissional e o pessoal fazendo o que mais gosta, a leitura “especificamente de livros com os quais eu possa, mais que passar momentos de lazer, aprender continuamente dos mais diversos assuntos”. Segundo Fabio Procópio, coaching e diretor de Redes da Brasil Transformação Organizacional, um profissional que se abre a novas possibilidades e que não fica preso somente à sua realidade, “possui a chance de inovar em atitudes, processos e na tomada de decisão a partir do momento em que questiona algumas verdades, redesenha processos e está em constante 44 mudança de seus mapas mentais e criativos para poder liderar, gerir e administrar pessoas e projetos com excelência.” “Um de meus hobbies é a leitura. Normalmente leio mais de um livro simultaneamente. Atualmente estou terminando uma releitura de ‘O Monge e o Executivo’, de James Hunter, e ‘Good Profit’, de Charles Koch, que é a 6ª pessoa mais rica do mundo. O livro conta a história do crescimento da Koch Industries baseado em um conceito de Market Based Management”, conta Teixeira. Procópio afirma que o executivo, antes de tudo, é um ser humano. E uma pessoa que possui o hábito da leitura, assim como o da escrita, está exercendo e colocando em prática a sua criatividade e a capacidade de abstração. “Por isso ele consegue enxergar problemas e situações de risco com novos ângulos e perspectivas - inovando, questionando e exercendo a atitude de quebrar paradigmas em prol da valorização do novo”, diz. A leitura é um hábito que se constrói durante a vida, e o interesse vem de diferentes motivações. Nunca é tarde para se criar um novo hábito, para se abrir ao novo e descobrir um novo mundo por meio de páginas de um livro. Mais importante do que o hábito, ter disciplina e a atenção é essencial quando uma pessoa se propõe a iniciar a leitura de um livro. “Hoje em dia você pode ler por meio de tablets, pelo livro tradicional e até mesmo ouvir audiobooks, portanto, o interesse deve partir da necessidade e curiosidade de desbravar novas maneiras de enxergar o mundo, o trabalho, as pessoas e as relações - o que já é um grande motivador, não é?”, conclui Procópio. (Colaboração de Alisson Henrique) TUDO OU NADA Autor: Malu Gaspar Tudo ou nada é um livro reportagem no qual a jornalista Malu Gaspar apresenta uma pesquisa profunda sobre o empresário Eike Batista. No livro há pessoas ligadas a ele que nunca antes haviam se pronunciado sobre sua ascensão e queda. A leitura desta obra é indispensável aos executivos, para que eles aprendam a não cometer os mesmos erros de Eike. DELIVERING HAPPINESS – SATISFAÇÃO GARANTIDA Autor:Tony Hsieh O livro conquistou o primeiro lugar da lista de melhores livros de negócios do jornal The New York Times. Na obra, o leitor encontra lições motivadoras que Tony Hsieh, presidente-executivo da loja de vestuário online Zappos, tirou de suas experiências como empreendedor ao longo da vida. Oferecer US$ 2 mil dólares para novos empregados pedirem demissão foi apenas uma das tantas práticas adotadas por ele. GERAÇÃO DE VALOR Autor: Flávio Augusto da Silva Neste livro, o autor Flávio Augusto da Silva, nascido em uma família simples da periferia do Rio de Janeiro, conta como se tornou um dos mais jovens bilionários do país. Augusto é o criador da rede de escolas de inglês Wise Up, uma das mais importantes do ramo no Brasil. SONHO GRANDE Autores: Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira Jorge Paulo Lemann, Marcel Telles e Beto Sicupira ergueram, em pouco mais de quatro décadas, o maior império da história do capitalismo brasileiro e ganharam uma grande projeção no cenário mundial. O livro é o relato detalhado dos bastidores da trajetória destes empresários. Desde a fundação do banco Garantia, nos anos 70, até a compra de empresas como Budweiser, Burger King e Heinz. O ACASO FAVORECE QUEM SE PREPARA Autor: Maílson da Nóbrega A publicação faz parte da coleção ‘O que a vida me ensinou’, da Editora Saraiva. No livro, o economista Maílson da Nóbrega conta como, vindo de uma família pobre do interior da Paraíba, teve de superar medos e obstáculos para chegar ao cargo de Ministro da Fazenda. A obra de