O Caminho do Discípulo
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O Caminho do Discípulo
SESSÃO DA MANHÃ DE DOMINGO 5 de abril de 2009 O Caminho do Discípulo P R E S I D E N T E D I E T E R F. U C H T D O R F Segundo Conselheiro na Primeira Presidência O Caminho do Mundo Chegou a hora de abraçar o evangelho de Jesus Cristo, de nos tornarmos Seus discípulos e de trilharmos Seu caminho. Talvez os discípulos pensassem que essa era a ocasião em que as coisas mudariam — o momento em que o mundo judeu reconheceria Jesus, finalmente, como o Messias há tanto tempo esperado. Mas o Salvador compreendia que muitos daqueles brados de louvor e aclamação seriam temporários. Sabia que logo subiria ao monte das Oliveiras e lá, sozinho no Getsêmani, tomaria sobre Si os pecados do mundo. O Evangelho de Jesus Cristo H oje é o dia que, tradicionalmente, o mundo cristão chama de Domingo de Ramos. Vocês devem lembrar-se de que foi nesse domingo, há cerca de 2.000 anos, que Jesus Cristo entrou na Cidade de Jerusalém durante a última semana de Sua vida mortal.1 Em cumprimento da antiga profecia de Zacarias,2 Ele veio montado em um jumentinho e, ao fazê-lo, uma grande multidão saiu para saudar o Mestre e cobriu o caminho diante Dele com folhas de palmeiras, ramos de árvores e até mesmo com as próprias vestes. Quando Ele Se aproximou, eles proclamaram: “Bendito o Rei que vem em nome do Senhor”3 e “Hosana ao Filho de Davi”.4 esperança e alegria, e a garantia de que Deus tem um plano de redenção e felicidade para Seus filhos. O evangelho é o caminho que o discípulo tem a trilhar. Seguindo esse caminho, poderemos encontrar confiança e alegria — mesmo durante os tempos de perigo, tristeza e incerteza. É apropriado que, durante a semana do Domingo de Ramos à manhã da Páscoa, dirijamos nossos pensamentos a Jesus Cristo, a fonte da luz, da vida e do amor. As multidões de Jerusalém podem tê-Lo visto como um grande rei que os livraria da opressão política. Mas, na realidade, Ele nos deu muito mais do que isso. Ele nos deu Seu evangelho, uma pérola de valor inestimável, a grande chave do conhecimento que, uma vez compreendida e usada, propicia uma vida de felicidade, paz e realização. O evangelho representa as boas novas de Cristo. É a revelação de que o Filho de Deus veio à Terra, viveu uma existência perfeita, expiou nossos pecados e conquistou a morte. É o caminho da salvação, o caminho da Vivemos numa época em que muitos se preocupam com seu sustento. Preocupam-se com o futuro e duvidam de sua capacidade de enfrentar os desafios com que se deparam. Muitos passaram por infortúnios e tristezas pessoais. Eles anseiam por um significado e propósito na vida. Por haver grande interesse nessas questões, o mundo não se acanha em oferecer numerosas respostas novas para cada problema que enfrentamos. As pessoas correm de uma ideia para outra, esperando encontrar algo que responda às questões veementes de sua alma. Elas frequentam congressos e compram livros, CDs e outros produtos. São apanhadas pela euforia de procurar algo novo. Mas, inevitavelmente, a chama de cada nova teoria enfraquece, para logo dar lugar a outra solução “nova e aperfeiçoada” que promete fazer o que as anteriores não conseguiram. Não é que essas opções não contenham elementos da verdade: muitas delas os têm. Não obstante, todas elas carecem da mudança duradoura que procuramos em nossa vida. Depois que desaparece a euforia, permanece o vazio ao buscarmos uma nova ideia que desvende os segredos da verdadeira felicidade. Em contraste, o evangelho de Jesus Cristo contém respostas para todos os nossos problemas. O evangelho não é um segredo. Não é complicado nem está escondido. Ele abre as portas da verdadeira felicidade. Não é a teoria ou proposição de alguém. Não vem de nenhum homem. Ele brota das águas puras A L I A H O N A MAIO DE 2009 75 e eternas do Criador do universo, que conhece verdades que nem ao menos podemos começar a compreender. E com esse conhecimento, Ele nos deu o evangelho — um dom divino, a fórmula definitiva para a felicidade e o sucesso. Como Nos Tornamos Discípulos de Jesus Cristo? Quando ouvimos as verdades transcendentes do evangelho de Jesus Cristo, a esperança e a fé começam a brotar dentro de nós.5 Quanto mais suprimos nosso coração e nossa mente com a mensagem do Cristo ressuscitado, maior é nosso desejo de segui-Lo e de viver os Seus ensinamentos. Isso, por sua vez, faz com que a nossa fé cresça e permite que a luz de Cristo ilumine nosso coração. Quando isso acontece, reconhecemos as imperfeições de nossa vida e desejamos ser purificados do deprimente fardo do pecado. Ansiamos pela libertação do pecado, e isso nos inspira a nos arrependermos. A fé e o arrependimento levam às águas purificadoras do batismo, onde fazemos o convênio de tomar sobre nós o nome de Jesus Cristo e andarmos em Suas veredas. Para nos apoiar no desejo de ter uma vida pura e santa, somos investidos pelo batismo de fogo — o indescritível dom do Espírito Santo, o Consolador celestial que nos acompanha e orienta ao andarmos na vereda da retidão. Quanto mais plenos ficamos do Espírito de Deus, mais nos dedicamos aos outros. Tornamo-nos pacificadores em nosso lar e em nossa família, e ajudamos nosso próximo em toda parte, estendendo a mão em atos misericordiosos de bondade, perdão, graça e paciência longânime. Esses são os primeiros passos ao longo do verdadeiro caminho da vida e da realização. Esse é o caminho pacífico do seguidor de Jesus Cristo. 76 O Caminho da Paciência Esse caminho, porém, não é uma solução rápida nem uma cura da noite para o dia. Um amigo meu escreveu-me recentemente, confidenciando que enfrentava dificuldades em manter seu testemunho forte e vibrante. Pedia-me conselhos. Respondi-lhe sugerindo afetuosamente algumas coisas específicas que ele poderia fazer para que sua vida se alinhasse mais intimamente aos ensinamentos do evangelho restaurado. Para minha surpresa, ele me respondeu logo na semana seguinte. O resumo de sua carta foi este: “Experimentei fazer o que você sugeriu. Não funcionou. O que mais você tem?” Irmãos e irmãs, precisamos ser constantes. Não obtemos a vida eterna de repente — esta é uma corrida de perseverança. Precisamos aplicar repetidamente os divinos princípios do evangelho. Precisamos nos dedicar a eles dia após dia, tornando-os parte de nosso cotidiano. Com muita frequência, em relação ao evangelho, nos comportamos como um fazendeiro que coloca uma semente na terra pela manhã e espera que haja espigas de milho à tarde. Quando Alma comparou a palavra de Deus a uma semente, explicou que a semente se torna uma árvore frutífera gradualmente, como resultado de nossa “fé e de [nossa] diligência e paciência e longanimidade”.6 É verdade que algumas bênçãos são imediatas — logo que plantamos a semente em nosso coração, ela começa a inchar e crescer, e por isso sabemos que a semente é boa. Assim que colocamos os pés no caminho que os discípulos têm a trilhar, bênçãos visíveis e invisíveis de Deus começam a nos acompanhar. Mas não podemos receber a plenitude dessas bênçãos se “[negligenciarmos] a árvore e [deixarmos] de tratá-la”.7 Saber que a semente é boa não é suficiente. Precisamos tratar “dela com muito cuidado, para que crie raiz”.8 Somente então poderemos partilhar do fruto que