Dossiê de Tombamento da Casa Grande Município de Luz / MG

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Dossiê de Tombamento da Casa Grande Município de Luz / MG
Exercício 2012
Pasta Quadro III (Pasta 1/2)
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
Município de Luz / MG
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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ÍNDICE
1. CONSELHO MUNICIPAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL .............................................................................................. 3
2. INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................... 4
3. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO .......................................................................................................................................... 5
4. HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO BEM CULTURAL ...................................................................................... 20
5. DESCRIÇÃO E ANÁLISE DETALHADA DO BEM CULTURAL .................................................................................... 24
6. PERÍMETRO DE TOMBAMENTO ................................................................................................................................ 28
6.1. DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA............................................................................................... 28
6.2. DESENHO TÉCNICO DA DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO ............................................. 30
7. DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO PARA A ÁREA TOMBADA ..................................................................................... 31
8. PERÍMETRO DE ENTORNO DE TOMBAMENTO ....................................................................................................... 32
8.1. DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA............................................................................................... 32
8.2. DESENHO TÉCNICO DA DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE ENTORNO ..................................................... 33
9. DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO PARA O ENTORNO DE TOMBAMENTO .............................................................. 34
10. FICHA DE INVENTÁRIO............................................................................................................................................. 35
11. DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA ........................................................................................................................ 44
11.1. LEVANTAMENTO CADASTRAL ........................................................................................................................ 44
11.1.1. IMPLANTAÇÃO COM PLANTA DE COBERTURA ................................................................................. 45
11.1.2. PLANTAS ................................................................................................................................................ 46
11.1.3. FACHADAS ............................................................................................................................................. 47
12. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA........................................................................................................................... 49
13. LAUDO DE AVALIAÇÃO SOBRE O ESTADO DE CONSERVAÇÃO ......................................................................... 57
14. ANEXOS ..................................................................................................................................................................... 69
14.1. PROJEO DE RESTAURAÇÃO ........................................................................................................................... 69
15. DOCUMENTAÇÃO ..................................................................................................................................................... 74
15.1. CÓPIA DA ATA APROVANDO O TOMBAMENTO PROVISÓRIO ..................................................................... 74
15.2. CÓPIA DA ATA DISCUTINDO E APROVANDO AS DIRETRIZES E PERÍMETROS ........................................ 75
15.3. EDITAL DE TOMBAMENTO .............................................................................................................................. 76
15.4. CÓPIA DA PUBLICAÇÃO DO EDITAL DE TOMBAMENTO .............................................................................. 77
15.5. PARECER SOBRE O TOMBAMENTO ELABORADO POR PROFISSIONAL HABILITADO ............................. 78
15.6. PARECER SOBRE O TOMBAMENTO ELABORADO PELO CONSELHO........................................................ 79
15.7. NOTIFICAÇÃO DE TOMBAMENTO................................................................................................................... 80
15.8. RECIBO DA NOTIFICAÇÃO DE TOMBAMENTO .............................................................................................. 81
15.9. CÓPIA DA ATA APROVANDO O TOMBAMENTO DEFINITIVO ....................................................................... 82
15.10. CÓPIA DA PUBLICAÇÃO DAS ATAS .............................................................................................................. 83
15.11. CÓPIA DO DECRETO DE TOMBAMENTO ..................................................................................................... 84
15.12. CÓPIA DA PUBLICAÇÃO DO DECRETO ........................................................................................................ 85
15.13. CÓPIA DA INSCRIÇÃO DO BEM NO LIVRO DE TOMBO .............................................................................. 86
16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS ............................................................................................. 87
17. FICHA TÉCNICA ......................................................................................................................................................... 88
1. CONSELHO MUNICIPAL DO PATRIMÔNIO CULTURAL
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Decidiu e participou do tombamento deste bem o seguinte Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de
Luz:
MEMBROS EFETIVOS:
1. Roberta de Carvalho Almeida
2. Fabrício Jerônimo Camargos Lacerda
3. Cíntia Vieira Bento
4. Lorena Paulinelli Raposo Oliveira
5. Magno Silva Resende
6. Cássia Garcia Almeida de Araújo
7. Irene Lamounier Camargos Resende
8. Lourdes Mirian Araújo Raposo
MEMBROS SUPLENTES:
1. Emerson Ferreira Corrêa Lacerda
2. Daniel Ribeiro
3. Fávio Martins de Menezes
4. Vanessa Rosa Batista
5. Geraldo Batista Cardoso
6. Tamires Evangelista de Oliveira
7. Maria Martha de Resende
8. Balbina Ferry de Araújo Chaves
2. INTRODUÇÃO
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O dossiê contém um conjunto de informações sobre o Município de Luz, enfatizando as que dizem
respeito à Casa Grande, aqui também analisada arquitetonicamente.
O trabalho realizado pela equipe de técnicos foi baseado em bibliografia específica sobre o tema,
pesquisa de campo, levantamento “in loco”, conversas informais com a população, bem como através de
consulta aos órgãos municipais e estaduais responsáveis pelo Patrimônio Cultural.
Somam-se ao dossiê documentação gráfica constituída por um considerável acervo fotográfico (com
fotografias antigas e recentes), plantas e elevações do bem em questão, além de um laudo técnico
avaliando as condições do imóvel.
O objetivo do trabalho é fornecer o material suficiente, devidamente analisado, para se criar os subsídios
necessários ao tombamento da Casa Grande, pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural do
Município de Luz.
A escolha para o tombamento da Casa Grande, partiu do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural de
Luz, uma vez que o bem tem grande importância para a comunidade local, uma vez que o bem faz parte
da história da formação da cidade e de seu processo de ocupação, sediando os primeiros edifícios
públicos do município, desde o ano de sua emancipação. Em seu entorno se encontra a primeira
edificação do Aterrado, que marca a divisão de terras dos primeiros donos dos dois lotes que
compunham a área do município no início do século XVIII. A edificação ainda hoje conserva suas
características construtivas originais e se encontra em estado de conservação ruim necessitando de
intervenção para que essas características não se percam com a falta de manutenção. A salvaguarda
desse bem e sua estrutura física fazem com que várias gerações possam conhecer
3. HISTÓRICO DO MUNICÍPIO
Mapa das mesorregiões de Minas Gerais
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Mapa localizando o município na sua microrregião e
mapa localizando a microrregião em Minas Gerais
Fonte: www.citybrazil.com.br
Mapa de localização rodoviária do município
Fonte: www.der.mg.gov.br
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Salve Luz, terra adorada,
Consagrada pelo Cristo Redentor!
Roda do Jardim do Oeste,
A celeste maravilha do Senhor!
Cidade-Luz!
Luz é um Céu de primavera
Onde impera o Arcanjo Rafael,
Onde surge sempre dominante,
Deslumbrante Catedral de Dom Manuel!
Cidade-Luz!
Luz, sorridente e doce ninho,
De carinho, de almas santas joviais!
Berço de ministros de Jesus,
Salve Luz, salve terra de meus pais!
Cidade-Luz!
Letra de Dom Belchior Joaquim da Silva Neto
Segundo divisão proposta pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) o Estado de Minas
1
Gerais está dividido em 12 macrorregiões e 66 microrregiões. Inserido neste sistema de divisão, o
município de Luz pertence à macrorregião do Centro-oeste e à microrregião de Bom Despacho.
O município é formado atualmente pelo Distrito de Esteios, além do Distrito Sede. Compreende ainda os
povoados de Campinho, Olaria e Limoeiro.
Com uma área total de 1171,6 Km², possui índice médio pluviométrico anual registrado em 1415,7 mm.
Seu relevo tem topografia predominantemente ondulada (50%), sendo que 40% apresenta topografia
plana e 10% montanhosa. O ponto central da cidade está a 675 metros de altitude. Já a altitude máxima
de 956 metros está localizada na Serra Deus me Livre e a mínima de 680 metros localiza-se na foz do
ribeirão Jorge Grande.
Luz é cortada pelo ribeirão Jorge Pequeno e pelo Rio São Francisco, pertencentes à Bacia Hidrográfica
do Rio São Francisco.
Seu clima é tropical de altitude, apresentando temperatura média anual de 22˚ C, podendo chegar à
máxima anual de 29˚ C e à mínima anual de 16º C.
A vegetação natural do município consistia em Mata Atlântica, mas atualmente essa é encontrada nas
áreas rurais. Na flora são encontradas espécies de eucalipto, pinheiro, cedro, aroeira e araucárias além
1
De acordo com o IBGE, este sistema de divisão tem aplicações importantes na elaboração de políticas públicas e
no subsídio ao sistema de decisões quanto à localização de atividades econômicas, sociais e tributárias.
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de outras espécies. Possui uma fauna terrestre e aquática variada, onde se encontram animais de
pequeno porte.
Segundo dados da Prefeitura Municipal, em relação ao meio-ambiente, Luz exibe como deficiência
imediata a falta de ligações de esgoto. Todo o esgoto gerado é tratado pelo SAAE – Serviço Autônomo
de Água e Esgoto antes de ser lançado no Ribeirão Açudinho, que corta a área urbana, drenado em
seguida, em direção ao Rio São Francisco. Não há, também, nenhum tipo de tratamento especial
destinado ao lixo hospitalar, enquanto o doméstico é depositado a céu aberto, sem qualquer forma de
controle. Do ponto de vista político-administrativo, a Prefeitura Municipal não conta, ainda, com nenhuma
forma de atuação mais efetiva na área ambiental.
Uma importante rodovia que dá acesso ao município: a BR 262, que liga Belo Horizonte a São Paulo.
Luz localiza-se a 197 km da Cidade de Belo Horizonte. Seus municípios vizinhos são: a norte: Estrela do
Indaiá e Dores do Indaiá; a sul: Iguatama, Japaraíba e Bambuí; a leste: Bom Despacho, Moema, Santo
Antônio do Monte e Lagoa da Prata e a oeste: Córrego Danta.
Luz apresenta características gerais de estagnação, especialmente no que se refere a crescimento
demográfico e desenvolvimento econômico. A população residente no município no ano de 2010 era de
17.173 habitantes, segundo estatísticas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, sendo 15.159
como população urbana e 2.014 como população rural.
Com relação aos equipamentos de saúde disponíveis, o município conta com 2 centros hospitalares e
um hospital privado, 9 farmácias e 2 laboratórios de análises clínicas.
O índice de analfabetismo na zona urbana é de 19,5% (conforme o censo demográfico de 1991, do
IBGE), que é ligeiramente inferior ao encontrado em Minas Gerais. A cidade conta com escolas da rede
pública (municipal e estadual) e particular. Além delas, há uma faculdade e um seminário, mantidos
pelas Obras Sociais e Educacionais da Mitra Diocesana de Luz.
Outro aspecto a ser considerado, no que diz respeito às condições de infra-estrutura urbana, é a
habitação. Segundo informações da Prefeitura Municipal, o déficit habitacional na sede é grande e atinge
os diferentes estratos da população. Nos últimos anos foram construídos dois loteamentos de casas
populares, porém, insuficientes para a demanda. Além disto, estes foram implantados sem a infraestrutura básica, comprometendo a qualidade de vida das populações aí residentes.
ANTECEDENTES HISTÓRICOS REGIONAIS
2
Em seu texto “Centro Oeste”, Antônio de Paiva Moura nos fala sobre o contexto geral da região na qual
a cidade de Luz está inserida:
2
MOURA, Antônio de Paiva. Centro Oeste. Disponível em http://www.asminasgerais.com.br/cidades_offline/central.htm. Acesso
em: 07/11/2011.
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Os portugueses radicados na Bahia reivindicavam o direito de explorar, demarcar e dominar a
região com as penetrações pelos sertões. Conforme longa pesquisa de Simão Pires a capitania da
Bahia dominava todas as terras na margem direita do Rio São Francisco e seus afluentes já na
região mineradora de Pitangui, do atual Rio Pará, compreendendo as terras do mestre de campo
Antônio Guedes de Brito, administradas por Manoel Nunes Viana (PIRES, 53). Em 1720 o Conde
de Assumar, governador da Capitania de Minas Gerais, contrariando o governo e o bispado da
Bahia, estabeleceu a divisa de Minas com aquela capitania, no Rio Verde Grande.
Os paulistas foram os primeiros descobridores do Rio Pitangui, o que em tupi significa rio das
crianças3. Não teria sido revelado por outros estudiosos a existência de ouro na região. O São
Francisco era caminho dos bandeirantes paulistas. Embora a oficialidade portuguesas registre o
ano de 1709, há dez anos o Pintangui, Rio Pará, já estava sendo habitado. Bartolomeu Bueno da
Siqueira lá esteve em 1695, mas a picada que abriu foi fechada. O que é digno de nota para a
história é o feito: a marca humana do construir, colonizar, povoar, construir, arraigar. Portanto,
baianos e portugueses são os primeiros colonizadores do Centro-Oeste Mineiro. Foi o padre
Toledo e o mestre de campo Inácio Correia Pamplona, um dos delatores da Inconfidência Mineira,
a organizar expedição oficial; associado ao guarda-mor regente e chefe da legião da conquista de
Pium-i, Bambuí, Picada de Goiás. A expedição informa ao governador da capitania de Minas
Gerais sobre ataques de índios Caiapós e entradas para a região de Bambui e Serra da Marcela.
A segunda entrada para a região de Bambui, realizada em 1769 cuja bandeira era constituída de
cem homens, com capelão cirurgião, botica. No mesmo ano celebra missa em Bambui e segue
para Quilombo do Ambrósio, Fazenda da Babilônia, Quembra-Anzol, Salitre, Paraibuna e
Dourado. (BAROSA, W A. 1971)
Como havia ocorrido no Campo das Vertentes em que Tomé Portes Del Rei adquiriu o direito de
passagem criando o Porto Real da Passagem do Rio das Mortes em São João Del Rei, na mesma
época, Borba Gato criou uma passagem particular no Rio Paraopeba, possivelmente no lugar
denominado Porto Velho, no distrito de São Joaquim de Bicas, município de Igarapé. Em tupi,
ygara-apé significa caminho da canoa. Logo depois, em 1714 foi criada a Passagem Real de
Jossph Vieira no Paraopeba, em Esmeraldas (DINIZ, S.G.1966;25). Em suas canoas
atravessavam o rio tanto os viandantes dos confins do Serro Frio, passando por Sabará, como os
da Bahia que preferiam o caminho de Curvelo, Sete Lagoas, Andiroba, Contagem e Esmeraldas.
Como havia ocorrido no Campo das Vertentes em que Tomé Portes Del Rei adquiriu o direito de
passagem criando o Porto Real da Passagem do Rio das Mortes em São João del Rei, na mesma
época, Borba Gato criou uma passagem particular no Rio Paraopeba, possivelmente no lugar
denominado Porto Velho, no distrito de São Joaquim de Bicas, município de Igarapé. Em tupi,
ygara-apé significa caminho da canoa. Logo depois, em 1714 foi criada a Passagem Real de
Jossph Vieira no Paraopeba, em Esmeraldas. (DINIZ, S. G. 1966; 25) Em suas canoas
atravessavam o rio tanto os viandantes dos confins do Serro Frio, passando por Sabará, como os
da Bahia que preferiam o caminho de Curvelo, Sete Lagoas, Andiroba, Contagem e Esmeraldas.4
A topografia da região foi favorável à agricultura e à pecuária. Planícies extensas, enormes platôs,
campos e campinas que se estendem, a perder de vista com horizontes mais amplos (BARBOSA,.
