o fio verde das crianças

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o fio verde das crianças
Comissão Europeia
o fio verde
das crianças
o fio verde
Comissão Europeia
DIRECÇÃO-GERAL DO AMBIENTE
Exemplares desta publicação gratuitos, até ruptura dos stocks,
no seguinte endereço:
Centro de Informação (BU-9 0/11)
Direcção-Geral do Ambiente
Comissão Europeia
B-1049 Bruxelles
Fax: (32-2) 299 61 98
E-mail: [email protected]
No ano passado, a Direcção-Geral do Ambiente organizou, em simultâneo com a Semana
Verde 2001, cinco concursos para jovens cidadãos da UE, que foram convidados a demonstrar
o seu conhecimento de temas ambientais, a sua criatividade e visão do futuro. A reacção foi
admirável, através de pinturas, histórias, fotografias, discursos e produções vídeo provenientes dos quatro cantos da União Europeia.
Este livrinho contém uma selecção das melhores pinturas e histórias recebidas. Estas
reflectem, de maneira muito pessoal, aquilo que o ambiente significa para muitos jovens
europeus e mostram, em termos realistas, como o jovens vêem o estado presente e futuro do
ambiente.
Acima de tudo, as pinturas e as histórias demonstram a sensibilidade dos jovens europeus
quanto aos problemas que ameaçam o nosso ambiente. Se cada um de nós partilhasse a preocupação e dedicação manifestadas por estes jovens, o futuro do nosso planeta seria um
pouco mais risonho.
Encontram-se disponíveis numerosas outras informações sobre
a União Europeia na rede Internet, via servidor Europa (http://europa.eu.int)
Uma ficha bibliográfica figura no fim desta publicação
Luxemburgo: Serviço das Publicações Oficiais
das Comunidades Europeias, 2001
Pavlina Kallidou
Direcção Artística
ISBN 92-894-1383-2
Dimitra A. Papadonopoulou
© Comunidades Europeias, 2001
Reprodução autorizada mediante indicação da fonte
Printed in Belgium
IMPRESSO EM PAPEL RECICLADO A
Ideia original - Elementos gráficos Coordenação
Edição
G. Dimitrakopoulos
D.T.P. - Filmes - Produção
50%
Tzifas Bros S.A.
Margot Wallström
Comissária Europeia para o Ambiente
o fio verde
Era uma vez, na época do tempo cinzento, um jovem fio que vivia num mundo que não era bem verde.
Um fio verde, como uma folha na Primavera, enrolado num novelo verde.
Vivia num sítio desconhecido algures num pequeno continente chamado Europa.
Gostava muito de ouvir as histórias que os velhos fios costumavam contar sobre
o tempo em que o mundo era verde e harmonioso.
Segundo eles, os adultos de repente começaram a destruir e a poluir
o ambiente sem pensar no mundo que
deixariam aos seus filhos e netos.
Um dia, o fio verde decidiu explorar o mundo sozinho.
Encontrou os jovens deste mundo cinzento. Todas as crianças,
com a maior atenção e de olhos bem abertos, viam o ambiente
estragado e poluído no qual não queriam continuar a viver.
Assim, enquanto viajava através da Europa, o fio verde decidiu
unir os sonhos e as esperanças das crianças.
Silenciosamente, começou a desenrolar-se para ligar todas as vozes,
todas as pinturas das crianças que, nos quatro cantos da Europa,
sonhavam com um mundo mais verde e mais harmonioso.
Advertência
As opiniões expressas no presente documento não reflectem necessariamente as opiniões
da Comissão Europeia. Nem esta nem qualquer pessoa que aja em nome dela podem ser
responsabilizadas pela utilização que possa ser feita das informações a seguir fornecidas.
Carta à Humanidade
Julio Fernández Amodia, 12 anos, Santander, Espanha
Querida Humanidade:
Estou a escrever para te dizer que não estou bem. Sou eu, o Ambiente, que está
a escrever esta carta para te avisar que estou muito mal e para te pedir que
mudes a forma como te comportas para eu poder melhorar.
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Minna Pohjonen, 7 anos, Finlândia
Tobias Conen, 9 anos, Alemanha
Deixa-me descrever os sintomas da minha doença:
A minha atmosfera está poluída por todos os fumos vindos dos escapes dos
carros e das fábricas.
Demasiados cortes de árvores e os fogos florestais sem controlo estão a
causar-me desertificação e desflorestação.
O meu sangue (oceanos, mares, rios, reservatórios, etc.) está ficar fraco e sujo
por todas as imundícies e lixo lançados para o mar, para os rios, etc.
A construção indiscriminada e as estradas estão a destruir as minhas paisagens.
Os animais e as plantas, adaptados ao ambiente em que vivem, estão a sofrer
mudanças e a sua própria existência está ficar ameaçada pela extinção das
espécies.
Tudo isto me faz pensar que a cura da minha doença está nas tuas mãos.
Precisas de mudar a forma como vives, por exemplo não cortando nem queimando árvores excepto se for preciso, plantando novas á rvores, não utilizando tanto
os automóveis, não lançando lixo para o mar, utilizando materiais biodegradá veis
e papel reciclado, respeitando os animais tal como eles nos respeitam, etc.
Chris Thomson, 8 anos, Reino Unido
Espero que tudo isto ajude a melhorar a minha saúde.
MUITO OBRIGADO POR OUVIREM OS MEUS CONSELHOS
6
O Ambiente
7
O ambiente pode melhorar
Emma Fridlund, 10 anos, Sundsvall, Suécia
8
Era uma vez uma rapariga que vivia numa pequena aldeia onde as
pessoas não se preocupavam muito com o ambiente. Costumavam atirar
para o chão em todo o lado latas, garrafas, cascas de laranja e papéis. A
rapariga, que se chamava Ida, desejava que houvesse menos carros e
menos fumo dos escapes para que o ambiente fosse melhor.
Ela também tentava limpar todo o lixo durante os intervalos das aulas e
depois da escola. Os pais de Ida perguntavam-lhe o que fazia tanto tempo
depois da escola e ela respondia que dava grandes passeios.
Mas um dia quando a Ida chegou a casa a sua mãe e o seu pai disseram-lhe que não podia voltar a andar na rua. Ida ficou muito aborrecida e
quis saber a razão. A mãe disse-lhe que queriam passar mais tempo com
ela depois da escola. Ida correu para o seu quarto e desfez-se em lágrimas.
