Estudo dos efeitos genéticos e de ambiente sobre

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Estudo dos efeitos genéticos e de ambiente sobre
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ESTUDO DOS EFEITOS GENÉTICOS E DE AMBIENTE SOBRE
CARACTERÍSTICAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
EM CAPRINOS DA RAÇA SAANEN
ANAMARIA CÂNDIDO RIBEIRO
Jaboticabal - SP
Fevereiro - 1997
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA
FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS
CÂMPUS DE JABOTICABAL
ESTUDO DOS EFEITOS GENÉTICOS E DE AMBIENTE SOBRE
CARACTERÍSTICAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA
EM CAPRINOS DA RAÇA SAANEN
Autora: Anamaria Cândido Ribeiro
Orientador: Prof. Dr. Jeffrey Frederico Lui
Dissertação
apresentada
ao
Curso
de
pós-
graduação da UNESP-Jaboticabal, como parte das
exigências para a obtenção do Título de MESTRE
EM ZOOTECNIA - Área de concentração em
Melhoramento Genético Animal.
Jaboticabal - SP
Fevereiro - 1997
“Os caminhos que conduzem o homem ao saber são tão
maravilhosos quanto o próprio saber”
Johannes Kepler
ii
Agradeço a Deus, por nos privilegiar com a vida, nos manter
com saúde e nos conduzir aos nossos sonhos!
iii
DEDICO
Aos queridos
Silvio, meu esposo
Mais que um companheiro, um amigo
Mais que um incentivador, um admirador
Mais que um marido, o amor da minha vida
“O amor não é olhar um para o outro, mas sim olharem
ambos para a mesma direção”
Saint-Exupery
Albertina, minha mãe
Mulher forte e exemplar, determinada em melhor formar os filhos
Todo o amor de sua filha
Cândido, meu pai (in memorian)
Onde quer que esteja, sei que partilha conosco a
alegria de mais uma etapa vencida
iv
AGRADEÇO
Ao Prof. Dr. Jeffrey Frederico Lui, mais que um orientador
exemplar, um grande amigo e incentivador, meu reconhecimento;
À Profa. Dra. Sandra Aidar de Queiroz, uma profissional
excelente, pela inestimável contribuição e por me que me permitir partilhar
de seus conhecimentos, minha admiração;
Ao Prof. Dr. Kleber Tomás de Resende, pelo apoio,
amizade e dedicação à caprinocultura, minha consideração;
Ao Prof. Dr. Luiz Francisco Prata, que me auxiliou nos
primeiros passos do desenvolvimento da minha visão científica, minha
lembrança;
Aos professores, colegas e funcionários do Departamento
de Melhoramento Genético Animal e Departamento de Zootecnia de
Ruminantes, pelos momentos de alegria e descontração, bem como os de
concentração e estudo; a convivência nos aproximou, registro aqui minha
esperança de que o tempo não nos distancie;
Aos “cabriteiros” Chico, Cláudia, Norma, Roberto e
Vânia, pelos momentos, conhecimentos e amizade compartilhados;
Aos amigos especiais Carol e “santo” Danísio, pela
paciência e incentivo;
À minha família em geral e, em especial, ao meu irmão
Alan e sua mini família: Rita e Natalie e aos meus sogros, José Maria e Maria
Nadir, sempre presentes, apesar da distância;
À equipe de desenvolvimento do PROCAPRI, em especial
aos Profs. Kleber e Silvio, pela iniciativa e continuidade. Esta é apenas a
v
primeira dissertação de mestrado defendida com a utilização desse
programa, que serão inúmeras, tenho certeza!
Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudos;
À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP,
Câmpus de Jaboticabal, pela oportunidade concedida;
À tantos outros que auxiliaram no desenvolvimento deste
trabalho; na preocupação de omitir nomes, fica aqui minha lembrança...
vi
HOMENAGEM AO CAPRIL SERRA DE ANDRADAS
Nos idos de 1879, o Capitão João Pedro Ribeiro e o
Coronel Policarpo Aureliano de Almeida iniciaram suas criações de cabras,
que se juntariam mais tarde, com o casamento da Sra. Maria de Almeida e
do Sr. Estulano Ribeiro, que iniciaram a família Almeida Ribeiro.
As gerações foram se sucedendo, sempre com uma
estreita ligação com os caprinos, até que o Sr. José Maria decidiu imprimir um
novo ritmo à atividade, direcionando a criação para animais de raças
especializadas em leite. Em 1979 Silvio Doria de Almeida Ribeiro juntou-se ao
pai. A partir de 1980, evidenciando uma visão da importância da escrituração
zootécnica, iniciaram o controle leiteiro do plantel.
Hoje, o Capril Serra de Andradas é um criatório
tradicional de caprinos leiteiros, com animais bem manejados, de boa
produção e eficientes do ponto de vista reprodutivo. Ao longo dos últimos 20
anos, conquistou mais de 1000 prêmios em exposições, além de ter obtido o
grande campeonato de todos os Torneios Leiteiros de que participou.
Ficam
aqui
registrados
minha
homenagem
e
agradecimento pelas informações coletadas ao longo do tempo e que
possibilitaram a realização deste trabalho e, sobretudo, por esta paixão pelos
caprinos que o Sr. José Maria herdou de seus ancestrais e soube transmití-la ao
seu filho, que, juntos, me transmitiram.
Seguindo seus passos, que sempre fizeram o possível
para incentivar e divulgar a caprinocultura, concluo esse estudo na
esperança de estar contribuindo nessa empreitada, tendo me tornado
também uma apaixonada pelos caprinos...
A autora
vii
BIOGRAFIA DA AUTORA
Anamaria Cândido Ribeiro, filha de Antonio Manoel da
Silva Cândido e Albertina Rueff de Camargo Cândido, nasceu na cidade de
São Paulo, estado de São Paulo, em 11 de novembro de 1966.
Em
março
de
1984
ingressou
na
Faculdade
de
Agronomia “Manoel Carlos Gonçalves”, em Espírito Santo do Pinhal - SP,
recebendo o título de Engenheira Agrônoma em julho de 1989.
Em 1989 passou a se dedicar à caprinocultura. Em 1989 e
1996 integrou o quadro docente da ETAE “Dr. Carolino da Motta e Silva”.
De setembro de 1993 a outubro de 1994 desenvolveu
trabalho dedicado à composição físico-química e microbiológica do leite de
cabra, junto à UNESP - Câmpus de Jaboticabal.
Em 1996 participou da formação e estruturação da
empresa CAPRITEC (Consultoria, Planejamento e Assistência Técnica em
Caprinocultura), da qual é sócia.
É
sócia
fundadora
da
Sociedade
Brasileira
de
Melhoramento Animal (SBMA) e sócia da Sociedade Brasileira de Genética
(SBG).
Em agosto de 1994 ingressou no curso de pós-graduação
em Zootecnia, área de concentração em Melhoramento Genético Animal da
Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP - Câmpus de
Jaboticabal, tendo se submetido à defesa final para obtenção do título de
Mestre em fevereiro de 1997.
viii
ÍNDICE
1. RESUMO ...................................................................................................................1
2. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................3
3. REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................................7
3.1. Características de importância econômica ................................................7
3.1.1. Idade ao Primeiro Parto (IPP) ................................................................10
3.1.2. Intervalo de Partos (IEP) .........................................................................14
3.1.3. Produção de Leite (PL)...........................................................................18
3.1.4. Duração da Lactação (DL) ...................................................................22
3.2. Parâmetros genéticos, fenotípicos e melhoramento em caprinos
leiteiros...................................................................................................................23
3.2.1. Herdabilidade e repetibilidade ............................................................25
3.2.2. Correlações genéticas e fenotípicas entre características de
importância econômica..................................................................................28
3.2.3. Avaliação genética de animais por Modelo Animal .........................29
4. MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................33
4.1. Material ..........................................................................................................33
4.2. Métodos .........................................................................................................36
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................45
5.1. Idade ao Primeiro Parto (IPP) .......................................................................45
5.2. Intervalo de Partos (IEP) ................................................................................50
5.3. Produção de Leite (PL) e Duração da Lactação (DL) ..............................55
ix
5.4. Parâmetros genéticos e fenotípicos............................................................69
5.4.1. Herdabilidade .........................................................................................69
5.4.2. Repetibilidade.........................................................................................72
5.4.3. Correlações.............................................................................................75
5.4.4. Valor Genético dos Animais..................................................................79
5.4.5. Tendência genética da população.....................................................82
6. CONCLUSÕES........................................................................................................88
7. ABSTRACT...............................................................................................................90
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................92
9. APÊNDICE ............................................................................................................103
x
ÍNDICE DE FIGURAS
Figura 1- Sequência dos procedimentos destinados aos dados, desde a
colheita a campo até os relatórios finais. ......................................................38
Figura 2 - Médias ajustadas da IPP (em dias), de acordo com a época de
nascimento (FOT)..............................................................................................49
Figura 3 - Médias ajustadas dos IEP (em dias) de acordo com grupo
contemporâneo (GCF). ...................................................................................52
Figura 4 - Médias do IEP (em dias) de acordo com ano de parto, obtidas a
partir do desmembramento do GCF, com a respectiva regressão. ..........53
Figura 5 - Médias do IEP (em dias) de acordo com época de parto, obtidas a
partir do desmembramento do GCF. ............................................................54
Figura 6 - Médias ajustadas de PL (em kg) e DL (em dias), de acordo com o
grupo contemporâneo (GCF).........................................................................58
Figura 7 - Regressão da Produção de Leite (em kg), em função do ano de
parto, obtida a partir do desmembramento do GCF. .................................59
Figura 8 - Regressão da Duração da Lactação (em dias), em função do ano
de parto, obtida a partir do desmembramento do GCF. ...........................60
Figura 9- Médias da PL (em kg), de acordo com a época de parto, obtidas a
partir do desmembramento do GCF. ............................................................60
Figura 10 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com a idade das
cabras ao parto................................................................................................63
Figura 11 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com o tipo de parto. .63
Figura 12 - Regressão da Produção de Leite (em kg) em função da duração
da lactação (em meses).................................................................................64
xi
Figura 13 - Médias ajustadas da DL (em dias), de acordo com o nível de
produção de leite. ...........................................................................................65
Figura 14 - Desempenho geral do plantel caprino em estudo, de acordo com
a duração da lactação (DL), período seco (PS), intervalo de partos (IEP),
período de serviço (PV) e período de gestação (PG). ................................67
Figura 15 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente
(VEt) na característica Idade ao Primeiro Parto. ..........................................73
Figura 16 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente
temporário (VEt) na característica Intervalo de Partos. ...............................73
Figura 17 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente
permanente (VEp) e de ambiente temporário (VEt) na característica
Produção de Leite............................................................................................74
Figura 18 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente
permanente (VEp) e de ambiente temporário (VEt) na característica
Duração da Lactação.....................................................................................74
Figura 19 - Tendência genética da Produção de Leite das cabras, pais e mães
correspondentes, com as respectivas regressões quadráticas...................83
xii
ÍNDICE DE TABELAS
Tabela 1. Médias e erros-padrão da média de Idade ao Primeiro Parto (IPP) de
caprinos, em meses, de acordo com autor, país, raça e número de
animais (n). ........................................................................................................13
Tabela 2. Médias e erros-padrão da média de Intervalo de Partos (IEP) de
caprinos, em dias, de acordo com autor, país, raça e número de
observações (n). ...............................................................................................16
Tabela 3 - Médias e erros-padrão da média de Produção de Leite (PL) de
caprinos, em kg e Duração da Lactação (DL), em dias, de acordo com
autor, país, raça e número de observações (n). ..........................................19
Tabela 4. Valores de herdabilidade (h2) e repetibilidade (t), com os respectivos
erros-padrão, de Produção de Leite (PL) por autor, país, raça e número de
observações (n). ...............................................................................................26
Tabela 5 - Resumo da análise de variância da Idade ao Primeiro Parto (IPP)
para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2),
coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada (m),
em dias e erro-padrão da média (e.p.), em dias.........................................46
Tabela 6 - Resumo da análise de variância do Intervalo de Partos (IEP) para
caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2), coeficiente
de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada (m), em dias e
erro-padrão da média (e.p.), em dias...........................................................50
Tabela 7 - Resumo da análise de variância da Produção de Leite (PL) e
Duração da Lactação (DL) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de
determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem,
xiii
média ajustada (m), em kg para PL e em dias para DL e erro-padrão da
média (e.p.), em kg ou dias. ...........................................................................56
Tabela 8 - Componentes de variância genética aditiva (σ2A), de ambiente
permanente (σ2Ep) e de ambiente temporário (σ2Et), herdabilidade (h2 ) e
repetibilidade (t), estimadas pelo Método da REML....................................71
Tabela 9 - Correlações genética (rg), fenotípica (rf) e ambiental (re) entre as
características mencionadas (IPP, IEP e DL) e a PL, obtidas pela REML, por
análise bivariada. .............................................................................................76
Tabela 10 - Tendência genética da produção de leite (TG) em função do ano
de parto, para as cabras, pais e mães. .........................................................84
xiv
ÍNDICE DO APÊNDICE
Tabela A 1-Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da IPP (em
dias), com o número de informações (n), segundo a época de
nascimento (FOT)............................................................................................103
Tabela A 2 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média do IEP (em
dias),
com
o
número
de
informações
(n),
segundo
o
grupo
contemporâneo (GCF). .................................................................................104
Tabela A 3 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n),
segundo
o
ano
do
parto
anterior
(AN),
obtidas
a
partir
do
desmembramento do GCF...........................................................................105
Tabela A 4 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n),
segundo a época do parto anterior (FOT), obtidas a partir do
desmembramento do GCF...........................................................................105
Tabela A 5 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em
kg), com o número de informações (n), segundo o grupo contemporâneo
(GCF)................................................................................................................106
Tabela A 6 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n),
segundo o ano do parto (AN), obtidas a partir do desmembramento do
GCF. .................................................................................................................107
Tabela A 7 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n),
segundo a época de parto (FOT), obtidas a partir do desmembramento
do GCF. ...........................................................................................................107
Tabela A 8 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em
kg), com o número de informações (n), segundo a idade da cabra ao
parto (ID) .........................................................................................................108
xv
Tabela A 9 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em
kg), com o número de informações (n), segundo o tipo de parto (TP)...108
Tabela A 10 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL
(em kg), com o número de informações (n), segundo a duração da
lactação (DLA) ...............................................................................................109
Tabela A 11 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da DL
(em dias), com o número de informações (n), segundo o grupo
contemporâneo (GCF) ..................................................................................110
Tabela A 12 - Médias da DL (em dias), com o número de informações (n),
segundo o ano (AN), obtidas a partir do desmembramento do GCF. ....111
Tabela A 13- Médias da DL (em dias), com o número de informações (n),
segundo a época do parto (FOT), obtidas a partir do desmembramento
do GCF.. ..........................................................................................................111
Tabela A 14 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da
DL (em dias), com o número de informações (n), segundo o nível de
produção (NP) ................................................................................................112
Tabela A 15 - Classificação (Class) dos reprodutores em estudo, ao longo dos
13 anos, com o número de filhas (NF) com registros produtivos e valor
genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL. ....................112
Tabela A 16 - Classificação (Class) dos bodes do plantel ativo, com o valor
genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL. ....................113
Tabela A 17 - Classificação (Class) das cabras do plantel ativo, com produção
por lactação completa própria (PL, Sim ou Não) e valor genético (VG),
pelo MTDFREML, em relação à média de PL................................................114
1.
RESUMO
O presente trabalho teve por objetivos estimar os
parâmetros
genéticos
e
fenotípicos
das
características
produtivas
e
reprodutivas de caprinos da raça Saanen e predizer o valor genético de todos
os animais em estudo, classificando os reprodutores em ordem decrescente,
de acordo com seu valor genético para produção de leite, para um rebanho
localizado no município de Andradas - MG. As características reprodutivas
consideradas foram a Idade ao Primeiro Parto (IPP) e o Intervalo de Partos
(IEP). As características produtivas estudadas foram Produção de Leite (PL) e
Duração da Lactação (DL). As médias ajustadas por quadrados mínimos e
erros-padrão das características IPP, IEP, PL e DL, foram 402,28±19,14 dias,
328,49±36,71 dias, 572,57±133,97 kg e 219,03±48,09 dias, respectivamente. Os
componentes de (co)variância e parâmetros genéticos e fenotípicos foram
2
estimados pelo Método da Máxima Verossimilhança Restrita Livre de
Derivada, por um Modelo Animal. As estimativas de herdabilidade da IPP, IEP,
PL e DL foram 0,14; 0,09; 0,09 e 0,06, enquanto que as estimativas de
repetibilidade para estas características, exceto IPP, foram 0,09; 0,20 e 0,10,
respectivamente. As correlações genéticas entre a PL e IPP, PL e IEP e PL e DL
foram 0,95; 1,00 e 0,43, respectivamente. As correlações fenotípicas e
ambientais foram de baixa magnitude e positivas entre a PL e IPP e PL e IEP e,
médias e negativas entre a PL e a DL. Todos os reprodutores do plantel ativo
apresentaram valor genético (VG) positivo, sendo, portanto, superiores à
média do rebanho, com relação à produção leiteira. As fêmeas do plantel
ativo, em sua grande maioria, também apresentaram VG positivo. As
estimativas de herdabilidade e repetibilidade, neste estudo, foram de baixa
magnitude, e como estas, apenas, manifestam-se nas fêmeas, recomenda-se
a utilização do Teste de Progênie como método de avaliação dos
reprodutores, além da observação de mais de uma medida da característica
por animal, dada a baixa repetibilidade destas. Recomenda-se a avaliação
genética dos animais anualmente, de forma a garantir os acasalamentos
mais adequados dentro do rebanho e demais tomadas de decisão. A
tendência genética foi calculada a partir dos VG nos anos de parto, tendo
sido encontrada uma tendência quadrática para as cabras, com o ponto de
mínimo ocorrendo em 1986 e a mudança genética anual foi igual a 0,7308
kg. Como as características em estudo sofrem forte influência ambiental,
outra estratégia a ser empregada é a manutenção das condições favoráveis
de nutrição, sanidade e manejo em geral, inclusive com a sua melhoria.
2.
INTRODUÇÃO
A cabra tem acompanhado o homem desde os
primórdios da humanidade, tendo sido o primeiro animal domesticado capaz
de produzir alimentos. Por ser um animal versátil na produção de alimentos e
matérias-primas, tais como leite, carne, pele e pelos, bastante prolífico e de
boa adaptabilidade, é encontrado em praticamente todas as regiões do
globo, inclusive em locais com características bastante adversas.
A importância dos caprinos como fonte protéica varia
conforme o nível de desenvolvimento da região ou país. DEVENDRA (1987)
cita que nos países em desenvolvimento, a produção de carne representa
4
92,8% da atividade, enquanto que nos países desenvolvidos, o principal
objetivo de produção é o leite, representando cerca de 73,2%.
A caprinocultura tem uma importância social, sendo
muitas vezes a única fonte proteica de origem animal de famílias de baixa
renda, por se prestar bem a criações de fundo de quintal ou “de corda”,
como é chamado o manejo no qual os animais atados a cordas são
conduzidos a locais variados, inclusive beira de estradas, para que pastejem.
Outra função social desta espécie se apresenta na forma de programas de
reabilitação de meninos de rua.
Como atividade de importância econômica, os caprinos
se destacam pela possibilidade de criação em pequenas propriedades, que
podem abrigar desde pequenos empreendimentos até grandes plantéis, pela
utilização de sistemas de confinamento ou semi-confinamento, se mostrando
uma boa fonte de renda.