3
A lenda do Rio Pitangui contada por Diogo de Vasconcelos deixa-nos certa dúvida pois fala de Bartolomeu Bueno da Siqueira em
1696 que teria sido informado pelos índios de Santa Ana do Paraopeba, de que havia um certo ribeirão que dava grande
quantidade de ouro. Desviando-se da rota que buscava Pico Itacolomi, dirigiu-se para o Oeste até o Rio Pará. Quando foi se
aproximando do ribeirão, as índias que se banhavam pressentiram o tropel e, pensando serem traficantes, fugiram aterrorizadas,
deixando algumas crianças de peito na margem. O rio tomou por isso o nome de "Pitangui", rio das crianças. (VASCONCELOS, D.
1948; 179)
4
Joseph Vieira arrematou a Passagem Real em 15 de julho de 1714 pela importância de 910 oitavas de ouro, cerca de três
milhões de dólares. No local do Porto, Vieira fundou um sítio que foi confiscado pelo Conde de Assumar, governador da capitania
de Minas Gerais, em 1720, determinando a condição de não cedê-lo a paulistas. (DINIZ, S. G. 1966; 25)
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1971; 48) . Ao contrário de Sabará, Ouro Preto, Serro e Diamantina o Centro-Oeste é dotado de
terras férteis o que ainda no século XVIII atraiu agricultores vindos de Portugal e outros já
radicados na região mineradora. Pitangui passa a ser um centro irradiador de povoamento.
Abaeté e Dores do Indaiá foram povoados com migrantes provenientes de São Romão e Curvelo
(BARBOSA, W. A. 1971; 49). [...]
Depois da Inconfidência mineira acelera-se o esgotamento das minas e um movimento migratório
inverso do ocorrido no auge da mineração aurífera. A punição aos inconfidentes com degredos,
confinamentos e pena de morte foi aterrorizante, como revela o esquartejamento de Tiradentes.
Igualmente rigorosas foram as perseguições sobre os habitantes das cidades auríferas, com
prisões, confiscos de bens e humilhações públicas. A partir da Inconfidência Mineira as cidades do
ciclo do ouro passaram por um melancólico esvaziamento. Os mineradores, os clérigos e
escravos se distanciam das cidades buscando longínquas terras. Por onde chegam os exmineradores já transformados em agropecuaristas, vão empurrando as linhas divisórias da
Província de Minas. No dizer de Carrato, uma verdadeira diáspora. Os migrantes partiram em
massa na busca de novas aventuras, encontrando imensas florestas e terras desabitadas. Às
vezes ainda tentavam a mineração de ouro ou de gemas, mas acabavam abrindo currais,
fazendas e pequenos negócios; começam as ereções de capelas, criação de freguesias ou vilas
(CARRATO, 1968). No momento da Inconfidência e logo depois do dia 21 de abril de 1792, os
espaços inexplorados nas imediações dos centros auríferos começaram a ser ocupados,
atestando isso a criação de novos municípios, como em 1789, Itapecerica; em 1798 Paracatu; em
1831 Formiga, em 1841 Pium-i e em 1848 Pará de Minas.
A vinda da Corte portuguesa para o Rio de Janeiro aumentou consideravelmente o consumo no
País, especialmente a carne bovina e a banha de suínos. O Centro-Oeste mineiro contava
grandes fazendas de criação, a exemplo da fabulosa propriedade de Dona Joaquina do Pompeu.
HISTÓRICO DE LUZ
5
No livro “Centro-Oeste Mineiro: história e cultura”, o pesquisador luzense, Iácones Batista Vargas,
comenta sobre o povoamento do território do atual Município de Luz:
No ano de 1769, o mestre-de-campo Inácio Correia Pamplona, regente dos sertões do rio Bambuí
e Serra da Marcela, comandou centenas de bandeirantes em importante entrada pela margem
esquerda do rio São Francisco, quando destruiu quilombos e fundou arraiais, povoando a região
para a Coroa Portuguesa, que garantiu sua soberania na “conquista do Campo Grande”.
Entre os companheiros de Pamplona estava o guarda-mor João Teixeira Camargos. Egresso do
Seminário de Mariana, seguiu a vocação de bandeirante, herança do pai e do avô materno,
fundadores de Itaúna e Ouro Preto. Em recompensa pelo trabalho desbravador, por carta de 17
de julho de 1799, foi-lhe concedida sesmaria de meia légua de terra em quadra, entre ribeirões
Jorge do Meio e Jorge Pequeno, anexa às fazendas Córrego da Velha, Boa Vista, Limoeiro e
Veredas.
Seus domínios ocupavam quase a metade do atual território do município de Luz e parte de
Córrego Danta, confinando com as terras de Caetano Marques Tavares, “Coronel do Cocais”,
titular da sesmaria de três léguas na paragem dos “Cocais e Mandassaia”, obtida a 27 de agosto
de 1801.
5
VARGAS, Iácones Batista. In NOGUEIRA, Guaracy de Castro et al. (org.). Centro-Oeste Mineiro: História e Cultura. Itaúna:
Instituto Maria de Castro Nogueira, 2008.
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Consta da tradição oral que os “coronéis Cocais e Camargos” entraram em conflito pela divisa de
suas terras. Temendo mal maior, a esposa de um deles fez promessa a Nossa Senhora da Luz,
para que acalmasse os ânimos dos dois contendores. Iluminados pela Virgem da Luz, de comum
acordo, em determinada manhã e à mesma hora, puseram-se em marcha um em direção à casa
do outro. Encontraram-se no alto do espigão entre o Córrego do Açudinho e o Ribeirão Jorge
Pequeno, onde resolveram demarcar as divisas. Conhecido o voto da esposa, no local do marco
divisório mandaram erigir uma capela com orago a Nossa Senhora da Luz, por volta de 1813.
(VARGAS, 2008, p.180)
Passada a escritura do patrimônio, o Vigário de Bambuí foi benzê-la, tornando-a anexa a sua Matriz.
(SILVA NETO, 1984). Vargas, no jornal online do Portal de Luz afirma que o “primeiro sacerdote que,
segundo registros, celebrou missa e realizou batizados nessa capela foi o padre Manoel Francisco dos
Santos, ancestral indireto da família Couto de Luz e coadjutor da paróquia de Bambuí, à época”.
(VARGAS, Jornal de Luz, ed. 697, p. 05)
6
O pesquisador luzense Iácones Batista Vargas continua o seu relato:
Próximo dali, havia um olho d’água represado por aterro, que serviu para abastecer o povoado em
torno da capela. Daí a origem do topônimo “Nossa Senhora da Luz do Aterrado”. Em 1917, o
Padre Manoel Francisco dos Santos recebeu sesmaria no Ribeirão São Mateus, na Serra da
Marcela. Foi ele o primeiro capelão e responsável pela primitiva capela, que se tornou afiliada da
Matriz de Sant’Ana do Bambuí e contava 800 aplicados em 1822.
Na mesma época, Sebastião José Cordeiro, bisneto do Velho da Taipa, estava estabelecido na
Fazenda Calambau, às margens do Rio São Francisco, nos arredores de Laranjeiras, Brejinho e
Noruega. Ao lado de Euzébio Antônio de Mesquita, o capitão Cordeiro figura como fundador da
Capela de Nossa Senhora de Nazaré de Esteios, erguida em 1823.
O povoado do aterrado foi elevado à condição de distrito de paz pela Lei Provincial nº 764, de 02
de maio de 1856, que criou a Freguesia de nossa Senhora da Luz do Aterrado, abrangendo
Esteios, Córrego Danta e Baú. O primeiro vigário encomendado, Padre Manoel Martins Ferraz,
neto do fundador da Fazenda Santo Antônio, da qual surgiu o distrito de Baú de Estrela.
(VARGAS, 2008, p.180)
Nesse mesmo momento a Capela era elevada a categoria de Matriz da recém-criada Freguesia de
Nossa Senhora da Luz do Aterrado. O pesquisador luzense também fala a respeito do assunto no jornal
da cidade:
Tal igreja, segundo o respeitado historiador Waldemar de Almeida Barbosa, foi reformada em
1878. Com a chegada do Padre Parreiras, promoveu-se a reconstrução da Matriz, de 1910 a
1914, quando foi demolida a existente e construída uma nova no mesmo local. Essa
reconstrução deu ao templo o estilo ainda conservado e o tamanho recuperado em 2002, além
do coro, que contém placas com as iniciais dos nomes dos integrantes da comissão responsável
pelas obras [...]. (VARGAS, Jornal de Luz ed. 697, p. 05)7.
6
VARGAS, Iácones Batista. Santuário Nossa Senhora de Fátima: 1813-2002. Luz: Jornal de Luz, ed. 697, p. 05. Disponível em:
www.luzmg.com.br. .Acesso em 07/12/2011.
7
VARGAS, Iácones Batista. Santuário Nossa Senhora de Fátima: 1813-2002. Luz: Jornal de Luz, ed. 697, p. 05. Disponível em:
www.luzmg.com.br. .Acesso em 07/12/2011.
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Das pesquisas de Vargas, tem-se ainda:
Em 08 de julho de 1918, através da bula “Romanis Pontificibus”, o papa Bento XV criou a Diocese
de Aterrado, graças a esforços incansáveis do Padre Joaquim das Neves Parreiras, benemérito
do Bispado instalado em 10 de abril de 1921, com a posse do primeiro bispo, Dom Manoel Nunes
Coelho.
Em 25 de setembro de 1919 é fundada a banda de música Lyra Vicentina Aterradense, que ainda
hoje alegra as solenidades sócio-culturais e religiosas com seus festivos dobrados.
Integrantes da banda em uma das viagens de apresentação
Acervo: Banda de Música Lyra Vicentina Aterradense
A emancipação político-administrativa foi alcançada por meio da Lei estadual nº 843, de 07 de
setembro de 1923, quando o arraial do Aterrado se tornou “villa Luz”. O novo município englobava
os distritos da sede, Esteios e Córrego Danta. A primeira câmara municipal, instalada a 16 de
março de 1924, foi presidida pelo capitão Alexandre S. d’Oliveira Du, que acumulava a função de
agente executivo municipal, equivalente ao cargo de prefeito. (VARGAS, 2008, p.180)
Preocupado com o desenvolvimento da sede do bispado, Dom Manoel planejou o traçado urbano, no
modelo de xadrez e construiu as primeiras casas próximas ao Santuário e ao Palácio Episcopal,
incentivando a criação do cinema e do teatro.
Não contente, abordando setores tão diversos, não descurou Dom Manoel de favorecer as
diversões sadias e instrutivas. Ninguem ignora que o cinema é um ótimo veiculo das bôas lições,
quando bem orientado. Luz já tem seu Cinema Católico, tão recomendado por Pio XI e tantas
autoridades da Igreja. O predio inaugurado tambem em 21 de setembro de 1941 tem 40 metros de
fundo por 14 de largo, comportando cerca de 1000 espectadores bem instalados. É luxuoso,
feericamente iluminado e poucos o igualam em arquitetura e conforto, no interior mineiro.
(ROCHA, 1941.) 8
8
ROCHA, Ramiro T. O Município de Luz. IN: CORREIA DA SILVA, Arlindo. O município de Luz e as comemorações de setembro
de 1941. Luz: Tipografia Diocesana, 1941
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Vista aérea da Catedral e seu entorno.
Acervo: Portal Luz MG - www.luzmg.com.br
Atual Cine Pio XI que passa por reformas.
Acervo: Deise Alves Eleutério
9
Sobre o Palácio Episcopal, o pesquisador luzense comenta: :
Sede do governo diocesano, seu nome oficial é “Paço d’Assumpção”, como pode ser visto nos
ladrilhos do piso na varanda da entrada principal. No estilo greco-romano e com fachada rica em
detalhes, foi edificado entre os anos de 1918 e 1921, sob a liderança e direção pessoal do virtuoso
Padre Joaquim das Neves Parreiras. Todo o material utilizado em sua construção foi transportado
no lendário carro de boi, adquirido pelo santo sacerdote para as obras da Diocese do Oeste de
Minas, recémcriada pelo Papa Bento XV, através da Bula “Romanis Pontificibus”, de 08 de julho de
1918, data essa que denomina a via onde se localiza: “Rua Oito de Julho”.
Vista no antigo Palácio Episcopal.
Fonte: Portal Luz MG - www.luzmg.com.br
Vista do Palácio Episcopal atualmente
Acervo: Deise Alves Eleutério
Inaugurado em 21 de abril de 1921, quando da instalação do Bispado de Aterrado, funcionou como
residência oficial do primeiro bispo, Dom Manoel Nunes Coelho. Continua abrigando os escritórios
e arquivos da Cúria Diocesana até os dias atuais. O torreão, que lhe confere ainda mais elegância,
retirado na década de 1930, quando comprometia a estrutura física do prédio, foi reinstalado por
Dom Belchior Joaquim da Silva Neto em 1986, quando se inaugurou a “Galeria Diocesana”.
Localizado no porão do prédio, o “mini-museu”, que preserva a memória histórica e eclesiástica de
Luz, reúne imagens e objetos sacros, além de inúmeras fotografias e um harmônio-eletrônico de
9
VARGAS, Iácones Batista. Palácio Episcopal. Disponível em: http://www.luzmg.com.br/turismo.php?local=palacio. Acesso em
07/12/2011.
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rara beleza, presente do Conde de Afonso Celso ao Bispo de Aterrado. (VARGAS, Portal de Luz
MG).
Vargas10 também trata do histórico da nova Catedral Nossa Senhora da Luz inaugurada em 1941:
A majestosa Catedral de Luz, um dos principais pontos turísticos e de fé, da cidade, é a maior obra
do saudoso Bispo de Aterrado, Dom Manoel Nunes Coelho, coadjuvado pelas mãos generosas do
povo de Luz, e constitui um dos seus maiores orgulhos. Sua construção, comandada pelo
construtor José El-Maluf (da cidade de Oliveira), teve início na segunda quinzena do mês de
setembro de 1935; sendo a bênção da pedra fundamental no dia 27/10/1935.
Catedral de Nossa Senhora de Luz
Acervo: Deise Alves Eleutério
O local foi escolhido num lugar fora da cidade, pois Luz estava em fase de muito progresso e
crescia bastante. Um lugar plano e alto, para que fosse vista até à grande distância da cidade.
Também, ficava próximo de uma pedreira localizada aos fundos da Casa de Recolhimento de
Nossa Senhor das Vitórias (hoje, chácara de Solange Couto Silva), que forneceu toda a sua
reserva pétrea para a construção da Catedral.
O povo de Luz, quem mais contribuiu para a realização desta obra, ofereceu não apenas o
dinheiro, mas sobretudo o suor de seu trabalho. Todos os domingos o povo, sem distinção de
classe social, se reunia na pedreira, sempre em número a cerca de mil pessoas, de onde
começava a procissão de fé. Das crianças aos mais idosos, todos carregando pedras; os mais
ousados se desafiavam em transportar a maior e melhor pedra. Ao final da procissão, segui-se a
bênção do Santíssimo Sacramento para os fiéis carregadores de pedras. As procissões se
repetiam aos domingos e durante a semana, os proprietários de carros de bois, faziam a oferta de
seu trabalho, chegando muitas vezes a mais de 30 carretos num mesmo dia. Assim começaram a
surgir as paredes da nova Catedral de Luz.
