Guadalupe Roessler
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Guadalupe Roessler
31 de Março de 2016 Agronegócio - GPA anuncia compromisso para vetar compras de carne de áreas de desmate - Estados do Nordeste apresentam os índices mais baixos de adesão ao CAR - Produção de castanhas alia renda e preservação Em destaque - A proibição de retrocesso na proteção e promoção de um meio ambiente saudável - Fundos de ativos florestais no país chegam a R$ 9,6 bilhões - Dinheiro que dá em árvores - Oficina de reciclagem estimula consciência ambiental e o empreendedorismo - Setor de florestas batalha para elevar produtividade, mas clima atrapalha - Setor florestal registra superávit de US$ 1,2 bilhão no primeiro bimestre do ano - Além da métrica das emissões Empresas - Eldorado Celulose alcança estabilidade operacional com recorde de produção diária em março - Eldorado produz 5,4 mil toneladas de celulose em um dia - CRAs da Suzano - Bônus da Eldorado Executivo DOCS - 1695292v1 - Fundo Clima recebe avaliação positiva - STF quer discutir questões técnicas antes de julgar novo Código Florestal Judiciário - Justiça homologa acordo para usar multa em recuperação direta de dano ambiental Legislativo - Governo lança projeto para recuperação de nascentes e áreas degradadas - Aberta consulta pública para concessão no Pará DOCS - 1695292v1 Agronegócio GPA anuncia compromisso para vetar compras de carne de áreas de desmate O Grupo Pão de Açúcar (GPA) reunirá hoje em sua sede, em São Paulo, seus fornecedores de carne bovina para anunciar um compromisso oficial pelo desmatamento zero na Amazônia. A maior rede varejista do país pretende dar uma resposta à sociedade civil sobre como pretende evitar a aquisição da carne de animais oriundos de áreas de desmate através de uma política nacional de compras para o segmento. É também uma ação voltada para o grupo ambientalista Greenpeace, que jogou o peso da cadeia predatória da carne sobre grandes frigoríficos e, posteriormente, sobre grandes redes de supermercados. Em seu último relatório, intitulado "Carne com gosto de desmatamento: em um supermercado perto de você", o Greenpeace acusou o GPA e outros de não ter políticas comerciais responsáveis e ainda ignorar riscos inerentes da pecuária em crimes ambientais e do trabalho. O que se pretende com a nova orientação é criar processos que identifiquem irregularidades ambientais nas propriedades rurais, mas, sobretudo, capazes de trazer o setor para a regularização. "Esse não deve ser um processo de exclusão do fornecedor, mas de inclusão. Senão outro compra a carne que eu rejeitei, e a mudança na cadeia não acontece", afirma Paulo Pompílio, diretor de Relações Corporativas do GPA. De acordo com o executivo, as novas regras de compra atingirão todos os 30 fornecedores atuais de carne bovina do grupo, responsáveis pela entrega de seis mil toneladas de carne por mês às bandeiras Pão de Açúcar, Extra, Minimercado Extra e Minuto Pão. Três deles - JBS, Minerva e Marfrig - entregam cerca de 70% do volume total de carne bovina adquirida pelo grupo e já desenvolveram sistemas próprios de averiguação da procedência dos animais, que vêm funcionando com maior ou menor grau de eficiência. O problema, alerta o Greenpeace, está nos 30% restantes. Por esse motivo, o lançamento de uma política nacional de compras era uma reivindicação antiga da ONG. "Sabíamos que alcançar os fornecedores menores seria mais eficiente via o varejo, que é quem tem o poder da compra", afirma Adriana Charouz, da campanha Amazônia do Greenpeace. "Para nós, o anúncio público do compromisso ajudará a desencadear as mudanças necessárias no setor". DOCS - 1695292v1 Conforme Laura Pires, gerente de sustentabilidade do GPA, uma empresa de consultoria desenvolveu o software que será oferecido aos fornecedores. A empresa disponibilizará a ferramenta até junho e os fornecedores do grupo terão até o fim deste mês para preencher as informações que darão suporte a um diagnóstico in loco pela consultoria. "Mas os fornecedores que se negarem a colaborar com a implementação dessa política serão excluídos do nosso portfólio". Laura afirma que o tema desmatamento não estava totalmente no radar do grupo, mas vem ganhando importância na medida em que o setor, como um todo, amadurece para o assunto. Questionada, ela diz não saber "qual a fotografia" que receberá dos diagnósticos dos fornecedores. A expectativa do GPA é de que os fornecedores recebam bem a medida, e eles serão informados sobre os próximos passos tão logo eles sejam definidos. Ainda faltam definições cruciais para o sucesso dessa política - por ora, o GPA não sabe dizer como será o monitoramento dos fornecedores após o diagnóstico inicial, nem a periodicidade das averiguações nas propriedades rurais. De acordo com o Greenpeace, outros concorrentes do GPA, grandes e regionais, ainda precisam avançar na agenda do desmatamento da Amazônia. Fonte: Valor | 30.03 Voltar Estados do Nordeste apresentam os índices mais baixos de adesão ao CAR A Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) constatou que os proprietários de imóveis rurais do Nordeste continuam enfrentando dificuldades no processo de adesão ao Cadastro Ambiental Rural (CAR), cujo prazo final termina no próximo dia 5 de maio. Os dados mais recentes divulgados pelo Serviço Florestal Brasileiro (SFB), órgão do Ministério do Meio Ambiente, indicam que o pior desempenho está registrado no estado de Pernambuco, com apenas 13,6% de adesão. Em seguida aparece Alagoas (15,64%), Paraíba (17,34%) e Bahia (25,44%). Entretanto, os números gerais, incluindo os 26 estados da Federação, além do Distrito Federal, apresentam melhoria significativa no registro no Cadastro, 67,6%, segundo o levantamento mais recente do SFB. O ponto fora da curva dentre os nove estados nordestinos é o Maranhão, com adesão de 100% dos donos de imóveis rurais. Na mesma situação encontram-se os estados de Roraima, Rio de Janeiro, Rondônia, Amazonas e Acre. DOCS - 1695292v1 As dificuldades operacionais enfrentadas pelos produtores rurais, especialmente dos pequenos proprietários, dizem respeito a aspectos técnicos, relativos ao Código Florestal, e a lentidão do acesso à internet, especialmente nas cidades de pequeno e médio porte do interior do país. Fonte: Valor | 31.03 Voltar Produção de castanhas alia renda e preservação No coração da Amazônia peruana, as castanheiras se destacam, soberanas, na floresta densa. É o final da estação chuvosa, período em que a safra da castanha amazônica está em seu auge. De uma altura de até 60 metros, as árvores derrubam seus frutos, os ouriços que, graças à sua grossa casca, resistem intactos até a colheita. Os ouriços são abertos com facões pelos extrativistas e revelam de cinco a dez castanhas, que são acondicionadas em grandes fardos de 75 kg na própria mata e dali seguem em uma logística complexa, que inclui homens fortes, tratores e barcos, até a cidade de Puerto Maldonado, principal centro urbano da região de Madre de Dios, sudeste do Peru, onde são beneficiadas. A intrincada cadeia de fornecimento da castanha amazônica - conhecida pelo restante do mundo como castanha-do-Brasil, embora também floresça no Peru e na Bolívia - une gente simples da floresta a gigantes do mercado de cosméticos, ávidas por insumos da biodiversidade dos trópicos. Com habilidade para unir essas duas pontas, a Candela Perú, uma empresa de porte médio fundada em 1989, tornou-se uma referência em negócios sociais no país. Inicialmente criada com o intuito de comercializar artesanato e produtos típicos peruanos com o restante do mundo, suas atividades começaram a mudar com o avanço do desmatamento e do garimpo ilegal de ouro na Amazônia peruana. A partir daí, a Candela Perú voltou-se para o fomento do extrativismo sustentável, com o objetivo de atrair os pequenos produtores para a produção de castanhas e desestimular o corte de madeira. No Peru, as áreas de florestas são de propriedade do Estado, mas o governo destina concessões de uso da terra por até 40 anos a pequenos proprietários, que devem se comprometer a utilizar as áreas para pequenas lavouras e extrativismo. Nesse cenário, a Candela Perú passou a trabalhar diretamente com os concessionários, que se tornaram os principais fornecedores da empresa. Desenhou uma estratégia em sintonia com o movimento DOCS - 1695292v1 fair trade (comércio justo), que começava a ganhar força na Europa e tem como princípio a correta remuneração dos agentes produtores, além da prática de pagar adiantado 50% do valor da produção estimada para a safra. Um dos objetivos da Candela era eliminar os intermediários da cadeia produtiva da castanha, para que os extrativistas pudessem receber um preço mais justo pelo produto. "Iniciamos as atividades como uma organização sem fins lucrativos, agrupando potenciais fornecedores e buscando compradores para os produtos da floresta de origem não