Revista FINAL.indd - João Paulo de Oliveira

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Revista FINAL.indd - João Paulo de Oliveira
PARVEL
PARVEL
EDITORIAL
Marcos Monteiro
Diretor da Trópico Propaganda
Fazer um projeto editorial como o que está em suas mãos, apesar de muito árduo, foi também muito apaixonante. O
conteúdo que queríamos trazer para esta revista nos fez mergulhar no mundo da gastronomia e de universos ainda desconhecidos para nossa equipe. Fruto de uma mistura de dois ingredientes, nasce aqui a Assunta Mag.
Dois ingredientes básicos: Paixão e Coragem, palavras que andaram de mãos dadas, tanto na construção da Assunta
Forneria, como na edição dessa revista.
Paixão por Juiz de Fora, por viver esta nova fase do desenvolvimento de nossa cidade, que cada dia ganha mais vida.
Coragem em acreditar e jogar a desconfiança para escanteio. Um projeto arquitetônico belíssimo e arrojado, assinado por
um grande expoente da arquitetura nacional. Um ambiente inovador, uma gastronomia diferenciada e empreendedores
com a cultura e o expertise de investimentos em entretenimento. É isso que você vai encontrar na Assunta Forneria, uma
experiência inovadora. E, para esta ocasião, tínhamos que lançar algo para encher os olhos de nossos clientes, além dos
pratos da casa.
Lançar uma revista que ficasse à altura de um empreendimento como a Assunta Forneria foi um desafio e tanto. Então,
depois de misturarmos nesta receita jornalistas, fotógrafos, editores, designers e vendedores, só nos faltava o toque final,
o fermento que fez crescer esta ideia: sabor. É isso que colocamos em tudo que fazemos!
Caro leitor, assim gostaríamos que você saboreasse a leitura dessa revista, tanto quanto saboreamos fazê-la.
Boa leitura!
EXPEDIENTE
ÍNDICE
Editores:
João Paulo de Oliveira e Mônica Machado
Paixão e saúde:
O fabuloso mundo dos vinhos
Pág. 7
Turismo:
Roteiro gastronômico
Pág. 38
Comportamento:
Passado composto
Pág. 12
Cinema:
Comendo com os olhos
Pág. 42
Entrevista:
Hélio Pellegrino
Pág. 16
Literatura:
Dicas de livros
Pág. 45
Comportamento:
A amizade está no ar
Pág. 21
Alimentação:
Culinária e desperdício
Pág. 49
Decoração:
Adesivo de parede
Pág. 25
Entretenimento:
Culinária na TV
Pág. 51
Saúde:
Medicina alternativa
Pág. 28
Produtos:
A hora e a vez do aço inoxidável
Pág. 54
Institucional:
Assunta Forneria
Pág. 32
Curiosidade:
Trufas – O diamante negro da gastronomia
Pág. 57
Chope artesanal:
Antuérpia
Pág. 36
Coordenação:
Marcos Monteiro
Conselho Editorial:
Vinicius Zaghetto, Marcos Monteiro, João Paulo de Oliveira,
Mônica Machado e Célio Oliveira
Reportagens:
João Paulo de Oliveira, Mônica Machado, Márcia Carneiro, Juliana
Araújo e Caroline Farinazzo
Fotos reportagens:
João Schubert
Foto capa:
João Schubert
Revisão:
Mônica Machado, Sarah Daibert Couri e Vinicius Zaghetto
Projeto gráfico:
Cleber “Kureb” Horta, Mauro Mendes
Direção de Arte:
Cleber “Kureb” Horta, Mauro Mendes
Direção de Criação:
Vinicius Zaghetto
Marketing:
Marcos Monteiro
Opine ou Escreva:
[email protected]
Anuncie:
[email protected]
Jornalistas Responsáveis:
João Paulo de Oliveira - MG.10.586
Mônica Machado - MG.09189
Impressão:
D. I. Gráfica e Editora
CAPA
Hélio Pellegrino
fala sobre
arquitetura,
amor e
reciclagem
Assunta Forneria
Ladeira Alexandre Leonel, 221, loja 301, Spazio Design
Juiz de Fora (MG)
Realização
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GARRAFARIA
Por João Paulo de Oliveira
O fabuloso mundo
dos vinhos
Acesse este link da ABS/SP:
www.abs-sp.com.br
O
médico juizforano e presidente da Associação
Brasileira de Sommeliers (ABS) de São Paulo,
Gustavo Andrade de Paulo, presenteou
nossos leitores com informações valiosas para quem já
apreciava ou quer começar a entender um pouco mais do
maravilhoso mundo do vinho. O enófilo esclareceu pontos
importantes sobre comércio vinícola, conservação do
produto, taças e mais sobre esse instigante e aromático
universo. Ele aponta que tudo depende do gosto pessoal
e do quanto a pessoa se envolve com a enologia, a
ciência experimental que aprecia e estuda os vinhos.
Segundo o especialista, cada um terá sua relação com
as formas de consumo e os tipos da bebida, entretanto
uma coisa é certa: não há nada mais agregador que uma
garrafa de vinho, criada para ser apreciada em comunhão
e na presença de boas companhias.
O consumo de vinho no Brasil é pequeno em
relação a outros países como Argentina, Portugal e Itália.
Na França, são 50 litros por pessoa ao ano. Aqui, com o
aumento da produção e do consumo no sul e sudeste,
chegamos a 2 litros por pessoa ao ano, enquanto
na vizinha Argentina são mais de 20 litros per capita,
anualmente. Entretanto, no Brasil é possível encontrar
os mais variados vinhos do mundo. Gustavo afirma
que o país é um dos poucos lugares no mundo, onde é
possível comprar um bom vinho francês, um grande vinho
espanhol, um português, um italiano ou ainda, todos
juntos. Isso porque, nestes países, há uma forte relação
cultural entre o vinho e a identidade nacional, regional.
“Se você for para a Itália, você tomará, principalmente,
vinhos italianos; se for para a França, vinho francês, e
Portugal a mesma coisa. Isso porque o vinho local é muito
bom e as pessoas são muito ligadas à pátria e por isso,
querem tomar o vinho de lá”, completa.
Muitos brasileiros ainda consomem vinhos de
baixa qualidade. O mercado nacional, por muito tempo,
priorizou as uvas que compensavam a produção, e não
a qualidade das mesmas. Entretanto, o cenário tem
mudado consideravelmente. O sul do país e o Vale do São
Francisco são dois exemplos. Ambos estão despontando
com vinhos sofisticados, mantendo a assinatura regional
ou local, para atestar sua originalidade.
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QUALIDADES QUE
ATESTAM UM BOM VINHO
O médico acredita que um bom vinho tem que ter
equilíbrio, maciez, complexidade e, acima de tudo, tem
que ser prazeroso. “Existem vinhos para cada momento,
ocasião e prato. Para celebrar, nada melhor que um
champanhe. Em um almoço à beira da piscina, um branco,
no máximo um rosé. Em um jantar mais sofisticado, com
predomínio de carnes vermelhas, um bom tinto”. Gustavo
afirma que um bom vinho é aquele que dá prazer a quem
toma, ponto final. É preciso, então, a pessoa definir qual
o seu gosto, independente da origem do vinho, e de
qual uva é elaborado. A primeira coisa é
tentar perceber se o estilo pessoal é mais
propenso ao vinho mais leve ou ao mais
encorpado. Em seguida, procurando por
informação e experimentando, passa a
descobrir quais são as uvas, onde são
encontradas, quais as melhores safras
e, assim, aos poucos, vai refinando
o próprio gosto. Gustavo aprecia
um bom vinho branco alemão, mas
admite que muitas pessoas não
gostam deste tipo, portanto, o melhor
é algo muito particular.
Beber vinho é muito mais que
um prazer gastronômico, é um ato de
comunhão. Gustavo lembra a frase
de um grande crítico do vinho, que
uma vez atestou de forma espirituosa:
“Uma garrafa de vinho pede para ser
compartilhada. Nunca conheci um amante
de vinho que fosse mesquinho”. O
produto também é ilustrado nas maiores
religiões ocidentais, cada uma conferindo
ao vinho uma função mística e um
significado simbólico próprio. Até entre
os mulçumanos, para os quais é proibido o consumo
de vinho na vida terrena, o néctar dos deuses tem sua
adoração. Entre os cristãos, ele simboliza o sangue de
Cristo e é retratado na última ceia como a aliança entre
Deus e o homem. Segundo a mitologia greco-romana,
Dionísio, único filho de Zeus com uma humana, teria
criado o vinho ao tocar as uvas de uma videira e ter
compartilhado sua descoberta com ninfas e outros seres
que o acompanhavam na Terra. A partir daí, o vinho se
tornou tanto o bálsamo do homem, curando-o de várias
enfermidades, como seu veneno, devido aos impulsos
desenvolvidos pelo excesso.
O vinho tem oito mil anos de história, e há seis
já são conhecidos seus benefícios medicinais. Ele faz
bem ao organismo em geral - para o cérebro, coração,
estômago, sangue, ossos e para quase todos os sistemas
- desde que consumido com moderação. A dose diária por
pessoa, recomendada pela medicina, é de duas taças de
vinho para o homem e uma para a mulher, desde que não
haja nenhuma restrição médica. Uma garrafa por dia seria
muito para qualquer um. Na verdade, meia garrafa seria a
“dose mágica” do casal por dia. O médico e enófilo aponta
que o mocinho da história é o álcool, que faz bem para a
saúde. O vinho é melhor que a cachaça, que a cerveja, e
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que as outras bebidas, porque, além do álcool, ele tem os
polifenóis que possuem ação antioxidante, antiagregante
plaquetária e uma ação antitumoral. No coração, tem ação
vasodilatadora; no cérebro, ajuda a memória; também é
eficaz no combate, prevenção e tratamento de doenças
como diabetes, osteoporose, câncer, anemia, úlcera e
derrames, segundo dados de revistas médicas indexadas,
oficiais. De acordo com Gustavo, existem pesquisas
que comprovam estes benefícios. Entretanto, ele alerta
que o vinho não pode ser receitado genericamente nos
consultórios médicos. “É preciso saber se a pessoa tem
ou não alguma restrição ao consumo de álcool e, a partir
daí, orienta-se pela moderação e pela regularidade, mas
com doses e frequências subjetivas, dependendo das
características de cada indivíduo”, ressalta.
Dicas do Sommelier:
PERCEBENDO DESCRITORES
AROMÁTICOS E PRINCIPAIS UVAS
Segundo o crítico Robert Parker, existem, pelo
menos, 10 mil aromas identificados no vinho até hoje,
com descritores dos mais básicos aos mais sofisticados.
Avalia-se primeiro o aspecto visual do vinho, depois o
olfativo, com famílias de aromas como fruta, flor, animal,
mineral e madeira. Depois, com o vinho na boca, apreciase o corpo, a acidez, o equilíbrio e a qualidade. Não
existem descritores fixos ou imutáveis, cada vinho terá
um perfil aromático diferente do outro.
Algumas cepas são internacionais, como as tintas
Cabernet Sauvignon e Merlot, e Chardonnet e Sauvignon
Blanc, entre as brancas. Estas são originariamente
francesas, mas produzidas no mundo inteiro. A Malbec e
a Shiraz estão, aos poucos, despontando no mercado.
