Clube japonês faz intercâmbio no Alzirão

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Clube japonês faz intercâmbio no Alzirão
Clube japonês faz intercâmbio no
Alzirão
O Estádio Municipal Alziro de Almeida (Alzirão) recebeu, neste sábado (02/08), o
elenco sub-13 do Chiba Soccer, clube de futebol japonês que está no Brasil para
fazer intercâmbio. Os garotos tiveram a oportunidade de atuar contra CEPPP e
Joga Fácil, campeão e vice, respectivamente, da Copa de Seleções Paec, que é o
Programa de Apoio às Escolinhas Comunitárias realizado pela Prefeitura de
Itaboraí.
“Esse tipo de atividade é importantíssimo para dar oportunidade às crianças da
sociedade de participarem de ações que engrandecem seu currículo não apenas
esportivo, mas também cultural, além de trocar informações e observar outra
escola de futebol” – disse Alexandre Arêas, subsecretário de Esporte, Lazer e
Turismo.
Os jogos-treino foram disputados em quatro tempos de 20 minutos, com um
rodízio entre os titulares e reservas do Chiba contra CEPPP e Joga Fácil. Após a
atividade, ambos participaram do treino da ADI, que se preparou no Alzirão para
dar continuidade à disputa do Campeonato Carioca da Série C. Os japoneses
receberam, ainda, um troféu de participação das mãos de Arêas.
“Conheço muitos pais de jogadores e também a diretoria do Joga Fácil. Nisso,
achei bacana a proposta do evento de hoje e fiz questão de vir, até de registrar
parte da atividade” – disse Nilson Dias, 52 anos, morador de Marambaia que atua
no ramo de construção civil.
Chiba Soccer Club
O Chiba é sediado na cidade homônima que tem cerca de 1 milhão de habitantes.
O clube não tem visão profissional, sendo seu foco dedicado à formação cidadã e o
esporte como complemento educacional. Atualmente, cerca de 200 atletas fazem
parte do programa, sendo divididos em três categorias de base e uma adulta
amadora.
Desde 2002, os japoneses vêm ao Brasil durante o verão do hemisfério norte
(inverno no Brasil), período no qual os jovens estão de férias escolares. O
responsável por introduzir a cultura de viagem às terras tupiniquins é o brasileiro
Pedro Carlos Ribeiro, coordenador de eventos do Chiba, residente há 18 anos na
Terra do Sol Nascente.
“Dei três aulas de noções básicas de português para facilitar a ambientação dos
jogadores. Nosso objetivo aqui vai além do esporte. Damos aos garotos a chance
de conhecerem a rica cultura brasileira, estimulando-os a estudar para conhecer
um novo idioma e ampliando suas visões do mundo. E hoje a atividade foi bem
produtiva. O gramado estava muito bom e gostei muito de sentir a filosofia que a
Prefeitura de Itaboraí implanta nas suas escolinhas” – disse Pedro.
O caminho até o Chiba
Pedro foi parar no Japão por acaso. Seu objetivo era se fixar na Inglaterra, país
onde sua irmã foi morar após se casar com um cidadão local e abrir um negócio.
O objetivo do brasileiro era estudar inglês para fazer a vida no continente
europeu.
“Durante o curso, acabei conhecendo uma linda japonesa, que hoje virou minha
esposa. Meu visto na Inglaterra venceu, não consegui ficar por lá e retornei ao
Brasil. Mas fomos mantendo contato e, quando ela me avisou que viria aqui para
conhecer o país, acabei indo junto com ela para o Japão” – falou ele.
Ao chegar à Ásia, Pedro teve um problema: os pais de sua, na época namorada,
não o aceitavam. Nisso, sem muito dinheiro, foi morar em uma vila bem humilde,
onde fez amizade com um peruano e um colombiano, conseguindo um emprego
para se manter no país.
“A maioria das casas no Japão são de madeira. Nisso, muitas ficam danificadas
após terremotos e precisam ser demolidas. E esse era o meu trabalho: atuar na
demolição de residências. O problema é que, após o primeiro mês, o dono da
empresa começou a atrasar demais o salário. Foi quando eu fui reclamar e o cara,
simplesmente, durante um dia de atividade, furtou minha mochila” – disse o
brasileiro, lembrando de seu desespero com o desemprego e a pouca quantidade
de dinheiro.
A solução, com o prazo do visto chegando ao fim, foi antecipar o casamento. E,
após o matrimônio e a estabilização no país passando por vários empregos
temporários, Pedro veio ao Brasil em 1998, onde resolveu fazer o curso de
treinador de futebol.
“Já habilitado, retornei ao Japão. Foi onde, novamente em um curso de idioma,
agora de japonês, conheci outra pessoa importante. Desta vez, o Amaral, jogador
que, na época, atuava profissionalmente pelo FC Tokyo. Foi ele quem me
apresentou os primeiros contatos no futebol local, possibilitando que eu me
iniciasse nas escolinhas e chegasse ao Chiba, onde hoje sou diretor de eventos,
mas também já atuei como treinador” – falou Pedro.
J-League
A Série A do Campeonato Japonês é denominada “J-League”. São 18 equipes se
enfrentando em dois turnos sob sistema de pontos corridos, com as três primeiras
se classificando para a Copa dos Campeões da Ásia e as três últimas sendo
rebaixadas. Neste fim de semana, foi disputada a 18ª rodada (a 1ª do returno),
terminando com o Tosu na liderança com 37 pontos.
O foco do Chiba não é ter seus garotos atuando um dia pela J-League. Mas não há
como impedir este sonho de nascer na mente dos apaixonados pelo futebol, como
o volante Shunya Ohara, de 13 anos: “meu sonho é ser profissional. Quero, um
dia, defender com honra as cores do meu Yokohama Marinos, dando orgulho à
toda a nossa torcida” – disse, completando sobre sua atuação na atividade de
hoje, no Alzirão: “não fiquei satisfeito. Aliás, nunca estou. Sempre acho que posso
me doar mais e melhorar. Mas foi um treino muito produtivo para me aperfeiçoar
como jogador”.
O Chiba fica no Rio de Janeiro até a próxima quarta-feira (06/08), de onde seguirá
para São Paulo, realizando jogos-treino pelo estado até o dia 12, quando retornam
para a Ásia.