Revista Educação Agrícola Superior APLICAÇÃO DO BAMBU

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Revista Educação Agrícola Superior APLICAÇÃO DO BAMBU
Revista Educação Agrícola Superior
Associação Brasileira de Educação Agrícola Superior - ABEAS - v.24, n.2,p.67-77, 2009.
APLICAÇÃO DO BAMBU NAS CONSTRUÇÕES RURAIS
Jacob S. Pereira Neto1; Alexandre J. S. Miná2; Dermeval A. Furtado3; Jose W. B.
Nascimento3
¹Mestrando em Construções Rurais e Ambiência. DEAg/UFCG, Av. Aprígio Veloso 882,
Bodocongó, CEP 58109-970, Campina Grande, PB. E-mail: [email protected]
²Prof. Dr. Dep. de Gestão e Tec. Agroindustriais, Univ. Fed. da Paraíba, Campus III, Bananeiras – PB.
³Professores Doutores da Unidade Acadêmica de Engenharia Agrícola da Universidade
Federal de Campina Grande, Campus I, Campina Grande – PB.
RESUMO
O objetivo do trabalho foi informar as possibilidades das aplicações das espécies de Bambu nas
construções e instalações rurais. A metodologia adotada no trabalho consistiu em uma pesquisa
bibliográfica em artigos científicos, livros e na internet sobre o Bambu e sua aplicação nas construções rurais. Os resultados demonstraram que ainda é pouco utilizado nas construções rurais e
que existe um crescimento nas pesquisas sobre o Bambu relacionado ao meio rural. Apesar
disto o Bambu possui inúmeras utilidades que pode ser empregada nas construções e instalações rurais como; uso em tubos para irrigação, estruturas para galpão e casa de vegetação,
cercas, telhados, pequenas instalações para aves caipiras, piso para apriscos, estruturas para
estábulos, cocho para os animais, porteira e pequenas moradias rurais. Com isso conclui-se que
se deve incentivar estudos sobre o Bambu na área de Engenharia Agrícola e Florestal para
promover novos conhecimentos sobre a planta aplicada em estruturas rurais.
PALAVRAS-CHAVE: bioestruturas, desenvolvimento rural, engenharia agrícola
APPLICATION OF BAMBOO IN RURAL CONSTRUCTIONS
ABSTRACT
The goal of the work was to inform the possibilities of applications of bamboo species in
constructions and installations rurais. The methodology adopted at work consisted of a bibliographic
search in scientific articles, books and on the internet about bamboo and its application in rural
constructions. The results showed that there is still little used in rural constructions and that there
is a growth in research on bamboo related to rural areas. Despite this bamboo has many utilities
that can be employed in construction and rural installations; use in pipes for irrigation, structures
to shed and greenhouse, fences, roofs, small installations for birds bumpkins, floor apriscos,
structures for stables, cocho for animals, gate and small rural dwellings. With this it is concluded
that should encourage studies on bamboo in the area of agricultural and Forestry Engineering to
promote new knowledge about plant applied in rurais structures.
KEYWORDS: bioestruturas, rural development, agricultural engineering
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J. S. Pereira Neto et al.
INTRODUÇÃO
Os bambus são plantas herbáceas e
lenhosas, pertencentes à família das Gramineae
ou Poaceae, com mais de 1.250 espécies classificadas e distribuídas em cerca de 90 gêneros
distintos. Desenvolvem-se em regiões com clima tropical e subtropical com temperatura moderada, adaptando-se tanto ao nível do mar
quanto em altitudes próximas de quatro mil
metros (LÓPEZ, 1974).
É um material leve, versátil, com adequadas características físicas e mecânicas. O bambu gigante (Dendrocalamus giganteus), por
exemplo, é uma espécie entouceirante, com altura das hastes atingindo até 40 metros, comprimento dos internós de 40 a 50 cm, diâmetro dos
colmos entre 10 e 25 centímetros e espessura
da parede espessa variando de 1 a 3 centímetros (PEREIRA; BERALDO, 2007).
