O Ano da França no Brasil e a Atual Crise Econômica

Transcrição

O Ano da França no Brasil e a Atual Crise Econômica
ALINE BARROS BARBOSA
O Ano da França no Brasil e a Atual Crise
Econômica: Oportunidades ou Barreiras
MONOGRAFIA
Universidade Federal de Viçosa
Viçosa – MG
Dezembro – 2009
UNIVERSIDADE FEDERAL DE VIÇOSA
CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES
DEPARTAMENTO DE LETRAS E ARTES
O Ano da França no Brasil e a Atual Crise
Econômica: Oportunidades ou Barreiras
Monografia apresentada ao Departamento de
Letras da Universidade Federal de Viçosa,
como exigência da disciplina SEC 499 Monografia, tendo como orientador o
Professor Evonir Pontes de Oliveira, do
Departamento de Economia, e como coorientadora
a
Professora
Christianne
Rochebois, do Departamento de Letras.
Aline Barros Barbosa
Viçosa – MG
2009
ii
A monografia intitulada
O Ano da França no Brasil e a Atual Crise Econômica: Oportunidades ou
Barreiras
elaborada por
Aline Barros Barbosa
como exigência da Disciplina SEC 499 – Monografia – e como requisito para conclusão do
curso de Secretariado Executivo Trilíngue, foi aprovada por todos os membros da Banca
Examinadora.
Viçosa, 07 de dezembro de 2009.
________________________
Prof. Evonir Pontes de Oliveira (DEE/UFV)
Orientador
________________________
Profª Christianne B. Rochebois (DLA/UFV)
________________________
Prof.ª Ana Carolina Gonçalves Reis (DLA/UFV)
________________________
Prof.ª Luciana Beatriz Bastos Ávila (DLA/UFV)
Conceito: _______
iii
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus. Só Ele sabe o porquê. Agradeço a meus pais, Irene
e Robson, que muitas vezes deixaram de realizar seus sonhos para pudessem realizar os dos
filhos. Todas as minhas conquistas serão dedicadas a eles, que sempre me incentivaram a lutar
e buscar o crescimento.
Às tias Leninha e Cininha, tio Geraldo e tia Delta, tia Mariquinha e madrinha Sônia,
pela ajuda, apoio, carinho e pelas constantes orações, enfim, por torcerem por mim em forma
de fé em Deus.
Às minhas irmãs Sabrina, Priscila e Ingrid, ao meu irmão Wladimir e ao meu
cunhado Marcos, pelo amor e preocupação, pela amizade que é inexplicável; ao meu sobrinho
Yon, que mesmo de longe e sem motivos, me traz tantas alegrias.
Aos amigos de Caratinga e Viçosa, simplesmente por existirem e fazerem de mim
uma pessoa amada e imensamente feliz. Aos amigos que se deslocaram várias vezes para me
dar apoio: Aline, Dani, Priscila, Marcos, Waniele, Bruno, Guiné, Áquila, Thaís, Rayna e Rick.
Às pessoas que me ajudaram a organizar meus pensamentos e me deram apoio moral
quando o cansaço tomava conta: meninas do Celif – Aliny, Paula, Lívia E. e principalmente
Priscila e Daniela.
Aos antigos professores: Cristiane Cataldi, Maria Carmem e Rosália, pela maneira
perfeccionista com que me ensinaram e às vezes mesmo sem ter tempo, me tiraram dúvidas.
Rita, Emili e Nilson, obrigada por me passarem conhecimento da língua francesa.
Às professoras Ana Carolina e Luciana, pelas sugestões e correções que contribuíram
para a melhoria deste trabalho.
Ao professor Evonir, que com sua paciência um tanto quanto peculiar, me resgatou
da água quando eu quase afogava! Jamais me esquecerei da sua ajuda!
Agradeço de coração à professora Christianne Rochebois, que quando mais precisei
ser guiada, me pegou pela mão e me encaminhou a fazer um trabalho que, apesar de difícil,
foi muito prazeroso.
iv
"Um otimista vê uma oportunidade em cada calamidade.
Um pessimista vê uma calamidade em cada oportunidade."
Winston Churchil
v
RESUMO
BARBOSA, Aline Barros; OLIVEIRA, Evonir Pontes de. ROCHEBOIS, Christianne
Benatti. O Ano da França no Brasil e a atual crise econômica: oportunidades ou
barreiras. 2009. 53p. Monografia (Bacharelado em Secretariado Executivo Trilíngue)
– Universidade Federal de Viçosa, Viçosa, MG, 2009.
Este trabalho apresentou como primeiro passo um delineamento da relação histórica entre
o Brasil e a França, desde o descobrimento até 2009, ano marcado pelos efeitos
econômicos e financeiros da crise econômica mundial e também pelo Ano da França no
Brasil. Caracterizado pela ótica de uma parceria pública e privada entre os governos
brasileiro e francês, o Ano da França no Brasil objetivou, além da interação cultural, a
intensificação do relacionamento comercial. O presente trabalho identificou algumas das
parcerias comerciais existentes entre França e Brasil e também as principais
multinacionais francesas instaladas no país. Dessa forma, pôde-se inferir se, em meio à
crise econômica, existiriam vantagens econômicas para o Brasil. As conclusões obtidas
foram positivas no sentido de que as parcerias e acordos gerados acarretaram vantagens
para o país.
vi
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO .................................................................................................................... 9
2. OBJETIVOS ....................................................................................................................... 12
3. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 13
3.1. HISTÓRICO BRASIL X FRANÇA............................................................................... 13
3.2. O ANO DO BRASIL NA FRANÇA E O ANO DA FRANÇA NO BRASIL................. 21
3.3. O ANO ECONÔMICO DA FRANÇA NO BRASIL: INVESTIMENTOS E
EMPRESAS FRANCESAS NO PAÍS.................................................................................. 24
3.4. IDENTIFICAÇÃO DOS INVESTIMENTOS E MULTINACIONAIS FRANCESAS
EM MINAS GERAIS E BRASIL ......................................................................................... 28
3.5. ATUAL CRISE ECONÔMICA MUNDIAL ................................................................ 32
4. METODOLOGIA............................................................................................................... 36
5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES ....................................................................................... 38
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................. 41
7. SITES CONSULTADOS ................................................................................................... 44
8. ANEXOS ............................................................................................................................. 47
8.1. LISTA DE EMPRESAS FRANCESAS INSTALADAS EM MINAS GERAIS ........... 47
vii
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 ................................................................................................................................. 25
Gráfico 2 ................................................................................................................................. 26
viii
1. INTRODUÇÃO
Com uma política externa de integração econômica, o governo do presidente Luiz
Inácio Lula da Silva (2003 – 2010) empenhou-se em fortalecer os vínculos com vários países
e fazer alianças estratégicas. Especialmente com a França, buscou reatar antigas relações.
Com laços estreitos que começaram há cinco séculos, o Brasil, a partir de 2005, teve a
oportunidade de expandir o comércio com o exterior e continuar a crescer, engajando-se,
particularmente, em acordos bilaterais franco-brasileiros.
De acordo com Dutra (2008)1, a França, que no passado inspirava o Brasil em termos
culturais e políticos, perdeu espaço para os Estados Unidos com relação aos costumes, à
cultura e ao comércio. Como exemplo, temos a substituição do aprendizado da língua francesa
pela língua inglesa na grande maioria das escolas de ensino médio do país. Rochebois (2009,
p.2) menciona que
a Língua Francesa, ao longo dos anos, perdeu seu status de primeira língua
estrangeira no Brasil para o inglês, ela sofre um fenômeno semelhante no
presente; ela perde seu status de segunda língua estrangeira para o espanhol.2
1
Disponível em:
<http://www.fundaj.gov.br/notitia/servlet/newstorm.ns.presentation.NavigationServlet?publicationCode=16&pa
geCode=377&textCode=4336&date=currentDate> Acesso em: 29 out. 2009.
2
Tradução Nossa: La langue française, depuis des années, a perdu son statut de première langue étrangère au
Brésil au profit de l’anglais, elle subit un phénomène semblable à présent; elle perd son statut de deuxième
langue étrangère, au profit de l’espagnol.
9
Houve, também, a substituição da obrigatoriedade de conhecimento da Língua
Francesa pela Língua Inglesa no exame de admissão ao Curso de Aperfeiçoamento de
Diplomatas, durante o governo de Fernando Henrique Cardoso, mas, segundo o site do
Instituto Rio Branco3, a Língua Francesa voltou a ser requerida nas avaliações, apesar de não
ser fator eliminatório.
Em 2005, a França recebeu o Brasil e cedeu espaço para que se pudesse mostrar, em
solo francês, a diversidade cultural brasileira. Esse foi o Ano do Brasil na França, quando
vários eventos culturais, mostras e encontros de cunho econômico e político aconteceram
durante todo aquele ano. Com o objetivo de mostrar aos franceses e aos turistas um Brasil que
não era apenas “o país do carnaval e do futebol”, o Ano do Brasil na França superou
expectativas.
Como retribuição do governo brasileiro ao Ano do Brasil na França (ABF), o ano de
2009 foi marcado pelo Ano da França no Brasil (AFB). Essa oportunidade poderia ser a volta
(ou pelo menos uma ascensão) da influência francesa em nossa cultura. Além de ter sido um
importante evento de mostra de cultura francesa no país, o AFB foi também uma maneira de
fortalecer os acordos econômicos entre os dois países. O AFB foi aguardado durante quatro
anos, desde o fim do Ano do Brasil na França em 2005. Por trás desse evento, centenas de
pessoas e empresas estavam envolvidas, trabalhando desde que o AFB foi anunciado, em
2001.
Apesar da crise iniciada nos Estados Unidos, em 2007, que ainda em 2009 estava
causando danos nas economias de vários países, a tentativa brasileira de fazer alianças,
especialmente com a França, teve êxito. As crises financeiras e econômicas também podem
significar novas oportunidades. Mesmo abalada pela recessão, existiam possibilidades de
investimentos para a economia brasileira e para a economia francesa, como, por exemplo, os
acordos feitos a partir do AFB. O Ano Econômico da França no Brasil foi a parte do AFB
voltada para o comércio e pôde ser a concretização dessas possibilidades de investimentos.
