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012345627874 41284745878581 574187485128 0567485128 8528175428421 8 2327874654828786185487457074 6441 464814780 0587 52 46 2055208560453262187 8 581 Ministério da Educação Universidade Tecnológica Federal do Paraná Campus Pato Branco Gerência de Ensino e Pesquisa Curso de Agronomia TERMO DE APROVAÇÃO ATIVIDADES REALIZADAS NA ÁREA DE PRODUÇÃO DE SEMENTES E MANEJO DA CULTURA DO TRIGO por MARCIO ANDREI CAPELIN Relatório de Estágio Curricular Supervisionado, Área de Assistência técnica e produção de sementes de trigo, realizado como requisito parcial para obtenção do título de Engenheiro Agrônomo do Curso de Agronomia da Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Campus Pato Branco. Prof. Dr. Giovani Benin UTFPR Orientador Profª. Marta Helena D da Silveira, Drª Coordenadora de estagio da UTFPR Pato Branco, 09 de novembro de 2011 A meus pais, meu irmão e familiares eu dedico. AGRADECIMENTOS À Deus pela vida. A meus pais Mauri Capelin e Margarete Fátima Momoli Capelin, à meu irmão Mateus Andriu Capelin, e à minha Namorada Pamela Taís Clein, obrigado por toda luta que vocês enfrentaram por mim e que permitiu com que eu chegasse até aqui. A meu orientador e amigo Professor Dr. Giovani Benin e a todos os meus professores da graduação a quem eu agradeço por todo conhecimento. A toda a equipe de funcionários do DETEC da empresa Coasul, pela amizade e ensinamentos repassados durante o estagio, em especial ao Eng. Agr. Vilmar Luis Ferri, Gerente de produção de sementes. A minha tia Marlene Capelin Ignoato pelo grande incentivo aos meus estudos, e aos meus avôs paternos Modesto Capelin e Maria Cristani Capelin bem como aos avôs maternos Vitorino Momoli e Maria Ilone Momoli, obrigado pela colaboração e pela sustentação familiar. A todos meus familiares tanto da família Capelin como Momoli. A Universidade Tecnológica Federal do Paraná – UTFPR, Campus Pato Branco e a todos os professores do Curso de Agronomia pela oportunidade de aprendizado e crescimento pessoal e profissional durante minha graduação. A todos meus colegas do grupo de fitomelhoramento: Cristiano Lemes, Eduardo Beche, Eduardo S. Pagliosa, Anderson Signorini, Thaís R. Hagemman, Elesandro Bornhofen, Cilas Pinnow e Jeisson Franke, enfim a todos os colegas da graduação, que muito contribuíram para minha formação profissional. LISTA DE FIGURAS Figura 1. Mancha amarela (Drechslera tritici)..................................................... 5 Figura 2. mal do pé (Gaeumannomyces graminis)............................................. 5 Figura 3. Fusarium spp. ..................................................................................... 6 Figura 4. CD 108 acamado .............................................................................. 13 Figura 5. Cultivar CD 150 ................................................................................. 14 Figura 6. IPR 85 acamado ............................................................................... 15 Figura 7. Instabilidade cromossômica (BRS Guamirim) ................................... 16 Figura 8. Oídio (BRS Guamirim) ...................................................................... 17 Figura 9. Falha na distribuição de adubo ......................................................... 19 Figura 10. Fase correta de aplicação de Moddus ............................................ 21 Figura 11. BRS Guamirim acamado sem Moddus ........................................... 22 Figura 12. Plantas daninhas azevém (Lolium multiflorum) ............................... 23 Figura 13. Pústulas de ferrugem ...................................................................... 26 Figura 14. Giberela (CD 108) ........................................................................... 27 Figura 15. Á esquerda perfilhos improdutivos .................................................. 32 Figura 16. Plantas acamadas mais prejudicadas pela geada .......................... 34 Figura 17. Fitotoxidade (Inseticida + Fúngicida + Óleo adjuvante)................... 35 Figura 18. Fitotoxidade (Herbicida Topik + Óleo adjuvante) ............................ 36 Figura 19. Armazenamento em BAGs após a pré-limpeza e a secagem ......... 46 Figura 20. Recepção (amostragem da carga) .................................................. 49 Figura 21. Recepção (Descarregamento na moega úmida) ............................. 50 Figura 22. Máquina de Pré-Limpeza ................................................................ 51 Figura 23. Secador ........................................................................................... 52 Figura 24. Tulha de armazenamento ............................................................... 53 Figura 25. Contagem e pesagem de sementes................................................ 55 Figura 26. Simulação de teste de germinação a campo .................................. 56 LISTA DE TABELAS Tabela 1. Indicações de adubação nitrogenada (kg ha-1) para o Paraná .......... 8 Tabela 2. Adubação fosfatada para a cultura do trigo no Paraná ...................... 9 Tabela 3. Adubação potássica para a cultura do trigo no Paraná ...................... 9 SUMÁRIO LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... v LISTA DE TABELAS ........................................................................................ vi 1.0 INTRODUÇÃO ............................................................................................. 1 2.0 DESENVOLVIMENTO ................................................................................. 2 2.1 A COASUL................................................................................................ 2 2.2 A Cultura do Trigo ..................................................................................... 3 2.3 Manejo Conservacionista do Solo ............................................................ 3 2.4 Calagem ................................................................................................... 7 2.5 Adubação Nitrogenada ............................................................................. 7 2.6 Fósforo e Potássio .................................................................................... 9 2.7 Escolha da Cultivar ................................................................................. 10 2.7.1 Resumo das Principais Características das Cultivares Segundo os Obtentores ................................................................................................ 11 2.7.2 Características das Principais Cultivares Observadas a Campo ..... 12 2.8 Manejo antecipado do dessecante ......................................................... 17 2.9 Densidade, espaçamento e profundidade de semeadura....................... 18 2.10 Redutores de crescimento .................................................................... 19 2.11 Controle de Plantas Daninhas .............................................................. 22 2.12 Controle de Doenças ............................................................................ 24 2.13 Controle de Pragas ............................................................................... 28 2.13.1 Pulgões .......................................................................................... 29 2.13.2 Lagartas Desfolhadoras ................................................................. 30 2.13.2 Percevejos ..................................................................................... 30 2.14 Geadas ................................................................................................. 33 2.15 Fitotoxidade Causada por Fungicidas e Inseticidas .............................. 34 3.0 Produção de sementes – COASUL ......................................................... 37 3.1 Introdução ............................................................................................... 37 3.2 Informações da Empresa ........................................................................ 37 3.3 Logística ................................................................................................. 37 3.3.1 Escolha dos associados ................................................................... 38 3.3.2 Escolha das Cultivares ..................................................................... 38 3.3.3 Perspectiva de Demanda de Sementes ........................................... 38 3.3.4 Comercialização das Sementes ....................................................... 39 3.3.5 Obtenção de Semente genética ....................................................... 39 3.3.6 Controle do fluxo de beneficiamento e armazenagem ..................... 40 3.4 Escolha da Cultivar ................................................................................. 41 3.5 Controle de Gerações ............................................................................. 42 3.6 Inscrições dos Campos de Produção ..................................................... 42 3.7 Procedimentos e Critérios Adotados....................................................... 42 3.7.1 Escolha da Área ............................................................................... 43 3.7.2 Época de Semeadura....................................................................... 43 3.7.3 Tratos Culturais Diferenciados ......................................................... 43 3.7.4 Inspeções de Campo ....................................................................... 43 3.8 Colheita e pós-colheita do trigo .............................................................. 44 3.8.1 Colheita ............................................................................................ 44 3.8.2 Secagem .......................................................................................... 45 3.8.3 Armazenamento ............................................................................... 46 3.8.4 Qualidade Tecnológica do Trigo Armazenado ................................. 47 3.8.5 Requisitos para qualidade tecnológica ............................................. 47 3.9 Beneficiamento de sementes.................................................................. 48 3.9.1 Bases da separação......................................................................... 48 3.9.2 Etapas do beneficiamento ................................................................ 48 4.0 Atividades Complementares ................................................................... 54 4.1 Plantabilidade ......................................................................................... 54 4.2 Teste de Germinação ............................................................................. 