vinhos em estoque - Sociedade da Mesa
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85 Sociedade da Mesa Abril 2010 Postales Roble Malbec 2009 Valle de Uco Flávia Garrafa Vinhos a granel Amor e ódio 02 03 EDITORIAL sim! Segundo um dicionário brasileiro revista é: “Publicação periódica na forma de uma brochura mais ou menos extensa, com escritos dedicados a uma só matéria” Portanto nosso informativo é formalmente uma revista. A propósito dos dicionários, anos atrás quando nossa revista ainda era um informativo, eu comentei num editorial que o verbete “ Xerez” estava equivocado nos principais dicionários brasileiros. Naquela escrevi para tais dicionários alertando sobre o erro. Anos após o verbetes seguem igual : Direção Dario Taibo Direção da revista Dario Taibo [email protected] Desenho e direção de arte OC O comunicação e design [email protected] Atendimento ao cliente Karla Sol [email protected] Contato de Publicidade Ochoa [email protected] Michaelis xe.rez sm (de Xerez, np) 1 Espécie de uva tinta. 2 Vinho, muito apreciado na Andaluzia. Houaiss 1 Rubrica: viticultura. casta de uva tinta 2 Rubrica: enologia. vinho andaluz branco e licoroso Aurelio Xerez s.m. Casta de uva tinta. / Vinho fino branco que se fabrica na cidade espanhola de Jerez de la Frontera. índice 04 Seleção do Mês 08 Artigo Especial 10 Entrevista 14 Artigo Especial 18 Mesa 20 Receita 22 Programa Saca-Rolha 24 Acessórios Impressão 6.200 exemplares Sociedade da Mesa Rua Branco de Moraes, 248/11 Chácara Santo Antônio São Paulo - SP - Brasil CEP 04718-010 (55-11) 5181-4140 www.sociedadedamesa.com.br 0800-7740303 Este informativo é uma edição exclusiva para os associados da Sociedade da Mesa. Pertencente a um grupo internacional, a Sociedade da Mesa é um clube de vinhos, seleciona vinhos para seus associados, publica um informativo mensal além de organizar cursos e eventos. Sociedade da Mesa Xerez não é uma casta ou espécie de uva e menos tinta. A uva que se usa para fazer o Xerez é a Palomino ou a Pedro Ximenes, ambas brancas. Enfim: Já vamos sendo uma revista mais além do que digam os dicionários. já somos! Dario Taibo sócio-diretor Postales Roble Malbec 2009 Valle de Uco Flávia Garrafa Vinhos a granel Amor e ódio Clericot Che Barbaro 25 Vinhos em Estoque 27 Próximas Seleções S EM VINHO UE ESTOQ Quinta do Seival Castas Portuguesas 2006 04 Seleção Vinho do Mês TEXTO JOÃO CALDERÓN CATA DARIO TAIBO Postales Roble Malbec Argentina 2009 05 06 07 A variedade de uva Malbec foi trazida para a Argentina no século XIX por imigrantes do sudoeste da França, onde também é conhecida como Côt, e acabou por se adaptar muito bem à nossa “hermana”. É uma uva versátil, amadurece muito bem no sol da América do Sul, entre outras coisas que todos nós já estamos cansados de ouvir e não sei por que estou aqui lhes repetindo. Quer dizer, acho que sei sim, é porque a nossa seleção do mês é um Argentino Malbec, o que deve fazê-los pensar que já estamos mais do que acostumados com este vinho. Na verdade estamos mesmo, mas desta vez a novidade não está no país ou na uva e sim na região, o Postales Roble Malbec 2009 é um vinho patagônico. Juntamente com a Nova Zelândia, a Patagônia é a região vinícola situada mais ao sul de todo o mundo, onde estão situadas as duas áreas vinícolas Rio Negro e Neuquén. Esta primeira se localiza a cerca de 640 quilômetros ao sul de Mendoza, banhada pelo rio de mesmo nome. No início do século XX engenheiros britânicos desviaram parte do Rio Negro para irrigar um vale e transformaram-no em uma excelente área produtora de maçã, pêra e marmelo, na qual as uvas, em um primeiro momento, não tiveram tanta importância. Uma região onde as geadas tardias, por vezes representam um problema, mas que no restante do ano predominam-se os dias quentes e noites frias, garantindo um longo período de amadurecimento. Os cerca de 2500 hectares de vinhedos são cultivados, principalmente, perto de General Roca e Neuquén, justamente onde está localizada a Bodega Del Fin Del Mundo, o berço de nossa seleção do mês, que como já disse é o Postales Roble 2009, um Malbec diferente dos outros que já passaram por nossas degustações, ao menos por este quê de curiosidade. Postales Roble Malbec 2009 Patagônia Argentina Uva: Malbec Alcool por vol.: 14,4% Minha Cata: Rubi borda ciano. Nariz: frutas pretas compotadas. Boca: Cheio, grande volume de sabor, os 14,5 gras se deixam notar. Notas de flores. Guarda: Melhorará rapidamente no próximo ano e seguirá melhorando pelos próximos três ou quatro. Harmonização: Carne com molhos fortes, grelhados, churrasco. Temperatura de serviço: de 18 a 24° 08 09 ARTIGO especial Revista SOBREMESA Texto e Fotos: Jesús Bernad o valor da altura Valle de Uco Várias razões justificam a revalorização do Valle de Uco: desde o dinamismo imposto pelos investidores europeus aos seus esplêndidos vinhedos, passando pela bela arquitetura das adegas. No Sul de Mendoza (Argentina) perto dos Andes, este vale começa a ser imprescindível. Todas as adegas da nova criação do Valle de Uco possuem uma forte orientação ao enoturismo de qualidade para pequenos grupos de amantes do vinho, com degustações, lojas e restaurantes, e boas acomodações. Trata-se de uma aposta clara pela cultura, com exposições artísticas permanentes e itinerantes. Se somarmos a isso a magnética força dos Andes e a sedutora personalidade da uva Malbec, teremos um casamento de alto valor que estava demorando para aparecer. Na década de 90 chegaram os pioneiros, que ativaram a zona e começaram a polir o diamante bruto da região: a tinta Malbec, uma variedade menor em Bordeaux que atuava de comparsa da Cabernet Sauvignon. Mas na Argentina, com o ritmo dos asados de tira, dos bifes de chorizo e as sublimes parrilladas criollas, esta variedade desenvolveu um caráter mais latino: cálida, aberta e sedutora, de tato suave, mas encorpado. O entorno era propício a essa difícil vinífera. Em um clima árido e desértico, cuja sede somente se saciava com as águas do desgelo, a Malbec quis florescer nestas condições, com vinhedos acima de mil metros, e que a cada sete anos suportam granizos que destroem os brotos, ramos