SISTEMA LÍMBICO

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SISTEMA LÍMBICO
SISTEMA LÍMBICO
AS BASES NEURAIS DA EMOÇÃO
A palavra emoção deriva
do latim movere, mover,
por em movimento.
É essencial compreender
que a emoção é um
movimento de dentro para
fora, um modo de
comunicar os mais
importantes estados e
necessidades internas.
EMOÇÃO: experiência
subjetiva
acompanhada de
manifestações
fisiológicas
detectáveis.
Figura 18.1: A expressão emocional de gato aterrorizado por um cão . Este desenho
foi retirado do livro A expressão das emoções no homem e nos animais (1872), de Darwin. Darwin
realizou um dos primeiros estudos extensos sobre a expressão da emoção.
Nesse seu livro, Darwin afirma
que
algumas
de
nossas
expressões de sentimentos são
resquícios
herdados
de
antepassados
primitivos
comuns tanto ao homem
quanto a outros animais.
Senão, como explicar que, ainda hoje,
mostremos os dentes caninos quando
enfurecidos, como fazem os macacos e os
cães, apesar de não nos servirmos desses
dentes para brigar ?
Fig 2. Comparação das expressões humanas de sorriso e gargalhada com as manifestações de exibição dos
dentes, grunhido e vocalização nos primatas inferiores e mamíferos primitivos. Segundo Darwin, os
mesmos grupos musculares evoluíram ao longo da escala filogenética para se adaptarem às diferentes
expressões emocionais.
EMOÇÃO
Experiência
Emocional
Expressão
Emocional
Componentes:
• Respostas Comportamentais
• Respostas Autonômicas
• Respostas Hormonais
O estresse estimula o
hipotálamo que ativa
outras glândulas
Hipotálamo estimula a hipófise anterior para
liberar o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH)
na circulação e estimula também o sistema
nervoso simpático
Os brônquios se abrem
para permitir melhor
oxigenação
Piloereção
Coração bate
mais rápido e
contrai com
mais força
Pupila dilata
Pressão sanguínea
aumenta
Os vasos sanguíneos
dos músculos em
contração se dilatam
para permitir maior fluxo
A glicose aumenta
no sangue e o
sistema digestório
fica mais lento
Os vasos sanguíneos
da superfície da pele
se contraem, deixando
a pele pálida e, se
houver lesão, a
coagulação fica mais
rápida
Estimuladas pelo ACTH, as glândulas
supra-renais liberam cortisol para
ativar órgãos vitais; ocorre também
aumento na secreção de adrenalina e
noradrenalina pelo aumento da
atividade simpática
TEORIAS DA EMOÇÃO
DE JAMES-LANGE (1884): experimentamos a
emoção em resposta a alterações fisiológicas em nosso
organismo. Ex.: Sentimo-nos tristes porque choramos.
• TEORIA
• TEORIA DE CANNON-BARD (1927): a experiência
emocional pode ocorrer independentemente da uma expressão
emocional.
Ai que
medo!!!!
Hipotálamo ativa a divisão
simpática do sistema nervoso
autônomo
Frequência
cardíaca, PA e
frequência
respiratória
aumentam
Medula da supra-renal
secreta adrenalina e
noradrenalina
Fluxo sanguíneo
para os
músculos
esqueléticos
aumentam
Trato
digestório
é inibido
“Que tipo de emoção de medo restaria
se nem a sensação de batimentos
cardíacos acelerados, nem de
alteração na respiração, se nem o
tremor nos lábios, nem fraqueza nas
pernas, se nem a pele arrepiada nem
as alterações viscerais estivessem
presentes, me é impossível pensar… Eu digo que, para nós, a emoção
dissociada de todas alterações no
organismo é inconcebível”.
(William James, 1893)
Estou com
hipoglicemia
e muita fome
Estou
nervoso. É
meu primeiro
encontro..
Estou com
medo. Nunca
viajei de
avião..