é “mais doce que tudo que é doce, (…) e mais puro que tudo que é puro” e “banquetear[nos] com esse fruto até [fartar-nos] de modo que não [teremos] fome nem [teremos] sede”.9 A vida do discípulo é uma jornada. Precisamos das lições refinadoras da jornada para moldar nosso caráter e purificar nosso coração. Andando pacientemente no caminho do discipulado, demonstramos a nós mesmos a medida de nossa fé e nossa disposição de aceitar a vontade de Deus, em vez da nossa. Não é suficiente meramente falar de Jesus Cristo ou proclamar que somos Seus discípulos. Não é suficiente nos rodearmos de símbolos da nossa religião. Ser discípulo não é um esporte para espectadores. Não podemos esperar receber as bênçãos da fé ficando inativos na arquibancada, do mesmo modo que não recebemos os benefícios da saúde sentados no sofá assistindo a eventos esportivos na televisão e dando conselhos aos atletas. No entanto, alguns consideram preferível ser “discípulos de arquibancada” e, por vezes, até fazem dessa sua principal forma de adoração. Nossa religião é de ação, não de observação. Não podemos receber as bênçãos do evangelho simplesmente observando o bem que outras pessoas fazem. Precisamos sair da arquibancada e praticar o que pregamos. O Caminho Está Aberto para Todos O primeiro passo no caminho do discípulo começa, para sorte nossa, no exato lugar onde nos encontramos! Não precisamos qualificar-nos previamente para dar esse primeiro passo. Não importa se somos ricos ou pobres. Não é obrigatório sermos instruídos, eloquentes ou intelectuais. Não precisamos ser perfeitos, falar bem, nem mesmo ter bons modos. Eu e vocês podemos trilhar esse caminho e viver como discípulos hoje. Que sejamos humildes; que oremos ao Pai Celestial de todo coração e expressemos nosso desejo de nos aproximar Dele e aprender com Ele. Tenham fé. Procurem, e encontrarão. Batam, e a porta será aberta.10 Sirvam ao Senhor, servindo aos outros. Tornem-se participantes ativos em sua ala ou ramo. Fortaleçam sua família, comprometendo-se a viver os princípios do evangelho. Sejam unos de coração e mente em seu casamento e em sua família. Chegou a hora de endireitar a vida para poder ter uma recomendação para o templo e usá-la. Chegou a hora de realizar noites familiares significativas, de ler a palavra de Deus e de conversar com nosso Pai Celestial em fervorosa oração. Chegou a hora de enchermos o coração de agradecimento pela Restauração de Sua Igreja, por Seus profetas vivos, pelo Livro de Mórmon e pelo poder do sacerdócio, que abençoa nossa vida. Chegou a hora de abraçar o evangelho de Jesus Cristo, de nos tornarmos Seus discípulos e de trilharmos Seu caminho. Existem alguns que creem que, por terem cometido erros, não podem mais participar plenamente das bênçãos do evangelho. Como entendem pouco dos propósitos do Senhor! Uma das grandes bênçãos de se viver o evangelho é que ele nos refina e nos ajuda a aprender por meio de nossos erros. “Todos [pecamos] e destituídos [estamos] da glória de Deus”,11 no entanto, a Expiação de Jesus Cristo tem o poder de nos curar quando nos arrependemos. Nosso querido amigo, o Élder Joseph B. Wirthlin nos ensinou esse princípio com clareza, quando disse: “Como é maravilhoso saber que o Pai Celestial nos ama, mesmo com todos os nossos defeitos! Seu amor é tão intenso que, ainda que nos consideremos um caso perdido, essa nunca será a opinião Dele. [Talvez] a percepção que temos de nós mesmos se [baseie] apenas no passado e no presente. Mas a visão que o Pai Celestial tem de nós é eterna. (…) O evangelho de Jesus Cristo é um evangelho de transformação. A partir de homens e mulheres terrenos, refina-nos para que nos tornemos homens e mulheres eternos.”12 Àqueles que deixaram o caminho a ser trilhado pelo discípulo, seja qual tenha sido a razão, convido-os a começar onde estão e a vir para o evangelho restaurado de Jesus Cristo. Percorram novamente o caminho do Senhor. Testifico-lhes que o Senhor abençoará sua vida, investi-los-á com conhecimento e alegria além da sua compreensão e destilará sobre vocês os dons supremos do Espírito. Sempre é a hora certa de andar em Seu caminho. Nunca é tarde demais. Àqueles que se sentem inadequados por não serem membros da Igreja durante a vida toda, àqueles que A L I A H O N A MAIO DE 2009 77 acham que nunca poderão recuperar o tempo perdido, testifico que o Senhor precisa especificamente de suas habilidades, de seus talentos e de sua capacidade. A Igreja precisa de vocês, nós precisamos de vocês. Sempre é a hora certa de andar em Seu caminho. Nunca é tarde demais. As Bênçãos de Ser Discípulo Que nos lembremos de que, neste Domingo de Ramos, durante esta época de Páscoa — e sempre — o evangelho restaurado de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo tem o poder de preencher qualquer vazio, curar qualquer ferida e transpor qualquer vale de lágrimas. Ele é o caminho da esperança, da fé e da confiança no Senhor. O evangelho de Jesus Cristo é ensinado em sua plenitude nesta, que é A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esta Igreja é dirigida por um profeta vivo, autorizado pelo Senhor Jesus Cristo a fim de proporcionar orientação e direção para ajudar-nos a enfrentar os desafios de nossos dias não importando quão sérios venham a ser. Presto meu solene testemunho de que Jesus Cristo vive. Ele é o Salvador e Redentor do mundo. É o Messias prometido. Ele viveu uma existência perfeita e expiou nossos pecados. Ele estará sempre ao nosso lado. Lutará as nossas batalhas. Ele é a nossa esperança. Ele é a nossa salvação. Ele é o caminho. Dessas coisas eu testifico, no sagrado nome de Jesus Cristo. Amém. ■ NOTAS 1. Ver Mateus 21:6–11. 2. Ver Zacarias 9:9. 3. Lucas 19:38. 4. Mateus 21:9. 5. Ver Romanos 10:17. 6. Alma 32:43. 7. Alma 32:38. 8. Alma 32:37. 9. Alma 32:42. 10. Ver Mateus 7:7. 11. Romanos 3:23. 12. Joseph B. Wirthlin, “O Grande Mandamento”, A Liahona, novembro de 2007, p. 29. 78 Achegar-nos a Ele ÉLDER NEIL L. ANDERSEN Do Quórum dos Doze Apóstolos Sei com perfeita e segura clareza, pelo poder do Espírito Santo, que Jesus é o Cristo, o Filho Amado de Deus. M eus queridos irmãos e irmãs do mundo inteiro, meus joelhos tremem e estou muito emocionado. Expresso meu amor por vocês e agradeço profundamente seu voto de apoio. Em muitíssimos aspectos, sinto-me inadequado e humilde. Consolo-me com o fato de que numa das qualificações indispensáveis para o santo apostolado o Senhor me abençoou profundamente: Sei com perfeita e segura clareza, pelo poder do Espírito Santo, que Jesus é o Cristo, o Filho Amado de Deus. Não há homem mais amoroso do que o Presidente Thomas S. Monson. Ele é caloroso como o sol do meio-dia, mas quando me fez este sagrado chamado, podem imaginar a seriedade que senti quando os olhos do profeta de Deus penetraram profundamente os recônditos de minha alma. Felizmente vocês podem também imaginar o amor que senti proveniente do Senhor e de Seu Profeta, quando o Presidente Monson envolveu-me em seus grandes e amorosos braços. Eu o amo, Presidente Monson. Para os que me conhecem, se fui menos do que deveria ser em sua presença, peço seu perdão e paciência. Preciso imensamente de sua fé e orações em meu favor. Sei que não sou aquilo que preciso vir a ser. Oro para que eu seja submisso e receptivo à instrução