Perdigão - Signus Editora

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Perdigão - Signus Editora
EMPRESAS
PERD I
Aos 70 anos, novos p l
Lilian Ara
vem sempre em primeiro lu“O Cliente
gar, seus problemas são de todos
nós, precisamos atendê-lo acima de suas
expectativas”. A frase é a primeira de uma
lista de valores adotados pela Perdigão
Agroindustrial, que comemora 70 anos comprometida em continuar oferecendo alimentos de qualidade aos consumidores do Brasil e dos mais de 90 países onde atua.
Os princípios da Perdigão, com origem
numa administração familiar, associados a
uma gestão profissionalizada de 10 anos,
levaram a empresa a uma posição privilegiada no mercado.
Uma das principais companhias alimentícias da América Latina, a Perdigão registrou
recorde financeiro no primeiro trimestre de
2004, quando seu lucro líquido atingiu os R$
80,3 milhões, gerando Ebitda de R$ 146,3
milhões. As exportações cresceram 52,5%,
enquanto a receita líquida apresentou alta
de 27,7%, ficando em R$ 1,085 bilhão. Em
volumes, as vendas de carnes aumentaram
em 16,2% e a de produtos de maior valor
agregado em 7,2% ante ao mesmo período
de 2003. No ano passado, a Perdigão obteve
receita líquida de R$ 3,8 bilhões.
Os números são resultados de uma estratégia que visa a rentabilidade e a redução do endividamento, de R$ 742 milhões.
Para isso, a empresa estará direcionada à
recomposição de margens no mercado interno, em detrimento do aumento em volume; ao acréscimo das exportações e ao
processo de internacionalização; ao crescimento da produção, sem a necessidade
de grandes investimentos; e à redução de
custos operacionais, com aprimoramento
da cadeia de suprimentos. De janeiro a
março, o endividamento contábil líquido
consolidado da Perdigão totalizou R$ 561,8
milhões, valor 42,8 % menor ao registrado
no mesmo mês do ano passado.
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Processamento de frangos na unidade Rio Verde
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D IGÃO
p lanos de crescimento
lian Araujo
Internamente, a Perdigão buscou, ao
longo de 2003, promover o consumo de
produtos de maior valor agregado. Atualmente, a companhia atua na produção,
abate e no processamento industrial de
aves e suínos, elaborados e congelados
de carne, bem como nos segmentos de
massas prontas, tortas, pizzas, folhados
e vegetais congelados. A meta deu certo
e o faturamento da Perdigão teve um
acréscimo de 18,6%, totalizando R$ 2,5
bilhões. Os resultados da estratégia continuaram e o crescimento das vendas de
produtos de maior valor agregado
incrementou as receitas da empresa em
15,3%, nos três primeiros meses de 2004.
No trimestre, o faturamento da Perdigão
no mercado interno somou R$ 653,9 milhões, valor 9% superior ao verificado no
primeiro trimestre de 2003.
Os problemas internacionais causados
pela gripe aviária contribuíram para o excelente desempenho da Perdigão no mercado externo. De janeiro a março, o volume de carnes exportado foi 30,4% superior aos registrados no primeiro trimestre
do ano passado, somando 135,9 mil t de
carnes. Em 2003, o volume exportado pela
Perdigão foi de 491 mil t, 25% superior
ao ano anterior, o que gerou R$ 1,83 milhões para a companhia.
O desempenho estrangeiro da Perdigão
se deve também ao estabelecimento de
bases em diversos países, bem como ao
aprimoramento do portfólio de produtos.
Nos três primeiros meses, as melhores
performances ficaram com o Extremo Oriente, que apresentou crescimento de
142% em receitas e 72% em volumes, e o
Oriente Médio, onde as vendas aumentaram 59% em receitas e 71% em volumes.
Na Europa, o faturamento cresceu 29% e
os volumes foram 18% superiores.