55 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................... 57 6.0 REFERÊNCIAS.......................................................................................... 58 1 1.0 INTRODUÇÃO O Brasil pode ser considerado um dos celeiros mundiais, devido a suas grandes produções, que se estendem desde as pequenas culturas até as grandes culturas como o trigo. Os estudos das melhores técnicas de manejo e melhoramento genético das plantas estão possibilitando o aumento da produtividade por área. Neste contexto, a assistência técnica possui papel importante no acompanhamento das lavouras junto aos agricultores para encontrar as melhores decisões das técnicas de manejo a serem adotadas, buscando um bom desenvolvimento da lavoura e manutenção ou melhoramento das condições de solo. A cultura do trigo (Triticum aestivum L.) é bastante difundida na região Sul do Brasil, e o Paraná desponta como maior produtor do grão. Os principais fatores que influenciam as produtividades nas lavouras são o clima, que varia de região para região, a cultivar utilizada, adubação de base e cobertura, a densidade de semeadura e época de plantio. Com o passar dos anos o melhoramento genético e as novas técnicas de manejo possibilitaram um aumento na produtividade e qualidade dos grãos. Hoje já se tem lavouras produzindo cerca de seis toneladas por hectare, produtividade muito acima da média nacional. Os estudos realizados com as grandes culturas como o trigo são de grande valia, pois possibilitaram a elevação na produtividade e de várias outras características agronômicas desejáveis, mas esses conhecimentos adquiridos muitas vezes são de difícil entendimento para os agricultores. Nesse contexto, o engenheiro agrônomo possibilita a ligação entre a pesquisa e o agricultor. Esses profissionais estão diretamente ligados a área do melhoramento genético e a novas técnicas de manejo, ao surgimento de novas doenças, aos lançamentos de novos fungicidas e as novas cultivares desenvolvidas. As lavouras da região Sudoeste do estado do Paraná são expressivamente distintas entre si, no que diz respeito à fertilidade de solo, altitude, relevo, entre outras. Sendo assim, é de grande importância para o engenheiro agrônomo conhecer as características das lavouras da região onde está atuando, além disso, 2 o convívio direto com as culturas possibilita um conhecimento apurado das principais características. 2.0 DESENVOLVIMENTO O estágio na empresa COASUL – Cooperativa Agroindústrial foi realizado do dia 11 de julho ao dia 04 de novembro. Durante esses três meses, atuei em alguns setores da empresa, entre eles: assistência técnica e produção de sementes de trigo. 2.1 A COASUL Em junho de 1969, a união de 43 produtores saojoanenses fez surgir a Coasul Cooperativa Agroindustrial, resultado de um grupo de produtores rurais, que uniram suas forças e mantiveram-se coesos com os princípios e valores cooperativistas, realizando um processo de conscientização e identificação de lideranças. Além da preocupação com as estruturas, associados e colaboradores, os fundadores tinham outro desafio: conquistar a confiança de outros produtores da região e de credores. A falta de patrimônio e capital de giro fez com que os primeiros cooperados colocassem seus nomes e bens particulares para garantir todas as operações da Coasul, tanto com fornecedores, como com instituições financeiras. Todo esse esforço e dedicação resultaram numa cooperativa sólida, somando mais de 3.500 cooperados representando a força da integração em 21 Entrepostos divididos em 18 Municípios do Sudoeste do Paraná, além de 4 Supermercados, uma Fábrica de Rações e recentemente no ano de 2010 ocorreu a Inauguração do Abatedouro de Aves Coasul. 3 Para atender às necessidades crescentes dos cooperados, são constantes os investimentos em novas unidades de recebimento, informatização e interligação total de todos os serviços administrativos e operacionais, além do aprimoramento do sistema de assistência técnica, rede de distribuição de insumos e comercialização de produtos. A Coasul mostra sua força participando e promovendo o desenvolvimento sócio-econômico e agropecuário da região onde atua, com a visão de proporcionar o que tem de melhor no mercado para repassar aos seus cooperados. 2.2 A Cultura do Trigo A produção de trigo (Triticum aestivum L.) no Brasil é insuficiente para abastecer o consumo nacional, e o país ainda está distante da auto-suficiência, sendo que a área cultivada do Brasil na safra 2010 foi de 2.149,8 mil hectares, 11,5% menor que a área cultivada na safra de 2009 (CONAB, 2010). Segundo Embrapa Trigo (2010), o consumo anual de trigo no país tem se mantido em torno de 10 milhões de toneladas e a produção anual oscila entre cinco e seis milhões de toneladas. A melhoria das técnicas de manejo juntamente com a entrada de novos cultivares no mercado com bom potencial produtivo está contribuindo para o aumento da produtividade nas lavouras. O bom acompanhamento técnico das lavouras, decidindo-se junto ao agricultor épocas de plantio, cultivar utilizada, adubação, tratamento de sementes, densidade de semeadura, e tratos culturais da parte aérea, é outro fator que define as produtividades das lavouras. 2.3 Manejo Conservacionista do Solo 4 O sistema plantio direto é uma técnica de conservação muito empregada na agricultura, isto por que diminui o consumo de combustíveis que contribuem para diminuição do aquecimento global, além do não revolvimento do solo, que consequentemente contribui para a manutenção da palhada sobre o solo. A rotação de culturas é de fundamental importância quando se fala em plantio direto, pois contribui para a biodiversidade, facilita o manejo integrado de pragas, doenças e plantas infestantes, ajuda no controle da erosão, reduz potencial de inóculo de organismos causadores de podridões radiculares como Mal do pé (Gaeumannomyces graminis) e mancha amarela (Drechslera tritici), por exemplo. A semeadura anual de trigo, de triticale, de cevada, de centeio ou de outra gramínea, como azevém, por exemplo, na mesma área, é a principal causa da severa ocorrência dessas doenças. Culturas como a aveia preta, o nabo forrageiro, a canola e as leguminosas, em geral, constituem as melhores opções num sistema de rotação, visando ao controle dessas doenças (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). Na maioria das áreas observadas os agricultores não realizam rotação de culturas, uma prova disso é que em praticamente todas as lavouras ocorre a presença de mancha amarela (Drechslera tritici) (Figura 01) e mal do pé (Gaeumannomyces graminis) (Figura 02). A primeira se manifesta desde o inicio da cultura e a última no final do ciclo. 5 Figura 1. Mancha amarela (Drechslera tritici) Figura 2. Mal do pé (Gaeumannomyces graminis) 6 Outra doença identificada em uma propriedade foi o Fusarium spp., um microrganismo que sobrevive no solo, sendo transmitido por sementes, sobrevivendo em seu interior, em impurezas associadas às sementes e em restos da cultura. O dano ocorreu em reboleiras na fase inicial de desenvolvimento da cultura apresentando murcha e amarelecimento, iniciando de baixo para cima na planta. Observaram-se raízes menores e próximo ao colo e as plantas apresentavam uma coloração avermelhada, devido à obstrução de vasos e colonização do patógeno (Figura 03). Figura 3. Fusarium spp. O controle geralmente é impossibilitado, e para diminuir a quantidade de inóculo e a severidade da doença, recomenda-se a rotação de culturas com plantas não hospedeiras, utilização de sementes sadias e a não utilização de máquinas e implementos procedentes de áreas infestadas. 7 2.4 Calagem A análise de solo é um método eficiente para estimar a necessidade de corretivos de acidez e fertilizantes, mas é válida somente se a amostra analisada representar adequadamente a área a ser corrigida ou adubada. As análises de solo de rotina, para fins de indicação de calagem e de adubação, devem ter a periodicidade máxima de três anos. No sistema plantio direto consolidado sugerese amostrar de 0 a 10 cm de profundidade e, ocasionalmente, de 10 a 20 cm (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). A prática da calagem não foi observada durante o estágio, mas as informações obtidas diretamente com os agricultores revelam que na maioria das vezes é realizada sem a análise de solo assim como a adubação de base e de cobertura, isso nos indicia que essas áreas podem estar sofrendo uma calagem em excesso ou mesmo déficit, acarretando em inúmeros problemas, como, acidez do solo, erosão, problemas de absorção de micronutrientes, entre outros. 2.5 Adubação Nitrogenada A adubação nitrogenada é extremamente importante para a cultura do trigo, pois é o macronutriente que mais influencia nos componentes de rendimento. É dividida em duas fases, adubação de base e de cobertura. A adubação de base é aquela que irá possibilitar um rápido desenvolvimento inicial da cultura, aumento e manutenção de perfilhos. A adubação nitrogenada em cobertura pode, de acordo com a época de aplicação, alterar o rendimento de grãos do trigo por meio de estímulos aos componentes de rendimento, ou seja, o número de grãos por espiga, número de espigas por área e a massa de grãos (BREDEMEIER e MUNDSTOCK, 2001). A adubação de cobertura pode ser feita em uma, duas ou mais vezes de acordo com o nível de tecnologia adotada e recurso financeiro disponível, duas são as fases mais importantes para a aplicação em cobertura são quando a cultura atingir quatro folhas (Zadocks 2.2), nessa fase está se definindo o número de 8 espiguetas por espiga, e na fase final de perfilhamento (Zadocks 2.4) onde está se definindo o número de grãos por espigueta. Tabela 1. Indicações de adubação nitrogenada (kg ha-1) para o Paraná Cultura anterior Soja Milho Semeadura 10 – 30* 25 – 30* Cobertura 30 - 60* 30 – 90* *Para a expectativa de produção maior que 2 t/ha, acrescentar aos valores da tabela 20 kg de N/ha após soja e 30 kg de N/ha após milho, por tonelada de grãos a serem produzidos. COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010. A muita variação do nível de adubação utilizado nas lavouras, algumas lavouras semeadas antecipadamente não utilizaram adubação de base nem de cobertura, apenas realizado o controle de percevejo na dessecação, como o clima foi favorável as semeaduras realizadas no cedo, a cultura teve um bom desenvolvimento. Alguns agricultores de ponta utilizaram doses elevadas de fertilizantes, houve casos em que se aplicou 09 sacas/hectare de adubação de base e 06 sacas/hectare de uréia em cobertura, sendo que no geral a adubação de base mais utilizada foi de 05 sacas/hectare da formulação NPK (08-20-20 e 08-2015), e para a adubação nitrogenada de cobertura utilizou-se uréia a 45% de nitrogênio na quantidade de 02 sacas/hectare em apenas uma aplicação na fase de perfilhamento. No decorrer do estágio notou-se que nas áreas de trigo semeadas sobre a palhada de milho ocorreram maiores problemas com o estande de plantas sendo que estas apresentaram menor desenvolvimento, maiores número de folhas senescentes (amareladas) do que em áreas onde a cultura anterior foi à soja ou o feijão. Isso pode ser explicado pela maior quantidade de palha que a cultura do milho deixa sobre o solo, dificultando o plantio. Já o maior número de folhas senescentes pode ser ocasionado pela menor quantidade de nitrogênio que a palhada do milho disponibiliza para as plantas de trigo, juntamente com a adubação nitrogenada insuficiente (20 kg de N/ha na base e 45 kg de N/ha em cobertura), sendo que quando a cultura anterior foi a soja, essa adubação supria a necessidade de nitrogênio. Alguns agricultores abriram mão da uréia e optaram por utilizar adubação nitrogenada foliar com NUTRINS KOLOSSO GR, é um fertilizante foliar composto por 25% de nitrogênio solúvel em água, 1,5% P2O5 solúvel em água, 2,7% K2O 9 solúvel em água e 1,3% Zn solúvel em água. A cultura apresentou um bom desenvolvimento, sendo necessário observar o rendimento das lavouras para inferir a funcionalidade deste produto. 