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SINDICATO DOS
BANCÁRIOS DO ES
FILIADO À CUT
Nº 871
26/07/2010
CORREIO
INFORMATIVO DO
BANCÁRIO
A 10/08/2010
Paulo d`Tarso
Capixabas participam de
Conferência Interestadual
A 12ª Conferência Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro
e Espírito Santo foi realizada no dia 17 de julho, no município de Campos dos Goitacazes, RJ. A caravana capixaba foi composta por aproximadamente 40 bancários.
Página 3
Professor da Unicamp, Plínio Jr.
pondera os dados da pesquisa
do IPEA sobre pobreza no Brasil
Página 6
Sindicato entra na Justiça para
evitar que bancários da CEF
sejam prejudicados pelo PFG
Um avanço na legislação
brasileira, Estatuto da
Criança e do Adolescente
completa 20 anos
Sob protestos, Comissão
Especial da Câmara aprova
novo texto do Código
Florestal Brasileiro
Página 8
Página 2
Página 5
www.bancarios-es.org.br
1
Artigo
20 anos do Estaduto da
Criança e do Adolescente
Aos leitores
Por um novo modelo
de segurança pública
CORREIO
O quadro de violência na sociedade capixaba é fruto da gestão Paulo Hartung que insiste em um modelo econômico excludente e em um sistema de segurança e justiça que tem se mostrado um
instrumento de manutenção das estruturas de poder político, econômico e social.
Neste mês, um estudo feito pelo Instituto Sangari com base no banco de dados do SUS revela que o ES está em primeiro lugar no ranking de assassinatos de
mulheres no Brasil, com índices de 10,3
homicídios por 100 mil habitantes. Mas a
violência contra a mulher não é peculiaridade do ES. Os resultados do estudo inédito mostram que, em média, 10 mulheres
são assassinadas por dia no Brasil.
Surpreendente foi a postura da Secretaria de Estado de Segurança Pública
(Sesp), que simplesmente ignorou a pesquisa, mostrando desinteresse e comodismo ao
não comentar seus resultados. Vale lembrar
BANCÁRIO
Informativo do Sindicato dos
Bancários do Espírito Santo
Rua Wilson Freitas, 93, Centro,
Vitória/ES - 29016-340
Tel: (27) 3331-9999
Colatina (3722-2647), Cachoeiro
(3522-7975) e Linhares (3371-0092)
que em 2009, o ES ganhou destaque internacional quando um relatório do Conselho
Nacional de Justiça revelou a total violação
dos direitos humanos em todas as unidades
prisionais do Espírito Santo.
Mais preocupante que a violência
em si é o modelo de gerenciamento da seguraça pública em nosso Estado. Ignorando que a violência é uma expressão das
diferenças sociais do país, nossos governantes privilegiam o uso excessivo da força, o endurecimento das penas e a redução da maioridade penal. Isto é, apostam
num paradigma repressivo e punitivo.
Ao invés disso, deveriam se pautar
por políticas preventivas, que passa por redistribuição de riqueza e garantia de direitos, e por políticas de repressão qualificada
com absoluto respeito e promoção dos direitos humanos, sem racismo ou sexismos.
Só assim, os índices de violência irão baixar
e poderemos nos sentir seguros.
Coordenador Geral: Jessé Gomes de
Alvarenga
Diretor de Imprensa: Júlio César Passos
Editora: Lara Abib (MTb 2669-ES)
Editoração: Jorge Luiz - MTb 041/96
Impressão: Gráfica Espírito Santo
E.mail: [email protected]
Tiragem: 9.000 exemplares
Distribuição gratuita
www.bancarios-es.org.br
2
No último dia 13, comemoramos os 20 anos do Estatuto da
Criança e do Adolescente que reconheceu, pela primeira vez na história
brasileira, o direito de meninos e
meninas viverem com dignidade.
O Estatuto é uma lei inovadora
que trouxe a partilha de responsabilidades entre família, Estado e sociedade
na promoção e defesa dos direitos da
criança e do adolescente, garantindo a
participação dos cidadãos nos processos de formulação e controle democrático das políticas públicas da área.
Além disso, incorporou em seu texto o
termo "protagonismo infanto-juvenil",
contrapondo-se às práticas de extermínio e violência que muitas vezes calou
as vozes de meninos meninas .
