Estudo dos efeitos genéticos e de ambiente sobre
Transcrição
Estudo dos efeitos genéticos e de ambiente sobre
UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL ESTUDO DOS EFEITOS GENÉTICOS E DE AMBIENTE SOBRE CARACTERÍSTICAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA EM CAPRINOS DA RAÇA SAANEN ANAMARIA CÂNDIDO RIBEIRO Jaboticabal - SP Fevereiro - 1997 UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA FACULDADE DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS E VETERINÁRIAS CÂMPUS DE JABOTICABAL ESTUDO DOS EFEITOS GENÉTICOS E DE AMBIENTE SOBRE CARACTERÍSTICAS DE IMPORTÂNCIA ECONÔMICA EM CAPRINOS DA RAÇA SAANEN Autora: Anamaria Cândido Ribeiro Orientador: Prof. Dr. Jeffrey Frederico Lui Dissertação apresentada ao Curso de pós- graduação da UNESP-Jaboticabal, como parte das exigências para a obtenção do Título de MESTRE EM ZOOTECNIA - Área de concentração em Melhoramento Genético Animal. Jaboticabal - SP Fevereiro - 1997 “Os caminhos que conduzem o homem ao saber são tão maravilhosos quanto o próprio saber” Johannes Kepler ii Agradeço a Deus, por nos privilegiar com a vida, nos manter com saúde e nos conduzir aos nossos sonhos! iii DEDICO Aos queridos Silvio, meu esposo Mais que um companheiro, um amigo Mais que um incentivador, um admirador Mais que um marido, o amor da minha vida “O amor não é olhar um para o outro, mas sim olharem ambos para a mesma direção” Saint-Exupery Albertina, minha mãe Mulher forte e exemplar, determinada em melhor formar os filhos Todo o amor de sua filha Cândido, meu pai (in memorian) Onde quer que esteja, sei que partilha conosco a alegria de mais uma etapa vencida iv AGRADEÇO Ao Prof. Dr. Jeffrey Frederico Lui, mais que um orientador exemplar, um grande amigo e incentivador, meu reconhecimento; À Profa. Dra. Sandra Aidar de Queiroz, uma profissional excelente, pela inestimável contribuição e por me que me permitir partilhar de seus conhecimentos, minha admiração; Ao Prof. Dr. Kleber Tomás de Resende, pelo apoio, amizade e dedicação à caprinocultura, minha consideração; Ao Prof. Dr. Luiz Francisco Prata, que me auxiliou nos primeiros passos do desenvolvimento da minha visão científica, minha lembrança; Aos professores, colegas e funcionários do Departamento de Melhoramento Genético Animal e Departamento de Zootecnia de Ruminantes, pelos momentos de alegria e descontração, bem como os de concentração e estudo; a convivência nos aproximou, registro aqui minha esperança de que o tempo não nos distancie; Aos “cabriteiros” Chico, Cláudia, Norma, Roberto e Vânia, pelos momentos, conhecimentos e amizade compartilhados; Aos amigos especiais Carol e “santo” Danísio, pela paciência e incentivo; À minha família em geral e, em especial, ao meu irmão Alan e sua mini família: Rita e Natalie e aos meus sogros, José Maria e Maria Nadir, sempre presentes, apesar da distância; À equipe de desenvolvimento do PROCAPRI, em especial aos Profs. Kleber e Silvio, pela iniciativa e continuidade. Esta é apenas a v primeira dissertação de mestrado defendida com a utilização desse programa, que serão inúmeras, tenho certeza! Ao CNPq, pela concessão da bolsa de estudos; À Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias - UNESP, Câmpus de Jaboticabal, pela oportunidade concedida; À tantos outros que auxiliaram no desenvolvimento deste trabalho; na preocupação de omitir nomes, fica aqui minha lembrança... vi HOMENAGEM AO CAPRIL SERRA DE ANDRADAS Nos idos de 1879, o Capitão João Pedro Ribeiro e o Coronel Policarpo Aureliano de Almeida iniciaram suas criações de cabras, que se juntariam mais tarde, com o casamento da Sra. Maria de Almeida e do Sr. Estulano Ribeiro, que iniciaram a família Almeida Ribeiro. As gerações foram se sucedendo, sempre com uma estreita ligação com os caprinos, até que o Sr. José Maria decidiu imprimir um novo ritmo à atividade, direcionando a criação para animais de raças especializadas em leite. Em 1979 Silvio Doria de Almeida Ribeiro juntou-se ao pai. A partir de 1980, evidenciando uma visão da importância da escrituração zootécnica, iniciaram o controle leiteiro do plantel. Hoje, o Capril Serra de Andradas é um criatório tradicional de caprinos leiteiros, com animais bem manejados, de boa produção e eficientes do ponto de vista reprodutivo. Ao longo dos últimos 20 anos, conquistou mais de 1000 prêmios em exposições, além de ter obtido o grande campeonato de todos os Torneios Leiteiros de que participou. Ficam aqui registrados minha homenagem e agradecimento pelas informações coletadas ao longo do tempo e que possibilitaram a realização deste trabalho e, sobretudo, por esta paixão pelos caprinos que o Sr. José Maria herdou de seus ancestrais e soube transmití-la ao seu filho, que, juntos, me transmitiram. Seguindo seus passos, que sempre fizeram o possível para incentivar e divulgar a caprinocultura, concluo esse estudo na esperança de estar contribuindo nessa empreitada, tendo me tornado também uma apaixonada pelos caprinos... A autora vii BIOGRAFIA DA AUTORA Anamaria Cândido Ribeiro, filha de Antonio Manoel da Silva Cândido e Albertina Rueff de Camargo Cândido, nasceu na cidade de São Paulo, estado de São Paulo, em 11 de novembro de 1966. Em março de 1984 ingressou na Faculdade de Agronomia “Manoel Carlos Gonçalves”, em Espírito Santo do Pinhal - SP, recebendo o título de Engenheira Agrônoma em julho de 1989. Em 1989 passou a se dedicar à caprinocultura. Em 1989 e 1996 integrou o quadro docente da ETAE “Dr. Carolino da Motta e Silva”. De setembro de 1993 a outubro de 1994 desenvolveu trabalho dedicado à composição físico-química e microbiológica do leite de cabra, junto à UNESP - Câmpus de Jaboticabal. Em 1996 participou da formação e estruturação da empresa CAPRITEC (Consultoria, Planejamento e Assistência Técnica em Caprinocultura), da qual é sócia. É sócia fundadora da Sociedade Brasileira de Melhoramento Animal (SBMA) e sócia da Sociedade Brasileira de Genética (SBG). Em agosto de 1994 ingressou no curso de pós-graduação em Zootecnia, área de concentração em Melhoramento Genético Animal da Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias da UNESP - Câmpus de Jaboticabal, tendo se submetido à defesa final para obtenção do título de Mestre em fevereiro de 1997. viii ÍNDICE 1. RESUMO ...................................................................................................................1 2. INTRODUÇÃO ..........................................................................................................3 3. REVISÃO DE LITERATURA .........................................................................................7 3.1. Características de importância econômica ................................................7 3.1.1. Idade ao Primeiro Parto (IPP) ................................................................10 3.1.2. Intervalo de Partos (IEP) .........................................................................14 3.1.3. Produção de Leite (PL)...........................................................................18 3.1.4. Duração da Lactação (DL) ...................................................................22 3.2. Parâmetros genéticos, fenotípicos e melhoramento em caprinos leiteiros...................................................................................................................23 3.2.1. Herdabilidade e repetibilidade ............................................................25 3.2.2. Correlações genéticas e fenotípicas entre características de importância econômica..................................................................................28 3.2.3. Avaliação genética de animais por Modelo Animal .........................29 4. MATERIAL E MÉTODOS ..........................................................................................33 4.1. Material ..........................................................................................................33 4.2. Métodos .........................................................................................................36 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................45 5.1. Idade ao Primeiro Parto (IPP) .......................................................................45 5.2. Intervalo de Partos (IEP) ................................................................................50 5.3. Produção de Leite (PL) e Duração da Lactação (DL) ..............................55 ix 5.4. Parâmetros genéticos e fenotípicos............................................................69 5.4.1. Herdabilidade .........................................................................................69 5.4.2. Repetibilidade.........................................................................................72 5.4.3. Correlações.............................................................................................75 5.4.4. Valor Genético dos Animais..................................................................79 5.4.5. Tendência genética da população.....................................................82 6. CONCLUSÕES........................................................................................................88 7. ABSTRACT...............................................................................................................90 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................92 9. APÊNDICE ............................................................................................................103 x ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1- Sequência dos procedimentos destinados aos dados, desde a colheita a campo até os relatórios finais. ......................................................38 Figura 2 - Médias ajustadas da IPP (em dias), de acordo com a época de nascimento (FOT)..............................................................................................49 Figura 3 - Médias ajustadas dos IEP (em dias) de acordo com grupo contemporâneo (GCF). ...................................................................................52 Figura 4 - Médias do IEP (em dias) de acordo com ano de parto, obtidas a partir do desmembramento do GCF, com a respectiva regressão. ..........53 Figura 5 - Médias do IEP (em dias) de acordo com época de parto, obtidas a partir do desmembramento do GCF. ............................................................54 Figura 6 - Médias ajustadas de PL (em kg) e DL (em dias), de acordo com o grupo contemporâneo (GCF).........................................................................58 Figura 7 - Regressão da Produção de Leite (em kg), em função do ano de parto, obtida a partir do desmembramento do GCF. .................................59 Figura 8 - Regressão da Duração da Lactação (em dias), em função do ano de parto, obtida a partir do desmembramento do GCF. ...........................60 Figura 9- Médias da PL (em kg), de acordo com a época de parto, obtidas a partir do desmembramento do GCF. ............................................................60 Figura 10 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com a idade das cabras ao parto................................................................................................63 Figura 11 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com o tipo de parto. .63 Figura 12 - Regressão da Produção de Leite (em kg) em função da duração da lactação (em meses).................................................................................64 xi Figura 13 - Médias ajustadas da DL (em dias), de acordo com o nível de produção de leite. ...........................................................................................65 Figura 14 - Desempenho geral do plantel caprino em estudo, de acordo com a duração da lactação (DL), período seco (PS), intervalo de partos (IEP), período de serviço (PV) e período de gestação (PG). ................................67 Figura 15 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente (VEt) na característica Idade ao Primeiro Parto. ..........................................73 Figura 16 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente temporário (VEt) na característica Intervalo de Partos. ...............................73 Figura 17 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente permanente (VEp) e de ambiente temporário (VEt) na característica Produção de Leite............................................................................................74 Figura 18 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente permanente (VEp) e de ambiente temporário (VEt) na característica Duração da Lactação.....................................................................................74 Figura 19 - Tendência genética da Produção de Leite das cabras, pais e mães correspondentes, com as respectivas regressões quadráticas...................83 xii ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Médias e erros-padrão da média de Idade ao Primeiro Parto (IPP) de caprinos, em meses, de acordo com autor, país, raça e número de animais (n). ........................................................................................................13 Tabela 2. Médias e erros-padrão da média de Intervalo de Partos (IEP) de caprinos, em dias, de acordo com autor, país, raça e número de observações (n). ...............................................................................................16 Tabela 3 - Médias e erros-padrão da média de Produção de Leite (PL) de caprinos, em kg e Duração da Lactação (DL), em dias, de acordo com autor, país, raça e número de observações (n). ..........................................19 Tabela 4. Valores de herdabilidade (h2) e repetibilidade (t), com os respectivos erros-padrão, de Produção de Leite (PL) por autor, país, raça e número de observações (n). ...............................................................................................26 Tabela 5 - Resumo da análise de variância da Idade ao Primeiro Parto (IPP) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada (m), em dias e erro-padrão da média (e.p.), em dias.........................................46 Tabela 6 - Resumo da análise de variância do Intervalo de Partos (IEP) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada (m), em dias e erro-padrão da média (e.p.), em dias...........................................................50 Tabela 7 - Resumo da análise de variância da Produção de Leite (PL) e Duração da Lactação (DL) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, xiii média ajustada (m), em kg para PL e em dias para DL e erro-padrão da média (e.p.), em kg ou dias. ...........................................................................56 Tabela 8 - Componentes de variância genética aditiva (σ2A), de ambiente permanente (σ2Ep) e de ambiente temporário (σ2Et), herdabilidade (h2 ) e repetibilidade (t), estimadas pelo Método da REML....................................71 Tabela 9 - Correlações genética (rg), fenotípica (rf) e ambiental (re) entre as características mencionadas (IPP, IEP e DL) e a PL, obtidas pela REML, por análise bivariada. .............................................................................................76 Tabela 10 - Tendência genética da produção de leite (TG) em função do ano de parto, para as cabras, pais e mães. .........................................................84 xiv ÍNDICE DO APÊNDICE Tabela A 1-Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da IPP (em dias), com o número de informações (n), segundo a época de nascimento (FOT)............................................................................................103 Tabela A 2 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média do IEP (em dias), com o número de informações (n), segundo o grupo contemporâneo (GCF). .................................................................................104 Tabela A 3 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n), segundo o ano do parto anterior (AN), obtidas a partir do desmembramento do GCF...........................................................................105 Tabela A 4 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n), segundo a época do parto anterior (FOT), obtidas a partir do desmembramento do GCF...........................................................................105 Tabela A 5 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo o grupo contemporâneo (GCF)................................................................................................................106 Tabela A 6 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo o ano do parto (AN), obtidas a partir do desmembramento do GCF. .................................................................................................................107 Tabela A 7 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo a época de parto (FOT), obtidas a partir do desmembramento do GCF. ...........................................................................................................107 Tabela A 8 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo a idade da cabra ao parto (ID) .........................................................................................................108 xv Tabela A 9 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo o tipo de parto (TP)...108 Tabela A 10 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo a duração da lactação (DLA) ...............................................................................................109 Tabela A 11 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo o grupo contemporâneo (GCF) ..................................................................................110 Tabela A 12 - Médias da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo o ano (AN), obtidas a partir do desmembramento do GCF. ....111 Tabela A 13- Médias da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo a época do parto (FOT), obtidas a partir do desmembramento do GCF.. ..........................................................................................................111 Tabela A 14 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo o nível de produção (NP) ................................................................................................112 Tabela A 15 - Classificação (Class) dos reprodutores em estudo, ao longo dos 13 anos, com o número de filhas (NF) com registros produtivos e valor genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL. ....................112 Tabela A 16 - Classificação (Class) dos bodes do plantel ativo, com o valor genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL. ....................113 Tabela A 17 - Classificação (Class) das cabras do plantel ativo, com produção por lactação completa própria (PL, Sim ou Não) e valor genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL................................................114 1. RESUMO O presente trabalho teve por objetivos estimar os parâmetros genéticos e fenotípicos das características produtivas e reprodutivas de caprinos da raça Saanen e predizer o valor genético de todos os animais em estudo, classificando os reprodutores em ordem decrescente, de acordo com seu valor genético para produção de leite, para um rebanho localizado no município de Andradas - MG. As características reprodutivas consideradas foram a Idade ao Primeiro Parto (IPP) e o Intervalo de Partos (IEP). As características produtivas estudadas foram Produção de Leite (PL) e Duração da Lactação (DL). As médias ajustadas por quadrados mínimos e erros-padrão das características IPP, IEP, PL e DL, foram 402,28±19,14 dias, 328,49±36,71 dias, 572,57±133,97 kg e 219,03±48,09 dias, respectivamente. Os componentes de (co)variância e parâmetros genéticos e fenotípicos foram 2 estimados pelo Método da Máxima Verossimilhança Restrita Livre de Derivada, por um Modelo Animal. As estimativas de herdabilidade da IPP, IEP, PL e DL foram 0,14; 0,09; 0,09 e 0,06, enquanto que as estimativas de repetibilidade para estas características, exceto IPP, foram 0,09; 0,20 e 0,10, respectivamente. As correlações genéticas entre a PL e IPP, PL e IEP e PL e DL foram 0,95; 1,00 e 0,43, respectivamente. As correlações fenotípicas e ambientais foram de baixa magnitude e positivas entre a PL e IPP e PL e IEP e, médias e negativas entre a PL e a DL. Todos os reprodutores do plantel ativo apresentaram valor genético (VG) positivo, sendo, portanto, superiores à média do rebanho, com relação à produção leiteira. As fêmeas do plantel ativo, em sua grande maioria, também apresentaram VG positivo. As estimativas de herdabilidade e repetibilidade, neste estudo, foram de baixa magnitude, e como estas, apenas, manifestam-se nas fêmeas, recomenda-se a utilização do Teste de Progênie como método de avaliação dos reprodutores, além da observação de mais de uma medida da característica por animal, dada a baixa repetibilidade destas. Recomenda-se a avaliação genética dos animais anualmente, de forma a garantir os acasalamentos mais adequados dentro do rebanho e demais tomadas de decisão. A tendência genética foi calculada a partir dos VG nos anos de parto, tendo sido encontrada uma tendência quadrática para as cabras, com o ponto de mínimo ocorrendo em 1986 e a mudança genética anual foi igual a 0,7308 kg. Como as características em estudo sofrem forte influência ambiental, outra estratégia a ser empregada é a manutenção das condições favoráveis de nutrição, sanidade e manejo em geral, inclusive com a sua melhoria. 