2.6 Fósforo e Potássio A adubação de potássio por ser um elemento que tem boa mobilidade no perfil de solo tanto pode ser feita na base como em cobertura. Nota-se que a adubação de base com fósforo e potássio é realizada apenas com base na produtividade de anos anteriores e não leva em consideração a análise de solo, que na maioria das vezes não é efetivada. Tabela 2. Adubação fosfatada para a cultura do trigo no Paraná Teor de P** (mg/dm3) P2O5 (kg/ha-1) <5 60 – 90* 5-9 40 – 60* >9 20 – 40* *Para a expectativa de produção maior que 2 t/ha, acrescentar aos valores da tabela 15 kg de P2O5, por tonelada de grãos a serem produzidos. ** Extraído pelo método de Mehlich 1. COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010. Tabela 3. Adubação potássica para a cultura do trigo no Paraná Teor de K** (cmolc/dm3) K2O (kg/ha-1) < 0,10 60 – 80* 0,10 – 0,30 40 -60* > 0,3 30 – 40* *Para a expectativa de produção maior que 2 t/ha, acrescentar aos valores da tabela 10 kg de K2O, por tonelada de grãos a serem produzidos. **Extraído pelo método de Mehlich 1. COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010. 10 2.7 Escolha da Cultivar O produtor deverá escolher cultivares que estejam contempladas no zoneamento agrícola da região, pois somente pode-se financiar uma lavoura com seguro ou Proagro, com cultivares indicados no zoneamento agrícola, pelos riscos que a cultura tem durante o ciclo, tromba d’água, granizo, geada e chuva na colheita (RAMOS, 2011). Outro fator é escolher uma cultivar que possua estabilidade produtiva, ou seja, que vem produzindo bem na região durante alguns anos. Se o produtor puder trabalhar com mais de uma cultivar com ciclos diferentes e plantados em épocas diferentes, seria interessante, evitando ter baixas produtividades devido às intempéries climáticas, como geadas ou chuva na colheita. As épocas de semeadura indicadas para a cultura de trigo no Paraná são as que têm maiores probabilidades de apresentar melhor rendimento de grãos conforme o ciclo das cultivares. Historicamente, os períodos de maior probabilidade de geada nas regiões tritícolas do Paraná têm sua maior freqüência entre 11 a 31 de julho. De modo geral, as cultivares indicadas para o cultivo no Estado têm, no seu ciclo, fator de fundamental importância na decisão de sua época ideal de semeadura. Portanto, em locais onde a ocorrência de geada tem sido mais freqüente, especialmente, no Centro, Oeste e Sudeste, nas semeaduras em que a emergência de trigo e triticale ocorre no intervalo entre 11 de abril a 31 de maio, estas lavouras, provavelmente, estariam espigando durante o mês de julho. Assim, aconselha-se o escalonamento de épocas de semeadura e diversificação de cultivares para uma mesma propriedade rural, mas sempre objetivando que as cultivares atinja o pleno espigamento até 1º de junho (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). A principal cultura presente nas lavouras da região é a do trigo. As principais cultivares semeadas pelos agricultores foi CD 108, CD 150, IPR 85, BRS Guamirim, e ainda com menores áreas encontramos a cultivar CD 104, BRS 220, OR/Biotrigo Quartzo, BRS Pardela e CD 116. 11 2.7.1 Resumo das Principais Características das Cultivares Segundo os Obtentores CD 108 Ciclo Superprecoce, estatura baixa, resistente ao acamamento, classe pão, classe de fertilidade alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, moderadamente suscetível a manhas foliares, oídio, suscetível a giberela. Densidade de semeadura 300 a 400 sementes/m2. CD 150 Ciclo Superprecoce, estatura baixa, resistente ao acamamento, classe melhorador, classe de fertilidade média a alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, moderadamente suscetível a manhas foliares, oídio, suscetível a giberela. Densidade de semeadura 300 a 350 sementes/m2. IPR 85 Ciclo acamamento, precoce, classe estatura melhorador, baixa, classe moderadamente de fertilidade suscetível média a ao alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, moderadamente suscetível a manhas foliares, oídio, suscetível a giberela. Densidade de semeadura 300 a 350 sementes/m2. BRS GUAMIRIM Ciclo precoce, estatura baixa, moderadamente resistente ao acamamento, classe pão, classe de fertilidade alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, a manhas foliares e giberela, moderadamente suscetível ao oídio. Densidade de semeadura 300 a 330 sementes/m2. BRS 208 Ciclo precoce, estatura média, moderadamente suscetível ao acamamento, classe pão, classe de fertilidade média a alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, manhas foliares, oídio, suscetível a giberela. Densidade de semeadura 300 a 350 sementes/m2. BRS 220 12 Ciclo precoce, estatura baixa, moderadamente resistente ao acamamento, classe pão, classe de fertilidade média a alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, moderadamente suscetível a manhas foliares, oídio, suscetível a giberela. Densidade de semeadura 300 a 350 sementes/m2. BRS PARDELA Ciclo precoce, estatura baixa, moderadamente suscetível ao acamamento, classe melhorador, classe de fertilidade alta. Resistente ao oídio e ferrugem do colmo, Moderadamente resistente a ferrugem da folha e a manhas foliares, moderadamente suscetível a giberela. Densidade de semeadura 280 a 300 sementes/m2. CD 104 Ciclo médio, estatura baixa, moderadamente resistente ao acamamento, classe melhorador, classe de fertilidade média a alta. Moderadamente resistente a ferrugem do colmo, moderadamente suscetível a manhas foliares, oídio, suscetível a ferrugem da folha e giberela. Densidade de semeadura 350 a 450 sementes/m2. CD 116 Ciclo precoce, estatura baixa, moderadamente resistente ao acamamento, classe melhorador, classe de fertilidade média a alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, a manhas foliar, moderadamente suscetível ao oídio e a giberela. Densidade de 350 a 450 sementes/m2. QUARTZO Ciclo precoce, estatura média, moderadamente resistente ao acamamento, classe pão, classe de fertilidade alta. Moderadamente resistente a ferrugem da folha, a manhas foliares e ao oídio, moderadamente suscetível a giberela. Densidade de semeadura 300 a 350 sementes/m2. 2.7.2 Características das Principais Cultivares Observadas a Campo 13 A cultivar CD 108 possui rápido desenvolvimento, as áreas em que se estabeleceu um estande acima de 400 plantas/m2, estas se mostram com maior potencial produtivo do que as áreas onde se semeou menores quantidades de sementes ou onde ocorreram falhas de semeadura. Isso se explica pela baixa capacidade de perfilhamento da cultivar e menor tamanho de espiga. Algumas áreas de alta fertilidade e aplicação de elevadas doses de adubação de base e cobertura acarretou em problemas de acamamento (Figura 04). Figura 4. CD 108 acamado O maior problema do cultivar CD 108 em relação a doenças é com o complexo de manchas, principalmente mancha amarela e mancha marrom, em áreas onde não se faz rotação de culturas e em pontos da lavoura com fertilidade baixa o problema se agrava, outro agravante da cultivar é a grande suscetibilidade a giberela. As áreas com o cultivar CD 150 apresentam um bom desenvolvimento inicial, suas características são muito próximas as do CD 108, como estatura e ciclo, mas apresenta uma melhor tolerância as manchas foliares e a Giberela, maior capacidade de perfilhamento (Figura 05). 14 Figura 5. Cultivar CD 150 O cultivar IPR 85 apresenta melhor tolerância a ferrugem da folha, mas se apresenta mais suscetível ao complexo de manchas foliares e a giberela, apresenta baixa capacidade de perfilhamento, maior estatura em relação ao CD 108 e ao CD 150, sendo que algumas áreas apresentaram problemas de acamamento (Figura 06). 15 Figura 6. IPR 85 acamado O cultivar BRS Guamirim possui alta capacidade de perfilhamento, áreas com menores densidades foram compensadas pela grande quantidade de perfilhos emitidos, já em áreas em que as densidades ficaram acima da recomendada houve menor perfilhamento e maior crescimento em estatura, favorecendo o acamamento. A instabilidade cromossômica proveniente da genética deste cultivar proporcionou uma disparidade na estatura das plantas, promovendo um aspecto visual de desuniformidade (Figura 07), sendo que os agricultores confundem como sendo misturas varietais. 16 Figura 7. Instabilidade cromossômica (BRS Guamirim) Em relação a doenças, o maior problema do BRS Guamirim é com oídio, com formação de inúmeras colônias esbranquiçadas e de aspecto pulverulento desde o inicio do desenvolvimento das plantas (Figura 08). O cultivar apresenta boa tolerância às outras doenças principalmente ao complexo de manchas e a ferrugem. 17 Figura 8. Oídio (BRS Guamirim) 2.8 Manejo antecipado do dessecante A dessecação antecipada trás muitos benefícios, nas quais se pode citar: melhoria na qualidade do plantio, ou seja, a semeadora consegue cortar mais facilmente a palha contribuindo para uma melhor emergência e estabelecimento inicial da lavoura. Outro benefício importante é que a lavoura emerge sem a presença de plantas daninhas, principalmente quando se faz duas dessecações: uma de 20 a 30 dias antes da semeadura e outra cerca de 2 a 3 dias antes do plantio, favorecendo ainda um controle mais efetivo em pós-emergência. Há ainda um menor ataque de pragas inicial, como lagartas e percevejos, pois sem material para se alimentarem, morrem ou migram para outras áreas e, com isso, pode diminuir o custo com inseticidas. 