Com o objetivo de estimular novos negócios e parcerias entre os países, o Ano Econômico
contou com várias ações organizadas nas principais cidades brasileiras, de acordo com o site
oficial do Ano da França no Brasil4, do Ministério da Cultura.
3
4
Disponível em: <http://www.irbr.mre.gov.br/> Acesso: em 4 dez. 2009.
Disponível em: <http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/> Acesso: em 15 out. 2009.
10
A crise econômica, e seus reflexos, foi motivo de preocupação mundial. Vários
setores da economia de diversos países foram afetados, e trabalhadores de empresas foram
dispensados.
Fez-se necessário, então, um levantamento de informações sobre essas parcerias
franco-brasileiras decorrentes do AFB, a fim de identificar se, mesmo em meio à crise, há
possíveis oportunidades e vantagens para a economia do país.
11
2. OBJETIVOS
A partir das possibilidades de acordos e parcerias que o AFB anunciava, o objetivo
geral deste trabalho foi verificar as possíveis vantagens e eventuais oportunidades ou barreiras
para o país.
Para tanto, buscou-se, especificamente:
a) Traçar um panorama histórico das relações econômicas e culturais entre
Brasil e França;
b) Identificar os eventos, acordos e parcerias, realizados ao longo do Ano da
França no Brasil, que poderiam significar vantagens para o Brasil;
c) Identificar multinacionais francesas instaladas no País.
12
3. REFERENCIAL TEÓRICO
3.1. HISTÓRICO BRASIL X FRANÇA
A relação Brasil-França é de importância fundamental neste estudo. O histórico
diplomático entre os dois países tem influência direta na cultura e na língua luso-brasileira.
Essa história teve início em 1504, com a vinda de navios clandestinos franceses à costa do
país, para traficar pau-brasil com os indígenas, o que gerou substancial prejuízo para o
monopólio português, como afirma Viana (1948, p.24):
Seus marinheiros tornaram-se tão conhecidos dos índios, que
êstes logo aprenderam a distingui-los dos portuguêses,
chamando mair aos primeiros, peró aos segundos.
Capistrano (1907) confirma o começo das relações entre índios, franceses e
portugueses, logo no início da colonização do Brasil, em “Capítulos da História Colonial
(1500-1800)”:
Porque os Tupinambás se aliaram constantemente aos franceses
e os portuguêses tiveram a seu favor os tupiniquins, não consta
da história, mas o fato é incontestável e foi importante; durante
13
muitos anos ficou indeciso se o Brasil ficaria pertencendo aos
peró (portuguêses) ou aos mair (franceses)5.
Essas viagens foram proibidas pelo rei de Portugal, D. Manuel, ao então rei da
França, Luís XII. Como as proibições não foram acatadas durante vários reinados franceses, o
rei de Portugal resolveu combater os traficantes no litoral brasileiro, em sua chegada à costa.
De 1516 a 1528, vários entrelopos6 franceses foram presos no Brasil. Já em 1560, portugueses
e brasileiros derrotaram franceses e indígenas aliados aos franceses em várias batalhas contra
suas tentativas de estabelecimento permanente.
Para Tavares (1979), o primeiro contato entre França e Brasil teve início alguns anos
após o descobrimento deste (1500), quando Portugal começou a colonização e sentia-se
ameaçado por outros países que queriam explorar as terras brasileiras. Nessa época, a França
tentava restaurar sua economia, recuperando-se do grande período de guerras que
aconteceram no reinado de Luís XII. A intensificação do comércio exterior foi uma das
soluções encontradas na tentativa de recuperação de sua economia. Na busca de economias
estrangeiras que pudessem ajudar no restabelecimento da sua ordem comercial, a França
encontrou o Brasil (recém descoberto) e a sua rica plantação de pau-brasil. Porém, os
portugueses eram hostis e não queriam dividir a exploração e comércio daquela riqueza
natural; assim, declaravam-se donos das terras descobertas.
A cada tentativa frustrada das expedições, os franceses tomavam novos rumos e
procuravam se estabelecer em outras regiões, como no Maranhão, no Amazonas (onde
estiveram, também, os ingleses e holandeses) e, por fim, no Rio de Janeiro. Nessas operações,
o objetivo que movia os franceses era conquistar a confiança e fazer aliança com os índios,
contra os colonizadores portugueses.
As políticas da França e de Portugal no processo de colonização dos índios eram bem
diferentes: enquanto os portugueses impunham aos índios sua religião e seu modo de vida, os
franceses procuravam entender sua língua – interesse fundamental para uma boa convivência
e entendimento – e os seduziam com presentes como espelhos, tesouras, etc. Outra estratégia
5
Capistrano de Abreu (1907) apud TAVARES, A. de Lyra. Brasil França, ao longo de 5 séculos. Rio de
Janeiro: Biblioteca do Exército, 1905. Os Franceses no Brasil recém descoberto, a despeito do Tratado de
Tordesilhas. p.26.
6
Contrabandista; aventureiro.
14
utilizada foi ensinar aos índios técnicas de trabalho manual, e armá-los contra os
“adversários” portugueses e índios de outras tribos.
Mesmo com as tentativas da coroa portuguesa de impedir que outras bandeiras
explorassem a “terra do pau-brasil”, os marinheiros e contrabandistas franceses tornavam-se
cada vez mais próximos dos índios, em termos de comércio e de aliança militar. O Brasil era
visto como um novo e rico mundo a ser explorado, desfrutado e desvendado. Muitos
comerciantes, poetas, intelectuais e curiosos vinham para o Brasil, exaltavam os índios
brasileiros e admiravam a sua vida selvagem e livre, como coloca D’Horta (2006). Apesar de
os franceses não conseguirem se estabelecer no Brasil, por causa dos contínuos ataques dos
portugueses, houve a criação de vínculos que há cinco séculos fazem do Brasil e da França
duas nações conectadas pela cultura, comércio e pensamento.
Em sete de setembro de 1822, dada a Independência do Brasil, a coroação de Dom
Pedro I foi realizada como uma coroação de um imperador francês: “O acontecimento rompe
definitivamente com o costume português, ao obedecer a um cerimonial semelhante ao da
coroação de um imperador francês”, como afirma Tarzian (2009, p.29). Sob o império de D.
Pedro I, o Brasil passou a ser mais uma vez influenciado pelo espírito francês, principalmente
no que diz respeito ao pensamento e aos ideais políticos. Na época da Independência, passou a
ser cogitada a ideia de ter o francês como idioma oficial brasileiro, como afirma a autora
(2009). A admiração do Imperador pela França acabou influenciando a educação brasileira.
Em 1837, criou-se, no Rio de Janeiro, o Imperial Colégio Pedro II – primeira escola oficial de
instrução secundária do Brasil, instituída para se tornar um modelo de ensino e formar a elite
intelectual e política. Pela primeira vez incluiu-se, nos programas curriculares, o idioma
francês, influenciando e incentivando jovens artistas estudantes. No Segundo Império (1840),
essa influência francesa se estendeu ainda mais, pois o Imperador D. Pedro II, durante suas
frequentes viagens à França, trouxe para o Brasil grandes valores da cultura francesa,
especialmente nas áreas de educação e arquitetura. Essa influência viria a beneficiar nosso
país em muitos aspectos, segundo Martelli (2006).
Na mesma década da Proclamação da República (1889), em 1885, uma das mais
antigas instituições a instalar-se no Rio de Janeiro, a Aliança Francesa, estabeleceu-se sob o
princípio “liberdade, igualdade e fraternidade.” Segundo Saint-Martin (2006), a importância
da instituição é percebida não apenas pelo interesse em aprender o idioma, mas também pela
difusão de uma cultura apreciada pelos brasileiros da época. Aos poucos, palavras de origem
15
francesa foram se incorporando ao vocabulário brasileiro, como bidê, boulevard, abajur,
soutien e rendez-vous.
No início do século XX, a influência francesa era marcante, especialmente nas
principais cidades do país, como São Paulo e Rio de Janeiro. As relações entre a França e o
Brasil encontraram na área de saúde um de seus principais pilares. Havia uma forte relação
entre o conhecimento da higiene e a implementação de políticas públicas. Com especialização
em Microbiologia no Instituto Pasteur de Paris, em 1903, o médico sanitarista Oswald Cruz
foi nomeado diretor-geral de Saúde Pública (cargo equivalente ao de um Ministro da Saúde),
com a missão de enfrentar três doenças: a peste bubônica, a varíola e a febre amarela, como
coloca Pereira da Silva (2006). Para vencer a varíola, sua estratégia era combinar a
imunização obrigatória e a reforma urbana. Oswaldo Cruz trouxe ao país o modelo de saúde
pública que aprendeu em Paris. Assim, o Rio de Janeiro se tornou a “Cidade Maravilhosa”:
um lugar moderno, arborizado e com vias asfaltadas.
Quando eclodiu a Primeira Guerra Mundial (1914-1918), “predominava no Brasil, no
campo espiritual, como no dos sentimentos, uma inclinação bem nítida pela França, até
mesmo nos seus infortúnios” Tavares (1979, p.262). O povo brasileiro era inequivocamente
partidário da França, acompanhando sempre as notícias sobre os acontecimentos da Europa.
Mesmo assim, a partir da Primeira Guerra, com a segunda fase da Revolução Industrial,
liderada pelos Estados Unidos, iniciou-se uma grande influência norte-americana no país e,
apesar de Brasil, França e Estados Unidos estarem do mesmo lado contra os Alemães, na
Guerra, a influência cultural francesa se enfraqueceu. O começo dessa influência norteamericana se deu por causa da crescente relação econômica entre as duas nações: os EUA
haviam se tornado um “novo centro de poder mundial em emergência,” segundo Brum (1991,
p.47).