Desde então, o movimento vem
construindo diretrizes para a superação de realidades duras. Os inúmeros
projetos de lei que tramitam no
Congresso Nacional objetivando a
redução da maioridade penal. As
violações crônicas dos direitos humanos que ainda presenciamos em nosso
Estado, como os horrores no Sistema
Socioeducativo de Internação e as
condições desiguais no acesso à justiça.
Todavia, é preciso acreditar que
o Estatuto é um instrumento importantíssimo para nossa luta. Precisamos ser a "contramola" que resiste a
tantas injustiças e barbárie. A superação das tristes realidades passa,
sobretudo, pelo fortalecimento do
Sistema de Garantias de Direitos,
passa pela responsabilização do
Estado na execução de políticas
sociais públicas e universais, pela
necessidade de articulação entre as
diversas políticas setoriais, pela
descentralização político-administrativa e financeira, passa, especialmente,
pelo fortalecimento dos Conselhos dos
Direitos e Conselhos Tutelares.
Juliana I. Melim é assistente social e
coordenadora do Núcleo de Estudos
da Criança e do Adolescente da Ufes
DIEESE I
O sistema financeiro foi
um dos que menos
gerou empregos no
primeiro trimestre
de 2010.
DIEESE II
Apenas 0,43% dos
657.259 novos postos
de trabalho criados por
toda economia
brasileira no período.
Conferência Interestadual
DIEESE III
As informações são da
Pesquisa de Emprego
Bancário (PEC)
realizada pela Contraf e
pelo DIEESE
Paulo d`Tarso
TODAS AS TESES APRESENTADAS NO ENCONTRO FORAM ENCAMINHADAS, POR CONSENSO, PARA A CONFERÊNCIA NACIONAL
Bancários debatem
Campanha Salarial 2010
Cerca de 40 bancários capixabas participaram da 12ª Conferência
Interestadual dos Bancários do Rio de Janeiro e Espírito Santo, realizada
no dia 17 de julho, no município de Campos dos Goitacazes.
O
encontro reuniu mais de 600 delegados dos 13 municípios que
compõem a base da Federação.
Durante o evento também foram eleitos
os 87 delegados que irão participar da
Conferência Nacional dos Bancários, nos
dias 23, 24 e 25 deste mês, no Rio de Janeiro. Quinze deles são do Espírito Santo.
Na Interestadual, foram discutidas
questões relacionadas aos eixos de Saúde,
Condições de Trabalho e Segurança Bancária, Emprego, Remuneração, Sistema
Financeiro Nacional e estratégia da Campanha Nacional. Todas as três teses apresentadas durante o encontro foram encaminhadas, por consenso, para a Conferência Nacional, onde será elaborada a minuta mínima da Campanha Salarial 2010.
Goretti Barone, diretora do Sindicato dos Bancários, destaca a análise de
conjutura econômica feita pelo técnico do
DIEESE, Ademar Mineiro, como um dos
pontos altos da Conferência. “Utilizando
os dados, ele mostrou como os nossos salários mantêm uma média desde 2004 e
como os lucros dos banqueiros continuam numa crescente constante. É por isso
que nessa campanha salarial, nós, da Intersindical, iremos propor o índice de 20%
de reajuste salarial”. Os cinco maiores
bancos do país somaram juntos R$ 9,5
bilhões de lucro no primeiro trimestre e
divulgaram que irão ampliar ainda mais
a oferta de crédito.
Para a diretora, a Conferência foi
importante para organizar a Campanha
desse ano. “Ela reuniu um número grande de bancários da base da Federação,
principalmente os jovens, que participaram ativamente dos debates. Entretanto,
é necessário aprofundar mais os temas
que serão eixos para a Conferencia Nacional. Esse é o desafio que fica para o próximo ano.”
Apoio a Dilma é mais uma
vez colocado em pauta
Já está virando costume no
movimento sindical pautar apoio aos
candidatos à presidência do país. Na
Conferência Interestadual não foi diferente. Mais uma vez, o setor cutista propôs apoio à candidatura de Dilma Roulsef. Todas as outras questões do encontro foram encaminhadas diretamente
para o espaço Nacional. Essa, entretanto, a base da CUT insistiu em colocar em votação. “Não havia necessidade , foi política de marcação de posição. Além disso, a Federação não é o
espaço para fazer definições partidiárias. Esse tipo de conduta fere a autonomia e a pluralidade existente na categoria bancária”, avalia Goretti.