Ficar ansioso, tremer e suar por vários motivos
Teoria Cognitiva de Schachter (1975)
Descarga Autonômica Geral
Estímulo
(visão)
Estímulo
(cobra)
Percepção/
Interpretação
Contexto
(perigo)
Respostas autonômicas
contribuem
para
a
intensidade da experiência emocional
Emoção particular é
experimentada (medo)
feedback
Emoção experimentada afetará interpretações futuras do estímulo e a
continuidade do alerta autonômico.
Um estado emocional é o resultado de uma interação entre a ativação
fisiológica e a interpretação cognitiva desse alerta.
Expressão Emocional
Inata ou Aprendida?
Voluntária ou Involuntária?
Expressões Faciais Universais
de Emoção
raiva
felicidade
surpresa
tristeza
nojo
medo
Expressões Faciais Universais de Emoção
Expressões Faciais Universais de Emoção
raiva
tristeza
felicidade
medo
nojo
surpresa
desprezo
constrangimento
Guillaume Duchenne de Boulogne (1806-1875) foi o primeiro a utilizar a estimulação elétrica
transcutânea de músculos da face, e documentou fotograficamente a expressão facial resultante para
cada combinação muscular. Em suas fotografias históricas, ele sempre aparecia ao lado de seu sujeito
experimental principal, um sapateiro de Paris.
Estimulação Elétrica Transcutânea – Faradização
(Duchenne de Boulogne, 1862)
Identificação de músculos,
como o orbicularis oculi, que
não
pode
ser
ativado
voluntariamente, mas apenas
“acionado
pelas
doces
emoções da alma”. (Duchenne)
SISTEMA ENDÓCRINO
Involuntário
Enquanto a experiência subjetiva da emoção pode depender
de um córtex cerebral intacto, o mesmo não acontece com a
expressão de comportamentos emocionais coordenados,
ficando esta última função a cargo de estruturas diencefálicas e
do tronco encefálico.
Hipotálamo:
centro
coordenador da
expressão
emocional
O LOBO LÍMBICO
O CIRCUITO DE PAPEZ
SISTEMA LÍMBICO
• Terminologia
cunhada por Paul MacLean (1952);
• MacLean amplia o circuito de Papez, incluindo:
•Núcleo accumbens
•Amígdala
•Córtex órbitofrontal
•Área septal
•Tegmento mesencefálico
Paul D. MacLean (1913-2007)
Componentes do sistema
límbico:
• Giro do cíngulo
• Hipotálamo
• Amígdala
• Córtex pré-frontal orbital e medial
• Núcleo mediodorsal do tálamo
• Partes ventrais dos núcleos da base
A EVOLUÇÃO DO SISTEMA
LÍMBICO
O cérebro trino de MacLean:
• Cérebro Primitivo (cérebro
dos répteis, arquipálio);
• Cérebro Intermediário
(cérebro dos mamíferos
inferiores, paleopálio);
• Cérebro Racional (cérebro
dos mamíferos superiores,
neopálio)
CÉREBRO PRIMITIVO
• É constituído principalmente pela porção alta
do tronco encefálico (substância reticular,
mesencéfalo e núcleos da base);
• Importante na procriação, predação, instinto
de território e no modo de vida em sociedade;
• Importante também na regulação visceral e
glandular e contém o aparato destinado a
manter o animal em vigília ou em estado de
sono;
• Funciona sob comando de uma programação
inata ou dentro de um sistema + ou – rígido.
RÉPTIL
Estímulos
ambientais
Hipotálamo +
Tronco encefálico
Estímulos sensoriais específicos
Comportamento de
sobrevivência
CÉREBRO INTERMEDIÁRIO
• Corresponde ao sistema límbico;
• É
responsável
pelo
comportamento
emocional;
• Já apresenta certo grau de plasticidade de
comportamento, no sentido de aprendizado
e solução de problemas com base na
experiência imediata.
RÉPTIL
Estímulos
ambientais
Hipotálamo +
Tronco encefálico
Comportamento de
sobrevivência
Estímulos sensoriais específicos
MAMÍFERO PRIMITIVO
EMOÇÕES: aumentou a eficiência dos mecanismos de sobrevivência
Estímulos
ambientais
Sistema Límbico
Medo ou prazer
Comportamento de
sobrevivência
CÉREBRO RACIONAL
• Corresponde ao neocórtex;
• Responsável pela consciência, raciocínio,
linguagem e operações lógicas.