Nesse contexto, o bambu, material que
apresenta boas características físico-mecânicas,
baixo custo, facilidade de obtenção e
trabalhabilidade, vem sendo utilizado, como
material de construção em países asiáticos, e em
alguns da América Latina, substituindo com eficiência algumas espécies de madeira em construções diversas (FREIRE; BERALDO, 2003;
PAES et al, 2009).
Essa planta esta sendo bastante apreciada
por estudiosos do mundo todo e de diversas
áreas do conhecimento, como alternativa na aplicação de estruturas nas construções e confecções de materiais, substituindo materiais convencionais que causa, na sua maioria, resíduos difíceis de ser decomposto pelo meio ambiente. Na
extensa lista de usos reconhecidos dos bambus
constam desde os mais comuns até os mais sofisticados ou de ponta.
Ainda que possa ser reconhecida como uma
planta de grande utilidade, o bambu sofre preconceito, por muitos considerarem como um
material de segunda categoria. Em geral, no meio
rural grande parte das construções possui características simples, quando falamos em
tipologia de construções tanto para moradia
como para criação de alguns animais, essas
construções na grande maioria denominada de
abrigos, devem exercer aspectos construtivos
como; estruturas resistentes, bem estar, sanidade e viabilidade economia nas construções e instalações rurais.
Grande parte do uso mais comum do
bambú no Brasil decorre de tradição do meio
rural, onde são empregados em cercas e em
pequenas construções, como galinheiros, currais,
pequenos abrigos rústicos, taperas, gaiolas etc.
Este é um uso que se caracteriza como padrão
para a população rural em relação aos bambus,
por sua enorme disponibilidade e que resulta ser
mais casual do que estratégico.
Essa aparente falta de visão estratégica do
homem do campo brasileiro em relação ao bambu fez vem à tona o interesse de investigar as
principais aplicações do bambú nas construções
rurais. Casualmente, o homem do campo brasileiro realiza obras utilizando bambus, mas não
de forma sistematizada. Dentre as formas mais
tradicionais de uso do bambu, a fabricação de
varas de pesca, sem dúvida, é a mais antiga.
O objetivo do presente trabalho é investigar e informar as possibilidades das possíveis
aplicações das espécies de Bambú nas construções e instalações rurais, visando o desenvolvimento de tecnologias rurais alternativas para que
o homem do campo trabalhe de forma mais sustentável.
METODOLOGIA
A metodologia adotada no trabalho foi de
caráter investigativo, procurando informações
sobre os principais aspectos físicos mecânico do
bambu, sua aplicação na engenharia e na arquitetura, produtos gerados com a planta, os pesquisadores envolvidos no processo de construção do conhecimento sobre o bambú e as possibilidades do uso nas construções rurais.
Foram realizadas pesquisas bibliográficas
em sites relacionados à bioestruturas e estruturas de bambu, em periódicos nacionais e internacionais sobre as principais pesquisas realizadas com a planta, em livros de autores reconhecidos nacionalmente e internacionalmente, com
o intuito de saber como esta a abordagem e aplicação do bambu no Brasil e no mundo.
Iniciou-se a pesquisa no dia 30/06/2010 e
finalizou-se em 17/09/2010. No começo foi fei-
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Aplicação do bambu nas construções rurais
ta uma pesquisa pela internet vasculhando sites
relacionados ao bambú, artigos publicados na
integra e imagens que retratasse a aplicações do
bambú nas construções e instalações rurais. Logo
após foram visitadas as bibliotecas da Universidade Federal de Campina Grande dos campi
de Campina Grande e de Patos e as bibliotecas
da Universidade Federal da Paraíba dos campi
de Areia e Bananeiras, procurando arsenal de
livros voltados para o bambú e suas aplicações
no meio rural, o motivo de procurar livros nas
bibliotecas desses campi e que na UFCG são
inseridos os cursos de Engenharia Florestal e
Engenharia Agrícola e nos campi da UFPB os
cursos de Agronomia e Ciências Agrárias.
Com todas as informação adquiridas foi feita
uma avaliação das informações encontradas para
poder expor no artigo de forma sistemática, onde
todos que possam ler compreendam como o
bambú poderá ajuda na elaboração de algumas
edificações no meio rural.
