Visita ao Forte de Copacabana oferece um dos mais belos cartões

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Visita ao Forte de Copacabana oferece um dos mais belos cartões
MUSEU HISTÓRICO DO EXÉRCITO E FORTE DE COPACABANA
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Editoria
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Data
Site Época
Viajologia
Online
21/10/2015
O Rio de janeiro é uma das cidades mais fotogênicas do planeta e suas paisagens diversas
mesclam mar, montanha e cidade. As vistas desde o topo dos morros – como do Pão de Açúcar,
do Corcovado, dos Dois Irmãos ou do Leme – são todas espetaculares. Mas nem sempre é
preciso subir uma montanha para conseguir um panorama de cartão-postal: a visita ao Forte
de Copacabana, no Posto 6 da praia, é um passeio que rende um imenso prazer aos olhos.
A fortificação construída sobre a pedra presenteia os visitantes com uma vista
completa da Praia de Copacabana e do Pão de Açúcar. (Foto: © Haroldo Castro/Época)
O Forte de Copacabana completou no mês passado 101 anos de vida. Mas o projeto de
construir uma fortificação no local remonta a meados do século XVIII, quando a capital do
Brasil foi transferida de Salvador para o Rio de Janeiro. Embora a cidade estivesse protegida
por sua localização dentro da Baía de Guanabara, era preciso criar uma série de lugares
estratégicos de defesa.
Várias tentativas foram realizadas para armar a península de pedra na então praia de
Sacopenapã, como era chamada a enseada de Copacabana. Com a vinda da corte de Portugal
para o Rio de Janeiro em 1808, o projeto de um novo forte tomou novo fôlego. Mas os canhões
foram instalados somente em 1823, já com o Brasil independente, quando existiam suspeitas
que a Armada de Portugal pudesse se manifestar contra a emancipação do país.
Entre sucessivos desenhos de projetos e engavetamentos, o forte só começou a tomar a forma
atual em 1908. Na época, contando com o apoio militar e técnico da Alemanha, seis canhões
foram fabricados pela empresa Krupp em Essen e enviados ao Brasil. Chegaram no Rio de
Janeiro, desmontados e embalados em 5 mil caixotes, em 1913. Segundo o Exército, quando
inaugurada em 28 de setembro de 1914, a fortificação era uma das mais modernas da
América do Sul.
Hoje, sobre a casamata de concreto, ainda existem quatro cúpulas de armamentos, duas delas
contendo os canhões centenários. Os dois de 305 mm tinham um alcance de 23 km e os de
190 mm podiam atingir um alvo até 18 km. O último tiro de canhão desde o Forte foi dado
contra o cruzador Tamandaré em 11 de novembro de 1955, onde se encontrava o presidenteinterino Carlos Luz, no poder apenas por três dias. Nenhum dos tiros acertou o cruzador. A
fortificação foi desativada em 1987, tornando-se parte do Museu Histórico do Exército.
Os dois canhões de 190 mm, mesmo se voltados contra o bairro de Copacabana, não
apresentam hoje qualquer perigo pois estão desativados e já não existe munição para o
armamento. (Foto: © Haroldo Castro/Época)
Na entrada da fortificação, um mosaico de mais de um século revela o emblema da
guarnição. (Foto: © Haroldo Castro/Época)
Se as vistas do mar e da praia de Copacabana são esplêndidas desde o topo da cúpula dos
canhões, as entranhas da fortificação – mesmo se escuras – revelam um encanto inusitado.
Entro no labirinto de galerias e de salas com tetos arredondados acompanhado pelo Major João
Rogério Armada, chefe da Divisão Técnica do Museu Histórico do Exército.
Nossa primeira parada é no antigo paiol, com mais de uma centena de granadas desarmadas.
O sistema revela como era montada e transportada a munição dos canhões 305 mm. “Quando
carregadas de pólvora, as granadas pesavam 445 quilos”, diz o Major Armada. “Usava-se uma
ogiva perfurante ou uma explosiva”.
Para que a munição fosse levada até aos canhões e estes pudessem ser movimentados, dois
geradores a diesel – também alemães – transformavam a energia elétrica em hidráulica. “A
usina forneceu toda a eletricidade do bairro de Copacabana até os anos 1940”, afirma
Major Armada, lembrando que, na ocasião, o bairro era pouco habitado.
Chegamos aos canhões 305 mm. Subimos dois andares por escadinhas de ferro para entrar na
torre de comando, de onde era dada a ordem de tiro. As ogivas eram trazidas até aqui por
mecanismos hidráulicos e então colocadas dentro dos canhões para o disparo.
Major João Rogério Armada na torre de comando do canhão 305 mm. (Foto: © Haroldo
Castro/Época)
A parada final dentro das galerias é em um altar dedicado à Nossa Senhora de Copacabana.
A primeira capela teria sido levantada nas pedras em meados dos anos 1600, quando
mercadores peruanos e bolivianos, cumprindo uma promessa, trouxeram ao Rio de Janeiro uma
réplica da imagem da Virgem de Copacabana, venerada no lago Titicaca, na Bolívia.
Em 1746, uma igreja construída pelo Bispo Antônio do Desterro substituiu a capela dos
“peruleiros”, os mercadores andinos. A igreja existiu dentro da área militar até 1918, quatro
anos depois da inauguração do Forte. Mas com a cessão do terreno do templo à União e a
consequente desativação da igreja Nossa Senhora de Copacabana dentro do Forte, a paróquia
trasladou-se para o centro do bairro.
Dentro das galerias da fortificação, o altar com uma réplica da Nossa Senhora de
Copacabana, doada pelos militares da Força Aérea Boliviana em 1972. (Foto: © Haroldo
Castro/Época)
O Forte de Copacabana também é o local para se apreciar um dos mais belos fins de tarde no
Rio de Janeiro. Dois cafés – o da Confeitaria Colombo e o 18 do Forte – oferecem cardápios
variados e assentos de primeira fila para o ilustre cartão-postal. Mas dificilmente nossos olhos
ficam focados na mesa ou no prato. O cenário da orla de Copacabana, do skyline de seus prédios
e do Pão de Açúcar deixam você boquiaberto e sem apetite!
Portão de entrada no Forte de Copacabana, construído em 1918. (Foto: © Haroldo
Castro/Época)
O soldado Lucas Lula faz guarda do pórtico do Forte. Ele veste o uniforme histórico da
6ª Bateria de Artilharia Independente de Posição, de Laguna, SC, a primeira unidade a
se encarregar da guarnição do local. (Foto: © Haroldo Castro/Época)

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