pág 1 - Escola Waldorf João Guimarães Rosa
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Informativo Semanal . Ano VII . 03/04/2014 . N°. 297 ........................................................................................................................ pág 1 .................... > Cardápio do Restaurante Waldorf ....................................................................................................................... pág 2 .................... > Doe Sangue e Ajude a Salvar Vidas! ....................................................................................................................... pág 3 ................... > Arte para Ser ....................................................................................................................... pág 4 ................... > Um Passeio no Bosque: Direito ou Privilégio? ....................................................................................................................... pág 7 ................... > Comunidade de Cristãos- Movimento Cristão de Renovação Religiosa > Agenda Expediente: O Integração é uma publicação semanal destinada aos pais e alunos da Escola Waldorf João Guimarães Rosa. (16) 3916 4157 | Rua Virgínia de Francesco Santilli, 81 | City Ribeirão | Ribeirão Preto | SP. www.waldorfribeirao.org | [email protected] www.waldorfribeirao.org/downloads Um Passeio no Bosque: Direito ou Privilégio? Escrito por Richard Louv Original publicado na Revista Orio, edição de março/abril - 2009. http://www.orionmagazine.org/index.php/articles/article/4401/ Tradução de Luciana Nascimento Fernandes - mãe do Jardim Integral Alguns anos atrás, eu visitei a escola Southwood de Ensino Fundamental, que frequentei quando era menino na cidade de Raytown, no estado de Missouri (EUA). Perguntei às crianças da sala como era o relacionamento delas com a natureza. Muitos deram uma resposta típica dos dias de hoje: preferem jogar video-games e atividades internas. Quando estão ao ar livre, jogam futebol ou algum outro esporte em equipe, geralmente direcionado aos adultos. Mas uma aluna do quinto ano, descrita pela professora como “nossa pequena poetisa”, usando um vestido estampado simples e com uma expressão profundamente séria, disse: “Quando eu estou no bosque, eu me sinto na pele da minha mãe”. Para ela, a natureza representava beleza, refúgio e algo mais. “É tão tranquilo lá fora e tem um cheiro tão bom no ar. Para mim, é um lugar completamente diferente”, ela disse. “É um momento todo meu. Às vezes vou lá quando estou brava – e então, só com a paz e tranqüilidade da natureza, eu me sinto melhor. Eu volto para casa feliz e minha mãe nem sabe por quê”. Ela fez uma pausa. “Eu tinha um lugar. Tinha uma cachoeira grande e um riacho. Eu tinha cavado um buraco e às vezes eu levava uma barraca ou um lençol e eu me deitava lá, no buraco, e olhava para cima, vendo as árvores e o céu. Às vezes eu até pegava no sono. Eu me sentia livre: aquele era o meu lugar e eu podia fazer o que eu quisesse, sem ninguém para me impedir. Eu ia lá quase todos os dias”. O rosto da jovem poetisa ficou vermelho. Sua voz enfraqueceu. “E então, simplesmente cortaram as árvores. Foi como se tivessem cortado uma parte de mim”. Este último comentário me atingiu como um golpe: “Foi como se tivessem cortado uma parte de mim”. Se a hipótese de Edward Osborn Wilson sobre a biofilia estiver correta – a de que os seres humanos foram feitos para molhar suas mãos e enlamear seus pés na natureza – então a declaração sincera da pequena poetisa foi mais do que uma metáfora. Quando ela se referiu ao bosque como “uma parte de mim”, ela estava descrevendo algo impossível de ser quantificado: a sua biologia primordial, seu senso de admiração, uma parte essencial de si mesma. Recentemente, eu comecei a perguntar aos meus amigos: “Uma criança tem o direito de passear na floresta? E um adulto?”. Para minha surpresa, várias pessoas responderam com confusas hesitações. “Vejam o que a nossa espécie está fazendo ao planeta”, disseram. Olhando somente por esse lado, o relacionamento entre seres humanos e natureza não seria inerentemente oposicionista? Eu certamente entendo esse ponto de vista. Mas considerem a resposta favorável daqueles que estão em outro ponto da esfera político-cultural, para quem a natureza é objeto da soberania humana, uma distração no caminho para o Paraíso. Na prática, estas duas visões da natureza são radicalmente diferentes. A semelhança entre as elas, no entanto, é impressionante: a natureza permanece no “outro”. Os seres humanos estão nela, mas não fazem parte dela. O conceito básico dos direitos deixou algumas pessoas pouco à vontade. Um amigo me perguntou: “Em um mundo onde milhões de crianças são brutalizadas todos os dias, nós somos capazes de separar um tempo para envolvê-las na fruição da natureza?”