Sua inauguração foi uma semana inteira de festas, de 17 a 21 de setembro de 1941; sendo as
solenidades abrilhantadas pelo Coro Orgeônico de Formiga, Bandas do 7° Batalhão de Bom
Despacho, Tiros de Guerra de Formiga, Dores do Indaiá e Bom Despacho, além da Lyra Vicentina
Aterradense. Tendo a presença dos fiéis de toda a Diocese de Aterrado, dos bispos e arcebispo da
Arquidiocese de Belo Horizonte, autoridades civis e religiosas de vários lugares do Brasil.
Encerrando as festividades no dia 21, às 09 horas da manhã, houve a bênção do templo e às 19
10
VARGAS, Iácones Batista. Catedral Diocesana Nossa Senhora da Luz – “Nossos pais e avós construíram cabe a nós conservála". Apud: Carta Aberta ao Povo de Luz, publicada pelo Padre Célio Silvio Vieira da Silva no Jornal de Luz, janeiro de 1999.
Disponível em: www.luzmg.com.br. Acesso em 07/12/2011.
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horas o “Te Deum” de inauguração da nova Catedral de Luz, tornando maior ainda a emoção do
povo de Luz, depois de muito suor derramado, em estar vendo realizado o grande sonho seu e de
seu bispo, Dom Manoel Coelho. (VARGAS, Jornal de Luz, 1999).
Dominando a cidade, lá no alto, a sua torre em agulha, de sessenta metros de altura, rasga o
espaço, como que procurando desvendar o azul místico da amplidão, erguendo ao altíssimo, numa
oblata, ferventes orações. Dom Manoel, com seu grande senso estético adaptou de uma
“maquette” da basilica, de São Pedro, de Roma, a futura Catedral, e com a extraordinaria
perseverança, desajudado de maiores conhecimentos técnicos, ergueu essa obra que não cansa a
gente ao admirar a harmonia de suas linhas, no suave da luz coada através de vitrais coloridos,
escolhidos com o profundo gosto. [sic] (CORREIA DA SILVA, 1941.)
O núcleo original da cidade onde existiu o povoado primitivo do aterrado define-se pela região da Rua
Grande e pelas ruas paralelas. Essa área ainda possui um traçado regular em grande parte. No centro
histórico ainda existem exemplares importantes da casa urbana luzense.
Com a instalação do termo judiciário, em 20 de março de 1927, a vila recebeu foros de “cidade de
Luz”, cujo governo foi confiado ao primeiro prefeito municipal, dr. Pedro Cardoso Silva. A comarca,
criada pelo Decreto Estadual nº155, de 29 de junho de 1935, passou a funcionar em 1936,
jurisdicionada por seu primeiro juiz de direito, dr. Getúlio Fonseca Filho.
A agropecuária sempre foi a base da economia municipal. As terras férteis do aterrado atraíram
várias famílias em busca do “ouro verde”, no fim do século XIX, quando o arraial se tornou grande
exportador de café. Com a expansão da pecuária a partir de 1940, o município de Luz chegou a
formar a maior bacia leiteira do Brasil. Recentemente foi introduzida a criação de bubalinos, que
divide espaço com a suinocultura, hortifrutigranjeiros e as monoculturas de soja, milho, moranga
híbrida e cana-de-açúcar. Além da tradicional aguardente de cana, a indústria local vem se
destacando nos setores alimentício, construção civil, confecções, calçadista, ração animal e
laticínios. (VARGAS, 2008, p.180,181)
Luz apresentou um grande desenvolvimento durante o ciclo do café, isso pode ser verificado visitando e
admirando algumas das construções além das citadas acima e ditas como mais importantes: a Vila
Julieta, Casa da Solange Costa Couto, Casa do Joaquim Costa, Fazenda Varjão, Fábrica de Manteiga,
Fazenda da Usina, Açudão, Santuário Nossa Senhora de Fátima, Casa Grande (antiga sede do Governo
e Clube de Esportes).
O segundo Bispo Dom Belchior, preocupado com a cultura no alto São Francisco, criou em parceria com
a PUC Minas a primeira faculdade, a Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras do Alto São Francisco,
cujo objetivo era formar professores para os municípios que compunham a diocese, aumentando a
formação acadêmica da população.
Como Bispo da Diocese de Luz, ele foi o fundador do Seminário Nossa Senhora da Luz
(02/02/1961) e da Casa dos Seminaristas de Luz - Teologia, em BH (1980); em 1974; procurou
inserir a Igreja de Luz na renovação proposta pelo Concílio Vaticano II, pelo CELAM e pela CNBB;
realizou visitas pastorais regulares, tendo percorrido toda a Diocese cerca de 7 vezes; ordenou
cerca de 60 padres e consagrou 09 Bispos para a Missão da Igreja. Além de inúmeras outras
iniciativas pastorais, D. Belchior se preocupou e empenhou em atender pedidos para resolver
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diversas situações sociais do Municípios que abrangem a Diocese de Luz, através de contatos com
autoridades, nos diversos níveis do Poder Público. Especialmente, D. Belchior se esforçou por
ajudar o Município e a cidade de Luz. Merece destaque a Rodovia 262, que a seu pedido foi trazida
para mais perto da cidade. (DIOCESE DE LUZ)11
Com relação a parte ambiental, existem vários locais que podem ser visitados:
Ponte antiga sobre o Rio São Francisco ligando Luz/Lagoa da Prata e Luz/Moema, construída
em local propício a esportes radicais como rapel;
Faz parte do chamado “Pantanal Mineiro” com várias lagoas marginais do Rio São Francisco, em
que ocorrem desovas de peixes;
No local ainda encontram-se algumas fazendas que preservaram o ecossistema local e que
podem ser visitadas como: a Fazenda Aroeiras e Clovinho;
O restaurante de comidas típicas mineiras, Barril, onde se encontram expostos o artesanato
local, licores, objetos antigos utilizados nas fazendas no início do século passado e área
recreativa com brinquedos tradicionais para crianças;
Região da Serra da Canastra usada para trilhas;
Cachoeiras e belos rios para a prática de esportes e lazer.
Parte da Serra da Canastra localizada em Luz
Fonte: http://www.portalbrasil.net/brasil/fotos/mg_serradacanastra.htm
Por muitos anos o município foi utilizado por esses tropeiros que transportavam animais para a região
central do Brasil. Este fato ficou presente na cultura local através do Rodeio que de forma organizada
12
ocorreu em Luz pela primeira vez em 1943 . Luz reivindicava por isso a condição de primeiro rodeio do
Brasil (em circuito fechado).
O município conta com quatro grupos de cavalgada: o Clube do Cavalo de luz, Clube do Cavalo da
Estiva, Comitiva Pé de Serra, Comitiva da Marcela. Esses grupos se reúnem mensalmente para uma
cavalgada pelo município.
Luz anualmente apresenta calendário de festividades que visam preservar as raízes e a memória de seu
povo. Nesse calendário destacam-se:
11
Texto disponível em: http://www.diocesedeluz.org.br/dom_belchior.htm. Acesso em 07/12/2011.
VARGAS, Iácones Batista. Poeira Vermelha de Luz: Palco do Primeiro Rodeio Brasileiro. Luz: Jornal de Luz, ed. 678, p. 05.
Disponível em: www.luzmg.com.br.
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Janeiro
Festa de São Sebastião
Festa tradicionalmente comemorada pelos luzenses todos os anos, com apresentações musicais,
celebração de missa.
Fevereiro
Festa da Padroeira Nossa Senhora da Luz
Uma das festas mais tradicionais da cidade de Luz, também ocorre anualmente e reúne apresentações
musicais, missas, demonstração do artesanato local e venda de comidas e bebidas. Acontece também a
apresentação da Banda de Música Lyra Vicentina do Aterrado.
Carnavaluz
Em Luz, muita festa, gente bonita, e muita tradição. Blocos de carnaval fazem muita festa, buscando
sempre muita diversão nas 4 dias de carnaval. O Carnaval que antigamente era tradicionalmente
realizado no Clube Social de Luz, ou na Rua Coronel José Thomaz, nos últimos anos foi realizado na
Avenida Laerton Paulinelli, ponto de comércio do município, onde encontramos pizzarias, lanchonetes, e
um amplo local para a realização do evento.
Maio
Festa do trabalhador e Festa de São José Operário
Comemora anualmente o dia do trabalhador com celebração religiosa em homenagem a São José
Operário e apresentação de bandas musicais.
Junho
Festas Juninas
Em Luz, as Festas Juninas já são tradicionais nas Escolas Municipais, Estaduais e Particulares, muita
pipoca, canjica, fogueira e várias brincadeiras ao som animado do Forró, homenageando São João, São
Pedro e Santo Antônio, movimentando as tardes das escolas, com a participação dos pais, amigos, onde
as crianças, as mais animadas da festa, apresentam a quadrilha organizada com muito bom gosto e
carinho pela direção, professores e alunos das escolas. É o resgate do folclore, as tradições, valores,
culturas, sempre com a participação da família e da comunidade. Com maior ou menor destaque, as
festas juninas ainda são realizadas em todas as regiões do Brasil e representam uma das manifestações
culturais mais importantes e ricas do nosso povo.
Julho
Expoluz
Das pesquisas feitas por Iácones Batista Vargas, transcreve-se o seguinte artigo sobre a história do
13
Rodeio de Luz :
13
VARGAS, Iácones Batista. Poeira Vermelha de LUZ: Palco do Primeiro Rodeio Brasileiro. Luz: Jornal de Luz, ed. 678, 21 de
junho de 2002, p. 05. Disponível em: www.luzmg.com.br. Acesso 07/12/2011.
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A primeira festa de rodeio, formalizada, de que se tem notícia e registro, previamente organizada,
com direito a propaganda e recinto “próprio”, ocorreu em Luz-MG, durante os dias 15 a 18 de Julho
de 1943, tendo sua comissão organizadora sido formada pelo Cap. Alexandre S. d’Oliveira Dú
(Prefeito Municipal), Tonico Macedo e Pedro Paulinelli, além dos idealizadores Juca Carlos e
Rodolfo Filho (Dolfinho). Conforme deixou escrito o pesquisador e ex-prefeito luzense Tonico
Macedo, esse Juca Carlos assistira a um “rodeio” (o que teria sido a “doma”) no sul do país, e
contando a história aos luzenses, resolveram realizar juntos um “rodeio gaúcho” em Luz, onde
havia animais de raça e bravios, criados pelos fortes fazendeiros do município. Não se teria prova
documental dessa festividade não fosse a deferência a ela dispensada no artigo que comunicou o
falecimento do presidente da festa e prefeito municipal, ocorrido na segunda-feira posterior ao
evento. Assim noticiou o jornal “A Luz” (edição de 30.07.1943, ano XXI, nº. 795, p. 3): “A cidade
ainda não se refizera das últimas impressões da véspera – das festas por que ele tão
carinhosamente velara e que tanto quizera assistir.” E não se poderia afirmar, com plena
convicção, que estas “festas da véspera” fossem o rodeio luzense, sem o agradecimento da família
do pranteado extinto, por ocasião do “transe por que passaram”, especialmente a aqueles, que
nela se empenharam (como se vê à página 4 da citada edição do periódico “luceatino”): “... à
comissão do Grande Rodeio Gaúcho e aos piões, que deram insofismáveis provas de sentimento
diante do infausto acontecimento...”.
Tal festa teve sua segunda realização nos dias 21 a 28 de Maio de 1944, sob a denominação de
“Rodeio Luzense – Uma Semana dos Fazendeiros”, quando um folder, previamente confeccionado,
circulou pela cidade convocando a população para o “interessante torneio”, com montarias,
exposição de animais de raça e leilão de bovinos. Um exemplar original desse panfleto é
cuidadosamente guardado pelo nosso amigo Geraldo Lamounier de Vasconcelos (Geraldo
Boresca). Interessante, que dito documento não possui data completa, sendo omisso quanto ao
ano. No entanto, consta naquele documento verde de mais de 58 anos que no domingo (28/05), a
célebre festa foi encerrada com a inauguração do Campo de Aviação, cuja bênção solene foi
oficiada pelo bispo diocesano Dom Manoel Nunes Coelho. E convidando o público para tal
inauguração, o jornal do bispado dedicou boa parte da primeira página d’ “A Luz” no seu nº. 824,
que circulou a 20.05.1944; restando, destarte, associado o ano à data dessa festa, tida como
“inesquecível, por sua originalidade e por sua utilidade prática”, que contou com a bravura de
peões, ainda lembrados com saudades, como Jaburu (homenageado pelo nome do Parque de
Exposição de Luz), Irmãos Ferreira e Dolfinho, que animavam o público com “emocionantes e
arriscados exercícios de montaria”. Como até então se tinha em mente e na mídia, a primeira festa
de rodeio ocorrida no país teria sido realizada em Barretos, pelo Clube dos Independentes, no ano
de 1956, sob o título de “Festa do Peão de Boiadeiro”. Pode até ter sido, mas com a denominação
que se diz, porque a primeira festa de rodeio, formalizada, promovida em recinto apropriado numa
cidade, foi a de Luz, no ano de 1943, sendo, pois, luzense “O Rodeio Pioneiro do Brasil”, como é o
lema da Exposição Agropecuária.
Com o passar dos tempos, e com a ebulição de Barretos, o rodeio primitivo, que quase não tinha
regras (apenas valendo o tempo em que o peão conseguia ficar sobre o animal, o que já era um
festejo e tanto, capaz de delirar a “platéia”), ganhou formas próprias, uniformizando-se
mundialmente, à moda americana. O rodeio de Luz acompanhou essa evolução, contando com
participação de cowboys profissionais, a partir da festa do seu cinqüentenário, em 1993, quando se
modernizou o nome do evento, de exposição agropecuária para EXPOLUZ.(VARGAS, Portal de
Luz MG)
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Agosto
Festa de Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Santa Efigênia
A Festa de Nossa Senhora do Rosário no município de Luz teve seu início no ano de 1953, segundo
dados fornecidos pela Prefeitura Municipal de Luz. É o evento religioso mais antigo da cidade. A Festa
sempre foi celebrada na Praça Congadeiro Antônio Eugênio Filho. O fundador da festa foi o Sr. Antônio
Eugênio, que também foi responsável pela construção da Igreja de Nossa Senhora do Rosário. A festa
passou a ser comemorada à partir da construção da Igreja O primeiro capitão – mor da festividade foi
José Tiago, que também foi o doador do terreno para a construção da igreja. Nesta época D. Manuel
Nunes Coelho era responsável pela Paróquia de Luz e não permitia que o Congado dançasse nas festas
da Catedral, exigindo que a congada se fizesse após o córrego que corta a cidade. Com a chegada de
D. Belchior Joaquim da Silva Neto na década de 1980, a festa foi introduzida à Paróquia de Nossa
Senhora da Luz. Hoje organizada pela Associação da Congada de Nossa Senhora do Rosário, conta
com a participação de 15 ternos, entre moçambiques, penachos e congos. Foram inseridos na Festa
outros Santos da cultura negra: São Benedito e Santa Efigênia. A imagem utilizada para a comemoração
foi doada pela Sra. Laura, moradora da comunidade, junto a fundação da festa.
