Jornal Cultivando Água Boa, edição nº 19

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Jornal Cultivando Água Boa, edição nº 19
J O R N A L D O P R O G R A M A SO C I OA M B I E N TA L DA I TA I P U B I N AC I O N A L
Cultivando Água Boa
FOZ DO IGUAÇU – JANEIRO DE 2012 – Nº 19/2º CLICHê
Encontro anual do programa socioambiental da Itaipu
discute os novos rumos da sustentabilidade na região
Com mais de 3 mil participantes, evento tratou dos temas que farão parte da agenda da Conferencia da Terra, a Rio+20. Pg 14
A Itaipu, com o programa CAB, venceu um A Itaipu e o governo federal fizeram uma
Em dezembro de 2011, a Itaipu entregou no-
dos principais prêmios socioambientais in- parceria em torno do Programa Nacional de
vas casas à comunidade guarani do Itamarã,
ternacionais, o Americas Award, concedido Agricultura de Baixo Carbono, para reduzir
beneficiando as 37 famílias indígenas que vi-
pelo Unitar, organismo ligado à ONU.
vem nessa localidade atendida pelo CAB.
Pg 22
as emissões de gases do efeito estufa.
Pg 28
Pg 17
EDITOR IAL
Esperança de bons resultados na Rio+20
A Conferência das Partes das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP 15), em Copenhague (Dinamarca),
em 2009, fracassou. Diante da mais grave crise socioambiental da história da humanidade, ficou evidente que o senso de
urgência não acompanhou o coração, a mente e nem a bagagem dos principais líderes dos centros de poder do mundo
que lá compareceram.
Apesar do fracasso geral, tivemos posições e demonstrações exemplares, como a do Brasil, que não compareceu
de mãos vazias. O então presidente Lula colocou nosso País
como o primeiro a estabelecer metas concretas de redução
das emissões de gases do efeito estufa.
A COP 16, em Cancún, com representações de 194 países,
se realizou em 2010 num clima de poucas expectativas, à luz
do que tinha acontecido em Copenhague na COP 15, e mais
ainda em função do agravamento da crise financeira mundial.
Mesmo assim, a COP 16 teve alguns pontos positivos que não
colocaram tudo a perder e merecem reflexão.
Um ponto muito importante foi o convencimento das nações de que é necessário um esforço planetário para impedir que o aquecimento global ultrapasse 2º Celsius, pois até
esse limite haveria possibilidade de adaptação. Outro ponto
positivo é o que estabelece a operação de um Fundo Verde
que até 2020 deverá liberar US$ 100 bilhões por ano, administrado pelas Nações Unidas com a participação do Banco
Mundial como tesoureiro.
A conferência também chegou a um acordo de adiamento da vigência do Protocolo de Kyoto e que eleva a “ambição” da redução de emissões de gases poluentes. Foi aprovado também, embora ainda sejam necessários ajustes para
garantir o início do funcionamento, o mecanismo de conservação das florestas chamado REDD (Redução de Emissões
por Desmatamento e Degradação).
Enfatize-se o papel do Brasil, destacado protagonista na
COP 15 por ser o país que levou metas bem claras, concretas
e factíveis e, quando veio a COP 16, chegou em Cancún com
I TA I P U B I N AC I O N A L
Diretor-Geral Brasileiro:
Jorge Miguel Samek
Diretor de Coordenação e Meio Ambiente:
Nelton Miguel Friedrich
Superintendentes:
Newton Kaminski (Obras),
Jair Kotz (Meio Ambiente) e
João Carlos A. Braga (Planejamento e Coordenação)
Gerente Executivo do Cultivando Água Boa:
Pedro Irno Tonelli
Chefe da Assessoria de Comunicação Social:
Gilmar Piolla
Redação e edição:
Divisão de Imprensa
Projeto gráfico e diagramação:
Divisão de Imagem Institucional
Fotografias:
Caio Coronel, Adenésio Zanella, Alexandre
Marchetti, Daniel De Granville, Acervo Itaipu,
stock.xchng.
Impresso em janeiro de 2012
Tiragem:
10.000 exemplares
DIRETORIA DE COORDENAÇÃO
Av. Tancredo Neves, 6.731
Foz do Iguaçu – PR - CEP 85.866-900
Fone (45) 3520-5724 | Fax (45) 3520-6998
E-mail: [email protected]
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ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
a meta de redução no desmatamento da Amazônia prometida para 2016 cumprida já em 2010.
Vale lembrar o destaque do Brasil na 10ª Conferência das
Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica, realizada
em outubro de 2010 em Nagoya, Japão. Lá, definiu-se que
os países devem compartilhar o acesso aos benefícios dos
recursos genéticos, como, por exemplo, o caso de plantas
cujos extratos foram utilizados para desenvolver medicamentos e cosméticos. Foram ajustadas, ainda, maneiras de
compensação para os países que preservaram esses materiais genéticos ao longo de décadas. Outro marco alcançado
em Nagoya é que pelos menos 17% da superfície terrestre e
10% dos ecossistemas marinhos configurem áreas protegidas.
Enfim, o que ecoou da Convenção sobre Biodiversidade
e da COP 16 é que, mesmo timidamente, estamos avançando, e aí é preciso valorizar, reconhecer a presença maiúscula
do Brasil, que tem participado desses eventos de maneira
muito afirmativa, com personalidade e com propósitos que
chegam a surpreender. Tanto é verdade que em Copenhague, em Nagoya e Cancún, a presença brasileira brilhou
como nunca.
Agora, as esperanças se voltam para a Rio+20, no Brasil.
Nas palavras de Achim Steiner, subsecretário-geral da ONU
e diretor-executivo do Pnuma, a “Rio+20 poderá marcar um
ponto de virada nos assuntos globais, um momento em que
a estabilidade ambiental seja transformada em realidade”.
A Conferência terá a economia verde, o combate à pobreza e a criação de uma governança global que alie economia, desenvolvimento humano e meio ambiente como seus
temas centrais. Mas é na economia verde que estão as esperanças maiores de um avanço significativo.
A transição para uma economia verde, de baixo carbono
e uso eficiente dos recursos naturais, virou uma prioridade
central dos esforços internacionais em busca do desenvolvimento sustentável, em um século 21 em processo de transformação acelerada.
E nós, envolvidos no programa Cultivando Água Boa (que
cada vez mais se transforma num movimento pela sustentabilidade), na Plataforma Itaipu de Energias Renováveis e em
outras iniciativas neste “pedaço” em que vivemos no planeta
Terra, sintonizados com as esperanças realimentadas pela
Rio+20, estamos inserindo em nossas agendas o sentido e os
conteúdos da conferência mundial e começando uma série
de ações preparatórias na Bacia do Paraná 3 (BP3).
Significa que na aldeia que nos envolve, a BP3, a Rio+20
configura oportunidade de constatar o quanto temos de
ações na linha dos dois temas centrais (erradicação da pobreza e economia verde) e de protagonismo de mudanças e
transformações nos comportamentos e atitudes, envolvendo milhares de pessoas e materializando o sentimento de
que “somos a mudança que queremos no planeta”.
É o caso, por exemplo, do trabalho com os catadores de
materiais recicláveis, do programa Coleta Solidária; do que
o Vida Orgânica faz no campo da agroecologia; e também
do projeto Plantas Medicinais. Ressalte-se, ainda, a dedicação da Itaipu ao desenvolvimento da economia verde,
particularmente com as tecnologias trabalhadas pela Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, que faz de dejetos
e de lixo, que são grandes geradores de metano, causador
do efeito estufa, uma fonte de energia, saindo de um grave
passivo ambiental para uma solução inclusive com valor
econômico.
Temos aqui, portanto, um laboratório a céu aberto em
que existem sinais muito evidentes e positivos de uma economia verde e, ao mesmo tempo, de cuidado e atenção com
segmentos social e economicamente fragilizados.
Nelton Miguel Friedrich é diretor de Coordenação
e Meio Ambiente da Itaipu Binacional
[email protected]
ÍNDICE
Itaipu adota planejamento com foco na sustentabilidade...........................................................................3
Retrospectiva Cultivando Água Boa em 2011..........................................................................................4
Cultivando Água Boa faz uma série de eventos para construir propostas regionais à Rio+20......8
Caminhadas da Sustentabilidade nos municípios da BP3.................................................................10
Ruud Lubbers: “A Rio+20 é o fim do começo”.............................................................................................12
Cultivando Água Boa será case oficial na Rio+20 ..................................................................................13
Rumo à Rio+20: mais de 3 mil pessoas comparecem ao 8º Encontro Cultivando Água Boa.......14
Oficinas promovem debates sobre o programa.........................................................................................15
Pesquisador fala sobre “rios voadores” e adverte para os riscos do desmatamento....................16
Itaipu e governo federal firmam parceria para reduzir emissões da agricultura.................................17
Municípios da BP3 conhecem programa Cidades Sustentáveis..............................................................18
Governo gaúcho estuda adotar a metodologia do CAB...............................................................................19
Fiocruz e Itaipu firmam parceria em plantas medicinais........................................................................20
Cooperativa vai incrementar ganhos de agricultores familiares.................................................21
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Itaipu avaliam o Pronaf Sistêmico...........................21
Itaipu entrega casas e anuncia construção de novas moradias no Itamarã................................22
Reserva do Ocoy fortalece produção de alimentos.................................................................................22
CAB é referência em encontro sobre educação ambiental no RS ...................................................23
Documentários abordam as ações do CAB na Bacia do Paraná 3..................................................23
Itaipu e Embrapa firmam parceria em biogás..........................................................................................24
Itaipu leva experiência em sustentabilidade à ONU..............................................................................25
Com apoio da Itaipu, Yacyretá lança programa similar ao CAB.............................................................26
Nascimento de antas gêmeas no Refúgio Bela Vita surpreende pesquisadores.....................27
Técnicos da Itaipu identificam duas novas espécies de peixe no Canal da Piracema................27
Itaipu ganha Americas Award pelo Programa Cultivando Água Boa.................................................28
Janeiro 2012
G E STÃO
Itaipu adota planejamento com foco
na sustentabilidade
Medida faz parte do novo Planejamento Estratégico da empresa, aprovado em julho e que visa a promover uma mudança cultural interna
A
Itaipu começou a colocar em prática um novo modelo
de gestão voltado à sustentabilidade em seu mais amplo
sentido. A empresa quer promover uma mudança cultural,
para que os valores da sustentabilidade façam parte do dia
a dia de todos os colaboradores da empresa e, consequentemente, do relacionamento com seus stakeholders (públicos
que têm alguma relação com o negócio da empresa: empregados, sócios, fornecedores, comunidades do entorno, clientes e opinião pública, entre outros).
A medida faz parte do novo Planejamento Estratégico da
Itaipu, aprovado em julho. Em agosto, o modelo foi apresentado para a Diretoria, assessores e assistentes no seminário
“Sistema Integrado de Gestão da Sustentabilidade”. Em setembro, foi a vez de todo o corpo de superintendentes conhecer a iniciativa.
Conforme explicou o então chefe da Assessoria de Planejamento Empresarial, o engenheiro José Ricardo da Silveira,
o novo modelo representa um grande desafio para a empresa, mas que se faz necessário, uma vez que o modelo clássico de gestão hierarquizada adotado pela Itaipu não é o ideal
para a promoção da sustentabilidade.
“Essa estrutura organizacional vertical que temos na Itaipu
funciona perfeitamente para as atividades internas de cada diretoria. Mas, com a missão ampliada da empresa, que passou a
focar o desenvolvimento sustentável, essa estrutura apresenta
algumas dificuldades para as ações de responsabilidade socioambiental, que exigem mais transversalidade e matricialidade,
ou seja, as diretorias precisam interagir mais entre si”, disse
Silveira.
Quando fala em sustentabilidade, o engenheiro frisa que
se trata do conceito mais abrangente do termo. Isso quer
dizer que, para que uma determinada ação da empresa seja
sustentável, ela precisa ser economicamente viável, socialmente responsável, ambientalmente correta e culturalmente
aceita.
A estrutura da mandala, que remete aos conceitos de integração e harmonia, inspirou o novo modelo. Quatro dimensões vão nortear as ações: a corporativa, de meio ambiente, socioeconômica e – no centro da mandala – a cultural.
“Esse sistema de gestão procura criar um ambiente para
que os preceitos de sustentabilidade surjam naturalmente”,
explicou Silveira.
A mandala tem a diretoria ao centro, seguida das respectivas assessorias de planejamento, a PE.GB e a figura
recém-criada do coordenador de sustentabilidade da empresa – o assessor do DGB, Herlon Goelzer de Almeida. Ao
redor, estão as diversas áreas de atuação da empresa, agrupadas por temas e não mais divididas pela estrutura organizacional hierarquizada. Entre esses círculos, surge também
a figura do articulador, com um papel central dentro da dimensão cultural da gestão da sustentabilidade.
“Trata-se de um modelo sui generis, especificamente
criado para Itaipu. É um modelo de gestão que não conflita
com a estrutura hierárquica da Itaipu, e que visa um aperfeiçoamento constante, para que as pessoas incorporem
cada vez mais os princípios e valores da sustentabilidade
em seu dia a dia na empresa”, explica Silveira. “Nós saberemos que realmente houve uma mudança cultural quando
esses princípios estiverem sendo aplicados até mesmo em
casa”, completou.
A experiência acumulada de Herlon de Almeida, que
já exerceu cargos de gestão nos três níveis de governo –
inclusive como secretário de Estado da Agricultura –, foi
decisiva na escolha do articulador do novo processo. “Será
um desafio novo e, ao mesmo tempo, estimulante”, definiu
Almeida. “Porque fazer com que Itaipu continue fazendo o
que já faz, mas trabalhando de forma mais integrada, com
uma leitura transversal, representa uma grande oportunidade para todos nós”.
Estratégico
O superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Jair
Kotz, considera que o novo modelo de gestão é algo absolutamente necessário e estratégico para a Itaipu, especialmente devido a projeção que a empresa conquistou com
inciativas como o Cultivando Água Boa, a Plataforma Itaipu
de Energias Renováveis, o Parque Tecnológico Itaipu (PTI),
entre outras.
“É preciso que os valores ligados a essas iniciativas estejam também nas práticas internas da empresa”, disse Kotz.
Herlon de Almeida, articulador do processo: “Será um desafio novo e, ao mesmo tempo, estimulante”
Janeiro 2012
“O fundamental é que se trata de uma decisão de diretoria,
que demonstrou que está comprometida com essa mudança
cultural que se faz necessária”.
Meta
A ideia do novo modelo de gestão também é reforçar o
caráter institucional das iniciativas socioambientais da Itaipu para que, até 2020, a usina se consolide como a geradora de energia limpa e renovável com o melhor desempenho
operativo e as melhores práticas de sustentabilidade do
mundo.
“O novo modelo é um marco na história da empresa,
equivalente à mudança da missão estratégica de 2003. É uma
mudança de paradigma”, definiu o diretor-geral brasileiro da
Itaipu, Jorge Samek.
Segundo ele, a ideia não é criar novas estruturas, mas
reordenar os trabalhos de forma transversal, para que as
informações tenham um fluxo coordenado. “Sempre temos
a possibilidade de melhorar. Queremos avançar, e avançar
significa fazer melhor. Não queremos nos acomodar”, acrescentou o diretor-geral.
Uma das motivações para avançar na gestão da sustentabilidade é a conferência Rio+20 – que transformará a capital
fluminense, em 2012, no maior centro de discussões sobre
o futuro do planeta. “Não queremos perder oportunidades”,
reforçou Samek.
José Ricardo da Silveira, chefe da PE.GB: novo modelo trará mais sinergia para as áreas
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N OTA S
Retrospectiva Cultivando Água Boa em 2011
Andrea Margit, representante da FRM, fala aos participantes do Multicurso
Encerramento do Multicurso Água Boa
Jorge Samek, missão da Embrapa: laços estreitos entre as empresas
CAB como política pública
A Embrapa vai defender a implantação, em todo o território brasileiro, do sistema de gestão socioambiental feito pelo
Programa Cultivando Água Boa na Bacia do Paraná 3 (BP3).
A decisão foi anunciada pelo assessor da presidência da Embrapa, Álvaro Eleutério da Silva, durante visita de missão técnica à Itaipu, realizada em fevereiro. A intenção é desenvolver,
em parceria com ministérios, uma política pública comum às
regiões de todas as hidrelétricas no País, tendo o CAB como
referência metodológica. Em campo, a equipe verificou os
resultados obtidos pelo programa em Santa Terezinha de Itaipu, São Miguel do Iguaçu, Itaipulândia, Missal, Santa Helena,
Pato Bragado e Marechal Cândido Rondon. Para os técnicos
da Embrapa, o envolvimento da comunidade em ações como
a proteção das nascentes e o cultivo de plantas medicinais, ou
os projetos desenvolvidos pela Superintendência de Energias
Renováveis, como os condomínios de biogás, podem ajudar as
empresas na reformulação de programas sustentáveis que as
aproximem dos agricultores.
600 km de estradas rurais adequadas;
15 mil pessoas envolvidas em educação ambiental;
5.000 projetos de adequação de propriedades rurais;
4.500 pessoas capacitadas no Curso de Segurança
Alimentar Nutricional;
1.500 catadores de recicláveis participantes no Coleta
Solidária;
Estrada rural readequada no município de Céu Azul
Novos marcos nas realizações do CAB
1.500 agricultores orgânicos ou em conversão assistidos;
950 indígenas atendidos pelo programa;
O programa Cultivando Água Boa ultrapassou algumas
marcas importantes após oito anos de realizações na Bacia
Hidrográfica do Paraná 3. São mais de mil quilômetros de cercas (1.080 km, na realidade) protegendo a mata ciliar nas 127
microbacias trabalhadas pelo programa. Outros números importantes:
231 jovens formados no Jovem Jardineiro;
3 milhões de mudas plantadas em áreas protegidas
desde 2003.