RESULTADOS E DISCUSSÕES
Com relação aos possíveis usos do bambu, a planta possui aspectos bastante admiráveis na sua aplicação, que justificariam plenamente a atenção do setor produtivo em muitos
países. Uma listagem de 1903, publicada no
Japão, apresentou 1.048 artigos de uso prático na época utilizando bambu (LIESE, 1985).
Hoje, apesar de se ignorar o número total de
exemplos significativos de utilização do material, constata-se grande desempenho de aplicação, quer seja tradicional ou de potencial de
uso industrial.
A cada um deles, entretanto, pode ser
referenciado um modo de produção específico,
com características singulares. A seguir mostramse as principais utilidades do bambu em diversas áreas de aplicação reconhecidas no planeta
e algumas espécies que são usadas em cada
aplicação:
· Indústria de álcool - aproveita os cortes de talos de todas as idades e no Brasil, a
Bambusa vulgaris é a mais utilizada;
· Indústria alimentícia - utilizando o broto de algumas espécies mais recomendadas,
como a Phillostachys edulis;
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· Indústria de celulose - na fabricação de
papel, a grande maioria das espécies é utilizada.
· Construção civil - construção de casas,
de grande importância na solução de problemas
de moradia que, do tradicional uso rural até aos
projetos de desenvolvimento social, o bambu
pode ser aplicado na execução de elementos
construtivos, tais como painéis de fechamento,
tetos, forros, esquadrias, telhados, fabricação de
compensados ou aglomerados e construções de
pontes. Espécies utilizadas por ordem de preferência, a Bambusa guadua, Dendrocalamus
giganteus, Bambusa tuldoides e Bambusa
vulgaris;
· Conservação de ecossistemas – utilizado como quebra-ventos, ajudando no aumento
de água de nascentes, pela capacidade de retenção das raízes ou rizomas de todas as espécies e o combate à erosão, com o plantio em
encostas de espécies de grande crescimento;
· Artesanato – fabricação de cestos, esteiras, varas de pesca, pipas, bijuterias e objetos decorativos como trabalho artesanal em que
o beneficiamento do material é executado. Utilizado também na fabricação de instrumentos
musicais (flautas, componentes de instrumentos),
utilizando o diâmetro pleno das hastes através
do manuseio de espécies disponíveis, como a
Bambusa tuldoides, Phyllostachys e Bambusa
vulgaris;
· Movelaria – fabricação de móveis (sofás, cadeiras, mesas, estantes etc), de hastes de
vários diâmetros e com inúmeras operações de
beneficiamento que incluem a dobradura a fogo,
de espécies como a Bambusa tuldoides, B.
vulgaris, Dendrocalamus giganteus;
· Irrigação e Drenagem – utilizado na
drenagem de terrenos, com a construção bastante simplificada de sistemas de redes de distribuição de água de grande durabilidade e de fácil
manutenção. Na irrigação pode ser utilizado na
construção de redes de irrigação, suportando
pressão d’água de grande intensidade, através
do uso como encanamento para os mais diversos fins, com o uso das hastes das espécies disponíveis;
· Embarcações - feitas em feixes de hastes, utilizando a capacidade de sustentação na
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água, dada pelos vazios em todas as espécies,
principalmente as de grandes dimensões;
· Medicinal - utilizada como febrífugo,
anti-hemorrágico, calmante e para problemas
digestivos, pelo uso do broto em sucos e em
pedaços cozidos de Bambusa vulgaris;
· Ornamentação e paisagismo - pelo uso
de espécies cuja touceira apresenta qualidades
estéticas apreciadas, como Thyrsostachys
siamensis, Phyllostachys nigra e Bambusa
gracilis dentre outras;
Todas essas utilizações do bambu se da
pelas inúmeras características botânicas que as
diversas espécies da planta oferecem como vantagens para o seu uso, como:
Rápido Crescimento
A velocidade de propagação de uma plantação de bambu, depois de estabelecida, é muito grande. O tempo de estabelecimento de uma
plantação varia de cinco a sete anos, e o amadurecimento de um bambu acontece em três a
quatro anos, mais rápido que a mais rápida árvore. A partir do terceiro ou quarto ano já se
pode coletar colmos e brotos. A média de produção de biomassa num bambual é de 10 toneladas por hectare por ano. O bambu pode substituir a madeira em diversas aplicações, e com
isso diminuir o impacto ambiental através da
desflorestação.