em formação e gemas da próxima colheita, com pedras que alcançam dimensões de uma bola de golfe, cujas marcas podem ser lidas na terra seca. Para diminuir seus efeitos, os engenhosos “mendocinos” fizeram um traje sob medida: malhas anti- granizo que protegem as folhas, mesmo que diminuam algo de luminosidade, algo sem importância nestas terras com luminosidade abundante. O momento de esplendor desta região chegou da mão de forasteiros que se apaixonaram por esta terra. Seguindo os passos dos ancestrais, chegaram italianos, espanhóis e franceses, como aconteceu há dois séculos, mesmo que com mais dinheiro na carteira; sem esquecermos dos nativos, que levantaram seu império como a pirâmide Maya nestas terras fogosas, como testemunha a faraônica adega de Nicolás Catena. Há mais de uma década só se ouvia falar deste vale promissor, o de Uco, que nestes momentos remete ao começo do Napa Valley californiano, pela sensação de aventura, como a febre do ouro vinícola que atrai numerosos empreendedores. Mas porque demorou tanto para alcançar o nível atual? A razão é mais prosaica: com o câmbio peso-dólar de um para um, era impossível investir pensando em exportar uma gama de vinhos de corte internacional. Esta situação mudou em 2001 com a desvalorização da moeda nacional que passou a sofrer câmbio de três para um. Assim, o Valle de Uco começou a atrair os projetos vinícolas mais vanguardistas, pela grande quantidade de vinhedos, conhecida pelos velhos do lugar, que sempre afirmaram que, aos pés da colina Tupungato (6.550m de altitude), as uvas eram especialmente doces. FRANCESES, HOLANDESES E ESPANHÓIS Neste vale chegaram primeiro os franceses, os irmãos Lurton, e o enólogo Michel Rolland com sua comunal ideia de Clois de los Siete. Por sua conta, um empresário holandês, convidado por um amigo a estas terras, criou um espaço cultural único na sua adega “Salentien”; e por último um financeiro espanhol convertido em viticultor cuja adega “O. Fournier” é uma das mais originais do país. Mérito duplo tem nosso paisano metido a taberneiro, o único deste seleto grupo que não tinha adega antes da aventura “mendocina”. Ainda que em menos de uma década este risco tenha sido resolvido, formando parte do exclusivo clube de companhias com adegas em três países, ao acrescentar as de Ribera del Duero e Chile. Os irmãos Lurton chegaram da França com consultores de Catena, e entre pessegueiros, cerejeiras e nogueiras começaram a plantar seus vinhedos a 1.100m de altitude, algo que com certeza surpreendeu seu pai, célebre taberneiro bordelês. Em 1998 já possuíam 140 hectares com 40% da inovadora uva branca Pinot Gris. Mas como puderam intuir a idoneidade desta variedade no Uco? Pura sorte, como ocorrem com freqüência as melhores coisas da vida. Adquiriram cepas de Chardonnay que ao vinificar resultou ser, para surpresa dos seus autores, de Pinot Gris, com resultados excelentes em um vinho fresco e aromático, muito fácil de beber. Salentien é o nome original do castelo de seu proprietário na Holanda, que depois de cultivar frutíferas no Rio Negro, e estourar uma granja em Entre Ríos, dedicou-se a elaborar vinhos no Valle de Uco. Em uma distância de um quilômetro está sua adega, o centro cultural e gastronômico Killka e uma moderna capela, construída em agradecimento à mãe Terra. Mais de 20.000 visitantes ao ano vão para ver suas exposições permanentes de pintores holandeses e suas originais esculturas, visita que termina em uma loja sortida e um delicioso restaurante de cozinha criolla. Em 1999, surgem os primeiros vinhos de sua original nave de crianza circular, depois de descobrir o melhor de suas variedades nos diferentes terroirs da finca. Seus vinhos são maduros e cálidos, estilo Novo Mundo, pletóricos de fruta, como seu tropicalíssimo Sauvignon Blanc. O célebre consultor bordelês Michel Rolland, que assessora vinhos em meio mundo e que conta até com um documentário que o acusa de ser o maior responsável pela uniformidade dos vinhos no planeta Terra, criou uma comunidade de sete famílias, Clois de los Siete. Há uma década, todos adquiriram 430 hectares de terreno nos arredores da cordilheira (já são 270 hectares em produção), e cada um se comprometeu a construir sua adega, sem esquecer sua contribuição anual ao vinho mancomunado, Clois de los Siete. A primeira a aparecer foi “Monteviejo”, que deve ser a primeira adega no mundo que tem plantado um vinhedo inclinado sobre a nave da crianza. A Segunda, “Flecha de los Andes”, construída em adobe com tons pastéis, se inspira nas primitivas construções dos índios da região; mesmo que as flechas procedam do escudo da família Rothschild, fabricante dos aviões Mirage. E a última, até o momento, é a do próprio Rolland, “Mariflor”, que conta com vinhedos próprios, mas que até o momento não comercializa seus vinhos. O sorridente enólogo de “Monteviejo”, Marcelo Pelleriti, nos dá para provar o ensamblado do Clois de los Siete ’07, onde se fundem a Malbec, a Merlot, algo de Syraz e Cabernet Sauvignon, vinho agradável de beber mas que não deixa recordações na memória; seu Lindaflor, de Malbec, é cálido e maduro no entanto desfruto mais do ‘Val de las Flores’, de vinhas de mais de 50 anos, de fruta vivaz madura, mas com um extenso final sedoso, apesar da sua intensa calidez. E ao reino da Malbec chegou um burguês, José Manuel Ortega descendente do criador do naipes ‘Fournier’, para reivindicar o espanhol tempranillo. A adega futurista que lembra um disco voador possui uma raivosa modernidade, elevando-se sobre duas rampas, com suas quatro grande colunas de concreto armado que terminam em uma gigantesca cobertura. É o lugar idôneo para se elaborar vinhos do Novo Mundo, rodeado por seus vinhos de Malbec e Tempranillo, com o imponente telão de fundo da hipnótica cordilheira. Mas seu desenho não é por acaso senão fruto da visão prática de seu enólogo, o “mendocino” José Spisso (um mestre em compreender a perfeita maturação da uva) que desejava que tudo fluísse por gravidade. Pelas compridas rampas sobem os cachos e nas envidraçadas salas superiores se localizam o laboratório, a sala de degustações e a cava de