adultos mayores y demencia: una investigación

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adultos mayores y demencia: una investigación
ADULTOS MAYORES Y DEMENCIA: UNA INVESTIGACIÓN
BIBLIOGRÁFICA SOBRE PUBLICACIONES BRASILEÑAS EN LA BASE
DE DATOS LILACS.
Eudes Araújo Rocha1; Luiza Carla de Medeiros Góis2; Eulália Maria Chaves Maia3.
1 Graduando em Psicologia. Bolsista de Iniciação Científica CNPq do Grupo de Estudos Psicologia
e Saúde do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN
2 Graduanda em Psicologia. Bolsista de Iniciação Científica Propesq do Grupo de Estudos
Psicologia e Saúde do Departamento de Psicologia da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte - UFRN
3 Doutora em Psicologia Clínica. Professora e Orientadora de Mestrado e Doutorado do Programa
de Pós-Graduação em Ciências da Saúde - PPGCSa/UFRN, professora do Departamento de
Psicologia da UFRN, coordenadora do Grupo de Estudos: Psicologia e Saúde da Universidade
Federal do Rio Grande do Norte - UFRN.
RESUMEN:
En las últimas décadas, el Brasil viene enfrentando modificaciones socio-demográficas rápidas y
profundas, de entre las cuales se encuentra el envejecimiento de la población, propiciado por un
aumento de la expectativa de vida concomitante a la disminución de las tasas de natalidad y
mortalidad. Tal modificación poblacional acarrea importantes transformaciones económico-sociales,
demográficas e epidemiológicas. El aumento de la población de adultos mayores débiles, por
ejemplo, demanda embestidas en tecnología de alto coste y recursos humanos especializados,
considerado un desafío para el sistema de salud brasileño. Se hace necesario un mayor desarrollo
de estudios que posibiliten el perfeccionamiento de los medios para enfrentar estas modificaciones.
Este estudio se propone a identificar las publicaciones brasileñas sobre demencias en adultos
mayores. Fue realizada una investigación bibliográfica en la base de datos Lilacs, utilizando como
descriptores los términos "adultos mayores y demencia". Fueron encontrados 135 estudios,
realizados entre 1982 y 2008, siendo la Demencia tipo Alzheimer responsable por 35% de estos
estudios; las mayores producciones fueron identificadas en los estados de São Paulo/BR (20,7%) y
Rio de Janeiro/BR (14%). Apenas 3,7% fueron realizados en la región sur, mientras 2,1% fueron
realizados en la región nordeste. Los resultados muestran la región sudeste cómo la que más
produce conocimiento, mientras las demás regiones de Brasil poseen una baja producción.
Además, 135 publicaciones es un número relativamente bajo, considerando el periodo entre 1982 e
2008. Se cuestiona sobre la atención dada al asunto, una vez que el Brasil enfrenta el proceso de
envejecimiento acelerado de la población, y no apenas localizado en regiones determinadas, más
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allá de la baja producción de conocimiento para una problemática tan conocida en la realidad
brasileña.
Introdução
O envelhecimento da população é um fenômeno que vem ocorrendo mundialmente. Há estimativas
de que o número de pessoas com 60 anos ou mais irá crescer mais de 300% nos próximos 50
anos (1). No Brasil, o envelhecimento populacional vem ocorrendo relativamente rápido: a
população de pessoas com 65 anos ou mais cresceu de 2,8% em 1960 para 5,1% em 2000, com
previsão de 7,7% em 2020. Ocorre nesse processo uma expressiva evolução da expectativa de
vida da população, que passou dos 34 anos de idade em 1900 para 61 anos em 1990. Estima-se
ainda que, em 2020, a expectativa de vida do brasileiro seja de 75 anos (2).