ENOGASTRONOMIA
Vinho e Gastronomia:
A harmonização de vinhos com comidas vai depender muito do
que se está comendo e qual o objetivo que se quer alcançar.
A regra básica é: molhos e carnes vermelhas, vinhos tintos;
molhos e carnes brancas, vinhos brancos. Entretanto, não
é uma regra estática, ela pode sofrer variações e licenças. É
possível servir um peixe com um vinho tinto leve, e também,
ter à mesa, uma carne com molho branco, acompanhada
de um vinho branco mais encorpado. Chocolate, doces e
queijos combinam bem com vinhos doces, como o do Porto.
O sommelier deve também entender de cozinha. Se ele quer
ser um profissional de verdade, deve saber exatamente como
harmonizar a comida e o vinho.
Compras pela Internet:
Procure sempre consumir as marcas com uvas que você já
conhece, e dê preferência para lojas com adegas na hora de
comprar vinhos sofisticados. Apesar de prática e fácil, a Internet
tira um pouco do charme de ir à loja, pegar na garrafa, olhar
o produto, e ter a oportunidade de conversar sobre vinhos
com alguém e aprender sempre mais. A vantagem é comprálos em viagens internacionais, quando produtos que não são
encontrados no Brasil podem ser pesquisados e garantidos
facilmente pela rede eletrônica, através de contatos por e-mail,
por exemplo.
Serviço do Vinho:
Observe sempre se a garrafa está sendo aberta na hora em
que é servida. Geralmente, tira-se a rolha, ou na própria mesa
ou em uma mesinha móvel que fica ao lado, transportada para
ali, especialmente para a ocasião. Do ponto de vista da etiqueta
e do tradicional, o serviço de vinho é feito todo na frente do
cliente.
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Passado
composto
Encontros de
automóveis antigos
em Juiz de Fora
exibem raridades e
resgatam histórias
Por Márcia Carneiro
E
nquanto, a cada ano, o mercado automobilístico é
abastecido por novos modelos, um seleto grupo se
mantém fiel às antiguidades do gênero. Muitos dos
chamados “antigomobilistas” conciliam a paixão por carros
antigos com a praticidade das novas produções, mas há
aqueles que não dão a mínima para tecnologia e designs
inovadores.
É o caso do estudante Sérgio Henrique Rocha Maini
que, com apenas 21 anos, é um aficionado por veículos do
passado. “Não me interesso por carros novos”, declara. Cheio
de entusiasmo, o estudante conta que está restaurando um
Opala Comodoro, 1978, que foi do seu avô. “Ele me aconselhou
a desfazer daquele carro, dizendo que me ajudaria a comprar
um moderno. Retruquei, alegando que investiria o dinheiro que
me desse no Opala”, lembra.
Paixão semelhante é observada em eventos como o 8º
Encontro da Associação de Veículos Antigos (AVA), realizado
no pátio do Carrefour, nos dias 27 e 28 de junho deste ano e
o 17º Encontro do Automóvel Antigo, promovido pelo Veteran
Car Club do Brasil, em Juiz de Fora, no Expominas, nos dias 31 de
julho, 01 e 02 de agosto.
Os encontros reúnem anualmente raridades produzidas
entre as décadas de 20 e 80 do século XX, como os famosos Fords
Tudor e Phanton de 1929, os Cadillacs da GM e o Mercury Cougar,
releitura luxuosa do Mustang. O objetivo de clubes, associações e
eventos do gênero - segundo o presidente do Veteran Car Club,
Maurílio de Almeida Alvim - é preservar a memória do veículo
antigo. “Esse é um hobby praticado no Brasil e no mundo, e quem
começa a cultivá-lo jamais o abandona”, afirma Alvim.
O encontro da AVA, que começou com 170 participantes,
nesta edição contou com 402 inscritos de 41 cidades de Minas,
Rio de Janeiro e São Paulo. “O evento não tem fins lucrativos.
Os participantes apenas contribuem com um quilo de alimento
não perecível, destinado às instituições sociais”, informa seu
organizador e presidente da Associação, Jorge Levi Mendes
Coelho ou Jorge Borboleta, como é conhecido.
Túnel
do tempo
D
esta vez, difícil foi eleger o veículo de
destaque das mostras. Uma profusão
de estilos, detalhes, cores e modelos
tomou conta do espaço, atraindo a curiosidade dos
visitantes, muitos deles equipados com máquinas
fotográficas e filmadoras. Acompanhado por mulher
e filhos, o comerciante Luiz Carlos Novais chamava a
atenção da família para os detalhes que diferenciam os
veículos antigos dos novos no pátio do Carrefour. “Os
carros do passado eram mais trabalhados”, observa Novais.
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Foto: João Schubert
Jorge Borboleta exibe orgulhoso o Bel Air
Chevrolet (1959). À direita, detalhe do
painel.
Um dos carros mais elaborados em exposição
do 8º Encontro da AVA era o Bel Air Chevrolet, de
1959, azul e branco, de propriedade do organizador
do evento, Jorge Borboleta. Com traseira em forma de
asas de gaivota, estofados brancos e até persianas, a
última versão Bel Air dos anos 50 esbanja sofisticação.
“Aquele foi o ano em que as indústrias automobilísticas
exageraram em tudo, como na cromagem e no estilo”,
informa Borboleta.
Foto: João Schubert
Ao lado do Chevrolet 1938, Cezar Prata
coleciona carros antigos e raros. À direita,
interior do Chevrolet.
Tão elegante quanto o Bel Air, é o Chevrolet 1938, do empresário
juizforano Cezar Prata, cujo capô aberto também faz lembrar uma gaivota. O carro
importado dos Estados Unidos, avaliado em R$ 100 mil e, segundo o empresário,
exclusivo, foi adquirido há seis anos do antigo proprietário, Juarez Toledo, um dos
maiores restauradores de automóveis da cidade. “O veículo tem sua estrutura
preservada, mas a mecânica é moderna”, informa Prata, ressaltando suas viagens
no Chevrolet para participar de outros encontros no país. “Gosto de carros novos,
mas os antigos são meus xodós”, derrete-se. O empresário expôs ainda no pátio
do Carrefour seis fuscas originais produzidos entre os anos de 1959 e 1980. O
mais antigo da coleção traz setas nas colunas laterais do veículo, uma raridade e,
ao mesmo tempo, um charme à parte.
Feitos para durar
Foto: João Schubert
O Impala vermelho, GM, ano 1967,
do funcionário público Ricardo
França, foi outro grande destaque do 8º
Encontro. “Eu o trouxe de Belo Horizonte
há nove anos em estado precário e fui
restaurando aos poucos. Pronto, no ano passado,
ele ganhou prêmio no Encontro Nacional de Carros
Antigos em Águas de Lindóia (SP)”, comenta França.
Ricardo França e seu Impala
O interesse de França por carros antigos passa, entre outras coisas, pela qualidade. “Os veículos eram feitos para durar. Hoje, são descartáveis, consumíveis.” O
funcionário público ressalta ainda a potência, o design e o conforto das produções do
passado. E, ao ser indagado sobre o preço do Impala, França foi categórico: “não há dinheiro que pague o
seu valor sentimental. Tem que achar um mais maluco que eu para comprar esse carro.”
De acordo com Jorge Borboleta, são as características acima citadas que mantêm o interesse dos antigomobilistas e
que os unem em eventos como esses. “Carro é uma paixão nacional e faz parte das nossas vidas, daí o interesse de muitos
pelos veículos do passado.” Em outras palavras, para a grande maioria dos aficionados por carros antigos, de alguma forma, o
que está em jogo é a preservação das nossas histórias, mas a paixão de todos por esses automóveis é inegável.
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Foto: João Schubert
Hélio
Pellegrino
“O que justifica nossa passagem no
planeta é o encontro com o outro”
Por Márcia Carneiro
M
esmo se não fosse arquiteto, Hélio Pellegrino
jamais passaria anônimo pela vida. Sua
personalidade expansiva, temperada por
raciocínio rápido e sensibilidade, com certeza o faria uma
figura de destaque em qualquer área de atuação. Ainda
bem, no entanto, que seu potencial criativo foi canalizado
para construções. Não apenas de prédios, mas de arte,
móveis e ideias. Com seu trabalho, quem diria, Pellegrino
sonha mudar o mundo e, com esse propósito quixotesco,
consegue suscitar reflexões ao mesmo tempo urgentes
e ignoradas, como as dicotomias sustentabilidade x
consumismo, afeto x lucro, generosidade x individualismo.
Autor do projeto arquitetônico da Assunta, o
arquiteto em visita à cidade conversou com a Assunta
Mag em uma tarde atípica de inverno com temperatura
elevada. Ao mesmo tempo simples e intenso, Pellegrino
falou sobre vários temas, em especial, sobre o respeito à
natureza. Daí sua obsessão pela reciclagem, cuja ideia,
claro, foi aplicada na forneria, totalmente construída com
produto de demolição, do tijolo e da ferragem ao mais
fino acabamento.
A Assunta Forneria, na visão do arquiteto, contribuirá
para a aproximação das pessoas, na medida em que
facilitará encontros. O restaurante, inclusive, foi batizado
com o nome de sua “nona” paterna. Nascido em Belo
Horizonte e transferido com os pais ainda criança para
o Rio de Janeiro, ele lembra de suas passagens por Juiz
de Fora, onde a família administrava a fábrica de tecidos
Ferreira Guimarães. “Quando íamos do Rio para Belo
Horizonte, dormíamos na casa onde hoje é o Privilège e
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que pertencia à família.” Agora, Pellegrino retorna à cidade
para deixar frutos. Bons frutos, diga-se de passagem.
Assunta Magazine: Como surgiu a parceria com o
empreendimento em Juiz de Fora?
Hélio Pellegrino: Nasceu há oito anos, quando eu
construí uma casa para Luiz Alfeu, em Búzios, meu
reduto. Começamos a fazer algumas coisas juntos, como
quadros, quando ele iniciou as obras do Spazio Design
e me chamou para dar algumas sugestões de como
aproveitar a pedra que existia no fundo da construção.
Percebi que daria para fazer uma parceria bacana, com o
estacionamento e o espaço, e aí nasceu a ideia de fazer
o restaurante, exatamente se adequando à superfície
da pedra, que é muito linda. Ela é quase um museu de
história natural e resolvemos aproveitá-la como um
painel. E assim foi feito. O restaurante é todo virado
para a pedra, para aproveitarmos suas lições, já que ela
está acompanhando o crescimento do planeta há muito
tempo. E é uma sabedoria fantástica: a pedra irradia uma
energia maravilhosa. Para construir o restaurante, contei
com a ajuda fundamental do arquiteto de Juiz de Fora,
Álvaro Giannini.
AM: O que você destacaria nesse projeto como
diferencial dos demais restaurantes?
HP: O espaço é todo baseado em material reaproveitado.