No Brasil, cerca de 90% da população caprina encontrase na região Nordeste, sendo o principal objetivo das criações a produção de
carne e pele, com animais Sem Raça Definida (SRD). Entretanto, na região
Sudeste, a caprinocultura vem ganhando espaço, principalmente as raças
com aptidão leiteira, em virtude dos altos preços alcançados pelo leite de
cabra (US$ 1,00 a 2,00/l, pago ao produtor), conforme RIBEIRO (1987). Diversos
criatórios trabalham com animais importados, de raças mundialmente
reconhecidas como grandes produtoras, mas o material genético vindo para
o Brasil se mostra heterogêneo.
Os produtores de leite vêm importando animais ou
sêmen de bodes de outros países, principalmente da França, que conta com
um programa de melhoramento genético bem estruturado, iniciado em 1955
(PIACERE, 1994). Dentre as várias importações de animais realizadas foram
adquiridos lotes heterogêneos, com animais apresentando bons resultados,
contudo, parte dos indivíduos deixou a desejar em termos de desempenho,
5
além de alguns apresentarem problemas sanitários, com o que introduziram
nos plantéis brasileiros doenças consideradas exóticas. Outra consideração a
ser feita é que os objetivos de seleção do programa francês diferem do que
os criadores no Brasil estão buscando. Na França, os objetivos de seleção de
caprinos leiteiros são a obtenção de leite com elevados teores protéicos, de
forma a obter um maior rendimento na fabricação de queijos e, com este
objetivo, tem-se buscado mais recentemente, aumentar a frequência de uma
fração da proteína (αs1 - caseína), que está relacionada com a maior
produção de proteína total (JORDANA et al., 1996). Já o mercado brasileiro é
predominantemente voltado para a comercialização do leite de cabra para
consumo “in natura”, principalmente por crianças que apresentam alergia
àquela fração da caseína (αs1). Com a continuidade de importação de
animais selecionados com este objetivo, corre-se o risco de perder este
diferencial do leite caprino, que atualmente é responsável pela maior parte
do consumo.
Os animais oriundos de países de clima temperado,
apresentam grande sensibilidade às variações de fotoperíodo, o que se reflete
no desempenho reprodutivo e, consequentemente, no produtivo. Mesmo
assim, se comparados às produções de leite das raças nativas e seus
cruzamentos com raças leiteiras, com média de 0,8 kg diários (BAKER & SOUZA
NETO, 1989), os animais das raças exóticas no Brasil apresentam boa
produção de leite (média de rebanho de aproximadamente 2 litros/cabra).
Esses animais de origem de países de clima temperado
não têm tido acompanhamento adequado do desempenho produtivo e
reprodutivo, com suas informações, quando tomadas, da mesma forma que
acontece com os demais membros dos rebanhos, sendo simplesmente
armazenadas, sem que recebam qualquer tratamento estatístico. Assim, a
seleção de caprinos leiteiros no Brasil, de uma maneira geral, tem sido
efetuada principalmente de maneira empírica, sem que sejam estimados os
6
parâmetros genéticos desses rebanhos. Inclusive, o controle zootécnico,
incluindo o controle leiteiro, apesar de indispensável ainda está longe de ser
uma rotina na grande maioria dos criatórios.
Como o desempenho do animal em termos produtivos é
fruto dos efeitos do genótipo, meio ambiente, e suas interações, tornam-se
necessários estudos buscando analisar as atuais condições de nossos plantéis
para
fornecer
subsídios
para
o
estabelecimento
de
programas
de
melhoramento e desenvolver uma tecnologia adequada para que se possa
otimizar os resultados obtidos na produção de leite.
O desempenho produtivo está diretamente relacionado
ao desempenho reprodutivo, de tal forma que a idade ao primeiro parto, o
intervalo de partos e o tamanho da prole podem influir no período de
lactação, produção por lactação, produção vitalícia e número disponível de
animais para reposição e comercialização, inclusive permitindo, uma maior
pressão de seleção.
Este trabalho teve por objetivo estimar os parâmetros
genéticos e fenotípicos das características produtivas e reprodutivas de
caprinos da raça Saanen e estimar o valor genético de todos os animais,
classificando os reprodutores em ordem decrescente, de acordo com seu
valor genético, de um rebanho de caprinos localizado em Andradas - MG.
3.
REVISÃO DE LITERATURA
3.1.
Características de importâ
ncia econô
mica
O leite de cabra é utilizado pelo Homem há milênios,
sendo um alimento de ótima qualidade, com sua exploração tendo
significativa importância em muitos países (STEINE, 1982), sendo a produção
mundial em torno de 8 milhões de toneladas anuais (DOSTÁLOVÁ, 1994). Esse
leite pode ser utilizado para a confecção de queijos finos muito valorizados,
além de sorvetes, iogurtes, doce de leite, leite em pó e o próprio leite fluído.
Mais recentemente, a caprinocultura leiteira passou a ser
reconhecida como um bom investimento. Parte do incremento da demanda
pelo leite de cabra pode ser atribuído ao seu valor nutricional e à baixa
8
alergenicidade
deste,
comparado
ao
leite
bovino
(GORNEY,
1982;
DOSTÁLOVÁ, 1994). ABRAHAM & AGRAZ (1984) lembram as qualidades do
leite dessa espécie, indicando-o para crianças, jovens, adultos e idosos, pela
sua fácil digestibilidade e semelhança com o leite humano, inclusive
lembrando suas possíveis propriedades afrodisíacas. Entre os outros produtos
fornecidos pelos caprinos estão a carne, a fibra e o couro, mas o leite ainda é
considerado o mais importante (SHELTON, 1978).
As raças de aptidão leiteira, como a Saanen, Alpina e
Toggenburg, originárias de zonas temperadas, têm sido introduzidas em vários
países tropicais (SAHNI & CHAWLA, 1982). Tal fato também ocorreu no Brasil e,
principalmente no Centro-Sul, onde tem ocorrido um visível aumento na
procura pela atividade. Nestes plantéis são criados animais principalmente
da raça Saanen, que tem sido apontada como a melhor produtora de leite
(SANDS & McDOWELL, 1978) e da raça Alpina. Há relatos de indivíduos com
produções extremas, como os 1863 kg produzidos em 300 dias por uma cabra
da raça Saanen, na China (NONGXUEYUAN, 1984) e 3084 kg em 305 dias, por
um animal da mesma raça, na Austrália (SANDS & McDOWELL, 1978).
Pelo
aumento
desta
atividade,
evidencia-se
a
necessidade de se canalizar esforços no sentido de aumentar a produção de
leite dos caprinos, tanto em função da rentabilidade do empreendimento
para o produtor, quanto para o suprimento do mercado, para o consumidor.
Para o aumento de produção de leite é necessária uma ação conjunta em
áreas como a nutrição, sanidade, manejo em geral e, principalmente, o
melhoramento genético.
Apesar da limitação dos estudos sobre programas de
seleção de caprinos leiteiros no mundo todo e no Brasil, percebe-se nessa
espécie um alto potencial produtivo e reprodutivo, sendo que os resultados já
obtidos indicam possibilidades encorajadoras (ILOEJE & VAN VLECK, 1978),
visto que os caprinos apresentam uma alta taxa reprodutiva e menor intervalo
9
de gerações que os bovinos (SHELTON, 1978). Isto é reforçado por STEINE
(1982), que afirmou que com um esquema de melhoramento de caprinos
bem organizado, é possível obter um progresso genético mais rápido que
com bovinos leiteiros, principalmente devido ao menor intervalo de gerações,
e também porque a análise de dados de cabras leiteiras indica um potencial
genético mais alto que em bovinos leiteiros.
DEVENDRA (1981) reforça essas afirmações, apontando
que pelos resultados obtidos por Devendra (1975), tem sido claramente
demonstrado que as cabras leiteiras com elevado mérito genético, como as
das raças Saanen e Alpina, são superiores a vacas, búfalas e ovelhas e que
este ponto confirma cálculos prévios realizados por Devendra & Burns (1970),
onde a produção por unidade de peso vivo em cabras foram superiores a
vacas e búfalas, com diferenças da ordem de 8 a 28%.
Através do uso da seleção como ferramenta para o
melhoramento genético, o objetivo é selecionar animais aptos para produzir
alimentos de qualidade com o menor custo possível (STEINE, 1982). Em
conjunto
com
a
análise
da
capacidade
produtiva,
o
desempenho
reprodutivo indica os indivíduos com possibilidade de maior produção leiteira
na vida útil, além do maior número de indivíduos nascidos a cada ano,
permitindo uma maior pressão de seleção e possibilitando um maior ganho
genético anual.
As características que têm valor monetário na produção
de
um
plantel
são
denominadas
características
econômicas.
Tais
características apresentam geralmente uma variação contínua, podendo
assumir valores extremos, além de todos os intermediários. Isto ocorre porque
são dependentes de diversos pares de genes, o que faz com que sejam
conhecidas como “características quantitativas”. O fato do ambiente
normalmente ter uma grande influência na expressão da maioria das
características quantitativas, e estas serem influenciadas por muitos pares de
10
genes, torna necessário o emprego de princípios e procedimentos específicos
para estudá-las do ponto de vista genético (LASLEY, 1978).
Dentre as características que podem ser utilizadas para
avaliar o desempenho dos animais, que são mensuradas no rebanho de
modo
relativamente
simples
e
têm
interesse
econômico,
estão
as
reprodutivas, como a Idade ao Primeiro Parto (IPP) e o Intervalo de Partos
(IEP), a Produção de Leite (PL) e a Duração da Lactação (DL), podendo ser
avaliadas através dos registros de desempenho, que, segundo RICORDEAU et
al. (1992), é a primeira ferramenta da seleção.
A PL e a DL, características intimamente relacionadas,
têm sua importância bem clara. Já a IPP e o IEP, além de influírem na vida útil
do indivíduo, determinam o intervalo de geração da população, o número
de animais resultantes e, ainda, são um indicativo do nível de adaptação da
raça naquele meio (SIMPLÍCIO, 1992).
3.1.1. Idade ao Primeiro Parto (IPP)
A vida produtiva da cabra leiteira está estreitamente
ligada à IPP (KUMAR et al., 1980). A IPP pode ser considerada o evento
reprodutivo mais importante, pois está atrelado ao início da vida produtiva.
Sendo precoce, pode reduzir o intervalo de gerações, além de aumentar a
eficiência reprodutiva, o que leva a um melhor resultado. Os caprinos são
animais precoces, que por volta dos 4-5 meses de idade entram em
puberdade e atingem sua maturidade sexual em torno dos 6-7 meses,
estando, portanto, aptos para a reprodução. No caso das fêmeas, a idade
deve ser avaliada em conjunto com o peso corporal. Atualmente, o manejo
mais comumente utilizado preconiza que o peso do animal no início da vida
reprodutiva deve equivaler a 60 a 70% do peso de uma fêmea adulta da
11
mesma raça. Como o período de gestação de cabras Saanen foi estimado
em 152 dias (RIBEIRO et al., 1996a), uma cabrita coberta aos 6-7 meses terá
seu primeiro parto aos 11-12 meses.
Um fator que pode influenciar a IPP é o efeito do
fotoperíodo pois, as cabras leiteiras de origem européia, como é o caso da
Saanen,
na
região
Centro-Sul
brasileira,
apresentam
o
mesmo
comportamento poliéstrico estacional que em seus países de origem (RIBEIRO
et al., 1996b), ou seja, começam a ciclar quando o número de horas de luz do
dia começa a diminuir (fotoperíodo decrescente), e as cabritas que não são
fertilizadas em dada estação, provavelmente não apresentarão atividade
sexual antes do segundo ano de vida (SHELTON, 1978; CORTEEL, 1994;
GONÇALVES, 1996). Segundo HAAS (1994), a maior parte das gestações iniciase no final do verão e no outono, correspondendo, no Brasil, aos meses de
fevereiro a maio, com os últimos cios férteis no início do inverno (junho). Assim,
caso as cabritas atinjam o peso e idade mínimos em condições de
fotoperíodo crescente (julho-dezembro), só irão apresentar cio na próxima
estação de fotoperíodo decrescente (janeiro-junho), fazendo com que a IPP
seja de 520-550 dias (17-18 meses), a menos que seja utilizada alguma técnica
de indução de cio. Esta prática leva a um círculo-vicioso, onde as cabritas,
crias de cabras que têm cio induzido alcançam o ponto de cobertura no
fotoperíodo crescente e, para que venham a parir com 1 ano de idade, é
necessária, também, a indução do cio (TRALDI, 1994).
Na Tabela 1 encontram-se as médias estimadas da IPP,
obtidas por vários autores para diversas raças e em diferentes países. Verificase que a IPP variou de 13 a 28 meses, mostrando uma grande diversidade
desta característica.
A idade ao primeiro parto pode ser influenciada por
vários fatores de origem ambiental, tais como o ano e a estação de
nascimento, o tipo de parto que originou o animal, a idade da mãe ao parto
12
e, principalmente, as condições de fotoperíodo quando o animal atinge a
maturidade sexual.
13
Tabela 1. Médias e erros-padrão da média de Idade ao Primeiro Parto (IPP) de
caprinos, em meses, de acordo com autor, país, raça e número de
animais (n).
Autor
país
raça
n
IPP
KUMAR et al. (1980)
Índia
Bee-Alp-Alp X Bee
239
19,1
GARCIA & GALL (1981)
-
-
-
14 a 29*
CHAWLA & BHATNAGAR (1982)
Índia
Bee-Alp-Saa
-
19,4
KENNEDY et al. (1982)
EUA
Alp-Saa-Tog-Nub
3286
17,2±4,9
RIERA (1982)
-
-
-
12 a 25*
SINGH & ACHARYA (1982)
Índia
Bee
1436
25,9±0,2
GARCIA et al. (1983a)
Venezuela
-
1538
22,8
WILSON et al.(1984)
Kenya
-
28
18,5±4,0
KANAUJIA et al. (1987)
Índia
Bee
51
24,5±0,5
BB
95
20,1±0,4
LAL et al. (1987)
WILSON et al. (1989)
Índia
Ruanda
BB
leiteiras
205
175
15,3±0,3
21,3±0,9
23,1±1,2
AHMED (1992)
JAN & GUPTA (1992)
-
BB
Alp
Nub
Bee
Alp/Nub X Bee
-
13,0±1,4
20,7±1,0
28,3±1,9
24,7±0,8
23,3±0,6
KROPF et al. (1992)
-
Sih-SihXAlp-SihXTog
-
25,1
GALINA et al. (1995)
México
Alp-Saa-Tog-Nub
1675
14,0±3,0
NAHARDEKA et al. (1995)
India
cruzamentos
975
25,4
GONÇALVES (1996)
Brasil
Saa-Alp-Tog
590
20,2± 0,6
Moçambique
* Dados de revisão; Alp=Alpina; BB=Black Bengal; Bee=Beetal; Nub=Nubiana; Saa=Saanen;
Sih=Sirohi; Tog=Toggenburg; WAD=West African Dwarf.
14
O efeito do ano de nascimento reflete as variações
sazonais na quantidade e qualidade dos alimentos e mudanças no manejo
do rebanho, além de mudanças genéticas ocasionadas pela incorporação
de novos animais ao rebanho e pelo descarte de animais velhos ou menos
produtivos (KUMAR et al., 1980; WILSON et al., 1989; GALINA et al., 1995;
NAHARDEKA et al., 1995; GONÇALVES, 1996).
Ao longo do ano, as variações ocasionadas pela
disponibilidade de chuvas, luminosidade, temperatura e fertilidade do solo
refletem-se na disponibilidade de forragens. Este efeito é particularmente
importante para esta espécie devido ao peso mínimo necessário para a
cobertura das fêmeas e o seu comportamento reprodutivo sazonal (SANDS &
McDOWELL, 1978; KUMAR et al., 1980; WILSON et al., 1984; LAL et al., 1987;
WILSON et al., 1989; AMOAH & GELAYE, 1990; KROPF et al., 1992; NAHARDEKA
et al., 1995; GONÇALVES, 1996).
A idade da mãe, ou ordem de parto, podem influenciar
a IPP de suas filhas, uma vez que influenciam o peso ao nascimento e taxa de
crescimento (MAVROGENIS et al., 1984b; DAS & BOX, 1992), estando vinculado
à entrada da prole na vida reprodutiva (WILSON et al., 1989).
Geralmente, animais provenientes de partos simples
nascem mais pesados, podendo atingir o peso mínimo para cobertura mais
cedo e, portanto, levando a uma diminuição na IPP (SANDS & McDOWELL,
1978; WILSON et al., 1984; LAL et al., 1987; AMOAH & GELAYE, 1990).
3.1.2. Intervalo de Partos (IEP)
O intervalo de partos, que compreende o período entre
dois partos consecutivos, além de mensurar a eficiência reprodutiva, é,
também, uma medida indireta do desempenho produtivo de um rebanho. O
15
número de partos durante o tempo de vida de uma cabra determina a
longevidade produtiva do animal e o intervalo de partos é da maior
importância para o incremento da produção, sendo que a variação desta
característica depende, principalmente, da sazonalidade na atividade
reprodutiva (GARCIA & GALL, 1981).
Devido ao período de gestação relativamente curto dos
caprinos (152 dias), é possível o planejamento de 3 partos a cada 2 anos,
conduzindo, assim, a lactações mais curtas. Biologicamente, a cabra oferece
potencial para parir com intervalos de 7-8 meses, aproximadamente,
considerando-se o período de gestação mais 40 dias (em média) após o
parto para que o útero tenha condições para receber um novo concepto
(SIMPLÍCIO, 1992). Contudo, há o empecilho da sazonalidade estral,
influenciada pelo fotoperíodo e, consequentemente, as técnicas de indução
de cios utilizadas para superar esse efeito interferem no IEP.
Segundo SIMPLÍCIO (1992), o IEP deve ser analisado em
função dos objetivos da criação. A exploração para carne e pele seria
beneficiada com um IEP médio de 8 meses. Entretanto, nas criações de duplo
propósito (carne/leite), seria conveniente um
IEP médio de 10 meses,
permitindo, assim, um período de lactação de 8 meses, mais um repouso de
50 a 60 dias. Quando a exploração é fundamentalmente leiteira, registra-se,
internacionalmente, que a cabra é manejada de forma a parir uma vez ao
ano, conduzindo uma lactação média de 10 meses (305 dias).
Os IEP médios obtidos por diversos autores, em dias, por
raça e país, variaram entre 180 e 480 dias, como é mostrado na Tabela 2.
16
Tabela 2. Médias e erros-padrão da média de Intervalo de Partos (IEP) de caprinos,
em dias, de acordo com autor, país, raça e número de observações (n).