microvinificações como a sala de comandos da nave. Toda uva é selecionada por debaixo da cobertura, e o suco desce para os tanques, onde fermentam a uma temperatura controlada, e em um nível mais baixo encontram seu repouso nos barris de carvalho. A ampla nave, banhada por clarabóias, cria uma cruz no piso e paredes (que hospeda uma original exposição de pinturas do indonésio Rajinder Singh). Uma homenagem à Cruz del Sur, a constelação que somente se desfruta no hemisfério austral. Mais um símbolo representa a adega, o do choique, uma pequena avestruz do sul da Argentina. Seus vinhos “Urban” são cheios de frutosidade, em somente três meses de barril como os de Sauvignon Blanc. O “Urban Uco Tempranillo” é uma delícia de fruta carnosa, com toque de violetas; seu “Urban Malbec” é muito sedoso e sedutor; mas a soma de ambas variações, que se complementam de forma excepcional é de uma vivacidade luminosa. Deliciosa ensambladura do “Beta Crux”, de grande finura, mesmo que meus favoritos sejam “Alfa Crux”: uma mistura de Tempranillo, Malbec e Merlot, possui uma personalidade sedutora, enquanto o Malbec puro é um desses achados sensoriais que um guarda em sua memória por sua elegância extrema. Somente esses acréscimos excepcionais, quando a natureza permite umas uvas em sua perfeita maturidade, elaboram o “O. Fournier Syrah-Malbec”, de imponente estrutura, mas com um toque aveludado. Uns vinhos tão originais somente podiam contar com a atrevida cozinha de Nadia Harón, que no restaurante Urban, perto da adega, dá asas à imaginação a uma deliciosa fusão de reminiscências criollas salpicadas de notas espanholas. Culmina o périplo pelo Valle de Uco, uma terra linda, cheia de sonhadores, que buscam um estilo de vida perto da terra, onde o suco da Malbec nos presenteia com seu delicioso néctar. 10 ENTREVISTA Fotos: Heloísa Bortz Flavia Garrafa Flávia Garrafa formada em psicologia, diretora do curso de teatro no Colégio Porto Seguro e atriz atualmente em cartaz com 3 peças de grande sucesso na capital paulista, nos presenteia com uma divertida conversa entre um figurino e outro. 11 12 Flavia GARRAFA, não posso deixar de perguntar... de onde veio este sobrenome? Hahahah Bem veio da Itália, provavelmente ficou meio abrasileirado depois de algumas gerações. É o sobrenome da minha mãe, mas resolvi usá-lo como artístico pois ninguém esquece. Na verdade as pessoas podem até esquecer o meu primeiro nome, me chamam de Paula Garrafa, Silvia Garrafa, tudo bem... Não se pode acertar tudo, o importante é ter sua marca e como a minha não veio no RG achei genuíno usar. Qual é a sua formação? E por que você escolheu este curso de graduação? Sou formada em psicologia pela USP. Eu não escolhi, quer dizer eu escolhi dentro do que eu podia escolher. Meu pai achava que fazer faculdade de artes cênicas era perda de tempo, que eu era muito boa aluna e, então, deveria fazer algo mais seguro. Enfim... Não tive muito a oportunidade de escolher. Na hora pensei, quero ser atriz, o ator reproduz o comportamento humano e o psicólogo o estuda. Tudo a ver. Na verdade, com 17 anos fiquei com raiva do meu pai, mas hoje vejo que fazer essa faculdade me ampliou conhecimento e me possibilitou inúmeras coisas na vida. Além do que é um curso super interessante. Depois de formada com a minha carta de alforria, quer dizer, com o meu diploma na mão fui estudar em NY no ‘The Lee Strasberg Theatre Institute’. Aí sim, só teatro, só teatro... Como foi a descoberta da sua veia artística, como você ingressou no meio? Eu sempre soube que queria estar no palco. Fiz balé e todo mundo falava, nossa como ela leva jeito. Mas na verdade eu era gordinha e toda torta, o jeito era a expressão facial que eu fazia... quando tinha 13 anos pedi para a minha mãe me colocar num curso de teatro que abriu na escola de ballet. E desde os 14 ingressei para o grupo de teatro da escola e não parei mais... 13 E de Transtornos Obsessivos Compulsivos (“TOC TOC”), você apresenta algum que seja publicável? rsrs bom... no momento eu estou com medo de ficar doente por causa das 3 peças e das 1050 coisas que eu faço. Então estou com um pouco de medinho de ficar perto de quem está gripado, ou com conjuntivite... Acho que é um TOC temporário, pois eu nunca fui encanada com isso... Você está em cartaz com as 3 peças (“TOC TOC”, “TPM Katrina” e “Adorei o que você fez”). Fale a verdade, como é possível? Como é o seu dia-a-dia? Possível é porque cada uma é num horário e porque sou uma pessoa muito disciplinada. Mas é preciso dedicação e disposição, MUITA! O meu cotidiano é igualmente inverso ao das pessoas comuns. Quando todo mundo está se divertindo, eu estou trabalhando... e quando todo mundo está trabalhando, eu estou TRABALHANDO hahahahah... É que eu dou aulas, faço comerciais de TV, pago contas, vou à academia, ao supermercado, tenho amigos, família etc. Ou seja, uma maratona. Fico exausta, mas sabe o quê? Quando se faz o que se gosta tudo é muito leve. Ah! Mas eu tomo vitamina!!! Nas 3 peças seu talento cômico está muito bem representado, vc se considera uma atriz de comédias? Sou, hoje em dia, uma atriz mais voltada para comédia. Tenho feito muitas coisas nessa área. E Se funciona, por que mexer? Porque o ser humano é inquieto. Morro de vontade de fazer um drama. Mas vai ter que esperar... O que eu acho é que ser ator é estar pronto para fazer qualquer tipo de papel, mas é claro que existem gêneros que casam melhor com você, e eu estou casada com a comédia nesse momento. Falando sobre TPM e mulheres... vc acredita na lenda de que mulheres preferem espumantes a vinhos tintos? Ah existe essa lenda é? Bom... Então eu não sou uma lenda... e prefiro muito mais vinho tinto...e aliás uma boa taça de vinho tinto alivia bem os sintomas da TPM... ahaahhahah Sobre “Adorei o que você fez”, que grande papel você interpretou até hoje que realmente marcou sua história? Eu tenho apego por quase todas as personagens que eu fiz, mas sem dúvida nenhuma, a LILI do “TOC TOC” foi a personagem que mais me aproximou do público como comediante. E no “Adorei o que você fez” eu faço o papel que era da Márcia Cabrita, que é uma grande comediante