O Multicurso Água Boa promoveu, em março, um seminário em Toledo, finalizando a programação do curso
com uma palestra sobre oportunidades de financiamento
para projetos socioambientais. O programa de formação
encerrou com um ótimo índice de aprovação: 580 dos 700
inscritos apresentaram projetos de intervenção nas microbacias da região Oeste do Paraná. Um dos diferenciais do
curso está na diversidade dos participantes: professores,
técnicos ambientais e líderes comunitários. Os gestores
de bacias hidrográficas formados trabalharam em grupos
e apresentaram 31 planos de trabalho, que são planos de
ação para diferentes microbacias e que irão se desdobrar
em centenas de ações nos próximos anos. Por trabalhar
com diferentes públicos e com metodologia que une educação presencial e a distância, o curso representou um desafio para as instituições que o promoveram (Itaipu, PTI e
Fundação Roberto Marinho).
Preparatórias da ONU para a Rio+20
Em 2011, a Itaipu participou de diversas reuniões preparatórias para a Rio+20, com destaque para o primeiro
encontro do gênero, em Nova Iorque, em janeiro. Todos
os países com assento na ONU foram convidados, além
de organizações não governamentais, representações da
juventude, das mulheres, dos índios, dos trabalhadores e
das empresas, especialmente as que subscrevem o Pacto
Global, como a Itaipu. A binacional participou do evento
a convite do diretor do Instituto Ethos, Oded Grajew. Ele
atua na rede global de organizações empresariais em prol
do desenvolvimento sustentável, a BASD (Business Action
for Sustainable Development), que promoveu uma reunião
paralela ao encontro preparatório de Nova Iorque. Oded
também é uma das lideranças do Comitê Facilitador da Sociedade Civil Brasileira para a Rio+20 e vai participar do
Encontro Anual do Cultivando Água Boa em 2011.
Feira orgânica na usina
Desde o último mês de dezembro, a Feira Vida Orgânica passou a fazer parte do calendário da usina de Itaipu.
Com o sucesso do projeto-piloto, realizado no mês anterior, a atividade será mantida todas as sextas-feiras, das
8h às 17h, no estacionamento em frente ao banco HSBC.
A decisão de manter a feira às sextas foi tomada nesta semana pela Divisão de Ação Ambiental e pela Cooperativa
da Agricultura Familiar e Solidária (Cooafas). “O resultado das outras edições foi muito bom”, disse Eduardo
Costa, da Itaipu. Segundo balanço feito pela área, a Feira
Vida Orgânica arrecadou R$ 5,7 mil e atraiu pelo menos
300 clientes na Itaipu. Agora, a tendência é aumentar a
variedade de produtos, assim como a estrutura da feira.
O mix de artigos vai de verduras e legumes a produtos de
panificação, apícolas e avícolas.
Itaipu no Show Rural
A 23ª edição do Show Rural Coopavel, em Cascavel, atraiu
mais de 180 mil pessoas em apenas cinco dias de feira. Somente
pelo estande da Itaipu passaram mais de 18 mil pessoas – ou
seja, pelo menos 10% de todos os visitantes conheceram um
pouco mais da maior geradora de energia elétrica do mundo.
A principal atração foi o protótipo do ônibus elétrico, desenvolvido pela Itaipu. Os visitantes também assistiram a vídeos
institucionais da usina e receberam kits com material informativo. Para o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek, o Show Rural
é o melhor evento do agronegócio brasileiro e uma vitrine para
o mundo. “É um exemplo de como se produz com qualidade”,
elogiou o diretor. “O resultado que vemos aqui é fruto de muito
trabalho, de muita organização. O que a Coopavel conseguiu
fazer na região, só consegue quem tem muita respeitabilidade”,
reforçou.
Estande da Itaipu no Show Rural, em Cascavel
4
ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
Janeiro 2012
1º Encontro dos CAPs 3
Aproximadamente 170 pessoas dos cinco países que fazem
parte da Bacia do Prata (Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e
Uruguai) se reuniram, em feveiro, em Foz do Iguaçu, para compartilhar experiências socioambientais. Elas integram o processo formativo do Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais
da Bacia do Prata. Foi a primeira vez que o Centro de Saberes
reuniu os CAPs 3 dos cinco países. Os Círculos de Aprendizagem Permanente (CAPs) constituem a principal metodologia de
formação e irradiação dos saberes e práticas socioambientais
pelo território da bacia. O nível 3 do processo foi lançado nos
cinco países entre o segundo semestre de 2009 e o primeiro
semestre de 2010. Ao todo, 4.500 pessoas serão formadas nos
processos de educação socioambiental, nos cinco países.
Universidades interessadas no CAB
Uma comitiva de professores universitários estrangeiros,
liderada pela Universidade Estadual de São Paulo (Unesp),
esteve em julho na Bacia do Paraná 3 para conhecer de perto
as ações do programa Cultivando Água Boa. Eles conheceram
o Refúgio Biológico Bela Vista, o Corredor de Biodiversidade, o CAP de Santa Helena, a produção de Plantas Medicinais
e diversas ações de recuperação de microbacias. A comitiva
incluiu representantes de diversos países, entre eles Portugal,
Cuba e Venezuela.
Participantes do IHA no Hotel Bourbon, durante lançamento do protocolo
Protocolo de Sustentabilidade
A Associação Internacional de Hidroeletricidade (IHA),
em parceria com construtoras, instituições de governo e
organizações não governamentais – como a WWF e a The
Nature Conservancy – lançou uma ferramenta que promete
nortear projetos hidrelétricos em qualquer estágio em direção à sustentabilidade. O lançamento ocorreu durante
o congresso mundial da entidade, realizado em junho, em
Foz do Iguaçu, com apoio da Itaipu. O Protocolo de Avaliação de Sustentabilidade da Hidreletricidade, resultado de
três anos de estudos, permite pontuar os projetos sob as-
pectos ambientais, sociais e financeiros. “Trata-se de uma
ferramenta que coloca diversos pontos da sustentabilidade
de uma maneira muito objetiva e que permite um entendimento entre todas as partes interessadas, inclusive populações afetadas por projetos hidrelétricos, reduzindo a possibilidade de conflitos”, garantiu o presidente da IHA, Refaat
Abdel-Malek. No Brasil, a Itaipu Binacional e a Odebrecht
são as primeiras organizações a manifestar interesse em
adotar a ferramenta.
Amigos do Refúgio: atendimento a comunidades do entorno
Refúgio Biológico Bela Vista, o vizinho legal
Dois projetos coordenados pela Divisão de Educação
Ambiental da Itaipu iniciaram no primeiro semestre as atividades com as turmas de 2011. O Amigos do Refúgio, frequentado por crianças moradoras do entorno do Refúgio
Biológico Bela Vista (RBV), está com 28 participantes; e o
Grupo Comunidade Crescer (GCC), da comunidade vizinha
ao Ecomuseu, conta com 26 crianças. Durante todo o ano,
jovens de ambos os projetos vêm participando de oficinas
e atividades lúdicas voltadas para a educação ambiental e
cidadania. Os encontros acontecem uma vez por semana,
no contraturno escolar. “Eles têm a oportunidade de ter
contato com a natureza”, ressalta Hildete Aparecida da Silva de Sousa, da Itaipu. Mas não são somente os pequenos
que aprendem. Uma vez por mês os responsáveis participam de reuniões e oficinas sobre temas importantes do dia
a dia, como economia, saúde e sustentabilidade. Algumas
práticas já viraram até fonte de renda para famílias da comunidade, como a produção de tempero completo. “Esse
aprendizado é para a vida”, afirma Hildete.
Janeiro 2012
Diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, apresenta as ações sociais e ambientais da empresa
Itaipu na Conferência Ethos 2011
A Itaipu Binacional participou do painel Cidades Sustentáveis, na Conferência do Instituto Ethos, em agosto, em
São Paulo. Foi a primeira vez que a empresa foi convidada a
levar sua experiência à conferência do Ethos, o maior evento sobre responsabilidade socioambiental empresarial do
Brasil. O instituto é integrante da comissão que vai formular o documento brasileiro na Rio+20. No evento do Ethos,
a binacional, representada pelos diretores Jorge Samek
(geral) e Nelton Friedrich (Meio Ambiente), apresentou
suas ações sociais e ambientais, como a experiência do
Condomínio Ajuricaba, em Marechal Cândido Rondon, e
ações do Programa Cultivando Água Boa, nos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, no Oeste Paranaense.
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
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Diálogos em Humanidades
A Itaipu foi uma das protagonistas dos Diálogos em Humanidades, que ocorreram em Lyon (França), entre 1º e 3
de julho. O principal objetivo do evento, que é realizado
desde 2002, é buscar formular uma política de humanidades que responda aos desafios atuais, comuns a todos os
povos. “O destino comum da espécie humana clama por
uma política de humanidades”, sintetizou o sociólogo Edgar Morin (foto), um dos principais pensadores presentes
no encontro. Na oportunidade, a Itaipu apresentou o programa Cultivando Água Boa.
Congresso Internacional
de Viveiristas
A Itaipu Binacional participou em julho do Congresso
Internacional de Viveiristas, no Paraguai, com a palestra
“Experiência Florestal do Brasil”. O congresso foi uma
realização da iniciativa “A todo pulmón, Paraguay Respira”, que é dirigida por Humberto Rubín e pretende plantar 14 milhões de árvores no Paraguai para reconstituir as
florestas, melhorar a qualidade de vida, e proteger o meio
ambiente naquele país.
Prefeitos de todo o mundo que assinaram o Consenso de Istambul, entre eles o prefeito de Entre Rios do Oeste, Élcio Zimmermann, representando a BP3
A BP3 e o Consenso de Istambul
Ocorreu entre os dias 29 e 30 de maio em Lyon, França,
o Seminário Franco-Brasileiro Água Bruta no Meio Natural,
Água Continental. Estiveram presentes representando a região, o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu,
Nelton Friedrich, e o prefeito de Entre Rios do Oeste, Élcio
Zimmermann. Eles participaram da Reunião de Lançamento do Processo de Autoridades Locais e Regionais, evento
preparatório para o 6º Fórum Mundial da Água, que será
realizado em Marselha (França) em 2012. Os 29 muníci-
pios da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 (BP3) estão entre
as 718 cidades de 47 países (representando 166 milhões de
pessoas) que são signatárias do Consenso de Istambul. O
documento, aprovado no último Fórum Mundial da Água,
estabelece que o acesso à água de qualidade e ao saneamento é um direito de todos os seres humanos, garante a água
como um bem público, conclama para o envolvimento local
e para a responsabilidade compartilhada na gestão da água,
entre outras disposições.
Reunião de representantes do CAB e do BNDES
Palestra sobre o CAB no Ceaec
BNDES tem o Cultivando
Água Boa como modelo
Itaipu no 1º Fórum de
Responsabilidade planetária
O BNDES pretende usar o modelo de ações socioambientais de Itaipu em grandes empreendimentos que financia. Em 2011, o banco recolheu informações sobre várias
iniciativas em andamento na Bacia do Paraná 3. Segundo
Paulo Mizushima, chefe de departamento ligado à presidência do BNDES, nessa etapa, o principal objetivo foi conhecer as iniciativas de Itaipu. O próximo passo será uma
apresentação das linhas de crédito do banco que sejam adequadas aos projetos da Itaipu, como fomento à inovação,
no caso do PTI, ou apoio a iniciativas sociais. Para a direção da Itaipu, firmar essa parceria significa potencializar a
Bacia do Paraná 3 como um laboratório para a formulação
de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável.
A Itaipu Binacional participou do encerramento do 1º Fórum
de Responsabilidade Planetária, no final de outubro, no Centro
de Altos Estudos da Conscienciologia (Ceaec), em Foz do
Iguaçu. A empresa apresentou a palestra Práticas Ambientais Sustentáveis, a última do encontro, e integrou a mesaredonda Estratégias e Gestão Ambiental para Responsabilidade Planetária. Promovido pelo Ceaec em parceria com a
Educare – Turismo e Educação Ambiental, com o apoio da
Itaipu e da Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), o
evento promoveu o debate de pesquisas e práticas da sustentabilidade relacionadas à conscienciologia. Participaram
especialistas em educação ambiental, bioarquitetura, saúde
integral e gestão ambiental.
Encontro de catadores de recicláveis
Mais de 50 catadores de materiais recicláveis se reuniram no Ecomuseu, no último mês de dezembro, para o
primeiro encontro do Núcleo Regional de Catadores de
Materiais Recicláveis. Lá, eles trocaram experiências, debateram ideias e projetos para fortalecer a categoria e criar
uma organização regional entre o grupo. O evento faz parte do projeto Coleta Solidária da Itaipu. Durante a reunião,
eles discutiram os direitos dos trabalhadores e a maneira
correta de lidar com o lixo reciclável. “Nós alertamos os
catadores sobre os perigos das queimadas e o que deve ser
feito com o material recolhido”, disse Luiz Carlos Matinc,
da Divisão de Ação Ambiental.
Receitas saudáveis
Moradores da comunidade do entorno do RBV tiveram
dois dias para aprender a preparar receitas mais saudáveis
e econômicas. Em agosto, 20 pais e mães de família participaram das oficinas “Economia Doméstica e Saúde”, promovidas pela Divisão de Educação Ambiental da Itaipu. No
dia 21, a oficina ocorreu na Escola Najla Barakat, no Jardim
Itaipu. No dia 28, o local das aulas foi a sede da Associação
Centro Integrado de Educação, Natureza e Saúde (Aciens)
de Foz do Iguaçu, no Jardim Social II. Em quatro horas, os
alunos receberam informações importantes como quantidade, propriedades e qualidade dos ingredientes utilizados
em cada receita. A intenção é promover hábitos alimentares
saudáveis e também preservar a qualidade de vida e o meio
ambiente. O consumo de alimentos orgânicos, por exemplo,
é estimulado durante o curso.
Encontro aborda Plantas Medicinais
O 1º Encontro sobre Práticas Integrativas e Complementares de Saúde, realizado nos dias 2 e 3 de junho de 2011
no Centro Popular de Cultura Arandurá, em Medianeira/PR,
teve caráter inovador na Região Oeste do Paraná: ampliou
a discussão e o conhecimento das práticas integrativas e
complementares de saúde e também celebraram os 21 Anos
de fundação do Centro Popular de Saúde Yanten. A Itaipu é
parceira do Yanten, por meio do Projeto Plantas Medicinais
do CAB. O gestor do Projeto Plantas Medicinais do CAB,
Altevir Zardinello, foi homenageado durante o evento pelo
Yanten pela sua contribuição à saúde das comunidades da
Bacia do Paraná 3.
6
ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
Da BP3 para Belo Monte
Um grupo de técnicos da Emater do Pará esteve na Itaipu
para conhecer as ações do Cultivando Água Boa. O grupo foi
coordenado pelo representante da Emater do Paraná, Paulo
Taschetto (da Regional de Cascavel) e contou com sete técnicos da Emater do Pará, entre eles agrônomos, engenheiros
ambientais e engenheiros florestais. O objetivo do grupo era
conhecer as ações desenvolvidas pelo Cultivando Água Boa,
principalmente as relacionadas à gestão de bacias hidrográficas, educação ambiental e trabalhos desenvolvidos com
os assentamentos. No roteiro de visitas, o assentamento 16
de Maio, em Ramilândia, e o sítio Colina, em São Miguel do
Iguaçu, onde conheceram um pouco das ações voltadas ao
turismo rural e à agricultura orgânica. O chefe da comitiva, o engenheiro Valdeides Lima, disse que os técnicos
ficaram impressionados com a dimensão do programa e
que, ao retornar ao Pará, vão buscar viabilizar parcerias do
governo daquele estado com a Itaipu. “Temos interesse na
transferência de metodologia, com objetivo de reproduzir
algumas ações daqui no Pará, principalmente no entorno
da usina de Belo Monte, na região de Altamira e municípios vizinhos”, afirmou.
Educação e sustentabilidade
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, foi o coordenador da mesa-redonda “Sustentabilidade e o Plano Nacional
de Educação”, dentro da programação do Encontro Internacional de Educação e Sustentabilidade. Participaram do debate o
ex-ministro Ozires Silva, reitor da Unimonte, e Antônio de Araújo Freitas Júnior, do Conselho Latino-Americano de Escolas de
Administração (Cladea). Realizado nos dias 13 e 14 de setembro, no Museu Oscar Niemeyer, o encontro foi por promovido
por instituições brasileiras em parceria com a Organização das
Nações Unidas (ONU), e organizado pelo Instituto Superior de
Administração e Economia (ISAE/FGV) e pelo Cladea, com o
apoio da Itaipu. No encontro, o diretor de Coordenação e Meio
Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, participou da mesa-redonda “Ética nas organizações” e apresentou o case do Programa
Cultivando Água Boa. Durante o evento, houve a adesão de 14
instituições de ensino aos Princípios para Educação Empresarial Responsável – criados em 2007 pela ONU como diretriz para
instituições acadêmicas. Com as novas adesões, o Brasil soma
22 instituições signatárias dos princípios.
O diretor-geral Jorge Samek no Encontro Internacional de Educação e Sustentabilidade, em Curitiba.
Encontro de Educação Ambiental
O programa de Educação Ambiental da Itaipu participou do 13º Encontro Paranaense de Educação Ambiental
(Epea), em Ponta Grossa, de 10 a 12 de agosto de 2011.
Nessa edição, o tema foi Educação Ambiental e Políticas
Públicas. O Epea se consolidou como um evento científico
e fórum de discussão da área de educação ambiental no Paraná e no Brasil. A BP3 esteve representada pela equipe de
educação ambiental da IB e 58 educadores da região. O grupo apresentou 15 trabalhos, destacando as interfaces com
o programa Cultivando Água Boa. A gestora de educação
ambiental da Itaipu, Leila de Fátima Alberton, participou,
no dia 12, da mesa-redonda “Políticas Públicas em Educação Ambiental e o Estado do Paraná”, abordando o papel da
EA no Cultivando Água Boa, além das ações de preparação
da BP3 para a Conferência RIO+20, em 2012. Os inscritos
puderam participar de minicursos e oficinas, que destacaram o avanço na produção de conhecimento e o acesso às
informações sobre sustentabilidade. Na reunião da Rede de
Educação Ambiental do Paraná (REA-PR), foi definido que
o próximo Epea será em 2013, em Cascavel.
