MUSA SPP. MUSACEAE - 14º Encontro de Profissionais da Química

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MUSA SPP. MUSACEAE - 14º Encontro de Profissionais da Química
CARACTERIZAÇÃO FÍSICO-QUÍMICA DE CHÁS DE CASCAS DE BANANA ROXA
(MUSA SPP. MUSACEAE)
Juliana Corrêa BARBOSA (IC)1* e.mail: [email protected]; Cintia Cryslaine da Silva OLIVEIRA
(IC)1
e.mail:
[email protected];
Dávila
Valentina
Silva
Rodrigues
(IC)1
e.mail:
1
[email protected]; Ivan Carlos da Costa Barbosa (PQ) , e.mail: [email protected]; Ewerton
Carvalho de Souza (PQ) 1 e.mail: [email protected]; Antonio dos Santos Silva (PQ) 2 e.mail:
[email protected] Universidade Federal do Pará, 2 Universidade Federal Rural da Amazônia.
RESUMO: O chá tem sido bebido com a finalidade de melhorar o fluxo sanguíneo, eliminar toxinas e
aumentar a resistência às doenças. Além de apresentar benefícios nutricionais e farmacológicos. A partir daí,
o chá passou a ser associado com o estilo de vida e os hábitos alimentares das pessoas. O objetivo do
presente trabalho foi realizar uma caracterização físico-química de chás de cascas de banana São Tomé
(Musa spp. Musaceae), também conhecida como banana roxa, provenientes de um cultivar do município de
Abaetetuba, no nordeste do Estado do Pará. Foram preparados chás de seis cascas de bananas previamente
secas ao sol, por cinco dias. Tais bananas eram de cachos distintos. No laboratório, cerca de 1 g de cada
casca foi usado para o preparo dos chás com 100 mL de água fervente. Os resultados médios obtidos para os
cinco parâmetros físico-químicos estudados foram: 0,68 ± 0,02 mS/cm (condutividade elétrica, CE); 4,86 ±
0,04 (pH); 0,97 ± 0,01 kg/m3 (densidade); 2,97 ± 0,97 g/100 g (acidez); e 24,11 ± 9,56 % (teor de extrativos).
Palavras-chave: controle de qualidade, Amazônia, frutas.
1 INTRODUÇÃO
A banana Musa spp. Musaceae é uma fruta muito comum e popular, conhecida pelo seu
sabor adocicado e saboroso, e embora seja associada como alimento, a banana possui propriedades
nutricionais e medicinais notáveis. A banana é rica em vitamina B6, vitamina C, manganês e
potássio. Enquanto a casca é conhecida por suas propriedades antifúngicas e antibióticas. Todas as
partes da bananeira têm aplicações medicinais. As flores são usadas na bronquite, disenteria e em
úlceras. As flores cozidas são dadas aos diabéticos. A seiva adstringente da planta é empregada em
casos de histeria, epilepsia, lepra, febre, hemorragia, disenteria e diarreia aguda, sendo também
aplicada em hemorroidas, picadas e mordidas de insetos e outros animais.
Suas propriedades químicas diferem pouco de uma variedade para outra. Alguns estudos
vêm identificando compostos de alto valor em cascas de banana. Estes compostos são
biossintetizados a partir do metabolismo secundário das plantas e apresentam baixo peso molecular.
Eles possuem atividade antioxidante, por esta razão, quando ingeridos na alimentação humana
previnem o risco de desenvolver enfermidades. Dentre os compostos presentes na casca da banana
estão os fenólicos, os flavonóides e os taninos condensados.
A casca da banana é rica em cálcio e potássio. Além disso, a quantidade de vitaminas C é
maior que na polpa da fruta. O chá da casca da Musa spp. Musaceae é propagado como sendo útil
para diversas enfermidades. A banana roxa é uma variedade de banana de polpa amarela e gosto
forte, sua casca é usada tradicionalmente no interior do Pará para o preparo de chá e segundo as
tradições locais, esse chá teria a propriedade de combater a pressão alta, a azia, doenças nervosas,
entre outras doenças.
2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
O presente trabalho teve como objetivo descrever as características físico-químicas da casca
e do chá da banana São Tomé (Musa spp Musaceae).
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2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
- Determinar a umidade e o teor de cinzas das cascas secas de banana roxa;
- Realizar determinações de pH, condutividade elétrica, densidade, teor de extrativo e acidez
para o chá das cascas de banana roxa.