3
INSEGURANÇA I
R$ 31 milhões nos
últimos 5 anos é o valor
pago pelos bancos por
não cumprirem as normas
de segurança bancária.
INSEGURANÇA II
Os dados são da
Comissão Consultiva para
Assuntos de Segurança
Privada, vinculada ao
Ministério da Justiça.
Banestes
Penedo demite
e persegue
concursados
Tempo na fila de
banco tem limite!
Queremos a
contratação de
mais bancários!
VISTA A
CAMISA
DA
ISONOMIA
LUTA PRA VALER!
4
N
este mês de julho, mais uma demissão sem "justa causa" de um
concursado do Banestes comprova a postura autoritária da diretoria do banco. O funcionário demitido entrou na empresa em 2008 e é pessoa com necessidades
especiais. Para ele, a demissão, após várias
transferências injustificadas, demonstra que
o Banestes não tem uma política de inclusão de pessoas com deficiência.
O bancário comunicou o fato para
o Sindicato que já entrou na Justiça denunciando o banco por assédio moral, exigindo indenização e a reintegração do banestiano. Um outro funcionário admitido em
2006 passou por caso semelhante. Ele so-
freu humilhações diante dos colegas por
conta dos modos truculentos do coordenador. Transferido, ficou meses sofrendo a
insegurança de quem faz parte do quadro
especial de uma gerência até ser demitido.
Segundo o coordenador geral do
Sindicato dos Bancários-ES, Jessé Alvarenga, o assédio moral é constante para atingir as metas de produção. "A administração Penedo não dá valor aos funcionários
do banco. Não podemos desistir, temos que
intensificar a luta. A reintegração dos sete
banestianos demitidos na Campanha Salarial de 2007 é a prova que podemos vencer a intransigência e a arrogância da direção do Banestes", recorda
XIII Congresso dos Funcionários
do Banestes será realizado no dia 31
Os bancários do Banestes irão se reunir no próximo
dia 31 de julho, sábado, para
debater e aprovar a minuta da
Campanha Salarial 2010. O XIII
Congresso dos Funcionários do
Sistema Financeiro Banestes
será realizado das 8h às 18 horas, no auditório do Alice Vitória Hotel, no Centro de Vitória.
Entre as temáticas que serão discutidas no encontro está a criação de uma
nova Estrutura de Cargos e Remuneração,
a recuperação das perdas salariais e a volta
da seleção interna. No evento também será
discutida a elaboração de um documento
com propostas dos bancários do Banestes para os candidatos a governador do Espírito Santo. A ideia é propor uma
plataforma política para o futuro chefe do Executivo, defendendo um Banestes público e
estadual e a manutenção do
papel social do banco.
Inscrição
Os bancários devem preencher
a ficha de inscrição e enviá-la para o Sindicato até o dia 29 de julho por fax (33319993). A inscrição também poderá ser feita pessoalmente, na sede do Sindicato, ou
pelo site da entidade.
SIMBIOSE
O Sindicato estranha a posse de Carlos
Alberto Caser para presidente da Funcef.
Por duas gestões, ele foi eleito diretor
representante dos empregados da Caixa e
agora assume uma função de confiança
Saúde
na direção da empresa. Para o Sindicato,
o fato é uma evidência que reforça a falta
de autonomia da Funcef em relação à
direção da Caixa. Além disso, revela as
relações simbióticas de parte do
movimento sindical com o Governo.
Adoecimentos
aumentam no BB
E
m visitas às unidades do Banco do
Brasil e através das Oficinas de Saúde realizadas pelo Sindicato, ficou
constatado que as condições de trabalho
nas agências estão adoecendo cada vez
mais os bancários. Esse fato pode ser verificado pelo aumento no número de atendimentos na Cassi após a implantação do Projeto BB 2.0.
Estresse, insônia, e sonhos com situações de trabalho são alguns sintomas frequentes observados na categoria. Eles apontam para situações de assédio moral, insatisfação com o trabalho e transtornos psíquicos resultantes deste processo.
"O modelo adotado pelo BB, voltado
para o mercado, prioriza o lucro em detrimento dos funcionários, fazendo as pessoas se sentirem desvalorizadas. Aos poucos,
o desgaste físico e mental, decorrência desse modelo, acaba sendo responsável pelo
aparecimento de doenças, que podem contribuir, inclusive, para a efetivação de atos
extremos", ressalta a diretora do Sindicato,
Rosane Oliveira.