e correção do Senhor. Consolam-me as palavras do Presidente Monson proferidas na sessão do sacerdócio de ontem à noite de que o Senhor modela as costas para que suportem o fardo colocado sobre elas. Logo após meu chamado para ser Autoridade Geral, há 16 anos, numa conferência de estaca em que acompanhava o Presidente Boyd K. Packer, ele disse algo que jamais esqueci. Ao falar para a congregação, disse: “Eu sei quem sou”. Depois de uma pausa, ele acrescentou: “Não sou ninguém”. Depois, virou-se para mim, que estava sentado no púlpito atrás dele, e disse: “E você, irmão Andersen, também não é ninguém”. Em seguida, acrescentou estas palavras: “Se você se esquecer disso, o Senhor vai lembrálo disso imediatamente, e não vai ser agradável”. quando. Todos nós precisamos arrepender-nos, reconhecer nossas fraquezas e vir mais intensamente a Cristo. Assim como Susanna, talvez tenhamos de trocar nosso espelho para atravessar os vales da dor, do sofrimento e do desânimo. Mas ao fazermos isso, descobriremos a força que nos é dada por Deus, a qual não teríamos encontrado se não fosse por esse meio. O Presidente Joseph F. Smith falou com muito sentimento sobre a força interior das mulheres pioneiras. Disse: “A morte nada lhes significava. As dificuldades não eram nada para elas. O frio ou a chuva, o calor, nada significavam para elas. Tudo que sentiam e sabiam e desejavam era o triunfo do reino de Deus e da verdade que o Senhor lhes tinha concedido”. E depois, com toda a sinceridade de um profeta de Deus, ele exclamou: “E agora, onde estão essas mulheres?”6 Estou hoje aqui para prestar testemunho de que tais mulheres estão no mundo inteiro, na Sociedade de Socorro da Igreja. Sou grata, imensamente grata, pela oportunidade que tenho de ver as mulheres do nosso tempo que “se fortaleceram no conhecimento da verdade”.7 De todo o coração, eu sei que o Senhor pode fazer “que as coisas fracas se tornem fortes”.8 Sei que esta é a Sua obra e este é Seu reino. E sei que cada uma de nós pode refletir o Salvador pelo modo como escolhermos viver a nossa vida. Em nome de Jesus Cristo. Amém. អ NOTAS 1. Journey to Zion: Voices from the Mormon Trail, compilado por Carol Cornwall Madsen, (1997), pp. 631–635. 2. D&C 38:27. 3. Ensinamentos do Profeta Joseph Smith, seleção de Joseph Fielding Smith (1976), p. 223. 4. Ver “Para Tal Tempo Como Este”, A Liahona, fevereiro de 2002, p. 18. 5. Ver I Coríntios 11:28. 6. Ensinamentos dos Presidentes da Igreja, Joseph F. Smith, p. 189. 7. Alma 17:2. 8. Éter 12:27. Vinde Após Mim Élder Joseph B. Wirthlin Do Quórum dos Doze Apóstolos Aqueles que deixam suas redes, com fé, e seguem o Salvador terão uma alegria que está muito além de sua capacidade de compreender. E les eram pescadores antes de ouvirem o chamado. Lançando suas redes no mar da Galiléia, Pedro e André pararam quando Jesus de Nazaré Se aproximou, olhou em seus olhos e disse estas simples palavras: “Vinde após mim”. Mateus relata que os dois pescadores, “deixando logo as redes, seguiram-no”. Então, o Filho do Homem aproximou-Se de dois outros pescadores que estavam num barco com seu pai, consertando suas redes. Jesus os chamou: “[E Tiago e João], deixando imediatamente o barco e seu pai, seguiram [o Senhor]”.1 Vocês já se perguntaram como seria viver na época do Salvador? Se tivessem estado ali, teriam atendido a Seu chamado: “Vinde após Mim!” Talvez, uma pergunta mais realista seria: “Se o Salvador os chamasse hoje, estariam dispostos a J U L H O D E 15 2 0 0 2 largar suas redes e segui-Lo?” Estou certo de que muitos o fariam. Mas para alguns, essa pode não ser uma decisão assim tão fácil. Alguns descobrem que suas redes, por sua própria natureza, muitas vezes não são tão fáceis de se abandonar. Existem redes de muitos tamanhos e formatos. As redes que Pedro, André, Tiago e João deixaram para trás eram objetos tangíveis: Ferramentas que os ajudavam a ganhar a vida. Muitas vezes pensamos nesses quatro homens como humildes pescadores que não tiveram que sacrificar muito quando deixaram suas redes para seguir o Salvador. Pelo contrário, como ressalta o Élder James E. Talmage, em Jesus o Cristo, Pedro, André, Tiago e João eram sócios num negócio rendoso. “Eram proprietários de barcos e empregavam outros homens”. De acordo com o Élder Talmage, Simão Pedro “encontrava-se em boa situação financeira; e quando uma vez afirmou haver deixado tudo para seguir Jesus, o Senhor não negou que o sacrifício de Pedro, quanto aos seus bens temporais, tivesse sido grande (. . .)”.2 Mais tarde, a rede das riquezas aprisionou um jovem rico que dizia ter obedecido todos os mandamentos desde sua juventude. Quando ele perguntou ao Salvador o que mais teria que fazer para alcançar a vida eterna, o Mestre disse: “Se queres ser perfeito, vai, vende tudo o que tens e dá- o aos pobres, e terás um tesouro no céu; e vem, e segue-me.” Quando o jovem ouviu isso, “retirou-se triste, porque possuía muitas propriedades”.3 As redes geralmente são definidas como dispositivos para capturar algo. De modo mais restrito, porém mais importante, podemos definir uma rede como qualquer coisa que nos tente ou nos impeça de seguir o chamado de Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo. As redes, nesse contexto, podem ser nosso emprego, nossos hobbies, nossos prazeres e, acima de tudo, nossas tentações e pecados. Em resumo, uma rede pode ser qualquer coisa que nos arraste para longe de nosso Pai Celestial ou de Sua Igreja restaurada. Deixem-me dar-lhes um exemplo moderno. Um computador pode ser uma ferramenta útil e indispensável. Mas se permitirmos que ele consuma nosso tempo com propósitos inúteis, improdutivos e até mesmo destrutivos, ele pode tornar-se uma rede que nos prende. Muitos gostam de assistir a competições esportivas, mas se soubermos dizer qual foi o desempenho de nossos jogadores ou atletas favoritos, mas esquecermos aniversários ou datas importantes, negligenciarmos nossa família ou talvez ignorarmos oportunidades de prestar atos de serviço cristão, então os esportes também podem ser uma rede que nos prende. Desde a época de Adão, a humanidade tem ganhado seu sustento diário com o suor de seu rosto. Mas se nosso trabalho consome todo o nosso tempo a ponto de negligenciarmos os aspectos espirituais da vida, então o trabalho também pode ser uma rede que nos prende. Alguns ficaram enredados na rede das dívidas excessivas. A rede A L I A H O N A 16 dos juros rapidamente os prende exigindo que vendam todo o seu tempo e energia para atender às exigências de seus credores. Eles precisam abdicar de toda a sua liberdade, tornando-se escravos de suas próprias despesas excessivas. É impossível fazer uma lista de todas as muitas redes que podem prender-nos e impedir-nos de seguir o Salvador. Mas se formos sinceros em nosso desejo de segui-Lo, precisamos imediatamente deixar as redes do mundo que nos prendem, e segui-Lo. Não conheço outro período da história do mundo que fosse tão repleto de tamanha variedade de redes que prendem. Nossa vida facilmente se enche de compromissos, reuniões e tarefas. É muito fácil ficarmos presos num grande número de redes a ponto de a mera sugestão de livrar-nos delas nos pareça algo ameaçador e até assustador. Às vezes achamos que quanto mais ocupados estamos, mais importantes somos, como