18 2.9 Densidade, espaçamento e profundidade de semeadura A densidade de semeadura é um fator importante a ser observada no momento do plantio, quantidade muito acima da recomendada provocam aumento da competição entre as plantas, diminuição do perfilhamento e problemas de acamamento. O efeito da competição entre plantas é determinante na produção de afilhos, com implicações diretas no rendimento de grãos e seus componentes (OZTURK et al., 2006). Neste contexto, VALÉRIO et al. (2008) observaram que genótipos de trigo com reduzido potencial de afilhamento são mais dependentes da densidade de semeadura. Desta forma, a identificação do número ideal de indivíduos por unidade de área, bem como qual densidade é mais estável e responsiva a melhoria da qualidade do ambiente, pode determinar o máximo rendimento de grãos, com o balanço ideal dos componentes do rendimento, sem o risco de ter excesso ou falta de plantas (MUNDSTOCK, 1999; VALÉRIO et al., 2008). As densidades variam de 60 a 80 sementes por metro ou 200 a 400 sementes viáveis/m2 em função do ciclo, porte das cultivares e, algumas vezes, quanto aos tipos de clima e solo (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). O espaçamento entre linhas deve estar numa faixa em que não ocorra competição exagerada entre plantas e também não seja muito grande, pois facilita a entrada de luz nas entre linhas e com isso à maior desenvolvimento de plantas daninhas dificultando o controle das mesmas. O espaçamento normalmente usado para trigo é de 17 cm entre linhas. Outros espaçamentos são possíveis, mas, de preferência, não devem ultrapassar 20 cm (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). A profundidade de semeadura do trigo implica no seu desenvolvimento, semeaduras profundas acarretam num aumento no gasto de reservas pra planta romper a camada de solo e emergir caracterizando plantas de menor vigor, isso faz com que aumente o tempo para o estabelecimento inicial e maior competição com plantas daninhas. 19 A profundidade de semeadura deve ficar em torno de 2 a 5 cm. Deve-se dar preferência à semeadura em linha, por distribuir mais uniformemente as sementes, pela maior eficiência na utilização de fertilizantes e menores possibilidades de danos às plantas, quando da utilização de herbicida em pré-emergência (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). Constataram-se muitas falhas de plantio em algumas propriedades que utilizam semeadoras de idade ultrapassada, nas quais se destaca variação de espaçamento entre linhas, falha na distribuição de sementes e de adubação de base (Figura 09). Estas falhas acabam comprometendo o estande de plantas não sendo compensado pela capacidade de perfilhamento, ocorrendo o comprometimento do desenvolvimento inicial de plantas, pois, algumas linhas recebem menores quantidades de adubo que outras. Figura 9. Falha na distribuição de adubo 2.10 Redutores de crescimento 20 Usados em cultivares de porte mais elevado com tendência de acamamento principalmente quando implantados em solos de elevada fertilidade. O acamamento trás grandes perdas de produtividade devido ao sombreamento de perfilhos aumentando e acelerando a senescência de folhas. Redutores de crescimento possibilitam o uso de maiores doses de nitrogênio, mesmo em cultivares de porte mais alto. Esses atuam como sinalizadores químicos na regulação de crescimento e desenvolvimento de plantas, podendo agir como antagonistas de promotores de crescimento como auxinas, giberelinas e citocinina ao impedir o alongamento de raízes e caules, a germinação de sementes e o brotamento de gema, de acordo com o estágio fenológico de aplicação e a dose empregada (SAMPAIO, 1998). Indica-se a aplicação de Moddus (trinexapaque-etílico), na fase de elongação da cultura (com o 1º nó visível), na dose de 0,4 L ha-1. O registro no MAPA para a respectiva região e o cadastro estadual deste produto deverá ser consultado (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). Em relação a aplicação de reguladores de crescimento, está se recomendando a aplicação de Moddus em doses que variam de 0,3l a 0,4 l/ha, principalmente nas cultivares com maior tendência de acamamento, em áreas de alta fertilidade e em lavouras com altas doses de adubação, as chuvas tem possibilitado um bom crescimento e desenvolvimento das plantas, o que está favorecendo algumas áreas ao acamamento. A aplicação é feita quando as plantas se apresentam com o primeiro nó visível e o segundo nó perceptível (Figura 10). 21 Figura 10. Estádio correto de aplicação de Moddus O alto custo do produto e por ser uma aplicação muito técnica, está trazendo receio por grande parte dos agricultores e este manejo foi adotado apenas em algumas propriedades. O clima favorável favoreceu um crescimento maior das plantas tornado-as mais suscetíveis ao acamamento, mesmo cultivares de baixa estatura como CD 108, CD 150 e BRS Guamirim em alguns locais apresentam áreas acamadas. Um exemplo do resultado foi encontrado em uma lavoura com o cultivar BRS Guamirim, em que o agricultor aplicou o regulador e em determinado ponto da lavoura desligou as barras do pulverizador por alguns metros, nesse local as plantas se encontram acamadas (Figura 11), como a cultura estava na fase de inicio de enchimento de grãos possivelmente essas plantas terão uma produtividade menor que o restante da lavoura. 22 Figura 11. BRS Guamirim acamado sem Moddus Outra técnica utilizada por uma minoria de agricultores em relação ao regulador de crescimento é a aplicação do mesmo após a fase indicada, mas em doses menores, 0,2l/ha, apenas para o direcionamento foliar, ou seja, tornando as plantas com arquitetura foliar mais ereta. Ainda não se tem resultados econômicos sobre esta técnica, até o momento se observa bons resultados visuais. 2.11 Controle de Plantas Daninhas Pode ser feito através do controle cultural e químico, o primeiro consiste em utilizar características ecológicas da cultura e da planta infestante, de tal forma que a primeira leve vantagem na competição, sem aumento no custo de produção. Exemplos: época de semeadura adequada, espaçamento menor, maior densidade de semeadura, etc. O segundo leva é a indicação do uso de herbicidas que deve levar em consideração as plantas daninhas existentes na área, estágio de 23 desenvolvimento das mesmas para se ter maior eficiência do controle e maior economicidade de cada um dos tratamentos. O uso e a adoção, por parte dos agricultores, da melhor opção de controle, deverão ser decididos para cada caso (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). Algumas áreas apresentam problemas com plantas daninhas das quais podemos destacar o azevém (Lolium multiflorum) (Figura 12), aveia preta (Avena strigosa), picão-preto (Bidens pilosa), corda-de-viola (Ipomoea grandifolia), nabiça (Raphanus raphanistrum). Algumas áreas que foram cultivadas anteriormente com a cultura do feijão apresentam plantas remanescentes ocasionado pela germinação dos grãos desperdiçados após a colheita. Figura 12. Plantas daninhas azevém (Lolium multiflorum) Os principais produtos recomendados para controle de plantas daninhas são os seguintes: Hussar (Classe: Herbicida Seletivo de ação sistêmica, do grupo Sulfoniluréia; Tipo De Formulação: Granulado Dispersível; Este produto é indicado para controle de várias plantas daninhas mas se mostra mais eficiente no controle de azevém, a dose indicada é de 70 g/ha). Topik (Classe: Herbicida seletivo de ação sistêmica do grupo químico ácido ariloxifenoxipropiônico. Tipo de Formulação: 24 Concentrado emulsionável, o herbicida Topik é eficiente no controle de aveia, mas deixa a desejar no controle de azevém, a dose recomendada é 100 a 150 ml/ha, é necessário adicionar óleo na concentração de 0,5 % do volume de calda). Para controle de plantas daninhas dicotiledôneas ou “folhas largas” o produto mais utilizado é o Ally (Seletivo e com ação sistêmica, pertencente ao grupo químico das Sulfuniluréias,Tipo de Formulação: Granulado dispersível, a dose varia de 4,0 a 6,6 g/ha). 2.12 Controle de Doenças O controle de doenças é uma técnica imprescindível para manter uma boa sanidade das plantas, pode ser realizado mesmo antes do plantio com a escolha de cultivares resistente ou tolerante, entretanto, ainda não foram desenvolvidos cultivares resistentes a todas as doenças. Além disso, para o oídio e a ferrugem da folha, a resistência pode não ser durável. Assim, outras técnicas, como a produção de sementes indenes e seu tratamento com fungicidas, a rotação de culturas e a eliminação de plantas voluntárias, auxiliam na redução do inóculo dos patógenos. Além dessas medidas, dispõe-se do controle químico, medida emergencial, rápida e eficiente, mas que aumenta o custo de produção e por isso deve ser usado com racionalidade. Os fungicidas podem ser usados no tratamento de sementes e em pulverização dos órgãos aéreos (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). Uma das alternativas para o controle doenças é o tratamento de sementes cujo o objetivo é eliminar os patógenos veiculados pela semente como as manchas foliares e podridão comum de raízes. Está técnica é eficiente quando complementada pela rotação de culturas principalmente no controle de doenças necrotróficas a exceção é o oídio que é causado por um fungo biotrófico. O oídio (Blumeria graminis f.sp. tritici), embora não seja veiculado pela semente, pode ser controlado, em cultivares suscetíveis, pelo tratamento de sementes com o triadimenol. Este tratamento também controla o carvão (COMISSÃO 2010). 