2. INTRODUÇÃO A cabra tem acompanhado o homem desde os primórdios da humanidade, tendo sido o primeiro animal domesticado capaz de produzir alimentos. Por ser um animal versátil na produção de alimentos e matérias-primas, tais como leite, carne, pele e pelos, bastante prolífico e de boa adaptabilidade, é encontrado em praticamente todas as regiões do globo, inclusive em locais com características bastante adversas. A importância dos caprinos como fonte protéica varia conforme o nível de desenvolvimento da região ou país. DEVENDRA (1987) cita que nos países em desenvolvimento, a produção de carne representa 4 92,8% da atividade, enquanto que nos países desenvolvidos, o principal objetivo de produção é o leite, representando cerca de 73,2%. A caprinocultura tem uma importância social, sendo muitas vezes a única fonte proteica de origem animal de famílias de baixa renda, por se prestar bem a criações de fundo de quintal ou “de corda”, como é chamado o manejo no qual os animais atados a cordas são conduzidos a locais variados, inclusive beira de estradas, para que pastejem. Outra função social desta espécie se apresenta na forma de programas de reabilitação de meninos de rua. Como atividade de importância econômica, os caprinos se destacam pela possibilidade de criação em pequenas propriedades, que podem abrigar desde pequenos empreendimentos até grandes plantéis, pela utilização de sistemas de confinamento ou semi-confinamento, se mostrando uma boa fonte de renda. No Brasil, cerca de 90% da população caprina encontrase na região Nordeste, sendo o principal objetivo das criações a produção de carne e pele, com animais Sem Raça Definida (SRD). Entretanto, na região Sudeste, a caprinocultura vem ganhando espaço, principalmente as raças com aptidão leiteira, em virtude dos altos preços alcançados pelo leite de cabra (US$ 1,00 a 2,00/l, pago ao produtor), conforme RIBEIRO (1987). Diversos criatórios trabalham com animais importados, de raças mundialmente reconhecidas como grandes produtoras, mas o material genético vindo para o Brasil se mostra heterogêneo. Os produtores de leite vêm importando animais ou sêmen de bodes de outros países, principalmente da França, que conta com um programa de melhoramento genético bem estruturado, iniciado em 1955 (PIACERE, 1994). Dentre as várias importações de animais realizadas foram adquiridos lotes heterogêneos, com animais apresentando bons resultados, contudo, parte dos indivíduos deixou a desejar em termos de desempenho, 5 além de alguns apresentarem problemas sanitários, com o que introduziram nos plantéis brasileiros doenças consideradas exóticas. Outra consideração a ser feita é que os objetivos de seleção do programa francês diferem do que os criadores no Brasil estão buscando. Na França, os objetivos de seleção de caprinos leiteiros são a obtenção de leite com elevados teores protéicos, de forma a obter um maior rendimento na fabricação de queijos e, com este objetivo, tem-se buscado mais recentemente, aumentar a frequência de uma fração da proteína (αs1 - caseína), que está relacionada com a maior produção de proteína total (JORDANA et al., 1996). Já o mercado brasileiro é predominantemente voltado para a comercialização do leite de cabra para consumo “in natura”, principalmente por crianças que apresentam alergia àquela fração da caseína (αs1). Com a continuidade de importação de animais selecionados com este objetivo, corre-se o risco de perder este diferencial do leite caprino, que atualmente é responsável pela maior parte do consumo. Os animais oriundos de países de clima temperado, apresentam grande sensibilidade às variações de fotoperíodo, o que se reflete no desempenho reprodutivo e, consequentemente, no produtivo. Mesmo assim, se comparados às produções de leite das raças nativas e seus cruzamentos com raças leiteiras, com média de 0,8 kg diários (BAKER & SOUZA NETO, 1989), os animais das raças exóticas no Brasil apresentam boa produção de leite (média de rebanho de aproximadamente 2 litros/cabra). Esses animais de origem de países de clima temperado não têm tido acompanhamento adequado do desempenho produtivo e reprodutivo, com suas informações, quando tomadas, da mesma forma que acontece com os demais membros dos rebanhos, sendo simplesmente armazenadas, sem que recebam qualquer tratamento estatístico. Assim, a seleção de caprinos leiteiros no Brasil, de uma maneira geral, tem sido efetuada principalmente de maneira empírica, sem que sejam estimados os 6 parâmetros genéticos desses rebanhos. Inclusive, o controle zootécnico, incluindo o controle leiteiro, apesar de indispensável ainda está longe de ser uma rotina na grande maioria dos criatórios. Como o desempenho do animal em termos produtivos é fruto dos efeitos do genótipo, meio ambiente, e suas interações, tornam-se necessários estudos buscando analisar as atuais condições de nossos plantéis para fornecer subsídios para o estabelecimento de programas de melhoramento e desenvolver uma tecnologia adequada para que se possa otimizar os resultados obtidos na produção de leite. O desempenho produtivo está diretamente relacionado ao desempenho reprodutivo, de tal forma que a idade ao primeiro parto, o intervalo de partos e o tamanho da prole podem influir no período de lactação, produção por lactação, produção vitalícia e número disponível de animais para reposição e comercialização, inclusive permitindo, uma maior pressão de seleção. Este trabalho teve por objetivo estimar os parâmetros genéticos e fenotípicos das características produtivas e reprodutivas de caprinos da raça Saanen e estimar o valor genético de todos os animais, classificando os reprodutores em ordem decrescente, de acordo com seu valor genético, de um rebanho de caprinos localizado em Andradas - MG. 3. REVISÃO DE LITERATURA 3.1. Características de importâ ncia econô mica O leite de cabra é utilizado pelo Homem há milênios, sendo um alimento de ótima qualidade, com sua exploração tendo significativa importância em muitos países (STEINE, 1982), sendo a produção mundial em torno de 8 milhões de toneladas anuais (DOSTÁLOVÁ, 1994). Esse leite pode ser utilizado para a confecção de queijos finos muito valorizados, além de sorvetes, iogurtes, doce de leite, leite em pó e o próprio leite fluído. Mais recentemente, a caprinocultura leiteira passou a ser reconhecida como um bom investimento. Parte do incremento da demanda pelo leite de cabra pode ser atribuído ao seu valor nutricional e à baixa 8 alergenicidade deste, comparado ao leite bovino (GORNEY, 1982; DOSTÁLOVÁ, 1994). ABRAHAM & AGRAZ (1984) lembram as qualidades do leite dessa espécie, indicando-o para crianças, jovens, adultos e idosos, pela sua fácil digestibilidade e semelhança com o leite humano, inclusive lembrando suas possíveis propriedades afrodisíacas. Entre os outros produtos fornecidos pelos caprinos estão a carne, a fibra e o couro, mas o leite ainda é considerado o mais importante (SHELTON, 1978). As raças de aptidão leiteira, como a Saanen, Alpina e Toggenburg, originárias de zonas temperadas, têm sido introduzidas em vários países tropicais (SAHNI & CHAWLA, 1982). Tal fato também ocorreu no Brasil e, principalmente no Centro-Sul, onde tem ocorrido um visível aumento na procura pela atividade. Nestes plantéis são criados animais principalmente da raça Saanen, que tem sido apontada como a melhor produtora de leite (SANDS & McDOWELL, 1978) e da raça Alpina. Há relatos de indivíduos com produções extremas, como os 1863 kg produzidos em 300 dias por uma cabra da raça Saanen, na China (NONGXUEYUAN, 1984) e 3084 kg em 305 dias, por um animal da mesma raça, na Austrália (SANDS & McDOWELL, 1978). Pelo aumento desta atividade, evidencia-se a necessidade de se canalizar esforços no sentido de aumentar a produção de leite dos caprinos, tanto em função da rentabilidade do empreendimento para o produtor, quanto para o suprimento do mercado, para o consumidor. Para o aumento de produção de leite é necessária uma ação conjunta em áreas como a nutrição, sanidade, manejo em geral e, principalmente, o melhoramento genético. Apesar da limitação dos estudos sobre programas de seleção de caprinos leiteiros no mundo todo e no Brasil, percebe-se nessa espécie um alto potencial produtivo e reprodutivo, sendo que os resultados já obtidos indicam possibilidades encorajadoras (ILOEJE & VAN VLECK, 1978), visto que os caprinos apresentam uma alta taxa reprodutiva e menor intervalo 9 de gerações que os bovinos (SHELTON, 1978). Isto é reforçado por STEINE (1982), que afirmou que com um esquema de melhoramento de caprinos bem organizado, é possível obter um progresso genético mais rápido que com bovinos leiteiros, principalmente devido ao menor intervalo de gerações, e também porque a análise de dados de cabras leiteiras indica um potencial genético mais alto que em bovinos leiteiros. DEVENDRA (1981) reforça essas afirmações, apontando que pelos resultados obtidos por Devendra (1975), tem sido claramente demonstrado que as cabras leiteiras com elevado mérito genético, como as das raças Saanen e Alpina, são superiores a vacas, búfalas e ovelhas e que este ponto confirma cálculos prévios realizados por Devendra & Burns (1970), onde a produção por unidade de peso vivo em cabras foram superiores a vacas e búfalas, com diferenças da ordem de 8 a 28%. Através do uso da seleção como ferramenta para o melhoramento genético, o objetivo é selecionar animais aptos para produzir alimentos de qualidade com o menor custo possível (STEINE, 1982). Em conjunto com a análise da capacidade produtiva, o desempenho reprodutivo indica os indivíduos com possibilidade de maior produção leiteira na vida útil, além do maior número de indivíduos nascidos a cada ano, permitindo uma maior pressão de seleção e possibilitando um maior ganho genético anual. As características que têm valor monetário na produção de um plantel são denominadas características econômicas. Tais características apresentam geralmente uma variação contínua, podendo assumir valores extremos, além de todos os intermediários. Isto ocorre porque são dependentes de diversos pares de genes, o que faz com que sejam conhecidas como “características quantitativas”. O fato do ambiente normalmente ter uma grande influência na expressão da maioria das características quantitativas, e estas serem influenciadas por muitos pares de 10 genes, torna necessário o emprego de princípios e procedimentos específicos para estudá-las do ponto de vista genético (LASLEY, 1978). Dentre as características que podem ser utilizadas para avaliar o desempenho dos animais, que são mensuradas no rebanho de modo relativamente simples e têm interesse econômico, estão as reprodutivas, como a Idade ao Primeiro Parto (IPP) e o Intervalo de Partos (IEP), a Produção de Leite (PL) e a Duração da Lactação (DL), podendo ser avaliadas através dos registros de desempenho, que, segundo RICORDEAU et al. (1992), é a primeira ferramenta da seleção. A PL e a DL, características intimamente relacionadas, têm sua importância bem clara. Já a IPP e o IEP, além de influírem na vida útil do indivíduo, determinam o intervalo de geração da população, o número de animais resultantes e, ainda, são um indicativo do nível de adaptação da raça naquele meio (SIMPLÍCIO, 1992). 3.1.1. Idade ao Primeiro Parto (IPP) A vida produtiva da cabra leiteira está estreitamente ligada à IPP (KUMAR et al., 1980). A IPP pode ser considerada o evento reprodutivo mais importante, pois está atrelado ao início da vida produtiva. Sendo precoce, pode reduzir o intervalo de gerações, além de aumentar a eficiência reprodutiva, o que leva a um melhor resultado. Os caprinos são animais precoces, que por volta dos 4-5 meses de idade entram em puberdade e atingem sua maturidade sexual em torno dos 6-7 meses, estando, portanto, aptos para a reprodução. No caso das fêmeas, a idade deve ser avaliada em conjunto com o peso corporal. Atualmente, o manejo mais comumente utilizado preconiza que o peso do animal no início da vida reprodutiva deve equivaler a 60 a 70% do peso de uma fêmea adulta da 11 mesma raça. Como o período de gestação de cabras Saanen foi estimado em 152 dias (RIBEIRO et al., 1996a), uma cabrita coberta aos 6-7 meses terá seu primeiro parto aos 11-12 meses. Um fator que pode influenciar a IPP é o efeito do fotoperíodo pois, as cabras leiteiras de origem européia, como é o caso da Saanen, na região Centro-Sul brasileira, apresentam o mesmo comportamento poliéstrico estacional que em seus países de origem (RIBEIRO et al., 1996b), ou seja, começam a ciclar quando o número de horas de luz do dia começa a diminuir (fotoperíodo decrescente), e as cabritas que não são fertilizadas em dada estação, provavelmente não apresentarão atividade sexual antes do segundo ano de vida (SHELTON, 1978; CORTEEL, 1994; GONÇALVES, 1996). Segundo HAAS (1994), a maior parte das gestações iniciase no final do verão e no outono, correspondendo, no Brasil, aos meses de fevereiro a maio, com os últimos cios férteis no início do inverno (junho). Assim, caso as cabritas atinjam o peso e idade mínimos em condições de fotoperíodo crescente (julho-dezembro), só irão apresentar cio na próxima estação de fotoperíodo decrescente (janeiro-junho), fazendo com que a IPP seja de 520-550 dias (17-18 meses), a menos que seja utilizada alguma técnica de indução de cio. Esta prática leva a um círculo-vicioso, onde as cabritas, crias de cabras que têm cio induzido alcançam o ponto de cobertura no fotoperíodo crescente e, para que venham a parir com 1 ano de idade, é necessária, também, a indução do cio (TRALDI, 1994). Na Tabela 1 encontram-se as médias estimadas da IPP, obtidas por vários autores para diversas raças e em diferentes países. Verificase que a IPP variou de 13 a 28 meses, mostrando uma grande diversidade desta característica. A idade ao primeiro parto pode ser influenciada por vários fatores de origem ambiental, tais como o ano e a estação de nascimento, o tipo de parto que originou o animal, a idade da mãe ao parto 12 e, principalmente, as condições de fotoperíodo quando o animal atinge a maturidade sexual. 13 Tabela 1. Médias e erros-padrão da média de Idade ao Primeiro Parto (IPP) de caprinos, em meses, de acordo com autor, país, raça e número de animais (n). Autor país raça n IPP KUMAR et al. (1980) Índia Bee-Alp-Alp X Bee 239 19,1 GARCIA & GALL (1981) - - - 14 a 29* CHAWLA & BHATNAGAR (1982) Índia Bee-Alp-Saa - 19,4 KENNEDY et al. (1982) EUA Alp-Saa-Tog-Nub 3286 17,2±4,9 RIERA (1982) - - - 12 a 25* SINGH & ACHARYA (1982) Índia Bee 1436 25,9±0,2 GARCIA et al. (1983a) Venezuela - 1538 22,8 WILSON et al.(1984) Kenya - 28 18,5±4,0 KANAUJIA et al. (1987) Índia Bee 51 24,5±0,5 BB 95 20,1±0,4 LAL et al. (1987) WILSON et al. (1989) Índia Ruanda BB leiteiras 205 175 15,3±0,3 21,3±0,9 23,1±1,2 AHMED (1992) JAN & GUPTA (1992) - BB Alp Nub Bee Alp/Nub X Bee - 13,0±1,4 20,7±1,0 28,3±1,9 24,7±0,8 23,3±0,6 KROPF et al. (1992) - Sih-SihXAlp-SihXTog - 25,1 GALINA et al. (1995) México Alp-Saa-Tog-Nub 1675 14,0±3,0 NAHARDEKA et al. (1995) India cruzamentos 975 25,4 GONÇALVES (1996) Brasil Saa-Alp-Tog 590 20,2± 0,6 Moçambique * Dados de revisão; Alp=Alpina; BB=Black Bengal; Bee=Beetal; Nub=Nubiana; Saa=Saanen; Sih=Sirohi; Tog=Toggenburg; WAD=West African Dwarf. 14 O efeito do ano de nascimento reflete as variações sazonais na quantidade e qualidade dos alimentos e mudanças no manejo do rebanho, além de mudanças genéticas ocasionadas pela incorporação de novos animais ao rebanho e pelo descarte de animais velhos ou menos produtivos (KUMAR et al., 1980; WILSON et al., 1989; GALINA et al., 1995; NAHARDEKA et al., 1995; GONÇALVES, 1996). Ao longo do ano, as variações ocasionadas pela disponibilidade de chuvas, luminosidade, temperatura e fertilidade do solo refletem-se na disponibilidade de forragens. Este efeito é particularmente importante para esta espécie devido ao peso mínimo necessário para a cobertura das fêmeas e o seu comportamento reprodutivo sazonal (SANDS & McDOWELL, 1978; KUMAR et al., 1980; WILSON et al., 1984; LAL et al., 1987; WILSON et al., 1989; AMOAH & GELAYE, 1990; KROPF et al., 1992; NAHARDEKA et al., 1995; GONÇALVES, 1996). A idade da mãe, ou ordem de parto, podem influenciar a IPP de suas filhas, uma vez que influenciam o peso ao nascimento e taxa de crescimento (MAVROGENIS et al., 1984b; DAS & BOX, 1992), estando vinculado à entrada da prole na vida reprodutiva (WILSON et al., 1989). Geralmente, animais provenientes de partos simples nascem mais pesados, podendo atingir o peso mínimo para cobertura mais cedo e, portanto, levando a uma diminuição na IPP (SANDS & McDOWELL, 1978; WILSON et al., 1984; LAL et al., 1987; AMOAH & GELAYE, 1990). 3.1.2. Intervalo de Partos (IEP) O intervalo de partos, que compreende o período entre dois partos consecutivos, além de mensurar a eficiência reprodutiva, é, também, uma medida indireta do desempenho produtivo de um rebanho. O 15 número de partos durante o tempo de vida de uma cabra determina a longevidade produtiva do animal e o intervalo de partos é da maior importância para o incremento da produção, sendo que a variação desta característica depende, principalmente, da sazonalidade na atividade reprodutiva (GARCIA & GALL, 1981). Devido ao período de gestação relativamente curto dos caprinos (152 dias), é possível o planejamento de 3 partos a cada 2 anos, conduzindo, assim, a lactações mais curtas. Biologicamente, a cabra oferece potencial para parir com intervalos de 7-8 meses, aproximadamente, considerando-se o período de gestação mais 40 dias (em média) após o parto para que o útero tenha condições para receber um novo concepto (SIMPLÍCIO, 1992). Contudo, há o empecilho da sazonalidade estral, influenciada pelo fotoperíodo e, consequentemente, as técnicas de indução de cios utilizadas para superar esse efeito interferem no IEP. Segundo SIMPLÍCIO (1992), o IEP deve ser analisado em função dos objetivos da criação. A exploração para carne e pele seria beneficiada com um IEP médio de 8 meses. Entretanto, nas criações de duplo propósito (carne/leite), seria conveniente um IEP médio de 10 meses, permitindo, assim, um período de lactação de 8 meses, mais um repouso de 50 a 60 dias. Quando a exploração é fundamentalmente leiteira, registra-se, internacionalmente, que a cabra é manejada de forma a parir uma vez ao ano, conduzindo uma lactação média de 10 meses (305 dias). Os IEP médios obtidos por diversos autores, em dias, por raça e país, variaram entre 180 e 480 dias, como é mostrado na Tabela 2. 