madeireira", relembra Gastón Vizcarra, presidente e co-fundador da Candela ao lado da esposa Guadalupe Lanao, gerente geral da empresa. A etapa seguinte foi agregar certificados de produção orgânica, que também permite maior valorização no preço do produto, e buscar compradores que demandassem grandes volumes. O grande passo nessa direção foi dado em 1991, em uma viagem à Inglaterra, quando os donos da Candela Perú souberam do interesse da marca inglesa de cosméticos The Body Shop, famosa por utilizar ingredientes de comunidades tradicionais em sua cadeia de suprimentos, nos ativos da região amazônica. Em pouco tempo nascia uma relação comercial das mais robustas e duradouras. A Candela Perú tornou-se a única fornecedora de óleo de castanhas para a marca, que utiliza o insumo em 40 produtos diferentes, como xampu, sabonetes e hidratantes. Em 2015, das 35 toneladas de óleo de castanhas produzidas pela Candela, um total de 30,4 toneladas foram compradas pela The Body Shop. Outras empresas do segmento de cosméticos também compram o óleo de castanha, como a inglesa Lush, mas em volumes menores. "Conseguimos nos tornar um elo entre os extrativistas e os grandes compradores, com garantia de um padrão internacional de qualidade e preço justo", diz Guadalupe Lanao, gerente geral da empresa. O contrato com a The Body Shop garantiu volume firme de compra e deu novo impulso à produção, permitindo agregar mais fornecedores ao longo do tempo. Hoje a Candela Perú compra as castanhas colhidas por 158 concessionários de reservas extrativistas da região de Madre de Dios, e criou um programa para envolver os castaneros - como são conhecidos os extrativistas - em boas práticas socioambientais, o que inclui treinamento sobre manejo dos recursos florestais, evitar a prática de caça, ainda comum na região, e o fogo em áreas de roçado. A castanheira necessita do ecossistema preservado para continuar produzindo - sua polinização, por exemplo, é feita por uma espécie de abelha que só é encontrada em áreas de floresta primária. A dispersão das sementes também só é possível graças a um roedor endêmico da região amazônica. Na prática, a demanda firme para a castanha produzida na região contribui para a redução do desmatamento seguido de queimadas, comum em toda a Amazônia. DOCS - 1695292v1 "Estimamos que as compras de óleo de castanha ajudaram a proteger 8.570 hectares de florestas na região de Madre de Dios. É um impacto significativo por tratar-se de uma relação comercial, não de um projeto filantrópico", diz Cristina Archer, responsável pelas cadeias de suprimento sustentáveis da The Body Shop. Com um faturamento de US$ 5,7 milhões em 2015, a Candela Perú hoje é uma empresa de médio porte fortemente dependente da cadeia da castanha, que responde por nada menos do que US$ 4,9 milhões das vendas. As duas plantas industriais - em Puerto Maldonado e Lima - empregam 99 trabalhadores, a maioria mulheres. Elas respondem por 75% da força de trabalho da empresa: na unidade de Puerto Maldonado, que recebe as castanhas diretamente dos concessionários, as mulheres dominam o minucioso processo de seleção das castanhas. Em geral, as inteiras e graúdas são destinadas a exportação; as menores e ainda inteiras, para o mercado interno e produtos beneficiados, como azeite e farinha; e as quebradas, para a produção do cobiçado óleo. Segundo Vizcarra, o potencial de diversificação dos negócios é grande, e a empresa quer crescer apostando em outros insumos da biodiversidade amazônica. "Estamos estudando o mercado e a viabilidade econômica para ativos como buriti, copaíba, cupuaçu e murumuru. Assim como a castanha, eles podem ser explorados em cadeias sustentáveis", diz o fundador da Candela Perú. Fonte: Valor | 31.03 Voltar Em destaque A proibição de retrocesso na proteção e promoção de um meio ambiente saudável Retomando aqui o tema da proteção do ambiente em sua articulação com os direitos e deveres fundamentais, desta feita (mas sem renunciar a um desenvolvimento maior do tópico versado na coluna de 11 de março) optamos por apresentar e comentar relevante decisão monocrática do ministro Luís Roberto Barroso, proferida no dia 11 de março de 2016, julgando, em caráter liminar, a Ação Direta de Inconstitucionalidade 5.447/DF, interposta pela presidente da República em face do Decreto Legislativo 293, de 10 de dezembro de 2015, que sustou os efeitos da Portaria Interministerial 192, de 5 de outubro de 2015, do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento e do Ministério do Meio Ambiente. Esta última, com a justificativa de definir os períodos de defeso (proibição temporária à atividade DOCS - 1695292v1 pesqueira para preservação de espécies) nela especificados, suspendeu tais períodos por 120 dias, prorrogáveis por mais 120 dias. Consoante apontado na decisão, a motivação subjacente à medida do Poder Executivo seria basicamente de ordem econômico-fiscal[1]. A Procuradoria-Geral da República, por sua vez, lançou parecer na ação, endossando, na essência, as razões governamentais suscitadas na inicial, desconsiderando assim (s.m.j.) a gravidade do dano ecológico a ser provocado pela suspensão do defeso, ademais de atribuir o ônus de provar tal prejuízo a quem contestou a medida governamental, e não a quem a propôs a redução dos níveis de proteção ambiental. Diferente foi o entendimento do ministro Barroso, segundo o qual não houve “apresentação de dados objetivos ou de estudos técnicos ambientais que comprovem a desnecessidade do defeso. Inobservância do princípio ambiental da precaução. Risco ao meio ambiente equilibrado, à fauna brasileira, à segurança alimentar da população e à preservação de grupos vulneráveis, que se dedicam à pesca artesanal”. O princípio da precaução, como sustentado na decisão (e na linha da jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça[2]), enseja a inversão do ônus probatório em desfavor do causador do dano ambiental ou poluidor (e não o contrário). A liberação da pesca levada a efeito pela Portaria Interministerial referida, com a suspensão do período de proibição caracterizado pelo defeso, enseja notório dano à fauna aquática, já que a razão de existir tal medida reside justamente na proteção desta última, notadamente em respeito aos períodos mais sensíveis no ciclo reprodutivo das espécies[3]. O segurodefeso (espécie de seguro-desemprego) pago aos pescadores caracteriza praticamente um “pagamento por serviços ambientais”, já que, ao não pescar, o pescador (e, por óbvio, a política pública estatal subjacente à medida) contribui para a proteção ambiental e a reprodução das espécies. Cuida-se, no caso, de uma concretização do princípio (e correlato dever!) da sustentabilidade, harmonizando os seus elementos ambientais, sociais e econômicos. Avançando na análise do caso, calha frisar que a decisão do STF enveredou por trilha pelo menos em parte inovadora no contexto da jurisprudência em matéria ambiental do nosso pretório excelso. O ministro Barroso, é bem verdade, não chegou a mencionar expressamente o princípio ou garantia da proibição de retrocesso no texto de sua decisão, mas o fez indiretamente, servindo-se, em sua fundamentação, de passagem de livro deste signatário em coautoria com Tiago Fensterseifer[4] que trata exatamente do tema, inclusive grifando a expressão “proibição de retrocesso”. Nessa perspectiva, como tive oportunidade de tratar diversas vezes em sede doutrinária, a proibição de retrocesso opera-se não apenas quando em causa medidas do Poder Legislativo, mas também deve pautar atuação do Poder Executivo e até mesmo o Poder Judiciário. A “novidade” da qual se reveste a decisão está em DOCS - 1695292v1 sua aplicação no campo ambiental, acolhendo entendimento doutrinário que vem ganhando cada vez maior sustentação nos últimos anos[5]. Não se está, por certo, pregando uma aplicação maniqueísta ou absoluta do princípio da proibição de retrocesso ambiental, dissociada do contexto do caso concreto. No entanto, na condição de dimensão normativa do direito (e dever) humano e fundamental de proteção e promoção de um ambiente saudável e equilibrado, a assim chamada proibição de retrocesso implica a proteção dos níveis de proteção fática e jurídica do meio ambiente, no sentido de um direito de impugnar atos estatais que tenham como objetivo e/ou consequência a diminuição da proteção do ambiente. Assim, a proibição de retrocesso implica o reconhecimento de um direito subjetivo que tem por objeto uma conduta negativa, ou seja, impugnar todo e qualquer ato que venha a reduzir e mesmo suprimir determinados níveis de proteção do ambiente. A proibição de retrocesso, do ponto de vista da dogmática dos direitos fundamentais, opera, portanto, como um limite aos limites dos direitos fundamentais, porquanto parte do pressuposto de que toda e qualquer intervenção restritiva no âmbito de proteção de um direito fundamental carece não apenas de uma justificação (e mesmo legitimação) enraizada na própria Constituição Federal, como também enseja um rigoroso controle de sua compatibilidade com o marco normativo constitucional e do Direito Internacional dos direitos humanos. Com efeito, a proibição de retrocesso significa em primeira linha que toda medida que diminua a proteção do ambiente deva ser presumida (relativamente) inconstitucional, salvo preenchidos um conjunto de critérios e que, sempre analisados à luz das circunstâncias do caso, ensejam um juízo de inconstitucionalidade acompanhado da correspondente sanção. Assim, antes de adentrar os demais critérios, eventual medida restritiva do direito fundamental à proteção do ambiente deverá encontrar sempre respaldo na própria ordem constitucional, ou seja, justificar-se pela necessidade de proteção de outros direitos fundamentais. Além disso, como regra, a restrição deveria ser veiculada por lei em sentido formal e material, eventualmente por lei em sentido material, mas que possa ser reconduzida a uma autorização legislativa. Tal exigência, embora corresponda inclusive ao que dispõe os tratados de direitos humanos (restrição a direitos deve ser promovida pelo legislador), encontra-se amplamente flexibilizada no Brasil, seja pelo reconhecimento (nem sempre adequado) de poder normativo a entes não legislativos, seja pelo manejo do decreto autônomo, entre outros aspectos que aqui não cabe aprofundar, mas que se revela da maior importância não apenas na seara ambiental como também no que diz com as restrições impostas a direitos fundamentais em geral. Mesmo que preenchidos os requisitos referidos, o ato restritivo (em princípio retrocessivo) deverá ainda atender a outras exigências, reclamando um teste de sua proporcionalidade (de DOCS - 1695292v1 acordo com a conhecida tríade da adequação, exigibilidade e da proporcionalidade em sentido estrito), sem prejuízo da necessidade de atentar-se ao núcleo essencial do direito restringido, esteja ele — ou não — associado ao assim chamado mínimo existencial ecológico. No caso concreto ora comentado, nem se vislumbram razões consistentes que possam justificar a adoção da medida impugnada perante o STF, nem estão presentes os requisitos que autorizariam o reconhecimento de sua legitimidade constitucional, em especial a proporcionalidade, já que disponíveis outros meios (não invasivos da proteção ambiental) para salvaguardar de modo eficaz os direitos eventualmente conflitantes. De todo modo, o que se pretendeu nesta coluna é chamar a atenção tanto para a decisão aqui apresentada, quanto para a necessidade de se investir cada vez mais numa dogmática jurídica que assegure a máxima eficácia e efetividade dos direitos fundamentais, em especial quando se cuida de direito tão relevante para a própria sobrevivência da vida, humana e não humana. Ingo Wolfgang Sarlet é professor titular da Faculdade de Direito e dos programas de mestrado e doutorado em Direito e em Ciências Criminais da PUC-RS. Juiz de Direito no RS e professor da Escola Superior da Magistratura do RS (Ajuris). Fonte: Conjur | 28.03 Voltar Fundos de ativos florestais no país chegam a R$ 9,6 bilhões Os fundos de investimento em ativos florestais, voltados à produção de madeira para a indústria, cresceram 15,6% no último ano, e atingiram R$ 9,6 bilhões no país, segundo a consultoria Consufor. "A taxa de retorno aqui gira em 10%, enquanto em países como Estados Unidos não passa muito de 2%. Isso tem atraído aportes", diz Marcio Funchal, diretor da empresa. O BTG Pactual, um dos maiores investidores nacionais, captou US$ 800 milhões em 2015, dos quais US$ 30 milhões já foram aplicados. A Copa Investimentos, especializada em ativos florestais, tem dois fundos em parceria com a Claritas e co-investidores que somam cerca de R$ 626 milhões. Neste ano, a empresa abrirá um terceiro, voltado às indústrias de celulose, biomassa e serraria, mas não revela o valor dos investimentos. DOCS - 1695292v1 O Grupo Lacan, que desde 2012 possui um fundo de R$ 270 milhões, começa a captar em abril para um segundo, de mesmo valor, que terá como foco a indústria de celulose na região de Mato Grosso do Sul. Os fundos brasileiros, cuja participação no mercado começou a ganhar força só em 2009, devem crescer nos próximos anos, diz Funchal. Fonte: Folha de SP | 28.03 Voltar Dinheiro que dá em árvores A economia brasileira vai de mal a pior, mas a situação das grandes fabricantes de celulose nunca foi tão favorável A economia brasileira vai de mal a pior, mas a situação das grandes fabricantes de celulose nunca foi tão favorável Aisão de quem sobe os 120 metros da torre de branqueamento da fábrica de celulose Horizonte 1 e olha para o Norte é tomada pelos troncos esguios e a folhagem franzina de um mar de pés de eucalipto. A plantação começa junto aos portões da fábrica e se estende por um sem-fim de ondulações suaves, típicas do relevo do Mato Grosso do Sul, avançando até onde a vista alcança. “Essa é a nossa vantagem competitiva”, explica Alexandre Figueiredo, responsável pela produção da unidade industrial. A planta pertence à Fibria, maior produtora mundial de celulose de fibra curta, matéria-prima para itens como papel-jornal, fraldas e DOCS - 1695292v1 papel-moeda. (A celulose de fibra longa é utilizada na produção de papel de gramatura alta e embalagens.) O Mato Grosso do Sul se caracteriza pela presença de vastas áreas de cerrado, boa parte das quais há muito tempo foi transformada em terras aráveis. Mais recentemente, as plantações de eucaliptos ocuparam uma parcela dessas terras. A maior parte dos 568 mil hectares de eucaliptos da Fibria está situada a até 200 quilômetros de sua fábrica. As distâncias percorridas pelos caminhões da concorrente Eldorado, cujas instalações industriais ficam do outro lado de Três Lagoas (município de 115 mil habitantes que está rapidamente se tornando importante centro do segmento de celulose brasileiro), são apenas ligeiramente superiores. Nenhuma outra companhia industrial do mundo tem acesso tão imediato a matéria-prima. Some-se a isso o clima ameno e o solo fértil das regiões Sudeste e CentroOeste do Brasil – onde, como diz Joe Bormann, da agência de classificação de risco Fitch, eucaliptos “crescem como erva-daninha” – e não é difícil entender por que o País conquistou 40% do mercado mundial de celulose de fibra curta. Startups. Castelli, da Fibria, está de olho em novas tecnologias Os investimentos em tecnologia também estão dando retorno. No fim dos anos 1990, os brasileiros começaram a plantar uma variedade de eucalipto de crescimento acelerado, que pode ser colhida depois de sete anos de cultivo apenas; bem menos que os 20 anos, ou mais, necessários ao cultivo de pinheiros, principal fonte de celulose no Hemisfério Norte. Ao lado da Horizonte 1, a Fibria está construindo um viveiro de alta tecnologia, com técnicas desenvolvidas por floricultores holandeses. A Eldorado é pioneira na utilização de drones para mapear a topografia de suas plantações. DOCS - 1695292v1 A bonança do setor de celulose se contrapõe ao desânimo da maior parte da economia brasileira. Do alto de seu mirante, Figueiredo aponta para a única clareira visível no meio do mar de árvores: as estruturas metálicas que despontam no descampado fazem parte de uma fábrica de fertilizantes que a Petrobrás pretendia erguer no local. A construção foi interrompida em 2014, quando a estatal se tornou o centro do escândalo bilionário de pagamento de propinas que pode resultar na queda da presidente Dilma Rousseff. A desolação do lugar contrasta com o ritmo frenético que se observa no interior da planta de celulose, onde está sendo instalada uma segunda linha de produção, no valor de R$ 8,7 bilhões. Quando estiver concluída, no fim de 2017, irá mais do que dobrar o 1,3 milhão de toneladas anuais que a fábrica é capaz de produzir atualmente. De 2011 para cá, a recessão e a instabilidade política fizeram a moeda brasileira perder 60% de seu valor frente ao dólar. Para os fabricantes de celulose, isso é motivo de comemoração. Em 2015, segundo a agência de classificação de risco Standard & Poor’s, a desvalorização do real proporcionou uma queda de US$ 50 por tonelada nos custos de produção do setor; outros US$ 40 por tonelada puderam ser economizados na manutenção de instalações. Estimativas do banco UBS indicam que a cada 10 centavos que o real perde em relação ao dólar, os fabricantes brasileiros de celulose embolsam lucros de US$ 15 por tonelada. Para melhorar as coisas, embora os preços das outras commodities produzidas pelo Brasil tenham sofrido queda acentuada nos últimos anos, os preços da celulose se mantiveram estáveis. Com a China reorientando sua economia para o consumo, o futuro das exportações brasileiras de minério de ferro não parece muito promissor, já que os chineses provavelmente passarão a construir menos pontes e outros equipamentos de infraestrutura. Mas o consumo de