Pensou em fugir e por isso meteu num saco três blusas, três pares de
calças, cinco pares de meias e collants, dois livros e alguma comida. Saltou
pela janela e a mãe quase a via, mas ela conseguiu escapar. De repente
lembrou-se que se tinha esquecido da tenda e teve de regressar. A sua mãe
viu-a logo que entrou em casa e perguntou-lhe porque estava com uma
mochila às costas. Foi ver a mochila.
- O que estão a fazer estas roupas e a comida na tua mochila?
Ida disse que ia dar um passeio.
- Nesse caso o melhor é entrares e comeres qualquer coisa.
- Mas eu vou ter um piquenique no passeio.
- Não, antes deves comer qualquer coisa.
Logo que acabou saiu despercebidamente. Levou a tenda e quando caiu
a noite estendeu-se e agasalhou-se no seu saco cama. Adormeceu quase
de imediato.
O dia seguinte era um sábado. Pensou em ir viver com a Tia Karin em
Estocolmo. Pegou no dinheiro que tinha, foi para a estação e entrou no
comboio das 9.45. Comprou um bilhete, depois foi ao vagão-restaurante e
comeu um cachorro quente e um gelado. Pela janela podia ver o ambiente
em todos os locais por onde passavam. Pensou que devia viajar por todo o
mundo e fazer alguma coisa contra o lixo e a poluição.
- Próxima estação: Estocolmo, anunciou o cobrador.
Saiu do comboio e começou a caminhar para o centro da cidade. Chegou
a um bloco de apartamentos onde morava a Tia Karin e tocou à campainha.
Ninguém respondeu, por isso foi-se embora e começou a apanhar lixo.
Quando viu a sua tia chegar correu para ela e perguntou-lhe:
- Posso ficar consigo?
- Claro, mas o que tens nesse saco?
- Lixo!
- O quê?
- Eu quero salvar a natureza e o ambiente.
Ida viveu em casa da tia durante sete anos.
Sete anos mais tarde:
Ida está de regresso a casa. Quando voltou à aldeia tudo tinha mudado.
Os carros consumiam óleo de colza e as fábricas poluíam menos. Ida sentiu-se muito melhor. Foi para casa, para junto da sua mãe e do seu pai, e
disse que não voltaria a ir-se embora sem lhes dizer.
- Agora sabemos como o ambiente é importante para nós, disseram os
seus pais.
Yvonne Dolerel, 10 anos, Áustria
Sara Grande Cobo, 9 anos, Espanha
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Carta do Futuro
Natalia Kirkopoulou, 12 anos, Bruxelas, Bélgica
Planeta Terra, 2999 DC
Chamo-me Mike. Amanhã, 7 de Fevereiro, faria 14 anos, uma idade que de
qualquer modo nunca pensei atingir. Estou a morrer e hoje é o último dia da
minha vida. Vivo na minha cidade com os meus irmãos e irmãs e com o R24,
o meu fiel computador. É muito duro e difícil o tempo que estamos a passar.
Muitas crianças da minha idade estão a morrer. A razão é que não conseguimos sobreviver. Fomos gerados por inseminação artificial e criados
por robôs. Não conhecemos o significado da palavra “natureza”.
Li alguns livros e imagino como era o mundo que eles descrevem. O que
é um lindo céu azul, ou um mar a afagar as rochas, ou as árvores de um
verde vivo na Primavera, ou ainda o som dos pássaros a cantar?
Angelina Voulgaridou, 8 anos, Grécia
10
Carina Maurer, 8 anos, Áustria
Estive a ler que em tempos a Terra foi verde, que havia árvores e flores a
cheirar bem. A Terra era fértil, havia muita água e o ar era puro. Isto foi há muito,
no ano 2000, quando toda a gente era feliz e não prestava atenção à natureza.
Os anos passaram, aconteceu todo o tipo de problemas graves e a vida tornou-se difícil: o aquecimento global, a poluiçáo da água, as chuvas ácidas e o buraco na camada de ozono. A produçáo aumentou e as florestas desapareceram.
No ano 2100 as florestas eram raras. A água escasseava. Tudo o que os
homens tinham feito no passado teve graves consequências para o mar, para
os lagos e para os rios e até para o destino dos animais cuja existência
dependia da água. Pensaram que o mar era infinito e que as suas reservas de
peixe eram tão grandes que nunca lhes deram a atenção necessária.
Quando chovia, o ar poluía a chuva, que se tornou ácida. A chuva ácida
poluiu os rios e os lagos, arruinou os peixes e as árvores e o resto da natureza.
Não era para ser este o meu destino, mas a indiferença das pessoas do
passado está agora a ser paga pelas pessoas que vivem no presente.
Gosto de imaginar como seria o mundo hoje se os nossos antepassados
não tivessem criado tantos problemas ambientais. Sonho com um mundo
maravilhoso, com ar fresco e água pura. É através dos sonhos que decidimos o que queremos. Sonhamos com qualquer coisa e depois fazêmo-la.
Mas eu não posso fazer milagres.
Por isso não sei quem irá ler esta carta ou mesmo se alguém a irá ler, mas
espero que percebam o que estou a tentar dizer …
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Morsang-Les-Sources
Florence Pruchon, 11 anos, Morsang. França
Federica Tedesco, 10 anos, Itália
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Tenho onze anos, estou na sexta classe no Colégio de Jean Zay, em Morsang s/Orge,
a sul de Paris. Este ano tenho um professor de Ciências que nos obriga a fazer trabalhos sobre o ambiente. Já fizemos montes de coisas. Em Setembro propôs-nos que
recolhêssemos o lixo nas margens do Orge. Éramos cerca de trinta alunos do Colégio,
de todas as classes. Alguns jornalistas vieram perguntar-nos porque estávamos a fazer
aquilo e tiraram mesmo fotografias para os jornais. Tínhamos luvas, t-shirts e grandes
sacos do lixo e apanhámos muitas coisas, os nossos sacos ficaram cheios. Também
fizemos outras saídas. Na aula observávamos estes pequenos animais ao microscópio.
Depois o nosso professor falou-nos dum projecto em que era preciso fazer um filme.
Encontrávamo-nos todas as quartas-feiras na Casa do Ambiente para fazer inquéritos.
Criámos um clube Fondation Nicolas Hulot, “os alunos do Colégio de Morsang”.