Nobrega dá destaque ao fato de que sempre devemos estar preparados para as oportunidades. RÁPIDO E DEVAGAR: DUAS FORMAS DE PENSAR Autor: Daniel Kahneman A obra de Daniel Kahneman procura mostrar as formas que controlam a mente. O autor tenta discutir a capacidade do pensamento rápido, sua influência persuasiva nas decisões e até onde se pode ou não confiar nele. Durante a leitura, você poderá entender melhor como essas duas formas de pensar funcionam e também como é possível utilizá-las em decisões profissionais e pessoais. THE HARD THING ABOUT HARD THINGS (A COISA DIFÍCIL SOBRE AS COISAS DIFÍCEIS) Autor: Ben Horowitz Muitos falam sobre as maravilhas de se empreender, mas só a sinceridade brutal de Ben Horowitz mostra as durezas de tocar um negócio. Ben é cofundador da Andreessen Horowitz e super respeitado no Vale do Silício. Para falar sobre “a coisa difícil sobre as coisas difíceis”, ele se baseia em sua própria experiência, tratando de temas que vão desde saber o momento de vender sua empresa até demitir um bom amigo. 45 SCANIA VENDE PRIMEIROS CAMINHÕES A ETANOL A Scania vendeu à fabricante de produtos químicos Clareant três caminhões P 270 4X2 movidos a etanol. Chamados de Ecotrucks, os veículos utilizam motor diesel de 8,9 l adaptados para rodar com 95% de etanol e 5% de Master Batch 95, um aditivo com propriedades antidetonantes e antioxidantes fabricado no Brasil pela empresa química. Os caminhões rodam dentro da Clariant carregando tanques com 25 mil l. Eles atendem o Proconve P7 sem utilizar Arla 32 e emitem 91% a menos de gás carbônico (CO2) que os veículos equivalentes movidos a diesel. A Clariant não informou os gastos com o uso de diesel versus o etanol com aditivo, mas dados obtidos com a Scania demonstram que o desembolso com o combustível de origem vegetal e aditivado é bem superior ao com diesel. CRÉDITO PARA AQUISIÇÃO DE MÁQUINAS AGRÍCOLAS RECEBE ADICIONAL DE R$ 140 MILHÕES O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) autorizou o aumento de R$ 140 milhões no valor destinado ao crédito do Programa de Modernização da Frota de Tratores Agrícolas e Implementos Associados e Colheitadeiras (Moderfrota) para a safra atual. A taxa de juros é de 7,5% ao ano. Em comunicado, o secretário de Política Agrícola do Mapa, André Nassar, disse que a decisão foi tomada por causa da grande procura dos produtores por essa linha de financiamento, usada para a compra de tratores, colheitadoras, plantadoras, pulverizadores e semeadoras, por exemplo. Os R$ 140 milhões serão remanejados de outros programas. Com isso, o volume total de recursos do Moderfrota do Plano Agrícola em vigor, passa a ser de R$ 4,85 bilhões. APLICATIVO GRATUITO AJUDA NA GESTÃO DE LAVOURAS O SST Sirrus é um aplicativo gratuito voltado para a coleta e gestão de informações do campo, ajudando o produtor rural a ter maior controle sobre sua produção. De acordo com a empresa, o aplicativo será capaz de coletar e reunir informações e fotos sobre as condições da cultura, levantamentos de pragas, doenças, plantas daninhas, entre outros. Com ele também é possível registrar as aplicações realizadas ou fazer programações de defensivos agrícolas, aplicações de fertilizantes ou outras operações. Para auxiliar o produtor na programação de suas operações, o aplicativo ainda conta com um módulo meteorológico que fornece as condições atuais do tempo e previsões para os próximos dez dias. “O Sirrus para iPhone chega ao mercado brasileiro em um momento que, mais do que nunca, precisamos ter em nossas mãos o controle sobre o que acontece nas lavouras, para tomar decisões mais assertivas”, conta o engenheiro agrônomo Saulo Delgado, diretor comercial da empresa para a América Latina. O aplicativo já está disponível na App Store, a loja de aplicativos da Apple. BIG DATA, GEOLOCALIZAÇÃO E MOBILIDADE MELHORAM A PRODUTIVIDADE NO CAMPO O novo salto de produtividade agrícola nasce da inclusão de todos os colaboradores na cadeia de produção. Essa é a premissa do SmartFarm, solução da Nèscara que une Big Data, mobilidade, geolocalização, internet das coisas e ferramentas de gestão para criar uma rede de colaboração