Além das festividades o município oferece o artesanato e culinária feitos na sede e nas regiões de zona
rural. São eles:
Bordados ponto cruz, ponto cheio, tricô, crochê;
trabalhos com bambus;
bebidas;
doces;
frutas cristalizadas;
trabalho em madeira;
pintura;
14
Segundos dados do Tribunal Regional Eleitoral o eleitorado de Luz é calculado em 14.013 pessoas . A
Câmara Municipal é composta de nove vereadores.
Quanto ao Poder Judiciário, atualmente Luz é Comarca de Primeira Instância. Sendo a Comarca
composta, ainda, pelo Município de Córrego Danta, distrito de Esteios e Cacheirinha, que está a 23 km
da sede.
A infra-estrutura básica da cidade é composta de água tratada, limpeza urbana, energia elétrica, rede de
esgoto, telefonia fixa e móvel. Ademais, há posto de saúde, o Hospital Nossa Senhora Aparecida,
agências bancárias, posto de gasolina, agência dos correios, parque de eventos, biblioteca, cine-teatro,
diversos hotéis e pousadas. Possui uma emissora de rádio: Alvorada FM (rádio comunitária) e dois
periódicos impressos: Jornal de Luz e Jornal Visão.
14
Tribunal Regional Eleitoral de Minas Gerais – dados baseados nas eleições de 2006.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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_____. Catedral Diocesana Nossa Senhora da Luz – “Nossos pais e avós construíram
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_____. Poeira Vermelha de LUZ: Palco do Primeiro Rodeio Brasileiro. Luz: Jornal de Luz,
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http://www.luzmg.com.br/;
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http://www.luz.mg.gov.br/.
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4. HISTÓRICO E CONTEXTUALIZAÇÃO DO BEM CULTURAL
A edificação da Casa Grande, foi construída, em meados de 1905 a mando do Coronel José Thomáz
d’Oliveira, deixando-a para o único filho, que foi o primeiro prefeito do Município de Luz, Sr. Alexandre
Saracupio de Oliveira Dú, que nela residiu com sua esposa Marieta Macedo. Eles não tiveram filhos e se
mudaram da residência para ceder a edificação ao município.
15
No período de construção da Casa Grande, o ecletismo
passa a ser nota dominante na arquitetura
urbana, principalmente nas capitais das províncias onde o dinheiro comprava o novo “visual”,
simbolizando a emancipação de Portugal e a libertação dos velhos modelos impostos pelo colonizador.
Logicamente, essa mudança radical que dependia do dinheiro disponível, não era homogeneamente
distribuído no país. O ecletismo chegou nas capitais importantes da época, mas nas cidades mais
pobres ou afastadas do grande comércio, os exemplos ecléticos refinados eram mais ou menos
escassos, conforme as circunstâncias locais ou os desejos ostentatórios. Esse foi o caso da edificação
em análise, que trata-se de um palacete requintado, de estilo eclético, inspirada no Palácio do Catete,
16
sede do Governo Federal no Rio de Janeiro de 1897 a 1960, atual Museu da República . Assim, a Casa
Grande se destacava no cenário urbano local, pois no geral, em todas as cidades, as novas construções
de classe média para baixo, ficaram em um meio-termo, aliando novas técnicas às condições do
passado tradicional ainda compromissado com velhos programas.
“Após a Proclamação da República, em 1889, o espírito de regeneração urbana
integrava
o
clima
ideológico
dos
dirigentes
políticos
e
dos
grupos
economicamente privilegiados. Uma nova concepção de cidade, aliada a ações
de recuperação e planificação, inspirada nos espaços urbanos industrializados
da Europa e dos Estados Unidos, começou a surgir no país, simbolizando a
necessidade de modernização. A redefinição do quadro econômico e a
constituição de uma nova sociedade urbana, aliadas às notícias de inovação e
modernização européias, criavam uma mentalidade social peculiar no país. A
idéia de progresso, industrialização e de vida moderna tornou-se uma obsessão
para a burguesia em constituição.“ (BORGES LEMOS, C. In.CASTRIOTA, 1998,
p.80).
No dia 16 de março de 1.924, em sessão solene, ocorreu a instalação e posse da primeira Câmara
Municipal que assim ficou constituída: Presidente – Capitão Alexandre S. d`Oliveira Dú, (filho do Coronel
15
O ecletismo na arquitetura recompõe os estilos do passado mesclando elementos de diferentes períodos ou origens. Na Europa,
este estilo nasce mais cedo, em meados do século XVIII, mas no Brasil ele aparece na metade do século XIX, decorrendo do
Neoclássico. “O Ecletismo não é homogêneo, pois se abrigam sob sua denominação diversas manifestações e tendências. Na
Europa, ele esteve muitas vezes associado a teorias e ideologias quando a escolha de uma referência estilística do passado se
baseava em criteriosos argumentos conceituais. Embora ocorressem alguns exemplos que justificassem a adoção de um ou mais
estilos para a edificação, no Brasil... a importação foi muito mais de formas prontas e modelos a copiar do que de idéias; e as
justificativas eram quase sempre superficiais e sem embasamento teórico.” (MORAIS DE SÁ, 2002, p.28)
16
Esse com projeto do arquiteto alemão Carl Friedrich Gustav Waehneldt, datado de 1858, cujo início da implantação se deu com a
demolição da antiga casa de número 150 da Rua do Catete. A construção terminou oficialmente em 1866, porém as obras de
acabamento prosseguiram ainda por mais de uma década.
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José Tomás); Vice Presidente: Dr. Pedro Cardoso da Silva; Secretário Washigton Gomes de Macedo,
José Garcia Ogando e Francisco Caetano Quito.
Capitão Alexandre S. d`Oliveira Dú, o mais votado, era o vereador especial, foi empossado como
Presidente da Câmara e Agente Executivo do Município de Luz, funções que exerceu simultaneamente,
até 12 de maio de 1927, quando eleito o seu sucessor, Dr. Pedro Cardoso da Silva. Além de competir à
Câmara, os Poderes Executivo e Legislativo, ao presidente cabia empossar o Juiz do Termo Judiciário.
Os outros edis eram chamados Vereadores Gerais.
“Salão repleto de pessoas: Autoridades de Luz e cidades vizinhas convidados e
familiares. Após a execução do Hino Nacional, pela Banda Lira Vicentina
Aterradense, D. Manoel saudou a Câmara, congratulando-se com o novo
Município pedindo para ele bênçãos do céu. Representando o povo de Luz,
falou o brilhante advogado João Alves Corgosinho Filho, oferecendo ao
Presidente Capitão Dú, em nome desse mesmo povo, uma caneta de ouro, para
com ela assinar o primeiro ato do poder Municipal, ora constituído. Também
discursaram Eduardo de Almeida Barbosa, representante a Câmara de Dores do
Indaiá e o deputado Francisco Campos; o jovem Joaquim Mendes Júnior;
Edmundo Meneses, representando Córrego Danta; Gentil Americano do Sul,
representando Esteios, Capitão Dú e Dr. Pedro Cardoso também discursaram,
agradecendo a confiança do eleitorado, prometendo procurar corresponder. A
sessão foi encerrada com vivas calorosos ao Presidente – Artur Bernardes, ao
Governador – Raul Soares, aos Secretários de Estado e ao Deputado da
região, Francisco Campos.” Por Cândida Corrêa Côrtes Carvalho.
A partir de 1923, ano da emancipação político-administrativa do Município de Luz, a edificação tornou-se
sede da Câmara Municipal, que naquela época acumulava também as funções executivas e, mais tarde,
da Prefeitura Municipal. A edificação foi cedida pelo Alexandre Oliveira, para o município com o intuito de
fazer a vontade do pai que demosntrava o interesse de sempre participar dos processos de formação
política e histórica da cidade.
Em 1927, quando foi instaurado o Termo Judiciário de Luz, até 1935, a casa também abrigou o Fórum,
onde as principais causas jucidiais eram conduzidas. Assim como na Roma antiga, o Fórum se
localizava na Praça principal da cidade, o centro político, religioso, econômico e social da mesma.
Posteriormente, veio a funcionar no edifício a ALA – Associação Atlética de Luz, que tinha como uso a
integração da sociedade luzense em um espaço de entretenimento e lazer. Na associação eram feitos
bailes e festas para datas comemorativas.
Com a morte de seu primeiro proprietário, em 1943, a viúva vendeu a casa ao seu irmão, o médico Dr.
Josaphat Macedo, criador da FAEMG – Fundação de Agricultura de Minas Gerais. A FAEMG -
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Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais é a entidade que representa os
produtores rurais mineiros. Defensora dos interesses conjuntos da categoria, sua força vem do
envolvimento e da participação de quase 400 Sindicatos filiados, que congregam mais de 400 mil
pequenos, médios e grandes produtores. A FAEMG é uma instituição privada, criada em 1951 e mantida
pelo produtor rural. Integra o Sistema Sindical Patronal Rural, liderado pela CNA - Confederação da
Agricultura e Pecuária do Brasil, entidade máxima de representação dos produtores brasileiros. Além de
representar e defender o produtor rural em todos os fóruns de decisões - municipais, estaduais,
nacionais e internacionais -, a FAEMG coloca à disposição de seus filiados e, por extensão, do produtor
diversos serviços nas áreas jurídica, econômica, sindical, contábil, meio ambiente etc. O trabalho da
FAEMG é subsidiado por Comissões Técnicas, formadas por produtores representativos de cada setor.
As Comissões acompanham os fatos políticos, econômicos e tecnológicos relacionados com os
segmentos produtivos. Também fazem parte das ações da FAEMG a formação profissional da mão-deobra rural e a promoção social do cidadão que mora no campo. Este trabalho é realizado através do
SENAR MINAS - Serviço Nacional de Aprendizagem Rural, entidade vinculada à FAEMG.
O novo morador fez funcionar naquele imóvel, durante as décadas de 1940 e 1950, o "Clube Recreativo
Luzense" que era um espaço responsável por oferecer a seus associados eventos culturais e esportivos
inclusive junto a sede da "Rádio Clube de Luz".
De 1965 a 1975, com o uso do imóvel atribuído a José Maria Macedo, foi construído um anexo nos
fundos, onde funcionou o Armazém Casa Grande. O armazém Casa Grande funcionava como o
mercado de comercialização de produtos para a população do município na época. A comercialização
variava em produtos alimentícios até os produtos de higiene pessoal.
Após a morte de Josaphat Macedo, o fundador da FAEMG, em 1980, o casarão, já em situação precária,
não fora mais usado pelos seus herdeiros, ficando a mercê de invasores e moradores de rua que faziam
suas moradias no terreno do imóvel.
No ano de 1986, a Casa Grande foi desapropriada pelo município. Em 1998 foi feita a contratação do
Projeto de Restauração da Casa Grande e a contratação de consultoria para desenvolvimento da política
municipal de proteção ao patrimônio histórico-cultural, e posteriormente foi criada a Lei Municipal nº
1.517/06, que estabelece normas de proteção do Patrimônio Cultural do Município de Luz.
O projeto foi feito pela arquiteta Maura Braga e consiste em reforçar a estrutura, recompor os
acabamentos, revestimentos e elementos decorativos. Teve a obra iniciada com o reforço da estrutura
física que se encontrava comprometida implantando vigas de concreto pra reforçar a estrutura do prédio
e laje de concreto do porão e providenciando a troca de todo o telhado. Apesar de terem sido iniciadas,
as obras estão paralisadas desde 2008 e o imóvel se encontra em estado de abandono.
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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O processo de desapropriação do imóvel só teve a solução definitiva em janeiro de 2009 ao custo de
aproximados R$1.200.000,00 (hum milhão e duzentos mil reais) como indenização de seus antigos
proprietários e honorários advocatícios. Atualmente o imóvel se encontra em situação regular, isento de
qualquer ônus reais, bem como ações reais e pessoais reipersecutórias.
Ponderando o acima exposto, especialmente o valor imensurável de patrimônio histórico –cultural,
significativo para o povo de Luz, enquanto elemento constitutivo de sua identidade, conseqüentemente
inestimável do ponto de vista monetário.
Uma das finalidades da desapropriação foi o interesse de preservar o patrimônio histórico e abrigar
repartições administrativas ou até mesmo um centro cultural, para proporcionar atividades culturais e
criar um espaço público, de convivência para a sociedade luzense, visto que o imóvel dispõe de uma
área de 3.609 m², sendo uma testada de 42 metros, e possui aproximadamente, 250 metros em
construção. A implantação da casa na testada da rua e centralizada em relação à mesma, faz com que o
quintal e as laterais possuam grandes áreas livres, com potencial para implantação de jardins e áreas de
convivência.
Atualmente o estado de conservação do bem é péssimo. Ele se encontra em ruínas e está
completamente descomposto. Foi ocupado por um casal de catadores de lixo no volume frontal e no
outro, por uma senhora que comercializa muda de plantas.
5. DESCRIÇÃO DO BEM CULTURAL
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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A Casa Grande localiza-se na Rua Nelson Gomes de Macedo Filho, no número 74, à frente da Praça
Tácito Guimarães, no centro do Distrito Sede de Luz. Nesta área se encontra as mais importantes
edificações de representatividade política, cultural, social e religiosa para o município, como a Igreja de
Nossa Senhora de Fátima, além de edificações residenciais e comerciais que se localizam nos arredores
da praça. Estas estão dispostas em sequência, uma após a outra, em quadras subsequentes. Essa área
faz parte do centro histórico e ainda existem exemplares importantes da casa urbana luzense, onde a
fachada principal é alinhada à testada do lote, ganhando acesso e varandas laterais e comumente
geminadas com sua vizinha.
A Praça Tácito Guimarães é freqüentada por toda a comunidade de Luz, sendo também palco de
festividades de grande importância para o município. A praça possui encaminhamentos pavimentados
com blocos de concreto, intercalados com canteiros. Alguns canteiros possuem coberturas vegetais de
gramíneas porem há também árvores de médio e grande porte. Possui bancos em toda sua extensão,
além de lixeiras e postes de iluminação. Há também implantada na praça a Igreja de Nossa Senhora de
Fátima, a primeira edificação do Aterrado que marca a divisão de terras dos primeiros donos dos dois
lotes que compunham a área do município no início do século XVIII.
Esta região caracteriza-se ainda por possuir forte adensamento populacional, pois foi local de instalação
dos primeiros moradores e imigrantes. Apesar de ainda possuir imóveis datados do final do século XIX e
início do século XX, a maioria deles perdeu suas características originais ou foram substituídos por
outras edificações.
A edificação possui estilo eclético, onde a mistura de estilos arquitetônicos do passado são responsáveis
por criar uma nova linguagem arquitetônica. O edifício é formado pela combinação de elementos
artísticos provenientes de várias vertentes arquitetônicas. Podem ser observados os arcos ogivais
característicos da arquitetura neogótica, juntamente com pilares e pilaretes com os capitéis decorados
assemelhando se à arquitetura grega. Elementos decorativos de rosáceas do período neoclássico e
elementos decorativos lineares que se remetem ao art-decó.