Interessámo-nos pelas fontes da cidade. Encontrámos e entrevistámos um funcionário
do turismo em Orge, um biólogo, engenheiros, os jardineiros do Parque, historiadores,
um bibliotecário, chegámos mesmo a ir de miniautocarro visitar uma fonte milagrosa na
cidade vizinha! Divertimo-nos bastante e também aprendemos muitas coisas. Na última
semana rodámos um filme com toda a turma. Imaginámos uma história com o professor
de francês para explicar a origem das fontes, a qualidade da água e o interesse das
fontes para a nossa cidade. A televisão apareceu e até nós fomos entrevistados! Foi
duro e fazia um frio de rachar! Tivemos de refazer algumas cenas várias vezes. Foi assim
que comecei a interessar-me pelo ambiente. Entrevistámos o Adjunto do Presidente da
Câmara responsável pelo ambiente em Morsang, que nos disse que há casas na cidade
que são inundadas regularmente por causa das fontes e que na altura em que foram
construídas ninguém se preocupou em protegê-las, mas agora é que começam a
aperceber-se que deviam ter tido mais cuidado. Gosto desta maneira de trabalhar,
porque vemos muitas pessoas diferentes, visitamos muitos lugares e aprendemos a
conhecer melhor a nossa cidade. Espero ter este professor de novo no próximo ano.
Elena Romani, 8 anos, Itália
Eva Keskinen, 10 anos, Finlândia
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Mau Ecologista Bertil e Ecologista Atento Mats
Niclas Hägglund, 10 anos, Sundsvall, Suécia
Esta é a história do Mau Ecologista Bertil e do
Ecologista Atento Mats. São duas pessoas muito
diferentes, como se pode ver pelos seus próprios
nomes. Mats e Bertil têm ambos cerca de 20 anos.
O dia de Bertil
Raisa Pernu, 9 anos, Finlândia
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Bertil acordou com o toque do despertador, bocejou e espreguiçou-se. Levantou-se e tomou o
pequeno-almoço, constituído por torradas e leite
achocolatado. Depois de se vestir e lavar os dentes pegou na chave do carro e saiu para o seu
carro. Logo que chegou à rua tirou um cigarro,
depois um fósforo e acendeu o cigarro. Deitou
fora o fósforo queimado depois de o soprar.
Entrou no carro e rodou a chave. O carro arrancou. Foi até à loja da esquina, embora esta não
fosse a mais de 100 m. Os seus vizinhos consideram-no um preguiçoso. Quando chegou à loja
deixou o motor a trabalhar enquanto comprava
um jornal, pastilhas elásticas e uma lata de CocaCola. Disse adeus à empregada da loja e quando
voltou ao carro, sempre com o motor a trabalhar,
decidiu dar uma vista de olhos pelo jornal. Abriu a
lata de Coca e foi para a página 3. Quando viu a
fotografia pensou: “Ela é mesmo gira!” Deitou fora
a ponta do cigarro e a lata vazia. Olhou para o
relógio e exclamou “Nunca mais são dez horas!”
Partiu com um arranque precipitado. Quando
chegou a casa ligou a máquina de lavar roupa.
Tinha uma camisa que precisava de ser lavada.
Utilizou montes de detergente. Depois de pôr a
máquina a funcionar foi tomar um duche que
durou cerca de 40 minutos e a seguir almoçou.
Depois do almoço desceu e esteve a ver televisão. Enquanto via televisão pegou nalguns
doces para ir comendo.
O dia de Mats
Mats acordou com o som dos pássaros a cantar.
Espreguiçou-se e levantou-se. Tomou o pequeno-almoço, constituído por cereais e sumo. Apagou
a luz da cozinha antes de sair. Pegou na chave do
cadeado da sua bicicleta e saiu. Caminhou até à
sua bicicleta e foi até à loja da esquina. Mats
entrou e comprou um pão e um litro de leite.
Quando saiu viu uma lata de Coca-Cola no chão.
Apanhou-a e levou-a consigo. Mats já obtivera
assim 100 coroas. Colocou o pão e o leite no
cesto da bicicleta, pedalou até casa e tomou um
duche durante cerca de 4 minutos. Depois fez
uma máquina com a roupa da semana. Utilizou
apenas uma pequena quantidade de detergente.
Foi para a cozinha e preparou o almoço. Depois
de comer foi para a cama descansar um pouco.
O encontro
O Ecologista Atento Mats levantou-se e foi tomar
o pequeno-almoço. Procurou uma laranja no frigorífico, mas já não havia nenhuma. Vestiu uma
camisola e saltou para a bicicleta para ir à loja da
esquina.
Bertil acordou ao mesmo tempo. Levantou-se e
dirigiu-se à mesa do pequeno-almoço. Para
grande desespero seu viu que já não tinha cigarros. Vestiu o casaco e pegou na chave do carro.
Foi até à loja da esquina a acelerar.
Quando Mats chegou à loja Bertil vinha a sair com
um maço de cigarros e uma lata de Coca-Cola.
Depois de esvaziar a lata Bertil deitou-a para o
chão. Mats viu e disse:
“Obrigado! Agora já posso comprar aquele jogo
de computador.”
“O quê?” disse Bertil.
“Sim, este mês poupei as últimas 100 coroas que
precisava para um jogo de computador. Quanto
dinheiro é que queima em cigarros num mês?”
“Cerca de 1000 coroas”.
“Eu posso comprar 3 jogos de computador com o
dinheiro que gasta num mês e ainda por cima é
você que paga.”
Mats deu a Bertil algo para meditar.
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Luca Martin, 12 anos, Innsbruck, Áustria
O ambiente é importante ....
..... e não pode ser tomado com ligeireza;
precisa de ser respeitado e não considerado como se fosse nosso.
Tem de ser amado e acarinhado,
se não envia-nos chuva ácida.
Podemos achá-lo maravilhoso, mas também podemos poluí-lo,
O que não beneficia ninguém.
Muitos peixes têm de morrer no meio de manchas de óleo
mas nenhum político quer arriscar o que quer que seja por eles.
Os gases emitidos pelos veículos
enfurecem os ambientalistas.
Se não conseguirmos resolver os problemas dos CFC
e da energia nuclear
o buraco da camada de ozono vai aumentar ainda mais.
Queremos viver com energia que é preciosa e com ar puro,
mas entregamos a floresta tropical por uma bagatela.
