Revista Cientifica Artigo 08 - A efetividade do planejamento
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Revista Cientifica Artigo 08 - A efetividade do planejamento
A efetividade do planejamento estratégico como fator de competitividade Marcos Nicácio Fascina RESUMO: O ambiente de mercado competitivo tem induzido a alta administração das empresas a um ritmo acelerado de mudanças, voltadas à própria sobrevivência. As empresas competem criando vantagens competitivas em relação à concorrência com a finalidade de desenvolver competências distintas, objetivando a antecipação de necessidade dos clientes, fortalecendo sua sustentabilidade econômica e evitando, submeter-se a políticas de ação reativas. O presente artigo visa um estudo das ferramentas disponíveis para a ação gerencial, com direcionamento voltado ao planejamento e gerenciamento estratégico. O estudo pretende demonstrar as ferramentas de gestão, através de estudo bibliográfico, servindo de balizador para as ações gerenciais. Ao final do trabalho, foi apresentado um estudo de caso, através de pesquisa por amostragem, direcionada ao segmento de mercado de venda de automóveis novos nacionais, com maior participação no mercado, instalado na cidade de Londrina – Pr., onde são demonstrados posturas gerenciais na tomada de decisão com foco no planejamento estratégico empresarial. PALAVRAS-CHAVE: Planejamento estratégico, gestão, organizações, resultados. Introdução O Planejamento Estratégico surgiu no momento em que as grandes organizações sentiram a necessidade de aperfeiçoar seus processos e manterse alerta para possíveis modificações futuras. “O planejamento estratégico viria, assim, preencher a necessidade de se utilizar métodos mais racionais e analíticos na criação de futuros alternativos” (OLIVEIRA, 2003, p. 85). Planejar é uma das funções administrativas mais importantes, é por meio dele que são definidas todas as demais atividades numa empresa. O administrador que não planeja torna-se um “solucionador de problemas”; acaba se concentrando somente naquilo que é emergente e não consegue se antecipar aos acontecimentos (HERMELO, 2010). O tempo despendido na função de “apagar incêndio” limita sua competência de antecipar o futuro e gerir propriamente o negócio tornando-o um profissional de planejamento descartável (SAGIONETTI e FASCINA, 2004). Antecipar o futuro, através de planejamento, não é tarefa fácil. Requer amplo conhecimento de mercado mundial, bem como economia, política e tecnologia, pois são fatores responsáveis por mudanças repentinas de postura de mercado, sem prévio aviso (FREZZATI, 1997). O novo contexto competitivo faz com que as empresas tenham que se adaptar rapidamente às mudanças do ambiente, o que diminui cada vez mais a distância entre planejamento e execução. Oliveira, 2003, p. 36 diz que: O propósito do Planejamento é o desenvolvimento de processos, técnicas e atitudes administrativas, as quais proporcionam uma situação viável de avaliar as implicações futuras de decisões presentes em função de objetivos empresariais que facilitarão a tomada de decisão no futuro, de modo mais rápido, coerente, eficiente e eficaz. A grande maioria dos dirigentes relata que em seu trabalho costumam deparar-se com uma sobrecarga inesperada de tarefas imprevistas. Portanto, sua atenção é desviada, fragmentando o processo decisório organizacional. Ocorre que na maioria das vezes, tal fato se dá em função da falta de planejamento do negócio, fazendo com que ações não previstas acabem por requerer ações imediatas de correção de curso, a qualquer tempo. O início de um trabalho de Planejamento compreende uma fase de diagnóstico da aplicação destes conceitos, ou seja, até que ponto a concepção do negócio da empresa está clara para seus líderes principais (BARBOSA, 2005). Além disso, deve ficar também evidente a vantagem competitiva que ela produz. Uma vez uniformizado este conhecimento, passa-se para uma fase de construção de cenários futuros que estruturem as incertezas que as mudanças estão provocando nos negócios. Finalmente, o conceito atual de negócios é aplicado perante os cenários futuros objetivando verificar a necessidade de se promoverem ajustes nas competências que mantenham a vantagem competitiva desejada (BARBOSA, 2005). O Plano Estratégico consiste em objetivos e ações estruturados numa base temporal para implementar estes ajustes. Além da estruturação estratégica propriamente dita, a realização de um trabalho deste tipo produz outras conseqüências positivas (GIMENEZ, 2000). Com base nos argumentos