Itaipu atrai imprensa estrangeira
A Agência Brasileira de Promoção das Exportações e Investimentos (Apex) e a Secretaria de Comunicação Social
da Presidência da República incluíram a Itaipu em um roteiro de apresentação de projetos estratégicos do Brasil à
imprensa internacional, no mês de maio. Durante dois dias,
jornalistas de alguns dos principais veículos da Europa e dos
Estados Unidos visitaram a empresa e a Bacia do Paraná 3
e conheceram de perto iniciativas como o Cultivando Água
Boa, a Plataforma Itaipu de Energias Renováveis, o Veículo Elétrico e o Parque Tecnológico Itaipu. O programa da
Apex, intitulado Experience Brazil (Experimente o Brasil),
tem como objetivo colocar em evidência diferentes aspectos
do País, trazendo grupos de jornalistas e formadores de opinião estrangeiros para aprofundar seu conhecimento sobre
o Brasil. As visitas incluem empresas públicas e privadas,
governos, centros de tecnologia e universidades.
Distribuidores de dejetos em Toledo
No início de dezembro, os moradores da microbacia Marreco, na localidade de Concórdia do Oeste, município de Toledo,
receberam três distribuidores de dejetos líquidos tipo 3, com
capacidade para 6 mil litros. Os distribuidores foram adquiridos
pela Prefeitura de Toledo em parceria com a Itaipu Binacional,
pelo programa Cultivando Água Boa. Participaram da solenidade o diretor de Coordenação, Nelton Friedrich; o prefeito de
Toledo, José Carlos Schiavinatto; e o deputado estadual Elton
Welter (foto acima). Também compareceram vereadores, lideranças sindicais, lideranças comunitárias e moradores da
microbacia. Valdir Rosseto falou em nome da comunidade beneficiada, agradecendo as ações já executadas na microbacia.
“Os distribuidores de dejetos vão facilitar muito a vida dessas
35 famílias”, enfatizou.
Diversificação agropecuária
O veterinário Domingo Fernandes (em primeiro plano) explica o Canal da
Piracema aos jornalistas estrangeiros
Janeiro 2012
A Itaipu promoveu, ao final de agosto, no Refúgio Biológico
Bela Vista, o Workshop de Diversificação (foto acima) – evento que reúne representantes de instituições de ensino superior
e pesquisa, associações, cooperativas e comitês de agricultura
orgânica na Bacia do Paraná 3 (BP3), entre outros. Segundo
João José Passini, gestor do Programa de Desenvolvimento
Rural Sustentável e um dos organizadores, o evento teve como
objetivo discutir e estabelecer um plano de ação conjunta
para promover a diversificação das atividades da agricultura
familiar. “Vários agricultores são adeptos da monocultura, de
soja ou milho, por exemplo, o que não contribui para o desenvolvimento biológico, econômico e social”, afirma Passini.
“Queremos mudar isso e estimular a diversificação de plantio”, enfatizou.
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
7
P R EPAR AÇ ÃO
Cultivando Água Boa faz uma série de eventos
Caminhadas pela Sustentabilidade, Jornadas Preparatórias e Reuniões Ampliadas dos Comitês Gestores: Itaipu discute temas da Conferência da ONU
com os atores sociais da BP3
...em Foz do Iguaçu, ...
Caminhada da Sustentabilidade em Matelândia, ...
T
odos os anos, a Itaipu promove uma série de eventos preparatórios para o Encontro Anual Cultivando Água Boa, como
forma de discutir com as comunidades os avanços e as necessidades de melhoria. Em 2011, a Itaipu acrescentou ao processo
a construção de uma proposta local para a Conferência Rio+20,
com participação de todos os atores sociais envolvidos nas
ações socioambientais da empresa. A estratégia se refletiu no
título do evento anual: Encontro Cultivando Água Boa Rumo
à Rio+20.
Essa preparação teve início no último mês de maio, com
uma reunião no Refúgio Biológico Bela Vista que contou com
a participação de 150 integrantes dos comitês gestores do CAB,
dos 29 municípios da Bacia Hidrográfica do Rio Paraná 3, e palestras abordando os principais temas da conferência da ONU.
A Rio+20 será realizada em junho de 2012. A conferência
remete à Rio 92, a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento Humano, que reuniu 117 chefes
de Estado para discutir o tema da sustentabilidade e a solução
para os problemas que afetam as populações mais pobres do
globo. Em 2012, as nações do mundo são chamadas a renovar,
aprofundar e ampliar aqueles ideais, desta vez concentrandose em três temas básicos: a economia verde (de baixo carbono
e uso eficiente dos recursos naturais); combate à pobreza; e a
criação de uma governança global que alie economia, desenvolvimento humano e meio ambiente (leia mais a respeito nas
páginas 12 e 13).
Segundo o diretor de Coordenação e Meio Ambiente, Nelton
Friedrich, a Itaipu, com suas diversas ações no Oeste do Paraná, vem atuando diretamente nesses temas e contribuindo para
a sustentabilidade neste “pedaço do planeta”. Além disso, a empresa é signatária do Pacto Global e segue as diretrizes da Global Reporting Initiative (GRI). “Sintonizados com as esperanças
realimentadas pela Rio+20, estamos inserindo em nossa agenda
o sentido e os conteúdos desse evento, como, por exemplo, em
caminhadas e jornadas preparatórias”.
Jornadas
Na sequência das Caminhadas, o CAB promoveu quatro jornadas regionais em diferentes municípios da região, com palestras de sensibilização sobre cinco temas: mudanças climáticas,
erradicação da pobreza, economia verde para o desenvolvimento sustentável, governança global e contextualização dos eixos
da Rio+20 na Bacia do Paraná. Cada município foi representado
por 30 a 40 pessoas, que depois compartilharam os conhecimentos em suas localidades. A proposta é levar três representantes
de cada município à conferência global, em 2012.
Reuniões ampliadas
Em 2011, o CAB decidiu promover reuniões ampliadas dos
Comitês Gestores, antecedendo seu encontro anual em novembro. A iniciativa começou nos dias 29 e 30 de setembro (em
Diamante D’Oeste e em Itaipulândia, respectivamente), dando,
assim, a largada oficial dos Encontros Preparatórios para o Cultivando Água Boa Rumo à Rio+20.
Neste ano, têm prioridade a participação e o empoderamento das comunidades da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 no programa socioambiental da Itaipu e parceiros. As reuniões foram
conduzidas pelos Comitês Gestores Municipais do CAB e não
mais pela equipe de Itaipu, que ajudou a criar a metodologia e
capacitou os gestores para a realização das oficinas.
“Essa iniciativa tem como objetivo fortalecer os comitês
locais, dar visibilidade aos parceiros do programa e, principalmente, dar oportunidade aos participantes se reconhecerem
como atores principais”, explicou Luiz Yoshio Suzuke, um dos
responsáveis por coordenar as ações da Itaipu junto aos comitês.
A gestora do programa Educação Ambiental, Leila de Fátima Alberton, lembra que, em nove anos, desde a criação do
CAB, milhares de pessoas já foram capacitadas na região, por
meio de ações como o FEA (Curso de formação de Educadores
Ambientais),
do MAB (Multicurso Água
Boa) e dos diversos cursos
de capacitação feitos em
praticamente
todas as áreas
de influência
do Cultivando
Água Boa.
Nessas
reuniões, também
foram
avaliadas as
atividades do
comitê, levantando as fragilidades e as
possibilidades
de avanços de
cada programa que acontece no município. No decorrer do encontro, também foi feita
a identificação e a escolha das boas práticas que cada localidade
desenvolve e que têm conexão direta com os temas da Rio+20.
“Agora estamos tendo a oportunidade de avaliar se o nosso
trabalho realmente está sendo importante para a região. Sinceramente, pelas reuniões que aconteceram, podemos dizer que
estamos felizes e orgulhosos do trabalho realizado”, acrescentou Gilmar Secco, da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, que também atua no relacionamento da empresa
com os comitês.
Uma das reuniões, realizada no Refúgio Biológico Bela Vista, contou com a participação do Instituto Vita Civillis. Fabrizio
Violini, representante da Vita Civillis e membro do Comitê Fa-
Caminhadas
No dia 1º de junho, dando início à Semana do Meio Ambiente, a Itaipu, em parceria com as 29 prefeituras da BP3, promoveu a segunda edição das Caminhadas para a Sustentabilidade.
A iniciativa mobilizou cerca de 10 mil pessoas em toda a região,
chamando a atenção para os temas da Rio+20.
As Caminhadas se estenderam até o dia 14, cobrindo todos
os municípios da bacia hidrográfica, cada um destacando uma
frase alusiva à Rio+20. As mensagens foram selecionadas num
concurso preparatório das comemorações da Semana do Meio
Ambiente. Confira nas fotos algumas das mobilizações ocorridas nos municípios.
Encontros preparatórios realizados nos municípios de Cascavel, ...
8
ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
Janeiro 2012
para construir propostas regionais à Rio+20
...em Diamante D’Oeste, ...
...e em São Miguel do Iguaçu. Veja mais fotos das caminhadas na próxima página.
a falta de consenso que ocorreu em Copenhague se repita”, afirmou Violini. “Mas, ao
mesmo tempo, há uma grande mobilização para que isso não ocorra e que se chegue a um documento político mais focado
e um compromisso político renovado”,
acrescentou. E destacou: “É importante
frisar que a Rio+20 é uma conferência sobre desenvolvimento e não um encontro
de ambientalistas”.
Boas práticas
cilitador da Rio+20, promoveu um diálogo sobre os temas da
Rio+20 (Economia Verde, Erradicação da Pobreza e Governança Global) com as lideranças do CAB, incluindo colaboradores
da Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu e integrantes dos Comitês Gestores Municipais do CAB.
Violini estimulou os participantes do CAB a contribuírem
com as propostas que serão apresentadas na conferência da
ONU. Segundo ele, a sociedade civil tem sido o motor dessas
discussões, enquanto os governos, mais “engessados”, não estão contribuindo como poderiam. Ele citou como exemplo o
fracasso da conferência de Copenhague, quando se esperava
que as principais lideranças políticas mundiais chegassem a um
acordo sobre as medidas para enfrentamento das mudanças
climáticas.
“Um dos temores em relação à Rio+20 é de que justamente
Finalizando o processo preparatório,
foram realizados encontros em municípios-polo para escolher as melhores
práticas do Cultivando Água Boa. “Cada
município mostrou as suas boas práticas
com muito entusiasmo e vários recursos.
Houve quem usasse o datashow, levasse
depoimentos das pessoas engajadas ou,
ainda, apresentasse peças teatrais. Enfim,
cada um procurou defender seu case da melhor maneira possível”, afirmou Luiz Yoshio Suzuke.
Todas as boas práticas realizadas nos municípios serão mostradas em forma de painel no encontro principal, em novembro.
E as oito ou dez práticas que mais estão conectadas com os
temas da Rio+20 serão apresentadas no dia 25 de novembro no
Encontro do CAB, no painel Diálogos: Reflexão - Ação para a
Sustentabilidade.
Segundo Suzuke, as demonstrações de interesse da plateia
durante as apresentações deixaram bem clara a importância da
troca de experiências das boas práticas entre os municípios.
No total, foram realizados cinco encontros preparatórios em
municípios-polo: Guaíra, Foz do Iguaçu, Medianeira, Cascavel
e Pato Bragado.
...Guaíra ...
Janeiro 2012
O que é a conferência Rio+20
A cidade do Rio de Janeiro será a sede da Conferência
das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável,
em 2012. O encontro – também conhecido como Conferência da Terra – recebeu o nome de Rio+20 e visa a renovar o
engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento
sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das
Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento
(a Rio 92).
Serão debatidos os temas como Biodiversidade, Mudanças Climáticas e Economia Verde, com grande ênfase
na contribuição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza, com foco na
questão da estrutura de governança internacional com vistas ao desenvolvimento sustentável. A Rio + 20 se insere,
assim, na longa tradição de reuniões anteriores da ONU
sobre o tema, entre as quais as Conferências de 1972 em
Estocolmo, Suécia, e de 2002, em Joannesburgo, África do
Sul.
Marcada, em princípio, para junho de 2012, no Rio de
Janeiro, a Rio+20 já vem provocando encontros de especialistas, ONGs e representantes da sociedade desde 2010.
A expectativa é de que as decisões tomadas por lá sejam
mais que um balanço dos últimos 20 anos que a separam
da Rio 92, marco na história socioambiental mundial que
resultou numa série de documentos importantes, como
a Agenda 21 e as Convenções sobre Clima e Diversidade
Biológica.
Porém, diferentemente da Rio 92, quando os países tiveram de acatar novas leis ambientais internacionais, desta vez a ONU sinalizou que espera sair do evento com uma
carta de intenções assinada pelos governos participantes,
com compromissos voluntários ligados à construção de
uma economia verde dentro dos próximos 20 anos.
....e Pato Bragado
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
9
Mobilização
Caminhadas da Sustentabilidade
Nos 29 municípios que compõem a região da Bacia Hidrográfica do Paraná 3, mais de 10 mil pessoas foram mobilizadas em
Altonia
Cascavel
Céu Azul
Guaira
Medianeira
Nova Sa
10
Entre Rios dos Oeste
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ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
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Pato Bra
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Janeiro 2012
nos municípios da BP3
torno dos temas da Conferência da Terra, a Rio+20
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Vera Cruz do Oeste
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Terra Roxa
Janeiro 2012
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Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
11
DIÁLOGOS DE FRONTEIRA
Ruud Lubbers: “A Rio+20 é o fim do começo”
Representante da ONU na organização da conferência esteve em Foz e fez palestra no Parque Tecnológico Itaipu
E
m visita ao Brasil para conhecer os preparativos da Conferência Rio+20 junto à
Prefeitura do Rio de Janeiro e também para
ver de perto as ações do programa Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional, Rudolphus Lubbers fez uma palestra sobre as
perspectivas para o maior evento mundial
em meio ambiente desde a Eco92.
A palestra fez parte da temporada 2011
dos Diálogos de Fronteira, realizados em
parceria com a Universidade Federal da Integração Latina-Americana (Unila) e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI), e
contou com a participação da diretora da
Carta da Terra, Mirian Vilela.
Integrante da Comissão da Carta da Terra, Lubbers é hoje uma das principais figuras no âmbito das Nações Unidas no campo
socioambiental. Ex-primeiro ministro da
Holanda, ex-professor das universidades de
Tilburg (Holanda) e Harvard (EUA), ele vê
a Conferência como o coroamento de um
processo que teve início no pós-guerra, com
a formulação da Declaração Universal dos
Direitos do Homem.
Na opinião de Lubbers, a Rio+20 tem
grande potencial para encerrar com avanços
concretos na implementação de políticas e
de práticas da chamada Economia Verde, ou
Em 1948, o homem
estava se libertando
do colonialismo. Logo,
era uma declaração de
independência. Já a Carta
da Terra é uma declaração
de interdependência, entre
as pessoas e das pessoas
com a natureza
Lubbers: A Rio+20 deverá produzir avanços na “bioeconomia”. À esquerda, Mirian Vilela, diretora da Carta da Terra
de uma “bioeconomia”. A Economia Verde, a propósito, será
um dos temas centrais da conferência.
Rudolphus Lubbers traçou um panorama da questão socioambiental desde a Segunda Grande Guerra, passando pela
Rio 92 e chegando aos dias de hoje. Em 92, disse, havia um
clima de esperança com o final da Guerra Fria, que representou uma vitória da economia de mercado sobre o comunismo
no confronto de ideologias que havia até então.
“E muitos chefes de estado acreditavam que a economia
de mercado seria capaz de resolver os problemas do mundo. Mas já naquela época, as lideranças dos povos indígenas,
ONGs e representantes da sociedade civil alertavam que tão
importante quanto a economia de mercado era a necessidade
de um novo marco ético para a civilização”.
Essa discussão, continuou Lubbers, levou à criação da
Carta da Terra, um documento que trata não apenas de Ecologia, mas também da erradicação da pobreza, da não-discriminação e da justiça social. Outros documentos planetários,
como as Metas do Milênio, também foram concebidos com
esse espírito.
Lubbers também discorreu sobre as conclusões de um estudo comparativos entre a Carta da Terra e a Declaração Universal dos Direitos do Homem, de 1948. “São praticamente
cinco diferenças. Em 1948, o homem estava se libertando do
colonialismo. Logo, era uma declaração de independência.
Já a Carta da Terra é uma declaração de interdependência,
entre as pessoas e das pessoas com a natureza. Além disso,
12
ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
a Carta nos deu uma visão de responsabilidade com as geramuito na Europa, tendo em vista a necessidade de o Velho
ções futuras e não apenas com as pessoas de hoje, como a
Continente resolver uma dupla crise: a ambiental e a ecoDeclaração.”
nômica. Então, a Economia Verde surge como uma solução
E prosseguiu: “A Carta preconiza o respeito à diversidade
conjunta para essas crises, por meio da criação de ‘emprede culturas e de países. Enquanto a Declaração foi concebigos verdes’, com o desenvolvimento de energias renováda em um contexto de superpotências, hoje temos um munveis, de indústrias recicladoras, da fabricação de biomatedo multipolar. Em 1948, enfatizava-se
rias e muitos outros campos ‘bio’”.
o papel dos governos. Atualmente, a
Lubbers encerrou sua palestra
responsabilidade é mais ampla, é socom o exemplo de Itaipu que, seAs discussões sobre
cioambiental, e é compartilhada com
gundo ele, é uma referência sobre o
Economia Verde vêm
todos os atores sociais. E, por fim, a
que se pode fazer para transformar o
avançando muito na
quinta diferença é que em 48 acreditamodelo econômico atual em “verde”.
va-se que a tecnologia e a democracia
“Quando o projeto foi concebido haEuropa, tendo em vista
seriam capazes de salvar o mundo, mas
via essa preocupação em gerar uma
a necessidade de o Velho grande quantidade de energia, mas
hoje é necessário ir além e considerar
também a questão espiritual e uma
Continente resolver uma com o tempo a empresa incorporou
nova ética para a sobrevivência da cicuidado com o meio ambiente e
dupla crise: a ambiental e a ocom
vilização humana”.
as pessoas, e outros valores da
econômica
Agora, a temática do momento nessa
Carta da Terra à sua missão instituampla discussão sobre os rumos da cicional, demonstrando que é possível
vilização é a Economia Verde. Segundo
compatibilizar desenvolvimento com
Lubbers, a Economia Verde tem duas
responsabilidade socioambiental”.
grandes virtudes: leva em conta as mudanças climáticas e
E concluiu: “Esta é a terceira vez que venho ao Brasil.
pressupõe criar condições para que as gerações futuras tamA primeira foi nos anos 1970. Agora, vejo uma grande difebém possam se desenvolver, como já preconizava Maurice
rença no entusiasmo das pessoas no sentido de colocar em
Strong, em seu livro Nosso Futuro Comum.
prática a sustentabilidade”.