Comecei a perceber que os verdadeiros terroristas
islâmicos somos nós. A partir disso, tudo o que eu pego
para fazer tem o tempero da reciclagem. Na medida em
Foto: João Schubert
HP: Pode sim. Eu, cada vez mais, entendo que esse é
o caminho. Agora estou fazendo casas completamente
sustentáveis, com telhado de garrafa PET, com papel
moeda fora de circulação picado, fralda descartável e
palha de coco. Misturo tudo e faço a madeira empregada
em vigas de telhados. Ou seja, a questão é uma guinada
na lente do caleidoscópio, porque tudo o que se pensar
em termos de conforto térmico e acústico é possível
com material reciclado. A questão é ser menos voraz
em termos de consumo e começar a pensar na nossa
natureza e na própria natureza do planeta.
AM: E quando lhe surgiu essa epifania?
A responsabilidade ambiental está sempre presente nos projetos de
Hélio Pellegrino
que você recicla e bota em cada projeto esse princípio,
você envolve mais as pessoas. Sempre trabalho com
reciclagem, porque acho que aumenta a autoestima.
Quando chegamos a algum lugar com material reciclado,
nos sentimos bem, porque no meu entender, no nosso
inconsciente coletivo, isso soa como uma parceria com
a mãe natureza. Você deixa de pasteurizar e deixa
de consumir o planeta para começar a usar esse lixão
que a gente produz todo dia. Nessa medida, fizemos o
restaurante só com a matéria que iria para o lixo. Tijolos
são de demolição, todo o ferro é de caminhões-tanques
cortados, o piso é feito com placa de cerâmica...
AM: Entre os arquitetos mais renomados do país,
você se destaca como um dos maiores defensores
da utilização da sustentabilidade em seus projetos.
Acha que ainda falta muito para que as pessoas se
despertem para a questão ambiental?
HP: Com certeza. Acho que está faltando essa
consciência, na medida em que cada vez mais vemos
pessoas se afastando da própria essência. Quando
você traz a dignidade como baluarte da arquitetura, está
poupando algo que ia ser destruído. Dessa maneira,
acho que essa é uma equação muito lógica. A gente
precisa reverter isso. No sistema consumista onde
vivemos, temos a voracidade predatória de estar sempre
querendo vender. As coisas não podem esquentar na
sua mão, porque precisam sempre ser negociadas para
darem lucro. Acho que devemos nos voltar muito mais
para o amor e a compreensão, que para a pedra angular
que é o dinheiro.
AM: Pode-se dizer que a fusão de consciência
ambiental e estética é uma marca do seu trabalho
arquitetônico?
HP: Foi por acaso. Eu me formei e o meu primeiro projeto
de casa foi encomendado pela minha mãe. Aquela coisa
de mãe valorizando a cria. Mas se ela valorizava por um
lado, por outro ela cobrava. No meio da obra, ela estava
achando que estava tudo muito caro, que eu não estava
sabendo levar. Eu comecei a ficar angustiado com isso,
e para fazer a vontade dela eu disse: “então está bom,
minha mãe, eu achei uma sapataria na Rua da Passagem,
com mármore muito bonito e outros materiais, que está
sendo vendida por R$ 5 mil. Vamos comprá-la e fazemos
a casa inteira.” Peguei a sapataria e com tudo o que
estava lá, fiz os pisos e os móveis. Então, descobri que
com pouco dinheiro e criatividade é possível construir.
Ou seja, a necessidade faz o sapo pular. Comecei a
reciclar e descobri que é sensacional porque, primeiro,
o material reciclado vibra, é vivo. Segundo, a criatividade
fica realmente em alta. Terceiro, o próprio material de
demolição tem um diálogo com você. Ele pede para
ser o que quer ser. Quarto, ele está encardido de vida,
envelhece como nós, criando em nós uma identificação
grande.
“Tudo o que eu pego
para fazer tem o
tempero da reciclagem”
AM: Filho do escritor, médico psicanalista e
intelectual humanista Hélio Pellegrino, você sofreu
alguma influência ou ele te inspirou de alguma
forma? De que maneira?
HP: Cresci com aquela figura maravilhosa todo dia
conversando comigo e fazendo a barba. O que
principalmente aprendi com ele foi o respeito pelo
próximo. Isso é muito importante. Os valores humanos
sempre estiveram acima de qualquer outra coisa.
AM: Muitos arquitetos lhe têm como referência.
Você possui alguma?
HP: Tenho algumas, como Sérgio Bernardo, Cláudio
Bernardo, Oscar Niemeyer, Lê Corbusier e Affonso Reidy.
Mas sou muito autodidata, porque no meu trabalho eu
sou solitário. As coisas nunca aconteceram desta forma,
o mundo só precisa da reciclagem agora. Nessa medida,
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Fotos: João Schubert
O piso criado pelo arquiteto é uma das atrações da Assunta
as referências são pequenas.
AM: Assunta, o nome da nova forneria, é também o
nome de sua avó paterna...
HP: Fui eu que escolhi. Fiz a homenagem, porque ela era
italiana e fazia uma pizza maravilhosa. Era minha “nona”
querida. Também, a gente sempre vai a algum lugar
procurando assunto. Já tem uma ligação nesse sentido. E
assunta é ascensão aos céus, é coisa divina.
que nos salva. A vida é a arte do encontro e por isso
mesmo, ela tem que ser pautada no amor. O que justifica
a nossa passagem pelo planeta é o encontro com o
outro. E o encontro é a possibilidade do amor existir. Mas
estamos passando essa lama grossa e pegajosa que é
o vil metal e perdemos o encantamento, inclusive pelo
outro. O outro virou potencialmente um ser perigoso.
No Rio, eu fiz a experiência de cumprimentar as pessoas
na calçada e elas atravessavam e fugiam, como que se
perguntando, que doido é esse?
“A arquitetura traduz o tempo,
a época e a vida das pessoas”
AM: Qual a importância da arquitetura na vida das
pessoas?
HP: A Arquitetura traduz o tempo, a época e a vida das
pessoas. Você vai, por exemplo, em Pompéia e consegue
perceber a vida, o cotidiano, o momento, até as frases das
pessoas de muitos séculos atrás. Daí, começa a entender
toda a trajetória do ser humano.
AM: O filósofo Allain de Botton escreveu o livro
“Arquitetura da felicidade”. O que isso significa
para você?
HP: A arquitetura é ampla, geral e irrestrita. Arquitetar é
planejar e transcende o tijolo sobre tijolo. E “Arquitetura
da felicidade” significa que, para sermos felizes, é preciso
primeiramente fazer a arquitetura do amor, a única coisa
18
Célio Oliveira e Hélio Pellegrino em visita à construção da Assunta
Forneria
AM: Sua arquitetura é também política?
HP: Sim, tudo o que fazemos é um ato político. Tudo o
que se coloca no ar, além dos aviões da Varig, é político.
Quando utilizo material que aparentemente é lixo e
as pessoas começam a gostar, faço com que elas pelo
menos tenham a seguinte reflexão: “Esse negócio é
bacana!”
Fotos: João Schubert
A amizade está no ar!
Reuniões semanais buscam descontração e união
entre adeptos.
Por Caroline Farinazzo
C
Ângela Moreira
omo num ritual, sempre
na segunda quarta-feira
de cada mês, treze amigas de longa data se reúnem. É o
chamado Grupo D’Ellas, formado
por mulheres de diferentes personalidades e profissões, mas
com um compromisso bem estabelecido: a amizade. A intenção
é que possam se divertir juntas,
dividir experiências, serem ouvidas. O D´Ellas atual é a segunda
formação de um grupo maior de
amigas e, há aproximadamente
nove anos, conta com Ana Léia
Salomão e Ribeiro, Ângela Moreira, Cida Delmonte, Cristiane
Monteiro, Denise Drummond, Irene Barros, Leila Bellei Leite, Lena
Cruz, Lucinha Silva, Maria Helena
Castro, Maria Pires, Sandra Pereira e Valéria Pestana Marques.
Normalmente, os ambientes
para as reuniões variam entre
restaurantes de grande prestígio e a residência de alguma das amigas. E os
assuntos em pauta são variados, envolvendo
moda, vaidade, gastronomia, cuidados com a
saúde, família, dentre outros. Maria Pires garante que o único tema do qual elas não falam
é sobre maridos! “Apenas eu e mais uma amiga somos solteiras. Logo, se deixarmos que
elas fiquem falando sobre seus maridos, não
teremos o que falar”, conta. Apesar de serem
reuniões exclusivamente “D’Ellas”, as mulheres garantem que maridos e filhos não se
incomodam, pois todos se conhecem e são
muito amigos também.
Durante um agradável bate-papo na
Churrasqueira, foi possível perceber alguns
“encantos místicos” no grupo. A força que as
une realmente impressiona e o número 13 se
tornou uma referência marcante.
“
Através
dos encontros,
permanecemos
mais próximas, pois
compartilhamos os
acontecimentos com
as amigas
”
Lena Cruz ressalta que as pessoas
presentes na formação atual não estão ali por
acaso. “O 13 é um número de sorte, do bem.
É até engraçado, sempre que tentamos colocar mais gente, não deu certo. Sempre acabávamos voltando para a mesma numeração:
13!”, completa.
21
Fotos: João Schubert
“
Em nossos
encontros, só
não falamos
sobre maridos
”
22
Fotos: arquivo pessoal
“
Um grupo exclusivamente masculino,
conhecido como “Turma de Toda Sexta” também se encontra periodicamente, com o objetivo de, segundo os próprios integrantes, “tomar
cerveja, falar mal dos outros e cobiçar a mulher
do próximo!” Brincadeiras à parte, a turma possui a mesma filosofia em relação à amizade. O
grupo existe há aproximadamente trinta anos e
já contou com diversos adeptos, também de diferentes idades
e profissões. Inicialmente, a formação continha apenas engenheiros civis. Hoje, apesar de continuarem sendo a maioria,
ainda participam advogados e representantes comerciais. Eles
se encontram sistematicamente toda sexta-feira, às 18h, sempre no mesmo estabelecimento, que possui um cantinho com
placa confeccionada especialmente para demarcar território.
Durante a entrevista com a equipe da Assunta, estavam presentes Carlos Henrique Januzzi (vulgo Banana), José Ricardo
Bilheiro, Lessandro Hebert, Luiz Tadeu Batista Campos, Paulo
Barcellos, Ricardo Kamil Malta e Renê Vieira Filho. E a propósito, todos devidamente uniformizados com camisas que têm
uma frase temática, elaborada ano a ano para oficializar as reuniões. Renê conta que essa tradição surgiu há algum tempo,
quando os integrantes da Turma instituíram que o bar que mais
frequentassem, teria que oferecer algum patrocínio. Assim, a
utilização do uniforme tornou-se regra. Aquele que vier sem a
camisa na sexta ou convidar alguma pessoa para se sentar à
mesa, está fadado ao pagamento de uma multa, que tem como
finalidade viabilizar uma bacalhoada de final de ano para todos.
E é justamente no dia da bacalhoada, que as camisas do ano
seguinte são entregues, já com a frase escolhida numa prévia
votação.
Ao serem questionados sobre o possível ciúme das
É sempre interessante ver a
amizade, o companheirismo e o
ombro amigo presentes até hoje
”
esposas, Lessandro afirma que as reuniões passaram a ser
tão automáticas que se tornaram “uma das coisas mais seguras para as mulheres!”. Renê reforça essa segurança e afirma:
“Elas se acostumaram, todas se conhecem, as famílias saem
juntas e, fora isso, se elas quiserem falar com a gente, sabem
exatamente onde estamos! É uma tranquilidade total!”. Porém,
Tadeu revela que a história não foi sempre assim. “A princípio,
até havia uma intenção delas em cortar o nosso barato, mas na
época éramos solteiros e as mulheres não conseguiam impor
a situação, daí, depois que casou não teve mais jeito!”, brinca.