se nossos compromissos definissem nosso valor. Irmãos e irmãs, podemos passar a vida inteira correndo atrás de uma lista interminável de compromissos que, no final, realmente pouco importam. Talvez não seja tão importante fazermos tantas coisas. O essencial é que enfoquemos toda a energia de nossa mente, nosso coração e nossa alma nas coisas de significado eterno. Isso é essencial. Em meio ao ruído e clamor da vida soando ao nosso redor, ouvimos gritos de “venha por aqui” e “vá por ali”. Em meio à balbúrdia e as vozes sedutoras que procuram cativar nosso interesse e ocupar nosso tempo, uma figura solitária se coloca às margens do mar da Galiléia chamando-nos brandamente: “Vinde após Mim”. É muito fácil perdermos o ponto de equilíbrio na vida. Lembro-me de alguns anos que foram particularmente difíceis para mim. Nossa família tinha crescido, chegando a sete filhos. Eu tinha servido como conselheiro num bispado e recebi o sagrado chamado de bispo de nossa ala. Esforçava-me para administrar nosso negócio, o que me ocupava durante várias horas por dia. Devo muito à minha maravilhosa esposa que sempre fez com que me fosse possível servir ao Senhor. Havia simplesmente coisas demais para fazer no tempo disponível. Em vez de sacrificar coisas importantes, decidi acordar cedo, cuidar de meus negócios, e depois usar o tempo exigido para ser um bom pai e marido, e um membro fiel da Igreja. Não foi fácil. Houve manhãs em que, quando o despertador tocava, eu abria um olho com esforço e tinha vontade de quebrar o relógio. Não obstante, o Senhor foi misericordioso e ajudou-me a encontrar energias e tempo para fazer tudo o que eu me comprometera a fazer. Embora fosse difícil, jamais me arrependi de ter decidido aceitar o chamado do Senhor e segui-Lo. Pensem no quanto devemos a Ele. Jesus é a ressurreição e a vida. “Quem crê [Nele], ainda que esteja morto, viverá”.4 Há pessoas muito ricas que dariam tudo que possuem em troca de apenas uns poucos anos, meses ou mesmo dias de vida mortal. O que deveriam estar dispostos a dar em troca da vida eterna? Há aqueles que dariam tudo o que possuem para ter paz. “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos”, ensinou o Salvador, “e eu vos aliviarei”.5 Mas não é apenas paz que o Salvador promete aos que guardam Seus mandamentos e perseveram até o fim, mas vida eterna, “que é o maior de todos os dons de Deus”.6 Graças ao Salvador, viveremos para sempre. A imortalidade significa que jamais morreremos. Mas a vida eterna significa viver para sempre nas esferas exaltadas, em companhia daqueles que amamos, envoltos por profundo amor, imensa alegria e glória. Nenhum dinheiro do mundo pode comprar esse estado exaltado. A vida eterna é um dom que um Pai Celestial amoroso ofereceu gratuita e liberalmente a todos os que atenderem ao chamado do Homem da Galiléia. Infelizmente, muitos estão demasiadamente presos em suas redes para atenderem ao chamado. O Salvador explicou: “Vós não credes porque não sois das minhas ovelhas. (. . .) As minhas ovelhas ouvem a minha voz, e eu conheço-as, e elas me seguem”.7 Como seguimos o Salvador? Exercendo fé. Crendo Nele. Crendo que um Deus amoroso ainda fala ao homem na Terra em nossos dias. Seguimos o Salvador arrependendo -nos de nossos pecados, sentindo pesar por eles e abandonando-os. Seguimos o Salvador entrando nas águas do batismo e recebendo a remissão de nossos pecados, recebendo o dom do Espírito Santo e permitindo que essa influência nos instrua, guie e console. Como seguimos o Salvador? Obedecendo a Ele. Ele e nosso Pai Celestial deram-nos mandamentos, não para castigar-nos ou atormentarnos, mas para ajudar-nos a alcançar uma plenitude de alegria, tanto nesta vida quanto nas eternidades vindouras, para todo o sempre. Em contrapartida, quando nos apegamos a nossos pecados, nossos prazeres e muitas vezes até ao que imaginamos ser nossas obrigações; resistimos à influência do Espírito Santo; e deixamos de lado as palavras dos profetas, então ficamos firmemente presos nas redes de nossa própria Galiléia. Vemo-nos incapazes de deixá-las para trás e seguir o Cristo vivo. Mas o Bom Pastor está-nos chamando hoje. Será que reconheceremos a voz do Filho de Deus? Será que O seguiremos? Gostaria de deixar-lhes uma palavra de advertência. Há aqueles que acham que se seguirmos o Salvador, nossa vida estará livre de preocupações, dores e temores. Isso não acontece! O próprio Salvador foi descrito como um homem de dores. 8 Aqueles primeiros discípulos que seguiram o Cristo sofreram grandes perseguições J U L H O D E 17 2 0 0 2 e tribulações. Joseph Smith não foi uma exceção. Nem os outros santos desta última dispensação. E as coisas não são diferentes hoje. Tive a oportunidade muito especial de conversar com uma mulher que ouviu o chamado do Salvador quando tinha 18 anos. Seu pai, que era um líder importante de outra igreja, ficou furioso com ela e proibiu-a de ser batizada. Ele disse que se ela se tornasse membro da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias, seria renegada pela família. Embora o sacrifício fosse grande, aquela jovem atendeu ao chamado do Salvador e entrou nas águas do batismo. Seu pai não pôde aceitar a decisão dela e tentou forçá-la a abandonar sua nova religião. Ele e a esposa repreenderam-na severamente por sua decisão de tornar-se membro da Igreja e exigiram que ela renegasse e abandonasse sua nova religião. Mesmo diante da ira, amargura e humilhação, sua fé permaneceu forte. Ela suportou os maus-tratos verbais e emocionais, sabendo que tinha ouvido o chamado do Salvador e que iria segui-Lo a despeito das conseqüências. Por fim, aquela jovem conseguiu encontrar um porto seguro, um local O Edifício Memorial Joseph Smith visto a partir do espelho d’água, ao lado leste do Templo de Salt Lake. O Presidente Boyd K. Packer, Presidente Interino do Quórum dos Doze Apóstolos; e os Élderes L. Tom Perry, Neal A. Maxwell, Russell M. Nelson, Dallin H. Oaks, M. Russell Ballard e Joseph B. Wirthlin, do Quórum dos Doze Apóstolos, diante da congregação, nas poltronas do púlpito. de refúgio, junto a um bondoso membro da família, longe das ameaças e acusações de seu pai. Ela conheceu um rapaz fiel, e casaram-se no templo, recebendo as bênçãos especiais que acompanham o casamento no templo. Hoje ela é uma dentre muitos que se sacrificaram tanto para seguir o chamado do Salvador. Sim, não estou dizendo que o caminho seja fácil. Mas presto-lhes meu testemunho de que aqueles que deixam suas redes, com fé, e seguem o Salvador terão uma alegria que está muito além de sua capacidade de compreender. Ao conhecer os maravilhosos membros desta Igreja, tanto jovens quanto idosos, sinto-me encorajado e pleno de gratidão pela fidelidade dos que ouviram o chamado do Salvador e O seguiram. Por exemplo, um operário segue o Salvador dia após dia, durante um período de mais de três décadas, lendo as escrituras durante o horário de almoço, enquanto seus colegas de trabalho o ridicularizam por isso. A viúva de 70 anos, confinada a sua cadeira de rodas, que alegra o espírito de todos que a visitam, sem nunca deixar de dizer o quanto ela é abençoada. Ela segue o Salvador. A criança que procura por meio da oração entrar em comunhão com o Mestre do universo. Ela segue o Salvador. O membro rico que doa generosamente