Sindicato entra na Justiça
pedindo extinção do
correspondente bancário
No dia 19 de julho, segundafeira, o Sindicato entrou com ação no
Ministério Público do Trabalho pedindo o fim do correspondente bancário
negocial. Além disso, a entidade também solicitou uma audiência com os
procuradores para discutir o assunto,
mas ainda aguarda resposta.
BANCÁRIOS
(AS) DO BB
PARTICIPAM
DE OFICINA
DE SAÚDE
REALIZADA
PELO
SINDICATO,
EM
LINHARES
Ela se refere ao registro de três tentativas de suicídio de empregados do BB no
Espírito Santo entre maio e junho. Também
há informação de situações semelhantes em
Santa Catarina, Campinas e na Paraíba. Este
processo lembra o terrorismo que os funcionários do BB vivenciaram há 15 anos atrás,
no governo de FHC, e que resultou em vários casos de adoecimento e 30 suicídios.
No dia 6 de julho, representantes
do Sindicato se reuniram com o Superintendente Estadual do Banco do Brasil e o Gerente Regional da Gepes para
discutir as condições de trabalho dos
bancários capixabas. Foram relatadas
as situações críticas de diversas agências e solicitadas soluções para os problemas. Alguns encaminhamentos já estão
sendo feitos. O Sindicato continua acompanhando o caso.
Sindicato recorre à Justiça contra o PFG da Caixa
O Departamento Jurídico do Sindicato vai abrir uma série de ações (coletivas e individuais) contra a Caixa Econômica Federal. O objetivo é evitar que
os trabalhadores sejam prejudicados
com a implementação do PFG, construído e aplicado pela CEF de forma unilateral no dia 1º de julho, em substituição
ao PCC, em vigor desde 1998.
No dia 20 de julho, o Sindicato ingressou com a Primeira Ação Coletiva na
Justiça do Trabalho. O processo contempla os empregados da Caixa que perma-
neceram no REG-Replan sem saldamento e visa garantir que eles possam participar do PFG e, consequentemente, do
processo seletivo interno (PSI).
De acordo com Bernadeth Martins, diretora do Sindicato, outras ações
jurídicas e políticas já estão sendo propostas pela entidade. "Não iremos permitir que os bancários e bancárias da
CEF sejam prejudicados pelos abusos
funcionais e administrativos da Caixa
em relação ao Plano de Funções Gratificadas".
5
Antoninho Perri
O economista Plínio de Arruda Sampaio Júnior,
professor da Universidade Federal de Campinas
(Unicamp), analisa os resultados da nova pesquisa
do IPEA (Instituto de Pesquisa Econômica
Aplicada), que afirma que a taxa de pobreza no
Brasil caiu em 33,6% entre 1995 e 2008.
Diálogo
Plínio de Arruda Sampaio Jr.
“É“Os
necessário
umestão
outro
brasileiros
modelomais
econômico”
ficando
pobres”
Você tem acordo com os resul- da entre salário e lucro foi claramente
tados da pesquisa?
favorável ao lucro. No Brasil, o lucro auAo utilizar conceitos como o de
mentou em mais ou menos 10% , exatapobreza extrema* e pobreza absoluta**, mente a porcentagem que o trabalhador
a pesquisa está dizendo que a renda mí- perdeu. Então você transferiu 10% do PIB
nima da população aumentou, medindo dos trabalhadores para o capital. Além
a pobreza pela renda da pessoa. Qual é disso, se compararmos a renda entre os
o problema deste conceito? Ele é muito trabalhadores, o que a gente verifica é
superficial e não vê a origem do proble- que a despeito de um ligeiro aumento no
ma que é a inserção no mercado de tra- Governo Lula, a diferença entre a renda
balho e a qualidade dessa inserção.