Apesar de a maioria das pessoas idosas já viverem atualmente em países em desenvolvimento (1),
existe pouca informação sobre a situação de saúde dessa população. Embora o aumento do
número de idosos e da expectativa de vida sejam indícios de progresso social, esse fenômeno
induz o surgimento de novas demandas e problemáticas a serem enfrentadas, principalmente nos
países de grande desigualdade social como o Brasil. Dentre os problemas mais freqüentes nesta
fase da vida e para qual existe pouca informação epidemiológica está a demência. Segundo
Scazufca (3), no Brasil e nos países em desenvolvimento, os estudos populacionais sobre
demência são escassos, não existindo estimativas precisas da sua incidência e prevalência.
A longevidade tem sido acompanhada da presença de doenças crônico-degenerativas, dentre as
quais a demência merece especial atenção, por interferir na capacidade funcional dos idosos e
constituir, atualmente, um grave problema de saúde mental e pública. As atenções de especialistas
e pesquisadores voltam-se para a detecção de tecnologias de cuidado, com vistas à redução de
seu impacto sobre a família e sobre o sistema público de saúde (4), uma vez que o aumento da
população de idosos demenciados demanda investimentos em tecnologia de alto custo e recursos
humanos especializados, considerados desafios para o sistema de saúde brasileiro.
Segundo Neri (2), dentre os estudos existentes sobre a velhice, a cognição se apresenta como a
subárea mais desenvolvida, totalizando mais de 60% dos trabalhos publicados na literatura
internacional, em parte por causa da importância dos processos intelectuais para o bem-estar e a
autonomia dos idosos, em parte para atender a demandas sociais, considerando que são altos os
custos sociais da velhice disfuncional. Ao discutir sobre as contribuições da psicologia ao estudo e
intervenção no campo da velhice, a autora afirma que a psicologia brasileira ainda não apresenta
uma produção volumosa, de longo prazo, contínua, sistemática e característica sobre a esta fase
do desenvolvimento. A difusão da informação científica e profissional ainda deixa a desejar, em
parte porque ainda não são ensinadas sistematicamente nas universidades as disciplinas que
abordam a temática do envelhecimento e suas características (2).
Scazufca (3) afirma que são necessários novos estudos que comparem as realidades dentro do
Brasil ou de centros no Brasil com outros países, utilizando metodologias padronizadas e
adequadas para que se avance na compreensão da etiologia da demência, possibilitando um
planejamento de ações de saúde com base em dados empíricos mais próximos da realidade
dessas populações.
Em seu estudo sobre a avaliação dos gastos com o cuidado do idoso demenciado no estado do
Rio de Janeiro, Veras (5) define a demência como uma síndrome caracterizada por déficit cognitivo
em múltiplas esferas, não associado a prejuízos da consciência. Afirma ainda que as deficiências
cognitivas já são um problema de saúde pública com ocorrência crescente, em virtude do próprio
desenvolvimento social, uma vez que este possibilita um aumento do tempo de vida e do número
de idosos na população, o que é considerado como um dos principais fatores de risco para o
aparecimento das deficiências cognitivas.
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Moragas (6) expõe que, apesar das dificuldades e disparidades nos diagnósticos das demências,
existe um consenso em reconhecer a doença de Alzheimer (DA) como a principal responsável
pelos casos de demência atualmente, sendo identificada como o maior problema de saúde pública
para o futuro, mesmo que suas conseqüências sejam pouco percebidas hoje em dia, em
decorrência da falta de informação dos profissionais e do público em geral.
A falta de informação da população e dos profissionais de saúde, bem como as dificuldades em se
formar um diagnóstico preciso das demências, foram abordadas por Scazufca (3) e fundamentam a
criação do "Grupo de Pesquisa em Demência 10/66". Este grupo se justifica pela necessidade de
se realizar investigações epidemiológicas que apresentem uma adequação sociocultural dos
instrumentos utilizados nos estudos feitos em países em desenvolvimento, uma vez que menos de
10% dos estudos populacionais sobre demência são dirigidos aos 2/3 ou mais de casos de
pessoas com demência que vivem nesses países (3). O grupo tem como objetivo diminuir o
desequilíbrio entre estudos populacionais sobre a demência entre países desenvolvidos e em
desenvolvimento, encorajar a colaboração em novas pesquisas e desenvolver estudos de boa
qualidade para gerar conhecimento sobre os quadros demenciais, além de desenvolver propostas
de novos serviços e influenciar as políticas públicas.