papel higiênico na potência asiática está em alta, e mais de 40% da produção dos fabricantes brasileiros de celulose é transformada em rolos de papel higiênico destinados aos chineses. De acordo com a consultoria RISI, entre 2013 e 2023 as vendas anuais de papel higiênico devem registrar crescimento de 7,4 milhões de toneladas, sendo que quase a metade disso será absorvida pelo mercado chinês. A combinação de moeda desvalorizada e demanda aquecida fez com que as margens dos fabricantes brasileiros alcançassem níveis suculentos. As da Fibria chegaram a 53%, sobre faturamento recorde de R$ 10,1 bilhões no ano passado. Com lucros equivalentes a 75% das receitas geradas no quarto trimestre de 2015, as margens da Eldorado superaram todas as marcas já registradas no segmento. Isso ajudou a aliviar o peso do endividamento, que permanece alto em relação ao de suas concorrentes. A Klabin e a Suzano também tiveram um bom ano, ainda que, por produzirem não apenas celulose, mas também seus derivados, tenham visto suas unidades papeleiras serem atingidas pelo mesmo mal que aflige o restante da economia brasileira. DOCS - 1695292v1 Futuro. Os bons tempos vão durar? O excesso de capacidade é fonte de preocupação. Em maio de 2015, a chilena CMPC inaugurou uma unidade no Rio Grande do Sul, com capacidade para produzir 1,3 milhão de toneladas por ano. Este mês, começou a funcionar uma planta que a Klabin construiu no Paraná, de cujos fornos sairão 1,5 milhão de toneladas anuais. Em Três Lagoas, a Eldorado está dando início a um projeto de expansão. E isso é só no Brasil. Em termos mundiais, a capacidade instalada deve ter aumento de 2,7 milhões de toneladas só este ano. Já o crescimento da demanda provavelmente ficará limitado a 1,5 milhão de toneladas. Cedo ou tarde, isso terá efeito nos preços. Além do mais, o real vem se valorizando frente ao dólar nas últimas semanas, já que o mercado começou a apostar numa mudança de governo e no fim da paralisia política e econômica do País. Mas os fabricantes brasileiros de celulose continuam otimistas. Se os preços da celulose caírem, as plantas mais antigas, e de custos mais elevados, no Hemisfério Norte, talvez sejam desativadas, o que reduziria o excesso de capacidade. No longo prazo, a demanda por papel higiênico só tende a crescer. Como diz o presidente-executivo da Fibria, Marcelo Castelli, o consumo individual médio na China é de pouco mais de 5 quilos por ano, ao passo que em países desenvolvidos são consumidos entre 10 e 20 quilos. Quanto à questão cambial, o diretor-presidente da Eldorado, José Carlos Grubisich, observa que os fabricantes de celulose sobreviveram quando o dólar era cotado a R$ 1,60. Com a moeda americana em torno de R$ 3,60, ainda vai demorar um pouco para o câmbio voltar a apertar o calo do segmento. Apesar do bom momento vivido pelo setor, os fabricantes brasileiros de celulose estão buscando novos usos para a madeira de eucalipto, dos biocombustíveis aos substitutos ecológicos para materiais plásticos. Nos últimos anos, a Fibria adquiriu participações em várias startups com tecnologias promissoras, incluindo uma jovem empresa canadense. A companhia tem duas outras aquisições em vista. “Dinheiro dá em árvore, sim”, assegura Castelli. “Só leva tempo.” Fonte: Estadão | 28.03 Voltar Oficina de reciclagem estimula consciência ambiental e o empreendedorismo A produção excessiva de lixo é um dos maiores problemas sociais e ambientais da atualidade, sendo que o papel ainda é um dos materiais muito utilizados na área educacional e em outras atividades. Quanto maior o volume usado e quanto maior o desperdício, mais e mais DOCS - 1695292v1 toneladas de lixo são geradas. Também não se pode ignorar que o processo de produção do papel é responsável por impactos ambientais importantes, como a degradação do solo e sua consequente desertificação, resultantes da derrubada de árvores de espécies como o pinus e o eucalipto, plantadas para a indústria de papel. Não esqueçamos ainda que o setor apresenta consumo de água e de energia consideráveis, algo igualmente nocivo à conservação do meio ambiente. Para o Liceu Santa Cruz, é função da escola conscientizar os alunos sobre a responsabilidade de todos no controle dos danos ambientais e da necessidade de mais e mais cidadãos multiplicadores de atitudes ambientalmente positivas, como a redução do desperdício, mudança de hábitos, o valor da reciclagem inclusive como estimulador de uma nova economia. Aluna do Liceu prepara papel reciclado durante a oficina. Foto: Divulgação No Liceu, desde a educação infantil até o ensino médio, todos os alunos participam de oficinas de reciclagem de papel. Nesse trabalho os estudantes vivenciam o dia a dia de uma fábrica de papel com todos os seus desafios, soluções, departamentos e estratégias de produção e comercialização. “Quando reciclamos o papel, conseguimos reduzir a quantidade de árvores cortadas, diminuindo também a necessidade de expansão das florestas artificiais”, diz o oficineiro Demétrius Sorgon, responsável pelo projeto dessa oficina . Ele ainda alerta: “Devemos lembrar que a celulose fornecida pelas árvores pode ser reciclada infinitamente; ou seja, o papel produzido hoje e que está em uso, poderia ser reutilizado, reciclado em quase sua totalidade”. DOCS - 1695292v1 Na oficina, da mesma forma que em uma empresa, os estudantes são divididos em equipes que irão “trabalhar” desde a preparação do papel a ser reutilizado, transformando-o em matéria-prima, até a linha de produção do papel, e a sua utilização na confecção de peças coloridas como marcadores de livros. Outra finalidade é utilizar as folhas como suporte para trabalhos de arte na escola. A atividade da oficina é multidisciplinar, envolvendo professores de Arte, Matemática Financeira e Ciências. Aluno aprende e participa do processo de reciclagem de papel. Foto: Divulgação Outro benefício é que alunos do Fundamental II e do Ensino Médio trabalham a questão do empreendedorismo — já que as equipes formadas são responsáveis pela administração da “empresa”, o controle de qualidade, os cálculos e custos envolvidos na produção. A propaganda e o marketing também não são esquecidos. “Os produtos são desenvolvidos de forma a agregar valor e criar argumentos de vendas. Sempre respeitando as questões de sustentabilidade ecológica e social”, comenta Demétrius. A diretora do Liceu Santa Cruz, Mirna Eloi Suzano, lembra que a experiência reúne práticas e técnicas manuais e de educação ambiental, proporcionando situações e problemas reais a serem resolvidos. “Dessa forma, estimulamos o raciocínio lógico e o trabalho em equipe, ajudando as crianças e jovens a mudarem a maneira de se relacionar com a realidade à sua volta”. Outro aspecto salientado por ela é a oportunidade de os alunos ampliarem sua visão sobre a sustentabilidade. “É muito importante que todos percebam que a sustentabilidade não depende, necessariamente, de grandes ações. As pequenas ações cotidianas, que envolvem a separação e a reciclagem do lixo produzido por nós mesmos, por exemplo, são de grande DOCS - 1695292v1 significado. Ou seja, se cada um de nós fizer uma parte, por menor que seja, estaremos todos contribuindo para a manutenção do meio ambiente”, afirma Mirna Suzano. Fonte: Estadão | 29.03 Voltar Setor de florestas batalha para elevar produtividade, mas clima atrapalha Levantamento feito pela consultoria Pöyry mostra que o rendimento do setor caiu 6% nos últimos cinco anos, enquanto fabricantes estão investindo para manter a competitividade O ganho de produtividade continua no radar das fabricantes de celulose como fator decisivo para manter a competitividade. No entanto, especialistas dizem que as mudanças climáticas têm dificultado o avanço no setor florestal. Um levantamento da consultoria Pöyry revela redução de 6% na produtividade da indústria entre 2010 e 2015. "As pesquisas mostram que o rendimento médio do setor nesse período caiu no Brasil por diferentes motivos", explicou o diretor de consultoria em negócios florestais da Pöyry, Jefferson Mendes. As mudanças climáticas no período foram o principal fator que impactou o rendimento das florestas da indústria de celulose, já que as árvores não estavam adaptadas às alterações no clima. A redução de investimentos no setor entre 2008 e 2010, reflexo da crise econômica mundial, o processo de exaustão do solo das florestas e a seleção precoce de clones das árvores como o eucalipto, usado para produção de fibra curta de celulose, foram destacados pelo consultor da Pöyry como fatores que ajudam a explicar a redução na produtividade do setor. Para o gerente de planejamento e controle florestal da Eldorado, Carlos Justo, essa queda do rendimento nos últimos anos é resultado, principalmente, da busca por áreas mais baratas para expansão do plantio. Nos últimos anos, as indústrias de celulose se instalaram em regiões com condições climáticas mais adversas, disse