e uma grande amiga minha, então a responsabilidade é dupla... Mas acho que estou fazendo direitinho... Não tão bem quanto ela, mas direitinho. Que personagem gostaria de representar? Ou que texto gostaria de encenar? (se ainda não o fez...) Eu gostaria de fazer a Beatriz da peça “Muito barulho por nada” de William Shakespeare, e muitos outros affffffff Qual sua relação com vinhos? Além do nome? rsrsrs Eu amo vinho! Flavia garrafa de vinho (tinto). É praticamente a única bebida alcoólica que eu tomo. E tomo bem. Tenho até uma adega climatizada na minha casa. Não entendo muito. Mas fomos orientados pelo cardiologista do meu pai (que morreu de infarte aos 47 anos) que deveríamos tomar uma taça por dia. Então foi o médico que mandou. Adoro o sabor do vinho tinto... hummmmmm Falam sempre que a comédia tem o tempo certo (o que chamam de “time”). Qual o tempo certo para um bom vinho? Nossa... O tempo certo é aquele vinho que enche a sua boca com sabor e suas narinas com aromas. Encorpado, frutado ou amadeirado... Ui sei lá! 14 15 ARTIGO especial Revista SOBREMESA Texto: Jose Luis Murcia Fotos: Antonio de Benito O mundo do vinho tem mudado tanto que até os “graneleiros” tem deixado de ser o que eram. A má fama dos outros tempos agora se equilibra com o que podíamos denominar granéis de design, vinhos em abundância, mas elaborados pela carta. VINHOS A GRANEL estética da abundância O vinho a granel tem sido, e continua sendo em determinados círculos tão elitistas quanto pouco informados, sinônimo de baixa qualidade justamente em um momento em que os Estados Unidos, considerado o maior consumidor mundial do ano, aumentou suas aquisições em 120,3% nos dez primeiros meses de 2009. Por sua vez, GrãBretanha, o mercado desejado por todos, teve 17,5%. Hoje os vinhos a granel se acomodam ao desejo do consumidor. Ao comprador lhe compete dotá-lo de uma atraente apresentação para fechar o círculo e incrementar fortemente seu valor acrescentado. Peter Schoonbrood é um holandês que participa como sócio em Arva Vitis, com sede social em Manzanares (Ciudad Real). Entre seus negócios, conta com um segmento dedicado ao mercado internacional de vinho a granel de design que é envasado em garrafas ou em bag-in-box, o recipiente se destaca nos países escandinavos que demandam um vinho de qualidade para serem levados em seus iates. Schoonbrood, que assegura vender em torno de 500.000 litros por ano deste tipo de vinho, quase sempre em partidas que oscilam entre 30.000 e 50.000 garrafas, ressalta como os mercados do Norte da Europa, além da Alemanha e Reino Unido, se interessam por essas compras, “que são geralmente de vinhos tinto crianza, mas que se abrem de forma espetacular nos últimos anos a vinhos brancos, em ocasiões com mistura de uvas diferentes como Verdejo, Sauvignon Blanc e Airén”. Para os vinhos a granel, há um antes e um depois como conseqüência da comemoração da “World BulkWine Exhibition”, o primeiro encontro mundial dos compradores e vendedores deste tipo de vinho realizado em Amsterdã no final do ano passado. O evento, que terá 16 continuidade pelo volume de transações realizadas pelos assistentes, contou com a presença de 1.700 profissionais que em duas sessões foram capazes de dar vida a um comércio internacional que até agora mostrava pouca transparência. Tanto sua coordenadora geral, Otilia Romero de Condés, da empresa espanhola Pomona Keepers, organizadora do evento, como Cesáreo Cabrera, presidente da cooperativa “El Progreso”, de Villarrubia de los Ojos (Ciudad Real), ou Laurent-Emmanuel Migeon, gerente diretor do grupo francês EVOC, estão muito satisfeitos com o resultado. O diretor geral do Observatório Espanhol do Mercado do Vinho (OEMV), Rafael del Rey, acredita que a tendência atual da alta da compra do vinho a granel tem a ver com a crise, “mas também com a nova filosofia empresarial dos dois grandes mercados mundiais do vinho”, que procuram consumir vinhos bons a preços acessíveis. Del Rey recorda que o vinho a granel na Espanha é vendido por cooperativas ou adegas de grandes produções a outras adegas que engarrafam e comercializam como é o caso do “Marqués de Cáceres”, “García Carrión” ou “Félix Solís”, por colocar alguns exemplos de produtores de qualidade. Se existe, pelo contrário, um importante capítulo de venda de vinho a granel para países produtores, como é o caso da França, Itália, Portugal, ou Alemanha, que o utilizam como vinhos de base para a elaboração de espumantes, vermutes ou destilados, ou o que preferirem engarrafar e dotar de um maior valor acrescentado. Porém, existe um mercado de granéis de muito boa qualidade que sai da Espanha com destino a países não produtores como Bélgica, Holanda, ou com escassa produção em tintos como Suíça, Alemanha ou Canadá, além de Estados Unidos e Grã-Bretanha, antes mencionados, que pagam bem e exigem um nível alto em suas compras, “já que o valor acrescentado que se quer conseguir é importante e a competição internacional está cada vez mais feroz”, segundo o secretário geral da Federação Espanhola do Vinho (FEV), Pau Roca, que destaca a pressão que países produtores do Novo Mundo, como Austrália ou Chile, exercem sobre o mercado neste momento. Para Roca, o sucesso dos vinhos engarrafados por pequenos empresários de países não produtores se deve a que não misturam, na confiança que mantêm há anos com 17 seus fornecedores, no elevado nível de qualidade que oferecem e na “competição, tanto em preço como em qualidade, com as marcas brancas das grandes superfícies”. O secretário geral da Associação Empresarial de Adegas de Vinho da Espanha (AVIMES), Rafael Puyó, a outra patronal que opera na Espanha, considera que o problema real da venda a granel é que o preço médio é de 33 centavos de euro por litro “e com isso se torna difícil sair na frente para a maioria das empresas”. Neste sentido, Puyó opta por prestigiar a marca de vinhos da Espanha e lutar para conseguir melhores preços “para que o dinheiro não fique todo em destino”. Rosa Villar, enóloga riojana pertencente à consultora Santos, assegura que a qualidade do vinho, seja qual for seu destino, vem determinada pelas uvas e pelos critérios enológicos, “que são sempre os mesmos, independentemente do destino do vinho em cada adega”. São as necessidades comerciais da adega que determinam qual porcentagem de vinho será engarrafado e qual porcentagem será destinada para a venda a granel, mas a produção acontece nas mesmas instalações e nos mesmos depósitos, mesmo que as crianzas sejam umas ou outras de acordo com os objetivos da empresa. Quando perguntam se não fazem vinhos a granel sob encomenda, Villar é ainda mais direta. “As exigências são mais contundentes ainda”, diz, “porque o cliente quer um tipo de vinho concreto e com especificações tão claras e concisas como as que eu posso ter na hora de elaborar meus vinhos engarrafados, e em algumas ocasiões ainda mais.”