A Casa Grande é um exemplar tipológico especial para a época de sua construção, já que era
considerado um palacete entre as residências construídas em seu tempo. A princípio construída para
fins residenciais, a edificação mudou seu uso para abrigar entidades públicas. Apesar da característica
“inovadora” de sua implantação, seu partido estava ligado ao suporte neoclássico, cujos ambientes
internos eram dispostos de modo a evitar a composição de vários volumes. Assim, seu partido inicial
possuía corpo retangular, jardim fronteiro e entrada lateral realizada por alpendre.
O terreno onde se encontra o bem é plano, no entanto a rua onde ele está localizado possui um pequeno
aclive, o que permitiu o surgimento de um porão alteado sob o pavimento principal. A fachada frontal da
edificação é voltada para a Rua Nelson Gomes de Macedo Filho, onde se tem seu acesso principal. As
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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fachadas laterais direita e esquerda e de fundos estão voltadas para os lotes vizinhos. O terreno onde se
localiza o bem é arborizado com árvores de grande e médio porte, além de gramíneas.
Por volta dos últimos anos do século XIX e no início do XX, as residências construídas, segundo
preceitos ecléticos, libertavam-se com relação aos limites dos lotes. Os jardins aparecem,
primeiramente, nas laterais das casas, junto às entradas (pelas escadas de acesso aos alpendres),
protegidos por grades e portão de ferro de duas folhas. Como é o caso da implantação da Casa Grande.
Além da melhora na ambientação local, os jardins e os afastamentos da edificação favorecem a
condição de ventilação, aeração e iluminação dos cômodos internos.
O acesso ao edifício é feito por um portão baixo do lado esquerdo, metálico que dá acesso a uma
pequena escada revestida com piso em ladrilho hidráulico, este original da época da construção. Possui
três degraus aonde se chega a um pátio aberto que dá acesso ao alpendre que se encontra em um nível
acima do pátio. O pátio possui piso em terra batida e vegetação invasora. Há também ao lado do portão
baixo um portão maior de entrada de veículos que também é metálico e decorado, que se intercala com
um muro baixo e uma balaustrada que faz o fechamento do terreno.
A Casa Grande possui um partido arquitetônico com planta em “T” implantada com regularidade na
testada da avenida. As laterais possuem grande recuo onde se encontra uma vegetação crescente com
árvores de médio e pequeno porte. Sua volumetria é simples marcada por elementos artísticos aplicados
nas fachadas. Possui proporções que dão ajuste geométrico das partes que compõem o edifício, sendo
proporcionais entre si e em relação ao todo e seu entorno.
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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As fachadas são bem diferentes entre si. A tradição trata a arquitetura eclética como uma composição de
partes que envolvem a simetria, composição volumétrica e ornamentação. A simetria funciona como uma
regra básica para remeter o caráter organizacional na composição da fachada.
A fachada principal é composta por simetria onde são rebatidas três aberturas em cada lado da sacada
em arco ogival molduradas com massa na cor branca e um frontispício decorado com frisos em alto
relevo. Possui uma sacada central acessada por porta que segundo informações coletadas em campo,
era de madeira e hoje não se encontra mais no imóvel, possuindo ornamentação na parte superior e
moldura acima da verga em formato de arco ogival.
A ornamentação nos edifícios ecléticos busca revestir a arquitetura e prover conforto e decoro
condizentes com a urbanidade e a civilização local. No caso do edifício da Casa Grande a platibanda é
decorada por frisos, relevos e rosáceas e quatro pináculos ao longo de toda a platibanda. Há também
uma águia no centro da fachada.
No nível do porão encontram-se respiradouros em formato ogival. Há um acesso direto ao porão, abaixo
da sacada. A fachada lateral esquerda por onde é feito o acesso ao edifício, se encontra um alpendre em
um nível superior que é acessado através de uma pequena escada de seis degraus e guarda corpo em
balaustrada. A estrutura do alpendre é composta por sete colunas decoradas com arcos e frisos, no
capitel em alto relevo, que se intercalam com o guarda corpo em balaustres. A fachada lateral direita é
marcada por três aberturas e continuação do coroamento da platibanda decorada.
A cobertura é composta por engradamento em madeira e manto em telhas francesas. Compondo o
fechamento de todo o edifício, o telhado possui seis águas, sendo uma parte da edificação com quatro
águas e a outra com duas águas. A edificação não possui forro, onde o engradamento e as telhas ficam
expostas.
Os vãos são iguais para a parte da edificação que encontra na parte da frente do terreno, que
corresponde a parte de superior do “T” na planta. São aberturas grandes, com vergas em arco ogival
onde seu centro é marcado por um pilarete cilíndrico decorado, que divide o vão em duas janelas
menores também com verga em arco ogival. Todas as janelas possuem moldura em relevo e frisos e
uma espécie de cornija na parte inferior ao peitoril. As janelas provavelmente tinham sistema de abrir em
madeira, atualmente as aberturas não possuem vedações no volume paralelo à Rua Nelson. As portas
possuem vergas retas e bandeiras fixas superiores, com fechamento em vidro. A porta principal possui
moldura decorativa com a parte superior em arco e uma rosácea em relevo no centro. As condições de
conservação do edifício não podem ser consideradas boas. Suas esquadrias não existem mais, porém
os marcos e quadros das portas internas ainda existem e permitem uma provável descrição.
A estrutura do edifício é composta por tijolos de barro maciços, com a base em pedra. São revestidos
por reboco e pintados com tinta acrílica aparentemente pintadas na cor amarela.
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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Na área externa o piso não existe mais e foi tomado por uma vegetação invasora. A escada que dá
acesso a edificação possuem piso em ladrilho hidráulico. No acesso de veículos há uma pequena área
que demarca a sua passagem em cimento grosso. Na parte posterior do imóvel há um enorme quintal
onde se encontra muita vegetação invasora, onde o piso se encontra em terra batida.
A edificação possui uma composição em planta que busca a hierarquia dos espaços e eixos para gerar
conforto e monumentalidade, mantendo uma proporção com o entorno. A Casa Grande é composta por
11 cômodos no volume com a testada para a rua e 9 cômodos no volume perpendicular.
No primeiro volume, o alpendre é seguido de uma sala. Após a sala há um corredor, á direita faz o
acesso à parte íntima onde ficam um pequeno hall, dois quartos e um banheiro direcionados para a
avenida. Já à esquerda encontra-se um quarto. Seguindo o corredor se dá acesso à parte de serviços e
a um grande salão que pode ser identificados na fachada pela sacada.
No volume perpendicular à rua, há um corredor central que dá acesso também a uma área intima nas
laterais, com um cômodo ao fundo.
Todos os cômodos possuem piso em tacos de madeira, com exceção das áreas molhadas onde ainda
existem vestígios do piso original em ladrilho hidráulico. Não possuindo rodapés, essas áreas se
encontram cobertas por sujidade e vegetação.
As paredes tiveram seu reboco refeito e não possuem revestimentos.
As instalações elétrica e hidráulicas são expostas e improvisadas pelos moradores que invadiram o
imóvel.
O estado de conservação do bem é péssimo. Ele se encontra em ruínas e está completamente
descomposto. Foi ocupado por um casal de catadores de lixo no volume frontal e no outro, uma senhora
que comercializa muda de plantas.
A praça em frente ao imóvel possui arborização em canteiros variados que se mesclam com
caminhamentos que levam até a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
6. PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
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6.1 DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA
O perímetro de tombamento do imóvel Casa Grande define-se pelo terreno em que está inserida. Para
tanto, serão definidas diretrizes específicas para este perímetro de tombamento, a fim de preservar o
bem como um todo. Assim sendo, descreve-se, a seguir, a delimitação do perímetro de tombamento:
P1: Início da poligonal, formado pela interseção da linha do limite frontal do terreno da Casa Grande,
com a linha do limite lateral direito do terreno, paralela à Rua Coronel José Thomás. Do P1 segue pela
linha do limite frontal do terreno, paralela à Rua Nelson Gomes Macedo Filho, até encontrar com a linha
da lateral esquerdo, conformando nesta interseção o ponto P2. Do P2 segue pela linha do limite da
lateral esquerda até encontrar com o fim da lateral de parte do edifício que possui a testada na Rua
Nelson Gomes Macedo Filho, sendo essa perpendicular a testada, conformando nesta interseção o P3.
Do P3 a linha paralela a Rua Nelson Gomes Macedo Filho segue aproximadamente 4 metros
conformando o P4. Do P4 ao P5, uma linha paralela à linha entre P2 e P3 segue em direção aos fundos
do terreno. Do P5 a P6 forma-se uma linha coincidente com a fachada posterior, paralela a Rua Nelson
Gomes Macedo Filho. A linha para a conformação de P7 parte de P6 paralela à linha entre P4 e P5, em
direção à parte frontal da edificação. P8 se conforma com uma linha paralela à fachada frontal da
edificação, com origem no P7, perpendicular à Rua Coronel José Thomás. A interseção de P8 e P10
conforma o P9 que se encontra no ponto de perpendicularidade entra as duas linhas, uma paralela e
outra perpendicular à Rua Coronel José Thomás. O P10 vem em seguida conformado pela linha paralela
à linha entre P7 e P8, em direção a lateral direita da edificação. Do P10 uma linha correspondente a
fachada lateral esquerda forma o ponto P11 que coincide com o P1.
O perímetro de tombamento da Casa Grande foi definido de maneira a abranger toda a edificação,
construída em 1905, pelo Coronel Alexandre Saracupio de Oliveira Dú, que foi o primeiro prefeito da
cidade, e nela residiu com sua esposa Marieta Macedo. Este limite coloca sob proteção um dos
primeiros edifícios Distrito Sede, que preservou suas características estilísticas originais. Sua
importância histórica, arquitetônica e social foram fatores preponderantes para a decisão de seu
perímetro de tombamento, uma vez que ela representou para a sociedade luzense por ter sido utilizado
para abrigar instituições de lazer e recreação para a população além de ter sido sede da Prefeitura,
Câmara Municipal e Fórum, marcando a história política da cidade. A intenção com o tombamento da
casa é manter e conservar a sua edificação, além de preservar a estrutura física do edifício para que ele
possa ter um novo uso pela população luzense e se mantenha conservado, traçando diretrizes
específicas para que as futuras intervenções sejam criteriosas e que preservem as suas características
originais.
A área de tombamento está demarcada na Planta de Perímetro de Tombamento anexada no item 6.2.
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Qualquer tipo de intervenção na área definida por esse perímetro deve ser submetida à aprovação do
Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, observando as diretrizes de intervenção estabelecidas no
item 7 deste documento.
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6.2. DESENHO TÉCNICO DA DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
Legenda
Linhas de delimitação do perímetro de entorno de tombamento
Pontos de interseção das linhas que delimitam o perímetro de entorno
Planta do Perímetro de Tombamento da Casa Grande
Desenho: Deise Alves Eleutério
|
Responsável: Paula Quinaud Lacombe
Escala Gráfica
| Base: Planta Cadastral de Extrema
| CREA: 127376/LP
| Data: 19/12/2010
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7. DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO PARA A ÁREA TOMBADA
As diretrizes propostas para o perímetro de tombamento da Casa Grande objetivam a melhoria da
ambiência local, mantendo o contexto urbano no qual ela se insere e, consequentemente preservando as
visadas e a acessibilidade ao bem tombado. O perímetro delimitado que inclui a edificação em sua
totalidade, visa na preservação do bem e sua estrutura física.
17
Assim sendo, estabelecem-se as diretrizes descritas abaixo , necessárias à proteção da Casa Grande:
Regulamentar o seu uso e sua ocupação , garantindo o acesso do público à edificação;
Garantir através de seu uso que o público possa conhecer o valor arquitetônico e histórico da
edificação;
Promover a manutenção de toda a edificação que se encontra em ruínas;
Preservar as características físicas e estilísticas do imóvel impedindo a sua demolição ou
descaracterização e, em caso de substituição de materiais, usar iguais ou similares aos
existentes;
Associar as novas intervenções a projetos adequados de paisagismo e iluminação que valorizem
a arquitetura do bem.
17
Estas diretrizes foram discutidas e aprovadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (ver ata no item
15.2 - Documentação).
8. PERÍMETRO DE ENTORNO DE TOMBAMENTO
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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8.1. DELIMITAÇÃO, DESCRIÇÃO E JUSTIFICATIVA
O perímetro de entorno é a definição geométrica do espaço de proteção visual ou urbanística do bem
tombado, com a finalidade de preservar sua visibilidade, fruição física e acessibilidade. Todas as
alterações realizadas dentro dessa área deverão levar em conta esses aspectos, não podendo interferir
negativamente no mesmo. A delimitação do perímetro de entorno de tombamento da Casa Grande
abrange todo o perímetro do terreno e seus quarteirões do entorno visando melhorar a ambiência local e
a área da Praça Tácito Guimarães onde está implantada a Igreja de Nossa Senhora de Fátima. Desta
forma define-se a delimitação do perímetro de entorno:
P1: Início da poligonal, formada pela interseção dos eixos das ruas Tiradentes e Getúlio Vargas. A linha
segue pela Rua Tiradentes passando por toda a praça conformando o ponto P2 no cruzamento com a
Rua Nossa Senhora de Fátima. Do P2 segue pela Rua Nossa Senhora de Fátima até encontrar com o
eixo da Rua Melo Viana, que se encontra posterior ao quarteirão do edifício, formando o P3. Para
conformar o P4, a linha segue pela Rua Melo Viana e termina no eixo do cruzamento com a Avenida
Nossa Senhora da Luz. O P5 é formado pela interseção dos eixos da Avenida Dr. Josaphat Macedo
(prolongamento da Rua Nelson Gomes Macedo Filho) com a Avenida Nossa Senhora da Luz, seguindo
a Avenida Dr. Josaphat Macedo (prolongamento da Rua Nelson Gomes Macedo Filho) até o eixo da Rua
Getúlio Vargas, conformando o P6. Para conformar o P7, a linha segue em direção à Rua Tiradentes,
onde mais à frente os eixos das ruas Tiradentes e Getúlio Vargas se interceptam conformando o P8,
sendo coincidente com o P1 e finalizando a poligonal.
A área de entorno de tombamento está demarcada na Planta de Perímetro de Entorno de Tombamento
anexada no item 8.2.
Qualquer tipo de intervenção na área definida por esse perímetro deve ser submetida à aprovação do
Conselho Municipal de Patrimônio Cultural, observando as diretrizes de intervenção estabelecidas no
item 9 deste documento.
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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8.2. DESENHO TÉCNICO DA DELIMITAÇÃO DO PERÍMETRO DE TOMBAMENTO
Legenda
Linhas de delimitação do perímetro de tombamento
Pontos de interseção das linhas que delimitam o perímetro de tombamento
Planta do Perímetro de Tombamento da Casa Grande
Desenho: Deise Alves Eleutério
| Responsável: Paula Quinaud Lacombe | CREA: 27376/LP
Escala Gráfica
| Base: Planta Cadastral de Extrema
| Data: 19/12/2010
9. DIRETRIZES DE INTERVENÇÃO PARA O ENTORNO
NTOOTOMBADIRETRIZ
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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As diretrizes propostas para o perímetro de entorno de tombamento da Casa Grande objetivam a
melhoria da ambiência local, mantendo o contexto urbano no qual ela se insere e, consequentemente
preservando as visadas e a acessibilidade ao bem tombado. No perímetro delimitado, se encontram
todos os quarteiroes adjacentes ao edificio, marcados pelo eixo de suas vias.
