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ELOIZA HELENA CAMPANA Freqüência de Enterobactérias Produtoras de β-Lactamases AmpC Plasmidiais Isoladas em Infecção de Corrente Sangüínea Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Mestre em Ciências. SÃO PAULO 2009 ELOIZA HELENA CAMPANA Freqüência de Enterobactérias Produtoras de β-Lactamases AmpC Plasmidiais Isoladas em Infecção de Corrente Sangüínea Tese apresentada à Universidade Federal de São Paulo – Escola Paulista de Medicina para obtenção do Título de Mestre em Ciências. Orientadora: Profa. Dra. Ana Cristina Gales Universidade Federal de São Paulo – UNIFESP Este trabalho foi realizado com auxílio financeiro fornecido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo – FAPESP (2006/58267-9 e 2008/10287-7). SÃO PAULO 2009 CAMPANA, Eloiza Helena Frequência de Enterobactérias Produtoras de β-Lactamases AmpC Plasmidiais Isoladas em Infecção de Corrente Sangüínea - Eloiza Helena Campana - São Paulo, 2009. xviii, 138f. Tese (Mestrado) – Universidade Federal de São Paulo. Escola Paulista de Medicina. Programa de Pós-graduação em Infectologia Título em inglês: Frequency of Plasmid-mediated Enterobacteriaceae isolated from Bloodstream Infections AmpC in 1. Enterobactérias 2. Resistência 3. β-lactamases 4. AmpC plasmidial 5. Infecção de corrente sangüínea UNIVERSIDADE FEDERAL DE SÃO PAULO ESCOLA PAULISTA DE MEDICINA DISCIPLINA DE INFECTOLOGIA Chefe do Departamento: Prof. Dr. Angelo Amato Vicenzo de Paola Coordenador do Curso de Pós-graduação: Ricardo Sobieh Diaz SÃO PAULO 2009 iii ELOIZA HELENA CAMPANA Freqüência de Enterobactérias Produtoras de β-Lactamases AmpC Plasmidiais Isoladas em Infecção de Corrente Sangüínea BANCA EXAMINADORA: Titular: Profa. Dra. Elsa Mazae Mamizuka Titular: Profa. Dra. Antonia Maria de Oliveira Machado Titular: Profa. Dra. Marinês Dalla Valle Martino Suplente: Profa. Dra. Elizabeth de Andrade Marques Aprovada em: 26/05/2009 iv Dedico esse trabalho ao meu falecido Pai, José Argemiro Campana que me presenteou com muito amor, carinho e apoio incondicional. E que sempre acreditou em todos os meus sonhos. v AGRADECIMENTOS À minha orientadora, Profa. Dra. Ana Cristina Gales, muito obrigada pela excelente orientação, pelo apoio, pelos ensinamentos e paciência. Muito obrigado por ter confiado em mim, reconhecido minha dedicação e por me proporcionar várias oportunidades de crescimento profissional. Você é um exemplo de ética, caráter e dedicação. À minha mãe Gilda e minha irmã Mayla, por todo amor, apoio e carinho inestimáveis. Obrigada por estarem sempre ao meu lado e me apoiarem incondicionalmente sempre. Às queridas amigas e companheiras de laboratório Adriana Nicoletti, Lorena Fehlberg, Paula Peraro e Raquel Girardello, que me ajudaram muito na realização deste trabalho e o tornaram muito mais fácil e agradável. Obrigada pela amizade e carinho. Sem vocês não chegaria onde estou. À Dra. Mariana Castanheira, que apesar do curto tempo de convivência me ensinou muito. Ao Prof. Dr. Antônio Carlos Campos Pignatari meu respeito e admiração. Às minhas grandes amigas Beatriz Balducci Coelho, Francielli M. Vasconcellos, Nancy R. Guetti e Sarita S. Rossato, pelo incondicional companheirismo, incentivo e por acreditar tanto na minha vitória. Ao meu grande amigo e companheiro de laboratório Danilo E. Xavier, obrigado pela sua incrível personalidade, sinceridade e companheirismo. Você me proporcionou muitos momentos alegres. Aos queridos amigos do Laboratório ALERTA, Anderson Fernandes, Andréia Penteado, Cecília Godoy, Paula Ignez, Renata Picão e Vitor Marguti, dos quais vi jamais esquecerei. Obrigada pela ajuda, conselhos, momentos de convívio e de descontração. A todos os amigos do Laboratório Especial de Microbiologia Clínica (LEMC), Adryella Luz, Alinne Guimarães, Amilton Mouro, André Doi, Andrea Pereira, Anna Carolina Rockskroh, Cynthea Zanetti, Fernanda Inoue, Fernanda Marques, Jéssica Sanches, Jussimara Monteiro, Karen Bauab, Kátia Kiyota, Kelly Santiago, Liana Carballo, Loren Paschoal, Maria Cecília Novella, Martha Rivero, Paulo Bispo, Roberto Chirotto, Rodrigo Cayô, Rosana Capecce, Soraya Sgambatti, Thaís Ávila, Thomas Chagas Neto, Vinicius Gomes e Marco Zonta por todo apoio, convivência e também pelas alegres conversas. Adoro todos vocês. À minha amiga, vizinha, colega de laboratório e companheira de corrida Talita Trevizani por compartilhar todos os momentos de alegria e dificuldade, por toda a ajuda e pelo carinho e amizade. Ao Ivo Marguti e toda a família Marguti por todos os momentos de convívio e todo carinho. Obrigada por dividirem comigo muitos momentos importantes nesses últimos anos. Aos autores George A. Jacoby, Eva Tzelepi e Ronald N. Jones por terem fornecido as amostras controles utilizadas neste estudo. A todas as pessoas que participaram direta ou indiretamente do meu trabalho, o meu muito obrigado. Aos professores e funcionários da Disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias da Escola Paulista de Medicina – UNIFESP e do Instituto Paulista de Doenças Infecciosas e Parasitárias, especialmente ao Charlys, pela ajuda e apoio em todos os momentos necessários. vii “Poderíamos dizer que a descoberta científica consiste freqüentemente em, mais do que introduzir uma idéia revolucionária, pensar de maneira diferente os conceitos existentes” Michel de Pracontal viii SUMÁRIO AGRADECIMENTOS.................................................................................................. vi ÍNDICE DE FIGURAS............................................................................................... xiii ÍNDICE DE TABELAS .............................................................................................. xiv ÍNDICE DE QUADROS ............................................................................................. xv ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS.................................................................. xvi RESUMO ................................................................................................................ xviii 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 1 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 5 2.1 β-Lactamases do Tipo AmpC ................................................................... 8 2.1.1 β-Lactamases do tipo AmpC, cujo genes codificadores são carregados por plasmídeos ............................................................................... 11 CMY .......................................................................................................... 14 MIR ........................................................................................................... 17 MOX .......................................................................................................... 17 LAT ........................................................................................................... 18 FOX........................................................................................................... 18 DHA .......................................................................................................... 19 ACT ........................................................................................................... 20 ix ACC .......................................................................................................... 20 CFE ........................................................................................................... 21 Epidemiologia no Brasil ................................................................................ 24 2.1.1.1 Localização e mobilização dos genes codificadores de pAmpC....... 25 2.1.1.2 Detecção fenotípica e genotípica de β-lactamases do Tipo AmpC plasmidiais ............................................................................................................ 26 3 OBJETIVOS .......................................................................................................... 31 3.1 Objetivo principal .................................................................................... 31 3.2 Objetivos secundários ............................................................................ 31 4 MATERIAL E METÓDOS ...................................................................................... 32 4.1 Amostras bacterianas ............................................................................. 32 4.2 Avaliação do perfil de sensibilidade in vitro aos antimicrobianos ........... 32 4.3 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de ESβL .................... 34 4.3.1 Detecção fenotípica por disco aproximação ........................................ 35 4.4 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de pAmpC ................. 36 4.4.1 Detecção fenotípica pelo Teste Tri-dimensional modificado ............ 36 4.4.2 Detecção fenotípica pelo Teste de Hodge modificado ..................... 38 4.4.3 Confirmação da produção de β-lactamases pAmpC por métodos moleculares ....................................................................................................... 40 x 4.4.3.1 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) multiplex ............................................................................................................ 40 4.4.3.2 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) .......................................................................................................................... 42 4.4.3.3 Reação de seqüenciamento e interpretação dos resultados ........ 44 4.5 Análise da transferência dos genes codificadores de pAmpC ................ 45 4.6 Avaliação da localização dos genes de pAmpC ..................................... 45 5 RESULTADOS ...................................................................................................... 48 5.1 Amostras bacterianas ............................................................................. 48 5.2 Avaliação do perfil de sensibilidade in vitro aos antimicrobianos ........... 48 5.3 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de ESβL .................... 52 5.3.1 Detecção fenotípica por disco aproximação .................................... 52 5.4 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de pAmpC ................. 55 5.4.1 Detecção fenotípica pelo Teste Tri-dimensional modificado ............ 55 5.4.2 Detecção fenotípica pelo Teste de Hodge modificado ..................... 56 5.4.3 Confirmação da produção de β-lactamases pAmpC por métodos moleculares ....................................................................................................... 58 5.4.3.1 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) multiplex ............................................................................................................ 58 xi 5.4.3.2 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) .......................................................................................................................... 59 5.4.3.3 Reação de seqüenciamento e interpretação dos resultados ........ 60 5.5 Análise da transferência dos genes codificadores de pAmpC ................ 60 5.6 Avaliação da localização dos genes de pAmpC ..................................... 60 6 DISCUSSÃO ......................................................................................................... 61 7 CONCLUSÕES ..................................................................................................... 74 8 ANEXOS................................................................................................................ 76 9 REFERÊNCIAS ..................................................................................................... 90 ABSTRACT ............................................................................................................ 109 APÊNDICE ............................................................................................................. 110 xii ÍNDICE DE FIGURAS Figura 1. Estrutura química dos principais grupos de β-lactâmicos............................6 Figura 2. Representação esquemática da interligação da via de indução das βlactamases AmpC e a reciclagem da mureina.............................................................9 Figura 3. Representação esquemática da estrutura da enzima AmpC de E. coli ligada a uma molécula de ceftazidima.......................................................................11 Figura 4. Placa modelo de disco aproximação utilizada para a detecção fenotípica da produção de ESβL.................................................................................................36 Figura 5. Placa modelo do teste tridimensional utilizada para a detecção fenotípica da produção de AmpC................................................................................................38 Figura 6. Placa modelo do teste de Hodge utilizada para a detecção fenotípica da produção de AmpC.....................................................................................................39 Figura 7. Porcentagem de sensibilidade das amostras de enterobactérias..............50 Figura 8. Detecção fenotípica por disco aproximação para detecção de ESβL........53 Figura 9. Teste tri-dimensional..................................................................................56 Figura 10. Teste de Hodge........................................................................................57 Figura 11. PCR multiplex para detecção de pAmpC.................................................58 Figura 12. Eletroforese em gel de agarose mostrando o produto de amplificação para o gene blaCMY-2...................................................................................................59 xiii ÍNDICE DE TABELAS Tabela 1. Cronologia da identificação e similaridade com a AmpC cromossomal das β-lactamases pAmpC.................................................................................................13 Tabela 2. Triagem para ESβL segundo o CLSI.........................................................34 Tabela 3. Iniciadores utilizados para amplificação dos genes codificadores de βlactamases AmpC pela PCR multiplex.......................................................................41 Tabela 4. Iniciadores utilizados para reações de PCR e sequenciamento neste estudo.........................................................................................................................43 Tabela 5. Distribuição dos isolados de acordo com a espécie..................................48 Tabela 6. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos das amostras estudadas.....49 Tabela 7. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos das amostras estudadas dividido por espécie....................................................................................................51 Tabela 8. Distribuição dos isolados fenotipicamente detectados como produtores de ESβL de acordo com a espécie bacteriana...............................................................54 xiv ÍNDICE DE QUADROS Quadro 1. Substrato preferencial de cada espécie...................................................55 xv ÍNDICE DE ABREVIATURAS E SIGLAS ATCC - American Type Cuture Collection CIM - Concentração Inibitória Mínima CLSI - Clinical Laboratory Standards Institute DNA - Ácido desoxidoribonucléico EDTA - Ácido Etileno-Diamino-Tetracético ESβL - Extended Spectrum β-Lactamase EUA – Estados Unidos da América HSP - Hospital São Paulo IMP - Imipenemase IRAS - Infecções Relacionadas à Assistência a Saúde IS - Insertion Sequence ITU – Infecção do Trato Urinário LEMC - Laboratório Especial de Microbiologia Clínica MβL - Metalo-β-Lactamase NNIS - National Nosocomial Infection Surveillance System OMP - Outer Membrane Protein OXA - Oxacilinase pAmpC – AmpC plasmidial PBP - Penicillin Binding Protein PCR - Polymerase Chain Reaction TBE - Tris-Borato-EDTA TSB - Tryptone Soya Broth xvi UFC - Unidade formadora de colônia UNIFESP - Universidade Federal de São Paulo UTI - Unidade de Terapia Intensiva UV - Ultravioleta VIM - Verona Imipenemase xvii RESUMO As cefaloporinas de amplo espectro, geralmente, representam a principal opção terapêutica contra as infecções causadas por enterobactérias. Em nosso meio, a resistência às cefalosporinas de amplo espectro em enterobactérias tem sido associada à produção de β-lactamases de espectro ampliado (ESβL). Porém, nos últimos anos, a produção de cefalosporinases do tipo AmpC mediadas por genes plasmídiais (pAmpC) também tem sido responsabilizada pela resistência a essas drogas. O objetivo deste estudo foi avaliar a presença de pAmpCs entre amostras de enterobactérias isoladas de pacientes internados no Hospital São Paulo que apresentaram infecção de corrente sangüínea, entre janeiro e julho de 2006. Foram estudadas 133 amostras de enterobactérias identificadas como K. pneumoniae (65 amostras), K. oxytoca (5 amostras), E. coli (41 amostras), P. mirabilis (18 amostras) e Salmonella spp. (4 amostras). O perfil de sensibilidade aos antimicrobianos selecionados foi avaliado pela técnica de diluição em ágar, segundo as recomendações do CLSI. A detecção fenotípica da produção de pAmpC foi realizada pelos testes tri-dimensional e de Hodge modificado. Adicionalmente, foi realizada a detecção fenotípica da produção de ESβL. A pesquisa e identificação dos genes que codificam pAmpC foram realizados pela técnica de reação em cadeia da polimerase (PCR) e seqüenciamento. Entre os antimicrobianos testados, imipenem (99,2%) apresentou a maior taxa de sensibilidade, seguido pela cefoxitina (80,5%). De forma geral, os isolados de K. pneumoniae apresentaram alto grau de resistência aos βlactâmicos e os isolados de P. mirabilis apresentaram a menor taxa de sensibilidade para ciprofloxacino (27,8%). Entre as 133 amostras estudadas, 59 (44,4%) foram xviii classificadas fenotipicamente como produtoras de ESβL pela metodologia de disco aproximação. Foi observada discordância entre os resultados dos testes fenotípicos para detecção de pAmpC. A produção de pAmpC foi observada em seis isolados de acordo com o teste tri-dimensional, enquanto, o método de Hodge modificado classificou 19 isolados como possíveis produtores de pAmpC. Além disso, resultados duvidosos foram observados em ambas as técnicas. Um único isolado de K. pneumoniae foi identificado como produtor de CMY-2. Este isolado foi corretamente identificado como produtor de pAmpC por ambos métodos fenotípicos empregados. xix 1 Introdução 1 INTRODUÇÃO Bacilos Gram negativos pertencentes à família das enterobactérias são importantes causas de infecções do trato urinário, infecções de corrente sanguínea, pneumonias tanto comunitárias como hospitalares e várias infecções intraabdominais (145). As cefalosporinas de amplo espectro, como ceftriaxona, ceftazidima e cefepima, são consideradas alternativas úteis para o tratamento das infecções causadas por bacilos Gram-negativos. No entanto, nos últimos anos o isolamento de bactérias Gram-negativas resistentes também a essas drogas tem se tornando mais comum (90). O aumento da prevalência de multirresistência entre os bacilos Gram negativos isolados no ambiente hospitalar é um problema que tem se mostrado cada vez mais freqüente em todo o mundo (51;161). O mecanismo de resistência aos β-lactâmicos mais importante em bactérias Gram-negativas é a produção de β-lactamases. Nos anos 80, foram introduzidos βlactâmicos com grande estabilidade frente a essas enzimas, tais como as cefalosporinas, os carbapenens e os monobactâmicos. Contudo, a utilização desses agentes favoreceu o surgimento e a seleção de bactérias resistentes produtoras de β-lactamases com maior espectro hidrolítico, as β-lactamases de espectro ampliado (ESβL) (150). As β-lactamases do tipo AmpC classificadas no grupo 1 de Bush, Jacoby e Medeiros (38) e classe C de Ambler (7) são cefalosporinases capazes de hidrolisar vários β-lactâmicos, incluindo às penicilinas de amplo-espectro; os α-methoxi-β- 2 Introdução lactâmicos, como cefoxitina; as cefalosporinas de 1ª, 2ª e 3ª gerações; e aztreonam. Estas enzimas são fracamente inibidas pelos inibidores de β-lactamases disponíveis clinicamente. Entretanto, hidrolisam pobremente as cefalosporinas de quarta geração, como, cefepima e cefpiroma, e os carbapenens (86;139). Os genes que codificam as cefalosporinases do tipo AmpC são constitutivamente encontrados no cromossomo de vários membros da família das enterobactérias, incluindo Enterobacter spp., Shigella spp., Providencia spp., Citrobacter freundii, Morganella morganii, Serratia marcescens e Escherichia coli. Na maioria dessas espécies a expressão das AmpCs é induzível, exceto em E. coli e Shigella spp., nas quais a expressão ocorre em baixos níveis (47). Na última década, houve um aumento nos relatos de enzimas derivadas dos genes AmpC cromossomais de microrganismos Gram-negativos, como C. freundii, Enterobacter cloacae e Aeromonas spp. que foram mobilizados por plasmídios e transferidos para cepas de enterobactérias naturalmente desprovidas de AmpC cromossomais, como Klebsiella pneumoniae e K. oxytoca, Salmonella spp. e Proteus mirabillis (6;13;18;48;114;136;154). Algumas dessas enzimas também têm sido encontradas em amostras de E. coli e Shigella spp. (31;78;82). Desde o primeiro relato de pAmpC, ocorrido em 1989, a partir de uma amostra de K. pneumoniae isolada na Coréia, essas enzimas vem sendo reportadas em todo o mundo com uma freqüência cada vez maior (15). Em E. coli, K. pneumoniae e P. mirabilis, os genes codificadores de AmpC estão, geralmente, localizados em plasmídios de tamanhos variados que geralmente carregam determinantes de resistência a outros antimicrobianos, como 3 Introdução aminoglicosídeos, cloranfenicol, tetraciclina, trimetoprim e quinolonas (19;20;34;40;142). Além disso, isolados clínicos frequentemente produzem outras βlactamases, como OXA e SHV (73;113), aumentando, assim, a dificuldade na detecção e tratamento de infecções causadas por essas bactérias. Alguns estudos sugerem, que a associação de pAmpC com perda de porinas determinam a resistência aos carbapenens (24;34;169). A maioria das pAmpCs são expressas constitutivamente, entretanto, algumas pAmpCs carregam o gene regulador ampR assim como o gene ampC, por isso podem ser induzíveis. As enzimas DHA-1 e DHA-2, derivadas da AmpC cromossomal de M. morganii e ACT-1, derivada de E. cloacae, são exemplos de AmpCs plasmidiais induzíveis (13;61;158). Recentemente, foi descrita pela primeira vez uma pAmpC, denominada CMY-13, oriunda de C. freundii com um gene ampR. (122). Embora existam vários relatos de surtos causados por organismos produtores de pAmpC, a descrição da epidemiologia e das características clínicas associadas a essas infecções ainda é escassa (139), principalmente no Brasil, onde até o momento há apenas dois relatos de isolados com cefalosporinases do tipo pAmpC. Os genes blaFOX-5 e blaCMY-2 foram detectados em isolados de E. coli em duas regiões distintas do país (40;147). Isolados produtores de pAmpC podem parecer sensíveis in vitro a algumas cefalosporinas e aztreonam, deixando de responder se esses agentes antimicrobianos são utilizados na terapêutica (173). Assim, a detecção laboratorial de cepas produtoras de pAmpC é de extrema importância, visando a instituição da 4 Introdução terapia adequada ao tratamento das infecções, bem como a implementação de medidas que visem reduzir a disseminação deste mecanismo de resistência no ambiente hospitalar. 5 Revisão Bibliográfica 2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Os β-lactâmicos representam a classe de antimicrobianos mais variada e amplamente utilizada na prática médica para o tratamento de infecções hospitalares e comunitárias causadas por bacilos Gram negativos (33). Os antibióticos deste grupo, que inclui as penicilinas, as cefalosporinas de 1ª, 2ª, 3ª e 4ª gerações, os monobactâmicos e os carbapenens, possuem em comum uma estrutura central contendo um anel β-lactâmico (Figura 1). A resistência a esses agentes dificulta o tratamento e aumenta a morbidade/mortalidade dos pacientes e os custos hospitalares (41). A resistência bacteriana aos β-lactâmicos pode ser devida à: I produção de β-lactamases; II - falta e/ou expressão reduzida das proteínas de membrana externa ou pela hiperexpressão de bombas de efluxo; III - alteração do sítio alvo (PBPs) (10). De modo geral, as β-lactamases são a principal causa de resistência bacteriana aos β-lactâmicos e tem sido objeto de extensas investigações microbiológicas, bioquímicas e genéticas (38). As β-lactamases, são enzimas que catalisam a hidrolise do anel β-lactâmico, impossibilitando assim exercer a sua função. Nas bactérias Gram-negativas, as βlactamases encontram-se estrategicamente situadas no espaço periplásmatico, podendo alcançar maiores concentrações e agir de modo mais eficaz sobre os antimicrobianos β-lactâmicos, que estão atravessando o espaço periplásmatico para alcançar as PBPs (110). 6 Revisão Bibliográfica Adaptado de Babic et al., 2006 (10) Figura 1. Estrutura química dos principais grupos de β-lactâmicos. Algumas β-lactamases utilizam íons de zinco (Zn2+) como cofatores enzimáticos, entretanto, a maioria das β-lactamases opera via produção de ésteres de serina (110). Por esta razão, de modo prático, as β-lactamases são classificadas como serino-β-lactamases e metalo-β-lactamases. A capacidade ou não da β-lactamase conferir resistência irá depender da quantidade de enzima produzida, da habilidade dessa enzima em hidrolisar o antimicrobiano em questão e da velocidade com que o β-lactâmico penetra pela membrana celular externa na célula (109). O gene para a codificação das β- 7 Revisão Bibliográfica lactamases pode estar localizado no DNA cromossômico ou extracromossômico, como plasmídios e transposons (110). Diferentes tipos de β-lactamases já foram descritos e inúmeras tentativas de estabelecer um sistema de classificação para essas enzimas foram propostas ao longo dos anos. Atualmente, duas classificações têm sido consideradas como de maior importância: a de Ambler e a de Bush, Jacoby e Medeiros (7;38). A classificação proposta por Ambler em 1980 foi desenvolvida com base na estrutura molecular das β-lactamases, de acordo com a seqüência de aminoácidos que as constituiam. Somente quatro classes moleculares principais de β-lactamases foram descritas: A) ESβLs, penicilinases e carbenicilinases; B) metalo-β-lactamases (MβLs); C) cefalosporinases cromossomais e D) oxacilinases. A classificação das β-lactamases mais aceita e utilizada atualmente é aquela proposta por Bush, Jacoby e Medeiros (38), que é uma versão mais atualizada da classificação proposta na década de 80 por Bush (37). Essa classificação baseia-se na atividade das enzimas contra penicilina, oxacilina, carbenicilina, cefaloridina, cefalosporinas de amplo espectro, aztreonam e imipenem e na sua inibição pelos inibidores de β-lactamases e pelo ácido etilenediaminotetraacético (EDTA). Além de estabelecer a correlação entre estas propriedades enzimáticas às classes moleculares de Ambler. 8 Revisão Bibliográfica 2.1 β-Lactamases do Tipo AmpC As β-lactamases do tipo AmpC pertencem ao grupo 1 de Bush (38) e à classe molecular C de Ambler (7), sendo encontradas tanto no cromossomo bacteriano como em plasmídeos. As enzimas cromossomais pertencentes a este grupo já foram descritas em uma variedade de microrganismos, principalmente nos membros do grupo CESP (C. freundii, Enterobacter spp., S. marcescens, Providencia stuartii, Pseudomonas aeruginosa e M. morganii), podendo ser induzíveis ou não. Na ausência de β-lactâmicos, AmpC é normalmente produzida em níveis basais, mas na presença de β-lactâmicos indutores, como, por exemplo, cefoxitina e imipenem, sua produção pode aumentar até 1000 vezes (90;150). Três proteínas (AmpD, AmpG, e AmpR) foram descritas no mecanismo de indução das β-lactamases cromossomais do tipo AmpC (85;99;134) como pode ser observado na Figura 2. A AmpD é uma recente N-acetilmuramil-L-alanina amidase que participa na reciclagem intercelular dos fragmentos de peptídeoglicano (76;84). A AmpD degrada o tripeptídeo 1,6-anhidro-N-acetilmurâmico (tripeptídeo 1,6anhMurNac) para liberar o tripeptídeo L-Ala-D-Glu-meso-ácido diaminopimélico (meso-DAP) para direta utilização na construção de novos peptídeoglicanos (84;85). A mutação no gene ampD que resulta na expressão de β-lactamases, mesmo na ausência de um indutor, coincide com o acúmulo do tripeptídeo 1,6-anhMurNac (85). A inativação da proteína AmpD leva a uma hiperprodução semi-constitutiva ou hiperinduzida de AmpC em E. cloacae subespécie cloacae (58). Por outro lado, mutantes de AmpD com níveis elevados de expressão de β-lactamases mostram um 9 Revisão Bibliográfica dos três fenótipos conhecidos (hiperinduzido, desreprimido, e parcialmente desreprimido), os quais estão associados com diferentes mutações ou, talvez, dependam da regulação de genes desconhecidos (168). Adaptado de Jacoby et al., 1997 (83) Figura 2. Representação esquemática da interligação da via de indução das βlactamases AmpC e a reciclagem da mureina. AmpG é uma proteína transmembrana envolvida na permeabilidade do tripeptídeo N-acetilglucosamina(GluNac)-1,6-anhMurNac. Esta proteína primariamente afeta o D-pentapeptídeo (pentapeptídeo dissacarídico; GluNac-1,6- 10 Revisão Bibliográfica anhMurNac-L-Ala–D-Glu-meso-Dap-D-Ala-D-Ala), um muropeptídeo periplasmático que é convertido em uma molécula sinalizadora citoplasmática para indução da βlactamases AmpC (52). Sem o gene ampG, nem a indução e nem os altos níveis de expressão de β-lactamases seria possível (53;98). A proteína AmpR atua como um ativador transcricional pela ligação na regiões do DNA localizada imediatamente à montante da região promotora do gene ampC (83). Na ausência de um β-lactâmico indutor, AmpR reprime a síntese de βlactamases em 2,5 vezes, enquanto que a expressão é induzida de 10 a 200 vezes na presença do β-lactâmico indutor (106). Tanto S. sonnei e E. coli carregam o gene ampC (23), mas o gene regulatório ampR está ausente nestas espécies. Assim o gene ampC é normalmente expresso em baixas quantidades. As β-lactamases do tipo AmpC são serino-β-lactamases, ou seja, enzimas que apresentam em seu sítio ativo um resíduo serina que se liga diretamente ao anel β-lactâmico. Essas enzimas possuem a seqüência Serina-X-X-Lisina (onde X representa qualquer aminoácido) nos resíduos de 64-67. Outros resíduos têm sido identificados como importantes no ataque ao anel β-lactâmico em AmpC, como: Lys67, Tyr150, Asn152, Lys315 e Ala318. Substituições desses resíduos resultam em diminuição da atividade hidrolítica enzimática (42). A estrutura dessas enzimas é similar às β-lactamases da classe A, exceto pelo sítio de ligação que é mais flexível nas enzimas da classe C, refletindo sua grande habilidade para acomodar as cadeias laterais volumosas das cefalosporinas (86). 11 Revisão Bibliográfica Adaptado de Jacoby, 2009 (86) Figura 3. Representação esquemática da estrutura da enzima AmpC de E. coli ligada a uma molécula de ceftazidima. A alça R2 no topo da molécula e os resíduos conservados Ser64, Lys67, Tyr150, Asn152, Lys315 e Ala318 estão representados em amarelo. As fitas β estão marcadas em dourado e a α-hélice está em verde. 2.1.1 β-Lactamases do tipo AmpC, cujo genes codificadores são carregados por plasmídeos As pAmpCs são provavelmente originárias das AmpCs cromossomais de certas espécies bacterianas Gram-negativas, e que, posteriormente, foram mobilizadas por plasmídeos para outras espécies bacterianas (86). 