Jeannine Weber, 10 anos, Áustria
Martina Sandström, 8 anos, Suécia
Para muitos a floresta tropical é para abater,
Riijja Saarela, 7 anos, Finlândia
tudo o que nos resta é a esperança.
Para construir casas que os nossos filhos vão herdar
têm de morrer cada vez mais animais.
Temos de respeitar a natureza e o ambiente,
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se não vingar-se-ão de nós no futuro.
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Konstantinos
Asonitis,
8 anos, Grécia
Eleni Kyriazi, 12 anos, Giannitsa, Grécia
O ambiente está a ficar cada vez mais poluído
por causa do comportamento irresponsável dos
homens. Por isso toda a natureza realizou uma
reunião e depois de muita discussão decidiu fazer
um aviso aos homens e fazer alguma coisa para
eles compreenderem o que tinham andado a fazer
todos estes anos, por não ligarem aos problemas
ambientais, mesmo que tivessem tentado fazer o
seu melhor no desenvolvimento das tecnologias.
Assim, o conjunto da natureza decidiu entrar
em greve e deixar de fornecer ao Homem tudo o
que necessita. “O Homem está a destruir-nos.
Está a mudar tudo para pior, mas sem pensar que
se está a destruir a si próprio. Está a esquecer-se
que nós somos a coisa mais preciosa que ele e os
seus filhos possuem.” Estes foram alguns dos
principais pensamentos do ambiente. E a organizadora do protesto foi a própria Mãe Natureza.
As árvores decidiram não dar os seus frutos
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saborosos, nem libertar o seu precioso oxigénio.
O solo decidiu não dar as suas colheitas nem as
suas valiosas vitaminas. A água estava furiosa
por ter sido poluída por produtos químicos e resíduos nucleares contaminados, pelo que apesar
de continuar a tentar fazer bem, toda a gente
tinha medo dela por estar poluída. A água desgostosa também gritou e ralhou com o Homem
por ele não perceber que está a poluí-la e que a
pobre água não pode fazer nada. O Sr. Ar e o Sr.
Ozono também estavam furiosos com o Homem:
o primeiro resmungava que o Homem tinha sujado tudo e o segundo estava furioso porque tinha
um grande buraco que não conseguia tapar.
Entretanto a Menina Relva estava a lamentar-se
porque o Homem a tinha arruinado e substituído
pelo Sr. Relvado de Plástico e ela estava com
alguns ciúmes dele.
Todo o grupo escreveu as suas exigências numa
grande folha de papel reciclado. Explicaram que
iam fazer greve numa carta enviada ao Ministro do
Ambiente em que o carteiro foi uma tartaruga (da
espécie ameaçada Caretta caretta). Disseram ao
Homem que se ele não voltasse à razão no prazo
máximo de cinco dias iriam fazer um Ataque Geral
do Ambiente. Começaram a preparar sinais de
aviso e painéis com as iniciais AGA.
À medida que os dias passavam parecia que o
Homem não ia satisfazer as exigências do grupo
do ambiente. Por isso, o grupo decidiu concretizar a sua ameaça.
Tudo estava pronto. Estavam prestes a dar o
sinal. Um, dois, três – AO ATAQUE! E então …
acordei!!! Estava coberta de suor. Tinha estado tão
preocupada com o destino do Homem – tal como
estou agora preocupada com os resultados deste
concurso. Mas ainda estou mais preocupada com
o futuro do ambiente e da vida no Planeta Terra.
Michele
Trimarchi,
9 anos, Itália
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Giuseppina di Giorgio, 13 anos, Taranto, Itália
Nesse Verão Giorgio não passou as férias como era habitual, sentado
Cesar Castañeira García, 9 anos, Espanha
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Stefania Granieri, 10 anos, Itália
ao sol na praia, ao lado de um mar sujo e rodeado de garrafas vazias, lixo
e todo o tipo de outras imundícies.
Graças a uma viagem que ganhara, Giorgio e os seus amigos foram nesse
Verão para Trieste. Ao descobrir uma cidade tão limpa Giorgio começou a
sonhar como seria muito mais bonito se a sua cidade fosse assim limpa.
Imaginou lindos parques cheios de flores e de campos de jogos para crianças, o lixo colocado em latões, estradas e parques limpos.
Sonhava e ao mesmo tempo pensava na sua cidade e de como eram aí as
férias de Verão. Estava triste e desapontado por a sua cidade não ser mais
limpa e menos poluída. Giorgio queria fazer qualquer coisa. Tinha muitas
ideias, mas sabia que nunca dariam nada.
Deixou a sua imaginação vogar de novo e pensando na sua cidade imaginou a deslocação e modernização das fábricas, a fim de ficar mais espaço
para zonas verdes e ar puro na cidade.
Ao regressar à realidade, Giorgio sentiu-se infeliz por os lindos sonhos que
tivera terem acabado; todas as suas ideias eram apenas sonhos de crianças.
Nessa altura Giorgio, perdido nos seus pensamentos, afastou-se do seu
grupo de amigos e foi para um canto.
Marco, o seu colega de quarto, dirigiu-se a ele e perguntou-lhe o que
estava ali a fazer sozinho. Giorgio contou a Marco os seus sonhos e também Marco confessou que desde pequeno sempre sonhara com bonitos
parques para brincar, com estradas limpas e ar puro. Agora tinham possibilidade.
Ao voltarem à sua cidade começaram a pensar mais no ambiente, deixaram
de deitar lixo para o chão, pondo-o nos caixotes de lixo, trataram as zonas
verdes com respeito e sobretudo todos tentaram convencer os seus amigos que o seu sonho e de tantos outros rapazes e raparigas da sua idade
se podia tornar realidade.
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O meu ambiente
(uma perspectiva de relance)
Kristina Weitacher, 11 anos, St Josef, Áustria
Eu e o meu amigo Jerry estávamos pousados na aveleira junto ao lago,
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como fazemos todos os dias, quando me passou uma ideia pela cabeça.
“Ó Jerry, vamos fazer qualquer coisa,” disse-lhe eu. Ele estava para ali
pousado no seu ramo, com ar preguiçoso e pouco interessado. “Mas é bom
estar aqui pousado,” resmungou ele. Mas eu não me dou por vencida.
“Podemos brincar outra vez aos polícias e ladrões,” sugiro. “Ah, pois, Gina
e Jerry, os polícias do ambiente”, troça Jerry.