Autor
país
raça
n
IEP
GARCIA & GALL (1981)
-
-
-
180 a 407#
MONTALDO et al. (1981)
México
Alp-Gra-Nub-Saa-Tog
250
401
CHAWLA & BHATNAGAR (1982) Índia
Bee-Alp-Saa
-
351±15
GROSSMAN et al. (1982)
-
Alp-Lma-Nub-Saa-Tog
70969
360
RIERA (1982)
-
-
-
240 a 480#
SIMPLÍCIO et al. (1982)
Brasil
SRD
-
283±90
SINGH & ACHARYA (1982)
Índia
Bee
1436
382±3*
GARCIA et al. (1983a)
Venezuela
-
1538
356
WILSON et al. (1984)
KANAUJIA et al. (1987)
Kenya
Índia
Bee
BB
Ruanda
Moçambique -
332
27
59
498
255
306
359±11*
338±10*
343±13,8
408±14,9
CABELLO et al. (1991)
-
Anu
-
231
MELLADO et al. (1991)
-
Nub
296
301±4
AHMED (1992)
-
BB
-
218±26
JAN & GUPTA (1992)
-
Alp-Nub-Bee
-
334±11
KROPT et al. (1992)
-
Sih-SihXAlp-SihXtog
-
458±32
TRALDI et al. (1992)
Brasil
SRD
-
291±90
GALINA et al. (1995)
México
Alp-Saa-Tog-Nub
1675
347±56
NAHARDEKA et al. (1995)
India
cruzamentos
975
302
GONÇALVES (1996)
Brasil
Saa-Alp-Tog
735
340± 13
WILSON et al. (1989)
# = Dados de revisão; * = primeiro intervalo de partos Alp=Alpina; Anu=Anglo-Nubiana; BB=Black
Bengal; Bee=Beetal; Lma=La Mancha; Nub=Nubiana; Saa=Saanen; Sih=Sirohi; SRD=Sem Raça
Definida; Tog=Toggenburg; WAD=West African Dwarf.
17
O intervalo de partos pode ser influenciado por diversos
fatores ambientais, dentre os quais estão o ano e estação de ocorrência e o
tipo do parto anterior ao intervalo.
A variação anual, já referida, pode alterar o IEP, pelas
diferenças no nível nutricional e sanitário dos animais, além da variação
genética (MONTALDO et al., 1981; WILSON et al., 1989; GALINA et al., 1995;
NAHARDEKA et al., 1995; GONÇALVES, 1996).
Devido
à
variação
dentro
do
ano,
pelos
fatores
ambientais como um todo, já citados e, principalmente, pelo número de
horas de luz por dia, que são fatores desencadeadores do estro nas cabras,
além de seu estado nutricional, ocorrem variações entre as diferentes épocas
de parto (ILOEJE & VAN VLECK, 1978; SANDS & McDOWELL, 1978; RIERA, 1982;
WILSON et al., 1984; WILSON et al., 1989; CABELLO et al., 1991; GALINA et al.,
1995; NAHARDEKA et al., 1995; GONÇALVES, 1996).
A formação de grupos contemporâneos objetiva unir
indivíduos que sofrem os mesmos efeitos de estação, que variam, por sua vez,
entre
anos.
Assim,
animais
que
pertencem
a
um
mesmo
grupo
contemporâneo, tendem a ser mais homogêneos entre si e têm as mesmas
influências ambientais, tornando a análise genética mais acurada.
Partos múltiplos podem ocasionar alterações no IEP
posterior, estendendo-o, devido ao estresse da cabra, uma vez que para
gerar e manter a gestação de um maior número de cabritos há uma maior
mobilização de nutrientes, fazendo com que seja necessário um período
maior de recuperação da mãe até o próximo parto (RIERA, 1982; WILSON et
al., 1984; WILSON et al., 1989; GALINA et al., 1995).
O reprodutor, como responsável por 50% do genótipo da
progênie, pode interferir no IEP, além de permitir a estimação dos
componentes de variância, como efeito aleatório (GONÇALVES, 1996).
18
3.1.3. Produção de Leite (PL)
Na
produção
de
leite
o
objetivo
é
melhorar
a
produtividade, ou seja, a produção por unidade de tempo ou por animal.
Outro ponto importante a se considerar é a distribuição do produto ao longo
do ano: devido à sazonalidade produtiva, decorrente da estacionalidade
reprodutiva, torna-se difícil a manutenção da oferta do produto e,
consequentemente, do mercado consumidor (RIBEIRO & RIBEIRO, 1996).
Nem sempre um aumento da produção garante um
maior lucro. Segundo CARAMELLE (1993), um aumento de produção por
cabra, na França, de 667 litros em 1990 para 672 litros em 1991, em média,
não impediu um decréscimo no lucro por litro de leite, em razão da queda do
preço do litro de 1,81 para 1,72 (valores em francos), no mesmo período. Mais
uma vez, a produtividade mostra-se como um caminho, seja para maximizar
os ganhos ou, ao menos, minimizar as perdas.
Ocorre uma grande variação na expressão desta
característica e, de acordo com os autores citados, os valores médios de
produção de leite variou de 101 a 949 kg, com duração entre 134 e 287 dias,
como pode ser observado na Tabela 3.
A produção de leite pode ser influenciada por vários
fatores de origem ambiental, tais como o ano e a estação do parto, a idade
da cabra ao parto, o tipo de parto e a duração da lactação.
19
Tabela 3 - Médias e erros-padrão da média de Produção de Leite (PL) de caprinos, em kg
e Duração da Lactação (DL), em dias, de acordo com autor, país, raça e
número de observações (n).
Autor
país
raça
n
PL
DL
ALDERSON & POLLAK (1980)
EUA
Alp-Lma-Saa-Tog
2097
949
-
WIGGANS EUA
Alp-Lma-NubSaa-Tog-SRD-Mix
44870
878
-
GROSSMAN
(1980)
&
MONTALDO et al. (1981)
México
Alp-Gra-Nub-Saa-Tog 1194
295
247
GROSSMAN et al. (1982).
KENNEDY et al. (1982)
EUA
EUA
Alp-Lma-Nub-Saa-Tog 70969
Alp-Saa-Tog
1999
Nub
1287
750
693±252
568±225
258
266±51
248±56
MARQUES & SOLER (1982)
-
Mur/Gra-Mal-
8014
429
200
NORMAN et al. (1982)
EUA
leiteira
1100
861
287
SAHNI & CHAWLA (1982)
-
Saa
-
287 a 1011
244 a 263*
SINGH & ACHARYA (1982)
Índia
Bee
1436
154
174
GARCIA et al. (1983b)
Venezuela
cruzamentos
989
101,5
180,8
SUBIRES et al.(1988)
Espanha
Mal
2522
448±19
210&
BAKER & SOUZA NETO (1989)
Brasil
Anu-SRD-Bhuj- etc 271
107
134
BARBIERI et al. (1990a)
BARBIERI et al. (1990b)
-
Alp X Mox
Saa
Alp
Anu
50
191
131±10
270±7
251±9
152±10
192±4
117±6
156±7
264±7
CABELLO et al. (1991)
-
Anu
-
211
196
MIOC et al. (1991)
JAN & GUPTA (1992)
-
Saa
Alp-Nub-Bee
Alp/Nub X Bee
-
340
212±16
332±22
246
204±11
224±8
MOURAD (1992)
Egito
Alp
550
487±28
245±17
RICORDEAU et al.(1992)
França
-
236000
681#
-
SONGJIA et al. (1992)
-
Saa-Gua-SaaXGua
-
322±94
300&
FRESNO et al. (1994)
I. Canárias
Maj
452
547±4
-
BROWNING et al. (1995)
EUA
Alpina
499
836
305&
GONÇALVES (1996)
Brasil
Saa-Alp-Tog
1336
635± 40
236± 10
ZENG & ESCOBAR (1995)
EUA
Alp
15
646
240&
* = Dados de revisão; #=Controle leiteiro oficial da França, &=Ajustada. Alp=Alpina;
Anu=Anglo-Nubiana; BB=Black Bengal; Bee=Beetal; Gra=Granadina; Gua=Guanzhong;
Lma=La Mancha; Maj=Majorera; Mal=Malaguena; Mix=Misto; Mox=Moxotó; Mur=Murciana;
Nub=Nubiana; Saa=Saanen; Sih=Sirohi; SRD=Sem Raça Definida; Tog=Toggenburg;.
20
Inserido no efeito de ambiente, em função da variação
das condições climáticas, do manejo e alimentação para os diferentes anos,
além da variação genética com o passar dos anos, devido à seleção dos
animais, como já exposto, existem diferenças entre anos (ILOEJE & VAN VLECK,
1978; GROSSMAN & WIGGANS, 1980; MONTALDO et al., 1981; FINLEY et al.,
1982; KENNEDY et al., 1982; MAVROGENIS et al., 1984b; SULLIVAN et al., 1986;
WELLER et al., 1987; WIGGANS, 1989; BARBIERI et al., 1990a, 1990b; KROPF et al.,
1992; ANALLA et al., 1995; BROWNING Jr. et al., 1995; GONÇALVES, 1996).
As mudanças ambientais ocorridas dentro do ano e a
oscilação na qualidade da dieta oferecida aos animais, já citadas (ILOEJE &
VAN VLECK, 1978; SANDS & McDOWELL, 1978; ALDERSON & POLLAK, 1980;
GROSSMAN & WIGGANS, 1980; MONTALDO et al., 1981; KENNEDY et al., 1982;
STEINE, 1982; WIGGANS, 1982; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al., 1984b;
SULLIVAN et al., 1986; WELLER et al., 1987; WIGGANS, 1989; BARBIERI et al.,
1990b; KALA & PRAKASH, 1990; CABELLO et al., 1991; DAS & BOX, 1992; JAN &
GUPTA, 1992; MOURAD, 1992; KROPF et al., 1992; ANALLA et al., 1995;
GONÇALVES,
1996;
ZENG
&
ESCOBAR,
1995),
além
do
efeito
do
fotoperiodismo, ao qual os caprinos são sensíveis, com o número de horas de
luz
por
dia
proporcionando
a
estacionalidade
reprodutiva
e,
consequentemente, produtiva, característica dessa espécie (HAAS, 1994;
TRALDI, 1994; RIBEIRO & RIBEIRO, 1996).
Ocorrem variações ambientais entre anos, as quais não
são previsíveis. Da mesma forma, ocorrem variações dentro dos anos, ou seja,
entre as épocas de um mesmo ano. A formação de grupos contemporâneos
busca o agrupamento de fêmeas que pariram num mesmo ano e sob a
mesma época, com o objetivo de formar conjuntos de animais que estejam
sob condições o mais semelhantes possíveis.
21
Do ponto de vista fisiológico, SUBIRES et al. (1988)
afirmam que a ordem de parto e o tipo de parto são dos principais fatores
que influem na PL.
Normalmente, as menores produções de leite ocorrem
na primeira lactação e há uma tendência de aumento até os 4 ou 5 anos de
idade da cabra, correspondendo ao 30 ou 40 parto (ILOEJE & VAN VLECK,
1978; SANDS & McDOWELL, 1978; MONTALDO et al., 1981; KENNEDY et al., 1982;
GROSSMAN & WIGGANS, 1980; ALDERSON & POLLAK, 1980;
STEINE, 1982;
WIGGANS, 1982; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al., 1984 b; GROSSMAN
et al., 1986; SULLIVAN et al., 1986; SUBIRES et al., 1988; WIGGANS, 1989; BARBIERI
et al., 1990a, 1990b; KALA & PRAKASH, 1990; DAS & BOX, 1992; KROPF et al.,
1992; MOURAD, 1992; ANALLA et al., 1995; BROWNING Jr. et al., 1995; ZENG &
ESCOBAR, 1995; GONÇALVES, 1996).
A
influência
dos
hormônios
circulantes,
lactogênio
placentário, progesterona e prolactina, durante a gestação, estimulantes da
glândula mamária, que diferem em quantidade conforme o tipo de
gestação, ou seja, simples ou múltipla, podem afetar a futura produção de
leite (SANDS & McDOWELL, 1978; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al.,
1984 b; Hayden et al. (1979) citado por SUBIRES et al., 1988; BARBIERI et al.,
1990a , 1990b; MIOC, 1991; MOURAD, 1992; ANALLA et al., 1995; BROWNING JR.
et al., 1995).
O período de lactação é de extrema importância na
produção de leite total, pois com um período mais longo, normalmente,
obtêm-se
maiores
produções,
devido
à
alta
correlação
entre
essas
características (ILOEJE & VAN VLECK, 1978; SANDS & McDOWELL, 1978;
WIGGANS, 1982).
Como já foi referido, o reprodutor, como responsável por
50% dos genes passados à próxima geração, também influi na característica
22
(FINLEY et al., 1982; SULLIVAN et al., 1986; WELLER et al., 1987; GONÇALVES,
1996).
3.1.4. Duração da Lactação (DL)
A duração da lactação é determinada por diversos
fatores, predominantemente pelo manejo, onde o criador decide, dentro de
certos limites, o período de produção que considera adequado, seja por
determinação da demanda do mercado ou pelo próximo parto. Existe,
contudo, a limitação de persistência para alguns animais.
A DL da lactação pode ser influenciada por diversos
efeitos ambientais, que também afetam a PL, como o ano e estação de parto
(MONTALDO et al., 1981; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al., 1984 b;
BARBIERI et al. 1990a, 1990b; CABELLO et al., 1991; DAS & BOX, 1992; JAN &
GUPTA, 1992; KROPF et al., 1992; TRALDI, 1994; GONÇALVES, 1996), idade da
cabra ao parto (MONTALDO et al., 1981; GARCIA et al., 1983b; BARBIERI et al.,
1990a, 1990b; DAS & BOX, 1992; GONÇALVES, 1996) e tipo de parto
(MAVROGENIS et al., 1984 b; BARBIERI et al., 1990a, 1990b; MIOC, 1991), além do
efeito do nível de produção da cabra, havendo evidências de uma relação
positiva e linear entre o nível de produção total do indivíduo e o comprimento
da lactação (SANDS & McDOWELL, 1978).
Da
mesma
forma
que
para
a
PL,
os
grupos
contemporâneos são adequados na análise da DL. Assim bem como o efeito
do reprodutor (GONÇALVES, 1996).
23
3.2.
Parâ
metros genéticos, fenotípicos e melhoramento em caprinos
leiteiros
Os principais objetivos do melhoramento genético são
alcançar elevados rendimentos e, como aspecto importante para a
viabilidade da atividade, um bom resultado reprodutivo. Por meio da alta
eficiência reprodutiva, pode-se obter um maior número de animais nascidos a
cada ano e, portanto, uma maior pressão de seleção e maior ganho
genético anual.
O melhorista dispõe, basicamente, de duas estratégias
para promover o melhoramento genético: a seleção e os sistemas de
acasalamento. A combinação desses recursos, conforme BARBOSA (1992), é
conhecida como plano de melhoramento.
Pela seleção devem ser eleitos para serem os pais da
futura geração os indivíduos geneticamente superiores (tanto os bodes
quanto as cabras). A existência de variação genética entre indivíduos permite
que se use esse tipo de recurso.
Segundo MAVROGENIS et al. (1984 b), a utilização efetiva
da
variação
genética
no
melhoramento
animal
requer
informações
confiáveis dos efeitos ambientais e genéticos sobre as características
produtivas. Consequentemente, a estimativa dos parâmetros genéticos como
base em qualquer programa de melhoramento é fundamental.
A superioridade dos indivíduos é relativa a características
arbitrariamente determinadas pelo melhorista ou criador, visando a melhor
eficiência produtiva da população. Contudo, não deve ser relevado que o
progresso genético é reduzido quando se seleciona para mais de uma
característica ao mesmo tempo.
Segundo SIGWALD & PIACERE (1994), a base para um
programa de seleção de caprinos leiteiros vem de:
24
- animais identificados, com dados confiáveis;
- informações de genealogia (filiação), tão completas quanto possível;
- controle leiteiro regular;
- definição dos objetivos de seleção.
No caso do programa de melhoramento genético de
caprinos da França, apesar de bem desenvolvido, seus objetivos não
coincidem inteiramente com os interesses dos criadores brasileiros, pois, para
os franceses, mais do que a quantidade total de leite, interessa o seu
conteúdo em proteína, para transformá-lo em queijos e como existe uma
relação entre a produção de proteína total e a fração αs1 da caseína,
selecionam para tal fração.
Para os criadores brasileiros, uma vez que o maior
mercado nacional para o leite de cabra é justamente para indivíduos com
alergia a esta fração da caseína, da qual o leite bovino é rico, a seleção a
favor desta fração da proteína é contraproducente. Uma vez estabelecidos
os objetivos a serem alcançados pelo melhoramento genético para caprinos,
é necessária a avaliação da população a ser trabalhada, de maneira a
identificar os indivíduos geneticamente superiores, que deverão
ser
selecionados para serem os pais da próxima geração, na forma de
reprodutores e matrizes. Desde que os indivíduos a serem utilizados na
reprodução estejam definidos, o melhoramento genético só será efetivo se os
acasalamentos forem orientados, pelo melhorista ou criador, no sentido dos
objetivos pré-estabelecidos.
Torna-se necessária a implementação de um programa
de melhoramento genético de caprinos leiteiros no Brasil, levando em conta
os objetivos pertinentes, além de evitar, desta forma, a entrada de doenças
exóticas como já tem acontecido e, principalmente, aumentando o uso dos
reprodutores (ou seu sêmen) superiores para as nossas condições.
25
3.2.1. Herdabilidade e repetibilidade
O conhecimento das estimativas de herdabilidade das
características é essencial no delineamento do método a ser utilizado nos
programas de melhoramento e seleção, pois ela representa a quantidade da
variância fenotípica total causada pela variação dos valores genéticos
aditivos. O potencial para melhoramento genético é dependente da
herdabilidade da característica e sua relação com outras características de
importância econômica (MAVROGENIS et al., 1984b). Quando a estimativa da
herdabilidade é alta, indica uma correlação entre o fenótipo e o genótipo
dos indivíduos também é alta e, portanto, a seleção com base no
desempenho do próprio indivíduo pode ser efetiva. Se por outro lado, a
estimativa de herdabilidade é baixa (de 10 a 15%, ou menor), a correlação
entre o genótipo e o fenótipo dos indivíduos seria pequena, indicando que o
desempenho do próprio indivíduo não seria a maneira mais adequada de
selecionar os pais da futura geração.
O coeficiente de repetibilidade representa o grau em
que dada característica se repete ao longo do tempo. Sua importância reside
na possibilidade de avaliar um animal baseado em sua primeira informação
da característica, desde que este coeficiente seja alto. Ambas as estimativas
são específicas para o conjunto de dados, em determinada geração.
Os trabalhos dedicados às estimativas de herdabilidade
de IPP apresentam desde valores baixos, como 0,15±0,06 obtido por SINGH &
ACHARYA (1982) com 1436 cabras da raça Beetal, na Índia; 0,06, obtido por
NAHARDEKA et al. (1995), com 975 partos, na India e 0,22 e 0,27 obtidos por
GONÇALVES (1996), com 590 cabras das raças Saanen, Alpina e Toggenburg,
no Sudeste brasileiro, pelo método de quadrados mínimos e máxima
verossimilhança restrita, respectivamente, até estimativas bastante altas,
como 0,55, 0,54 e 0, 51, obtidas por Ronningen (1965), Singh et al. (1970) e
26
Bouillon
e
Ricordeau
(1975),
respectivamente,
citados
por
SANDS
&
McDOWELL (1978).
As estimativas de herdabilidade (h2) do IEP presentes na
literatura consultada, apresentam valores de 0,30, obtido por NAHARDEKA et
al. (1995), com 975 partos, na India, estimativas com valores inferiores, foram
obtidos 0,04 e 0,0003 por GONÇALVES (1996), com 735 cabras Saanen, Alpina
e Toggenburg no Sudeste brasileiro, pelo método de quadrados mínimos e
máxima verossimilhança restrita, respectivamente, e 0,03±0,01 por ODUBOTE
(1996), com a raça West African Dwarf.