descritos, os problemas tratados no presente artigo, estão voltados ao comportamento das pessoas responsáveis pela tomada de decisão, do segmento de mercado definido como sendo: venda de automóveis novos nacionais, referente às estratégias e ações implementadas vislumbrando o futuro da organização sob sua responsabilidade. O estudo apresenta algumas ferramentas específicas para o ato de planejar estrategicamente, permitindo analisar as ações implementadas pelo mercado, objeto deste estudo, cuja finalidade primordial é compreender a realidade do mercado, estabelecendo um paralelo entre os estudos científicos demonstrados na bibliografia existente e a realidade apresentada pelo segmento. O metodo empregado para o estudo do comportamento do segmento, foi a apresentação de um questionário, com objetivo focado nas ações executadas pela direção/gerência, acerca do planejamento estratégico adotado. Com base nas respostas obtidas, demonstra-se, no estudo, as principais variáveis de caráter decisivo na obtenção dos resultados alcançados. 2 Referencial teórico 2.1 Planejamento Planejamento pode ser entendido como sendo uma das funções ou métodos da ciência de administração (PORTER, 2000). Conceito interpretado de forma injusta por alguns e criticado de forma deselegante por outros: O modelo econômico, num passado não muito distante, em que a cultura inflacionária aliada a um modelo econômico “camaleônico” fazia com que a economia sofresse mudanças constantes. A instabilidade gerada induzia a processos de tomada de decisões constantes, de curto prazo, inviabilizando, em partes, ações direcionadas a planejamento de médio e longo prazo. Resistências ao planejamento ainda existem nos dias de hoje, entretanto somente para os mais desavisados. Planejamento é, no mínimo, fundamental, independentemente de fatores internos ou externos, econômicos ou sociais. Nas empresas vencedoras, em sua quase totalidade, o sucesso se deu em virtude de ações planejadas e direcionadas a um fim específico. “O processo de se antecipar o futuro aumenta em muito o nível de conhecimento sobre o negócio. É uma ferramenta de gestão empresarial amplamente utilizada pelas organizações. É considerado um instrumento administrativo relacionado com a estratégia empresarial” (SAGIONETTI e FASCINA, 2004). A evolução do Planejamento remete a teoria das organizações. Para elucidar melhor o caráter racional e a evolução do planejamento na Teoria das Organizações, se faz necessário descrever sua evolução histórica (THOMPSON e STRICKLAND, 2002). A administração está presente em praticamente toda a história da humanidade. Porém passou a ter caráter racional a partir do século XX. No século XVII a razão passou a substituir a tradição na explicação do mundo e na resolução dos problemas. No século XVIII o racionalismo atinge seu ápice, sendo aplicado às ciências naturais seguidas das ciências sociais. Segundo Mota (1994, p 79): “foi no século XX que a administração passou a ter caráter racional , à medida que propiciou a tentativa de previsão do futuro, a organização dos processos e controle do trabalho.” Planejamento pode ser definido como o desenvolvimento de um programa para a realização de objetivos e metas organizacionais, envolvendo a escolha de um curso de ação, a decisão antecipada do que deve ser feito e a determinação de como a ação deve ser realizada. Segundo Oliveira (2003, p. 45) “o planejamento pode ser conceituado como um processo desenvolvido para o alcance de uma situação desejada de um modo mais eficiente, eficaz e efetivo, com a melhor concentração de esforços e recursos pela empresa”. O autor distingue três tipos de planejamento nos grandes níveis hierárquicos: “Planejamento estratégico, Planejamento tático e Planejamento operacional”. De forma genérica, pode-se relacionar aos níveis de decisão de uma “pirâmide organizacional”. O que pode ser analisado na figura 1, abaixo. Fonte: Adaptado de OLIVEIRA (2003, p. 45) Figura 1 – Níveis de Decisão e os Tipos de Planejamento 2.2 Estratégia Estratégia, palavra de origem grega usada para definir a arte dos generais. Originalmente dita estrategos para referenciar os generais e comandantes supremos, os quais eram escolhidos para planejar e fazer a guerra na Grécia antiga. Posteriormente, passou a significar “a arte do general” definindo as habilidades psicológicas e comportamentais entre as quais as quais exercia seu papel (SANTOS, 2004). Ao tempo de Péricles (450 a C.) começa a significar habilidades gerenciais como administração, liderança, poder, oratória. “Ao tempo de Alexandre (330 a C.) referia-se à habilidade de empregar forças para se sobressair à oposição, criando um sistema planejado de governar” (MINTZBERG, 2001, p. 20). Portanto, a estratégia é de origem militar com o objetivo maior de prever o futuro, de estabelecer parâmetros, bem como o caminho para que se possa atingir os objetivos de vencer o combatente. O gerenciamento estratégico pode ser definido como a arte e a ciência de formular, implementar e avaliar linhas de ação referentes às interações da organização (considerando suas forças e fraquezas) com o ambiente (levando em conta suas oportunidades e ameaças) para a atingir os objetivos de longo prazo, relativos a suas missões, seus produtos, serviços, clientes, concorrentes, sociedade etc (SAGIONETTI e FASCINA, 2004). Existem, também, as chamadas Estratégias Competitivas Genéricas que podem ser observadas no quadro 1 abaixo: ESTRATÉGIA CUSTO COMPETITIVA DE A empresa centra os esforços na busca de eficiência produtiva, na ampliação do volume de produção e na minimização de gastos, e tem no preço um dos principais atrativos para o consumidor. ESTRATÉGIA COMPETITIVA DIFERENCIAÇÃO DE A empresa inviste mais pesado em imagem, tecnologia, assistência técnica, distribuição, pesquisa e desenvolvimento, recursos humanos, pesquisa de mercado, qualidade etc., com a finalidade de criar diferenciais para o consumidor. ESTRATÉGIA FOCO DE Significa escolher um alvo restrito, no qual, por meio da diferenciação ou do custo, a empresa se especializará atendendo a segmentos ou nichos específicos. COMPETITIVA Fonte: Adaptado de PORTER (1998) Quadro 1 – Estartégias Competitivas Genéricas A adoção de qualquer estratégia competitiva tem riscos, e armadilhas. Na estratégia de custos, as principais são: a excessiva importância que se dá à fabricação; a possibilidade de acabar com qualquer chance de diferenciação; a dificuldade de se estabelecer critérios de controle de custos; e, mais importante, é aparecer concorrente com nova tecnologia, que determinar valor ao produto por critérios diferentes e tome mercados. Em relação a diferenciação, pode acontecer do produto acabar perdendo sua característica fim e acabar por perder o interesse do cliente e em relação ao foco, pode não propiciar “massacrítica” que permita a empresa operar. Mintzberg, Lampel e Quinn (2000, p. 16), conceitua estratégia como sendo “planos da alta administração para atingir resultados consistentes com as missões e objetivos da organização”. Conforme Mintzberg, Ashlstrand e Lampel (2001, p. 20), Estratégia é padrão ou plano que integra as principais metas, políticas e seqüência de ações de uma organização em um todo coerente. Uma estratégia bem formulada ajuda a ordenar e alocar recursos para uma postura singular e viável, com base em suas competências e deficiências internas relativas, mudanças no ambiente antecipadas e providências contingentes realizadas por oponentes inteligentes. Segundo Certo e Peter (1993, p. 17), “estratégia é definida como um curso de ação com vistas a garantir que a organização alcance seus objetivos”. Os autores afirmam ainda que a estratégia refere-se aos planos da alta administração para alcançar resultados consistentes com a missão e os objetivos gerais da organização. Pode se encarar estratégia a partir de três pontos de vantagem: a) a formulação da estratégia (desenvolvimento da estratégia em si); b) implementação da estratégia (colocar a estratégia em ação e agir efetivamente); e c) controle estratégico (modificar a estratégia ou sua implementação para assegurar que os resultados desejados sejam alcançados, ou seja, manter acompanhamento e controle). 2.3 Planejamento estratégico Planejamento estratégico é uma ferramenta eficaz de gestão empresarial bastante utilizada pelas organizações contemporâneas, servindo de sustentação ao desenvolvimento e implementação das estratégias empresariais (SAGIONETTI e FASCINA, 2004). Alguns autores sugerem que sejam estabelecidas etapas no processo de Planejamento estratégico como por ex: acordo inicial entre os tomadores ou executores de decisão; definição de histórico e mandato da organização; definição da missão e valores, análise do ambiente interno; definição das estratégias de ação; avaliação e revisão. Aspectos culturais e regionais devem ser levados em consideração, além de fatores econômicos e características sociais. O mais importante é entender que desenvolver um planejamento - estratégico - significa a adoção de um modelo voltado à pesquisa, que busque informações que subsidiem o futuro da empresa. Não é