capaz de aumentar o desempenho de culturas como a cana-de-açúcar. Isso tudo ocorre em duas frentes: enquanto os gestores acessam a solução em nuvem, os funcionários utilizam aplicativos para smartphone ou tablet durante a execução de suas tarefas. Se, por um lado, os que vão ao campo já saem com uma ordem de serviço pronta - o que reduz o tempo ocioso -, por outro, é possível acompanhar em tempo real a movimentação das máquinas em mapas por meio de geolocalização, para ver se o plano de trabalho é seguido à risca. “Mesmo quando entra em áreas sem conexão à internet, o aplicativo salva os dados no dispositivo móvel e os transmite assim que a rede for restabelecida”, conta Ralfo Nunes, sócio da Nèscara ao lado de Daniel Carmo e Emilio Raia. O dispositivo móvel que está fixado na máquina emite alertas online para o operador quando ele estiver trabalhando fora da faixa definida nas melhores práticas. Com isso, é possível reduzir erros e aumentar o rendimento, além de diminuir o tempo de parada por manutenção por mau uso do equipamento. Além disso, as informações coletadas nessa etapa geram um gigantesco banco de dados, o Big Data, que é utilizado como fonte para otimizar as práticas de gestão e planejamento. “Como resultado, cruzamos informações para adequar planejamento, identificar falhas e gerar planos de ação imediatos. Acredito que exista um potencial de redução de 10% a 20% sobre as horas paradas gerenciáveis”, explica Nunes. FENASUCRO&AGROCANA 2016 ESPERA MANTER MESMO VOLUME DE NEGÓCIOS DE 2015 A 24ª edição da Fenasucro & Agrocana, que acontecerá nos pavilhões do Centro de Eventos Zanini, em Sertãozinho, SP, entre os dias 23 e 26 de agosto, reunirão os líderes do mercado e seus principais compradores vindos de todo o Brasil e de mais de 40 outros países. Este ano, a expectativa é chegar a uma geração de negócios similar ao que foi registrado no último evento, ou seja, R$ 2,8 bilhões. De acordo com o gerente geral da feira, Paulo Montabone, o evento pode ser o marco para uma nova retomada do setor. “Hoje a gente está bem otimista com a Fenasucro & Agrocana, como sendo uma feira protagonista para uma nova conexão do setor, uma nova era”, opina. Ele ainda revela que uma das grandes expectativas dos organizadores, é fechar negócios com empresas estrangeiras. “O que a gente espera, através de um trabalho com países que tem vocação para a cana, é que eles tragam compradores para que assim seja possível gerar negócios em dólar e euro”, finaliza. 46 GUARANI BUSCA AMPLIAR VENDAS DE AÇÚCAR NO VAREJO DO PAÍS A Companhia Mineira de Açúcar e Álcool (CMAA), proprietária da Usina Vale do Tijuco, anunciou a aquisição da unidade produtora de etanol do grupo americano Archer Daniels Midland (ADM), em Limeira do Oeste, também na região do Triângulo Mineiro. Na safra atual, a nova unidade será responsável pela produção de 1,5 milhão de t de cana-de-açúcar e 120 milhões de l de etanol. Na safra 2015/16, o grupo CMAA ocupou o quarto lugar em produção no setor sucroenergético de Minas Gerais. Para a safra 2016/17, a expectativa é alcançar a terceira colocação, com a ampliação da moagem na unidade Vale do Tijuco, localizada em Uberaba, e as operações da unidade de Limeira. A expectativa é esmagar 1,5 milhão de t de cana na atual safra, volume que nos próximos anos pode alcançar 2,5 milhões de t, caso os investimentos sejam efetivados. Toda a produção é destinada ao mercado interno. Atualmente, a unidade de Limeira emprega cerca de 700 funcionários. Enquanto a maior parte do setor sucroalcooleiro aposta suas fichas no mercado externo por causa do câmbio favorável e da perspectiva de aumento da demanda internacional, é o comércio varejista brasileiro que gera brilho nos olhos da Tereos Guarani Açúcar e Etanol, controlada pelo grupo francês Tereos. A companhia buscou repaginar sua marca Guarani, agora com nova identidade visual, e criar uma campanha de marketing para se aproximar diretamente dos consumidores. O varejo brasileiro representa hoje 13% da receita que a Tereos tem com suas vendas de açúcar, uma participação ainda modesta frente os 50% que representam as vendas para