25 Utilizar cultivares resistentes ou tolerantes, caso contrário o tratamento de semente é indispensável, pois protege a cultura na fase inicial de desenvolvimento, visto que alguns tratamentos dependendo das condições climáticas protege a cultura por um período maior que trinta dias, possibilitando o agricultor monitorar a lavoura e realizar menor quantidade de aplicações na parte aérea diminuindo custos com fungicidas e menor amassamento e queda de plantas. Se observou que apenas uma minoria de agricultores optou por esta técnica, a razão seria pelo custo dos produtos e o risco da cultura. A mancha marrom produz lesão de centro pardo-escura e bordas arredondadas e de tamanho indefinido. A mancha amarela é similar à mancha marrom, apresentando, entretanto, halo amarelo. A mancha das glumas ocorre mais nas brácteas florais e nos nós das plantas, existindo eventualmente a presença de picnídios (pontos pretos) nas lesões. A mancha salpicada manifestase, inicialmente, como pontos amarelos entre as nervuras foliares que, depois, transformam-se para pardo-claro com pequenas pontuações pretas, os picnídios (EMBRAPA TRIGO, 2006). O controle de manchas foliares se inicia na produção de sementes indenes, rotação de culturas e tratamento com fungicidas. As principais manchas foliares são causadas pelos fungos Bipolaris sorokiniana, Drechslera spp. e Stagonospora nodorum. O monitoramento da lavoura é essencial antes de iniciar a aplicação de fungicidas. O uso de fungicidas formulados a base de triazóis e estrobirulinas tem se mostrado uma combinação eficiente no controle da ferrugem da folha. O controle da ferrugem do colmo pode ser feita com a semeadura de cultivares resistentes. A giberela é causada, principalmente, pelo fungo Gibberella zeae (forma assexuada Fusarium graminearum) e a brusone (Pyricularia grisea). São doenças de difícil controle e altamente influenciadas pelo ambiente. Estas doenças atacam a planta de trigo especialmente em regiões em que, principalmente a partir do início da floração, ocorrem chuvas freqüentes e contínuas, a diferença é que a giberela está associada a temperaturas amenas e a brusone a temperaturas mais elevadas. A aplicação de fungicidas deve ser realizada a partir do início da floração estendendo-se até o final do florescimento. O tratamento com fungicidas apresenta menor eficiência no controle da giberela e da brusone, que para doenças foliares (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). 26 As principais doenças encontradas nas lavouras foram à ferrugem, oídio, as do complexo de manchas, entre as principais estavam à mancha amarela e mancha marrom, além das doenças que ocorrem a partir da antese como a Giberela e mal-do-pé. A umidade elevada no terço inferior das plantas combinado com temperaturas acima de 200c em determinados períodos favoreceu o aparecimento de pústulas de ferrugem da folha (Figura 13). Figura 13. Pústulas de ferrugem O controle está sendo feito com a aplicação de fungicidas triazóis como Tebuco, Riza na dose de 0,6 a 0,85 l/ha e fungicidas a base de triazóis e estrubirulina como Opera e Nativo na dose de 0,5 a 0,8l/ha. O oídio afetou principalmente a cultivar BRS Guamirim que é mais suscetível. O controle foi feito com fungicidas a base de triazol e estrubirulina como Nativo, Opera, Aproach Prima, e algumas áreas apenas com fungicidas a base de triazóis, como Tebuco, Tebuconazole e Riza. O principal problema encontrado nas lavouras, principalmente aquelas que não realizam rotação de culturas, foi à mancha amarela e mancha marrom. Os fungos que causam estas manchas sobrevivem nos restos culturais, 27 consequentemente a monocultura contribui enormemente para o desenvolvimento destas doenças. A giberela é uma doença fúngica que se desenvolve na cultura do trigo atacando as espigas na fase da antese, e é favorecida por períodos de molhamento acima de 36 horas. O clima favorável possibilitou o desenvolvimento da mesma, principalmente nas áreas cultivadas com o cultivar CD 108 que é mais suscetível a está doença (Figura 14). Figura 14. Giberela (CD 108) Outro problema muito comum é o Mal-do-pé, e ocorre principalmente em áreas onde não se realiza rotação de culturas, é causado por um fungo de solo e prejudica o desenvolvimento das raízes, esse problema se torna mais visível na fase de enchimento de grãos, as plantas começam a adquirir uma coloração esbranquiçada e são facilmente destacadas do solo. Ambos os problemas citados acima Giberela e Mal-do-pé não possuem controle químico, o primeiro é mais difícil de ser controlado por que depende principalmente das condições climáticas, já o segundo pode ser evitado ou diminuído através da rotação de culturas. 28 Os principais produtos recomendados pelos técnicos da Coasul para controle das doenças na cultura do trigo são os seguintes: Tilt (Classe: Fungicida sistêmico do grupo químico Triazol; Tipo de Formulação: Concentrado Emulsionável; Indicado para controle de manchas, oídio e ferrugem, mas se mostra mais eficiente no controle de manchas principalmente mancha amarela e mancha marrom, aplicar a dose de 0,4 l/ha), Nativo (Classe: Fungicida mesostêmico e sistêmico dos grupos estrobilurina e triazol; Tipo de Formulação: Suspenção concentrada; Indicado para controle de oídio, ferrugem da folha, mancha amarela e marrom; Aplicar dose de 0,6l/ha), Opera (Classe: fungicida de ação sistêmica dos grupos químicos estrobilurina (piraclostrobina) e triazol (epoxiconazol); Tipo de formulação: Suspenção/emulsão; indicado para controle de manchas e ferrugem na dose de 0,5 a 1,0 l/ha), Tebuco (Classe: Fungicida sistêmico; Grupo QuÍmico: Triazol; Tipo de formulação: Concentrado Emulsionável, indicado para controle de ferrugem e mancha amarela na dose de 1,0 l/ha). Essas recomendações seguem as indicadas pelos fabricantes. Como o principal problema das lavouras está sendo a mancha amarela está se recomendando a aplicação de Tilt, visto que este produto se mostra mais eficiente no controle dessa doença. O nível de manejo varia de agricultor por agricultor, alguns decidiram por fazer apenas um ou dois tratamentos, outros de três a quatro aplicações, mas o mais comum foi de três aplicações de fungicidas e inseticidas. 2.13 Controle de Pragas Do ponto de vista econômico, o inseto só é considerado praga para uma determinada cultura quando atinge níveis populacionais, cujos danos potenciais superam o gasto que seria necessário para evitá-los. As pragas que com maior freqüência atingem essa condição na cultura do trigo a campo, são os pulgões, a lagarta-do-trigo, a lagarta-militar e o percevejo-barriga-verde (PEREIRA et al, 2006). As principais pragas encontradas nas lavouras foram o percevejo verde pequeno (Piezedorus guildinii), o pulgão verde (Myzus persicae) e a lagarta do trigo 29 (Pseudaletia sequarax), sendo esta última de pouca ocorrência, apenas alguns ataques ocasionais e de baixo nível de dano a cultura. 2.13.1 Pulgões Várias espécies de pulgões (Hemiptera, Aphididae) ocorrem na cultura de trigo, dependendo da época do ano e da região tritícola. As mais comuns são o pulgão-verde-dos-cereais (Schizaphis graminum), o pulgão-do-colmo-do-trigo ou pulgão-da-aveia (Rhopalosiphum padi), o pulgão-da-folha-do-trigo (Metopolophium dirhodum) e o pulgão-da-espiga-do-trigo (Sitobion avenae). Um dos principais danos associados aos pulgões, porém causado de forma indireta, é a transmissão de vírus fitopatogênicos que reduzem o potencial de produção do trigo, como o Barley Yellow Dwarf Virus (BYDV) e o Cereal Yellow Dwarf Virus (CYDV), agentes causais do nanismo amarelo em cereais de inverno. Estes vírus são disseminados de plantas infectadas para sadias, exclusivamente por meio da saliva do vetor (afídeo) verde (PEREIRA et al, 2006). Os pulgões são facilmente controlados com inseticidas diluídos em água e aplicados via pulverização da parte aérea das plantas. O tratamento de sementes com inseticidas apropriados também é tecnicamente viável e apresenta os melhores resultados no controle do complexo pulgões/BYDV (PEREIRA et al, 2006). Algumas áreas foram afetadas por pulgões, principalmente pelo pulgão verde, que é mais prejudicial na fase de perfilhamento do trigo, isso foi favorecido por um período de oito a dez dias sem chuvas. O pulgão da espiga é outra praga que afetou a cultura, obrigando a entrada com inseticidas como Platinum Neo e Engeo Pleno, e se não forem controlados podem acarretar em danos físicos as sementes, danificando e diminuindo sua qualidade. 30 2.13.2 Lagartas Desfolhadoras As lavouras de trigo podem ser atacadas principalmente por três espécies de lagartas (Lepidoptera, Noctuidae) que se alimentam das folhas e de outros órgãos da parte aérea das plantas. Pseudaletia sequax e P. adultera, conhecidas pelo nome comum de lagarta-do-trigo e Spodoptera frugiperda, denominada lagartamilitar ou lagarta-do-cartucho-do-milho. No manejo das lagartas do trigo deve-se procurar preservar os inimigos naturais e usar o controle químico apenas quando necessário e de forma bastante criteriosa. O alto potencial de danos que as lagartas apresentam, sendo por atacarem plântulas (S. frugiperda) ou por atacarem espigas (Pseudaletia spp), justificam a aplicação de lagarticidas mesmo antes de atingirem seu tamanho máximo, quando ainda podem durar em torno de 7 a 14 dias e apresentar grande capacidade de consumo. O tamanho das lagartas também deve ser considerado em relação ao modo de ação do inseticida a ser escolhido. Quando predominam na população lagartas grandes, produtos de ação mais rápida devem ser os preferidos. Inseticidas reguladores de crescimento devem ser usados para lagartas de tamanho pequeno e/ou médio (PEREIRA et al, 2006). A lagarta do trigo preocupou alguns agricultores, em algumas áreas em estágios mais avançado da cultura ocorreu à presença das mesmas, por trazerem um dano irreversível, cortando as espigas e derrubando-as no solo é uma praga preocupante, sendo necessária a aplicação de inseticidas de contato se já estiverem em estádio adulto de desenvolvimento, e um inseticida fisiológico para atuar nas lagartas em inicio de desenvolvimento. Mesmo não tendo a presença da lagarta na maior parte das áreas, os técnicos estão recomendando juntamente com a última aplicação de fungicida a aplicação de um inseticida fisiológico, para assegurar o máximo controle desta praga. 2.13.2 Percevejos 31 Os percevejos (Hemiptera: Heteroptera) são insetos sugadores, isto é, alimentam-se introduzindo o aparelho bucal (estiletes) na fonte nutricional. Durante ou após a alimentação pode ocorrer a infecção por microorganismos, causando manchas típicas nas sementes ao redor da inserção dos estiletes. Dentre as espécies fitófagas, a mais prejudicial é a D. melacanthus, sua ocorrência tem sido observada desde a implantação da cultura do trigo até o espigamento, sendo que a fase mais suscetível ao ataque de percevejos na cultura vai do emborrachamento ao espigamento (GASSEN, 1983). Os danos qualitativos em trigo seguem uma seqüência de eventos, que se inicia com pontuações transversais, evoluindo para necrose, enrolamento e/ ou secamento da parte da folha acima das pontuações, além da formação de perfilhos anormais causando o sintoma de “cebolinha”, caracterizado pela não separação das folhas (CHOCOROSQUI, 2001). A praga presente em praticamente todas as áreas sendo o causador dos maiores danos a cultura do trigo foi o percevejo verde pequeno. Difícil de serem encontrados entre as plantas, seus danos são causados pela toxina injetada no momento em que ele realiza a sucção da seiva, geralmente ocorre em reboleiras e são percebidos dias depois do ataque com o desenvolvimento da cultura, e são caracterizados pelo enrolamento da folha principal e um excessivo perfilhamento sendo que esses perfilhos são improdutivos (Figura 15). 