16 Tabela 2. Médias e erros-padrão da média de Intervalo de Partos (IEP) de caprinos, em dias, de acordo com autor, país, raça e número de observações (n). Autor país raça n IEP GARCIA & GALL (1981) - - - 180 a 407# MONTALDO et al. (1981) México Alp-Gra-Nub-Saa-Tog 250 401 CHAWLA & BHATNAGAR (1982) Índia Bee-Alp-Saa - 351±15 GROSSMAN et al. (1982) - Alp-Lma-Nub-Saa-Tog 70969 360 RIERA (1982) - - - 240 a 480# SIMPLÍCIO et al. (1982) Brasil SRD - 283±90 SINGH & ACHARYA (1982) Índia Bee 1436 382±3* GARCIA et al. (1983a) Venezuela - 1538 356 WILSON et al. (1984) KANAUJIA et al. (1987) Kenya Índia Bee BB Ruanda Moçambique - 332 27 59 498 255 306 359±11* 338±10* 343±13,8 408±14,9 CABELLO et al. (1991) - Anu - 231 MELLADO et al. (1991) - Nub 296 301±4 AHMED (1992) - BB - 218±26 JAN & GUPTA (1992) - Alp-Nub-Bee - 334±11 KROPT et al. (1992) - Sih-SihXAlp-SihXtog - 458±32 TRALDI et al. (1992) Brasil SRD - 291±90 GALINA et al. (1995) México Alp-Saa-Tog-Nub 1675 347±56 NAHARDEKA et al. (1995) India cruzamentos 975 302 GONÇALVES (1996) Brasil Saa-Alp-Tog 735 340± 13 WILSON et al. (1989) # = Dados de revisão; * = primeiro intervalo de partos Alp=Alpina; Anu=Anglo-Nubiana; BB=Black Bengal; Bee=Beetal; Lma=La Mancha; Nub=Nubiana; Saa=Saanen; Sih=Sirohi; SRD=Sem Raça Definida; Tog=Toggenburg; WAD=West African Dwarf. 17 O intervalo de partos pode ser influenciado por diversos fatores ambientais, dentre os quais estão o ano e estação de ocorrência e o tipo do parto anterior ao intervalo. A variação anual, já referida, pode alterar o IEP, pelas diferenças no nível nutricional e sanitário dos animais, além da variação genética (MONTALDO et al., 1981; WILSON et al., 1989; GALINA et al., 1995; NAHARDEKA et al., 1995; GONÇALVES, 1996). Devido à variação dentro do ano, pelos fatores ambientais como um todo, já citados e, principalmente, pelo número de horas de luz por dia, que são fatores desencadeadores do estro nas cabras, além de seu estado nutricional, ocorrem variações entre as diferentes épocas de parto (ILOEJE & VAN VLECK, 1978; SANDS & McDOWELL, 1978; RIERA, 1982; WILSON et al., 1984; WILSON et al., 1989; CABELLO et al., 1991; GALINA et al., 1995; NAHARDEKA et al., 1995; GONÇALVES, 1996). A formação de grupos contemporâneos objetiva unir indivíduos que sofrem os mesmos efeitos de estação, que variam, por sua vez, entre anos. Assim, animais que pertencem a um mesmo grupo contemporâneo, tendem a ser mais homogêneos entre si e têm as mesmas influências ambientais, tornando a análise genética mais acurada. Partos múltiplos podem ocasionar alterações no IEP posterior, estendendo-o, devido ao estresse da cabra, uma vez que para gerar e manter a gestação de um maior número de cabritos há uma maior mobilização de nutrientes, fazendo com que seja necessário um período maior de recuperação da mãe até o próximo parto (RIERA, 1982; WILSON et al., 1984; WILSON et al., 1989; GALINA et al., 1995). O reprodutor, como responsável por 50% do genótipo da progênie, pode interferir no IEP, além de permitir a estimação dos componentes de variância, como efeito aleatório (GONÇALVES, 1996). 18 3.1.3. Produção de Leite (PL) Na produção de leite o objetivo é melhorar a produtividade, ou seja, a produção por unidade de tempo ou por animal. Outro ponto importante a se considerar é a distribuição do produto ao longo do ano: devido à sazonalidade produtiva, decorrente da estacionalidade reprodutiva, torna-se difícil a manutenção da oferta do produto e, consequentemente, do mercado consumidor (RIBEIRO & RIBEIRO, 1996). Nem sempre um aumento da produção garante um maior lucro. Segundo CARAMELLE (1993), um aumento de produção por cabra, na França, de 667 litros em 1990 para 672 litros em 1991, em média, não impediu um decréscimo no lucro por litro de leite, em razão da queda do preço do litro de 1,81 para 1,72 (valores em francos), no mesmo período. Mais uma vez, a produtividade mostra-se como um caminho, seja para maximizar os ganhos ou, ao menos, minimizar as perdas. Ocorre uma grande variação na expressão desta característica e, de acordo com os autores citados, os valores médios de produção de leite variou de 101 a 949 kg, com duração entre 134 e 287 dias, como pode ser observado na Tabela 3. A produção de leite pode ser influenciada por vários fatores de origem ambiental, tais como o ano e a estação do parto, a idade da cabra ao parto, o tipo de parto e a duração da lactação. 19 Tabela 3 - Médias e erros-padrão da média de Produção de Leite (PL) de caprinos, em kg e Duração da Lactação (DL), em dias, de acordo com autor, país, raça e número de observações (n). Autor país raça n PL DL ALDERSON & POLLAK (1980) EUA Alp-Lma-Saa-Tog 2097 949 - WIGGANS EUA Alp-Lma-NubSaa-Tog-SRD-Mix 44870 878 - GROSSMAN (1980) & MONTALDO et al. (1981) México Alp-Gra-Nub-Saa-Tog 1194 295 247 GROSSMAN et al. (1982). KENNEDY et al. (1982) EUA EUA Alp-Lma-Nub-Saa-Tog 70969 Alp-Saa-Tog 1999 Nub 1287 750 693±252 568±225 258 266±51 248±56 MARQUES & SOLER (1982) - Mur/Gra-Mal- 8014 429 200 NORMAN et al. (1982) EUA leiteira 1100 861 287 SAHNI & CHAWLA (1982) - Saa - 287 a 1011 244 a 263* SINGH & ACHARYA (1982) Índia Bee 1436 154 174 GARCIA et al. (1983b) Venezuela cruzamentos 989 101,5 180,8 SUBIRES et al.(1988) Espanha Mal 2522 448±19 210& BAKER & SOUZA NETO (1989) Brasil Anu-SRD-Bhuj- etc 271 107 134 BARBIERI et al. (1990a) BARBIERI et al. (1990b) - Alp X Mox Saa Alp Anu 50 191 131±10 270±7 251±9 152±10 192±4 117±6 156±7 264±7 CABELLO et al. (1991) - Anu - 211 196 MIOC et al. (1991) JAN & GUPTA (1992) - Saa Alp-Nub-Bee Alp/Nub X Bee - 340 212±16 332±22 246 204±11 224±8 MOURAD (1992) Egito Alp 550 487±28 245±17 RICORDEAU et al.(1992) França - 236000 681# - SONGJIA et al. (1992) - Saa-Gua-SaaXGua - 322±94 300& FRESNO et al. (1994) I. Canárias Maj 452 547±4 - BROWNING et al. (1995) EUA Alpina 499 836 305& GONÇALVES (1996) Brasil Saa-Alp-Tog 1336 635± 40 236± 10 ZENG & ESCOBAR (1995) EUA Alp 15 646 240& * = Dados de revisão; #=Controle leiteiro oficial da França, &=Ajustada. Alp=Alpina; Anu=Anglo-Nubiana; BB=Black Bengal; Bee=Beetal; Gra=Granadina; Gua=Guanzhong; Lma=La Mancha; Maj=Majorera; Mal=Malaguena; Mix=Misto; Mox=Moxotó; Mur=Murciana; Nub=Nubiana; Saa=Saanen; Sih=Sirohi; SRD=Sem Raça Definida; Tog=Toggenburg;. 20 Inserido no efeito de ambiente, em função da variação das condições climáticas, do manejo e alimentação para os diferentes anos, além da variação genética com o passar dos anos, devido à seleção dos animais, como já exposto, existem diferenças entre anos (ILOEJE & VAN VLECK, 1978; GROSSMAN & WIGGANS, 1980; MONTALDO et al., 1981; FINLEY et al., 1982; KENNEDY et al., 1982; MAVROGENIS et al., 1984b; SULLIVAN et al., 1986; WELLER et al., 1987; WIGGANS, 1989; BARBIERI et al., 1990a, 1990b; KROPF et al., 1992; ANALLA et al., 1995; BROWNING Jr. et al., 1995; GONÇALVES, 1996). As mudanças ambientais ocorridas dentro do ano e a oscilação na qualidade da dieta oferecida aos animais, já citadas (ILOEJE & VAN VLECK, 1978; SANDS & McDOWELL, 1978; ALDERSON & POLLAK, 1980; GROSSMAN & WIGGANS, 1980; MONTALDO et al., 1981; KENNEDY et al., 1982; STEINE, 1982; WIGGANS, 1982; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al., 1984b; SULLIVAN et al., 1986; WELLER et al., 1987; WIGGANS, 1989; BARBIERI et al., 1990b; KALA & PRAKASH, 1990; CABELLO et al., 1991; DAS & BOX, 1992; JAN & GUPTA, 1992; MOURAD, 1992; KROPF et al., 1992; ANALLA et al., 1995; GONÇALVES, 1996; ZENG & ESCOBAR, 1995), além do efeito do fotoperiodismo, ao qual os caprinos são sensíveis, com o número de horas de luz por dia proporcionando a estacionalidade reprodutiva e, consequentemente, produtiva, característica dessa espécie (HAAS, 1994; TRALDI, 1994; RIBEIRO & RIBEIRO, 1996). Ocorrem variações ambientais entre anos, as quais não são previsíveis. Da mesma forma, ocorrem variações dentro dos anos, ou seja, entre as épocas de um mesmo ano. A formação de grupos contemporâneos busca o agrupamento de fêmeas que pariram num mesmo ano e sob a mesma época, com o objetivo de formar conjuntos de animais que estejam sob condições o mais semelhantes possíveis. 21 Do ponto de vista fisiológico, SUBIRES et al. (1988) afirmam que a ordem de parto e o tipo de parto são dos principais fatores que influem na PL. Normalmente, as menores produções de leite ocorrem na primeira lactação e há uma tendência de aumento até os 4 ou 5 anos de idade da cabra, correspondendo ao 30 ou 40 parto (ILOEJE & VAN VLECK, 1978; SANDS & McDOWELL, 1978; MONTALDO et al., 1981; KENNEDY et al., 1982; GROSSMAN & WIGGANS, 1980; ALDERSON & POLLAK, 1980; STEINE, 1982; WIGGANS, 1982; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al., 1984 b; GROSSMAN et al., 1986; SULLIVAN et al., 1986; SUBIRES et al., 1988; WIGGANS, 1989; BARBIERI et al., 1990a, 1990b; KALA & PRAKASH, 1990; DAS & BOX, 1992; KROPF et al., 1992; MOURAD, 1992; ANALLA et al., 1995; BROWNING Jr. et al., 1995; ZENG & ESCOBAR, 1995; GONÇALVES, 1996). A influência dos hormônios circulantes, lactogênio placentário, progesterona e prolactina, durante a gestação, estimulantes da glândula mamária, que diferem em quantidade conforme o tipo de gestação, ou seja, simples ou múltipla, podem afetar a futura produção de leite (SANDS & McDOWELL, 1978; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al., 1984 b; Hayden et al. (1979) citado por SUBIRES et al., 1988; BARBIERI et al., 1990a , 1990b; MIOC, 1991; MOURAD, 1992; ANALLA et al., 1995; BROWNING JR. et al., 1995). O período de lactação é de extrema importância na produção de leite total, pois com um período mais longo, normalmente, obtêm-se maiores produções, devido à alta correlação entre essas características (ILOEJE & VAN VLECK, 1978; SANDS & McDOWELL, 1978; WIGGANS, 1982). Como já foi referido, o reprodutor, como responsável por 50% dos genes passados à próxima geração, também influi na característica 22 (FINLEY et al., 1982; SULLIVAN et al., 1986; WELLER et al., 1987; GONÇALVES, 1996). 3.1.4. Duração da Lactação (DL) A duração da lactação é determinada por diversos fatores, predominantemente pelo manejo, onde o criador decide, dentro de certos limites, o período de produção que considera adequado, seja por determinação da demanda do mercado ou pelo próximo parto. Existe, contudo, a limitação de persistência para alguns animais. A DL da lactação pode ser influenciada por diversos efeitos ambientais, que também afetam a PL, como o ano e estação de parto (MONTALDO et al., 1981; GARCIA et al., 1983b; MAVROGENIS et al., 1984 b; BARBIERI et al. 1990a, 1990b; CABELLO et al., 1991; DAS & BOX, 1992; JAN & GUPTA, 1992; KROPF et al., 1992; TRALDI, 1994; GONÇALVES, 1996), idade da cabra ao parto (MONTALDO et al., 1981; GARCIA et al., 1983b; BARBIERI et al., 1990a, 1990b; DAS & BOX, 1992; GONÇALVES, 1996) e tipo de parto (MAVROGENIS et al., 1984 b; BARBIERI et al., 1990a, 1990b; MIOC, 1991), além do efeito do nível de produção da cabra, havendo evidências de uma relação positiva e linear entre o nível de produção total do indivíduo e o comprimento da lactação (SANDS & McDOWELL, 1978). Da mesma forma que para a PL, os grupos contemporâneos são adequados na análise da DL. Assim bem como o efeito do reprodutor (GONÇALVES, 1996). 23 3.2. Parâ metros genéticos, fenotípicos e melhoramento em caprinos leiteiros Os principais objetivos do melhoramento genético são alcançar elevados rendimentos e, como aspecto importante para a viabilidade da atividade, um bom resultado reprodutivo. Por meio da alta eficiência reprodutiva, pode-se obter um maior número de animais nascidos a cada ano e, portanto, uma maior pressão de seleção e maior ganho genético anual. O melhorista dispõe, basicamente, de duas estratégias para promover o melhoramento genético: a seleção e os sistemas de acasalamento. A combinação desses recursos, conforme BARBOSA (1992), é conhecida como plano de melhoramento. Pela seleção devem ser eleitos para serem os pais da futura geração os indivíduos geneticamente superiores (tanto os bodes quanto as cabras). A existência de variação genética entre indivíduos permite que se use esse tipo de recurso. Segundo MAVROGENIS et al. (1984 b), a utilização efetiva da variação genética no melhoramento animal requer informações confiáveis dos efeitos ambientais e genéticos sobre as características produtivas. Consequentemente, a estimativa dos parâmetros genéticos como base em qualquer programa de melhoramento é fundamental. A superioridade dos indivíduos é relativa a características arbitrariamente determinadas pelo melhorista ou criador, visando a melhor eficiência produtiva da população. Contudo, não deve ser relevado que o progresso genético é reduzido quando se seleciona para mais de uma característica ao mesmo tempo. Segundo SIGWALD & PIACERE (1994), a base para um programa de seleção de caprinos leiteiros vem de: 24 - animais identificados, com dados confiáveis; - informações de genealogia (filiação), tão completas quanto possível; - controle leiteiro regular; - definição dos objetivos de seleção. No caso do programa de melhoramento genético de caprinos da França, apesar de bem desenvolvido, seus objetivos não coincidem inteiramente com os interesses dos criadores brasileiros, pois, para os franceses, mais do que a quantidade total de leite, interessa o seu conteúdo em proteína, para transformá-lo em queijos e como existe uma relação entre a produção de proteína total e a fração αs1 da caseína, selecionam para tal fração. Para os criadores brasileiros, uma vez que o maior mercado nacional para o leite de cabra é justamente para indivíduos com alergia a esta fração da caseína, da qual o leite bovino é rico, a seleção a favor desta fração da proteína é contraproducente. Uma vez estabelecidos os objetivos a serem alcançados pelo melhoramento genético para caprinos, é necessária a avaliação da população a ser trabalhada, de maneira a identificar os indivíduos geneticamente superiores, que deverão ser selecionados para serem os pais da próxima geração, na forma de reprodutores e matrizes. Desde que os indivíduos a serem utilizados na reprodução estejam definidos, o melhoramento genético só será efetivo se os acasalamentos forem orientados, pelo melhorista ou criador, no sentido dos objetivos pré-estabelecidos. Torna-se necessária a implementação de um programa de melhoramento genético de caprinos leiteiros no Brasil, levando em conta os objetivos pertinentes, além de evitar, desta forma, a entrada de doenças exóticas como já tem acontecido e, principalmente, aumentando o uso dos reprodutores (ou seu sêmen) superiores para as nossas condições. 25 3.2.1. Herdabilidade e repetibilidade O conhecimento das estimativas de herdabilidade das características é essencial no delineamento do método a ser utilizado nos programas de melhoramento e seleção, pois ela representa a quantidade da variância fenotípica total causada pela variação dos valores genéticos aditivos. O potencial para melhoramento genético é dependente da herdabilidade da característica e sua relação com outras características de importância econômica (MAVROGENIS et al., 1984b). Quando a estimativa da herdabilidade é alta, indica uma correlação entre o fenótipo e o genótipo dos indivíduos também é alta e, portanto, a seleção com base no desempenho do próprio indivíduo pode ser efetiva. Se por outro lado, a estimativa de herdabilidade é baixa (de 10 a 15%, ou menor), a correlação entre o genótipo e o fenótipo dos indivíduos seria pequena, indicando que o desempenho do próprio indivíduo não seria a maneira mais adequada de selecionar os pais da futura geração. O coeficiente de repetibilidade representa o grau em que dada característica se repete ao longo do tempo. Sua importância reside na possibilidade de avaliar um animal baseado em sua primeira informação da característica, desde que este coeficiente seja alto. Ambas as estimativas são específicas para o conjunto de dados, em determinada geração. Os trabalhos dedicados às estimativas de herdabilidade de IPP apresentam desde valores baixos, como 0,15±0,06 obtido por SINGH & ACHARYA (1982) com 1436 cabras da raça Beetal, na Índia; 0,06, obtido por NAHARDEKA et al. (1995), com 975 partos, na India e 0,22 e 0,27 obtidos por GONÇALVES (1996), com 590 cabras das raças Saanen, Alpina e Toggenburg, no Sudeste brasileiro, pelo método de quadrados mínimos e máxima verossimilhança restrita, respectivamente, até estimativas bastante altas, como 0,55, 0,54 e 0, 51, obtidas por Ronningen (1965), Singh et al. (1970) e 26 Bouillon e Ricordeau (1975), respectivamente, citados por SANDS & McDOWELL (1978). As estimativas de herdabilidade (h2) do IEP presentes na literatura consultada, apresentam valores de 0,30, obtido por NAHARDEKA et al. (1995), com 975 partos, na India, estimativas com valores inferiores, foram obtidos 0,04 e 0,0003 por GONÇALVES (1996), com 735 cabras Saanen, Alpina e Toggenburg no Sudeste brasileiro, pelo método de quadrados mínimos e máxima verossimilhança restrita, respectivamente, e 0,03±0,01 por ODUBOTE (1996), com a raça West African Dwarf. Já para a repetibilidade (t), as estimativas obtidas por SINGH & ACHARYA (1982) foram 0,15±0,06 com 1436 cabras da raça Beetal, na Índia, GARCIA et al. (1983a), que estimaram em 0,03 com 1538 cabras cruzadas, na Venezuela, WILSON et al. (1989) obtiveram 0,09±0,085 com 255 cabras da raça Moçambique em Ruanda e GONÇALVES (1996) obteve estimativas iguais a 0,103 e 0,0853 com 735 cabras das raças Saanen, Alpina e Toggenburg no Sudeste brasileiro, pelo método de quadrados mínimos e máxima verossimilhança restrita, respectivamente, e 0,05 por ODUBOTE (1996), com a raça West African Dwarf. Embora variáveis, as estimativas dos parâmetros do IEP são todas de pequena magnitude, ou seja, grande parte da variação na característica deve-se a fatores ambientais e uma única medida pode não expressar bem o seu potencial. Na Tabela 5 são apresentadas as estimativas de h2 para a característica PL, variando de 0,16 a 0,72 e de t, variando de 0,22 a 0,46, de acordo com vários autores, países e raças. Tabela 4. Valores de herdabilidade (h2) e repetibilidade (t), com os respectivos erros-padrão, de Produção de Leite (PL) por autor, país, raça e número de observações (n). 27 Autor país raça n h2 t KENNEDY et al. (1982) EUA Alp-Saa-Tog Nub 1999 1287 0,682 0,352 - MONTALDO et al. (1982) México Alp-Gra-Nub-Saa-Tog 718 - 0,59±0,03 SAHNI & CHAWLA (1982) - - - 0,28 a 0,721 - SINGH & ACHARYA (1982) Índia Bee 1436 0,29±0,092 - MAVROGENIS et al. (1984 b) Chipre Dam 436 0,29±0,134 - NONGXUEYUAN (1984) China Saa - 0,162 / 4 - CONSTANTINOU et al. (1985) GROSSMAN et al. (1986) Alemanha - EUA Alp-Lma-Nub-SaaTog SULLIVAN et al. (1986) CONSTANTINOU & MAVROGENIS (1987) EUA Síria CONSTANTINOU (1989) KALA & PRAKASH (1990) Chipre Índia LUO (1992) 0,29±0,08 29908 - 0,42 Alp-Nub-Saa-Tog Dam 2085 - 0,46 0,29-0,35 0,43 0,39-0,46 - Dam Jam Bar Xin 557 338 264 - 0,35±0,13 0,40±0,13 0,36±0,08 0,243 0,375 0,46±0,04 - MOURAD (1992) Egito Alp 220 - 0,36 RABASCO et al. (1993) - Ver - 0,24 - BISHOP et al. (1995) GONÇALVES (1996) Canadá Brasil Saa- Alp-Tog 2987 1336 0,29 0,30± 0,08 0,226 0,28± 0,03 0,226 = Dados de revisão; 2 = primeira lactação; 3 = 90 dias de lactação; 4 = 150 dias de lactação; 5 = 300 dias de lactação; 6 = resultados obtidos por REML Alp=Alpina; Bar=Barbari; Bee=Beetal; Dam=Damascus; Jam=Jamnapari; Lma=La Mancha; Nub=Nubiana; Saa=Saanen; Tog=Toggenburg; Ver=Verata; Xin=Xinong Saanen. 