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Somando-se ao volume exportado, a produção total da Perdigão em 2003 foi de 989 mil t, um
crescimento de 5,7% ante 2002.
Há dez anos, a produção de
frigorificados da empresa era de
317 mil t. O aumento da capacidade produtiva faz parte da estratégia da empresa, que visa continuar crescendo sem a necessidade de grandes investimentos. Entre 1995 e 2003, a Perdigão investiu R$ 1,1 bilhão em suas 13
unidades. O plano de investimentos para 2004 prevê recursos da
ordem de R$ 80 milhões, a serem
aplicados no aumento da produtividade e em projetos de expansão
da capacidade de industrializados Primeira fábrica da Perdigão, na década de 30
e tecnologia da informação. Com
isso, a companhia pretende ampliar em 8% Menezes, a companhia deverá investir, em
a produção. Somente nos três primeiros média, R$ 40 milhões em marketing, inmeses de 2004 foram aplicados R$ 13,8 cluindo o desenvolvimento de novos promilhões, valor 9% inferior ao aplicado no dutos e campanhas promocionais. “Além
mesmo período do ano passado. Para 2004, de exportar produtos de maior valor agreas metas estabelecidas incluem ainda o au- gado, queremos, simultaneamente, retomar
mento de 5% nas vendas internas e em o mercado brasileiro, que está muito cal10% nas externas. Em 2003, os recursos mo”, acrescenta Menezes, ao destacar que
investidos totalizaram R$ 69,5 milhões.
a companhia acredita na retomada de mercado no segundo semestre de 2004.
Preparando-se para
O posicionamento no mercado brasia retomada do mercado
leiro e internacional é resultado de trajetória de investimentos em expansão da
A participação de mercado da Perdi- capacidade e otimização de processos. Em
gão no segmento de industrializados de 1994, um ano antes de iniciar a fase de
carnes (lingüiça, salsicha, presuntaria, gestão administrativa, a participação de
mortadela e outros ) ficou em 24,4% em mercado da Perdigão em congelados de
2003, pouco abaixo dos 25,2% de 2002.
Na categoria pratos prontos/massas, o
market share foi de 24,8% no ano passado, contra os 37,9% do ano anterior. Já
o segmento de congelados de carnes
(hambúrguer, almôndegas, quibes, cortes e outros) cresceu, passando de 33,4%
em 2002 para 34,2% no ano seguinte.
De fevereiro a março deste ano, a participação no segmento de industrializados
ficou em 21,2% e de congelados de carnes em 30,5%. No segmento pratos prontos/massas, a participação é de 29,2%,
de acordo com medição feita no bimestre
fevereiro/março de 2004.
Apesar do market share da Perdigão ter
se reduzido levemente em algumas categorias, a aposta na volta do crescimento
econômico do País. Em 2004, segundo o
diretor de relações institucionais, Ricardo Nildemar Secches, presidente da Perdigão
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carnes era de apenas 8,8% e de
16,4% em industrializados.
Desde então, muitos projetos
foram desenvolvidos e implantados e a companhia encontrou
a rota de crescimento. Dentre os
principais investimentos realizados pela Perdigão nos últimos
anos estão os R$ 412 milhões
aplicados na construção do Complexo Agroindustrial de Rio Verde, em Goiás. Inaugurado em
2001, o complexo está entre os
principais projetos desenvolvidos
na região Centro-Oeste. Em 2003,
com a concretização, o pólo
agroindutrial registrou mais um
marco na história da Perdigão.
De acordo com o diretor presidente da Perdigão, Nildemas
Secches, “o complexo representa mais de
30% do movimento econômico do município e responde por 4,7 mil empregos diretos e 8 mil indiretos”. A implementação
do Complexo Agroindustrial de Rio Verde
permitiu à Perdigão atingir volumes de
produção próximos a 1 milhão de t/ano,
gerando na unidade 5 mil empregos diretos e 14 mil indiretos.