Já para a repetibilidade (t), as estimativas obtidas por
SINGH & ACHARYA (1982) foram 0,15±0,06 com 1436 cabras da raça Beetal,
na Índia, GARCIA et al. (1983a), que estimaram em 0,03 com 1538 cabras
cruzadas, na Venezuela, WILSON et al. (1989) obtiveram 0,09±0,085 com 255
cabras da raça Moçambique em Ruanda e GONÇALVES (1996) obteve
estimativas iguais a 0,103 e 0,0853 com 735 cabras das raças Saanen, Alpina e
Toggenburg no Sudeste brasileiro, pelo método de quadrados mínimos e
máxima verossimilhança restrita, respectivamente, e 0,05 por ODUBOTE (1996),
com a raça West African Dwarf.
Embora variáveis, as estimativas dos parâmetros do IEP
são todas de pequena magnitude, ou seja, grande parte da variação na
característica deve-se a fatores ambientais e uma única medida pode não
expressar bem o seu potencial.
Na Tabela 5 são apresentadas as estimativas de h2 para
a característica PL, variando de 0,16 a 0,72 e de t, variando de 0,22 a 0,46, de
acordo com vários autores, países e raças.
Tabela 4. Valores de herdabilidade (h2) e repetibilidade (t), com os respectivos
erros-padrão, de Produção de Leite (PL) por autor, país, raça e número
de observações (n).
27
Autor
país
raça
n
h2
t
KENNEDY et al. (1982)
EUA
Alp-Saa-Tog
Nub
1999
1287
0,682
0,352
-
MONTALDO et al. (1982)
México
Alp-Gra-Nub-Saa-Tog
718
-
0,59±0,03
SAHNI & CHAWLA (1982)
-
-
-
0,28 a 0,721
-
SINGH & ACHARYA (1982) Índia
Bee
1436
0,29±0,092
-
MAVROGENIS et al. (1984 b)
Chipre
Dam
436
0,29±0,134
-
NONGXUEYUAN (1984)
China
Saa
-
0,162 / 4
-
CONSTANTINOU et al. (1985)
GROSSMAN et al. (1986)
Alemanha -
EUA
Alp-Lma-Nub-SaaTog
SULLIVAN et al. (1986)
CONSTANTINOU
& MAVROGENIS (1987)
EUA
Síria
CONSTANTINOU (1989)
KALA & PRAKASH (1990)
Chipre
Índia
LUO (1992)
0,29±0,08
29908 -
0,42
Alp-Nub-Saa-Tog
Dam
2085
-
0,46
0,29-0,35
0,43
0,39-0,46
-
Dam
Jam
Bar
Xin
557
338
264
-
0,35±0,13
0,40±0,13
0,36±0,08
0,243
0,375
0,46±0,04
-
MOURAD (1992)
Egito
Alp
220
-
0,36
RABASCO et al. (1993)
-
Ver
-
0,24
-
BISHOP et al. (1995)
GONÇALVES (1996)
Canadá
Brasil
Saa- Alp-Tog
2987
1336
0,29
0,30± 0,08
0,226
0,28± 0,03
0,226
= Dados de revisão; 2 = primeira lactação; 3 = 90 dias de lactação; 4 = 150 dias de lactação; 5
= 300 dias de lactação; 6 = resultados obtidos por REML
Alp=Alpina; Bar=Barbari; Bee=Beetal; Dam=Damascus; Jam=Jamnapari; Lma=La Mancha;
Nub=Nubiana; Saa=Saanen; Tog=Toggenburg; Ver=Verata; Xin=Xinong Saanen.
1
28
As estimativas de h2
da DL
apresentam grande
variação, tendo sido reportado o valor 0,16 por NONGXUEYUAN (1984), na
China, 0,16±0,06 por CONSTANTINOU et al. (1985), na Alemanha, 0,19 por ROY
et al. (1992), enquanto GONÇALVES (1996) obteve 0,11 e 0,12 com 1336
cabras das raças Saanen, Alpina e Toggenburg no Sudeste brasileiro, pelo
método
de
quadrados
mínimos
e
máxima
verossimilhança
restrita,
respectivamente.
A estimativa de t da DL de 0,23±0,05 foi publicada por
MONTALDO et al. (1982), por 718 observações, no México, 0,22 foi obtida por
GARCIA et al. (1983b), com 989 lactações, na Venezuela e por GONÇALVES
(1996), que obteve 0,11 e 0,12, pelo método dos quadrados mínimos e
máxima verossimilhança restrita, respectivamente.
De maneira geral, as estimativas de herdabilidade e de
repetibilidade revisadas da DL foram baixas, embora os trabalhos apresentem
variações. Portanto, a DL sofre forte influência ambiental e são necessárias
mais de uma medida da característica para se obter a precisão adequada.
3.2.2. Correlações genéticas e fenotípicas entre características
de importâ
ncia econô
mica
Algumas
vezes
é
útil
ou
necessário
avaliar
uma
característica de forma indireta, seja por ser restrita a um sexo ou pela
dificuldade de mensuração, daí a grande importância das correlações, as
quais permitem conhecer o grau de dependência entre as características.
Essas estimativas, para caprinos, são escassas na literatura.
ILOEJE & VAN VLECK (1978), em sua revisão, relatam
correlações genéticas altas e positivas entre a PL e a IPP, enquanto as
correlações fenotípicas entre essas características foram baixas e positivas.
29
GONÇALVES (1996) encontrou correlação genética e fenotípica de 0,009 e
0,09 entre a PL e a IPP, respectivamente, pelo método da máxima
verossimilhança restrita. A correlação genética entre a PL e o IEP obtido por
GONÇALVES (1996) foi 1,00 e a fenotípica foi 0,21.
Segundo KENNEDY et al. (1982), a correlação genética e
fenotípica estimada entre PL e DL foram 0,78 e 0,66, respectivamente, para
cabras das raças Alpina, Saanen e Toggenburg. GROSSMAN et al. (1986)
encontraram o valor de 0,61 para a correlação fenotípica entre as mesmas
características, enquanto GONÇALVES (1996) obteve 0,53 e 0,81 como
correlação genética pelos métodos da máxima verossimilhança restrita e
quadrados mínimos, respectivamente e 0,60 e 0,62 para a correlação
fenotípica, também pelas duas metodologias.
3.2.3. Avaliação genética de animais por Modelo Animal
Esta havendo uma evolução na metodologia de avaliação
genética ao longo dos anos, em que o desenvolvimento de novas teorias,
conciliado à evolução das técnicas computacionais que as colocam em prática,
têm permitido aumentar a acurácia das estimativas dos componentes de
variância e dos valores genéticos dos animais.
FERRAZ
(1993)
relacionou
a
seguinte
sequência
de
métodos, empregados nas análises de variância:
a) os métodos da máxima verossimilhança;
b) a máxima verossimilhança por processo iterativo. Este procedimento
deriva da técnica de máxima verossimilhança de Henderson, para estimar efeitos
fixos no modelo misto e componentes de variância a partir do método III.
c) a
estimação
não
viciada
com
quadrados
normalidade (MINQUE), aplicada em modelos lineares;
mínimos
sob
30
d) a máxima verossimilhança restrita (REML). Considerado por
BOLDMAN et al. (1993) como o procedimento mais adequado a dados não
balanceados, para estimar componentes de covariância e variância;
e) a estimação quadrática não viciada de variância mínima
(MIVQUE);
f) a melhor predição linear não viciada (BLUP). Este método utiliza a
metodologia de modelos mistos sob modelo animal, aplicando a teoria discutida
por Henderson (1949), sendo citado por QUAAS & POLLACK (1980).
O uso do BLUP tem possibilitado superar uma série de
limitações decorrentes da utilização de metodologias padrões, a nível de
criatório ou de centrais de testagem, por modelos mistos. As equações do BLUP
incluem a inversa de uma matriz simétrica de parentesco, da qual provém os
laços genéticos entre todos os indivíduos da população. Além de incluir a
geração corrente dos animais em estudo, o BLUP considera todas as informações
dos ancestrais voltados para a população base. A única limitação para o
tamanho do modelo utilizado neste método seria a capacidade computacional
do equipamento usado na sua análise.
Inicialmente, é preciso lembrar que os modelos estatísticos,
propostos para os programas de melhoramento genético animal, são uma
aproximação de suas verdadeiras situações biológicas, de forma a serem
operacionais (SCHAEFFER, 1983). O modelo animal tem como função principal, a
descrição, da melhor maneira possível, da real situação biológica de um
programa de melhoramento genético (Kennedy et al., 1988 e Van Raden &
Wiggans, 1991, citados por FERRAZ, 1993).
O modelo animal inclui vários modelos e equações usados
para a predição de efeitos aleatórios e fixos, sendo que para cada efeito uma
única equação é definida. A solução deste conjunto de equações está na matriz
de parentesco que considera todas as informações conhecidas, inclusive de
animais que não tenham registros de produção.
31
A partir de diversos autores, FERRAZ (1993) relacionou as
principais propriedades do modelo animal, compiladas abaixo:
a) O modelo animal fornece estimativas não viciadas dos efeitos fixos
(BLUE) e predições lineares dos efeitos aleatórios (BLUP). A estimação dos efeitos
fixos e aleatórios pode ser feita em conjunto;
b) O modelo animal independe da distribuição normal da curva de
Gauss para fins de predição de valor genético. Isto permite dispensar os testes de
normalidade necessários para cada nova transformação dos dados;
c) Os efeitos da endogamia e da seleção sobre as estimativas são
considerados pelo modelo animal;
d) Os ajustes devidos a acasalamentos não aleatórios são praticados;
e) É possível estimar os efeitos maternos, os efeitos comuns ou
permanentes de ambiente e de grupos de animais;
f) Possibilidade de utilização de registros repetidos de animais,
tornando-se extremamente úteis na análise de dados de eficiência reprodutiva;
g) Permitem a estimação de componentes de variância e parâmetros
genéticos por meio da utilização simultânea de dados de meio irmãos paternos
ou maternos e irmãos completos, sem a necessidade de delineamentos
hierárquicos;
h) Fornecem a predição de valor genético aditivo em características
limitadas pelo sexo;
i) Podem ser usados na análise de dados oriundos de cruzamentos;
j) Estimam as tendências genéticas, fenotípicas e ambientais, mesmo
sem a utilização de população controle ou em dados com gerações
intercaladas ou sobrepostas;
l) Possibilitam a análise multivariada;
m) Permitem a estimação de efeitos de dominância e epistasia.
O método da máxima verossimilhança restrita (REML)
impede os vícios de amostras pequenas relacionados com efeitos fixos, podendo
32
também evitar vícios na seleção, de acordo com SCHAEFFER (1983). GRASER et
al. (1987) propuseram o uso de um algoritmo livre de derivadas para análise de
dados sob modelos mistos univariados, cujo efeito de animal era o único
aleatório. Com o uso do algoritmo não seria necessário a inversão de matrizes,
mas uma busca unidimensional seria realizada, envolvendo uma parte variante
do logaritmo da verossimilhança para determinar o máximo de sua função.
A partir do método de GRASER et al. (1987), conforme
FERRAZ (1993), um sistema denominado REML "livre de derivadas" (DFREML) foi
desenvolvido, visando utilizar o REML na obtenção de componentes de variância.
Posteriormente, segundo o autor, adaptações sobre o método original permitiram
maior rapidez nas análises e menor exigência em recursos computacionais, sendo
conhecido como Modelo Animal.
O Modelo Animal é capaz de avaliar tanto reprodutores
quanto
matrizes
e
mesmo
animais
jovens,
ainda
sem
medidas
de
desempenho próprias (HENDERSON, 1988; WIGGANS et al., 1988a; WIGGANS et
al., 1988b; WIGGANS, 1989; CARRIEDO et al., 1995; GONÇALVES, 1996).
A partir de 1993, a avaliação genética de caprinos
leiteiros na França passou a ser realizada pela metodologia do Modelo
Animal (SIGWALD & PIACERE, 1994; PIACERE, 1994).
4.
MATERIAL E MÉTODOS
4.1.
Material
As informações utilizadas neste estudo foram obtidas
junto ao Capril Serra de Andradas, criatório tradicional localizado no
município de Andradas, Minas Gerais. O município de Andradas situa-se a 22°
05' de latitude Sul e 46°35' de longitude Oeste, com altitude variando entre
900 e 1400 metros, precipitação anual em torno de 1500 mm, com chuvas
mal distribuídas. As temperaturas médias mensais são em torno de 22°C
durante o verão e, durante o inverno, embora as máximas diárias se situem
34
em torno de 27°C, como no verão, as mínimas são em torno de 10°C, com
ocorrência ocasional de geadas.
O Capril Serra de Andradas tem 5,7 ha e dedica-se,
exclusivamente, à caprinocultura leiteira, com um plantel médio de 60
matrizes da raça Saanen.
O sistema de criação foi o de semi-confinamento, onde
os animais tiveram acesso ao pasto, diariamente, das 10 às 15 horas.
Receberam, ainda, forragem no cocho, concentrado, conforme a categoria
e o nível de produção, sal mineral e água à vontade.
Rotineiramente foi feito um acompanhamento e controle
de ecto e endoparasitas, além de controle preventivo de mastite por meio de
uso de caneca telada, lavagem das tetas antes da ordenha e imersão em
iodo glicerinado após a mesma.
As cabritas foram cobertas pela primeira vez aos 35 kg
e/ou 10 meses de idade. A monta foi controlada e, predominantemente,
natural. Em virtude da estacionalidade reprodutiva dos caprinos e, sendo o
objetivo da exploração o leite, passou a ser feita a indução de cio por meio
de hormônios, efetivamente, a partir de 1991, embora tenha sido efetuada
em pequenos lotes a partir de 1989.
Os machos foram selecionados ao nascimento por
ascendência, peso ao nascimento e ausência de qualquer defeito aparente,
sendo os descartados castrados e doados, de imediato, a pessoas da região
que os criam para corte ou mesmo como animais de estimação. Foram
criados os machos destinados à reprodução e as fêmeas.
Logo após o parto, os cabritos foram separados da mãe,
recebendo colostro bovino por 2 dias e, a seguir, foram aleitados com leite de
vaca até o desmame, que acorreu, aproximadamente, aos 45 dias e/ou 12
kg. Os animais em aleitamento tiveram à disposição sal mineral e água à
35
vontade, além de concentrado e volumoso a partir da primeira semana de
vida, quando foi realizada a descorna dos indivíduos chifrudos.
A identificação dos indivíduos ocorreu logo após o
nascimento, tendo sido utilizado o sistema de brinco numerado. Até os 90 dias
de idade os animais receberam as tatuagens nas orelhas, constando de 5
dígitos em cada uma. Na orelha direita a numeração indica o estado e
criatório e na esquerda indica o ano e ordem de nascimento no criatório. A
união dos dígitos das orelhas direita e esquerda compõem o número de
Registro Genealógico de Nascimento do indivíduo (RGN) junto à Associação
de Criadores. Os machos com mais de um ano e as fêmeas já paridas são
inspecionadas por Inspetor de Registro Genealógico credenciado pela
Associação Brasileira de Criadores de Caprinos de Minas Gerais (ABCC). Os
que satisfazem os padrões da raça são resenhados e pontuados, recebendo
uma tatuagem na cauda (sinete) e obtêm o Registro Genealógico Definitivo
(RGD). Além das tatuagens e brincos, as fêmeas recebem placas plásticas
numeradas presas à coleiras, para facilitar a visualização nos controles de
rotina.
A ordenha foi manual, tendo sido realizada duas vezes
ao dia, às 5,00 e às 16,00 horas. Foi feito controle leiteiro quinzenal, além de
controle ponderal dos animais até um ano de idade, que também passou a
ser realizado quinzenalmente, a partir de 1992.
A propriedade, atualmente, possui 100 animais Saanen,
sendo todos registrados e PO, e o manejo continua sendo basicamente o
mesmo. Os animais são, em sua maioria, de origem importada, já tendo sido
utilizados os de origem suíça, alemã, inglesa, canadense, francesa e mais
recentemente, neozelandesa, embora a grande maioria dos animais
existentes atualmente tenha nascido no próprio criatório.
Os reprodutores e matrizes utilizados neste trabalho foram
selecionados com base em sua produção leiteira (ou de parentes) e
36
características de tipo, devido ao registro dos animais e a participação
frequente dos mesmos em exposições agropecuárias. A escolha desses
animais foi por fenótipo, com o descarte em função da produção e idade,
tendo em vista uma taxa de reposição de, aproximadamente, 25% ao ano.
Cada animal possuía uma ficha de controle geral, com
pesagens, controle sanitário e ocorrências diversas, além dos números de
registro dos pais e, para as fêmeas, há um espaço reservado para os controles
produtivos e reprodutivos. A partir de 1993 os animais passaram a ser,
zootecnicamente, controlados pelo PROCAPRI (1994), sistema computacional
para gerenciamento de criatórios caprinos, na ocasião ainda em sua fase de
desenvolvimento e testes. Foram inseridas todas as informações recolhidas
desde 1980.
Foram
analisadas
as
informações
produtivas
e
reprodutivas de caprinos da raça Saanen registrados, referentes ao período
de 1982 a 1995.
4.2.
Métodos
As
características
estudadas
como
variáveis
dependentes foram:
- Idade ao Primeiro Parto (IPP),
- Intervalo de Partos (IEP),
- Produção de Leite (PL) e
- Duração da Lactação (DL).
Os arquivos foram montados e as análises estatísticas
feitas pelo método dos quadrados mínimos, usando-se o programa
computacional SAS (1992), utilizando-se o procedimento DBF, visto o
37
PROCAPRI (1994) emitir seus arquivos neste formato e, posteriormente, após a
compilação dos dados no formato ASCII, utilizou-se o procedimento GLM. O
procedimento GLM foi utilizado para estimar os efeitos fixos do modelo. As
etapas de processamento das informações são apresentadas na Figura 1.
Para a IPP, o arquivo utilizado contava com 143
observações, prole de 12 bodes, tendo sido eliminados os registros de
progênie de bodes com menos de 4 filhas com informações reprodutivas.
Para o IEP, o arquivo utilizado constava de 284
observações, relativas a 108 cabras, filhas de 14 bodes, tendo sido eliminados
os registros de progênie de bodes com menos de 4 filhas com informações
reprodutivas consecutivas.
Para a PL e a DL, utilizou-se o mesmo arquivo, que
contava com 289 observações, de 115 cabras, filhas de 13 bodes, tendo sido
eliminados os registros de progênie de bodes com menos de 4 filhas com
informações produtivas, além das produções inferiores a 100kg por lactação,
provenientes de indivíduos que não tiveram um encerramento normal, seja
por morte da cabra, saída do plantel ou ocorrência de mastite e, produções
superiores a 2500 kg. Foram excluídas também as lactações com duração
inferior a 100 e superior a 600 dias.
38
COLHEiTA DE DADOS
A CAMPO
1982-1995
planilhas de campo
PROCAPRI (1994)
arq. dbf
SAS (1992)
PROC DBF
consistência dos dados e
imposição das restrições
arq. ascII
SAS (1992)
PROC GLM
Análise de variância
RENUM (1994)
Animal Pai Mãe Ef. fixos Var. Dependente
INTEIROS
Renumeração dos animais e
sequenciamento dos campos
REAIS
MTDFREML (1993)
MTDFNRM
MTDFPREP
MTDFRUN
mtdf56
mtdf66
mtdf76
mtdf78
Número de animais
Sumário de estatísticas
Estimativas dos componentes de
variância, h2 e t, além das r,
quando em análise bivariada
Valores genéticos, por indivíduo
Figura 1- Sequência dos procedimentos destinados aos dados, desde a
colheita a campo até os relatórios finais.