“As discussões sobre Economia Verde vêm avançando
Janeiro 2012
B OA S P R ÁT I C A S
Cultivando Água Boa será case oficial na Rio+20
Programa socioambiental da Itaipu e parceiros é considerado um modelo na gestão de bacias hidrográficas e na mobilização
comunitária para a sustentabilidade
O
Cultivando Água Boa será um dos cases oficiais de boas
práticas do Brasil na Rio+20, Conferência das Nações
Unidas em Desenvolvimento Sustentável, que ocorrerá de
4 a 6 de junho de 2012, no Rio de Janeiro (RJ). O anúncio
foi feito pela secretária de Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra
Crespo, no Seminário de Economia Verde e Inclusiva da
Região Sul Brasileira e da Tríplice Fronteira, no Auditório
Integração, no Centro de Treinamento da Itaipu.
O evento integra os Diálogos Nacionais: Rumo à Rio+20,
promovido em todo o Brasil pelo Instituto Vitae Civilis – Cidadania e Sustentabilidade, com apoio da Green Economy
Coalition (em português, Coalizão de Economia Verde).
Além de Samyra, participaram do debate: Pedro Mancuello,
então diretor executivo de Coordenação e Meio Ambiente
de Itaipu; Jussara Cony, secretária estadual de Meio Ambiente (RS); e Nelton Friedrich, diretor de Coordenação e
Meio Ambiente de Itaipu.
“O Cultivando Água Boa foi escolhido por sua agenda
concreta e séria, seu impacto regional, e pela universalização que esperamos obter com as ações implantadas aqui”,
justificou a secretária. “As palmas têm que ser a vocês mesmos. Nós só reconhecemos o bom trabalho”, disse Samyra
ao ser aplaudida ao final de sua palestra na Itaipu, sobre os
desafios da Rio+20 e o desenvolvimento sustentável.
A proposta de transformar o CAB como case, representando o Brasil na Rio+20, foi defendida por Friedrich, no
final do mês de agosto em Brasília, para a própria secretária
Samyra Crespo, a convite do Ministério do Meio Ambiente.
Na ocasião, a representante do Ministério já havia elogiado a experiência do CAB e demonstrado interesse em
adotá-lo como referência de política pública. “Agora, tivemos essa agradabilíssima surpresa da oficialização do Cultivando Água Boa como case brasileiro da Rio+20”, disse
Nelton Friedrich.
O seminário
Representantes de governos, inciativa privada, academia e sociedade civil dos três estados da Região Sul reunidos em Foz em setembro produziram uma série de propostas que irão contribuir para a formulação de políticas
públicas voltadas à sustentabilidade no País. As propostas
foram discutidas e votadas dentro de cada um dos grupos
temáticos e seguiram para o evento nacional, realizado em
Samyra: o CAB foi escolhido por sua agenda concreta e séria
São Paulo nos dias 17 e 18 de outubro. Elas farão parte da
Agenda Essencial de Economia Verde, que serão levadas à
ONU durante a Rio+20.
“Tivemos uma participação bastante representativa do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, com destaque para os
participantes do Cultivando Água Boa nos municípios da Bacia
do Paraná 3”, afirmou a gerente do Departamento de Proteção
Ambiental da Itaipu, Rosana Lemos Turmina, e uma das responsáveis pela organização do Seminário de Economia Verde e Inclusiva da Região Sul Brasileira e da Tríplice Fronteira.
Um dos destaques foi a participação da Argentina e do Paraguai no debate promovido pelo Brasil. Para Belinky, embora sejam
promovidos pelo Brasil, os Diálogos Nacionais Rumo à Rio+20 ganharam muito com a inclusão de outros países fronteiriços.
“A natureza não tem as mesmas fronteiras que aquelas
impostas pela política. Uma bacia hidrográfica, por exemplo,
atravessa nações e por isso seus projetos devem ser pensados
em conjunto”, disse o coordenador do Vitae Civilis.
No balanço das iniciativas desenvolvidas desde o primeiro
seminário realizado em novembro de 2010 até o encerramento
do evento nacional, em São Paulo, Belinky citou alguns pontos
considerados fundamentais para se chegar ao Quadro Referencial que permitirá a construção de uma agenda essencial
Aron: projetos pensados a partir das bacias
hidrográficas
brasileira, a partir do conjunto de propostas referendadas
pelos mais diversos setores da sociedade civil. Segundo ele,
o desafio é apresentar alternativas à lógica de mercado - que
se pauta pela geração de emprego e pela produção de bens
de consumo – dentro do novo paradigma de desenvolvimento, proposto a partir de 1992.
“A Economia Verde não substitui o conceito de desenvolvimento sustentável, mas ao contrário, se coloca como
um instrumento efetivo para a sua implementação. Para
que isso aconteça, no entanto, tem que vir acompanhada do
processo político da governança. Ou seja, a execução das
propostas colocadas pelos diferentes atores sociais como
alternativas para a aceleração do desenvolvimento sustentável passam necessariamente pela transversalidade da sua
aplicação.”
O legado deixado pela Eco-92, responsável pela adoção
de mecanismos globais de governabilidade em vigência até
hoje, impõe um desafio maior aos países participantes da
Rio+20, na análise de Samyra Crespo. “Não podemos nos
esquecer desses avanços e honrar este legado, mas precisamos lembrar que somos anfitriões, e não organizadores da
conferência das Nações Unidas”, afirmou a secretária.
Propostas produzidas e aprovadas
no Seminário de Economia Verde e
Inclusiva, promovido na Itaipu:
•Agricultura e silvicultura: subsídio a uma transição agroecológica; e implementação por pagamento de serviços ambientais.
•Infra-estrutura: criação de três Parque Nacionais AR/BR/PY.
•Turismo sustentável: inclusão de comunidades
locais.
•Cidades, Desenvolvimento Urbano, Habitação
e Mobilidade Urbana: implantação de agenda
21 em cada cidade como compromisso de toda
a gente.
•Água, Saneamento e Resíduos Sólidos: gestão
de resíduos sólidos por cooperativa de catadores; e mecanismo legal de incentivo a obras sustentáveis.
•Indústria e serviços: programa de edificações
sustentáveis.
Público vota em propostas para serem encaminhadas para a Rio+20
Janeiro 2012
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
13
E ncontro anual
Rumo à Rio+20: mais de 3 mil pessoas comparecem
Evento contou com algumas das principais personalidades do pensamento socioambiental brasileiro, como Leonardo Boff,
Público na abertura do evento: mais de 3 mil pessoas lotaram as dependências do Hotel Rafain, em Foz
Em novembro de 2011, Foz do Iguaçu foi mais uma vez
palco do Encontro Cultivando Água Boa (CAB), que neste
ano tratou dos temas da Rio+20: Economia Verde, Governança Global e Erradicação da Pobreza. A Rio+20, ou Conferência da Terra, será promovida pela Organização das Nações
Unidas (ONU) em junho de 2012, no Rio de Janeiro.
Entre os dias 24 e 25 de novembro, autoridades governamentais, lideranças do terceiro setor, participantes do programa socioambiental da Itaipu, pesquisadores e técnicos
discutiram e apresentaram propostas relacionadas a esses
temas, além de avaliar as ações do CAB e propor novas metas
para 2012. A abertura, conferências e encerramento lotaram
o auditório do Hotel Rafain, com a presença de mais de 3 mil
pessoas nos dois dias do evento.
O Encontro Cultivando Água Boa é, nas palavras do diretor-presidente da Agência Nacional de Águas (ANA), Vicente
Abreu Guillo, o “maior evento social que trata de águas no
Brasil”. O ministro da Pesca e Aquicultura, Luiz Sérgio Nóbrega de Oliveira, completou: “Hoje, o povo quer estar junto
com os governos na formulação de políticas públicas e é isso
que a gente vê aqui”.
Além de elogiar o CAB como uma das experiências exitosas que o Brasil irá apresentar na Rio+20, a secretária de
Articulação Institucional e Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo, representando a ministra Izabella Teixeira na abertura do encontro, apresentou
as posições que serão defendidas pelo governo brasileiro na
Conferência da Terra.
“Em primeiro lugar, queremos que o desenvolvimento sustentável esteja no centro das tomadas de decisão dos governos; em segundo, que a discussão sobre Economia Verde seja
uma discussão sobre inclusão social; e, em terceiro, fortalecer o multilateralismo, trazendo os países emergentes para
a linha de frente das discussões sobre sustentabilidade no
âmbito global”, resumiu a secretária.
Os diretores-gerais da Itaipu Binacional, Jorge Samek
(Brasil) e Efraín Enríquez Gamón (Paraguai), destacaram em
seus pronunciamentos a importância estratégica da energia
associada à preservação dos recursos hídricos, neste início
de século 21. Os diretores também assinaram um convênio
com o Conselho de Municípios Lindeiros ao Lago da Itaipu,
representado por seu presidente, o prefeito de Entre Rios
Livros: No encontro anual do CAB, foram lançados os livros: Aquíferos Serra Geral e
Guarani na Bacia Hidrográfica do Paraná 3, de Ernani Francisco da Rosa Filho e Gustavo
Barbosa Athayde (foto), parceria entre a UFPR e a Itaipu; Ciranda das Águas (que apresenta um panorama das águas na atualidade e relata boas práticas de gestão e recuperação ambiental em bacias hidrográficas – inclusive o CAB); e Manual Técnico de Criação
de Pacu em Tanque-Rede para Produção de Carne Mecanicamente Separada.
14
ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
do Oeste, Élcio Zimmermann, para a promoção da Rede de
Educação Ambiental Linha Ecológica, uma ação de educação
ambiental itinerante pelos municípios da região.
Outro convênio celebrado durante a abertura é uma parceria com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e com
a Fundação Oswaldo Cruz, para o desenvolvimento de projetos na área de Plantas Medicinais e Fitoterápicos, tendo
como referência o projeto já executado na região pela Itaipu
(leia mais na página 20).
Também participaram da cerimônia de abertura o viceprefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro; o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich; o
coordenador de Recursos Hídricos do Ministério da Ciência,
Tecnologia e Inovação, Sanderson Medeiros Leitão; o gerente
de Desenvolvimento Sustentável do Banco do Brasil, Márcio
Alexandre Rockembach; a presidente do Instituto Ecoar para
a Cidadania, Miriam Dualibi; e a coordenadora da 2ª Jornada
do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, Moema Viezzer.
Plantio Direto: Os agricultores Vilson Storch, da microbacia do Ajuricaba, em Marechal
Cândido Rondon, e Celso Isoton, da microbacia do Rio Toledo, em Toledo, foram premiados
com o Selo de Qualificação do Plantio Direto na Palha. O prêmio foi entregue pelos diretores
da Itaipu, Nelton Friedrich (Coornação e Meio Ambiente), Jorge Samek (geral brasileiro),
Efraín Enríquez Gamón (geral paraguaio) e pelo presidente da Federação Brasileira de Plantio Direto na Palha, Herbert Bartz. A iniciativa faz parte de um projeto piloto desenvolvido em
parceria pelas duas instituições.
Janeiro 2012
ao 8º Encontro Cultivando Água Boa
Oded Grajew, Marcos Terena, Miriam Dualibi e outross
Vicente Guillo e demais autoridades: “maior evento social sobre águas no Brasil”
Ministro da Pesca, Luiz Sérgio de Oliveira: participação popular nas políticas públicas
Oficinas promovem debates sobre o programa
Programa socioambiental da Itaipu e parceiros é considerado um modelo na gestão de bacias hidrográficas
e na mobilização comunitária para a sustentabilidade
O Encontro Cultivando Água Boa Rumo à Rio+20 foi também uma oportunidade para ouvir representantes da comunidade da Bacia do Paraná 3, lideranças e especialistas em um
amplo debate sobre os projetos e iniciativas vinculadas ao Programa Cultivando Água Boa (CAB).
Foram 12 oficinas temáticas, das quais participaram aproximadamente 800 pessoas. Todas aconteceram no Hotel Rafain Expocenter, exceto a de Valorização do Patrimônio, que
foi ministrada no Ecomuseu da Itaipu.
Algumas oficinas foram bastante concorridas, como, por
exemplo, a de Educação Ambiental e Monitoramento Participativo da Qualidade da Água, que contou com palestra de
Miriam Dualibi, uma das maiores ativistas ambientais da atualidade, e que abordou os desafios da educação ambiental como
fator de mobilização das pessoas.
Uma das novidades foi a oficina sobre a Ferramenta de
Qualificação do Plantio Direto, na qual foi debatida a metodologia de avaliação das propriedades que utilizam a técnica, que
além de reduzir a erosão e a aplicação de agrotóxicos, reduz
as emissões de gases do efeito estufa. “Depois de 28 anos vivendo no mesmo lugar, foi fácil ver como o plantio na palha
trouxe bons resultados”, disse Ilario Wendling, de Itaipulândia,
um dos 25 agricultores que ajudaram a montar a metodologia.
Oficina Biodiversidade
Oficina Coleta Solidária
Oficina Plantas Medicinais
Oficina Comunidades Indígenas
Mensageira das águas: Durante a abertura do encontro, foi apresentado o portal da
internet Mensageiros da Água, uma iniciativa que une pessoas das mais várias áreas (desde
artistas a cientistas) e que fazem a defesa desse recurso essencial para a vida. A iniciativa é
da Fundação Danielle Mitterrand, instituição criada pela ex-primeira dama da França, que
morreu no último dia 22 de novembro. Danielle, que visitou a Bacia do Paraná 3 em 2010, foi
homenageada com vídeo retratando diversos momentos de sua passagem pela região.
Janeiro 2012
Tratado: O Encontro Cultivando Água Boa Rumo à Rio+20 contou com mais uma importante etapa da 2a Jornada do Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e
Responsabilidade Global, que iniciou em 2008 e culmina na Conferência da Terra, em junho,
no Rio de Janeiro. A etapa incluiu um diálogo com alguns dos principais representantes do
pensamento socioambiental latino-americano, como Leonardo Boff, Moema Viezzer, Miriam
Dualibi e Rachel Trajber. As próximas etapas se darão no Fórum Social Mundial, em Porto
Alegre, em janeiro e no Fórum Brasileiro de Educação Ambiental, na Bahia, em março.
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
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E ncontro A nual
Pesquisador fala sobre “rios voadores” e adverte para
os riscos climáticos do desmatamento
Em sua palestra, o engenheiro Antônio Nobre, do Inpe, mostrou a complexa relação entre a floresta Amazônica e o regime de chuvas no Brasil
O morador de Foz do Iguaçu está acostumado a conviver
os 20 bilhões de toneladas fossem colocados em uma chaleira
com dois dos principais rios do Estado: o Iguaçu, que forma
fictícia, seriam necessárias 50 mil Itaipus para gerar a energia
o espetáculo das Cataratas, e o Paraná, responsável por monecessária para evaporar toda a água.
vimentar as máquinas de Itaipu, a maior geradora de energia
“A Amazônia é um motor poderoso para o clima. É uma
elétrica do mundo.
gigantesca usina de serviços ambientais”, definiu. Segundo
Mas há outro tipo de rio que não sai na fotografia nem nos
ele, somente uma árvore da Amazônia já é responsável pela
cartões-postais. Da floresta amazônievaporação diária de mil litros de água.
ca, evaporam cerca de 20 trilhões de
“Quando desmatamos, estamos mexenlitros de água por dia, ou 20 bilhões
do com esse rio voador. Se acabar a
Quando desmatamos,
de toneladas, o suficiente para fazer
Amazônia, acabam as chuvas”, alertou.
estamos mexendo com
com que Itaipu trabalhasse a plena
Antônio Nobre ressaltou que a bioesse rio voador. Se acabar diversidade amazônica é fator preponcarga durante 140 anos.
Esse rio invisível, chamado de
a Amazônia, acabam as derante para a manutenção da água e
“rio voador”, que viaja pelos céus e
a regulação do clima. Como exemplo,
chuvas
regula as chuvas e o clima do País,
ele apresentou um vídeo com uma espéfoi o tema da palestra do engenheiro
cie de viagem às avessas do telescópio
agrônomo Antônio Nobre, no dia 25
Hubble: ao invés de mirar o céu, a imade novembro, dentro da programação do Encontro Cultivando
gem fez um mergulho profundo na floresta.
Água Boa Rumo à Rio +20, no Rafain Palace Hotel, em Foz do
O que se viu foi uma infinidade de micro-organismos, das
Iguaçu.
mais diferentes espécies. Outro vídeo, uma animação produziNobre, que é pesquisador do Instituto Nacional de Pesquida pela Universidade de Harvard (EUA), mostrou o funcionasas Espaciais (Inpe), fez outra comparação com a usina. Se
mento de uma única célula – que ele chama de “a maquininha
minúscula de que todos nós somos feitos”.
“Temos cem trilhões de maquininhas dessas, que nos deixam
vivos. E não temos consciência disso”, afirmou, defendendo que
o homem só respeita aquilo que domina – como os telefones celulares. “Nós entendemos os telefones celulares, mas não entendemos a natureza”, diz. “O telefone celular é menos complexo que
uma barata. A vida tem tecnologia insuperável”, complementou.
Antonio Nobre disse que foi surpreendido pelas ações do
Cultivando Água Boa, desenvolvido por Itaipu nos 29 municípios da Bacia do Paraná 3. Para ele, é possível estabelecer um
diálogo saudável entre agricultores e ambientalistas, para que
se possa produzir sem sacrificar o meio ambiente. “O Cultivando Água Boa é absolutamente magnífico e pretendo divulgar
essa experiência que conheci aqui”.