1 28 As estimativas de h2 da DL apresentam grande variação, tendo sido reportado o valor 0,16 por NONGXUEYUAN (1984), na China, 0,16±0,06 por CONSTANTINOU et al. (1985), na Alemanha, 0,19 por ROY et al. (1992), enquanto GONÇALVES (1996) obteve 0,11 e 0,12 com 1336 cabras das raças Saanen, Alpina e Toggenburg no Sudeste brasileiro, pelo método de quadrados mínimos e máxima verossimilhança restrita, respectivamente. A estimativa de t da DL de 0,23±0,05 foi publicada por MONTALDO et al. (1982), por 718 observações, no México, 0,22 foi obtida por GARCIA et al. (1983b), com 989 lactações, na Venezuela e por GONÇALVES (1996), que obteve 0,11 e 0,12, pelo método dos quadrados mínimos e máxima verossimilhança restrita, respectivamente. De maneira geral, as estimativas de herdabilidade e de repetibilidade revisadas da DL foram baixas, embora os trabalhos apresentem variações. Portanto, a DL sofre forte influência ambiental e são necessárias mais de uma medida da característica para se obter a precisão adequada. 3.2.2. Correlações genéticas e fenotípicas entre características de importâ ncia econô mica Algumas vezes é útil ou necessário avaliar uma característica de forma indireta, seja por ser restrita a um sexo ou pela dificuldade de mensuração, daí a grande importância das correlações, as quais permitem conhecer o grau de dependência entre as características. Essas estimativas, para caprinos, são escassas na literatura. ILOEJE & VAN VLECK (1978), em sua revisão, relatam correlações genéticas altas e positivas entre a PL e a IPP, enquanto as correlações fenotípicas entre essas características foram baixas e positivas. 29 GONÇALVES (1996) encontrou correlação genética e fenotípica de 0,009 e 0,09 entre a PL e a IPP, respectivamente, pelo método da máxima verossimilhança restrita. A correlação genética entre a PL e o IEP obtido por GONÇALVES (1996) foi 1,00 e a fenotípica foi 0,21. Segundo KENNEDY et al. (1982), a correlação genética e fenotípica estimada entre PL e DL foram 0,78 e 0,66, respectivamente, para cabras das raças Alpina, Saanen e Toggenburg. GROSSMAN et al. (1986) encontraram o valor de 0,61 para a correlação fenotípica entre as mesmas características, enquanto GONÇALVES (1996) obteve 0,53 e 0,81 como correlação genética pelos métodos da máxima verossimilhança restrita e quadrados mínimos, respectivamente e 0,60 e 0,62 para a correlação fenotípica, também pelas duas metodologias. 3.2.3. Avaliação genética de animais por Modelo Animal Esta havendo uma evolução na metodologia de avaliação genética ao longo dos anos, em que o desenvolvimento de novas teorias, conciliado à evolução das técnicas computacionais que as colocam em prática, têm permitido aumentar a acurácia das estimativas dos componentes de variância e dos valores genéticos dos animais. FERRAZ (1993) relacionou a seguinte sequência de métodos, empregados nas análises de variância: a) os métodos da máxima verossimilhança; b) a máxima verossimilhança por processo iterativo. Este procedimento deriva da técnica de máxima verossimilhança de Henderson, para estimar efeitos fixos no modelo misto e componentes de variância a partir do método III. c) a estimação não viciada com quadrados normalidade (MINQUE), aplicada em modelos lineares; mínimos sob 30 d) a máxima verossimilhança restrita (REML). Considerado por BOLDMAN et al. (1993) como o procedimento mais adequado a dados não balanceados, para estimar componentes de covariância e variância; e) a estimação quadrática não viciada de variância mínima (MIVQUE); f) a melhor predição linear não viciada (BLUP). Este método utiliza a metodologia de modelos mistos sob modelo animal, aplicando a teoria discutida por Henderson (1949), sendo citado por QUAAS & POLLACK (1980). O uso do BLUP tem possibilitado superar uma série de limitações decorrentes da utilização de metodologias padrões, a nível de criatório ou de centrais de testagem, por modelos mistos. As equações do BLUP incluem a inversa de uma matriz simétrica de parentesco, da qual provém os laços genéticos entre todos os indivíduos da população. Além de incluir a geração corrente dos animais em estudo, o BLUP considera todas as informações dos ancestrais voltados para a população base. A única limitação para o tamanho do modelo utilizado neste método seria a capacidade computacional do equipamento usado na sua análise. Inicialmente, é preciso lembrar que os modelos estatísticos, propostos para os programas de melhoramento genético animal, são uma aproximação de suas verdadeiras situações biológicas, de forma a serem operacionais (SCHAEFFER, 1983). O modelo animal tem como função principal, a descrição, da melhor maneira possível, da real situação biológica de um programa de melhoramento genético (Kennedy et al., 1988 e Van Raden & Wiggans, 1991, citados por FERRAZ, 1993). O modelo animal inclui vários modelos e equações usados para a predição de efeitos aleatórios e fixos, sendo que para cada efeito uma única equação é definida. A solução deste conjunto de equações está na matriz de parentesco que considera todas as informações conhecidas, inclusive de animais que não tenham registros de produção. 31 A partir de diversos autores, FERRAZ (1993) relacionou as principais propriedades do modelo animal, compiladas abaixo: a) O modelo animal fornece estimativas não viciadas dos efeitos fixos (BLUE) e predições lineares dos efeitos aleatórios (BLUP). A estimação dos efeitos fixos e aleatórios pode ser feita em conjunto; b) O modelo animal independe da distribuição normal da curva de Gauss para fins de predição de valor genético. Isto permite dispensar os testes de normalidade necessários para cada nova transformação dos dados; c) Os efeitos da endogamia e da seleção sobre as estimativas são considerados pelo modelo animal; d) Os ajustes devidos a acasalamentos não aleatórios são praticados; e) É possível estimar os efeitos maternos, os efeitos comuns ou permanentes de ambiente e de grupos de animais; f) Possibilidade de utilização de registros repetidos de animais, tornando-se extremamente úteis na análise de dados de eficiência reprodutiva; g) Permitem a estimação de componentes de variância e parâmetros genéticos por meio da utilização simultânea de dados de meio irmãos paternos ou maternos e irmãos completos, sem a necessidade de delineamentos hierárquicos; h) Fornecem a predição de valor genético aditivo em características limitadas pelo sexo; i) Podem ser usados na análise de dados oriundos de cruzamentos; j) Estimam as tendências genéticas, fenotípicas e ambientais, mesmo sem a utilização de população controle ou em dados com gerações intercaladas ou sobrepostas; l) Possibilitam a análise multivariada; m) Permitem a estimação de efeitos de dominância e epistasia. O método da máxima verossimilhança restrita (REML) impede os vícios de amostras pequenas relacionados com efeitos fixos, podendo 32 também evitar vícios na seleção, de acordo com SCHAEFFER (1983). GRASER et al. (1987) propuseram o uso de um algoritmo livre de derivadas para análise de dados sob modelos mistos univariados, cujo efeito de animal era o único aleatório. Com o uso do algoritmo não seria necessário a inversão de matrizes, mas uma busca unidimensional seria realizada, envolvendo uma parte variante do logaritmo da verossimilhança para determinar o máximo de sua função. A partir do método de GRASER et al. (1987), conforme FERRAZ (1993), um sistema denominado REML "livre de derivadas" (DFREML) foi desenvolvido, visando utilizar o REML na obtenção de componentes de variância. Posteriormente, segundo o autor, adaptações sobre o método original permitiram maior rapidez nas análises e menor exigência em recursos computacionais, sendo conhecido como Modelo Animal. O Modelo Animal é capaz de avaliar tanto reprodutores quanto matrizes e mesmo animais jovens, ainda sem medidas de desempenho próprias (HENDERSON, 1988; WIGGANS et al., 1988a; WIGGANS et al., 1988b; WIGGANS, 1989; CARRIEDO et al., 1995; GONÇALVES, 1996). A partir de 1993, a avaliação genética de caprinos leiteiros na França passou a ser realizada pela metodologia do Modelo Animal (SIGWALD & PIACERE, 1994; PIACERE, 1994). 4. MATERIAL E MÉTODOS 4.1. Material As informações utilizadas neste estudo foram obtidas junto ao Capril Serra de Andradas, criatório tradicional localizado no município de Andradas, Minas Gerais. O município de Andradas situa-se a 22° 05' de latitude Sul e 46°35' de longitude Oeste, com altitude variando entre 900 e 1400 metros, precipitação anual em torno de 1500 mm, com chuvas mal distribuídas. As temperaturas médias mensais são em torno de 22°C durante o verão e, durante o inverno, embora as máximas diárias se situem 34 em torno de 27°C, como no verão, as mínimas são em torno de 10°C, com ocorrência ocasional de geadas. O Capril Serra de Andradas tem 5,7 ha e dedica-se, exclusivamente, à caprinocultura leiteira, com um plantel médio de 60 matrizes da raça Saanen. O sistema de criação foi o de semi-confinamento, onde os animais tiveram acesso ao pasto, diariamente, das 10 às 15 horas. Receberam, ainda, forragem no cocho, concentrado, conforme a categoria e o nível de produção, sal mineral e água à vontade. Rotineiramente foi feito um acompanhamento e controle de ecto e endoparasitas, além de controle preventivo de mastite por meio de uso de caneca telada, lavagem das tetas antes da ordenha e imersão em iodo glicerinado após a mesma. As cabritas foram cobertas pela primeira vez aos 35 kg e/ou 10 meses de idade. A monta foi controlada e, predominantemente, natural. Em virtude da estacionalidade reprodutiva dos caprinos e, sendo o objetivo da exploração o leite, passou a ser feita a indução de cio por meio de hormônios, efetivamente, a partir de 1991, embora tenha sido efetuada em pequenos lotes a partir de 1989. Os machos foram selecionados ao nascimento por ascendência, peso ao nascimento e ausência de qualquer defeito aparente, sendo os descartados castrados e doados, de imediato, a pessoas da região que os criam para corte ou mesmo como animais de estimação. Foram criados os machos destinados à reprodução e as fêmeas. Logo após o parto, os cabritos foram separados da mãe, recebendo colostro bovino por 2 dias e, a seguir, foram aleitados com leite de vaca até o desmame, que acorreu, aproximadamente, aos 45 dias e/ou 12 kg. Os animais em aleitamento tiveram à disposição sal mineral e água à 35 vontade, além de concentrado e volumoso a partir da primeira semana de vida, quando foi realizada a descorna dos indivíduos chifrudos. A identificação dos indivíduos ocorreu logo após o nascimento, tendo sido utilizado o sistema de brinco numerado. Até os 90 dias de idade os animais receberam as tatuagens nas orelhas, constando de 5 dígitos em cada uma. Na orelha direita a numeração indica o estado e criatório e na esquerda indica o ano e ordem de nascimento no criatório. A união dos dígitos das orelhas direita e esquerda compõem o número de Registro Genealógico de Nascimento do indivíduo (RGN) junto à Associação de Criadores. Os machos com mais de um ano e as fêmeas já paridas são inspecionadas por Inspetor de Registro Genealógico credenciado pela Associação Brasileira de Criadores de Caprinos de Minas Gerais (ABCC). Os que satisfazem os padrões da raça são resenhados e pontuados, recebendo uma tatuagem na cauda (sinete) e obtêm o Registro Genealógico Definitivo (RGD). Além das tatuagens e brincos, as fêmeas recebem placas plásticas numeradas presas à coleiras, para facilitar a visualização nos controles de rotina. A ordenha foi manual, tendo sido realizada duas vezes ao dia, às 5,00 e às 16,00 horas. Foi feito controle leiteiro quinzenal, além de controle ponderal dos animais até um ano de idade, que também passou a ser realizado quinzenalmente, a partir de 1992. A propriedade, atualmente, possui 100 animais Saanen, sendo todos registrados e PO, e o manejo continua sendo basicamente o mesmo. Os animais são, em sua maioria, de origem importada, já tendo sido utilizados os de origem suíça, alemã, inglesa, canadense, francesa e mais recentemente, neozelandesa, embora a grande maioria dos animais existentes atualmente tenha nascido no próprio criatório. Os reprodutores e matrizes utilizados neste trabalho foram selecionados com base em sua produção leiteira (ou de parentes) e 36 características de tipo, devido ao registro dos animais e a participação frequente dos mesmos em exposições agropecuárias. A escolha desses animais foi por fenótipo, com o descarte em função da produção e idade, tendo em vista uma taxa de reposição de, aproximadamente, 25% ao ano. Cada animal possuía uma ficha de controle geral, com pesagens, controle sanitário e ocorrências diversas, além dos números de registro dos pais e, para as fêmeas, há um espaço reservado para os controles produtivos e reprodutivos. A partir de 1993 os animais passaram a ser, zootecnicamente, controlados pelo PROCAPRI (1994), sistema computacional para gerenciamento de criatórios caprinos, na ocasião ainda em sua fase de desenvolvimento e testes. Foram inseridas todas as informações recolhidas desde 1980. Foram analisadas as informações produtivas e reprodutivas de caprinos da raça Saanen registrados, referentes ao período de 1982 a 1995. 4.2. Métodos As características estudadas como variáveis dependentes foram: - Idade ao Primeiro Parto (IPP), - Intervalo de Partos (IEP), - Produção de Leite (PL) e - Duração da Lactação (DL). Os arquivos foram montados e as análises estatísticas feitas pelo método dos quadrados mínimos, usando-se o programa computacional SAS (1992), utilizando-se o procedimento DBF, visto o 37 PROCAPRI (1994) emitir seus arquivos neste formato e, posteriormente, após a compilação dos dados no formato ASCII, utilizou-se o procedimento GLM. O procedimento GLM foi utilizado para estimar os efeitos fixos do modelo. As etapas de processamento das informações são apresentadas na Figura 1. Para a IPP, o arquivo utilizado contava com 143 observações, prole de 12 bodes, tendo sido eliminados os registros de progênie de bodes com menos de 4 filhas com informações reprodutivas. Para o IEP, o arquivo utilizado constava de 284 observações, relativas a 108 cabras, filhas de 14 bodes, tendo sido eliminados os registros de progênie de bodes com menos de 4 filhas com informações reprodutivas consecutivas. Para a PL e a DL, utilizou-se o mesmo arquivo, que contava com 289 observações, de 115 cabras, filhas de 13 bodes, tendo sido eliminados os registros de progênie de bodes com menos de 4 filhas com informações produtivas, além das produções inferiores a 100kg por lactação, provenientes de indivíduos que não tiveram um encerramento normal, seja por morte da cabra, saída do plantel ou ocorrência de mastite e, produções superiores a 2500 kg. Foram excluídas também as lactações com duração inferior a 100 e superior a 600 dias. 38 COLHEiTA DE DADOS A CAMPO 1982-1995 planilhas de campo PROCAPRI (1994) arq. dbf SAS (1992) PROC DBF consistência dos dados e imposição das restrições arq. ascII SAS (1992) PROC GLM Análise de variância RENUM (1994) Animal Pai Mãe Ef. fixos Var. Dependente INTEIROS Renumeração dos animais e sequenciamento dos campos REAIS MTDFREML (1993) MTDFNRM MTDFPREP MTDFRUN mtdf56 mtdf66 mtdf76 mtdf78 Número de animais Sumário de estatísticas Estimativas dos componentes de variância, h2 e t, além das r, quando em análise bivariada Valores genéticos, por indivíduo Figura 1- Sequência dos procedimentos destinados aos dados, desde a colheita a campo até os relatórios finais. 39 A PL por lactação foi calculada pela Fórmula de Fleishman, no PROCAPRI (1994): PL = E1 * P1 + ∑ Pl + P(l +1) 2 * (El − 1) + En * Pn + Pn onde, E1 = Intervalo (em dias) da data do parto ao primeiro controle; P1 = Produção do primeiro controle; Pl = Produção do controle l, para l = 1, ..., n; Pn = Produção do último controle; El = Intervalo (em dias) dos dois controles consecutivos; En = Intervalo (em dias) da data do último controle à data de encerramento da lactação. Segundo SCHAEFFER (1983), há vários modelos associados a uma análise: a. O modelo verdadeiro, que é inatingível mas perfeito, que descreve inteiramente a origem dos dados; b. O modelo ideal, que é o melhor modelo possível que o pesquisador poderia propor para descrever os dados; c. O modelo operacional, que é o resultado do compromisso entre o modelo ideal e as variáveis disponíveis, possibilitando a análise. Os modelos operacionais propostos para IPP, IEP, PL e DL são apresentados de I a IV, respectivamente. 40 Modelo I: Yijklmn = µ + bi + Aj + Fk + TPl + OMm + eijklmn onde: Y ijklmn = IPP da nésima cabrita, nascida na mésima ordem de parto de sua mãe, proveniente do lésimo tipo de parto, na késima época de nascimento, do jésimo ano e filha do iésimo bode; µ =constante inerente aos dados ; bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1a 12); Aj = efeito fixo do jésimo ano de nascimento (j = 1982 a 1994); Fk = efeito fixo da késima estação de fotoperíodo de nascimento (k = 1: jan-jun (decrescente) e 2: jul-dez (crescente); TPl = efeito fixo do lésimo tipo de parto de nascimento (l = 1: simples e 2: múltiplo); OMm = efeito fixo da mésimo ordem de parto da mãe (m = 1 a 6); eijklmn = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído. Modelo II: Yijklm = µ + bi + cij + GCFk + TPl + eijklm onde: Y ijklm = IEP da mésima observação da jésimo cabra, com parto anterior do lésima tipo, parida no késimo grupo contemporâneo, filha do iésimo bode; µ = constante inerente aos dados ; bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1 a 14); cij = efeito aleatório da jésima cabra dentro do iésimo bode; 41 GCFk = efeito fixo do késimo grupo contemporâneo (definido como as fêmeas que tiveram o parto anterior no mesmo ano e sob as mesmas condições de fotoperíodo); TPl = efeito do lésimo tipo do parto anterior (l = 1: simples e 2: múltiplo); eijklmn = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído. Modelo III: Yijklmno = µ + bi + cij + GCFk + Il + DLAm + TPn + eijklmno onde: Y ijklmno = produção de leite da oésima cabra, com o nésimo tipo de parto, com a m ésima duração da lactação, parida no késimo grupo contemporâneo e filha do jésimo bode; µ = constante inerente aos dados; bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1 a 13); cij = efeito aleatório da jésima cabra dentro do iésimo bode; ésimo grupo contemporâneo (definido como as fêmeas GCFk = efeito fixo do k que tiveram o parto no mesmo ano e sob as mesmas condições de fotoperíodo); Il = efeito fixo da lésima idade da cabra ao parto (l = 1 a 6 anos); DLAm = efeito fixo da mésima duração da lactação (m = 4 a 12 meses); TPn = efeito fixo do nésimo tipo de parto (n = 1: simples e 2: múltiplo); eijklmno = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído. 42 Modelo IV: Yijklmno = µ + bi + cij + GCFk + Il + LPm + TPn + eijklmno onde: Y ijklmno = duração da lactação da oésima cabra, com o nésimo tipo de parto, com o mésimo nível de produção, na lésima idade, parida no késimo grupo contemporâneo e filha do jésimo bode; µ = constante inerente aos dados; bi = efeito aleatório do iésimo bode (i = 1 a 13) ; cij = efeito aleatório da jésima cabra dentro do iésimo bode; GCFk = efeito fixo do késimo grupo contemporâneo (definido como as fêmeas que tiveram o parto no mesmo ano e sob as mesmas condições de fotoperíodo); Il = efeito fixo da lésima idade ao parto (l = 1 a 6 anos); LPm = efeito fixo do mésimo nível de produção (m = 1: até 300 kg; 2: entre 301 e 600 kg e 3: acima de 601 kg de leite por lactação); TPn = efeito fixo do tipo de parto (n = 1: simples e 2: múltiplo); eijklmno = erro aleatório, pressuposto normal e independentemente distribuído. As estimativas de componentes de variância e covariância foram obtidas pelo Método da Máxima Verossimilhança Restrita, utilizando-se o programa MTDFREML (Multiple Trait Derivative-Free Restricted Maximum Likelihood), desenvolvido por BOLDMAN et al. (1993), utilizando o modelo animal. Foram utilizados todos os animais da população no período de 1982 a 1995, inclusive os machos que, apesar de não disporem de informações de interesse direto para este estudo, proporcionaram conexão entre as fêmeas e, portanto, estabelecendo todas as relações de parentesco. 