39
A PL por lactação foi calculada pela Fórmula de
Fleishman, no PROCAPRI (1994):
PL = E1 * P1 + ∑
Pl + P(l +1)
2
* (El − 1) + En * Pn + Pn
onde,
E1 = Intervalo (em dias) da data do parto ao primeiro controle;
P1 = Produção do primeiro controle;
Pl = Produção do controle l, para l = 1, ..., n;
Pn = Produção do último controle;
El = Intervalo (em dias) dos dois controles consecutivos;
En = Intervalo (em dias) da data do último controle à data de encerramento
da lactação.
Segundo
SCHAEFFER
(1983),
há
vários
modelos
associados a uma análise:
a. O modelo verdadeiro, que é inatingível mas perfeito, que descreve
inteiramente a origem dos dados;
b. O modelo ideal, que é o melhor modelo possível que o pesquisador
poderia propor para descrever os dados;
c. O modelo operacional, que é o resultado do compromisso entre o modelo
ideal e as variáveis disponíveis, possibilitando a análise.
Os modelos operacionais propostos para IPP, IEP, PL e DL
são apresentados de I a IV, respectivamente.
40
Modelo I:
Yijklmn = µ + bi + Aj + Fk + TPl + OMm + eijklmn
onde:
Y ijklmn = IPP da nésima cabrita, nascida na mésima ordem de parto de sua mãe,
proveniente do lésimo tipo de parto, na késima época de nascimento, do
jésimo ano e filha do iésimo bode;
µ =constante inerente aos dados ;
bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1a 12);
Aj = efeito fixo do jésimo ano de nascimento (j = 1982 a 1994);
Fk = efeito fixo da késima estação de fotoperíodo de nascimento (k = 1: jan-jun
(decrescente) e 2: jul-dez (crescente);
TPl = efeito fixo do lésimo tipo de parto de nascimento (l = 1: simples e 2:
múltiplo);
OMm = efeito fixo da mésimo ordem de parto da mãe (m = 1 a 6);
eijklmn = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído.
Modelo II:
Yijklm = µ + bi + cij + GCFk + TPl + eijklm
onde:
Y ijklm = IEP da mésima observação da jésimo cabra, com parto anterior do lésima
tipo, parida no késimo grupo contemporâneo, filha do iésimo bode;
µ = constante inerente aos dados ;
bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1 a 14);
cij = efeito aleatório da jésima cabra dentro do iésimo bode;
41
GCFk = efeito fixo do késimo grupo contemporâneo (definido como as fêmeas
que tiveram o parto anterior no mesmo ano e sob as mesmas condições
de fotoperíodo);
TPl = efeito do lésimo tipo do parto anterior (l = 1: simples e 2: múltiplo);
eijklmn = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído.
Modelo III:
Yijklmno = µ + bi + cij + GCFk + Il + DLAm + TPn + eijklmno
onde:
Y ijklmno = produção de leite da oésima cabra, com o nésimo tipo de parto, com a
m ésima duração da lactação, parida no késimo grupo contemporâneo e
filha do jésimo bode;
µ = constante inerente aos dados;
bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1 a 13);
cij = efeito aleatório da jésima cabra dentro do iésimo bode;
ésimo grupo contemporâneo (definido como as fêmeas
GCFk = efeito fixo do k
que tiveram o parto no mesmo ano e sob as mesmas condições de
fotoperíodo);
Il = efeito fixo da lésima idade da cabra ao parto (l = 1 a 6 anos);
DLAm = efeito fixo da mésima duração da lactação (m = 4 a 12 meses);
TPn = efeito fixo do nésimo tipo de parto (n = 1: simples e 2: múltiplo);
eijklmno = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído.
42
Modelo IV:
Yijklmno = µ + bi + cij + GCFk + Il + LPm + TPn + eijklmno
onde:
Y ijklmno = duração da lactação da oésima cabra, com o nésimo tipo de parto, com
o mésimo nível de produção, na lésima idade, parida no késimo grupo
contemporâneo e filha do jésimo bode;
µ = constante inerente aos dados;
bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1 a 13) ;
cij = efeito aleatório da jésima cabra dentro do iésimo bode;
GCFk = efeito fixo do késimo grupo contemporâneo (definido como as fêmeas
que tiveram o parto no mesmo ano e sob as mesmas condições de
fotoperíodo);
Il = efeito fixo da lésima idade ao parto (l = 1 a 6 anos);
LPm = efeito fixo do mésimo nível de produção (m = 1: até 300 kg; 2: entre 301 e
600 kg e 3: acima de 601 kg de leite por lactação);
TPn = efeito fixo do tipo de parto (n = 1: simples e 2: múltiplo);
eijklmno = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído.
As
estimativas
de
componentes
de
variância
e
covariância foram obtidas pelo Método da Máxima Verossimilhança Restrita,
utilizando-se o programa MTDFREML (Multiple Trait Derivative-Free Restricted
Maximum Likelihood), desenvolvido por BOLDMAN et al. (1993), utilizando o
modelo animal. Foram utilizados todos os animais da população no período
de 1982 a 1995, inclusive os machos que, apesar de não disporem de
informações de interesse direto para este estudo, proporcionaram conexão
entre as fêmeas e, portanto, estabelecendo todas as relações de parentesco.
43
Portanto, o MTDFREML foi utilizado para estimar os componentes de variância
e predizer o valor genético dos animais.
As restrições impostas para as análises por quadrados
mínimos também foram válidas para o arquivo completo, exceto as que se
referem ao número mínimo de filhas por bode, as quais não foram excluídas
do arquivo, mas foram levadas em conta quando da classificação posterior
dos reprodutores.
Inicialmente
foram
informadas
ao
MTDFREML
as
estimativas prévias de variância obtidas pelo procedimento GLM do
programa computacional SAS (1992), através dos modelos I a IV, já descritos.
Os modelos operacionais usados para a estimativa dos
componentes de variância, covariância, parâmetros genéticos e predição do
valor genético dos animais para efeito de classificação foram semelhantes
aos já referidos (I a IV), com a variação do acréscimo do valor genético de
cada animal, ao invés do efeito aninhado de cabra dentro de bode, além do
efeito de ambiente permanente para as características repetidas no tempo.
Todos os animais foram ordenados por ordem crescente
de data de nascimento, após o que foram renumerados pelo programa de
renumeração de animais RENUM (1994)1, de forma que os reprodutores
tiveram sua numeração iniciando-se em 1, as matrizes em 1000 e os demais
animais, em 5000. O programa emite um arquivo com os indivíduos
renumerados e um outro, com um gabarito dos números de “pedigree”.
Assim, os filhos passaram a ter um número maior que o dos pais, condição
esta que é uma imposição do MTDFREML.
Adotou-se o critério de convergência a 10-9, ou seja,
quando a diferença do valor da função do ciclo anterior e do ciclo atual era
1
RENUM (1994) é um programa para renumeração de animais, desenvolvido no Pólo
computacional da UNESP, Câ
mpus de Jaboticabal, por SANCHES, A. C., em 1994.
44
menor que 10-9, com 150 iterações, com a repetição da análise até a
estabilização dos resultados, conforme a recomendação de BOLDMAN et al.
(1993). As características foram inicialmente analisadas de maneira univariada
e, posteriormente, bivariada, obtendo-se, assim, as correlações genéticas,
fenotípicas e de ambiente. As herdabilidades (h2), repetibilidades (t) e
correlações (r) foram estimadas pelos componentes de (co)variância, como
segue:
σ 2a
h = 2
σ a + σ 2 ep + σ 2 et
2
t=
σ 2 a + σ 2 ep
σ 2 a + σ 2 ep + σ 2 et
onde:
σ2a = Variância genética aditiva
σ2ep = Variância de ambiente permanente
σ2et = Variância de ambiente temporário
r=
σ 2 xy
σx.σy
onde:
σ2xy = Covariância entre as características x e y
σx = Desvio-padrão da característica x
σy = Desvio-padrão da característica y
A
tendência
genética
foi
obtida
pela
regressão
quadrática do VG das fêmeas paridas naquele ano (cabras), mães e pais
pelo ano de parto.
45
5.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1.
Idade ao Primeiro Parto (IPP)
Quando um animal tem seu primeiro parto, faz sua
primeira contribuição ao rebanho, com um incremento no número de animais
e início de produção leiteira. Além disso, a IPP precoce permite um menor
intervalo de gerações, uma maior pressão de seleção e maiores ganhos
genéticos por unidade de tempo, caso a seleção e os acasalamentos sejam
conduzidos de maneira adequada.
A IPP média, de 144 observações analisadas, foi
402,28±19,14 dias (13,41 meses), com um coeficiente de variação de 22,80%
46
(Tabela 5). A cabra mais precoce apresentou o primeiro parto aos 252 dias de
idade, enquanto a mais tardia, aos 732 dias2.
Pela média, de pouco mais de um ano de idade ao
primeiro parto, pode-se afirmar que o plantel em estudo é composto por
animais precoces, o que sugere um sistema adequado de criação de cabritas
levando a uma entrada precoce das fêmeas na vida reprodutiva.
Tabela 5 - Resumo da análise de variância da Idade ao Primeiro Parto (IPP)
para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2),
coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada
(m), em dias e erro-padrão da média (e.p.), em dias.
Fonte de variação
GL
QM
Bode
11
18101,41*
Ano de nascimento
10
15786,22
Época de nascimento
1
37844,17*
Tipo de parto
1
3773,81
Ordem de parto (mãe)
5
8879,54
115
9821,80
Resíduo
R2 = 0,27
C.V. = 22,80
m = 402,28
e.p. = 19,14
GL = graus de liberdade; QM = quadrado médio
* P<0,05
2
Os valores apresentados referem-se a médias ajustadas por Quadrados Mínimos e as
Tabelas referentes a todas as Figuras constantes no texto estão no APÊ
NDICE.
47
A IPP muito tardia, segundo ABRAHAM & AGRAZ (1984),
propicia
que
os
animais
engordem
e
provoca,
frequentemente,
infecundidade, além do aumento do custo de manutenção da cabrita,
ocorrendo diminuição dos rendimentos econômicos.
Por outro lado, uma IPP precoce atrelada a baixos pesos
corporais à concepção não é desejável (vem sendo preconizado um mínimo
de 60 a 70% do peso vivo de fêmeas adultas, da mesma raça), pela
possibilidade de ocorrer um comprometimento do desenvolvimento corporal
e produções futuras, além da possibilidade de problemas no parto, com
prejuízo das crias (ABRAHAM & AGRAZ, 1984). Neste caso, onde o peso médio
das fêmeas adultas do plantel encontra-se por volta dos 60-65 kg, não é
conveniente a cobertura de cabritas com peso inferior aos 35 kg de peso vivo.
Para atingir esses 35 kg aos 7-8 meses de idade, como vem ocorrendo, em
média, de cabritos com peso ao nascimento por volta de 3,50 kg, é
realmente necessário um acompanhamento rigoroso de toda a fase pré e
pós-desmama.
A média obtida neste estudo para a IPP assemelha-se
aos de LAL et al. (1987), AHMED (1992) e GALINA et al. (1995), com o primeiro
e segundo autores trabalhando com raças de dupla aptidão. Contudo, é
inferior à grande parte das referências encontradas, que estimaram uma
média, em sua maioria, por volta dos 20 meses (CHAWLA & BHATNAGAR
(1982), KENNEDY et al. (1982), GARCIA et al. (1983a), WILSON et al. (1984),
KANAUJIA et al. (1987), WILSON et al. (1989), NAHARDEKA et al. (1995) e
GONÇALVES (1996), para raças leiteiras e KUMAR et al. (1980), SINGH &
ACHARYA (1982a), JAN & GUPTA (1992), KROPF et al. (1992), com raças mistas.
Pela
análise
de
variância,
verifica-se
significância
estatística dos efeitos de bode e época de nascimento sobre a IPP, ao nível
de 5% de probabilidade (Tabela 5). O efeito de reprodutor indica que pelo
48
menos dois dos 12 reprodutores apresentaram diferenças quanto a IPP de sua
progênie.
O efeito de época de nascimento indica uma diferença
entre os semestres do ano, em que ocorre uma alteração no número de horas
de luz do dia, alteração esta que determina a entrada ou não dos animais
em estro e, portanto, pode influenciar a IPP, além das variações na
disponibilidade de forragens e demais variações ambientais. Nas condições
de FOT 2, ou seja, fotoperíodo crescente, estabelecido como o período de
julho a dezembro, os animais pariram mais precocemente, o que é
compreensível pois, como a maior concentração de nascimentos dentro do
FOT 2 está em agosto, estes animais atingem sua maturidade sexual no início
do próximo ano, quando o fotoperíodo inicia novamente seu declínio e
justamente quando começam a aparecer os primeiros cios. Além disso, esses
animais têm à disposição forragens de melhor qualidade e ainda condições
climáticas mais favoráveis. Também podem ocorrer variações ambientais não
identificáveis e que influem de forma positiva no desenvolvimento dos
indivíduos nascidos no segundo semestre.
Por outro lado, os animais nascidos no primeiro semestre
enfrentam as adversidades do inverno e seca, quando ainda jovens, com a
consequente diminuição de forragens de melhor qualidade, além dos demais
efeitos ambientais dessa época.
As diferenças na IPP nas épocas de nascimento FOT 1 e 2
podem ser visualizadas na Figura 2.
De acordo com a Figura 2, as cabritas nascidas no
segundo semestre do ano (FOT 2), apresentam seu primeiro parto próximas a
um ano de idade, o que é desejável, porque além de passarem a produzir
mais cedo, terão oportunidade de conduzir uma lactação normal e quando
reiniciar a estação de cio natural, poderão ser cobertas, sem comprometer
sua eficiência reprodutiva. Já as cabritas nascidas no primeiro semestre (FOT
49
1), podem ter a oportunidade de serem acasaladas no final desta estação de
cobertura, ou só na próxima, o que leva o primeiro parto a ocorrer numa
idade mais avançada. Nos programas de indução de cio, a preferência é
dada às cabras de segundo parto ou maior, ainda que, em alguns casos,
proceda-se a indução em nulíparas, com o cuidado de desvirginá-las quinze
dias antes do início do protocolo de indução.
430
420
410
400
390
380
370
360
350
1
2
Épo c a d e n a s c imento
Figura 2 - Médias ajustadas da IPP (em dias), de acordo com a época de
nascimento (FOT).
De qualquer maneira, o segundo semestre é a época
em que, naturalmente, ocorrem mais nascimentos, então, é de se supor que
esta seria, realmente, a época mais favorável para este evento, por
proporcionar melhores resultados reprodutivos, que é o objetivo primeiro da
seleção
natural.
Entretanto,
no
manejo
reprodutivo
racional,
não
é
50
conveniente que todas as cabritas venham a apresentar seu primeiro parto
nesta época, pela necessidade de uma distribuição mais uniforme da
produção leiteira ao longo do ano.
5.2.
Intervalo de Partos (IEP)
O IEP médio, referente a 252 observações de partos
consecutivos, foi 328,49±36,71dias (10,95 meses), com um coeficiente de
variação de 22,01% (Tabela 6). As cabras apresentaram intervalos desde 172
até 757 dias.
Tabela 6 - Resumo da análise de variância do Intervalo de Partos (IEP) para
caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2),
coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada
(m), em dias e erro-padrão da média (e.p.), em dias.
Fonte de variação
GL
QM
Bode
8
5362,85
Cabra(Bode)
85
6745,60*
GCF
24
11812,84**
Tipo de parto
1
13197,80
133
4968,17
Resíduo
R2 = 0,59
GL = graus de
contemporâneo
* P<0,05; ** P<0,01
C.V. = 22,01
liberdade;
QM
m = 328,49
=
quadrado
médio;
e.p. = 70,48
GCF
=
grupo
51
Para os caprinos explorados para leite, o IEP obtido pode
ser considerado bom, pois permite lactações de boa duração, além do
número de cabritos nascidos por cabra ao ano ficar por volta de 1,9 (a média
de crias por parto neste plantel é de 1,7 e o IEP encontrado permite a
ocorrência de 1,11 partos ao ano) e permitir um menor intervalo de gerações.
Este é um bom resultado, haja visto o problema da sazonalidade reprodutiva.
Este resultado deve-se, principalmente, ao manejo do plantel, preocupação
com a condição nutricional dos animais, distribuição dos acasalamentos
dentro da estação de cobertura e adoção da técnica de indução de cio.
Com essa estratégia, que tem como objetivo principal a melhor distribuição
na produção de leite ao longo do ano, houve uma tendência de redução do
IEP, uma vez que parte dos animais passou a ter a oportunidade de iniciar
uma gestação antes da próxima estação de cobertura.
A média do IEP neste estudo foi inferior às encontradas
por MONTALDO et al. (1981), SINGH & ACHARYA (1982a) e KROPF et al. (1992),
apenas o primeiro estudo tendo sido conduzido com raça especializada em
leite. Contudo, está de acordo com os resultados obtidos por CHAWLA &
BHATNAGAR (1982), GROSSMAN et al. (1982), GARCIA et al. (1983a), WILSON et
al. (1984), GALINA et al. (1995), NAHARDEKA et al. (1995) e GONÇALVES (1996)
para raças leiteiras e MELLADO et al. (1991), JAN & GUPTA (1992), com raças
de dupla aptidão e superior aos encontrados por SIMPLÍCIO et al. (1982),
CABELLO et al. (1991), AHMED (1992) e TRALDI et al. (1992), todos com raças
mistas.
Os
efeitos
de
cabra
dentro
de
bode
e
grupos
contemporâneos (GCF) foram significativos ao nível de 5% de probabilidade,
como pode ser observado na Tabela 6. As variações nas médias de IEP entre
os grupos contemporâneos podem ser visualizadas na Figura 3.
52
Verifica-se, analisando as Figuras 3 e 4, um decréscimo
das médias do IEP com o passar dos anos. Isto sugere melhoria no manejo dos
Intervalo de partos (dias)
animais e, ainda, progresso genético.
450
400
350
300
250
200
150
100
50
942
932
922
912
902
892
882
872
862
852
842
831
821
0
Grupo contemporâneo
Figura 3 - Médias ajustadas dos IEP (em dias) de acordo com grupo
contemporâneo (GCF).
Para maior clareza, desmembrou-se os GCF em anos e
épocas. Assim, as variações nas médias do IEP entre anos e época de parição
podem ser observadas nas Figuras 4 e 5, mostrando o decréscimo do IEP com
o decorrer dos anos e os menores IEP ocorrendo no FOT 2.
Da mesma forma que na IPP, as cabras que tiveram o
parto anterior no segundo semestre (FOT 2) tiveram oportunidade de ter à
disposição forragens de melhor qualidade e em maior quantidade, devido às
condições climáticas mais favoráveis ao desenvolvimento vegetativo.
53
450
400
350
y = -9,0544x + 392,48
R 2 = 0,8138
300
250
200
150
100
50
0
A n o d e p a rto
Figura 4 - Médias do IEP (em dias) de acordo com ano de parto, obtidas a
partir do desmembramento do GCF, com a respectiva regressão.
Esse resultado é coerente, pois animais que pariram
(parto anterior) no primeiro semestre do ano (FOT 1), além de enfrentar as
adversidades do inverno, levam alguns meses a mais para alcançar a
próxima estação de monta, no início do próximo ano, o que acarreta um IEP
maior.
