inCentea fecha ano com crescimento de 55% in

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inCentea fecha ano com crescimento de 55% in
inCentea fecha ano com crescimento de 55%
in Semana Informática
Autor: Carlos Marçalo
Media Value: 4600 EUR
Data: 2014−3−13
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Apesar de algumas dificuldades, o Grupo sedeado em Leiria finalizou o exercício fiscal de 2013 com um volume de negócios de 15,7 milhões de euros. O mercado internacional representou 40% da receita.
A inCentea fechou o exercício fiscal de 2013 com um volume de negócios consolidado próximo dos 15,7 milhões de euros, dos quais 40% são relativos ao negócio no mercado internacional. A receita obtida no ano passado registou um crescimento de
55%, quando comparada com o valor reportado em 2012.
O Grupo sedeado em Leiria fechou o ano fiscal com um resultado líquido na ordem dos 300 mil euros. Uma parte do crescimento alcançado no ano passado tem que ver com a integração de seis novas empresas, embora este processo tenha implicado
uma sobrecarga de trabalho. «Foi uma situação que acabou por provocar um grande desgaste nas pessoas», reconhece António Poças, presidente do Conselho de Administração da inCentea.
As novas empresas foram responsáveis por 46% do crescimento registado pelo Grupo. Os restantes 54% são relativos a crescimento orgânico. Esse crescimento orgânico é reflexo da uma melhoria no negócio das diversas empresas que operam em
Portugal (15%) e de um aumento do negócio realizado no mercado internacional (39%).
O Grupo inCentea trabalha em diversas áreas mas a principal continua a ser a área de aplicações e consultoria de gestão. No ano passado, a empresa foi o principal parceiro da Primavera e da PHC em Portugal. A área de maior relevância na oferta de
ERP é ainda a da Primavera, mas o objectivo da companhia nos próximos dois anos é que a oferta assente em PHC iguale o peso do negócio da Primavera em Portugal.
Na área de software de gestão, a inCentea conta com quatro empresas, a inCentea Tecnolgia de Gestão, a Elaconta, a Elaconta Madeira e a Visione. Esta área trabalha com as soluções Primavera BSS, PHC e Microsoft Dynamics, Gexor, Sage X3 e
SAP Business One.
Neste âmbito de aplicações de negócio, a empresa possui um conjunto de técnicos em Primavera, quer para o mercado nacional, quer para o internacional. A integração da Elaconta permitiu à inCentea criar massa crítica em matéria de recursos e
desenvolver projectos noutras geografias, nomeadamente Angola.
Segundo António Poças, com a Elaconta, a inCentea passou a ter 20 técnicos PHC. O problema não reside em vender projectos mas sim em entregá−los com a qualidade requerida e no prazo previsto. E para poder abraçar esse pressuposto é
necessário ter recursos. «Agora já os temos, em Primavera e PHC», declara António Poças.
Os passos seguintes nesta área de negócio estão relacionados com a criação de parcerias com outras empresas que comercializem e tenham técnicos na área de Dynamics e SAP Business One. Essas parcerias podem materializar−se, por exemplo,
na criação de um consórcio. Para já, a SAP está afastada, visto que a empresa não foi bem−sucedida nessa matéria; não conseguiu cativar nenhum parceiro para integrar ou formar um consórcio, assume o gestor.
A situação muda de figurino em relação às soluções Dynamics da Microsoft. Neste caso, a inCentea iniciou já alguns contactos com empresas para estabelecer parceiras e criar um consórcio com a dimensão necessária para a inCentea poder
endereçar projectos de maior dimensão em Portugal e noutros mercados.
«No ano passado facturámos cerca de 600 mil euros nesta área. Não nos importamos de ter uma parceria com 10% de um consórcio, por exemplo, sempre e quando as duas ou três empresas adicionais que integrem esta associação tenham uma
dimensão maior do que a nossa no negócio Dynamics. Estamos interessados em falar com qualquer parceiro NAV e CRM. O modelo a adoptar para já não interessa e não deve ser um entrave às negociações. O que importa é que exista vontade de
realizar parcerias para poder crescer neste mercado», afirma António Poças.
Há vida na inCentea além da consultoria de gestão
Fora do negócio de software de gestão, mas ainda dentro das TIC, o universo inCentea conta com a Equimark, empresa que trabalha o printing, e com duas empresas que dirigem a oferta de telecomunicações – a Teleleiria e a VozNet. A área de
consultoria de gestão é trabalhada com a JLM, a Sente, que trabalha no marketing tecnológico, e a Codi, que faz engenharia de produto.
A Codi teve um bom desempenho graças ao desenvolvimento de um produto baseado no iPad e em software customizado, dirigido a ópticas. O negócio foi fechado com um fabricante de lentes mundial e, numa primeira fase, representou umas largas
centenas de milhares de euros. A boa aceitação do produto em várias partes do mundo abriu portas para um possível segundo projecto, que se encontra em análise. Caso a proposta avance, a inCentea terá de criar uma empresa autónoma para
produzir e distribuir o produto a nível mundial.
A JLM também teve um ano positivo na área de consultoria de gestão – metade do negócio é contabilidade. A lógica é sair desta área, acabar com as avenças e centrar o negócio em projectos de valor acrescentado, como reestruturação financeira de
empresas, apoio a projectos de investimento, controlo de gestão.