“Porque não? Penso que é uma grande ideia”, respondo eu. “Vamos lá.”
“E hoje é para onde?” pergunta Jerry, começando a ficar um pouco mais
interessado.
“Vamos para a cidade. Lá está sempre a acontecer qualquer coisa,” respondo
eu e levanto voo. Jerry não tem alternativa senão começar a voar atrás de mim.
Ainda é um bocado até à cidade e depressa Jerry começa a queixar-se.
“Caramba, Gina, estás a ver se bates o record da velocidade!”, diz ele ofegante.
Mas eu continuo indiferente. “Cala-te! Assim voas melhor!”, gritei eu para trás.
Chegámos à cidade e pousámos na primeira chaminé a que chegámos. “Ainda
bem. Agora posso descansar”, diz Jerry a arquejar. Mas hoje não é o seu dia de
sorte. Ainda mal tinha acabado de dizer isto e já uma massa de fumo saía em
rolos da chaminé, envolvendo-nos numa nuvem negra. “Uff! Que horror!” balbucio, queixando-me agora eu. “É horrível lá em cima,” diz Jerry. “Talvez devêssemos ir um pouco mais para baixo,” respondo eu. Assim, aterrámos num semáforo com o sinal vermelho. “Ar fresco de novo,” alegra-se Jerry. Mas exactamente
nesse momento o sinal passa a verde e uma vaga maciça de automóveis começa
a andar, os gases dos escapes a elevarem-se e a empestarem todo o local.
“Estou a começar a sentir-me mal. Quero ir para casa,” suspira Jerry. “Há ali um
parque. Vamos lá recuperar o fôlego,” sugiro. “Meu Deus! O que se passa aqui?
Parece um monte de lixo,” grita Jerry. “Garrafas, latas e todo o tipo de lixo. Que
pena, num parque tão bonito,” suspiro. “E agora, vamos para onde?”, pergunta
Jerry. “Para a avenida dos castanheiros. Há muita gente a passear lá. Deve estar
limpa.” “Espero bem,” diz Jerry, não muito convencido.
“Parece OK,” digo eu. Mas Jerry não está tão seguro. “O que é aquilo naquele caminho?” pergunta ele, “que as pessoas estão a enterrar.” “Penso que é…”
gritei horrorizada, “porcaria de cão! Vamos daqui para fora.” Finalmente encontrámos um bonito lugar no parque, sem fumo nem mau cheiro. “Há ali um
grande barulho,” disse Jerry, “vamos voar até lá e ver o que se passa.”
Um homem idoso está a ralhar com algumas crianças que estão a brincar: “Inúteis! Alguém devia chamar a polícia.” “Pobre gente,” pensei para
comigo. Estamos cada vez a gostar menos do passeio. “Acho que
devíamos voltar,” digo eu. No caminho de regresso voámos por cima do
que devia ser uma feira de velharias e que parece mais um campo de batalha. É só confusão e sucata. De volta à nossa aveleira, apreciamos sobretudo a paz. Como a cidade seria bonita sem todo aquele fumo, barulho, lixo
e mau cheiro. “As pessoas deviam ter mais cuidado e pensar em nós, animais e plantas. Sem nós elas não sobreviveriam!”
Darío Fernandez Amodia, 9 anos, Espanha
Picha Robert, 8 anos, Alemanha
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Dorperveldpoel
Nele Vastipelen, 13 anos, Neeroeteren, Bélgica
Desde o ano lectivo de 1995-96 que algo de maravilhoso se passou
Luigi Rizzo, 10 anos, Itália
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Elina Ritala, 9 anos, Finlândia
no College Heilig Kruis-Sint Ursula 1 [Colégio de Santa Úrsula da Sagrada
Cruz 1]. Com a ajuda do Fundo Mundial para a Vida Selvagem e da cidade
de Maaseik [Bélgica], pudemos anunciar que íamos criar uma reserva
educativa natural, com a inclusão de um lago.
Isto era muito importante para a escola, mas também para a população
local. A nossa escola está situada na comuna de Dorperveld, de onde vem
o nome do lago, Dorperveldpoel [lago de Dorperveld]. Devemos muito ao
nosso professor de Biologia que trabalhou muito para transformar a reserva
educativa natural na nossa escola em algo maravilhoso e utilizável para
muitas matérias ensinadas na escola.
Também colaborámos em inúmeros projectos. O ano passado trabalhámos no projecto GD da margem arborizada de Dorperveld. Para este projecto implantámos uma cintura verde de 18 ares à volta do pátio do recreio.
A cada turma foi atribuída uma pequena parcela para cultivar. Os alunos do
primeiro ano começaram logo a trabalhar na reprodução da relva. É evidente que os professores foram vendo quem trabalhava e quem nem
sequer aparecia e quando toda a zona ficou sem ervas daninhas foram
atribuídos prémios. Assim, os pequenos canteiros cheios de ervas horríveis
passaram a ser um regalo para o olhar. Durante os intervalos do almoço
cobrimos o caminho à volta do lago com aparas de madeira.
Em Novembro organizámos a Festa da Ciência. Os alunos do segundo
ano analisaram a água no lago Dorperveldpoel. Era perfeitamente pura e é
claro que não esperávamos outra coisa! O professor de Ciências dirigiu
experiências de Física que, como é evidente, também tinham a ver com a
água. Fomos autorizados a ajudar nas experiências, fazendo flutuar objectos no ar ou na água ou mergulhar. Os alunos do primeiro ano apanharam
alguns pequenos peixes e outras espécies aquáticas no lago e ocasionalmente autorizaram os mais pequenos a apanharem também um pequeno
peixe. É evidente que asseguraram que tudo se passava como devia. Na
cantina da escola estas pequenas criaturas podiam ser vistas à lupa ou ao
microscópio. No final do dia foi apresentado o livro do lago de Dorperveld,
intitulado Dorperveldpoel, een educatief reservaat [O Lago de Dorperveld,
uma Reserva Educativa Natural]. O livro relata o desenvolvimento da
reserva. Em resumo, muito se faz na nossa escola para melhorar o ambiente.