. Vozes autorizadas Fabien Gross, responsável pelas compras da empresa francesa Les Grads Chais de France (uma sociedade familiar que conta com 1.500 empregados, fatura anualmente mais de 730 milhões de euros, possui 800 hectares de vinhedo e é o primeiro exportador de vinhos da França), assegura que um vinho a granel, mesmo que pareça óbvio, “é todo vinho justo antes de ser engarrafado”. A empresa, localizada em Petersbach, no Departamento de Bajo Rhin, em Alsácia, adquire por volta de 3 milhões de hectolitros de vinho, dos quais 70% se dedicam à criação de marcas próprias e uns 20% são colocados como vinhos especiais tais como “Grandes crus”, “Champagnes” e “Domaines”. Segundo Gross, os vinhos a granel alimentam os vinhos de marca para responder a uma demanda que une qualidade e preços acessíveis, permite criar marcas e consolidálas no mercado, gerar volume de negócio, inovar, melhorar o transporte e diminuir as emissões de CO2 ao engarrafar no destino. Jornalista, escritor, enólogo, comerciante de vinho, Master of Wine e filho de um dos fundadores desta organização, que ainda foi presidente da Associação de Comerciantes de Vinhos e Espirituosos da GrãBretanha, e, sobre tudo, andarilho, John Salvi é, aos 72 anos, uma das pessoas que melhor conhece o mundo do vinho e que maiores mudanças tem vivido em sua evolução desde que há quase meio século decidiu se instalar na mística localidade francesa de Margaux depois de sua Inglaterra natal. Salvi recorda que “o granel é e tem sido sempre a essência do vinho” e ressalta que as grandes compras britânicas dos melhores vinhos de Bourdeaux foram feitas durante muitos anos a granel. Os importadores britânicos compravam partidas de “Grandes Crus” para engarrafar no destino ou levavam os barris que tinham escolhido depois de uma primeira cata para seu mercado. Não crê que o mundo do vinho se encontre dividido entre aqueles que crêem que todo engarrafado é bom e tudo que se vende a granel é ruim ou de inferior qualidade “porque isso é simples, ainda que existissem pessoas que pensavam assim. Prova disto, é que a atual conjuntura nos faz voltar a outros tempos e a dar ao granel o valor que ele realmente tem”. Pelo contrário, a holandesa Janna Rijpma-Mepellink, consultora, jornalista e escritora do vinho há anos, crê que o problema dos vinhos a granel em um país como Holanda, onde sobrevivem vinhos baratos e de escassa qualidade com outros bem posicionados nos mercados, é que “a gente os identifica com má qualidade, já que isso é o que se tem oferecido, em linhas gerais, com os vinhos baratos que foram engarrafados e oferecidos aqui”. SOBREMESA é a revista de vinhos e gastronomia de Vinoselección. 18 19 MESA texto Eder Peres “Proferi algumas palavras mágicas, tirei a tampa e o aroma de um delicioso ossobuco perfumou o ambiente, enfeitiçando a todos.” amor e ódio Domingo, 7:30 horas da madrugada, toca o telefone. Eu atendo. — Filho querido. Bom dia. Tudo bem? Eu te acordei? Sabe o que é, no mês que vem tem o dia das mães, você lembrou? O almoço será na sua casa, como sempre? Acho que te acordei né? Então tá, volta a dormir e depois me liga. Não esqueça. Beijos. Desliguei sem falar nada. Sentia como se minha cabeça estivesse dentro de um liquidificador. Perdi o sono e a partir daí não parei mais de pensar no almoço do dia das mães, embora ainda faltassem mais de 20 dias para o evento. Receber e cozinhar para a família é, para mim, uma paixão. Adoro a minha mãe e a minha sogra, sem brincadeira, mas o cardápio desse almoço é mais difícil que o de uma recepção que reunisse carnívoros e vegetarianos: o que minha mãe adora, minha sogra odeia e vice-versa. Depois de anos, acertei a mão e não mudei mais o cardápio. Joguei a bola para minha mulher e sugestões foram se sucedendo por vários dias, uma pior que a outra. — Querido, o prato predileto de minha mãe é camarão na moranga. Que tal? — Ótimo, desde que não coloquemos nem o camarão e nem o coentro dentro da moranga, pois a minha mãe odeia essa tal de barata do mar e diz que essa erva tem cheiro de bode velho molhado. Eu estava pensando numa bela travessa de bifes de fígado acebolados, à veneziana, ou miolos a doré, que minha mãe fazia como ninguém! — É, ao que parece você comeu tanto miolo quando criança que o seu foi engolido junto! Quem gosta de miolo? Ou de fígado? É dia das mães e não o Festival das Vísceras do Boi. Só falta você querer servir tais pratos com óleo de fígado de bacalhau! Embrulhame o estômago só de pensar! — Preconceito seu! Consta que as vísceras já foram consideradas partes nobres do animal, além do que o fígado é rico em ferro. — Rico em ferro e também em penicilina, oxitetraciclina, clotetraciclina, estreptomicina e outras “cinas” mais, injetadas no animal, filtradas no fígado e nele depositadas, que você ingere por tabela! — Crendice! Isso é história inventada pelo açougueiro que prefere vender filé mignon, pois é melhor para o bolso dele! — Crendice ou não, não pretendo comer fígado no dia das mães. Podemos fazer isto sim, uma saborosa rabada, acompanhada de polenta. — Odeio rabada. Vou comer pão e tomar vinho e nada mais ou irei almoçar fora. — Você vai é repetir novamente o mesmo cardápio dos anos anteriores! È uma ofensa à criatividade de qualquer um! Se você tivesse prestado mais atenção nas aulas do curso de culinária, que custou uma fortuna, provavelmente não incidiria nessa