Além de fazer parte do centro histórico do município, a área apresenta uma vegetação em seu entorno,
onde pode ser encontrada uma diversidade de espécies vegetais de médio e grande porte dentro do lote
onde está implantado o imóvel, que podem ser cultivadas e preservadas juntamente com a edificação.
Seu entorno se faz por edificaçoes residenciais e comeriais que variam de uma dois pavimentos,
observando-se uma densidade construtiva considerável.
18
Assim sendo, estabelecem-se as diretrizes descritas abaixo , necessárias à proteção da Casa Grande e
de seu entorno:
Regulamentar o uso e a ocupação das edificações dentro do perímetro de
tombamento,
organizando visitas e acesso do público às edificações;
Promover a manutenção periódica de parte da Praça e da edificações;
Preservar os canteiros e jardins da praça inserida dentro do perímetro e submeter qualquer
mudança à aprovação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural;
Regulamentar o uso e a ocupação do solo na área de entorno de tombamento, a fim de impedir
intervenções que venham a descaracterizar a ambiência rural do lugar, de forma a degradá-la,
adensá-la ou transformar o seu uso;
Regulamentar as características construtivas das possíveis novas edificações situadas em seu
entorno imediato;
Promover a poda periódica da vegetação, de forma a evitar que cresça desordenadamente e
impeça a visibilidade dos bens e de seu entorno;
Preservar a vegetação nativa e os jardins que compõem o entorno, submetendo qualquer
mudança à aprovação do Conselho Municipal do Patrimônio Cultural.
Promover uma manutenção constante dos jardins que cercam o imóvel, impedindo que espécies
de grande porte prejudiquem a visibilidade do bem.
Direcionar as novas intervenções a serem realizadas no local, para que estas não venham a
competir com a edificação original, mas se tornem um conjunto harmônico e integrado.
18
Estas diretrizes foram discutidas e aprovadas pelo Conselho Municipal do Patrimônio Cultural (ver ata no item
15.2 - Documentação).
10. FICHA DE INVENTÁRIO
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Município de Luz – Minas Gerais
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A Ficha de Inventário a seguir compreende a identificação do bem cultural e contém dados acerca de
sua localização, história, análise, situação de ocupação e outros aspectos descritivos onde são
sintetizados os informes levantados nas pesquisas de fontes e de campo.
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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Inventário de Proteção do Acervo Cultural do Município de
Luz - Minas Gerais - Brasil
ESTRUTURA ARQUITETÔNICA E URBANISTICA
1. Município: Luz.
EAU - 04
2. Distrito: Sede.
3. Designação: Casa Grande.
4. Endereço: Rua Nelson Gomes de Macedo Filho, nº 74.
5. Propriedade / Situação de Propriedade: Propriedade Pública: Prefeitura Municipal de Luz.
6. Responsável: Prefeitura Municipal de Luz.
7. Situação de Ocupação: Própria.
8. Uso Atual:
( x ) Residencial
(
) Serviço
(
) Institucional
(
(
) Industrial
(
) Outros
) Comercial
9. Proteção Legal Existente:
( ) Federal
( ) Estadual
( x ) Municipal
( ) Inexistente
Decreto: Despacho 170/10
10. Proteção Legal Proposta:
( ) Tombamento Federal
( ) Tombamento Estadual
( x ) Tombamento Municipal
( ) Restrições de uso
( ) Inventário p/registro documental
( ) Inventário p/proteção prévia
11. Análise do Entorno / Situação e Ambiência / Documentação Fotográfica:
Vista geral da Casa Grande
Foto: Deise A. Eleutério
Planta Cadastral do Distrito Sede
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Município de Luz – Minas Gerais
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Inventário de Proteção do Acervo Cultural do Município de
Luz - Minas Gerais - Brasil
ESTRUTURA ARQUITETÔNICA E URBANISTICA
EAU - 04
Vistas Gerais da Casa Grande
Foto: Deise A. Eleutério
O edifício está inserido na Rua Nelson Gomes Macedo Filho, uma via de mão dupla separadas por
um canteiro central com palmeiras e gramíneas. A pavimentação é em blocos de concreto. Os
passeios são em cimento ou em terra batida. A vizinhança imediata é composta pela Praça Tácito
Guimarães, onde se encontram caminhamentos pavimentados em blocos de concreto, com canteiros
em gramíneas e arbustos intercalados com coqueiros espalhados em alguns dos canteiros. Na Praça
está implantada a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, a edificação mais antiga do Município de luz.
Essa possui volumetria simples, que compõe a paisagem urbana da localidade juntamente com a
praça e a edificação da Casa Grande. Nessa área só foram encontradas edificações nas ruas laterais
ao quarteirão onde se encontra a edificação. São edificações residenciais variando em um e dois
pavimentos, que por ter certa distancia da edificação, não influi nas visadas do edifício. Na localidade
são encontrados equipamentos urbanos como lixeiras, placas indicativas e postes de iluminação
pública.
12. Histórico: A edificação da Casa Grande, foi construída, em meados de 1905 a mando do
Coronel José Thomáz d’Oliveira, deixando a para o único filho, que foi o primeiro prefeito da cidade,
o Alexandre Saracupio de Oliveira Dú, deixada como herança pelo pai e nela residiu com sua
esposa Marieta Macedo. Eles não tiveram filhos e se mudaram para ceder a edificação para o
municipio. No dia 16 de março de 1.924, em sessão solene, ocorreu instalação e posse da primeira
Câmara Municipal que assim ficou constituída: Presidente – Capitão Alexandre S. d`Oliveira Dú, (filho
do Coronel José Tomás); Vice Presidente: Dr. Pedro Cardoso da Silva; Secretário Washigton Gomes
de Macedo, José Garcia Ogando e Francisco Caetano Quito. Capitão Alexandre S. d`Oliveira Dú, o
mais votado, era o vereador especial, foi empossado como Presidente da Câmara e Agente
Executivo do Município de Luz, funções que exerceu simultaneamente, até 12 de maio de 1927,
quando eleito o seu sucessor, Dr. Pedro Cardoso da Silva. Além de competir à Câmara, os Poderes
Executivo e Legislativo, ao presidente cabia empossar o Juiz do Termo Judiciário. Os outros edis
eram chamados Vereadores Gerais. Trata-se de uma edificação de estilo eclético, inspirada no
Palácio do catete, sede do Governo federal no Rio de Janeiro de 1897 a 1960, atual Museu da
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Município de Luz – Minas Gerais
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Inventário de Proteção do Acervo Cultural do Município de
Luz - Minas Gerais - Brasil
ESTRUTURA ARQUITETÔNICA E URBANISTICA
EAU - 04
República. Com projeto do arquiteto alemão Carl Friedrich Gustav Waehneldt, datado de 1858, os
trabalhos tiveram início com a demolição da antiga casa de número 150 da rua do Catete. A
construção terminou oficialmente em 1866, porém as obras de acabamento prosseguiram ainda por
mais de uma década. A partir de 1923, ano da emancipação político-administrativa do município, a
edificação tornou-se sede da Câmara Municipal, que naquela época acumulava também as funções
executivas e, mais tarde, da Prefeitura Municipal. A edificação foi cedida pelo Alexandre Oliveira,
para o municipio com o intuito de fazer a vontade do pai que demosntrava o interesse de sempre
participar dos processos de formação política e histórica da cidade. Em 1927, quando foi instaurado o
Termo Judiciário de Luz, até 1935, a casa também abrigou o Fórum, onde as principais causas
jucidiais eram conduzidas. Assim como na Roma antiga, o Fórum se localizava na Praça principal da
cidade, o centro político, religioso, econômico e social da mesma. Posteriormente, veio a funcionar
no edifício a ALA – Associação Atlética de Luz, que tinha como uso a integração da sociedade
luzense em um espaço de entretenimento e lazer. Na associação eram feitos bailes e festas para
datas comemorativas. Com a morte de seu primeiro proprietário, em 1943, a viúva vendeu a casa ao
seu irmão, o médico Dr. Josaphat Macedo, criador da FAEMG – Fundação de Agricultura de Minas
Gerais. A FAEMG - Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Minas Gerais é a entidade
que representa os produtores rurais mineiros. Defensora dos interesses conjuntos da categoria, sua
força vem do envolvimento e da participação de quase 400 Sindicatos filiados, que congregam mais
de 400 mil pequenos, médios e grandes produtores. A FAEMG é uma instituição privada, criada em
1951 e mantida pelo produtor rural. Integra o Sistema Sindical Patronal Rural, liderado pela CNA Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil, entidade máxima de representação dos produtores
brasileiros. Além de representar e defender o produtor rural em todos os fóruns de decisões municipais, estaduais, nacionais e internacionais -, a FAEMG coloca à disposição de seus filiados e,
por extensão, do produtor diversos serviços nas áreas jurídica, econômica, sindical, contábil, meio
ambiente etc. O trabalho da FAEMG é subsidiado por Comissões Técnicas, formadas por produtores
representativos de cada setor. As Comissões acompanham os fatos políticos, econômicos e
tecnológicos relacionados com os segmentos produtivos. Também fazem parte das ações da
FAEMG a formação profissional da mão-de-obra rural e a promoção social do cidadão que mora no
campo. Este trabalho é realizado através do SENAR MINAS - Serviço Nacional de Aprendizagem
Rural, entidade vinculada à FAEMG. O novo morador fez funcionar naquele imóvel, durante as
décadas de 40 e 50, o "Clube Recreativo Luzense" que era um espaço responsável por oferecer a
seus associados eventos culturais e esportivos inclusive junto a sede da "Rádio Clube de Luz". De
1965 a 1975, com o uso do imóvel atribuído a José Maria Macedo, foi construído um anexo nos
fundos, onde funcionou o Armazém Casa Grande. O armazém Casa Grande funcionava como o
mercado de comercialização de produtos para a população do município na época. A
comercialização variava em produtos alimentícios até os produtos de higiene pessoal. Após a morte
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de Josaphat Macedo,o fundador da FAEMG, em 1980, o casarão, já em situação precária, não fora
mais usado pelos seus herdeiros, ficando a mercê de invasores e moradores de rua que faziam suas
moradias no terreno do imóvel. No ano de 1986, a Casa Grande foi desapropriada pelo município.
Em 1998 a contratação do Projeto de Restauração da Casa Grande e a contratação de consultoria
para desenvolvimento da política municipal de proteção ao patrimônio histórico-cultural são ações
que através da iniciativa da Lei Municipal nº 1.517/06, estabelece normas de proteção do Patrimônio
Cultural do Município de Luz. O projeto foi feito pela arquiteta Maura Braga e consiste em reforçar a
estrutura, recompor os acabamentos, revestimentos e elementos decorativos. Teve a obra iniciada
com o reforço da estrutura física que se encontrava comprometida implantando vigas de concreto pra
reforçar a estrutura do prédio e laje de concreto do porão e providenciando a troca de todo o telhado.
O imóvel dispõe de uma área de 3.609 m², sendo uma testada de 42 metros, e possui
aproximadamente, 250 metros em construção. A implantação da casa na testada da rua e
centralizada em relação à mesma, faz com que o quintal e as laterais possuam grandes áreas livres,
com potencial para implantação de jardins e áreas de convivência. Apesar de terem sido iniciadas, as
obras estão paralisadas desde 2008 e o imóvel se encontra em estado de abandono. O processo de
desapropriação do imóvel só teve a solução definitiva em janeiro de 2009 ao custo de aproximados
R$1.200.000,00 (um milhão e duzentos mil reais) como indenização de seus antigos proprietários e
honorários advocatícios. Atualmente o imóvel se encontra em situação regular, isento de qualquer
ônus reais, bem como ações reais e pessoais reipersecutórias. Considerando tudo acima exposto,
especialmente o valor imensurável de patrimônio histórico –cultural, significativo para o povo de luz,
enquanto elemento constitutivo de sua identidade, conseqüentemente inestimável do ponto de vista
monetário. Considerando o dado histórico da desapropriação que teve como finalidade o interesse de
preservar o patrimônio histórico e abrigar repartições administrativas ou até mesmo um centro
cultural.
13. Descrição: A Casa Grande localiza-se na Rua Nelson Gomes de Macedo Filho, no número 74, à
frente da Praça Tácito Guimarães, no centro do Distrito Sede de Luz. Nesta área se encontra as mais
importantes edificações de representatividade política, cultural, social e religiosa para o município,
como a Igreja de Nossa Senhora de Fátima, além de edificações residenciais e comerciais que se
localizam nos arredores da praça. Estas estão dispostas em sequência, uma após a outra, em
quadras subsequentes. Essa área faz parte do centro histórico e ainda existem exemplares
importantes da casa urbana luzense, onde a fachada principal é alinhada à testada do lote, ganhando
acesso e varandas laterais e comumente geminadas com sua vizinha. A Praça Tácito Guimarães é
freqüentada por toda a comunidade de Luz, sendo também palco de festividades de grande
importância para o município. A praça possui encaminhamentos pavimentados com blocos de
concreto, intercalados com canteiros. Alguns canteiros possuem coberturas vegetais de gramíneas
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porem há também árvores de médio e grande porte. Possui bancos em toda sua extensão, além de
lixeiras e postes de iluminação. Há também implantada na praça a Igreja de Nossa Senhora de
Fátima, a primeira edificação do Aterrado que marca a divisão de terras dos primeiros donos dos dois
lotes que compunham a área do município no início do século XVIII. Esta região caracteriza-se ainda
por possuir forte adensamento populacional, pois foi local de instalação dos primeiros moradores e
imigrantes. Apesar de ainda possuir imóveis datados do final do século XIX e início do século XX, a
maioria deles perdeu suas características originais ou foram substituídos por outras edificações. A
edificação possui estilo eclético, onde a mistura de estilos arquitetônicos do passado são
responsáveis por criar uma nova linguagem arquitetônica. O edifício é formado pela combinação de
elementos artísticos provenientes de várias vertentes arquitetônicas. Podem ser observados os arcos
ogivais característicos da arquitetura neogótica, juntamente com pilares e pilaretes com os capitéis
decorados assemelhando se à arquitetura grega. Elementos decorativos de rosáceas do período
neoclássico e elementos decorativos lineares que se remetem ao art-decó. O terreno onde se
encontra o bem é plano, no entanto a rua onde ele está localizado possui um pequeno aclive, o que
permitiu o surgimento de um porão alteado sob o pavimento principal. A fachada frontal da edificação
é voltada para a Rua Nelson Gomes de Macedo Filho, onde se tem seu acesso principal. As
fachadas laterais direita e esquerda e de fundos estão voltadas para os lotes vizinhos. O terreno
onde se localiza o bem é arborizado com árvores de grande e médio porte, além de gramíneas. O
acesso ao edifício é feito por um portão baixo do lado esquerdo, metálico que dá acesso a uma
pequena escada revestida com piso em ladrilho hidráulico, este original da época da construção.