adivinhação. Planejar estrategicamente significa conhecer (e acompanhar) o presente, perceber as próprias limitações e prerrogativas e trabalhar para que o futuro seja melhor, por meio da adoção de políticas e diretrizes que nos assessorem. Planejamento não é um fim em si mesmo, mas um processo que nos permite, se bem implementado, acompanhar as alterações dos meios, interior e exterior, aproveitando as oportunidades e transformando as ameaças em possibilidades de crescimento (OLIVEIRA, 2003). O início de um trabalho de planejamento estratégico compreende uma fase de diagnóstico da aplicação destes conceitos, ou seja, até que ponto a concepção do negócio da empresa está clara para seus líderes principais (CARVALHO, 2004). Além disso, é necessário evidenciar a vantagem competitiva produzida. Uma vez uniformizado este conhecimento, passa-se para uma fase de construção de cenários futuros que estruturem as incertezas que as mudanças estão provocando nos negócios (FERREIRA, REIS e PEREIRA, 1997). Finalmente, o conceito atual de negócios é aplicado perante os cenários futuros objetivando verificar a necessidade de se promoverem ajustes nas competências que mantenham a vantagem competitiva desejada. O Plano Estratégico em si consiste em objetivos e ações estruturados numa base temporal para implementar estes ajustes (BERGER, 2010). Além da estruturação estratégica propriamente dita, a realização de um trabalho deste tipo produz outras conseqüências positivas como: alinhamento dos participantes à estratégia da empresa, tanto por suas opiniões durante a fase de diagnóstico dos problemas quanto pela franqueza utilizada na discussão da visão de cada um a respeito da concepção atual do negócio da empresa; o esforço coletivo em discutir as divergências existentes até a obtenção de uma convergência de opinião, condição fundamental para a obtenção de uma visão estratégica compartilhada pela liderança; a compreensão detalhada de como se estrutura estrategicamente o negócio da empresa favorece a construção de um processo decisório mais rápido e alinhado aos interesses da empresa e de seus clientes. É imprescindível que as empresas comecem a adotar metodologias de planejamento, e não apenas procedimentos reativos e emergenciais, se quiserem continuar no mercado. O administrador que não planeja torna-se um solucionador de problemas; ele acaba se concentrando somente naquilo que é emergente e não consegue se antecipar aos acontecimentos (SAGIONETTI e FASCINA, 2004). 3 Procedimento metodológico Na cidade de Londrina –PR, as empresas é composta por onze empresas concessionárias de automóveis novos nacionais, sendo representante das seguintes montadoras: Chevrolet, Fiat, Ford, Volkswagen, Citroën, Renault, Mitsubishi, Toyota, Honda, Peugeot, Hyundai e Audi. Algumas delas comercializam exclusivamente veículos produzidos no Brasil enquanto outras mesclam entre nacionais e importados, porém da mesma marca. O mix de produtos e serviços oferecidos pelo setor vai além da venda em si do automóvel novo. O serviço de manutenção, dentro ou fora da garantia, referente a peças e mão-de-obra, é responsável por uma parcela considerável do faturamento destas empresas, e do comércio de veículos usados. O escopo deste trabalho direcionou-se a investigar a postura dos gestores das empresas, referente ao Planejamento Estratégico bem como suas técnicas e métodos através das ações implementadas. A pesquisa caracterizou-se por ser exploratória e descritiva, sendo um estudo multicasos. Este tipo de pesquisa permite ao investigador estudar dois ou mais casos sem a preocupação de comparação dos resultados obtidos em cada um deles, buscando revelar a multiplicidade das dimensões presentes em uma determinada situação ou problema, focalizando-o como um todo. Vergara (2004, p. 47) define: A investigação exploratória, que não deve ser confundida com leitura exploratória, é realizada em área na qual há pouco conhecimento acumulado e sistematizado. Por sua natureza de sondagem, não comporta hipóteses que, todavia, poderão surgir durante ou ao final da pesquisa. Ainda segundo Vergara (2004, p. 47), A pesquisa descritiva expõe características de determinada população ou de determinado fenômeno. Pode também estabelecer correlações entre variáveis e definir sua natureza. Não tem compromisso de explicar os fenômenos que descreve, embora sirva de base para tal explicação. Andrade (2001, p. 124) ensina que “a pesquisa exploratória é o primeiro passo de todo um trabalho científico e constitui um trabalho preparatório ou preliminar para outro tipo de