Após a palestra de Antônio Nobre, o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, coordenou
a mesa “Rio+20 e Cultivando Água Boa: Reflexão – Ação para
Sustentabilidade”. Participaram o diretor-geral brasileiro de
Itaipu, Jorge Samek; o presidente do Conselho Deliberativo do
Instituto Ethos de Empresas, Oded Grajew; o teólogo Leonardo Boff; e a secretária de Articulação Institucional e Cidadania
Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo.
Antônio Nobre: a Amazônia é um poderoso motor do clima.
Arte e Cultura: O encontro Cultivando Água Boa é também uma celebração da arte
e cultura. O evento contou com diversas atrações que expressaram a diversidade cultural
da região, como o grupo de harpas Barrocas de San Ignácio de Iguazu, do Paraguai, o
Coral Itaipu, o Coral Infanto-Juvenil de Nova Santa Rosa, a cantora Mariane Francescon,
de Medianeira. Houve também espaço para atrações de renome nacional, como as Irmãs
Galvão (foto), a dupla Mococa e Paraíso e o cantor Sérgio Reis. Eles fizeram o show de
encerramento do encontro, além de terem participado de um documentário sobre música caipira produzido pelo jornalista José Hamilton Ribeiro.
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ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
Qualidade: Para Oded Grajew, coordenador-geral da Rede Nossa São Paulo e presidente
emérito do Instituto Ethos, o Cultivando Água Boa é um ótimo exemplo de iniciativas bemsucedidas que aliam qualidade, criatividade e larga escala. Ele destaca que os 29 municípios
envolvidos já registram números importantes, principalmente na distribuição de merenda orgânica nas escolas e na prescrição de medicamentos fitoterápicos na rede pública de saúde.
“os locais, sociedade civil e empresas, promover o desenvolvimento sustentável numa região.
Por tudo isso, o Cultivando Água Boa é exemplar não só no Brasil mas internacionalmente e
deveria ser conhecido e replicado em todo o mundo”.
Janeiro 2012
E ncontro A nual
Itaipu e governo federal firmam parceria para reduzir
emissões de gases do efeito estufa na agricultura
Programa Agricultura de Baixo Carbono é uma das estratégias do País para combater as mudanças climáticas
Erickson Camargo Chandoha: uma das estratégias do Programa Nacional de Agricultura de Baixo Carbono é recuperar 15 milhões de hectares de pastos degradados
A Itaipu será uma promotora regional do Programa Nacional de Agricultura de Baixo Carbono (Programa ABC), do
governo federal. O programa é uma das estratégias do Brasil
para reduzir as emissões de gases do efeito estufa, compromisso voluntário assumido pelo País na Conferência do Clima de
Cancun, no México, em 2010.
O assunto foi tema do seminário Ações na BP3 conectadas
ao Programa Nacional de Agricultura de Baixo Carbono, um
dos eventos paralelos do Encontro Cultivando Água Rumo à
Rio+20, realizado no dia 24 de novembro, no Rafain Palace Hotel, em Foz do Iguaçu.
O compromisso do Brasil é reduzir suas emissões em 1 bilhão de toneladas equivalentes de dióxido de carbono (uma
redução entre 36% e 39% dos níveis atuais). Para atingir esse
volume, o País quer diminuir em 80% o desmatamento da Amazônia, 40% o desmatamento do Cerrado e o restante com estratégias do Programa ABC.
“A agropecuária responde por um quarto das emissões nacionais de gases do efeito estufa”, explicou Luiz Carlos Balbi-
no, da Embrapa Cerrados, um dos expositores do seminário.
Os principais pontos do Programa ABC foram apresentados pelo secretário de Desenvolvimento Agropecuário e
Cooperativismo do Ministério do Desenvolvimento Agrário,
Erickson Camargo Chandoha. São eles: recuperar 15 milhões
de hectares de pastos degradados, aumentar em 8 milhões
de hectares a área com plantio direto, trabalhar com a fixação biológica do nitrogênio em 5,5 milhões de hectares, incrementar as florestas plantadas em 3 milhões de hectares e
promover o tratamento de 4,4 milhões de metros cúbicos de
dejetos da pecuária.
O diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge Samek, e o superintendente de Energias Renováveis da empresa, Cícero Bley,
também participaram do encontro, demonstrando que várias
ações da Itaipu na região da Bacia do Paraná 3 (BP3) já anteciparam ações preconizadas pelo Plano ABC, como o uso de
dejetos da pecuária para a produção de energia e o incentivo
ao plantio direto.
Para Bley, é possível reduzir emissões de gases utilizando
Futuras gerações: Durante o encontro, Marcos Terena, líder indígena e articulador do
comitê Intertribal do Brasil, falou sobre os projetos para a Rio+20 e enfatizou a importância
de ações como o programa socioambiental da Itaipu para garantir “água boa para as futuras
gerações”. “As pessoas acreditam que tradição e modernidade são incompatíveis. Mas o grande exemplo de sustentabilidade vem da experiência do indígena, de saber cultivar um modelo de desenvolvimento sem agredir o meio ambiente. Essa fórmula a gente vê no trabalho da
Itaipu, que respeita as tradições dos guarani, mas dá acesso a novos conhecimentos, e busca
novas alternativas de geração de renda e de sobrevivência”.
Janeiro 2012
o biogás dos resíduos da pecuária para gerar energia térmica
que serve à secagem dos grãos. No Oeste paranaense, a falta de lenha constitui um problema que vem sendo conhecido
como “apagão florestal”. Ali, cerca de 40% da madeira que é
queimada para secar grãos vem outras regiões do Brasil e de
países vizinhos. “Ainda não temos uma política de trabalho de
energia térmica nas propriedades rurais. Mas acreditamos que
a região possa dar uma resposta muito positiva ao ABC, na
medida em que substitua a lenha pelo biogás gerado nas propriedades”, afirmou.
Segundo o coordenador do evento e também gestor do
programa Desenvolvimento Rural Sustentável (do Cultivando Água Boa), João José Passini, o ABC será gerenciado por
um comitê gestor nacional e também por comitês estaduais
– no caso do Paraná, integrado por Itaipu e Secretaria da
Agricultura e do Abastecimento. “Um dos grandes desafios
do programa será criar mecanismos de acompanhamento e
verificação para mensurar a redução de emissões por meio
dessas iniciativas”, afirmou.
Apostolado das águas: o jornalista José Hamilton Ribeiro, um dos mais renomados profissionais do jornalismo brasileiro revelou aqueles que, para ele, são os três principais assuntos no País: a Amazônia, pela diversidade e reserva da floresta, admirada em todo o planeta;
a transformação promovida pela agricultura no Centro-Oeste do País, elevado ao patamar de
“maior celeiro do mundo”; e o CAB. “A terceira coisa que mais me emociona neste País é o
Programa Cultivando Água Boa, um apostolado das águas. O programa faz a defesa da terra,
da água, do ar e da biodiversidade, inclusive a cultural, sem estar vinculado a nenhum grupo
econômico. Ele é feito para o pequeno produtor, sem privilégios ao latifúndio”.
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
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E ncontro
Municípios da BP3 conhecem programa Cidades Sustentáveis
Um novo encontro sobre o Cidades Sustentáveis será promovido com os prefeitos atuais e pré-candidatos dos municípios para detalhar o programa
O
programa Cidades Sustentáveis foi apresentado a representantes da Bacia Hidrográfica do Paraná 3 durante o Encontro de Lideranças Empresarias e Políticas para a
Sustentabilidade, evento paralelo ao último Encontro Cultivando Água Boa, realizado nos dias 24 e 25 de novembro
em Foz do Iguaçu. A ideia é que os candidatos a prefeito na
região, independentemente de sua filiação partidária, adotem a Plataforma Cidades Sustentáveis e assumam o compromisso de seguir suas diretrizes em seus municípios.
A inciativa foi apresentada por seu idealizador e diretor
presidente do Instituto Ethos, Oded Grajew. Também participaram da reunião a representante do Pacto Global Brasil e Programa das Nações Unidas para o Desenolvimento
(Pnud), Maria Celina Arraes; o presidente da Federação das
Associações Comerciais e Empresariais do Paraná (Faciap),
Rainer Zielasko; o prefeito de Entre Rios do Oeste e presidente do Conselho de Municípios Lindeiros, Élcio Zimmermann; o presidente da Agência Nacional de Águas (ANA),
Vicente Abreu; e a secretária de Articulação Institucional e
Cidadania Ambiental do Ministério do Meio Ambiente, Samyra Crespo.
Segundo o superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu, Jair Kotz, um novo encontro sobre o Cidades Sustentáveis será promovido com os prefeitos atuais e pré-candidatos dos municípios para detalhar o programa. “Durante o
evento, no CAB, já houve entendimentos sobre a gestão de
resíduos sólidos na Bacia e deveremos ter em breve uma
reunião com o governo federal para aprofundar esse tema”,
afirmou Kotz.
Outros encaminhamentos do Encontro de Lideranças
Empresariais e Políticas para a Sustentabilidade são a adesão de municípios que fazem parte do programa Cultivando
Água Boa aos princípios do Pacto Global, além da parceria
com a Faciap para que empresas da BP3 também participem do Pacto.
O programa
O programa Cidades Sustentáveis dispõe de quatro ferramentas: a Plataforma Cidades Sustentáveis (uma agenda
para a sustentabilidade nas cidades com 12 eixos temáticos,
Oded Grajew apresenta o programa Cidades Sustentáveis durante evento paralelo do CAB.
nas dimensões social, ambiental, econômica, política e cultural), indicadores gerais associados aos eixos da plataforma,
indicadores básicos que farão parte dos compromissos dos précandidatos) e casos exemplares e referências na melhoria dos
indicadores das cidades.
Os candidatos interessados em participar assinam uma carta compromisso, sinalizando que estão dispostos a implantar
a Plataforma Cidades Sustentáveis em suas cidades e a prestar contas das ações desenvolvidas. As cidades participantes,
além de ganhar visibilidade em materiais de divulgação e ações
na mídia, terão acesso a informações estratégicas e a troca de
experiências com outras cidades que fazem parte da inciativa.
Oded Grajew explica que o projeto ainda está em fase inicial
mas vem sendo muito bem recebido. “O primeiro passo de um
município interessado em promover a sustentabilidade está em
fazer um planejamento de longo prazo, abrangendo todas as
áreas, e estabelecer metas. Não é possível pensar só em mobilidade ou só em reciclagem de lixo. Hoje, muitas cidades não têm
isso. São administradas ‘apagando incêndios’, sem uma visão
das causas dos problemas nem do conjunto”, afirma.
Ao todo, o programa tem mais de 300 indicadores gerais
construídos de forma coletiva e que estão disponíveis no site
www.cidadessustentaveis.org.br/indicador. Muitas cidades europeias, por exemplo, utilizam um indicador que mede a quantidade de habitantes que moram em um raio de 300 metros de
serviços básicos (saúde, escolas, lojas de alimentos e espaços
e estruturas para atividades culturais e de lazer). Victoria-Gasteiz, a capital verde da Europa em 2012, 99% das pessoas têm
acesso a esses serviços básicos nesse raio de 300 metros.
Cuidar da água é celebrar a vida.
A Itaipu Binacional agradece a todos os participantes, parceiros,
patrocinadores e apoiadores que contribuíram para o sucesso do
Encontro Cultivando Água Boa Rumo à Rio+20.
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ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
Janeiro 2012
REFERêNCIA
Governo gaúcho estuda adotar a metodologia do CAB
Aproximação se deu a partir de uma parceria com o programa Plantas Medicinais, da Itaipu, para a formulação da política de fitoterápicos do RS
O
governo do Rio Grande do Sul estuda aplicar a metodologia do Cultivando Água Boa na gestão de bacias hidrográficas e também deverá promover a geração de energia a
partir de dejetos da pecuária, a exemplo da Plataforma Itaipu
de Energias Renováveis. A parceria com o governo gaúcho
surgiu a partir da adoção de uma política de fitoterápicos inspirada no programa Plantas Medicinais da Itaipu.
“A Itaipu é uma referência em gestão ambiental”, disse
Jussara Cony, secretária estadual do Meio Ambiente, que participou do Encontro Cultivando Água Boa, nos dias 24 e 25,
em Foz do Iguaçu. Atualmente, o Plano Estadual de Recursos
Hídricos do RS está em fase de debates e elaboração. Ainda
conforme a secretária, um dos carros-chefe desta parceria é o
intercâmbio entre as duas instituições sobre fitoterápicos. “Os
exemplos sobre plantas medicinais mostrados neste Encontro
Friedrich apresenta o CAB ao governador Tarso Genro, durante o lan.çamento da política de fitoterápicos do RS (Foto: Caco Argemi/Palácio Piratini)
Jussara Cony: Itaipu é referência em gestão ambiental.
dão ideia do significado da fitoterapia no Sistema Único de
Saúde. É isso que desejamos levar para nosso Estado”.
No último mês de novembro, o diretor de Coordenação e
Meio Ambiente da Itaipu, Nelton Friedrich, apresentou o programa socioambiental ao governador gaúcho Tarso Genro. O
diretor fez uma exposição da metodologia do CAB (leia quadro abaixo).
Friedrich e o superintendente de Meio Ambiente, Jair
Kotz, estiveram com o governador do Rio Grande do Sul, durante a cerimônia do decreto que criou a comissão responsá-
vel pela política gaúcha de plantas medicinais, aprovada pela
Assembleia Legislativa em junho deste ano.
“Precisamos de desenvolvimento com sustentabilidade,
incentivando o uso da biodiversidade do Rio Grande do Sul
com inclusão social e apoio à cadeia produtiva”, disse Tarso
Genro. Em contrapartida, neste início de 2012, Genro enviará
um grupo multidisciplinar, com técnicos de diversas secretarias para conhecer de perto as ações do programa que serão
replicadas naquele Estado.
Como é a implantação do programa Cultivando Água Boa na prática em uma microbacia hidrográfica
O Cultivando Água Boa é um conjunto de diversos programas que, juntos, configuram uma estratégia para o enfrentamento das mudanças climáticas e dos demais desequilíbrios ambientais que vêm sendo provocados pelo homem.
Esses programas são interconectados de forma sistêmica e
holística, e foram criados a partir de documentos planetários como a Carta da Terra, o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis, a Agenda 21 e os Objetivos
do Milênio.
Uma das principais características do CAB está na participação comunitária. Tudo inicia a partir de um diálogo com
as comunidades, autoridades e lideranças de uma determinada localidade. O segundo passo é sensibilizar essas comunidades, com o suporte de ações de Educação Ambiental.
Nessa etapa, o programa é apresentado e a comunidade é
estimulada a adotar práticas ambientalmente corretas.
É então criado o Comitê Gestor da Microbacia, organismo reconhecido por lei municipal nos 29 municípios que
compõem a área de atuação do programa (a Bacia Hidrográfica do Paraná 3). O comitê é formado por representantes
dos diversos parceiros, governos municipal, estadual e federal, cooperativas, sindicatos, entidades sociais, universidades, escolas e agricultores.
As Oficinas de Futuro constituem um importante passo
no processo de sensibilização e mobilização das comunidades. É um processo de autodiagnóstico, planejamento e
pactuação de compromissos para a sustentabilidade. Baseado em princípios pedagógicos do educador Paulo Freire, as
oficinas têm como etapas o Muro das Lamentações (em
que a comunidade expõe seus descontentamentos e aponta
os problemas socioambientais da localidade), a Árvore da
Esperança (em que é estimulada a idealizar a situação desejada para a microbacia), o Caminho Adiante (em que são
Janeiro 2012
traçados os planos e as prioridades para sanar os passivos)
e o Pacto das Águas (assinado por todos os participantes
que assumem o compromisso de atuar na promoção da sustentabilidade).
Após a conclusão da oficina, com a assinatura do Pacto
das Águas, a Itaipu, a prefeitura e os demais parceiros assinam os convênios e outros instrumentos em que são estabelecidas as condições e as contrapartidas das partes para
viabilizar a execução das ações de correção dos passivos
ambientais. Antes da execução das ações, são realizados en-
contros entre os parceiros para que sejam feitos eventuais
ajustes referentes à participação de cada um.
Outra ação que compõe a estratégia de implantação
do programa é o Futuro no Presente, sensibilização que é
promovida durante e após a execução dos projetos, para
despertar o cuidado com o patrimônio natural que está sendo recuperado, enfatizando o papel do comitê gestor como
espaço legítimo para o planejamento, execução, monitoramento e proposição de ações para a melhoria contínua da
qualidade socioambiental das bacias hidrográficas.
Cerimônia de Pacto das Águas no município de Ramilândia.
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
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INTERCÂMBIO
Fiocruz e Itaipu firmam parceria em plantas medicinais
Fundação quer levar experiência para agricultores familiares de todo o País, contribuindo com a difusão da Política Nacional de Plantas
Medicinais e Fitoterápicos
A
Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e a Diretoria de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu firmaram uma parceria com a Itaipu para utilizar a metodologia do programa Cultivando Água Boa em outras regiões do País. O interesse da
Fundação surgiu a partir de uma apresentação feita pelo gestor
do programa Plantas Medicinais, Altevir Zardinello, realizada
27º Congresso do Conselho Nacional de Secretarias Municipais
de Saúde (Conasems), no último mês de julho.
Uma das atribuições da Fiocruz é contribuir com a difusão
da Política Nacional de Plantas Medicinais e Fitoterápicos.
“Identificamos aqui na Bacia do Paraná 3 uma plataforma tecnológica para o desenvolvimento de tecnologias sociais em
torno do cultivo de fitoterápicos e queremos levar essa experiência para outras localidades”, afirmou o vice-presiente da
Fiocruz, Valcler Rangel Fernandes. “São várias as ideias que
poderão vir a ser concretizadas nessa parceria. Uma delas é trabalhar com um consórcio de municípios e implantar
um selo de qualidade para os produtos da região”, completou
Fernades.
A parceria também conta com a participação do Ministério
do Desenvolvimento Agrário (MDA) e da Oscip Sustentec, que
já são parceiros da Itaipu nas ações do CAB junto à agricultura familiar. “Nosso interesse é desenvolver novos mecanismos
que aumentem a participação da agricultura familiar na política
de plantas medicinais do governo federal , a exemplo do que já
ocorre com a compra direta de alimentos orgânicos”, afirmou
Daniela Vasconcelos, coordenadora técnica de Plantas Medicinais do MDA.