o mercado externo. Jacyr Costa, diretor-geral da Tereos, prefere não estabelecer uma meta para as vendas ou para a participação de mercado, mas demonstra otimismo com relação a um segmento que tem poucos concorrentes com marcas já consolidadas, como a União, do Grupo Camil. “Temos que ver qual aceitação a campanha vai ter e qual resultado terá para direcionar os objetivos”, afirmou. A aposta da Tereos, que consumiu R$ 500 mil em investimentos de marketing e publicidade, também levou à contratação de Gustavo Segantini, ex-Ambev, como gerente de produtos de varejo. COSAN TEM LUCRO LÍQUIDO PRO FORMA DE R$ 248,7 MILHÕES NO 1º TRIMESTRE O Grupo Farias, um dos maiores do setor de açúcar e álcool da região Nordeste, entrou em recuperação judicial com a autorização da Justiça da cidade de Cortês, em Pernambuco. O conglomerado, dono de usinas em três regiões do País, vai tentar renegociar dívidas que somam pelo menos R$ 900 milhões com bancos, trabalhadores e fornecedores. Ao todo, 14 empresas do grupo entraram na recuperação judicial. Juntas, elas empregam 13 mil pessoas nas cidades de Cortês, em Pernambuco; Baía Formosa, no Rio Grande do Norte; Anicuns, Itapuranga e Itapaci, em Goiás; e ainda na cidade paulista de Rio das Pedras. A dívida com os trabalhadores é de cerca de R$ 7 milhões. A dívida total a ser renegociada poderá superar R$ 1 bilhão, se considerados os juros dos financiamentos tomados pelas empresas do grupo. Os dois maiores credores são os bancos Bradesco e Credit Suisse que, segundo a lista de credores, teriam a receber R$ 532 milhões. A renegociação com os dois bancos, que concentram mais da metade da dívida total, poderá selar o destino da recuperação judicial do Grupo Farias. Isso porque os empréstimos foram concedidos com a garantia de terras, usinas e equipamentos que, se forem tomados pelos bancos, inviabilizam a operação das empresas. Por causa dessas garantias, na forma de alienação fiduciária, os dois bancos estão fora da recuperação judicial e negociam um plano separado do que será apresentado ao restante dos credores. De qualquer forma, com a concessão da recuperação judicial pela Justiça de Cortês, nenhum deles poderá cobrar dívidas da empresa por um período de 180 dias. Os advogados da empresa, liderados por Joel Thomaz Bastos, do escritório paulista de advocacia Dias Carneiro, alegaram no pedido de recuperação judicial que as dificuldades financeiras da companhia não se deram por má administração, mas sim por condições adversas da conjuntura econômica do País e do setor de açúcar e álcool em particular. A Cosan registrou lucro líquido pro forma de R$ 248,7 milhões no primeiro trimestre, revertendo prejuízo de R$ 43,7 milhões de igual período de 2015. Os números pro forma consideram a consolidação de 50% dos resultados da Raízen Combustíveis e Raízen Energia. Conforme a Cosan, a melhora na linha final do balanço reflete seu desempenho operacional. Em igual comparação, a receita líquida cresceu 18,5%, para R$ 11,79 bilhões. O lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda) cresceu 74,7%, a R$ 1,53 bilhão. O Ebitda, ajustado para exclusão de eventos não recorrentes, avançou 14,7%, a R$ 1,16 bilhão. Segundo a companhia, o Ebitda foi impactado pelos melhores resultados da Raízen Energia, reflexo da estratégia de carregar os estoques de açúcar e etanol para comercialização no final da safra a preços melhores, além da antecipação do início da moagem da safra 2016/17 e boa precificação do açúcar produzido. O investimento da Cosan no trimestre somou R$ 599,3 milhões, queda de 14,2%. A dívida líquida chegou a R$ 10,99 bilhões, avanço de 4,6% na base anual. A alavancagem medida pela relação dívida sobre Ebitda caiu a 2,1 vezes, ante 2,9 vezes um ano antes. GRUPO FARIAS ENTRA EM RECUPERAÇÃO JUDICIAL 47 Por dentro da Usina CMAA ADQUIRE UNIDADE DA AMERICANA ADM executivo Naturalidade São Joaquim da Barra, SP Idade 54 anos Estado Civil Casado e tem dois filhos Cargo Presidente do grupo TMA Tracan Hobbies Trabalhar e criar gado Filosofia de vida “Acho que um dos maiores valores do homem está nas amizades que ele constrói. Sem deixar, é claro, de ter honestidade no seu negócio.” 