Em Juiz de Fora, todos se divertem bastante. A Turma
de Sexta está junta em vários eventos, como carnaval, aniversário de filhos, viagens para a praia, cruzeiros. E muitos desses
momentos estão registrados em álbum, que contém fotografias
e ata de várias reuniões.
Grupos de amigos são uma verdadeira fonte de inspiração para todos nós. É sempre interessante ver a amizade,
o companheirismo e o ombro amigo presente até hoje. E em
tempos de Internet, encontrar amigos do presente e do passado tornou-se uma facilidade a mais. Não é difícil reunir grandes
companheiros por listas de e-mail ou mesmo, encontrá-los no
Orkut. De toda forma, fica o exemplo de que através de atitudes simples é possível cultivar a amizade, regá-la sempre com
dedicação, semana a semana. Portanto, nada de perder tempo. Agrupe-se!
23
Fotos: divulgação
Adesivos
decorativos:
O charme das paredes com mais versatilidade
Por Juliana Araújo
N
o escritório, no quarto das crianças, na cozinha, em todos
os cômodos da casa. Com formas, cores e tamanhos
diferentes, os adesivos de parede são a grande
sensação do momento. Não é mais aquele papel de parede
que ainda encontramos em muitos lares. Agora, a criatividade
evoluiu e criou espaço para um trabalho feito com vinil. De
rápida aplicação e preço acessível, essa nova tendência tem
conquistado decoradores de interiores, designers e, é claro,
consumidores.
Mais do que escolher móveis, tecidos ou acessórios
para a decoração, personalizar desenhos ou fotos é criar
intimidade com o ambiente. Não é preciso realizar uma obra
ou quebrar paredes para renovar o local. Pequenos detalhes
fazem a diferença.
O designer de interiores, Ronaldo Campos, explica que
essa técnica surgiu como opção alternativa e econômica, ao
mesmo tempo. “Começou com as aplicações em carros, como
meio de comunicação visual e difundiu para a decoração de
interior”, explica. Mesmo com a novidade, Ronaldo não vê isso
como a substituição dos papéis de parede, pois apresentam
ideias e estilos completamente diferentes.
A vantagem dessa nova forma de decorar é a garantia
que o adesivo não danifica a parede do ambiente. Quando
cansar de ver o mesmo desenho ou figura, a pessoa pode tirar
e colocar outro, dando sempre uma cara nova ao espaço. Outra
vantagem das peças é a possibilidade de personalização, algo
individual.
25
Fotos: divulgação
Mercado
Em Juiz de Fora, a mania já
pegou. Personagens de desenhos
animados, árvores e até frases são
algumas das opções que o cliente pode
encontrar no mercado. “Desenhos
estilizados, galhos com folhas e formas
geométricas para o quarto do casal.
Borboletas, flores e carrinhos caem
bem em quartos de crianças”, sugere
o designer. A técnica utilizada pode
ser vinil com recorte eletrônico, vinil
digital com impressão em policromia ou
adesivos em silk screen encontrados
Aplicação
Para aplicação dos adesivos, a superfície deve estar
limpa e pintada há pelo menos 15 dias. É aconselhável passar
um pano umedecido com álcool e esperar secar. Na posição
certa e correta que deseja dispor o desenho, a pessoa deve
iniciar a retirada do papel branco que acompanha o adesivo,
fixando-o na superfície e deixando-o colado apenas no papel
transparente. Ele deve ser aplicado em superfícies lisas, sem
irregularidades, livres de qualquer sujeira como poeira e
gordura.
Vale lembrar que a aplicação deve ser feita em locais
que estejam livres da exposição direta ao sol e em superfícies
sujeitas à umidade ou ao calor. Além disso, o conhecimento do
produto e mão-de-obra qualificada para a retirada do adesivo
são fundamentais, caso o cliente tenha dúvidas.
26
em gráficas especializadas. Segundo
Lamir Ramos, proprietário de uma
gráfica da cidade, os adesivos em vinil
são gerados partindo de desenhos
vetorizados em arquivos digitais através
de um programa específico. “A própria
pessoa pode produzir seu desenho
e levantar o astral do ambiente, sem
gastar muito, mas existem profissionais
especializados que podem ajudar e
orientar”, afirma Lamir. Neste caso, a
consultoria para quem está em dúvida é
essencial. O importante é trocar ideias e
analisar a melhor forma e o melhor lugar
para se aplicar o adesivo.
Medicina
Alternativa:
Uma nova opção para combater
as atribulações do dia-a-dia
Por Juliana Araújo
H
á quem diga que o brasileiro é um indivíduo feliz e
despreocupado com a vida. Não deixa de ser verdade,
mas esse pensamento não é o que bem explica a
grande demanda pela procura de alternativas que
possam diminuir a ansiedade e o estresse de todos os dias.
Contas a pagar, filhos para criar, o chefe com a cobrança diária
e os diversos obstáculos enfrentados na volta para casa, com
um trânsito cheio de problemas e imprudentes na direção. Haja
fôlego para tudo isso.
Possibilidades e opções são o que não faltam no
mercado da medicina alternativa no combate do estresse e
cansaço, por exemplo. Segundo o Naturopata, Acupunturista
e Professor de Ashtanga e Hatha Yoga, Gilberto Coutinho
Rodrigues, a expressão “alternativa” é empregada no sentido
de informar e esclarecer a respeito da existência de outras
formas também efetivas, seguras, naturais e não invasivas
no tratamento da saúde e no combate às doenças, além das
alopáticas convencionais.
A medicina alternativa é norteada por três ideais muito
importantes: (1) terapêutica natural e preventiva (atóxica e
menos invasiva possível), (2) visão holística da saúde e do ser
humano, (3) promoção do bem-estar e da saúde. No mundo
inteiro, a medicina alternativa vem tornando-se cada vez mais
popular em todas as classes sociais, sendo inclusive uma
grande aliada à medicina alopática.
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Terapias
A profissional formada em Educação Física, com
curso em Yoga Integrativa e pós-graduada em Acupuntura,
Viviane Pereira Mendes, explica que a acupuntura é um ramo
da Medicina Tradicional Chinesa de aproximadamente 4.500
anos. A prática tem a finalidade de prevenir e tratar diversas
patologias. “Atualmente, em todo o mundo, pesquisas
científicas trazem cada vez mais detalhes sobre sua eficácia.
Estudos comprovam que a acupuntura age não somente como
um potente analgésico, mas também como uma forma de curar
diferentes doenças”, esclareceu a acupunturista.
A grande vantagem é apresentar brandos efeitos
colaterais. A acupuntura age através do estímulo de pontos
ao longo de todo o corpo. Estes pontos encontram-se nos
chamados meridianos ou canais de energia. Seu estímulo
pode ser feito através de inserção de agulhas, pressão, laser,
aquecimento de moxabustão, sangria, entre outros. No caso da
utilização de agulhas, por ser um método invasivo, é importante
ressaltar o uso de agulhas descartáveis, tornando mais seguro
o tratamento e evitando contaminações.
Yoga
Coutinho lembra que o Ayurveda é a milenar e sábia medicina tradicional
da Índia. Composta de oito ramos ou especialidades, trata a pessoa
integralmente na sua singularidade, levando em consideração o aspecto
físico, mental e espiritual. Viviane ressalta, assim, o interesse pela Yoga
por pessoas que antes nem acreditavam que funcionava realmente como
método contra o estresse. De acordo com ela, o praticante pode beneficiarse através de posturas, técnicas de respiração, relaxamento, meditação
como uma forma de aliviar o estresse e o cansaço do dia-a-dia. “A prática
também se torna um momento para desacelerar”, explica Mendes. O Yoga,
nos dias de hoje, pode ser considerado como uma importante ferramenta
no tratamento e na prevenção de “doenças modernas” como o estresse, a
hipertensão, cardiopatias e depressão.
Terapia Holística
Para esquecer as atribulações do cotidiano e controlar o estresse nos
dias atuais, a terapia holística é também uma boa opção. De natureza
predominantemente preventiva, trata o paciente num todo, levando em
consideração o seu aspecto físico, emocional, psicológico, energético
e espiritual, mediante procedimentos naturais, atóxicos e não invasivos.
O tratamento holístico leva em conta a orientação total do paciente em
relação à vida e não apenas à doença localizada em algum ponto do corpo.
Procura enxergar o ser humano de uma forma ampla e se interessa por
todas as abordagens terapêuticas que o tornem não apenas mais saudável,
mas também mais feliz e realizado.
Massoterapia
Outra prática também procurada é a Massoterapia, na qual a massagem é
a grande aliada. Com origens orientais e ocidentais, proporciona grandes
virtudes terapêuticas, relaxantes, antiestresse, emocionais e desportivas. A
massagem é uma das mais antigas e simples formas de terapia para tocar,
pressionar e amassar diversas regiões do corpo para aliviar a dor. Relaxa,
tonifica e estimula, por exemplo, a circulação do sangue, melhorando a
eliminação de detritos ao longo do corpo. Não precisa estar doente para
participar de uma sessão de massagens, basta estar disposto a se sentir
mais relaxado, harmônico e com mais energia, enfim, com mais saúde.
Musicoterapia
Música para esquecer de tudo em volta, meditar e fazer terapia. Aqui está
uma forma de aliar prazer e cuidado com a saúde. A música na medicina
alternativa também é usada com objetivos terapêuticos. Ela utiliza sons,
ritmos e harmonias para trabalhar a comunicação, a expressão, a timidez,
a coordenação motora e até mesmo para tratar estresse e depressão. Até
distúrbios do sono e da fala podem ser minimizados com a musicoterapia.
O processo compreende a escuta, o canto, a execução de instrumentos
e a movimentação corporal. Através de um ambiente propício, chamado
de ‘setting terapêutico’, o objetivo é facilitar, através da música, a troca de
ideias, emoções e sentimentos entre paciente e terapeuta, para que este
possa conhecer e entender seu objeto de estudo.
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Assunta
Afago aos sentidos
Forneria alia sofisticação e preços razoáveis às opções gourmets da
cidade, imprimindo um novo conceito de restaurante
Por Márcia Carneiro
Fotos: João Schubert
Célio Oliveira, um dos idealizadores da Assunta Forneria
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A
essência da vida não se esconde em objetos, espaços e
aromas. Mas a combinação desses elementos estimula afetos, emoções e memórias. E se o conjunto estiver associado ao sabor e à prosa, bingo: é matéria-prima para total ativação
dos sentidos e, por tabela, um afago na autoestima, tão carente do
prazer da convivência em tempos frenéticos.
Para valorizar a “arte do encontro”, substância da vida,
segundo o arquiteto Hélio Pellegrino, foi criada a Assunta, forneria que traz um novo conceito de restaurante à cidade. “A ideia é
proporcionar uma gastronomia de qualidade a preços razoáveis”,
explica Célio Oliveira, um dos sócios.