Facilidade de Estabelecimento, Manutenção e
Colheita
O bambu não exige técnicas complexas
para o seu estabelecimento como plantação. A
manutenção é feita através de irrigação, e não
é necessária a aplicação de produt os
agrotóxicos. A colheita fortalece o bambual e é
feita com instrumentos manuais. O transporte é
facilitado pelo seu peso leve em comparação
às madeiras.
Utilidades Adaptáveis
O bambu pode ser utilizado como substituto agronômico em áreas marginais, para aperfeiçoar produções que recebem mais atenção do
mercado externo, como o café. Seus variados
potenciais industriais tornam o bambu um produto dinâmico, que pode ser alocado para um
uso adequado ao momento. Pode ser usado
como combustível, papel, material de construção, alimento, etc.
Fins Ecológicos
O bambu é um material responsável ecologicamente, pois sozinho ajuda na renovação do
ar e substitui a madeira em diversos aspectos.
Inserção Cultural
O bambu já é um material muito explorado
na Ásia, movimentando uma economia de sete
bilhões de dólares americanos por ano. Cerca
de um bilhão de pessoas moram em casas de
bambu no mundo. Culturas utilizam o bambu em
muitos aspectos da vida, música, cerimônias, alimentação, etc.
O bambu é encarado como uma forma de
desenvolvimento econômico por muitos países.
No Nepal e nas Filipinas existem grandes projetos de reflorestamento de bambu, para estimular a economia local e produzir papel, comida e habitações. A China e a Índia têm grandes
plantações há muitos séculos e continuam a reflorestar. O Havaí está tentando desenvolver um
projeto de florestamento de bambu para empregar uma população desempregada com a decadência da economia do açúcar. A Colômbia, O
Equador e a Costa Rica desenvolvem projetos
nacionais de bambu, com reflorestamento e desenvolvimento de uma cultura de habitações
populares de bambu, para substituir o uso da
madeira.
UTILIZAÇÃO DO BAMBU EM
OBRAS DE ENGENHARIA E
ARQUITETURA
Tratamento do Bambu para Aplicação em
Estruturas
Através das pesquisas feitas para elaboração do trabalho identifica-se que o fator principal para se obter colmos resistentes de bambu é
a forma e hora da colheita. A época do ano que
o bambu guarda uma maior parte de suas reservas nas raízes (rizomas) é o inverno, o momento
antes do aparecimento dos novos brotos. Colhendo nesta hora obtemos um bambu com menos açúcar, que é o alimento dos insetos e fungos que se alimentam do bambu, e estes aparecem menos no inverno. No Brasil e no Hemisfé-
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rio Sul esta época acontece no meio do ano.
Após este período começa a geração de novos
brotos.
Outra atenção especial a ser tomada é a
idade do bambu. Para fins de construção devem-se usar os bambus maduros, mas não podres, com cerca de 3 a 4 anos, quando atingiram sua resistência ideal.
Estando na época certa do ano deve-se
escolher a fase adequada da lua, esta sendo a
lua minguante. A razão científica para este fato
ainda está sendo investigada, mas é corroborado pela cultura popular e pela experiência.
Dentro da fase adequada da lua, escolhemse as horas antes do amanhecer como as ideais.
Após o corte aconselha-se deixar o bambu em
pé no local de colheita, ainda apoiado nos vizinhos, por cerca de 2 a 3 semanas. Neste tempo
ele secará, mas ainda nos estados de temperatura, pressão e umidade em que sempre viveu.
Secagem
O colmo cortado ainda estará úmido por
dentro, e, desejando utilizar-se o bambu para
fins de construção de objetos ou estruturas devese secá-lo para obter resistência e durabilidade.
Pode-se apoiar o bambu, ainda com as folhas,
em um aposento arejado com chão e parede livres de umidade, sob proteção da chuva e do
sol, e, dependendo da espécie e das condições
climáticas, deixar a seiva escorrer e evaporar de
duas a oito semanas.