pesquisa”. O instrumento de pesquisa utilizado foi um questionário, sendo aplicado apenas a nível gestor das empresas estudadas. Nível este, responsável pela tomada de decisão e direcionamento da empresa frente ao mercado. A amostra correspondeu a 100% das empresas investigadas. Nenhuma das empresas investigadas deixou de responder os questionários, caracterizando em êxito os contatos estabelecidos. Procurou-se, com o estudo, relacionar a teoria com a prática de modo analítico, demonstrando o perfil do segmento estudado. Segundo Vergara (2004, p. 30) “delimitação do estudo refere-se à moldura que o autor coloca em seu estudo. É o momento em que se explica para o leitor o que fica dentro do estudo e o que fica fora”. Este estudo pretende abordar o comportamento gestor das empresas estudadas, relacionado ao planejamento estratégico. Pretende-se demonstrar como age ou reage o segmento em relação a seus objetivos futuros, as ferramentas utilizadas e transformadas em estratégias que garantam a sustentabilidade e/ou crescimento. O estudo ficará restrito ao segmento de mercado constituído por concessionárias de automóveis novos, fabricados no Brasil, pertencentes ao mercado de Londrina/Pr. Portanto será objeto deste estudo, o comportamento das concessionárias de automóveis, instaladas nesta cidade, representantes de marcas tais como: Chevrolet, Fiat, Ford, Volkswagen, Citroën, Renault, Mitsubishi, Toyota, Honda, Peugeot, Hyundai e Audi, uma vez que o estudo está delimitado a investigar apenas as empresas cujas marcas referem-se às montadoras com maior participação no volume de vendas no mercado nacional. 4 Análise e Interpretação dos dados Após a tabulação dos resultados das questões investigadas, apurou- se o que segue: a) O perfil dos profissionais gestores, estudados, caracterizase por ser de faixa etária onde 40% estão entre 36 a 40 anos, 20% entre 20 a 25 anos e 20% acima de 45 anos. Todos têm formação superior e 20% com especialização. O tempo de atividade na função, dentro das organizações, é de um a cinco anos, em 100% da amostra. b) 80% das respostas indicam que todos têm ótima noção do que se é hoje e para onde vai, sendo bem definidos aspectos como visão, missão, diretrizes, valores e objetivos. As informações internas relacionadas ao planejamento são disseminadas através de reuniões e até de banco de dados sistêmico. Em relação ao aprendizado de técnicas de planejamento, para 60% há estudos e conhecimento técnico ao passo que para 40% ainda se tem uma pequena idéia sobre o assunto. c) Para 20% dos pesquisados, planejamento é coisa para empresa grande, não sendo de importância relevante. Já para 80%, trata-se de um exercício indispensável para o sucesso. Sobre fatores de risco e níveis de dependência do negócio, 20% só trata do assunto quando há problemas, 80% tomam cuidados e utiliza-se de política séria apoiada por procedimentos preventivos. d) As decisões são tomadas nas organizações através de planejamento da seguinte forma: Planejado apenas em certos setores ou áreas, para 40% das respostas apresentadas; tudo previamente planejado, para 40% e para 20% , através de forma reativa dependendo do mercado. Os investimentos são definidos através do planejamento estratégico para 80% dos casos, porém em 40% das respostas indicou que dependerá das oportunidades oferecidas pelo mercado. O monitoramento, ao longo do tempo, é acompanhado por 80% das empresas e para 01 empresa estudada, não é feito qualquer acompanhamento. e) Para a totalidade dos entrevistados, o planejamento da organização sofre influência da montadora dos automóveis, sendo que para 20% das respostas obtidas, o planejamento da montadora não é do conhecimento da concessionária. f) Quanto ao período, em dias, que a equipe se dedica por ano às atividades de planejar, 80% diz ser período maior que cinco dias, para 20% dos casos, apenas de 01 a 02 dias ano. No que se refere a planejamento de curto prazo, 20% diz que nada é planejado em curto prazo, para 20% é planejado para 30 a 60 dias, 40% para 60 a 180 dias e 60% para período de 01 ano. g) Todos sabem bem quem são seus concorrentes diretos, sendo que 20% incluiu, também, como concorrentes, atacado de peças, oficinas mecânicas, estacionamentos de venda de automóveis usados, lojas de autopeças e demais serviços correlatos. O comportamento da concorrência é analisado e monitorado para 80% dos entrevistados. Apenas uma resposta informou ser relativa a preocupação em reação a concorrência. h) Para fortalecimento da tomada de decisão, 60% das empresas utilizam-se de