para a Igreja e para o próximo. Ele segue o Salvador. Tal como Jesus, o Cristo, às margens do mar da Galiléia, há 2000 anos, chamou os fiéis pescadores, Ele está agora estendendo o mesmo chamado a todos os que escutam Sua voz: “Vinde após Mim!” Temos redes que precisam ser cuidadas e redes que precisam ser consertadas. Mas quando o Mestre do oceano, Terra e céu nos chama, dizendo: “Vinde após mim”, devemos deixar as redes aprisionadoras do mundo para trás e seguir Seus passos. Irmãos e irmãs, proclamo alegremente que o evangelho foi novamente restaurado! Os céus se abriram para o Profeta Joseph Smith e ele viu e conversou com Deus, o Pai, e Seu Filho Jesus Cristo. Sob a direção e orientação divina de seres celestiais, verdades eternas foram novamente restauradas ao homem! Em nossos dias, outro grande profeta vive e acrescenta diariamente seu testemunho a essas verdades sagradas. O Presidente Gordon B. Hinckley ocupa o sagrado cargo de porta-voz do Deus eterno. A seu A L I A H O N A 18 lado estão seus nobres conselheiros e o Quórum dos Doze Apóstolos e as outras Autoridades Gerais, cada qual acrescentando sua voz para proclamar as gloriosas e alegres novas: O evangelho eterno foi novamente restaurado ao homem! Jesus Cristo é “o caminho, e a verdade e a vida; ninguém vem ao Pai, senão por [Ele]”.9 Como sua testemunha especial, testifico a vocês que chegará o dia em que todo homem, mulher e criança verá o olhar carinhoso do Salvador. Nesse dia, saberemos com certeza o valor de nossa decisão de segui-Lo sem hesitar. Que possamos todos ouvir o chamado do Mestre e deixar imediatamente nossas redes que aprisionam e segui-Lo com alegria, é minha sincera oração, em nome de Jesus Cristo. Amém. អ NOTAS 1. Mateus 4: 18–22. 2. James E. Talmage, Jesus o Cristo, p. 211. 3. Mateus 19:21–22. 4. João 11:25. 5. Mateus 11:28. 6. D&C 14:7. 7. João 10:26–27. 8. Ver Isaías 53:3; Mosias 14:3. 9. João 14:6. Élder Dallin H. Oaks Do Quórum dos Doze Apóstolos Amar os Outros e Conviver com as Diferenças Como seguidores de Cristo, devemos viver pacificamente com outras pessoas que não compartilham de nossos valores ou não aceitam os ensinamentos sobre os quais se baseiam. I. Nos últimos dias de Seu ministério mortal, Jesus deu a Seus discípulos o que chamou de “um novo mandamento” ( João 13:34). Esse mandamento, repetido três vezes, era simples, mas difícil: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei” ( João 15:12; ver também o versículo 17). O ensinamento de amar uns aos outros foi um dos mais importantes ensinamentos do ministério do Salvador. O segundo grande mandamento foi “amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Mateus 22:39). Jesus ensinou também: “Amai a vossos inimigos” (Mateus 5:44). Mas o mandamento de amar ao próximo como Ele amou Seu rebanho foi para Seus discípulos — e é para nós — um desafio ímpar. “Na verdade”, ensinou o Presidente Thomas S. Monson em abril, “o amor é a própria essência do evangelho, e Jesus Cristo é nosso Exemplo. Sua vida foi um legado de amor”.1 Por que é tão difícil sentir amor cristão uns pelos outros? É difícil porque temos de viver entre pessoas que não compartilham das nossas crenças, dos nossos valores e dos nossos convênios. Em Sua grande Oração Intercessória, feita pouco antes de Sua Crucificação, Jesus orou por Seus seguidores: “Dei-lhes a tua palavra, e o mundo os odiou, porque não são do mundo, assim como eu não sou do mundo” ( João 17:14). Depois, rogou ao Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (versículo 15). Temos de viver no mundo, mas não ser do mundo. Temos de viver no mundo porque, como ensinou Jesus numa parábola, Seu reino é “semelhante ao fermento”, cuja função é levedar toda a massa com sua influência (ver Lucas 13:21; Mateus 13:33; ver também I Coríntios 5:6–8). Seus seguidores não podem fazer isso se as únicas pessoas com quem se relacionam compartilham de suas crenças e seus costumes. O Salvador também ensinou que, se O amarmos, guardaremos Seus mandamentos (ver João 14:15). II. O evangelho tem muitos ensinamentos sobre guardar os mandamentos entre pessoas de crenças e costumes diferentes. Os ensinamentos sobre a discórdia são essenciais. Quando o Cristo ressuscitado viu que os nefitas estavam discutindo sobre a maneira de batizar, Ele deu orientações claras a respeito de como essa ordenança deve ser realizada. Depois, ensinou este grande princípio: “E não haverá disputas entre vós, como até agora tem havido; nem haverá disputas entre vós sobre os pontos de minha doutrina, como até agora tem havido. Pois em verdade, em verdade vos digo que aquele que tem o espírito de Novembro de 2014 discórdia não é meu, mas é do diabo, que é o pai da discórdia e leva a cólera ao coração dos homens, para contenderem uns com os outros. Eis que esta (…) é minha doutrina: que estas coisas devem cessar” (3 Néfi 11:28–30; grifo do autor). O Salvador não limitou Sua admoestação sobre a discórdia àqueles que não estavam cumprindo o mandamento sobre o batismo. Ele proibiu a discórdia entre quaisquer pessoas. Mesmo aqueles que cumprem os mandamentos não devem levar a cólera ao coração dos homens. O “pai da discórdia” é o diabo; o Salvador é o Príncipe da Paz. De maneira semelhante, a Bíblia ensina que “os sábios desviam a ira” (Provérbios 29:8). Os primeiros apóstolos ensinaram que devemos “[seguir] (…) as coisas que servem para a paz” (Romanos 14:19) e “[seguir] a verdade em amor” (Efésios 4:15), “porque a ira do homem não opera a justiça de Deus” (Tiago 1:20). Na revelação moderna, o Senhor ordenou que as boas novas do evangelho restaurado fossem declaradas “cada homem a seu próximo, com brandura e mansidão” (D&C 38:41), “com toda humildade, (…) não ofendendo ofensores” (D&C 19:30). III. Mesmo ao procurarmos ser mansos e evitar a discórdia, não devemos fazer concessões ou diminuir nosso compromisso com a verdade que 26 A Liahona compreendemos. Não devemos abrir mão de nossa condição e de nossos valores. O evangelho de Jesus Cristo e os convênios que fizemos nos colocam inevitavelmente como combatentes na eterna disputa entre a verdade e o erro. Não há terreno neutro nessa batalha. O Salvador mostrou o caminho quando Seus adversários O confrontaram com a mulher que tinha sido “apanhada, no próprio ato, adulterando” ( João 8:4). Quando foram envergonhados por sua própria hipocrisia, os acusadores se retiraram e deixaram Jesus a sós com a mulher. Ele a tratou com bondade, deixando de condená-la naquele momento. Mas também a orientou com firmeza dizendo: “Não peques mais” ( João 8:11). Bondade amorosa é importante, mas um seguidor de Cristo, assim como o Mestre, será firme na verdade. IV. Como o Salvador, Seus seguidores frequentemente se defrontam com comportamentos pecaminosos e, hoje, às vezes são chamados de “beatos” ou “fanáticos” quando defendem o certo e lutam contra o errado, conforme seu entendimento. Muitas práticas e muitos valores mundanos apresentam esses desafios para os santos dos últimos dias. Hoje em dia há uma forte tendência em legalizar o casamento entre pessoas do mesmo sexo em muitos estados e em muitas províncias dos Estados Unidos, do Canadá e em muitos outros países do mundo. Vivemos também entre pessoas que não acreditam de maneira alguma no casamento. Alguns não acreditam em ter