Na Segunda Guerra Mundial (1939-1945), a França foi invadida e parcialmente
ocupada pelo exército de Hitler. Do outro lado do Atlântico, os Estados Unidos viam o Brasil
como um possível grande aliado e a influência estadunidense crescia ainda mais. Tanto por
sua extensão territorial quanto por sua população, o Brasil apresentava condições de liderar os
demais países da América do Sul, defendendo-a de possíveis ataques de países inimigos. Por
força da “solidariedade continental”, o Brasil, que sob o governo de Vargas contraía
empréstimos milionários, aliou-se aos Estados Unidos quando a sua base naval Pearl Harbor
foi massacrada pelos japoneses.
16
A Segunda Guerra resultou no fim da supremacia da Europa e no surgimento de duas
potências mundiais: Estados Unidos (EUA) e União das Repúblicas Socialistas Soviéticas
(URSS), com os Estados Unidos defendendo o capitalismo e, a União Soviética, o socialismo.
Por estarem no mesmo continente, Brasil e EUA ficaram cada vez mais envolvidos. A França,
do outro lado, estava empenhada na sua recuperação pós-guerra. A cultura e a economia
brasileiras estavam, então, sob a forte influência da superpotência capitalista: os Estados
Unidos. Com o término da Segunda Guerra e, mesmo consolidada a influência norteamericana no país, a França se manteve como modelo para a elite brasileira, como constatou
Oliveira Neto (2006, p.175): “Com o tempo, os hábitos franceses, até então voltados para os
mais abastados, acabam atingindo toda a sociedade”. Apesar das fortes relações econômicas
entre Brasil e EUA, o período pós-guerra e a virada do século foram marcados pela
instauração de várias instituições francesas no país.
Em 1956, o Plano de Metas do governo de Juscelino Kubitschek tinha o objetivo de
crescer cinquenta anos em cinco, e foi uma transformação da infraestrutura brasileira. O Plano
previa um acelerado crescimento econômico, a partir de investimentos na expansão do setor
industrial. O governo de JK utilizou o instrumental do planejamento para sintetizar sua
proposta política de desenvolvimento industrial acelerado. Para materializar-se, essa ideologia
desenvolvimentista teria um preço: a transformação da estrutura industrial do país precisava
ser feita a partir da entrada de capital estrangeiro. “Contrariamente ao projeto nacionalista de
Vargas, havia uma clara aceitação da predominância do capital externo [...]” como afirma
Rego (2005, p.94). Dessa maneira, o Brasil abriu portas para a entrada de investimentos
vindos de outros países, como a França, mas vieram, em sua maioria, investimentos dos EUA.
Contribuindo para esse plano, de acordo com Tarzian (2009), a empresa Rhodia instalou uma
unidade em Paulínia (SP), que nas décadas seguintes tornou-se um dos mais modernos e
inovadores pólos industriais de intermediários químicos derivados do álcool e do petróleo. A
Schneider, com o nome de “Mecânica Pesada”, atuando no mercado local de energia, instalou
uma unidade industrial em Taubaté (SP).
17
Conhecida por fabricar cal desde 1833, a empresa Lafarge é instalada em Minas
Gerais. Ao tentar ser identificada com o mercado nacional, batizou seu primeiro cimento
produzido “Campeão”, inspirada na Copa do Mundo de 1958.7
Lessa (1981) confirma a preferência do governo de JK pelo capital externo na
concretização do Plano de Metas. Para o estudioso, a política econômica do Plano era, a partir
do capital estrangeiro, financiar a mais sólida decisão consciente, em prol da industrialização,
na história econômica do país.
Ainda durante o governo de JK, inicia-se a construção da nova capital do Brasil,
Brasília. A convite do presidente, Oscar Nieymeier Soares Filho muda-se para Brasília, cidade
que projetou de acordo com sua formação em Arquitetura pela Escola Nacional de Belas
Artes – antiga Escola Real de Ciências, fundada sob a orientação da Missão Artística
Francesa, como consta no site oficial de Oscar Nieymeier.8
Após a renúncia de Juscelino Kubitschek e a posse do vice-presidente João Goulart,
acontece o Golpe Militar, em 1964, derrubando o então Presidente da República. O governo
militar, fortemente marcado pelo nacionalismo, posicionou-se com ostensiva restrição ao
capital estrangeiro, de acordo com Brum (1991). Para se instalar no país, as empresas
estrangeiras deveriam ser controladas por brasileiros, assim, a economia se fecha. A Câmara
de Comércio França Brasil (CCFB), já instalada no Brasil (1900), inicia, então, seu trabalho
como mediadora das relações comerciais entre os dois países: passa a atuar na conexão entre
industriais franceses e brasileiros.
No período do “milagre econômico” (1968-1973), o Produto Interno Bruto (PIB)
cresceu muito, havendo uma queda da inflação. Uma empresa francesa que trouxe uma
unidade para o Brasil nessa época (1973) foi a Chandon. “Produtora de um vinho de
qualidade superior, a unidade brasileira da Chandon é uma das quatro do mundo inteiro,
localizada no Rio Grande do Sul”, como explica Tarzian (2009, p.74). Em 1973, a inflação
atinge um nível alto e o crescimento interno do país começa a declinar, embora o interesse das
empresas francesas no Brasil continue alto.
Na década de 70, empresas como Carrefour, Polenghi e Club Mediterranée vieram
para o país. Na mesma década, com o declínio do comércio no Brasil, empresas francesas e
7
8
Disponível em: <http://www.lafarge.com.br/> Acesso em: 23 out. 2009.
Disponível em: <HTTP://www.nieymeier.org.br/> Acesso em: 4 dez. 2009.
18
outras multinacionais não instaladas no país, sob uma alta sobretaxa de importação, viram a
necessidade de se instalar no Brasil, com a intenção de cortar gastos.
Logo no início da década de 80, o mundo passava por uma crise mundial e o país
enfrentou sua mais grave recessão desde a Crise de 1929. Ao mesmo tempo em que caía o
PIB, a inflação atingia níveis até então inéditos, que, em 1989, sob o governo de José Sarney,
tornou-se uma hiperinflação. De acordo com Brum (1991), o governo brasileiro, durante toda
a década, desenvolveu vários planos econômicos para tentar controlar a inflação, sem êxito.
Esse período ficou conhecido como “década perdida”, caracterizado pela queda dos
investimentos, mas, apesar disso, a situação não impediu novos negócios. Um exemplo foi o
lançamento da rede Pathernon Residence (atual Mercure), em 1987: primeira rede de flats do
mundo, segundo o site do Mercure Hotel9.
Em 1990, a economia se abre novamente: durante o governo de Fernando Collor de
Mello, houve um grande desembarque de multinacionais no país, por causa da aspiração do
presidente de modernizar a indústria nacional, o que gerou a estimulação de concorrência.
Dessa maneira, uma grande variedade de produtos importados chega para os
brasileiros, acostumados com um pequeno número de diversidade de produtos nacionais.
Além de variedade, também chegam ao Brasil novas marcas, com qualidade e novas
tecnologias. O setor automotivo começa a se diversificar, saindo do padrão das quatro
montadoras até então presentes no Brasil: Ford, Fiat, General Motors e Volkswagen. Dois
anos após essa abertura do mercado nacional, a Peugeot é trazida para o país, como afirma
Tarzian (2009).
Em 1994, durante o governo de Itamar Franco, surge o Plano Real, um programa
brasileiro de estabilização econômica, até hoje considerado o mais próspero de todos os
planos lançados para combater a inflação – nesse caso especificamente, pode-se dizer
hiperinflação, como coloca Rego (2005). A década de 90 foi marcada pela privatização das
estatais brasileiras, através do PND (Programa Nacional de Desestatização). A partir de 1995,
sob o governo de Fernando Henrique Cardoso, o PND, que tinha como objetivo melhorar os
serviços públicos prestados aos brasileiros, começa a transferir os serviços públicos para o
setor privado. Uma das empresas francesas que se interessou pelo Brasil foi a GDF Suez, um
celeiro de energia renovável. Com esse cenário positivo para as empresas internacionais, a
9
Disponível em: <http://www.mercurehotelastoria.com/eng/> Acesso em: 4 dez. 2009.
19
Électricité de France (EDF) também começa a investir no Brasil. No mesmo governo, foi
criado um programa de estímulo aos investimentos na indústria automotiva, que levou novas
montadoras a se interessarem pelo País, entre elas a PSA (fusão entre Peugeot e Citroën).
Assim, o Brasil começou a deixar de importar carros dos franceses, agora fabricando-os.
Segundo informações provenientes da Embaixada da França10, no ano de 2002 os
investimentos estrangeiros no Brasil diminuíram 16%, principalmente por causa do risco dos
empréstimos feitos em dólares. Mesmo assim, as empresas francesas continuaram investindo,
mostrando que confiavam no crescimento da economia brasileira, de acordo com a
Embaixada da França em Brasília11:
Até 31 de outubro de 2002, os investimentos franceses no Brasil
somavam 1,7 bilhões de dólares (resultado exatamente igual ao de 31
de outubro de 2001), o que representa mais de 12% do total dos
investimentos diretos estrangeiros no Brasil.12
A partir do primeiro mandato do atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva (2003), as
relações entre Brasil e França, gradualmente, voltam a se estreitar. Com uma política externa
de integração econômica, Lula inicia uma série de viagens diplomáticas, firmando vários
acordos com países que, até então, não faziam parte de negociações do Brasil, como, por
exemplo, a África do Sul. Em uma dessas viagens, surge o acordo entre Brasil e França de
realizar o maior evento internacional em que, até 2005, o país estaria envolvido: o Ano do
Brasil na França.
No começo deste século, o elo franco-brasileiro voltou a se fortalecer. Em 2005, com
o ABF, os dois países puderam fazer novas trocas culturais e, principalmente, estreitar os
laços novamente. Em 2009, o Ano da França no Brasil veio reforçar essa integração.
10
Disponível em: <http://ambafrance-br.org/france_bresil/> Acesso em: 4 dez. 2009.
Disponível em: <http://www.afnf.com.br/Apoio/diplomacia06-presencabr.htm> Acesso em: 25 out. 2009.
12
Fonte: Banco Central do Brasil.