Recentemente também criámos um grupo de trabalho do ambiente, no
qual são discutidos muitos assuntos, por exemplo como manter a escola o
mais limpa possível. Há algum tempo atrás este grupo apareceu com uma
nova proposta e agora o pátio do recreio é limpo por uma turma diferente
todos os dias. Só se houver algum lixo espalhado, claro! E apenas há
alguns dias plantámos uma série de árvores novas: castanheiros, tílias e
carvalhos. Estes são alguns dos muito projectos que se destinam a tornar
a nossa escola tão amiga do ambiente quanto possível.
Qualquer pessoa que veja os resultados dos nossos projectos percebe
que tratamos a natureza com o respeito devido. Pedimos às outras
pessoas (família, amigos e conhecidos) para fazerem o mesmo. Se formos
bons para a natureza, será bom para todos nós no futuro!
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O nosso futuro
Tamara Sonderegger, 13 anos, Innsbruck, Áustria
O que é que o futuro nos tem reservado? É uma pergunta que muitas
pessoas fazem, mas ainda ninguém tem uma resposta, nem mesmo os cientistas
ou os investigadores.
Alguns pensam que virão extraterrestres povoar a Terra, outros imaginam um
futuro onde toda a gente tem de andar com máscaras de gás e outros ainda pensam que a humanidade vai acabar mais cedo ou mais tarde, como aconteceu com
os dinossauros. Algumas pessoas têm esperança na vida em grandes instalações
debaixo de água, outras no povoamento de outros planetas. Quem sabe o que irá
realmente acontecer? A minha opinião é que o nosso ambiente tem de mudar.
Todos os gases de escape dos nossos carros fazem aumentar o buraco da camada de ozono e o sol tornar-se-á tão quente e perigoso que seremos obrigados a
manter-nos em casa entre as 10 da manhã e as 6 da tarde. Este calor fará igualmente derreter os glaciares e as montanhas de gelo nas regiões polares e portanto os níveis do mar vão aumentar. Cidades e aldeias inteiras junto ao mar ou abaixo
do anterior nível do mar terão de ser evacuadas, porque ficarão submersas.
Também penso que no próximo século iremos sofrer de todo o tipo de doenças provocadas pela má qualidade do ar e gases tóxicos e pela contaminação radioactiva.
A raça humana vai expandir-se a um ritmo enorme e o número de pessoas a povoar
o Planeta será cada vez maior. Atingirá tais proporções que deixará de haver
espaço e alguém terá de aparecer com novas ideias, mas o que será não sei.
Sami Rantanen, 8 anos, Finlândia
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Laura Draber, 9 anos, Áustria
Alexander Bäsecke, 8 anos, Alemanha
Sinto igualmente que em breve deixará de haver plantas na Terra, que as florestas
tropicais serão abatidas e que as pessoas preferirão ter em casa flores artificiais
em vez de verdadeiras, o que conduzirá a um excesso de CO2.
Para mim o futuro não me parece nada cor-de-rosa.
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Um ambiente perfeito
Jooel Tuokola, 14 anos, Pietarsaari, Finlândia
Penso que num ambiente perfeito deviam reinar sobretudo as cores
Alessia Consiglio, 9 anos, Itália
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Iordanis Panidis, 10 anos, Grécia
verdes. Quando se olhasse para o nosso ambiente não era sujidade e lixo
que se deviam ver, mas sim coisas bonitas. Toda a gente pode ter o seu
próprio ambiente, mas também o seu próprio sonho de ambiente perfeito.
Pode ser que algumas pessoas gostem de viver no centro da cidade,
rodeadas de sujidade. E há outras que gostam de viver no meio de um
deserto quente. Mas neste momento estão a perguntar-me a minha opinião
sobre o que é um ambiente perfeito e a minha história é mais ou menos esta:
Posso imaginar sair de casa no meio da floresta tropical na África do Sul,
onde eu veria o meu macaquinho, Tano, a saltar de árvore em árvore e
depois para os meus braços. Dar-lhe-ia uma banana colhida da bananeira
mais próxima e ele comia-a, enquanto eu colhia o meu pequeno-almoço
das árvores próximas. E até a floresta tropical não seria uma floresta vulgar,
mas uma floresta tropical perfeita, naturalmente. Apanharia duas tangerinas
para mim de outra árvore e uma melancia do campo para o pequenoalmoço e o almoço. Depois, claro, outra banana para o Tano.
Depois do pequeno-almoço - e já seria quase meio-dia - o suor começaria
a cair da minha testa e eu iria para a minha piscina nas traseiras, para nadar
e tomar banhos de sol. Depois, se a minha pele começasse a ficar queimada, iria para dentro. Servia-me de um copo de ponche e tirava um bom livro
da biblioteca. A seguir ia sentar-me numa poltrona muito grande e fofa e lia
o livro ao mesmo tempo que bebia o ponche feito de frutos exóticos.
Quando já tivesse lido bastante o livro - e então seriam quase 5 horas ia lá para fora, outra vez para a minha árvore, onde cresce carne. Apanhava
qualquer tipo de carne que quisesse da árvore. Ia então para dentro assar
a carne, depois de comer a minha melancia. A seguir começava o meu trabalho habitual, que é observar a natureza; por outras palavras, tirava as
fotografias mais bonitas da natureza que é possível imaginar. Teria mesmo
de ir ao centro da floresta e aí encontrava-me com a minha amiga tartaruga, a Bono. Tirava fotografias não só de flores, mas também de animais, do
mais pequeno ao maior.
Quando tivesse tirado muitas fotografias voltava a casa montado na
Bono. O Tano já estaria à espera em casa, a comer uma banana. Depois
disso talvez passasse algum tempo na minha sala de estar, onde teria todos
os tipos de aparelhos verdadeiramente na moda (teria mesmo uma
Playstation 2). Passava aí o meu serão a jogar e a ver filmes em DVD.
Quando fosse tempo de dormir ia para a cama e de manhã, quando acordasse, encontrava-me de repente num pequeno Estado Báltico qualquer,
numa pequena aldeia longe da sujidade e da poluição. Lembrem-se que
este seria um ambiente perfeito.
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"Happy end"
Gabriel Campos, 13 anos, Coimbra, Portugal
-Pedro Alexandre, aceita a Elzbieta como legítima esposa?
Sereno, na voz o enlevo de um sonho realizado, ele respondeu: -Sim!
-Elzbieta, aceita o Pedro Alexandre como legítimo esposo?
Trémula, na face o rubor da emoção, ela respondeu: -Sim!
E foi o desfecho de um encontro real. Que ainda hoje é um conto de
fadas.