consultorias especializadas. Com as ações implementadas, 60% informa que são suficientes para garantir que os objetivos sejam alcançados. Para 80% dos casos os resultados obtidos, através das ações planejadas, são satisfatórios. i) As maiores dificuldades apontadas como sendo fatores influentes para o estabelecimento do planejamento estratégico, foram: falta de visão de longo prazo; dificuldade de definir fatores-chaves de sucesso da organização; desconhecimento da estratégia atual; falta de recurso e de tempo; dificuldade de obter informações sobre o ambiente; dificuldade na definição de metas e objetivos; imediatismo de resultados; desconhecimento de técnicas. Com base nas informações colhidas, conforme demonstrado anteriormente, é possível se chegar a seguinte interpretação: O perfil dos gestores, destas empresas, é constituído por pessoas bastante jovens. Apenas um dos gestores está acima dos 45 anos. Se aliado com a informação da formação acadêmica e tempo de atividade na função atual, verifica-se que a maioria é de recém formados, já executando cargo de gerência e chefia há um período de até cinco anos. Evidenciou-se, pelos resultados, quas as informações sobre o planejamento estratégico são disseminadas de diversas formas, fato este que fortalece o plano e induz a um comprometimento coletivo. O engajamento dos envolvidos é fator crucial para que cada um exerça o papel de uma espécie de guardião do plano, acompanhando sua evolução, corrigindo desvios ou redirecionado-o conforme evolução do mercado. Sabendo que planejamento é um exercício indispensável para o sucesso, os novos investimentos destas organizações são feitos através de planejamento ou oportunidades oferecidas pelo mercado. Tal fato reforça o compromisso das organizações em investir com objetivos pré-definidos e resultados calculados. Nada é feito no escuro ou apenas por sentimento ou paixão. A razão tem falado mais alto neste momento. Em relação ao conhecimento de técnicas de planejamento estratégico, ficou evidenciado que o segmento ainda se divide em relação ao domínio sobre o assunto, uma vez que para 40% dos casos, definemse como conhecedores de algumas técnicas, ou seja, tendo apenas uma pequena idéia sobre o assunto. Porém a maioria definiu-se como sérios conhecedores de técnicas e políticas de planejamento. Na verdade o perfil desses profissionais não os define como sendo especialistas no assunto. Na amostra colhida apenas um gestor tem formação específica na área. A maioria destas empresas utiliza-se de recursos como consultorias para fortalecer a tomada de decisão. Fato este altamente positivo, pois na falta de conhecimento para subsidiar a ação, buscam através de especialistas. O tempo despendido na atividade de planejar foi apontado como sendo acima de cinco dias ao ano, em 80% dos casos. Dada a importância da atividade, pode-se definir como sendo um período pequeno. Durante o decorrer de um ano, em muitos momentos é exigida a ação gestora, voltada ao planejamento, sob diversas circunstâncias. Uma das empresas estudadas informou que somente se dedica a atividade de planejar de 01 a 02 dias ao ano. Esta postura é extremamente preocupante uma vez que induz a um comportamento deveras reativo. Em relação a visão tática, ou seja, planejamento de curto prazo, evidenciou-se que apenas uma empresa não o executa. Nas demais, dependendo do tipo de projeto, pode ser planejado com período desde 60 até 360 dias. Através de acompanhamento das metas estabelecidas e outros planos de ação, as empresas monitoram o planejamento ao longo do tempo. Apenas uma empresa demonstrou não fazer qualquer tipo de acompanhamento. Os respondentes demonstraram ter uma clara noção de quem são seus concorrentes. A grande maioria demonstrou-se atenta ao seu comportamento e mantém processo permanente de análise e monitoração destes. Avalia-se então que essas empresas não estão dispostas a perder terreno, e, ao invés disso, estão de olho no mercado do concorrente, buscando com isso aumentar sua participação no mercado. Para a maioria das empresas estudadas, as ferramentas de planejamento e gerenciamento utilizadas são suficientes para garantir que os objetivos sejam alcançados. Uma das empresas informou não ser suficiente em seu caso. Para esta empresa se faz necessário buscar novas alternativas que garantam que os objetivos planejados sejam alcançados, ou que pelo menos fortaleça esta possibilidade. Quando isso ocorre o planejamento pode cair no descrédito, uma vez que não oferece garantias de sucesso, portanto a probabilidade de fracasso