RÉPTIL
Estímulos
ambientais
Hipotálamo +
Tronco encefálico
Comportamento de
sobrevivência
Estímulos sensoriais específicos
MAMÍFERO PRIMITIVO
EMOÇÕES: aumentou a eficiência dos mecanismos de sobrevivência
Estímulos
ambientais
Sistema Límbico
Medo ou prazer
Comportamento de
sobrevivência
PRIMATAS (humano)
RACIONALIZAÇÃO (Cultura) + emoções
Estímulos
ambientais
Neocórtex
Sistema Límbico
Livre arbítrio
Planejamento
Decisão, etc
Medo ou prazer
Comportamento de
sobrevivência
“Embora haja uma relação
hierárquica e uma interdependência funcional, cada cérebro
apresenta certa autonomia
funcional e responde por
funções relativamente
específicas.” (Paul Mac-Lean, 1957)
O primeiro indício científico que relacionava o córtex
frontal com respostas emocionais surgiu por acaso; por volta
dos anos de 1850, Phineas Gage, um trabalhador das
estradas de ferro, sofreu um sério acidente com explosivos
que lhe extirpou a parte anterior de seu cérebro, incluindo o
lobo frontal; embora tenha mantido as capacidades básicas
que lhe permitiam levar uma vida razoavelmente bem,
Phineas Gage se tornou outra pessoa; antes do acidente era
tido como um homem sério, trabalhador, responsável e rígido
em suas convicções; após o acidente, ele se tornou infantil,
irresponsável e desatento com os
outros, incapaz de planejar e
executar ações simples, seus atos
pareciam ser inconstantes e
estapafúrdios;
Esta ilustração é uma
reconstrução
da
trajetória do bastão,
baseada no crânio de
Gage, mantido no
Museu Warren, na
Escola de Medicina
de Harvard.
Medo e Agressão
A AMÍGDALA E O MEDO
APRENDIDO
Síndrome de Klüver-Bucy
LESÃO BILATERAL DO LOBO TEMPORAL,
incluindo a remoção da amígdala, giro-parahipocampal e
hipocampo
- AGNOSIA VISUAL: incapacidade de reconhecer objetos
familiares.
- HIPERORALIDADE E PERVERSÃO DO APETITE:
levar à boca qualquer objeto, indiscriminadamente,
e
ingerí-lo.
-
COMPORTAMENTO
SEXUAL
ALTERADO:
masturbação e hiperatividade sexual
- MUDANÇAS EMOCIONAIS: não tinham medo de
mais
nada,
mesmo
aos
predadores
naturais
inexpressividade emocional tanto facial como vocal.
e
AMÍGDALA
discrimina estímulos associados ao medo e
alerta o organismo; disparador do medo e ansiedade
LESÃO BILATERAL DA AMÍGDALA EM HUMANOS
MUDANÇAS EMOCIONAIS
- Ignora as expressões de medo e de ira nas outras pessoas
- Diminui a agressividade
- Não sente medo ou ansiedade
- Mas preserva o reconhecimento de sentimentos como
alegria, prazer
O MEDO E AMÍGDALA
Esboços feitos por S.M. uma
paciente que sofre da doença de
Urbach-Wiethe (que ocasiona
calcificação
das
amígdalas)
quando lhe foi pedido que
desenhasse expressões faciais de
emoção.
Neste experimento,
fotografias de faces
representando graus
crescentes
de
emoção (A) foram
apresentadas a um
indivíduo durante a
medida (B) e o
registro da imagem
(C) do seu fluxo
sanguíneo cerebral
através
de
ressonância
magnética funcional.
Observou-se que a
amígdala esquerda
se apresenta mais
ativa(C), e que sua
atividade,
medida
pelo fluxo sanguíneo
local, é proporcional
ao grau de emoção
veiculado
pelo
estímulo (B).
E = esquerda;
D = direita.
A amígdala recebe aferências de todo o
neocórtex, do giro do cíngulo e do
hipocampo.