ele. "A produtividade de uma floresta depende de muitos fatores, como água disponível para irrigação, precipitações e logística. Mas regiões como São Paulo e Paraná, embora tenham melhores condições de clima, as terras são muito caras e há áreas pequenas disponíveis. A alternativa é buscar novas áreas como no Mato Grosso do Sul", afirmou. A produtividade das florestas da Eldorado hoje é de 40 metros cúbicos de eucalipto por hectare colhido por ano. Os clones plantados hoje e que serão colhidos em cerca de seis anos DOCS - 1695292v1 tem projeção de render 42 metros cúbicos por hectare. A média brasileira atual é de 39 metros cúbicos por hectare. Carlos Justo lembrou que, como as novas regiões estão recebendo os primeiros ciclos de plantio e colheita de eucalipto, as indústrias ainda estão desenvolvendo processos de melhoramento genético para ter clones adaptados. Já o presidente da Celulose Riograndense, Walter Lidio, contou que não observou impacto negativo do clima na produtividade das florestas da empresa no Sul do País. "Pode ser que em outras regiões essas variações tenham prejudicado as florestas de outras fabricantes. Uma flutuação do rendimento é normal, mas isso não faz a indústria perder competitividade obrigatoriamente. Em alguns casos você perde um pouco de produtividade em um aspecto e ganha em outro", citou ele. Investimento Na avaliação de Jefferson Mendes, da Pöyry, embora tenha perdido rendimento nos últimos anos, a indústria de celulose vem trabalhando para superar esse recuo com aportes em biotecnologia e silvicultura para explorar novos processos de plantio de clones. "Teremos que fazer um esforço para recuperar e aumentar a produtividade média, mas nos últimos cinco anos as empresas investiram bastante e o setor ainda é muito competitivo tanto em eucalipto como em pinus", comentou Mendes. A Eldorado continua investindo em melhoramento genético e na produtividade das florestas. Carlos Justos revelou que a companhia tem um índice de mecanização dos processos florestais 27% maior em relação a média do setor. Os custos com irrigação das áreas de plantio também foi reduzido. "Estamos trabalhando com a quarta tecnologia de irrigação, com custos 60% menores", detalhou o executivo. Na parte industrial, a companhia vem investindo na eliminação de gargalos para ampliara produção de celulose. Segundo o gerente de produção da fábrica da Eldorado, Marcelo Martins, o digestor - equipamento responsável por separar a fibra de celulose do restante da madeira - teve a sua capacidade ampliada em até 8% com melhorias em uma das ações para eliminar gargalos na planta da empresa. "Estamos sempre direcionando investimentos para eliminar gargalos na produção e em três anos conseguimos ampliar de 1,5 milhão para 1,7 milhão de toneladas a capacidade da nossa fabrica", disse ele. Manutenção A concorrente Fibria continua investindo no melhoramento genético. "A companhia faz um investimento grande em genética para encontrar e desenvolver os melhores clones de eucalipto, para não só aumentar a produtividade, mas garantir uma melhor qualidade da celulose", explicou o coordenador de biotecnologia da Fibria, Alexandre Missiaggia, em entrevista recente ao DCI. DOCS - 1695292v1 A Fibria, assim como a Eldorado, conseguiu ampliar de 12 para 15 meses o intervalo de parada para manutenção obrigatória nas caldeiras. A medida também deve contribuir para elevar a produtividade do setor nos próximos anos. A Celulose Riograndense também está investindo para aumentar o rendimento e se manter competitiva. "Procuramos sempre aprimorar a operação como um todo e aumentar o intervalo entre paradas para manutenção da fábrica é um dos nossos objetivos principais", disse Lidio. Fonte: DCI | 31.03 Voltar Setor florestal registra superávit de US$ 1,2 bilhão no primeiro bimestre do ano O saldo da balança comercial é 35,2% maior na comparação com o mesmo período de 2015 A celulose branqueada foi o principal destaque nas exportações O saldo da balança comercial do setor de árvores plantadas brasileiro totalizou US$ 1,2 bilhão no primeiro bimestre de 2016, e registrou alta de 35,2% em relação ao mesmo período do ano passado. A receita de exportações de celulose, painéis de madeira e papel totalizou US$ 1,4 bilhão, crescimento de 19,7% na comparação com o mesmo período de 2015, quando o total foi de US$ 1,2 bilhão. Volume de exportações – Nos primeiros dois meses de 2016, o volume das exportações de celulose totalizou 2,2 milhões de toneladas, crescimento de 25,6% em relação ao mesmo período de 2015, quando foram exportadas 1,8 milhão de toneladas. Em relação ao segmento de painéis de madeira, o volume exportado no primeiro bimestre do ano somou 124 mil m³, alta de 70% sobre o mesmo período do ano passado, quando as exportações foram de 73 mil DOCS - 1695292v1 m³. As exportações de papel se mantiveram praticamente estáveis no primeiro bimestre de 2016 e somaram 316 mil toneladas. Produção – A produção brasileira de celulose atingiu 3 milhões de toneladas nos dois primeiros meses do ano, alta de 9,4% em relação ao mesmo período de 2015, quando foram produzidas 2,8 milhões de toneladas. A produção de papel totalizou 1,7 milhão de toneladas no primeiro bimestre de 2016, volume 1,4% maior na comparação com o mesmo período de 2015. Vendas Domésticas – No primeiro bimestre de 2016, as vendas de papel no mercado doméstico atingiram 866 mil toneladas, crescimento de 3,6% em relação ao mesmo período de 2015. No segmento de painéis de madeira, as vendas no mercado interno atingiram 961 mil m³, volume 8% inferior na comparação com o mesmo período do ano passado. Fonte: Painel Florestal | 31.03 Voltar Além da métrica das emissões Ao longo dos últimos dez anos, o termo "mudanças climáticas" tornou-se quase sinônimo de "emissões de carbono". A redução de gases de efeito estufa na atmosfera, medido em toneladas de "equivalentes de carbono" (CO2 e), passou a ser o objetivo primordial no esforço pela preservação do planeta. Mas uma abordagem tão simplista não vai resolver as crises ecológicas, extremamente complexas e interligadas, que enfrentamos. O foco unidimensional em políticas ambientais mundiais em "métricas de carbono" reflete uma obsessão mais ampla com mensuração e contabilização. O mundo é compreendido com base em abstrações - calorias, quilômetros, quilos e, agora, toneladas de CO2 e - que são aparentemente objetivas e confiáveis, especialmente quando incorporadas a um discurso "de especialistas" (muitas vezes economistas). Em consequência, tendemos a ignorar os efeitos de cada abstração na história e nas dinâmicas de poder e de política que continuam a darlhes forma. Um exemplo central de uma poderosa e algo ilusória abstração mundial é o produto interno bruto (PIB), adotado após a Segunda Guerra Mundial como principal medida de desenvolvimento econômico e desempenho de um país, quando as potências mundiais estavam construindo instituições financeiras internacionais que deveriam refletir o poder econômico relativo. Hoje, no entanto, o PIB tornou-se uma fonte de frustração generalizada, pois não reflete as realidades da vida das pessoas. DOCS - 1695292v1 Em vez de mudar nosso sistema econômico para adequá-lo aos limites naturais do planeta, estamos redefinindo a natureza para que ela se ajuste a nosso sistema econômico e, nesse processo, excluindo outras formas de conhecimento e alternativas reais Ainda assim, o PIB continua a ser, de longe, a medida dominante de prosperidade econômica, refletindo a obsessão com a universalidade que acompanhou a expansão do capitalismo por todo o mundo. Imaginações complexas, cheias de nuances e qualitativas que refletem especificidades locais simplesmente não são tão atraentes quanto explicações lineares, abrangentes e quantitativas. No que diz respeito às mudanças climáticas, essa preferência se traduz em apoio focado unicamente em soluções que reduzem marginalmente as emissões "líquidas" de carbono soluções que podem impedir grandes transformações econômicas ou comprometer a capacidade das comunidades de definir problemas específicos e desenvolver soluções adequadas. A origem dessa abordagem pode ser rastreada à Cúpula da Terra de 1992, no Rio de Janeiro, onde a política climática embarcou numa trajetória acidentada e violenta de alternativas esquecidas. No decorrer de um quarto de século, pelo menos três erros críticos foram cometidos. Primeiro, os governos introduziram a unidade de cálculo de CO2 e para quantificar de forma coerente os efeitos de gases de efeito estufa distintos, como CO2, metano e óxido nitroso. As variações entre esses gases - em termos de seu potencial de aquecimento, quanto tempo eles permanecem na atmosfera, onde aparecem e como interagem com os ecossistemas e as economias locais - são profundas. Uma unidade de medida única simplifica as coisas consideravelmente, permitindo que os formuladores de políticas busquem uma solução "tamanho único" visando atingir uma meta abrangente específica. Em segundo lugar, a convenção da ONU sobre mudanças climáticas privilegiou técnicas "fim de processo" (métodos que visam a remoção de contaminantes da atmosfera). Isso permitiu que os tomadores de decisões desviassem a atenção para longe do objetivo politicamente mais difícil de limitar em sua origem as atividades que produzem essas emissões. Em terceiro lugar, os políticos decidiram concentrar-se em emissões "líquidas", considerando processos biológicos que envolvem terra, plantas e animais, juntamente com aqueles associados à queima de combustíveis fósseis. Assim como instalações industriais, arrozais e vacas foram tratadas como fontes de emissões, e florestas tropicais, plantações monoculturais de árvores e pântanos, como sumidouros de emissões. Os formuladores de políticas começaram a procurar soluções que envolvessem compensar as emissões no exterior, em vez de cortá-las em casa (ou na fonte). Em 1997, quando o Protocolo de Kyoto entrou em vigor, "maior DOCS - 1695292v1 flexibilidade" era a ordem do dia, e a comercialização de licenças de emissão (ou permissões para poluir) foi a opção preferida. Quase duas décadas depois, o esforço para compensar as emissões está não apenas enraizado na política do clima; o esforço também abriu seu caminho para debates mais amplos de política ambiental. Novos mercados para os chamados "serviços ecossistêmicos" estão surgindo. Por exemplo, "bancos de mitigação de manguezais" nos EUA são um dos mais antigos entre tais mercados. Essas iniciativas implicam preservação, melhoria ou criação de, por exemplo, um manguezal ou curso d'água que compense os impactos adversos de um projeto planejado para um ecossistema semelhante em outro lugar. Isso é feito através da emissão de certificados que podem ser negociados. "Esquemas de compensação de biodiversidade" funcionam basicamente da mesma maneira: uma empresa ou indivíduo pode comprar "créditos de biodiversidade" para compensar sua "pegada ecológica". Se esses esquemas soam um pouco práticos demais, é porque o são. Na verdade, eles baseiam-se em um conceito tão imperfeito quanto o do comércio de emissões. Em vez de mudar nosso sistema econômico para adequá-lo aos limites naturais do planeta, estamos redefinindo a natureza para que ela se ajuste a nosso sistema econômico - excluindo outras formas de conhecimento e alternativas reais. Agora, na esteira da cúpula do clima de Paris, em dezembro, o mundo está à beira de assumir mais uma opção errada, ao abraçar a ideia de "emissões negativas", pressupondo que novas tecnologias serão capazes de remover CO2 da atmosfera. Entretanto, essas tecnologias ainda estão por ser inventadas, e mesmo que o fossem, sua implementação seria extremamente arriscada. Em vez de buscar soluções comprovadas - deixar os combustíveis fósseis no subsolo, abandonar a agricultura industrial e abraçar a agroecologia, criando economias sem desperdício, e restaurar ecossistemas naturais - estamos contando com que alguma inovação milagrosa venha nos salvar em cima da hora. A loucura dessa abordagem deveria ser óbvia. Se as métricas de carbono continuarem a moldar as políticas climáticas, as novas gerações conhecerão apenas um mundo com restrições ao carbono - e, se tiverem sorte, um mundo com baixo teor de carbono. Em vez de perseguir uma visão tão simplista, deveríamos buscar estratégias mais ricas visando transformar nossos sistemas econômicos para que operem dentro de - e interagindo com - nosso ambiente natural. Para isso, necessitaremos uma nova maneira de pensar que estimule participação ativa para retomar e conservar os espaços onde abordagens alternativas possam crescer e florescer. Não será fácil, mas valerá a pena. DOCS - 1695292v1 (Tradução de Sergio Blum) Camila Moreno é pesquisadora da Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro Daniel Speich Chassé é professor de história na Universidade de Lucerna. Lili Fuhr dirige o departamento de Ecologia e Desenvolvimento Sustentável na Heinrich-Böll-Stiftung, em Berlim. Copyright: Project Syndicate, 2016. Fonte: Valor | 31.03 Voltar Empresas Eldorado Celulose alcança estabilidade operacional com recorde de produção diária em março Empresa produziu 5.420 toneladas de celulose em 23 de março, volume que representa recorde mundial de produção em um único dia A Eldorado Brasil Celulose produziu 5.420 toneladas de celulose em 23 de março, volume que representa recorde mundial de produção em um único dia, informou a companhia na noite da véspera em comunicado ao mercado. Segundo a empresa, o recorde de produção diária de celulose de eucalipto "atesta que nossa fábrica tem ritmo e estabilidade operacional, garantindo que as metas de produção serão cumpridas", disse o diretor industrial da empresa, Carlos Monteiro. "Este desempenho aliado às melhorias que serão realizadas durante as próximas paradas gerais programadas para manutenção deverá elevar a capacidade de produção acima de 1,7 milhão de toneladas por ano", afirmou a empresa no comunicado. A Eldorado Brasil é uma empresa da holding J&F, que controla entre seus ativos a maior processadora mundial de carne bovina, JBS. Fonte: DCI | 28.03 Voltar Eldorado produz 5,4 mil toneladas de celulose em um dia DOCS - 1695292v1 O número é, agora, um recorde mundial para a produção de celulose branqueada de fibra curta Unidade da Eldorado Brasil em Três Lagoas (MS) A Eldorado Brasil atingiu, na última semana, à marca de 5.420 toneladas de celulose produzidas em um único dia em sua fábrica em Três Lagoas (MS). Este é o recorde mundial para produção diária de celulose branqueada de fibra curta. "Na prática, a conquista atesta que nossa fábrica tem ritmo e estabilidade operacional, garantindo que as metas de produção serão cumpridas de forma eficiente e sustentável, ou seja, sem comprometer ativos e com respeito ao meio ambiente", afirma Carlos Monteiro, diretor Industrial da empresa. Este excelente desempenho aliado às melhorias que serão realizadas durante as próximas paradas gerais programadas para manutenção deverão elevar a capacidade de produção acima de 1,7 milhão de toneladas por ano. Sobre a Eldorado Brasil A Eldorado Brasil é uma das mais modernas e competitivas empresas de celulose do mundo. Conta com diferenciais como: florestas próprias certificadas, geração de energia a partir de biomassa, reaproveitamento de recursos e um modelo logístico inovador, competitivo e com baixa emissão de carbono. Também promove o desenvolvimento socioeconômico das comunidades da região em que atua. Com investimento de R$ 6,2 bilhões, foi construída em tempo recorde e começou a operar no final de 2012. Seu complexo industrial e base florestal estão localizados no Mato Grosso do Sul. Também possui um viveiro no interior de São Paulo, com capacidade de produção de 28 milhões de mudas ao ano. Distribui sua celulose para o Brasil e para o mundo. Para atender com qualidade à demanda global, conta com parque industrial moderno com capacidade para produzir até 1,7 milhão de toneladas de celulose por ano e com processos sustentáveis, base florestal renovável e excelência nos processos de distribuição. DOCS - 1695292v1 Fonte: Painel Florestal | 29.03 Voltar CRAs da Suzano A Suzano fechou emissão de R$ 600 milhões em certificados de recebíveis do agronegócio (CRA) com vencimento em abril de 2020, de acordo com uma fonte que preferiu não ser identificada. A intenção inicial da empresa era colocar R$ 500 milhões no mercado, mas com a demanda de R$ 1,5 bilhão, a produtora de celulose aumentou o montante para R$ 600 milhões. A remuneração, limitada a 99,5% da taxa interbancária (CDI) pelo emissor, saiu a 98% do CDI na coleta de intenções de investimentos. Fonte: Valor | 29.03 Voltar Bônus da Eldorado A Eldorado Brasil Celulose contratou os bancos Credit Suisse, Bank of America, Santander e Banco do Brasil para coordenar sua estreia no mercado de bônus internacional. Na semana passada, os acionistas da companhia aprovaram a oferta de até US$ 500 milhões em títulos com prazo de até sete anos. A emissão será feita por meio de sua subsidiária, a Eldorado Finance. Fonte: Valor | 31.03 Voltar Executivo Fundo Clima recebe avaliação positiva Organismos nacionais e internacionais analisam projetos financiados pela entidade, que investiu, desde 2011, R$ 96 milhões em 190 iniciativas. DOCS - 1695292v1 Um estudo pioneiro classificou como positivos os principais aspectos dos projetos apoiados pelo Fundo Nacional sobre Mudança do Clima (Fundo Clima), vinculado ao Ministério do Meio Ambiente (MMA). Apresentada em seminário realizado em Brasília nesta terça-feira (29/03), a avaliação foi realizada em parceria com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e a Agência Alemã de Cooperação Técnica (GIZ). Entre as conclusões, foi apontada a variedade de projetos financiados pelo Fundo em temas considerados importantes para