a implantação da educação de nível superior no centro federal de

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a implantação da educação de nível superior no centro federal de
VII ENCONTRO ENSINO EM ENGENHARIA
PROGRAMA
COOPERATIVO
A IMPLANTAÇÃO DA EDUCAÇÃO DE NÍVEL SUPERIOR NO CENTRO FEDERAL
DE EDUCAÇÃO TECNOLÓGICA DE CAMPOS.
Miriam Fernandes Xavier Dias - [email protected]
Engenheira Eletricista; Mestre em Engenharia de Produção – UENF; Prof a. do Centro Federal de Educação
Tecnológica de Campos – CEFET Campos; Coordenadora dos Cursos Superiores de Tecnologia do CEFET
Campos;
Resumo: O foco deste trabalho é o ensino de nível superior especialmente os oferecidos pelo Centro
Federal de Educação Tecnológica de Campos. O relato destaca a posição do mercado de trabalho
atual, suas exigências quanto a qualificação dos profissionais e suas necessidades de atualização e
qualificação.
Palavras-chaves: Ensino de nível superior, Tecnólogo.
1 – INTRODUÇÃO
A educação profissional no Brasil, desde sua origem, sempre foi reservada às camadas menos
favorecidas da população, evidenciando as diferenças entre os que produziam o saber – atividades de
natureza intelectual - e os que eram limitados à execução de tarefas manuais – atividades de natureza
repetitiva, mecânica, com esforço físico.
O Centro Federal de Educação Tecnológica de Campos – CEFET Campos – tratando-se de uma
instituição de quase um século, teve seu início marcado pela formação de artífices, posteriormente passou
a formar técnicos e, desde o segundo semestre de 1998, oferece os Cursos Superiores de Tecnologia.
As mudanças que ocorrem no mundo, notadamente os avanços tecnológicos, provocam impactos
nas instituições e na sociedade. A aplicação de novas tecnologias em geral promove a alteração de
hábitos, valores e tradições e são fruto de opção do setor produtivo sem o aval da sociedade. A opção do
setor produtivo se dá pela busca da maior competitividade, imposta pela globalização e a sociedade é
afetada profundamente e de forma muito rápida.
2 – CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA
A produção expandiu-se a partir de técnicas empíricas, facilmente compreendidas e dominadas. O
surgimento de tecnologias provocou o surgimento de um número crescente de trabalhadores com
necessidade de habilidades que vão além da bagagem profissional específica, e deste modo diversos
setores produtivos passam a exigir maior qualificação de seus profissionais.
A rapidez com que os avanços tecnológicos ocorrem, aliada a má formação escolar e à
obsolescência criam uma massa de trabalhadores que não ingressam ou não se mantém no mercado de
trabalho ainda que este entre em expansão. A manutenção dos empregos requer competência científica e
capac idade tecnológica. Este quadro revela a necessidade da revisão nos métodos e conteúdos dos cursos
da área tecnológica, ampliando e implantando cursos adequados as reais necessidades do mercado de
trabalho.
A nova LDB inova o tratamento dado à educação profissional, que deve ser integrada ao
trabalho, à ciência e à tecnologia, buscando o contínuo desenvolvimento de aptidões para a vida
produtiva. Pelo Decreto 2208/97 art. 3o, a educação profissional em nível tecnológico, destina-se
aos alunos egressos do nível médio ou técnico. Estes cursos são de nível superior, conferem
diploma de Tecnólogo e, conforme o Decreto, deverão ser concebidos para atender diversas
áreas de especialização. A Lei 8948/94 transforma as Escolas Técnicas Federais criadas pela Lei
3552/59 em Centros Federais de Educação Tecnológica. Com o Decreto 2208/97, os Centros
Federais de Educação Tecnológica passam a ter autonomia para a criação de cursos e ampliação
de vagas no nível Tecnológico de Educação Profissional. Deste modo, a implantação dos cursos
é regulamentada objetivando atender às necessidades atuais. A implantação dos Cursos
Superiores em Tecnologia vem se expandindo no Brasil não somente nos Centros Federais de
Educação como também em várias instituições privadas de ensino superior.
As transformações ocorridas no mundo produtivo vêm provocando mudanças na
sociedade como um todo e com este enfoque, De Masi (1999:29) afirma a população
economicamente ativa atualmente inserida no mercado de trabalho está alocada em atividades
rurais, no setor industrial como operários ou no setor de serviços. A redução de postos de
trabalho atualmente registrada é conseqüência do crescimento quantitativo e qualitativo da
produção e, sob esta ótica, o autor defende que a sociedade pós-industrial será caracterizada pela
elevação do número de trabalhadores no setor terciário.
Os setores: industrial e de prestação de serviços no País vêm sofrendo ampliação e reestruturação
o que exige profissionais capazes de atuar de forma competitiva na economia globalizada. A nova
realidade nacional reduz os postos de trabalho no setor industrial com a automação e com a terceirização.
Sob esta ótica, os postos de trabalho são preenchidos por profissionais mais qualificados aumentando as
necessidades de qualificação e requalificação reduzindo o chamado desemprego estrutural que é
conseqüência da falta de atualização nas áreas de ciências, tecnologias atuais, matemática e informática.
Deste modo, os cursos superiores de tecnologia têm por objetivo preparar tecnólogos com visão global
dos processos e especialistas na área de atuação, com competência para harmonizar a concepção e a
execução, planejamento e gestão, com o entendimento de outras culturas, idiomas e ambientes de
produção.