tende a se multiplicar. Os resultados obtidos através das ações implementadas são considerados satisfatórios para 80% dos casos. Isso é uma demonstração clara de que as ações estão bem embasadas e estruturadas, ficando evidenciado através dos Resultados planejados. Durante a análise das respostas aos questionários, verificou-se que uma das empresas estudadas demonstrou ter uma postura bastante reativa, deixando pouco espaço para planejamento estratégico. Os resultados desta empresa refletiram no percentual global, uma vez que foram estudadas cinco empresas sendo que o resultado de apenas uma significaria 20% do total da amostra. Durante a análise dos resultados alguns aspectos desta empresa foram evidenciados. Porém ficou evidente, que o comportamento desta empresa não é padrão para o segmento. E não houve por parte dos pesquisadores qualquer atitude que pudesse influenciar numa análise tendenciosa refletindo de forma negativa na apresentação e análise dos resultados. 5. Conclusão A atividade do Planejamento Estratégico é de fundamental importância para a sobrevivência das empresas, mas não é tarefa fácil, razão pela qual recebe críticas de muitos gestores. Num ambiente turbulento como o atual, com o dinamismo do mercado, o planejamento deve ser visto, também, como uma ferramenta que possibilita reflexões e análises sobre possíveis acontecimentos futuros, ter uma visão mais abrangente sobre o ambiente em que se está inserido, além de propiciar preparação para possíveis mudanças ou antecipar-se a elas. Não deve ser visto apenas como sendo o único processo que garanta o sucesso da organização, mas como uma ferramenta que auxilia na identificação e operacionalização de estratégias que norteiam todos os níveis da organização. É evidente que ainda existe uma grande lacuna entre os processos de planejamento estratégico desenvolvidos nas grandes organizações com o modelo existente nas pequenas empresas. As pequenas e micro empresas praticamente ignoram atividades voltadas ao ato de planejar. Para muitos micro e pequenos empresários o ato de planejar ainda é considerado atividade de grande empresa. Esta falta de visão de médio e longo prazo, têm sido fator influente quanto ao baixo crescimento ou até a morte de muita pequena empresas. Ao final deste artigo possibilitou identificar e compreender alguns métodos e políticas de planejamento estratégico mais comumente utilizados nas organizações. Ficou compreendido que o início de um trabalho de planejamento estratégico compreende uma fase de diagnóstico e aplicação de conceitos, como por exemplo: até que ponto a concepção do negócio está evidente para seus líderes e, também evidente, a vantagem competitiva que ela acarretará. Com a uniformização deste processo, entra-se na fase de construção de cenários futuros, estruturando as incertezas que as mudanças estão provocando nos negócios. Como consequencia, o conceito atual de negócios é aplicado aos cenários futuros objetivando verificar a necessidade de se promoverem ajustes nas competências que mantenham a vantagem competitiva desejada. O Plano Estratégico em si consiste em objetivos e ações estruturados num determinado período de tempo e a implementação destes ajustes de forma constante. As organizações que perceberem claramente o impacto que o futuro produzirá em seus negócios e que forem capazes de implementar ações para lidar com as mudanças, de forma antecipada, aumentarão suas probabilidades de sucesso. E isso se dará através de ações voltadas ao Planejamento e Gerenciamento Estratégico. O sucesso de hoje é resultado de ações planejadas e bem desenvolvidas no passado. Estratégias estas que precisam ser revistas hoje, pois não garantem o sucesso futuro, precisam ser novamente planejadas, num ciclo contínuo, onde o ambiente exerce papel fundamental. Aas considerações acima, evidencia que o Planejamento Estratégico precisa ser entendido como balizador das ações empresariais, e sem planejamento, as organizações correm o risco de viver à deriva. Evidencia-se, também, que o tipo ou as técnicas de planejamento podem ser moldadas conforme o tipo de organização. 6 Referências ANDRADE, M. M. Introdução à metodologia do trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. BARBOSA, E. R.; BRONDANI, G. Planejamento Estratégico Organizacional. Revista Eletrônica de Contabilidade. Vol. 1 nº 2. Santa Maria, 2005. BERGER, J. W. Planejamento Estratégico e Participativo: análise, construção e implantação em uma instituição de ensino superior privado. 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