32 Figura 15. Á esquerda perfilhos improdutivos A aplicação de um inseticida juntamente com a dessecação de présemeadura do trigo tem se mostrado eficiente no controle preventivo desta praga. Outra técnica eficiente é o tratamento de sementes. Os principais produtos recomendados pelos técnicos da Coasul para controle das pragas na cultura do trigo são os seguintes: Engeo Pleno, (CLASSE: Inseticida sistêmico, de contato e ingestão; Grupo Químico: neonicotinóide e piretróide; Tipo de Formulação: suspensão concentrada; indicado para controle de lagarta, percevejo, pulgão e vaquinha, a dose varia de 75 a 200 ml/ha). Dimilin, (Classe: Inseticida fisiológico inibidor da síntese de quitina, do grupo químico benzoiluréia; Tipo de formulação: Grânulos dispersíveis em água; indicado para controle de lagarta do trigo na dose de 30 g/ha). Certero (Classe: Inseticida fisiológico, inibidor da síntese de quitina, pertencente ao grupo benzoiluréia; Tipo de Formulação: Suspensão Concentrada; indicado para controle de lagarta do trigo na dose de 30 ml/ha), Platinum Neo (Classe: inseticida sistêmico, de contato e ingestão; Grupo Químico: Neonicoitinoide e Piretróide; Tipo De Formulação: Suspensão concentrada; indicado para controle de pulgão 40 a 50 ml/ha e controle de percevejo 150 ml/ha), Connect (CLASSE: Inseticida sistêmico; Grupo Químico: 33 Neonicotinóide (Imidacloprido) e Piretróide (Beta-ciflutrina); Tipo de Formulação: Suspensão Concentrada; indicado para controle de pulgão na dose de 250 a 500 ml/ha e percevejo 500 a 750 ml /ha). Talcord (CLASSE: Inseticida de ação por contato e ingestão; Grupo Químico: Piretróide; Tipo de Formulação: Suspensão Concentrada; indicado para controle de pulgão da espiga, dose de 200 ml/ha e lagarta do trigo 100 ml /ha). Essas recomendações seguem as indicadas pelos fabricantes. 2.14 Geadas Desde o inicio do estágio observou-se a cultura em vários estádios de desenvolvimento, semeaduras feitas antecipadamente que estavam na fase espigamento, antese e enchimento de grãos foram as mais prejudicadas pela ocorrência de geadas, principalmente em áreas de baixadas que se caracterizam por acumularem o ar mais frio e consequentemente menores temperaturas. As plantas que estavam na fase perfilhamento e alongamento não foram prejudicadas. Os sintomas de dano aparecem alguns dias após a ocorrência das mesmas. As espigas prejudicadas apresentam uma cor esbranquiçada, e quando se aplica uma leve força puxando a espiga para cima a mesma se desprende facilmente da planta na região do último nó. Outro sintoma de dano pela geada é a presença de uma região necrosada do caule logo abaixo da aurícula da folha bandeira. Algumas áreas que tiveram problemas de acamamento antes da ocorrência das geadas foram ainda mais prejudicadas, justamente por que as espigas ficaram mais próximas do solo, onde a temperatura é menor (Figura 16). 34 Figura 16. Plantas acamadas mais prejudicadas pela geada As primeiras áreas estão sendo colhidas, e as produtividades, cerca de 33 sacas/hectare, não foram animadoras, as geadas ocorridas principalmente no estádio de antese que é uma das fases mais suscetíveis ao frio intenso, prejudicou a fecundação, sendo observada espigas com falhas de enchimento de grãos. 2.15 Fitotoxidade Causada por Fungicidas e Inseticidas Um problema encontrado em uma lavoura foi a fitotoxidade causada por uma mistura de tanque com um inseticida (Connect) mais um fungicida (Nativo) e um óleo adjuvante (Áureo), todas as folhas inclusive a folha bandeira foi afetada, apresentando uma coloração amarelada, principalmente na área central (Figura 17), não se tem certeza se o problema está na dose aplicada ou se a cultivar CD150 é mais sensível a esta mistura, justamente por que na cultivar BRS Guamirim que compõe a mesma lavoura, não observou-se a fitotoxidade. 35 Figura 17. Fitotoxidade (Inseticida + Fúngicida + Óleo adjuvante) Outro fato importante ocorrido em uma área cultivada com a cultivar BRS Guamirim foi a fitotoxidade causada pelo herbicida Topik aplicado em conjunto com óleo mineral adjuvante Assist para controle de aveia. Este foi aplicado após o espigamento da cultura causando um amarelecimento das folhas do terço médio e algumas plantas alcançando a folha bandeira (Figura 18). 36 Figura 18. Fitotoxidade (Herbicida Topik + Óleo adjuvante) As condições climáticas no dia da aplicação eram normais, sendo que nos três a quatro dias subseqüentes ocorreram algumas chuvas, presença de nebulosidade e temperaturas baixas. A explicação para a ocorrência da fitotoxidade segundo o representante técnico de vendas do fabricante do produto é de que a instabilidade do tempo juntamente com as baixas temperaturas fizesse com que as plantas de trigo diminuíssem sua fotossíntese e não conseguisse metabolizar rapidamente a molécula do herbicida, após esse período de instabilidade do tempo, as plantas voltariam a realizar fotossíntese normalmente fazendo com que diminuísse ou desaparecesse o amarelecimento característico da fitotoxidade. Após alguns dias de boa intensidade luminosa foi realizada outra visita a propriedade e verificou-se que o amarelecimento ou a fitotoxidade das plantas havia diminuído em sua grande maioria, enfatizando a explicação dada pelo fabricante. 37 3.0 Produção de sementes – COASUL 3.1 Introdução Uma boa produtividade e um bom rendimento dependem de um processo de beneficiamento evitando materiais inertes juntamente as sementes, dano mecânico durante a colheita, dentre outros fatores visando elevar a qualidade das sementes. A COASUL – Cooperativa Agroindústrial unidade de São João, possui inscrição no Renasem n° PR 03250/2009, empresa cada strada e autorizada para a produção de sementes, sua unidade de beneficiamento de sementes fica situada no município de São João-PR. O Engenheiro Agrônomo Vilmar Luiz Ferri é responsável técnico pela da produção de sementes 3.2 Informações da Empresa A unidade de beneficiamento da COASUL está localizada no município de São João no estado do Paraná, no endereço, Rua General Osório, 920, Bairro COASUL, 85.570-000, e telefone: (046) 3533 – 8100. O responsável técnico pela unidade de beneficiamento de sementes da cooperativa é o Eng. Agr. Vilmar Luiz Ferri. As culturas que são produzidas sementes são da soja e do trigo, como a cultura em desenvolvimento é a do trigo será dado mais ênfase a está cultura. 3.3 Logística 38 3.3.1 Escolha dos associados A escolha dos produtores de sementes se dá através da experiência do responsável técnico na área, já se tem um grupo certo de produtores, o produtor que não caprichar é retirado desta relação. 3.3.2 Escolha das Cultivares Esta pautada na demanda, em função das cultivares que tem se destacado no ano anterior, existe uma demanda sempre maior por essas cultivares, a COASUL também cria a demanda em função da pesquisa, adquirem novos materiais e repassam a agricultores pólo e estes vêem o resultado e o próprio agricultor faz a propaganda, é o caso típico que ocorreu com o CD 150, e da maioria dos outros materiais, outro caso parecido ocorreu com a cultivar de soja Don Mario 5.8i RR ou Apolo, a empresa adquiriu 200 sacas e dividiu para alguns agricultores de todos os entrepostos, e ai então a cultivar se destacou e criou a demanda. 3.3.3 Perspectiva de Demanda de Sementes O cálculo se baseia no ano anterior e a expectativa criada sobre determinada cultivar, então se canaliza essa perspectiva para a produção da mesma, o cultivar CD 150 caminha para isso, criou-se expectativa muito grande e divulgou-se rapidamente, ocorrendo falta de sementes no ano de 2011, ocorrendo destaque desta nesse ano, para o ano que vem a demanda irá ser muito grande. A sua perspectiva de demanda também é influenciada principalmente pelo seu espaço para armazenamento, que é o principal fator de restrição para ampliação da 39 produção de sementes. A venda das sementes é apenas para os associados, porém, a oferta é menor que a demanda. 3.3.4 Comercialização das Sementes A empresa comercializa toda a semente produzida na nossa região, produz cerca de 80 mil sacas de soja, mais 70 mil sacas de trigo que são absorvidos na região e ainda ocorre falta de sementes. A COASUL possui uma demanda muito boa em função da qualidade da semente produzida. 3.3.5 Obtenção de Semente genética A empresa obtém sementes do IAPAR, COODETEC, e da BRASMAX sendo que NIDERA ainda não se está produzindo sementes devido ao preço dos royalties serem muito caros, e começarão a trabalhar com a FUNDACEP. Na área de trigo este ano só será feita semente da COODETEC com os cultivares CD 108 (Pão), CD 104 (Melhorador) e CD 150 (Melhorador). Segundo o responsável técnico estes são considerados os materiais de melhor qualidade e infelizmente não será mais produzida semente do IPR 85, os motivos são os seguintes: maior quantidade de semente necessária por área, produtividade limitada em 120 a 130 sc/alq. Não trabalha com a Embrapa em função de que a semente tem que passar antes pelas fundações, e a COASUL não concorda com essa filosofia, devido a Embrapa ser um órgão público e essas fundações cobrarem royalties. As sementes são feitas a base de contratos, taxas tecnológicas são pagas as empresas detentoras, royalties se for com a tecnologia RR (no caso da soja), e com relação ao trigo são pagas taxas tecnológicas para as empresas detentoras. A empresa firma contrato de licenciamento com seus fornecedores de semente básica, nos quais fica estabelecida a quantidade de área produzida e as categorias a serem multiplicadas. De tempos em tempos, enviam-se relatórios para as empresas 40 detentoras do germoplasma, os royalties variam de empresa para empresa, porém, os valores cobrados não foram fornecidos pelo Eng. Agr. responsável. 