12 Revisão Bibliográfica Em 1976, Bobrowski e colaboradores (30) descreveram uma β-lactamase codificada por um gene plasmidial que era indistinguível da AmpC de E. coli em um isolado de P. mirabilis. Estudos moleculares não foram realizados e o plasmídeo desse isolado foi perdido. Posteriormente, em 1983, Knothe e colaboradores (95) reportaram a transferência da resistência à cefoxitina de um isolado de S. marcescens para P. mirabilis e Salmonella spp., porém a resistência não foi transferida para E. coli. Entretanto, estudos bioquímicos e moleculares não foram realizados e o plasmídeo não foi analisado. No fim da década de 80, isolados clínicos de K. pneumoniae e E. coli produtores de pAmpC começaram a surgir (16;142;185). Inicialmente, a produção destas β-lactamases foi considerada como relatos isolados, mas o crescimento no número de estudos descrevendo novas enzimas do grupo pAmpC podem indicar que essas enzimas possam ser um mecanismo de resistência que esteja surgindo ou se disseminando com maior frequência. Desde então, as pAmpC vem sendo descritas em todo o mundo, sendo encontradas principalmente em K. pneumoniae, K. oxytoca, Salmonella spp., P. mirabilis e E. coli. As pAmpCs apresentam o mesmo espectro de ação das AmpC cromossomais. Até o momento, já foram descritas nove famílias: CMY (43 variantes), FOX (7 variantes), LAT (4 variantes), ACC (4 variantes), MIR (4 variantes), DHA (3 variantes), ACT (3 variantes), MOX (3 variantes) e CFE-1 (86); http://www.ncbi.nlm.nih.gov/sites/entrez?db=nucleotide). Inicialmente, a nomenclatura das pAmpCs era confusa e inúmeros critérios foram adotados para sua denominação, como por exemplo: (i) o fenótipo de 13 Revisão Bibliográfica resistência conferido pela enzima (cefamicinas - CMY, cefoxitina - FOX, moxolactam, MOX, e latomoxefe – LAT), (ii) pelo tipo de β-lactamase produzida (AmpC betalactamase - ACT, Ambler Class C betalactamase – ACC), ou ainda, (iii) de acordo com o hospital onde havia sido isolada (Miriam Hospital em Providence – MIR, Dhahran Hospital na Arábia Saudita – DHA). Atualmente, a classificação dessas enzimas é baseada na homologia da seqüência de aminoácidos que codificam a pAmpC com àquela da AmpC cromossomal, gerando uma classificação baseada em características genéticas e não fenotípicas (Tabela 1). Por essa classificação, as pAmpCs podem ser classificadas em cinco grupos: provenientes de C. freundii, de Enterobacter spp., de M. morganii, de Hafnia alvei e de Aeromonas spp. (15;150). Tabela 1. Cronologia da identificação e similaridade genética com a AmpC cromossomal das β-lactamases pAmpC. Fonte do gene Similaridade AmpC (%) K. pneumoniae A. hydrophila 82 1996 K. pneumoniae C. freundii 96 EUA 1990 K. pneumoniae E. cloacae 99 MOX-1 Japão 1993 K. pneumoniae A. hydrophila 80 LAT-1 Grécia 1993 K. pneumoniae C. freundii 95 FOX-1 Argentina 1994 K. pneumoniae A. caviae 99 DHA-1 Arábia Saudita 1997 S. enteriditis M. morganii 99 ACT-1 EUA 1997 K. pneumoniae E. asburiae 98 ACC-1 Alemanha 1999 K. pneumoniae H. alvei 99 CFE-1 Japão 2004 E. coli C. freundii 99 AmpC País de Ano da Plasmidial Origem Publicação CMY-1 Coréia do Sul 1989 CMY-2 Grécia MIR-1 Fonte: Jacoby, 2009 (86) Espécie 14 Revisão Bibliográfica CMY Apesar de receberem a mesma nomenclatura, as variantes de CMY-1 (CMY1, -8, -9, -10, -11 e -19) e de CMY-2 (CMY-2, -3, -4, -5, -7, -12, -13, -14, -15, -16, -18, -20, -21, -23 e -24, -26,-31, -36, -37 e -41) estão relacionadas ancestralmente a diferentes microrganismos (86). O primeiro relato de uma pAmpC foi em um isolado de K. pneumoniae da Coréia do Sul e essa enzima recebeu a denominação de CMY-1. Este isolado, bem como o seu transconjugante, apresentaram resistência a cefoxitina, a cefotetan, as penicilinas, as cefalosporinas e aos monobactamicos (16). Mais tarde, enzimas da família CMY-1 foram encontradas em isolados de E. coli (140). A primeira descrição de uma pAmpC em um isolado de E. aerogenes ocorreu em 2003 (104). A presença da enzima designada CMY-10 neste isolado foi interessante já que essa espécie carrega naturalmente um gene que codifica uma AmpC cromossomal. Análises da família CMY-1 demonstraram que os genes blaCMY-10 e blaCMY-11 diferem em uma e duas mutações simples do gene blaCMY-1, respectivamente (105). Os genes blaCMY-8 e blaCMY-9 apresentam 98,6 e 97,8% de similaridade, respectivamente, com o gene blaCMY-1 (54;191). Devido a uma substituição de um amino ácido na região da hélice H-10, a pAmpC CMY-19, recentemente identificada em um isolado de K. pneumoniae, confere baixo grau de resistência à cefepime (CIM, 4µg/mL) (179). 15 Revisão Bibliográfica A β-lactamase CMY-2 e suas variantes estão relacionadas com a AmpC cromossomal de C. freundii. A β-lactamase CMY-2 foi descrita pela primeira vez em um isolado de K. pneumoniae na Grécia (18). É a enzima mais prevalente e amplamente distribuída geograficamente, tendo sido relatada na Argélia, França, Alemanha, Grécia, Índia, Paquistão, Taiwan, Turquia, Reino Unido, Estados Unidos, Espanha, Argentina, Noruega, Singapura, Suiça e Brasil (15;86;150). O gene blaCMY-2 já foi encontrado em isolados de Salmonella spp., (96), K. oxytoca, P. mirabilis, E. coli (130), E. aerogenes (172) e C. koserii (155). CMY-2 também foi responsável pela resistência a ceftriaxona em S. sonnei em um surto em Taiwan (82) e em S. flexneri na Argentina (156). A β-lactamase CMY-2 é uma importante causa de resistência aos βlactâmicos em isolados de Salmonella não tifóide, Typhimurium e Newport em muitos países (14;57;60;69;120;182). As variantes de CMY-2 foram descritas em vários microrganismos, como a CMY-3, que foi identificada em um isolado clínico de P. mirabilis (36), CMY-4 em isolados de P. mirabilis (177), E. coli (169), K. pneumoniae (49), Salmonella spp. (14) e K. pneumoniae (127), CMY-5 em um isolado de K. oxytoca (187), CMY-7 em isolados de Salmonella spp. (73;81) e E. coli (70), CMY-12, -14, -15 e -16 em P. mirabilis (48;49;107), CMY-18, -20, -21, -23 e -24 em E. coli (78;97;102;111;123), CMY-31 em K. pneumoniae (2) e Salmonella spp. (195), CMY-36 em K. pneumoniae (195), e CMY-38 em P. mirabilis (107). Em 2007, Ahmed e colaboradores (4) descreveram uma nova variante de CMY-2, a CMY-26 em um isolado de K. oxytoca 16 Revisão Bibliográfica proveniente de uma gralha. Recentemente, no Egito foi descrita pela primeira vez a CMY-41, em uma amostra de queijo (71). Alguns genes que codificam enzimas da família CMY-2 estão inseridos no cromossomo bacteriano, entre elas a CMY-3, -4, -12, -14, -15 e -16 (36;48;49;107;177). Interessantemente, estas enzimas foram descritas em isolados de P. mirabilis. Em 2008, Zioga e colaboradores (195) descreveram um isolado de Salmonella spp. produtor de CMY-2. O gene blaCMY-2 possuía uma cópia tanto no DNA cromossomal quanto DNA plasmidial. CMY-13 foi a primeira pAmpC originada de C. freundii induzível (122). Está enzima foi isolada de uma E. coli na Grécia e possui o gene ampR funcional. Foi descrita a associação de CMY-2 (103;108;137) e CMY-4 (39;169) com perda ou alteração da permeabilidade da membrana externa causando a diminuição da sensibilidade ao imipenem em isolados clínicos de K. pneumoniae, E. coli e Salmonella spp. Uma nova β-lactamase do tipo AmpC, designada CMY-37, foi descrita em um isolado de C. freundii. O gene blaCMY-37 era cromossomal e não estava associado com o elemento de inserção ISEcp1, relacionado à mobilização de algumas pAmpCs. A análise filogenética mostrou que a CMY-37 é derivada de enzimas cromossomais de C. freundii (97% de similaridade). De acordo com a análise filogenética, CMY-37 é mais estreitamente relacionada à CMY-13 (5). 17 Revisão Bibliográfica MIR Em 1990, Papanicolaou e colaboradores (142) descreveram uma enzima (MIR-1) que era codificada por um gene localizado em um plasmídeo de uma K. pneumoniae, com propriedades bioquímicas das β-lactamases da classe 1 e 99% de similaridade genética com o gene ampC de E. cloacae. Mais recentemente, foi descrita a variante MIR-4 em E. coli, com quatro substituições de amino ácidos quando comparada com a seqüência de MIR-1 (181). MOX A enzima MOX-1 foi isolada e descrita de um isolado de K. pneumoniae proveniente do Japão, no ano de 1993 (79). Outras três variantes desta enzima foram então descritas, em K. pneumoniae na Grécia (MOX-2), em Aeromonas spp. (MOX-3; EU515248) e em Vibrio fluvialis (MOX-4; FJ262599) (dados não publicados). 18 Revisão Bibliográfica LAT A primeira enzima da família LAT foi descrita em 1993 por Tzouvelekis e colaboradores (176) em um isolado de K. pneumoniae na Grécia. As outras três variantes descritas dessa família também foram relatadas na Grécia em isolados de K. pneumoniae (LAT-2), E. aerogenes (LAT-2) e E. coli (LAT-2, -3 e -4) (64). As enzimas da família LAT têm uma origem semelhante e posteriormente foi verificado que a seqüência de DNA da enzima LAT-2 era idêntica àquela de CMY-2, a de LAT-3 idêntica à CMY-6, e a de LAT-4 idêntica a de LAT-1. Assim, com isso, LAT-1 é a única enzima representante desta família (11). FOX As enzimas da família FOX tem uma relação ancestral com a AmpC cromossomal de Aeromonas caviae. FOX-1 foi descrita em um isolado de K. pneumoniae na Argentina. Este isolado apresentou duas variantes moleculares de FOX-1 com ponto isoelétrico (pI) de 6.8 e 7.2 (68). A segunda variante descrita, FOX-2, foi detectada na Guatemala em um isolado de E. coli. Esta variante apresentava similaridade de 96,9%, 74,9% e 67,7% com as enzimas FOX-1, CMY-1 e MOX-1, respectivamente (20). Três outras variantes já foram descritas, FOX-3 em isolados de K. oxytoca e K. pneumoniae na Itália (114), FOX-4 em E. coli na Espanha (31) e FOX-5 em K. pneumoniae nos EUA (154). Os plasmídeos que 19 Revisão Bibliográfica carregam os genes codificadores da família FOX geralmente carregam também genes de resistência para as fluoroquinolonas (117). DHA As enzimas da família DHA (DHA-1, -2 e -3) parecem ser originadas a partir da AmpC de M. morganii, já que apresentam uma similaridade entre 98,2 e 100% com a mesma. As enzimas desta família foram isoladas de Salmonella enteritidis (62) e K. pneumoniae (61;186). Isolados de K. pneumoniae e E. aerogenes produtores de DHA-1 também já foram relatados (172;180;189). Com algumas exceções, a expressão das pAmpCs não é induzível. DHA-1 foi a primeira pAmpC induzível descrita. As outras duas β-lactamases da família DHA também são induzíveis, pois o gene regulador ampR foi mobilizado junto com o gene ampC, do cromossomo bacteriano para o plasmideo (13;61;186). A similaridade do gene ampR plasmidial das três β-lactamases do tipo DHA com o gene ampR cromossomal de M. morganii é de 98%. Em 2007, foi descrita pela primeira vez a associação de DHA-1 com alteração da permeabilidade das OmpK35 e OmpK36, determinando a resistência a imipenem em isolados clínicos de K. pneumoniae (103). 20 Revisão Bibliográfica ACT A enzima ACT-1 foi descrita em isolados de K. pneumoniae, nos quais o gene codificador de ACT-1 encontrava-se em plasmideos. Porém, em E. coli, o gene blaACT-1 encontrava-se no cromossomo (34). Reisbig e Hanson demonstraram que o gene blaACT-1, descrito em um isolado de K. pneumoniae, era induzível (158). Isolados de K. pneumoniae resistentes a imipenem estavam associados a perda da proteína de membrana externa de 42kDa com associação da AmpC plasmidial ACT-1 (34). ACC A pAmpC ACC-1 foi descrita em isolados de K. pneumoniae, E. coli e P. mirabilis, assim como ACC-4 foi descrita em E. coli. Excepcionalmente, estas enzimas não conferem resistência às cefamicinas, constituindo assim uma exceção no grupo das pAmpCs (17;67;126). Em 2005, Bidet e colaboradores (24) descreveram a associação de ACC-1 com a perda da OmpK36 em um isolado de K. pneumoniae, causando uma diminuição da sensibilidade ao imipenem. 21 Revisão Bibliográfica CFE A enzima CFE-1 foi a última família de pAmpC descrita. CFE-1 foi isolada de uma E. coli no Japão. Apesar do gene blaCFE-1 ter sido mobilizado juntamente com o gene ampR para o plasmídeo, a produção desta enzima não é induzível (128). β-lactamases pAmpC têm sido descritas por todo o mundo, mas ainda são menos comuns que as ESβLs. Essas enzimas já foram reportadas na África (Algeria, Tunísia), Ásia (Índia, Japão, Paquistão, Coréia do Sul), Europa (França, Alemanha, Grécia, Itália, Suécia, Inglaterra), Oriente Médio (Arábia Saudita), América do Norte (Estados Unidos, Canadá, México) e América do Sul e Central (Argentina, Brasil, Guatemala) (86). O relato de isolados produtores de pAmpC parece ser esporádico, mas surtos de infecções hospitalares causadas por K. pneumoniae produtores de MIR-1, CMY1, ACC-1, ACT-1 e DHA-1 (34;94;125;126;136;142;189), E. coli produtora de CMY-2 (113), P. mirabilis produtores de CMY-16 (48) têm sido relatados em todo o mundo. Plasmídeos que carregam os genes das β-lactamases pAmpC freqüentemente carregam também outros determinantes de resistência, incluindo genes para resistência a aminoglicosídeos, cloranfenicol, quinolonas, sulfonamidas, tetraciclina e trimetoprim. Foram descritos isolados que carregavam além do gene da pAmpC outros genes de β-lactamases, como blaTEM-1, blaPSE-1 (6), blaCTX-M-3, (9;43;184;193), blaSHV-2, -5, -9, -12 e -27 -14 e -15 (9;63;73;113;125;160;193), blaOXA-9 e -30 (73;74), blaVIM-1 (121) e blaIMP-1 (125). Os genes bla podem estar localizados em diferentes plasmídeos, mas muitas vezes ocorrem em um mesmo plasmídeo. 22 Revisão Bibliográfica Exceto por alguns isolados de Salmonella e ocasionais isolados de K. pneumoniae e E. coli (60;89;164;182;194), a maioria dos isolados produtores de pAmpC foram isolados de pacientes após vários dias de internação em hospital. No entanto, recentemente, alguns isolados foram recuperados de pacientes em asilos, centros de reabilitação e ambulatórios (8;72;118). No que diz respeito à produção de pAmpC em enterobactérias há apenas alguns estudos avaliando os fatores de risco e o desfecho clínico, embora haja relatos de vários surtos hospitalares e uma crescente prevalência destas infecções. Os fatores de risco para as infecções por pAmpC são similares aos fatores de risco para a infecção por K. pneumoniae produtoras de ESβL (139). Os fatores de risco para infecções de corrente sangüínea causadas por isolados de K. pneumoniae produtores de pAmpC incluem: longa permanência hospitalar, internação em UTI, cateter venoso central ou arterial, cateter urinário e a administração prévia de antibióticos, especialmente as cefalosporinas de amplo espectro e combinações de inibidores de β-lactamases (139;190). Doenças de base como, leucemia e câncer (80;113;139;169), e pacientes submetidos a transplante de orgãos (113) também têm um maior risco de adquirir estas infecções. Em um estudo realizado por Park e colaboradores (143), verificou-se que um fator de risco independente para infecções por isolados produtores de pAmpC, é a utilização de cefalosporinas de 3ª geração até um mês antes da infecção. Isolados produtores de pAmpC são freqüentemente resistentes a múltiplos antimicrobianos, dificultando a escolha de um antibiótico eficaz para o tratamento de infecções causadas por esses isolados. As combinações de inibidores de β- 23 Revisão Bibliográfica lactamases e penicilinas devem ser evitadas devido a resistência in vitro a estas drogas. O uso de cefepima para o tratamento de infecções causadas por pAmpC é incerto e necessita cautela. Cefepima é um pobre indutor de AmpC, penetra rapidamente através da membrana celular externa, e é pouco hidrolizado pelas enzimas pAmpC (131;165), de modo que muitos isolados produtores de pAmpC são sensíveis in vitro a cefepima. No entanto, se um inóculo 100 vezes maior for utilizado, a CIM aumenta dramaticamente para alguns isolados (92;152). Alguns isolados podem ser francamente resistentes à cefepima (135). Em um modelo de pneumonia utilizando cobaias, cefepima, imipenem e meropenem foram igualmente eficazes contra uma cepa de K. pneumoniae produtora de FOX-5 com associação de perda de porina (151). Além disso, em outro modelo de pneumonia em rato, a terapia com imipenem, meropenem, ertapenem ou cefepima foi equivalente no tratamento desta infecção por uma cepa K. pneumoniae produtora ACT-1 e deficiente na produção de porinas (138). Um modelo de peritonite em rato demonstrou que a terapia com cefepima e imipenem, em infecções causadas por E. coli produtora de FOX-1 e LAT-1 com alto inóculo, foi efetiva (178). No entanto, em um modelo com uma cepa de K. pneumoniae produtora CMY-2 associada à perda de porina, a sobrevida dos ratos tratados com cefepima não foi maior que àquela dos ratos não tratados e significativamente inferior à dos ratos tratados com imipenem (152). Barlow e Hall (12) avaliaram a evolução in vitro da resistência a cefepima em um isolado de E. coli produtor de CMY-2. Neste estudo os 24 Revisão Bibliográfica autores demonstraram a potencial capacidade de este isolado desenvolver resistência à cefepima. A antibioticoterapia que utilizada os carbapenens tem sido geralmente eficaz para o tratamento de infecções causadas por cepas produtoras de pAmpC (139), mas também tem sido seguida pelo aparecimento de isolados resistentes ou com sensibilidade reduzida aos carbapenens (CIM de 8 a 32 µg/mL) como citado anteriormente (3;9;24;34;39;91;103;108;137;169). Tigeciclina é outra opção no tratamento destas infecções. Em um estudo realizado no Reino Unido, apresentou boa atividade in vitro contra 88% dos isolados de E. coli, Enterobacter spp., Klebsiella spp. e Citrobacter spp. produtores de AmpC (77). Epidemiologia no Brasil A epidemiologia de infecções causadas por bactérias produtoras de pAmpC ainda é desconhecida no Brasil, apenas dois relatos de isolados produtores destas enzimas foram feitos no país. Em 2006, Castanheira e colaboradores (40) descreveram uma cepa de E. coli isolada em Porto Alegre que além do gene qnr carregava no mesmo plasmídeo o gene blaFOX-5. Em 2007, foi publicado o primeiro trabalho que avaliava a freqüência de AmpC plasmidial em nosso meio. Entretanto, nenhum isolado produtor de pAmpC foi encontrado. Foi observado apenas a possível hiperexpressão da AmpC cromossomal em cinco isolados de E. coli (166). 