Numa época em que tanto se fala das “novelas da vida real”, produto
rapidamente perecível e de consumo fácil, é bom verificar que existem
ainda jovens que se encontram porque os unem valores e ideais. Jovens
que cimentam o seu amor em laços mais fortes e duradouros do que umas
conversinhas via Internet ou um encontro artificial e vazio num qualquer
“Big Brother”.
Foi há dois anos. Conheceram-se na Roménia, num encontro promovido
pelo Conselho da Europa para debater questões ambientais. Ele,
português, conheceu Elzbieta, polaca.
Ambos dizem que foi amor à primeira vista!
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A natureza que tanto amam emprestou ao despertar dos sentidos o murmúrio do vento, o mistério dos bosques, o sussurro dos riachos.
O Pedro, no final de um curso de Engenharia Civil, balançava entre uma
carreira segura e promissora e o seu amor por um planeta tão maltratado.
A fotografia era, já nessa altura, mais do que um simples hobby. Era já uma
vertente da paixão que o impelia a observar libélulas e borboletas, aves e
secretas flores.
Ela, após um curso de Sociologia, via no Mundo a casa comum.
E assim como se tornavam mais fortes os laços que os uniam na
observação da Natureza, assim ia crescendo neles a vontade de consagrar a vida à defesa do património ambiental. Daí terem integrado o
Serviço Voluntário Europeu na área da ecologia, num parque natural, em
Espanha.
Hoje mantêm-se unidos na defesa de um mesmo ideal.
Casaram. Vivem felizes e acreditam que é para sempre. Irão ter muitos
meninos? Não sabem, mas desde já lhes estão a preparar um mundo-berço
à medida do seu amor.
Sanni Mattila, 7 anos, Finlândia
Adrián Álvarez Alonso, 9 anos, Espanha
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ã
Di aã rio de uma Arvore
Magarita Diaz Miguel, 14 anos, Valadolid. Espanha
Olá amigos!
Deixem apresentar-me: chamo-me Peruco e sou uma daquelas árvores que
vêem habitualmente na maior parte dos parques. Vou contar-lhes uma coisa
que realmente despertou hoje a minha atenção e que me agradou muito.
Acontece que as crianças antigamente tinham muito respeito pelo ambiente e eram muito cuidadosas com ele; mas à medida que os anos foram
passando eu fui ficando mais velha e as crianças que hoje vejo fazem
coisas terríveis.
Veronica Ferretti, 9 anos, Itália
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Frederic Röttger, 8 anos, Alemanha
Dantes as crianças costumavam divertir-se a brincar na areia, faziam os
seus brinquedos dos ramos que caíam das árvores e chegavam mesmo a
abrigar-se debaixo da minha copa quando chovia e na Primavera costumavam fazer tocas no grande pinheiro que se erguia no parque. Na altura
do Verão também costumavam dar um mergulho no lago que ali havia, mantendo-se em contacto estreito com a natureza. Hoje, à medida que o tempo
avança, as crianças estão sempre a querer mais (um pacote de batatas
fritas, pastilhas elásticas, etc.) e mesmo os seus brinquedos mudaram,
passando de bolas de trapo para bolas muito redondas e com nomes
engraçados escritos nelas e de bonecas feitas em casa para bonecas feitas
de uma coisa a que chamam plástico e que depois são pintadas.
Os mais jovens e os adultos por vezes deitam lixo para o chão e também
colam em mim aquelas coisas pegajosas a que chamam pastilha elástica.
O meu amigo Papi (é o caixote do lixo) queixa-se por as crianças não
deitarem o lixo nele (só de vez em quando). Por vezes, quando querem
escrever disparates, escavam a minha casca e ferem-me. Devem pensar
que não dói, mas acreditem que sim!
Bem, todos estes anos de experiência me fizeram divagar demasiado,
mas deixem-me dizer-lhes o que me agradou tanto. Esta manhã, alguns
jovens aí com treze anos chegaram com o seu professor. Ele estava a dizerlhes tudo o que não deviam fazer, como deitar lixo para o chão e maltratar-nos a nós, as árvores. Oh! e então, mesmo que pensem que é estranho, as
crianças fizeram ninhos, plantaram árvores e apanharam todo o lixo que
estava espalhado pelo parque. Agora nem sequer reconheceriam o local!
É tudo o que queria dizer-vos. Espero que sigam o seu exemplo e venham ver-me.
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O ambiente pode ser melhorado
Micaela Jonasson, 11 anos, Sundsvall, Suécia
- Olá, sou Siri, a anchova, e gostava de lhes contar a minha vida debaixo de água.
Há muito, muito tempo a água era limpa e transparente. Não havia automóveis nem centrais
nucleares. Em resumo, tudo era maravilhoso. Mas
depois as coisas começaram a mudar. Antes de
as pessoas saberem que era perigoso lançar as
latas de óleo para a água iam até ao mar para as
lançar.
- Vem comigo, Mona, e eu mostro-te. É espantosa
a quantidade de lixo que há na água. Para além
de latas de óleo há jarros, garrafas, sacos de
plástico, papéis, carros velhos ferrugentos e bicicletas, etc.
- Sabes quando explodiu aquela central nuclear
em Chernobyl? Foi há 17 anos. O vento empurrou
o rádio para Sunsvall. O meu irmão estava lá de
férias e ainda não regressou a casa.
- Oh meu Deus.
- As pessoas têm muito para responder.
- Eu sei.
Ao vir à superfície...
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- Olá, Martin Gull.
- Viva, Siri Anchova.
- Podes ir com a Mona numa viagem de
descoberta, disse ela com um olhar entendido
para Mona.
- Claro, o que queres ver?
- Qualquer coisa boa, por favor.
- Isso pode ser difícil.
- Podes sempre tentar.
- OK, então vamos lá.
- Obrigado.
- O que queres ver?
- Primeiro podes mostrar-me algumas coisas más
e depois algumas boas.
- Está bem. Primeiro vamos a Kuball.
- O quê? Kuball?
- Sim, porquê?
- O meu pai trabalha lá, o que é que fazem de
mal?
- 1. Estão a consumir demasiada electricidade.
- 2. Estão a libertar venenos.
- Oh meu Deus, tenho de falar ao meu pai nisso.
- Sim, não te esqueças.
- Agora vamos para Ortviken. Aqui está a fábrica
de papel.