Seguindo o mesmo raciocínio, Rocha (7) afirma que é fundamental que os profissionais da saúde
assumam o compromisso de oferecer uma atenção que priorize a promoção de um envelhecimento
ativo e saudável, bem como meios parar prevenir o desenvolvimento de doenças crônicas. Para
tanto, é preciso que novos estudos e pesquisas sejam desenvolvidos para embasar a prática
assistencial das principais necessidades e limitações da população idosa.
Tal produção de conhecimento é importante também para fundamentação de ações
governamentais de assistência à população idosa e adoção de políticas em prol desse grupo,
possibilitando-lhe, assim, maior qualidade de vida.
Prota (8) discute sobre o papel das universidades na construção do saber sobre os idosos,
afirmando que o ideal universitário é transformar as realidades a partir do conhecimento. A
universidade, enquanto financiada pela sociedade a qual está inserida, tem o papel de repassar a
esta o saber criado, desenvolvido e reproduzido por seus pesquisadores. É tarefa da universidade,
pois, promover mudanças pela criação de conhecimento baseados em soluções econômicas,
apresentando estudos viáveis ao Estado e à Sociedade para que o idoso possa ter uma vida
economicamente digna.
É neste intuito que o presente estudo se propõe a investigar o papel das universidades brasileiras
na produção do conhecimento sobre o idoso, mais especificamente relacionado às demências,
uma vez que as síndromes demenciais são a principal causa de incapacidade e dependência na
velhice (5), e que é responsabilidade tanto do Estado, como da sociedade civil e científica prezar
pela boa saúde e qualidade de vida do idoso.
Para tal, procurou-se identificar os estudos brasileiros que envolvessem a temática das demências
em idosos, publicados em periódicos indexados à Base de Dados Lilacs, tanto por seus locais de
produção, ano de publicação e universidades, com o intuito de levantar um perfil sobre em que
centros brasileiros a produção de conhecimento científico sobre este tema segue o crescimento da
problemática vivenciada no sistema de saúde.
Metodologia
Para a coleta dos dados foi utilizado o portal da Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, limitando-se à
Base de Dados LILACS. (Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde). A
escolha desta base de dados se deveu à sua abrangência internacional na área da saúde, devido a
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inúmeras divulgações, principalmente da literatura latino-americana, incluindo a nacional, de modo
a centralizar a busca em torno de estudos mais condizentes com a realidade do contexto
sul-americano. Além de indexar os principais periódicos consultados para o desenvolvimento de
estudos na área da saúde, a base de dados LILACS é bastante utilizada por usuários brasileiros.
Trata-se, pois, de um estudo exploratório-descritivo, realizado durante o mês de Novembro de
2008, por meio do levantamento das publicações brasileiras em periódicos indexados ao LILACS.
Para a identificação, foi utilizado "idosos e demência" como descritor de assunto na ferramenta de
pesquisa avançada da Biblioteca Virtual em Saúde - BVS, sem delimitações de período de
publicação e limitando-se aos artigos em língua portuguesa, uma vez que o presente estudo se
propõe a identificar apenas as publicações brasileiras sobre demência em idosos.
Resultados e discussão
Observa-se uma pequena produção científica referente a temática "idosos e demência", levando
em consideração a incidência de casos de aproximadamente 390 mil idosos com demência no
Brasil (3) e a grande busca por atendimentos no sistema de saúde.