a mitigação e a adaptação às mudanças climáticas. Também foram citados o rápido crescimento no número de iniciativas, o aumento da capilaridade dos programas e a promoção de medidas “simples, eficazes e de baixo custo”. Esses quesitos foram encontrados em projetos realizados no Semiárido, na Zona Costeira e no Cerrado. CAMINHOS O objetivo do estudo é medir o sucesso dos projetos apoiados e identificar boas práticas que possam ser replicadas. O secretário de Mudanças Climáticas e Qualidade Ambiental do MMA, José Gonzalez Miguez, afirmou que essas medidas devem contribuir para o cumprimento das metas de redução de emissões de carbono assumidas pelo Brasil. “É preciso analisar o que está sendo feito para seguir os melhores caminhos”, explicou. O levantamento também identificou pontos que precisam de intervenções. “Essa é uma avaliação de atores que compartilham de um mesmo desafio”, afirmou Carlos Mussi, diretor Comissão Econômica para América Latina e o Caribe (CEPAL) em Brasília, entidade parceira na realização do estudo. “As recomendações se referem a questões sobre a gestão de conhecimentos e como construir indicadores”, acrescentou a diretora de Proteção e Gestão Sustentável das Florestas Tropicais da GIZ, Ingrid Prem. SAIBA MAIS Vinculado ao MMA, o Fundo é um dos principais instrumentos da Política Nacional sobre Mudança do Clima (PNMC) e contribui, também, para o alcance das metas de redução de emissões que o Brasil assumiu ao aderir ao Acordo de Paris, no fim de 2015. Desde 2011, 190 projetos não-reembolsáveis já foram contratados pelo Fundo Clima, dos quais 65 já foram concluídos. Ao todo, R$ 96 milhões foram investidos nesse período. Pioneiro no apoio a pesquisas e programas de mitigação e adaptação, o Fundo tem natureza contábil e é administrado por um comitê formado por representantes de órgãos federais, da sociedade civil, do terceiro setor, dos estados e dos municípios. Os projetos apoiados incluem estudos para aproveitamento energético de biogás, construção de indicadores de vulnerabilidade da população, recuperação de dados meteorológicos históricos e manejo florestal. As ações são desenvolvidas por órgãos públicos, pela academia e por organizações não-governamentais. DOCS - 1695292v1 Fonte: MMA | 29.03 Voltar STF quer discutir questões técnicas antes de julgar novo Código Florestal Comunidade científica foi convidada a participar de audiência pública, no próximo dia 18, com o objetivo de esclarecer consequências econômicas e ambientais da legislação vigente desde 2012 O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luiz Fux convocou a comunidade científica da área ambiental para esclarecer questões técnicas do Código Florestal de 2012 antes de julgar quatro ações que questionam a legislação. Em despacho, o ministro apontou que a audiência pública marcada para o dia 18 de abril "não se destina a colher interpretações jurídicas", mas sim abordar as controvérsias sob ângulo técnico, inclusive com análises das consequências econômicas e ambientais da matéria. Outro ponto de debate será a aplicação da legislação florestal, que está em vigor desde maio de 2012. A leitura do sócio do Felsberg Advogados, Fabricio Soler, é que nesse ponto a nova lei - em vários pontos mais flexível do que a anterior - vai bem. Na visão dele um indício disso é o desempenho do Cadastro Ambiental Rural (CAR), banco de dados criado pelo novo código com o objetivo reunir informações ambientais sobre todas as propriedades rurais nacionais. Segundo boletim publicado pelo Serviço Florestal Brasileiro em março, 67,58% da área passível de cadastro já foi inscrita no sistema. Em área, são 268 milhões de hectares cadastrados dentro de um universo de 397 milhões. O prazo de inscrição, já aberto há quase dois anos, acaba no dia 5 de maio deste ano. "O novo código é coerente com o status de preservação do Brasil. Ele se tornou mais efetivo. Nós tínhamos uma lei retrógrada que não era aplicável. As novas disposições talvez não sejam perfeitas, mas avançamos em muito", afirma ele. O objetivo das ações diretas de inconstitucionalidade (ADI) 4.901, 4.902, 4.903, da Procuradoria-Geral da República, e da 4.937, esta última ajuizada pelo Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), é derrubar vários trechos do novo código. Um dos pontos principais da discussão é a possibilidade de flexibilizar a área mínima exigida de vegetação nativa, a chamada reserva legal, que dependendo da região pode variar entre 20% a 80% do terreno. "Foram criadas várias alternativas para que essa área fosse DOCS - 1695292v1 compensada. Mas isso foi visto como uma medida menos protetiva", comenta a sócia do Demarest Advogados, Marise Hosomi Spitzeck. Para uma fazenda que há décadas não tem mais cobertura nativa, ela aponta que o código permite que a compensação seja feita em outro terreno. A especialista aponta ainda que essa seria uma das frentes de atuação da Bolsa de Valores Ambientais BVRio. Outro debate central a ser travado no Supremo envolve a possibilidade de levar em conta as Áreas de Preservação Permanente (APP), como margens de rios, manguezais e encostas, no cálculo da porcentagem de reserva legal, diz a advogada Marisa Dietrich, de escritório com o mesmo nome. Ela explica que se a compensação for negada, a área de proteção aumenta consideravelmente. Utilidade pública As restrições relativas às intervenções em APP também são questionadas nas ações do STF. Marise, do Demarest, explica que nessas localidades a regra é não intervir. Mas há exceções para casos de interesse social, baixo impacto ambiental e utilidade pública. Ao definir o que pode ser considerado utilidade pública, contudo, o código de 2012 incluiu algumas situações controversas, tal como "instalações necessária à realização de competições esportivas" e "gestão de resíduos", atividade causadora de contaminação do solo e lençol freático. "A queixa generalizada é que foram criadas diversas situações que flexibilizam demais algumas regras", acrescenta a advogada do Demarest. Marisa Dietrich observa ainda que "as ações propostas pela PGR, em suma, atacam dispositivos do código que mitigam a defesa ao meio Ambiente". Outros pontos questionados nas ações de inconstitucionalidade são a possibilidade de recomposição da reserva legal com espécies exóticas e a anistia. Fonte: DCI | 30.03 Voltar Judiciário Justiça homologa acordo para usar multa em recuperação direta de dano ambiental A 9ª Vara Federal de Porto Alegre homologou acordo inédito que permite aplicar R$ 500 mil diretamente na execução do plano de manejo de dunas na cidade litorânea de Imbé. Via de DOCS - 1695292v1 regra, estes recursos deveriam ser recolhidos para o Fundo de Defesa de Direitos Difusos, para uso em favor de toda a coletividade. O valor é relativo à multa aplicada pelo descumprimento do Termo de Ajuste de Conduta (TAC) firmado entre o MPF e o município no ano de 2003. O TAC previa a retirada gradativa, até dezembro de 2005, dos quiosques fixos existentes na beira-mar local, o que não ocorreu. O valor havia sido bloqueado das contas da Prefeitura e se encontrava à disposição do juízo. Para a juíza federal substituta Clarides Rahmeier, a medida mostrou-se a solução mais adequada para o caso, pois possibilitará a reversão de danos no próprio local atingido. Ela informou que, devido ao caráter inédito, a iniciativa passou pela análise e aprovação da 4ª Câmara de Coordenação e Revisão do MPF. As condições do acordo foram alinhavadas com o Ministério Público Federal, a União, a Fundação Estadual de Proteção Ambiental Henrique Luís Roessler (Fepam) e o município de Imbé. Durante a audiência de segunda-feira, o prefeito Pierre Emerim da Rosa comentou que o plano de manejo já estaria com o licenciamento aprovado e que a intenção era realizar a licitação para implantação na próxima semana. A partir daí, informou, a previsão de início das obras é de 60 dias, com conclusão em até 12 meses. Além da recuperação da vegetação das dunas, o projeto contempla a construção de passarelas de acesso à praia, de forma a preservar o ecossistema para as futuras gerações. Com informações da Assessoria de Imprensa da Justiça Federal do RS. Fonte: Conjur | 30.03 Voltar Legislativo Governo lança projeto para recuperação de nascentes e áreas degradadas 'Plantando o Futuro' prevê a recuperação de áreas degradadas e o plantio de 30 milhões de árvores nos 17 territórios de desenvolvimento do Estado DOCS - 1695292v1 Serão plantadas 30 milhões de árvores Decreto do governador Fernando Pimentel nº 46.974, publicado no Diário Oficial do Estado na última terça-feira, 22, institui o Projeto de Plantio e Recuperação de Nascentes e Áreas Degradadas – Plantando o Futuro. O texto do decreto traz detalhes sobre as diretrizes, objetivos e o funcionamento do programa. A iniciativa visa o plantio de 30 milhões de árvores, compreendendo a recuperação de 40 mil nascentes, 6.000 hectares de mata