Considerando os aspectos apontados, os Cursos Superiores de Tecnologia do o CEFET Campos
objetiva formar profissionais com sólida base em ciências e matemática aplicadas necessárias ao seu
desenvolvimento profissional, com competência profissional e titulação acadêmica, além de cidadãos com
visão humanística da profissão e da sociedade e aptos a:
- Harmonizar a concepção e a execução;
- Gerar, aperfeiçoar, dominar e empregar tecnologias;
- Gerenciar processos produtivos.
3 – OS CURSOS SUPERIORES DE TECNOLOGIA NO CEFET CAMPOS
O tecnólogo não é um profissional que passa por uma formação rápida ou menos aprofundada
que os demais cursos superiores, mas sim aquele que é fruto de uma metodologia de ensino-aprendizagem
que envolve o corpo discente na busca permanente do conhecimento, com capacidade de aprender a
aprender. Constitui-se um profissional cujo perfil criativo, inovador, capaz de aprender e que conhece a
realidade produtiva, atendendo assim às novas exigências do mercado.
Com este enfoque é de vital importância a proximidade com o setor empresarial para que se
desenvolva a parceria entre a geração e a produção de tecnologia e assim. a estrutura curricular é pautada
em pesquisa realizada junto às empresas inserindo-as deste modo no processo de formação de seus
futuros profissionais, destacando-se ainda o enfoque dado as características como liderança, iniciativa e
visão empreendedora o que estimula o profissional a avançar de forma consciente no desconhecido,
atributo fundamental do profissional atual.
O CEFET Campos, a exemplo dos demais Centros Federais de Educação Tecnológica, garante a
verticalização do ensino uma vez que também oferece o ensino técnico de segundo grau e assim o curso
superior torna-se uma continuação, o que permite otimizar recursos humanos, físicos e financeiros.
O acesso ao curso superior de tecnologia ocorre mediante concurso vestibular, porém, oferecemse à comunidade, cursos em áreas de conhecimento afins, com uma base comum e variações relativas às
disciplinas de especialização nos últimos períodos, permitindo ao profissional formado retornar e, em
curto espaço de tempo, habilitar-se em outra modalidade.
O CEFET Campos, localizado em Campos dos Goytacazes que vem despontando como um pólo
educacional, contribui para o crescimento da oferta de vagas no ensino de nível superior. Em 1998 o
número de matrículas no Município no nível superior foi de 2.903, conforme divulgado pelo MEC.
Em 1995 Campos ocupava a 12a posição no Estado do Rio em cursos de nível superior e
atualmente ocupa a segunda posição em número matrículas e a terceira posição no número total de
docentes da graduação, segundo o CIDE (2000) revelando-se um ponto forte do Município.
O CEFET Campos, de importância estratégica e histórica em Campos, vem se renovando
oferecendo, além dos cursos profissionalizantes de nível médio, os Cursos Superiores de Tecnologia e de
Licenciatura desde o segundo semestre de 1998, quando implantou o Curso Superior de Tecnologia em
Desenvolvimento de Software. Ofertando trinta e quatro vagas em seu primeiro concurso vestibular, que
se deu no segundo semestre de 1998, no segundo semestre de 2001, duzentas vagas foram ofertadas.
Estão em fase de elaboração, com implantação prevista para 2002, os cursos de Telecomunicações e de
Energia, atendendo à demanda da comunidade local.
O modelo atual está em fase de consolidação, desenvolvimento e avaliação, tanto pela comunidade interna
quanto pela externa, sendo assim passível de mudanças e adequação.
4 – CONCLUSÃO
Para atender as demandas do mercado de trabalho atual, a educação deve pautar-se na definição
competências e habilidades, bases de conhecimentos científicos e tecnológicos que possibilitem a
formação de profissionais com perfil para a contemporaneidade, de forma ética e cooperativa.
O CEFET Campos, cumprindo seu papel na busca do desenvolvimento do país, tem como fator
diferenciador o compromisso com as existências do mercado de trabalho e da comunidade local. Vem
apresentando aumento na oferta de vagas e na diversidade de cursos, buscando atender às demandas,
mantendo o compromisso com o desenvolvimento regional que fica evidenciado com a oferta de cursos
nas áreas de conhecimento ligadas aos setores econômicos emergentes na região, marcado por
transformações significativas nos processos produtivos em função da competitividade e dos avanços
tecnológicos.
5 - BIBLIOGRAFIA
CIDE - Centro de Informações e Dados do Rio de Janeiro (2000). Anuário Estatístico do estado do Rio
de Janeiro 1999-2000. 589 p.
DE MASI, Domenico (org.) (1999). A sociedade Pós-industrial. São Paulo: Editora SENAC, 443p.
IBGE: http://www.ibge.gov.br
KUPFER, David (1998). Cenários de Reestruturação da Indústria Brasileira. In SENAI. DN. CIET.
Tendências do mercado de trabalho e educação: Questões para o debate. Rio de Janeiro, 71p.
LONGO, W.P. (1989). Ciência e Tecnologia: evolução, inter-relação e perspectivas. Anais do 9o.
Encontro de Engenharia de Produção, Porto Alegre, vol. 1, 42p.
MEC – Secretaria de Educação Média e Tecnológica (2001). Educação Profissional – Legislação
Básica . Brasília, 5a. ed, 188p.

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