Com capacidade para produzir 260 mil
t/ano de carnes, o equivalente a 25% da
capacidade total planejada da companhia,
o centro deve gerar um faturamento de
cerca de R$ 1 bilhão em 2004. Com participação de produtores rurais e transportadores integrados, o complexo agroindustrial demandou investimentos totais
de R$ 700 milhões e possibilitou que a
Perdigão descentralizasse a produção nas
unidades do Sul. Dessa forma, tais unidades passaram a focar-se nas demandas do
mercado internacional. Os produtores rurais e os transportadores goianos aplicaram R$ 208 milhões nos projetos, que se
somaram aos R$ 335 milhões a cargo do
BNDES e do Banco do Brasil.
Os 200 ha de área do complexo incluem, no espaço agropecuário: granja de
aves matrizes, com capacidade de 864 mil
unidades; quarentenário, com 40 machos;
centro de difusão genética, com 168 machos; sistemas produtores de ovos e leitões; e sistemas terminadores de leitões
e aves. A área agroindustrial complementa
o pólo com abatedouro de aves com capacidade para 281,6 mil aves/dia,
abatedouro de suínos projetado para 3,52
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mil unidades/dia, industrialização de carnes capaz de processar 250 mil t/ano de itens como
lingüiças, salsichas, presuntos,
apresentados, mortadelas, salames, hambúrgueres e empanados.
As instalações de Rio Verde
compreendem, ainda, áreas para
industrialização de massas, aptas
a produzir 12 mil t/ano; fábrica
de rações, com capacidade para
60 mil t/mês; fábrica para processar 30 mil t/ano de subprodutos; e incubatório de corte,
cuja capacidade é de 1,460 milhão de pintos por semana. O sistema de transporte com 320 veículos e o centro de distribuição
com capacidade para movimentar
8 mil t complementam os servi- Frigorífico da Perdigão, na década de 40
ços do complexo Perdigão. Na área
ambiental, o pólo está apto a tratar 8 mil das principais metas da Perdigão nos próxim³/dia de água e outros 8 mil m³ de mos anos. Dos R$ 80 milhões em investiefluentes. Os resíduos sólidos, provenien- mentos a serem aplicados em 2004, R$ 12
tes de programas com dejetos de aves e milhões se destinarão a Rio Verde. O objetisuínos, são aproveitados para fertilização vo é aumentar a capacidade de produção de
e recuperação de solos agrícolas.
aves, passando de 280 mil unidades/dia para
Em 2003, o complexo passou por algu- 330 mil unidades/dia, e de suínos, passanmas adaptações para adequar o mix de pro- do de 3,5 mil/dia para 4 mil/dia.
dutos ao mercado externo. Hoje, a PerdiOs R$ 12 milhões fazem parte de um
gão atende a países como Holanda, Ale- investimento maior previsto para o commanha, Espanha, Romênia, Rússia, Ucrânia, plexo goiano, de R$ 80 milhões até 2006.
Hong Kong, Japão, Arábia Saudita, Omã, Até lá, a Perdigão vai instalar novas liEmirados Árabes, Iêmen, entre outros.
nhas e ampliar as atuais, visando agregar
Conquistar clientes diferenciados, prin- valor ao mix de produtos, entre os quais
cipalmente no mercado internacional, é uma as linhas de empanados e marinados. “A
empresa vem, historicamente,
nos últimos anos, investindo
muito em capacidade produtiva.
Nossas fábricas estão tecnologicamente bastante atualizadas”,
complementa Ricardo Menezes, diretor de relações institucionais.
Além do investimento da Perdigão,
o pólo de Rio Verde receberá outros R$ 60 milhões em investimentos dos produtores integrados,
totalizando R$ 130 milhões, entre 2004 e 2006.