filhos. Outros se opõem a quaisquer restrições contra a pornografia ou as drogas. Outro exemplo conhecido da maioria dos fiéis é o desafio de viver com um cônjuge ou um familiar descrente, ou relacionar-se com colegas de trabalho que não creem em nada. Em lugares que foram dedicados, como os templos, as casas de adoração e o nosso próprio lar, devemos ensinar a verdade e os mandamentos de maneira clara e completa como os entendemos, conforme o plano de salvação revelado no evangelho restaurado. Nosso direito de fazer isso é protegido por garantias constitucionais de liberdade de expressão e liberdade religiosa, bem como pela privacidade que é respeitada mesmo em países onde não existem garantias constitucionais formais. Em público, o que as pessoas religiosas dizem e fazem envolvem outras considerações. O livre exercício da religião cobre a maioria dos atos públicos, mas está sujeito a qualificações necessárias para acomodar as crenças e práticas dos outros. As leis podem proibir comportamentos que geralmente são reconhecidos como errados ou inaceitáveis, como a exploração sexual, a violência ou o comportamento terrorista, mesmo quando praticados por extremistas em nome da religião. Comportamentos menos graves, mesmo que inaceitáveis para alguns fiéis, talvez tenham simplesmente que ser tolerados se tiverem sido legalizados pelo que o profeta do Livro de Mórmon chamou de “a voz do povo” (Mosias 29:26). Sobre a questão do discurso público, todos nós deveríamos seguir os ensinamentos do evangelho de amar ao próximo e evitar a discórdia. Os seguidores de Cristo devem ser exemplos de civilidade. Devemos amar todas as pessoas, ser bons ouvintes e mostrar respeito por suas crenças genuínas. Embora discordemos, não devemos ser desagradáveis. Nossa posição e comunicação em assuntos controversos não devem ser contenciosas. Devemos ser sábios ao explicar e seguir nossos padrões e em exercer nossa influência. Dessa forma, pedimos que os outros não se ofendam com nossas sinceras crenças religiosas e o livre exercício de nossa religião. Incentivamos todos a praticar a Regra de Ouro do Salvador: “Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-lho também vós” (Mateus 7:12). Quando nossa posição não prevalece, devemos aceitar os resultados desfavoráveis de maneira respeitosa e ser civilizados para com os adversários. Em qualquer situação, devemos agir com boa vontade para com todos, rejeitando qualquer tipo de perseguição, incluindo aquelas relacionadas à raça, à etnia, à crença ou à descrença religiosa e às diferenças de orientação sexual. V. Falei sobre vários princípios gerais. Agora vou falar sobre como esses princípios devem aplicar-se em várias situações familiares, nas quais os ensinamentos do Salvador devem ser seguidos mais fielmente. Vou começar com o que nossos filhos pequenos aprendem quando brincam. Muitos não membros aqui em Utah foram ofendidos e discriminados por alguns membros que não permitem que seus filhos sejam amigos de crianças de outras religiões. Com certeza, podemos ensinar nossos filhos sobre valores e padrões de comportamento sem que tenham de se distanciar ou desrespeitar qualquer pessoa que seja diferente. Muitos professores nas escolas e na Igreja têm ficado desapontados com a maneira pela qual alguns adolescentes, incluindo jovens SUD, tratam uns aos outros. O mandamento de amar uns aos outros com certeza inclui amar e respeitar além das diferenças religiosas, raciais, culturais e econômicas. Desafiamos todos os jovens a evitar bullying, insultos, linguajar ou práticas que deliberadamente causam dor aos outros. Tudo isso viola o mandamento do Salvador de amar uns aos outros. O Salvador ensinou que a discórdia é uma ferramenta do diabo. Isso sem dúvida vai contra certa linguagem e certas políticas atuais. Conviver com as diferenças políticas é essencial para a política, mas as diferenças políticas não precisam envolver ataques pessoais que envenenam o processo de governo e punem os participantes. Todos nós devemos banir o ódio da comunicação e ser civilizados quando houver diferenças de opinião. O ambiente mais importante para abster-se da discórdia e praticar o respeito pelas diferenças é o lar e os relacionamentos familiares. Diferenças são inevitáveis — algumas grandes, outras pequenas. Quanto às grandes diferenças, vamos supor que um membro de sua família esteja coabitando com alguém. Isso coloca dois valores importantes em conflito: nosso amor pelo membro da família e nosso compromisso com os mandamentos. Seguindo o exemplo do Salvador, podemos mostrar bondade amorosa e ainda ser firmes na verdade, abstendonos de ações que facilitam ou parecem condenar o que sabemos ser errado. Vou concluir com outro exemplo de relacionamento familiar. Numa conferência de estaca no Centro-Oeste há cerca de 10 anos, conheci uma irmã cujo marido não era membro e que ia com ela à igreja havia 12 anos, mas nunca se filiara à Igreja. O que ela deveria fazer? Ela me perguntou. Eu a aconselhei a continuar a fazer as coisas certas e a ser paciente e bondosa com o marido. Cerca de um mês depois, ela me escreveu o seguinte: “Pensei que 12 anos eram uma boa mostra de paciência, mas não sabia se estava sendo muito bondosa com meu marido. Por Novembro de 2014 27 isso, esforcei-me muito para ser bondosa por um mês, e ele foi batizado”. A bondade é algo poderoso, especialmente no ambiente familiar. A carta continua: “Estou tentando ser ainda mais bondosa, porque estamos nos preparando para ser selados no templo este ano!” Seis anos depois, ela me escreveu outra carta: “Meu marido [acabou de] ser chamado e designado bispo [de nossa ala]”.2 Élder Neil L. Andersen Do Quórum dos Doze Apóstolos Joseph Smith Jesus Cristo escolheu um homem santo, um homem justo, para conduzir a Restauração da plenitude de Seu evangelho. Ele escolheu Joseph Smith. VI. Em muitos relacionamentos e situações da vida, devemos conviver com as diferenças. Quando essencial, nosso lado dessas diferenças não deve ser rejeitado ou abandonado, mas, como seguidores de Cristo, devemos viver pacificamente com outras pessoas que não compartilham de nossos valores ou não aceitam os ensinamentos sobre os quais se baseiam. O plano de salvação do Pai, que conhecemos por revelação profética, coloca-nos em uma situação mortal em que devemos guardar Seus mandamentos. Isso inclui amar nosso próximo de diferentes culturas e crenças como Ele nos ama. Como ensinou um profeta do Livro de Mórmon, devemos prosseguir, tendo “amor a Deus e a todos os homens” (2 Néfi 31:20). Por mais difícil que seja viver no tumulto ao nosso redor, o mandamento do Salvador de amar uns aos outros é provavelmente nosso maior desafio. Oro para que compreendamos isso e procuremos vivê-lo em todos os nossos relacionamentos e todas as nossas atividades, em nome de Jesus Cristo. Amém. ◼ NOTAS 1. Thomas S. Monson, “Amor: A Essência do Evangelho”, A Liahona, maio de 2014, p. 91. 2. Cartas a Dallin H. Oaks, 23 de janeiro de 2006 e 30 de outubro de 2012. 