11
20
3.2. O ANO DO BRASIL NA FRANÇA E O ANO DA FRANÇA NO BRASIL
Desde 1985, a França homenageia diferentes países. São as chamadas “Saisons
Culturelles Étrangères en France”13, de acordo com o site do Ministério das Relações
Exteriores da França14. Todo ano, a França convida um país a mostrar sua cultura nas
principais cidades francesas. Até 2004, o governo francês já tinha recebido eventos de 18
países, como Egito, Índia, Tunísia, Japão, China e, em 2004, a Polônia15.
Organizado pelos Comissariados Gerais, Ministérios da Cultura e Ministérios das
Relações Exteriores dos dois países, o Ano do Brasil na França estava anunciado desde 2001,
foi confirmado em 2003 e lançado em Paris em janeiro de 2005. Segundo o Ministro da
Cultura da época, Gilberto Gil, o ABF teve como intenção “propor aos franceses uma imagem
significativa da variedade e intensidade da cultura brasileira, sem qualquer filtro ou
mediações”16. A proposta era acabar com as imagens estereotipadas e mostrar que o Brasil
não se tratava apenas de “um país de carnaval e futebol.”
De acordo com o site oficial francês do Ano da França no Brasil17, de 2005, e as
notícias da época,
o Ano do Brasil na França salientará as fortes originalidades da
criação brasileira, abordando assuntos como arte e psiquiatria, arte
popular, as raízes africanas da cultura brasileira e mostrando os jovens
criadores contemporâneos brasileiros. Será a ocasião de homenagear
aqueles que foram pontes entre os dois países: Claude Lévi-Strauss,
Pierre Monbeig, Roger Bastide, Pierre Verger, etc. Mostrará também
os aspectos científicos, econômicos e tecnológicos do poder
brasileiro.18
13
Temporadas Culturais Estrangeiras na França
Disponível em: <http://www.diplomatie.gouv.fr/fr/ministere/les-saisons-culturelles-etrangeres-france.html.>
Acesso em: 23 out. 2009.
15
Disponível em: <http://www.ccfb.com.br/publicacoes/revista/bresilscope.html> Acesso em: 2 nov. 2009.
16
Disponível em: <http://www.cultura.gov.br/site/2005/01/18/ano-do-brasil-na-franca2005/> Acesso em: 2 nov.
2009.
17
Disponível em: <http://www.bresilbresils.org> Acesso em: 5 nov. 2009.
18
Tradução Nossa: Brèsil, Brèsils soulignera les fortes originalités de la création brésilienne en évoquant des
sujets comme art et psychiatrie, l’art populaire, les racines africaines de la culture brésilienne et en montrant les
jeunes créateurs contemporains brésiliens. Elle sera l’occasion de rendre hommage à ceux qui ont été des ponts
entre les deux pays : Claude Lévi-Strauss, Pierre Monbeig, Roger Bastide, Pierre Verger, etc. Elle montrera aussi
les aspects scientifique, économique et technologique de la puissance brésilienne.
14
21
Com o nome de “Brèsil, Brèsils”, o ABF foi responsável por mostrar, em toda a
França, de março a dezembro de 2005, um Brasil popular, com as batucadas e a capoeira, mas
também com a música clássica e a barroca. Mostrou, ainda, que o país promovia simpósios
universitários na defesa do meio ambiente e da transformação social pela qual o Brasil
passava. Como coloca Rochebois (2009, p.5):
Fazendo uma análise dos artigos que tinham como assunto o Brasil,
publicado em três revistas da impensa francesa - Ulysse Télérama,
Match du Monde et L’Express – no mês de março de 2005, Hirata
(2008) estabeleceu uma classificação dos temas explorados nesses
textos: as cidades ou os departamentos representantes do Brasil, as
personalidades brasileiras, as artes, os contrastes e os problemas
sociais, e história.19
A análise de três revistas da imprensa francesa feita pela autora, mostrou que os
principais assuntos abordados sobre o Brasil, pela mídia, em 2005, foram: as cidades, as
personalidades, a arte, os contrastes e os problemas sociais do Brasil.
Como consta no site da Agência Brasil,20 a França sempre foi um dos mais
importantes receptores do turismo no mundo. Segundo a avaliação dos franceses, o país
recebe 70 milhões de turistas anualmente, sobretudo em Paris. Em 2005, esses turistas, que
vinham de todos os países e continentes para visitar as cidades francesas, puderam ver, em
território francês, uma imagem do Brasil diferente daquela que eventualmente tinham.
De acordo com o Secretário de Articulação Institucional, Márcio Meira, no site da
Agência Brasil, até então o Ano do Brasil na França foi o maior evento cultural já realizado
pelo Brasil, no exterior. As expectativas eram amplas em vários setores: social, cultural e
principalmente econômico. O evento mobilizou mais de 15 milhões de pessoas, com centenas
de atrações, realizadas em todo o território francês, que trouxeram impactos diretos, não só
para o intercâmbio cultural, mas também para as trocas comerciais entre os dois países. O
número de empresas francesas instaladas no Brasil passava de 400, empregando diretamente
250 mil pessoas. Foi registrado um aumento de 27% de turistas franceses no Brasil e mais de
19
Tradução Nossa: En faisant une analyse des articles ayant comme sujet le Brésil publiés dans trois magazines
de la presse française – Ulysse Télérama, Match du Monde et L’Express - au mois de mars 2005, Hirata (2008) a
établi un classement des thèmes explorés dans ces textes : Les villes ou les départements représentants du Brésil,
Les personnalités brésiliennes, Les arts, Les contrastes et les problèmes sociaux, et L’histoire.
20
Disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/> Acesso em: 5 nov. 2009.
22
450 milhões de dólares em produtos brasileiros exportados para a França. Em matéria de
investimentos estrangeiros no Brasil, a França, até 2009, ainda ocupava a quarta posição, com
cerca de oito bilhões de euros21.
No ano de 2009, foi a vez de o Brasil retribuir o ABF com o “Ano da França no
Brasil”, que teve início no dia 21 de abril, comemoração da Inconfidência Mineira –
movimento “rebelde” inspirado nas ideias da Revolução Francesa (1789). O Ano da França
no Brasil, chamado de “França.Br 2009”, foi lançado pelos presidentes Nicolas Sarkozy e
Luis Inácio Lula da Silva, com a promoção de vários eventos, como exposições, shows,
concertos, ciclos de cinema, seminários e festivais, realizados em todo o território nacional.
Esses eventos tinham como objetivo divulgar a cultura francesa, fazendo um intercâmbio, sem
ser necessário sair do país. De acordo com o site da “Comunidade França-Brasil”, o Ano da
França no Brasil oferece à França a oportunidade de apresentar, nas principais cidades
brasileiras, as diferentes facetas de suas competências e de seu savoir faire22, em todas as
áreas – artística, cultural, científica, tecnológica e econômica.
O término do AFB foi marcado para o dia 15 de novembro. Pode-se postular que o
mais importante dessa parceria estratégica foi o aprofundamento da cooperação entre os dois
países, para a consolidação das relações bilaterais, tanto culturais quanto comerciais e
econômicas.
Essa parceria envolveu trabalho e comprometimento de uma diversificada equipe de
agentes governamentais, do setor privado, de profissionais da cultura, artistas, intelectuais,
pesquisadores, sociedade civil e mídia dos dois países. Segundo o site do Ano da França no
Brasil, do Ministério da Cultura23, o França.Br 2009 foi elaborado com base em três
conceitos:
→ França moderna (criação artística, inovação tecnológica, pesquisa científica,
debate de ideias, desafios econômicos);
→ França diversa (diversidade da sociedade, diversidade de saberes, diversidade
regional);
→ França aberta (busca de parcerias franco-brasileiras, parcerias francobrasileiras com outros países do mundo).
21
Fonte: Disponível em: <http://www.agenciabrasil.gov.br/> Acesso em: 5 nov. 2009.
Tradução Nossa: saber fazer.
23 Disponível em: <http://anodafrancanobrasil.cultura.gov.br/> Acesso: em 25 out. 2009.
22
23
Além dos mais de 700 eventos realizados durante todo o ano de 2009, também
aconteceram eventos paralelos, organizados pelos parceiros do AFB: Culturesfrence, Aliança
Francesa, Ubifrance, Elysee France, etc. Fonte: Ministério da Cultura.
3.3. O ANO ECONÔMICO DA FRANÇA NO BRASIL: INVESTIMENTOS E EMPRESAS
FRANCESAS NO PAÍS
O Ano Econômico da França no Brasil (AEFB) também é parte do AFB, e foi
uma mobilização inédita na história das relações comerciais franco-brasileiras. De acordo
com o site do AFB, Ano Econômico foi lançado oficialmente em dezembro de 2008 - com a
visita do presidente da França, Nicolas Sarkozy, ao Brasil. Com enfoque nas relações
econômicas, o AEFB faz parte de um plano maior: estreitar os laços entre os dois países. Seu
desafio era difundir as especialidades da França contemporânea, promovendo os seus setores
avançados, como o setor tecnológico. A intenção era mostrar que a França não se tratava
apenas um país de bela história e arquitetura, mas que também era moderna, uma grande
investidora em tecnologia, pesquisa e inovação, pronta para exportar modernidade e importar
novas parcerias com o Brasil.
O AEFB foi promovido pela Ubifrance24 e pela rede das Missões Econômicas da
França. A Ubifrance, agência francesa para o desenvolvimento internacional de empresas, é
uma instituição pública, de caráter industrial e comercial, encarregada de dar apoio às
companhias francesas em suas atividades de exportação, e tinha como objetivo, para o ano de
2010, com as Missões Econômicas, dar suporte a essas companhias, em 44 países,
empregando mais de 1.500 pessoas.
O site do AFB informa que o objetivo inicial da Ubifrance, traçado para 2008, era
trazer 500 empresas francesas para o Brasil. Com um inesperado desempenho, ao todo foram
aconselhadas ao mercado brasileiro quase 900 companhias. Em 2007, as relações comerciais
franco-brasileiras registraram 6.585 bilhões de euros. Em 2008, ano em que se efetivou a crise
24
Disponível em: <http://www.ubifrancebrasil.com.br/> Acesso em: 25 out. 2009.