43 Portanto, o MTDFREML foi utilizado para estimar os componentes de variância e predizer o valor genético dos animais. As restrições impostas para as análises por quadrados mínimos também foram válidas para o arquivo completo, exceto as que se referem ao número mínimo de filhas por bode, as quais não foram excluídas do arquivo, mas foram levadas em conta quando da classificação posterior dos reprodutores. Inicialmente foram informadas ao MTDFREML as estimativas prévias de variância obtidas pelo procedimento GLM do programa computacional SAS (1992), através dos modelos I a IV, já descritos. Os modelos operacionais usados para a estimativa dos componentes de variância, covariância, parâmetros genéticos e predição do valor genético dos animais para efeito de classificação foram semelhantes aos já referidos (I a IV), com a variação do acréscimo do valor genético de cada animal, ao invés do efeito aninhado de cabra dentro de bode, além do efeito de ambiente permanente para as características repetidas no tempo. Todos os animais foram ordenados por ordem crescente de data de nascimento, após o que foram renumerados pelo programa de renumeração de animais RENUM (1994)1, de forma que os reprodutores tiveram sua numeração iniciando-se em 1, as matrizes em 1000 e os demais animais, em 5000. O programa emite um arquivo com os indivíduos renumerados e um outro, com um gabarito dos números de “pedigree”. Assim, os filhos passaram a ter um número maior que o dos pais, condição esta que é uma imposição do MTDFREML. Adotou-se o critério de convergência a 10-9, ou seja, quando a diferença do valor da função do ciclo anterior e do ciclo atual era 1 RENUM (1994) é um programa para renumeração de animais, desenvolvido no Pólo computacional da UNESP, Câ mpus de Jaboticabal, por SANCHES, A. C., em 1994. 44 menor que 10-9, com 150 iterações, com a repetição da análise até a estabilização dos resultados, conforme a recomendação de BOLDMAN et al. (1993). As características foram inicialmente analisadas de maneira univariada e, posteriormente, bivariada, obtendo-se, assim, as correlações genéticas, fenotípicas e de ambiente. As herdabilidades (h2), repetibilidades (t) e correlações (r) foram estimadas pelos componentes de (co)variância, como segue: σ 2a h = 2 σ a + σ 2 ep + σ 2 et 2 t= σ 2 a + σ 2 ep σ 2 a + σ 2 ep + σ 2 et onde: σ2a = Variância genética aditiva σ2ep = Variância de ambiente permanente σ2et = Variância de ambiente temporário r= σ 2 xy σx.σy onde: σ2xy = Covariância entre as características x e y σx = Desvio-padrão da característica x σy = Desvio-padrão da característica y A tendência genética foi obtida pela regressão quadrática do VG das fêmeas paridas naquele ano (cabras), mães e pais pelo ano de parto. 45 5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 5.1. Idade ao Primeiro Parto (IPP) Quando um animal tem seu primeiro parto, faz sua primeira contribuição ao rebanho, com um incremento no número de animais e início de produção leiteira. Além disso, a IPP precoce permite um menor intervalo de gerações, uma maior pressão de seleção e maiores ganhos genéticos por unidade de tempo, caso a seleção e os acasalamentos sejam conduzidos de maneira adequada. A IPP média, de 144 observações analisadas, foi 402,28±19,14 dias (13,41 meses), com um coeficiente de variação de 22,80% 46 (Tabela 5). A cabra mais precoce apresentou o primeiro parto aos 252 dias de idade, enquanto a mais tardia, aos 732 dias2. Pela média, de pouco mais de um ano de idade ao primeiro parto, pode-se afirmar que o plantel em estudo é composto por animais precoces, o que sugere um sistema adequado de criação de cabritas levando a uma entrada precoce das fêmeas na vida reprodutiva. Tabela 5 - Resumo da análise de variância da Idade ao Primeiro Parto (IPP) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada (m), em dias e erro-padrão da média (e.p.), em dias. Fonte de variação GL QM Bode 11 18101,41* Ano de nascimento 10 15786,22 Época de nascimento 1 37844,17* Tipo de parto 1 3773,81 Ordem de parto (mãe) 5 8879,54 115 9821,80 Resíduo R2 = 0,27 C.V. = 22,80 m = 402,28 e.p. = 19,14 GL = graus de liberdade; QM = quadrado médio * P<0,05 2 Os valores apresentados referem-se a médias ajustadas por Quadrados Mínimos e as Tabelas referentes a todas as Figuras constantes no texto estão no APÊ NDICE. 47 A IPP muito tardia, segundo ABRAHAM & AGRAZ (1984), propicia que os animais engordem e provoca, frequentemente, infecundidade, além do aumento do custo de manutenção da cabrita, ocorrendo diminuição dos rendimentos econômicos. Por outro lado, uma IPP precoce atrelada a baixos pesos corporais à concepção não é desejável (vem sendo preconizado um mínimo de 60 a 70% do peso vivo de fêmeas adultas, da mesma raça), pela possibilidade de ocorrer um comprometimento do desenvolvimento corporal e produções futuras, além da possibilidade de problemas no parto, com prejuízo das crias (ABRAHAM & AGRAZ, 1984). Neste caso, onde o peso médio das fêmeas adultas do plantel encontra-se por volta dos 60-65 kg, não é conveniente a cobertura de cabritas com peso inferior aos 35 kg de peso vivo. Para atingir esses 35 kg aos 7-8 meses de idade, como vem ocorrendo, em média, de cabritos com peso ao nascimento por volta de 3,50 kg, é realmente necessário um acompanhamento rigoroso de toda a fase pré e pós-desmama. A média obtida neste estudo para a IPP assemelha-se aos de LAL et al. (1987), AHMED (1992) e GALINA et al. (1995), com o primeiro e segundo autores trabalhando com raças de dupla aptidão. Contudo, é inferior à grande parte das referências encontradas, que estimaram uma média, em sua maioria, por volta dos 20 meses (CHAWLA & BHATNAGAR (1982), KENNEDY et al. (1982), GARCIA et al. (1983a), WILSON et al. (1984), KANAUJIA et al. (1987), WILSON et al. (1989), NAHARDEKA et al. (1995) e GONÇALVES (1996), para raças leiteiras e KUMAR et al. (1980), SINGH & ACHARYA (1982a), JAN & GUPTA (1992), KROPF et al. (1992), com raças mistas. Pela análise de variância, verifica-se significância estatística dos efeitos de bode e época de nascimento sobre a IPP, ao nível de 5% de probabilidade (Tabela 5). O efeito de reprodutor indica que pelo 48 menos dois dos 12 reprodutores apresentaram diferenças quanto a IPP de sua progênie. O efeito de época de nascimento indica uma diferença entre os semestres do ano, em que ocorre uma alteração no número de horas de luz do dia, alteração esta que determina a entrada ou não dos animais em estro e, portanto, pode influenciar a IPP, além das variações na disponibilidade de forragens e demais variações ambientais. Nas condições de FOT 2, ou seja, fotoperíodo crescente, estabelecido como o período de julho a dezembro, os animais pariram mais precocemente, o que é compreensível pois, como a maior concentração de nascimentos dentro do FOT 2 está em agosto, estes animais atingem sua maturidade sexual no início do próximo ano, quando o fotoperíodo inicia novamente seu declínio e justamente quando começam a aparecer os primeiros cios. Além disso, esses animais têm à disposição forragens de melhor qualidade e ainda condições climáticas mais favoráveis. Também podem ocorrer variações ambientais não identificáveis e que influem de forma positiva no desenvolvimento dos indivíduos nascidos no segundo semestre. Por outro lado, os animais nascidos no primeiro semestre enfrentam as adversidades do inverno e seca, quando ainda jovens, com a consequente diminuição de forragens de melhor qualidade, além dos demais efeitos ambientais dessa época. As diferenças na IPP nas épocas de nascimento FOT 1 e 2 podem ser visualizadas na Figura 2. De acordo com a Figura 2, as cabritas nascidas no segundo semestre do ano (FOT 2), apresentam seu primeiro parto próximas a um ano de idade, o que é desejável, porque além de passarem a produzir mais cedo, terão oportunidade de conduzir uma lactação normal e quando reiniciar a estação de cio natural, poderão ser cobertas, sem comprometer sua eficiência reprodutiva. Já as cabritas nascidas no primeiro semestre (FOT 49 1), podem ter a oportunidade de serem acasaladas no final desta estação de cobertura, ou só na próxima, o que leva o primeiro parto a ocorrer numa idade mais avançada. Nos programas de indução de cio, a preferência é dada às cabras de segundo parto ou maior, ainda que, em alguns casos, proceda-se a indução em nulíparas, com o cuidado de desvirginá-las quinze dias antes do início do protocolo de indução. 430 420 410 400 390 380 370 360 350 1 2 Épo c a d e n a s c imento Figura 2 - Médias ajustadas da IPP (em dias), de acordo com a época de nascimento (FOT). De qualquer maneira, o segundo semestre é a época em que, naturalmente, ocorrem mais nascimentos, então, é de se supor que esta seria, realmente, a época mais favorável para este evento, por proporcionar melhores resultados reprodutivos, que é o objetivo primeiro da seleção natural. Entretanto, no manejo reprodutivo racional, não é 50 conveniente que todas as cabritas venham a apresentar seu primeiro parto nesta época, pela necessidade de uma distribuição mais uniforme da produção leiteira ao longo do ano. 5.2. Intervalo de Partos (IEP) O IEP médio, referente a 252 observações de partos consecutivos, foi 328,49±36,71dias (10,95 meses), com um coeficiente de variação de 22,01% (Tabela 6). As cabras apresentaram intervalos desde 172 até 757 dias. Tabela 6 - Resumo da análise de variância do Intervalo de Partos (IEP) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada (m), em dias e erro-padrão da média (e.p.), em dias. Fonte de variação GL QM Bode 8 5362,85 Cabra(Bode) 85 6745,60* GCF 24 11812,84** Tipo de parto 1 13197,80 133 4968,17 Resíduo R2 = 0,59 GL = graus de contemporâneo * P<0,05; ** P<0,01 C.V. = 22,01 liberdade; QM m = 328,49 = quadrado médio; e.p. = 70,48 GCF = grupo 51 Para os caprinos explorados para leite, o IEP obtido pode ser considerado bom, pois permite lactações de boa duração, além do número de cabritos nascidos por cabra ao ano ficar por volta de 1,9 (a média de crias por parto neste plantel é de 1,7 e o IEP encontrado permite a ocorrência de 1,11 partos ao ano) e permitir um menor intervalo de gerações. Este é um bom resultado, haja visto o problema da sazonalidade reprodutiva. Este resultado deve-se, principalmente, ao manejo do plantel, preocupação com a condição nutricional dos animais, distribuição dos acasalamentos dentro da estação de cobertura e adoção da técnica de indução de cio. Com essa estratégia, que tem como objetivo principal a melhor distribuição na produção de leite ao longo do ano, houve uma tendência de redução do IEP, uma vez que parte dos animais passou a ter a oportunidade de iniciar uma gestação antes da próxima estação de cobertura. A média do IEP neste estudo foi inferior às encontradas por MONTALDO et al. (1981), SINGH & ACHARYA (1982a) e KROPF et al. (1992), apenas o primeiro estudo tendo sido conduzido com raça especializada em leite. Contudo, está de acordo com os resultados obtidos por CHAWLA & BHATNAGAR (1982), GROSSMAN et al. (1982), GARCIA et al. (1983a), WILSON et al. (1984), GALINA et al. (1995), NAHARDEKA et al. (1995) e GONÇALVES (1996) para raças leiteiras e MELLADO et al. (1991), JAN & GUPTA (1992), com raças de dupla aptidão e superior aos encontrados por SIMPLÍCIO et al. (1982), CABELLO et al. (1991), AHMED (1992) e TRALDI et al. (1992), todos com raças mistas. Os efeitos de cabra dentro de bode e grupos contemporâneos (GCF) foram significativos ao nível de 5% de probabilidade, como pode ser observado na Tabela 6. As variações nas médias de IEP entre os grupos contemporâneos podem ser visualizadas na Figura 3. 52 Verifica-se, analisando as Figuras 3 e 4, um decréscimo das médias do IEP com o passar dos anos. Isto sugere melhoria no manejo dos Intervalo de partos (dias) animais e, ainda, progresso genético. 450 400 350 300 250 200 150 100 50 942 932 922 912 902 892 882 872 862 852 842 831 821 0 Grupo contemporâneo Figura 3 - Médias ajustadas dos IEP (em dias) de acordo com grupo contemporâneo (GCF). Para maior clareza, desmembrou-se os GCF em anos e épocas. Assim, as variações nas médias do IEP entre anos e época de parição podem ser observadas nas Figuras 4 e 5, mostrando o decréscimo do IEP com o decorrer dos anos e os menores IEP ocorrendo no FOT 2. Da mesma forma que na IPP, as cabras que tiveram o parto anterior no segundo semestre (FOT 2) tiveram oportunidade de ter à disposição forragens de melhor qualidade e em maior quantidade, devido às condições climáticas mais favoráveis ao desenvolvimento vegetativo. 53 450 400 350 y = -9,0544x + 392,48 R 2 = 0,8138 300 250 200 150 100 50 0 A n o d e p a rto Figura 4 - Médias do IEP (em dias) de acordo com ano de parto, obtidas a partir do desmembramento do GCF, com a respectiva regressão. Esse resultado é coerente, pois animais que pariram (parto anterior) no primeiro semestre do ano (FOT 1), além de enfrentar as adversidades do inverno, levam alguns meses a mais para alcançar a próxima estação de monta, no início do próximo ano, o que acarreta um IEP maior. 54 331 330 329 328 327 326 325 324 1 2 Épo c a d e p a rto Figura 5 - Médias do IEP (em dias) de acordo com época de parto, obtidas a partir do desmembramento do GCF. O IEP é uma boa medida da eficiência reprodutiva da fêmea, uma vez que inclui o período de gestação e o período de serviço. Por outro lado, fornece uma medida indireta do desempenho produtivo, já que consta da duração da lactação mais o período seco. Assim, está diretamente envolvido com o desempenho do rebanho como um todo. 55 5.3. Produção de Leite (PL) e Duração da Lactação (DL) A PL e a DL são características intimamente relacionadas, pois, frequentemente, lactações mais curtas levam a PL total menores, motivo pelo qual estas características apresentam alto interesse do ponto de vista econômico. A persistência da lactação é um componente importante na DL, sendo que animais com baixa persistência apresentam uma queda acentuada na produção diária ao longo da lactação, encerrando, normalmente, sua produção mais cedo. A média de DL referente a 285 lactações analisadas foi 219,03±48,09 dias (7,30 meses), com um coeficiente de variação de 23,05% (Tabela 7). A cabra com lactação mais longa apresentou DL de 578 dias, enquanto a mais curta foi igual a 112 dias. A média de PL referente a 285 lactações completas ao longo dos 13 anos analisados, foi 572,57±133,97 kg, com um coeficiente de variação de 30,80% (Tabela 7). A maior média de produção por cabra foi 2239 kg de leite por lactação, e a de menor, 112 kg. Trata-se de valores razoáveis, considerando-se 13 anos, incluindo nestes diversas etapas do processo de seleção, ainda que baseada apenas no desempenho fenotípico dos animais, além de ajustes nos manejos nutricional, sanitário e geral. No caso dos animais em estudo, principalmente nos últimos anos, a secagem das cabras tem sido determinada pelo criador, visando proporcionar o período de repouso preconizado, que é de 45 a 60 dias. Segundo informações do criador, muitas vezes, quando a cabra entra no processo de secagem programada, ela ainda está produzindo uma quantidade considerável de leite, com casos de secagem de cabra com produção diária de 4-5 kg. Possivelmente, a DL estimada parece refletir uma 56 boa persistência, ainda que haja uma manejo conduzido de forma a permitir um IEP reduzido, como já discutido anteriormente. Tabela 7 - Resumo da análise de variância da Produção de Leite (PL) e Duração da Lactação (DL) para caprinos da raça Saanen, coeficiente de determinação (R2), coeficiente de variação (C.V.), em porcentagem, média ajustada (m), em kg para PL e em dias para DL e erro-padrão da média (e.p.), em kg ou dias. Produção de leite Duração da Lactação Fonte de variação GL QM GL QM Bode 11 40414.76 11 5531,89 Cabra(Bode) 101 55802,47* 101 5275,99* GCF 22 128112,59* 22 11469,29** Idade da cabra 5 103551,88** 5 6972,94 Tipo de parto 1 96406,76** 1 60,46 Duração da lactação 8 209063,05* - - Nível de produção - - 2 105637,18** 136 25574,10 142 3573,60 Resíduo PL R2 = 0,86 C.V. = 33,00 m = 572,57 e.p. = 133,97 DL R2 = 0,73 C.V. = 23,05 m = 219,03 e.p. = 48,08 GL = graus de liberdade; QM = quadrado médio * P<0,05; ** P<0,01 A média de PL obtida neste estudo superou as encontradas para raças leiteiras européias por MONTALDO et al. (1981), MARQUES & SOLER (1982), SINGH & ACHARYA (1982), GARCIA et al. (1983b), 57 SUBIRES et al. (1988), BARBIERI et al. (1990a,b), MIOC (1991), JAN & GUPTA (1992), MOURAD (1992) e SONGJIA et al. (1992), foi similar às obtidas por KENNEDY et al. (1982), FRESNO et al. (1994) e GONÇALVES (1996), e inferior às relatadas por ALDERSON & POLLAK (1980), GROSSMAN & WIGGANS (1980), GROSSMAN et al. (1982), NORMAN et al. (1982), RICORDEAU (1992) e BROWNING et al. (1995). De uma maneira geral, os trabalhos que obtiveram médias de PL superiores foram conduzidos em países de clima temperado, o que favorece produções mais elevadas (SANDS & McDOWELL, 1978). A média de DL encontrada neste estudo foi semelhante às relatadas por MONTALDO et al. (1981), MARQUES & SOLER (1982), MIOC (1991) e JAN & GUPTA (1992), MOURAD (1992) e GONÇALVES (1996). Superou as médias obtidas por SINGH & ACHARYA (1982), GARCIA et al. (1983b), e BARBIERI et al. (1990a, b). Contudo, foi inferior aos resultados obtidos por GROSSMAN et al. (1982), KENNEDY et al. (1982) e NORMAN et al. (1982). Os efeitos de cabra dentro de bode, GCF, idade da cabra ao parto, tipo de parto e duração do período de lactação, influenciaram significativamente a PL, enquanto a DL foi influenciada pelos efeitos de cabra dentro de bode, GCF e nível de produção, como pode ser verificado na Tabela 7. O GCF, definido como cabras paridas no mesmo ano e na mesma época de parto, influenciou significativamente, ao nível de 1% de probabilidade, tanto a PL quanto a DL (Tabela 7). As cabras pertencentes a um mesmo GCF têm uma influência homogênea dos fatores de meio, uma vez que sofrem os mesmos revezes ou benesses, em conjunto. As diferenças entre as médias de PL e DL de acordo com o GCF podem ser observadas na Figura 6. Pela Figura 6, percebe-se um comportamento crescente na DL com relação aos grupos contemporâneos, que indica um progresso no número de dias em lactação com o avanço do tempo, exceção feita ao 58 período correspondente aos grupos entre 901 e 921, em que houve uma diminuição nesta duração, possivelmente relacionada com a diminuição do 200 0 100 (dias) 200 Duração da Lactação 300 941 400 921 400 901 600 882 500 871 800 852 600 832 1000 821 Produção de Leite (kg) IEP, como já foi apresentado. GCF Duração da Lactação Produção de Leite Figura 6 - Médias ajustadas de PL (em kg) e DL (em dias), de acordo com o grupo contemporâneo (GCF). As médias da PL e da DL apresentaram um comportamento de oscilação ao longo dos grupos contemporâneos. A variação da persistência das lactações e o manejo de secagem dos animais também pode ter contribuído para este padrão de comportamento. Aliado a isso, no modelo de cada característica foi incluído o efeito da outra, tendo sido, portanto, ambas, ajustadas uma em relação à outra. Na Figura 7 e 8, encontram-se as regressões de PL e DL, em função do ano de parto. Apesar deste efeito não ter sido analisado separadamente, foi desmembrado do efeito de GCF e percebe-se o comportamento superior das médias de PL na época de parto FOT 2 e a tendência pouco definida com relação aos anos(Figuras 7 , 8 e 9). Produção de Leite (kg) 59 1000 800 600 400 y = -2,2689x2 + 33,878x + 477,39 R2 = 0,055 200 94 93 92 91 90 89 88 87 86 85 84 83 82 0 Ano de Parto Figura 7 - Regressão da Produção de Leite (em kg), em função do ano de 400 300 200 y = -1,1812x2 + 26,892x + 103,93 R2 = 0,6533 100 94 93 92 91 90 89 88 87 86 85 84 83 0 82 Duração da Lactação (dias) parto, obtida a partir do desmembramento do GCF. Ano de Parto 60 Figura 8 - Regressão da Duração da Lactação (em dias), em função do ano de parto, obtida a partir do desmembramento do GCF. 600 500 400 300 200 100 0 1 2 Épo c a d e p a rto P ro d u ç ã