“E nosso interesse não se restringe apenas às plantas medicinais. O Cultivando Água Boa é um case de sucesso que que-
Nosso interesse é
desenvolver novos mecanismos
que aumentem a participação
da agricultura familiar na
política de plantas medicinais
do governo federal
Seminário no Refúgio Bela Vista reuniu técnicos de todo o Brasil, em novembro
remos replicar com os agricultores familiares de todo o Brasil”,
completou Alberto Luiz Wanderley, consultor do MDA.
Um dos primeiros resultados práticos dessa parceria foi um
seminário que reuniu no Refúgio Biológico Bela Vista (na Itaipu)
cerca de 50 técnicos ligados à área de fitoterápicos, de diversas
regiões do Brasil. O objetivo foi discutir formas de unificar ações
nesta área.
A reunião resultou em um documento único, no qual constam
orientações para o uso de plantas medicinais em todos os estados
brasileiros. A carta foi remetida ao Comitê Nacional de Plantas
Medicinais, segundo Joseane Carvalho Costa, pesquisadora da
Fiocruz. O evento foi dividido em um fórum e oficinais.
Além do programa de Plantas Medicinais de Itaipu, foram
apresentadas experiências de comunidades amazônicas de Oriximiná (PA), da Botica da Família de Campinas (SP), do Centro
Nordestino de Medicina Popular e da Rede Pantanal, entre outras.
O programa
O programa Plantas Medicinais da Itaipu foi criado com o objetivo de resgatar o patrimônio natural da Tríplice Fronteira nesse
campo, difundir o emprego de fitoterápicos e os conhecimentos
sobre seu uso, e ainda oferecer uma alternativa de renda para agricultores orgânicos. Desde 2007, os cursos básicos e para profissionais já capacitaram mais de 7 mil pessoas e são realizados em
parceria com a Associação Centro Integrado de Educação Natureza e Saúde (Aciens).
A Itaipu conta com uma estrutura completa para secagem e
produção de fitoterápicos, anexa ao horto de 1,5 hectare. Ali é feita a coleta, limpeza, beneficiamento e controle de qualidade, além
da montagem de um kit com 18 tipos de plantas medicinais, que
servem para o tratamento das 10 doenças mais comuns da região.
Os kits são enviados a postos do Sistema Único de Saúde (SUS).
Dica:
o espinho que
cura
Valcler Fernandes (vice-presidente da Fiocruz): BP3 tem uma plataforma para tecnologias sociais
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ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
No Brasil, a Maytenus
ilicifolia é muito utilizada
na medicina popular. Você
já deve ter ouvido falar dela,
mas com outros nomes: espinheira-santa, cancerosa,
cancerosa-de-sete-espinhos
e maiteno. Da família celastraceae, possui 55 gêneros e
850 espécies espalhadas pelo mundo, e é uma das dezenas de espécies cultivadas no horto medicinal do Refúgio Biológico Bela Vista (RBV).
Além do poder digestivo, a espinheira-santa ainda
é cicatrizante, anti-inflamatória, analgésica, antisséptica, diurética e laxativa. Estudos mais específicos
descobriram, em 2004, que ela possui substâncias imunológicas, o que pode ajudar a explicar a melhora dos
quadros de câncer mediante sua aplicação.
No caso do tratamento de úlceras e gastrites, pode
ser aplicada de três formas: compressa, chá com as folhas ou decocto: técnica que utiliza cascas, caules, frutos
secos, raízes e sementes. Nesse caso, as plantas, picadas,
são fervidas por 5 a 10 minutos. A ingestão é contraindicada para gestantes e lactantes, pois reduz a produção
de leite.
É sempre bom lembrar: o consumo de remédios naturais também deve ser feito com orientação médica!
Janeiro 2012
PRODUÇÃO
Cooperativa vai incrementar
ganhos de agricultores familiares
Cooafas abrange municípios de Missal, Medianeira e Foz, e terá um ponto de venda permanente na Avenida das Cataratas
F
oz do Iguaçu acaba de ganhar uma nova cooperativa,
a primeira de agricultores familiares do município. A
Cooperativa da Agricultura Familiar e Solidária (Cooafas) realizou em 18 de outubro, no Centro de Artesanato de Foz, a sua primeira assembleia e elegeu
para presidente o agricultor Bladimir Lazzarini. Participaram da reunião representantes da Secretaria
Municipal de Agricultura, Emater, Itaipu, Biolabore
e o Centro de Apoio ao Pequeno Produto (Capa),
entre outras instituições.
Essa é mais uma iniciativa
apoiada pela Itaipu
no contexto do
Cultivando
Água
Boa e do programa Desenvolvimento Rural
Sustentável. Por meio da rede de assistência
técnica e extensão rural, e que abrange diversos parceiros como a Biolabore e a Capa, a
Itaipu já auxiliou na formação de diversas cooperativas, como a Cooperfam, de Marechal
Cândido Rondon, a Cooperativa Gran Lago,
de Pato Bragado, a Cooprafa, de Matelândia,
a Coopercam, que abrange agricultores em assentamentos, e a Coofamel, de Santa Helena.
Com a Cooafas, que nasce com 24 associados e abrange os municípios de Foz, Missal e
Medianeira, praticamente toda a Bacia Hidrográfica do Paraná
3 está coberta
por cooperativas
voltadas a agricultores de pequeno
porte e de caráter
familiar.
“É uma satisfação
muito grande participar
desse processo porque é uma
cooperativa que nasce da base,
por iniciativa dos próprios agricultores”, afirmou João Luiz Casagrande Breinack, da Divisão de
Bladimir Lazzarini: Cooperativa deverá ampliar
número de associados e diversificar produção
Ação Ambiental, e que representou a Diretoria
de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu na
reunião.
Segundo Lazzarini, nem todos os agricultores associados são orgânicos, mas a
cooperativa dará preferência a esse tipo de
produção. A Cooafas tem um ponto de venda
ao lado do Centro de Artesanato (na Avenida das Cataratas) e que funciona no horário
comercial, de segunda a sábado. Mas a principal vantagem comercial que os agricultores
terão com a criação da cooperativa é poder
aumentar as vendas para o município com a
compra direta.
“Como associação, tínhamos um limite
de até R$ 100 mil por chamada pública e de
R$ 9 mil por agricultor. Como cooperativa, o
limite individual permanece, mas não há uma
limitação para a venda total. Queremos ampliar o número de associados e diversificar
a produção”, explicou Lazzarini, lembrando
que o governo já sinalizou com a possibilidade de ampliar o limite de compra por agricultor dos R$ 9 mil atuais para R$ 20 mil por ano.
Para o secretário municipal da Agricultura, Eduardo Spada, a criação da Cooafas é
muito bem-vinda pois deverá incrementar a
participação local nas compras governamentais. “Além disso, queremos que este local
(o ponto de venda da cooperativa) seja uma
semente do mercado municipal de Foz”, garantiu.
PARCER IA
Ministério do Desenvolvimento Agrário e Itaipu avaliam
o programa Pronaf Sistêmico
Iniciativa beneficia 1.250 agricultores da Bacia do Paraná 3 (BP3), além de 70 projetos agroindustriais, 70 de turismo rural e um trabalho voltado a jovens
O
diretor de Financiamento e Proteção da
Produção Rural da Secretaria da Agricultura Familiar do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), João Luiz Guadagnin,
esteve em Foz do Iguaçu para avaliar os dois
primeiros anos da parceria com a Itaipu e a
Agência de Desenvolvimento Regional do Extremo Oeste do Paraná (Adeop).
Assinado em fevereiro de 2009, o convênio
previu desenvolver na região um projeto piloto do Programa Nacional de Fortalecimento
da Agricultura Familiar (Pronaf) Sistêmico.
Foram beneficiados 1.250 agricultores da
Bacia do Paraná 3 (BP3), além de 70 projetos agroindustriais, 70 de turismo rural e um
trabalho específico para a permanência do
jovem no campo.
João Luiz Guadagnin foi recebido pelo
diretor de Coordenação, Nelton Friedrich, e
gestores do Programa Cultivando Água Boa
(CAB). O diretor do MDA lembrou que a parceria com a Itaipu beneficiou não apenas os
agricultores da região, mas de todo o País,
com a adoção do aplicativo Siga Livre Sustentável, desenvolvido pela usina e pelo ministério.
“O Siga Livre está sendo usado hoje em
várias regiões do Brasil, permitindo o diagnóstico, o planejamento, o acompanhamento
da evolução da renda, da adequação ambiental da propriedade, além de dialogar com o
agente financeiro. Da máquina do técnico, se
encaminha a proposta de crédito diretamente
ao banco”, explicou Guadagnin.
Janeiro 2012
Na reunião, ministério informou que está buscando fórmulas de transição após o fim do convênio
“Estamos dando aos agricultores familiares uma ferramenta de gestão tanto das questões de geração de renda como de adequação
ambiental. Isso numa visão de microbacia. Então, por isso, ganhamos todos”, acrescentou.
Segundo o diretor do MDA, o papel da
Itaipu e a experiência desenvolvida na Bacia
do Paraná 3 estabeleceram novos parâmetros
para a atividade rural. “A Itaipu entendeu
que uma das prerrogativas para o agricultor
preservar ambientalmente é ter renda. Nosso
conceito é que, antes da adequação ambiental, a família precisa viver melhor. E, para viver melhor, é preciso ganhar mais. Então, os
interesses se somam”.
Guadagnin informou que o ministério está
buscando fórmulas de transição para que não
haja descontinuidade no trabalho após a con-
clusão do convênio. O objetivo, a médio prazo, é ampliar o número de famílias atendidas e
levar a metodologia do Siga Livre Sustentável
para regiões mais carentes e com dificuldade
de acesso à internet. “A ideia é construir um
sistema off-line, com um programa mais simples, para atender aos agricultores extremamente pobres”, antecipou.
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
21
INDÍGENAS
Itaipu entrega casas e anuncia construção de
novas moradias na comunidade Itamarã
Programa Sustentabilidade das Comunidades Indígenas beneficia mais de 1.100 pessoas em três localidades no Oeste Paranaense
A
Itaipu Binacional entregou no último mês de dezembro
as 26 casas erguidas pela hidrelétrica para atender as famílias da comunidade índígena Tekohã Itamarã, em Diamante
D’Oeste, no Paraná. Na solenidade, realizada na própria aldeia, o diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, anunciou a construção de outras 14 moradias e de uma casa de
reza no local, reivindicada pelos moradores. O processo de
licitação para a obra será lançado neste ano.
“Uma usina, depois de implantada, pode e deve ajudar o
desenvolvimento sustentável de sua região. É isso que fazemos aqui com o Programa de Sustentabilidade das Comunidades Indígenas”, afirmou Samek. “A Itaipu tem dado a sua
colaboração a essas comunidades e, agora, queremos servir
de referência e apontar caminhos para outras regiões. Provamos que estas parcerias dão certo”, completou.
Desde o começo da construção da usina, a Itaipu auxilia
comunidades indígenas que vivem na região da Bacia do Paraná 3. Hoje, são três aldeias assistidas pela empresa: Ocoy, com
250 hectares; Añetete, com 1.744 hectares; e Itamarã, com 242
hectares. São mais de 200 famílias totalizando cerca de 1.100
pessoas.
Hoje, o Itamarã abriga 37 famílias e 137 pessoas. Com o
anúncio da nova obra, todas terão moradia doada pela binacional. “Este dia ficará na nossa lembrança. Estamos muito
felizes”, disse o cacique Isário Vaz.
As casas que serão construídas devem manter o mesmo
padrão das moradias entregues às demais famílias por Itaipu.
Todas possuem três quartos, sala e cozinha conjugadas, banheiro interno em alvenaria, água, esgoto e energia elétrica. A
estrutura totaliza 55 metros quadrados de área construída. O
investimento na construção das 26 casas foi de R$ 1,1 milhão.
A obra foi feita pela empresa Golg Engenharia Ltda. Ao todo,
as construções somam 1.816 metros quadrados.
Para respeitar as tradições do povo guarani, cada residência recebeu uma área externa semicoberta para o “fogo
de chão”. A estrutura das casas foi toda feita com eucalipto
tratado. “Há um costume guarani de se mudar da casa quando morre algum morador. Por isso adotamos esta estrutura
As casas do Itamarã foram construídas com madeira de eucalipto tratado, uma opção sustentável e que respeita as tradições dos guarani
de madeira que pode ser desmontada e remontada”, explicou
o diretor de Coordenação e Meio Ambiente de Itaipu, Nelton
Friedrich.
Vida nova
Antes das novas moradias, as 26 famílias viviam em estruturas precárias, erguidas com ripas de madeira e telhado de
lona ou de palha. Desde outubro, quando as casas feitas por
Itaipu foram concluídas, os índios passaram a dar uma nova
destinação à estrutura antiga. Algumas foram destruídas; outras transformadas em galinheiro ou depósito.
“A vida sempre melhora um pouco aqui. E as casas ajudaram muito a gente. Quando chove, não entra mais água”, disse
Sabino Chamorro, morador do Itamarã. No caso de Sabino, a
melhora de vida veio em dose dupla: além da casa, ele também
ganhou trabalho com a construção da escola estadual da comunidade, onde atua como servente de pedreiro.
Reserva do Ocoy fortalece produção de alimentos
Conquista é resultado de ação conjunta da Itaipu, Pastoral da Criança e Agentes de Saúde Indígena
E
m oito anos, a reserva do Ocoy, localizada em São Miguel do Iguaçu (a 35 quilômetros de Foz do Iguaçu),
conseguiu zerar o número de crianças em risco nutricional.
Em 2003, 80% das crianças entre zero e cinco anos da aldeia
eram desnutridas. A desnutrição é considerada a principal
causa de morte entre índios nessa faixa etária na região da
fronteira.
O problema foi erradicado graças a um trabalho conjunto
desenvolvido entre a Itaipu, Pastoral da Criança e Agentes
de Saúde Indígena. A comunidade ganhou um Centro de
Nutrição, onde 230 crianças são acompanhadas. “Fazemos
o controle de peso dos índios todos os meses. Também cuidamos da vacina e conversamos com as mães”, explicou a
enfermeira responsável, Simone Penteado.
Agora, esse trabalho deverá ser ser replicado nas comunidades indígenas do Paraguai e da Argentina. Foi a conclusão a que chegaram integrantes da Comissão de Saúde Indígena do Grupo de Trabalho Itaipu-Saúde (GT Itaipu-Saúde),
após visitarem a reserva brasileira do Ocoy e a paraguaia
Acaray-mi, em Hernandárias.
Segundo Luciana Bueno Sartori, gestora do GT ItaipuSaúde, o colegiado desenvolve projetos que beneficiem a
Tríplice Fronteira. “Ao conhecer a realidade dessas aldeias,
a comissão conseguiu subsídios para apresentar propostas de trabalhos capazes de atender as comunidades dos
três países”, explicou. “Tínhamos conhecimento, mas nada
como conferir in loco”, completou José Carlos de Abreu, da
Secretaria Estadual da Saúde.
Aquicultura
Em quatro despescas, mais de sete toneladas
de peixes foram retiradas do lago
22
ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
Um dos projetos que vem auxiliando os indígenas na
melhoria de sua nutrição é o Mais Peixes em Nossas Águas.
Com as quatro despescas que ocorreram neste ano, a comunidade do Ocoy obteve cerca de 7 toneladas de peixe.
As despescas foram feitas em um total de 11 tanquesredes, nos dias 10 de março, 8 e 15 de abril e 10 de maio. A
próxima despesca só poderá ser promovida entre os meses
de dezembro deste ano e junho de 2012, em razão do período de desenvolvimento dos peixes. O trabalho é resultado
da produção assistida de peixes feita pela comunidade em
parceria com a Itaipu, por meio do Programa Cultivando
Água Boa.
Segundo Celso Buglione Neto, da Divisão de Reservatório da Itaipu, uma vez feita a despesca, os tanques recebem
outros alevinos. Os filhotes levam entre 10 e 12 meses para
se desenvolver.
Janeiro 2012
ECOPEDAGOGIA
CAB é referência em encontro sobre educação ambiental no RS
Na ocasião, foram lançadas duas obras que abordam o programa Cultivando Água Boa
D
e 3 a 5 de outubro, em Bento Gonçalves (RS), o Centro de Saberes e Cuidados Socioambientais da Bacia do Prata promoveu, em conjunto com a Câmara Técnica de Educação, Capacitação, Mobilização Social e Informação em Recursos Hídricos do
Conselho Nacional de Recursos Hídricos, o “Encontro Formativo Integrado em Educação Ambiental para a Gestão da Água”.
Durante do evento, foram lançadas duas obras que citam o
programa Cultivando Água Boa (CAB), da Itaipu. A primeira,
“Política de Águas e Educação Ambiental: processos dialógicos
e formativos no planejamento e gestão de Recursos Hídricos”,
traz reflexões sobre os desafios para a educação ambiental na
gestão hídrica.
O outro livro foi “Ciranda das águas: tecendo boas práticas
e apoio à ação local”, parceria do Ministério do Meio Ambiente, Instituto Ecoar e Itaipu Binacional. A obra integra uma série
que pretende identificar e valorizar as boas práticas de gestão
hídrica. A edição lançada em Bento Gonçalves foca o programa
Cultivando Água Boa.
Representando a Itaipu, participaram do evento o diretor de
Coordenação e Meio Ambiente, Nelton Friedrich, a gerente da
Divisão de Educação Ambiental, Silvana Vitorassi, e a gestora do
Programa de Educação Ambiental, Leila Alberton.
O encontro levou para a serra gaúcha representantes de três
ministérios (Meio Ambiente, Educação e Ciência, Tecnologia e
Inovação); da Câmara Técnica de Educação, Capacitação, Mobilização Social e informação em Recursos Hídricos do Conselho
Nacional de Recursos Hídricos; Fórum Nacional de Comitês de
Bacias Hidrográficas; Conselho Diretor do Centro de Saberes;
além do governo do Estado e do município de Bento Gonçalves.