. Boa pergunta. Outras pessoas apontaram que vivemos numa era em que há inflação de litígios e deflação de direitos. Muitos acreditam que têm “direito” a uma vaga de estacionamento, “direito” a TV a cabo, e até mesmo “direito” a morar em um bairro sem crianças. Precisamos mesmo acrescentar mais “direitos” à nossa lista? Uma outra boa pergunta. A resposta às duas indagações é “sim”, desde que nós concordemos que o direito em questão seja fundamental para a nossa humanidade, para a nossa existência. A ciência comprova que o contato com o mundo natural tem forte influência na saúde física e emocional e na habilidade de aprendizado das crianças. Níveis de estresse, transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH), funções cognitivas, entre outros, são afetados positivamente pelo tempo passado na natureza. Howard Frumkin, diretor do Centro Nacional para a Saúde Ambiental nos Centros para Controle e Prevenção de Doenças (National Center for Environmental Health at the Centers for Disease Control and Prevention), diz que “da mesma forma que preservar a água e o ar são estratégias para promover a saúde pública, proteger paisagens naturais pode ser uma poderosa forma de medicina preventiva”. Em outubro de 2008, pesquisadores da Escola de Medicina da Universidade de Indiana e da Universidade de Washington relataram que as crianças que vivem em bairros mais arborizados têm um menor ganho de massa corpórea, independentemente da densidade habitacional. Tal pesquisa será de utilidade incalculável se nós repensarmos a forma como lidamos com a arquitetura urbana, com a educação e com a assistência médica, particularmente em relação ao modo como a sociedade encara a obesidade infantil. “Sim, nós precisamos de mais pesquisas”, diz Frumkin, “mas já sabemos o suficiente para agir”. Para reverter os caminhos que desconectam as crianças da natureza, as ações devem ser baseadas na ciência, mas também profundamente enraizadas na terra. Em 2007, em Washington DC, aconteceu o Fórum Nacional sobre Crianças e Natureza, um impressionante encontro de prefeitos, professores, conservacionistas e líderes empresariais para explorar a falta de ligação entre as crianças e a natureza. A discussão foi esclarecedora, até mesmo apaixonada. Mas, com o passar das horas, muitos dos participantes pediram a apresentação de estatísticas. Alguns procuravam um modelo para colocar em prática o desafio de apresentar as crianças ao mundo natural. A maioria via a necessidade óbvia de mais pesquisa. “Eu gosto dessa discussão, mas gostaria de dizer algo”, anunciou Gerald L. Durley, pastor titular de uma igreja batista em Atlanta. Durley ajudou a fundar a Organização Cultural Afro-Americana e trabalhou lado a lado com Martin Luther King Jr. Ele deu um passo à frente e disse: “Um movimento se move. Ele tem vida”. - o respeito aos direitos humanos, por exemplo”. A ciência mostra quais são as consequências de inserir as crianças na natureza. Estudos que apontam benefícios à saúde e à cognição são palpáveis e concretos. Também precisamos articular o “preceito inicial” implícito – que emerge não apenas do que a ciência pode provar, mas também do que ela não consegue revelar completamente, que resiste à codificação por ser tão elementar, tão simples: uma conexão significativa com o mundo natural é fundamental para o nosso espírito e para a nossa sobrevivência como indivíduos e como espécie. E acrescentou: “Como todo movimento de sucesso, a luta pelos direitos civis foi alimentada por um princípio moral fortemente articulado, que não precisava ser provado a todo instante. O resultado do movimento a favor dos direitos civis poderia ter sido bem diferente, ou ao menos mais lento, se os seus líderes tivessem esperado por mais provas estatísticas para justificar a sua causa, ou se eles tivessem focado na métrica dos protestos nos restaurantes contra a segregação racial. Alguns esforços provaram-se eficazes, alguns foram contraproducentes. Mas o movimento se moveu”. Há pouco tempo Thomas Berry apresentou esta