Possui três degraus aonde se chega a um pátio aberto que dá acesso ao alpendre que se encontra
em um nível acima do pátio. O pátio possui piso em terra batida e vegetação invasora. Há também
ao lado do portão baixo um portão maior de entrada de veículos que também é metálico e decorado,
que se intercala com um muro baixo e uma balaustrada que faz o fechamento do terreno. A Casa
Grande possui um partido arquitetônico com planta em “T” implantada com regularidade na testada
da avenida. As laterais possuem grande recuo onde se encontra uma vegetação crescente com
árvores de médio e pequeno porte. Sua volumetria é simples marcada por elementos artísticos
aplicados nas fachadas. Possui proporções que dão ajuste geométrico das partes que compõem o
edifício, sendo proporcionais entre si e em relação ao todo e seu entorno. As fachadas são bem
diferentes entre si. A tradição trata a arquitetura eclética como uma composição de partes que
envolvem a simetria, composição volumétrica e ornamentação. A simetria funciona como uma regra
básica para remeter o caráter organizacional na composição da fachada. A fachada principal é
composta por simetria onde são rebatidas três aberturas em cada lado da sacada em arco ogival
molduradas com massa na cor branca e um frontispício decorado com frisos em alto relevo. Possui
uma sacada central acessada por porta que segundo informações coletadas em campo, era de
madeira e hoje não se encontra mais no imóvel, possuindo ornamentação na parte superior e
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moldura acima da verga em formato de arco ogival. A ornamentação nos edifícios ecléticos busca
revestir a arquitetura e prover conforto e decoro condizentes com a urbanidade e a civilização local.
No caso do edifício da Casa grande a platibanda é decorada por frisos, relevos e rosáceas e quatro
pináculos ao longo de toda a platibanda. Há também uma águia no centro da fachada. No nível do
porão encontram-se respiradouros em formato ogival. Há um acesso direto ao porão, abaixo da
sacada. A fachada lateral esquerda por onde é feito o acesso ao edifício, se encontra um alpendre
em um nível superior que é acessado através de uma pequena escada de seis degraus e guarda
corpo em balaustrada. A estrutura do alpendre é composta por sete colunas decoradas com arcos e
frisos, no capitel em alto relevo, que se intercalam com o guarda corpo em balaustres. A fachada
lateral direita é marcada por três aberturas e continuação do coroamento da platibanda decorada. A
cobertura é composta por engradamento em madeira e manto em telhas francesas. Compondo o
fechamento de todo o edifício, o telhado possui seis águas, sendo uma parte da edificação com
quatro águas e a outra com duas águas. A edificação não possui forro, onde o engradamento e as
telhas ficam expostas. Os vãos são iguais para a parte da edificação que encontra na parte da frente
do terreno, que corresponde a parte de superior do “T” na planta. São aberturas grandes, com vergas
em arco ogival onde seu centro é marcado por um pilarete cilíndrico decorado, que divide o vão em
duas janelas menores também com verga em arco ogival. Todas as janelas possuem moldura em
relevo e frisos e uma espécie de cornija na parte inferior ao peitoril. As janelas provavelmente tinham
sistema de abrir em madeira, atualmente as aberturas não possuem vedações no volume paralelo à
Rua Nelson Gomes de Macedo Filho. As portas possuem vergas retas e bandeiras fixas superiores,
com fechamento em vidro. A porta principal possui moldura decorativa com a parte superior em arco
e uma rosácea em relevo no centro. As condições de conservação do edifício não podem ser
consideradas boas. Suas esquadrias não existem mais, porém os marcos e quadros das portas
internas ainda existem e permitem uma provável descrição. A estrutura do edifício é composta por
tijolos de barro maciços, com a base em pedra. São revestidos por reboco e pintados com tinta
acrílica aparentemente pintadas na cor amarela. Na área externa o piso não existe mais e foi tomado
por uma vegetação invasora. A escada que dá acesso a edificação possuem piso em ladrilho
hidráulico. No acesso de veículos há uma pequena área que demarca a sua passagem em cimento
grosso. Na parte posterior do imóvel há um enorme quintal onde se encontra muita vegetação
invasora, onde o piso se encontra em terra batida. A edificação possui uma composição em planta
que busca a hierarquia dos espaços e eixos para gerar conforto e monumentalidade, mantendo uma
proporção com o entorno. A Casa Grande é composta por 11 cômodos no volume com a testada
para a rua e nove cômodos no volume perpendicular. No primeiro volume, o alpendre é seguido de
uma sala. Após a sala há um corredor, á direita faz o acesso à parte íntima onde ficam um pequeno
hall, dois quartos e um banheiro direcionados para a avenida. Já à esquerda encontra-se um quarto.
Seguindo o corredor se dá acesso à parte de serviços e a um grande salão que pode ser identificado
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na fachada pela sacada. No volume perpendicular à rua, há um corredor central que dá acesso
também a uma área intima nas laterais, com um cômodo ao fundo. Todos os cômodos possuem piso
em tacos de madeira, com exceção das áreas molhadas onde ainda existem vestígios do piso
original em ladrilho hidráulico. Não possuindo rodapés, essas áreas se encontram cobertas por
sujidade e vegetação. As paredes tiveram seu reboco refeito e não possuem revestimentos. As
instalações elétricas e hidráulicas são expostas e improvisadas pelos moradores que invadiram o
imóvel. O estado de conservação do bem é péssimo. Ele se encontra em ruínas e está
completamente descomposto. Foi ocupado por um casal de catadores de lixo no volume frontal e no
outro, uma senhora que comercializa muda de plantas. A praça em frente ao imóvel possui
arborização em canteiros variados que se mesclam com caminhamentos que levam até a Igreja de
Nossa Senhora de Fátima.
14. Estado de Conservação:
( ) Excelente
( ) Bom
( ) Regular
( x ) Péssimo
15. Análise do Estado de Conservação: O bem se encontra em ruínas, tendo seu estado de
conservação considerado péssimo. Há uma parte da edificação onde a laje se desfez e permanece
um vão no interior da edificação, deixando o porão sem cobertura. Os pisos e paredes possuem
partes de revestimentos que se encontram com muita sujeira acumulada. As esquadrias inexistem,
expondo o interior do edifício as intempéries. A área externa possui grande volume de vegetação.
16. Fatores de Degradação: O abandono da edificação é o fator de degradação que mais contribuiu
para desencadear os danos encontrados. Esses tiveram seus problemas acentuados por exposição
às intempéries e falta de manutenção.
17. Medidas de Conservação: O edifício necessita de uma reforma geral para reparar a estrutura
física e os acabamentos.
18. Intervenções: Nunca foram feitas intervenções no edifício.
19. Referências Bibliográficas:
CORONA, Eduardo, LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Dicionário da Arquitetura
Brasileira. São Paulo: Artshow Books, 1989.
Enciclopédia dos Municípios Brasileiros. 1959;
VASCONCELOS, Sylvio de. Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos. Belo Horizonte:
UFMG, 1979;
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20. Informações Complementares: O projeto de restauração e reforma do edifício já encontra-se
em andamento, feito pela arquiteta Maura Braga, porem ainda não iniciaram as obras.
21. Ficha Técnica:
Levantamento e fotografia: Deise Alves Eleutério
Data: 19/12/2010
Elaboração: Deise Alves Eleutério
Data: 19/12/2010
Historiador: Priscilla de Cássia Lima Mattos Arimatéia
Data: 05/12/2010
Revisão:
Data: 28/12/2010
11. DOCUMENTAÇÃO CARTOGRÁFICA
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A documentação cartográfica é um conjunto de informações gráficas do bem cultural com o objetivo de
apresentar o seu espaço físico interno, externo e seu entorno imediato, além de outros dados para sua
melhor visualização. Durante a visita em campo é feito um levantamento cadastral da edificação a fim de
descrevê-la geometricamente através de plantas baixas e fachada.
11.1. LEVANTAMENTO CADASTRAL
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11.1.1. Implantação do Bem Tombado com Planta de Cobertura
Implantação – Cobertura da Casa Grande
Desenho: Deise Alves Eleutério | Responsável: Paula Quinaud Lacombe
Escala Gráfica
| Endereço: Rua Nelson Gomes Macedo Filho
| CREA: 127376/LP
| Data: 19/12/2010
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11.1.2. Plantas do Bem Tombado
Planta Baixa da Casa Grande
Desenho: Deise Alves Eleutério
| Responsável: Paula Quinaud Lacombe
| CREA: 127376/LP
Escala Gráfica
| Endereço: Rua Nelson Gomes Macedo Filho
| Data: 19/12/2010
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11.1.3. Fachadas do Bem Tombado
Fachada Lateral direita e Corete AA
Desenho: Deise Alves Eleutério
| Responsável: Paula Quinaud Lacombe
| CREA: 127376/LP
Escala Gráfica
| Endereço: Rua Nelson Gomes Macedo Filho
| Data: 19/12/2010
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Fachada Frontal da Casa Grande
Desenho: Deise Alves Eleutério
| Responsável: Paula Quinaud Lacombe
| CREA: 127376/LP
Escala Gráfica
| Endereço: Rua Nelson Gomes Macedo Filho
| Data: 19/12/2010
12. DOCUMENTAÇÃO FOTOGRÁFICA
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A documentação fotográfica representa um registro do bem e abrange o volume geral da edificação e
seus detalhes construtivos. Este registro tem o objetivo de demonstrar o bem analisado e também de
registrá-lo para uma posterior comparação de intervenções que possivelmente o bem venha sofrer ao
longo dos anos.
As fotos a seguir foram realizadas pela arquiteta Deise Alves Eleutério durante o levantamento da
edificação no período compreendido entre 19 e 21 de Dezembro de 2010.
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Foto 01 (19/12/2010)
Rua Nelson Gomes Macedo Filho, a
direita avista-se a Casa Grande.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 02 (19/12/2010)
Vista geral da Praça Tácito Guimarães
com a Igreja de Nossa Senhora de Fátima
ao fundo, localizadas em frente ao bem.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 03 (19/12/2010)
Vista da Rua Nelson Gomes Macedo
Filho. Observa-se à direita a Casa Grande
e à esquerda a Praça Tácito Guimarães e
a Igreja de Nossa Senhora de Fátima.
Autoria: Deise Alves Eleutério
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Foto 04 (19/12/2010)
Vista
da
Fachada
lateral
direita
do
edifício.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 05 (19/12/2010)
Detalhe
do
águia
na
platibanda.
Referencia aos elementos decorativos da
fachada do palácio do Catete.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 06 (19/12/2010)
Vista da fachada da Casa Grande pela
Rua Nelson Gomes Macedo Filho
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Foto 07 (19/12/2010)
Vista geral da edificação pelas laterais
esquerda e fachada frontal. Possuem
simetria
em
características
sua
da
composição
arquitetura
e
eclética.
Observa-se uma entrada lateral, onde fica
uma alpendre por onde se faz o acesso à
edificação.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 08 (19/12/2010)
Vista da fachada frontal da edificação.
Possui
aberturas
com
elementos
decorativos e molduras com vergas em
arco ogival que ladeiam uma sacada
sendo simetricamente rebatidas três em
cada lado, além de elementos decorativos
na platibanda, composta por frisos, relevos
e roseiras. Ao centro um águia marca a
referência à arquitetura do Palácio do
Catete.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 09 (19/12/2010)
Vista da fachada lateral esquerda que é
também o acesso principal a edificação. É
marcada por um alpendre que faz o
acesso do pátio à edificação. Possui uma
escada
central
com
corrimãos
que
percorrem todo o perímetro do alpendre se
conformando e guarda corpo. Esse é
composto por uma arcada intercalada aos
balaustres.
Possui
uma
platibanda
decorada porém muito danificada.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Foto 10 (19/12/2010)
Vista da fachada lateral esquerda e
entrada principal. Ao fundo parte da Praça
Tácito Guimarães.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 11 (19/12/2010)
Vista de parte da fachada lateral esquerda
e parte de seu anexo ao fundo. Observase a escada central de acesso ao edifício
e em seu entorno a cobertura vegetal e
aterra batida no piso do pátio externo.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 12 (19/12/2010)
Portão de acesso de pedestres que se
encontra do lado esquerdo a edificação. O
portão é baixo, decorado, metálico, com
duas folhas de abrir.
Autoria: Deise Alves Eleutério
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Foto 13 (19/12/2010)
Portão de acesso para veículos que se
encontra do lado esquerdo do terreno. O
portão é alto, decorado, metálico, com
duas folhas de abrir.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 14 (19/12/2010)
Vista de parte do gradil composto em
balaustrada e portões metálicos.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 15 (19/12/2010)
Detalhe para a presença do águia que é a
maior característica da influencia pelo
Palácio do Catete.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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Foto 16 (19/12/2010)
Detalhe da pequena sacada na fachada
frontal. Grande quantidade de ornamentos.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 17 (19/12/2010)
Parte do alpendre. Nota-se a presença de
vegetação invasora na parte interna do
edifício.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 18 (19/12/2010)
Parte da laje que desabou deixando a
vista, através do porão, parte interna do
edifício no nível superior.
Autoria: Deise Alves Eleutério
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Foto 19 (19/12/2010)
Vista de parte do porão em tijolos de barro
ainda originais da época de construção.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 20 (19/12/2010)
Vista do engradamento do telhado em
madeira e manto em telhas cerâmicas.
Nota-se que parte da laje que desabou.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
13. LAUDO DE AVALIAÇÃO SOBRE O ESTADO DE CONSERVAÇÃO
Município de Luz – Minas Gerais
Responsável técnico
Deise Alves Eleutério
Identidade / CREA
127376/LP – Arquiteta e Urbanista
Nome do bem tombado
Casa Grande
Localização / Endereço
Rua Nelson Gomes Macedo, nº74 - Centro.
Bem tombado em:
Decreto
28/12/2010
Nº170
Dossiê enviado ao IEPHA em:
15/01/2010
Data de realização do Laudo
19/12/2010
Há obra de restauração em andamento?
( x ) Sim
Há projeto aprovado por Lei de Incentivo à
cultura?
(
) Sim
(
) Não
( x ) Não
ESTRUTURA
Estado de Conservação
Bom
Estrutura de alvenaria
Pilares de concreto
Alvenaria
Base
50%
80%
60%
80%
Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
20%
20%
20%
20%
30%
-20%
--
A estrutura em alvenaria possui grande número de trincas. Os pilares de concreto foram feitos para
estabilizar a estrutura da casa que está comprometida. As alvenarias encontram-se sem revestimentos
em grande parte, deixando-as expostas às intempéries. A base não foi danificada e permanece
mantendo sua integridade física. Os pilares por terem sido feitos posteriormente na reforma não se
encontram danificados.
COBERTURA
Estado de Conservação
Bom
Estrutura do telhado (madeira)
80%
Telhado (telha francesa)
70%
Coroamento (platibanda, frontão, cimalha)
80%
Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
20%
10%
10%
-20%
10%
Foram verificados danos causados pela exposição de intempéries uma vez que as telhas estão
danificadas deixando com que a água da chuva penetre no edifício. O coroamento formado pela
platibanda ornamentada encontra-se com grande quantidade de sujidade e partes faltosas, devido à
falta de manutenção.
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ALVENARIAS
Estado de Conservação
Bom
Tijolo
Elementos artísticos aplicados
50%
70%
Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
30%
10%
20%
20%
Os tijolos da alvenaria possuem danos uma vez que foram encontradas trincas significativas nas
paredes, deixando-as com sua estrutura física comprometida. Os elementos artísticos utilizados nas
paredes externas possuem grande quantidade de sujidade, bolor, manchas de umidade e partes
faltosas.