54
331
330
329
328
327
326
325
324
1
2
Épo c a d e p a rto
Figura 5 - Médias do IEP (em dias) de acordo com época de parto, obtidas a
partir do desmembramento do GCF.
O IEP é uma boa medida da eficiência reprodutiva da
fêmea, uma vez que inclui o período de gestação e o período de serviço. Por
outro lado, fornece uma medida indireta do desempenho produtivo, já que
consta da duração da lactação mais o período seco. Assim, está diretamente
envolvido com o desempenho do rebanho como um todo.
55
5.3.
Produção de Leite (PL) e Duração da Lactação (DL)
A
PL
e
a
DL
são
características
intimamente
relacionadas, pois, frequentemente, lactações mais curtas levam a PL total
menores, motivo pelo qual estas características apresentam alto interesse do
ponto de vista econômico. A persistência da lactação é um componente
importante na DL, sendo que animais com baixa persistência apresentam uma
queda acentuada na produção diária ao longo da lactação, encerrando,
normalmente, sua produção mais cedo.
A média de DL referente a 285 lactações analisadas foi
219,03±48,09 dias (7,30 meses), com um coeficiente de variação de 23,05%
(Tabela 7). A cabra com lactação mais longa apresentou DL de 578 dias,
enquanto a mais curta foi igual a 112 dias.
A média de PL referente a 285 lactações completas ao
longo dos 13 anos analisados, foi 572,57±133,97 kg, com um coeficiente de
variação de 30,80% (Tabela 7). A maior média de produção por cabra foi
2239 kg de leite por lactação, e a de menor, 112 kg.
Trata-se de valores razoáveis, considerando-se 13 anos,
incluindo nestes diversas etapas do processo de seleção, ainda que baseada
apenas no desempenho fenotípico dos animais, além de ajustes nos manejos
nutricional, sanitário e geral.
No caso dos animais em estudo, principalmente nos
últimos anos, a secagem das cabras tem sido determinada pelo criador,
visando proporcionar o período de repouso preconizado, que é de 45 a 60
dias. Segundo informações do criador, muitas vezes, quando a cabra entra no
processo de secagem programada, ela ainda está produzindo uma
quantidade considerável de leite, com casos de secagem de cabra com
produção diária de 4-5 kg. Possivelmente, a DL estimada parece refletir uma
56
boa persistência, ainda que haja uma manejo conduzido de forma a permitir
um IEP reduzido, como já discutido anteriormente.
Tabela 7 - Resumo da análise de variância da Produção de Leite (PL) e Duração
da Lactação (DL) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de
determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem,
média ajustada (m), em kg para PL e em dias para DL e erro-padrão
da média (e.p.), em kg ou dias.
Produção de leite
Duração da Lactação
Fonte de variação
GL
QM
GL
QM
Bode
11
40414.76
11
5531,89
Cabra(Bode)
101
55802,47*
101
5275,99*
GCF
22
128112,59*
22
11469,29**
Idade da cabra
5
103551,88**
5
6972,94
Tipo de parto
1
96406,76**
1
60,46
Duração da lactação
8
209063,05*
-
-
Nível de produção
-
-
2
105637,18**
136
25574,10
142
3573,60
Resíduo
PL
R2 = 0,86
C.V. = 33,00
m = 572,57
e.p. = 133,97
DL
R2 = 0,73
C.V. = 23,05
m = 219,03
e.p. = 48,08
GL = graus de liberdade; QM = quadrado médio
* P<0,05; ** P<0,01
A média de PL obtida neste estudo superou as
encontradas para raças leiteiras européias por MONTALDO et al. (1981),
MARQUES & SOLER (1982), SINGH & ACHARYA (1982), GARCIA et al. (1983b),
57
SUBIRES et al. (1988), BARBIERI et al. (1990a,b), MIOC (1991), JAN & GUPTA (1992),
MOURAD (1992) e SONGJIA et al. (1992), foi similar às obtidas por KENNEDY et
al. (1982), FRESNO et al. (1994) e GONÇALVES (1996), e inferior às relatadas por
ALDERSON & POLLAK (1980), GROSSMAN & WIGGANS (1980), GROSSMAN et al.
(1982), NORMAN et al. (1982), RICORDEAU (1992) e BROWNING et al. (1995).
De uma maneira geral, os trabalhos que obtiveram
médias de PL superiores foram conduzidos em países de clima temperado, o
que favorece produções mais elevadas (SANDS & McDOWELL, 1978).
A média de DL encontrada neste estudo foi semelhante
às relatadas por MONTALDO et al. (1981), MARQUES & SOLER (1982), MIOC
(1991) e JAN & GUPTA (1992), MOURAD (1992) e GONÇALVES (1996). Superou
as médias obtidas por SINGH & ACHARYA (1982), GARCIA et al. (1983b), e
BARBIERI et al. (1990a, b). Contudo, foi inferior aos resultados obtidos por
GROSSMAN et al. (1982), KENNEDY et al. (1982) e NORMAN et al. (1982).
Os efeitos de cabra dentro de bode, GCF, idade da
cabra ao parto, tipo de parto e duração do período de lactação,
influenciaram significativamente a PL, enquanto a DL foi influenciada pelos
efeitos de cabra dentro de bode, GCF e nível de produção, como pode ser
verificado na Tabela 7.
O GCF, definido como cabras paridas no mesmo ano e
na mesma época de parto, influenciou significativamente, ao nível de 1% de
probabilidade, tanto a PL quanto a DL (Tabela 7). As cabras pertencentes a
um mesmo GCF têm uma influência homogênea dos fatores de meio, uma
vez que sofrem os mesmos revezes ou benesses, em conjunto. As diferenças
entre as médias de PL e DL de acordo com o GCF podem ser observadas na
Figura 6.
Pela Figura 6, percebe-se um comportamento crescente
na DL com relação aos grupos contemporâneos, que indica um progresso no
número de dias em lactação com o avanço do tempo, exceção feita ao
58
período correspondente aos grupos entre 901 e 921, em que houve uma
diminuição nesta duração, possivelmente relacionada com a diminuição do
200
0
100
(dias)
200
Duração da Lactação
300
941
400
921
400
901
600
882
500
871
800
852
600
832
1000
821
Produção de Leite (kg)
IEP, como já foi apresentado.
GCF
Duração da Lactação
Produção de Leite
Figura 6 - Médias ajustadas de PL (em kg) e DL (em dias), de acordo com o
grupo contemporâneo (GCF).
As
médias
da
PL
e
da
DL
apresentaram
um
comportamento de oscilação ao longo dos grupos contemporâneos. A
variação da persistência das lactações e o manejo de secagem dos animais
também pode ter contribuído para este padrão de comportamento. Aliado a
isso, no modelo de cada característica foi incluído o efeito da outra, tendo
sido, portanto, ambas, ajustadas uma em relação à outra.
Na Figura 7 e 8, encontram-se as regressões de PL e DL,
em função do ano de parto. Apesar deste efeito
não ter sido analisado
separadamente, foi desmembrado do efeito de GCF e percebe-se o
comportamento superior das médias de PL na época de parto FOT 2 e a
tendência pouco definida com relação aos anos(Figuras 7 , 8 e 9).
Produção de Leite (kg)
59
1000
800
600
400
y = -2,2689x2 + 33,878x + 477,39
R2 = 0,055
200
94
93
92
91
90
89
88
87
86
85
84
83
82
0
Ano de Parto
Figura 7 - Regressão da Produção de Leite (em kg), em função do ano de
400
300
200
y = -1,1812x2 + 26,892x + 103,93
R2 = 0,6533
100
94
93
92
91
90
89
88
87
86
85
84
83
0
82
Duração da Lactação (dias)
parto, obtida a partir do desmembramento do GCF.
Ano de Parto
60
Figura 8 - Regressão da Duração da Lactação (em dias), em função do ano
de parto, obtida a partir do desmembramento do GCF.
600
500
400
300
200
100
0
1
2
Épo c a d e p a rto
P ro d u ç ã o d e le ite (kg)
D uração da lactação (dias)
Figura 9- Médias da PL (em kg), de acordo com a época de parto, obtidas a
partir do desmembramento do GCF.
A Figura 6 evidencia um comportamento desuniforme da
PL ao longo dos anos. O declínio ocorrido nos anos de 1992 e 1993 deve-se,
em grande parte, a problemas de ordem pessoal enfrentados pelos
proprietários e administradores do Capril. Contudo, em 1994 houve uma
retomada no desempenho dos animais. Tal ocorrência reforça a importância
do gerenciamento dentro de uma propriedade, tanto na rotina de
tratamento dos animais quanto no acompanhamento do desempenho dos
indivíduos, além das decisões de acasalamento preferencial.
As lactações em andamento no momento (1996), que
não foram incluídas , atestam não só a retomada, como a elevação dos
níveis de produção. A média real das 25 lactações em curso é de 1020,40 kg,
projetadas a 305 dias(uma vez que estão sendo registradas no PROCAPRI
61
(1994) e este programa faz as projeções para 305 dias de produção para as
lactações ainda em curso, com produção real acima de 60 dias).
Na Figura 8 detecta-se que, nos últimos anos analisados,
as cabras mantiveram maiores DL, o que, provavelmente, é fruto do manejo e
da seleção para persistência, além do manejo nutricional. Atualmente podese afirmar que a DL, salvo alguma exceção, é determinada pelo criador e as
cabras do plantel ativo teriam condições de mantê-las por maior período.
Porém, a DL é limitada pelo IEP, convenientemente, reduzido pelo manejo.
As maiores médias de PL foram para lactações iniciadas
nas condições de fotoperíodo decrescente (janeiro-junho), tendo ocorrido
uma concentração de partos em junho. Este resultado está de acordo com
as afirmações de HAAS (1994), de que existe um efeito positivo do
fotoperiodismo crescente, sobretudo a partir do quarto mês de lactação,
sobre a quantidade de leite produzida por ano.
Contudo, este resultado contraria MOURAD (1992), que
relata maiores médias de PL para cabras que pariram no inverno. As médias
de DL menores foram as referentes ao partos ocorridos na época de parto
FOT 1 (janeiro-junho), contudo, essa diferença foi pequena.
A idade da cabra ao parto também influiu a PL ao nível
de 1% de probabilidade, com a produção apresentando um incremento até
os 3 anos de vida da cabra, após o que houve um suave declínio (Figura 10).
A maior média de PL (673,68 kg) ocorreu aos 3 anos de
idade, ou terceiro parto, visto a IPP média ser de 13,41 meses e o IEP médio,
de 10,95 meses.
As menores médias de PL nas primeiras lactações são
justificadas pelo próprio desenvolvimento corporal das fêmeas nesta fase,
além do gradativo desenvolvimento do sistema mamário, que incrementa a
capacidade
produtiva,
progressivamente,
nas
sucessivas
lactações
(Ronningen, 1964 citado por SUBIRES et al., 1988). Este efeito se deve a uma
62
proporção dos alvéolos mamários desenvolvidos na lactação anterior que
não involuem, somando-se àqueles que vêm a se desenvolver nas seguintes e,
assim, de forma sucessiva, até que esta continuidade se interrompa com o
amadurecimento total da cabra (Knight & Peaker, 1982 citados por SUBIRES et
al., 1988).
Este resultado coincide com os obtidos por ALDERSON &
POLLAK (1980), MONTALDO et al. (1981), NONGXUEYUAN (1984) e ZENG &
ESCOBAR (1995). SANDS & McDOWELL (1978), em sua revisão, apresentam
resultados diferentes para trabalhos distintos, com a ocorrência das maiores
produções da segunda até a sexta lactação. As maiores médias de PL foram
detectadas por volta da quarta lactação por SUBIRES et al. (1988), DAS & BOX
(1992) e GONÇALVES (1996). Já MOURAD (1992), relata um aumento
crescente e gradual até a quinta lactação. Contudo, BROWNING Jr. et al.
(1995) encontraram a maior média de PL na segunda lactação.
700
600
500
400
300
200
100
0
1
2
3
4
5
6
Id a d e d a c a b r a ( a n o s )
63
Figura 10 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com a idade das
cabras ao parto.
O tipo de parto (TP) também influenciou a PL, ao nível de
5% de probabilidade. As fêmeas que tiveram partos múltiplos produziram uma
maior quantidade de leite por lactação (Figura 11).
Este
resultado,
provavelmente,
é
fruto
da
maior
concentração de hormônios circulantes, como a progesterona, prolactina e
lactogênio placentário, ocasionada por um maior número de fetos presentes,
conforme atesta Hayden, 1979, citado por SUBIRES et al. (1988). No manejo do
plantel em estudo as crias não são aleitadas pela mãe, nem durante a fase
de colostro, eliminando, assim, a possibilidade da maior PL ser decorrente de
maior estímulo de sucção. Tal resultado concorda com alguns relatos na
literatura (SUBIRES et al., 1988; BROWNING JR et al., 1995).
600
590
580
570
560
550
540
530
520
510
S imples
M últiplo
T ipo de parto
Figura 11 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com o tipo de parto.
64
A duração da lactação influenciou a PL ao nível de 1%
de probabilidade, com uma tendência quadrática (R2 = 0,91), crescente, na
PL à medida em que a fêmea sustenta uma lactação mais longa (Figura 12).
Existe uma relação crescente entre a PL e a duração da
lactação. Até certo limite, lactações mais longas dão condições à cabra de
produzir mais leite. MOURAD (1992) relata um aumento gradual da DL e da PL,
Produção de Leite (kg)
com o avanço da idade das cabras.
y = -1,2879x2 + 86,235x - 83,14
1000
R 2 = 0,9126
800
600
400
200
0
4
5
6
7
8
9
10
11
12
Duração da Lactação (meses)
Figura 12 - Regressão da Produção de Leite (em kg) em função da duração
da lactação (em meses).
O efeito do nível de produção de leite (NP) sobre a DL
apresenta um comportamento crescente, conforme pode-se verificar na
Figura 13.
Da mesma forma que há uma maior PL atrelada a uma
lactação mais longa, uma DL maior corresponde a níveis de produção mais
elevados. Como a DL está mais relacionada ao manejo, normalmente o
65
criador opta pela secagem das cabras que estão produzindo uma
quantidade muito reduzida de leite por dia; assim, as cabras que mantém
altas produções, têm suas lactações estendidas de maneira apenas a
respeitar o período seco antes do próximo parto.
350
300
250
200
150
100
50
0
1
2
3
N í v e l de pro d u ç ã o d e le ite
Figura 13 - Médias ajustadas da DL (em dias), de acordo com o nível de
produção de leite.
O IEP é um indicativo do desempenho produtivo e
reprodutivo de um plantel pois contém a DL e o período seco, ou, sob outro
ponto de vista, o período de gestação e o período de serviço. Neste estudo
(Figura 14), o IEP de 328,49 dias comporta uma DL razoável (219,03 dias) e um
período seco pouco acima do recomendado habitualmente (109,46 dias).
Possibilita, ainda, um período de serviço de 176,49 dias, de modo que, na
66
média, durante 42,54 dias as cabras permanecem em gestação e lactação,
simultaneamente.
GONÇALVES (1996).
Estes
resultados
assemelham-se
aos
obtidos
por
67
DL = 219,03 dias
Parto
Parto
PS = 109,46 dias
IEP = 328,49 dias
PV = 176,49 dias
Parto
PG = 152 dias
Parto
(42,54 dias em gestação e lactação simultânea)
Figura 14 - Desempenho geral do plantel caprino em estudo, de acordo com
a duração da lactação (DL), período seco (PS), intervalo de partos
(IEP), período de serviço (PV) e período de gestação (PG).
Sem dúvida, este é um desempenho bom, mas pode
melhorar com a redução do período seco para 60 dias que, com a
manutenção da DL, permitiria um IEP de 280 dias. Com isso, o período de
serviço seria de 128 dias, com a cabra gestante e em lactação por 90 dias.
Nestas condições, ocorreriam 1,3 partos por ano (5 partos
em 4 anos) que, com uma prolificidade de 1,17 cabritos por parto, dando
origem a 2,21 cabritos por cabra por ano. Com isso, além das fêmeas
passarem mais tempo em lactação por ano e terem um maior número de
crias em sua vida útil, ainda aumentariam sua contribuição ao plantel na
forma de novos indivíduos, possibilitando uma maior pressão de seleção.
Essas
modificações
no
desempenho
produtivo
e
reprodutivo são possíveis com a adoção de técnicas adequadas de manejo,
como a manutenção da sanidade desses animais, através de vermifugações
estratégicas e tratamento preventivo de doenças, em geral, e, em especial, a
mastite; otimização do manejo reprodutivo, seja por técnicas de indução de
cio e/ou por diagnóstico precoce de gestação (ultra-sonografia) e detecção
68
de cio com rufião; aprimoramento das condições nutricionais, seja por tratos
culturais das pastagens e capineiras, como pelo balanceamento mais
acurado dos concentrados oferecidos; manutenção do bem-estar dos
animais, com instalações que proporcionem conforto; cuidados especiais
dispensados aos cabritos desde o nascimento até a desmama, de modo a
permitir um bom desenvolvimento dos animais; acompanhamento do
desenvolvimento
ponderal
de
todo
o
rebanho,
para
reconhecer
precocemente algum distúrbio, entre outros.
Por outro lado, como as condições de manejo em geral
já estão controladas, a importância da melhoria genética do plantel é
valorizada, já que é uma maneira eficiente de melhorar o desempenho dos
animais nas características de importância econômica, como será discutido
posteriormente.
69
5.4.
Parâ
metros genéticos e fenotípicos
5.4.1. Herdabilidade
As estimativas de herdabilidade foram obtidas pelo
Método da Máxima Verossimilhança Restrita (REML) por um Modelo Animal,
com um arquivo de 1203 animais na matriz de parentesco.
A herdabilidade da IPP foi estimada em 0,14 (Tabela 8),
que é considerado de baixa magnitude, o que sugere que a seleção direta
para a IPP levaria a um pequeno progresso genético anual. Como esta
característica sofre grande influência ambiental, a importância do manejo na
recria de cabritas aumenta, devendo ser feito o acompanhamento mais
acurado possível nesta fase.
Os trabalhos dedicados à estimativa da h2 da IPP são
escassos, todavia, o valor obtido foi semelhante ao relatado por SINGH &
ACHARYA (1982), superior ao resultado de NAHARDEKA et al. (1995) e inferior
ao de GONÇALVES (1996), cujas estimativas foram obtidas pelo Método dos
Quadrados Mínimos (MMQ). GONÇALVES (1996) estimou a herdabilidade da
IPP também pela REML, com um resultado superior ao obtido neste estudo.
A estimativa da herdabilidade do IEP foi 0,09 (Tabela 8),
que também é baixa, indicando a forte influência ambiental sobre o IEP.
Assim, é de suma importância a detecção precoce de uma futura prenhez,
para que se proceda a secagem da cabra com uma antecedência
satisfatória ao próximo parto. Entre os poucos trabalhos com informação
referente aos parâmetros genéticos para esta característica, este resultado
diferiu dos encontrados na literatura, sendo inferior ao relatado por
70
NAHARDEKA et al. (1995) e superior aos estimados por GONÇALVES (1996) e
ODUBOTE (1996).