mesmice... — Você repete o arroz, o feijão e a salada todos os dias e eu não reclamo. — Não estamos falando da comida do dia a dia, mas de um almoço especial. Eu esperava que você as surpreendesse com um prato diferente, como por exemplo, uma ciumacata: caramujos temperados com alho, pimenta, hortelã e azeite virgem, servido com tomates e anchovas. — Você teria a coragem de servir essas pragas nocivas para a minha mãe e para a minha sogra? Quer matá-las? O caramujo pode hospedar um verme que fura o intestino humano e mata por hemorragia. E mais, quando elas vissem os caramujos, sairiam correndo, se não enfartassem antes. Aí sim seria um almoço realmente especial! — Não seja trágico. — Justamente para evitar tragédias vamos pensar em algo mais simples, meu bem! Frango com quiabo e batata doce, acompanhado de arroz branco. — De jeito nenhum! Tirar a baba gosmenta do quiabo é tarefa impossível e sua mãe, mais uma vez, daria aquela lição: “Como Tirar A Baba Do Quiabo”, que conhecemos de cor e salteado, mas nunca apreendemos. Mico! — Então algo mais vegetariano: alcachofras recheadas com pão, azeitonas e alcaparras. Gostou? — Gostei, mas minha mãe não suporta alcachofra. Diz que não come essa inflorescência com gosto de papel molhado, além de não ter paciência para raspar folha por folha para delas extrair uma polpa minguada e amarga. Prefere tomar um chá de boldo, com ação mais direta e eficiente sobre o fígado. Mas me ocorre que fazer uma moussaka seria uma alternativa interessante! Fico com água na boca ao pensar na berinjela empanada e frita, com mozarela derretida, misturada com carne moída e molho de tomate. — Não, não dá. Minha mãe odeia berinjela. Nunca gostou, desde criança, virou trauma. Meus avós maternos eram muito rigorosos e exigiam que os filhos comessem de tudo à mesa. Como minha mãe se recusava a comer berinjela, certa feita, eles fizeram um almoço baseado exclusivamente nesse vegetal: caponata, pasta de berinjela, berinjela à milanesa, lasanha de berinjela, arroz com OSSOBUCO INGREDIENTES • 1,5 Kg de ossobuco de vitela • 50 ml de óleo de girassol • 100 g de farinha de trigo • 2 cenouras médias bem picadas • 1 cebola média bem picada • 2 talos de salsão bem picados • 250 ml de vinho branco seco • 1 bouquet garni com tomilho, alecrim, sálvia e louro • 1 kg de tomates sem pele e sem sementes picado • 1 litro de caldo de carne • sal e pimenta-do-reino berinjela, torta de berinjela e, de sobremesa, berinjela à calda doce! E ela foi obrigada a comer berinjela para não passar fome e não levar uma surra! Desse dia em diante, não passa nem perto de uma berinjela sem sentir náuseas. Esta conversa estéril prosseguiu por vários dias e, por mais que nos esforçássemos, não conseguíamos eleger um prato de consenso diferente daquele que servimos nos anos anteriores. Eu estava ficando desanimado. No entanto, isto me fez pensar que, se por um lado, a tarefa de conciliar paladares é, em determinadas circunstâncias, muito difícil e desgastante, por outro, a diversidade de opções alimentares é extremamente cativante por caracterizar a individualidade, desafiar o intelecto, quebrar a monotonia e estimular a criatividade. Comecei a questionar se a culinária teria alcançado os progressos atuais caso todos gostassem sempre dos mesmos pratos e dos mesmos temperos e, ao lado de fatores naturais e sócio-econômicos, qual o percentual da contribuição das diferenças de paladares para o enriquecimento da nossa mesa? Com certeza fundamental. Na atualidade, a harmonização de um cardápio, por si só, é uma tarefa difícil e mais árdua ainda quando deve ser adequado aos paladares dos parentes e amigos que se sentarão à mesma mesa, principalmente quando há antagonismos discrepantes e relações íntimas que nos permitem conhecer as restrições alimentares de cada convidado. Não errar se afigura uma obrigação, porém nem sempre é possível alcançar tal intento. RECEITA PREPARO: Tempere as peças de ossobuco com sal e pimenta, coloque-as num prato com a farinha de trigo e as envolva completamente. Retire o excesso de farinha e reserve. Numa panela grande o suficiente para que todas as peças de carne caibam em uma só camada, aqueça o óleo de girassol e as doure as peças em fogo alto. Se preferir amarre o ossobuco com barbante para ele não desmanchar. Quando estiverem douradas por inteiro, retire-as da panela e coloque a cenoura, a cebola e o salsão. Refogue em fogo baixo por cerca de 10 minutos, até que murchem. Torne a colocar o ossobuco na panela, junte o vinho branco, o bouquet garni e deixe reduzir à metade, em fogo brando. Após, aumente o fogo, acrescente os tomates e refogue até serem bem incorporados ao molho. Junte o caldo de carne fervente e cozinhe com a panela semitampada por cerca de 2 horas ou até estarem bem macios. Boa feitiçaria! Percebi também que a composição harmônica que eu persegui durante aqueles dias estava me desviando da principal finalidade do almoço do Dia das Mães: o de homenagear as minhas com o mesmo amor que sempre dispensaram aos filhos, ora com beijos e afagos, ora com castigos ou reprimendas. E foi imbuído desse sentimento que despertei no dia tão aguardado, disposto a fazer feitiçaria na cozinha, mesmo sendo um simples aprendiz. Pouco importava o prato escolhido, pois o fundamental era cozinhar para elas. Eu as enfeitiçaria com uma alquimia alimentar baseada na simplicidade, no amor e na gratidão. Assim, ingredientes misteriosos foram misturados de forma a não serem identificados, para produzir um resultado que agradaria a qualquer paladar. Coloquei-os numa bonita panela de ferro, dessas francesas, que foi tampada e levada à mesa, onde todos se encontravam, ansiosos, aguardando o misterioso prato. Proferi algumas palavras mágicas, tirei a tampa e o aroma de um delicioso ossobuco perfumou o ambiente, enfeitiçando a todos. É claro que o almoço foi regado a um bom vinho, essencial para garantir o sucesso da feitiçaria. 