3 MATERIAIS E MÉTODOS
3.1 AMOSTRAS
A matéria-prima utilizada foi a casca da banana São Tomé in natura (Musa spp. Musaceae)
adquiridas diretamente do cultivar de bananeiras, no município paraense de Abaetetuba. As análises
foram feitas no Laboratório de Físico-Química da faculdade de Farmácia, da Universidade Federal
do Pará, em Belém. Utilizaram-se dois cachos da banana a ser estudada, sendo um fruto por unidade
amostral, totalizando 6 amostras, sendo que as amostras se referentem às cascas das bananas. Os
frutos foram descascados e a casca para o chá passou pelo processo de secagem ao sol por uma
semana, sob abrigo de poeiras e bichos.
3.2 ANÁLISES COM A CASCA DE BANANA
3.2.1 Umidade
Um cadinho, previamente tarado, e com cerca de 5 g de casca foi levado à estufa a uma
temperatura de 105º C, por aproximadamente 2 dias e depois que retirado da estufa, foi levado ao
dessecador por mais ou menos 2 h. O valor final da umidade é definido pela seguinte fórmula:
MCa−Mc
Umidade ( )=100−
x 100
Ma
(
)
onde MCa representa o conjunto a Massa do Cadinho + amostra após a secagem, Mc representa a
massa do cadinho depois do processo de secagem e Ma a massa inicial da amostra.
3.2.2 Cinzas Totais
O teor de cinzas totais foi encontrado utilizando a massa adquirida a 105º C (determinação
de umidade), que foi levada a 450° C em mufla até atingir um peso constante e depois foi levado ao
dessecador por mais ou menos 2 h. Para determinar a porcentagem de cinzas totais foi utilizada a
seguinte fórmula:
MCa−Mc
Cinzas=
x 100
Ma
(
)
onde MCa representa o conjunto a Massa do Cadinho + amostra após a calcinação, Mc representa a
massa do cadinho vazio e Ma a massa inicial da amostra.
3.3 PREPARARO DO CHÁ
Os chás analisados foram preparados se pesando 1 g de casca de banana roza seca e se
acrescentado 100 mL de água destilada fervente em um béquer. Deixou-se o conjunto água mais
casca de banana por volta de 30 minutos em repouso no béquer devidamente tampado com vidro de
relógio. Após este tempo, filtrou-se a solução obtida com a ajuda de funil e papel de filtro
qualitativo. Completou-se o volume para 100 mL com água destilada e se processou as análises
físico-químicas logo em seguida.
3.4 ANÁLISES FÍSICO-QUÍMICAS DOS CHÁS
3.4.1 Teor de extrativo
Após o chá ser feito foram retirados 60 mL de cada amostra e distribuídos em 3 cadimhos de
porcelana, cada um com 20 mL. Em seguida, o cadinho contendo o chá foi levado para secar na
chapa aquecedora até quase secura e posteriormente na estufa a 105º C por 3 h, para que a secura se
completasse. O teor de extrativos foi encontrado pela seguinte fórmula:
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TE=
G . FD .100
M
onde: TE= Teor de Extrativos (%; m/m), G = massa de resíduo seco (g), M= massa da amostra (g),
FD = Fator de Diluição (5).
3.4.2 Densidade
Em uma proveta de 25 mL, previamente tarada, foram inseridos os chás até a marca de
aferição da prroveta e depois se pesou a massa de chá. A densidade foi determinada pela expressão:
m
d=
v
onde: d é a densidade (g/mL); m é a massa da amostra (g); e v é o volume (mL).
3.4.3 pH
Foram medidos 5 mL da chá da casca de banana em erlenmeyer de 250 mL, de cada
amostra, juntamente com a adição de 50 mL de água destilada, deixando a solução em repouso por
30 minutos. Então, o eletrodo do phmetro previamente calibrado com as soluções tampão de pH 4 e
7 foi adicionado à solução do chá de banana roxa e o valor do pH foi lido diretamente no visor do
aparelho.
3.4.4 Condutividade Elétrica
Para a determinação da condutividade elétrica foi adicionado à mesma solução preparada
para a medição de pH, o eletrodo de um condutivímetro portátil previamente calibrado com solução
padrão de 1,43 mS/cm, indicando a condutividade elétrica da solução diretamente no visor do
aparelho.
3.4.5 Acidez
Foi feita a mistura de 5 mL de cada amostra de chá juntamente com 50 mL de água destilada
em erlenmeyer de 250 mL, deixados por 30 minutos em repouso. Feito isso, foram acrescentadas 2
gotas de fenolftaleína à solução, executando-se uma titulação com solução de NaOH 0,1 mol/L,
sendo o volume de titulante consumido levadoa a seguinte expressão:
Acidez=
V x f c x M x 1000
Va
onde: V é o volume (em mL) de NaOH mol L-1 gasto na titulação; fc é o fator de correção da
solução de NaOH 0,1 mol L-1; M é a concentração de solução de NaOH em mol/L; e Va é o volume
da amostra.