3.3.6 Controle do fluxo de beneficiamento e armazenagem O controle de fluxo se inicia na relação de campo no caso de sementes básicas, quando entra na classificação, são inscritas nas categorias C1 ou C2, quando estas entram nessa categoria além de receberem o número de lote, levam também o número do campo do agricultor que produziu, isso garante a rastreabilidade e cada carga de sementes se recebe separadamente para dentro do armazém e depois são beneficiadas e separadamente. Já as sementes S1 e S2 não são separadas por produtor, apenas recebem o número de lote, não é exigido rastreabilidade. A semente entra no sementeiro onde é feito controle através do sistema informático e manual para evitar ou diminuir problemas. Quando o campo é aprovado é dada uma guia de lavoura inclusive é lei e tem que ser usado, cada carga vem com uma guia dessa, quando essa carga chega na classificação é uma forma de verificar que ela foi aprovada. Após a entrada das sementes na unidade é feito primeiramente uma prélimpeza, e depois é colocado dentro do armazém onde fica armazenada em Bags, depois do término da safra, volta-se para a moega. As categorias C1 e C2 são beneficiadas separadas carga por carga e por agricultor, todos os Bags são etiquetados para evitar misturas de sementes entre os agricultores, depois de terminado o beneficiamento das categorias superiores inicia-se o beneficiamento das categorias S1 e S2, as quais não são feitas por produtor, e sim a granel e por categoria, depois é ensacado, e deixam uma parte em Bags onde se contrabalança para pesar os Bags. As sementes que serão tratadas são deixadas em Bags, pela facilidade de colocar na máquina para tratar. A umidade que será armazenada as sementes no caso do trigo é sempre abaixo de 14%, mas é recebido com no máximo 17%, esse é o fator que dificulta produção de sementes, a secagem, o limite é o secador. A soja é recebida apenas seca, abaixo de 14% se for acima não é recebido, esse é um dos fatores que 41 contribui para a boa qualidade e alto valor de germinação das sementes produzidas. O trigo também é ensacado em sacas de 40 kg, sendo que poucos agricultores realizam o tratamento de sementes, os tratamentos não tem justificado seu custo, estes devem diminuir de preço para se tornarem viáveis, segundo o gerente de produção de sementes o tratamento persiste por apenas 15 dias e isso não justifica o preço cobrado pelas empresas, por isso os agricultores não estão adotando esta prática. Na soja se tem problemas com a qualidade dos inoculantes, estes saem da fábrica com qualidade boa, mas em função do sistema de armazenagem e transporte quando chegam ao agricultor estão com qualidade ruim. 3.4 Escolha da Cultivar As cultivares utilizadas para a produção de sementes são registradas no RNC (Registro Nacional de Cultivares) e protegidas, e no caso da soja gerando obrigatoriedade o pagamento dos royalties para as empresas detentoras como a Brasmax e Coodetec. O critério para escolha das cultivares a serem utilizadas deve-se principalmente ao interesse do produtor, onde, mesmo apresentando destaque em relação às cultivares comerciais do momento, pode ser descartada por não haver aceitação. Outros critérios são a produtividade, a resistência à doenças, o não acamamento e a estabilidade nas áreas aonde foram semeadas e a qualidade indústrial. Este ano o destaque de produção de sementes será para a cultivar CD 150, sendo que também será produzido sementes das cultivares CD 108 e em Menores quantidades do CD 104. Cabe ressaltar que a produção de sementes da Coasul é direcionada para os seus cooperados, os quais possuem grande influência no momento da escolha da cultivar. 42 3.5 Controle de Gerações É realizada a compra da semente básica ou genética, normalmente se compra a básica, mas no momento de inscrição dos campos se inscreve na categoria C1, e em alguns casos o detentor exige que se inscreva na categoria C2, tudo é feito a base de contratos. A inscrição dos campos sempre é feita uma categoria abaixo, por exemplo, a semente básica adquirida da empresa detentora é inscrita na C1, as sementes C1 são inscritas na C2, esta posteriormente é inscrita na S1 e posteriormente na S2. 3.6 Inscrições dos Campos de Produção É pautado em cima da nota fiscal de compra, onde nessa inscrição de campo é realizada uma relação de campo e feito uma cópia da nota fiscal de compra, número do campo, coordenadas geodésicas, categoria da semente, nome do produtor, cidade, cultivar, área, a data de semeadura, e a expectativa de produção, depois no recebimento vem uma cópia da nota fiscal com as coordenadas geodésicas, número de lote, quantidade em quilos, o certificado de semente, data de colheita, o número da nota, e o Renasem. A inscrição dos campos de sementes junto ao Mapa pode ser realizada até trinta dias após o final do plantio das áreas. Posteriormente ocorre a homologação no ministério da agricultura. Nessas inscrições de campo se paga uma taxa para o ministério que é de dois reais por hectare, vai anexado junto à nota fiscal para o ministério uma cópia da RT, cópia do pagamento da taxa ao ministério, termo de conformidade para as categorias S1 e S2, requerimento e autorização do detentor. 3.7 Procedimentos e Critérios Adotados 43 3.7.1 Escolha da Área Cooperados competentes e de maior vínculo à cooperativa tem suas áreas escolhidas com mais facilidade. Além disso, a facilidade de acesso à área e a distância até a unidade de beneficiamento influencia na decisão em quais áreas estabelecem-se os campos de produção. 3.7.2 Época de Semeadura Na região, os plantios de trigo para produção de sementes iniciam-se a partir do dia 20 de maio e estendem-se até meados de julho. Essa época está dentro do zoneamento agrícola e confere menos risco de danos por geadas. 3.7.3 Tratos Culturais Diferenciados Inicialmente, realiza-se uma inspeção do local para averiguar a presença de plantas classificadas como proibidas ou toleradas para a produção de sementes, como é o caso da Avica e do Nabo, estas são de difícil separação, procedendo-se com o manejo específico a fim de evitar contaminação da lavoura, caso necessário. Tais técnicas visam prevenir problemas futuros, como eliminação do campo, e máxima qualidade das sementes obtidas. 3.7.4 Inspeções de Campo São realizadas duas inspeções obrigatórias dos campos, a primeira ocorre logo após a fase de antese, sendo que o responsável técnico tem o papel de 44 orientar o agricultor a realizar as práticas de manejo necessárias para uma produção de sementes de boa qualidade. E a última inspeção na pré- colheita de um a cinco dias antes da colheita, onde se tem maior facilidade de visualização das plantas atípicas. Essas vistorias são realizadas em sistema de caminhamento em ziguezague, tentando analisar toda a área necessária, e estes dados são registrados em um relatório de inspeção. Quando se verifica problemas que não podem ser resolvidos, como existência na área de plantas nocivas proibidas, o campo é eliminado da relação. Para descontaminação dos campos, procede-se a retirada das plantas atípicas presentes na lavoura. Há casos em que plantas da mesma cultivar apresentam características morfológicas diferentes, acusando a existência de segregação, isto está sendo observado na cultivar CD 150, sendo assim, o roguing torna-se desnecessário, uma vez que o evento se repetirá na próxima safra. Quando há existência de plantas nocivas proibidas, ocorre condenação do lote, com exceção de algumas espécies que, quando em baixa incidência na lavoura, podem ser removidas durante o beneficiamento. A condenação ocorre quando medidas como o roguing não são compensatórias ou eficientes para a solução do problema. Na pré-colheita o responsável técnico verifica se o agricultor executou as recomendações que foram feitas na fase de antese, como por exemplo, retirada de plantas atípicas da lavoura. Se tudo está no padrão, procede-se com as recomendações de colheita. 3.8 Colheita e pós-colheita do trigo 3.8.1 Colheita O processo de colheita é considerado de extrema importância, tanto para garantir produtividade da lavoura como a qualidade da semente. 45 É o período de maior controle, pois é nessa fase que ocorre a maioria das contaminações, pela falta de hábito dos agricultores, que por sua vez, não realizam a limpeza dos maquinários envolvidos. Além dos cuidados com a limpeza, deve-se atentar para a regulagem adequada da colhedora. Durante o processo de colheita, tem-se a recomendação de retirar as bordaduras da lavoura e descartar como grão comercial, facilitando assim a limpeza do maquinário. As regulagens adequadas da colhedora variam de acordo com as condições de umidade do grão. Sementes com umidade em torno de 13% garantem uma velocidade menor do cilindro e um espaço maior entre ele e o côncavo, facilitando o processo com menores perdas. A velocidade do vento é outro fator importante, a regulagem correta desse sistema assegura uma semente com menores quantidades de impurezas, facilitando a pré-limpeza na unidade de beneficiamento. Em caso de ocorrência de chuvas as lavouras de trigo podem ser colhidas antecipadamente para se evitar a germinação na espiga e consequentemente perdas de qualidade. 3.8.2 Secagem A secagem de trigo é uma operação crítica na seqüência do processo de pós-colheita. Como conseqüências da secagem podem ocorrer alterações significativas na qualidade do grão. O teor de umidade indicado para armazenar trigo colhido é da ordem de 13%. Desse modo, todo o produto colhido com umidade superior à indicada para armazenamento deve ser submetido à secagem. A secagem artificial de grãos caracteriza-se pela movimentação de grandes massas de ar aquecidas até atingirem temperaturas na faixa de 40 a 60oC na massa de grãos, com o objetivo de promover a secagem dos grãos em reduzido período de tempo. O aquecimento de ar ambiente requer uma alta potência térmica, obtida com a combustão controlada de combustíveis. A lenha é o 46 combustível mais usado na secagem de grãos. Recentemente, vem se difundindo o uso de GLP (gás liqüefeito de petróleo) em secadores cujas condições de queima são mais controladas, em relação ao uso da lenha (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). Na unidade de beneficiamento da COASUL, a semente que é trazida da lavoura com umidade acima de 14,5% é colocada em moega separada, e após a pré-limpeza é secada em um secador a gás, com temperatura controlada a 47 0C, e posteriormente é acondicionada em BAGs (Figura 19), onde fica até o término da safra, e posteriormente segue o restante das etapas de classificação. Figura 19. Armazenamento em BAGs após a pré-limpeza e a secagem 3.8.3 Armazenamento 47 Os principais aspectos que devem ser cuidados no armazenamento de trigo, uma vez limpo e seco, são as pragas que atacam os grãos, danificando-os e, muitas vezes, dificultando a comercialização. Os fungos, os quais podem produzir micotoxinas nocivas ao homem e a animais, e os fatores que influenciam a qualidade tecnológica. O recebimento das sementes com umidade abaixo de 14,5% e a secagem feita nas sementes que chegam a UBS acima dessa umidade, asseguram a qualidade tecnológica das sementes. 3.8.4 Qualidade Tecnológica do Trigo Armazenado Na recepção do trigo para armazenamento, deve-se identificar o lote recebido, separando os lotes de trigo germinado e lotes com teores de umidade muito diferentes. O trigo deve ser armazenado em silos de acordo com sua classe comercial e tipo ou produto final a que será destinado. Em condições ambientais favoráveis à atividade metabólica do grão (alta umidade e alta temperatura), o fenômeno da respiração é o principal responsável pela rápida deterioração de grãos armazenados (COMISSÃO BRASILEIRA DE PESQUISA DE TRIGO E TRITICALE 2010). Os principais fatores que influenciam a taxa de deterioração e respiração do grão são: Umidade, Temperatura, Aeração, Integridade do grão. 3.8.5 Requisitos para qualidade tecnológica São três requisitos básicos, aparência, sanidade e limpeza. A aparência dos grãos deve ser de coloração normal, com brilho, sem defeitos, livres de doenças causadas por fungos e bactérias, não germinados e sem odor de mofo. A sanidade dos grãos é muito importante para garantir a qualidade, não podem conter danos mecânicos, causados pela colhedora, por infestação de insetos ou por ataque de roedores, e que não foram danificados na secagem. A limpeza é interessante, pois garante grão livre de resíduo, palha, pedra, pó, fragmentos vegetais, sementes de 48 plantas daninhas ou de outras espécies cultivadas, excrementos de roedores e insetos. 