48 Em pouco mais de 25 anos de trabalho e dedicação, o executivo do mês ergueu um grande grupo, hoje composto por sete unidades concessionárias Tracan, representante da marca Case Ih, uma nova empresa, a TMA, desenvolvedora e fabricante de implementos e máquinas de alta tecnologia para o setor canavieiro, mais recentemente, adquiriu a Dria, empresa do segmento de implementos agrícolas e, este ano, Artur Monassi, presidente do Grupo TMA Tracan, com 51 anos, se prepara para inaugurar mais duas unidades de concessionárias, prospectando ainda, em um horizonte de três anos, a abertura de uma nova fábrica TMA na cidade de Ribeirão Preto, SP, que não é sua terra natal, mas é a cidade escolhida por ele para viver e fazer o que mais gosta: trabalhar! Tudo começou muito cedo. Aos 16 anos, Artur entrava no mercado de trabalho como vendedor de peças para caminhões. Depois desta experiência, ele conta que trabalhou em uma empresa de autopeças durante alguns anos e ao completar 25 anos, em 1987, montou, junto com alguns amigos, uma empresa – a Riber Cardans, voltada ao segmento de peças e caminhões. “Foi ali que a minha trajetória começou dentro do universo de máquinas agrícolas. Na época, tínhamos uma concorrência muito grande nesta área de peças e caminhões. Então decidimos desenvolver um sistema de freio para tratores e, logo depois, cabines para tratores, que na época quase não existiam. Pensando nas operações em cana-de-açúcar, desenvolvemos o chamado Cabipartis, o que nos aproximou ainda mais das grandes montadoras”, relembra. Artur conta que o primeiro contato com as grandes empresas de máquinas agrícolas começou com a Valmet e Massey Ferguson, hoje ambas do grupo AGCO. E depois veio a John Deere e a Case IH. “Com a Case IH começamos a parceria adaptando os seus tratores importados para as operações em cana-de-açúcar e isso fez crescer nosso relacionamento com a montadora. Tanto que em 1997, culminou no convite deles para sermos seu representante na região de Uberlândia, no Triângulo Mineiro, onde tivemos um tremendo sucesso. Dois anos depois, em 1999, nos ofertaram as regiões de São Paulo, mais precisamente com a Alta Mogiana sendo a matriz em Ribeirão Preto.” Depois de algum tempo, o executivo conta que adquiriu uma empresa em Barretos, SP, onde foi aberta sua primeira filial. De Barretos, a expansão seguiu para Araçatuba e, em 2007, a empresa, chamada Riberminas, também concessionaria Case, foi aberta em Uberlândia. Ainda em 2007, uma reorganização societária fez com que todas as empresas concessionárias da marca Case virassem Tracan. “Viemos ao longo dos anos estudando para abrir nossas filiais e em momentos muito difíceis, como este que estamos passando agora, Ao lado da esposa Heloísa e dos filhos, Jéssica e Artur, em sua criação de gado da raça Senepol mesmo que passageiro, a pujança da agricultura e pecuária é muito grande, então não tiramos o pé do acelerador. Tanto que estamos, neste momento, inaugurando mais uma filial no Triangulo Mineiro, em Ituiutaba, com um investimento bastante expressivo.” Todo este sucesso como concessionário se dá pelo amplo conhecimento de Artur em máquinas agrícolas, conhecimento este, desenvolvido por meio das experiências que a vida lhe proporcionou. Seu pai foi mecânico e, desde criança, Artur o acompanhava nas usinas onde ele dava assistências técnicas. Quando se tornou adolescente, o destino acabou o levando a trabalhar em uma empresa de autopeças, onde a cultura da cana era muito forte. “É aí que vejo um ponto muito importante. Muito além de obter conhecimento, construí bons relacionamentos. E diria que um dos pilares para que chegássemos aonde chegamos, foi o relacionamento e os amigos que construí ao longo da minha carreira até hoje. Acho que um dos maiores valores do homem está nas amizades que ele constrói. Sem deixar, é claro, de ter honestidade no seu negócio.” DE REVENDEDOR A FABRICANTE Na época em que começava a expandir seus negócios, Artur conta que o setor sucroalcooloeiro sinalizava um crescimento muito grande. Diante deste cenário, ele enxergou uma oportunidade de desenvolver