Outra forma de secagem com fogo é a
utilização de uma fonte pontual de calor como
o maçarico. Neste processo é importante utilizar fogo baixo, e obtém-se alta resistência
e brilho. Porém é um método mais demorado e trabalhoso, por ser feito um a um. Podese também defumar o bambu, introduzindoo num compartimento com pouca saída de
ar que tenha fogo e fumaça sob os colmos
de bambu.
As estufas são um meio muito eficaz de secar o bambu. Na Colômbia existem estufas verticais de muitos metros de altura, onde o bambu
é colocado em pé. Geralmente as estufas são
horizontais. As estufas devem coletar o calor dos
raios do sol durante o dia, sem incidir diretamente sobre os bambus e sem causar calor ex-
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cessivo, e manter seu interior quente durante a
noite.
Fervura e Cocção
Um modo muito utilizado para tratamento
de bambu é ferver o bambu em água. Aconselham-se períodos de 15 a 60 minutos para cada
grupo. Os fornecedores de bambu da região
serrana do Rio de Janeiro costumam passar um
pano molhado de óleo diesel no bambu antes de
ferver. A soda cáustica é outra forma recomendada de tratamento, e deve-se misturar à água
na proporção de 10 (água) para 1 (soda cáustica), mantendo o tempo de cocção de aproximadamente 15 minutos.
Tratamento Químico
O ácido bórico é o elemento mais utilizado
no tratamento químico de bambu. Pode-se utilizar um produto pronto (como o BORAX) ou
preparar uma solução, como a sugerida por
Johan Van Lengen.
Tabela 1. Concentração dos produtos químicos sugerido no “Manual
do arquiteto descalço” pg.356 Johan Van Lengen - Tibá
Substância
sulfato de cobre
ácido bórico
cloreto de zinco
dicromato de sódio
Kg
1
3
5
6
Para banhar os troncos na solução podese construir uma banheira com barris de ferro
cortados ao meio e soldados, como na sugestão
de Johan Van Lengen. Esta banheira pode ser
adaptada para cozinhar os bambus, se afastada
do chão para queimar lenha.
Boucherie
Um modo de tratar quimicamente o bambu
é fazer passar, sob pressão, a solução química
através dos colmos e fibras do bambu. Usa-se
uma bomba de ar comprimido para dar pressão, e mangueiras adaptadas nas extremidades
do bambu.
É importante salientar que o uso indevido
dessas substâncias químicas muito tóxicas pode
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ocasionar a intoxicação grave e até a morte do
operador, além de contaminar o solo ou a água
no local de despejo. Correntes ecológicas afirmam que os tratamentos naturais agridem menos o meio ambiente, portanto sendo mais ecologicamente responsáveis.
Água
O bambu pode ser tratado apenas pela
permanência em água parada (piscina ou tanque) por algumas semanas, porém precisará
passar por um processo de secagem demorado
após o banho. Pode-se banhar também em água
corrente (riachos).
Aplicação do Bambu na Arquitetura e
Engenharia
Na Ásia temos os exemplos vivos mais
antigos da arquitetura com bambu, em templos japoneses, chineses e indianos. O Taj
Mahal teve sua abóboda estruturada por metal recentemente, quando substituíram a estrutura milenar de bambu. A construção de
pontes de bambu na China é algo bem interessante, com vãos enormes e tensionados
com cordas de bambu. Na África também
se encontram muitas habitações populares
construídas com bambu.
Sítios arqueológicos no Equador mostram
que o bambu é utilizado há cerca de 5000 anos
na América do Sul, primeiramente pelos indígenas.
O potencial socializador do bambu está
cada vez mais sendo percebido como de importância vital no desenvolvimento de países
“pobres”. Existem recentes programas de habitação que utilizam bambu nos países do Equador, Colômbia e Costa Rica. Esses programas
são o resultado do esforço de arquitetos e engenheiros latino-americanos como Oscar
Hidalgo Lopez, Simon Velez e Ana Cecilia Chaves, cujo trabalho é internacionalmente reconhecido. A facilidade de integração entre plantio
corte transporte, manuseio e resistência levam
este material a ser cogitado como a “madeira do
século 21”.