A herdabilidade estimada neste estudo para a PL foi 0,09
(Tabela 8), valor também de pequena magnitude. Mais uma vez, as
condições ambientais proporcionadas às cabras leiteiras assumem grande
importância. Alojamentos, condições sanitárias e manejo nutricional, entre
outros, devem ser os melhores possíveis, uma vez que podem ser convertidos
em maiores PL. Este resultado foi inferior a todas as referências encontradas na
literatura (KENNEDY et al., 1982; SAHNI & CHAWLA, 1982; SINGH & ACHARYA,
1982; MAVROGENIS et al., 1984 b; NONGXUEYUAN, 1984; CONSTANTINOU et al.,
1985;
SULLIVAN
et
al.,
1986;
CONSTANTINOU
&
MAVROGENIS,
1987;
CONSTANTINOU, 1989; KALA & PRAKASH, 1990; LUO, 1992; RABASCO et al., 1993;
BISHOP et al., 1995; GONÇALVES, 1996).
A estimativa de herdabilidade da DL obtida neste estudo
foi 0,06 (Tabela 8), igualmente baixa e também inferior às citadas na literatura
consultada (NONGXUEYUAN, 1984; CONSTANTINOU et al., 1985; ROY et al.,
1992 e GONÇALVES, 1996). O ambiente exerce forte influência sobre esta
característica, principalmente o manejo de secagem dos animais próximos ao
parto.
Na Tabela 8 estão apresentados os componentes de
variância genética aditiva, de ambiente permanente e de ambiente
temporário, além das estimativas de herdabilidade e repetibilidade, pelo
Método da REML.
71
Tabela 8 - Componentes de variância genética aditiva (σ2A), de ambiente
permanente (σ2Ep) e de ambiente temporário (σ2Et), herdabilidade
(h2 ) e repetibilidade (t), estimadas pelo Método da REML.
Característica
σ2A
σ2Ep
σ2Et
h2
t
IPP
1456,00
-
8607,00
0,14
-
IEP
648,00
0,0025
6545,00
0,09
0,09
PL
3350,00
3908,00
29808,00
0,09
0,20
DL
250,00
226,00
4055,00
0,06
0,11
IPP = Idade ao primeiro parto; IEP = Intervalo de partos; PL = Produção de leite e DL =
Duração da lactação
As estimativas das h2 de todas as características
avaliadas neste estudo podem estar subestimadas, por advir do número
limitado de dados disponíveis, visto haverem sido coletados num único
plantel, ainda que por 13 anos consecutivos. De qualquer maneira, como a
herdabilidade representa a proporção aditiva da variância fenotípica e,
portanto, é específica para dada população e em dado momento, é
esperada uma variação entre estudos, já que são conduzidos com grupos
genéticos, ambientes e métodos de avaliação muitas vezes diferentes.
Como,
de
um
modo
geral,
as
estimativas
de
herdabilidade foram baixas (<0,15), além do caráter limitado ao sexo destas
características, o teste de progênie é o recomendado como o melhor
método de avaliação dos reprodutores, uma vez que esta estimativa indica
uma baixa correlação entre o fenótipo e o genótipo dos indivíduos. O
emprego do teste pode ser viabilizado com o aumento do uso da técnica de
inseminação artificial, seja com sêmen congelado, resfriado ou fresco.
72
5.4.2. Repetibilidade
As estimativas de repetibilidade também foram obtidas
pelo método da REML por um Modelo Animal, a partir de uma matriz de
parentesco contendo 1203 animais.
A repetibilidade do IEP foi estimada em 0,09, devido ao
componente da variância de ambiente permanente ser muito reduzido,
levando a herdabilidade e a repetibilidade a apresentarem o mesmo valor
(Tabela 8). Além disso, indica que uma única avaliação do animal é pouco
conclusiva sobre seu possível desempenho futuro.
Esta estimativa foi similar às obtidas por WILSON et al.
(1989) e GONÇALVES (1996), sendo que o último autor também fez uso da
REML. Contudo, os resultados de GARCIA et al. (1983a) e ODUBOTE (1996)
foram inferiores e os de SINGH & ACHARYA (1982), superiores.
A estimativa de repetibilidade da PL foi 0,20, o que indica
que o efeito de ambiente permanente foi mais expressivo, inclusive, que o
genético aditivo. Este resultado foi igual ao obtido por GONÇALVES (1996) e
inferior ao de MONTALDO et al. (1982), GROSSMAN et al. (1986), SULLIVAN et al.
(1986),
CONSTANTINOU
&
MAVROGENIS
(1987),
CONSTANTINOU
(1989),
MOURAD (1992) e BISHOP et al. (1995).
A repetibilidade da DL foi estimada em 0,10, sendo
considerada de pequena magnitude, mostrando a necessidade de mais
observações desta característica ao longo da vida do animal para se ter uma
melhor noção de sua permanência no rebanho. Este resultado é semelhante
ao obtido por GONÇALVES (1996) e inferior às estimativas encontradas por
MONTALDO et al. (1982) e GARCIA et al. (1983b).
O ambiente foi responsável por 86%, 91%, 80% e 89% da
variação total na IPP, IEP, PL e DL, respectivamente (Figuras 15, 16, 17 e 18), o
que sugere a importância das técnicas e condições da criação.
73
Va
14%
VEt
86%
Figura 15 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente
(VEt) na característica Idade ao Primeiro Parto.
Va
9%
VEt
91%
Figura 16 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente
temporário (VEt) na característica Intervalo de Partos.
74
Va
9%
VEp
11%
VEt
80%
Figura 17 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente
permanente
(VEp)
e
de
ambiente
temporário
(VEt)
na
característica Produção de Leite.
Va
VEp
6%
5%
VEt
89%
Figura 18 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente
permanente (VEp) e de ambiente temporário (VEt) na característica Duração
da
Lactação.
75
Embora os bons resultados de desempenho obtidos para
a IPP, o IEP, a PL e a DL indiquem a utilização de um bom manejo, o contínuo
aprimoramento do manejo e a diminuição dos efeitos das fontes de variação
não genéticas devem ser, constantemente, buscados, visando, inclusive,
possibilitar uma maior expressão das fontes de variação genéticas. De
qualquer forma, para que o desempenho dos animais melhore, é sempre
necessário que se invista na melhoria das condições de criação.
Em função disto, para que a produtividade do rebanho
continue a aumentar, além de melhorar tais condições, é imprescindível
conduzir especial atenção ao processo de melhoramento genético do
plantel, com objetivos e critérios de seleção adequados, criteriosos e
tecnicamente embasados, pois da pequena variabilidade genética estimada
para essas características de importância econômica, depende muito da
evolução genética do rebanho.
5.4.3. Correlações
As correlações genéticas, fenotípicas e ambientais entre
a PL e demais características em estudo são apresentadas na Tabela 9.
76
Tabela 9 - Correlações genética (rg), fenotípica (rf) e ambiental (re) entre as
características mencionadas (IPP, IEP e DL) e a PL, obtidas pela
REML, por análise bivariada.
Característica
rg
rf
re
IPP
0,95
0,09
0,09
IEP
1,00
-0,12
-0,15
DL
0,43
-0,50
-0,58
IPP = Idade ao primeiro parto; IEP = Intervalo de partos; DL = Duração da lactação
Observa-se uma estimativa positiva e alta da correlação
genética entre a PL e a IPP, indicando que, provavelmente, a maior parte dos
efeitos genéticos aditivos agem sinergicamente ou que exista ligações
gênicas entre as duas características nas gerações analisadas. Este valor
sugere que as cabritas que vêm a parir pela primeira vez com mais idade por
causas genéticas tendem a produzir mais leite.
ILOEJE & VAN VLECK (1978) referem-se, em sua revisão, à
correlação genética também alta e positiva entre estas características.
Contudo, GONÇALVES (1996) relata uma correlação muito baixa, enquanto
RICORDEAU (1981) cita, em sua revisão, valores contraditórios, de 0,19 e -0,36.
As correlações fenotípica e de ambiente, as quais foram
de pequena magnitude e positivas entre essas características, indicam que há
pouca relação entre elas, quanto às alterações ambientais sofridas. ILOEJE &
VAN VLECK (1978) e GONÇALVES (1996) também relatam um valor baixo e
positivo para a correlação fenotípica entre a PL e a IPP.
A correlação genética alta e positiva entre a PL e o IEP
indica que, possivelmente, os mesmos fatores genéticos, ou genes com fortes
ligações, estejam presentes na expressão destas características. Portanto,
77
cabras com um maior período anterior ao parto vigente tendem a apresentar
uma maior PL. Ao encontro do resultado obtido neste estudo, MONTALDO et
al. (1981) discutem a interação entre a PL e o IEP ao terceiro parto, com as
maiores PL coincidindo com os maiores IEP. GONÇALVES (1996) também
obteve uma correlação bastante alta e positiva (1,00).
Já as correlações fenotípicas e ambientais entre tais
características, apresentaram-se baixas e negativas, indicando uma relação
inversa entre elas, ainda que de pequena magnitude. GONÇALVES (1996)
também encontrou uma correlação fenotípica baixa, porém, positiva entre
estas características.
A correlação genética obtida entre a PL e a DL foi de
média magnitude e positiva, o que indica que parte dos genes envolvidos na
expressão de ambas as características são comuns. Assim, sugere que a
seleção de cabras com uma maior produção de leite levaria a lactações
mais longas, ou seja, fêmeas mais persistentes. Resultado semelhante foi
obtido por GONÇALVES (1996), quando utilizou o Método da REML, enquanto
KENNEDY et al. (1982) também relatam uma correlação genética alta e
positiva entre estas características.
As correlações fenotípicas e ambientais entre a PL e a DL
apresentaram valores moderados e negativos, ou seja, o somatória dos efeitos
ambientais causam alterações distintas nas duas características. Outro ponto
que pode ser considerado é que cabras que produzem mais leite por causas
genéticas tendem a ter lactações mais longas ou, ao menos, têm condições
de sustentar essas lactações por mais tempo. Já cabras que produzem mais
leite por causas de ambiente, devido às técnicas de manejo, que prevêem a
secagem do animal num período determinado antes do próximo parto
tendem a ter DL mais curtas.
78
KENNEDY et al. (1982) reportaram uma estimativa
moderada e positiva para a correlação fenotípica (0,66) entre tais
características, assim como os resultados de GROSSMAN et al. (1986), que
obtiveram 0,61, RICORDEAU (1981) que citou 0,66 e 0,70 em sua revisão e os
de GONÇALVES (1996), que estimou 0,60.
No presente estudo, o número de informações disponível
para a obtenção de estimativas das correlações foi muito pequeno e, devido
a isto, os valores obtidos podem estar sub ou superestimados.
Alguns criadores, isoladamente, têm feito tentativas no
sentido de viabilizar a implantação de um programa de melhoramento
genético de caprinos leiteiros no Brasil. Essas iniciativas são válidas e
importantes mas há necessidade da união de esforços nesse sentido.
Em 1994, no III ENDEC (Encontro Nacional para o
Desenvolvimento da Espécie Caprina), realizado na UNESP - Jaboticabal), um
dos temas foi a criação de um programa de melhoramento genético de
caprinos. O objetivo principal do PROCAPRI (Programa de gerenciamento de
criatórios caprinos), lançado na ocasião, é justamente a colheita de
informações dos criatórios (até o momento, quase 150 criadores já estão
cadastrados no sistema), visando a formação de um banco de dados
expressivo da realidade da caprinocultura brasileira.
Em 1996, o tema central do IV ENDEC, realizado na USP Pirassununga, foi o melhoramento genético de caprinos. Nesse ínterim,
GONÇALVES (1996), em sua tese, realizou um levantamento em 10
propriedades
localizadas
na
região
Sudeste,
fazendo
uma
valiosa
contribuição ao conhecimento do material genético da caprinocultura.
Infelizmente, muitos dos indivíduos avaliados são parte de um arquivo morto,
o que não permitiu a continuidade do trabalho. O presente estudo tem o
intuito de contribuir, também, nesse sentido, com a vantagem de apresentar
79
o valor genético de um rebanho ativo, apresentado mais adiante. Contudo,
ainda não há no Brasil um programa de melhoramento genético de caprinos.
Assim, é relevante a necessidade de uma avaliação
conjunta de um número maior de plantéis, com conectabilidade, de forma a
possibilitar a elaboração de um Sumário de Bodes e, posteriormente, a
implementação de um centro de testagem de bodes, como fonte de
material genético comprovadamente superior, para o melhoramento efetivo
da caprinocultura leiteira brasileira.
5.4.4. Valor Genético dos Animais
Os animais, machos, fêmeas e animais jovens, ainda sem
informações próprias, foram avaliados pelo Modelo Animal, para obter seu
Valor genético (VG) para a PL. Como esta é uma característica que não se
manifesta nos machos e a seleção vinha sendo realizada com base no
desempenho dos animais, metade destes reprodutores apresentaram VG
positivo, enquanto os demais, negativo3. A maioria dos indivíduos abaixo da
média do plantel são, justamente, os reprodutores utilizados no início da
criação. O progresso genético ocorrido nestes 13 anos justifica este resultado.
Todos os machos do plantel ativo apresentaram valor
genético positivo, em relação à média do plantel. Esse resultado acena com
boas perspectivas de incremento da PL, uma vez que conhecidos os VG,
acrescidos de confiabilidade a medida que um maior número de cabras
3
Os VG dos reprodutores ao longo do estudo, bem como de todos os indivíduos do plantel
ativo encontram-se disponíveis no APÊ
NDICE.
80
com parentesco venham a concluir suas lactações, os acasalamentos serão
melhor planejados.
Quando se avalia machos, só se pode estimar seu valor
genético para produção de leite no caso deles possuírem parentesco com
alguma cabra com produção leiteira . Apenas dessa forma pode ser atribuído
um valor genético ao reprodutor e, no caso das inseminações artificiais, o
valor genético do reprodutor pode ser considerado na estimativa do valor
genético da sua progênie.
Os indivíduos filhos de reprodutores testados na França,
gerados pela inseminação artificial, não têm o VG destes reprodutores
considerado em sua avaliação, por estes não possuírem parentes com
registros produtivos neste plantel. Contudo, é de se esperar um bom
desempenho que, com os futuros dados produtivos, deverá elevar esses VG,
já que são testados na França, que possui um teste de avaliação de caprinos
bastante organizado e possuem, lá, valores acima da média do rebanho
francês.
As
cabras
com
maiores
valores
genéticos
(VG)
superaram os bodes melhor classificados. Este resultado se justifica pelo fato
das fêmeas apresentarem desempenho próprio, que é visível durante o
acompanhamento dos animais e, portanto, tiveram um progresso maior que
dos machos. Com a implementação de avaliações periódicas e seu uso na
tomada de decisão no plantel, é esperado um progresso maior também para
os reprodutores.
De
maneira
geral,
os
animais
do
plantel
ativo,
apresentam VG positivos para a característica PL, o que vem ao encontro dos
objetivos do criador.
De posse destes resultados o criador poderá tomar as
decisões de acasalamento, descarte e seleção dos indivíduos, com o
benefício de se poder predizer o VG do indivíduo não apenas antes de suas
81
primeiras produções mas, inclusive antes de seu nascimento. É claro que, à
medida em que forem sendo incorporadas as informações próprias e
completadas as informações de todos os parentes, vai aumentando a
acurácia da avaliação. Neste caso, a recomendação é refazer a avaliação
genética, fazendo uso do Modelo Animal anualmente, de forma a ter
avaliações o mais atualizadas quanto possível, para respaldar a tomada de
decisões.
Esta é a primeira avaliação genética deste plantel e, os
resultados sugerem que, dentro do rebanho, o acompanhamento de rotina
das fêmeas, juntamente com a avaliação genética, têm condições de eleger
os indivíduos mais eficientes produtiva e reprodutivamente. Para progressos
genéticos contínuos é necessária a continuidade de controle zootécnico
rigoroso, utilização dos animais geneticamente superiores (identificados pela
avaliação anterior) como os reprodutores e matrizes e novas avaliações a
cada nova geração.
82
5.4.5. Tendência genética da população
A Figura 19 indica a tendência genética da população
em estudo, ao longo dos anos.
Este resultado indica uma tendência quadrática dos
valores genéticos para PL de cabras, pais e mães, com os pontos de mínimo
ocorrendo nos anos
86, 84 e 87, respectivamente. Percebe-se, ainda, um
aumento no valor genético dos animais ao longo dos anos, resultando,
portanto, num ganho genético. A tendência genética, expressa pela
derivada primeira da função de regressão, está representada na Tabela 10. A
derivada segunda aponta a mudança anual na PL, que foi de 0,7308 kg/ano
para as cabras, 0,5492 para os pais e 0,6608 para as mães, o que indica uma
aceleração, com coeficientes de determinação (R2) iguais a 0,70, 0,89 e 0,56,
respectivamente.
Percebe-se que a maior parte do ganho genético foi
devido às mães das cabras, provavelmente devido aos bodes terem sido
selecionados por outros critérios. Vem daí a grande importância das
avaliações genéticas, que permitem que se conheça o VG também dos
reprodutores ou demais indivíduos sem desempenho próprio para a produção
de leite.
A média dos VG foi analisada em função dos anos de
parto, pois se referem aos indivíduos portadores dos genes disponíveis para
dada safra, que conforme ALBUQUERQUE et al. (1996), tem uma maior
utilidade para o criador, visto espelhar os indivíduos que estão sendo utilizados
como reprodutores para a geração subsequente, seja ele selecionado no
próprio plantel ou adquirido.
83
25
15
10
5
-10
94
93
92
91
90
89
88
87
86
85
84
-5
83
0
82
Valor genético
20
Ano de parto
-15
Cabra
Pai
Mãe
Ym =0,3304x²-57,3694x+2490,8091
Yc = 0,3654x²-62,7726x+2693,3575
Yp = 0,2746x²-45,8802x+1905,1037
Figura 19 - Tendência genética da Produção de Leite das cabras, pais e mães
correspondentes, com as respectivas regressões quadráticas.
Como a grande maioria dos indivíduos do plantel ativo
não possui informações produtivas completas, ou filhas que as possua, esses
animais não estão incluídos na análise de tendência genética.
GONÇALVES (1996) obteve em seu estudo com cabras
das raças Alpina, Saanen e Toggenburg, na região Sudeste do Brasil, uma
mudança anual negativa (-0,8109 kg/ano de nascimento das cabras).
84
Tabela 10 - Tendência genética da produção de leite (TG) em função do ano
de parto, para as cabras, pais e mães.