Foram identificados 135 estudos, em um intervalo temporal de 26 anos (1982-2008), com destaque
para uma maior produção no ano de 1998, com 13,3% (n=18) dos artigos publicados, seguido do
ano de 2007 com 9,6% (n=13) dos artigos e 2006, com 8,1% (n=11). Dentre o intervalo de 26 anos,
não houve publicações apenas nos anos de 1984 e 1991 (tabela 1).
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Cerca de 48% dos artigos apresentavam, além do descritor "demência", algum descritor de outra
patologia (ex: síndrome vascular cerebral, psicose, depressão) e 30% apresentavam o descritor
"Alzheimer". É interessante notar que a prevalência de estudos que abordam especificamente a
temática da Doença de Alzheimer é menor do que as de outras patologias, fato este que destoa da
prática nos atendimentos ambulatoriais e da literatura, em que se observa uma maior incidência da
Doença de Alzheimer dentre os quadros demenciais (5, 9-10).
Analisando os dados coletados nas produções científicas observou-se que 39,1% dos estudos
encontrados possuíam alguma referência quanto a sua localização por estado federativo. Deste
modo, a distribuição geográfica segue a seguinte tabela:
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A maior parte dos estudos encontrados foi desenvolvida em estados da região Sudeste, com
destaque para os estados de São Paulo (17,8%) e Rio de Janeiro (14,1%).
A região Sul desenvolveu 5 estudos, enquanto foram encontradas apenas 3 oriundos da região
Nordeste.
É interessante observar que a região Nordeste apresentou um número muito baixo (n=3) de
estudos publicados, tendo em conta que esta região apresenta a segunda maior população de
idosos do Brasil, com aproximadamente 26% da população idosa total. Além disso, vale salientar
que um desses estudos é uma dissertação de mestrado apresentada à Universidade Federal da
Bahia, sendo a informação veiculada pela Biblioteca da Escola de Enfermagem da UFBA.
Além da UFBA, também foram encontradas mais 4 teses de doutorado apresentadas à
Universidade de São Paulo - USP, 2 apresentadas à Universidade Federal do Rio de Janeiro UFRJ e uma à Universidade Estadual do Rio de Janeiro - UERJ.
Não foram encontradas publicações das regiões Centro-Oeste e Norte.
Conclusões
A pesquisa com enfoque em ambos os temas idosos e demência ainda se mostra em fase de
amadurecimento, considerando a produção científica encontrada no LILACS em comparação com
estudos que focalizam apenas os aspectos da velhice ou da demência em si.
Nesta pesquisa bibliográfica evidenciou-se que a produção científica encontrada não é tão recente,
havendo publicações dentre um período de 26 anos, porém com uma maior concentração de
estudos a partir do ano 2000, ainda que o ano de 1998 conste como o ano em que mais foram
encontrados artigos publicados.
Um dado que já era esperado e se mostrou com clareza se refere à produção científica
concentrada na região Sudeste do país, mais especificamente nos estados de São Paulo e Rio de
Janeiro, ao considerar esta região como aquela que possui o maior desenvolvimento econômico,
científico e tecnológico do Brasil, além de ser responsável por 47,5% da população idosa brasileira
total (11).
Diante de todos os aspectos que nortearam esta produção bibliográfica, fica evidente a
necessidade de se desenvolver mais estudos que abordem conjuntamente as temáticas do idoso e
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das demências, levando em conta o baixo número de publicações encontradas no período entre
1982 e 2008. Além disso, questiona-se sobre a atenção que vem sendo delegada ao tema, uma
vez que o Brasil enfrenta o processo de envelhecimento acelerado da população por um todo, e
não apenas concentrado em regiões determinadas.
Assim, conforme afirma Kalache (12), é de fundamental importância maiores estudos que
possibilitem o desenvolvimento de políticas e programas baseados em informações locais de boa
qualidade, de modo a permitir uma utilização mais eficaz e previsível dos recursos públicos
destinados ao setor da saúde.
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