REVESTIMENTOS
Estado de Conservação
Bom
Reboco
Pintura (a óleo, à base de água)
70%
-Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
20%
--
-100%
Muitas paredes apresentam descolamento do reboco, principalmente as paredes internas onde, por
falta de esquadrias, ficam expostas as intempéries. Com isso a pintura também fica danificada.
Algumas partes do reboco foram refeitas, porém houve o abandono da obra e da manutenção da
edificação.
VÃOS E VEDAÇÕES
Estado de Conservação
Bom
Portas
Janelas
Respiradouros
Elementos artísticos aplicados
10%
10%
40%
70%
Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
10%
10%
30%
20%
80%
80%
30%
10%
A edificação encontra-se em grande parte sem esquadrias. Por causa do abandono, janelas e portas se
desgastaram com o tempo. Alguns marcos e quadros de madeira ainda permanecem com muitas
patologias causadas por umidade (bolor, manchas e sujeira). Os portões metálicos encontram-se
oxidados, com presença de ferrugem. Os respiradouros do porão passaram por processo de
recomposição dos elementos em relevos, refeitos em argamassa.
PISOS
Estado de Conservação
Bom
Cimentado
Madeira
Ladrilho Hidráulico
Terra Batida
60%
--60%
Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
20%
20%
20%
10%
20%
80%
80%
30%
Os pisos de taco em madeira estão completamente danificados devido à presença de umidade, que
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provoca desprendimentos, bolor e apodrecimento das peças. Encontra-se ainda muita sujidade e terra.
Nas áreas internas onde se encontram pisos em ladrilho hidráulico há presença de peças desgastadas,
com grande número de sujidades e até mesmo vegetação invasora e terra. As áreas externas de
cimento e terra batida se encontram com grande número de vegetação invasora. Alguns cômodos não
possuem piso, estando em terra batida.
ELEMENTOS INTEGRADOS EXTERNOS
Estado de Conservação
Bom
Sacada
Alpendre
Escada
Elementos artísticos aplicados
70%
70%
80%
80%
Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
10%
10%
10%
10%
20%
20%
10%
10%
A sacada da fachada frontal encontra-se com desgastes no piso e nos revestimentos internos e
externos, relacionados diretamente à exposição de intempéries, a falta de manutenção e excesso de
umidade. O alpendre se encontra com piso em terra batida e muita vegetação invasora. Os ornamentos
dos pilares e da fachada se encontram com sujidades e com partes faltosas. A escada possui danos no
piso, com presença de vegetação.
AGENCIAMENTO EXTERNO
Estado de Conservação
Bom
Gradil
Quintal
70%
60%
Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
20%
20%
10%
20%
Os portões metálicos que compõem o gradil se encontram oxidados. A balaustrada e os pilares baixos
que se intercalam, possuem sujidade, desgaste e descolamento do reboco, comprometendo a estrutura
física do elemento e da alvenaria.
INSTALAÇÕES
Estado de Conservação
Bom
Instalação elétrica
Instalação hidráulica
--Danos Verificados
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
20%
20%
80%
80%
As instalações, tanto elétricas quanto hidráulicas são improvisadas pelos moradores com o que restou
da construção antiga.
INSTALAÇÕES DE SEGURANÇA
Estado de Conservação
Instalação de prevenção e combate a incêndio:
( ) sim
( x ) não
Sistema de Segurança:
( ) sim
( x ) não
Bom
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
--
--
--
--
--
--
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Danos Verificados
O edifício encontra-se aberto sem restrições de entrada e freqüentado por compradores das mudas
que ali são vendidas, por vândalos e/ou invasores.
ANÁLISE DO ENTORNO
Estado de Conservação
Bom
Bens imóveis e estruturas do entorno
80%
Existência de Intervenções:
-( ) sim
( x ) não
Descrição das Intervenções
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
10%
--
10%
--
Não foram feitas intervenções.
USOS
A edificação encontra-se em estado de abandono. Um casal de catadores de lixo invadiu o imóvel e
faz, de parte da edificação, um depósito. Outra parte é utilizada por uma senhora para venda de mudas
de ipê.
CONCLUSÃO
Estado de Conservação
Nome do Bem Cultural
Bom
Regular
Ruim, necessitando
de intervenção
Casa Grande
20%
20%
Conclusão sobre o estado geral de conservação
60%
A edificação encontra-se em ruínas, com o estado de conservação considerado péssimo. A falta de
manutenção, de uso e o abandono provocou o desgaste e deterioração dos materiais. Primeiramente
foram atingidos os acabamentos e, mais tarde, as esquadrias, pisos e forros. A falta de esquadrias e
fechamentos fez com que a exposição as intempéries chegasse ao interior do edifício, onde foram
encontrados danos também causados por umidade. Parte de uma laje do porão cedeu. Os
revestimentos e acabamentos estão em sua maioria desgastados. Foi iniciada uma reforma no bem,
que teve sua estrutura escorada por vigas e pilares de concreto. Entretanto, a obra parou e não
retomou seus trabalhos. O Projeto arquitetônico foi elaborado pela Arquiteta Maura Braga.
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RESPONSÁVEL TÉCNICO
Deise Alves Eleutério - CREA: 127376/LP
Rua Major Lopes,42A | 30330-050 | São Pedro | BHZ-Minas Gerais
(031) 3282-1615 | 3221-2132 | [email protected]
COLABORADOR
Fabrício Camargos
Chefe do Setor de Patrimônio Cultural da Prefeitura Municipal de Luz
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Foto 01 (19/12/2010)
Vista
geral
fachadas
da
edificação
em
e
esquerda.
frontal
lateral
suas
Observa-se o piso em terra batida no pátio
externo, além de danos no revestimento e
nos
elementos
decorativos.
Nota-se
presença de vegetação invasora.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 02 (19/12/2010)
Vista
da
lateral
esquerda.
Vê-se
o
alpendre e o acesso principal. Observa-se
o piso em terra batida no pátio externo,
além de danos no revestimento e nos
elementos decorativos. Nota-se presença
de vegetação invasora.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 03 (19/12/2010)
Detalhe do interior do alpendre. Presença
de vegetação, sujidades e partes faltosas
no reboco e pintura.
Autoria: Deise Alves Eleutério
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Foto 04 (19/12/2010)
Respiradouros do porão. Observa-se a
recomposição dos elementos em relevos,
refeitos em argamassa.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 05 (19/12/2010)
Detalhe da sacada na fachada frontal.
Observa-se a presença de lodo e sujidade,
além de partes faltantes.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 06 (19/12/2010)
Interior do edifício que teve seu reboco
refeito, porém o piso ainda continua em
terra batida.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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Foto 07 (19/12/2010)
Detalhe de um dos cômodos que também
teve seu reboco refeito porém o piso de
taco
se
encontra
desgastado,
com
presença de umidade, manchas e bolor.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 08 (19/12/2010)
Vista de um dos banheiros da casa.
Presença de muita sujidade e danos
causados pela umidade que entra nas
aberturas que não possuem esquadrias.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 09 (19/12/2010)
Detalhe do piso do banheiro com poças de
água, sujidades aderidas e vegetação
invasora no piso.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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Foto 10 (19/12/2010)
Vista do interior do edifício. As aberturas
não possuem esquadrias fazendo com que
danos relacionados às intempéries haja
sobre o cômodo.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 11 (19/12/2010)
Detalhe do piso em ladrilho hidráulico.
Encontra-se desgastado e com partes
faltantes, alem de muita sujidade aderida.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 12 (19/12/2010)
Detalhe do peitoril de uma das janelas.
Observa-se a presença do quadro de
madeira
com
ressecamento
sujidades
e
aderidas,
apodrecimento
madeira causada por umidade.
Autoria: Deise Alves Eleutério
da
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Foto 13 (19/12/2010)
Detalhe do piso em taco. Este encontra-se
desgastado com muita sujidade aderida e
umidade, além de vegetação crescente.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 14 (19/12/2010)
Detalhe de uma das paredes que teve seu
reboco refeito. Nota-se a presença de uma
grande trinca.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 15 (19/12/2010)
Detalhe do elemento decorativo da porta
principal
da
edificação.
Encontra-se
desgastado com partes faltantes. Observase também a falta de telhas nos beirais do
telhado.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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Foto 16 (19/12/2010)
Vista da parte interior do edifício onde se
observa o engradamento do telhado, que
já foi trocado e as paredes que já foram
rebocadas e recuperadas.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 17 (19/12/2010)
Detalhe do engradamento do telhado que
se encontra visível sem a presença de
forro.
As
paredes
encontram-se
com
sujidades, mancha e bolor devido ao
escorrimento de águas pluviais.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 18 (19/12/2010)
Detalhe do portão de acesso a pedestres.
Encontra-se com sujidade e oxidação.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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Foto 19 (19/12/2010)
Detalhe de parte do porão onde a laje
cedeu.
Observa-se
danos
como
descolamento do reboco e da camada de
pintura nos revestimentos das paredes no
nível superior. No porão as aberturas
sofreram interferência, como a colocação
de uma verga reta de madeira.
Autoria: Deise Alves Eleutério
Foto 20 (19/12/2010)
Algumas das passagens do porão foram
fechadas pelo morador.
Autoria: Deise Alves Eleutério
14. ANEXOS
14.1. ANEXO 1 – Projeto de Restauração
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15. DOCUMENTAÇÃO
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15.1. Cópia da ata da reunião do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural aprovando o
tombamento provisório
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Município de Luz – Minas Gerais
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15.2. Cópia da ata da reunião do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural aprovando os
perímetros de tombamento e entorno e as respectivas diretrizes
15.3. Edital de Tombamento
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Município de Luz – Minas Gerais
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15.4. Cópia da Publicação do Edital de Tombamento
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15.5. Parecer sobre o tombamento elaborado por profissional habilitado
A Casa Grande, objeto de tombamento do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural de Luz, possui
grande valor para o Patrimônio histórico-cultural do município. Está localizado no centro histórico da
cidade, na Praça do Santuário de Nossa Senhora de Fátima. Foi construída em 1905 pelo Capitão
Alexandre Saracupio de Oliveira, onde residia com sua esposa, Marieta Macedo. Em 1923, quando o
município de Luz adquiriu a emancipação, a Casa Grande se tornou a primeira Câmara Municipal, sendo
assim um marco para a história da formação da cidade e para a história da política do município. A
edificação veio a abrigar em 1927 o primeiro Fórum de Luz com a instalação do Termo Judiciário de Luz
e a ALA - Associação Atlética de Luz, que promovia atividades esportivas direcionadas para todas a
comunidade. Em 1943, com a venda do imóvel, para o médico Josaphat Macedo, que dá nome à rua
onde se encontra a Casa Grande, que é também o criador da FAEMG Fundação de Agricultura de Minas
Gerais, instalou o Clube Recreativo Luzense e sede da Rádio Clube de Luz. A casa Grande está inserida
em grande parte da história do desenvolvimento do município, marcando diretamente por ter sido sede
de vários órgãos públicos, além de pontos culturais e de recreação para toda a comunidade. Há também
a importância histórica, onde seus proprietários estão ligados a formação do município e são
personagens essenciais para se conhecer essa história que se mantém até hoje nas ruínas da Casa
Grande, além da importância arquitetônica. A Casa Grande é umas edificações mais antigas do conjunto
arquitetônico da Praça do Santuário e possui grande valor enquanto elemento construtivo ,constituindo
um valor imensurável de patrimônio histórico-cultural do município de Luz.
Luz, 25 de agosto de 2010.
Deise Alves Eleutério | CREA: 127376/LD
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15.6. Parecer sobre o tombamento elaborado pelo conselheiro integrante do Conselho
Municipal do Patrimônio Cultural
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15.7. Notificação de tombamento ao proprietário do bem tombado ou a seu representante
legal
15.8. Recibo da notificação de tombamento
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15.9. Cópia da ata da reunião do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural aprovando o
tombamento definitivo
15.10. Cópia da publicação das atas do Conselho
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15.11. Cópia do despacho de tombamento do bem cultural
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15.12. Cópia da publicação do ato de tombamento
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15.13. Cópia da inscrição do bem cultural no livro de tombo
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16. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS E DOCUMENTAIS
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88
CORONA, Eduardo, LEMOS, Carlos Alberto Cerqueira. Dicionário da Arquitetura Brasileira. São
Paulo: Artshow Books, 1989;
VASCONCELOS, Sylvio de: Arquitetura Religiosa. Belo Horizonte: UFMG;
VASCONCELOS, Sylvio de. Arquitetura no Brasil: Sistemas Construtivos. Belo Horizonte:
UFMG, 1979;
CAMPOS, Agmar Abdon. et al. Diagnóstico municipal de Luz. Belo Horizonte: [s.n], nov. 1996;
TEIXEIRA, Edelweiss. A origem da cidade de Luz. Luz: Tipografia Diocesana, 1941;
SILVA NETO, D. Belchior Joaquim da. O pastor de Luz. Belo Horizonte: Editora Littera Maciel,
1984;
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Enciclopédia dos municípios
mineiros. Verbete Luz - MG.
Rio de Janeiro, 1955;
CORREIA DA SILVA, Arlindo. O município de Luz e as comemorações de setembro de 1941.
Luz: Tipografia Diocesana, 1941;
MINAS GERAIS. SECRETARIA DE ESTADO DO PLANEJAMENTO E COORDENAÇÃO
GERAL. Perfil sócio-econômico da Macrorregião de planejamento VI: centro-oeste de Minas.
Vol. VI. Belo Horizonte, 1994.
VARGAS, Iácones Batista. Luz. IN: MIRANDA, D. F. de, NOGUEIRA, G. de C. (org). CentroOeste Mineiro: história e cultura. Itaúna: Totem Centro Gerador de Cultura; Instituto Cultural
Maria de Castro Nogueira, 2008.
17. FICHA TÉCNICA
Dossiê de Tombamento da Casa Grande
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Município de Luz – Minas Gerais
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EQUIPE TÉCNICA
Rua Major Lopes,42A | 30330-050 | São Pedro | BHZ-Minas Gerais
(031) 3282-1615 | 3221-2132 | [email protected]
Juliana Penna Diniz | CREA: 70.417/D
Letícia Carvalho Assis | CREA: 71.248/D
Karine de Arimatéia | CREA: 77.279/D
Rafael Caldeira F. Pinto | CREA: 70.007/D
Responsável pela Coordenação do Dossiê
Paula Quinaud Lacombe
Arquiteta e Urbanista | CREA: 82.706/D/D
Responsáveis Técnicos
Deise Alves Eleutério
Arquiteta e Urbanista | CREA: 127376/LP
Resonsável pela elaboração do dossiê, do laudo técnico e dos desenhos
Paula Quinaud Lacombe
Arquiteta e Urbanista | CREA: 82.706/D/D
Resonsável pela revisão do dossiê
Colaboradores
Fabrício Camargos
Chefe do Setor de Patrimônio Cultural da Prefeitura Municipal de Luz
Rua Dezesseis de Março, n°206. Centro.
Telefone: (37) 3421-3303
E-mail: [email protected]
Danielle Soares Moreira
Estagiária de Arquitetura e Urbanismo
Johnn André Mendes da Paixão
Estagiário administrativo
Ana Lucía Avila Lapouble
Estagiária administrativo
Este trabalho foi elaborado nas cidades de Luz e Belo Horizonte, no período de novembro de
2010 a janeiro de 2011.

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