20 21 RECEITA por Martin Seoane O principal ingrediente é o vinho branco, seco. Uma garrafa de 750 ml é o suficiente. Também é possível fazer com vinho Rosé ou Espumante, ambos ficam bem agradáveis. CLERICOT Por Martin Seoane, sócio-proprietário do restaurante argentino Che Bárbaro Em países como França, Espanha, Uruguai e principalmente Argentina, o clericot, bebida refrescante feita com frutas frescas, gelo e vinho branco já é apreciada há anos. No Brasil, especialmente em São Paulo já está quase deixando de ser uma novidade para muitos, em função do aumento do turismo de brasileiros para Buenos Aires e do aumento do número de casas Argentinas na cidade. Tanto no Bárbaro como no Che Bárbaro nós já oferecemos esta delícia desde a inauguração de cada um, respectivamente, 2003 e 2008 e sempre foi um sucesso. Acredito que em função do que comentei acima, a procura aumentou muito e hoje é um sucesso em nossas casas. A maioria dos nossos clientes pergunta qual o segredo do nosso Clericot e é isso que quero passar para vocês, associados da Sociedade da Mesa, ensinando a receita especial que utilizamos. Você vai precisar de uma jarra de vidro. Pode ser outro material, mas de preferência com transparência para que seja possível ver as frutas no interior. Conte ainda com uma colher longa e fina que chamamos de “bailarina”, ideal para mexer e auxiliar a servir o drinque. Tenha em mãos também frutas. Na receita uso uma maçã inteira, bem vermelha, duas fatias médias de abacaxi, 12 morangos, dois kiwis, 15 uvas e meia laranja. Separe ainda uma dose de contreau (50 ml), que deixa a bebida mais doce e cítrica, outra de conhaque (50 ml), além de cerca de 100 ml de soda limonada. Ponha também gelo a gosto, mas não ponha pouco, pois as pedras derretem e a bebida deve estar sempre bem gelada. O preparo é fácil. Pique em pedaços pequenos as frutas, menos a laranja, que deve ser cortada como se fossemos fazer rodelas medianas. Ponha os pedaços na jarra. Insira em seguida o conhaque, o contreau, a soda, o vinho. Mexa bem para que as frutas soltem seu sabor e acresça, em volta, na parte superior da jarra, de modo que fiquem atrás dos gelos, as rodelas de laranja. Isso cria um efeito decorativo muito bonito. Depois é só servir. Rende entre cinco e seis taças. A “bailarina” vai nos auxiliar no processo. É uma bebida que faz às vezes de drinque e sobremesa refrescante, já que se pode (e deve) comer as frutas ao final. Vale lembrar que tanto o clericot quanto a sangria são para os argentinos como a caipirinha para os brasileiros: sempre estão no cardápio. Indico a bebida para dias quentes, para se tomar entre amigos. Portanto, reúna seus melhores e bom drinque! 22 23 Sociedade da Mesa é muito bem-vinda e não paga rolha PROGRAMA SACA ROLHA Aqui nesta coluna publicaremos bares e restaurantes onde você, associado da Sociedade da Mesa, poderá desfrutar de bons ambientes e boa gastronomia com a liberdade de levar seu próprio vinho sem pagar a rolha! Rua Bandeira Paulista, 520 Itaim bibi - São Paulo (11) 3167-2147 Rua Alexandre Dumas, 1152 Chácara Santo Antônio - SP (11) 5181.4422 Rua Dr. Mario Ferraz, 213 Itaim bibi - São Paulo (11) 3816-4333 Rua Bandeira Paulista, 387 Itaim-bibi - SP (11) 3078-6704 Av. Pedro Paula de Morais, 749 Saco da Capela - Ilhabela - SP (12) 3896-5241 Rua Oriente, 609 Serra - Belo Horizonte (31) 3227-6760 Rua Lisboa, 191 Pinheiros - São Paulo (11) 3082-7904 Rua Normandia, 12 Moema - São Paulo (11) 5536-0490 Rua Joaquim Floriano, 466 Itaim-bibi - SP Brascan Open Mall (11) 3079.3500 Rua Joaquim Antunes, 224 Pinheiros - SP (11) 3068-9888 Rua Dr. Sodré, 241A Vila Olímpia - São Paulo (11) 3845-7743 Calá del Grau Rua Pedroso Alvarenga, 1170 Itaim bibi - São Paulo (11) 3167-0977 Rua Joaquim Távora, 1266 Vila Mariana - SP (11) 5549.3210 Rua Francisco Leitão, 713 Pinheiros - São Paulo (11) 3032-7403 Genova Rua Melo Alves, 294 Jardins - SP www.chakras.com.br Rua Julio de Castilhos, 1074 Belém – São Paulo/SP (11) 2309.1248 Av. Brigadeiro Faria Lima, 2705 Jardim Paulistano - São Paulo (11) 3031-0005 Rua Lisboa, 346 tel. (11) 3064-3438 Pinheiros - SP Rua Harmonia, 117 Vila Madalena - SP (11) 3816-7848 Rua Orobó, 125 Alto de Pinheiros - São Paulo (11) 3022-2424 Rua Mourato Coelho, 1267 Vila Madalena - São Paulo (11) 3032-8605 Rua Girassol, 67 Vila Madalena - São Paulo (11) 3031-6568 Av Eng. Paulo Brandão Nogueira, 85 Jatiuca - Maceió - Alagoas (82) 3235-1016 Rua Tabapuã, 838 Itaim bibi - São Paulo (11) 3168-6467 Rua Haddock Lobo, 1159 Jardins - SP (11) 3068-9797 Rua Manuel Guedes, 545 Jardim Europa www.limonn.com.br (11) 2533-7710 Rua Fradique Coutinho, 1664 tel. (11) 3037-7223 Vila Madalena - SP restaurante e delivery Av. Carinás, 592 Moema - São Paulo (11) 2308-1091 Rua Conselheiro Brotero, 903 Santa Cecília - São Paulo (11) 3664-8313 Com ares de Vila Olímpia, restaurante atrai público jovem à Vila Madalena com especialidades argentinas Dos mesmos sócios do “Bárbaro”, a casa portenha inaugurada em novembro de 2008 apresenta ambientação aconchegante e é maior do que a sua “hermana” localizada no Itaim Bibi, em São Paulo. São quatro espaços independentes. No salão principal há uma ampla varanda amadeirada, com vista para a rua, muito disputada em dias quentes. Em sua extensão, paredes alaranjadas recebem arandelas e quadros de ícones argentinos, como Maradona e Gardel. Um mezanino mais reservado e com iluminação indireta é concorrido por grupos de amigos e aniversariantes, já que neste espaço a casa pratica comanda individual, quando reservado antecedência. Nele, um teto retrátil é aberto em noites de temperatura elevada. O projeto arquitetônico inclui ainda uma área externa, que homenageia pontos históricos da cidade de Buenos Aires, como o bairro La Boca e a rua Caminito. Nas paredes, grafites em cores alegres remetem àquela região. As mesas de madeira deste local se diferem das demais, pois fazem conjunto com cadeiras coloridas, cujos assentos são de palha, o que confere aspecto rústico-chique. O atendimento cordial, garantido pela presença constante dos donos, Juan German e seu filho, Martin Seoane, confere mais proximidade à clientela. Para beber, principalmente em dias mais quentes, boa opção é o Clericot, refrescante ponche de vinho branco, frutas da estação e gelo. É preparado na mesa, em jarras. No cardápio há receitas que fizeram a fama da grife