Pratos à base de pizza e sanduíche feitos em forno à lenha, e levados à mesa somente após a aprovação do chef executivo, são a atração principal da forneria. A criação das iguarias,
no entanto, estarão a cargo do chef consultor, Pedro Siqueira, que
participa da equipe culinária do conceituado Hotel Fasano do Rio
de Janeiro. Além da concepção dos diversos sabores das especialidades principais, Siqueira é o responsável pela invenção das
sobremesas, criadas especialmente para a casa.
“Em Juiz de Fora, apenas pequenos restaurantes oferecem esse tipo de gastronomia. Agora, disponibilizamos o
mesmo serviço em grandes dimensões”, observa Oliveira, referindo-se à Assunta, que possui nada menos que 400 lugares.
Distribuído em três pavimentos, o restaurante destina o primeiro
“
A ideia é proporcionar uma
gastronomia de qualidade a
preços razoáveis
”
andar ao bar, ambiente mais descontraído. O segundo piso acolhe o salão principal, bem dividido em dois
ambientes, e o mezanino é reservado aos eventos.
Como é impossível reportar-se ao restaurante
sem mencionar a bebida como complemento do cardápio, a Assunta possui sugestões atraentes. Traz o chope
artesanal Antuérpia e uma extensa variedade de vinhos
em adega climatizada, além de contar com o serviço especializado de sommelier para a melhor harmonização
entre massas e vinhos. A carta de vinhos, aliás, será elaborada pelo juizforano Gustavo Andrade de Paulo, médico, sommelier e presidente da ABS/São Paulo.
Os antepastos são um capítulo à parte. Para
começar, pães artesanais preparados na própria casa,
além de produtos comuns e sofisticados, como presunto de Parma, queijos importados e legumes grelhados.
Oliveira lembra que o restaurante pretende se destacar
pela excelência. “Tudo será de primeiríssima qualidade”, ressalta.
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Toque inspirador
Obras a todo vapor transformando a Assunta
em uma obra de arte
Mas o cardápio não é o único atrativo. Para imprimir
singularidade à forneria, cada detalhe foi milimetricamente
planejado, seguindo uma tendência de restaurante de design,
onde todos os lugares, objetos e serviços são escolhidos e
pensados pelos seus aspectos estéticos e funcionais. Conceito,
aliás, que multiplica o glamour de qualquer lugar.
E charme é algo que não falta à rotina da Assunta.
A dimensão sensorial da comida afeta ainda a atmosfera do
espaço, cujo projeto arquitetônico, desenhos do piso e lustres
levam assinatura de Hélio Pellegrino. O imenso paredão de
pedra do próprio terreno serviu de inspiração ao arquiteto,
que utilizou a natureza como estrutura do restaurante.
Oliveira ressalta o uso do material de
demolição na
obra como uma demonstração de respeito
ambiental.
E, no interior, mais novidades: elevador
especial para cadeirantes, pé direito alto
para ventilar e proporcionar a sensação de
amplitude, além do reforço do arcondicionado, caso seja necessário.
“Cada ambiente ganha piso
exclusivo, com mosaicos criados
por Pellegrino”, observa
Oliveira. As mesas têm
arte assinada pela
designer Carina Bokel
Becker e para não perder
o tom, o requinte se estende a todo
o enxoval do restaurante, como talheres, taças e louças. O
equipamento da cozinha conta com tecnologia de ponta e todos
os profissionais foram treinados para o melhor atendimento,
com capacitação contínua.
O aroma, como o cliente poderá perceber, também
varia de ambiente para ambiente. E para completar o mimo aos
sentidos, os ouvidos ganham a nobreza musical da Rádio Ibiza
Carioca, empresa especializada em sonoridade ambiental,
contratada para ajudar a compor o clima propício aos prazeres
sensoriais. Além disso, o amplo estacionamento à frente
anula uma das mais frequentes dificuldades verificadas em
restaurantes.
Como se vê, sobram razões para provar as delícias que
a arte do encontro pode reservar aos clientes mais exigentes,
mesmo aqueles acostumados aos melhores ambientes
gastronômicos internacionais.
Ladeira Alexandre Leonel, 221 - lj 301
Bairro São Mateus | CEP 36033-240
Juiz de Fora/MG
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Lapidando o sabor:
Agora, em Juiz de Fora,
o saboroso diamante
dourado das montanhas
Por João Paulo de Oliveira
O
mundo moderno é feito de cidades, locais de
encontros afetivos e mercantis. Uma das mais
prósperas da Europa, agora está mais perto de
nós. Antuérpia é uma cidade da Bélgica que
junta duas das maiores especiarias de nosso tempo: os
diamantes mais valiosos da Terra e as melhores cervejas
do mundo. O maior município da região de Flandres é
destaque nestas atividades desde o século XVI. Por
volta de 1910, Juiz de Fora despontava com mais de mil
empresas e pela vasta produção industrial têxtil, por isso,
ficou conhecida como Manchester Mineira. Muito tempo
se passou e, depois de alguns anos em turbulência, os
bons ventos voltaram a soprar sobre a cidade, justamente
na primeira década do novo milênio: novos e modernos
shoppings, centro de convenções, crescimento do turismo
de negócios, faculdades e cursos profissionalizantes, uma
ótima qualidade de vida e, claro, a ascensão da gastronomia
local, cada vez mais rica e reconhecida além de nossas
fronteiras. E eis que, em agosto de 2009, o diamante dourado
da Antuérpia passa a fazer parte do cotidiano da renascida
Manchester. Juiz de Fora ganha a Antuérpia, sua primeira
indústria de cerveja artesanal, totalmente profissionalizada,
utilizando avançadas técnicas de preparo e equipamentos
eletrônicos de última tecnologia.
Fotos: João Schubert
O mestre-cervejeiro Mathias Reinold com Célio Oliveira
As “microcervejarias” pertencem a um ramo
empresarial em rápida expansão, principalmente, no sul e
no sudeste do país, onde o consumo e a produção cada vez
mais crescem, ganhando mais fãs e adeptos. Quem garante
isso é Matthias Reinold, um dos maiores incentivadores da
produção reduzida, formado em Tecnologia de Cerveja
e Gestão pela Qualidade Total em universidades da
Alemanha e do Japão, respectivamente. “Hoje, no Brasil,
são 70 microcervejarias, portanto, uma ótima oportunidade
para agregar valor ao produto. Quem aprecia, passa a
36
consumir só cerveja ou chope artesanal”, afirma. Reinold é
considerado um dos maiores mestres-cervejeiros do Brasil,
graças a décadas de dedicação e estudo da arte de preparar
com carinho o malte, escolher a medida certa para o lúpulo
e aguardar pacientemente pela ação orgânica da levedura,
além de conhecer o maquinário e a tecnologia que garantirá
toda a qualidade do processo. É ele quem comanda o início
da nova estrela da cidade, a Antuérpia, chope lançado no
restaurante Churrasqueira de São Mateus, e que também
fará parte da rotina da Assunta Forneria.
A fábrica, instalada ao lado da Churrasqueira (na
Rua Manoel Bernardino), pode ser vista através de uma
nova área anexada ao restaurante. Com capacidade para
produzir cerca de 20 mil litros de cerveja artesanal por mês,
a princípio, serão três tipos de chope: o Pilsen tradicional,
o Premium - um pouco mais encorpado - e o Black, chope
escuro. Quem for à Churrasqueira poderá conferir um
pouquinho da produção, ao vivo. O sistema - formulado
pela empresa gaúcha Egisa e supervisionado pelo Mestre
Matthias - está interligado desde a brassagem ou cozimento
(primeira parte do processo) à máquina, que permite servir
o chope na hora e no ponto. O empreendimento é uma
iniciativa do empresário Célio Oliveira, que antes pensava
em trazer para a cidade uma adega de vinhos. Entretanto,
percebendo uma oportunidade mais auspiciosa para
as microcervejarias, tratou de pesquisar fornecedores
renomados e mão-de-obra especializada. Em pouco mais
de três meses, tudo resolvido: investimento em maquinário,
escolha do mestre-cervejeiro e seus assistentes. Agora, só
faltava a adaptação do local que iria receber as ferramentas
necessárias para a fabricação de um verdadeiro diamante
dourado das montanhas.
mostura é encaminhada para o tanque de fermentação que,
em aproximadamente 12 dias, irá transformar os açúcares
em álcool e gás carbônico (CO²). O composto, então, vai
para a etapa de maturação que leva mais 5 ou 6 dias. Neste
momento, a Antuérpia passa por um arredondamento de
substâncias e paladar, o toque final para encontrar sabor
e ponto desejáveis. Assim, após estes preparos, há a
filtração, entra a água cervejeira e o CO² da fermentação
é dispensado. A partir daí, a Antuérpia está pronta para ser
Mathias Reinold na nova microcervejaria Antuérpia
envasada e servida ao público.
Segundo Petrônio Bozzobon, cervejeiro que guiará
a produção diária da Antuérpia, a receita clássica da
cerveja artesanal é composta por quatro ingredientes:
água, malte (define o sabor e o tipo de cerveja), lúpulo (o
grau de amargor e o aroma, além de conservar o produto)
e, por fim, a fermentação da levedura que garante o álcool
no processo. “Temos que ficar atentos ao controle de
qualidade, fazendo provas em todas as etapas e enviando
para análises laboratoriais. Antes, é preciso certificar-se que
todas as etapas estão de acordo com a receita preparada
pelo mestre-cervejeiro”, conclui. Mestre Matthias completa
afirmando que “a qualidade da cerveja é assegurada pelo
controle das variáveis do processo (máquina, método,
matéria-prima, meio ambiente, mão-de-obra e medida),
através de procedimentos e de modernas práticas de
fabricação cervejeira utilizadas no processo de produção
e envasamento. Esses procedimentos são baseados na
teoria e na prática da tecnologia cervejeira e da qualidade
total”.
A microcervejaria Antuérpia ocupa uma área de
250m², com dois andares e ainda uma parte do sótão
utilizada para receber a caldeira. No andar inferior, uma
geladeira própria para a estocagem do produto na
temperatura certa. Na parte principal da planta, temos
praticamente todo o procedimento feito pela ação humana
em confluência com a tecnologia eletrônica para um
controle mais eficaz de qualidade. A produção atinge cerca
de mil litros por dia. Entretanto, para que a primeira leva fique
pronta, são aproximadamente 21 dias. Ou seja, o trabalho é
tão específico que há a necessidade de tempo e paciência
para que o chope saia realmente perfeito. Após a moagem
e seleção do malte, temos a brassagem, uma espécie
de cozimento que irá separar a parte sólida do mosto, o
ingrediente principal no preparo da bebida. Em seguida, a
O primor pela qualidade garante muito mais que um
sabor especial. É também um dos maiores diferenciais para
as cervejas de massa que, por questões produtivas, colocam
alguns ingredientes a mais na mistura (o malte, o lúpulo e a
levedura são quase 100% importados) e muitos deles são
os responsáveis por disfunções, dores de cabeças e outros
mal-estares provenientes do consumo. Além da primazia
no gosto e na textura, as cervejas artesanais não causam
azia, efeitos colaterais ou reações bioquímicas depois de
consumidas, além de serem produzidas de acordo com
o perfil do público. As três versões da Antuérpia (pilsen,
premium e black) estão disponíveis sempre em forma de
chope, ressalta Reinold. Sendo assim, desejamos que o
diamante dourado esteja presente entre nós por muitos
e muitos anos, nos trazendo alegria, convivência e, claro,
muita prosperidade para Juiz de Fora.