- Eu sei. A minha mãe trabalhou lá. O que estão a
fazer errado?
- Libertam venenos para a água.
- O que estás a dizer?
- Libertam…
- Eu ouvi à primeira vez. Penso que a seguir vais
dizer que a Saab também se está a portar mal.
- Esse era o terceiro caso que te queria mostrar.
Quem é que lá trabalha?
- A minha mãe.
- Eles...
- Não quero ouvir. Podes mostrar-me algo de bom
para variar?
- Vamos voar para a costa.
Muito mais tarde…
- Olha como é bonito.
- Eu sei.
- Se olhares para a água podes ver medusas,
peixes, plâncton (que podes observar a olho nu),
pássaros (não na água) e muito, muito mais.
- Sabes o que quero?
- Não.
- Quero um mundo onde não haja automóveis,
fábricas, rádio ou qualquer outra coisa que possa
prejudicar os animais e a natureza.
- Sim, se fizermos um esforço o ambiente pode
ser melhorado, não pode?
Hanna Ottman, 8 anos, Finlândia
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Luta pelo direito de ficar
Alison Lindsay, 13 anos, London, UK
Tommaso Grechi, 8 anos, Itália
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Alessandro Fanfani,
8 anos, Itália
“De pé. Processo cinco, um caso entre Laura Scottworth e o governo.
Chamo Laura Scottworth à barra das testemunhas.”
Levantei-me tão rapidamente quanto possível e caminhei para a barra.
“Bom, Laura! Posso perguntar-te a idade?”
“Treze anos,” respondi.
“E estás aqui para que o governo deixe o teu ambiente tranquilo?”
“Sim.”
“Porquê?”
“Porque quanto mais este ambiente for destruído, mais coisas morrerão. Se
cortarem todas as árvores, a seguir matarão todos os nossos animais. Se
matarem todos os nossos animais, ficarão mais próximos da extinção.
Estão inclusivamente a enviar os nossos idosos para lares quando eles não
querem ir. As famílias vivem aqui há mais de uma centena de anos e não
queremos partir. Além disso, não há nada de errado nesta cidade, por isso
não têm qualquer razão para a destruir. Por outras palavras, eles não têm
quaisquer direitos e nós temos! Eles são uns inúteis!”
“Objecção!”
Era o chefe do governo.
“Como é que se atreve a chamar-nos inúteis, nós não somos inúteis, é esta
sua pequena cidade em estado calamitoso. Estamos a fazer-lhe um favor.
Precisa de nós!
“Um favor,” disse eu calmamente. ”Vão destruir tudo o que está à vista e
provocar poluição que entrará pelas nossas narinas. Ninguém vos quer
aqui. Ninguém gosta que estejam aqui e ninguém precisa de vocês. Na verdade, ninguém os quer e ponto final. Podem tentar arruinar-nos, mas não
vamos desistir sem luta. Nós temos direitos humanos!”
Houve guinchos e gritos de acordo, toda a gente a dizer que tínhamos o
direito de proteger o nosso ambiente.
“Silêncio! Silêncio!” gritou o juiz, batendo insistentemente com o martelo.
“Já cheguei a uma conclusão!”
Eu aguardei, roendo as unhas.
“Laura Scottworth apresentou argumentos verdadeiros e defendeu-se bem.
Conseguiu manter a calma, ao contrário do chefe do governo. Por conseguinte, o governo deve perder este processo e deixar tranquilo o ambiente de Worpleston. Muito obrigado!”
A sala rebentou em aplausos, toda a gente me veio apertar a mão e felicitar-me! Consegui! Por uma vez, senti-me realmente bem comigo mesma!
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Pouco depois da sua viagem maravilhosa por toda a Europa, o fio verde tinha uma certeza.
Depois de se ter encontrado com muitas árvores, frutos, cereais, animais, peixes, ficou com uma visão
decididamente optimista do futuro. Se as crianças governassem o mundo, este seria bem melhor.
As crianças viam claramente o beco sem saída para o qual os adultos estavam a conduzir o mundo.
Um ambiente poluído pelos resíduos, pelos produtos químicos, pelos gases, pelo ruído.
Esta situação tinha de mudar e pedia acção.
“Isto não pode continuar”, disse o fio verde. “Viajei dos climas polares até
ao Mediterrâneo, onde o sol quase me descorou, e de pequenas aldeias até grandes cidades
onde quase me perdi. Por todo lado, os pensamentos das crianças eram os mesmos”:
«Não podemos continuar a viver neste ambiente.
Queremos um ambiente limpo e saudável.
O mundo pertence-nos. Vamos construí-lo segundo os nossos desejos!»
Comissão Europeia
O fio verde das crianças
Luxemburgo: Serviço das Publicações
Oficiais das Comunidades Europeias
2001 - p.40 - 17,6 x 25 cm
ISBN 92-894-1383-2
Mais informações sobre a União Europeia
Na Internet, através do servidor Europa (http://europa.eu.int),
há informações em todas as línguas oficiais da União Europeia.
Europe Direct é um serviço telefónico gratuito que ajuda a encontrar respostas
às questões sobre a União Europeia e fornece informações acerca dos direitos
e oportunidades de que os cidadãos da UE beneficiam: 8002 09 550.
Para obter informações e publicações em língua portuguesa
sobre a União Europeia, pode contactar:
GABINETE DA COMISSÃO EUROPEIA
Gabinete em Portugal
Centro Europeu Jean Monnet
Largo Jean Monnet, 1-10.o
P-1269-068 Lisboa
Tel.: (351-21) 350 98 00
Internet: euroinfo.ce.pt
E-mail: [email protected]
GABINETE DO PARLAMENTO EUROPEU
Gabinete em Portugal
Centro Europeu Jean Monnet
Largo Jean Monnet, 1-6o
P-1269-070 Lisboa
Tel.: (351-21) 357 80 31 - 357 82 98
Fax: (351-21) 354 00 04
Internet: www.parleurop.pt
E-mail: [email protected]
Existem representações ou gabinetes da Comissão Europeia e do Parlamento
Europeu em todos os Estados-membros da União Europeia.
Noutros países do mundo existem delegações da Comissão Europeia.
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KH-38-01-932-PT-C
SERVIÇO DAS PUBLICAÇÕES OFICIAIS
DAS COMUNIDADES EUROPEIAS
L-2985 Luxembourg

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