gastronômica, desde sua criação em 2003, ao lado de outras novas, servidas apenas na irmã caçula. São exemplos a empanada gourmet, que é aberta e feita com massa de pizza, mussarela e três tipos de funghis, e das crepizzas, crepes enroladas com massa fina de pizza, que recebem recheios como matambre (capa da costela desfiada) e mussarela. Para encerrar a refeição, a clássica panqueca argentina recheada com doce de leite. Há também as inusitadas e criativas 3 pelotas dulces (massa fina de pizza em forma de disco nos sabores nutela e banana, - chocolate e morango, - doce de leite e requeijão) e o almendrado, um sorvete de amêndoa em forma de barra com cobertura de chocolate São as carnes, no entanto, o carro chefe. Importadas da Argentina e do Uruguai, países com tradição e rebanho bovino de peças mais macias, são preparadas na parrilla (grelha tipicamente argentina). Os cortes são altos, a exemplo do Biscuit, que vem em três medalhões de filé, do Ojo del Bife (miolo do contra-filé), e do assado de tira (costela de boi). Com uma entrada e acompanhamentos, servem bem a duas pessoas. Dentre as guarnições, a papa quimérica (massa de batata gratinada no forno recheada com requeijão) é uma das especialidades da casa. Programação musical Às terças-feiras há apresentação individual de boleros (violão e voz) e nas noites de sexta, tango instrumental com bandoneone e violoncelo de clássicos de Carlos Gardel a canções modernas. CHE BÁRBARO Endereço: R. Harmonia, 277, Vila Madalena, São Paulo - SP tel. (11) 2691-7628 www.chebarbaro.com.br Funcionamento: ter. a sáb., das 12h à 0h; dom., das 12h às 18h 24 25 Sociedade da Mesa SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP SHOP ACESS ÓRIOS Faça suas compras por telefone (0800-7740303) ou site e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. S VINHO E TOQU S E M E Abaixo nossos vinhos em estoque. Faça seu pedido por telefone (0800-7740303) ou site e receba juntamente com sua próxima caixa de vinhos. Villa Borghetti 2008 SACA ROLHAS BOLSA Modelo Somelier De lona vermelha modelo engradado. Prática e ideal para carregar até 6 garrafas Preço para associado: R$ 28,00 Preço para associado: R$ 84,00 TAÇAS BORGONHA Par de taças de Cristal Preço para associado: R$ 50,00 (o par) VACUVIN Itália Bomba de vácuo com rolhas para melhor garantir as características do vinho. Preço para associado: R$ 57,00 Terra D’Alter 2008 Portugal DO: Valpolicella Uvas: Corvina Veronese 70%, Rondinella 20%, Cornivone 10% Grad.: 12% Preço para associados: R$ 36,90 DO: Terras de Alter C.V. - Portugal Uvas: 50% Touringa Nacional, 50% Cabernet Sauvignon Grad.: 14% Preço para associados: R$ 37,50 SERVIÇOS Vinho em consigna Informativos Se você vai fazer um evento, festa, jantar, e precisa de vinhos, consultenos. Consignamos o vinho para você e assim nem sobrará nem faltará, já sem contar que será um prazer ajudá-lo a escolher o vinho mais adequado para a ocasião. Atendendo a vários pedidos, muito justos temos que dizer os informativos estão disponíveis para consulta, pesquisa e curiosidade. Acesse nosso site e faça download de nosso acervo. Boa leitura ! Lembrete: Recordamos aos associados que comuniquem quaisquer alterações no envio do mês, tais como de alteração Gran Feudo Edición 2008 Espanha DO: Navarra - Espanha Uvas: Tempranillo, Garnacha e Merlot Grad.: 13.5% Preço para associados: R$ 36,60 de quantidades, pedidos de seleção especial, acréscimo de vinhos do estoque ou suspensão até o dia 10 de cada mês. 27 vida é feita de opções. Maio valor referência por garrafa de R$ 37,00 SELEÇÃO Mês SELEÇÃO grandes vinhos opção de caixa de 4 ou 6 garrafas seleção trimestral valor referência por garrafa de R$ 90,00 opção de caixa de 4 ou 6 garrafas Mas aqui você pode ficar com todas! A Seleção do Mês procura vinhos excelentes tendo como critério a variedade e a relação qualidade preço, permite descobrir o melhor das diferentes zonas de produção bem como uma clara comparação entre as diferentes elaborações, estilos e uvas, uma seleção mais divertida. “O aspecto mais largo da produção mundial”. Seleção do Mês seleção mensal Quinta do Seival Castas Portuguesas 2006 Brasil Sempre que seleciono um vinho brasileiro um considerável número de associados suspende o envio e possivelmente parte dessas suspenções se deve ao mero fato de que o vinho é brasileiro. Isso em si não tem muita importância mas às vezes me pergunto se esse associado não está perdendo uma linda oportunidade de se surpreender com o vinho nacional. Obviamente não é preciso dizer que se eu o selecionei é por que tal vinho responde ao padrão de qualidade das nossas seleções. O castas Portuguesas faz parte da gama alta dos vinhos da Miolo que nos deu o privilégio de lançar no mercado a safra 2006. Preço para asociados: R$ 38,00 Estimado no mercado: R$ 50,00 A Seleção Grandes Vinhos nos permitirá visitar todo o mundo de vinhos que estavam fora do alcance do valor da Seleção do Mês. Vinhos das melhores regiões, vinhos emblemáticos de produtores consagrados. Vinhos para guardas mais longas e para situações especiais, uma seleção mais formal. “O aspecto mais alto da produção mundial”. Inscreva-se já na Seleção do Mês, na Seleção Grandes Vinhos e por que não nas duas? www.sociedadedamesa.com.br 0800-774 0303 Sociedade da Mesa Aqui a gente só não decide por você. Aí já seria demais! Neste mês não haverá “Seleção Especial do Mês”. A “Seleção Especial do Mês”, ao contrário da “Seleção do Mês”, não é de envio automático, mas somente sob pedido. Peça antes do dia 10 para recebê-la juntamente com seu vinho. ˜ ´ PROXIMAS SELEÇOES A 26 Você indica. A gente explica. Ele se associa. Você ganha. Simples assim! Traga um novo associado para a Sociedade da Mesa e receba duas taças Borgonha com a próxima entrega. São taças de cristal perfeitas para os melhores momentos com os grandes amigos. Os dados de seu amigo podem ser enviados ao mail [email protected], site ou podem ser fornecidos pelo telefone 0800-7740303. Nos envie seu nome completo com telefone particular e comercial. Promoção válida apenas em caso da associação de seu amigo. Sociedade da Mesa Amigo é pra essas coisas!