:: INTEGRAÇÃO ::
Mecanismo neural da aprendizagem afetiva
Comportamento
de medo
condicionado
N. córtico medial
TÁLAMO (N.
GENICULADO
MEDIAL)
Conclusão: a amígdala regula a expressão do medo e agressão diante dos
estímulos ambientais. Funciona como um botão de disparo das emoções.
Via cortical e subcortical no
processamento emocional
• Via tálamo-amígdala: é importante nas
situações que requerem respostas
rápidas. A falha em responder ao perigo é
mais
custosa
do
que
responder
inapropriadamente ao início do estímulo;
• Via tálamo-córtex cerebral: fornece
representações detalhadas e acuradas,
nos permitindo reconhecer um objeto pelo
som ou olhar.
Fig 14. As duas vias de procesamento da informação emocional: cortical e subcortical. Depois do processamento do estímulo visual no tálamo, a
informação é transmitida simultaneamente para a amígdala e para o córtex cerebral visual. A informação transmitida do tálamo para a amígdala é grosseira,
arquetípica. Esta transmissão rápida permite que a amígdala inicie a resposta do comportamento de fuga: emoção (medo), alterações vegetativas (elevações
na frequencia cardíaca, frequencia respiratória, pressão arterial, etc), e alterações motoras (contração dos músculos esqueléticos para fugir do estímulo).
Enquanto isso, o córtex visual também recebe a informação do tálamo e, através de processamento com maior sofisticação e mais tempo, identifica o estímulo:
há uma cobra no caminho. Esta informação é levada para a amígdala, causando ajustes adicionais nas alterações motoras e vegetativas.
NOS DISTÚRBIOS DA ANSIEDADE, A AMÍGDALA EXAGERA NA
RESPOSTA DO MEDO
A = amígdala
A
Resposta ao
medo
exagerada
Pânico, fobias, etc.
Agorafobia
Síndrome do pânico
Estresse pós-traumático
Depressão
NOS DISTÚRBIOS DA ANSIEDADE AMÍGDALA FOGE DO CONTROLE DO LOBO PRÉFRONTAL
Em condições normais a amígdala avalia o grau de ameaça do estressor e
organiza as respostas emocionais relacionadas com o medo
Normalmente o lobo pré-frontal tem ação freadora nas respostas da amígdala
Lobo pré-frontal
Nos distúrbios da
ansiedade:
A amígdala está
hiperativa e foge do
controle inibidor do
lobo pré-frontal
Amígdala
X
-
Resposta do medo
exagerada
Ira e Agressão
Formas de agressão
Agressão predatória
Ataques dirigidos a membros de outras espécies
com o propósito de obter alimento.
EXPRESSÃO VISCERAL pouco evidente
EXPRESSÃO SOMÁTICA golpes rápidos e
mortais precisamente dirigidos.
Agressão interespecífica ou afetiva
Ataques dirigidos a membros da própria espécie
em contextos de competição por recursos.
EXPRESSÃO VISCERAL ativação simpática
generalizada
EXPRESSÃO SOMÁTICA cheia de mensagens
(abaixamento de orelha, vocalizações,
expressões faciais, etc)
AGRESSIVIDADE
Estabelecimento de hierarquia
Submisso
Manutenção da hierarquia
Dominante
Lesão bilateral
da amígdala do
dominante
A redução nos níveis de 5HT também causa
Agressividade
Rebaixamento na
hierarquia social
Agressividade
Estria
terminal
Via
amigdalofugal
ventral
PRAZER
Recompensa e reforço
(James Olds e Peter Milner, 1950)
Circuito de recompensa cerebral
Região ventral
do estriado
Prazer = Recompensa
Motiva a repetição do ato que causa o prazer
Locais onde o rato realiza
auto-estimulaçao
DA
Córtex
pré-frontal
São os principais sítios onde as drogas de abuso
interagem com o processamento de sinais neurais
relacionados ao reforço emocional
DA
N. acumbens
Área
tegmentar
Ventral
(PAG)
Fenciclidina
Provavelmente, a dependência química reduz
as respostas dessa circuitaria de reforço
emocional a reforços naturais menos potentes,
enquanto que intensifica as respostas a drogas
de abuso.

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