A pobreza é sempre relativa, logo
Como apontou a própria
você tem que ter critérios sobre o
pesquisa do IPEA, o crescimento
quê você compara. Eu compararia
econômico não se reverte em
a pobreza utilizando a relação trabalho/capital. Quem está mais podiminuição da pobreza, ele
bre? Esse é um critério. Outro crité- aumenta a capacidade de consumo
rio é comparar a renda de quem
da classe operária.
ganha menos em relação à renda
de quem ganha mais. Esses são os
critérios para ver se existe pobreza ou média dos 10% mais pobres em relação
não. Agora se você quiser utilizar o critéaos 10% mais ricos continua imensa. Os
rio de pobreza em relação ao poder de mais ricos ganham aproximadamente 40
compra, toda vez que a renda aumen- vezes mais do que os mais pobres. Como
tar, a pobreza vai cair. Toda vez que a
apontou a própria pesquisa do IPEA, o
renda cair, a pobreza vai aumentar.
crescimento econômico não se reverte
Qual é a sua leitura sobre a
em diminuição da pobreza, ele aumenta
pobreza no Brasil?
a capacidade de consumo da classe opeDo ponto de vista estrutural, os rária. Esse crescimento é muito instável.
trabalhadores estão numa situação mais Hoje ele “surfa” numa conjuntura interprecária do que antes. Os brasileiro esnacional que está favorável ao Brasil.
tão ficando mais pobre e dois indicadoAssim que isso se reverter, o trabalhador
res mostram isso muito bem. Nos últi- não tem nenhuma rede de segurança
mos quinze anos, a distribuição de ren- para manter esse consumo.
“
”
Como fazer para erradicar a pobreza?
Para erradicar a pobreza, nós temos que atacar as causas de sua existência, isto é, uma estrutura social extraordinariamente injusta que se manifesta concretamente através da precarização das
relações de trabalho. Mais ou menos 40%
da nossa força de trabalho está ou no desemprego ou no emprego aberto. Ou seja,
ou a pessoa não tem emprego nenhum,
ou tem um emprego onde ganha menos
que um salário mínimo. Como é que se
combate isso? Fundamentalmente através de três medidas. Reforma agrária, reforma urbana e uma política de pleno
emprego, que alie redução da jornada
de trabalho e uma forte participação do
Estado na contratação de mão de obra.
Mas é óbvio que essa “terapia” significa
uma mudança do próprio modelo econômico. Isso é absolutamente impossível
dentro desse parâmentro de política econômica que vigora no país. Hoje, o modelo do Brasil se organiza fundamentalmente em cima de dois critérios. Criar
negócios para o grande capital e copiar
os estilos de vida do centro. É o que o
Celso Furtado chamava de “modernização dos padrões de consumo”. Essa é a
origem do problema. Enquanto isso não
for mudado, esses movimentos nos indicadores de pobreza serão movimentos
puramente conjunturais.
* Rendimento médio domiciliar per capita de até meio salário mínimo mensal
** Rendimento médio domiciliar per capita de até um quarto de salário mínimo mensal
6
SAÚDE I
No dia 22 de julho, o
Sindicato realizou uma
Oficina de Saúde na
agência do BB de
Cariacica.
SAÚDE II
A Oficina auxilia os
bancários (as) a
desenvolverem forma
coletivas para amenizar
as tensões do cotidiano.
Fotos: Fábio Vicentini
"Si se calla el cantor
calla la vida”
Horacio Guarany
Perfil
Ricardo Nespolin
TIME MÁSTER DA APCEF FICA EM PRIMEIRO LUGAR E SENTE O GOSTO DA VITÓRIA
APCEF vence
III Torneio de Vôlei
Feminino Máster
Ú
nica equipe formada por bancárias, o time da APCEF foi o vencedor do III Torneio de Vôlei Feminino Máster, realizado no Centro Sindical
dos Bancários, no dia 3 de julho. A competição reuniu times de empresas como
a Arcellor Mital, Over e Open. Foi o primeiro título das jogadoras, que treinam
regularmente, três vezes por semana, há
três anos.
Dezessete mulheres fazem parte do time. As jogadoras têm acima
de 40 anos e levam o esporte a sério,
não faltam aos treinos. "Temos a tripla jornada: trabalho-família-vôlei",
brinca a coordenadora da equipe, Deusdete Pereira.
Os treinos
são realizados às
segundas e quintasfeiras, das 20 às 22
horas, e aos sábados, das 10 às 12
horas, no Centro
Sindical. "O treinamento é aberto a todas as bancárias
que gostam de jogar vôlei", diz DeusA PARTIDA FOI MUITO DISPUTADA ATÉ O FINAL
dete.
O jovem bancário
Ricardo Nespoli tem
23 anos e há quatro
meses trabalha no
Banestes. Aficionado
pela sétima arte, ele é
cinéfilo de carteirinha.