O bambu serve para muitas utilidades na
construção. É usado na estruturação como coluna, viga e lastro entre outros. Serve como te-
lha, forro e maçaneta. É adequado para determinados encanamentos de água.
Figura 1. Telhas de bambu
Fonte: W. Liese, 1985
As casas construídas de bambu são resistentes a terremotos, como constatados nos terremotos da Colômbia. Nesta ocorrência a maioria das casas de concreto caiu, matando um
número de pessoas. As de bambu resistiram.
Figura 2. Habitações populares de
bambu na Colômbia
Fonte: www.bioestruturas.com
Suas características estruturais tornam o
bambu um material de excelente qualidade. Arquitetos e engenheiros de todo o mundo o utilizam para realizar criações únicas e modernas,
com aspectos graciosos. Oscar Hidalgo Lopes
da Colômbia escreveu verdadeiros tratados sobre as técnicas empregadas na construção com
bambu. Inclusive já participou do primeiro seminário Regional sobre a Utilização do Bambu.
Simon Velez, também colombiano, é responsá-
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Aplicação do bambu nas construções rurais
vel pela criação de muitas casas de fazenda e
galpões, além do pavilhão da Colômbia na exposição do ano 2000 em Hannover.
No Brasil o bambu começa a ser levado a
sério pelos engenheiros e arquitetos. Apesar do
trabalho sério de alguns arquitetos, como Cláudio Bernardes do Rio de Janeiro, o bambu ainda é reconhecido como “madeira dos pobres”.
Lentamente o esforço de pesquisadores, engenheiros e arquitetos vão derrubando essa idéia
retrógrada.
O Professor Antônio de Barros Salgado,
do Instituto Agronômico de Campinas, tem alguma experiência na construção com bambu, já
tendo realizado uma casa com base de contravento no Estado de São Paulo.
POSSIBILIDADES DA APLICAÇÃO
DO BAMBU NAS CONSTRUÇÕES
RURAIS
Pela gama de informação fornecida ao decorrer do presente artigo sobre a temática do
Bambu pode-se avaliar o grau de importância
dessa planta nas diversas áreas de aplicação, não
deixando despercebido as varias possibilidades
do aproveitamento do Bambu no desenvolvimento rural de forma mais sustentável.
Logo a seguir serão apresentadas algumas
destas possibilidades do uso do bambu nas construções rurais.
Irrigação
Para a transformação de um colmo de bambu em um tubo que possa conduzir água, são
necessários alguns passos descritos a seguir.
Remoção e limpeza interna dos nós
Uma ferramenta deve ser construída para
a remoção e limpeza interna dos nós, a qual deve
ser composta por um pedaço de cano de ferro
com cerca de 30 cm de comprimento, tendo as
suas extremidades recortadas e afiadas, o qual
deve ser posteriormente soldado a outro cano
de menor diâmetro e com cerca de 2 metros de
comprimento para servir como cabo da ferramenta.
O diâmetro da ferramenta deve ser inferior
ao menor diâmetro dos colmos colhidos, garantindo assim a limpeza de todos os colmos.
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A limpeza e o acabamento dos nós são feitos pelo vai e vem da ferramenta que é introduzida
e operada manualmente dentro dos colmos. Esta
operação de limpeza e acabamento interno do
colmo é fácil de executar e como é feita manualmente deve ser feita de modo a retirar o máximo
possível dos diafragmas internos e assim garantir um bom funcionamento hidráulico do tubo de
bambu quanto à perda de carga.
Instalação dos aspersores
A instalação dos aspersores nas tubulações
de bambu é feita pela seqüência dos seguintes
passos: Furar os tubos, fazer as roscas, fixar os
adaptadores e as hastes de subida. Os furos nas
tubulações são feitos com o uso de uma serra
tipo copo de 1 1/2" (polegadas) de diâmetro,
que é acoplada e acionada por uma furadeira
manual. As roscas nos furos são feitas através
de um adaptador de ferro de 1 1/2" para 1" que
deve ser girado através de um grifo, executando
as roscas internamente nos furos. A seguir, são
instalados adaptadores semelhantes de ferro ou
plástico (PVC) nestes furos, permitindo a instalação das hastes de subida de 1" com os
aspersores.