25 Revisão Bibliográfica Em 2008, Pavez e colaboradores (147) descreveu quatro isolados de E. coli resistentes aos carbapenens, provenientes de um mesmo paciente. Estes isolados eram produtores da enzima CMY-2 associada à perda de Omp36. O gene carregado por essa amostra apresentou 99% de similaridade genética com a seqüência do gene blaCMY-2 descrito. 2.1.1.1 Localização e mobilização dos genes codificadores de pAmpC A natureza exata da mobilização dos genes ampC cromossomais é desconhecida, mas a captura dos genes ampC é provavelmente seguida pela inserção destes em plasmídeos e transposons. Os genes para as pAmpCs estão inseridos em plasmídeos de tamanhos variados (7-180 kb) (80;169). Alguns dos plasmídeos não são conjugáveis, mas são transferidos por transformação (142;187). Uma variedade de elementos genéticos têm sido relacionados à mobilização das pAmpCs. A seqüência de inserção ISEcp1 está associada com muitas enzimas CMY, incluindo CMY-2 (66;70;93), CMY-4 (127), CMY-5 (187), CMY-7 (70;81), CMY -12, -14 e -15 (107), CMY-16 (48), CMY-21 (78), CMY-31 e -36 (195), bem como ACC-1 (55;144) e ACC-4 (141). ISEcp1 está envolvido na transposição dos genes adjacentes (153) e tem se mostrado capaz de mobilizar genes cromossomais para plasmídeos (100). Esse elemento de inserção pode também fornecer um eficiente promotor para uma expressão dos genes vizinhos em alto grau. 26 Revisão Bibliográfica O gene blaFOX-5, está relacionado com a seqüência de inserção ISAS2 (154) e o gene blaMOX-2, com a seqüência IS186 (157). O gene blaCMY-13 e o gene ampR são delimitados por uma repetição direta, IS26, elementos constituídos por uma transposase (tnpA) com segmentos terminais repetidos e invertidos (IR), assim como a enzima CFE-1 (122;128). Alguns genes blaAmpC são encontrados adjacentes a uma região comum da seqüência de inserção (ISCR1) envolvida na mobilização de gene em integrons de classe 1 (175). As variantes de CMY-1 (CMY-8, -9, -10, -11 e -19), DHA-1 e MOX-1 estão relacionadas com esse elemento (179). Estes genes, assim como o blaFOX-4 estão associados aos integrons de classe I do tipo sul, In6 e In7 (31). 2.1.1.2 Detecção fenotípica e genotípica de β-lactamases do Tipo AmpC plasmidiais A resistência e/ou níveis intermediários de resistência à cefoxitina pode ser um indício da produção de pAmpC. Esta triagem pode ser útil, mas não é específica, já que uma redução na permeabilidade da membrana externa pode também conferir resistência a cefoxitina (86). Não existe uma recomendação específica do Clinical Laboratory Standards Institute para a detecção de pAmpCs. No entanto, vários métodos fenotípicos para a detecção da produção destas enzimas foram descritos. Um teste amplamente utilizado para a detecção fenotípica de pAmpC é o teste tri-dimensional, descrito por Coudron e colaboradores (47). Este teste foi 27 Revisão Bibliográfica desenvolvido inicialmente por Thomson & Sanders (174) para detectar a produção de ESβL. Para a realização deste teste, uma placa de ágar Müeller-Hinton é inoculada com uma bactéria sensível à cefoxitina, como por exemplo a cepa de E. coli ATCC 25922, e um extrato bruto de β-lactamases da cepa teste é adicionado a uma fenda formada no ágar. A distorção da zona de inibição indica um teste positivo, já que a cefoxitina seria hidrolisada pela presença de uma pAmpC na amostra teste. Modificações deste teste foram propostas, como o teste de Hodge modificado (192). Onde, a cepa teste é inoculada diretamente sobre a superfície da placa de Müeller-Hinton a partir do disco de cefoxitina em direção à periferia da placa ao invés do extrato protéico bruto da amostra teste. No entanto, este teste falhou na detecção de alguns isolados produtores de CMY-2 e DHA-1 (101). Outra variação do teste tri-dimensional foi proposta por Nasin e colaboradores (129). Neste ensaio, a placa Müeller-Hinton onde a cepa sensível é inoculada contém 4 µg/mL de cefoxitina. O extrato bruto de β-lactamases da cepa teste é adicionado em poços feitos no ágar. Após a incubação, o crescimento em torno do poço indica a presença de uma pAmpC. Este método parece ser tão sensível e específico como o teste tridimensional para detecção de pAmpC, sendo também de mais fácil execução, e permitindo que um número maior de amostras sejam testadas. Recentemente foi descrito um novo método, o AmpC disk test, no qual se utiliza um disco de papel impregnado com Tris-EDTA, para aumentar a permeabilidade (27). Este teste apresentou 100% e 98% de sensibilidade e especificidade, respectivamente, na detecção de isolados produtores de pAmpC. No 28 Revisão Bibliográfica entanto, isolados produtores de carbapenemases podem apresentar resultados falso-positivos. Outra abordagem para detecção AmpC é o uso de um inibidor destas βlactamases, análogo ao uso de ácido clavulânico no teste de confirmação para a detecção de enzimas da classe A ESβLs. Os β-lactâmicos LN-2-128, Ro 48-1220 e Syn 2190 foram avaliados para esse fim. As combinações de cefotetan e LN-2-128 e Ro 48-1220 foram adequadas para a detecção de isolados produtores de pAmpC, demonstrando uma sensibilidade de 100% e uma especificidade de 90%. No entanto, os melhores resultados parecem ser da combinação de cefotetan e Syn 2190, que foi 100% específica e teve uma sensibilidade de 91% na detecção de pAmpC (28;29). Infelizmente, esses inibidores não estão disponíveis comercialmente. O ácido borônico tem sido há muito tempo conhecido como inibidor de AmpC (21). Diversos derivados do ácido borônico têm sido adicionados a discos em branco e posicionados próximos de discos de β-lactâmicos ou adicionados aos discos de β-lactâmicos e o halo de inibição do crecimento bacteriana comparados àqueles produzidos por discos sem impregnação (46). Brenwald e colaboradores (35) utilizaram um derivado do ácido borônico em associação com discos de cefoxitina e cefopodoxima. Os autores também associaram ao teste cloxacilina e ácido clavulânico. Os discos de cefoxitina-cloxacilina, cefoxitina-ác. borônico, cefpodoxima- ácido borônico e cefpodoxima- ác. borônico-ácido clavulânico detectaram corretamente 57 (86,4%), 59 (89,4%), 64 (97%) e 66 (100%) dos isolados produtores de pAmpC, respectivamente. Os discos de cefoxitina não são 29 Revisão Bibliográfica capazes de detectaram isolados produtor de ACC-1 e o disco de cefpodoximaácído borônico não foi capaz de detectar dois isolados que eram co-produtores de ESβL. Yagi e colaboradores (188) constataram uma potencialização do ensaio quando utilizado um aumento ≥5 mm na zona de inibição do halo de ceftazidima ou cefotaxima quando 300 µg de ácido boronico foi adicionado ao meio de cultura. Todas as variantes de pAmpC testadas foram detectadas e o teste resultou negativo para possíveis interferentes, como cepas produtoras de ESβL e carbapenemases. Em 2007, outro estudo utilizou um aumento ≥ 5 mm na zona de inibição do halo de cefoxitina ou cefotetan com o ácido borônico como porte de corte para interpretação de um teste positivo para a produção de pAmpC. Neste estudo os discos de cefoxitina-ácido borônico detectaram 97,7% dos isolados produtores de pAmpC enquanto os discos de cefotetan- ácido borônico detectaram apenas 81,4% dos isolados produtores de pAmpC (167). Nenhum isolado produtor de ESβL e não-produtor de pAmpC apresentou resultado positivo com os discos. O E-test® para AmpC tem se mostrado um teste sensível para a detecção destas enzimas. Esta fita possui uma das extremidades impregnada com cefotetan ou cefoxitina e, a extremidade oposta, com cefotetan ou cefoxitina associado à cloxacilina numa concentração constante. São consideradas produtoras de AmpC as amostras que apresentarem uma redução de três diluições na concentração inibitória mínima (CIM) da cefamicina ou formação de zona fantasma na presença da cloxacilina (59). Em um ensaio com aproximadamente 500 isolados, o E-test® apresentou sensibilidade e especificidade de 88 a 93%, respectivamente. 30 Revisão Bibliográfica Estes testes fenotípicos não distinguem entre as diversas famílias de pAmpC e podem não diferenciar entre uma pAmpC e uma AmpC cromossomal. O padrão-ouro para detecção da produção de pAmpC é o PCR multiplex desenvolvido por Pérez-Pérez & Hanson (149). Nesta técnica se utiliza seis pares de iniciadores para a detecção da maioria das famílias de AmpC plasmidial. Esta técnica não contempla a detecção da pAmpC CFE-1. 31 Objetivos 3 OBJETIVOS 3.1 Objetivo principal • Avaliar a freqüência de enterobactérias produtoras de pAmpC isoladas em infecção de corrente sangüínea de pacientes internados no Hospital São Paulo/UNIFESP. 3.2 Objetivos secundários • Avaliar o perfil de sensibilidade a antimicrobianos entre as amostras de enterobactérias estudadas; • Detectar fenotipicamente a produção de β-lactamases de espectro ampliado (ESβL) nas amostras estudadas; • Detectar fenotipicamente a produção de pAmpC nas amostras estudadas; • Identificar os genes blaCMY, blaMIR, blaACC, blaACT, blaMOX, blaLAT, blaFOX e blaDHA que codificam as pAmpCs; • Confirmar a localização e possível transferência dos genes codificadores de pAmpC. 32 Material e Métodos 4 MATERIAL E METÓDOS 4.1 Amostras bacterianas Foram selecionadas para o estudo 140 amostras consecutivas de enterobactérias, entre elas, 66 K. pneumoniae, 5 K. oxytoca, 46 E. coli, 19 P. mirabilis e 4 Salmonella spp., isoladas de hemocultura de pacientes internados no Hospital São Paulo/UNIFESP, entre janeiro e junho de 2006, que se encontravam armazenadas no banco de microrganismos do Laboratório Especializado em Microbiologia Clinica (LEMC). As amostras estavam armazenadas em caldo tríptico de soja (TSB – Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) com glicerol a 15% a – 20°C. Somente uma amostra por paciente foi estudada. As amostras foram retiradas do banco de microrganismos e subcultivadas por duas vezes em ágar sangue antes da realização dos testes, para a garantia da pureza e viabilidade das amostras. 4.2 Avaliação do perfil de sensibilidade in vitro aos antimicrobianos O perfil de sensibilidade das amostras foi determinado pela técnica de ágar diluição, de acordo com as recomendações do Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI) (44). Os agentes antimicrobianos testados e as respectivas concentrações (µg/mL) foram: aztreonam (1-256 µg/mL), ceftazidima (1-256 µg/mL), cefepima (1-256 µg/mL), cefoxitina (1-256 µg/mL), ceftriaxona (1-512 µg/mL), ciprofloxacino (0,12-32 µg/mL), imipenem (0,5-128 µg/mL). Para o controle de qualidade, foram incluídas nos testes de sensibilidade, amostras de E. coli American 33 Material e Métodos Type Culture Collection (ATCC) 25922, Pseudomonas aeruginosa ATCC 27853 e K. pneumoniae ATCC 700603. Foram preparadas soluções estoque dos antimicrobianos a serem utilizados, que foram armazenadas a -70°C (NCCLS, 2003). A partir da concentração da solução estoque, foram realizadas diluições seriadas do respectivo antimicrobiano em tubos contendo 19 mL de ágar Müeller-Hinton (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) fundidos e estabilizados em banho-maria a 56oC. Uma vez estabilizada a temperatura, 1 mL de uma solução de antimicrobiano com concentração 20 vezes superior a ser testada, foi adicionado nos 19 mL de ágar Müeller-Hinton. Após homogeneização, o conteúdo foi vertido em placas de Petri de 90 x 15 mm, descartáveis e previamente identificadas. Para cada amostra uma suspensão contendo aproximadamente 108 Unidades Formadoras de Colônias (UFC)/mL (escala 0,5 de MCFarland) foi preparada em solução salina (NaCl – Sigma, St. Louis, MO). Essa solução foi, então, diluída com água destilada estéril na proporção de 1:10 mL, resultando em um inóculo de aproximadamente 107 UFC/mL. Trezentos microlitros dessa suspensão bacteriana foi transferido para a base do inoculador de Steers. Desse modo, 2 a 3 µL da suspensão bacteriana de cada amostra foi inoculado simultaneamente na superfície do ágar obtendo um inóculo final de 104 UFC/mL. As placas foram deixadas em temperatura ambiente até a absorção do inóculo pelo ágar. A leitura foi realizada após incubação por 18 horas a 35°C e a concentração inibitória mínima (CIM) foi definida como sendo a menor concentração de cada antimicrobiano capaz de inibir o crescimento bacteriano. 34 Material e Métodos As amostras foram classificadas como sensíveis (S), intermediárias (I) ou resistentes (R) aos antimicrobianos testados de acordo com os critérios estabelecidos pelo CLSI para Enterobacteriaceae (45). 4.3 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de ESβ βL O CLSI recomenda a utilização de alguns antimicrobianos para a triagem de amostras produtoras de ESβL em isolados de E. coli, K. pneumoniae, K. oxytoca e P. mirabilis (Tabela 2). Tabela 2. Triagem para ESβL segundo o CLSI. E. coli, K. pneumoniae e K. oxytoca CIM ≥2 µg/mL para cefotaxima, ceftriaxona, ceftazidima ou aztreonam e ≥8 µg/mL para cefpodoxima Halo (disco-difusão) ≤17 mm para cefpodoxima, ≤22 mm para ceftazidima, ≤25 mm para Ceftriaxona e ≤27 mm para cefotaxima ou aztreonam P. mirabilis CIM ≥2 µg/mL para ceftazidima cefpodoxima, Halo (disco-difusão) ≤22 mm para cefpodoxima, ceftazidima e ≤27 mm para cefotaxima cefotaxima ou 35 Material e Métodos 4.3.1 Detecção fenotípica por disco aproximação O teste confirmatório de detecção fenotípica da produção de ESβL foi realizado de acordo com a metodologia descrita por Jarlier e colaboradores em 1988 (87). Foi preparada uma suspensão bacteriana em caldo Müeller-Hinton (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra), com turbidez correspondente a 0,5 da escala de McFarland. Após homogeneização, a suspensão foi semeada em uma placa de ágar Müeller-Hinton (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) utilizando um swab estéril. Em seguida foram dispensados os discos de aztreonam (30µg), ceftriaxona (30µg), ceftazidima (30µg), cefepima (30µg) com 20 mm (centro a centro) de distância de um disco de amoxacilina/ácido clavulânico (30µg/10µg) colocado no centro da placa, conforme ilustrado na Figura 4. As placas foram incubadas por 18 a 24 horas, em temperatura de 35°C. Após esse período, foi verificada a presença de uma zona de inibição entre os discos contendo os substratos e aquele contendo o inibidor de βlactamase. O teste foi considerado positivo para a produção de ESβL quando houve o aparecimento de deformações do halo de inibição ou o de uma zona fantasma entre o substrato e o inibidor, para pelo menos um dos substratos testados. Para o controle de qualidade, foi incluída nos testes de detecção fenotípica a cepa de K. pneumoniae ATCC 700603, produtora de ESβL e a cepa de E. coli ATCC 25922 como controle negativo. 36 Material e Métodos CRO CAZ AMC FEP 20 mm ATM Figura 4. Placa modelo de disco aproximação utilizada para a detecção fenotípica da produção de ESβL. CAZ, ceftazidima; CRO, ceftriaxona; FEP, cefepima; ATM; aztreonam; AMC, amoxacilina/ácido clavulânico. 