24
internacional, bateu-se um novo recorde histórico, ultrapassando a marca dos sete bilhões de
euros.
De acordo com informações obtidas no documento de sistema gerencial de qualidade
da Ubifrance,
as trocas comerciais franco-brasileiras progrediram em 2008 (+12,8
%) estabelecendo um novo recorde histórico e passar a marca de 7
milhões de euros (a 7490 milhões de euros), depois de uma progressão
já importante em 2007 (+19,9%, a 6639 milhões de euros).25
Isso significa que o comércio franco-brasileiro cresceu, em 2008, batendo um novo
recorde, após progredir consideravelmente em 2007. Principal parceiro da França na América
Latina, o Brasil é o 21° cliente francês e o 22° fornecedor. Os gráficos a seguir ilustram o
crescimento da parceira dos países:
Gráfico 1: Evolução das exportações francesas para o Brasil em milhões de euros.
Fonte: Alfândega Francesa
25
Tradução Nossa: Les échanges commerciaux franco-brésiliens ont progressé en 2008 (+12,8%) pour établir un
nouveau record historique et dépasser la barre des 7000 M EUR (à 7490 M EUR), après une progression déjà
importante en 2007 (+19,9%, à 6639 M EUR).
25
O gráfico 1 mostra que as exportações da França para o Brasil caíram bruscamente
em 2003. Isso pode ser explicado pelo fato de que, em 2003, o Brasil teve uma das mais
baixas taxas de crescimento dos últimos anos26, além da valorização do real em relação ao
dólar. A partir de 2004, as exportações da França para o Brasil aumentaram progressivamente.
Em 2008, houve um crescimento significativo, de 13,6%, alcançando um montante de 3.521
milhões de euros. Os principais materiais exportados para o Brasil são os produtos de
construção aeronáutica, peças de automóveis, produtos farmacêuticos de base e outras
máquinas especializadas.
Gráfico 2: Evolução das importações brasileiras para a França.
Fonte: Alfândega Francesa
O gráfico 2 mostra a evolução das importações feitas pela França: elas tiveram uma
progressão constante desde 2002. Pode-se observar que, a partir de 2005 – Ano do Brasil na
França – as importações francesas vindas do Brasil deram um salto. De 2006 para 2007, as
importações atingiram um faturamento histórico de produtos importados do Brasil pela França
26
Fonte: IBGE
26
e, novamente, em 2008 (ano da crise econômica), bateu-se um recorde, alcançando um
montante de 3.969 milhões de euros. O Brasil comercializou, em grande parte, produtos agroalimentares.
De acordo com o site do Consulado Geral da França no Rio de Janeiro27, apesar da
crise econômica, as empresas francesas continuam acreditando no forte potencial brasileiro e
continuam mantendo seus investimentos no país e, principalmente, no estado do Rio de
Janeiro.28
Em 2009, o Brasil era considerado um dos grandes atores da economia mundial e
principal país emergente entre os 25 mercados prioritários franceses. A presença francesa
estava significativamente forte, contando com aproximadamente 400 empresas de todos os
portes. Além disso, a França ocupava, até 2009, o quarto lugar no ranking de investimentos
feitos no país - setor automobilístico, siderúrgico, agroalimentar e setor de bens de consumo.
De acordo com Dominique Mauppin, chefe da Missão Econômica da França, em São
Paulo, a análise feita pela rede de Missões Econômicas, considerando a história industrial do
país e sua recente abertura comercial, serviu de orientação para sua estratégia no país reforçar a presença econômica, industrial, comercial e financeira da França no Brasil:
Entre os maiores projetos anunciados está o trem de alta velocidade
entre São Paulo e Rio de Janeiro, o metrô e os trens suburbanos em
São Paulo, o metrô em Curitiba, a ligação direta entre São Paulo e o
Aeroporto Internacional de Guarulhos, os bondes de Santos e de
Brasília, as plataformas multimodais, a concessão de rodovias, o
complexo hidroelétrico do Rio Madeira, etc.29
Das 157 Missões Econômicas do mundo, o Brasil está em destaque pela sua evolução
de atividades desde 2005, que tiveram um crescimento de 600%. “O País também se
posiciona no segundo lugar em faturamento absoluto (atrás apenas da China) e em sexto no
que se refere ao número de empresas francesas atendidas”, completa Mauppin.
27
Disponível em: <http://www.ambafrance.org.br/rj/francais/index.html> Acesso em: 17 nov. 2009.
Tradução Nossa: En dépit de la crise économique, les entreprises françaises continuent de croire au fort
potentiel brésilien et maintiennent leurs investissements dans le pays et notamment dans l’Etat de Rio de Janeiro.
29 Disponível em: <http://www.revistafatorbrasil.com.br/ver_noticia.php?not=73370> Acesso em: 19 out. 2009.
28
27
3.4. IDENTIFICAÇÃO DOS INVESTIMENTOS E MULTINACIONAIS FRANCESAS EM
MINAS GERAIS E BRASIL
Desde 2005, quando toda a França pôde ver uma imagem modernizada do Brasil,
cresce a presença francesa no universo corporativo brasileiro. Segundo o site do parceiro da
AFB, o Culturesfrance30, a rede das Missões Econômicas no Brasil relaciona 360 filiais de
companhias francesas no país, o que prevê a geração de pelo menos 400 mil empregos diretos.
Muitas dessas companhias são reconhecidas e antigas no Brasil e, como exemplo, temos a
Rhodia (1919), a Michelin (1927) e a L’Oréal (1930). Essas empresas investem muito, o que
lhes permite desempenhar um papel importante na economia brasileira. Além das grandes,
houve um crescimento do número de pequenas e médias empresas que optaram por instalar-se
no país, como é colocado no site:
Independentemente de seu porte ou segmento de atuação, a maioria
está satisfeita com suas atividades no país e com a qualidade da mãode-obra brasileira, valendo-se das oportunidades do mercado local e
de sua crescente importância enquanto plataforma mundial de
exportação.
Cerca de 20 novas filiais de companhias francesas vêm para o Brasil anualmente,
principalmente para a região Sudeste. Em 2008, inúmeras empresas, apesar da crise, tiveram
seu faturamento aumentado entre 10 e 50%, dependendo da atividade exercida (indústria
alimentícia, equipamentos, energia, meio ambiente, infraestrutura, logística, bens de consumo,
etc), segundo o IBGE31. Com o objetivo de estreitar laços entre os dois países, nas relações
econômicas e comerciais, o Ano da França no Brasil aumentou os negócios e parcerias entre
as duas nações.
O conceito de "Business France" está sendo apresentado ao longo do ano e deverá
estimular novos negócios nos diversos segmentos estratégicos da França. De acordo com a
previsão da Ubifrance para os eventos, ao todo, serão trabalhados dez grandes setores que
abrangem outros vários subsetores, como o setor de Bens de Capital, de Infraestrutura,
Transporte, Logística e Construção, de Aeronáutica-Espaço, de Bens de Consumo, setor
30
31
Disponível em: <http://www.culturesfrance.com/programme/pg78.html.> Acesso em: 1 nov. 2009.
Disponível em: <http://www.ibge.gov.br/> Acesso em: 10 nov. 2009.
28
Agroindustrial e de Produtos Alimentícios, de Energia e Meio Ambiente, setor Jurídico, setor
de Tecnologia da Informação, de Saúde, Biotecnologia e Turismo e setor de Petróleo, Gás e
Construção Naval.
Dentro desses setores, até 2008, estavam previstos no calendário oficial cerca de 30
eventos que, em geral, abrangem três temas:
1) "O futuro da arte de viver à francesa" - O tema está voltado para a construção de
espaços em eventos, com o intuito de expor a cultura e a modernidade como
tecnologia, e também mostrar soluções relacionadas à sustentabilidade. Como
exemplo, pode-se citar os eventos SP Fashion Week, Expovinis e Feicon Batimat.
2) "Mobilidade, transportes, logística e reordenamento urbano" – Exposição de
projetos e ações ligados à diversidade francesa. Eventos como Negócios nos
Trilhos, Mission Découverte Nautique e Rio Boat Show são algumas das ações de
destaque.
3) "A França que inova a serviço do homem" – Esse tema promove debates sobre os
maiores e mais importantes assuntos globais, como biotecnologia nuclear, saúde, e
Tecnologia da Informação. Alguns desses eventos são: Brasil Offshore,
Futurecom e Ambiental Expo.
Dos 30 eventos mencionados anteriormente, a rede das Missões Econômicas e a
Ubifrance destacaram, no calendário de 2009, algumas ações estratégicas de relacionamento.
Abaixo estão as ações que tiveram maior êxito:
- Feicon Batimat - de 24 a 28 de março. 17ª Feira Industrial da Indústria da Construção,
trouxe toda a expertise francesa de construção ambientalmente sustentável, além do seminário
sobre o tema: Cidades Sustentáveis. Contou com 650 expositores de 34 países e 172.000
visitantes compradores de 72 países. “O evento foi um sucesso e a cada ano percebemos a
evolução tanto em público quanto em oportunidades de negócios gerados.”32 Comentou
Alexandre Tambasco, gerente de marketing da Lorenzetti. Noventa e cinco por cento dos
expositores participarão novamente em 2010.
- Intermodal - entre os dias 14 a 16 de abril, a França esteve presente com o objetivo de
aproximar iniciativas dos portos dos dois países, para facilitar as relações comerciais, além de
32
Disponível em: <http://www.feicon.com.br/> Acesso em: 15 out. 2009.
29
estimular a exportação. A feira ultrapassou 45 mil visitantes, bateu seu recorde em número de
empresas expositoras e já conta com 85% de renovação para 2010.
- Brasil Offshore - de 16 a 19 de junho, o Espaço França, que contava com a participação de
35 empresas para trazer novas tecnologias para um setor estratégico para o desenvolvimento
da economia dos dois países, recebeu 138 empresas e teve recorde de participação do público:
49.224 visitantes. Eric Henderson, Diretor da Brasil Offshore, afirmou: “este ano, com a
crise, aumentamos em 18% o número de expositores, temos boas perspectivas para 2011”33.