37
Fotos: divulgação
Roteiro
Gastronômico Brasil
Por João Paulo de Oliveira
U
m provérbio budista ensina que “na hora de estudar,
estudar”, “na hora de trabalhar, trabalhar” e também,
claro, “na hora de comer, comer”. Ou seja, quando em
uma atividade, seja ela física ou mental, é preciso concentração nos sentidos estimulados para que a comida seja apreciada de forma satisfatória pelo indivíduo, traduzindo ao espírito
prazer e aprendizado. Entretanto, o mundo se torna cada vez
mais rápido e complexo, não permitindo tanto a exclusividade
de atenção para uma coisa apenas. Enquanto se alimentam, as
pessoas pensam em seus problemas, compromissos, satisfações. Apesar de toda correria e tensão, muita gente tem conseguido reservar um tempinho em sua agenda para preparar
viagens e dar uma folga para toda a confusão do dia-a-dia nas
cidades. O turismo gastronômico, segundo dados da FIPE , é o
terceiro maior motivo de deslocamento dentro do Brasil. Muitos turistas escolhem os destinos a partir do que irão encontrar de experimentação gastronômica em uma região, e sabem
como é prazeroso aproveitar os sabores peculiares do lugar.
E nessa hora, gastam com satisfação o dinheiro e o tempo sagrados para degustar os diferentes e diversificados sabores da
culinária brasileira.
Em viagens turísticas, quando se experimenta uma
refeição típica, não se leva à boca somente uma mistura de
ingredientes, e sim uma rica experiência cultural, aprimorada
há anos, passando de geração em geração, até chegar ao tu38
rista. Assim, o prazer gastronômico se sofistica e se assemelha
à leitura de um bom livro ou à ida a um ótimo filme ou peça de
teatro.
O Brasil é um mundo inteiro de sabores e formas de
apreciação degustativas e não são apenas as viagens paradisíacas para o litoral ou interior que compensam os sentidos do
paladar. Ir ao Rio de Janeiro ou a São Paulo, mesmo a negócios,
também pode ser uma ótima opção para este tipo de prazer.
Encontramos nas principais cidades do país, uma rica carta,
com restaurantes dos mais diversos sabores, preços e serviços. Estas duas metrópoles brasileiras, além de reservarem
aos visitantes uma variedade de opções de diversas regiões
do nordeste ao sul, também possuem uma excelente rota de
cozinhas internacionais, com renomados chefs e ótimas alternativas para o prazer gastronômico.
A associação de métodos, alimentos e temperos africanos, portugueses e das demais imigrações, trouxeram um
mundo de opções que a própria característica antropofágica
do nosso povo fez questão de misturar e criar uma típica forma
de se servir e se alimentar. Do tradicional arroz com feijão ao
prato mais fino, a cultura culinária do Brasil encanta estrangeiros e brasileiros que, por sinal, podem cada vez mais se darem
o luxo de viajar pelo país, à procura dos melhores roteiros gastronômicos que dizem muito da história, dos modos e tradição,
da moda e da cultura em geral da região que se visita.
NORDESTE
Os portugueses influenciaram na elaboração de
cozidos, “caldeiradas” e doces. A África trouxe o tempero e o
preparo de comidas com o azeite de dendê e leite de coco.
Já da herança indígena, temos o uso do milho, da mandioca
(macaxeira) e da abóbora (jerimum). Todos os estados são
banhados pelo Atlântico, o que propicia uma culinária marítima
das mais fartas, com o consumo de peixes, camarão, lagostas,
siris e lulas. Em mangues e rios, diversidade de caranguejos
e crustáceos, destacando o camarão pitu de água doce e os
sururus. No interior da região, o costume culinário está em
torno da carne de animais como o bode, o carneiro e o boi,
esta última, em especial, a carne-de-sol (menos salgada) e a
carne-seca (com mais sal e conhecida como charque ou jabá),
ambas preparadas ao ar livre no sol, ou em estufas.
NORTE E CENTRO-OESTE
Nestas duas regiões, temos a forte influência da
culinária indígena, com pratos feitos a partir da rica agricultura, dos frutos e animais da floresta amazônica e do pantanal. No Pará, temos a castanha e a mandioca como bases
para diversas iguarias como beijus, pirões e mingaus.
Na região norte, temos uma grata proliferação de sucos
naturais da floresta amazônica, como o açaí, a graviola e o
próprio cupuaçu.
No centro-oeste, destaque para o pintado, o caldo
de piranha e o pacu; a rã frita e a carne de jacaré; e caçados como carne de capivara, paca e aves no espeto, como
o jaó e todos animais da fauna do cerrado e do pantanal.
Vale destacar também Goiás, estado com influência de
diversas regiões e que assimila características mineiras e
paulistas, além da pantaneira. No estado goiano encontramos galinhada, empadão goiano, tutu, linguiça, couve,
torresmo e quiabo refogado de grande qualidade.
SUDESTE
No Espírito Santo, temos a cultura indígena influenciando a culinária da
região. As refeições são preparadas à base de peixes e frutos do mar, como a
moqueca capixaba, a muma de siri e o peroá frito.
O Rio de Janeiro apresenta um cardápio com várias opções nacionais
e internacionais, com restaurantes famosos no mundo inteiro, que servem
desde os mais tradicionais aos mais exóticos pratos. Temos como destaque a
famosa feijoada completa, o caldo verde e o bacalhau, influência significativa
de Portugal na cidade maravilhosa.
São Paulo é conhecida como uma das principais capitais
gastronômicas do mundo. Lá é possível encontrar representantes de quase
todas as culinárias do mundo, como a japonesa, a italiana, e a do Brasil. Apesar
disso, a tradicional cozinha paulista tem como base o arroz e o feijão e, como
prato principal, bife, carne moída ou assada, frango, linguiça, batata frita e
salada de alface com tomate.
Em Minas Gerais, a carne de porco pode ser encontrada em diversos
pratos e não apenas em restaurantes, mas também na imensa e diversificada
cultura de bares e botequins que oferecem dobradinhas, linguiça, feijão
amigo, costelinha e outras variedades. A carne suína é acompanhada de
feijão, farinha, couve, mandioca, etc. Em Minas, ainda existem muitas opções
gastronômicas deliciosas como o pão de queijo, o próprio queijo minas,
o feijão tropeiro, o tutu à mineira e, claro, uma infinidade de doces como,
goiabada, doce de leite, ambrosia, quindim e outras gostosuras.
SUL
Destacam-se o carneiro no buraco (Paraná), os peixes catarinenses - como linguado,
garoupa, namorado, robalo e anchova, frutos
do mar - como camarão, lagosta, lula e ostra,
além do típico churrasco de boi e o arroz de
carreteiro do Rio Grande do Sul.
39
Gastronomia por aí...
Luís Alfeu - Engenheiro
“Foi incrível o bacalhau assado acompanhado com uma pasta de espinafre que degustei durante uma viagem que
fiz a Portugal. O azeite servido junto ao bacalhau
tinha um sabor maravilhoso e inesquecível”.
Marcos Neves - Executivo
“Um prato que marcou quando degustei pela primeira vez foi
o cassoulet, quando estive na cidade de Carcassonne, no sul
da França. Um prato delicioso que tenho a oportunidade de
saborear em casa, preparado por minha esposa”.
André Pavan – Empresário
“Tudo na vida é feito de momentos.
Assim é quando estou na cidade
de Búzios/RJ, onde sempre às 17h,
com o pôr-do-sol bem pertinho, vou
degustar um pargo assado com
molho de ervas em um restaurante da cidade. É um prato que
mexe com os sentimentos de
qualquer um”.
Ana Paula Ribeiro – Oficial de Justiça
“Um prato inesquecível que já degustei foi
um camarão na moranga com arroz selvagem em um antigo restaurante da cidade.
Um molho leve e delicado acompanhado
de uma mini-abóbora. Nunca comi algo
parecido”.
Vivian Werneck Alvim – Psicóloga
“Em 2006, fui à Costa do Sauípe e comi uma
comida típica espanhola, uma verdadeira
paella. Já tinha degustado outras, mas aquela
realmente superou minhas expectativas”.
Manoel Resende - Empresário
“Não me esqueço quando em 2006,
em uma confraria na qual estavam reunidos alguns amigos, provei um steak au poivre, da cozinha francesa, preparado pelo chefe
Otávio Bedinele, em sua casa no Parque Imperial. Um
prato de carne acompanhado com molho e pimenta (poivre),
extremamente gostoso e com um sabor único”.
DI
Cinema e gastronomia se juntam
para dar mais sabor ao entretenimento.
Muita gente pensa que o encontro entre o cinema e a gastronomia se dá através de balas, chicletes,
pipoca e refrigerante e, quase sempre, deixando uma baita sujeira nas salas de exibição.
Entretanto, a mesa e a telona têm cada vez mais se aproximado, seja por roteiros em que a comida é
tema ou participante importante, seja por eventos inusitados que juntam as duas artes.
Por João Paulo de Oliveira
R
emy é um ratinho simpático e muito inteligente. Ele
foi agraciado com um faro espetacular para aromas
e um paladar super refinado, além disso, consegue
entender e ler o que os humanos escrevem e dizem. O
ratinho vive em um pequeno vilarejo do interior da França
e divide o seu tempo entre detectar eventuais venenos
colocados para os ratos e aprender lições do Chef
Gusteau em um programa de TV. Após uma tremenda
confusão, Remy chega a Paris guiado pelo espírito do chef,
que morrera de desgosto por seu restaurante ter perdido
uma estrela em uma importante avaliação gastronômica.
Na “Cidade Luz”, Remy se torna amigo de Linguini, um
jovem iniciante na cozinha, e os dois passam a viver o
cotidiano de um restaurante em provação depois que seu
principal “ingrediente” havia desaparecido. Ratatouille
é um desenho animado da Disney que encanta não só
pelo lado cômico, mas também pelas saborosas sopas
preparadas pela dupla.
A história do ratinho é contemporânea, mas o
cinema já retratou com dramaticidade a vida daqueles
que se sentiram acuados por uma decepção culinária.
Em Vatel – um banquete para o Rei, Gérard Depardieu
interpreta o personagem título, um mestre-cozinheiro
a serviço de um general aposentado que irá receber a
visita do rei Luiz XIV e, assim, deseja impressioná-lo da
melhor maneira possível. O filme é um bálsamo para quem
aprecia a culinária do século XVI, da era dos palácios e
do Antigo Regime na França. Nem o mais novo Maria
Antonieta conseguiu retratar a cozinha de época tão
bem quanto Vatel. Sua narrativa é provocadora e discute
temas que hoje em dia ainda têm sua validade.
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O filme mostra com riqueza os detalhes e a
precisão dos bastidores de uma cozinha. Porém, o
perfeccionista personagem histórico, em uma crise,
acabou por se suicidar devido à insuficiência de peixes
para os convidados.