4.4 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de pAmpC 4.4.1 Detecção fenotípica pelo Teste Tri-dimensional modificado O teste tri-dimensional modificado para detecção de pAmpC foi primeiramente proposto por Coudron e colaboradores (47), como uma adaptação do teste descrito previamente para a detecção de ESβLs. Para a obtenção do extrato bruto de β-lactamases, 10 colônias bacterianas foram inoculadas em 10 mL de caldo TSB com 20 µg/mL de ampicilina. Os tubos foram incubados a 37°C, durante a noite, sob agitação. A suspensão bacteriana foi transferida para um tubo cônico que foi centrifugado por 15 minutos a 3000 rpm. Em 37 Material e Métodos seguida, o sobrenadante foi desprezado e o centrifugado ressuspenso em 1 mL de tampão de amostra (Tris-HCl 1mM e ZnSO4 1mM). Essa suspensão bacteriana foi, então, ultrasonicada por quatro vezes. O produto sonicado foi transferido para tubo de microcentrífuga e centrifugado novamente por 3 minutos a 4ºC e 13000 rpm. O sobrenadante foi transferido para um novo tubo e as amostras foram mantidas no gelo até o momento do ensaio. Para o teste tri-dimensional, uma placa de Müeller-Hinton (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) foi inoculada com a cepa de E. coli ATCC 25922, de acordo com a metodologia preconizada pelo CLSI (44), para o teste de disco difusão. Um disco de cefoxitina 30 µg (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) foi colocado no centro da placa e, com o auxílio de uma lâmina de bisturi estéril, o ágar foi cortado começando 5 mm após a extremidade do disco até a periferia da placa. Nesse corte foi pipetado de 25 a 30 µL do extrato bruto de β-lactamases, iniciando pela área próxima ao disco em direção à periferia da placa, como mostrado na Figura 5. As placas foram incubadas por 18 a 24 horas a 35°C. O teste foi considerado positivo quando houve o crescimento da amostra ATCC 25922 na área de encontro do corte no ágar com o halo de inibição da cefoxitina, indicando, dessa maneira, hidrólise da cefoxitina e a possível produção de AmpC. 38 Material e Métodos FOX Figura 5. Placa modelo do teste tridimensional utilizada para a detecção fenotípica da produção de AmpC. FOX, cefoxitina. 4.4.2 Detecção fenotípica pelo Teste de Hodge modificado Para a realização do teste de Hodge modificado (101), uma placa de MüellerHinton (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) foi inoculada com a cepa de E. coli ATCC 25922, de acordo com a metodologia preconizada pelo CLSI para o teste de disco difusão (44). Um disco de cefoxitina 30 µg (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) foi colocado no centro da placa. As amostras bacterianas foram cultivadas em ágar nutriente contendo 50 µg/mL de ampicilina. Duas ou três colônias bacterianas foram estriadas sob a placa de Müeller-Hinton (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) com uma alça começando 5 mm após a extremidade do disco até a periferia da placa, 39 Material e Métodos conforme ilustrado na Figura 6. As placas foram incubadas por 18 a 24 horas a 35°C. O teste foi considerado positivo, quando houve o crescimento da amostra ATCC 25922 na área de encontro da bactéria teste com o halo de inibição da cefoxitina, indicando, a hidrólise da cefoxitina e assim, possivelmente a produção de pAmpC. FOX Figura 6. Placa modelo do teste de Hodge utilizada para a detecção fenotípica da produção de AmpC. FOX, cefoxitina. A leitura dos testes fenotípicos foi realizada por dois observadores independentes e realizada anteriormente à realização da confirmação genotípica da produção de pAmpC. 40 Material e Métodos 4.4.3 Confirmação da produção de β-lactamases pAmpC por métodos moleculares 4.4.3.1 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) multiplex A técnica da reação em cadeia da polimerase (PCR) multiplex foi empregada para a detecção dos genes cmy, mir, acc, act, mox, lat, fox e dha de acordo com a técnica descrita por Pérez-Pérez e Hanson (149). As amostras bacterianas foram cultivadas em ágar nutriente (Oxoid®, Basingstoke, Inglaterra) contendo 50 µg/mL de ampicilina. Uma colônia de cada amostra foi inoculada em 5 mL caldo de TSB. Os tubos foram incubados a 37°C por 12 horas, sob agitação. Um mililitro e meio da suspensão bacteriana foi transferido para um tubo de microcentrífuga, o qual foi centrifugado por 5 minutos a 13000 rpm. Em seguida, o sobrenadante foi desprezado e o centrifugado ressuspenso em 500 µL de água deionizada. As células foram, então, lisadas por aquecimento a 95°C por 10 minutos. Os debris celulares foram removidos por centrifugação a 13000 rpm por 5 minutos. O sobrenadante foi utilizado para reação de PCR. Em fluxo laminar, foi preparada uma solução mãe contendo: H2O deionizada, solução tampão com MgCl2 1,5 mM, KCl 50 mM e Tris-HCl 20 mM [pH 8,4], 0,2 mM de desoxinucleotídeo trifosfato (dATP, dTTP, dGTP e dCTP), 0,6 mM dos iniciadores MPCMY1-F, MPCMY1-R, MPCMY2-F, MPCMY2-R, MPDHA-F e MPDHA-R; 0,5 Mm dos iniciadores MPACC-F, MPACC-R, MPMAC-F E MPMAC-R; 0,4 mM dos iniciadores MPFOX-F e MPFOX-R e 1,25 unidades/L de Taq DNApolimerase. A solução mãe foi 41 Material e Métodos mantida em aproximadamente 4°C durante seu preparo e, após leve agitação, 48 µL dessa solução foi transferido para cada tubo de amplificação, contendo 2 µL do DNA alvo. Na Tabela 3 estão descritos os iniciadores utilizados para detecção dos genes blacmy, blamox, blamir, blaacc, blaact, blalat, blaFox e bladha. Tabela 3. Iniciadores utilizados para amplificação dos genes codificadores de βlactamases AmpC pela PCR multiplex (149). Iniciadores Seqüência (5’-3’) MPCMY-1F GCTGCTCAAGGAGCACAGGAT MPCMY-1R MPCMY-2F Gene Alvo blaMOX1-2, blaCMY1, CACATTGACATAGGTGTGGTGC blaCMY8-11, blaCMY19 TGGCCAGAACTGACAGGCAAA blaCMY2-7, blaCMY12-16, Tamanho do amplicon 520 blaCMY18, blaCMY21-24, blaCMY26-33, blaCMY36-37, MPCMY-2R TTTCTCCTGAACGTGGCTGGC MPDHA-1F AACTTTCACAGGTGTGCTGGGT blaLAT1-4 blaDHA-1-3 MPDHA-1R CCGTACGCATACTGGCTTTGC MPACC-F AACAGCCTCAGCAGCCGGTTA MPACC-R TTCGCCGCAATCATCCCTAGC MPMAC-F TCGGTAAAGCCGATGTTGCGG MPMAC-R CTTCCACTGCGGCTGCCAGTT MPFOX-F AACATGGGGTATCAGGGAGATG MPFOX-R CAAAGCGCGTAACCGGATTGG 462 blaACC1-2 405 346 blaMIR1-4, blaACT1-3 302 blaFOX1-7 190 42 Material e Métodos As condições de termociclagem foram: denaturação inicial a 94ºC por 3 minutos, seguida por 25 ciclos de denaturação a 94ºC por 30 segundos, anelamento a 64ºC por 30 segundos e extensão a 72ºC por 1 minuto. Após o último ciclo, houve uma extensão final a 72ºC por 7 minutos. Após a amplificação do DNA, a revelação do produto amplificado foi feita com eletroforese em gel de agarose a 2% e visualização sob luz ultravioleta. Foram utilizadas cepas produtoras de β-lactamases plasmidiais como controles positivos. Entre elas: E. coli transconjugante pBL23 blaLAT-1, E. coli transconjugante 200 blaFOX-5, E. coli transconjugante C600 R96D blaMIR-1, Morganela morganii blaDHA-1 e Hafnia Alvei A7.307 blaAAC. As cepas de E. coli ATCC 25922 e K. pneumoniae ATCC 700603 foram utilizadas como controles negativos. 4.4.3.2 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) A confirmação da presença do gene blaCMY-2 pela técnica de PCR foi realizada na amostra detectada genotipicamente pelo PCR multiplex como produtora de pAmpC. A amostra bacteriana foi cultivada em ágar nutriente contendo 50 µg/mL de ampicilina. Uma suspensão de colônias da amostra foi preparada em um tubo de microcentrífuga contendo 200 µL de água deionizada. Essa suspensão foi utilizada diretamente para reação de PCR. Em fluxo laminar, foi preparada uma solução mãe contendo: H2O deionizada, solução tampão com MgCl2 1,5 mM, NH4 50 mM e Tris- 43 Material e Métodos HCl 10 mM [pH 9,0], 2 µL de desoxinucleotídeo trifosfato (0,5 µl de cada um: dATP, dTTP, dGTP e dCTP), iniciadores e 2,5 unidades/L de Taq DNApolimerase. A solução mãe foi mantida a aproximadamente 4°C durante seu preparo e, após leve agitação, 45 µL foi transferido para o tubo de amplificação, contendo 5 µL da suspensão celular. Após amplificação do DNA, a revelação do produto amplificado foi feita por eletroforese em gel de agarose a 1% e visualização sob luz ultravioleta. Os iniciadores e as condições de termociclagem utilizados para detecção do gene cmy-2 estão listados na Tabela 4. Tabela 4. Iniciadores utilizados para reações de PCR e seqüenciamento neste estudo. Iniciadores Seqüência (5’-3’) CMY-2F TCGTTATGCTGCGCTCTG Condições de termociclagem Gene Alvo blaCMY2-7, CMY-2Fint CMY-2R ACTGGCAGCCGCAATGG GGACAGGGTTAGGATAGC Denaturação: 94ºC – 10’ Denaturação: 94ºC – 1’ Anelamento: 52ºC - 1’ Extensão: 72ºC - 1’ 35 ciclos Extensão final: 72ºC 10’ blaCMY12-16, blaCMY18, blaCMY21-24, blaCMY26-33, blaCMY36-37, blaLAT1-4 Referências X91840, Y15130, Y17716, AJ011293, AJ011291, Y16785, AY339625, AJ555825, AJ555823, AJ781421, AY743434, DQ139328, DQ256079, DQ438952, EF415650, AB300358, EF622224, EF561644, EF685371, EF685372, EF622224, EU496815, EU496816, EU331426, AB280919, X78117, X97039, Y15411, Y15412 44 Material e Métodos Foi utilizada a cepa E. coli transconjugante pBL23 blaLAT-1 como controle positivo. As cepas de E. coli ATCC 25922 e K. pneumoniae ATCC 700603 foram utilizadas como controles negativos. 4.4.3.3 Reação de seqüenciamento e interpretação dos resultados Os produtos de PCR foram purificados a partir do gel de agarose com o kit QIAquick Gel Extraction, conforme as instruções do fabricante (Qiagen, Hilden, Alemanha). O DNA obtido foi quantificado utilizando o espectrofotômetro Biomate 5 UV-Visible (Termo Spectronic, Cambridge, Inglaterra) e, então, quantidades necessárias foram submetidas à reação preparatória para o seqüenciamento com o kit Big Dye Terminator Cycle Sequencing (Applied Biosystems, Foster City, CA). Ao término da reação de PCR, o produto foi precipitado para a eliminação dos d-dNTPs marcados não incorporados à reação. Após a precipitação e lavagem com etanol, o produto foi ressuspenso em polímero TSR e colocado no aparelho ABI PRISM 3100 Genetic Analyzer (Applied Biosystems, Perkin Elmer, CA). As seqüências de DNA obtidas e as seqüências protéicas derivadas foram analisadas utilizando o programa Lasergene Software Package (DNASTAR, Madison, WI) e, então, submetidas à comparação com bases de dados de nucleotídeos disponíveis na Internet FASTA e BLAST (http://www.ebi.ac.uk/fasta33/ e http://www.ncbi.nlm.nih.gov/blast/). 45 Material e Métodos 4.5 Análise da transferência dos genes codificadores de pAmpC As metodologias de transformação e conjugação foram utilizadas para avaliar a capacidade de transferência da resistência bacteriana da célula doadora para cepas receptoras de linhagens laboratoriais. As técnicas de conjugação e transformação foram realizadas de acordo com metodologia descrita por Sambrook e Russel (163). Linhagens receptoras de E. coli (derivados de K12 - resistentes à estreptomicina - e DH5α) foram utilizadas para os experimentos de conjugação e transformação, respectivamente. A seleção dos possíveis conjugantes foi realizada em placas de ágar nutriente contendo 4 µg/mL de cefoxitina e 500 µg/mL de estreptomicina e a seleção dos possíveis transformantes foi realizada em placas de ágar nutriente contendo 4 µg/mL de cefoxitina. A confirmação da transferência dos genes foi realizada através de amplificação pela técnica da PCR. 4.6 Avaliação da localização dos genes de pAmpC Para determinação da localização dos genes cmy-2 seria utilizado o DNA total e o DNA plasmidial. Essa conduta seria tomada devido a diversos relatos de pAmpCs que passaram a ser inseridas no cromossomo bacteriano (36;48;49;107;177). O DNA plasmidial seria extraído com o kit QIAprep Spin Midi prep para obtenção de material genético em quantidade e qualidade necessárias, segundo as instruções do fabricante (Qiagen, Hilden, Alemanha). Enquanto que, o DNA total da 46 Material e Métodos amostra seria extraído com a técnica de brometo de cetiltrimetilamônio - CTAB. Após o isolamento, o microrganismo seria cultivado em ágar nutriente e incubado a 37°C. O crescimento bacteriano seria coletado com auxílio de alça descartável e ressuspenso em tubo cônico (50 mL) com 9,5 mL de tampão TE. Seria adicionado 500 µL de uma solução a 10% de dodecil-sulfato de sódio (SDS) e 100 µL de Proteinase K (20 mg/mL). A solução seria homogeneizada e após ter sido incubada por 1 hora a 37°C, 1,8 mL de cloreto de sódio (5M) seria foi adicionado. A amostra seria incubada por 10 minutos em temperatura ambiente e após esse período de incubação seriam adicionados 1,5 mL de solução de CTAB/NaCl previamente aquecida a 65°C. A amostra seria incubada por 20 minutos a 65°C. Seria adicionado um volume igual de uma solução de clorofórmio:álcool isoamílico (24:1) sendo o tubo invertido para homogeneização. A amostra seria centrifugada por 10 minutos a 7000 rpm, em temperatura ambiente. O sobrenadante obtido seria, então, transferido para um no tubo cônico e adicionado 0.6 volume de isopropanol. A solução seria homogeneizada lentamente até a precipitação do DNA. O DNA seria transferido com o auxílio de uma alça descartável para um tubo de microcentrífuga e, após secagem, o DNA seria ressuspenso em água deionizada. Alíquotas de DNA cromossomal e DNA plasmidial da amostra avaliada seriam submetidas à eletroforese em gel de agarose 8%. Posteriormente, o material genético seria transferido para uma membrana de nylon (Hybond-N+, Amershan Biosciences, Uppsala, Suécia) pela técnica de Southern blot. Essa membrana seria submetida a uma reação de hibridização com o Kit ECL Direct Nucleic Acid Labelling and Detection Systems segundo as especificações do fabricante (Amershan 47 Material e Métodos Biosciences, Uppsala, Suécia). O fragmento de DNA utilizado como sonda seria obtido por amplificação de um fragmento interno dos genes blaCMY-2 presente em amostras controles, da qual esses genes foram descritos. Para amplificação seria utilizado os pares de iniciadores listados na Tabela 4. A sonda seria preparada com o kit ECL Direct Nucleic Acid Labelling and Detection Systems segundo as instruções do fabricante (Amershan Biosciences, Uppsala, Suécia). 48 Resultados 5 RESULTADOS 5.1 Amostras bacterianas As amostras bacterianas estudadas foram recuperadas do banco de microrganismos do LEMC. Sete amostras não foram viáveis e, assim, foram excluídas do estudo. A nova distribuição dos isolados de acordo com a espécie bacteriana encontra-se na Tabela 5. Tabela 5. Distribuição dos isolados de acordo com a espécie. Microrganismo Total de amostras K. pneumoniae 66 Total de amostras recuperadas 65 K. oxytoca 5 5 E. coli 46 41 P. mirabilis 19 18 Salmonella spp. 4 4 5.2 Avaliação do perfil de sensibilidade in vitro aos antimicrobianos A sensibilidade das amostras de enterobactérias aos diversos antimicrobianos foi avaliada pela técnica de ágar diluição. Na Tabela 6, podemos observar o perfil de sensibilidade aos antimicrobianos testados de todas as amostras estudadas, assim como, a menor concentração de cada antimicrobiano que inibiu o crescimento de 50% e 90% das amostras (CIM50 e CIM90), respectivamente. 49 Resultados Tabela 6. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos das amostras estudadas. CIM (µg/mL) Agentes Antimicrobianos Sensibilidade Resistência CIM50 CIM90 (%) (%) Aztreonam ≤1 128 61,7 33,9 Ceftazidima ≤1 64 66,2 26,4 0,25 >32 51,9 45,9 Ceftriaxona 2 >512 54,9 39,1 Cefepima ≤1 64 57,9 39,1 Cefoxitina 4 32 80,5 12,9 Imipenem ≤0,5 ≤0,5 99,2 0 Ciprofloxacino Entre os antimicrobianos testados, o imipenem foi o agente antimicrobiano que exibiu maior potência in vitro (CIM50 ≤0,5) e a maior taxa de sensibilidade entre os microrganismos testados (99,2%), seguido pela cefoxitina (80,5%). Somente um isolado de K. pneumoniae apresentou redução da sensibilidade a imipenem (CIM, 8 µg/mL). Esta amostra foi isolada de um paciente internado na UTI geral do HSP. Esta amostra não foi caracterizada fenotipicamente como produtora de ESβL ou pAmpC. As taxas de sensibilidade variaram conforme as espécies estudadas (Figura 7). Somente os isolados de Salmonella spp. apresentaram 100% de sensibilidade para todos os antimicrobianos testados. 50 Resultados 120 100 80 K. pneumoniae P. mirabilis 60 E. coli Salmonella spp. 40 K. oxytoca 20 0 ATM CAZ CIP CRO FEP FOX IPM Figura 7. Porcentagem de sensibilidade das amostras de enterobactérias. ATM, aztreonam; CAZ, ceftazidima; CIP, ciprofloxacino; CRO, ceftriaxona; FEP, cefepima; FOX, cefoxitina e IPM, imipenem. Com exceção do imipenem, alto a grau de resistência aos os β-lactâmicos β pode ser observado entre as amostras de K. pneumoniae.. Ceftazidima (CIM50, 32 µg/mL) e cefepima (CIM50, 32 µg/mL) µg/ ) exibiram a mesma atividade in vitro contra as amostras de K. pneumoniae, pneumoniae porém, a taxa de resistência à ceftazidima foi superior (66,2%) aquela apresentada pela cefepima (57,9%). Ceftazidima (CIM50, 32 µg/mL) foi 8 vezes mais potente in vitro que a ceftriaxona (CIM50, 256 µg/mL) µg/ frente a esses isolados. O antimicrobiano mais potente para esses isolados foi o imipenem (CIM ( 50, ≤0,5). 