«Quando fizemos o acordo com a JLM, uma das áreas de aposta que motivaram a sua integração foi a de desenvolvimento de uma oferta associada ao controlo de gestão», explica António Poças, realçando que a empresa é muito boa nestes
processos mas ainda os faz de uma forma manual.
«O que queríamos era casar essas competências com as nossas ferramentas de gestão, assente em tecnologia. Ainda estamos nesse processo de transformação; é um processo difícil mas vamos chegar ao patamar que pretendemos», afirma.
Outra área que correu bem foi a da Sente. Antes de integrar o Grupo, em Abril de 2013, a Sente não tinha quase expressão no mercado; facturava cerca de 30 mil euros. Fechou o exercício com um volume de negócios de 120 mil euros e as estimativas
apontam para os 250 mil euros em 2014.
Primeiro grande contratempo no modelo de fusões
Das 16 empresas que já integraram a inCentea nunca houve um problema de maior com os sócios e gerentes. A empresa pratica uma política de troca de acções no processo de integração, não existindo dinheiro envolvido nem compra de quotas. Até à
data, a empresa conta com 114 accionistas e com um capital social superior a um milhão de euros. Todos os sócios e proprietários das empresas que integraram a inCentea permanecem em funções. A única situação mais complicada surgiu no ano
passado, com o processo de integração da Elaconta.
«Foi feito um plano de reestruturação da Elaconta e, em Outubro de 2013, uma parte importante dos processos comerciais e das alterações internas não tinha sido implementada. Os resultados não correspondiam ao estipulado no plano inicial. Em
meados de Janeiro deste ano, Paulo Baptista apresentou a sua demissão da Elaconta, continuando ligado à inCentea como accionista», explica António Poças.
A Elaconta passou a ter Miguel Lopes ao leme, que avançou com os planos de reestruturação ainda por efectuar. «A nossa aposta nas soluções PHC é total. É verdade que esta situação não correu como queríamos, mas foram tomadas as medidas
necessárias para que a Elaconta continue a ser um parceiro PHC de referência e uma empresa que faça crescer o peso do negócio PHC dentro da inCentea», refere António Poças, sublinhando que a empresa «quer e vai continuar a ser um parceiro
PHC de referência».
Erros no processo de internacionalização
O negócio internacional representou 40% do negócio total do Grupo inCentea, ou seja, aproximadamente 5 milhões de euros. Angola é o mercado com maior relevância, representando cerca de 4 milhões de euros.
O valor remanescente é repartido em partes iguais, 500 mil euros, por Cabo Verde e Moçambique. A inCentea tinha definido como um dos seus objectivos para 2013 entrar numa nova geografia. Esse foi um dos aspectos não alcançados, apesar de
terem sido iniciados negócios pontuais na Colômbia e Ucrânia.
No cômputo geral, os resultados alcançados a nível internacional foram positivos mas o presidente do Conselho de Administração não se esconde nos números e reconhece, mais uma vez, um conjunto de situações que não correu como o previsto e
que será alterado num futuro próximo.
Além da aposta na descentralização de projectos em Angola, que levou a um aumento dos custos operacionais, um dos principais motivos do crescimento do negócio internacional esteve relacionado com a comercialização de hardware, que não é a
matriz da inCentea e que, segundo o gestor, a empresa «não está interessada em abraçar». Este modelo de negócio traz volume mas margens mais reduzidas do que nos serviços, refere.
«Os custos de logística, tesouraria e outros foram demasiado grandes para a margem que libertam. Pode e será um negócio interessante para outras entidades mas não o é para a inCentea, que está mais vocacionada para a área de consultoria de
gestão», explica o nosso interlocutor. Por este motivo, do ponto de vista estratégico, esta não foi a melhor escolha.
Em 2014, é expectável que o volume de negócios realizado em Angola sofra um decréscimo, fruto da nova política de não aposta em operações relacionadas com a venda de hardware. Nesse sentido, é possível que a facturação do negócio
internacional diminua no actual ano.
Um ano para arrumar a casa
O presidente do Conselho de Administração da inCentea, António Poças, define o ano passado como «um ano de extremos, com situações positivas e outras más». Foi um ano muito trabalhoso, ao ponto de o gestor o considerar, do ponto de vista do
desgaste, «o pior ano de trabalho de sempre».
Sem se isentar de responder a questões relacionadas com o crescimento do Grupo, António Poças admite que uma parte dos problemas surgidos ao longo do ano passado também se deveu a alguns erros estratégicos cometidos pela empresa.
Aprendendo com os percalços cometidos, 2014 será para consolidar as diferentes operações de integração que a inCentea levou a cabo no ano passado. «Queremos dar descanso às pessoas e centrar as operações para este ano, simplificando a
relação das diversas empresas do Grupo com os clientes e fazendo mais e melhores negócios», afirma. As estimativas de negócio avançadas apontam para a manutenção do volume de negócio relativamente ao alcançado no ano passado, cerca de
15,5 milhões de euros, mas com um aumento dos resultados líquidos.
Arrumar a casa e consolidar operações não significa sair do mercado. A inCentea não descarta por isso a hipótese de ainda neste ano haver novas integrações. «Existem dois processos abertos de empresas que podem juntar−se à inCentea», avança
António Poças.