Tampão final
O tampão final é feito simplesmente deixando-se sem limpar os dois últimos nós da extremidade dos tubos de bambu que forem destinados para este fim.
Uniões
Existem várias maneiras de se fazer a união
entre os tubos de bambu, podendo-se utilizar
desde materiais simples e baratos como a borracha de câmara de ar de pneu de carro ou caminhão, ou até se adaptar um pedaço de PVC
como uma luva, caso se queira trabalhar com
pressões mais elevadas.
Uniões com luvas de borracha
São feitas utilizando-se câmaras de ar de
pneu de automóvel ou caminhão, com cerca de
50 cm de comprimento, que devem ser utilizadas como luvas para unir 2 tubos de bambu de
diâmetros iguais ou diferentes. A seguir, esta união
deve ser cuidadosamente amarrada com tiras do
mesmo material as quais devem ser cortadas com
cerca de 5 a 10 cm de largura, aproximadamen-
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te 2 metros de comprimento e amarradas firmemente superpondo-se cerca de 8 camadas destas tiras.
Temos observado que estas uniões de borracha não se deterioram quando enterradas no
solo, já tendo atingido 5 anos de funcionamento. Quanto à pressão de trabalho, recomendase seu uso para pressões máximas da ordem de
2,5 atm (25 mca). Esta união apresenta um custo extremamente baixo, já que a borracha de
pneu usado é praticamente jogada fora pelos
borracheiros, é fácil de manusear no campo e
também muito fácil de ser trocada caso ocorra
algum problema de manutenção.
Uniões com luvas de bambu
Devem ser feitas para tubos de diâmetros
semelhantes, que são unidos internamente ou
externamente por pedaços de bambu de diâmetros menores ou maiores e com cerca de 10 cm
de comprimento, devendo tal luva de bambu,
encostar-se ao primeiro nó de cada colmo unido. A vedação deve ser feita como no caso anterior. A desvantagem neste caso é que se trata
de uma união rígida e, portanto sujeita a trincar
ou rachar durante o manuseio.
União com encaixe direto
Pode ser usada para unir tubos de diâmetros diferentes pelo encaixe de um tubo dentro
do outro. A vedação deve ser feita como
nos casos anteriores. A desvantagem desta união
é a maior perda de carga que vai provocar no
escoamento.
União com luva de PVC
Deve ser utilizado quanto se pretende trabalhar com pressões superiores as indicadas para
os casos anteriores, é seguramente melhor que
as anteriores, porém, vai implicar também em
alguma elevação de custos.
Construções de galpões
Outra aplicação que o Bambu poderá nos
servir no meio rural é a construções de galpões
que pode ter diversas utilidades, como; alojar
animais, proteção para maquinários e equipamentos agrícolas e armazenar grãos e forragem.
Na construção de um galpão pode-se ser
feito desde modelo simples no processo construtivo aos mais complexos. O importante é que
toda estrutura seja feita com todos os cuidados
que se tem para qualquer construção.
Figura 3. Galpão construído com
estrutura de Bambu e conexões
metálicas
Fonte: www.bioestruturas.com
Casa de Vegetação e Viveiro
Uma das grandes possibilidades da aplicação do Bambu nas construções rurais é na utilização de estruturas para Casa de Vegetação ou
Viveiros. Acredita-se que seja uma das mais promissoras aplicações, pois o alto custo na aquisição de estufas convencionais dificulta o acesso
ao homem do campo a essa tecnologia. O importante papel da Casa de Vegetação em uma
propriedade está na implantação de cultivos protegidos e na produção de mudas para interesse
econômico (venda) e ambiental (reflorestamento). Essa bioconstrução pode ajudar ao homem
Figura 4. Estufa Ecológica desenvolvida pelo CPRA
Fonte: Centro Paranaense de Referencia em
Agroecologia
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Aplicação do bambu nas construções rurais
do campo a produzir mudas de qualidade e como
conseqüência ajudar na retomar de ambientes
ecológicos em suas propriedades rurais.