Trinta e cinco por cento dessas empresas já confirmaram presença para o próximo ano.
- Expo Aero Brasil – aconteceu entre os dias 2 e 5 de julho, e trouxe novas tecnologias
desenvolvidas na França no setor aéreo. Contou com a participação de 151 empresas
expositoras.
Além dos eventos, ações estratégicas e parcerias advindas do AFB, várias empresas
foram identificadas durante o desenvolvimento deste trabalho. A maioria dessas filiais
francesas está no Sudeste - região economicamente mais desenvolvida do país. Identificamos,
em Minas Gerais, que é, hoje, o segundo maior estado exportador do Brasil, uma lista de 15
multinacionais francesas (vide anexo 1).
De acordo com informações obtidas através de uma visita técnica ao INDI (Instituto
de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais) em Belo Horizonte, entre as multinacionais
francesas mais conhecidas, instaladas em Minas Gerais e outros estados do Brasil, estão:
- VALLOUREC & MANNESMANN DO BRASIL: Localizada em Belo Horizonte, atua no
setor de mineração desde 1952. Fundada a pedido do governo brasileiro para atender às
necessidades de tubos de aço sem costura da indústria petrolífera nacional, a empresa, de
capital francês, é 100% controlada pelo Grupo Vallourec.
- ACESITA S/A: Localizada em Belo Horizonte, foi fundada em outubro de 1944 e atua no
setor de siderurgia. A Acesita faz parte do grupo Arcelor. O capital da Acesita é considerado,
diretamente, de origem francesa e espanhola.
- DANONE LTDA. : É líder mundial em produtos lácteos, e iniciou suas atividades no
Brasil em 1970. Sua matriz é localizada em São Paulo e possui uma fábrica em Poços de
Caldas, Minas.
33
Disponível em: <http://www.brasiloffshore.com/> Acesso em: 23 out. 2009.
30
- CARREFOUR: Com filiais por todo o país a empresa tem 111 Hipermercados, 38
Supermercados e 201 Maxidescontos. O Brasil foi o primeiro país da America Latina a
receber a loja Carrefour, em 1975. Setor de atuação: Comércio varejista.
- HELICÓPTEROS DO BRASIL- HELIBRÁS: Única fabricante de helicópteros em toda a
América do Sul está desde 1978 no Brasil e está presente em Minas, São Paulo e Rio de
Janeiro. A empresa também possui uma parcela pequena de capital alemão.
- POLENGHI: Instalada em 1947 em São Paulo por italianos, a Polenghi brasileira foi
comprada em 1977 pela empresa francesa “Soparind Bongrain”, uma dos maiores produtoras
de queijos especiais do mundo, donos de uma inovação queijeira, “Caprice des Dieux”, hoje
famosa mundialmente.
A partir de uma lista de empresas francesas a que se teve acesso no arquivo do Celif
(Curso de Extensão em Língua Francesa da Universidade Federal de Viçosa), também
destacam-se outras multinacionais francesas instaladas no País:
- DUBUIT DO BRASIL: o grupo DUBUIT, nascido na França em 1932, é hoje uma
multinacional líder no mundo na fabricação de equipamentos para impressão direta em
objetos plásticos e de vidro. Instalada em Guarulhos – SP, tem também mais duas filiais em
Pindamonhangaba – SP. O grupo está hoje em mais de 25 países.
- ECOCERT DO BRASIL: foi constituída em 2001, instalada primeiramente em Porto
Alegre e agora está em Florianópolis – SC. Atua no setor de produtos orgânicos, cosméticos,
etc.
- ORANGE – Até 2006, a Orange se chamava de “EQUANT”. Empresa do grupo “France
Télécom”, a Orange é dedicada a telecomunicações para empresas e presta serviços em 220
países e territórios. Está no Brasil desde 1977 e agora está presente em São Paulo e Rio de
Janeiro.
- MUCAMBO S/A – Fundada em 1950 às margens do Rio Mucambo, perto de Ihéus – BA, a
Mucambo é a maior fabricante de luvas cirúrgicas do Brasil.
- ONDULINE – Fabrica telhas onduladas na Europa desde 1944, e está presente em mais de
100 países com comercialização feita através de 21 filiais tais como África do Sul, Alemanha,
Bélgica e Brasil. Localiza-se na cidade de Juiz de Fora – MG.
- MERCURE - Com mais de 750 hotéis em 47 países, a Mercure chegou ao Brasil em 1998 e
hoje a rede possui 73 hotéis no país, em 34 cidades diferentes e em 3 categorias (Grand Hotel,
31
Hotel e Apartments), algumas destas cidades são Belo Horizonte, Brasília, Curitiba,
Guarulhos e São Paulo, Foz do Iguaçu, Joinville, Santo André, São José dos Campos,
Gramado, Campinas, Salvador.
3.5. ATUAL CRISE ECONÔMICA MUNDIAL
Os economistas chamam de recessão um período em que a economia deixa de
crescer. As atividades comerciais e industriais diminuem e, consequentemente, a produção e o
trabalho decaem. Com isso, os salários baixam e pessoas ficam desempregadas, pois as
empresas e as indústrias precisam cortar gastos, já que não estão produzindo. Essa sequência
de fatos é o que caracteriza uma crise. Em 1929, os Estados Unidos e vários países do mundo,
como Alemanha, Austrália, França, Itália, Reino Unido e, especialmente, Canadá, passaram
por uma recessão, também chamada de Grande Depressão, de acordo com Brum (1991). A
crise de 1929 começou nos Estados Unidos, que, naquela época, já tinha o título de “maior
potência mundial”, quando os valores de ações na bolsa de valores de Nova Iorque caíram de
maneira brusca, e vários acionistas faliram. A partir daí, houve alta na inflação e queda nas
vendas. Fábricas fecharam, pessoas ficaram desempregadas. Alguns governos adotaram novas
políticas econômicas para tentar conter a recessão, mas ela perdurou até o começo da Segunda
Guerra Mundial.
A crise que acompanhou o AFB também começou nos Estados Unidos, em dezembro
de 2007, no setor imobiliário. De acordo com a explicação encontrada no site da Globo34, o
setor imobiliário foi superincentivado pelos bancos, que ofereciam muito crédito, porém, sem
investigar as possibilidades financeiras dos clientes. Os bancos acharam que estavam fazendo
um negócio lucrativo, cobrando juros altos, para evitar inadimplência dos clientes e aumentar
os lucros. Como existia muito crédito, os norte-americanos adquiriram imóveis, e o preço
deles subiu muito. Alguns, que antes valiam 80 mil, estavam sendo vendidos por 200 mil
dólares.
34
Disponível em: <http: http://g1.globo.com/Noticias/Economia_Negocios/0,,MUL268484-9356,00ENTENDA+A+CRISE+NAS+BOLSAS+MUNDIAIS.html> Acesso em: 3 nov. 2009.
32
Como os bancos tinham oferecido crédito para incentivar o consumo em várias áreas,
tendo que pagar os preços elevados dos imóveis e também os juros altos da hipoteca, os
estadunidenses em massa, muito endividados, deixaram de pagar os bancos. A crise já estava
instaurada, mas estava sendo negada por todo o país. Havendo menos procura, o preço dos
imóveis, então, diminuiu. Com a desvalorização, as pessoas se viram numa difícil situação,
em que tinham que pagar por seus imóveis um valor muito maior do que valiam naquele
momento. As pessoas pararam de pagar a hipoteca, mesmo que tivessem seus imóveis
tomados judicialmente pelos bancos. Com a inadimplência, os bancos começaram a ficar sem
dinheiro – com o qual já contavam para várias outras operações financeiras.
O Brasil demorou a aceitar que também fora afetado pela crise. Em junho de 2009,
dados divulgados pelo IBGE confirmaram a recessão técnica do país (dois trimestres
consecutivos de queda no PIB). O PIB (Produto Interno Bruto), no primeiro semestre de 2009,
teve redução de 0,8% com relação ao último trimestre de 2008. O PIB é um indicador que
mensura a atividade econômica, representando a soma das riquezas produzidas pelo país. De
acordo com Matias-Pereira35 (2009),
os indicadores relacionados ao nível de emprego nos Estados Unidos e
nas maiores economias do continente europeu - Alemanha, França,
Reino Unido e Itália -, revelam que esses países estão sofrendo uma
forte degradação do nível de emprego.
No caso dos EUA, entre janeiro e novembro de 2008, houve perda de mais de 1,2
milhões de postos de trabalho. De acordo com informações do site Eumed36, “os segmentos
mais afetados da economia mundial são os segmentos da indústria que dependem de crédito
abundante, como a indústria automotiva”. O maior número de demissões do mundo está
ocorrendo nesse setor e, na medida em que aumenta o desemprego na indústria, os demais
setores também são afetados, mas só serão afetados pela crise depois de alguns meses.
Segundo o economista Barelli37 (2009, p.11), até abril de 2009, a crise ainda não
havia alcançado o Brasil de maneira significativa. Para o autor, um acontecimento que pôde
35
Disponível em: <http://www.eumed.net/cursecon/ecolat/br/09/jmp2.htm> Acesso em: 11 nov. 2009.
Disponível em: <http://www.eumed.net/ce/2009a/jmp.htm> Acesso em: 8 out. 2009.
37
Revista Desafios, Abril, 2009.
36
33
ser considerado uma marca da crise no país, foi a demissão de quatro mil empregados na
Embraer (Empresa Brasileira de Aeronáutica S/A):
A Embraer não contrata ninguém com menos do que o segundo grau.
Portanto, estes quatro mil são trabalhadores da elite [...]. Os
trabalhadores demitidos são treinados, alguns com mais de 10 ou 20
anos de casa.