Além da unidade de Rio Verde, as unidades do Rio Grande
do Sul, Santa Catarina e Paraná
também passarão por inovações
tecnológicas, visando agregar
valor às linhas de produtos. De
1995 a 2003, a Perdigão investiu R$ 368 milhões em melhorias nas unidades e em novos projetos e
mais R$ 272 milhões em projetos de
otimização. Em 2003, as fábricas de
Marau (RS), Herval D’Oeste (SC), Videira
(SC), Carambeí (PR) passaram por adaptações, com foco no mercado internacional. Em Capinzal (SC), as mudanças na
unidade garantiram versatilidade de
atendimento a mercados mais exigentes,
com o início da produção de produtos
mais elaborados. A capacidade produtiva de Carambeí passou de 6 mil aves/
hora para 10 mil aves/h. Em Serafina
Corrêa (RS), a capacidade passou de 6
mil aves/h para 8 mil aves/h.
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As inovações nas unidades, no ano
passado, permitiram ainda o lançamento de 31 novos produtos, entre os quais
a versão doce dos Folhados Perdigão, as
pizzas doces Apreciatta e a linha Escolha Saudável, de produtos funcionais à
base de soja. Em 2003, a Perdigão lançou ainda a campanha “Perdigão - O nosso maior segredo é você”, com vista a
reforçar o compromisso da empresa com
o consumidor. No período foram investidos R$ 42,5 milhões em marketing.
Perdigão Social
Logística
Com capacidade instalada para abater
9 milhões de cabeças de aves/semana e
64 mil cabeças de suínos/semana e
frigorificar 570 mil toneladas de carne de
aves por ano e 450 mil toneladas de carnes de suínos/ano, a Perdigão precisa estar estruturada para distribuir seus produtos tanto no País quanto no exterior. Por Menezes, diretor de relações institucionais
isso, dispõe de uma rede de distribuição
formada por 18 centros próprios e 10 tos menores se comparados aos de naterceirizados; 15 pontos de croos-docking; vios de containers. As exportações para
frota terceirizada, com uma média de 500 a Europa passaram a ser feitas diretaveículos exclusivos; e 33,4 mil posições- mente com o cliente via Delivery Duty
paletes, o equivalente a 20 mil t de capa- Payed (DDP), o que permitiu, segundo
cidade de armazenagem.
a empresa, maior flexibilidade na gesEssa estrutura permite, ainda, que a tão de estoque. No ano passado, tamcompanhia amplie a oferta de produtos bém entrou em operação o projeto Exfabricados por terceiros e comercializados porta Sim, com a centralização da cosob a marca Perdigão. Um exemplo disso ordenação logística em Itajaí (SC), onde
está na linha de vegetais congelados Es- localiza-se o porto responsável por escolha Saudável, importada da Bélgica.
coar 80% das exportações da empresa.
A empresa também investiu, nos últi- A concentração da coordenação logística
mos anos, no aperfeiçoamento da estru- gerou mais agilidade ao processo de dotura administrativa. Construindo uma cumentação que antecede as exportaplataforma informatizada que a habilita ções e melhorou o fluxo de embarques.
a iniciar operações business
to business e propicia atuar
futuramente nas diversas modalidades de e-commerce. Em
2003, entrou em operação a
nova diretoria de supply
chain, envolvendo as áreas
logística, transporte, suprimentos e grãos.
No exterior, mantém escritórios comerciais na Europa
e Oriente Médio e um centro
de operações na Holanda.
Além disso, a companhia
implementou, no ano passado, algumas mudanças de
fretes que possibilitam cus- Distribuição em São Paulo (1959): avião e caminhão
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De janeiro a março, os investimentos
da Perdigão em ações sociais chegaram a
R$ 16,2 milhões. Em abril, a companhia
inaugurou, em Rio Verde, um centro de
treinamento e uma biblioteca, que fazem
parte de um pacote de melhorias destinado à capacitação e ao aperfeiçoamento
profissional. A forte atuação da Perdigão
em ações sociais, tanto junto à comunidade quanto aos seus 29 mil funcionários, é presença marcante na história da
companhia. Em 2003, ela aplicou R$ 3,2
milhões na manutenção e criação de projetos na área de Responsabilidade Social.