Com o livro Ciranda da Águas, Nelton Friedrich, a secretária de Meio Ambiente do RS, Jussara Cony, o gerente de Políticas e Planejamento do
Centro de Saberes
participa de curso
na Argentina
Representantes brasileiros, paraguaios e argentinos do
Centro de Saberes e Cuidados Ambientais da Bacia do Prata
participaram nos dias 8, 9 e 10 de setembro do curso sobre
Economia Ecológica promovido pela Universidade Nacional do
Litoral, em Santa Fé, na Argentina.
O curso abordou temas como Economia ecológica e ambiental; Métodos de valoração de bens, serviços e qualidade
ambiental; Desenvolvimento Sustentável, Gestão ambiental e
políticas públicas; Enfoque energético e de fluxos de materiais
na economia.
Esta foi a segunda oportunidade no semestre passado do
Centro interagir com organizações e lideranças socioambientais na Argentina. A primeira foi em La Plata, nos dias 8 a 11
de agosto, quando foi realizado o 3º Congresso Internacional
sobre Mudanças Climáticas e Desenvolvimento Sustentável.
Na ocasião, o superintendente de Gestão Ambiental da
Itaipu, Jair Kotz, representando o diretor Nelton Friedrich,
fez uma palestra com o tema: “Aquecimento global e crise civilizatória: subsídios para repensar as mudanças climáticas a
partir do pensamento ambiental latino-americano”.
A Universidade Nacional de La Plata é responsável pela
criação da cúpula mundial sobre Mudanças Climáticas que,
ao final do evento, produziu a “Declaração de La Plata”, um
documento com diagnósticos e propostas que leva a assinatura
de mais de 100 cientistas que participaram do Congresso.
Formado por integrantes de governos, sociedade civil e
universidades dos cinco países da Bacia do Prata, o Centro de Saberes tem como missão contribuir com ações de
educação regional para responder aos desafios socioambientais globais, regionais e locais, em sintonia com documentos planetários, para construir um futuro sustentável
no território pratense.
Departamento de Recursos Hídricos do Ministério do Meio Ambiente, Franklin de Paula Júnior, e o prefeito de Bento Gonçalves, Roberto Lunelli
EM FILME
Documentários abordam as ações do CAB na Bacia do Paraná 3
Intitulada “Água”, essa série de programas é resultado de uma parceria entre a Itaipu Binacional e a Universidade Federal do Paraná
E
m 10 episódios, a série de documentários “Água” é o mais
completo registro nesse tipo de mídia sobre o programa socioambiental da Itaipu e seus parceiros. Cada programa aborda
diferentes aspectos do Cultivando Água Boa, desde a construção da usina e as características geográficas e culturais do Oeste
Paranaense, passando pelas técnicas de sensibilização e mobilização comunitária e chegando aos projetos propriamente ditos
– Jovem Jardineiro, Coleta Solidária, Plantas Medicinais, Agricultura Orgânica e outros.
O documentário teve apresentação em primeira mão para diversos atores do programa, que lotaram o auditório do Refúgio
Biológico Bela Vista, em Foz do Iguaçu. Também estiveram presentes os dirigentes das instituições que, em parceria, realizaram
o documentário: o diretor-geral da Itaipu, Jorge Samek; o diretor
de Coordenação, Nelton Friedrich; e o reitor da UFPR, Zaki Akel.
A série, produzida pela Vision Art e dirigida por Carlos Debiasi e Carlos Rocha, é composta por dez programas de televisão
com 25 minutos cada um. Foram mais de seis meses de produção, que renderam imagens belíssimas das cidades do Oeste Paranaense e um registro documental sobre as ações de preservação desenvolvidas pela Itaipu. O documentário foi ao ar na TV
UFPR e em todos os 47 canais universitários do Brasil através
da rede IFES, além de ficar disponível na internet, no Canal da
Itaipu Binacional no YouTube, no site do programa Cultivando
Água Boa e no site da TV UFPR. Algumas TVs abertas também
mostraram interesse de exibir os programas.
Após a exibição da primeira parte do episódio 1 do documentário, foi feita uma entrega simbólica dos filmes para a Itaipu.
“Boas práticas devem ser difundidas, e o programa Cultivando
Água Boa é um exemplo. Para a UFPR, é uma satisfação fazer
mais essa parceria tão positiva com a Itaipu”, disse o reitor Zaki
Akel.
Segundo Samek, o grande mérito do documentário é apresen-
Janeiro 2012
tar as ações do CAB de forma sistêmica. “Nesses documentários,
o programa é mostrado de forma isenta e completa, com seus
pontos positivos e com o que podemos melhorar. É um documento valioso”, disse. Nelton Friedrich concorda: “O documentário mostra que o CAB não é uma proposta; é um projeto concreto, que apresenta resultados reais”.
SERVIÇO —————————————-——-——-——-—
Assista aos documentários, disponíveis nos seguintes sites:
Canal Oficial da Itaipu no YouTube:
http://www.youtube.com/user/itaipubinacional
Site do Cultivando Água Boa:
www.cultivandoaguaboa.com.br
Site da TV UFPR:
Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
23
ENERGIAS RENOVÁVEIS
Itaipu e Embrapa firmam parceria em biogás
Ações darão sustentação ao Programa Agricultura de Baixo Carbono (ABC) do governo federal, que prevê a redução de 1 bilhão de toneladas de
gás carbônico até 2020
R
epresentantes da Assessoria de Energias Renováveis
da Itaipu, do Parque Tecnológico Itaipu (PTI) e da Diretoria de Transferência Tecnológica da Embrapa fecharam no início de outubro, em Foz do Iguaçu, uma parceria para tornar a região da Bacia do Paraná 3 referência
nacional em tecnologias e metodologias para redução de
gases do efeito estufa.
As ações darão sustentação ao Programa Agricultura
de Baixo Carbono (ABC) do governo federal, que prevê a
redução de até 39% dos gases responsáveis pelo aquecimento global até 2020, ou cerca de 1 bilhão de toneladas
equivalentes de gás carbônico.
Além disso, a Embrapa disseminará o uso energético
do biogás no Brasil, difundindo as experiências e tecnologias desenvolvidas pela Assessoria de Energias Renováveis por meio de 46 centros de pesquisa espalhados pelo
território nacional. As unidades de demonstração de geração distribuída com biogás devem se constituir em Unidades Tecnológicas de Referência (UTRS) da Embrapa.
O objetivo da parceria é estabelecer, a médio prazo,
um convênio de abrangência nacional. Pesquisadores de
distintas áreas da Embrapa devem se reunir no PTI para
compor os grupos de trabalho e participar das oficinas
de elaboração de projetos. Um comitê gestor deverá ser
nomeado com representantes das duas organizações, que
Reunião de técnicos da Embrapa com a Assessoria de Energias Renováveis da Itaipu e com o PTI
se unem para promover o desenvolvimento rural.
“Vamos identificar capacidades comuns para ações
estruturais em áreas como água, solo, clima, energia e ma do metano. Ações relacionadas à gestão das águas, à assinalou o superintendente de Energias Renováveis da
sistemas produtivos”, destacou o diretor de Transferên- administração territorial por georeferenciamento e à co- Itaipu, Cícero Bley Júnior.
cia Tecnológica a Embramunicação popular para informar as
Após a visita ao Condomínio de Agroenergia para a
pa, Waldyr Stumpf Júnior.
comunidades também serão desen- Agricultura Familiar do Ajuricaba, localizado em MareO esforço de inovação e
As ações darão sustentação ao
volvidas.
chal Cândido Rondon, Waldyr Stumpf Júnior salientou a
pesquisa será realizado
importância do projeto e a replicabilidade das tecnologias
Programa Agricultura de Baixo
principalmente na área
ali aplicadas, como o biodigestor de pequena vazão, o gaAplicações
Carbono (ABC) do governo federal,
de um milhão de hectares
soduto rural, o motor para a geração de energia elétrica e
A falta de madeira na região oes- o secador de grãos a biogás. “Vamos levar este modelo e
que configura a Bacia do
que prevê a redução de até 39% dos
te do Paraná e em várias regiões do experiência para outras regiões do Brasil, possibilitando
Paraná 3. A primeira leva
gases responsáveis pelo aquecimento Brasil para secagem de grãos é um ao produtor rural mais uma renda em sua atividade. O biode projetos será focada
problema que afeta o desenvolvi- gás poderá ser considerado um produto do setor rural”,
na conservação de solos,
global até 2020
mento do agronegócio e de comuni- destacou.
visando a qualidade do
dades rurais. O problema do “apagão
plantio direto e a fixação
A Embrapa conta hoje com 2.400 pesquisadores, disflorestal” poderia ter uma solução tribuídos em 47 unidades que atuam como centros de
de nitrogênio. Além disso,
serão potencializadas a geração de energia a partir da bio- justamente no uso do biogás para substituir a lenha, ou serviços e seus 1.200 projetos se desdobram em milhares
massa florestal e a utilização de sedimentos e efluentes em plantar florestas especificamente com o objetivo de de ações de pesquisa. As ações de maiores impactos são
gerar energia. “Com esta parceria, a Embrapa passa a ter expostas em 25 vitrines tecnológicas localizadas em disorgânicos para produção de biogás.
Outros temas de interesse estão relacionados à ener- uma importantíssima conexão com o setor elétrico, o que tintos pontos do território brasileiro. Uma nova vitrine
gia com microalgas, produção de proteína nas águas e à é vital para o desenvolvimento rural do País. Muitas opor- poderá ser desenvolvida na Bacia do Paraná 3.
obtenção do hidrogênio no meio rural a partir da refor- tunidades poderão ser criadas a partir deste convênio”,
Condomínio Ajuricaba está 90% pronto
O Condomínio de Agroenergia para Agricultura Familiar da
Microbacia do Rio Ajuricaba está 90% pronto e deverá ser entregue no primeiro trimestre de 2012. O projeto é desenvolvido
pela Itaipu desde agosto de 2009, em parceria com o Instituto
Paranaense de Assistência Técnica e Extensão Rural (EmaterPR), Companhia Paranaense de Energia (Copel) Prefeitura
Municipal de Marechal Cândido Rondon, Embrapa, Movimento
Nacional dos Pequenos Agricultores (MPA), Instituto de Tecnologia Aplicada e Inovação (ITAI) e a Fundação Parque Tecnológico Itaipu (FPTI).
O objetivo do projeto é implantar uma referência concreta
para a agroenergia na agricultura familiar e desenvolver os
critérios para sua sustentação econômica, ambiental, social
e energética. O projeto já concluiu a instalação de 34 biodigestores e 22 km de gasodutos ligados a uma microcentral
termelétrica, que devem garantir uma renda de cerca de R$
270 mil anuais aos produtores rurais com a produção de energia térmica, elétrica e veicular, além de biofertilizantes. O que
falta para concluir o projeto é a adequação de 10 das 34 propriedades contempladas.
O projeto consiste basicamente em aproveitar o biogás
resultante da decomposição da matéria orgânica em um biodigestor (processo chamado de biodigestão anaeróbica). O
biogás, por sua vez, é canalizado para um motogerador, capaz
24
ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
Pedro Köhler explica o funcionamento dos biodigestores do Condomínio Ajuricaba
de prover energia para as propriedades rurais ou alimentar a
rede pública de eletricidade. Após passar pelo processo de biodigestão, a matéria orgânica é transformada em biofertilizante de alta qualidade, que pode ser aplicado em pastagens ou
outras culturas, incrementando ainda mais o grau de sustentabilidade do sistema produtivo. A princípio, 70% da energia
gerada deverão ser utilizadas nas propriedades e 30% vendidos
para a Copel.
Janeiro 2012
INTERNACIONAL
Itaipu leva experiência em sustentabilidade à ONU
Organização mundial quer levar energia renovável e não poluente a todos, até 2030
O
diretor-geral brasileiro de Itaipu, Jorge Samek, e o presidente da Eletrobras, José da Costa Carvalho Neto,
participam em setembro, em Nova Iorque, do Fórum do Setor Privado 2011, promovido pela Organização das Nações
Unidas (ONU) e Pacto Global. O fórum foi presidido pelo
secretário-geral Ban Ki-Moon e reuniu mais de 300 lideranças do setor elétrico mundial, entre representantes de governos e empresários.
O objetivo do encontro foi formular estratégias visando
à universalização dos serviços de eletricidade, aliada ao aumento da participação de fontes renováveis de energia na
matriz energética mundial. O fórum foi antecedido de duas
reunião preparatórias – com o grupo técnico e com o grupo
de alto nível (presidentes de empresas, ministros e outras
autoridades) – para começar o detalhamento das propostas.
O secretário-geral Ban Ki-Moon antecipou aos participantes do debate o pronunciamento que faria dois dias
depois, na Assembleia Geral, que foi aberta pela primeira
vez por uma mulher, a presidenta do Brasil Dilma Rousseff.
“Precisamos colocar a energia como um dos temas do topo
da agenda internacional”, afirmou o secretário-geral.
Rio+20
A formulação das estratégias para universalizar os serviços de eletricidade também faz parte de uma série de
encontros preparatórios para a Conferência Rio+20, que
a ONU irá promover no Rio de Janeiro em junho de 2012.
O objetivo da ONU é, até 2030, assegurar acesso universal
a serviços de energia modernos; melhorar a eficiência da
energia global em 40% e aumentar a participação de fontes
renováveis na matriz mundial para 30% (a média dos países
da OCDE – Organização para Cooperação Econômica e Desenvolvimento – é de apenas 6%).
Carvalho Neto colocou à disposição da ONU a experiência brasileira com energia limpa e com a universalização
dos serviços de eletricidade. O Brasil se destaca nesse contexto pela forte participação de fontes renováveis, que é de
quase 50% quando considerados os combustíveis e os serviços de eletricidade e de cerca de 80% quando considerada
apenas a produção de energia elétrica.
Esse balanço continuará sendo favorável para
o País, que tem a necessidade de acrescentar
7 mil MW ao ano ao seu parque gerador até 2020 para fazer frente ao crescimento populacional estimado para o
período. “E isso mantendo a hidreletricidade como espinha
dorsal do sistema e com a participação crescente de outras
fontes renováveis, especialmente a eólica e a biomassa”,
afirmou Carvalho Neto.
O executivo também fez uma defesa da hidreletricidade
na Amazônia, em debate com autoridades internacionais,
mostrando o avanço das tecnologias, as boas práticas socioambientais, o intenso processo de negociação e as formas
de mitigação dos novos projetos.
Muitos dos participantes do debate apontaram o Brasil
como um exemplo positivo no combate à miséria e na promoção do acesso aos serviços de eletricidade. E os repre-
sentantes brasileiros foram questionados sobre a aplicação
na prática dessas políticas. Para o diretor-geral brasileiro
da Itaipu, a questão da universalização da energia passa
pela distribuição de renda. “Não há como resolver apenas
a questão do acesso a esses serviços. É preciso ter um ambiente favorável para o crescimento econômico, aliado à
distribuição de renda e à boa governança”, afirmou Jorge
Samek, que apresentou na reunião preparatória o programa
Cultivando Água Boa (CAB).
O presidente da Eletrobras, por sua vez, afirmou que “é
extremante positivo que a ONU tenha colocado a energia
no centro do debate global da busca pela sustentabilidade”.
Carvalho Neto disse ainda que “isso também sinaliza a importância que o sistema Eletrobras terá na Rio+20”.
O evento em Nova Iorque contou com a participação do
ex-governador da Califórnia (EUA), Arnold Schwarzenegger, que apresentou a experiência do seu governo na promoção de energias renováveis e na melhoria da eficiência
energética, com projetos realizados em parcerias públicoprivadas. “O setor privado foi essencial para o sucesso
desses projetos que hoje fazem parte dos programas da administração Obama, mostrando como iniciativas regionais
podem influenciar políticas nacionais”, afirmou.
Com o programa Luz para Todos, criado pelo governo
federal em 2003, o País ampliou a oferta dos serviços de
eletricidade para 13,9 milhões de brasileiros (até junho de
2011). Em julho, a presidenta Dilma Rousseff prorrogou a
execução do programa para até 2014. Porém, a inciativa,
antes voltada para a eletrificação de áreas rurais, agora vai
focar populações que estão isoladas do setor elétrico brasileiro, como quilombolas, comunidades indígenas, assentamentos, entre outras.
Samek e Costa Neto na sede das Nações Unidas
Costa Neto com autoridades internacionais
Itaipu, Eletrobras e Unido firmam acordo para
promover o “Dia da Energia”
A Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento Industrial (Unido), a Eletrobras e a Itaipu Binacional firmaram uma parceria, em Nova Iorque, para a realização do “Dia da Energia”, uma série
de palestras aliada à exibição de novas tecnologias
para o aproveitamento de fontes renováveis de energia. O evento ocorrerá paralelamente à programação
da Conferência Rio+20, em junho de 2012.
Em reunião com o diretor-geral da Unido, Kandeh Yumkella, o presidente da Eletrobras, José da
Costa Carvalho Neto, e o diretor-geral brasileiro da
Itaipu, Jorge Samek, se colocaram à disposição da
organização internacional para a realização desse
evento, cuja programação estava prevista para ser
fechada até o final de 2011.
A reunião também serviu para organizar uma
visita de cinco ministros de energia da África (Angola, Congo, África do Sul, Namíbia e Zâmbia) à
Itaipu. Eles estão interessados em promover o
aproveitamento hidráulico do Rio Congo e querem
conhecer a experiência brasileira e paraguaia no
aproveitamento do Rio Paraná e na promoção de
ações de responsabilidade socioambiental no entorno do empreendimento.
Schwarzenegger: parceria público-privada
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Jornal Cultivando Água Boa | ITAIPU BINACIONAL
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INTERNACIONAL
Com apoio da Itaipu, Yacyretá lança programa similar ao CAB
Cerimônia de lançamento contou com a presença de mais de 1.400 pessoas e autoridades da Argentina e do Paraguai
A
Entidade Binacional Yacyretá – hidrelétrica construída em
sociedade por Paraguai e Argentina – promoveu em março
o lançamento do Programa Cultivando Y Porã, no Centro de
Convenções e Eventos Olmi, em Encarnación (Paraguai). Cerca de 1.400 pessoas compareceram ao evento. O programa utiliza a metodologia, princípios e ações do Programa Cultivando
Água Boa, de outra binacional, a Itaipu.