produtos com engenharia e tecnologias avançadas e voltadas para este segmento. Nascia a TMA. “Todos os nossos produtos sempre nasceram por meio de processos por cálculos e elementos finitos, o que proporciona produtos muito diferenciados, não só em volume, como em servicibilidade e também em qualidade. O cliente que resolve adquirir um produto TMA ou Dria com certeza Artur: “Eu me sinto imensamente feliz todos os dias de manhã quando acordo e vou para a empresa. Sempre tenho planos e coisas novas para fazer.” estará recebendo um produto diferenciado”, enfatiza o executivo. Além de criar a TMA, em 2014, Artur percebeu uma oportunidade de complementar o que já oferecia a seus clientes. Adquiriu a Dria para oferecer implementos de menor porte. Hoje, toda a linha de equipamentos para recolhimento de palha Dria é finamizada e nacional. “A opção que nossos clientes tinham era importar estes equipamentos, que nos EUA e Europa trabalham de 150 a 200 h por ano. Em na cana, temos praticamente sete meses de safra, muitas vezes de 18 a 20 h por dia. Então tivemos uma dificuldade muito grande para adaptar estes equipamentos de feno e forragem para atuar no setor.” ARTUR PECUARISTA Nasceu mais como um hobby do que qualquer outra coisa. Assim como o amor que tem por máquinas agrícolas, Artur descobriu outra paixão: a pecuária. “Para vender máquinas você tem que ser muito forte e persistente. E para lidar com esta área é a mesma coisa. Começou como um hobby que hoje envolve toda a minha família, filhos, esposa e genro. Comecei isso com tanto amor que virou um negócio. Mas um negócio para finais de semana, porque não tenho tempo de me dedicar a isso durante a semana. Estamos fazendo com amor e carinho e já começamos a colher bons frutos”, revela. Artur escolheu criar uma raça de gado de corte que está se inserindo no Brasil, a Senepol, de alta resistência ao clima tropical. “Esta raça vem apresentando excelentes resultados. O Nelore é um gado que faz a pecuária brasileira e o Senepol veio para se apoiar nele. Acredito que os dois juntos fazem um cruzamento industrial de alto nível. Usando o mesmo sentido da TMA, de trazer lucros aos clientes, pensamos o mesmo com a Senepol”, afirma o empresário, agora também pecuarista. MINHA VIDA É TRABALHO Só de ler um pouco sobre a sua trajetória já dá para entender que o seu hobby é mesmo o trabalho. Arthur conta que acorda cedo e procura fazer uma boa caminhada antes de ir para o trabalho. Na TMA Tracan ele visita clientes e procura manter um bom relacionamento com seus fornecedores, com o qual ele diz ter uma ótima parceria. “Para termos qualidade no que fazemos, temos que estar muito próximos aos nossos fornecedores, que participam de todos os desenvolvimentos.” A sua rotina é essa. Dedicar-se as empresas que ajudou a erguer. E ele está muito feliz. “Eu me sinto imensamente feliz todos os dias de manhã quando acordo e vou para a empresa. Sempre tenho planos e coisas novas para fazer.” Por trás de um homem de sucesso tem sempre novos sonhos. E é assim que Artur segue a vida. Ele diz que tem sempre novos planos e sonhos a serem realizados. Casado com Heloísa e pai de Jéssica, 27 e Artur, 24, o executivo se sente agradecido e diz que rege sua vida através da transparência, da honra com seus compromissos, empresa e sociedade, e diz que procura fazer bem ao próximo, sempre pensando em seus colaboradores, que hoje já chegam a quase mil. “Todos os dias você tem que olhar para frente e medir os passos. Em épocas de instabilidade econômica e política, o risco é muito alto. Tem que ter uma boa gestão, conhecer muito bem o que faz e, para isso, temos uma equipe muito boa e que nos assessora da melhor forma em cada uma das áreas em que atuamos”, finaliza. 