ciliar e 2.000 hectares de áreas degradadas, em todos os 17 territórios de desenvolvimento de Minas Gerais, até 2018. Além de oferecer à população a oportunidade de participar como protagonista do desenvolvimento sustentável, o programa vai incentivar a recuperação ambiental de áreas degradadas, contribuir para preservar a natureza e promover o bem-estar dos mineiros. A iniciativa se pautará na ampla mobilização social, conscientizando a população para que se aproprie do projeto e participe ativamente do plantio, da manutenção e da fiscalização. A ação priorizará regiões com danos ambientais, nascentes de rios e seus afluentes e matas ciliares, bem como a arborização urbana. A implantação do programa tem potencial para beneficiar 20 milhões de habitantes. A Companhia de Desenvolvimento Econômico de Minas Gerais (Codemig) é responsável pela coordenação e pelo apoio logístico e operacional do projeto. Entre os objetivos específicos do programa, estão: plantio em Áreas de Preservação Permanente (APPs), Unidades de Conservação, área de reserva legal de agricultores familiares, locais de recarga hídrica e escolas urbanas e rurais, por exemplo; formação de sistemas agroflorestais e silvipastoris, bem como de pomares e quintais agroflorestais; reflorestamentos; arborização urbana, rural e de estradas. Nas cidades, a atuação de reflorestamento nos perímetros urbanos fornecerá uma base para ações em conjunto com as prefeituras. A revitalização ou criação de parques e hortos florestais também será alvo das ações. Na área rural órgãos parceiros, como por exemplo Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado de Minas Gerais(Emater) e Instituo Estadual de Florestas(IEF), terão papel de facilitar a participação dos produtores rurais. DOCS - 1695292v1 "A partir do decreto vamos implementar uma série de ações previstas no projeto Plantando o Futuro. Uma delas, prevista para os próximos dias, é a publicação do edital de licitação para contratação de empresa especializada em plantio de mudas de árvores nativas e a recuperação de 48 nascentes ao longo dos afluentes do Ribeirão Serra Azul, na Região Metropolitana de Belo Horizonte", antecipa o coordenador do projeto, Cleber Consolatrix Maia". Ainda segundo ele, 250 mil mudas de árvores nativas serão plantadas na região. Essa ação específica é resultado de parceria com a Agência Metropolitana de Minas Gerais, que apresentou o projeto de plantio na região do Ribeirão Serra Azul. O local foi o escolhido para iniciar a operação do Plantando o Futuro devido à queda de oferta de água. Durante o ápice da crise hídrica em 2015, o reservatório chegou ao seu nível mais baixo da história, com 9,6% de capacidade. Embora a temporada de chuvas tenha aliviado a situação, o Serra Azul ainda é o reservatório que apresenta a menor capacidade do Sistema Paraopeba, que abastece a Região Metropolitana de Belo Horizonte — apenas 32%. Também como parte do programa, está previsto um convênio com o Instituto Espinhaço Biodiversidade, Cultura e Desenvolvimento Socioambiental, para produção e plantio de 3 milhões de mudas nativas (Mata Atlântica e Cerrado) na região da Serra do Espinhaço, que abrange 53 municípios. No âmbito social, o programa prevê a participação da sociedade civil no projeto, estimando que 40% de sua execução será feita por ONGs, movimentos sociais, associações de classes, comunidades e empresas. O Estado de Minas Gerais é responsável pela execução de 60%, por meio de diversas Secretarias de Estado. A iniciativa já foi apresentada pelo presidente da Codemig, Marco Antônio Castello Branco, durante a 21ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP21), em Paris, como modelo de gestão pela sustentabilidade. O Plantando o Futuro alcançou projeção internacional, tendo sido um dos quatro projetos selecionados no Brasil para ser exposto no Pavilhão das Cidades e Regiões do Programa de Ações Transformadoras durante o evento, realizado em 2015. O programa está alinhado com os esforços globais e acordos internacionais de promoção da sustentabilidade e da educação ambiental. Contribui para a redução de gases de efeito estufa, para a consolidação de uma economia verde, inclusiva e produtiva, para a melhoria da qualidade das águas e do ar, para a amenização da temperatura ambiente e para a elevação da qualidade de vida da população. Gestão do projeto As ações do projeto Plantando o Futuro são coordenadas pela Codemig com a participação dos órgãos estaduais envolvidos, como as Secretarias de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (Semad), de Governo (Segov), de Planejamento e Gestão (Seplag), da Fazenda (SEF), de Educação (SEE), de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior DOCS - 1695292v1 (Sectes) e de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Seapa), além da Cemig, da Copasa, da Emater, da Epamig, da FEAM, do Instituto Estadual de Florestas (IEF), do Instituto Geoinformação e Tecnologia (IGTEC) e da Hidroex. O Instituto Estadual de Florestas – IEF, por exemplo, ficou com a missão de ser o principal fornecedor de mudas, de acordo com suas competências ambientais legais. Já a Companhia de Saneamento de Minas Gerais (Copasa) é responsável por indicar as áreas de nascentes e recargas para a recuperação hídrica. Representantes de outros órgãos e entidades da Administração Pública e da sociedade civil também poderão ser convidados a auxiliar na elaboração das ações. O grupo de trabalho do projeto, instituído pelo Governador Fernando Pimentel e destinado a elaborar o Programa Estadual de Recuperação de Áreas Degradadas, propôs ações voltadas para o replantio de espécies arbóreas contemplando os três biomas de Minas Gerais: Mata Atlântica, Caatinga e Cerrado. A equipe realizou o levantamento de dados, produziu relatórios e emitiu conclusões sobre a situação de áreas degradadas no Estado. Fonte: Painel Florestal | 31.03 Voltar Aberta consulta pública para concessão no Pará Serão licitados 233 mil hectares na Flona do Crepori, distribuídos em duas Unidades de Manejo Florestal. SFB receberá contribuições até 13 de maio. Já está disponível para consulta pública no site do Serviço Florestal Brasileiro (SFB) a proposta de edital de concessão do lote Leste da Floresta Nacional (Flona) do Crepori, localizada no município de Jacaraeacanga (PA). Serão licitados 233 mil hectares de floresta, distribuídos em duas Unidades de Manejo Florestal (UMF), sendo uma com cerca de 40 mil (UMF I) e a outra com 193 mil hectares (UMF IV). Conforme a proposta de edital, o valor mínimo a ser pago pelo metro cúbico de madeira extraído deverá ser de R$ 16. As duas UMF têm potencial produtivo de 115 mil metros cúbicos de madeira por ano. As concessões devem gerar uma arrecadação de R$ 1,8 milhão/ano, que serão divididos entre o Serviço Florestal, o Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), o Fundo Nacional de Desenvolvimento Florestal, o estado do Pará e o município de Jacareacanga. Além do edital, estão disponíveis para consulta a proposta de contrato de concessão e seus anexos. DOCS - 1695292v1 No dia 5 de maio será realizada uma audiência pública em Jacareacanga para apresentar a proposta de edital e colher contribuições da população local. A proposta será previamente apresentada, no dia 3 de maio, ao conselho consultivo da Flona. Os interessados em participar da consulta pública também poderão enviar sugestões e contribuições para o email [email protected] até 13 de maio de 2016. USO SUSTENTÁVEL Ao permitir o manejo sustentável das florestas públicas, as concessões florestais evitam o desmatamento e contribuem para o fortalecimento do mercado florestal, gerando emprego e renda para os moradores do entorno destas áreas. As florestas concedidas permanecem de pé, pois os contratos firmados somente permitem o manejo de impacto reduzido. O manejo é feito em um sistema de rodízio, o que permite a produção contínua e sustentável. Em média, até cinco árvores podem ser retiradas por hectare e a mesma área só será utilizada novamente depois de 30 anos, tempo suficiente para a recuperação da floresta. Desde a aprovação da Lei de Gestão de Florestas Públicas, o Serviço Florestal Brasileiro já concedeu 842 mil hectares de florestas federais. A expectativa é que a área concedida chegue a um milhão de hectares até o final deste ano. Com a assinatura dos contratos de Crepori, essa marca poderá checar a 1,25 milhão de hectares. EMPREGO E RENDA Segundo o Ministério do Trabalho e Previdência Social, no município de Jacareacanga existem atualmente 260 empregos com carteira assinada. Jacareacanga possui o 10º IDH mais baixo do país. Com as novas concessões, estima-se que a cidade ganhará 500 empregos diretos e mil indiretos. Além disto a arrecadação municipal deverá subir de R$ 70 mil para R$ 560 mil por ano. DOCS - 1695292v1 Fonte: MMA | 30.03 Voltar DOCS - 1695292v1
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