28 A Liahona E m sua primeira visita ao Profeta Joseph Smith, então com 17 anos, um anjo chamou Joseph pelo nome e lhe disse que ele, Morôni, era um mensageiro enviado da presença de Deus e tinha um trabalho para ele. Imaginem o que Joseph deve ter pensado quando o anjo lhe disse que seu nome seria “considerado bom e mau entre todas as nações, tribos e línguas”.1 Talvez o choque nos olhos de Joseph tenha feito com que Morôni repetisse que se falaria bem e mal dele entre todos os povos.2 O bem falado sobre Joseph Smith veio aos poucos, mas o mal começou imediatamente. Joseph escreveu: “Quão estranho era que um obscuro menino (…) fosse considerado suficientemente importante para atrair (…) [a] mais implacável perseguição”.3 Enquanto o amor por Joseph crescia, também aumentava a hostilidade. Aos 38 anos de idade, foi assassinado por uma turba composta de 150 homens com os rostos pintados de negro.4 Ainda que a vida do Profeta terminasse abruptamente, o bem e o mal falados sobre ele estavam apenas começando. Seria de estranhar o mal que é falado contra ele? Do Apóstolo Paulo foi dito que era louco e delirava.5 Nosso Amado Salvador, o Filho de Deus, foi rotulado de comilão, beberrão e endemoniado.6 O Senhor disse a Joseph, quanto a seu destino: “Os confins da Terra indagarão a respeito de teu nome e tolos zombarão de ti e o inferno se enfurecerá contra ti; Enquanto os puros de coração e os prudentes (…) e os virtuosos procurarão (…) bênçãos sob tuas mãos constantemente”.7 Por que o Senhor permite que o mal seja falado ao mesmo tempo que o bem? Um dos motivos é que a oposição às coisas de Deus leva os que procuram a verdade a orar por respostas.8 Joseph Smith é o Profeta da Restauração. Seu trabalho espiritual começou com a visão do Pai e do Filho, seguida por inúmeras visitas celestiais. Ele foi o instrumento nas mãos de Deus para trazer à luz escrituras sagradas, doutrinas perdidas e a restauração do sacerdócio. A importância do trabalho de Joseph requer mais do que uma consideração intelectual; requer que nós, como Joseph, “[peçamos ou perguntemos] a Deus”.9 Perguntas espirituais merecem respostas espirituais de Deus. Élder Jeffrey R. Holland Do Quórum dos Doze Apóstolos O Custo — e as Bênçãos — do Discipulado Sejam fortes. Vivam o evangelho com fidelidade mesmo que as pessoas à sua volta não o façam. P residente Monson, nós o amamos. Você se dedicou de todo o coração a todo chamado que o Senhor lhe deu, especialmente ao sagrado ofício que agora exerce. Esta Igreja inteira lhe agradece por seu constante serviço e por sua incansável devoção ao dever. Com admiração e incentivo a todos os que necessitam manter-se firmes nestes últimos dias, digo a todos e especialmente aos jovens da Igreja que, se ainda não foram, certamente um dia serão conclamados a defender sua fé ou talvez até a suportar alguma agressão pessoal simplesmente pelo fato de serem membros de A Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. Esses momentos exigirão coragem e cortesia da sua parte. Uma missionária, por exemplo, recentemente escreveu a mim, dizendo: “Minha companheira e eu vimos um homem sentado num banco da praça da cidade comendo seu lanche. Quando nos aproximamos, ele ergueu o rosto e viu nossas plaquetas missionárias. Com uma expressão 6 A Liahona terrível no rosto, ele se ergueu subitamente e levantou a mão para me bater. Desviei-me bem a tempo, mas ele cuspiu sua comida em mim e começou a nos ofender usando os mais horríveis palavrões. Afastamonos sem dizer nada. Eu tentava limpar a comida do rosto quando senti uma porção de purê de batata me acertar a nuca. Às vezes é difícil ser missionária porque naquele momento tive vontade de voltar, agarrar aquele homenzinho e dizer: ‘FAÇA-ME O FAVOR!’ Mas não fiz isso”. Para aquela devotada missionária, eu digo, querida filha, você passou, à sua própria e humilde maneira, a fazer parte de um círculo muito distinto de mulheres e homens que, tal como disse o profeta Jacó do Livro de Mórmon, “[consideram a] morte [de Cristo] e [carregam] sua cruz e [suportam] a vergonha do mundo”.1 De fato, a respeito do próprio Jesus, o irmão de Jacó, Néfi, escreveu: “E o mundo, devido à iniquidade, julgá-lo-á como uma coisa sem valor; portanto o açoitam e ele suporta-o; e ferem-no e ele suporta-o. Sim, cospem nele e ele suporta-o por causa de sua amorosa bondade e longanimidade para com os filhos dos homens”.2 Tal como o que aconteceu com o próprio Salvador, houve uma longa história de rejeição e um preço dolorosamente alto que foi pago por profetas e apóstolos, missionários e membros de todas as gerações — todos aqueles que tentaram honrar o chamado de Deus de elevar a família humana a um “caminho mais excelente”.3 “E que mais direi [deles]?”, perguntou o autor do livro de Hebreus. “[Eles que] (…) fecharam as bocas dos leões, Apagaram a força do fogo, escaparam do fio da espada, (…) na batalha se esforçaram, puseram em fuga os exércitos (…). [Viram a] ressurreição [dos] seus mortos [ao passo que] uns foram torturados (…); E outros experimentaram escárnios e açoites, e até cadeias e prisões. Foram apedrejados, serrados, tentados, mortos ao fio da espada; andaram vestidos de peles de ovelhas e de cabras, desamparados, aflitos e maltratados (Dos quais o mundo não era digno), errantes pelos desertos, e montes, e pelas covas e cavernas da terra.” 4 Sem dúvida os anjos do céu choraram quando eles registraram esse preço do discipulado num mundo que frequentemente é hostil aos mandamentos de Deus. O próprio Salvador derramou Suas próprias lágrimas por aqueles que, por centenas de anos, haviam sido rejeitados e mortos a Seu serviço. E então Ele estava sendo rejeitado e sendo levado à morte. “Jerusalém, Jerusalém”, clamou Jesus, “que matas os profetas, e apedrejas os que te são enviados! quantas vezes quis eu ajuntar os teus filhos, como a galinha ajunta os seus pintos debaixo das asas, e tu não quiseste! Eis que a vossa casa vai ficar-vos deserta”.5 E nisso há uma mensagem para todo rapaz e toda moça desta Igreja. Talvez vocês se perguntem se vale a pena assumir uma postura moral e corajosa na escola ou ir para a missão apenas para ver suas crenças mais queridas serem desprezadas ou esforçar-se contra os muitos da sociedade que às vezes ridicularizam uma vida de devoção religiosa. Sim, vale a pena, porque a alternativa é ver nossas “casas” “desoladas”, pessoas desoladas, famílias desoladas, vizinhanças desoladas e nações desoladas. Portanto, esse é o fardo daqueles que foram chamados para transmitir a mensagem messiânica. Além de ensinar, incentivar e animar as pessoas (essa é a parte agradável do discipulado), de tempos em tempos esses mesmos mensageiros são conclamados a preocupar-se, a advertir e às vezes a apenas chorar (essa é a parte dolorosa do discipulado). Eles sabem muito bem que o caminho que conduz à terra prometida que “mana leite e mel” 6 passa obrigatoriamente pelo Monte Sinai com todos os seus mandamentos.7 Infelizmente os mensageiros dos mandamentos divinos, em geral, não são mais populares hoje do que eram antigamente, como pelo menos duas missionárias sujas de saliva e de purê de batatas podem agora confirmar. Ódio é uma palavra feia, mas hoje há pessoas que diriam junto com o corrupto Acabe: “Odeio [Micaías], porque nunca profetiza de mim o que é bom, senão sempre o mal”.8 Esse tipo de ódio pela sinceridade de um profeta custou a vida de Abinádi. Ele disse ao rei Noé: “Por eu ter dito a verdade, estais irados contra mim. (…) Por ter transmitido a palavra de Deus, julgais que sou louco” 9 (ou poderíamos acrescentar