Dentre os programas apoiados estão o
Formação de Jovens e Adultos; Oficina
Verde; Programa 5S nas Escolas; Cidadão
do Futuro; Novo Cidadão; Projeto Atende;
Qualidade Rima com Terceira Idade; Combate às Drogas; Olimpíadas Perdigão; Trabalho com Arte e Espação Vip.
O Centro de Treinamento (CT), inaugurado em abril, com 450 m 2 de área
construída, dispõe de quatro salas de aula
equipadas com TV, vídeo, retroprojetor,
som ambiente, data show, bem como oito
microcomputadores para treinamentos em
informática. A função do CT é oferecer cursos de qualificação profissional, treinamentos técnicos e de desenvolvimento humano. Os eventos são voltados aos funcionários do complexo e serão realizados
em parceria com Senac, Sebrae e Senai,
entre outras instituições.
O CT e Biblioteca, no Complexo Agroindustrial goiano, fazem parte de um projeto ainda maior para os funcionários da
Perdigão. Os planos da companhia incluem, também, a construção de
uma academia de esportes, um
parque aquático e um ginásio
de esportes. De acordo com a
empresa, a academia será voltada para a prevenção de doenças ocupacionais, cujo objetivo final é contribuir para a
melhoria da qualidade de vida
dos funcionários. Os outros projetos serão instalados na Sociedade Esportiva e Recreativa
Perdigão (SERP), visando oferecer lazer e entretenimento a
seus funcionários e familiares.
A ampliação da SERP inclui
o início da construção do gi-
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násio de esportes, onde haverá
ma artesanal nas dependênciespaço para jogos de salão e
as do frigorífico de suínos.
área coberta para atividades
Em 1958, a empresa recebe
diversas. O ginásio ocupará 3,1
a denominação de Perdigão S.A.
mil m2 e será dotado de duas
Comércio e Indústria. O nome
quadras, vestiários e um lance
foi escolhido devido ao grande
de arquibancadas lateral, com
número dessas aves (o macho
capacidade para 1.500 pessoda perdiz) existente na região.
as. O parque aquático da SERP
A diversificação das ativivai dispor de duas piscinas, uma
dades levou a Perdigão a amdas quais semi-olímpica. Hoje
pliar sua atuação no mercado
a SERP já conta com campo de
brasileiro, incorporando e imfutebol, dois campos de futeplantando unidades produtibol society, duas quadras de
vas no Rio Grande do Sul,
voleibol de areia, vestiários,
Paraná e Goiás. Já na década
casa de festas e churrasqueiras.
de 60, o abate industrial cheAlém de privilegiar investigava a 500 aves/dia, comermentos em projetos voltados à
cializadas e resfriadas em São
educação, à saúde e à cultura
Paulo. No período, são instadas comunidades onde atua e Vista aérea do Complexo Agroindustrial da Perdigão, em Rio Verde
lados os primeiros laboratóride seus funcionários, outra preos para controle microbioocupação da empresa é com relação ao armazém de secos e molhados com o lógico e físico-químico dos produtos nas
meio ambiente. Nos três primeiros meses nome de Ponzoni, Brandalise & Cia. Anos unidades industriais. O projeto foi o emdo ano, os investimentos ambientais cres- mais tarde, o pequeno negócio se torna- brião das atuais áreas de Controle da
ceram 48,9% em relação ao mesmo perío- ria um importante case empresarial, que Qualidade e de Pesquisa & Desenvolvido de 2002, chegando a R$ 1,7 milhão.
inclui no portfólio mais de mil itens, des- mento da Perdigão, hoje desenvolvidas
Dentre os projetos sociais com a mar- tinados para os mercados interno e ex- pelo Centro de Tecnologia, instalado em
ca Perdigão estão alguns desenvolvidos terno de alimentos, sob as marcas Perdi- Videira. No local, são criados e aperfeiem parcerias. Entre eles está um que cus- gão, Chester, Turma da Mônica, Batavo, çoados produtos voltados a atender à
tou R$ 3 milhões, que conta com o apoio Borella, Perdix e Confiança.