Barelli (2009, p.11) afirmou, ainda, que a solução para a crise seria gerar empregos,
investir numa nova política, a favor da criação de empregos. Para os economistas, emprego é
uma função do investimento. Então, se há investimento, existe emprego. Para que o Brasil
chegasse ao desenvolvimento, o caminho a ser percorrido deveria começar com organização:
Se você tiver um bom planejamento resolve problemas que acontecem
ao seu tempo. [...] O planejamento estratégico é exatamente você olhar
as suas potencialidades e o que você pode fazer.
O autor reforçava que o Brasil é um país semi-fechado, que seu comércio exterior é
muito pequeno e que, com a crise, seria difícil aumentá-lo: “Aprendi que quando o governo
não atrapalha, o Brasil cresce”.
Para o presidente Lula38, a solução para que os países voltem a ter um crescimento
sustentável é a ação cooperativa multilateral. O presidente do Conselho Regional de
Economia (CORECON), Wilson Benício Siqueira39, apresenta conclusões da mesma linha
que o Presidente da República, afirmando que a estratégia econômica brasileira para a crise
deve ser a busca de novos parceiros internacionais:
Outra alternativa é ampliar o mercado interno e externo para os
produtos brasileiros.[...] No mercado internacional, gerar novas
relações de pagamento, com utilização da nossa moeda como fonte
pagadora e de reserva, nos afastando assim de um dólar “tóxico”, que
não guarda mais o poder de reserva e pagamento, sobrevivendo
apenas pela ilusão de uma fortaleza, desmoronada pela crise
econômica americana.
38
39
Revista Desafios, Maio, 2009.
Revista Mercado Comum, Ago. 2009.
34
De acordo com o autor, a crise não chegou para o Brasil como chegou para as outras
nações. Ela não chegou desestruturando a economia, devido ao fato de que o país estava
melhor preparado do que os outros. Isso aconteceu porque os princípios macroeconômicos
adotados na década de 90 contribuíram para que a crise não destruísse a produção brasileira e
a relação de mercado. Apesar dessa vantagem em relação aos outros países, o PIB brasileiro
teve uma queda por causa do desemprego e da queda de consumo. O estudioso defende a
reforma tributária e a redução de impostos para manter os empregos, a produção e o consumo.
Outra forma de se defender da crise, segundo ele, seria ampliar o mercado e tomar certa
distância do dólar.
No Brasil, a indústria e o comércio exterior foram os setores mais afetados pela crise,
de acordo com Matias-Pereira (2009). As exportações de bens de serviços caíram 16%, e as
importações, menos 16,8%, nos últimos dois trimestres. Em junho de 2009, o Banco Central
(BC) previa que a taxa média de desemprego, em 2009, seria de 8,8% e que o indicador
atingiria seu pico em julho, a 9,8%. De acordo com informações do site do jornal O Dia40, em
2007, a taxa média de desemprego foi de 9,3% e, em 2008, de 7,9%. Apesar das previsões,
em outubro, a taxa de desemprego apurada pelo IBGE caiu para 7,7% - a menor, desde
dezembro de 200841.
Do outro lado do Atlântico, em janeiro de 2009, a taxa de desemprego na França era
uma das maiores da Europa. Em agosto de 2008, atingiu 7,2% da população economicamente
ativa (uma das maiores altas dos últimos 15 anos). O Ministério do Trabalho Francês42
revelou, em novembro de 2008, que, no mês anterior, mais de dois milhões de pessoas
estavam desempregadas - dado que a França tem uma população ativa de 28 milhões de
trabalhadores (dados oficiais do Instituto Nacional de Estatística e Estudos Econômicos Insee). Pereira (2009) afirma que, apesar do desemprego, as crises financeiras e econômicas,
além dos efeitos que causam, também podem abrir novas oportunidades para alguns
segmentos.
40
Disponível em: <http://www.sistemaodia.com/noticias/banco-central-preve-pior-taxa-de-desemprego-de-2009em-julho-45679.html> Acesso em: 23 nov. 2009.
41
Fonte: IBGE
42
Disponível em: <http://www.travail-solidarite.gouv.fr/espaces/travail/> Acesso em: 23 nov. 2009.
35
4. METODOLOGIA
O procedimento
metodológico
deste
estudo
consistiu,
primeiramente,
no
levantamento histórico de relações entre Brasil e França, desde o período do descobrimento
até os dias atuais, de forma a subsidiar o foco da atual pesquisa. De acordo com Lakatos
(2008, p.43),
a pesquisa pode ser considerada um procedimento formal com método
de pensamento reflexivo que requer um tratamento científico e se
constitui no caminho para se conhecer a verdade ou para descobrir
verdades parciais. Significa muito mais do que apenas procurar a
verdade: é encontrar respostas para questões propostas, utilizando
métodos científicos.
Toda pesquisa sugere o levantamento de dados de várias fontes, e os dois processos
pelos quais se podem obter esses dados são a documentação direta e a indireta. Para o
presente trabalho, realizou-se uma pesquisa a partir de documentação indireta, que abrange
fontes de dados coletados por outras pessoas, podendo ser constituídos de material já
elaborado ou não. Conforme afirma a autora, a pesquisa em documentação indireta pode ser:
- de fontes primárias (pesquisa documental): documentos de primeira mão,
proveniente do próprio órgão que realizou a observação;
- de fontes secundárias (pesquisa bibliográfica): levantamento de bibliografias já
publicada, em forma de livros, revistas, publicações avulsas e imprensa escritas.
Dessa forma, para este estudo, foram coletados documentos de fontes primárias
(listas de empresas provenientes do INDI) e secundárias (revistas, livros, sites e folders), para
36
identificação dos principais acontecimentos provenientes do Ano da França no Brasil, com
especial destaque para o Ano Econômico da França no Brasil e os investimentos franceses,
diretos ou indiretos, na economia brasileira; as empresas francesas ou de capital francês
instaladas em Minas Gerais e no Brasil; eventos, acordos e parceiras bilaterais francobrasileiras que mostrassem um entrosamento entre os governos e permitissem o
vislumbramento potencial de vantagens para o país.
As fontes secundárias, utilizadas no desenvolvimento, foram livros diversos, livros
específicos de história brasileira e francesa, revistas e periódicos de empresas privadas.
Também foram consultados sites do Ano da França no Brasil e similares, órgãos públicos
federais como o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísitca (IBGE), Banco Central
(BACEN) e Conselho Regional de Economia (CORECON). Através de visitas técnicas ao
Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais (INDI), Exporta Minas, Câmara de
Comércio França Brasil (CCFB) e Aliança Francesa em Belo Horizonte, foram obtidas os
documentos de fontes primárias. Esses documentos são: a lista atual (2009) de empresas
francesas em Minas Gerais, listas de anos anteriores de empresas francesas no Brasil além do
livro utilizado no desenvolvimento do trabalho, “A Presença Francesa no Brasil” lançado em
2009, desenvolvido e vendido apenas pelas quatro Câmaras de Comércio França Brasil do
país.
Após a fase de compilação dos documentos, que, segundo a autora, significa fazer
uma reunião do material contido em livros, revistas etc., foi feita a identificação dos principais
acontecimentos do Ano da França no Brasil e Ano Econômico da França no Brasil, para, em
seguida, iniciar a interpretação das informações reunidas. Assim, foi possível chegar à
conclusões sobre o assunto abordado: as possíveis barreiras ou oportunidades que
supostamente surgiriam do AFB, em meio à crise econômica mundial.
37
5. DISCUSSÃO E CONCLUSÕES
O AFB terminou em 15 de novembro de 2009. Os investimentos gerados, em sua
maioria, ainda não podem ser mensurados. Por outro lado, a partir dos dados obtidos,
referentes aos anos de 2005 a 2008, pode-se afirmar que a parceria comercial franco-brasileira
cresceu progressivamente. Desde o Ano do Brasil na França, em 2005, as atividades entre os
países aumentaram 600%, nos últimos quatro anos.
Dentre os principais projetos que estavam previstos pela Ubifrance e Missões
Econômicas, pôde-se observar que superaram as expectativas: segundo as informações
obtidas com este trabalho, além dos objetivos terem sido alcançados, os eventos ultrapassaram
as perspectivas que, até então, podiam ser consideradas otimistas – por se tratar de uma
movimentação inédita entre França e Brasil. Exemplo disso é a “Brasil Offshore”, evento que
contava com 35 empresas, que trariam novas tecnologias para o país: recebeu 138 empresas e,
em meio à crise econômica, aumentou 18% o número de expositores. Como consta do site do
AFB, no ano de 2008, quando se iniciou a crise, as relações comerciais franco-brasileiras
bateram recorde histórico. Além disso, no mesmo ano, inúmeras empresas tiveram seu
faturamento aumentado entre 10 e 50%. Observa-se, então, que a crise não abalou o êxito da
parceria entre os países.
Os acordos bilaterais franco-brasileiros, além de atrair novos investimentos para o
País, estão impulsionando a transferência de tecnologia avançada da França para o Brasil: o
TGV (conhecido no Brasil como trem bala), helicópteros, os aviões caça, e submarinos que
pela primeira vez serão fabricados no Brasil.
38
Com relação à previsão feita pela Ubifrance, sobre a geração de 400 mil empregos
diretos no Brasil, pode-se perceber que o AFB trouxe oportunidades para várias áreas, e não
apenas para os profissionais que dominam línguas estrangeiras. Essa análise pode ser
fundamentada, também, pelo fato de as empresas francesas estarem satisfeitas com suas
atividades no Brasil e com a mão-de-obra brasileira.
A partir da identificação de eventos econômicos que aconteceram, graças ao Ano da
França no Brasil, e das multinacionais francesas instaladas no País, observou-se que, mesmo
em meio à crise, o AFB teve êxito nos aspectos cultural, comercial e econômico: aproximou
as culturas, os povos e, principalmente, as relações comerciais entre as duas nações. Desde
2005, Ano do Brasil na França, as exportações brasileiras para a França ganharam impulso.
Foram identificadas, no País, cerca de 400 empresas francesas, com investimento direto ou
indireto de capital na economia brasileira.