Participaram do lançamento o ex-diretor-geral da Itaipu,
Gustavo Codas (Paraguai) e o atual, Jorge Samek (Brasil); os
diretores de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu, Pedro
Mancuello e Nelton Friedrich; o diretor paraguaio de Yacyretá,
Fulgêncio Rodrigues; o presidente da Conferência dos Bispos
do Paraguai, Dom Ignacio Gogorza; e o prefeito de Encarnación, Juán Schmalko, entre outras autoridades.
“Sou agricultor. Por isso, sei que quando se cultiva, se obtém frutos. Sabemos que o Cultivando Água Boa deu muitos
bons frutos na área da Itaipu e que, aqui, também será assim.
O Cultivando Y Porã terá todo o nosso apoio”, afirmou o governador da província de Itapúa (Paraguai), Juan Eudes Afara
Maciel.
O representante da Igreja Católica também elogiou e se
comprometeu a apoiar a iniciativa. “É muito bom ver uma ideia
como essa ser posta em prática. Ela dá um rosto humano às
ações de Yacyretá. Somos uma instituição que defende a vida.
E cuidar da água é defender a vida”, afirmou o bispo Gogorza.
Parceria
Itaipu e Yacyretá já cooperavam em algumas iniciativas ambientais como, por exemplo, no monitoramento de espécies de
peixes migratórios do Rio Paraná. O relacionamento entre as
duas usinas binacionais se estreitou em agosto de 2010, com
a assinatura de um convênio de cooperação técnica. Desde
então, técnicos das duas empresas vêm promovendo diversos
encontros de capacitação e troca de experiências.
“Com o Cultivando Y Porã, Yacyretá está dando mil passos
em suas ações de responsabilidade socioambiental. Só que
Itaipu nos ajudou dando os primeiros 999”, afirmou o diretor
de Yacyretá, Fulgêncio Rodrigues. “Itaipu e Yacyretá estão demonstrando que empresas do setor elétrico podem ser muito
mais do que meras geradoras de energia para se converterem
em verdadeiras promotoras do desenvolvimento regional”,
completou Jorge Samek.
O programa de Yacyretá será implantado nos mesmos
moldes do Cultivando Água Boa. Conforme explica Maurício
Perayre Henrik, coordenador binacional de Meio Ambiente
de Yacyretá, já foram escolhidas algumas microbacias para
serem trabalhadas prioritariamente, na área de influência da
usina. São elas: Coamboy Kae, Quiteria e Pirapó, na margem
paraguaia, e Santa Ana, Profundidad e Zaimán, na margem argentina.
A elas somam-se os bordes costeiros do reservatório. Uma
das principais diferenças entre os empreendimentos é que Itaipu afetou quase que somente áreas agrícolas para a formação
de seu reservatório, enquanto Yacyretá tem diversas áreas urbanas à beira do lago. “Por isso, além de ações como as do Cultivando Água Boa, como agricultura orgânica, educação ambiental e gestão por bacias hidrográficas, teremos também um
programa chamado Cidades Sustentáveis, para cuidar especificamente desses passivos em áreas urbanas”, explicou Henrik.
Segundo o coordenador da binacional, a expectativa das comunidades que serão beneficiadas pelo programa é a melhor
Presidente paraguaio Fernando Lugo, na primeira microbacia com ações
do Cultivando Y Porã
possível. “As pessoas veem com muito bons olhos os resultados do Cultivando Água Boa. Esperávamos que, nos primeiros
contatos, iríamos receber só reclamações sobre os passivos ambientais de Yacyretá, mas a única crítica que ouvimos foi: ‘por
que vocês não começaram isso antes?’”, acrescentou.
Para o diretor de Coordenação e Meio Ambiente da Itaipu,
Nelton Friedrich, o lançamento de um programa como o Cultivando Y Porã é um sinal do momento positivo nas relações
entre os países do Cone Sul. “É um integração socioambiental
que gerará inúmeros frutos para essas comunidades que vivem
na região de fronteira, e também para o meio ambiente. As
duas binacionais podem, inclusive, contribuir para a formação
de um grande corredor de biodiversidade trinacional, ao longo
da bacia hidrográfica do Paraná”, afirmou Nelton, que fez uma
palestra sobre as ações e resultados do Cultivando Água Boa.
O evento contou ainda com apresentações de grupos folclóricos e de crianças, que reforçaram o compromisso de cuidar do
meio ambiente no primeiro Pacto das Águas celebrado no Cultivando Y Porã. A expectativa agora é formar os comitês gestores
com a participação da sociedade civil e demais atores presentes
em cada microbacia selecionada.
Público no lançamento do programa de Yacyretá
Henrik: programa já selecionou microbacias prioritárias
Visita de Yacyretá encerra com avaliações positivas
Dando prosseguimento à parceria
entre as duas binacionais, representantes de Yacyretá estiveram na Bacia do
Paraná 3 em junho, para conhecer mais
a fundo as ações do CAB. O superintendente de Gestão Ambiental da Itaipu,
Jair Kotz, falou sobre como as ações são concebidas e como sua
execução é acompanhada dentro do planejamento estratégico
da empresa. As coordenadoras Leila de Fátima Alberton (Educação Ambiental) e Marlene Curtis (Comunidades Indígenas)
também apresentaram seus programas. O encontro encerrou
com um depoimento da catadora Viviane Mertig sobre o Coleta
Solidária.
Ao longo de três dias, eles tiveram a oportunidade de conhecer
também o Condomínio de Agroenergia da Agricultura Familiar da
Microbacia do Ajuricaba, a comunidade indígena Tekohá Ocoy,
Canal da Piracema, Parque Tecnológico Itaipu, Centro Avançado
de Pesquisa (CAP), em Santa Helena, Unidade de Extrato Seco
de Pato Bragado, Corredor de Biodiversidade Santa Maria e uma
microbacia recuperada em Santa Terezinha do Itaipu.
“A imprensão que fica é muito positiva. Para nós de Yacyretá,
que até pouco tempo atrás estávamos focados na construção da
usina, a preocupação socioambiental significa um novo desafio. E
o Cultivando Y Porã vai institucionalizar e criar um espaço para
esse tipo de ação aconteça”, afirmou Horacio Caballero Verón, da
assessoria jurídica da YB.
“Estamos muito motivados para encarar esse desafio, que é
muito mais do que proteger as águas. É também lutar pela paz,
pela justiça e o bem-estar das comunidades”, completou Mariteu
Ocampos, responsável pela área de relações públicas e imprensa
de Yacyretá.
Conforme explica o coordenador paraguaio do Cultivando Y
Porã, Cristino Peralta, a ideia da empresa foi trazer profissionais
de diversas áreas e não apenas técnicos em meio ambiente. “O
programa exige o compromisso de todos como equipe”, disse.
Grupo da binacional argentino-paraguaia reuniu profissionais de diversos perfis
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ITAIPU BINACIONAL | Jornal Cultivando Água Boa
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BIODIVERSIDADE
Nascimento de antas gêmeas no Refúgio Bela Vista surpreende pesquisadores
Caso não tem paralelo na área e interessa a pesquisadores que lidam com a espécie em todo o País
V
eterinários, biólogos e tratadores do Refúgio Biológico
Bela Vista (RBV) tiveram uma grande surpresa no final
do mês de julho. Zefa, uma das antas (Tapirus terrestris)
do plantel do RBV, teve filhotes gêmeos – algo que, de tão
raro, não encontra paralelo nas pesquisas dos profissionais
do local. “É o primeiro caso de que temos conhecimento”,
ressalta o biólogo Marcos de Oliveira, da Divisão de Áreas
Protegidas. “E até onde a gente sabe é a primeira vez que
acontece, pelo menos no Brasil”.
Para sanar a dúvida, a equipe do RBV procurou ajuda
externa e consultou o veterinário Paulo Mangini, pesquisador
da vida selvagem e integrante do Grupo de Especialistas em
Antas (Tapir Specialist Group), organização internacional
formada por defensores da preservação desse animal. O veredito: “Não há registro conhecido de gestação gemelar em antas”, disse. “Vocês deveriam escrever uma nota científica para
relatar este caso”, sugeriu Mangini aos profissionais da Itaipu.
Cuidados
Um dos pequenos é macho; o outro, fêmea. O casal segue em período de amamentação, que dura em torno de dez
meses, aliada à ingestão de alimentos sólidos, iniciada na
segunda semana de vida. São cerca de cinco mamadas por
dia. O macho pesou, no primeiro dia, 8,7 quilos; a fêmea,
7,6.
Os filhotes ainda não ganharam nomes e devem acompanhar a mãe por aproximadamente um ano. Um pouco
mais fraca que o irmão, a fêmea eventualmente precisa se
separar da família para receber os cuidados da equipe do
Hospital Veterinário do RBV. “Mas ela já está melhor”, afirma Oliveira.
Segundo o biólogo, a literatura disponível não apresenta informações conclusivas sobre a longevidade do animal.
“Mas tivemos a experiência do Raíto, anta que viveu no
RBV até os 25 anos”.
Família de antas no Refúgio Bela Vista: cuidados especiais
Surpresa
Zefa tem três anos e chegou ao RBV ainda jovem. Quando
atingiu a maturidade sexual, por volta dos dois anos, conheceu
Pimpolho – seu parceiro, que já tem 20 anos de idade. Logo em
seguida, teve uma cria. Depois do desmame, veio outra – a dos
gêmeos. “Foi uma grande surpresa”, diz Oliveira. “Não esperávamos dois filhotes”.
Reproduções em cativeiro bem-sucedidas têm se tornado
uma marca do trabalho dos profissionais do RBV – resulta-
do de muita pesquisa, observação e cuidado com os animais
abrigados no local. A prioridade é dada a espécies ameaçadas,
como o cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus), a harpia
(Harpia harpyja) e a jaguatirica (Leopardus pardalis), entre
outras. “Quando tudo vai bem, com um bom abrigo, manejo,
alimentação, enfim, com os devidos cuidados, os animais respondem bem”, afirma Oliveira. “Tudo isso faz diferença, e a
reprodução é reflexo disso”.
Técnicos da Itaipu identificam duas novas espécies de
peixe no Canal da Piracema: um bagre e um cascudinho
Com a identificação, o número de espécies computadas no local aumentou para 155
O Trachelyopterus, nova espécie de bagre descoberta no Canal da Piracema
U
ma nova espécie de peixe – um bagre conhecido
como cangati e que leva o nome científico de Trachelyopterus sp. – foi identificada nas águas do Canal
da Piracema por técnicos da Divisão de Reservatório da
Itaipu. Com a identificação, o número de espécies computadas no local aumentou para 155 (e deverá aumentar
ainda mais, pois outras três descobertas deverão ser confirmadas em breve).
A coleta do peixe ocorreu na semana de 8 a 11 de
agosto, seguindo um monitoramento da ictiofauna que
teve início em 2004. Juntamente com o bagre, foi encon-
Janeiro 2012
O cascudinho Otocinclus vittatus, indicador de boa qualidade ambiental
trado também um pequeno cascudo (Otocinclus vittatus),
que atesta a qualidade ambiental do canal construído para a
passagem de peixes migratórios, conectando o Rio Paraná,
abaixo da barragem, com o reservatório da Itaipu.
“Essa espécie não ultrapassa os 4 cm de comprimento
e vive junto à vegetação, nas margens. Quando existe contaminação da água, esse cascudinho está entre as primeiras
espécies a desaparecerem”, explica André Luiz Watanabe.
Segundo ele, o conhecimento sobre a biodiversidade e
as condições ambientais do Canal têm aumentado graças
ao emprego de técnicas de captura mais eficientes. “Utiliza-
mos a pesca elétrica, que atordoa e permite a captura de
peixes pequenos, como é o caso desse cascudinho, que
não poderia ser obtido com uma rede, por exemplo”, afirma Watanabe.
A identificação dos peixes é feita pelo taxonomista
José Francisco Pezzi, da PUC-RS. O processo é conhecido
como taxonomia clássica: são apuradas as características
morfológicas do peixe (números de escamas, formato das
nadadeiras, número de dentes etc) o que permite afirmar
qual a espécie em questão.
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R ECON H ECI M ENTO
Itaipu ganha Americas Award pelo Programa
Cultivando Água Boa
Programa também foi reconhecido pelos prêmios Benchmarking Ambiental Brasileiro 2011, 5 de Junho e Chico Mendes
E
m 2011, o programa Cultivando Água Boa acrescentou quatro importantes premiações a sua já extensa
coleção de distinções: o Americas Award 2011 (concedido
pelo Instituto das Nações Unidas para o Treinamento e Pesquisa - Unitar, em parceria com o Centro Internacional de
Formação de Atores Locais para a América Latina – Cifal;
o primeiro lugar no Ranking Benchmarking dos Detentores
das Melhores Práticas de Sustentabilidade do País; o prêmio 5 de Junho, do Instituto de Negócios Públicos do Brasil; e o Prêmio Socioambiental
Chico Mendes, do instituto que leva o nome
do famoso ambientalista.
No Americas Award, o CAB foi escolhido
pelos resultados positivos do programa em
termos de preservação e proteção. A gestão
integrada da água e a redução de poluentes,
promovidas pelo CAB, foram decisivas para a
escolha dos jurados, segundo a Unitar. A cerimônia de entrega ocorreu no dia 6 de outubro,
durante jantar oficial do 5º Americas Competitiveness Forum, em Santo Domingo, República Dominicana.
O American Award (foto) é um dos mais
importantes já recebidos pelo Programa Cultivando Água Boa. Ele reconhece programas públicos e oficiais nas Américas que tenham contribuído para o desenvolvimento econômico e social. A premiação está presente
em cada uma das áreas de ação dos Objetivos do Desenvolvimento do Milênio.
“Com esta indicação vencedora, o Cifal faz uma justa
homenagem a uma organização brasileira que incentiva e
promove práticas concretas para o desenvolvimento sustentável”, afirmou em carta o presidente do comitê gestor
do Cifal Curitiba e presidente da Federação das Indústrias
do Estado do Paraná (Fiep), Rodrigo da Rocha Loures.
Benchmarking
Pela segunda vez em quatro anos, Itaipu foi a grande
vencedora do Ranking Benchmarking dos Detentores das
Melhores Práticas de Sustentabilidade do País. A empresa
concorreu com o case “Gestão para a sustentabilidade no
espaço rural”, uma das ações do CAB. A premiação ocorreu
dentro da programação da 4 FIBoPS – Intercâmbio Internacional Pró-Sustentabilidade.
“É o principal prêmio da área ambiental do Brasil, que
chegou neste ano à sua 9ª edição. Concorremos com grandes organizações, com grandes empresas, e o resultado é
uma satisfação e um reconhecimento enorme”, comemorou
João José Passini, gestor do programa vencedor. Em 2007, Itaipu também chegou ao topo
do ranking com o case do CAB; e, em 2009,
ficou na terceira colocação com o programa
Educação Ambiental.
Neste ano, Itaipu superou a AmBev, que
ficou em segundo lugar com o case “Banco
Água”, e a Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba), em terceiro com o case
“Projeto vale luz”. Foram mais de 60 trabalhos
inscritos e 28 ranqueados. Entre as empresas
participantes, nomes importantes, como Embratel, Fundo Vale, Wall-Mart, Pepsico, Copel
e Klabin.
A ação apresentada no Benchmarking beneficia hoje cerca de mil agricultores de 29
municípios da Bacia do Paraná 3, em diversas frentes como:
agricultura orgânica, agricultura familiar, diversificação
de culturas, turismo regional e agroindústria, entre outras
ações. Os agricultores estão organizados em 22 associações
de produtores orgânicos e obtêm renda praticando uma atividade que preserva o solo e os recursos naturais.
5 de Junho
Neste ano, a Itaipu também foi reconhecida com o Prêmio 5 de Junho, promovido pelo Instituto Negócios Públicos
do Brasil. O CAB venceu na categoria Manejo de Recursos
Naturais, como melhor projeto de preservação da biodiversidade e dos ecossistemas (recursos hídricos, fauna e flora).
Além de receber o troféu, Itaipu entrou para o anuário do
prêmio com a descrição do case Cultivando Água Boa, juntamente com as demais instituições premiadas.
Chico Mendes
Pelo segundo ano consecutivo, ações socioambientais
do programa Cultivando Água Boa, da Itaipu Binacional,
foram reconhecidas com o Prêmio Socioambiental Chico
Mendes. A premiação ocorreu no último dia 6, em São Paulo, e reuniu autoridades de 57 organizações de todo o País,
que foram premiadas pelo Instituto Chico Mendes nesta edição de 2011.
Segundo os organizadores, o objetivo principal do prêmio é valorizar ações voltadas ao desenvolvimento sustentável, por intermédio da promoção humana e da conservação ambiental. Nesse sentido, o Prêmio Socioambiental
Chico Mendes destaca ações de gestão pública e privada,
homenageando empresas e personalidades brasileiras que
desenvolvem os melhores cases socioambientais, além de
divulgar essas práticas.
Compartilhamento
Na avaliação do diretor-geral brasileiro da Itaipu, Jorge
Samek, esses reconhecimentos são fundamentais para ampliar a visibilidade do projeto e, com isso, permitir que ele
seja adotado por outras instituições.
“O mais interessante nesta experiência é a visibilidade
que ela nos dá para compartilharmos e replicarmos o que
fazemos aqui. Em todos os casos, mostramos a metodologia
e os resultados concretos do programa. Eles passam a ser
vistos e incentivam outras instituições a terem as mesmas
iniciativas”, avaliou o diretor. “Assim contribuímos não só
localmente, mas para todo um ambiente melhor”.
Para o diretor Nelton Friedrich, essas premiações constituem “um atestado muito expressivo do trabalho que vem
sendo feito, do acerto das decisões, do conceito e da metodologia”. “São as parcerias que realmente dão força e grandeza ao trabalho. Isso tudo está acontecendo porque temos
muito apoio e há uma grande participação comunitária. São
milhares de protagonistas”, ressaltou o diretor da Itaipu.
No total, 28 cases de todo o País foram ranqueados - e Itaipu ficou na primeira colocação.
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