De onde veio o interesse pelo
cinema?
De família. Meu pai e meu irmão
sempre gostaram de cinema e eu acompanhava os dois. Em 2005, comecei a trabalhar numa locadora e o contato com
os filmes cresceu ainda mais.
Quais são suas atividades como
cinéfilo?
Eu
tenho
um
site,
o
www.ocaradalocadora.com.br. Ano passado ele alcançou relativo sucesso, fui convidado, inclusive, para a pré-estréia do filme Tempos de Paz, no Rio de Janeiro. Como
eu era o único capixaba lá, fiz matéria para
o Jornal A Gazeta e tudo.
E como foi essa experiência?
Foi muito boa. Não é sempre que
posso viajar para o Rio de Janeiro! Mas
de vez em quando sou convidado para
projetos legais. O Rodrigo Aragão, cineasta capixaba, me convidou para participar como ponta do novo filme dele, o Chupa Cabra. Nos conhecemos pelo site, quando escrevi uma resenha do "Mangue Negro", filme que ele dirigiu.
7
CORREIO
BANCÁRIO
BANCÁRIO
Novo Código Florestal
favorece latifundiários
Para virar lei,
a proposta
ainda tem
que ser
aprovada
pelo
Congresso
Nacional e
passar pela
sanção
presidencial
DESERTO
VERDE:
NO ESTADO,
MATA NATIVA
É DESMATADA
PARA DAR
LUGAR À
MONOCULTURA
DE EUCALIPTO
A
Comissão Especial da Câmara,
chefiada pelo
deputado Aldo Rebelo
(PCdoB), aprovou, no
dia 6 de julho, o novo texto do Código Florestal Brasileiro. Pela proposta, as pequenas propriedades, que na Amazônia podem chegar a cem hectares, estão dispensadas da reserva legal. Apenas terão que
preservar o que restou de mata nativa.
Quem desmatou até julho de 2008
está livre de punições, ganhando anistia
geral dos legisladores. Embora fiquem
obrigados a recompor o que foi destruído, o prazo dado para os desmatadores é
de 20 anos. Além disso, será considerado
reflorestamento o plantio de eucalipto e
pinus (que são espécies estrangeirais),
mangueiras, coqueiros, limoeiros ou outras culturas, que receberão o "status" de
vegetação nativa.
Para Daniela Meirelles de Carvalho, geógrafa e técnica da Fase, organização não-governamental que atua na
área sócio-ambiental, a mudança do
Código foi um profundo retrocesso. "É
lamentável a proposta feita pelo relator
8
do projeto, Aldo Rebelo (PCdoB). Fica
claro o favorecimento ao agronegócio
e a grilagem de terra já constituída no
país. Além disso, se aprovado, o novo
Código entra em contradição com o Plano Nacional de Mudança Climática, que
prevê desmatamento zero no Brasil,
apresentado pelo nosso governo na 14ª
Conferência sobre Mudanças Climáticas
da ONU, em Copenhagen".
De acordo com a ONG WWF, o Brasil já perdeu dois quintos de sua floresta
natural e aparece como o quarto poluidor do mundo. Entretanto, ao invés de investir no combate ao desmatamento, o
projeto regulariza tudo que já foi desmatado, ampliando a devastação. "Infelizmente, o Congresso Nacional tem uma
base ruralista pró-Código que vem determinando toda a política do agronegócio
brasileiro. Quem se beneficiaria dessas
mudanças são eles.", ressalta Daniela.
A geógrafa lembra que vários
movimentos sociais estão puxando o "Plebiscito Sobre a Limitação de Terra", que
tem como objetivo diminuir os enormes
latifúndios no Brasil, e dessa forma, a concentração do poder e da terra nas mãos
de poucos. A idéia é aliar essas duas discussões correlatas e fortalecer o movimento contra o novo Código Florestal, que
deve ser votado na Câmara dos Deputados após o período de eleições. Ao invés
de apoiar os grandes latifundiários desmatadores, o movimento focará na reforma agrária e na divisão de terras para
pequenos agricultores que preservem o
meio ambiente.
"Olhando pelo ponto de vista do
aquecimento global, que traz condições
definidoras e limitantes para toda a produção agrícola mundial, os ruralistas também acabarão sendo prejudicados. Entretanto, isso não interessa para quem só pensa no lucro imediato. É por isso temos que
defender o uso social da terra." finaliza.

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