o d e le ite (kg) D uração da lactação (dias) Figura 9- Médias da PL (em kg), de acordo com a época de parto, obtidas a partir do desmembramento do GCF. A Figura 6 evidencia um comportamento desuniforme da PL ao longo dos anos. O declínio ocorrido nos anos de 1992 e 1993 deve-se, em grande parte, a problemas de ordem pessoal enfrentados pelos proprietários e administradores do Capril. Contudo, em 1994 houve uma retomada no desempenho dos animais. Tal ocorrência reforça a importância do gerenciamento dentro de uma propriedade, tanto na rotina de tratamento dos animais quanto no acompanhamento do desempenho dos indivíduos, além das decisões de acasalamento preferencial. As lactações em andamento no momento (1996), que não foram incluídas , atestam não só a retomada, como a elevação dos níveis de produção. A média real das 25 lactações em curso é de 1020,40 kg, projetadas a 305 dias(uma vez que estão sendo registradas no PROCAPRI 61 (1994) e este programa faz as projeções para 305 dias de produção para as lactações ainda em curso, com produção real acima de 60 dias). Na Figura 8 detecta-se que, nos últimos anos analisados, as cabras mantiveram maiores DL, o que, provavelmente, é fruto do manejo e da seleção para persistência, além do manejo nutricional. Atualmente podese afirmar que a DL, salvo alguma exceção, é determinada pelo criador e as cabras do plantel ativo teriam condições de mantê-las por maior período. Porém, a DL é limitada pelo IEP, convenientemente, reduzido pelo manejo. As maiores médias de PL foram para lactações iniciadas nas condições de fotoperíodo decrescente (janeiro-junho), tendo ocorrido uma concentração de partos em junho. Este resultado está de acordo com as afirmações de HAAS (1994), de que existe um efeito positivo do fotoperiodismo crescente, sobretudo a partir do quarto mês de lactação, sobre a quantidade de leite produzida por ano. Contudo, este resultado contraria MOURAD (1992), que relata maiores médias de PL para cabras que pariram no inverno. As médias de DL menores foram as referentes ao partos ocorridos na época de parto FOT 1 (janeiro-junho), contudo, essa diferença foi pequena. A idade da cabra ao parto também influiu a PL ao nível de 1% de probabilidade, com a produção apresentando um incremento até os 3 anos de vida da cabra, após o que houve um suave declínio (Figura 10). A maior média de PL (673,68 kg) ocorreu aos 3 anos de idade, ou terceiro parto, visto a IPP média ser de 13,41 meses e o IEP médio, de 10,95 meses. As menores médias de PL nas primeiras lactações são justificadas pelo próprio desenvolvimento corporal das fêmeas nesta fase, além do gradativo desenvolvimento do sistema mamário, que incrementa a capacidade produtiva, progressivamente, nas sucessivas lactações (Ronningen, 1964 citado por SUBIRES et al., 1988). Este efeito se deve a uma 62 proporção dos alvéolos mamários desenvolvidos na lactação anterior que não involuem, somando-se àqueles que vêm a se desenvolver nas seguintes e, assim, de forma sucessiva, até que esta continuidade se interrompa com o amadurecimento total da cabra (Knight & Peaker, 1982 citados por SUBIRES et al., 1988). Este resultado coincide com os obtidos por ALDERSON & POLLAK (1980), MONTALDO et al. (1981), NONGXUEYUAN (1984) e ZENG & ESCOBAR (1995). SANDS & McDOWELL (1978), em sua revisão, apresentam resultados diferentes para trabalhos distintos, com a ocorrência das maiores produções da segunda até a sexta lactação. As maiores médias de PL foram detectadas por volta da quarta lactação por SUBIRES et al. (1988), DAS & BOX (1992) e GONÇALVES (1996). Já MOURAD (1992), relata um aumento crescente e gradual até a quinta lactação. Contudo, BROWNING Jr. et al. (1995) encontraram a maior média de PL na segunda lactação. 700 600 500 400 300 200 100 0 1 2 3 4 5 6 Id a d e d a c a b r a ( a n o s ) 63 Figura 10 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com a idade das cabras ao parto. O tipo de parto (TP) também influenciou a PL, ao nível de 5% de probabilidade. As fêmeas que tiveram partos múltiplos produziram uma maior quantidade de leite por lactação (Figura 11). Este resultado, provavelmente, é fruto da maior concentração de hormônios circulantes, como a progesterona, prolactina e lactogênio placentário, ocasionada por um maior número de fetos presentes, conforme atesta Hayden, 1979, citado por SUBIRES et al. (1988). No manejo do plantel em estudo as crias não são aleitadas pela mãe, nem durante a fase de colostro, eliminando, assim, a possibilidade da maior PL ser decorrente de maior estímulo de sucção. Tal resultado concorda com alguns relatos na literatura (SUBIRES et al., 1988; BROWNING JR et al., 1995). 600 590 580 570 560 550 540 530 520 510 S imples M últiplo T ipo de parto Figura 11 - Médias ajustadas da PL (em kg) de acordo com o tipo de parto. 64 A duração da lactação influenciou a PL ao nível de 1% de probabilidade, com uma tendência quadrática (R2 = 0,91), crescente, na PL à medida em que a fêmea sustenta uma lactação mais longa (Figura 12). Existe uma relação crescente entre a PL e a duração da lactação. Até certo limite, lactações mais longas dão condições à cabra de produzir mais leite. MOURAD (1992) relata um aumento gradual da DL e da PL, Produção de Leite (kg) com o avanço da idade das cabras. y = -1,2879x2 + 86,235x - 83,14 1000 R 2 = 0,9126 800 600 400 200 0 4 5 6 7 8 9 10 11 12 Duração da Lactação (meses) Figura 12 - Regressão da Produção de Leite (em kg) em função da duração da lactação (em meses). O efeito do nível de produção de leite (NP) sobre a DL apresenta um comportamento crescente, conforme pode-se verificar na Figura 13. Da mesma forma que há uma maior PL atrelada a uma lactação mais longa, uma DL maior corresponde a níveis de produção mais elevados. Como a DL está mais relacionada ao manejo, normalmente o 65 criador opta pela secagem das cabras que estão produzindo uma quantidade muito reduzida de leite por dia; assim, as cabras que mantém altas produções, têm suas lactações estendidas de maneira apenas a respeitar o período seco antes do próximo parto. 350 300 250 200 150 100 50 0 1 2 3 N í v e l de pro d u ç ã o d e le ite Figura 13 - Médias ajustadas da DL (em dias), de acordo com o nível de produção de leite. O IEP é um indicativo do desempenho produtivo e reprodutivo de um plantel pois contém a DL e o período seco, ou, sob outro ponto de vista, o período de gestação e o período de serviço. Neste estudo (Figura 14), o IEP de 328,49 dias comporta uma DL razoável (219,03 dias) e um período seco pouco acima do recomendado habitualmente (109,46 dias). Possibilita, ainda, um período de serviço de 176,49 dias, de modo que, na 66 média, durante 42,54 dias as cabras permanecem em gestação e lactação, simultaneamente. GONÇALVES (1996). Estes resultados assemelham-se aos obtidos por 67 DL = 219,03 dias Parto Parto PS = 109,46 dias IEP = 328,49 dias PV = 176,49 dias Parto PG = 152 dias Parto (42,54 dias em gestação e lactação simultânea) Figura 14 - Desempenho geral do plantel caprino em estudo, de acordo com a duração da lactação (DL), período seco (PS), intervalo de partos (IEP), período de serviço (PV) e período de gestação (PG). Sem dúvida, este é um desempenho bom, mas pode melhorar com a redução do período seco para 60 dias que, com a manutenção da DL, permitiria um IEP de 280 dias. Com isso, o período de serviço seria de 128 dias, com a cabra gestante e em lactação por 90 dias. Nestas condições, ocorreriam 1,3 partos por ano (5 partos em 4 anos) que, com uma prolificidade de 1,17 cabritos por parto, dando origem a 2,21 cabritos por cabra por ano. Com isso, além das fêmeas passarem mais tempo em lactação por ano e terem um maior número de crias em sua vida útil, ainda aumentariam sua contribuição ao plantel na forma de novos indivíduos, possibilitando uma maior pressão de seleção. Essas modificações no desempenho produtivo e reprodutivo são possíveis com a adoção de técnicas adequadas de manejo, como a manutenção da sanidade desses animais, através de vermifugações estratégicas e tratamento preventivo de doenças, em geral, e, em especial, a mastite; otimização do manejo reprodutivo, seja por técnicas de indução de cio e/ou por diagnóstico precoce de gestação (ultra-sonografia) e detecção 68 de cio com rufião; aprimoramento das condições nutricionais, seja por tratos culturais das pastagens e capineiras, como pelo balanceamento mais acurado dos concentrados oferecidos; manutenção do bem-estar dos animais, com instalações que proporcionem conforto; cuidados especiais dispensados aos cabritos desde o nascimento até a desmama, de modo a permitir um bom desenvolvimento dos animais; acompanhamento do desenvolvimento ponderal de todo o rebanho, para reconhecer precocemente algum distúrbio, entre outros. Por outro lado, como as condições de manejo em geral já estão controladas, a importância da melhoria genética do plantel é valorizada, já que é uma maneira eficiente de melhorar o desempenho dos animais nas características de importância econômica, como será discutido posteriormente. 69 5.4. Parâ metros genéticos e fenotípicos 5.4.1. Herdabilidade As estimativas de herdabilidade foram obtidas pelo Método da Máxima Verossimilhança Restrita (REML) por um Modelo Animal, com um arquivo de 1203 animais na matriz de parentesco. A herdabilidade da IPP foi estimada em 0,14 (Tabela 8), que é considerado de baixa magnitude, o que sugere que a seleção direta para a IPP levaria a um pequeno progresso genético anual. Como esta característica sofre grande influência ambiental, a importância do manejo na recria de cabritas aumenta, devendo ser feito o acompanhamento mais acurado possível nesta fase. Os trabalhos dedicados à estimativa da h2 da IPP são escassos, todavia, o valor obtido foi semelhante ao relatado por SINGH & ACHARYA (1982), superior ao resultado de NAHARDEKA et al. (1995) e inferior ao de GONÇALVES (1996), cujas estimativas foram obtidas pelo Método dos Quadrados Mínimos (MMQ). GONÇALVES (1996) estimou a herdabilidade da IPP também pela REML, com um resultado superior ao obtido neste estudo. A estimativa da herdabilidade do IEP foi 0,09 (Tabela 8), que também é baixa, indicando a forte influência ambiental sobre o IEP. Assim, é de suma importância a detecção precoce de uma futura prenhez, para que se proceda a secagem da cabra com uma antecedência satisfatória ao próximo parto. Entre os poucos trabalhos com informação referente aos parâmetros genéticos para esta característica, este resultado diferiu dos encontrados na literatura, sendo inferior ao relatado por 70 NAHARDEKA et al. (1995) e superior aos estimados por GONÇALVES (1996) e ODUBOTE (1996). A herdabilidade estimada neste estudo para a PL foi 0,09 (Tabela 8), valor também de pequena magnitude. Mais uma vez, as condições ambientais proporcionadas às cabras leiteiras assumem grande importância. Alojamentos, condições sanitárias e manejo nutricional, entre outros, devem ser os melhores possíveis, uma vez que podem ser convertidos em maiores PL. Este resultado foi inferior a todas as referências encontradas na literatura (KENNEDY et al., 1982; SAHNI & CHAWLA, 1982; SINGH & ACHARYA, 1982; MAVROGENIS et al., 1984 b; NONGXUEYUAN, 1984; CONSTANTINOU et al., 1985; SULLIVAN et al., 1986; CONSTANTINOU & MAVROGENIS, 1987; CONSTANTINOU, 1989; KALA & PRAKASH, 1990; LUO, 1992; RABASCO et al., 1993; BISHOP et al., 1995; GONÇALVES, 1996). A estimativa de herdabilidade da DL obtida neste estudo foi 0,06 (Tabela 8), igualmente baixa e também inferior às citadas na literatura consultada (NONGXUEYUAN, 1984; CONSTANTINOU et al., 1985; ROY et al., 1992 e GONÇALVES, 1996). O ambiente exerce forte influência sobre esta característica, principalmente o manejo de secagem dos animais próximos ao parto. Na Tabela 8 estão apresentados os componentes de variância genética aditiva, de ambiente permanente e de ambiente temporário, além das estimativas de herdabilidade e repetibilidade, pelo Método da REML. 71 Tabela 8 - Componentes de variância genética aditiva (σ2A), de ambiente permanente (σ2Ep) e de ambiente temporário (σ2Et), herdabilidade (h2 ) e repetibilidade (t), estimadas pelo Método da REML. Característica σ2A σ2Ep σ2Et h2 t IPP 1456,00 - 8607,00 0,14 - IEP 648,00 0,0025 6545,00 0,09 0,09 PL 3350,00 3908,00 29808,00 0,09 0,20 DL 250,00 226,00 4055,00 0,06 0,11 IPP = Idade ao primeiro parto; IEP = Intervalo de partos; PL = Produção de leite e DL = Duração da lactação As estimativas das h2 de todas as características avaliadas neste estudo podem estar subestimadas, por advir do número limitado de dados disponíveis, visto haverem sido coletados num único plantel, ainda que por 13 anos consecutivos. De qualquer maneira, como a herdabilidade representa a proporção aditiva da variância fenotípica e, portanto, é específica para dada população e em dado momento, é esperada uma variação entre estudos, já que são conduzidos com grupos genéticos, ambientes e métodos de avaliação muitas vezes diferentes. Como, de um modo geral, as estimativas de herdabilidade foram baixas (<0,15), além do caráter limitado ao sexo destas características, o teste de progênie é o recomendado como o melhor método de avaliação dos reprodutores, uma vez que esta estimativa indica uma baixa correlação entre o fenótipo e o genótipo dos indivíduos. O emprego do teste pode ser viabilizado com o aumento do uso da técnica de inseminação artificial, seja com sêmen congelado, resfriado ou fresco. 72 5.4.2. Repetibilidade As estimativas de repetibilidade também foram obtidas pelo método da REML por um Modelo Animal, a partir de uma matriz de parentesco contendo 1203 animais. A repetibilidade do IEP foi estimada em 0,09, devido ao componente da variância de ambiente permanente ser muito reduzido, levando a herdabilidade e a repetibilidade a apresentarem o mesmo valor (Tabela 8). Além disso, indica que uma única avaliação do animal é pouco conclusiva sobre seu possível desempenho futuro. Esta estimativa foi similar às obtidas por WILSON et al. (1989) e GONÇALVES (1996), sendo que o último autor também fez uso da REML. Contudo, os resultados de GARCIA et al. (1983a) e ODUBOTE (1996) foram inferiores e os de SINGH & ACHARYA (1982), superiores. A estimativa de repetibilidade da PL foi 0,20, o que indica que o efeito de ambiente permanente foi mais expressivo, inclusive, que o genético aditivo. Este resultado foi igual ao obtido por GONÇALVES (1996) e inferior ao de MONTALDO et al. (1982), GROSSMAN et al. (1986), SULLIVAN et al. (1986), CONSTANTINOU & MAVROGENIS (1987), CONSTANTINOU (1989), MOURAD (1992) e BISHOP et al. (1995). A repetibilidade da DL foi estimada em 0,10, sendo considerada de pequena magnitude, mostrando a necessidade de mais observações desta característica ao longo da vida do animal para se ter uma melhor noção de sua permanência no rebanho. Este resultado é semelhante ao obtido por GONÇALVES (1996) e inferior às estimativas encontradas por MONTALDO et al. (1982) e GARCIA et al. (1983b). O ambiente foi responsável por 86%, 91%, 80% e 89% da variação total na IPP, IEP, PL e DL, respectivamente (Figuras 15, 16, 17 e 18), o que sugere a importância das técnicas e condições da criação. 73 Va 14% VEt 86% Figura 15 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente (VEt) na característica Idade ao Primeiro Parto. Va 9% VEt 91% Figura 16 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va) e de ambiente temporário (VEt) na característica Intervalo de Partos. 74 Va 9% VEp 11% VEt 80% Figura 17 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente permanente (VEp) e de ambiente temporário (VEt) na característica Produção de Leite. Va VEp 6% 5% VEt 89% Figura 18 - Proporções de variâncias genética aditiva (Va), de ambiente permanente (VEp) e de ambiente temporário (VEt) na característica Duração da Lactação. 75 Embora os bons resultados de desempenho obtidos para a IPP, o IEP, a PL e a DL indiquem a utilização de um bom manejo, o contínuo aprimoramento do manejo e a diminuição dos efeitos das fontes de variação não genéticas devem ser, constantemente, buscados, visando, inclusive, possibilitar uma maior expressão das fontes de variação genéticas. De qualquer forma, para que o desempenho dos animais melhore, é sempre necessário que se invista na melhoria das condições de criação. Em função disto, para que a produtividade do rebanho continue a aumentar, além de melhorar tais condições, é imprescindível conduzir especial atenção ao processo de melhoramento genético do plantel, com objetivos e critérios de seleção adequados, criteriosos e tecnicamente embasados, pois da pequena variabilidade genética estimada para essas características de importância econômica, depende muito da evolução genética do rebanho. 5.4.3. Correlações As correlações genéticas, fenotípicas e ambientais entre a PL e demais características em estudo são apresentadas na Tabela 9. 76 Tabela 9 - Correlações genética (rg), fenotípica (rf) e ambiental (re) entre as características mencionadas (IPP, IEP e DL) e a PL, obtidas pela REML, por análise bivariada. Característica rg rf re IPP 0,95 0,09 0,09 IEP 1,00 -0,12 -0,15 DL 0,43 -0,50 -0,58 IPP = Idade ao primeiro parto; IEP = Intervalo de partos; DL = Duração da lactação Observa-se uma estimativa positiva e alta da correlação genética entre a PL e a IPP, indicando que, provavelmente, a maior parte dos efeitos genéticos aditivos agem sinergicamente ou que exista ligações gênicas entre as duas características nas gerações analisadas. Este valor sugere que as cabritas que vêm a parir pela primeira vez com mais idade por causas genéticas tendem a produzir mais leite. ILOEJE & VAN VLECK (1978) referem-se, em sua revisão, à correlação genética também alta e positiva entre estas características. Contudo, GONÇALVES (1996) relata uma correlação muito baixa, enquanto RICORDEAU (1981) cita, em sua revisão, valores contraditórios, de 0,19 e -0,36. As correlações fenotípica e de ambiente, as quais foram de pequena magnitude e positivas entre essas características, indicam que há pouca relação entre elas, quanto às alterações ambientais sofridas. ILOEJE & VAN VLECK (1978) e GONÇALVES (1996) também relatam um valor baixo e positivo para a correlação fenotípica entre a PL e a IPP. A correlação genética alta e positiva entre a PL e o IEP indica que, possivelmente, os mesmos fatores genéticos, ou genes com fortes ligações, estejam presentes na expressão destas características. Portanto, 77 cabras com um maior período anterior ao parto vigente tendem a apresentar uma maior PL. Ao encontro do resultado obtido neste estudo, MONTALDO et al. (1981) discutem a interação entre a PL e o IEP ao terceiro parto, com as maiores PL coincidindo com os maiores IEP. GONÇALVES (1996) também obteve uma correlação bastante alta e positiva (1,00). Já as correlações fenotípicas e ambientais entre tais características, apresentaram-se baixas e negativas, indicando uma relação inversa entre elas, ainda que de pequena magnitude. GONÇALVES (1996) também encontrou uma correlação fenotípica baixa, porém, positiva entre estas características. A correlação genética obtida entre a PL e a DL foi de média magnitude e positiva, o que indica que parte dos genes envolvidos na expressão de ambas as características são comuns. Assim, sugere que a seleção de cabras com uma maior produção de leite levaria a lactações mais longas, ou seja, fêmeas mais persistentes. Resultado semelhante foi obtido por GONÇALVES (1996), quando utilizou o Método da REML, enquanto KENNEDY et al. (1982) também relatam uma correlação genética alta e positiva entre estas características. As correlações fenotípicas e ambientais entre a PL e a DL apresentaram valores moderados e negativos, ou seja, o somatória dos efeitos ambientais causam alterações distintas nas duas características. Outro ponto que pode ser considerado é que cabras que produzem mais leite por causas genéticas tendem a ter lactações mais longas ou, ao menos, têm condições de sustentar essas lactações por mais tempo. Já cabras que produzem mais leite por causas de ambiente, devido às técnicas de manejo, que prevêem a secagem do animal num período determinado antes do próximo parto tendem a ter DL mais curtas. 