De acordo com a análise dos gráficos de exportação de produtos entre Brasil e França
desde antes do Ano do Brasil na França (2005), as atividades entre os países aumentaram
consideravelmente nos últimos quatro anos, especialmente as exportações feitas pelo Brasil,
que deram um salto a partir de 2007, apresentando uma diferença de mais de 500 milhões de
euros, se comparadas com 2006. Portanto, pode-se dizer que as relações comerciais entre
Brasil e França bateram recorde histórico nos últimos dois anos.
Os principais projetos que estavam previstos para 2009 pela Ubifrance e Missões
Econômicas tiveram, em sua maioria, substancial desempenho. Isso significa que, além dos
objetivos terem sido alcançados, os eventos ultrapassaram as expectativas que, até então,
podiam ser consideradas otimistas, dado o fato de que o Ano Econômico da França no Brasil
foi um acontecimento inédito na história dos dois países. Foi comprovado que, mesmo em
meio à crise econômica mundial, Brasil e França têm feito parcerias históricas, ocasionando
vantagens para os envolvidos. Empresas tiveram seu faturamento aumentado43, o que quer
dizer que a crise não abalou o sucesso da parceria. Dos acordos mais importantes já
realizados, observamos a decisão do governo de trazer para o Brasil o TGV francês, que
ampliará e facilitará o comércio exterior, e diminuirá a distância entre o Brasil e os demais
países da América. Além do TGV, o governo brasileiro anunciou sua intenção de negociar a
compra de 36 caças Rafale. Também entrarão em acordo sobre o desenvolvimento
43
Fonte: Ubifrance.
39
compartilhado de submarinos e helicópteros, confirmando a importação de tecnologia
francesa para o país.
A partir das informações obtidas acerca de eventos tais como encontros, mostras,
feiras e convenções organizados em função do Ano da França no Brasil, pôde-se observar que
estes possibilitaram, além de novos acordos e parcerias para o comércio exterior brasileiro, o
surgimento de oportunidades de empregos para várias pessoas, como foi afirmado no site da
Ubifrance. Por se tratar de acontecimentos em torno de público internacional, um dos fatores
determinantes para a conquista de emprego ou trabalhos temporários nesses tipos de eventos
de comércio exterior, seria o domínio de uma segunda língua. Em muitos casos, é necessário
até uma terceira e quarta, como é o caso das ações estratégicas de relacionamento realizadas
pela Ubifrance e pela rede das Missões Econômicas em 2009.
Pôde-se concluir, a partir das informações obtidas, que, não só graças ao Ano da
França no Brasil, mas também à reaproximação dos dois países, que vem aumentando desde o
Ano do Brasil na França, em 2005, o Brasil se beneficiou cultural e economicamente. Houve
um grande intercâmbio de cultura francesa e brasileira; o número de multinacionais instaladas
no país cresceu a cada ano; empregos foram gerados; investimentos vindos da França
entraram no país; inovações tecnológicas foram trazidas; e, principalmente, o comércio entre
as duas nações progrediu de modo que, em 2009, o Brasil se tornou um dos principais
parceiros da França no comércio exterior – mesmo em meio à crise econômica.
40
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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<http://www.vmtubes.com.br/vmbinternet/calandra.nsf/wehp/HPTInternet-0000> Acesso em:
20 out. 2009.
46
8. ANEXOS
8.1. LISTA DE EMPRESAS FRANCESAS INSTALADAS EM MINAS GERAIS44
AYMORÉ
End.: Rua Necésio Tavares, 351, Bairro Cinco. 32341-570 – Contagem, MG
Fone: (31) 3358-8400 / Fax: (31) 3358-8495
Homepage: www.aymore.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Fábrica
Setor de atuação: Fabricação de produtos alimentícios
País: França / Argentina
CARREFOUR
End.: Br 040, km 528, Bairro João Gomes. 32145-900 – Contagem, MG
Tel.: (31) 3391-9278/ Fax: (31) 3394-3544
Tel. Matriz: (11) 3779-6000
Homepage: www.carrefour.com.br
Caracterização: Loja
Setor de atuação: Comércio varejista
País: França
44
Lista obtida através de visita técnica ao Instituto de Desenvolvimento Integrado de Minas Gerais – INDI - de
Belo Horizonte, MG, em 26 out. 2009.
47
CIMENTO CAMPEÃO
Homepage: www.lafarge.com.br
Setor de atuação: Fabricação de produtos de minerais não metálicos
País: França
Endereços:
Unidade Matozinhos
End.:Rodovia Mg 424, km 31, Bairro Nossa Senhora de Fátima
35720-000 – Matozinhos - MG
Tel: (31) 3712-2667
Caracterização: Fábrica
Unidade Arcos:
End.:Rodovia MG 170, Km 04 s/nº. Serra dos Varões. 35588-000 – Arcos, MG
Tel: (37) 3359-7566
Unidade Santa Luzia:
Av. das Indústrias, 5089ª, Bairro Bicas. 33040-130 – Santa Luzia, MG
CONVERTEAM BRASIL LTDA
Homepage: www.converteam.com
Email: [email protected] (Converteam Brasil Ltda)
Setor de atuação: Serviços de escritório, apoio administrativo e outros serviços
prestados às empresas
País: França
Unidade Belo Horizonte:
Av. Álvares Cabral, 1345, Lourdes. 30170-001 – Belo Horizonte, MG
Tel.: (31) 3330-5800 / Fax: (31) 3330-5895
Email: [email protected]
Caracterização: Escritório
Unidade Betim:
End.: Rua Toyota, 870. Jardim Piemonte. 32680-580 – Betim, MG
Tel: (31) 3529-9848 / Fax: (31) 3529-9400
Caracterização: Fábrica
DANONE LTDA.
End.: Rua Antônio Bortolan, 163, Bortolan. 37704-397 – Poços de Caldas, MG
Tel. Matriz: (35) 3729-7800/ Fax: (35) 3714-1519
Homepage: www.danone.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Fábrica
Setor de atuação: Fabricação de produtos alimentícios
País: França
48
ESSILOR
End.: Rua Maitá, 178. Bairro Carlos Prates. Belo Horizonte, MG
Tel: (31) 2112-4777/ Fax: (31) 2112-4777
Homepage: http://www.essilor.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Fábrica
Setor de atuação: Fabricação de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos
País: França
HELICÓPTEROS DO BRASIL- HELIBRÁS
End.: Rua Santos Dumont, 200, Distrito Industrial. 37504-900 – Itajubá, MG
Tel. : (35) 3629-3000 – Matriz / Fax: (35) 3623-2001
Homepage: www.helibras.com.br
Email: [email protected]
[email protected]
Caracterização: Fábrica
Setor de atuação: Fabricação de outros equipamentos de transporte, exceto veículos
automotores
País: França
Obs: a empresa também possui uma parcela pequena de capital alemão
LAFARGE BRASIL
Homepage: www.lafarge.com.br
Setor de atuação: Fabricação de produtos de minerais não metálicos
País: França
Endereços:
Unidade Belo Horizonte:
Br 262 KM 15, Alto Caiçara 15.040, Alto Caiçara. 30750-920 – Belo Horizonte, MG
Tel.: (31) 3419-8600/ Fax: (31) 3419-8606 Tel. matriz: (21) 3804-3100
Email: [email protected]
Caracterização:Escritório
Unidade Arcos. Rodovia MG 170, KM 4. s/nº. Boca da Mata
35588-000 – Arcos - MG
Tel: (37) 3359-7500
Caracterização: Fábrica
POLENGHI
End.: Praça da Estação, s/ nº, Centro. 37370-000 - São Vicente de Minas, MG
Tel.: (35) 3323-1380 / Fax: (35) 33231380
Homepage: www.polenghi.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Fábrica
49
Setor de atuação: Fabricação de produtos alimentícios
País: França
QUARTZOLIT
End.: Rua Quartzolit, 100 (km 5,25 - Rod. MG 6)
33010-970 - Santa Luzia - MG
Tel.: (31) 3079-6670 / Fax: (31) 3079-6672
Homepage: http://www.quartzolitweber.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Fábrica
Setor de atuação: Fabricação de produtos de minerais não metálicos
País: França
SAINT-GOBAIN MATERIAIS CERÂMICOS LTDA
End.: Rodovia BR 265 - km 208, s/nº - Zona Rural. 36202-630 – Barbacena, MG
Tel.: (32) 3339-1700 / Fax: (32) 3339-1796
Homepage: www.ceramicmaterials.saint-gobain.com
Email: [email protected]
Caracterização: Fábrica
Setor de atuação: Fabricação de produtos de minerais não metálicos
País: França
SAINT-GOBAIN SEKURIT
End.: Av. Eng. Gerhard Ett, 1550, Distrito Industrial Paulo Camilo, Galpão B
32530-480 – Betim – MG
Tel.: (31) 3591-1444 ou (31) 3591-1694/ Fax: (31) 3591-3200
Tel. Matriz: (11) 2196-9800
Homepage: http://www.saint-gobain-sekurit.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Fábrica
Setor de atuação: Fabricação de produtos de minerais não metálicos
País: França
VALLOUREC & MANNESMANN DO BRASIL
End.: Av. Olinto Meireles, 65, Barreiro. 30640-010 – Belo Horizonte, MG
Tel.: (31) 3328-2121 – Matriz / Fax: (31) 3333-4471
Homepage: www.vmtubes.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Escritório
Setor de atuação: Metalurgia
País: França
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VALLOUREC & MANNESMANN FLORESTAL
End.: Rua Honduras, 78. 35790-000 – Curvelo, MG
Tel.: (38) 3729-6050 / Fax: (38) 3729-6029
Homepage: www.vmtubes.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: Escritório Central
Setor de atuação: Produção florestal
País: França
VALLOUREC & MANNESMANN MINERAÇÃO (MINA PAU BRANCO)
End.: Rua Rodovia BR 040, Km 562,5. 35460-000 - Brumadinho, MG
Tel: (31) 3571-9000 / Fax: (31) 3571-9080
Homepage: www.vmtubes.com.br
Email: [email protected]
Caracterização: mina
Setor de atuação: Extrativa mineral
País: França
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