demanda do mercado por alimentos de
do Bando Nacional de Desenvolvimento
As atividades industriais dos sócios ita- maior conveniência e qualidade. O avanEconômico e Social (BNDES). A parceria lianos se iniciaram cinco anos após a ori- ço tecnológico se estende ao longo da
contribuiu, ainda, para a construção de gem do armazém, com um abatedouro e década, com a implantação de um inovanove postos de saúde conjugados a pos- fábrica de produtos suínos. Dois anos de- dor sistema de criação integrada de aves,
tos policiais, incluindo equipamentos para pois, o abate de suínos atingiu a marca de com a engorda de lotes experimentais de
pronto-socorros, ambulâncias e gabinetes 100 animais/dia, um recorde para a época. 1,2 mil pintinhos por produtores parceiodontológicos. Na área ambiental, a parPara expandir os negócios, a Ponzoni, ros; e o início da automação do procesceria deu início a um projeto de preser- Brandalise & Cia adquire, em 1943, a Soci- samento de aves. Em 1968, a capacidade
vação da micro-bacia do Rio Abóboras e edade Curtume Catarinense (mais tarde de abate atinge 1,5 mil aves/dia.
conclusão de construção de aterro sani- Curtume Perdigão). Um ano depois, preciEm 1974 a Perdigão entra no ramo de
tário com coleta seletiva de lixo. No âm- samente em primeiro de março, surge o rações, com a construção da Perdigão Rabito educacional, a companhia financiou município de Videira, a partir da união das ções S.A.- Comércio e Indústria, incora instalação de laboratórios de informática Vilas de Perdizes e de Vitória. Os negócios porada posteriormente pela Perdigão Alino Instituto de Assistência a Menores do grupo são agrupados, no ano seguinte, mentos. Nos dois anos seguintes, a com(IAM). Em outro projeto, no Programa sendo denominados por Ponzoni, Bran- panhia inaugura o primeiro abatedouro
Habitacional da Perdigão, foram destina- dalise S.A. Comércio e Indústria. A aquisi- exclusivo para aves, em Videira (SC). A
dos R$ 5,2 milhões para a construção de ção de novos negócios é continuada e a Perdigão Alimentos S.A., que já produunidades habitacionais. Já foram entre- nova empresa dá entrada no setor madei- zia rações, passa a industrializar soja e
gues 174 unidades, com previsão de mais reiro, com a compra de serrarias. Consoli- derivados com a construção, em Videira
50 unidades em 2004.
dada a atividade comercial e de proces- (SC), de uma unidade para esmagamento
samento de suínos, os investimentos da do grão, refino de óleo e produção de
Resgate Histórico
Empresa direcionam-se para a agro- farelo, matéria-prima usada na produção
pecuária, com a construção da Granja Santa da ração. Dois projetos marcam ainda a
Em 1934, na Vila das Perdizes, às mar- Gema, em Videira (SC), voltada à produção década de 70. O primeiro é a incorporagens do Rio do Peixe, em Santa Catarina, de animais de alta linhagem. Em 1955, a ção da União Velosense de Frigoríficoduas famílias imigrantes da Itália- os empresa inicia o abate industrial de aves. Unifrico S.A., uma empresa de abate e
Ponzoni e os Brandalise, inauguram um Até então, a atividade era realizada de for- industrialização de suínos, em Salto
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Veloso (SC), e que no
ano seguinte passou a
se chamar Perdigão
Veloso S.A. A segunda
registra a origem do
que se tornaria posteriormente a tradicional
marca Chester. No período, a Perdigão importa dos Estados Unidos as primeiras matrizes da espécie Gallus
gallus e dá início a um
programa de melhoramento genético com o
objetivo de desenvol- Centro de Distribuição da Perdigão em Campinas
ver uma ave especial,
com 70% de suas carnes concentradas reposicionamento estratégico, orientados
no peito e nas coxas.