78 KENNEDY et al. (1982) reportaram uma estimativa moderada e positiva para a correlação fenotípica (0,66) entre tais características, assim como os resultados de GROSSMAN et al. (1986), que obtiveram 0,61, RICORDEAU (1981) que citou 0,66 e 0,70 em sua revisão e os de GONÇALVES (1996), que estimou 0,60. No presente estudo, o número de informações disponível para a obtenção de estimativas das correlações foi muito pequeno e, devido a isto, os valores obtidos podem estar sub ou superestimados. Alguns criadores, isoladamente, têm feito tentativas no sentido de viabilizar a implantação de um programa de melhoramento genético de caprinos leiteiros no Brasil. Essas iniciativas são válidas e importantes mas há necessidade da união de esforços nesse sentido. Em 1994, no III ENDEC (Encontro Nacional para o Desenvolvimento da Espécie Caprina), realizado na UNESP - Jaboticabal), um dos temas foi a criação de um programa de melhoramento genético de caprinos. O objetivo principal do PROCAPRI (Programa de gerenciamento de criatórios caprinos), lançado na ocasião, é justamente a colheita de informações dos criatórios (até o momento, quase 150 criadores já estão cadastrados no sistema), visando a formação de um banco de dados expressivo da realidade da caprinocultura brasileira. Em 1996, o tema central do IV ENDEC, realizado na USP Pirassununga, foi o melhoramento genético de caprinos. Nesse ínterim, GONÇALVES (1996), em sua tese, realizou um levantamento em 10 propriedades localizadas na região Sudeste, fazendo uma valiosa contribuição ao conhecimento do material genético da caprinocultura. Infelizmente, muitos dos indivíduos avaliados são parte de um arquivo morto, o que não permitiu a continuidade do trabalho. O presente estudo tem o intuito de contribuir, também, nesse sentido, com a vantagem de apresentar 79 o valor genético de um rebanho ativo, apresentado mais adiante. Contudo, ainda não há no Brasil um programa de melhoramento genético de caprinos. Assim, é relevante a necessidade de uma avaliação conjunta de um número maior de plantéis, com conectabilidade, de forma a possibilitar a elaboração de um Sumário de Bodes e, posteriormente, a implementação de um centro de testagem de bodes, como fonte de material genético comprovadamente superior, para o melhoramento efetivo da caprinocultura leiteira brasileira. 5.4.4. Valor Genético dos Animais Os animais, machos, fêmeas e animais jovens, ainda sem informações próprias, foram avaliados pelo Modelo Animal, para obter seu Valor genético (VG) para a PL. Como esta é uma característica que não se manifesta nos machos e a seleção vinha sendo realizada com base no desempenho dos animais, metade destes reprodutores apresentaram VG positivo, enquanto os demais, negativo3. A maioria dos indivíduos abaixo da média do plantel são, justamente, os reprodutores utilizados no início da criação. O progresso genético ocorrido nestes 13 anos justifica este resultado. Todos os machos do plantel ativo apresentaram valor genético positivo, em relação à média do plantel. Esse resultado acena com boas perspectivas de incremento da PL, uma vez que conhecidos os VG, acrescidos de confiabilidade a medida que um maior número de cabras 3 Os VG dos reprodutores ao longo do estudo, bem como de todos os indivíduos do plantel ativo encontram-se disponíveis no APÊ NDICE. 80 com parentesco venham a concluir suas lactações, os acasalamentos serão melhor planejados. Quando se avalia machos, só se pode estimar seu valor genético para produção de leite no caso deles possuírem parentesco com alguma cabra com produção leiteira . Apenas dessa forma pode ser atribuído um valor genético ao reprodutor e, no caso das inseminações artificiais, o valor genético do reprodutor pode ser considerado na estimativa do valor genético da sua progênie. Os indivíduos filhos de reprodutores testados na França, gerados pela inseminação artificial, não têm o VG destes reprodutores considerado em sua avaliação, por estes não possuírem parentes com registros produtivos neste plantel. Contudo, é de se esperar um bom desempenho que, com os futuros dados produtivos, deverá elevar esses VG, já que são testados na França, que possui um teste de avaliação de caprinos bastante organizado e possuem, lá, valores acima da média do rebanho francês. As cabras com maiores valores genéticos (VG) superaram os bodes melhor classificados. Este resultado se justifica pelo fato das fêmeas apresentarem desempenho próprio, que é visível durante o acompanhamento dos animais e, portanto, tiveram um progresso maior que dos machos. Com a implementação de avaliações periódicas e seu uso na tomada de decisão no plantel, é esperado um progresso maior também para os reprodutores. De maneira geral, os animais do plantel ativo, apresentam VG positivos para a característica PL, o que vem ao encontro dos objetivos do criador. De posse destes resultados o criador poderá tomar as decisões de acasalamento, descarte e seleção dos indivíduos, com o benefício de se poder predizer o VG do indivíduo não apenas antes de suas 81 primeiras produções mas, inclusive antes de seu nascimento. É claro que, à medida em que forem sendo incorporadas as informações próprias e completadas as informações de todos os parentes, vai aumentando a acurácia da avaliação. Neste caso, a recomendação é refazer a avaliação genética, fazendo uso do Modelo Animal anualmente, de forma a ter avaliações o mais atualizadas quanto possível, para respaldar a tomada de decisões. Esta é a primeira avaliação genética deste plantel e, os resultados sugerem que, dentro do rebanho, o acompanhamento de rotina das fêmeas, juntamente com a avaliação genética, têm condições de eleger os indivíduos mais eficientes produtiva e reprodutivamente. Para progressos genéticos contínuos é necessária a continuidade de controle zootécnico rigoroso, utilização dos animais geneticamente superiores (identificados pela avaliação anterior) como os reprodutores e matrizes e novas avaliações a cada nova geração. 82 5.4.5. Tendência genética da população A Figura 19 indica a tendência genética da população em estudo, ao longo dos anos. Este resultado indica uma tendência quadrática dos valores genéticos para PL de cabras, pais e mães, com os pontos de mínimo ocorrendo nos anos 86, 84 e 87, respectivamente. Percebe-se, ainda, um aumento no valor genético dos animais ao longo dos anos, resultando, portanto, num ganho genético. A tendência genética, expressa pela derivada primeira da função de regressão, está representada na Tabela 10. A derivada segunda aponta a mudança anual na PL, que foi de 0,7308 kg/ano para as cabras, 0,5492 para os pais e 0,6608 para as mães, o que indica uma aceleração, com coeficientes de determinação (R2) iguais a 0,70, 0,89 e 0,56, respectivamente. Percebe-se que a maior parte do ganho genético foi devido às mães das cabras, provavelmente devido aos bodes terem sido selecionados por outros critérios. Vem daí a grande importância das avaliações genéticas, que permitem que se conheça o VG também dos reprodutores ou demais indivíduos sem desempenho próprio para a produção de leite. A média dos VG foi analisada em função dos anos de parto, pois se referem aos indivíduos portadores dos genes disponíveis para dada safra, que conforme ALBUQUERQUE et al. (1996), tem uma maior utilidade para o criador, visto espelhar os indivíduos que estão sendo utilizados como reprodutores para a geração subsequente, seja ele selecionado no próprio plantel ou adquirido. 83 25 15 10 5 -10 94 93 92 91 90 89 88 87 86 85 84 -5 83 0 82 Valor genético 20 Ano de parto -15 Cabra Pai Mãe Ym =0,3304x²-57,3694x+2490,8091 Yc = 0,3654x²-62,7726x+2693,3575 Yp = 0,2746x²-45,8802x+1905,1037 Figura 19 - Tendência genética da Produção de Leite das cabras, pais e mães correspondentes, com as respectivas regressões quadráticas. Como a grande maioria dos indivíduos do plantel ativo não possui informações produtivas completas, ou filhas que as possua, esses animais não estão incluídos na análise de tendência genética. GONÇALVES (1996) obteve em seu estudo com cabras das raças Alpina, Saanen e Toggenburg, na região Sudeste do Brasil, uma mudança anual negativa (-0,8109 kg/ano de nascimento das cabras). 84 Tabela 10 - Tendência genética da produção de leite (TG) em função do ano de parto, para as cabras, pais e mães. Ano de parto TG cabra TG pai TG mãe 82 -2,8470 -0,8458 -3,1838 83 -2,1162 -0,2966 -2,5230 84 -1,3854 0,2526 -1,8622 85 -0,6546 0,8018 -1,2014 86 0,0762 1,3510 -0,5406 87 0,8070 1,9002 0,1202 88 1,5378 2,4494 0,7810 89 2,2686 2,9986 1,4418 90 2,9994 3,5478 2,1026 91 3,7302 4,0970 2,7634 92 4,4610 4,6462 3,4242 93 5,1918 5,1954 4,0850 94 5,9226 5,7446 4,7458 A partir das informações e avaliações reunidas, sugere-se o seguinte programa para o melhoramento deste plantel e região, levando-se em consideração as prioridades do criador no produção leiteira e comercialização de matrizes e reprodutores: 85 PROPOSTA PARA UM PROGRAMA DE MELHORAMENTO DE CAPRINOS LEITEIROS PARA O CAPRIL SERRA DE ANDRADAS REGIÃO O primeiro passo é o estabelecimento das diretrizes, pelos objetivos pretendidos pelos criadores e avaliações preliminares da população a ser melhorada. a. Objetivos ⇒ Eficiência produtiva: ♦ Aumento da produção de leite total por lactação (meta: 1200 kg); ♦ Aumento da produção de leite por dia de lactação (meta: 4 kg); ♦ Manutenção ou redução dos níveis de αs1 caseína do leite; ⇒ Eficiência Reprodutiva: ♦ Manutenção do Intervalo de partos (meta: 12 meses); ♦ Redução da idade ao primeiro parto (meta: 12 meses); ♦ Aumento da prolificidade (meta: 1,8 cabritos por parto); ⇒ Manejo: ♦ Controle sanitário, incluindo doenças exóticas; ♦ Controle de endo e ecto-parasitas; ♦ Nutrição adequada; ♦ Prevenção de doenças metabólicas (Urolitíase e Toxemia da gestação); ♦ Prevenção de mastite; ⇒ Tipo: ♦ Uso preferencial de reprodutores chifrudos, com uso criterioso de animais mochos; 86 ♦ Manutenção e melhoramento de características de tipo que permitam uma maior longevidade e conforto para os animais (características de úbere, aprumos e capacidade corporal); ♦ Manutenção das características raciais, de acordo com as normas do registro genealógico; ♦ Acompanhamento de medidas corporais, tais como, altura de cernelha (AC), perímetro torácico (PT), comprimento do corpo (CC), circunferência escrotal (CE) e escore corporal, para futuras análises do plantel; ⇒ Mercado ♦ Divulgação das características do leite de cabra e seus derivados; ♦ Política de regulamentação da produção, beneficiamento e comercialização junto ao Ministério da Agricultura; ♦ Associação ou cooperação entre produtores da micro-região, reunidos em entidades de classe; b. Estratégias: ♦ Estabelecimento de um programa de tratamento de dados de criatórios caprinos, para a confecção de um Sumário de Bodes e de Cabras; ♦ Implantação de um Teste de Progênie, objetivando testar os prováveis melhores; ⇒ Colheita, tratamento e divulgação dos resultados, com as devidas sugestões: ♦ Controle leiteiro oficial (inicialmente, pode ser utilizado o controle a nível de propriedade); ♦ Informações do desenvolvimento ponderal dos animais; 87 ♦ Relatório geral das atividades da propriedade, constando de todos os eventos ocorridos e balancete financeiro. 6. CONCLUSÕES Nas condições em que o presente estudo foi desenvolvido, pode-se concluir que: • O plantel em estudo apresentou um bom desempenho produtivo e reprodutivo; • Os efeitos não genéticos de variação foram importantes para as características estudadas e devem ser controlados ou corrigidos quando se compara animais; • Devido à baixa magnitude das estimativas de herdabilidade das características avaliadas, e destas só se manifestam em um dos sexos, o Teste de Progênie é o método de seleção mais adequado; 89 • De acordo com as estimativas de repetibilidade, que foram de baixa magnitude, recomenda-se a observação de mais desempenhos de um mesmo animal, antes da tomada de decisão de mantê-lo no plantel ou descartá-lo; 7. ABSTRACT The aims of this study were to estimate the genetic and phenotypics parameters of productive and reproductive traits of Saanen goats and to estimate the breeding value of all animals in order to rank the bucks, according to their breeding value for milk yield, for a herd located in Andradas city - MG. The reproductive traits considered were Age at First Kidding (AFK) and Kidding Interval (KI). The productive traits studied were Milk Yield (MY) and Lactation Lenght (LL). Least square means and standard-errors of AFK, KI, MY and LL were 402,28±19,14 days; 328,49±36,71 days; 572,57±133,97 kg and 219,03±48,09 days, respectively. (Co)variances components and genetics and phenotypics parameters were estimated by Restricted Maximum Likelihood with Derivative Free, by an Animal Model. Heritability estimates of AFK, KI, MY and LL were 0,14; 0,09; 0,09 and 0,06, and the repeatability for the same traits, 91 except AFK, were 0,09; 0,20 and 0,10, respectively. The genetic correlation estimates between MY and AFK, MY and KI and MY and LL were 0,95; 1,00 and 0,43, respectively. The phenotypic and environmental correlation estimates between MY and AFK were positive and low; between MY and KI they were low and showed moderate and negative values for MY and LL, MY and AFK and MY and KI and medium and negative value for MY and LL. All bucks of current herd showed positive breeding values (BV). The estimates of heritability and repeatability showed values, which suggest the use of Progeny Test as a method for test sires. The genetic avaliation of animals should be done yearly, in order to plan the matings within herd and welling decisions. The inclusion of more herds in the genetic avaliation process, would provide more acurated estimates of BV. As the traits in this study were strongly affected by environmental influences, it would be a good strategy to keep the nutrition, sanity and all others managment pratices unden tighty control. 92 8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ABRAHAM, A., AGRAZ, G. Caprinotecnia 1 e 2. México: Limusa, 1984. 2042 p. AHMED, J. U. Reproductive patterns of Black Bengal goats (Capra hircus). In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 1215-21. ALBUQUERQUE, L. G. et al. Comparações e questionamentos sobre metodologias para estimar realizações e tendências genéticas. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33, 1996, Fortaleza. Anais... v.1, p. 313-15. ALDERSON, A., POLLAK, E. J. Age-season adjustment factors for milk and fat of dairy goats. J. Dairy Sci., v. 63, p. 148-51, 1980. 93 AMOAH, E. A., GELAYE, S. Reproductive performance of female goats in South Pacific countries. Small Rum. Res., v. 3, p. 257-67, 1990. ANALLA, M. et al. Simulation analysis with BLUP methodology of different data structures in goat selection schemes in Spain. Small Rum. Res., v. 17, p. 51-5, 1995. BAKER, G. A., SOUZA NETO, J. Assessment of the potential of dual-purpose goats in Northeast Brazil. Small Rum. Res., v. 2, p. 97-105, 1989. BARBIERI, M. E. et al. Produção de leite em cabras meio sangue Parda AlpinaMoxotó, em Sobral, Ceará. In: REUNIÃO SBZ, 27, 1990a, Brasília. Proceedings... p. 408. BARBIERI, M. E. et al. Avaliação produtiva de cabras leiteiras das raças Saanen, Parda Alpina e Anglo-Nubiana. In: REUNIÃO SBZ, 27, 1990b, Brasília. Proceedings... p. 410. BARBOSA, S. B. P. Melhoramento Animal. m. 6, In: CURSO de Caprinocultura. Brasília: ABEAS, 1992. 86 p. BISHOP, S. et al. Genetic evaluation of Canadian dairy goats using test-day data. In: INTERNATIONAL COMMITTEE FOR ANIMAL RECORDING, 29, 1995, Ottawa. Proceedings... p.299-302. (Abstract) BOLDMAN, K. G. et al. A manual for use of MTDFREML. A set of programs to obtain estimate of variances and covariances. Lincoln: Department of Agriculture Research Service, 1993. 120 p. BROWNING Jr. et al. Factors affecting standardized milk and fat yields in Alpine goats. Small Rum. Res., v. 18, p. 173-8, 1995. CABELLO, F. E. et al. Production and reproduction in Anglo-Nubian goats under extensive management in a semi-arid climate. In: CONGRESO NACIONAL, AZTECA, 8, 1991, Mexico. Memorias... p. 13-7 . 94 CARAMELLE, E. [An increase in milk means a decrease in profit margins.] Plus de lait, marge brute em baisse. Chè vre, v. 194, p.32-3, 1993. (Abstract) CARRIEDO, J. A. et al., Genetic parameters for milk yield in dairy sheep. J. Anim. Breed. Genet., v. 112, p. 59-63, 1995. CHAWLA, D. S., BHATNAGAR, D. S. Reproductive performance of dairy goats. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 304. CONSTANTINOU, A. et al. Genetic and phenotypic parameters for some reproduction ans milk production characters of the Damascus goat. Z. Tierz.. Zuchtungsbiol., v. 102, n. 4, p. 301-7, 1985. (Abstract) CONSTANTINOU, A., MAVROGENIS, A. P. Nucleus flock selection strategies for the simultaneous improvement of kid growth and goat milk yield. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON ANIMAL PRODUCTION IN ARID ZONES,1987, Syria. Proceedings... p. 615-37. (Abstract) CONSTANTINOU, A. Genetic and environmental relationship of body weight, milk yield and litter size in Damascus goats. Small Rum. Res., v. 2, p. 163-74, 1989. CORTEEL, J. M. Reproduction. Quelques aspects essentiels de la reproduction chez le bouc. In: ENCONTRO NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA ESPÉCIE CAPRINA, 3, 1994, Jaboticabal. Anais... p. 28-71. DAS, S. M., BOX, P. O. Reproduction, growth and milk yield of blended goats in Tanzania. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... New Delhi: Everest, 1992. v. 2, p. 527-33. DOSTÁLOVÁ, J. [Goat milk.] Kozí mléko. Vý ziva, v.49, n. 2, p. 43-44, 1994. (Abstract) 95 DEVENDRA, C. The goat in the humid Tropics. In: GOAT Production. New York: Academic Press, 1981. 619 p. DEVENDRA, C. The role of goats in food production systems in industrialised and developing countries. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 4, 1987, Brasília. Proceedings... p. 3-40. FERRAZ, J. B. S. Aplicação de modelos animais na avaliação de parâ metros populacionais de características reprodutivas e produtivas de coelhos das raças California e Nova Zelâ ndia Branca. Pirassununga, 1993. 123 p. Tese (Livre Docência) - Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos - USP FINLEY, C. M. et al. Use of DHIA production records for dairy goat sire evaluation. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 303. FRESNO, M. R. et al., Preliminary study of the Majorera milk goat productive performance. Arch. Zootec., v. 43, n. 162, p. 181-6,1994. (Abstract) GALINA, M. A. et al. Reproductive performance of Mexican dairy goats under various management systems. Small Rum. Res., v. 18, p. 249-53, 1995. GARCIA, O., GALL, C. Goats in the dry Tropics. In: GOAT Production. New York: Academic Press, 1981. 619 p. GARCIA, B. O. et al. Genetic improvement of criollo goats in Venezuela by means of crossbreeding with imported breeds. 3. Reproductive performance. In: MEETING OF THE ASOCIATION LATINOAMERICANA DE PRODUCCION ANIMAL, 9, 1983a, Espanha. Memorias... (Abtract) GARCIA, B. O. et al. Genetic improvement of criollo goats in Venezuela by means of crossbreeding with imported breeds. 4. Milk Yield. In: MEETING OF THE ASOCIATION LATINOAMERICANA DE PRODUCCION ANIMAL, 9, 1983b, Espanha. Memorias... (Abtract) 96 GONÇALVES, H. C. Fatores genéticos e de meio em algumas características produtivas e reprodutivas de caprinos. Viçosa, 1996. 141 p. Tese (Doutorado em Zootecnia) - Universidade Federal de Viçosa. GORNEY, K. G. Goat milk - Vital in the management of allergic disease. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 361. GRASER, H. U. et al. A derivative-free approach for estimating variance components in animal models by Restricted Maximun Likelihood. J. Anim. Sci., v. 64, p. 1362-70, 1987. GROSSMAN, M., WIGGANS, G. R. Dairy goat lactation records and potential for buck evaluation. J. Dairy Sci., v. 63, p. 1925-37, 1980. GROSSMAN, M. et al. Relationships among production and reproduction traits in dairy goats. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 303. GROSSMAN, M. et al. Correlations between parities for lactation traits in United States dairy goats. J. Dairy Sci., v. 69, p. 1917-21, 1986. HAAS, L. S. N. Reprodução e inseminação artificial em caprinos leiteiros. São Paulo, s.n., 1994. 122 p. (Apostila) HENDERSON, C. R. Theoretical basis and computacional methods for a number of different animal models. J. Dairy Sci., v. 71, supl. 2, p. 1-16,1988. ILOEJE, M. U., VAN VLECK, L. D. Genetics of dairy goats: A review. J. Dairy Sci., v. 61, p. 1521-8, 1978. JAN, I. A., GUPTA, S. C. Performance of goats under intensive management system. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 550-2. 97 JORDANA, J. et al. Gene frequencies of caprine αs1-casein polymorphism in Spanish goat breeds. Small Rum. Res., v. 20, p. 215-21, 1996. KALA, S. N., PRAKASH, B. Genetic and phenotypic parameters of milk yield and milk composition in two Indian goat breeds. Small Rum. Res., v. 3, p. 475-84, 1990. KANAUJIA, A. S. et al. Reproductive traits of Beetal and Black Bengal does and their reciprocal crosses. Indian J. Anim. Sci., v. 57, p. 768-70, 1987. KENNEDY, B. W. et al. Phenotypic and genetic relationships between reproduction and milk production in dairy goats. J. Dairy Sci., v. 65, p. 237383, 1982. KROPF, W. et al. A comparison of reproductive performance and milk production of Sirohi goats with Alpine and Toggenburg crosses. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 565-75. KUMAR, A. et al. Age at first kidding of indigenous, exotic and crossbred goats. Indian J. Dairy Sci., v. 33, p. 207-9, 1980. LAL, B. K. et al. Reproductive efficiency in Black Bengal goat at first kidding. Indian J. Anim. Sci, v. 12, p. 1319-20, 1987. LASLEY, J. F. Genetics of livestock improvement. 3. Ed. New Jersey: 1978. 492 p. LUO, M. F. Estimation of genetic parameters of Xinong Saanen goat. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 576-9. MARQUES, F., SOLER, F. Actual situations of the goat milk control in Spain. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 516. 98 MAVROGENIS, A. P. et al. Environmental and genetic causes of variation in production traits of Damascus goats. 1. Pre-weaning and post-weaning growth. Anim. Prod., v. 38, p. 91-97, 1984 a. MAVROGENIS, A. P. et al. Enviromental and genetic causes of variation in production traits of Damascus goats. 2. Goat productivity. Anim. Prod., v. 38, p. 99-104, 1984 b. MELLADO, M. et al. Reproductive efficiency of Nubian goats throughout the year in northern Mexico. Small Rum. Res., v. 6, p. 151-7, 1991. MIOC, B. Effect of races and number of kids on first lactation goat milk traits. Poljopr. Znan. Smotra, v. 56, n. 3-4, p. 371-80, 1991. (Abstract) MONTALDO, H. et al. Algunos factores geneticos y ambientales que influyen sobre la produccion de leche y el intervalo entre partos en cabras. Tec. Pec. Mex., v. 41, p. 32-44, 1981. MONTALDO, H. et al. Coeficientes de repetibilidad para algunas caracteristicas de produccion de leche y reproducion en cabras. Tec. Pec. Mex., v. 43, p. 70-2, 1982. MOURAD, M. Effects of month of kidding, parity and litter size on milk yield of Alpine goats in Egypt. Small Rum. Res., v. 8, p. 41-6, 1992. NAHARDEKA, N. et al. Reproductive performance of Assam local goats and their crossbreds with Beetal. Indian J. Small Ruminants, v. 1, n. 1, p. 8-14, 1995. (Abstract) NONGXUEYUAN, X. Purebred selection of Xinong Saanen dairy goats and their improvement with crossbred dairy goats. Acta Coll. Septentrionali Occid. Agric., v. 2, p. 1-15, 1984. (Abstract) 99 NORMAN, M. D. et al. Production of dairy goat milk on small farms in Arkansas and Missouri. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 298. ODUBOTE, I. K. Genetic parameters for litter size at birth and kidding interval in the West African Dwarf goats. Small Rum. Res., v. 20, p. 261-265, 1996. PIACERE, A. Léfficacité génétique. Chevre, v. 201, p. 19-22, 1994. PROCAPRI. Programa de controle produtivo e reprodutivo de caprinos. Manual do usuário. UNESP - Jaboticabal, 1994, 36 p QUAAS, R. L., POLLACK, E. J. Mixed Model Methodology for farm and ranch beef cattle testing programs. J. Anim. Sci., v. 51, n. 6, p. 1277-87, 1980. RABASCO, A. et al. Genetic and non-genetic sources of variation in yield and composition of milk in Verata goats. Small Rum. Res., v. 11, p. 151-61, 1993. (Abstract.) RIBEIRO, S. D. A. A problemática da produção de caprinos no Centro-Sul. In: ENCONTRO ANUAL SOBRE CAPRINOCULTURA DE LEITE, 3, 1987, Nova Odessa. Anais... p.55-68. RIBEIRO, A. C. et al. Análise do comprimento de gestação em cabras Saanen. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33, 1996a, Fortaleza. Anais... v.1, p. 266-8. RIBEIRO, S. D. A. et al. Comportamento reprodutivo de cabras da raça Saanen submetidas ao fotoperíodo natural e indução do estro através de esponjas intravaginais. In: REUNIÃO ANUAL DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33, 1996b, Fortaleza. Anais... v.1, p. 422-4. RIBEIRO, S. D. A.; RIBEIRO, A. C. Estacionalidade na produção de leite de cabras Saanen na região Sudeste do Brasil. In: REUNIÃO ANUAL DA 100 SOCIEDADE BRASILEIRA DE ZOOTECNIA, 33, 1996a, Fortaleza. Anais... v.1, p. 565-7. RICORDEAU, G. Genetics: Breeding plans. In: GOAT Production. New York: Academic Press, 1981. 619 p. RICORDEAU, G. et al. Breeding plans for milk and meat production. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 85-99. RIERA, S. Reproductive efficiency and management in goats. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona, Proceedings... p. 162-74. ROY, R. et al. Milk yield of Jamunapari does. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 648-51. SAHNI, K. L., CHAWLA, D. S. Cross breeding of dairy goats for milk production. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 575-83. SANDS, M., McDOWELL, R. E. The potential of the goat for milk production in the tropics. Ithaca: Cornell University, 1978. 39 p. (Mimeograph). SAS/STAT User’s guide. Version 6. ed. Cary: SAS Institute, 1989, 956 p. SCHAEFFER, L. R. Notes on Linear Model Theory: Best Linear Variance component estimation. s.e.:s.n., 1983. 362 p. (Apostila) SHELTON, M. Reproduction and breeding of goats. J. Dairy Sci., v. 61, p. 9941010, 1978. SIGWALD, J-P., PIACERE, A. Le programme de selection caprin Français. In: ENCONTRO NACIONAL PARA O DESENVOLVIMENTO DA ESPÉCIE CAPRINA, 3, 1994, Jaboticabal. Anais... p. 122-32. 101 SIMPLÍCIO, A. A. et al. Reproductive and productive performance of the undefined (SRD) genotype of goats under the traditional management system of Northeast Brazil. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 349. SIMPLÍCIO, A. A. Manejo reprodutivo e instalações. m. 5, pt. 2. In: CURSO de Caprinocultura. Brasília: ABEAS, 1992. 53 p. SINGH, R. N., ACHARYA, R. M. Genetic and environmental trends of milk production in a closed flock of Beetal goats. J. Dairy Sci., v. 65, p. 2015-7, 1982. SONGJIA, L. et al. Relationship between physical traits, litter size and milk yield in Saanen, Guanzhong and crossbred goats. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 671-674. STEINE, T. A. Principles of selection for milk production in dairy goats. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 19-22. SUBIRES, J. et al. Factores que condicionan la productividad lechera de la cabra. Número de lactación y tipo de parto. Arch. Zootec., v. 37, n. 138, p. 145, 1988. SULLIVAN B. P. et al. Heritabilities, repeatabilities, and correlations for milk, fat, and protein yields in dairy gotas. J. Dairy Sci., v. 69, p. 100, 1986. TRALDI, A. S. et al. Reproductive behaviour of goats in Central South of Brazil. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOATS, 5, 1992, New Delhi. Proceedings... v. 2, p. 1412-6. TRALDI, A. S. Tópicos em reprodução e inseminação artificial em caprinos. São Paulo: s.n., 1994. 53 p. 102 WELLER, J. I. et al. Genetic evaluation of dairy goat does for milk and fat as an extension of buck evaluation. J. Dairy Sci., v. 70, p. 681-6, 1987. WIGGANS, G. R. Use of dairy goat records in selection. In: INTERNATIONAL CONFERENCE ON GOAT PRODUCTION AND DISEASE, 3, 1982, Arizona. Proceedings... p. 23-5. WIGGANS, G. R. et al. Implementation of an animal model for genetic evaluation of dairy cattle in the United States. J. Dairy Sci., v. 71, supl. 2, p. 54-69,1988a. WIGGANS, G.R. et al. Genetic evaluation of dairy goats for milk and fat yield with an Animal Model. J. Dairy Sci., v. 71, p. 1330-7,1988 b. WIGGANS, G. R. Animal Model evaluation of dairy goats for milk, fat, and protein yields with crossbred animals included. J. Dairy Sci., v. 72, p. 24116,1989. WILSON, R. T. et al. Aspects of reproduction in goats and sheep in South-Central Kenya. Anim. Prod., v. 38, p. 463-7, 1984. WILSON, R. T. et al. Indigenous african small ruminant strains with potentially high reproductive performance. Small Rum. Res., v. 2, p. 107-17, 1989. ZENG, S. S., ESCOBAR, E. N. Effect of parity and milk production on somatic cell count, standard plate count and composition of goat milk. Small Rum. Res., v. 17, p. 269-74, 1995. 9. APÊNDICE Tabela A 1-Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da IPP (em dias), com o número de informações (n), segundo a época de nascimento (FOT) FOT n Média Aj. E.P. 1 85 380,71 17,19 2 59 423,86 21,94 104 Tabela A 2 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média do IEP (em dias), com o número de informações (n), segundo o grupo contemporâneo (GCF). GCF n Média Aj. E.P. 821 822 831 832 842 851 852 861 862 871 872 881 882 891 892 901 902 911 912 921 922 931 932 941 942 7 3 10 6 15 18 6 29 2 11 11 11 6 12 4 13 5 17 8 18 4 9 8 12 7 386,83 415,78 342,59 416,17 343,35 398,42 302,54 303,50 379,66 350,57 309,78 343,59 291,66 371,39 326,89 307,53 328,17 347,67 280,76 273,47 297,91 257,81 250,36 218,10 367,68 43,01 55,33 42,42 42,26 31,23 28,17 40,19 23,30 63,32 28,78 31,35 29,46 37,79 27,71 47,14 27,17 43,57 33,13 33,49 35,94 45,17 43,26 42,76 47,57 46,69 105 Tabela A 3 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n), segundo o ano do parto anterior (AN), obtidas a partir do desmembramento do GCF. AN n Média 1982 10 401,80 1983 16 379,38 1984 15 343,35 1985 24 350,48 1986 31 341,58 1987 22 330,17 1988 17 317,62 1989 16 349,14 1990 18 317,85 1991 25 314,21 1992 22 285,69 1993 17 254,08 1994 19 292,89 Tabela A 4 - Médias do IEP (em dias), com o número de informações (n), segundo a época do parto anterior (FOT), obtidas a partir do desmembramento do GCF. FOT n Média 1 182 326,60 2 70 330,61 106 Tabela A 5 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo o grupo contemporâneo (GCF). GCF n Média Aj. E.P. 821 4 543,06 352,21 822 3 487,92 381,79 831 11 597,57 326,56 832 6 581,91 328,76 841 17 550,64 284,60 851 18 602,25 250,09 852 6 503,60 273,78 861 32 628,13 204,52 862 3 557,37 245,72 871 17 519,51 159,93 872 14 400,46 174,62 881 15 539,13 128,90 882 11 474,91 142,13 891 17 822,30 91,66 892 3 407,77 146,90 901 17 881,12 72,73 902 5 912,36 108,98 912 14 706,69 67,92 921 11 434,97 77,18 931 16 384,18 91,32 932 10 391,75 90,57 941 23 648,72 120,99 942 12 592,86 110,29 107 Tabela A 6 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo o ano do parto (AN), obtidas a partir do desmembramento do GCF. AN n Média 1982 7 515,49 1983 17 589,74 1984 17 550,64 1985 24 552,93 1986 35 592,75 1987 31 459,99 1988 26 507,02 1989 20 615,03 1990 22 896,74 1991 14 706,69 1992 11 434,97 1993 26 387,97 1994 35 620,79 Tabela A 7 - Médias da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo a época de parto (FOT), obtidas a desmembramento do GCF. FOT n Média 1 198 595,97 2 87 547,05 partir do 108 Tabela A 8 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo a idade da cabra ao parto (ID) Idade (anos) n Média Aj. E.P. 1 79 467,99 41,40 2 71 566,89 72,44 3 63 673,68 110,99 4 43 595,42 145,21 5 15 582,62 189,55 6 ou maior 14 548,84 266,21 Tabela A 9 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo o tipo de parto (TP) TP n Média Aj. E.P. Simples 146 545,29 134,85 Múltiplo 139 599,85 133,05 109 Tabela A 10 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da PL (em kg), com o número de informações (n), segundo a duração da lactação (DLA) DLA (meses) n Média Aj. E.P. 4 7 156,34 166,56 5 22 403,49 126,31 6 29 421,90 141,03 7 41 481,94 143,91 8 54 504,53 135,19 9 38 565,90 137,45 10 38 617,37 137,45 11 20 661,75 158,97 12 13 828,35 149,67 110 Tabela A 11 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo o grupo contemporâneo (GCF) GCF n Média Aj. E.P. 821 4 152,69 129,49 822 3 145,49 136,41 831 11 125,75 117,60 832 6 147,06 118,67 841 17 168,52 102,58 851 18 182,67 88,63 852 6 141,80 96,52 861 32 184,05 73,23 862 3 207,70 90,26 871 17 234,63 57,88 872 14 292,93 61,88 881 15 235,37 47,69 882 11 275,89 52,73 891 17 235,43 33,66 892 3 365,23 55,41 901 17 182,29 27,90 902 5 228,36 38,87 912 14 208,60 23,20 921 11 246,99 29,67 931 16 257,11 33,89 932 10 295,05 34,48 941 23 190,72 44,43 942 12 333,41 39,97 111 Tabela A 12 - Médias da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo o ano (AN), obtidas a partir do desmembramento do GCF. AN n Média 1982 7 149,09 1983 17 136,40 1984 17 168,52 1985 24 162,23 1986 35 195,87 1987 31 263,78 1988 26 255,63 1989 20 300,33 1990 22 205,32 1991 14 208,60 1992 11 246,99 1993 26 276,08 1994 35 262,06 Tabela A 13- Médias da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo a época do parto (FOT), obtidas a partir do desmembramento do GCF.. FOT n Média 1 198 199,68 2 87 240,14 112 Tabela A 14 - Médias ajustadas e respectivos erros-padrão da média da DL (em dias), com o número de informações (n), segundo o nível de produção (NP) NP n Média Aj. E.P. 1 74 141,82 48,70 2 140 202,58 48,23 3 71 312,70 49,90 Tabela A 15 - Classificação (Class) dos reprodutores em estudo, ao longo dos 13 anos, com o número de filhas (NF) com registros produtivos e valor genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL. Nome Ped NF VG Class Amapá DA FAZENDA MACHADO 5322 33 45,166* 1 Korbachev DA RULI 5545 4 30,950* 2 Condor ** 5311 14 16,572* 3 Canário II DA SERRA DE ANDRADAS 5189 11 15,946 4 SEQUOIA Moon Lake 5622 16 4,126* 5 Encanto DA SERRA DE ANDRADAS 5315 7 0,496* 6 Jacarandá DA SERRA DE ANDRADAS 5725 6 -2,086 7 Canário DA SERRA DE ANDRADAS 5002 72 -8,524* 8 Bicudo DA SERRA DE ANDRADAS 5134 69 -10,456 9 Adônis DA SERRA DE ANDRADAS 5102 18 -15,201 10 Alex ** 5201 11 -28,748* 11 Benz ** 5047 24 -34,444* 12 * = Pai ou mãe sem informação de produção ou conexão (animal proveniente de outro plantel ou importado); ** = animal sem afixo ou sufixo, por ser importado. Média de PL da base genética = 572,57 kg Ped = identificação do animal 113 Tabela A 16 - Classificação (Class) dos bodes do plantel ativo, com o valor genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL. Nome Ped. VG Class. Pastor DA SERRA DE ANDRADAS 7029 47,614 1 Pateta DA SERRA DE ANDRADAS 7062 39,716 2 Palácio DA SERRA DE ANDRADAS 7017 38,283 3 Profeta DA SERRA DE ANDRADAS 7006 32,471 4 Javé DA SERRA DE ANDRADAS 5746 31,520 5 Teobaldo TEXAN 5709 29,861* 6 Perfume DA SERRA DE ANDRADAS 7066 28,185* 7 Ouro Branco DA SERRA DE ANDRADAS 6023 27,754** 8 Patriarca DA SERRA DE ANDRADAS 7072 25,952 9 Patrono DA SERRA DE ANDRADAS 7078 25,528 10 Príncipe DA SERRA DE ANDRADAS 7042 20,529** 11 Oscar DA SERRA DE ANDRADAS 6050 19,919 12 Poeta DA SERRA DE ANDRADAS 7077 13,808 13 Potente DA SERRA DE ANDRADAS 7076 12,112 14 Presidente DA SERRA DE ANDRADAS 7073 11,357 15 Imperador DA SERRA DE ANDRADAS 5669 9,310 16 Pluto DA SERRA DE ANDRADAS 7051 3,776* 17 * = Pai ou mãe sem informação de produção ou conexão (animal proveniente de outro plantel ou importado). ** = Sêmen francês. Ped = identificação do animal Média de PL da base genética = 572,57 kg 114 Tabela A 17 - Classificação (Class) das cabras do plantel ativo, com produção por lactação completa própria (PL, Sim ou Não) e valor genético (VG), pelo MTDFREML, em relação à média de PL. Nome Ped PL VG Class Jandaia DA SERRA DE ANDRADAS 5763 S 91,097 1 Noêmia DA SERRA DE ANDRADAS 5974 S 78,012 2 Jacy DA SERRA DE ANDRADAS 5758 S 72,435 3 Nativa DA SERRA DE ANDRADAS 5977 S 56,811 4 Marinete DA SERRA DE ANDRADAS 5871 S 56,369 5 Duquesa DA SERRA DE ANDRADAS 5250 S 55,508 6 Nilza DA SERRA DE ANDRADAS 5969 S 54,657 7 Pedrita DA SERRA DE ANDRADAS 7027 N 47,614 8 Pérola DA SERRA DE ANDRADAS 7028 N 47,614 9 Neve DA SERRA DE ANDRADAS 5989 S 41,057 10 Ostra DA SERRA DE ANDRADAS 6090 N 39,716 11 Primavera DA SERRA DE ANDRADAS 7063 N 39,716 12 Partida DA SERRA DE ANDRADAS 7065 N 39,716 13 Pepita DA SERRA DE ANDRADAS 7016 N 38,283 14 Lilian DA SERRA DE ANDRADAS 5806 S 37,187 15 Onça DA SERRA DE ANDRADAS 6078 N 32,840 16 Pituca DA SERRA DE ANDRADAS 7004 N 32,471 17 Odile DA SERRA DE ANDRADAS 6040 N 31,984 18 Ofélia DA SERRA DE ANDRADAS 6043 N 31,838 19 Patrulha DA SERRA DE ANDRADAS 7054 N 30,297 20 Poupança DA SERRA DE ANDRADAS 7067 N 28,185* 21 Pomposa DA SERRA DE ANDRADAS 7035 N 27,515 22 Orquídea DA SERRA DE ANDRADAS 6034 N 27,276 23 Pintura DA SERRA DE ANDRADAS 7009 N 26,558 24 115 Nome Ped PL VG Class Paquita DA SERRA DE ANDRADAS 7011 N 26,404 25 Pureza DA SERRA DE ANDRADAS 7079 N 25,528 26 Menina DA SERRA DE ANDRADAS 5913 S 25,362 27 Nara DA SERRA DE ANDRADAS 5948 S 25,107 28 Vitória DA SERRA DE ANDRADAS 5886 S 23,631* 29 Oliveira DA SERRA DE ANDRADAS 6035 N 23,301 30 Peteca DA SERRA DE ANDRADAS 7057 N 22,695 31 Pimenta DA SERRA DE ANDRADAS 7058 N 22,695 32 Paulista DA SERRA DE ANDRADAS 7055 N 22,545 33 Perpétua DA SERRA DE ANDRADAS 7056 N 22,545 34 Malú DA SERRA DE ANDRADAS 5879 S 21,287 35 Oca DA SERRA DE ANDRADAS 6041 N 21,269 36 Operária DA SERRA DE ANDRADAS 6054 N 20,704 37 Ninja DA SERRA DE ANDRADAS 5952 S 20,093 38 Papoula DA SERRA DE ANDRADAS 7044 N 19,585 39 Lindinha DA SERRA DE ANDRADAS 5836 S 17,635 40 Opala DA SERRA DE ANDRADAS 6038 N 17,336 41 Osíris DA SERRA DE ANDRADAS 6089 N 16,471 42 Prata DA SERRA DE ANDRADAS 7059 N 15,919* 43 Poesia DA SERRA DE ANDRADAS 7060 N 15,919* 44 Prenda DA SERRA DE ANDRADAS 7041 N 13,881 45 Galaxy *** 5604 S 13,719* 46 Isabelle DA SERRA DE ANDRADAS 5677 S 11,919 47 Odalisca DA SERRA DE ANDRADAS 6053 N 10,615 48 Emily *** 5487 S 9,976* 49 Pioneira DA SERRA DE ANDRADAS 7030 N 9,966 50 Proeza DA SERRA DE ANDRADAS 7031 N 9,966 51 116 Nome Ped PL VG Class Penélope DA SERRA DE ANDRADAS 7037 N 9,966 52 Princesa DA SERRA DE ANDRADAS 7014 N 8,831 53 Pinguinha DA SERRA DE ANDRADAS 7023 N 8,025 54 Pipoca DA SERRA DE ANDRADAS 7025 N 8,025 55 Olímpica DA SERRA DE ANDRADAS 6045 N 7,551 56 Oliva DA SERRA DE ANDRADAS 6027 N 4,996 57 Pretinha DA SERRA DE ANDRADAS 7034 N 3,077 58 Olívia DA SERRA DE ANDRADAS 6069 N 2,228 59 Poderosa DA SERRA DE ANDRADAS 7074 N 1,114* 60 Preciosa DA SERRA DE ANDRADAS 7075 N 1,114* 61 Pupila DA SERRA DE ANDRADAS 7019 N 0,093 62 Ópera DA SERRA DE ANDRADAS 6049 N 0,093 63 Nastácia DA SERRA DE ANDRADAS 6012 S -1,941 64 Orca DA SERRA DE ANDRADAS 6036 N -3,602 65 Ousada DA SERRA DE ANDRADAS 6020 N -7,822** 66 Ousadia DA SERRA DE ANDRADAS 6021 N -7,822** 67 Potira DA SERRA DE ANDRADAS 7021 N -8,735 68 Patota DA SERRA DE ANDRADAS 7022 N -8,735 69 Vilma TEXAN 5887 S -21,600* 70 Essie *** 5636 S -29,675* 71 Perigosa DA SERRA DE ANDRADAS 7070 N - Perereca DA SERRA DE ANDRADAS 7071 N - * = Pai ou mãe sem informação de produção ou conexão (animal proveniente de outro plantel ou importado); ** = Sêmen francês; *** = animal sem afixo ou sufixo, por ser importado. Ped = identificação do animal; Média de PL da base genética = 572,57 kg S = com produção de lactação completa; N = sem produção de lactação completa