51 Resultados A resistência à cefoxitina foi maior entre os isolados de K. pneumoniae (23,1%), seguido por P. mirabilis (5,6%). Os isolados de P. mirabilis apresentaram a menor taxa de sensibilidade para ciprofloxacino (27,8%). Entre os isolados de E. coli pode-se observar uma alta sensibilidade aos βlactâmicos: aztreonam (87,8%), ceftazidima (100%), ceftriaxona (85,4%), cefepima (92,7%) e cefoxitina (95,1%) e a ciprofloxacino (82,9%). Na Tabela 7 podemos observar a menor concentração de cada antimicrobiano que inibiu o crescimento de 50% e 90% das amostras separadas por espécie (CIM50 e CIM90), respectivamente e a taxa de sensibilidade. Tabela 7. Perfil de sensibilidade aos antimicrobianos das amostras estudadas dividido por espécie. K. pneumoniae (n=65) MIC(ug/mL) % Sensibilidade MIC50 MIC90 Aztreonam 64 256 32,3 Ceftazidima 32 64 32,3 Ciprofloxacino 16 >32 33,8 Ceftriaxona 256 >512 35,4 Cefepima 32 64 36,9 Cefoxitina 8 32 66,2 Imipenem ≤0,5 ≤0,5 98,5 P. mirabilis (n=18) MIC(ug/mL) % Sensibilidade MIC50 MIC90 Aztreonam ≤1 8 94,4 Ceftazidima ≤1 8 100,0 Ciprofloxacino 4 16 27,8 Ceftriaxona 32 512 38,9 Cefepima 32 128 38,9 Cefoxitina 2 8 94,4 Imipenem ≤0,5 1 100,0 52 Resultados E. coli (n=41) MIC(ug/mL) % Sensibilidade MIC50 MIC90 Aztreonam ≤1 16 87,8 Ceftazidima ≤1 2 100,0 ≤0,12 32 82,9 Ceftriaxona ≤1 32 85,4 Cefepima ≤1 4 92,7 Cefoxitina 4 8 95,1 Imipenem ≤0,5 ≤0,5 100,0 Ciprofloxacino Salmonella spp. (n=4) MIC(ug/mL) % Sensibilidade MIC50 MIC90 Aztreonam ≤1 ≤1 100,0 Ceftazidima ≤1 ≤1 100,0 ≤0,12 ≤0,12 100,0 Ceftriaxona ≤1 ≤1 100,0 Cefepima ≤1 ≤1 100,0 Cefoxitina 2 2 100,0 Imipenem ≤0,5 ≤0,5 100,0 Ciprofloxacino K. oxytoca (n=5) MIC(ug/mL) % Sensibilidade MIC50 MIC90 Aztreonam ≤1 128 80,0 Ceftazidima ≤1 32 80,0 ≤0,12 32 80,0 Ceftriaxona ≤1 >512 80,0 Cefepima ≤1 128 80,0 Cefoxitina 2 32 80,0 Imipenem ≤0,5 ≤0,5 100,0 Ciprofloxacino 5.3 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de ESβ βL 5.3.1 Detecção fenotípica por disco aproximação Das 133 amostras estudadas 76 (57,1%) foram triadas como possíveis produtoras de ESβL pela recomendação do CLSI e 59 (44,4%) foram confirmadas 53 Resultados como produtoras de ESβL pela metodologia de disco aproximação. Cinco isolados de K. pneumoniae e onze de E. coli apresentaram CIM ≥2 para aztreonam e/ou ceftazidima e/ou ceftriaxona, mas não foram confirmadas fenotipicamente como c produtoras de ESβL. Apenas um isolado de P. mirabilis apresentou CIM ≥2 para ceftazidima e/ou ceftriaxona, ceftriaxon como preconiza o CLSI, mas não foi confirmado como produtor de ESβL (Figura 8). 8 aproximação para detecção de ESβL. ES A) P. Figura 8. Detecção fenotípica por disco aproximação mirabilis A24.763, B) K. oxytoca A23.122, C) E. coli A25.395 25.395 e D) D K. pneumoniae A23.761. Nenhuma amostra de Salmonella spp. foi identificada como produtora de ESβL. O número de amostras classificadas fenotipicamente como produtoras de ESβL, de acordo com a espécie bacteriana está demonstrada na Tabela 8. 54 Resultados Tabela 8. Distribuição dos isolados fenotipicamente detectados como produtores de ESβL de acordo com a espécie bacteriana. Espécie (n° de amostras) N (%) de amostras com fenótipo ESβL K. pneumoniae (65) 43 (66,2) K. oxytoca (5) 1 (20) E. coli (41) 4 (9,8) P. mirabilis (18) 11 (61,1) Como esperado, os substratos β-lactâmicos preferenciais variaram de acordo com a espécie bacteriana. Houve também variação do substrato entre amostras pertencentes à mesma espécie bacteriana. Dos 11 isolados de P. mirabilis, apenas um isolado apresentou um perfil de substrato diferente. Os isolados de E. coli apresentaram dois perfis distintos de substrato preferencial. 43,1% das amostras de K. pneumoniae apresentaram os quatro β-lactâmicos como substrato preferencial. Os resultados estão no Quadro 1. 55 Resultados Quadro 1. Substrato preferencial de cada espécie. Substrato preferencial Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima Aztreonam/Cefepima/Ceftriaxona Aztreonam/Cefepima Cefepima/Ceftazidima Cefepima/Ceftriaxona Cefepima Número de isolados 3 E. coli 28 K. pneumoniae 1 K. oxytoca 3 K. pneumoniae 1 E. coli 3 K. pneumoniae 1 P. mirabilis 7 K. pneumoniae 1 K. pneumoniae 10 P. mirabilis 1 K. pneumoniae 5.4 Avaliação da freqüência de amostras produtoras de pAmpC 5.4.1 Detecção fenotípica pelo Teste Tri-dimensional modificado Das 133 amostras estudadas, 119 (89,5%) foram detectadas fenotipicamente como não produtoras de pAmpC. Seis amostras de K. pneumoniae foram detectadas fenotipicamente como possíveis produtoras de pAmpC. Resultados duvidosos foram observados em oito amostras, sendo duas amostras de P. mirabilis e seis de K. pneumoniae (Figura 9). 56 Resultados Figura 9. Teste tri-dimensional. dimensional. A) K. oxytoca A23.313, B) E. coli transconjugante 200 blaFOX-5, C) K. pneumoniae A24.155, D) P. mirabilis A24.763.. dimensional apresentou uma boa sensibilidade (100%) e O teste tri-dimensional especificidade (96%). Quando analisadas somente as amostras resistentes a cefoxitina houve uma queda significativa na especificidade (75%). .2 Detecção fenotípica pelo Teste de Hodge modificado 5.4.2 Dentre as 133 amostras estudadas, 104 (78,2%) apresentaram resultado negativo. Dezenove amostras foram detectadas fenotipicamente como possíveis produtoras de pAmpC,, sendo 15 eram K. pneumoniae e 4 E. coli. coli Dez isolados apresentaram resultados duvidosos (Figura 10). 57 Resultados Figura 10. Teste de Hodge. A) A E. coli transconjugante pBL23 blaLAT-1, B) E. coli transconjugante 200 blaFOX-5, C) E. coli transconjugante C600 R96D blaMIR-1, D) Morganela morganii blaDHA-1, DHA E) K. pneumoniae A24.155, F) K. pneumoniae A24.396, G) K. oxytoca A25.506,, H) E. coli A23.258. Os valores de sensibilidade e especificidade para o teste de Hodge modificado foram 100% % e 85%, respectivamente.. Quando analisadas somente as amostras resistentes a cefoxitina a sensibilidade do teste se manteve em 100%; porém, houve uma queda significativa na especificidade do teste (40%). Uma grande discrepância entre os resultados dos testes fenotípicos para detecção de pAmpC AmpC foi observada entre as amostras estudadas. Apenas uma amostra de P. mirabilis e 8 de K. pneumoniae apresentaram resultados concordantes entre os dois testes fenotípicos fenotípicos empregados para a detecção de pAmpC. 58 Resultados 5.4.3 Confirmação da produção de β-lactamases pAmpC por métodos moleculares 5.4.3.1 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) multiplex A identificação dos genes que codificam as pAmpCs foi realizada para todas as amostras pela técnica de PCR multiplex. O gene blaCMY-2 foi detectado em somente uma das amostras avaliadas, isolado A24.155 de K. pneumoniae (Figura 11). Este isolado foi detectado fenotipicamente como produtor de pAmpC por ambas as metodologias empregadas neste estudo. λ 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 λ Figura 11. PCR multiplex para detecção de AmpC plasmidial. Linha 1, marcador de peso molecular; Linha 2, amostra PM A13304; linha 3, amostra KPN A24155; linha 4, amostra EC A13306; linha 5, E. coli transconjugante C600 R96D blaMIR-1; linha 6, E. coli transconjugante pBL23 blaLAT-1; linha 7, Hafnia Alvei A7.307 blaAAC; linha 8, Morganela morganii blaDHA-1; linha 9, E. coli transconjugante 200 blaFOX-5; linha 10, E. 59 Resultados coli transconjugante C600 blaMIR-1; linha 11, amostra A13305; linha 12, marcador de peso molecular. 5.4.3.2 Identificação dos genes por reação da polimerase em cadeia (PCR) A presença do gene blaCMY-2 foi confirmada pela técnica de PCR convencional, a qual originou um produto de amplificação de aproximadamente 1000 pb, quando foram utilizados os iniciadores CMY-2F, CMY-2Fint e CMY-2R (Figura 12). λ 2 3 4 5 6 7 8 9 10 Figura 12. Eletroforese em gel de agarose mostrando o produto de amplificação para o gene blaCMY-2. Linha 1, marcador de peso molecular; Linha 1, amostra A13304; linha 2, amostra A13305; linha 3, amostra A13306; linha 4, amostra A13307; linha 5, amostra A24155; linha 6, amostra KPN A24155; linha 7, amostra A13310; linha 8, amostra A13310; linha 9, E. coli transconjugante pBL23 blaLAT-1; linha 10, controle negativo da reação. 60 Resultados 5.4.3.3 Reação de seqüenciamento e interpretação dos resultados O produto de amplificação do gene blaCMY-2 da amostra K. pneumoniae A24.155 foi utilizado para seqüenciamento. A seqüência de aminoácidos, obtido a partir do produto de reação de amplificação, do gene cmy-2 demonstrou uma homologia de 99% com a seqüência descrita para CMY-2 por Bauerfeind e colaboradores (18), exceto pela deleção da base timina na posição 1062. 5.5 Análise da transferência dos genes codificadores de pAmpC Após sucessivas tentativas de transferência do gene de resistência por conjugação, utilizando-se como doadora a amostra de K. pneumoniae produtora da pAmpC CMY-2 (A24.155) e como receptora a amostra de E. coli K12, nenhuma colônia transconjugante foi obtida. 5.6 Avaliação da localização dos genes de pAmpC A amostra de K. pneumoniae (A24.155) foi submetida à extração do DNA cromossomal e plasmidial. Nessa etapa do estudo foi observado que houve a perda do plasmídeo que carregava o gene blaCMY-2 pela amostra bacteriana. 61 Discussão 6 DISCUSSÃO Os membros da família Enterobacteriaceae são importantes causas de infecções do trato urinário (ITUs), da corrente sanguínea, pneumonias e infecções intra-abdominais. Dos membros dessa família, E. coli é freqüentemente isolada em ITUs, enquanto Klebsiella spp. e Enterobacter spp. são importantes agentes etiológicos de pneumonias. Além disso, microrganismos como Salmonella spp. estão relacionados com gastroenterites e, em alguns pacientes, com infecção invasiva (146). O desenvolvimento das cefalosporinas de amplo espectro, no início da década de 80, foi considerado uma grande adição ao arsenal terapêutico na luta contra os organismos produtores de β-lactamases. Porém, o aumento da prevalência das infecções causadas por enterobactérias, bem como nas taxas de resistência aos antimicrobianos, comprometeu gravemente a eficácia desses antibióticos. No presente estudo, altas taxas de resistência aos agentes antimicrobianos avaliados foram detectadas entre as amostras clínicas de K. pneumoniae, isoladas no complexo do Hospital São Paulo. Esses achados reforçam a dificuldade para a seleção da terapia antimicrobiana adequada para o tratamento dessas infecções. De acordo com o relatório do National Nosocomial Infections Surveillance (NNIS), no ano de 2003, 20,6% de todos os isolados de K. pneumoniae de pacientes em unidades de terapia intensiva (UTIs) nos Estados Unidos foram resistentes às cefalosporinas de terceira geração (1). Isso representou um aumento de 47% em 62 Discussão comparação às taxas de resistência no período de 1998 a 2002. Nesse mesmo estudo, a resistência às cefalosporinas de terceira geração foi observada em 5,8% dos isolados de E. coli de pacientes em UTI nos Estados Unidos. Infelizmente, não existem relatos atuais dessas taxas no sistema National Healthcare Safety Network (56) (NHSN - nova denominação do NNIS), dos hospitais americanos participantes dessa rede. Um estudo realizado pelo Programa de vigilância SENTRY, revelou que as taxas de sensibilidade para os isolados de K. pneumoniae, E. coli e Proteus spp., no Brasil e América Latina, no ano de 2001(162), foram maiores que as obtidas neste estudo, com amostras de 2006. Esse fato, provavelmente, deve estar relacionado com a disseminação de mecanismos de resistência em enterobactérias em nosso meio, principalmente as ESβL. Nossos resultados diferem daqueles obtidos nos Estados Unidos e Canadá, no período de 1997-2002, onde elevadas taxas de sensibilidade à ceftazidima, à cefepima e ao ciprofloxacino foram encontradas, entre isolados clínicos de K. pneumoniae de infecção de corrente sanguínea. Entretanto, as taxas de sensibilidade para os isolados de E. coli foram semelhantes para as três drogas quando comparamos nossos resultados com os obtidos neste trabalho (25). As taxas de sensibilidades em isolados de P. mirabilis no presente estudo contrastam com as taxas observadas em Taiwan para ceftriaxona (95% versus 38,9%), cefepima (98% versus 38,9%) e ciprofloxacino (60% versus 27,8%) (88). Esses dados podem indicar a disseminação de um clone produtor de ESβL nos isolados de P. mirabilis do Hospital São Paulo. 63 Discussão A taxa de resistência a cefoxitina no presente estudo foi de 23,1% entre isolados de K. pneumoniae e 5,6% em isolados de P. mirabilis. Nenhum dos isolados de E. coli avaliados apresentou resistência a esta droga. Um estudo realizado na Inglaterra e na Irlanda, entre 2001-2002, reportou que a taxa de resistência à cefoxitina foi de 19,2% em isolados de K. pneumoniae, 9,9% em isolados de E. coli e 0,7% em isolados de P. mirabilis (159). Embora a maioria dos isolados de Salmonella spp. permaneçam sensíveis a muitos antimicrobianos, incluindo a maioria dos β-lactâmicos, fluoroquinolonas e aminoglicosídeos, recentemente, isolados de Salmonella spp. com fenótipo sugestivo de produção de ESβL, de pAmpC e também resistentes as fluoroquinolonas tem surgido no mundo (26;170). No presente estudo. os isolados de Salmonella spp. apresentaram 100% de sensibilidade para todos os antimicrobianos testados. Isso, provavelmente, indica que as amostras estudadas foram isoladas de infecções invasivas, mas que haviam sido adquiridas na comunidade. Neste estudo também foi identificado altas taxas de resistência a ciprofloxacino em isolados clínicos de Enterobacteriaceae. Estes achados podem ser decorrentes da ampla utilização de quinolonas para o tratamento de infecções comunitátias, como por exemplo, as ITUs. Este estudo não teve por objetivo avaliar o modo de aquisição das infecções de corrente sanguínea. Infecções relacionadas à assistência à saúde (IRAS), causadas por bactérias produtoras de ESβL, representam um sério problema em nosso meio e tem sido relatada com maior freqüência em diversos países (112;116;171). Geralmente, 64 Discussão essas infecções apresentam morbi-mortalidade elevada e freqüentemente atingem pacientes com estado geral comprometido (32). A produção de enzimas do tipo ESβLs constitui, até o momento, a maior causa de resistência aos β-lactâmicos em enterobactérias (148). O CLSI (45) recomenda que isolados de E. coli, K. pneumoniae e K. oxytoca que apresentarem CIM ≥ 2 µg/mL para ceftazidima, ceftriaxona, cefotaxima ou aztreonam e ≥ 8 µg/mL para cefpodoxima e isolados de P. mirabilis que apresentarem CIM ≥ 2 µg/mL para cefpodoxima, ceftazidima ou cefotaxima sejam considerados como possíveis produtoras de ESβL (45). Essa identificação não é específica e, quando esse critério for utilizado, deve-se realizar testes confirmatórios para a correta identificação de um isolado produtor de ESβL. Se for detectada a produção de ESβL em isolados de Klebsiella spp., E. coli ou P. mirabilis, o CLSI recomenda que o laboratório reporte resistência a todas as penicilinas, cefalosporinas e aztreonam, independentemente do resultado do teste de sensibilidade. No presente estudo, 57,1% e 44,4% dos isolados foram classificados como possíveis produtores de ESβL, de acordo com as recomendações do CLSI e pela técnica de disco aproximação, respectivamente. Resultados similares foram observados em um estudo realizado por Bell e colaboradores (22) na Ásia e Pacífico, onde 3% e 3,1% dos isolados de E. coli e K. pneumoniae, respectivamente, foram triados como possíveis produtores de ESβL pelas recomendações do CLSI, mas não foram confirmadas por outras metodologias disponíveis. Nogueira e colaboradores (132), em um estudo no sul do país, reportaram 65 Discussão que 24% das enterobactérias estudadas eram produtoras de ESβL. Nesse estudo, a maior freqüência do fenótipo ESβL foi encontrada entre amostras de K. pneumoniae (57,4%), seguida por K. oxytoca (21,4%) e E. coli (7,2%). No presente estudo, a prevalência de amostras fenotipicamente detectadas como produtoras de ESβL foi superior àquela detectada por Nogueira e colaboradores, principalmente, entre as amostras de P. mirabilis (61,6% versus 8%). Outro estudo realizado em nosso país relatou a incidência de ESβL em isolados da comunidade, no período de 