Exageros à parte, o cinema e a comida sempre
estiveram lado a lado. Entretanto, se em um primeiro
momento, a comida simbolizava o sexo, nos últimos
tempos, ela tem sido o banquete principal nas salas
de cinema. Um dos mais novos da atual safra é o
brasileiríssimo Estômago. O filme é dirigido por Marco
Jorge e, através de uma poética que mistura música e
comida, faz da obscuridade de uma penitenciária, um
formidável pano de fundo para a reverência à gastronomia.
O personagem principal, um nordestino que chega a São
Paulo, leva à dureza da vida na cadeia, os encantos da
culinária brasileira.
No excelente livro O cinema vai à mesa –
histórias e receitas – (Melhoramento), o crítico Rubens
Ewald Filho e Nilu Lebert trazem aos fãs da gastronomia e
da sétima arte, uma seleção das mais saborosas películas,
que misturam sabores, aromas e fortes emoções.
Segundo os autores, a reunião destas duas
iguarias da inteligência humana é caso recente. Até bem
pouco tempo havia certo preconceito, pois imperava
um sentido muito sexual à mistura de comida e cenas
dramáticas. Apenas nos anos 80 e 90 é que aparece o
conceito food film, no qual a comida surge não somente
em poucas cenas, tais como dos suculentos morangos
agraciados por Kim Basinger e Mickey Rourke em 9
½ Semanas de Amor (1986) e da clássica manteiga
do filme O último tango em Paris (1972), de Bernardo
Bertolucci.
Cinema vai à mesa retrata com detalhes as
experiências gastronômicas e seus desenvolvimentos
em diversos filmes como Dona Flor e seus Dois Maridos,
Festa de Babete, Comer, Viver, Beber, O Filho da Noiva,
Chocolate, O Tempero da Vida, entre outros. Além
da ficha completa dos filmes, o cinéfilo-gastronômico
ainda encontrará as receitas dos pratos que aparecem
sendo servidos ou comentados nas cenas. Uma delícia
de opção para quem gosta de viver um ótimo momento,
comendo bem, acompanhado de um bom vinho, uma
ótima companhia, e ainda assistindo a um estimulante a
mais para o paladar. A parceria é tão forte que há dois
anos acontece em São Paulo a Virada Cine-Gastronômica,
na qual são exibidos, durante 24 horas, filmes que têm
a comida como temática ou ingrediente indispensável.
Além de poder assistir às apetitosas obras, o público
também participa de degustações durante os intervalos
das exibições, uma maneira um tanto quanto coerente
para um evento que busca unir estas duas paixões e,
inspiradas, claro, nos filmes que acabam de passar.
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Fonte: Livraria Saraiva
DICAS DE
LIVROS
e o requinte de chefs - pratos de culinária internacional salpicados com a
criatividade e o tempero brasileiro. Reunidas neste livro estão 100 receitas
selecionadas desse rico cardápio. E, como é na cozinha que se contam
as melhores histórias, aqui se reúnem também registros da glamourosa
trajetória dos hotéis, que o Senac São Paulo traz para o público nas páginas
de um atraente projeto gráfico. São sabores e delícias da melhor tradição
gastronômica. Um repasto de aguçar os sentidos.
Aquim - Uma Família Apaixonada Pela Gastronomia
Autor: Aché, Suzete; Landau, Alexander
Editora: Senac, Rio de Janeiro
R$ 115,00
Apaixone-se você também pela gastronomia, lendo a história de uma família
empreendedora e feliz. Conheça os mistérios de sua cozinha e se delicie com
o texto de Suzete Aché e as fotos de Alexander Landau. Este livro tem tudo
para deixar você com água na boca. Descubra os ingredientes do sucesso da
Família Aquim e regale-se com sua arte.
A Dieta do Chef
Alta Gastronomia de Baixa Caloria
Autor: Villard, Roland
Editora: Senac, São Paulo
R$ 80,00
Gastronomia & História dos Hotéis
Escola Senac São Paulo
Autor: Barreto, Ronaldo Lopes Pontes; Santos, Antonino
Malaquias dos; Gomes, Fábio de Freitas
Roland Villard é um chef renomado, e recebeu alguns dos mais importantes
prêmios culinários do mundo, entre os quais se destaca o de único chef
na América Latina a fazer parte da Academia de Culinária Francesa. Seu
diferencial está nos pequenos detalhes, em sua percepção aguçada de
como agradar aos clientes e na ousadia de suas criações. Decidido a entrar
em forma, Roland emagreceu 30kg ao adotar um menu de pratos leves e
com poucas calorias, mas que mantêm o visual, a textura e o sabor da alta
gastronomia pela qual ficou conhecido. Neste livro, o leitor encontrará as
receitas clássicas e as versões light da cozinha estrelada de Roland Villard. E
poderá emagrecer em altíssimo estilo.
Editora: Senac, São Paulo
R$ 160,00
Das cozinhas dos hotéis Senac saem finas iguarias que agradam hóspedes
e visitantes de todos os lugares. São produções preparadas com o cuidado
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Delicioso Brasil - Gastronomia e Turismo
Delicious Brazil - Gastronomy And Tourism
Autor: Bogosian, Francy Soares
Revolução na Cozinha
Editora: Entrelivros
Autor: Oliver, Jamie
R$ 70,00
A Culinária Brasileira é deliciosa e nutritiva. É também, fácil de preparar.
Muitos alimentos brasileiros são exportados, e muito apreciados no exterior.
Por exemplo: pão de queijo, farinha de mandioca, colorífico de urucu, caldo
de cana, etc. Produtos, como o artesanato, a arte cênica e o turismo estão em
destaque por causa da sua exuberância natural. A mistura indígena, africana
e européia (mais especificamente a portuguesa) resultou nas diversidades
regionais, com seus sabores exóticos, afrodisíacos e belos de nossa culinária.
Editora: Editora Globo
R$ 78,00
Jamie Oliver é um dos mais famosos chefs da Grã-Bretanha, não somente
por causa dos seus programas de televisão, mas também por iniciativas
como o projeto do restaurante Fifteen - quando treinou quinze jovens
carentes para se tornarem chefs - ou a campanha contra alimentos
processados servidos em escolas. O seu mais recente desafio é o novo
lançamento da Editora Globo, “Revolução na Cozinha”, também uma série
televisiva exibida no canal GNT.
Dicionário Tradutor de Gastronomia
em Seis Línguas
Autor: Saldanha, Roberta Malta
Editora: Superbrands
Chefs - Segredos e Receitas
R$ 68,00
Autor: Norman, Jill
O Dicionário Tradutor de Gastronomia tem como objetivo auxiliar e facilitar
a leitura, compreensão e estudo do vasto mundo da gastronomia. Seus
procedimentos, termos, modos de preparo e ingredientes. Publicação inédita
no Brasil, foi redigida em 6 línguas - Português, Inglês, Francês, Alemão,
Italiano e Espanhol - dividida em 32 categorias, e conta com mais de 19.000
termos, além de índice remissivo em cada idioma para agilizar a pesquisa.
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Editora: Melhoramentos
R$ 157,00
Gastronomia é sabor, paixão e um tema cada vez mais valorizado. Ela está
no aroma irresistível do pão caseiro, na lagosta fresca preparada no ponto
exato, na leveza das espumas e musses e no tempero inusitado de carnes
servidas em estrelados restaurantes internacionais. Em “Chefs - Segredos
e Receitas”, esses e muitos outros requintes são revelados por 18 dos mais
renomados mestres de culinária internacional.
Por Caroline Farinazzo
Antigamente,
a vida no campo
permitia um conhecimento
empírico a respeito dos alimentos e
suas propriedades. A culinária não contava
com ingredientes contaminados por agrotóxicos e as
pessoas aproveitavam as matérias-primas orgânicas que
hoje normalmente vão para o lixo, como sobras, folhas,
cascas, talos e até sementes. Devido à industrialização
e à migração da população para os centros urbanos, a
qualidade de vida foi prejudicada, principalmente em
relação à prática diária da boa alimentação, fundamental
para o bem-estar do ser humano. A cultura capitalista
popularizou os fast foods e estabeleceu o hábito de
consumo rápido, geralmente com poucos nutrientes e a
um custo relativamente baixo. Mesmo quando se busca
uma alimentação benéfica e variada, o desperdício é
praticamente inevitável em função da falta de informação
quanto ao preparo dos pratos.
Através de atitudes práticas, é possível evitar
o desperdício, aproveitar integralmente os alimentos,
elaborar refeições saborosas, nutritivas e também
baratas. Diversas empresas e organizações já
apresentam programas educativos para incentivar a
mudança de hábitos alimentares de todos os indivíduos.
O canal Futura exibe a série “Alimente-se Bem”, que
engloba programetes para estimular a utilização de
ingredientes pouco empregados na culinária familiar.
Esses produtos apresentam alto valor nutritivo e podem
ser preparados através de receitas rápidas e criativas,
desenvolvidas por nutricionistas do Serviço Social da
Indústria - SESI. Outro programa interessante é o “Mesa
Brasil”, do Serviço Social do Comércio - SESC. Através
de diversas cartilhas educativas, a instituição contribui
para a disseminação das receitas com aproveitamento
integral. Veja ao final da matéria, algumas formas de
utilização desses alimentos que erroneamente são
vistos como “pouco nobres”.
O Instituto Akatu - Pelo Consumo Consciente
- também desenvolve projetos de comunicação e
educação focados na mudança comportamental do
consumidor. Em um caderno temático intitulado “A
nutrição e o consumo consciente”, o Instituto sugere
ações simples que, desde o momento da compra,
auxiliam na elaboração de um cardápio diversificado,
evitando a aquisição de excedentes e garantindo
produtos de boa qualidade. Dentre essas atividades,
está a elaboração de um cardápio semanal, baseado
na preferência e na necessidade alimentar de
toda a família. Isso diminui os gastos financeiros
e de tempo, facilitando as refeições diárias, uma
vez que ficam pré-determinadas. Antes de sair
às compras, também é importante observar o
que ainda resta na despensa e na geladeira, para
preparar corretamente uma lista dos produtos que
estão em falta. No supermercado, deve-se
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sempre ficar atento à validade dos alimentos e à forma
correta de armazenamento dos mesmos. Além disso,
os produtos perecíveis devem ser retirados por último,
pois assim permanecem por menor período de tempo na
temperatura ambiente, conservando suas propriedades.
Comprar hortaliças, frutas frescas e produtos da safra,
semanalmente, também garante o frescor dos alimentos
e evita o desperdício em função da deteriorização.
Sugestões de receitas:
Farofa com casca de abacaxi e talos
Ingredientes
• 1/2 xícara de óleo
• 1 cebola picada
• 2 dentes de alho amassado
• 100g de bacon ou toucinho picado (opcional)
• 2 xícaras de talos ou verduras picadas
Para mais informações sobre dicas, programas e receitas,
acesse:
• 1 xícara de cenoura ralada
• sal e pimenta a gosto
• 1 xícara de casca de abacaxi batida no liquidificador
Instituto Akatu:
www.akatu.org.br
Programa Alimente-se Bem, Canal Futura:
www.futura.org.br
• 1/2 kg de farinha de mandioca crua
Modo de Preparo
Levar ao fogo para refogar o óleo, cebola, alho e o bacon. Depois acrescentar aos poucos
as verduras, legumes e deixar refogar. Colocar o abacaxi, temperar e, por último, vá
acrescentando a farinha de mandioca mexendo sempre, para ficar uma farofa bem solta.