indivisibilidade entre o ser humano e a natureza de maneira mais eloquente. Padre da ordem dos Agostinianos e fundador do Programa de História das Religiões na Universidade de Fordham e do Centro de Pesquisa Religiosa de Riverdale, Berry1 foi presciente pela maior parte dos seus noventa e quatro anos no planeta. Ele incorporou a visão biológica de Wilson dentro de um contexto mais amplo e cosmológico. Em seu livro The Great Work (O Grande Trabalho, em tradução livre), escreveu: “A urgência atual é começar a pensar dentro do contexto do planeta como sendo um todo, a comunidade Terra em sua integralidade com todos os seus humanos e outras espécies que a compõem. Quando discutimos ética, devemos entendêla para exprimir os princípios e os valores que governam essa abrangente comunidade”. De acordo com meu amigo Larry Hinman, professor de filosofia na Universidade de San Diego, “ao elaborar uma argumentação moral, não há regras rigorosas. E tais argumentações podem sempre ser contestadas”. “Mas”, ele complementa, “a maioria dessas argumentações é feita baseando-se em um ou dois pontos, que incluem uma série de consequências e um preceito inicia Berry acreditava no mundo natural como sendo a manifestação física do divino. A sobrevivência tanto da religião quanto da ciência não depende da vitória de uma das duas (porque assim ambas sairiam perdendo), mas na emergência do que ele chama de uma terceira história, a história do século XXI. Falar sobre as totalidades pode ser um assunto desconfortável. Mas, certamente, é verdade que, como uma sociedade, precisamos devolver a natureza aos nossos filhos. Não fazer isso é imoral. É antiético. “Um habitat degradado produzirá humanos degradados”, escreveu Berry. “Se realmente houver algum progresso, então toda a vida em comunidade há de progredir”. Na formação dos ideais norte-americanos, a natureza era um elemento fundamental da concepção de direitos humanos. A seguinte hipótese era inerente ao pensamento dos líderes da independência dos EUA: cada direito traz um dever. Se falharmos em servir como administradores cuidadosos tanto da democracia como da natureza, destruiremos a razão do nosso direito e o direito propriamente dito. Aqueles de nós que nos identificamos como conservacionistas ou ambientalistas (qualquer que seja a palavra que queiramos usar) quase sempre tivemos alguma experiência transcendental no mundo natural, geralmente através de uma brincadeira livre, com as mãos sujas de lama e os pés molhados. Nós não podemos amar o que nós não conhecemos. Como o zoólogo Robert Michael Pyle coloca tão bem: “Qual o significado da extinção de um condor para uma criança que nunca viu um pardal?”. Nós devemos fazer mais do que falar sobre a importância da natureza. Devemos assegurar que todas as crianças, não importa onde morem, tenham acesso diário a lugares e experiências naturais. Para fazer isso acontecer, deve-se tornar evidente a seguinte verdade: nós poderemos verdadeiramente amar a natureza e a nós mesmos somente se nos enxergarmos como sendo parte integrante dela. Somente se nos amarmos como parte da natureza. Somente se acreditarmos que nossas crianças têm o direito às dádivas da natureza preservada. Aquela menininha em Raytown pode não ter um direito específico sobre aquela árvore em particular no bosque que ela escolheu. Mas ela tem, sim, o direito intransferível de estar junto a outra vida; o direito à liberdade (que não deve ser compreendida como uma protetora prisão domiciliar); e o direito à busca pela felicidade, que o universo encarregar-se-á de completar. N.T.1 Thomas Berry faleceu em junho de 2009, poucos meses depois da publicação do texto original de Richard Louv ser publicado na Orion Magazine. Berry completaria 95 anos de idade no mês de novembro daquele ano. Comunidade de Cristãos- Movimento Cristão de Renovação Religiosa Inspirada por essa Comunidade, convido todos que sentem um impulso para aprofundar a compreensão do Cristianismo para nos encontrarmos. De acordo com o grupo que se formar, poderemos desenvolver estudos, reflexões, pequenas celebrações para adultos e crianças; trazer pessoas experientes para conversas, orientações etc. Para o primeiro encontro, proponho dois horários opcionais: 7h30 e 18h30, no dia 8 de abril, terça feira, no espaço da Escola Waldorf João Guimarães Rosa. Agradeço e espero pelos companheiros! Herminia Pureza Panico
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