2000-2002. A incidência de ESβL foi de 11,6% e 0,6%, em isolados de K. pneumoniae e E. coli, respectivamente, provenientes de ITU (119). Vários estudos demonstram que a prevalência de cepas produtoras de ESβL, principalmente, em K. pneumoniae e E. coli, é muito mais alta na América Latina, quando comparada a outras regiões do mundo (25;162). Em um período de seis anos (1997-2002), amostras de Klebsiella spp. exibindo o fenótipo ESβL foram isoladas em 42,7% das infecções de corrente sangüínea na América Latina. Taxas inferiores a esta foram observadas entre isolados coletados na Europa (21,7%) e América do Norte (5,8%) (25). Em outro estudo, Winokur e colaboradores (183) reportaram que, no período de 1997-1999, a prevalência do fenótipo ESβL entre amostras de K. pneumoniae era maior na América Latina (45,4%), seguida pela região do Pacífico Ocidental (24,6%), Europa (22,6%), Estados Unidos (7,6%) e Canadá (4,9%). No presente estudo, a freqüência de isolados produtores de ESβL foi maior do que o encontrado em isolados em Taiwan, onde a taxa foi de 26% e 13% em isolados de K. pneumoniae e P. mirabilis, respectivamente. No entanto, entre os 66 Discussão isolados de E. coli a freqüência em Taiwan foi maior (14%) (88). As atuais orientações do CLSI para detecção de ESβL abrangem K. oxytoca, que normalmente tem uma β-lactamase cromossômica da classe A, que foi anteriormente designada de K1, mas que podem ser agrupadas em dois grupos OXY-1 e OXY-2 (65) A maioria dos isolados de K. oxytoca produzem baixos níveis dessa enzima cromossômica, conferindo resistência somente à ampicilina e às carboxipenicilinas. No entanto, a produção da enzima K1 pode ser induzida na presença de um β-lactâmico e sua hiperprodução leva à resistência à cefpodoxima, à ceftriaxona e ao aztreonam. Além disso, essas enzimas são inibidas pelos inibidores de β-lactamases. Esses fatos fazem com que essas bactérias sejam, erroneamente, classificadas fenotipicamente como produtoras de ESβL. Moland e colaboradores (124) recomendam que testes fenotípicos para a detecção de ESβL em isolados produtores de enzimas do grupo OXY empreguem também ceftazidima, já que, diferentemente das ESβLs, essa cefalosporina não seria hidrolisada por enzimas K1. Dos cinco isolados de K. oxytoca deste estudo, apenas um apresentou resultado positivo na detecção fenotípica de ESβL. Esse isolado era resistente a todas as cefalosporinas, inclusive ceftazidima, se tratando, provavelmente, de um isolado de K. oxytoca verdadeiramente produtor de ESβL e não apenas a hiperprodução da enzima K1. Neste estudo, observamos ainda uma discreta variação nos resultados de detecção fenotípica de ESBL, dependendo do substrato empregado no teste. Este 67 Discussão achado é possivelmente decorrente de diferentes tipos de ESβL produzidas pelas amostras bacterianas (32). A porcentagem de amostras produtoras de ESβL é alta em muitos hospitais brasileiros (162) e os carbapenens constituem a droga de escolha para o tratamento destas infecções. No entanto, os relatos de amostras clínicas de enterobactérias também resistentes a esses agentes são cada vez mais freqüentes (50;133). Por outro lado, os resultados deste estudo nos permitiu visualizar que no Hospital São Paulo, as taxas de resistência aos carbapenens ainda são baixas. Apenas um isolado de K. pneumoniae apresentou redução da sensibilidade ao imipenem. Entre os principais estão relacionados à resistência adquirida aos carbapenens nesse microrganismo, estão incluídos a produção de carbapenemases e/ou a associação de ESβL e/ou pAmpC aos mecanismos de impermeabilidade, como a perda de porinas (10). Porém, esse isolado de K. pneumoniae teve resultado negativo para a detecção fenotípica de ESβL, assim como apresentou resultado negativo para a pesquisa de genes codificadores de MβBL. Portanto, outros experimentos devem ser realizados para a elucidação do mecanismo de resistência ao imipenem nesta amostra. Em 1989, as primeiras pAmpCs, CMY-1 e MIR-1, foram detectadas em isolados de K. pneumoniae resistentes à cefoxitina (16;142). Após esses relatos, várias pAmpCs foram identificadas em diversas regiões do mundo (150). As pAmpCs se tornaram uma grande preocupação clínica, uma vez que conferem resistência a todos os β-lactâmicos, exceto cefepima, cefpiroma e carbapenens. Embora os carbapenens não estejam incluídos no espectro hidrolítico das pAmpC, 68 Discussão muitos estudos tem demonstrado que a associação dessas enzimas a mecanismos de impermeabilidade conferem resistência também a estes agentes (86). Adicionalmente, uma vez que os genes que codificam tais enzimas estão inseridos em elementos móveis, como, transposons e plasmídeos, sua disseminação pode ser favorecida, inclusive para espécies não relacionadas. Sendo assim, a detecção de isolados produtores de pAmpC é considerada crítica para estudos epidemiológicos e controle de infecção hospitalar (149). É difícil fazer a distinção entre aqueles isolados que produzem ESβLs e os que produzem pAmpC, pelo teste de sensibilidade. A resistência à cefoxitina poderia indicar a possibilidade da produção de pAmpC, mas, em E. coli, pode ocorrer também, devido à hiperprodução da AmpC cromossomal ou alteração e/ou diminuição na permeabilidade da membrana externa (115). Em K. pneumoniae, a resistência à cefoxitina pode ser conseqüente à alteração e/ou diminuição na permeabilidade da membrana externa (75). A distinção entre estes dois tipos de mecanismos poderia interferir na seleção da melhor opção terapêutica. Para infecções graves, causadas por ESβL, há contraindicação para o tratamento com o uso de cefalosporinas de amplo espectro, enquanto que, a indicação do uso de cefepima no tratamento das infecções graves causadas por pAmpC é controversa e necessita cautela. Apesar de a cefepima ser um pobre indutor de AmpC e pouco hidrolisado pelas enzimas pAmpC (131), alguns isolados podem ser verdadeiramente resistentes à cefepima (135). Alguns testes fenotípicos estão disponíveis para ajudar a distinguir isolados resistentes a cefoxitina não-produtores de pAmpC daqueles produtores. Entre os 69 Discussão testes fenotípicos estão: o teste tri-dimensional (47), o método do ágar-cefoxitina (129), o teste de Hodge modificado (192), o AmpC disk test (27), E-test® para AmpC (59) e inibição pelo ácido borônico (167;188). No entanto, nenhum desses testes apresenta boa sensibilidade e especificidade para serem considerados padrão-ouro para a detecção de pAmpC. Além disso, são demasiado laboriosos para serem empregados por laboratórios de microbiologia clínica de rotina. Yong e colaboradores (192), em 2002, propuseram uma modificação do teste de Hodge para a detecção de pAmpC. Nesse estudo, foram testados apenas isolados produtores de CMY-1 e os resultados comparados com os obtidos pelo teste tri-dimensional. A sensibilidade e especificidade do teste de Hodge foram 100% e 94,9%, respectivamente, quando considerada uma distorção ≥ 3 mm. Entretanto, pequenas distorções (≤ 3 mm para o teste de Hodge e ≤ 2 mm para o teste tri-dimensional) foram notadas em 8 e 3 isolados resistentes à cefoxitina, respectivamente, porém, esses não eram produtores de CMY-1. A capacidade de detecção da produção de pAmpC foi semelhante entre os dois testes. O teste tri-dimensional para a detecção de pAmpC, proposto por Coudron e colaboradores (47), demonstrou ser um teste sensível, porém laborioso. Todas as 16 amostras produtoras de pAmpC foram corretamente detectadas pelo teste e apenas um isolados apresentou resultado falso-positivo. Esse isolado era produtor de duas ESβLs do tipo SHV. Em um estudo realizado na Coréia, isolados de E. coli e K. pneumoniae resistentes à cefoxitina foram avaliados pelo teste de Hodge modificado. O teste detectou a produção de CMY-10 entre todos os isolados. No entanto, inicialmente, 70 Discussão foram detectados apenas 25 dos 39 (64,1%) isolados produtores de CMY-2. Porém, quando as amostras foram empurradas com uma lâmina de bisturi no ágar, foram obtidos resultados positivos para 13 dos 14 isolados inicialmente negativos. Entre os 103 isolados produtores de DHA-1, apenas 59 (57,3%) foram detectados como produtores de pAmpC pelo teste de Hodge modificado. Entre os isolados de E. coli pode-se observar 25,9% de resultados falso-positivos, já entre os isolados de K. pneumoniae essa taxa caiu para 3,8%. A sensibilidade e especificidade nesse estudo foram de 71,5% e 81,3%, respectivamente (101). A variação dos resultados nos diferentes trabalhos pode também estar relacionada à sensibilidade do método, dependendo do tipo de pAmpC produzida pelas bactérias estudadas e se amostras representativas de um mesmo clone haviam sido testadas repetidas vezes. Silva e colaboradores (166), em 2008, no Rio de Janeiro, avaliaram 71 isolados de enterobactérias pelos métodos de Hodge modificado, teste tridimensional e PCR multiplex. Apenas cinco isolados de E. coli foram identificados fenotipicamente como produtores de AmpC, mas a presença de nenhum gene codificador de pAmpC foi identificado nessas amostras, pela técnica de PCR multiplex. No presente estudo, as amostras bacterianas foram submetidas a duas metodologias diferentes para a detecção fenotípica da produção de pAmpC, o teste de Hodge modificado e o teste tri-dimensional. A sensibilidade e especificidade dos testes foram 100%/85% e 100%/96%, respectivamente. Porém, esses valores podem ter sido influenciados pelo fato de somente uma amostra ser positiva na coleção avaliada. Na prática, tanto o teste de Hodge modificado quanto o teste tri- 71 Discussão dimensional são interpretados por análise visual, o que é subjetivo e depende da experiência de quem os avalia. Não foi objetivo desse estudo avaliar a especificidade e sensibilidade de métodos fenotípicos para a detecção da produção de pAmpC, entretanto, quando somente as amostras resistentes à cefoxitina foram avaliadas, a sensibilidade desses testes permaneceu a mesma (100%), porém, houve redução significativa na especificidade dos mesmos. Na tentativa de reduzir a subjetividade da leitura do teste, esses foram lidos por dois observadores independentes e previamente à detecção molecular dos genes codificadores de pAmpC. Pode-se crer que a prevalência mundial de pAmpC é subestimada, em parte, porque não existe nenhum método fenotípico com boa acurácia para identificação destas amostras. O desenvolvimento de métodos de detecção fenotípica simples é necessário para que os laboratórios clínicos possam detectar organismos produtores dessas enzimas e a real importância clínica desse mecanismo. O fato de, um método fenotípico padronizado para o rastreio e detecção deste tipo de resistência não existir, faz da vigilância e caracterização desse mecanismo, um problema em laboratórios. Relatos de falhas terapêuticas tem sido reportadas com a utilização de ceftriaxona e de ceftazidima para tratar infecções causadas por bactérias produtoras de pAmpC, que se apresentavam como sensíveis in vitro a essas drogas antimicrobianas (139). A correta identificação de microrganismos produtores de pAmpC é necessária para uma opção terapêutica adequada. Muitos microrganismos 72 Discussão produtores de pAmpC são também resistentes aos aminoglicosídeos, ao trimetoprim, à tetraciclina e, especialmente, às fluorquinolonas. A PCR multiplex descrita por Pérez-Pérez e Hanson em 2002 (149) é uma técnica bastante útil para a detecção dos genes responsáveis pela codificação das pAmpC, conhecidas até o momento. Entretanto, o seu elevado custo e a necessidade de técnicos especializados limita a utilização dessa técnica na rotina de um laboratório de microbiologia. Além disso, ela só pode ser empregada para a detecção de genes já conhecidos, não podendo ser empregada, por exemplo, na detecção da enzima CFE, que foi descrita posteriormente à padronização dessa metodologia. A pAmpC CMY-2, foi primeiramente reportada na Grécia em 1996, em um isolado de K. pneumoniae (18). CMY-2 é uma das pAmpC mais prevalentes e mais amplamente distribuídas mundialmente, tendo sido encontrada em vários países. No entanto, na América Latina, CMY-2 foi descrita pela primeira vez em 2007, em isolados de S. flexneri, na Argentina (155). Ainda na Argentina, em 2008, Rapoport e colaboradores (156) descreveram essa mesma enzima em isolados de K. pneumoniae. No Brasil, o único relato de isolados produtores de CMY-2 foi feito em 2008 por Pavez e colaboradores (147). Os autores descreveram uma cepa E. coli resistente a carbapenem, devido à produção de CMY-2 associada à perda de porina. Apesar de existirem vários relatos de surtos causados por organismos produtores de pAmpC e um número crescente de descrições dessas enzimas, a descrição da epidemiologia e implicações clínicas associadas a essas infecções não 73 Discussão é totalmente conhecida (139), principalmente no Brasil onde existem poucos relatos desse mecanismo de resistência. No presente estudo, foi detectado apenas um isolado produtor de pAmpC, no entanto, a vigilância desse mecanismo deve ser realizada, devido ao crescente relato dessas enzimas em todo o mundo. Infelizmente, não foi possível estudar a mobilização do gene blaCMY-2, pois a cepa que carregava esse gene perdeu o plasmídeo durante a realização do estudo. A resistência bacteriana aos antimicrobianos é atualmente um dos mais relevantes problemas em relação às doenças infecciosas. O principal impacto clínico das bactérias resistentes está relacionado à dificuldade da escolha de tratamentos empíricos que, quando inadequado, está associado a uma maior mortalidade, especialmente em infecções graves. Enquanto aguardamos o desenvolvimento de i) novos β-lactâmicos resistentes à hidrólise das enzimas conhecidas e ii) a descoberta de uma "segunda geração" de inibidores de β-lactamases, o controle de infecção se mostra uma ferramenta indispensável para o desenvolvimento de protocolos e estratégias que reduzam o crescimento da resistência bacteriana, tais como a racionalização do uso e o rodízio de antimicrobianos, e o controle da disseminação horizontal (pacientepaciente) de bactérias resistentes. Essas medidas são fundamentais para qualquer instituição. Para isso, fazemse necessários mais estudos para elucidar quais os mecanismos estão envolvidos na resistência bacteriana, bem como, na diminuição da sensibilidade aos antimicrobianos. Devido ao grande número de variáveis envolvidas é importante que as medidas de controle de infecção sejam baseadas em estudos locais. 74 Conclusões 7 CONCLUSÕES • A freqüência de enterobactérias produtoras de pAmpC isoladas de pacientes com infecção de corrente sanguínea no HSP durante o primeiro semestre de 2006 foi baixa (0,75%), sendo identificado somente o gene blaCMY-2 em uma amostra de K. pneumoniae; • Altas taxas de resistência aos agentes antimicrobianos avaliados foram detectadas entre as amostras clínicas de K. pneumoniae, demonstrando que os carbepenens constituem a melhor opção terapêutica para esses isolados; • Uma amostra de K. pneumoniae com sensibilidade reduzida à imipenem (CIM 8 µg/mL) foi detectada. Este isolado não era produtor de pAmpC, ESβL ou MβL; • A produção de ESβL pareceu ser o mecanismo de resistência as cefalosporinas de amplo espectro mais freqüente entre as amostras estudadas (44,4 %) no HSP, principalmente entre os isolados de K. pneumoniae (66,2%) e P. mirabilis (61,1%); • Os testes fenotípicos para a detecção da produção de pAmpC foram capazes de identificar a produção de CMY-2 pela amostra de K. pneumoniae, entretanto, ambas as metodologias apresentaram resultados falso-positivos. 75 Conclusões • O desenvolvimento de métodos de detecção fenotípica simples e com boa acurácia é necessário para que haja uma vigilância desse mecanismo de resistência devido ao crescente relato dessas enzimas em todo o mundo. Infelizmente, não foi possível confirmar a localização plasmidial do gene blaCMY-2 porque houve a perda do plasmídeo durante a realização do estudo. 76 Anexos 8 ANEXOS 77 Anexos Anexo 1. Resultados da determinação da concentração inibitória mínima (CIM) aos antimicrobianos testados das 133 amostras de enterobactérias. Amostras Espécie ATM CAZ FEP FOX CIP CRO IPM 23.944 Salmonella spp. ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.106 Salmonella spp. ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.908 Salmonella spp. ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.707 Salmonella spp. ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.110 P. mirabilis ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.112 P. mirabilis ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.237 P. mirabilis ≤1 ≤1 8 ≤1 8 ≤1 ≤0,5 23.427 P. mirabilis ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.554 P. mirabilis ≤1 2 32 2 2 256 ≤0,5 23.575 P. mirabilis 2 4 128 2 8 32 ≤0,5 23.841 P. mirabilis ≤1 ≤1 ≤1 2 4 4 ≤0,5 24.086 P. mirabilis 8 8 64 8 >32 64 1 24.177 P. mirabilis ≤1 2 128 2 8 32 ≤0,5 24.285 P. mirabilis ≤1 ≤1 32 2 8 16 ≤0,5 24.763 P. mirabilis ≤1 ≤1 128 2 8 32 ≤0,5 24.765 P. mirabilis ≤1 2 32 4 2 512 1 24.885 P. mirabilis ≤1 2 128 2 16 128 1 25.007 P. mirabilis ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.064 P. mirabilis ≤1 ≤1 32 8 4 512 1 25.310 P. mirabilis ≤1 ≤1 16 2 2 512 1 25.330 P. mirabilis ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 1 25.629 P. mirabilis 16 8 128 >256 4 512 1 23.122 K. oxytoca 128 32 128 32 32 >512 ≤0,5 23.313 K. oxytoca ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.641 K. oxytoca ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.063 K. oxytoca ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.506 K. oxytoca ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.116 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 78 Anexos Anexo 1. Continuação. Amostras Espécie ATM CAZ FEP FOX CIP CRO IPM 23.183 E. coli 16 4 ≤1 16 0,25 2 ≤0,5 23.258 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.298 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 8 >32 ≤1 ≤0,5 23.320 E. coli 8 2 16 4 0,5 32 ≤0,5 23.321 E. coli 8 2 4 4 ≤0,12 32 ≤0,5 23.407 E. coli 2 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.409 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.410 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 32 ≤1 ≤0,5 23.411 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 32 ≤1 ≤0,5 23.618 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.619 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.620 E. coli 8 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.682 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 8 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.683 E. coli 8 2 8 4 ≤0,12 64 ≤0,5 23.726 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 32 ≤1 ≤0,5 23.727 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.760 E. coli 2 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.803 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.879 E. coli 4 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 32 ≤0,5 23.915 E. coli 4 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.405 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.463 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.536 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.642 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.644 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 0,25 ≤1 ≤0,5 24.773 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.864 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.868 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.915 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.071 E. coli ≤1 2 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.213 E. coli 32 8 32 16 >32 128 ≤0,5 79 Anexos Anexo 1. Continuação. Amostras Espécie ATM CAZ FEP FOX CIP CRO IPM 25.214 E. coli 16 ≤1 2 4 4 ≤1 ≤0,5 25.376 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.395 E. coli 64 8 128 8 32 256 ≤0,5 25.417 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 2 ≤0,5 25.658 E. coli 16 4 ≤1 4 1 ≤1 ≤0,5 25.661 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 2 ≤0,5 25.709 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.753 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.811 E. coli ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.035 K. pneumoniae 256 128 128 8 >32 >512 ≤0,5 23.117 K. pneumoniae 128 64 32 8 >32 256 ≤0,5 23.177 K. pneumoniae 256 256 16 8 >32 256 ≤0,5 23.194 K. pneumoniae 128 64 64 16 >32 >512 ≤0,5 23.196 K. pneumoniae 64 32 64 8 >32 512 ≤0,5 23.259 K. pneumoniae 2 ≤1 ≤1 8 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.266 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.285 K. pneumoniae 256 32 64 8 32 >512 ≤0,5 23.288 K. pneumoniae 32 16 64 4 32 >512 ≤0,5 23.289 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.309 K. pneumoniae 128 256 2 8 ≤0,12 8 ≤0,5 23.311 K. pneumoniae 128 32 64 32 >32 >512 ≤0,5 23.312 K. pneumoniae 64 32 64 32 >32 >512 ≤0,5 23.319 K. pneumoniae 64 32 64 32 >32 >512 ≤0,5 23.333 K. pneumoniae 128 64 64 32 >32 >512 ≤0,5 23.383 K. pneumoniae 128 16 64 16 16 >512 ≤0,5 23.418 K. pneumoniae 128 16 64 8 >32 >512 ≤0,5 23.420 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 8 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.476 K. pneumoniae 64 32 64 8 32 512 ≤0,5 23.494 K. pneumoniae 64 16 32 8 32 256 ≤0,5 23.571 K. pneumoniae ≤1 ≤1 8 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.573 K. pneumoniae 64 16 32 32 ≤0,12 >512 ≤0,5 80 Anexos Anexo 1. Continuação. Amostras Espécie ATM CAZ FEP FOX CIP CRO IPM 23.626 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.628 K. pneumoniae 64 32 64 32 32 >512 ≤0,5 23.666 K. pneumoniae 64 32 64 32 >32 >512 ≤0,5 23.729 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.761 K. pneumoniae 128 32 32 16 >32 512 ≤0,5 23.796 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 ≤1 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.839 K. pneumoniae 256 64 128 16 32 >512 ≤0,5 23.872 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.901 K. pneumoniae ≤1 ≤1 4 4 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 23.928 K. pneumoniae 128 128 32 4 ≤0,12 8 ≤0,5 23.930 K. pneumoniae 16 64 ≤1 32 ≤0,12 64 ≤0,5 24.021 K. pneumoniae 64 64 32 ≤1 ≤0,12 >512 ≤0,5 24.085 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.152 K. pneumoniae 256 64 256 8 32 >512 2 24.155 K. pneumoniae >256 >256 32 128 4 >512 ≤0,5 24.286 K. pneumoniae 128 64 ≤1 4 ≤0,12 8 ≤0,5 24.287 K. pneumoniae 64 32 64 8 32 512 ≤0,5 24.333 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 24.396 K. pneumoniae 64 64 256 32 16 >512 4 24.397 K. pneumoniae 64 16 32 8 32 >512 ≤0,5 24.398 K. pneumoniae 64 32 32 64 16 256 ≤0,5 24.485 K. pneumoniae 64 32 32 8 16 256 ≤0,5 24.528 K. pneumoniae 128 16 64 64 >32 512 ≤0,5 24.529 K. pneumoniae 128 64 64 8 16 >512 ≤0,5 24.547 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 64 >32 ≤1 ≤0,5 24.647 K. pneumoniae 128 32 64 8 16 512 ≤0,5 24.768 K. pneumoniae 256 64 >256 64 >32 >512 8 24.770 K. pneumoniae 128 32 64 8 16 >512 ≤0,5 25.044 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 81 Anexos Anexo 1. Continuação. Amostras Espécie ATM CAZ FEP FOX CIP CRO IPM 25.047 K. pneumoniae ≤1 16 32 32 32 256 ≤0,5 25.060 K. pneumoniae 256 256 16 4 8 64 ≤0,5 25.215 K. pneumoniae 64 32 32 8 16 256 ≤0,5 25.337 K. pneumoniae ≤1 4 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.338 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 8 0,25 ≤1 ≤0,5 25.393 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 4 >32 ≤1 ≤0,5 25.411 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 >32 ≤1 ≤0,5 25.425 K. pneumoniae 16 4 8 4 4 32 ≤0,5 25.442 K. pneumoniae ≤1 ≤1 ≤1 2 ≤0,12 ≤1 ≤0,5 25.505 K. pneumoniae ≤1 4 8 2 >32 4 ≤0,5 25.538 K. pneumoniae 256 64 64 16 4 512 ≤0,5 25.606 K. pneumoniae 64 16 32 16 32 512 ≤0,5 25.633 K. pneumoniae 128 64 32 4 >32 512 ≤0,5 25.650 K. pneumoniae 128 16 32 16 32 256 ≤0,5 ATM, aztreonam; CAZ, ceftazidima; FEP, cefepima; FOX, cefoxitina; CIP, ciprofloxacino; CRO, ceftriaxona; e IPM, imipenem. ESβL (substrato preferencial) Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Cefepima/Ceftriaxona Cefepima/Ceftriaxona Negativo Cefepima/Ceftriaxona Cefepima/Ceftriaxona Cefepima/Ceftriaxona Cefepima/Ceftriaxona Cefepima/Ceftriaxona Cefepima/Ceftriaxona Negativo Cefepima/Ceftriaxona Espécie Salmonella spp. Salmonella spp. Salmonella spp. Salmonella spp. P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis Amostras 23.944 24.106 24.908 25.707 23.110 23.112 23.237 23.427 23.554 23.575 23.841 24.086 24.177 24.285 24.763 24.765 24.885 25.007 25.064 negativo negativo negativo duvidoso negativo negativo negativo duvidoso negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo Hodge modificado negativo negativo negativo negativo negativo negativo duvidoso duvidoso negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo Tri-dimensional Anexo 2. Resultados dos testes fenotípicos para detecção de ESβL e pAmpC das 133 amostras de enterobactérias. Anexos 82 ESβL (substrato preferencial) Cefepima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/Cefepima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Aztreonam/Cefepima/Ceftriaxona Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Espécie P. mirabilis P. mirabilis P. mirabilis K. oxytoca K. oxytoca K. oxytoca K. oxytoca K. oxytoca E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli Amostras 25.310 25.330 25.629 23.122 23.313 24.641 25.063 25.506 23.116 23.183 23.258 23.298 23.320 23.321 23.407 23.409 23.410 23.411 23.618 23.619 Anexo 2. Continuação. Anexos negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo positivo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo Hodge modificado negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo Tri-dimensional 83 ESβL (substrato preferencial) Negativo Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Espécie E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli Amostras 23.620 23.682 23.683 23.726 23.727 23.760 23.803 23.879 23.915 24.405 24.463 24.536 24.642 24.644 24.773 24.864 24.868 24.915 25.071 25.213 Anexo 2. Continuação. Anexos negativo negativo negativo positivo negativo positivo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo positivo negativo negativo Hodge modificado negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo Tri-dimensional 84 ESβL (substrato preferencial) Negativo Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Negativo Aztreonam/Cefepima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Cefepima/Ceftazidima Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/Cefepima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Espécie E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli E. coli K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae Amostras 25.214 25.376 25.395 25.417 25.658 25.661 25.709 25.753 25.811 23.035 23.117 23.177 23.194 23.196 23.259 23.266 23.285 23.288 23.289 23.309 Anexo 2. Continuação. Anexos negativo negativo positivo duvidoso negativo negativo negativo negativo negativo negativo duvidoso duvidoso negativo negativo negativo negativo duvidoso negativo negativo negativo Hodge modificado negativo negativo duvidoso duvidoso negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo Tri-dimensional 85 ESβL (substrato preferencial) Aztreonam/Cefepima Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima Aztreonam/Cefepima Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/Cefepima Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/Cefepima Negativo Negativo Espécie K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae Amostras 23.311 23.312 23.319 23.333 23.383 23.418 23.420 23.476 23.494 23.571 23.573 23.626 23.628 23.666 23.729 23.761 23.796 23.839 23.872 23.901 Anexo 2. Continuação. Anexos negativo negativo negativo negativo positivo negativo negativo duvidoso negativo duvidoso negativo negativo negativo positivo negativo positivo negativo negativo positivo positivo Hodge modificado negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo duvidoso negativo negativo negativo negativo negativo duvidoso duvidoso duvidoso negativo negativo positivo positivo Tri-dimensional 86 ESβL (substrato preferencial) Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Negativo Aztreonam/Cefepima Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Cefepima Negativo Aztreonam/Cefepima Aztreonam/Cefepima Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima Aztreonam/Cefepima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Espécie K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae Amostras 23.928 23.930 24.021 24.085 24.152 24.155 24.286 24.287 24.333 24.396 24.397 24.398 24.485 24.528 24.529 24.547 24.647 24.768 24.770 25.044 Anexo 2. Continuação. Anexos negativo negativo negativo negativo negativo negativo positivo duvidoso negativo negativo positivo negativo duvidoso negativo positivo negativo negativo positivo positivo negativo Hodge modificado negativo negativo negativo negativo negativo negativo positivo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo positivo negativo negativo negativo positivo negativo Tri-dimensional 87 ESβL (substrato preferencial) Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Negativo Negativo Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Negativo Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Aztreonam/ Cefepima/Ceftazidima/Ceftriaxona Espécie K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae K. pneumoniae Amostras 25.047 25.060 25.215 25.337 25.338 25.393 25.411 25.425 25.442 25.505 25.538 25.606 25.633 25.650 Anexo 2. Continuação. Anexos positivo negativo positivo positivo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo positivo Hodge modificado negativo negativo negativo positivo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo negativo Tri-dimensional 88 89 Anexos Anexo 3. Alinhamento genético do gene blaCMY-2 (18) e o isolado de K. pneumoniae 24.155. G A A A A A A A C C T T G G C A T C G T G A T G C X X X X X Majority ------------------+-------------------+-------------------+1060 1070 1080 ------------------+-------------------+-------------------+1051 G A A A A A A A C C T T G G C A T C G T G A T G C T G G C A CMY-2 1011 G A A A A A A A C C T - G G C A T C G T G A T G C KPN 24.155 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Majority ------------------+-------------------+-------------------+1090 1100 1110 ------------------+-------------------+-------------------+1081 A A C A A A A G C T A T C C T A A C C C T G T C C G T G T C 1034 CMY-2 KPN 24.155 X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X X Majority ------------------+-------------------+-------------------+1120 1130 1140 ------------------+-------------------+-------------------+1111 G A G G C G G C C T G G C G C A T T C T T G A A A A G C T G 1034 CMY-2 KPN 24.155 X X X X X X Majority ------------ -----------1141 1034 C A A T A A CMY-2 KPN 24.155 90 Referências 9 REFERÊNCIAS 1. 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Abstract ABSTRACT The broad-spectrum cephalosporins are the main therapeutic options to Enterobacteriaceae infections and the resistance to these agents has been associated to ESβL production. However, plasmid-mediated AmpC β-lactamases (pAmpC) have been associated with this resistance phenotype. The aim of this study was to determine the occurrence of pAmpC among clinical isolates recovered from bloodstream from patients hospitalized at a Brazilian teaching hospital, collected between January and July 2006. A total of 133 non-repetitive Enterobacteriaceae per patients (65 K. pneumoniae, 41 E. coli, 18 P. mirabilis, 05 K. oxytoca and 04 Salmonella spp.) were studied. The antimicrobial susceptibility profile was determined by CLSI agar dilution method. ESβL phenotype was detected by doubledisk diffusion method while pAmpC production was evaluated by two phenotypic methods: modified three-dimensional and modified Hodge tests and the presence of pAmpC genes was confirmed by PCR and sequencing. Among tested antimicrobial, imipenem showed the highest susceptibility rate (99.2%), followed by cefoxitin (80.5%). K. pneumoniae presented high resistance to β-lactams. P. mirabilis isolates showed the lower susceptibility rate to ciprofloxacin (27.8%). Fifty-nine (44.4%) of studied isolates were phenotypically classified as ESβL producers. Modified threedimensional and Hodge methods classified 06 and 19 Enterobacteriaceae strains as pAmpC producers, respectively. Discordant results were observed between phenotypic pAmpC detection methods. Of those, a single K. pneumoniae isolate was confirmed as CMY-2 producer. Apêndice APÊNDICE