Programa Mesa Brasil:
www.mesabrasil.sesc.com.br
Panqueca verde
Conheça alguns alimentos
que podem ser aproveitados
integralmente:
Massa
Ingredientes
• 1 xícara (chá) de talos e folhas (espinafre, cenoura, beterraba) cortados e cozidos
• 1 xícara (chá) de leite
• 2 ovos
• 1 xícara (chá) de farinha de trigo
• 1/2 colher (chá) de sal
• Folhas de: cenoura, beterraba, batata-doce, nabo, couve-flor, abóbora,
mostarda, hortelã e rabanete.
• Cascas de: batata inglesa, banana, tangerina, laranja, mamão, pepino, maçã,
abacaxi, berinjela, beterraba, melão, maracujá, goiaba, manga e abóbora.
• Talos de: couve-flor, brócolis e beterraba.
• 1 colher (sopa) de margarina
Recheio
• 2 colheres (sopa) de óleo
• 1 cebola picada
• 1 dente de alho picado
• Sementes de: abóbora, melão e jaca.
• 6 xícaras (chá) de talos e folhas bem lavados e picados
• Nata.
• Sal a gosto
• Pão amanhecido.
Modo de Preparo
Massa
Saiba o que é
possível fazer
com as sobras de:
• Carne assada: croquete, omelete, tortas e recheios.
Colocar os talos no liquidificador, acrescentar o leite e bater até a mistura ficar homogênea.
Passar a massa por uma peneira. Devolver a massa para o liquidificador e acrescentar os
ovos. Adicionar farinha, sal e margarina e reservar a massa.
Recheio
Colocar o óleo numa panela. Acrescentar a cebola e o alho e deixar dourar. Acrescentar
os talos e as folhas e água se necessário. Juntar o sal, tampar a panela e deixar cozinhar.
Montagem da panqueca
Colocar a massa na frigideira, espalhar bem e deixar fritar dos dois lados. Rechear as
panquecas.
• Carne moída: croquete, recheio de panqueca e bolo salgado.
*As dicas e receitas foram retiradas das cartilhas educativas do Instituto Akatu e do SESC.
• Arroz: bolinho, arroz de forno, risotos.
• Macarrão: salada ou misturado com ovos batidos.
• Hortaliças: farofa, panquecas, sopas e purês.
• Peixes e frango: suflê, risoto e bolo salgado.
• Aparas de carne: molhos, sopas, croquetes e recheios.
• Feijão: tutu, feijão tropeiro, virado e bolinhos.
• Pão: pudim, torradas, farinha de rosca e rabanada.
• Frutas maduras: doces, bolo, sucos, vitaminas e geléia.
• Leite talhado: doce de leite.
50
Por Mônica Machado
Gastronomia em alta
Com novos formatos, programas do gênero
ganham espaço na televisão, conquistando
apreciadores no mundo inteiro.
H
á muitos anos, os programas de culinária fazem parte da
programação das emissoras do Brasil, principalmente,
na parte da manhã, cujo público-alvo é a dona de casa.
Quem não se lembra da “Maravilhosa Cozinha da Ofélia“, na
Rede Bandeirantes, ou do “Forno, Fogão e Cia“, na TV Gazeta,
multiplicadores de inúmeras receitas presentes em cardápios
caseiros de centenas de famílias.
Com o tempo, programas femininos ganharam novos
formatos e espaço na televisão, dando destaque para os
quadros do gênero que se tornaram sensação, tanto para
quem assiste, como para quem faz. Mais Você, Receita Minuto,
Hoje em Dia, Todo Seu e Tv Culinária são alguns exemplos
do canal aberto, que além de manterem a tradição de ensinar
receitas simples ou sofisticadas, convidam chefs de cozinha
renomados e, por muitas vezes, charmosos, para alavancar a
audiência e atrair o público-alvo, como o chef Edu Guedes, que
apresenta um quadro no programa “Hoje em Dia”, da Record.
Com o advento da TV a cabo, outros programas do
ramo começaram a ser produzidos no Brasil e no exterior,
porém, com um toque a mais. A culinária ganha um aspecto mais
cultural, como, por exemplo, o “Planeta Comida”, na Discovery
Travel, que explorava um país e seus hábitos gastronômicos,
e ensinava a preparar um prato típico do local visitado. Uma
fórmula perfeita que conquistou um público bem diferente do
convencional, os amantes da gastronomia e do turismo. Usando
o mesmo ingrediente, o famoso chef e padeiro, Olivier Anquier
apresentava na GNT, um programa onde viajava com seu fusca
62 para lugares inusitados do Brasil, descobrindo receitas
tradicionais e curiosas, além de ensinar ao telespectador uma
maneira mais simples de cozinhar, quebrando a rigidez e a
técnica profissional de muitos chefs; e mostrando o momento
mágico de comer e proporcionar o prazer com a comida.
Hoje, Olivier disponibiliza programas em vídeo em seu site
(www.olivieranquier.com.br), uma produção independente
para quem ainda continua acompanhando as aventuras do
apresentador pelas regiões brasileiras, em busca de novidades
da culiária nacional.
Ao contrário da simplicidade e da regionalização
explorada por Olivier Anquier, o programa “50 por 1”, exibido
aos sábados na Record, apresentado pelo milionário e
playboy Álvaro Garnero, une também o turismo à gastronomia,
porém com sofisticação e requinte. Além disso, mostra outras
particularidades de países exóticos e tradicionais que ganham
uma leitura pessoal ao relatar “50 experiências essenciais”
que devem ser feitas antes de morrer, através de suas viagens
pelo mundo. Apreciador da boa gastronomia e frequentador
dos melhores restaurantes internacionais e nacionais, o
apresentador faz questão de participar de degustações,
evidenciando o prato preparado especialmente para o
programa.
Chefs famosos, como Claude Troisgros e Deise
Novakoski, comandam o “Menu Confiança”, uma combinação
51
perfeita entre vinhos e alta gastronomia. Outro chef renomado,
Jamie Oliver, ensina receitas simples com produtos naturais
no “Em casa com Jamie Oliver”. O programa já acabou, mas
quem assistiu pôde acompanhar a preparação de pratos com
ingredientes básicos e acessíveis, através de receitas simples,
mas de uma maneira relaxante e divertida de cozinhar. Com um
detalhe: o cenário era sua própria cozinha.
O chef Anthony Bourdin é outro amante da alta
gastronomia e do turismo. No programa “Sem Reservas”,
experimenta diferentes pratos viajando por vários países.
Destrincha lugares, descobre segredos, sem usar clichês,
em busca da essência e da origem de cada sabor, de cada
ingrediente.
Olivier Anquier
Fotos: divulgação
No Brasil, os respeitados Alex Atala e Flávia Quaresma,
juntos pela primeira vez na televisão, apresentam o “Mesa para
Dois” na GNT. Enquanto Flávia explora os temperos e receitas
regionais, e suas influências na gastronomia nacional, Atala
transforma as descobertas da chef carioca em maravilhosos e
exuberantes pratos, revolucionando o paladar brasileiro.
Edu Guedes
Hell’s Kitchen
Diferente de todos, “Hell’s Kitchen” é o reality
show mais famoso do gênero na TV por assinatura. O Chef
escocês Gordon Ramsay conduz 12 jovens aspirantes a
Chef, dos quais somente um será escolhido como o melhor de
todos. Durante a competição, os participantes sofrem pressão
psicológica, sendo humilhados sempre quando algo sai errado.
Severo, rígido e nada simpático, Gordon é a principal atração
do programa, um verdadeiro sucesso de audiência no exterior.
“O ato de cozinhar é mágico, é uma arte, a essência
da busca das misturas perfeitas que, reunidas de uma
certa maneira e numa determinada proporção, traz
um prazer fantástico para quem faz e, principalmente,
para quem come. Um bom prato é uma obra de arte.”
Alex Atala
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Alex Atala
Com certeza, a ascensão da gastronomia proporcionou
a produção de inúmeros programas de televisão. Simples
ou sofisticados, estão atraindo públicos diversificados e
disseminando a cultura gastronômica de países, desvendando
origem, influências e segredos de um dos maiores prazeres da
vida: o ato de comer um bom e belo prato.
Fotos: divulgação
A hora
do Aço
O
universo gastronômico é amplo
e cada vez mais fascinante, com
uma infinidade de ingredientes
e produtos dos mais variados tipos. Diante
de tantas opções, o aço inoxidável volta
ao mercado conquistando o posto de
estrela da gastronomia. Ele está presente
tanto nos utensílios como nas utilidades
domésticas. Com design mais moderno, os
produtos em inox são práticos, versáteis,
seguros e resistentes, além de dar um
toque mais sofisticado à decoração de
cozinhas domésticas e gourmets. Além
disso, a aplicação do aço inoxidável
nos projetos de cozinhas profissionais e
particulares se torna um instrumento de
garantia para a qualidade na manipulação
dos alimentos, pois impede a transmissão
de substâncias tóxicas, odores ou gosto
devido à superfície lisa, além de atender às
exigências das legislações atuais, nacionais
e internacionais.
54
a e a vez
o Inoxidável
Por Mônica Machado
Principais Atributos
do Aço Inox
Resistência à corrosão
•
Resistência mecânica superior aos aços de
baixo carbono
•
Facilidade de limpeza, baixa rugosidade
superficial
•
Aparência higiênica
•
Material inerte: não modifica cor, sabor ou
aroma dos alimentos
•
Facilidade de conformação
•
Facilidade de soldagem, união
•
Mantém suas propriedades numa faixa
muito ampla de temperatura, inclusive
muito baixas (criogênicas)
•
Acabamentos superficiais variados
•
Forte apelo visual (modernidade, leveza e
prestígio)
•
Relação custo/benefício favorável
•
Baixo custo de manutenção
•
Material 100% reciclável
•
55
Por Mônica Machado
A
trufa é um gênero de fungo
subterrâneo da família Tuberaceae,
formado em simbiose com
as raízes das árvores. Nasce sob a
terra, a uma profundidade de 20 a
40 centímetros, próximo às raízes de
castanheiras e carvalhos. Com aspecto
de mármore negro e bege, sua principal
característica é o perfume. As trufas
podem ser encontradas nas regiões de
Alba e Piemonte (Itália) e de Périgord
(França). Sua procura é uma verdadeira
caça ao tesouro, e geralmente a colheita
é realizada por homens e cães. Os bons
farejadores conseguem sentir o cheiro
a uns 70 metros de distância da trufa
enterrada.
é recente. O aroma inigualável da trufa
é o segredo de pratos sofisticados
que podem ser encontrados somente
em alguns restaurantes de São Paulo
e de Petrópolis (RJ). Em Juiz de Fora, a
Assunta Forneria elaborou um cardápio
especial com os cobiçados ingredientes
gastronômicos.
Devido à sua raridade, as trufas,
são consideradas os “diamantes
negros” ou “fungos de ouro” da
culinária, o que justifica o preço dessa
especiaria de sabor refinado e sutil.
Antigamente, dizia-se que há duas
espécies de apreciadores de trufas: os
que acreditam que as trufas são boas
porque são caras e os que sabem que
No Brasil, a utilização dessa iguaria elas são caras porque são boas.
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Fotos: divulgação
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