para a busca de resultados. Para tanto, a
Os anos 80 são marcados por impor- empresa passou por uma profunda
tantes incorporações e aquisições. No iní- reestruturação societária, financeira e adcio do período foram adquiridas a ministrativa, que deu origem a uma única
Agropecuária Confiança Ltda., a Comér- empresa de capital aberto – a Perdigão
cio e Indústria Saulle Pagnocelli S.A., S/A – e a uma única empresa operacional
ambas em Herval D’Oeste (SC); e uma hi- - a Perdigão Agroindustrial S/A.
drelétrica incorporada à Indústrias ReuNo ano seguinte, Nildemar Secches é
nidas Ouro S.A., em Capinzal (SC). Poste- empossado diretor-presidente e Eggon
riormente, a Perdigão investe na compra João da Silva Presidente do Conselho de
do Frigorífico Borella, do Rio Grande do Administração da Perdigão, cargo que
Sul, e do Frigoplan Ltda, de Santa continuam ocupando até hoje. Nildemar
Catarina. No final da década, a compa- Secches foi eleito, em 1998, “Líder Emnhia incorporou ainda as empresas: Sulina presarial do Ano” no setor de carnes e
Alimentos S.A. e a Ideal Avícola S.A., de pecuária, título concedido pelo jornal
Serafina Corrêa (RS); os ativos da Swift, Gazeta Mercantil. Três anos depois,
de Santo André (SP) - voltada à produção Secches é empossado presidente da Asde enlatados de carne e de vegetais; o sociação Brasileira dos Produtores e ExFrigorífico Mococa S.A., em Mococa (SP); portadores de Frango (ABEF) e recebe o
e uma fábrica de rações, em Gaurama (RS). Prêmio Executivo de Valor, conferido pelo
Outros fatos marcaram a década. Além das Jornal Valor Econômico, em homenagem
aquisições, o período é marcado pela en- aos profissionais que mais se destacatrada do capital da holding Perdigão S.A. na Bolsa de Valores; e
pela passagem da segunda geração ao controle da empresa,
quando Flávio Brandalise assume
a presidência.
A gestão familiar duraria até
1994, ano em que o controle
acionário da empresa passa a ser
compartilhado por um grupo de
fundos de pensão (Previ-BB,
Petros, Sistel, BNDES-FAPES e
Valia), dando início a uma gestão administrativa profissionalizada. A implantação de uma
gestão profissional levou a uma
nova cultura empresarial e a um Produtos semi-prontos ampliam leque
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ram em 2000. O comando da ABEF seria
deixado por Secches
em 2003, para que pudesse integrar o Conselho Consultivo da
Entidade. O jornal Valor Econômico volta a
premiar o diretor-presidente da Perdigão em
2002, com o Prêmio
Executivo do Ano no
setor de agronegócios
e alimentos. Em 2004,
o executivo recebeu o
Prêmio Executivo do
Ano no setor de alimentos e bebidas, conferido pela revista
Indústria Alimentícia.
Muitas premiações e marcas de reconhecimento destacam-se na história da
Perdigão. Em 1999, a Perdigão foi reconhecida como uma das 50 melhores empresas para se trabalhar, pela revista Exame e o Prêmio CNI de Ecologia. Em 2000
a Revista Exame destacou a Perdigão como
uma das 100 melhores empresas para se
trabalhar e como vencedora do Prêmio Empresa Modelo de Responsabilidade Social.
No mesmo ano, a companhia foi escolhida como uma das 20 Empresas do Século,
pela Federação das Indústrias do Estado
de Santa Catarina (Fiesc). A FATMA, órgão ambiental de Santa Catarina, concede à Perdigão, em 1996 e 2000, o Prêmio
Fritz Müller, em reconhecimento à gestão
ambiental da unidade de Capinzal (SC).