3.9 Beneficiamento de sementes É uma das ultimas etapas da produção, realizado em uma unidade de beneficiamento onde passam por várias etapas de beneficiamento que garantem as qualidades físicas, fisiológicas e sanitárias da semente. 3.9.1 Bases da separação A retirada das impurezas de um lote de sementes é feita com base na utilização das diferenças físicas dos materiais que compõem o lote original. A densidade não é a única característica física dos grãos, outras diferenças como tamanho, forma, cor, entre outras são reconhecidas e constituem hoje as bases para projeto de máquinas modernas de separação dos diferentes produtos agrícolas. 3.9.2 Etapas do beneficiamento Durante o beneficiamento as sementes passam por uma série de etapas, que devem ser realizadas com o máximo de cuidado. No caso de uma unidade de beneficiamento, deve-se planejar uma trajetória que contemple alguns pontos: a) as sementes devem receber, em seqüência apropriada, todos os tratamentos necessários. b) devem-se selecionar máquinas, segundo a capacidade a 49 qualidade, de modo que a seqüência operacional não seja interrompida. c) as sementes não devem ser danificadas por excesso de manuseio. d) a unidade de beneficiamento e seus equipamentos devem ser dispostos de modo que possam ser higienizados adequadamente e com o máximo de facilidade. e) deve-se evitar todos os pontos de contaminação. f) todas as operações devem ser otimizadas de modo permitir menor custo de produção (SILVA et al). 3.9.2.1 Recepção Dependendo das condições em que chegam à unidade de beneficiamento, os grãos podem ser colocados nos depósitos ou silos para produtos a granel. Podem também ser transportados diretamente para a linha de beneficiamento, iniciando-se, pela operação de pré-limpeza. A recepção das sementes é iniciada logo na entrada da UBS (Figura 20), onde são feitos os testes de umidade, impurezas e Ph. Figura 20. Recepção (amostragem da carga) 50 Para cada cultivar que será produzida sementes, existem duas moegas, uma moega se destina ao recebimento do produto seco, ou seja, umidade abaixo de 14,5%, e a outra moega é para recebimento das sementes com umidade acima de 14,5% a 17% (Figura 21), acima desta umidade não é destinado para produção de sementes, devido aos possíveis danos a qualidade fisiológica durante o processo de secagem. Figura 21. Recepção (Descarregamento na moega úmida) 3.9.2.2 Pré- Limpeza Grãos colhidos com máquinas apresentam grande quantidade de impurezas. Com o objetivo de melhorar ou facilitar eficiência dos sistemas de secagem, o transporte e as demais operações de beneficiamento, deve-se eliminar total ou parcialmente as impurezas. O processo de pré-limpeza realizado na UBS (Figura 22) é feito tanto para sementes de baixa quanto de alta umidade, eliminando-se 51 impurezas grosseiras como restos de palha, aristas, e triguilho (trigo com Ph abaixo de 70%). Como esse processo é acelerado devido ao grande volume de sementes recebido em um curto período de tempo, as impurezas remanescentes são eliminadas na limpeza. Figura 22. Máquina de Pré-Limpeza 3.9.2.3 Secagem Quando as sementes chegam a unidade de beneficiamento com umidade inadequada para o processamento ou para o armazenamento por tempo mais prolongado, o produto deve ser encaminhado o mais rapidamente possível para a operação de secagem, depois de passar pela máquina de pré-limpeza. As sementes recebidas na moega de grão úmido, após o processo de pré-limpeza passam pela secagem controlada a gás a 47 0C (Figura 23), até que a umidade baixe para 14%, sendo que a capacidade de cada secador é de 60 sacas por hora. 52 Figura 23. Secador Após essa operação as sementes são levadas até uma tulha de armazenamento com capacidade aproximada de 15000 kg (Figura 24), e posteriormente são transferidas para BAGs onde ficam armazenadas até o término da safra. Ao término da colheita e recebimento de grãos se inicia o processo de limpeza. 53 Figura 24. Tulha de armazenamento 3.9.2.4 Limpeza A operação de limpeza visa essencialmente separar impurezas remanescentes da pré-limpeza as produzidas pelo sistema de secagem. Na operação de limpeza usa-se normalmente a máquina de ventilador e peneira, que dependendo do rigor de separação pode possuir várias peneiras e mais de um ventilador. 3.9.2.5 Separação e classificação A separação auxilia e complementa o processo de limpeza. O tratamento químico e o plantio exigem uniformidade de forma e tamanho, para maior 54 eficiência. Para isso é necessário que se faça uma rigorosa operação de classificação quanto às características desejadas da semente. Os processos de limpeza separação e classificação não foram acompanhados durante o estágio. 3.9.2.6 Tratamento Essas operações consistem na aplicação de produtos químicos em formas líquidas, suspensão ou em pó, visando proteger as sementes contra o ataque de fungos e insetos. O expurgo com pastilhas de fosfina é a técnica mais utilizada na UBS para combater fungos e insetos. 3.9.2.7 Transportadores e acessórios Durante todas as etapas do beneficiamento, grãos e sementes são movimentados através de muitos componentes. Como as sementes não podem sofrer qualquer tipos de danos mecânicos, cuidado especial deve ser dado a escolha, ao manejo e a limpeza dos transportadores. Além das máquinas de beneficiamento e dos transportadores, que devem ser bem selecionados e operadores, a unidade deve ser provida de moegas, balanças, depósitos, ensacadeiras, embaladoras, aspiradores de pó, carregadeiras e um laboratório para análise de sementes. A UBS não possui laboratório para análise de sementes, apenas um local para simular testes de germinação a campo. 4.0 Atividades Complementares 4.1 Plantabilidade 55 Os lotes de sementes são separados por peneiras que variam de 5,5 e 6,5 mm para maioria das cultivares (Apolo, Impacto, Energia) e 6,0 e 7,0 mm para cultivar Turbo, sendo assim para verificar a plantabilidade da lavoura ou seja a quantidade de sementes que será semeada por hectare é necessário fazer a contagem e pesagem de mil sementes de cada lote (Figura 25), com essa informação, mais o número desejado de sementes por hectare se tem noção de quantos quilogramas de cada lote serão distribuídos por hectare. Figura 25. Contagem e pesagem de sementes 4.2 Teste de Germinação Com a proximidade do inicio do plantio da cultura da soja, a empresa Coasul já está iniciando o tratamento das sementes, mas antes é enviado uma amostra de cada lote para o laboratório CLASPAR de Francisco Beltrão –PR para a realização dos testes de pureza, dano mecânico e germinação, os lotes aprovados são 56 tratados e armazenados até o plantio. E para assegurar o teste a Coasul possui um local onde se faz a simulação de um teste a campo, este local é uma caixa de concreto por enchida com areia e fechadas superficialmente com tampas para evitar intempéries. O local possui algumas lâmpadas que são ligadas no período da noite e em dias frios para evitar baixas temperaturas (Figura 26). Figura 26. Simulação de teste de germinação a campo São semeadas cem sementes de cada lote e estas são molhadas periodicamente até germinarem, e posteriormente é realizada a contagem das plantas emergidas sem problemas de enraizamento e da parte aérea. O resultado deve assemelhar-se ao obtido em laboratório, caso contrário, as sementes do teste recebem tratamento com fungicida Derosal, e o teste é repetido, no caso de persistir algum problema o lote é descartado para venda comercial. 57 5.0 CONSIDERAÇÕES FINAIS A realização do estágio junto ao departamento técnico da empresa COASUL – Cooperativa agroindústrial é de grande valia para minha formação acadêmica e complementação de conteúdos principalmente na parte prática, contribuindo para ganho de experiência e aumento dos conhecimentos na cultura do trigo através do acompanhamento técnico dos tratos culturais e produção de sementes, bem como o desenvolvimento da habilidade de transmitir os conhecimentos adquiridos durante a vida acadêmica de forma entendível aos agricultores. 58 6.0 REFERÊNCIAS BREDEMEIER, C.; MUNDSTOCK, M.C.; Estadios fenológicos do trigo para a adubação nitrogenada em cobertura. Revista Brasileira de Ciência do Solo, Viçosa, v.25,n.2,p.317-323, 2001. CHOCOROSQUI, V.R. Bioecologia de espécies de Dichelops (Diceraeus) (Heteroptera: Pentatomidae) e danos em soja, milho e trigo no Norte do Paraná. 2001. 158f. Tese (Doutorado em Entomologia) – Universidade Federal do Paraná. CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento. Disponível em: http://www.conab.gov.br/OlalaCMS//uploads/arquivos/f29698153cc34eff4f7d23ed36 a2d4af.pdf. Acesso dia 15 de setembro de 2010. EMBRAPA TRIGO; Manchas Foliares; Documentos online; Passo Fundo, 2006. Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/biblio/do/p_do64_5.htm. Acesso em: 06 de junho de 2011. Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária – Embrapa. Cultura do Trigo. Embrapa Trigo, 2010. Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/culturas/trigo/index.htm. Acesso em: 14 de março de 2011. GASSEN, D.N. Manejo integrado de pragas do trigo. Passo Fundo, n.9, p.47-49, 1983. Informação Agropecuária, INFORMAÇÕES TÉCNICAS PARA TRIGO E TRITICALE – SAFRA 2009. Embrapa Trigo. II Reunião da Comissão Brasileira de Pesquisa de Trigo e Triticale. Veranópolis, 28 a 30 de julho de 2010. MUNDSTOCK, C.M. Planejamento e manejo integrado da lavoura de trigo. Porto Alegre: Ed. do Autor, 228p. 1999. PEREIRA, P.R.V.S.; SALVADORI, J.R.; LAU, D.; Manejo de Pulgões e Lagartas em Trigo. Embrapa trigo, 2006. Disponível em: http://www.cnpt.embrapa.br/obs_trigo/inf_tecnicas/Manejo%20de%20insetos%20e m%20trigo.pdf. Acesso em: 06 de junho de 2011. 59 RAMOS, D.C.; Trigo: cuidados no plantio para não perder produtividade; Paraná Centro Online; Disponível em: http://www.paranacentro.com.br/noticia/geral/5953/trigo-cuidados-no-plantio-paranao-perder-produtividade.html. Acesso em: 06 de junho de 2011. SAMPAIO, E.; Fisiologia vegetal: teoria e experimentos. Ponta Gross: UEPG, p.133-134. 1998. 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