Figura 5. Viveiros para produção
de mudas
Fonte: http://www.bambubrasileiro.com
Cercas
A mais comum das aplicações do Bambu
nas construções e instalações rurais está na construção de cercas. O Bambu possui diversas formas na elaboração desse tipo de construção.
Podem-se construir na forma de quadriculas,
losângulos, fileiras, etc.
Outras possíveis utilidades do Bambu nas
construções rurais
Algumas construções e instalações rurais
podem ser desenvolvidas no meio rural a baixo
custo com a utilização do bambú. São elas;
· Instalações para galinhas caipiras – galinhas criadas em sistemas rústicos, são manejadas com o mínimo de instalações na proprieda-
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de rural, a utilização do bambú nas construções
de instalações bem elaboradas, podem melhorar esse tipo de produção de aves, podendo
aumentar sua produtividade pela eficiência no
manejo e pelo mínimo de conforto oferecido para
as aves.
· Piso para apriscos de cabriteiros – na
caprinocultura é muito comum a utilização da
madeira nos apriscos nas instalações para cabritos, sabendo escolher a espécie adequada de
bambú e a maneira que possa utilizá-la seria uma
nova alternativa para utilização em apriscos, evitando o uso da madeira retirada muitas vezes da
própria propriedade rural.
· Estruturas para estábulos aplicados a
pequenos animais – animais de pequeno porte
como caprinos e ovinos são animais muito bem
adaptado as condições de clima quente como
acontece no nordeste brasileiro, por isso e pelo
seu tamanho, esses animais não precisa de grandes estábulos com tanta eficiência de conforto
térmico. Pode-se fazer um estábulo para caprinos
e ovinos todo de bambú desde os pilares usando Dendrocalamus giganteus, como as vigas
e telhas feitas com a Bambusa vulgaris.
· Cocho para alimentação de pequenos
animais – cocho para pequenos animais podem
ser feitos com a espécie Dendrocalamus
giganteus pelo seu porte grande que cortada
ao meio no seu comprimento poderá ser usada
como cocho para oferecer sal mineral ou ração,
alimentos não volumosos.
· Construção de porteiras – as maiorias dos
acessos aos cercados em uma propriedade rural são através das porteiras e os assim chamados cochetes. Para evitar o uso da madeira a
Figura 6. Cerca em forma de losângulo; Cerca em forma de quadriculas; Cerca em forma
de fileiras
Fonte: http://permacultura-rs.org.br/newsite; www.bioestruturas.com; www.bioestruturas.com
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utilização do bambú é bastante interessante por
ser um recurso considerado renovável.
· Pequenas moradias rurais – uma grande
parte das casas construídas na zona rural do
nordeste brasileiro foi construída de taipa e pau
a pique. A substituição da madeira usada nessas
construções pelo bambú ajudaria a conservar
resquícios de matas das áreas onde estão inseridos.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Como se pode observar no decorrer do
artigo o bambú possui um potencial bastante interessante para aplicarmos em estruturas rurais
obtendo um ganho econômico em algumas construções.
É importante informa que apesar da sua
vasta aplicação o bambú é uma planta que necessita de muita água e por isso em locais muito
secos não é encontrada a planta, dificultando o
acesso para alguns proprietários de terra que
queiram utilizá-la.
Apesar de alguns lugares não se encontrar
o bambú, a planta por possuir no Brasil um caráter de material de segunda categoria, pode se
adquiri a planta muitas vezes gratuitamente em
áreas que a planta seja encontrada, pois os proprietários que possuem na sua propriedade rural um bambuzal, muitas vezes não cobram a
retirada da planta.
Sua aplicação como estrutura requer conhecimento de todo o processo, desde a escolha da espécie, colheita, tratamento até o seu uso
como estrutura.
A aparente falta de visão estratégica do
homem do campo brasileiro em relação ao bambu faz com que ele não valorize a planta que lhe
é tão disponível, chegando a considerá-la como
“mato” o que representa, para seus padrões, algo
que não mereça a atenção.
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