49 OIA VÊ DÉFICIT GLOBAL DE AÇÚCAR MENOR EM 2016/17 A Organização Internacional do Açúcar (OIA) estimou um déficit global de açúcar para 2016/17 menor que na safra anterior, com a produção aumentando na Europa, Brasil e Tailândia. O órgão com sede em Londres colocou o déficit em cerca de 3,8 milhões de t, em comparação com um déficit de 6,65 milhões de t em 2015/16. A previsão para 2016/17 também incorpora um aumento do consumo e expectativas de novas reduções na produção do segundo maior produtor mundial, a Índia. Segundo a OIA em seu mais recente relatório trimestral, pode ser também observado que a próxima temporada deverá ver finalmente o desaparecimento de estoques acumulados durante as cinco temporadas de excedentes globais de 2010/11 a 2014/15. DEMITIDOS DA DEDINI FAZEM ATO PARA COBRAR RESCISÕES Funcionários demitidos da metalúrgica Dedini Indústria de Base S/A, em Piracicaba, SP, realizaram um protesto para que a Justiça Federal determine o pagamento de R$ 15,8 milhões, obtidos com a venda de imóveis da empresa, para a rescisão dos trabalhadores. De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos de Piracicaba, o objetivo da manifestação foi cobrar agilidade da Justiça Federal para que o órgão defina qual será a destinação do valor da venda dos terrenos da empresa. A intenção dos funcionários é que os R$ 15,8 milhões sejam usados apenas para as verbas rescisórias dos demitidos e não para pagar as dívidas fiscais da companhia. Ainda de acordo com o sindicato, a empresa demitiu 1,6 mil funcionários nos últimos dois anos em Piracicaba e Sertãozinho. Todos os trabalhadores estão sem receber os direitos trabalhistas. A dívida total da Dedini, entre trabalhista e fiscal, é de aproximadamente R$ 32 milhões. MÊS DE PERDAS PARA O SETOR SUCROENERGÉTICO A segunda quinzena do mês de maio foi de perdas para o setor. Morreu, aos 84 anos, Cícero Junqueira Franco, considerado um dos pais do ProÁlcool. Ele estava internado desde o último dia 23 de outubro, no Hospital Sírio Libanês, depois de ter sofrido um acidente doméstico na sede de sua fazenda em Morro Agudo, tendo fraturado a coluna cervical. Cícero Junqueira tinha 84 anos e deixou quatro filhos, dentre eles o presidente da UDOP, Celso Torquato Junqueira Franco. 50 50 Na madrugada do dia 19 de maio, faleceu Felizardo Meneguetti, agricultor e um dos fundadores da Usina Santa Terezinha/ Usaçúcar, maior empresa de Maringá, SP, depois da Cocamar e uma das 300 maiores do Brasil. Meneguetti tinha 91 anos e há tempos padecia de vários problemas de saúde. Ele deixou viúva dona Dolores, de 87 anos, e 10 dos 11 filhos que o casal teve, entre eles o ex-vereador Sidney, atual presidente do Grupo Usaçúcar. MINISTROS DEFENDEM A PRORROGAÇÃO DO CAR Os ministros da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Blairo Maggi, e do Meio Ambiente, Sarney Filho, se reuniram no Ministério da Agricultura, para afinar os pontos em algumas questões que envolvem as duas pastas. Zequinha Sarney anunciou que pretende manter o texto da medida provisória, com as alterações aprovadas pelo Congresso, prorrogando o prazo do Cadastro Ambiental Rural (CAR) para todos os produtores, e não apenas para os pequenos. Essa medida também é defendida pelo ministro Blairo Maggi. “Os produtores não são contra o meio ambiente, mas aliados, já que necessitam dele para produzir. Precisamos que as chuvas ocorram no tempo e na quantidade certa para garantir a lavoura. E isso só conseguimos com a preservação do meio ambiente”, disse o ministro da Agricultura. Os ministros também discutiram a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 65/2012, que visa a assegurar a continuidade de obra pública após a concessão da licença ambiental. O texto também estabelece que nenhuma obra poderá mais ser suspensa ou cancelada a partir da simples apresentação de um Estudo Impacto Ambiental (EIA) pelo empreendedor. DOW ANUNCIA NOVO EXECUTIVO PARA USINA SANTA VITÓRIA Alexandre Nicodemo foi promovido a gerente geral da Santa Vitória Açúcar e Álcool e assume com o objetivo de ampliar a performance financeira e de negócios, bem como, a excelência operacional. Nicodemo era o líder em Manufatura de Sementes da América do Norte da Dow AgroSciences e substituirá Eide Garcia, que será o novo diretor de Vendas Brasil de Embalagens & Plásticos de Especialidades. Nicodemo ingressou na Dow Brasil em 2000 e em 2007 iniciou sua carreira internacional no Centro de Tecnologia da Dow AgroSciences, assumindo papel de liderança nos Estados Unidos e na Argentina. 51 52