Em 2001, a Perdigão foi eleita Processador
del Ãno 2001, pela revista Indústria Alimentícia; recebe o Prêmio Expressão de
Ecologia na categoria Controle
de Poluição, com o case
“Serafina Corrêa – Produção com
Sustentabilidade Ambiental”; e
o Prêmio Responsabilidade Social – RS 2001 e 2002, concedido pela Assembléia Legislativa
do Rio Grande do Sul. Também
em 2002, a empresa foi agraciada com o Prêmio Cidadania Brasil de Exportação, na categoria
Exportador do Ano, concedido
pelo Ministério das Relações
Exteriores, Agência de Promoção
de Exportações (APEX), Instituto Brasileiro de Desenvolvimento da Cidadania e Câmara do Co-
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Unidade da Perdigão em Capinzal (SC)
mércio Árabe Brasileira. No ano passado,
a Perdigão recebeu o Prêmio Gestão
Ambiental, desenvolvido pela Agência
Ambiental de Goiás, pela sua atuação no
meio ambiente; foi reconhecida, novamente pela Revista Exame, como uma dez empresas modelos em responsabilidade social na edição Guia Exame de Boa Cidadania Corporativa; e ainda apontada como
uma das doze marcas mais valiosas do País,
segundo estudo da consultoria Interbrand.
A última premiação concedida à Perdigão
aconteceu em maio de 2004, quando a
empresa conquistou, pela quarta vez, o
Prêmio Fritz Müller, do Governo de Santa
Catarina, na área ambiental.
Na última década, desde a entrada da
nova administração, a história da Perdigão foi marcada por um amplo processo
de desenvolvimento industrial, com a
inauguração de novas unidades e ampliações de outras. Marcam o período a entrada em operação da fábrica de ração e
da unidade de Industrilizados de Marau
(RS); dos Centros de Abastecimento e Distribuição de Porto Alegre (RS), Rio de
Janeiro (RJ), São Paulo (SP), Videira (SC),
Fortaleza (CE), Cubatão (SP) e Salvador
(BA); o Espaço VIP (Visitante Importante
Perdigão), em Videira (SC), destinado à
preservação do acervo histórico da Empresa e à difusão da cultura regional e
brasileira; e do primeiro módulo do Centro de Distribuição de Campinas (SP).
A reestruturação da Perdigão inclui ainda
o processo de internacionalização da companhia. Já apta a atender ao mercado externo, a Perdigão dispõe do Sistema de Gestão
Integrada (SGI), com 9001:2000, 14001:1996
e OHSAS 18001:1999 nas duas Unidades de
Marau(RS), concedido pela Bureau Veritas
Quality International. Preparando-se para
ampliar suas exportações, a Perdigão, em
parceria com a Sadia, cria a BRF Trading,
empresa destinada a comercializar produtos
avícolas, suinícolas e alimentos em geral produzidos por ambas as companhias, em mercados emergentes. Em 2002, a Sadia se retira do negócio, a Perdigão assume o controle
e a nova empresa torna-se BFF – Brazilian
Fine Foods. No mesmo ano, surge a linha
Freski para exportação de camarões congelados, produzidos por terceiros. Em paralelo,
a Perdigão lança uma marca mundial, a Perdix,
utilizada na comercialização de produtos processados. A abertura de um escritório em
Dubai, nos Emirados Árabes, amplia a presença da companhia e suas marcas — Halal,
Unef e Borella — em países do Oriente Médio. Um escritório em Londres transforma-se
em unidade de negócios, que coordena a
unidade da Holanda.
Atualmente, para manter toda essa
estrutura funcionando e atender aos
mais de 90 países onde atua, a Perdigão conta com a parceria de 5,8 mil produtores integrados e com o apoio dos
seus 29 mil colaboradores.
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BRASIL ALIMENTOS - nº 25 - Maio/Junho de 2004
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24/6/2004, 14:43

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