caipira, machista, preconceituoso, rude, intolerante, ultrapassado e velho). É como o próprio Senhor lamentou com o profeta Isaías: “[Esses] filhos (…) não querem ouvir a lei do Senhor. (…) Dizem aos videntes: Não vejais; e aos profetas: Não profetizeis para nós o que é reto; dizei-nos coisas aprazíveis, e vede para nós enganos. Desviai-vos do caminho, apartaivos da vereda; fazei que o Santo de Israel cesse de estar perante nós”.10 Infelizmente, meu jovens amigos, uma característica de nossa época é que, quando as pessoas desejam algum deus, querem que sejam deuses que não exijam muito, deuses confortáveis, deuses suaves, que não apenas não incomodam, mas também não fazem nada, deuses que nos afagam a cabeça e nos fazem rir e depois nos dizem para ir correr e apanhar flores.11 São como o homem criando Deus a sua própria imagem! Às vezes — e essa parece ser a maior ironia de todas — essas pessoas invocam o nome de Jesus como alguém que foi esse tipo de Deus “confortável”. Será mesmo? Ele que disse que devemos não apenas abster-nos de quebrar os mandamentos, mas que jamais devemos sequer pensar em quebrá-los. E que se pensarmos em quebrá-los, já os teremos quebrado no coração. Será que isso soa como uma doutrina “confortável” e fácil de ser aceita por qualquer pessoa? E o que dizer daqueles que simplesmente querem olhar para o pecado ou tocá-lo à distância? Jesus disse claramente que se seus olhos o Maio de 2014 7 ofenderem, arranque-os. Se sua mão ofendê-lo, corte-a fora.12 “Não vim trazer paz, mas espada” 13, advertiu Ele aos que achavam que Ele diria somente coisas amenas e agradáveis. Não é de se admirar que, sermão após sermão, as comunidades locais “[rogavam-lhe] que saísse dos seus termos”.14 Não é de se admirar que, milagre após milagre, Seu poder foi atribuído não a Deus, mas ao diabo.15 É óbvio que aquela pergunta de para-choque “O que Jesus faria?” nem sempre terá uma resposta que agrada a todos. No ápice do Seu ministério mortal, Jesus disse: “Que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei”.16 Para certificar-se de que eles compreendiam exatamente qual tipo 8 A Liahona de amor era aquele, Ele disse: “Se me amais, guardai os meus mandamentos” 17 e “Qualquer (…) que violar um destes mandamentos, por menor que seja, e assim ensinar aos homens, será (…) o menor no reino dos céus”.18 O amor cristão é a maior necessidade que temos neste planeta, em parte porque se supõe que ele sempre deva ser acompanhado de retidão. Portanto, se o amor for o nosso lema, como deve ser, então, de acordo com a palavra Dele que é o amor personificado, devemos abandonar a transgressão e toda forma de promovê-la para outras pessoas. Jesus claramente compreendia o que muitos de nossa cultura moderna parecem esquecer: há uma diferença crucial entre o mandamento de perdoar pecados (algo que Ele tem a capacidade infinita de fazer) e a advertência de não tolerá-los (algo que Ele nunca fez, nem sequer uma vez). Amigos, especialmente meus jovens amigos, tenham bom ânimo. O puro amor de Cristo que flui da verdadeira retidão pode mudar o mundo. Testifico que o evangelho verdadeiro e vivo de Jesus Cristo está na Terra e que vocês são membros da Sua Igreja verdadeira e viva, procurando compartilhá-la. Presto testemunho desse evangelho e dessa Igreja, em especial das chaves restauradas do sacerdócio que liberam o poder e a eficácia das ordenanças de salvação. Estou mais seguro de que essas chaves foram restauradas e de que essas ordenanças estão novamente disponíveis por intermédio de A Igreja Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias do que estou seguro de estar de pé diante de vocês neste púlpito e de vocês estarem sentados diante de mim nesta conferência. Sejam fortes. Vivam o evangelho com fidelidade mesmo que as pessoas à sua volta não o façam. Defendam suas crenças com cortesia e compaixão, mas defendam-nas. Uma longa história de vozes inspiradas, inclusive daqueles que vocês ouvirão nesta conferência e a voz que acabaram de ouvir na pessoa do Presidente Thomas S. Monson, indica-lhes o caminho do discipulado cristão. É um caminho estreito e apertado sem grandes variações em certos pontos, mas que pode ser trilhado com emoção e sucesso, “com firmeza em Cristo, tendo um perfeito esplendor de esperança e amor a Deus e a todos os homens”.19 Ao seguirem corajosamente esse caminho, vocês encontrarão uma fé inabalável e a segurança contra os ventos malignos, sim, contra os dardos no torvelinho, sentindo forças tal como a da rocha de nosso Redentor; e se sobre essa rocha edificarem um discipulado devotado, não poderão cair.20 No sagrado nome de Jesus Cristo. Amém. ◼ NOTAS 1. Jacó 1:8. 2. 1 Néfi 19:9. 3. I Coríntios 12:31; Éter 12:11. 4. Hebreus 11:32–38. 5. Mateus 23:37–38. 6. Êxodo 3:8. 7. Ver Êxodo 20:3–17. 8. II Crônicas 18:7. 9. Mosias 13:4. 10. Isaías 30:9–11. 11. Ver Henry Fairlie, The Seven Deadly Sins Today, 1978, pp. 15–16. 12. Ver Mateus 5:29–30. 13. Mateus 10:34. 14. Marcos 5:17. 15. Ver Mateus 9:34. 16. João 15:12. 17. João 14:15. 18. Mateus 5:19; grifo do autor. 19. 2 Néfi 31:20. 20. Ver Helamã 5:12. Élder Ronald A. Rasband Da Presidência dos Setenta O Alegre Fardo do Discipulado O apoio a nossos líderes é um privilégio que vem acompanhado da responsabilidade pessoal de partilharmos os fardos deles e de sermos discípulos do Senhor Jesus Cristo. E m 20 de maio do ano passado, um gigantesco tornado assolou os subúrbios de Oklahoma City, no coração da América, sulcando uma trilha de quase 2 quilômetros de largura e 30 quilômetros de comprimento. Essa tempestade, uma série de tornados devastadores, alterou a paisagem e a vida das pessoas após sua passagem. Apenas uma semana após a tremenda tempestade, fui designado a visitar uma área em que casas e objetos estavam espalhados por bairros arrasados e devastados. Antes de partir, falei com nosso amado profeta, o Presidente Thomas S. Monson, que aprecia imensamente esses encargos dados pelo Senhor. Em respeito não apenas a seu ofício, mas também a sua bondade, perguntei: “O que quer que eu faça? O que deseja que eu diga?” Ele tomou ternamente a minha mão, como teria feito com cada uma das vítimas e cada um dos que ajudavam as pessoas atingidas pela devastação que ocorrera ali, e disse: “Primeiro, diga-lhes que eu os amo. Em segundo lugar, diga que estou orando por eles. Em terceiro lugar, por favor, agradeça a todos os que estão ajudando”. Como membro da Presidência dos Setenta, senti nos ombros o peso das palavras que o Senhor declarou a Moisés: “Ajunta-me setenta homens dos anciãos de Israel, que sabes serem anciãos do povo e seus oficiais; (…) Então eu descerei e ali falarei contigo, e tirarei do espírito que está sobre ti, e o porei sobre eles; e contigo levarão a carga do povo, para que tu não a leves sozinho”.1 Essas são palavras do passado, mas a maneira de agir do Senhor não mudou. Atualmente na Igreja, o Senhor chamou 317 Setentas, que servem em oito quóruns, para ajudar os Doze Apóstolos a carregar o fardo colocado sobre os ombros da Primeira Presidência. Com alegria, sinto essa responsabilidade no fundo da alma, tal como o sentem meus irmãos que são Autoridades Gerais. Contudo, não somos os únicos que auxiliam nesta obra gloriosa. Como membros da Igreja no mundo inteiro, todos temos Maio de 2014 9