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados dos parâmetros relativos à casca das bananas estão dados na Tabela 1.
Tabela 1. Resultados de umidade e de toer de cinzas totais para as cascas de banana
Amostra
1
2
3
4
5
6
Umidade
(%)
85,74 ± 0,30
86,13 ± 4,52
86,25 ± 0,38
85,13 ± 0,89
84,78 ± 0,57
85,49 ± 0,43
Cinzas
Totais (%)
2,58 ± 0,47
2,18 ± 0,28
2,63 ± 0,19
1,52 ± 1,27
1,80 ± 0,90
2,28 ± 0,27
640
Total
85,58 ± 1,18 2,39 ± 2,16
Legenda: Valores médios de três repetiçoes ± desvio padrão.
Os valores de umidade encontrados para a casca da banana roxa in natura foram em média
de 85,58%. Em estudos de Gondim et al. (2005), foram encontrados resultados ligeiramente
semelhantes para o teor de umidade, que foi em média de 89,47% nas cascas de bananas do gênero
Musa. Os valores para cinzas totais indicam em média 2,39%, resultado superior aos dos estudos
realizados por Pessoa e El-Aouar (2009), que encontraram valores que variam de 1,50% a 1,87%.
A tabela 2 a seguir traz os valores dos parâmetros físico-químicos estudados para os chás das
cascas de banana roxa.
Tabela 2. Resultados dos parâmetros físico-químicos para os chás de cascas de banana roxa
Condutividade
Densidade
Acidez
Teor de
Amostra
pH
Elétrica (mS/cm)
(kg/m3)
(%)
Extrativo (%)
1
2
3
4
5
6
Total
4,77 ± 0,06
5,21 ± 0,04
5,55 ± 0,01
4,67 ± 0,14
4,69 ± 0,04
4,32 ± 0,03
4,86 ± 0,04
0,94 ± 0,01
0,91 ± 0,01
0,39 ± 0,02
0,59 ± 0,02
0,72 ± 0,04
0,54 ± 0,03
0,68 ± 0,02
0,99 ± 0,01
0,98 ± 0,01
1,00 ± 0,01
0,96 ± 0,02
0,94 ± 0,01
0,98 ± 0,01
0,97 ± 0,01
2,55 ± 0,00
2,04 ± 0,50
0,94 ± 0,41
3,45 ± 0,54
3,68 ± 0,45
5,20 ± 0,45
2,97 ± 1,97
35,88 ± 14,60
21,81 ± 9,73
15,54 ± 6,31
18,87 ± 2,11
35,31 ± 20,19
17,30 ± 4,47
24,11 ± 9,56
Legenda: Valores médios de três repetiçoes ± desvio padrão.
Os resultados obtidos para o chá da casca foram comparados aos estudos de Silva et al.
(2014) sobre os chás de casca de sucuuba (Himathantus sucuuba). Os valores de pH encontrados
para o chá da casca da banana roxa são em média 4,86, semelhante aos obtidos por Silva et al.
(2014) (que foi de 4,23). A média de condutividade elétrica (CE) nos chás das casca de banana roxa
foi de 0,68 mS/cm, semelhante aos resultados obtidos por Silva et al. (2014) (que foi de 0,12
mS/cm). Os valores de densidade foram em média 0,97 g/mL, inferior aos resultados obtidos por
Silva et al. (2014) (que foi de 1,23 g/mL). A análise verificou um valor de acidez de em média
2,97%, superior aos resultados obtidos por Silva et al. (2014) (que foi de 1,13%). Os valores de teor
extrativo foram em média 24,11%, superior aos resultados obtidos por Silva et al. (2014) (que foi de
15,86%).
5 CONCLUSÃO
Por fim, no chá da casca, os valores de condutividade elétrica, acidez e teor de extrativo se
encontram ligeiramente superiores aqueles encontrados na literatura, ao passo que o restante dos
valores obtidos foram equivalentes aos encontrados na literatura. Com este trabalho se pode
apresentar valores de parâmetros físico-químicos para chás de banana roxa, o que não se verifica na
literatura.
REFERÊNCIAS
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em Tecnologia de Alimentos) Universidade Federal de Paraíba, 121 p. 2009.
SILVA, A. S.; SOUZA, E. C.; PINHEIRO, D. S.; TORTOLA, D. A.; MULLER, R. C. S. Análises de
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Disponível
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<http://www.unifalmg.edu.br/engenhariaquimica/system/files/imce/TCC_2014_2/Leiliane_Almeida
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Disponível
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http://www.sovergs.com.br/site/higienistas/trabalhos/10486.pdf. Acesso em 13 de junho de 2015.
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