Ano de parto
TG cabra
TG pai
TG mãe
82
-2,8470
-0,8458
-3,1838
83
-2,1162
-0,2966
-2,5230
84
-1,3854
0,2526
-1,8622
85
-0,6546
0,8018
-1,2014
86
0,0762
1,3510
-0,5406
87
0,8070
1,9002
0,1202
88
1,5378
2,4494
0,7810
89
2,2686
2,9986
1,4418
90
2,9994
3,5478
2,1026
91
3,7302
4,0970
2,7634
92
4,4610
4,6462
3,4242
93
5,1918
5,1954
4,0850
94
5,9226
5,7446
4,7458
A partir das informações e avaliações reunidas, sugere-se
o seguinte programa para o melhoramento deste plantel e região, levando-se
em consideração as prioridades do criador no produção leiteira e
comercialização de matrizes e reprodutores:
85
PROPOSTA PARA UM PROGRAMA DE MELHORAMENTO DE CAPRINOS LEITEIROS
PARA O CAPRIL SERRA DE ANDRADAS REGIÃO
O primeiro passo é o estabelecimento das diretrizes,
pelos objetivos pretendidos pelos criadores e avaliações preliminares da
população a ser melhorada.
a. Objetivos
⇒ Eficiência produtiva:
♦ Aumento da produção de leite total por lactação (meta: 1200 kg);
♦ Aumento da produção de leite por dia de lactação (meta: 4 kg);
♦ Manutenção ou redução dos níveis de αs1 caseína do leite;
⇒ Eficiência Reprodutiva:
♦ Manutenção do Intervalo de partos (meta: 12 meses);
♦ Redução da idade ao primeiro parto (meta: 12 meses);
♦ Aumento da prolificidade (meta: 1,8 cabritos por parto);
⇒ Manejo:
♦ Controle sanitário, incluindo doenças exóticas;
♦ Controle de endo e ecto-parasitas;
♦ Nutrição adequada;
♦ Prevenção de doenças metabólicas (Urolitíase e Toxemia da gestação);
♦ Prevenção de mastite;
⇒ Tipo:
♦ Uso preferencial de reprodutores chifrudos, com uso criterioso de animais
mochos;
86
♦ Manutenção e melhoramento de características de tipo que permitam
uma maior longevidade e conforto para os animais (características de
úbere, aprumos e capacidade corporal);
♦ Manutenção das características raciais, de acordo com as normas do
registro genealógico;
♦ Acompanhamento de medidas corporais, tais como, altura de cernelha
(AC), perímetro torácico (PT), comprimento do corpo (CC), circunferência
escrotal (CE) e escore corporal, para futuras análises do plantel;
⇒ Mercado
♦ Divulgação das características do leite de cabra e seus derivados;
♦ Política
de
regulamentação
da
produção,
beneficiamento
e
comercialização junto ao Ministério da Agricultura;
♦ Associação ou cooperação entre produtores da micro-região, reunidos em
entidades de classe;
b. Estratégias:
♦ Estabelecimento de um programa de tratamento de dados de criatórios
caprinos, para a confecção de um Sumário de Bodes e de Cabras;
♦ Implantação de um Teste de Progênie, objetivando testar os prováveis
melhores;
⇒ Colheita, tratamento e divulgação dos resultados, com as devidas
sugestões:
♦ Controle leiteiro oficial (inicialmente, pode ser utilizado o controle a nível de
propriedade);
♦ Informações do desenvolvimento ponderal dos animais;
87
♦ Relatório geral das atividades da propriedade, constando de todos os
eventos ocorridos e balancete financeiro.
6.
CONCLUSÕES
Nas
condições
em
que
o
presente
estudo
foi
desenvolvido, pode-se concluir que:
• O plantel em estudo apresentou um bom desempenho produtivo e
reprodutivo;
• Os efeitos não genéticos de variação foram importantes para as
características estudadas e devem ser controlados ou corrigidos quando
se compara animais;
• Devido
à
baixa
magnitude
das
estimativas
de
herdabilidade
das
características avaliadas, e destas só se manifestam em um dos sexos, o
Teste de Progênie é o método de seleção mais adequado;
89
• De acordo com as estimativas de repetibilidade, que foram de baixa
magnitude, recomenda-se a observação de mais desempenhos de um
mesmo animal, antes da tomada de decisão de mantê-lo no plantel ou
descartá-lo;
7.
ABSTRACT
The aims of this study were to estimate the genetic and
phenotypics parameters of productive and reproductive traits of Saanen goats
and to estimate the breeding value of all animals in order to rank the bucks,
according to their breeding value for milk yield, for a herd located in Andradas
city - MG. The reproductive traits considered were Age at First Kidding (AFK)
and Kidding Interval (KI). The productive traits studied were Milk Yield (MY) and
Lactation Lenght (LL). Least square means and standard-errors of AFK, KI, MY
and LL were 402,28±19,14 days; 328,49±36,71 days; 572,57±133,97 kg and
219,03±48,09 days, respectively. (Co)variances components and genetics and
phenotypics parameters were estimated by Restricted Maximum Likelihood
with Derivative Free, by an Animal Model. Heritability estimates of AFK, KI, MY
and LL were 0,14; 0,09; 0,09 and 0,06, and the repeatability for the same traits,
91
except AFK, were 0,09; 0,20 and 0,10, respectively. The genetic correlation
estimates between MY and AFK, MY and KI and MY and LL were 0,95; 1,00 and
0,43, respectively. The phenotypic and environmental correlation estimates
between MY and AFK were positive and low; between MY and KI they were
low and showed moderate and negative values for MY and LL, MY and AFK
and MY and KI and medium and negative value for MY and LL. All bucks of
current herd showed positive breeding values (BV). The estimates of heritability
and repeatability showed values, which suggest the use of Progeny Test as a
method for test sires. The genetic avaliation of animals should be done yearly,
in order to plan the matings within herd and welling decisions. The inclusion of
more herds in the genetic avaliation process, would provide more acurated
estimates of BV. As the traits in this study were strongly affected by
environmental influences, it would be a good strategy to keep the nutrition,
sanity and all others managment pratices unden tighty control.
92
8.
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9.
APÊNDICE
Tabela A 1-Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da IPP (em
dias), com o número de informações (n), segundo a época de nascimento
(FOT)
FOT
n
Média Aj.
E.P.
1
85
380,71
17,19
2
59
423,86
21,94
104
Tabela A 2 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média do IEP (em
dias), com o número de informações (n), segundo o grupo
contemporâneo (GCF).
GCF
n
Média Aj.
E.P.
821
822
831
832
842
851
852
861
862
871
872
881
882
891
892
901
902
911
912
921
922
931
932
941
942
7
3
10
6
15
18
6
29
2
11
11
11
6
12
4
13
5
17
8
18
4
9
8
12
7
386,83
415,78
342,59
416,17
343,35
398,42
302,54
303,50
379,66
350,57
309,78
343,59
291,66
371,39
326,89
307,53
328,17
347,67
280,76
273,47
297,91
257,81
250,36
218,10
367,68
43,01
55,33
42,42
42,26
31,23
28,17
40,19
23,30
63,32
28,78
31,35
29,46
37,79
27,71
47,14
27,17
43,57
33,13
33,49
35,94
45,17
43,26
42,76
47,57
46,69
105
Tabela A 3 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n),
segundo o ano do parto anterior (AN), obtidas a partir do
desmembramento do GCF.
AN
n
Média
1982
10
401,80
1983
16
379,38
1984
15
343,35
1985
24
350,48
1986
31
341,58
1987
22
330,17
1988
17
317,62
1989
16
349,14
1990
18
317,85
1991
25
314,21
1992
22
285,69
1993
17
254,08
1994
19
292,89
Tabela A 4 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n),
segundo a época do parto anterior (FOT), obtidas a partir do
desmembramento do GCF.
FOT
n
Média
1
182
326,60
2
70
330,61
106
Tabela A 5 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em
kg), com o número de informações (n), segundo o grupo
contemporâneo (GCF).
GCF
n
Média Aj.
E.P.
821
4
543,06
352,21
822
3
487,92
381,79
831
11
597,57
326,56
832
6
581,91
328,76
841
17
550,64
284,60
851
18
602,25
250,09
852
6
503,60
273,78
861
32
628,13
204,52
862
3
557,37
245,72
871
17
519,51
159,93
872
14
400,46
174,62
881
15
539,13
128,90
882
11
474,91
142,13
891
17
822,30
91,66
892
3
407,77
146,90
901
17
881,12
72,73
902
5
912,36
108,98
912
14
706,69
67,92
921
11
434,97
77,18
931
16
384,18
91,32
932
10
391,75
90,57
941
23
648,72
120,99
942
12
592,86
110,29
107
Tabela A 6 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n),
segundo
o
ano
do
parto
(AN),
obtidas
a
partir
do
desmembramento do GCF.
AN
n
Média
1982
7
515,49
1983
17
589,74
1984
17
550,64
1985
24
552,93
1986
35
592,75
1987
31
459,99
1988
26
507,02
1989
20
615,03
1990
22
896,74
1991
14
706,69
1992
11
434,97
1993
26
387,97
1994
35
620,79
Tabela A 7 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n),
segundo
a
época
de
parto
(FOT),
obtidas
a
desmembramento do GCF.
FOT
n
Média
1
198
595,97
2
87
547,05
partir
do
108
Tabela A 8 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em
kg), com o número de informações (n), segundo a idade da
cabra ao parto (ID)
Idade (anos)
n
Média Aj.
E.P.
1
79
467,99
41,40
2
71
566,89
72,44
3
63
673,68
110,99
4
43
595,42
145,21
5
15
582,62
189,55
6 ou maior
14
548,84
266,21
Tabela A 9 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em
kg), com o número de informações (n), segundo o tipo de parto
(TP)
TP
n
Média Aj.
E.P.
Simples
146
545,29
134,85
Múltiplo
139
599,85
133,05
109
Tabela A 10 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL
(em kg), com o número de informações (n), segundo a duração
da lactação (DLA)
DLA (meses)
n
Média Aj.
E.P.
4
7
156,34
166,56
5
22
403,49
126,31
6
29
421,90
141,03
7
41
481,94
143,91
8
54
504,53
135,19
9
38
565,90
137,45
10
38
617,37
137,45
11
20
661,75
158,97
12
13
828,35
149,67
110
Tabela A 11 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da DL
(em dias), com o número de informações (n), segundo o grupo
contemporâneo (GCF)
GCF
n
Média Aj.
E.P.
821
4
152,69
129,49
822
3
145,49
136,41
831
11
125,75
117,60
832
6
147,06
118,67
841
17
168,52
102,58
851
18
182,67
88,63
852
6
141,80
96,52
861
32
184,05
73,23
862
3
207,70
90,26
871
17
234,63
57,88
872
14
292,93
61,88
881
15
235,37
47,69
882
11
275,89
52,73
891
17
235,43
33,66
892
3
365,23
55,41
901
17
182,29
27,90
902
5
228,36
38,87
912
14
208,60
23,20
921
11
246,99
29,67
931
16
257,11
33,89
932
10
295,05
34,48
941
23
190,72
44,43
942
12
333,41
39,97
111
Tabela A 12 - Médias da DL (em dias), com o número de informações (n),
segundo o ano (AN), obtidas a partir do desmembramento do
GCF.
AN
n
Média
1982
7
149,09
1983
17
136,40
1984
17
168,52
1985
24
162,23
1986
35
195,87
1987
31
263,78
1988
26
255,63
1989
20
300,33
1990
22
205,32
1991
14
208,60
1992
11
246,99
1993
26
276,08
1994
35
262,06
Tabela A 13- Médias da DL (em dias), com o número de informações (n),
segundo a época do parto (FOT), obtidas a partir do
desmembramento do GCF..
FOT
n
Média
1
198
199,68
2
87
240,14
112
Tabela A 14 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da DL
(em dias), com o número de informações (n), segundo o nível de
produção (NP)
NP
n
Média Aj.
E.P.
1
74
141,82
48,70
2
140
202,58
48,23
3
71
312,70
49,90
Tabela A 15 - Classificação (Class) dos reprodutores em estudo, ao longo dos
13 anos, com o número de filhas (NF) com registros produtivos e
valor genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL.
Nome
Ped
NF
VG
Class
Amapá DA FAZENDA MACHADO
5322
33
45,166*
1
Korbachev DA RULI
5545
4
30,950*
2
Condor **
5311
14
16,572*
3
Canário II DA SERRA DE ANDRADAS
5189
11
15,946
4
SEQUOIA Moon Lake
5622
16
4,126*
5
Encanto DA SERRA DE ANDRADAS
5315
7
0,496*
6
Jacarandá DA SERRA DE ANDRADAS
5725
6
-2,086
7
Canário DA SERRA DE ANDRADAS
5002
72
-8,524*
8
Bicudo DA SERRA DE ANDRADAS
5134
69
-10,456
9
Adônis DA SERRA DE ANDRADAS
5102
18
-15,201
10
Alex **
5201
11
-28,748*
11
Benz **
5047
24
-34,444*
12
* = Pai ou mãe sem informação de produção ou conexão (animal proveniente de
outro plantel ou importado); ** = animal sem afixo ou sufixo, por ser importado.
Média de PL da base genética = 572,57 kg
Ped = identificação do animal
113
Tabela A 16 - Classificação (Class) dos bodes do plantel ativo, com o valor
genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL.
Nome
Ped.
VG
Class.
Pastor DA SERRA DE ANDRADAS
7029
47,614
1
Pateta DA SERRA DE ANDRADAS
7062
39,716
2
Palácio DA SERRA DE ANDRADAS
7017
38,283
3
Profeta DA SERRA DE ANDRADAS
7006
32,471
4
Javé DA SERRA DE ANDRADAS
5746
31,520
5
Teobaldo TEXAN
5709
29,861*
6
Perfume DA SERRA DE ANDRADAS
7066
28,185*
7
Ouro Branco DA SERRA DE ANDRADAS
6023
27,754**
8
Patriarca DA SERRA DE ANDRADAS
7072
25,952
9
Patrono DA SERRA DE ANDRADAS
7078
25,528
10
Príncipe DA SERRA DE ANDRADAS
7042
20,529**
11
Oscar DA SERRA DE ANDRADAS
6050
19,919
12
Poeta DA SERRA DE ANDRADAS
7077
13,808
13
Potente DA SERRA DE ANDRADAS
7076
12,112
14
Presidente DA SERRA DE ANDRADAS
7073
11,357
15
Imperador DA SERRA DE ANDRADAS
5669
9,310
16
Pluto DA SERRA DE ANDRADAS
7051
3,776*
17
* = Pai ou mãe sem informação de produção ou conexão (animal proveniente de
outro plantel ou importado).
** = Sêmen francês.
Ped = identificação do animal
Média de PL da base genética = 572,57 kg
114
Tabela A 17 - Classificação (Class) das cabras do plantel ativo, com produção
por lactação completa própria (PL, Sim ou Não) e valor genético (VG), pelo
MTDFREML, em relação à média de PL.
Nome
Ped
PL
VG
Class
Jandaia DA SERRA DE ANDRADAS
5763
S
91,097
1
Noêmia DA SERRA DE ANDRADAS
5974
S
78,012
2
Jacy DA SERRA DE ANDRADAS
5758
S
72,435
3
Nativa DA SERRA DE ANDRADAS
5977
S
56,811
4
Marinete DA SERRA DE ANDRADAS
5871
S
56,369
5
Duquesa DA SERRA DE ANDRADAS
5250
S
55,508
6
Nilza DA SERRA DE ANDRADAS
5969
S
54,657
7
Pedrita DA SERRA DE ANDRADAS
7027
N
47,614
8
Pérola DA SERRA DE ANDRADAS
7028
N
47,614
9
Neve DA SERRA DE ANDRADAS
5989
S
41,057
10
Ostra DA SERRA DE ANDRADAS
6090
N
39,716
11
Primavera DA SERRA DE ANDRADAS
7063
N
39,716
12
Partida DA SERRA DE ANDRADAS
7065
N
39,716
13
Pepita DA SERRA DE ANDRADAS
7016
N
38,283
14
Lilian DA SERRA DE ANDRADAS
5806
S
37,187
15
Onça DA SERRA DE ANDRADAS
6078
N
32,840
16
Pituca DA SERRA DE ANDRADAS
7004
N
32,471
17
Odile DA SERRA DE ANDRADAS
6040
N
31,984
18
Ofélia DA SERRA DE ANDRADAS
6043
N
31,838
19
Patrulha DA SERRA DE ANDRADAS
7054
N
30,297
20
Poupança DA SERRA DE ANDRADAS
7067
N
28,185*
21
Pomposa DA SERRA DE ANDRADAS
7035
N
27,515
22
Orquídea DA SERRA DE ANDRADAS
6034
N
27,276
23
Pintura DA SERRA DE ANDRADAS
7009
N
26,558
24
115
Nome
Ped
PL
VG
Class
Paquita DA SERRA DE ANDRADAS
7011
N
26,404
25
Pureza DA SERRA DE ANDRADAS
7079
N
25,528
26
Menina DA SERRA DE ANDRADAS
5913
S
25,362
27
Nara DA SERRA DE ANDRADAS
5948
S
25,107
28
Vitória DA SERRA DE ANDRADAS
5886
S
23,631*
29
Oliveira DA SERRA DE ANDRADAS
6035
N
23,301
30
Peteca DA SERRA DE ANDRADAS
7057
N
22,695
31
Pimenta DA SERRA DE ANDRADAS
7058
N
22,695
32
Paulista DA SERRA DE ANDRADAS
7055
N
22,545
33
Perpétua DA SERRA DE ANDRADAS
7056
N
22,545
34
Malú DA SERRA DE ANDRADAS
5879
S
21,287
35
Oca DA SERRA DE ANDRADAS
6041
N
21,269
36
Operária DA SERRA DE ANDRADAS
6054
N
20,704
37
Ninja DA SERRA DE ANDRADAS
5952
S
20,093
38
Papoula DA SERRA DE ANDRADAS
7044
N
19,585
39
Lindinha DA SERRA DE ANDRADAS
5836
S
17,635
40
Opala DA SERRA DE ANDRADAS
6038
N
17,336
41
Osíris DA SERRA DE ANDRADAS
6089
N
16,471
42
Prata DA SERRA DE ANDRADAS
7059
N
15,919*
43
Poesia DA SERRA DE ANDRADAS
7060
N
15,919*
44
Prenda DA SERRA DE ANDRADAS
7041
N
13,881
45
Galaxy ***
5604
S
13,719*
46
Isabelle DA SERRA DE ANDRADAS
5677
S
11,919
47
Odalisca DA SERRA DE ANDRADAS
6053
N
10,615
48
Emily ***
5487
S
9,976*
49
Pioneira DA SERRA DE ANDRADAS
7030
N
9,966
50
Proeza DA SERRA DE ANDRADAS
7031
N
9,966
51
116
Nome
Ped
PL
VG
Class
Penélope DA SERRA DE ANDRADAS
7037
N
9,966
52
Princesa DA SERRA DE ANDRADAS
7014
N
8,831
53
Pinguinha DA SERRA DE ANDRADAS
7023
N
8,025
54
Pipoca DA SERRA DE ANDRADAS
7025
N
8,025
55
Olímpica DA SERRA DE ANDRADAS
6045
N
7,551
56
Oliva DA SERRA DE ANDRADAS
6027
N
4,996
57
Pretinha DA SERRA DE ANDRADAS
7034
N
3,077
58
Olívia DA SERRA DE ANDRADAS
6069
N
2,228
59
Poderosa DA SERRA DE ANDRADAS
7074
N
1,114*
60
Preciosa DA SERRA DE ANDRADAS
7075
N
1,114*
61
Pupila DA SERRA DE ANDRADAS
7019
N
0,093
62
Ópera DA SERRA DE ANDRADAS
6049
N
0,093
63
Nastácia DA SERRA DE ANDRADAS
6012
S
-1,941
64
Orca DA SERRA DE ANDRADAS
6036
N
-3,602
65
Ousada DA SERRA DE ANDRADAS
6020
N
-7,822**
66
Ousadia DA SERRA DE ANDRADAS
6021
N
-7,822**
67
Potira DA SERRA DE ANDRADAS
7021
N
-8,735
68
Patota DA SERRA DE ANDRADAS
7022
N
-8,735
69
Vilma TEXAN
5887
S
-21,600*
70
Essie ***
5636
S
-29,675*
71
Perigosa DA SERRA DE ANDRADAS
7070
N
-
Perereca DA SERRA DE ANDRADAS
7071
N
-
* = Pai ou mãe sem informação de produção ou conexão (animal proveniente de outro
plantel ou importado); ** = Sêmen francês; *** = animal sem afixo ou sufixo, por ser importado.
Ped = identificação do animal; Média de PL da base genética = 572,57 kg
S = com produção de lactação completa; N = sem produção de lactação completa

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